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Tradição Religiosa 
 O cristianismo é uma das maiores tradições religiosas do mundo, com cerca de 2,4 
 bilhões de seguidores em todo o mundo. É baseado na vida e nos ensinamentos de 
 Jesus Cristo, que viveu na Palestina há cerca de 2000 anos. O cristianismo 
 começou como uma seita judaica na Palestina e, com o tempo, se espalhou para 
 todo o Império Romano e além. 
 O cristianismo ocidental é representado pela Igreja Católica e pelas igrejas 
 protestantes, enquanto o cristianismo oriental é representado pela Igreja Ortodoxa e 
 pelas igrejas orientais. A Igreja Católica é liderada pelo papa em Roma, enquanto a 
 Igreja Ortodoxa é liderada pelos patriarcas em Constantinopla, Alexandria, Antioquia 
 e Jerusalém. As diferenças entre as tradições ocidental e oriental incluem a liturgia, 
 a teologia, a organização e a espiritualidade. 
 As tradições religiosas do Oriente incluem o hinduísmo, o budismo, o taoísmo e o 
 confucionismo. Essas tradições têm raízes antigas e profundas na história e cultura 
 asiáticas e têm influenciado a vida e a filosofia de bilhões de pessoas em todo o 
 mundo. O hinduísmo é uma das religiões mais antigas do mundo e é praticado 
 principalmente na Índia e no Nepal. O budismo, originário da Índia, espalhou-se 
 para a China, o Japão, a Coreia e o Sudeste Asiático. O taoísmo e o confucionismo 
 são tradições chinesas que influenciaram a filosofia, a arte e a cultura chinesas por 
 milênios. 
 Embora haja muitas diferenças entre as tradições religiosas do Oriente e do 
 Ocidente, elas também compartilham muitas semelhanças. Todas essas tradições 
 têm como objetivo ajudar as pessoas a encontrar um sentido para a vida, a superar 
 o sofrimento e a encontrar a felicidade. Todas elas oferecem práticas espirituais e 
 rituais para ajudar as pessoas a se conectarem com o divino e a transformar suas 
 vidas. Ao aprender sobre essas tradições, podemos expandir nossa compreensão 
 do mundo e de nós mesmos. 
 Este é o momento de vermos a aplicabilidade dos conceitos que serão abordados 
 ao longo da nossa disciplina. 
 Suponhamos que João é um estudante de história interessado no cristianismo 
 antigo e medieval. Ele está fazendo uma pesquisa sobre as diferenças entre a Igreja 
 Católica e a Igreja Ortodoxa e pediu ajuda ao professor para entender melhor o 
 assunto. O professor explica que uma das principais diferenças é a questão da 
 primazia do papa de Roma. João fica curioso e pergunta como essa diferença 
 surgiu e como ela afetou a história do cristianismo. 
 Você, como professor, de que forma o responderia? 
 Lembre-se de que a resposta abaixo é apenas uma das possibilidades pensadas 
 por este autor. 
 Lembre-se de que a resposta abaixo é apenas uma das possibilidades pensadaA 
 questão da primazia do papa de Roma foi uma das principais causas do Cisma do 
 Oriente, que ocorreu em 1054 e dividiu o cristianismo em duas grandes tradições, a 
 católica e a ortodoxa. A origem dessa diferença remonta aos primeiros séculos do 
 cristianismo, quando as igrejas eram lideradas por bispos e presbíteros locais. Com 
 o tempo, as igrejas mais importantes foram se destacando, e os bispos dessas 
 igrejas começaram a exercer uma autoridade maior sobre as outras igrejas da 
 região. 
 Na época do Império Romano, as igrejas mais importantes eram as de Roma, 
 Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém. O bispo de Roma, que ficou 
 conhecido como papa, começou a se apresentar como o sucessor de Pedro, o 
 primeiro dos apóstolos e o líder da igreja primitiva. O papa reivindicava a primazia 
 de autoridade sobre as outras igrejas e afirmava que ele era o único bispo com 
 jurisdição universal sobre toda a cristandade. 
 Essa posição não foi aceita por todos os bispos e igrejas, especialmente no Oriente, 
 onde as igrejas eram mais independentes e o patriarca de Constantinopla também 
 reivindicava uma posição de destaque. A disputa pela primazia do papa de Roma se 
 agravou ao longo dos séculos, e a igreja ocidental e a igreja oriental acabaram 
 desenvolvendo tradições teológicas, litúrgicas e organizacionais distintas. 
 A separação entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa teve consequências 
 significativas para a história do cristianismo e para a história da Europa. A igreja 
 católica se tornou a religião dominante na Europa Ocidental, enquanto a igreja 
 ortodoxa se manteve como a principal religião no Oriente. As diferenças entre as 
 duas igrejas continuaram a causar conflitos e tensões ao longo da história, como 
 durante as Cruzadas, a invasão mongol da Rússia e as guerras dos Bálcãs no 
 século XX. 
 Temas Influenciados Pelo Cristianismo Antigo e Medieval 
 Teologia: A teologia cristã antiga e medieval envolveu a exploração de tópicos como 
 a natureza de Deus, a doutrina da Trindade, a natureza humana de Jesus Cristo, o 
 pecado original, a redenção e a salvação. 
 Filosofia: A filosofia cristã antiga e medieval se concentrou em tópicos como a 
 relação entre a razão e a fé, a natureza da alma humana, a natureza da realidade e 
 a natureza da verdade. 
 História da Igreja: A história da Igreja cristã antiga e medieval envolveu tópicos 
 como o desenvolvimento da Igreja primitiva, o Papado, o Cisma do Oriente, a 
 Reforma Gregoriana, as Cruzadas e a Inquisição. 
 Arte: A arte cristã antiga e medieval incluiu tópicos como a arquitetura de igrejas e 
 catedrais, a pintura de ícones e afrescos, e a escultura de relevos e estátuas 
 religiosas. 
 Literatura: A literatura cristã antiga e medieval incluiu tópicos como a Bíblia, as 
 obras dos Padres da Igreja, os escritos dos teólogos e filósofos cristãos, e os 
 poemas épicos como a Divina Comédia de Dante. 
 Cristianismo: Antigo e Medieval 
 Começamos, com o estudo que nos permitirá refletir sobre as temáticas conexas à 
 história da Igreja antiga e medieval. 
 O procedimento do qual se constitui a compreensão e apropriação do conceito da 
 historicidade da Igreja dar início a, basicamente, pela seguinte pergunta: 
 Qual a base de confirmação em que se aciona o desenvolvimento histórico da 
 Igreja? 
 Com efeito, a história da Igreja tem seus pensamentos e fundamentos na revelação 
 divina, na revelação das obras de Deus e na encarnação de Jesus Cristo no mundo, 
 evento no qual se concretiza a atuação de Deus, que, fazendo-se homem e 
 adotando a natureza humana, intervém na História. 
 A Igreja basear-se na atuação de Deus e dos seres humanos que se dispõem como 
 discípulos de Jesus. Assim, ela é, concomitantemente, um acontecimento dentro da 
 história e um acontecimento revelado, construindo, ao mesmo tempo, a "Igreja da 
 história" e "Igreja da fé". 
 Com resultado, como uma instituição salvífica, a Igreja pertence a dois mundos: ao 
 mundo terrestre e concreta, porque é composta de seres humanos que operam na 
 conjuntura histórica; e ao mundo divino, porque a Igreja é também obra de Deus, 
 finalidade de uma causa transcendental, estabelecida além da história. 
 Com isso, podemos falar de uma Igreja santa e pecadora; divina e humana; 
 espiritual e temporal etc. 
 Jedin (1980, p. 28) afirma que o caráterda 
 Reforma Protestante: a renovação interior da vida da Igreja e a expansão desta em 
 terras de missões. 
 Utilizando o termo 'Contrarreforma', aparecem claros os seguintes aspectos: 
 1) A ação dos bispos em defesa da fé. 
 2) A crise protestante. 
 3) A apologética e a controvérsia de faculdades teológicas. 
 4) A ação papal com a reforma da inquisição central, a instituição do índice dos 
 livros proibidos, a condenação de doutrinas e tendências com as bulas, a 
 condenação dos hereges e a execução das condenações (cárceres e/ou mortes) 
 por meio do braço secular. 
 5) Reforma de alguns conventos e mosteiros. 
 6) Algumas mudanças no que se refere à piedade popular eucarística e acentuação 
 à devoção eucaristia-sacramento. 
 7) A teologia controversista, que leva os teólogos católicos a usar o método dos 
 protestantes e a aprofundar e desenvolver o estudo da Escritura, dos padres em 
 função apologética, levando, dessa forma, à teologia sistemática. 
 O Concílio de Trento foi o ponto máximo da reforma eclesiástica já iniciada entre os 
 séculos 14 e 15. Desse modo, foi um acontecimento de tal importância que criou 
 uma época, vindo a terminar somente com o Vaticano II. Sua convocação não foi 
 fácil, devido à situação política europeia da época, sendo possível somente após 27 
 anos de apelo feito pelo próprio Lutero. 
 O Concílio de Trento combateu as heresias, contudo não atingiu nem apoiou os 
 seus causadores. Decidiu seguramente a doutrina católica, com limpidez e exatidão, 
 não para transformar os protestantes, mas para salvar os improváveis e apresentar 
 a todos a garantia da fé. O conteúdo dogmático da doutrina tridentina foi polarizado 
 em torno de dois pontos fundamentais, os quais são as fontes da revelação: 
 Escritura e Tradição. O texto final assim definia: 
 O santo concílio, conforme o exemplo dos Padres ortodoxos, recebe e venera, com 
 o mesmo sentimento de piedade e o mesmo respeito, todos os livros, tanto do 
 antigo como do Novo Testamento, tendo em vista ser Deus o único autor de um e de 
 outro, assim como pelo fato de as tradições concernentes, seja a fé, seja aos 
 costumes, virem da própria boca de Cristo ou terem sido ditadas pelo Espírito Santo 
 e conservadas na Igreja católica por uma sucessão contínua (4a. Sessão, 8 de abril 
 de 1546, 61 votantes) (COMBY, 1994, p.32). 
 Os grandes temas da doutrina tridentina giram em torno da justificação que tem 
 como pressuposto a doutrina do pecado original e inclui a doutrina dos 
 sacramentos. Em 1547, assim definia o Concílio: 
 Aquele que afirmar que um homem pode ser justificado diante de Deus por suas 
 obras, realizadas, quer pelas forças da natureza, quer pelo ensinamento da Lei, sem 
 contar com a graça divina que vem por intermédio de Jesus Cristo, seja anátema. 
 Aquele que afirmar que o livre-arbítrio (a liberdade) do homem, quando Deus o 
 move e impele, não coopera absolutamente, ao aquiescer que Deus o impulsione e 
 o chame para que se disponha a obter a graça da justificação, bem como que ele 
 não possa, caso o deseja, recusar seu consentimento, mas que, tal um ser 
 inanimado, o homem não pode fazer absolutamente nada senão tornar-se 
 puramente passivo, seja anátema (6a. Sessão, 13 de janeiro de 1547, 70 votantes) 
 (COMBY, 1994, p. 32). 
 Atenção 
 É importante ressaltar que o Concílio fez várias reformas que entraram na realidade 
 histórica. Nesse sentido, determinou uma época, porque desenvolveu e ampliou a 
 renovação religiosa, o reflorescimento da vida cristã e o impulso vital de expansão. 
 O seu princípio fundamental relacionava-se ao fato de que a hierarquia deveria estar 
 empenhada na cura das almas. A figura do bispo assumiu, então, um papel 
 decisivo, uma vez que ele foi colocado no centro da diocese com a responsabilidade 
 sobre a vida cristã desta. Tornou-se, assim, o responsável pela evangelização, pela 
 visita pastoral da diocese, pela convocação do sínodo diocesano, pela nomeação 
 dos párocos e pela participação do sínodo provincial. A ele foi dada, ainda, a 
 responsabilidade pela formação e preparação do futuro clero no seminário. 
 A figura do pároco também foi esclarecida: deveria ser considerado como um 
 ministro de Deus, e não mais como um funcionário administrativo; disso deriva a 
 exigência de sua boa conduta moral e espiritual. Dessa forma, as ordens religiosas 
 novas orientaram-se para uma pastoral especializada; tornaram-se responsáveis 
 pela formação dos jovens e do clero nas ciências, na vida religiosa e na atividade 
 missionária. Na 23a Sessão, o Concílio assim se pronunciou sobre o sacerdócio: 
 Aquele que negar a existência, no Novo Testamento, de um sacerdócio visível e 
 exterior, ou que o sacerdócio não tem poder de consagrar, nem de oferecer o 
 verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue do Senhor ou de redimir e de reter os 
 pecados, mas passando sua tarefa de uma função e um simples ministério da 
 pregação do Evangelho, ou ainda, que aqueles que não pregam não são padres, 
 seja anátema (23a. Sessão, 15 de julho de 1563, 237 votantes) (COMBY, 1994, p. 
 33). 
 O Concílio foi, portanto, um reflexo de uma nova situação provocada pelo 
 renascimento, encontrando-se a meio caminho entre o período da Idade Média e 
 Moderna. A Idade Média terminou religiosa e politicamente como cristandade, ou 
 seja, o cristianismo não seria mais a base política e religiosa da sociedade moderna. 
 Entrando um pouco na contemporaneidade, após a Revolução Francesa, sendo os 
 princípios desta assimilados pelos demais países europeus, a questão da 
 separação entre Igreja e Estado ganhou terreno. Vale dizer que a polêmica 
 ideológica sobre o Separatismo também teve um amplo espaço tanto no campo 
 leigo quanto no campo eclesiástico (entre intransigentes e católicos liberais). 
 Tratou-se, de qualquer modo, da primeira fase histórica do processo de 
 secularização, ou seja, do primeiro passo em direção à cidade leiga, em 
 contraposição à cidade sacra. 
 É um processo que diz respeito às estruturas, mas que incide, também, na vida 
 concreta. Deve-se referir, assim, que o Separatismo (ou Separação) concebe uma 
 reação à estreita união trono/altar, típica do Antigo Regime; que "separação" não 
 constitui "distinção das competências", "autonomia", que, como sempre incide na 
 história, nos deparamos perante de códigos distintos, e não perante, 
 exclusivamente, de um preceito. 
 O século 19 trouxe para o mundo ocidental um novo modo de encarar a política, a 
 economia, a religião, a sociedade etc. Após a Revolução Francesa, na questão 
 política e na relação entre Estado e Igreja, foi forte a questão do Liberalismo. 
 Segundo Zagheni ( 1999, p. 87-88): 
 A relação entre Igreja e Estado, no século XIX, deve ser posta no contexto do 
 liberalismo, que, partindo da visão da pessoa como ser individual capaz de alcançar 
 a felicidade com a ajuda da razão, vê o Estado como uma entidade composta de 
 indivíduos e não de grupos. Consequentemente, a autoridade não é concebida 
 segundo a forma patriarcal da família (em que a dignidade do homem é garantida 
 pela inserção orgânica no conjunto);antes, baseia-se num contrato. Esse contrato 
 existe para que o indivíduo, desenvolvendo ao máximo os próprios interesses 
 econômicos, promova lucro maior. Essa concepção requer que a economia se 
 desenvolva segundo suas próprias leis e que seja excluída qualquer forma de 
 intervenção ou planificação estatal. Esse Estado não precisa de Deus para alicerçar 
 a própria autoridade e nem do 'instrumento' da Igreja para levar a população à 
 obediência à autoridade constituída: ele se considera incompetente em matéria 
 religiosa e interpreta a religião como uma questão individual, privada. O Estado não 
 reconhece que uma religião determinada deva ser protegida e financiada: portanto 
 (em linha de princípio), há a separação entre Igreja e Estado, embora essa 
 separação não precise ser introduzida de repente, em todos os lugares e da mesma 
 maneira [...]. Assim, diante da religião, o Estado liberal constrói para si uma 
 ideologia que podemos chamar de 'laicismo'. É contra essa especial configuração 
 que a Igreja do século passado (século XIX) se posiciona, afirmando o próprio 
 direito de existir como realidade pública e também para defender os valores 
 individuais e sociais que eram ignorados ou violados. 
 Diante do mundo novo surgido com a Revolução Francesa, enquanto a luta entre o 
 antigo modo de viver e o novo já tinha acabado e o Absolutismo parecia ressurgir 
 vitorioso das cinzas, que posicionamento deveriam ter os católicos? Interpretando a 
 herança revolucionária e as mudanças irreversíveis, Comby firma (1994, p. 102): 
 O catolicismo francês e europeu saiu profundamente transformado da Revolução e 
 do Império. Em sua maioria, os bens da Igreja haviam passado para mãos leigas. 
 Não se retomará a primeira grande secularização da sociedade francesa. Único 
 príncipe eclesiástico, o papa ainda conserva um poder temporal. A liberdade de 
 cultos é integrada à legislação. Os franceses podem afirmar-se não-católicos ou 
 não-cristãos. Pela criação do registro civil, as etapas da existência humana 
 escapam ao controle da Igreja, que perde igualmente o domínio do ensino. 
 Em um período de transformações radicais, às vezes, não é fácil distinguir o erro da 
 verdade, os aspectos contingentes dos valores permanentes. 
 A herança revolucionária dividiu os franceses e essa divisão perdurou até um 
 período recente. Enquanto os 'liberais' se prevaleciam dos princípios revolucionários 
 de liberdade e de igualdade, os católicos, em sua maioria, viram na Revolução a 
 obra de Satã. Essa é a razão por que, no século XIX, os católicos que desejavam 
 uma restauração social e religiosa com base no modelo do Antigo Regime se 
 opuseram aos liberais, que se empenham em defender as aquisições 
 revolucionárias. O conflito se desenrola no interior da Igreja quanto alguns católicos 
 consideram que os princípios de 1789 não são incompatíveis com o Evangelho e 
 que é inútil desejar ressuscitar um passado já cumprido (COMBY, 1994, p. 102). 
 Desenvolveu-se, portanto, dentro da Igreja e entre os católicos, uma dupla 
 tendência: de um lado, encontramos os católicos intransigentes e, de outro, os 
 católicos liberais. 
 A obra O Liberalismo é pecado, publicada em 1884, pelo sacerdote espanhol Sarda 
 y Salvany, é o marco do estabelecimento geral dos católicos birrentos perante das 
 suas liberdades modernas. A imprensa católica do século 19 foi amplamente 
 vitimada pelos seguintes juízos: 
 1) a liberdade é a amiga mais fiel e cara do demônio, porque abre caminhos para 
 inumeráveis e quase infinitos pecados; 
 2) toda partícula de liberdade tem de ser condenada; 
 3) a liberdade de consciência é uma loucura e a liberdade de imprensa é um mal 
 que jamais se deplorará suficientemente; 
 4) Uma vez que o Liberalismo é intrinsecamente cruel, não sobra outra coisa a 
 cometer senão rebater em bloco as doutrinas. 
 Essa mentalidade estava muito presente no início do século quando da constatação 
 dos males imediatos que a Revolução tinha causado em todos os campos. Mais 
 ainda: desconfiava-se de tudo aquilo que se apresentava como novo; por exemplo: 
 toda novidade na Política era uma revolução; na Filosofia, um erro; na Teologia, 
 uma heresia. O Absolutismo, com a estreita união entre trono/altar, aparecia como o 
 melhor regime político para os católicos que tinham uma mentalidade intransigente. 
 O ideal, para eles, era a volta ao antigo regime. 
 O movimento intransigente, pode ser assim definido: 
 Movimento católico italiano, criado no século XIX, em defesa da religião e da Igreja 
 na sociedade face ao Estado liberal. Desvinculando-se do saudosismo legitimista 
 dos velhos regimes, estabeleceram-se, os seus adeptos, num plano nitidamente 
 religioso. Defendiam a questão romana não como exigência de legitimismo 
 dinástico, mas como uma necessidade religiosa para a liberdade da Igreja. 
 Preocupavam-se com o novo Estado italiano e as suas relações com a Igreja 
 (SCHLESINGER, 1995, n.p). 
 É importante ressaltar, contudo, que a oposição ao Liberalismo nasceu por motivos 
 mais elevados. Os intransigentes, por exemplo, moviam uma crítica cerrada às 
 lacunas e aos erros do sistema, opondo-se às tentativas de laicização dos liberais. 
 Nesse sentido, o Liberalismo, ao menos em suas formas mais radicais, fazia da 
 razão humana o único critério da verdade, negando a ela a possibilidade de 
 submeter-se à Revelação; proclamava um indiferentismo sistemático que colocava o 
 ateísmo e todas as religiões sob o mesmo plano; separava a Economia da Moral; 
 fazia do Estado um Estado absoluto; reduzia a função social da religião (quando não 
 a negava); recusava dar à Igreja o direito de intervir com autoridade, além das 
 questões estritamente dogmáticas, especialmente no campo social. Esses erros 
 acabavam por minar as bases da fé. Os intransigentes preocupavam-se com a 
 defesa das estruturas cristãs da sociedade que facilitassem aos fiéis o cumprimento 
 dos seus deveres religiosos. Temos de levar em consideração, nesse contexto, que 
 a Igreja não é composta por apenas um pequeno grupo, e sim por um povo imenso, 
 do qual fazem parte, também, os fracos, incapazes de se manterem coerentes com 
 o próprio ideal somente com suas próprias forças, de resistir às pressões do 
 ambiente circunstante. 
 No período, a ajuda estatal era coberta claramente pelos católicos intransigentes, 
 estratégia essa que pode de acordo com a história ser considerada "errada", uma 
 vez que eles não puderam arquitetar outro modelo de sociedade cristã além daquela 
 do Antigo Regime. Mesmo assim, permaneceram a proteger uma sociedade 
 aparelhada hierarquicamente e constituída sobre o privilégio, bem como 
 religiosamente unida, na qual a fé católica era estimada como o único alicerce do 
 Estado, e, assim, os direitos políticos e civis eram dependentes à fé e à prática 
 religiosa. 
 Católicos liberais 
 Enquanto os intransigentes se endureciam em suas posições radicais aos ideais 
 modernos, os católicos liberais iniciaram e prosseguiram o seu difícil e cansativo 
 trabalho de explicação e de aceitação dos princípios de 1789. 
 Vários ambientes colaborarampara o pensamento mais aberto desses católicos, 
 mas pode-se dizer que foi o embate da fé tradicional com o novo clima brotado com 
 a Revolução Francesa que se despontou fecundo e excitante. De um lado, os 
 católicos eram levados a idealizar, de uma atitude nova, as afinidades entre 
 sociedade religiosa e sociedade civil; de outro, colocavam-se em maior destaque 
 alguns jeitos da Igreja mesma, os quais, na época pós-tridentina, continuaram em 
 segundo plano. 
 O grande empenho dos católicos liberais era fazer a Igreja perceber que o Antigo 
 Regime já estava morto; evidenciar que o ajuste entre religião e liberdade seria algo 
 bom e positivo; esvaecer os juízos contra a religião e impedir que o progresso em 
 curso se consolidasse sem inspiração cristã: "Se a Igreja não caminhar com o 
 povo", observa o Pe. Joaquim Ventura no prefácio do Discurso pelos mortos de 
 Viena, feito em Roma em novembro de 1848 e colocado no índice no ano seguinte, 
 "não é por isso que o povo deixará de caminhar, mas caminhará sem a Igreja, fora 
 da Igreja e contra a Igreja" (MARTINA, 1996, p. 185). 
 Assim, o maior valor de todos os liberais católicos foi o de ter alentado a absoluta 
 precisão da Igreja conseguir um ajuste entre ela e o mundo moderno. Precisamente 
 eles articularam sobre os contratempos da união muito estreita entre trono e altar e 
 sobre a precisão de pôr fim a esse preceito; perseveraram, ainda, sobre a mais 
 nítida grandeza entre as duas sociedades, sobre a liberdade da Igreja sem sofrer 
 influência estatal e sobre a purificação de todos os acordos temporais. 
 Os liberais católicos ainda viram bem os aspectos positivos do Liberalismo, entre os 
 quais estão o respeito à consciência e a concepção da verdade como uma 
 conquista pessoal, livre e consciente. Desse jeito, a liberdade poderia ter sido útil à 
 Igreja se os católicos tivessem aplicado esse novo pensamento. 
 E o Liberalismo? E os católicos liberais? Não apenas no espaço político, mas em 
 todos os contextos então debatidos, os católicos liberais apresentaram seus 
 pensamentos bastante abertos, como no ponto da liberdade de imprensa, de 
 consciência, da reforma da Igreja, em que apostaram em assentar a Igreja em seu 
 tempo. 
 Um grande baque para os católicos liberais, apesar disso, veio com o papa Gregório 
 XVI. O papa combateu todos os princípios do Liberalismo religioso e político com a 
 encíclica Mirari vos. Nela, bombardeou-se não apenas o indiferentismo, mas 
 também "[...] aquele absurdo e errôneo juízo ou antes delírio, que se deva amparo e 
 cobrir a todos a liberdade de consciência" (Mirari Vos, Gregorio XVI, de 12 de 
 agosto de 1832). Foi condenada, também, a liberdade de imprensa, pela qual se 
 invadiram, no povo, os documentos de todo gênero. Por fim, recusou-se a questão 
 daqueles que almejavam separar a Igreja do Estado. Com essa encíclica, a cúria 
 romana abandonou clara a sua precedência pelo Absolutismo, uma vez que 
 combatia a liberdade de consciência e o indiferentismo. 
 O Cristianismo é uma das maiores religiões do mundo, com mais de dois bilhões de 
 seguidores em todo o mundo. É baseado na vida, ensinamentos e morte de Jesus 
 Cristo, que é considerado pelos cristãos como o Filho de Deus e o Salvador do 
 mundo. 
 O Cristianismo moderno e contemporâneo é uma versão do Cristianismo que 
 evoluiu ao longo dos séculos e se adaptou às mudanças culturais, sociais e políticas 
 que ocorreram no mundo. Essas mudanças levaram a diferentes interpretações e 
 práticas do Cristianismo. 
 Nesta aula, vamos perceber que o contexto europeu no momento da Reforma 
 Protestante e os fatores históricos contribuíram para que se desencadeasse a 
 ruptura dentro da Igreja católica. Também, vamos entender sobre a Reforma 
 Católica, cujo momento mais importante foi o Concílio de Trento.. 
 Preparados para iniciar essa aula? Pegue seus materiais de anotações e bons 
 estudos! 
 Martinho Lutero viveu em um ambiente de extração camponesa, moralmente 
 severo, religioso e, também, supersticioso. A educação que ele recebeu nesse 
 ambiente foi a mesma de milhares de meninos de sua época; desde os quatorze 
 anos estudou fora de casa. Tinha um caráter positivo e era cristão, como sua 
 família. Sua experiência cultural iniciou-se em Erfurt, na Faculdade de Artes. A vida 
 no colégio onde viveu era severa: monacal, rígida na disciplina, e impregnada de 
 piedade e devoção. Assim, foi marcante em sua vida a sua experiência interior: 
 apareceram a tristeza e o medo trágico de Deus, do Cristo juiz. Sua angústia 
 aumentou com a morte de seu amigo Bunt, porque viu nela um castigo de Deus. 
 Refletiu, então, em ingressar num mosteiro, escolhendo o convento dos 
 agostinianos em dezessete de julho de um mil quinhentos e cinco, logo depois de 
 ter feito um voto à Santa Ana perante uma tempestade, perto de Stotternheim 
 (istótenrrái). 
 Sua vida na academia foi acelerada: em três anos e meio, tornou-se doutor. Dentro 
 da ordem agostiniana, teve, também, uma acelerada formação: um ano de 
 noviciado e, logo depois de sete meses, instituiu-se e foi selecionado como 
 mensageiro oficial da ordem, sub prior do convento e prefeito dos estudos de 
 Wittenberg (uitemberg). Em um mil quinhentos e quinze, já era vigário de distrito 
 para onze conventos reformados. 
 As percepções teológicas de Lutero direcionavam à pastoral. Seu experimento 
 interno pode ser preciso em alguns ares: vida atenuada, pacata espiritualmente e de 
 muito entusiasmo, entre um mil quinhentos e cinco e um mil quinhentos e nove, ou 
 seja, em seu noviciado, na sua ordenação e em seus primeiros anos de sacerdócio. 
 Na Alemanha, existiu a orientação para a pregação da indulgência jubilar (plenária) 
 outorgada pelo papa Júlio Segundo e revigorada por Leão Décimo para a edificação 
 da nova basílica de São Pedro. 
 No programa sobre a pregação, havia muitas dúvidas, como a clemência de todos 
 os pecados e, assim, o retorno à graça com a condição de confessar-se. Para isso, 
 havia a carta de confissão, que servia para a indulgência jubilar. 
 Quando Martinho Lutero se cientificou desses abusos, escreveu ao bispo ordinário 
 Gerônimo Schulz e a outros bispos às noventa e cinco teses, em que exibiu seus 
 pensamentos a respeito do assunto. 
 Esses episódios tiveram lugar no ano de um mil quinhentos e dezessete. Lutero foi 
 mencionado em Roma, e, então, foi enviado de lá um representante do papa Leão 
 Décimo, Gaetano, que precisaria ouvir a desculpa de Lutero, o que não ocorreu 
 porque Lutero pediu para informar ao papa pessoalmente sobre os assuntos em 
 discussão, sobretudo a questão das indulgências, e indicou, ainda, o cumprimento 
 de um concílio. Tal sugestão, no entanto, não foi aceita. De um mil quinhentos e 
 dezessete a um mil quinhentos e vinte e um, Lutero teve grande atividade como 
 escritor e suas ideias reformistas amadureceram. 
 Embora houveram muitos diálogos e tentativas de acordo entre Martinho Lutero e a 
 Igreja, não foi possível evitar a separação. Lutero foi excomungado em um mil 
 quinhentose vinte e um. Desse momento em diante, a Reforma Luterana ganhou 
 caminho. 
 Em muitas regiões, a introdução da Reforma ocorreu de maneira violenta, com 
 tumultos, queima de igrejas e atos de vandalismo. Lutero, porém, mostrou-se 
 contrário a esses atos. Em um mil quinhentos e vinte e seis, realizou-se a Dieta de 
 Spira, e a Reforma passou para a mão do poder civil. Posteriormente, o movimento 
 protestante politizou-se e tornou-se um partido de oposição ao imperador. 
 As posições radicalizaram-se e, em um mil quinhentos e cinquenta e cinco, 
 sancionou-se, definitivamente, a divisão da religião na Alemanha, estabelecendo-se 
 os seguintes princípios: livre escolha da confissão religiosa por parte do príncipe (ou 
 autoridade secular) e a obrigação dos súditos de aceitá-la ou de emigrar (depois de 
 terem vendido os seus bens). 
 Martinho Lutero foi o mais importante reformador religioso do século dezesseis, 
 porém, juntamente à sua Reforma Protestante, houve, também, a Reforma 
 Calvinista, protagonizada por João Calvino, que publicou, em um mil quinhentos e 
 trinta e seis, o livro Instituição da Religião Cristã, começando, em Genebra, no 
 mesmo ano, a pregar suas ideias religiosas reformadoras. João Calvino seguiu de 
 perto os princípios luteranos, como a afirmação de que só a Escritura deve ser a 
 regra de fé – ele possuía concepções religiosas próprias. Dessa forma, a Reforma 
 proposta por ele tendia ao rigorismo moral e ensinava sobre a predestinação das 
 almas. 
 Além disso, na Inglaterra, Henrique Oitavo fundou o Anglicanismo, em um mil 
 quinhentos e trinta e quatro, com o 'ato de supremacia' que obrigava o clero inglês a 
 reconhecê-lo como chefe supremo da Igreja inglesa (ou anglicana), a qual manteve 
 intactos os principais pontos da fé católica, porém, de forma separada da Igreja de 
 Roma. 
 A propagação do protestantismo e de outras reformas religiosas dividiu radicalmente 
 a cristandade ocidental. Nesse contexto, o universalismo medieval não existe mais. 
 Até meados do século dezessete, ocorreram muitas guerras de religião, ou mais 
 corretamente dizendo, guerras em torno do poder político revestidas de contextos 
 religiosos. Convém ressaltar que a intolerância religiosa foi muito marcante nesse 
 período. 
 A Reforma Católica ocorreu graças ao Concílio de Trento. De um lado, esse concílio 
 foi o ponto de chegada de forças e tendências particulares e diversas, presentes na 
 Igreja desde o final do século quinze; de outro lado, ele representou o ponto de 
 partida no que se refere às decisões doutrinais e às reformas adotadas na Igreja 
 com relação ao sistema 'teológico', à doutrina espiritual, à disciplina e à ação do 
 clero. 
 O Concílio de Trento foi, sem dúvida, um fenômeno eclesiástico decisivo e que 
 determinou uma época inteira na Igreja Católica. A questão coloca-se nestes 
 termos: Contrarreforma ou Reforma Católica? 'Contrarreforma' é o termo usado, 
 sobretudo, pelos autores protestantes, sendo, ainda, o mais antigo, pois referia-se a 
 uma reação à Reforma Protestante. Ultimamente, entretanto, o termo mais habitual 
 é 'Reforma Católica', que se acena ao pensamento reformista iniciado já nos 
 séculos quatorze e quinze, ou seja, antes de Lutero, e a reforma, após o movimento 
 iniciado por Lutero em um mil quinhentos e dezessete. 
 Assim, a Reforma Católica significou: 
 1) Reação à decadência interna da Igreja. 
 2) A ação apostólica nas dioceses e nas missões externas. 
 3) A reforma das ciências teológicas. 
 4) Reforma e preparação dos sacerdotes ao apostolado, melhor preparação 
 teológica. 
 5) Reforma das estruturas eclesiásticas da cúria central. 
 6) Educação cristã da juventude. 
 A Reforma Católica apresentou, ainda, dois aspectos que são independentes da 
 Reforma Protestante: a renovação interior da vida da Igreja e a expansão desta em 
 terras de missões. 
 Utilizando o termo 'Contrarreforma', aparecem claros os seguintes aspectos: 
 1) A ação dos bispos em defesa da fé. 
 2) A crise protestante. 
 3) A apologética e a controvérsia de faculdades teológicas. 
 4) A ação papal com a reforma da inquisição central, a instituição do índice dos 
 livros proibidos, a condenação de doutrinas e tendências com as bulas, a 
 condenação dos hereges e a execução das condenações (cárceres e/ou mortes) 
 por meio do braço secular. 
 5) Reforma de alguns conventos e mosteiros. 
 6) Algumas mudanças no que se refere à piedade popular eucarística e acentuação 
 à devoção eucaristia-sacramento. 
 7) A teologia controversista, que leva os teólogos católicos a usar o método dos 
 protestantes e a aprofundar e desenvolver o estudo da Escritura, dos padres em 
 função apologética, levando, dessa forma, à teologia sistemática. 
 Chegamos ao final de mais uma aula. 
 Nesta aula, percebemos que o contexto europeu no momento da Reforma 
 Protestante e os fatores históricos contribuíram para que se desencadeasse a 
 ruptura dentro da Igreja católica. Também pudemos entender sobre a Reforma 
 Católica, cujo momento mais importante foi o Concílio de Trento. 
 Hinduismo 
 Onde hoje está o Paquistão, há cerca de 7 mil anos iniciou a desenvolver-se a 
 cultura harappa, a mais antiga do vale do Indo. Ela tem uma escrita que até hoje 
 não foi decodificada. A sociedade indiana estruturou-se em castas entre 1700 e 
 1200 a.C., seguindo preceitos religiosos dos Vedas – do qual trataremos adiante – 
 que defendia a predestinação das pessoas a classes sociais. 
 Firma-se uma intensa religiosidade na cultura indiana, em que as pessoas, durante 
 toda a história são conduzidas por um denso significado do sagrado, desde seu 
 nascimento em uma casta até os mais humildes sinais do dia a dia. 
 Atenção 
 Atualmente, cerca de 80% dos indianos são hindus, ou seja, seguidores do 
 hinduísmo como religião. Entretanto, o nome 'hinduísmo' para se mencionar à 
 religião dos indianos foi estabelecido pelos europeus; na antiga língua da Índia, o 
 sânscrito, o nome dessa religião é Sanatana Dharma, que pode ser traduzido como 
 'Ordem Eterna'. Trata-se de uma ordem universal, ampla, à qual todos devem 
 obedecer, independente de casta ou classe social. Segundo Küng (2004), Mahatma 
 Gandhi empregou muitas vezes esse nome, que traz o conceito de ordem, lei e 
 dever. 
 O hinduísmo é uma religião com mais de 700 milhões de fiéis, que convivem com 
 cerca de 110 milhões de muçulmanos, 20 milhões de cristãos e também pessoas de 
 outras religiões, como judeus, jainistas e budistas. 
 Os hindus são mestres de oração e meditação, exímios em mover a vida por meio 
 de rituais e práticas religiosas que lhes conferem unidade e diversidade. Contudo, o 
 hinduísmo é também regra para o indivíduo viver em sociedade. Vale ressaltar que, 
 nos caminhos povoados de divindades, muitas vezes são possíveis manifestações 
 radicais que contestam a fragilidade do corpo e desafiam a ordem política. Está 
 nesse sentido a proposta de Gandhi. Ele foi um indiano hindu do século 20, que se 
 dedicou à defesa dos direitos humanos por intermédio da não violência ativa. Ele 
 uniu os princípios éticos hindus da Bhagavd-gita com o Sermão da Montanha do 
 cristianismo. 
 Vejamosuma afirmação de Gandhi: "O Ganges dos direitos nasce no Himalaia dos 
 deveres" (apud KÜNG, 2004, p. 95). Desse modo, ele dava um passo à frente da 
 Declaração universal dos direitos do homem, formulada pelas Nações Unidas em 
 1948. Dessa forma, com inspiração no sagrado rio Ganges, propunha uma 
 consciência mundial que chamasse a humanidade para os princípios éticos 
 universais. 
 O rio Ganges, na compreensão hindu, representa a deusa Mãe Ganga. Declina das 
 montanhas do Himalaia em uma ampla torrente, mas resvala calmo, brando e 
 persistente, conservar-se sempre o mesmo. É um rio que fecunda. Entretanto, às 
 vezes, arrasta tudo tempestuosamente, tornando-se barrento e opaco. Alterar-se, 
 expande, submerge o que encontra. Depois de cursar 2700 quilômetros, deságua 
 no golfo de Bengala. 
 O Ganges é imagem do próprio hinduísmo, religião da harmonia, lei e dever, que 
 tem mais de quatro mil anos de história. 
 Mas qual o segredo da longevidade do hinduísmo? 
 O autor Poli e Sandhu (1998) respondem que o hinduísmo é uma complexa massa 
 de sistemas religiosos, filosóficos e sociais. O segredo da sua longevidade e 
 vitalidade está em dois fatores: a ausência de uma autoridade central e a 
 capacidade de integrar à sua tradição elementos estranhos sem nunca perder sua 
 identidade. 
 Há variações da prática hindu, conforme a região, mas sempre permanecem os 
 seguintes elementos: 
 1) Fé na autoridade da revelação e da tradição; 
 2) Sistema das castas e das etapas da vida; 
 3) Crença na ciclicidade da evolução e na transmigração das almas; e 
 4) Alguns ritos e práticas sociais. 
 Uma das cidades mais sagradas da Índia é Haridwar, por onde passa o rio Ganges. 
 Multidões banham-se em suas águas, mesmo essas estando tão poluídas, em um 
 ritual de purificação. E dali, desde tempos remotos, partem peregrinações para toda 
 a região montanhosa. Desde tradição muito antiga, os rios são considerados sagra 
 dos, bem como os lugares de acesso à água, seja para beber ou para banhar-se. 
 Fato interessante é que os rios são considerados seres femininos, enquanto o mar é 
 masculino. 
 No entanto, para uma interpretação histórica, precisamos descobrir como o 
 hinduísmo reagiu aos acontecimentos, nos vários períodos da sua história até hoje. 
 Em outras palavras, temos de problematizar o percurso do hinduísmo em cada 
 período da sua história. 
 Podemos seguir a interpretação de Hans Küng (2004), verificando, na história do 
 hinduísmo, os processos de continuidade e descontinuidade, bem como as 
 reformulações e reinterpretações. A substância da religião segue inalterada, mas 
 imprimem-se modificações nas convicções das pessoas, nos valores e nos 
 métodos. Küng relaciona as modificações nesses paradigmas de acordo com a 
 seguinte sequência: 
 ● religião védica; 
 ● busca da unidade; 
 ● hinduísmo clássico; 
 ● grandes sínteses hindus medievais; 
 ● hinduísmo moderno; 
 ● hinduísmo pós-moderno. 
 Na primeira etapa da sua história, o hinduísmo se afirmou como religião védica, isto 
 é, que vê o mundo por meio dos textos sagrados denominado Vedas. 
 Os Vedas surgiram em um longo período de tempo, provavelmente desde 1500 a.C. 
 Formam uma enorme coletânea de hinos, que estão escritos em textos seis vezes 
 mais extensos que a Bíblia. Assumidos como revelação ouvida pelos videntes, por 
 intermédio de intuição mística, os Vedas são considerados como o conhecimento 
 sagrado. Eles são subdivididos em quatro partes: 
 Rig-Veda ou 'saber dos hinos' 
 São hinos dedicados aos deuses, que apareceram no vale do Indo, dentre 1700 e 
 1200 a.C. 
 Sama-Veda ou 'saber dos cânticos' 
 É uma orientação para instauração dos que cantam nos sacrifícios. 
 Yajur-Veda ou 'saber das fórmulas sacrificatórias' 
 É uma coleção de textos para os sacrifícios. 
 Atharva-Veda ou 'saber do sacerdote do fogo' 
 É uma coletânea vagarosa de textos e rituais magos e ocultos, não sacerdotais. 
 Além de conhecimento sagrado, esses textos constituem o mais antigo testemunho 
 da cultura indiana, com sua tradição religiosa, filosófica e cultural. Eles foram 
 transmitidos de geração em geração, em uma fiel e escrupulosa tradição oral, até 
 serem escritos em sânscrito, língua considerada sagrada, que se desenvolveu com 
 base nos dialetos indo-europeus. 
 Segundo Heinrich Zimmer (2003), o conjunto de textos que compõe os Upanixades, 
 (...) revela uma gradual intensificação na importância dada ao problema da 
 redescoberta e assimilação do Eu. Os diálogos filosóficos dos Upanixades indicam 
 que, durante o oitavo século (a.n.e.), houve uma mudança de orientação dos 
 valores, deslocando o foco de atenção do universo exterior e limites tangíveis do 
 corpo para o universo interior e intangível, levando às suas últimas conclusões 
 lógicas as perigosas implicações desta nova direção. (...) os reis dos deuses, Indra 
 e Varuna (...) já não recebiam suas cotas de preces e sacrifícios. Ao invés de 
 direcionar a mente a estes simbólicos guardiães e modelos da ordem natural, 
 sustentando-os e mantendo-os vigentes por uma contínua sequência de ritos e 
 meditações, o Homem voltava sua atenção para o íntimo, esforçando-se por 
 conseguir manter-se num estado de crescente autoconsciência pela reflexão 
 profunda, pela autoanálise, pelo controle respiratório e pelas severas disciplinas 
 psicológicas da Ioga. 
 A tradição, com tratados que servem de complemento aos Vedas, favorece o correto 
 desenvolvimento dos ritos. 
 Vale salientar que textos interpretativos célebres são os Brahmanas, os Aranyakas e 
 os Upanixades. 
 É importante ressaltar a doutrina dos 'cinco fogos'. O fogo, que nos Vedas é 
 personificado como o deus Agni, é o Sol (no céu), o raio (no ar), o fogo do lar (na 
 terra), o fogo do sacrifício (no ritual) e o fogo da cremação (que leva as almas ao 
 mundo celeste). 
 A ritualização dos ciclos da natureza se faz na compreensão do "Ciclo Eterno": o 
 fogo sobe para o alto, como entrega. Ele queima e leva a água para o céu. A água 
 se transforma em nuvens e volta a cair na terra. 
 Há, também, a crença em uma reencarnação cíclica dos mortos e na migração das 
 almas. Ao mesmo tempo, a doutrina do carma afirma que isso depende de como a 
 pessoa agiu. 
 Upanixades: busca de unidade 
 Entre os séculos 8o e 4o a.C., houve uma crise da visão védica do mundo. 
 Nesse contexto, surgiu a crítica à casta dos brâmanes poderosos, que constituíam 
 uma espécie de clero, com ciência dos sacrifícios. Também se fazia crítica aos 
 deuses, numerosos e contraditórios, que se comportavam demasiadamente como 
 os humanos. Entendia-se que tudo isso trazia instabilidade na ordem do mundo. 
 Foi então que surgiram os Upanixades, que representam a busca de unidade dentro 
 de si e trazem esta compreensão: o brâman (o Uno primordial) é indefinível e 
 onipresente, invisível, absoluto e constitui uma força vital. O brâman e o atmã (alma, 
 espírito), em última análise, são uma só coisa. No entanto, as especulações 
 filosóficas abstratas nunca exerceram grande influência sobre a vida da maioria dos 
 hindus. 
 Hinduísmo Clássico 
 Mudanças ocorreram entre os séculos 3o a.C. e 3o d.C. O povo passou a se inclinar 
 para a adoração dosdeuses, buscando sua aprovação e bênção. Com isso, 
 revigorou-se a piedade teísta, voltada para deuses pessoais. 
 Novos deuses passaram a ser cultuados: 
 Figura 2 - Vishnu ou Hari 
 Descrição da imagem: A figura representa Vishnu, o protetor do universo na cultura 
 hindu. 
 ● Vishnu ou Hari: é representado com quatro braços. A crença é de que ele 
 teve dez avatares (reencarnações), das quais as mais importantes são Rama 
 e Krishna. Mas acredita-se que o avatar de Krishna ainda vai acontecer. 
 Figura 3 - Shiva 
 Descrição da imagem: A figura representa o deus Shiva, o destruidor e regenerador 
 na cultura hindu. 
 ● Shiva, o deus da dupla face: é o senhor dançante do Universo, que 
 representa dissolução e destruição. 
 A aristocracia indiana deixou um fundo social. A partir de 500 d.C., houve a 
 ascensão dos senhores feudais, que davam presentes aos brâmanes, construíam 
 grandes templos, dedicavam-se à guerra e às práticas sexuais, como também a 
 práticas mágicas e supersticiosas. 
 É importante observar que o hinduísmo é uma religião alegre. Desde tempos 
 remotos, os cultos da fertilidade deixaram como herança um fator erótico, com 
 alegria desinibida e sensualidade. Sua arte é representativa do amor erótico. 
 Além disso, houve a influência do tantrismo, entre 600 e 900 d.C. Assim, 
 permaneceu um sistema esotérico doutrinário e ritual, com veneração de divindades 
 femininas. Há muitas representações de dançarinas sensuais e sedutoras, como 
 também de pares sexuais e de grupos orgiásticos, que vêm dos séculos 10 a 12. 
 É preciso reconhecer que o tantrismo valorizou as mulheres, retirou os limites das 
 castas e valorizou até os intocáveis. Contudo, possuía uma filosofia do sexo que, 
 com ritos macabros, legitimava a promiscuidade e a corrupção dos sacerdotes. O 
 povo, mais próximo do puritanismo que dá libertinagem, rejeitou cada vez mais as 
 práticas tântricas. Por essa razão, atualmente está proibida a prostituição sagrada. 
 O hinduísmo propriamente clássico afirmou-se na Idade Média, a partir do século 6o 
 d.C. Seu desenvolvimento se deu com os oito grandes Puranas em versos, 
 dedicados aos deuses Brahma, Vishnu e Shiva, que constituem a trimurti, isto é, a 
 tríade divina: a divindade, a um só tempo, cria o mundo (Brahma), o conserva 
 (Vishnu) e o destrói (Shiva). São três aspectos de um único ser divino (KÜNG, 
 2004). 
 A crença hinduísta é de que Deus é o único primordial, mas há deuses de categoria 
 inferior, que são os devas. Desse modo, na questão do Deus pessoal, há diferentes 
 visões e o Absoluto é visto tanto como uma inteligência impessoal como Deus 
 pessoal. 
 Hindus medievais 
 Desde a Idade Média, permaneceram três sínteses denominadas Vedantas. Veja o 
 que afirma cada uma: 
 Afirma que o Absoluto e o mundo são a mesma coisa. Assim, busca o conhecimento 
 místico mais elevado, por meio da meditação. 
 Entende que o Absoluto e o mundo são completamente separados. Deus é, 
 portanto, diferente do mundo e diferente da alma. O mundo é criado, conservado, 
 governado e também destruído por Deus. 
 No meio termo, afirma que o Absoluto e o mundo são 'Um' na diversidade. O 
 Absoluto se identifica com o Deus pessoal. A convicção é de que, desde a 
 eternidade, o Absoluto faz surgir o mundo, conserva-o, dirige-o partindo de dentro e 
 o retoma. Cultiva a entrega a ele, em uma forma de piedade monoteísta, seja 
 dirigida a Vishnu, Shiva ou a uma deusa. 
 Observe o que essas sínteses têm em comum: 
 ● a aceitação da autoridade dos Vedas, embora interpretando-os 
 diferentemente; 
 ● o confronto com o budismo; 
 ● os fundadores, que são pensadores e filósofos profundamente religiosos, 
 místicos e reformadores. 
 A vida hindu, com base na interpretação dos Vedas, pauta-se em uma grande 
 liberdade, aliada à obediência às complexas regras das castas. 
 A doutrina do Karma ensina que o destino de cada um foi provocado por ele próprio 
 em uma vida anterior, por meio de boas ou más ações. Assim, por causa das más 
 ações pode-se renascer em uma existência pior, em uma casta inferior, ou como 
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 animal, ou no inferno. Esse renascimento, porém, não se dá para sempre; a meta 
 última é sair do sansara, isto é, do período dos nascimentos. 
 Nessa perspectiva, também são importantes as peregrinações a lugares santos. 
 Destaca-se Varanasi, ou Benares, que é a cidade do deus Shiva. Ali, o banho de 
 purificação no rio Ganges, na fé de obter o perdão dos pecados, é acompanhado de 
 inúmeros rituais e ofertas. Além disso, um pouco da água é levada para casa. 
 É importante lembrar que a cidade de Varanasi permaneceu sob o domínio 
 muçulmano por três séculos, desde 1194, quando muitos dos templos hindus foram 
 destruídos pelos invasores, e muitos intelectuais tiveram de fugir para outros 
 lugares. 
 Em 1947, ocorreu a divisão entre a República secular da Índia e o Estado islâmico 
 do Paquistão e, em 1971, o Paquistão Oriental declarou sua independência, 
 passando a chamar-se Bangladesh. Não obstante, vários hindus continuam 
 considerando os muçulmanos da Índia e do Paquistão como seus principais 
 inimigos. 
 Na cidade sagrada de Varanasi, além do conflito entre hindus e muçulmanos, vê-se 
 uma superpopulação, caos no trânsito e grande miséria. 
 Em meio a tudo isso, persistem os gurus ou sacerdotes locais, que orientam os 
 peregrinos. Há também os ascetas, que andam seminus ou inteiramente nus, 
 renunciam a todas as alegrias terrenas, consagram-se ao seu deus e dependem de 
 pequenas esmolas. 
 Hinduísmo Reformado 
 No processo de modernização, o problema maior já não é a rivalidade entre hindus 
 e muçulmanos, mas a necessidade de renovar a religião. Por exemplo, há o desafio 
 de superar a discriminação da mulher e também o de preservar o conteúdo humano 
 do hinduísmo, manifestados nos seus textos sagrados. 
 Você pode entender isso pensando na cidade de Calcutá, na qual viveu e atuou 
 Madre Tereza (1910-1997). Essa antiga metrópole comercial e cultural tem cerca de 
 12 milhões de habitantes. Depois de dois séculos sob a dominação colonial inglesa, 
 os indianos souberam construir ali sua democracia, em um empenho de 
 humanização, por meio do hinduísmo. Estabeleceram o princípio de igualdade de 
 todos perante a lei, a tolerância com todas as religiões e a permissão do segundo 
 casamento para as viúvas. 
 O problema é que essa democracia convive com a realidade da pobreza, o 
 analfabetismo, o fatalismo das massas, a poluição – existente até mesmo no 
 sagrado rio Ganges –, a destruição das florestas e dos rios. 
 O sistema de castas continua em vigor, embora tenha ficado abalado. Acontece que 
 há uma defasagem entre as leis e a realidade social. Assim, para abolir a 
 hierarquização em castas, é preciso mudar o sistema econômico. Sobre a questão 
 da responsabilidade histórica, do Hinduísmo, Burkhard Sherer (2005), nos dá 
 importantes indicações para a reflexão: 
 O sistema de castas e os deveres sociaise religiosos individuais (svadharma) 
 governam tão intensamente a sociedade, que no Hinduísmo o engajamento social 
 nunca teve maior desenvolvimento. A vida atual é condicionada pelas ações 
 anteriores – portanto pelo mau karma. Sobre este pano de fundo, a justiça social 
 não é nem possível nem coerente. O moderno estado indiano, com sua constituição 
 social, tenta enfrentar a rigidez desta mentalidade de muitos séculos. 
 Isso não é fácil, porque a Índia é um país complexo. Tem mais de 1.500 línguas e 
 dialetos. O povo indiano, que em grande parte vive no campo, defronta-se com a 
 ameaça moderna do consumismo, desorientação moral e esvaziamento espiritual. 
 Entretanto, não têm faltado hindus com sensibilidade humana, visão política e 
 carisma. Desse modo, têm surgido movimentos de renovação espiritual, como o de 
 Ramakrishna, junto com múltiplos movimentos de reformas sociais que ocorriam, 
 especialmente te em Bengala. 
 Ramakrishna (1836-1886) foi um camponês brâmane pobre, que, apesar da sua 
 pouca formação, viveu experiências de transes e visões e propôs uma renovação 
 espiritual do hinduísmo. Ele propunha um amor emocional a Deus, um Deus pessoal 
 identificado com Kali, a deusa-mãe. Seu movimento propõe meditação, louvor ao 
 nome de Deus e o 'caminho da entrega'. 
 Outro movimento de renovação é o de Vivekananda (1864- 1902), um discípulo de 
 Ramakrishna, que fora educado em uma escola cristã e, por perder a fé tradicional 
 no hinduísmo, tornou-se um racionalista cético. Depois foi atraído por Ramakrishna 
 e tornou-se monge. Peregrinou durante três anos em toda a Índia. 
 Em 1893, participou do Parlamento das grandes religiões e seu discurso 
 impressionou a todos. Sua proposta é a harmonia entre as religiões, especialmente 
 pelo encontro entre as religiões do Oriente e do Ocidente. 
 Hinduísmo Pós-Moderno 
 A compreensão de Hans Küng (2004) é de que Gandhi apontou para um paradigma 
 pós-moderno do hinduísmo. Ele denunciou o que entendeu como os sete pecados 
 sociais modernos: 
 ● 1) política sem princípios; 
 ● 2) negócios sem moral; 
 ● 3) riqueza sem trabalho; 
 ● 4) educação sem caráter; 
 ● 5) ciência sem humanidade; 
 ● 6) prazer sem consciência; 
 ● 7) religião sem sacrifício. 
 Observe que foi com exemplar coragem que Gandhi levou adiante a renovação 
 iniciada por seus antecessores. Ele mobilizou as massas sem violência, mas foi 
 uma não violência ativa, inclusive na forma de desobediência civil. 
 Sua proposta era a da convivência pacífica das religiões, defendendo que, na Índia, 
 hindus e muçulmanos tinham de ser irmãos e, juntos, combater a desigualdade 
 social, a exploração econômica e a corrupção generalizada. 
 Poli e Sandhu (1998) observam, também, que Gandhi era um hindu, mas não quis 
 ser um reformador religioso. Sua insistência esteve em uma recusa inflexível da 
 condição dos sem casta, também denominados "intocáveis". Ele praticou e pregou a 
 tolerância, a compreensão, a pobreza voluntária, a castidade, a não violência ativa e 
 a plena adesão à verdade, com disposição até ao sacrifício da própria vida. 
 Aqui nós falaremos sobre Hinduísmo. 
 O hinduísmo é uma das religiões mais antigas e complexas do mundo. Originária da 
 Índia, tem uma rica história e tradição que abrange milhares de anos e uma ampla 
 variedade de crenças, práticas e textos sagrados. 
 Uma das características mais marcantes do hinduísmo é sua crença em muitos 
 deuses e deusas, cada um com seu próprio papel e personalidade. 
 Embora haja muitos deuses, o hinduísmo ensina que há um único poder supremo, 
 conhecido como Brahman. Os deuses e deusas são manifestações de dele, e cada 
 um é adorado por sua especialidade e papel na vida humana. 
 O hinduísmo também ensina que cada pessoa tem uma alma eterna, conhecida 
 como Atman, que é uma parte de Brahman. A ideia é que, ao longo das vidas, a 
 alma passa por ciclos de morte e renascimento, conhecida como samsara. 
 O objetivo final do hinduísmo é escapar do ciclo de samsara e alcançar a união com 
 o supremo, um estado conhecido como moksha. 
 Outra característica fundamental do hinduísmo é a importância do karma. Karma é a 
 ideia de que todas as ações têm consequências, tanto nesta vida quanto nas 
 próximas. As ações positivas podem levar a uma vida melhor no futuro, enquanto as 
 negativas podem levar a dificuldades e sofrimentos. 
 O hinduísmo também tem uma grande variedade de práticas religiosas, incluindo 
 ioga, meditação, canto de mantras, peregrinações a locais sagrados e rituais diários 
 em casa. A religião também tem uma rica tradição de literatura sagrada 
 Embora o hinduísmo tenha uma rica história e tradição, não há um único líder ou 
 autoridade central que controla a religião. 
 Ao invés disso, há muitas escolas de pensamento diferentes e linhagens espirituais 
 que interpretam os ensinamentos do hinduísmo de maneiras diferentes. Isso levou a 
 uma grande diversidade dentro da religião, com muitas crenças e práticas regionais 
 diferentes. 
 Os hindus têm uma diversidade impressionante em termos de línguas, costumes, 
 tradições e práticas religiosas. Essa diversidade é influenciada pela vasta extensão 
 geográfica da Índia e pelas florestas históricas com diferentes culturas e religiões. 
 Embora a maioria dos hindus compartilhe certas crenças e valores fundamentais, há 
 uma ampla variedade de rituais, festivais e divindades veneradas em todo o país. 
 A religião é uma parte integrante da vida diária dos hindus. Frequentemente visitam 
 templos, fazem oferendas, participam de rituais e rezam em busca de bênçãos e 
 orientação espiritual. Além disso, muitos hindus praticam ioga e meditação como 
 formas de alcançar o equilíbrio mental, físico e espiritual. 
 A família desempenha um papel central na vida dos hindus. A maioria dos hindus 
 segue o sistema de castas, que divide a sociedade em diferentes grupos 
 hierárquicos com base no nascimento. 
 Ainda que esse sistema tenha evoluído ao longo do tempo, a estrutura social ainda 
 influencia as relações e é permitida entre as pessoas. Os parentes são fortes e os 
 hindus valorizam muito o respeito aos mais velhos e o cuidado com os membros da 
 família. 
 Além das práticas religiosas, os hindus contribuíram de forma significativa para 
 diversas áreas do conhecimento e da cultura. A Índia é berço de grandes filósofos, 
 matemáticos, cientistas, artistas e escritores hindus que fizeram contribuições 
 notáveis em suas respectivas áreas. 
 Os hindus têm um profundo respeito pela natureza e pelos animais. A vaca é 
 considerada sagrada e é objeto de devoção e proteção. Acredita-se que todos os 
 seres vivos estão interligados e que devemos viver em harmonia com a natureza. 
 O hinduísmo pós-moderno é uma abordagem contemporânea que surge da 
 interação entre os princípios e práticas tradicionais e as influências da era 
 pós-moderna. É uma tentativa de reinterpretar os ensinamentos e tradições hindus à 
 luz das complexidades e desafios do mundo moderno. 
 Uma característica fundamental do hinduísmo pós-moderno é a ênfase na 
 individualidade e na liberdade de escolha. 
 Os hindus pós-modernos veem a religião como uma experiência pessoal e 
 subjetiva, buscando uma conexão direta coma individualidade, ao invés de 
 depender exclusivamente de instituições religiosas ou dogmas. 
 Essa abordagem pós-moderna do hinduísmo também valoriza a pluralidade e a 
 diversidade de perspectivas. 
 Os hindus pós-modernos reconhecem que há muitas maneiras diferentes de 
 interpretar e praticar a religião, e cada indivíduo tem o direito de seguir seu próprio 
 caminho espiritual. Isso promove a tolerância religiosa e a abertura para abraçar 
 ideias e tradições de outras religiões e culturas. 
 Além disso, o hinduísmo pós-moderno enfatiza a importância da experiência direta e 
 da intuição espiritual. Os praticantes são encorajados a explorar e experimentar a 
 espiritualidade por meio de práticas como meditação, yoga, rituais personalizados e 
 busca interior. 
 A busca da verdade pessoal e da autorrealização é valorizada acima das normas e 
 convenções tradicionais. 
 A influência da pós-modernidade também se reflete nas questões sociais e éticas 
 abordadas pelo hinduísmo pós-moderno. Os hindus pós-modernos estão engajados 
 em questões como justiça social, igualdade de gênero, direitos humanos, meio 
 ambiente e sustentabilidade. 
 Eles procuram aplicar os princípios do hinduísmo, como o respeito por todas as 
 formas de vida e o conceito de interconexão, para enfrentar os desafios globais 
 contemporâneos. 
 O hinduísmo pós-moderno também busca se adaptar ao avanço da tecnologia e à 
 era digital. Os hindus pós-modernos estão cada vez mais usando a internet e as 
 mídias sociais como ferramentas para disseminar conhecimento espiritual, 
 conectar-se com outros praticantes e criar comunidades virtuais de apoio. 
 No entanto, é importante ressaltar que não é uma abordagem vivida e existem 
 diferentes interpretações e práticas dentro desse movimento. 
 Alguns podem se afastar mais dos elementos tradicionais do hinduísmo, enquanto 
 outros podem buscar um equilíbrio entre a tradição e a inovação. 
 Em resumo, o hinduísmo é uma religião antiga e complexa que ensina a crença em 
 muitos deuses e deusas, a importância da alma e do karma, e uma ampla variedade 
 de práticas religiosas. Com sua rica tradição e diversidade, continua a ser uma 
 influência importante na vida cultural e religiosa da Índia e em todo o mundo. 
 Xintoísmo e Taoísmo 
 A cultura japonesa formou-se com base em um complexo cultural, com marcas dos 
 mongóis, chineses, coreanos e indonésios. Contudo, além das influências de 
 sociedades orientais mais antigas, os próprios japoneses moldaram sua cultura pela 
 arte de lidar com a natureza hostil. Daí vem o caráter persistente e guerreiro. No 
 entanto, é bom destacar que a forte influência cultural da China se fez 
 especialmente por seu governo imperial, baseado na autoridade religiosa. 
 A antiga organização social japonesa era realizada por meio de clãs, isto é, famílias 
 unidas por um antepassado comum e culto ao mesmo deus protetor. Todavia, entre 
 os clãs havia permanentes guerras, e, por essa razão, a casta dos samurais ganhou 
 prestígio, que eram os guerreiros e cultivavam os valores da fidelidade aos 
 superiores e da disciplina. 
 Mas, o que é xintoísmo? O termo advém de xin-tao, expressão chinesa que significa 
 'caminho dos seres divinos'. 
 Algumas de suas características são: 
 a. É uma religião voltada para o mundo presente, sem uma doutrina elaborada 
 sobre a vida no além-morte. 
 b. Não tem fundadores, formou-se da espontaneidade popular e mais tarde foi 
 reelaborada pela classe imperial. 
 c. Não tem dogmas, nem teologia nem escritura sagrada, já que os livros da 
 história do Japão são considerados livros religiosos. 
 d. Não tem um código moral, sendo que a ética xintoísta reduz-se a poucos 
 preceitos fundamentais, como o de não ter falsidade. 
 A forma primitiva do xintoísmo possui um caráter animista-naturalista e raízes do 
 xamanismo. Isso se evidencia no culto dos kami, seres divinos que podem se 
 hospedar em tudo o que existe. Aliás, não há deuses. O culto dos kami é a essência 
 do xintoísmo, na qual se acredita que se houver um kami, cria-se um culto. 
 Destaca-se o culto a Amaterasu, a kami do Sol, cujo santuário natural é a montanha 
 Fuji. 
 O xintó primitivo era uma religião alegre, cheia de gentilezas e amor pela natureza. 
 Fundia crenças e ritos populares com os elementos da natureza, na compreensão 
 de que a natureza é o kami e o kami é a natureza. 
 Saiba Mais 
 Há o culto dos ancestrais, mais preservado pelas mulheres, e o culto dos mortos, 
 que é de origem chinesa. Os ritos funerários são uma forma de homenagear os 
 mortos e manter sua harmonia com os vivos. A crença é de que a alma sobrevive, 
 mas o céu é reservado ao imperador e sua família, aos guerreiros e servidores, 
 enquanto o povo desce a um mundo subterrâneo. 
 Cada família tem um mita maya, um pequenino templo, com tabuletas com os 
 nomes dos antepassados, precedidos da palavra mikoto, que significa "ilustre". Tem, 
 também, um sacrário com algum objeto sagrado. 
 Influência do budismo 
 O budismo chegou da China, no século 6o d.C. Dois séculos depois, difundiu-se no 
 meio popular, transformando-se em um sincretismo xinto-budista. 
 Como se deu esse sincretismo? 
 A princípio, Buda foi entendido como um kami, a quem se pedem grandes favores. 
 Os kami passaram a ser considerados como reencarnações de Buda. 
 A ética do budismo foi entrando, pouco a pouco, no desprezo pelas coisas 
 mundanas, compaixão pelo próximo e esperança de salvação após a morte. Além 
 disso, o budismo trouxe da China uma nova arquitetura e um culto mais rico e 
 impressionante do que os cultos tradicionais do Japão. 
 Reação contra o budismo 
 Como explica Piazza (1996), no século 13 d.C., houve um renascimento da 
 consciência nacional, que moveu uma reação contra a onda budista. 
 Difundiu-se a convicção de que os kami não reencarnam. Os antigos sacerdotes 
 passaram a publicar a memória e a doutrina do xintoísmo e a convencer os 
 japoneses de que Amaterasu era superior a Buda. 
 A esse interesse da religião uniu-se a importância política, que almejava constituir o 
 primado do mikado (a casa imperial). 
 Foi nessa época que surgiram os três grandes movimentos budistas de feição 
 japonesa: Jôdo, Zen, Nichirin. contra as prepotências feudais dos governadores 
 militares. Também queriam afirmar a primazia da raça nipônica, entendida como de 
 ascendência divina. 
 Reforma do imperador Meiji 
 Milanese e Santangelo (1999) observam que, durante séculos, o xintoísmo sofreu 
 influências de outras religiões. Veja a seguir as principais e de que forma essas 
 influências ocorreram: 
 ● budismo: nos ritos, na arquitetura dos templos, no conceito de oração e na 
 teoria da reencarnação; 
 ● confucionismo: no culto dos antepassados e no senso de pertença e de dever 
 do indivíduo para com a sociedade; 
 ● do taoísmo: nas crenças animistas e nas práticas mágicas. 
 No século 17, o imperador Meiji reagiu com uma reforma. Trouxe de volta a forma 
 primitiva do xintó, mas criou um xintoísmo de Estado, com seus santuários, 
 separado do xintoísmo popular e de seus lugares de culto. Religião e política 
 fundiram-se, e o imperador foi deificado. Dessa maneira, formou-se umxintoísmo 
 estatal, fundido com o império japonês. Mas a forma primitiva do xintoísmo seguiu 
 seu curso. 
 No século 20, na Segunda Guerra Mundial, houve a rendição japonesa, e o 
 imperador renunciou à prerrogativa de divindade. Atualmente, uma problemática a 
 discutir é a dos riscos por que passa o xintoísmo na sociedade japonesa moderna. 
 Taoísmo 
 Literalmente é uma passagem que tem como inícios fundamentais na sua doutrina, 
 a convivência junto à natureza. Por que será a razão do nome Taoísmo, uma 
 derivação apenas do nome Tao? Depararemos os segredos que circulam o 
 Taoísmo, consentindo uma hermenêutica de simples abrangência, a fim de que se 
 perceba a sua visão de mundo. 
 O Taoísmo, do mesmo modo como o Confucionismo, faz parte do conjunto 
 antropológico e socio-histórico da China que, por meio da sua tradição, tem uma 
 fabulosa e expressivo valor para a sociedade chinesa, no tocante ao campo 
 religioso. Com isso, o nosso olhar percebera um pouco do seu contexto, para 
 reconhecermos seu simbolismo, que estará voltado para o centro da sabedoria 
 chinesa. 
 O Taoísmo busca continuamente um exemplo singular e modelar: o Tao. Um fato 
 emblemático, “fons et origo”, de toda a inspiração. Segundo Mircea Eliade: 
 [...] tal como Confúcio, que propunha o seu ideal do “homem perfeito”, tantonos 
 soberanos como a qualquer indivíduo desejoso de instruir-se, Lao Tsé convida os 
 chefes políticos e militares a se comportar como taoístas, ou, em outras palavras, a 
 seguir o mesmo modelo exemplar: aquele proposto pelo Tao. Mas é essa a única 
 semelhança entre os dois Mestres. Lao Tsé critica e rejeita o sistema confuciano, ou 
 seja, a importância dos ritos, o respeito aos valores sociais e o racionalismo [...]. 
 [Enquanto] Para os confucionistas, a caridade e a justiça são as maiores virtudes. 
 Lao Tsé, no entanto, vê nelas atitudes artificiais, portanto, inúteis e perigosas. 
 (ELIADE, 1979, p. 40-41). 
 O Taoísmo tem como base basilar o preceito politeísta e a filosofia de crenças que 
 integram antigos ambientes simbólicos e misteriosos da religião popular chinesa, 
 por exemplos: ritos aos antepassados, cerimoniais de exorcismo, crenças místicas e 
 também feitiço. Dessa forma, a origem da filosofia do Taoísmo é atribuída aos 
 ensinamentos do mestre chinês “Laozi” ou Lao Tsé (velho mestre), qu viveu no 
 século IV, foi contemporâneo de Confúcio, segundo relatos de alguns dos 
 historiadores, por volta dos anos (550 a.C.). 
 Apesar de essa não ser uma religião popular em nível mundial, ainda assim seus 
 ensinamentos têm influenciado muitas seitas modernas. O Taoísmo emana a ser 
 extremamente mais que uma filosofia e, devido às suas propriedades, tornou-se, de 
 certo feitio, um apropriado movimento religioso, por ter adotado meios das 
 primeiras, ou antigas religiões chinesas. 
 Em torno de 600-500 a.C., Lao-Tsé registrou um livro chamado “Tao Tê Ching” ou, 
 como é estimado, Livro da Lei do Universo e Sua Virtude. O nome Taoísmo é 
 constituído pelos dois ideogramas chineses: “Tao”, que constitui caminho, mas além 
 disso o Ser supremo ao qual a passagem acarreta, e “Diao”, que significa 
 ensinamento. 
 A religião corresponde à tradição que vem do passado, que revela a origem e, 
 nesse sentido, é atribuída ou concebida como o Caminho da Imortalidade. É uma 
 energia misteriosa, não se refere a uma pessoa e imanente que dá a existência e a 
 consonância. Sendo então um caminho de observação da natureza, de seus ritmos 
 e fluxos. 
 O Taoísmo é um movimento religioso, no qual Lao-Tsé recebeu as atribuições dos 
 manuscritos do Tao Te Ching, supostamente do (séc. IV a.C.). Tem como regiões 
 predominantes: China, Coréia, Mandchúria, Taiwan e Hong Kong. Atualmente, soma 
 aproximadamente 180 milhões de pessoas, um quantitativo “misto”. 
 Saiba Mais 
 No Brasil, a Sociedade Taoísta tem sede no Rio de Janeiro, sendo seu então 
 presidente, o mestre Wu Jyh Cherng. Em comparação com o Confucionismo 
 ortodoxo, o Taoísmo é uma religião mais mágica. Conforme o pensamento histórico, 
 Lao Tsé voltou após três dias com os princípios textos em um pequeno livro com 
 perto de 5.500 palavras. Com isso o nomeou de “Tao te Ching”, o “Caminho e seu 
 Poder” ou o “Caminho e Princípios Morais”. Depois, ele subiu em um búfalo e 
 confinou para nunca mais retornar. 
 Faz-se apropriado observarmos que: 
 Além de Lao Tse, também não pode deixar de ser mencionado Chuan-tzu, suposto 
 autor do clássico From the Southern Land of the Blossoms [Da terra das flores do 
 sul] – transformou-se em um moviemnto antilegalista e anticonfucionista de 
 oposição. Esse movimento desenvolveu-se já na era Han sustentado por eremitas e 
 solitário-,porém mais tarde também por protestadores isto é, rebeldes e 
 revolucionários políticos. (KUNG, 2004, p.125). 
 Lao Tsé (1998) foi canonizado pelo imperador Han entre os anos 650 e 684 a.C. 
 Conforme a narrativa, ele faleceu no ano 517 a.C.O Taoísmo é uma Religião 
 ancestral, visto que inúmeras comunidades Taoístas existiam desde os tempos 
 imemoriais na região onde atualmente se situa a China. A sociedade Taoísta, 
 constituída da forma como existe na atualidade, se principiou com o Imperador 
 Amarelo, Huan Ti, no ano de 2897 antes da era comum (AEC), ano em que Huan Ti 
 estabeleceu o Império e motivou o ano zero do Calendário Chinês, que ainda se 
 depara em força. 
 O Taoísmo pode ser dividido em três momentos: 
 1. anterior ao Imperador Amarelo (até 2897 antes da era comum); 
 2. entre o Imperador Amarelo e Lao Tse, 2897 a 1000 antes da era comum; 
 3. após Lao Tse, posteriormente 1000 antes da era comum, sendo Lao Tse o 
 estabelecedor da atual origem de Escolas Taoístas. 
 Desse modo, as Camadas Taoístas são chefiadas por uma Ordem Ortodoxa 
 Unitária, estabelecida por Chan Tao Lin, Mestre Celestial (entre 33 e 156 da era 
 comum.). A sede atual da Ordem fica no monte Log Hu (na Província Chiang Shi na 
 China Continental). Com isso, ao avaliarmos o Taoísmo como religião sincrética, 
 podemos perceber que: 
 “diferentemente do Confucionismo dos literati, religião oficial e ‘irreligiosa’ que, se 
 não persegue a magia popular, pelo menos a discrimina e desvaloriza, o Taoísmo a 
 acolhe generosamente e, nutriz, nunca a deixou de retroalimentar.” (PIERUCCI, 
 2002, p. 121). 
 Quão grandemente para a humanidade moderna a extensão mística pode cumprir 
 um papel crucial, muitas pessoas distinguem que já contiveram algum tipo de 
 experimento místico, de forma que fundamentalmente não apresentasse que 
 atribuí-las a alguma religião particular. 
 Entretanto, fazem parte do jeito de existência desses “místicos modernos” o fato de 
 que, de modo total, não assumiram nenhum modo ativo para se conduzir a um 
 estado místico. De repente, no ambiente do agitamento da vida diária, conheceram 
 aquilo que pode ser conhecida de “consciência cósmica”, “sensação oceânica” ou 
 “osmose mental”, o que revoga sendo um experimento místico irrefletido, ao passo 
 que o sujeito tampouco dá conta do que lhe esteja acontecendo. 
 Dessa forma, ao que pertence a mística do Taoísmo,este implica o universo/Tao 
 como sendo um conjunto indivisa e dinâmica. Tendo, assim, na sua conciliação 
 todos as criaturas e todos os fatos (visíveis e invisíveis) e movimentada pela 
 alternância entre polaridades opostas yin-yang, tendo em vista que não o 
 afastamento entre mente-corpo, natureza-cultura. 
 Do que se constitui o Taoísmo? 
 O Taoísmo se constitui, fundamentalmente, como uma prática corporificada, 
 orientada por um ideal de retorno a um estado de espontaneidade “original”, que 
 paradoxalmente pode ser reconquistado por uma árdua disciplina diária de 
 treinamento (SCHIPPER, 1997). As técnicas corporais praticadas diariamente 
 durante um longo período de tempo biográfico acabam produzindo um tipo 
 específico de subjetividade corporificada, ao qual é marcada por uma lentidão e 
 também pela placidez. 
 Dessa forma, obtém-se a equidade clássica e o equilíbrio, tendo em vista que os 
 corpos taoístas se diferenciam por uma aversão o aceleramento, às cobranças 
 continuamente ampla de performance e ao consumismo forçoso contemporâneos. 
 Também é marcada por uma cosmologia fundamentada no Tao e acompanhada a 
 conceitos de naturalidade e espontaneidade, qualidades que gera uma direção 
 heterogêneo de conhecimentos pertencentes aos mais distintos campos da cultura 
 chinesa. 
 No tocante ao espaço dos estilos abstratos de misticismo, são caracterizados pela 
 proeminência da transmissão de técnicas que proporcionam uma transformação da 
 consciência. “No caso do Taoísmo, estas são fundamentalmente técnicas corporais” 
 (BIZERRIL, 2007). Portanto, tendo no que podemos entender como resultados 
 devido ao longo período da prática, é a obtenção de serenidade e controle sobre os 
 desejos e a incorporação de um saber prático sobre o corpo próprio e de outrem. 
 Sendo, entretanto, o Taoísmo à época uma religião caminhando para se tornar 
 popular, alguns discípulos de Lao-Tsé direcionaram o misticismo natural para 
 aspectos mais mágicos, visto que foram os elementos de magia que encontraram 
 maior ressonância entre as massas, tendo sido incorporados aos rituais religiosos 
 dos tempos mais antigos. 
 Por exemplo, Lao-Tsé (1998) acreditava que quando um indivíduo permanece 
 passivo, conserva sua força vital por um período de tempo e assim se mantém 
 saudável e puro. Momentos depois, algumas pessoas principiaram a decifrar essa 
 ideia como o em penhor de conseguir uma longevidade cada vez maior, o que os 
 induziram a se preocupar por um conceito de se contornarem imortais. 
 Com esse caminho, pensadores taoístas, além da reflexão, estudavam métodos 
 mágicos e apostavam encontrar a bebida para uma vida eterna, estando corriqueiro 
 o exercício de meditação pelos taoístas. É pertinente ressaltarmos as principais 
 práticas desenvolvidas pelo povo oriental taoísta e também por adeptos do lado 
 ocidental. Assim, destacam-se: 
 Assim sendo, tem o Tao um papel principal e admirável no desenvolvimento 
 histórico-religiosa na cultura do povo chinês, o que rebate nossa dúvida introdutória 
 que, além de filosofia, é mais que uma religião, tendo em vista todo o seu 
 fundamento ou mito iniciante pelo meio do sincretismo com as demais religiões 
 místicas e populares da China. 
 Como bem pontua Pierucci (2002, p.125), uma “conivência, cumplicidade, 
 colaboração e incentivo mútuo” entre Taoístas e magia. Isso nos ajuda a perceber 
 que as criatividades religiosas que contiveram lugar na China não chegaram a 
 ampliar, nem teórica nem praticamente, pretextos de desvalorização da magia em 
 seu sentido positivo de salvação, sendo, assim, um empecilho à racionalização 
 ética, típica calvinista. Weber ressalta como essa fé nas trilhas mágicas de salvação 
 e a privação de alguma novidade compõem atinadas barreiras para o incremento de 
 uma conexão racional intramundana. 
 Perante destes rudimentos e métodos, o taoísta obtém a longevidade de forma a 
 estabelecer o seu corpo a partir dos órgãos internos, ao contrário ao feitio de 
 juventude obtido biotecnologicamente pelo ocultamento das marcas que o tempo 
 estampa sobre a pele, inclusive pela introdução de próteses para dar ao corpo 
 formas produzidas, seja pela ingestão de suplementos alimentares ou esteroides, a 
 fim de assegura uma atuação muscular extravagante para o corpo. 
 Dessa forma, a tradição ensina uma estratégia existencial que consiste numa 
 adequada economia da energia vital, que são: utilizar apenas a força e a atenção 
 necessária para desempenhar uma tarefa com eficácia, não se exceder no esforço, 
 moderar os desejos e diminuir a velocidade (BIZERRIEL, 2007, p.86). Assim, a 
 existência e o seu método instruem, adiante de tudo, a venerar o que a coisa 
 comanda e não a conjectura de que se tem sobre ela. 
 Com base na análise sobre as práticas taoístas, sobretudo ao que concerne às 
 atividades físicas ou qualquer atividade que seja, “o corpo é o suporte da intuição, 
 da memória, do saber, do trabalho e, sobretudo, da invenção” (SERRES, 2004, p. 
 36). Por consecutivo, a compreensão taoísta de circuito de vida humana conduz 
 para uma aspecto do ponto antropológico. 
 esta aula na qual trataremos a respeito de duas religiões orientais, o Xintoísmo e o 
 Taoísmo e características relacionadas a elas. 
 Prepare o seu material e fique atento às informações. Vamos lá? 
 A cultura japonesa formou-se com base em um complexo cultural, com marcas dos 
 mongóis, chineses, coreanos e indonésios. Contudo, além das influências de 
 sociedades orientais mais antigas, os próprios japoneses moldaram sua cultura pela 
 arte de lidar com a natureza hostil. Daí vem o caráter persistente e guerreiro. No 
 entanto, é bom destacar que a forte influência cultural da China se fez 
 especialmente por seu governo imperial, baseado na autoridade religiosa. 
 Mas, o que é xintoísmo? O termo advém de xin-tao, expressão chinesa que significa 
 'caminho dos seres divinos'. 
 Algumas de suas características são: 
 É uma religião voltada para o mundo presente, sem uma doutrina elaborada sobre a 
 vida no além-morte. 
 Não tem fundadores, formou-se da espontaneidade popular e mais tarde foi 
 reelaborada pela classe imperial. 
 Não tem dogmas, nem teologia nem escritura sagrada, já que os livros da história 
 do Japão são considerados livros religiosos. 
 Não tem um código moral, sendo que a ética xintoísta reduz-se a poucos preceitos 
 fundamentais, como o de não ter falsidade 
 A forma primitiva do xintoísmo possui um caráter animista-naturalista e raízes do 
 xamanismo. Isso se evidencia no culto dos kami, seres divinos que podem se 
 hospedar em tudo o que existe. Aliás, não há deuses. O culto dos kami é a essência 
 do xintoísmo, na qual se acredita que se houver um kami, cria-se um culto. 
 O xintó primitivo era uma religião alegre, cheia de gentilezas e amor pela natureza. 
 Fundia crenças e ritos populares com os elementos da natureza, na compreensão 
 de que a natureza é o kami e o kami é a natureza. 
 Há o culto dos ancestrais, mais preservado pelas mulheres, e o culto dos mortos, 
 que é de origem chinesa. Os ritos funerários são uma forma de homenagear os 
 mortos e manter sua harmoniahistórico da Igreja se apoia: 
 Na encarnação do Logos e na entrada deste na história humana; mas, sobretudo, 
 em que Cristo quis que a Igreja fosse comunidade de homens (o povo de Deus) sob 
 a direção e governo de homens (colégio apostólico, episcopado, primado papal) e a 
 fez assim, depender do trabalho humano e, também, da fraqueza humana. No 
 entanto, não a abandonou a si mesma. Sua enteléquia ou princípio vital, que 
 transcende a história, é o Espírito Santo que a preserva do erro, cria e mantém nela 
 a santidade e a pode tornar acreditável por milagres. Sua presença e ação na Igreja 
 pode, como a da graça na alma individual, deduzir-se por efeitos históricos 
 comprováveis, mas em si mesma é objeto de fé. Da ação conjunta deste fator divino 
 com o humano, no tempo e no espaço surge a história da Igreja. 
 A História da Igreja, enquanto disciplina, é definida de diversas maneiras. E as 
 definições disponíveis variam de autor para autor. No entanto, essas definições 
 convergem quando afirmam que a disciplina se trata da ciência que estuda, 
 investiga e busca explicações para o desenvolvimento. 
 A essa definição genérica podemos acrescentar ainda que a disciplina se trata 
 também da história dos seguidores de Cristo que atuam em todo o mundo, guiados 
 pelo Espírito Santo, com o objetivo de testemunhar a proposta salvadora e 
 redentora de Jesus para toda a humanidade. 
 A esse respeito Jedin (1980, p. 27) afirma que: 
 O objeto da história da Igreja é o crescimento, no tempo e espaço, da instituição de 
 Cristo que leva esse nome. Pelo fato de receber tal objeto da teologia e mantê-lo 
 dentro da fé, a história da Igreja é uma disciplina teológica e se distingue de uma 
 mera história do cristianismo. 
 No entanto, seu ponto teológico de partida, o conceito da Igreja, não pode 
 entender-se de maneira que a estrutura da Igreja estabelecida pela dogmática 
 possa assentar-se ou ficar bem como esquema prévio da exposição histórica, nem 
 demonstrar-se sobre ela, pois isso limitaria ou impediria a comprovação histórico 
 empírica baseada nas fontes, das manifestações de sua vida; o conceito teológico 
 da Igreja só implica sua origem divina pela obra de Jesus Cristo, a ordem 
 hierárquica e sacramental por Ele estabelecida em seus fundamentos, a promessa 
 da assistência do Espírito Santo e seu direcionamento à consumação escatológica, 
 isto é, àqueles elementos sobre os quais se funda sua identidade essencial ou 
 continuidade através de todas as mudanças de forma em que se manifesta. 
 A imagem da 'nave da Igreja', que faz, perfeita e imutável, sua travessia pelo mar 
 dos séculos, é menos adequada que a comparação, usada já por VICENTE DE 
 LERINS, do crescimento do corpo humano e da sementeira, que 'não afeta para 
 nada a sua propriedade nem traz mudança alguma em sua essência' 
 (Commonitorium, cap. 29). 
 Do mesmo modo que o grão de trigo germina e brota, gera o talo e a espiga, mas 
 permanece sempre trigo, assim a Igreja realiza a sua essência num processo 
 histórico com formas várias, mas permanece sempre igual a si mesma. 
 Aprofundando essa reflexão, Jedin (1980) refere a experiência de duas vertentes 
 importantes em se tratando dessa profusão de definições da disciplina História da 
 Igreja: uma delas ligada ao pensamento ilustrado e racionalista, que a definia com 
 base em uma visão antropocêntrica e uma outra proposta, como a de Möhler e 
 Erhard, ancorada em uma visão teocêntrica. 
 A propósito dessa menção, Jedin (1980, p. 28) define a História da Igreja da 
 seguinte maneira: 
 A história da Igreja como 'a série de desenvolvimentos do princípio de luz e vida 
 comunicado por Cristo à humanidade, para uni-la de novo com Deus e prepará-la 
 para a bem-aventurança'. 
 Quando o historicismo do fim do século XIX tentou reduzir a história da Igreja à 
 história profana e fazer do historiador eclesiástico um historiador leigo, Albert Erhard 
 introduziu a denominação 'teologia histórica' e definiu como objeto da história geral 
 da Igreja 'a indagação e exposição do curso efetivo do cristianismo em sua 
 manifestação organizada como Igreja, ao longo de todos os séculos de seu 
 passado, em toda a extensão de seus elementos e em todos os aspectos de sua 
 vida (JEDIN, 1980, p. 28). 
 O Cristianismo, entre o ano 1 a 692, neste período conhecido como Antiguidade 
 Cristã, ampliou-se em meio a outras culturas (romanos, gregos e judeus), 
 civilizações amplamente desenvolvidas que acenderam sem ele e antes dele. Essas 
 culturas, em sua ampliação histórica, tomaram, uma atitude de estranhamento, 
 chegando mesmo a perseguir os cristãos. 
 A implicação disso foi o fato de que, neste período, o Cristianismo teve que se 
 constituir internamente e encarar as contestações e perseguições externas. Esse 
 período é o da vida interior da Igreja e da predominante ou exclusiva atividade 
 religiosa. 
 O quadro externo é essencialmente distinto antes e depois do ano 313. Antes 
 dessa data, a Igreja, no que concerne ao âmbito da vida externa, encontrava-se 
 em uma posição, sobretudo, de defesa; devia sustentar uma luta sangrenta pelo 
 seu direito de existência e tentava definir as suas relações com a civilização. Os 
 cristãos representavam uma minoria. 
 Depois de 313, o Cristianismo foi libertado (Edito de Milão emitido em nome dos 
 imperadores Constantino, Licínio e Galério) e converteu-se em religião oficial de 
 Estado (conversão consolidada durante o governo do imperador Teodósio, a partir 
 do ano 380). O método de ação da Igreja tornou-se positivo e as massas 
 aproximaram-se aderindo à Igreja. 
 A Igreja adquiriu estreitas afinidades com o Estado e com a civilização, 
 transformando-se em enorme instituição no mundo. As contendas espirituais, agora, 
 situavam-se no interior da Igreja e acenderam em autoridade (questões 
 cristológicas, trinitárias, soteriológicas e concílios ecumênicos). A Antiguidade Cristã 
 é, portanto, a época do surgimento da Igreja; da sua primeira atividade missionária e 
 da concretização de sua experiência frente ao Estado, à cultura, à heresia e, depois, 
 da consolidação da base consciência dogmática de si. 
 Jedin (1980, p. 34) chama este período de "propagação e desenvolvimento da Igreja 
 no espaço helenístico-romano" e o descreve com as seguintes palavras: 
 Nascida na terra mãe judia, a Igreja se propaga, dentro do orbe cultural 
 helenístico-romano, sobretudo o império romano e no oriente, mais além de suas 
 fronteiras. Desconhecida juridicamente e reitera damente perseguida até 
 Constantino o Grande é, a partir do século IV, religião do império. A constituição 
 metropolitana se apóia na divisão imperial, os concílios ecumênicos são conselhos 
 imperiais; a primazia do bispo de Roma não atenta para nada ante a ampla 
 autonomia dos patriarcados orientais. A partir da aparição dos apologistas gregos 
 no século II, o cristianismo polemiza com a religião e cultura do oriente romano 
 helenizado; se vale da filosofia grega para formular os dogmas trinitário e 
 cristológico nos quatro primeiros concílios ecumênicos, ecom os vivos. A crença é de que a alma sobrevive, 
 mas o céu é reservado ao imperador e sua família, aos guerreiros e servidores, 
 enquanto o povo desce a um mundo subterrâneo. 
 O budismo chegou da China, no século 6o d.C. Dois séculos depois, difundiu-se no 
 meio popular, transformando-se em um sincretismo xinto-budista. 
 No século 17, o imperador Meiji reagiu com uma reforma. Trouxe de volta a forma 
 primitiva do xintó, mas criou um xintoísmo de Estado, com seus santuários, 
 separado do xintoísmo popular e de seus lugares de culto. Religião e política 
 fundiram-se, e o imperador foi deificado. Dessa maneira, formou-se um xintoísmo 
 estatal, fundido com o império japonês. Mas a forma primitiva do xintoísmo seguiu 
 seu curso. 
 No século 20, na Segunda Guerra Mundial, houve a rendição japonesa, e o 
 imperador renunciou à prerrogativa de divindade. Atualmente, uma problemática a 
 discutir é a dos riscos por que passa o xintoísmo na sociedade japonesa moderna. 
 Literalmente é uma passagem que tem como inícios fundamentais na sua doutrina, 
 a convivência junto à natureza. Por que será a razão do nome Taoísmo, uma 
 derivação apenas do nome Tao? Depararemos os segredos que circulam o 
 Taoísmo, consentindo uma hermenêutica de simples abrangência, a fim de que se 
 perceba a sua visão de mundo. 
 O Taoísmo, do mesmo modo como o Confucionismo, faz parte do conjunto 
 antropológico e socio-histórico da China que, por meio da sua tradição, tem uma 
 fabulosa e expressivo valor para a sociedade chinesa, no tocante ao campo 
 religioso. Com isso, o nosso olhar percebera um pouco do seu contexto, para 
 reconhecermos seu simbolismo, que estará voltado para o centro da sabedoria 
 chinesa. 
 O Taoísmo tem como base basilar o preceito politeísta e a filosofia de crenças que 
 integram antigos ambientes simbólicos e misteriosos da religião popular chinesa, 
 por exemplos: ritos aos antepassados, cerimoniais de exorcismo, crenças místicas e 
 também feitiço. 
 Apesar de essa não ser uma religião popular em nível mundial, ainda assim seus 
 ensinamentos têm influenciado muitas seitas modernas. O Taoísmo emana a ser 
 extremamente mais que uma filosofia e, devido às suas propriedades, tornou-se, de 
 certo feitio, um apropriado movimento religioso, por ter adotado meios das 
 primeiras, ou antigas religiões chinesas. 
 Em torno de 600-500 a.C., Lao-Tsé registrou um livro chamado “Tao Tê Ching” ou, 
 como é estimado, Livro da Lei do Universo e Sua Virtude. O nome Taoísmo é 
 constituído pelos dois ideogramas chineses: “Tao”, que constitui caminho, mas além 
 disso o Ser supremo ao qual a passagem acarreta, e “Diao”, que significa 
 ensinamento. 
 Essa religião corresponde à tradição que vem do passado, que revela a origem e, 
 nesse sentido, é atribuída ou concebida como o Caminho da Imortalidade. É uma 
 energia misteriosa, não se refere a uma pessoa e imanente que dá a existência e a 
 consonância. Sendo então um caminho de observação da natureza, de seus ritmos 
 e fluxos. 
 No Brasil, a Sociedade Taoísta tem sede no Rio de Janeiro, sendo seu então 
 presidente, o mestre Wu Jyh Cherng. Em comparação com o Confucionismo 
 ortodoxo, o Taoísmo é uma religião mais mágica. 
 O Taoísmo pode ser dividido em três momentos: 
 anterior ao Imperador Amarelo (até 2897 antes da era comum); 
 entre o Imperador Amarelo e Lao Tse, 2897 a 1000 antes da era comum; 
 após Lao Tse, posteriormente 1000 antes da era comum, sendo Lao Tse o 
 estabelecedor da atual origem de Escolas Taoístas. 
 A tradição ensina uma estratégia existencial que consiste numa adequada economia 
 da energia vital, que são: utilizar apenas a força e a atenção necessária para 
 desempenhar uma tarefa com eficácia, não se exceder no esforço, moderar os 
 desejos e diminuir a velocidade. Assim, a existência e o seu método instruem, 
 adiante de tudo, a venerar o que a coisa comanda e não a conjectura de que se tem 
 sobre ela. 
 Com base na análise sobre as práticas taoístas, sobretudo ao que concerne às 
 atividades físicas ou qualquer atividade que seja, “o corpo é o suporte da intuição, 
 da memória, do saber, do trabalho e, sobretudo, da invenção”. Por consecutivo, a 
 compreensão taoísta de circuito de vida humana conduz para uma aspecto do ponto 
 antropológico. 
 Chegamos ao final da nossa aula. 
 Até aqui foi possível conhecermos melhor sobre o Xintoísmo e Taoísmo, religiões 
 orientais com características únicas e de incidência milenar. Também vimos a 
 respeito de como o budismo influenciou o Xintoísmo e quais são as formas que 
 essas crenças são praticadas pelos seus adeptos. 
 Budismo 
 O budismo é considerado a mais antiga das religiões mundiais. Sua filosofia de vida 
 e proposta orientada pelo desejo de perfeição atravessam épocas e fronteiras. 
 Sabemos, por exemplo, que, no panorama das religiões, o hinduísmo é bem mais 
 antigo. Contudo, é importante reconhecer que, diferente do budismo, ele constitui 
 uma religião étnica, pois surgiu no seio da cultura indiana e nela se move. 
 Nesse sentido, o budismo, embora nascido no Extremo Oriente, desde o início é 
 aberto às múltiplas etnias. De fato, ele se afirmou como religião universal por não 
 estar ligado a um povo ou grupo social em particular. 
 Pode-se afirmar que, o budismo tem uma vocação universal similar à do 
 cristianismo, do islamismo, do judaísmo. 
 É importante saber que o budismo nasceu em uma época de mudança de 
 paradigma, entre os séculos 6o e 5o a.C., quando ocorreram importantes 
 transformações para a humanidade. 
 Filósofos e religiosos libertavam-se de inúmeras tradições que viam como 
 superadas, buscando mais profundamente o mistério da vida e da pessoa. Já não 
 lhes bastava repetir velhas fórmulas mágico-religiosas. Assim, ao se questionarem 
 sobre o porquê da dor, da morte, do bem e do mal, essas pessoas queriam 
 respostas mais convincentes. 
 Nessa época, despontam na história da humanidade personalidades como a de 
 Confúcio, na China; Sócrates e Platão, na Grécia; Akhenaton, no Egito; e Siddharta 
 Gautama, o Buda, na Índia, propondo uma profunda renovação. 
 Saiba Mais 
 O budismo nasceu no sul da Índia, na 'Região do Meio', constituída por pequenos 
 Estados ao sul da cadeia do Himalaia. Os árias haviam ocupado essa região, antes 
 de 1000 a.C. 
 O ambiente era o do hinduísmo, uma religião de cerimônias, com a sociedade 
 dividida em castas, diversidade de deuses, doutrina da reencarnação, atribuição de 
 culpa pelo sofrimento a uma vida anterior. Embora com a superioridade dos 
 guerreiros e sacerdotes, a vida econômica era razoável. 
 O budismo surgiu de um desagrado com as limitações da religião local, que não 
 satisfazia às exigências dos espíritos mais elevados. (Ghislandi e Taimel, 1998) 
 Dessa maneira, o budismo surge de um rompimento com os Vedas, uma vez que 
 Buda superou os limites das várias castas e destruiu as bases religiosas que as 
 sustentavam. Vale observar que, por superar essa divisão de castas, o budismo 
 atingiu uma elevada liberdade de pensamento e reflexão, a ponto de ajudar vários 
 povos considerados subdesenvolvidos a valorizarem suas culturas e 
 potencialidades.Fato interessante é que os hindus, no início, reconheciam Buda como o nono avatar 
 (reencarnação) do deus Vishnu. Porém, o budismo trazia uma revolução espiritual e 
 era portador de um novo paradigma. Ou seja, era uma nova religião, inclinada à 
 espiritualização, interiorização, aprofundamento. 
 O iniciador do budismo é Siddharta Gautama Sakiyamuni. Siddharta é seu nome 
 pessoal, Gautama é sobrenome de família, e Sakiyamuni significa "o sábio do clã 
 Sakiya". Muitos dados sobre ele vêm da mitologia, todavia são importantes, porque 
 nos ajudam a compreender e situar o pensamento budista. Textos antigos contam 
 que Siddharta encontrou o caminho da iluminação por meio da meditação, 
 tornando-se Buda, isto é, o "iluminado", e o Tathagata, "aquele que possui a 
 verdade". 
 Para compreender a conversão de Siddharta em Buda, vale observar alguns 
 elementos de sua suposta biografia: 
 1) Siddharta Gautama nasce, em 560 d.C., de uma família real: as histórias de sua 
 concepção e nascimento relatam fatos milagrosos. 
 2) Entre os fatos milagrosos, havia uma profecia sobre seu destino, afirmando que 
 se tornaria o maior de todos os seres vivos após encontrar quatro sinais: um velho, 
 um doente, um cadáver e um monge. 
 3) A profecia desse encontro se cumpre. Siddharta deixa seu palácio para se tornar 
 monge e passa, então, a meditar sobre a decadência da existência, cheia de 
 vaidade e miséria. Torna-se eremita, contemplativo e penitente; busca mestres que 
 lhe ensinem a arte da meditação. 
 4) Com cinco amigos que o seguem, quer atingir a perfeição por meio do domínio 
 total de cada faculdade humana. No entanto, passados seis anos de ascese e 
 árduas penitências, Siddharta quase morre e não alcança a verdade suprema. 
 5) Siddharta rompe com a tradição do misticismo penitente, vendo que a própria 
 ascese pode ser impura, alimentar o orgulho e não servir para a libertação total e 
 definitiva. Os companheiros, escandalizados, o abandonam. 
 6) Siddharta senta-se à sombra de uma árvore, em Gaia, nas proximidades de 
 Uruvela. Entrega-se à meditação para descobrir um novo caminho que possa 
 purificar não só a carne, mas também o coração. Luta um dia inteiro contra as 
 causas da dor: desejo, egoísmo e inveja. Dessa maneira, atinge a plena iluminação, 
 tornando-se o Buda, o "despertado", o "iluminado". 
 7) Após longo tempo nesse estado de êxtase, ele vence a última tentação: entrar 
 imediatamente no Nirvana (libertação final), sem revelar a ninguém sua descoberta, 
 já que ninguém o compreenderia. Contudo, Brahma intervém, tira-o da incerteza e o 
 convida a iniciar a pregação para a salvação do mundo. 
 8) Buda empreende uma longa missão até sua morte, aos 80 anos: prega, faz 
 mendicância, forma discípulos. Perante sua sábia pregação e atos extraordinários, 
 seus cinco companheiros voltam a segui-lo e há muitas conversões. Entretanto, 
 também há inveja, polêmicas e perseguições. 
 Agora, vejamos como se formou a sangha inicial, a primitiva comunidade de 
 monges budistas. Hans Küng (2004) explica que o budismo dos primeiros tempos 
 era uma singela religião da elite monástica. A ênfase não estava em templos, rituais, 
 cerimônias, deuses ou demônios, mas sim na sangha. 
 Os discípulos do Buda deveriam manter o dharma e a doutrina, todavia sem a 
 imporem a ninguém. 
 A doutrina traz as quatro nobres verdades existenciais: 
 PRIMEIRA: 
 a verdade existencial: O que é o sofrimento? A vida toda é sofrimento. 
 a verdade existencial: De onde ele vem? De sentimentos como ânsia de viver, 
 apego, ambição, ódio, cegueira, que levam às intermináveis reencarnações (como 
 propõe o hinduísmo). A ignorância é a causa desse desejo e apego às realidades 
 materiais. 
 a verdade existencial: Como superar o sofrimento? Desfazendo-se do desejo, do 
 apego. 
 a verdade existencial: Qual o caminho? O caminho do meio, isto é, a via média da 
 razão: nem busca desenfreada de prazer, nem autopunição. 
 O Budismo, hoje em dia, é avaliada como a 5ª maior religião do mundo, é uma 
 religião oriunda do Hinduísmo, e derivada de uma cultura teísta. O Budismo é 
 considerado, por parte dos seus fies, apenas como filosofia de vida, ao invés de 
 religião. 
 Nesse sentido, alguns o consideram como um enigma, uma vez que, embora seja 
 uma comunidade religiosa trazida da tradição teísta, não há um “Deus” nem 
 “Divindades”, razão que o põe como “Caminho Espiritual e Ético”. 
 O Budismo possui aproximadamente 375.440.000 devotos, razão pela qual está 
 considerada no rol das religiões mundiais, religiões estas que conduzem ao mundo 
 inteiro seus ensinamentos, transmitindo a mesma fé a todas as culturas e todas as 
 partes do mundo, embora tenham expressões diferenciadas. 
 "O comportamento ético é outra característica do tipo de disciplina interior que leva 
 a uma existência mais feliz. Ela poderia ser chamada de disciplina ética. Grandes 
 mestres espirituais, como o Buda, aconselham-nos a realizar atos saudáveis e a 
 evitar o envolvimento com atos prejudiciais. Se nossa ação é saudável ou 
 prejudicial, depende de essa ação ou ato ter como origem um estado mental 
 disciplinado ou não disciplinado. A percepção é que uma mente disciplinada leva à 
 felicidade; e uma mente não disciplinada leva ao sofrimento. E, na realidade, diz-se 
 que fazer surgir a disciplina no interior da mente é a essência do ensinamento do 
 Buddha. Quando falo de disciplina, refiro-me à autodisciplina, não à disciplina que 
 nos é imposta de fora por outros. Além disso, refiro-me à disciplina que é aplicada 
 com o objetivo de superar nossas qualidades negativas." (LAMA, Dalai, in A Arte da 
 Felicidade, ed. Martins Fontes, Rio de Janeiro, 2003.) 
 Pertence ao grupo das religiões sapienciais, as que se fundamentam tanto no 
 conhecimento humano quanto no experimento da vida, o Budismo busca 
 continuamente manifestar-se ao homem uma passagem a ser acompanhado, 
 aguçando a ascese e a reflexão, por fim, a sabedoria. 
 Além das comunidades religiosas de menores expressões, onde algumas 
 antecederam o surgimento de algumas das corretes sólidas, o Budismo se 
 subdivide em cinco correntes sendo: 
 ● Budismo 
 ● Theravada 
 ● Mahayana 
 ● Budismo Tibetano 
 ● Budismo ZEN 
 Ele tem como característica uma complexa percepção entre o que emane a ser 
 religião e o que é filosofia ou sabedoria, acentuando, contudo: 
 ● a misericórdia 
 ● a visão no mundo 
 ● o autoconhecimento 
 O Budismo tem sido habitualmente apresentado como sendo uma religião muito 
 pragmática. Não faz entrar em raciocínio metafísico sobre os principais motivos, não 
 há uma teologia basicamente dita, nem veneração de uma deidade ou divinização 
 do Buda. 
 No método, o Budismo difunde uma visão muito simples na condição humana, 
 sendo ela uma religião e, ao mesmo tempo, uma filosofia refletida na vida de Buda. 
 Tem como um dos muitos símbolos o “Dharmachakra dourado”, uma roda de 8 raios 
 que simboliza os ensinamentos de Buda, localizada entre duas estátuas de veados, 
 que concebem a inicial homilia de Buda no Parque dos Veados, Sarnath, Templo de 
 Jokhang, Lhasa, Tibet. 
 É de fundamental valor observar que oBudismo, apesar de ser uma das três 
 essenciais religiões na China (adentrado lá pela primeira vez no fim da dinastia Han) 
 e no extremo Oriente, não se limita a fazer parte apenas dessas regiões, uma vez 
 que ocupa espaço e posição de destaque no cenário mundial entre as maiores 
 religiões do mundo. 
 Mas, ainda assim, não se pode deixar de considerar que tem sua predominação 
 com forte presença desde o Sul, Sudeste da Ásia e extremo oriente. O Zen Budismo 
 também se expandiu no Ocidente, em uma configuração que o Budismo Ocidental 
 tenta afeiçoar-se a uma nova cultura e também às suas necessidades. Tem como 
 características principais, este Budismo dos Dica convertidos, uma interpretação 
 racionalizada e uma associação estreita com o axioma meditação. 
 O aforismo budista faz uma solicitação a um exame acessível, a livre prova da 
 pessoa, avaliando-se de extenso número de distintos preceitos religiosos. 
 "Não acredites numa coisa simplesmente por ouvir dizer; não acredites sob a fé das 
 tradições, pois elas são veneradas há numerosas gerações... Não acredites em 
 nada através unicamente da autoridade de teus mestres ou sacerdotes. Crê no que 
 tu mesmo experimentares, provares e reconhereces como verdadeiro, que esteja de 
 acordo com teu bem e o dos outros, e conforma tua conduta a isso." (Challaye, 
 1998:84). 
 Embora o budismo não ter a apreciação de salvação, uma vez que não tem a ideia 
 de pecado original, ele ocasiona em si uma feição que podemos citar de 
 “soteriológico” se substituirmos “salvação” por “libertação do período que aprisionou 
 de sofrimentos (samsara)”, e uma vez que se define dessa finalidade e traz 
 procedimentos para concretizar. 
 "Budismo é, então, uma religião, se por isso chamamos um conjunto de 
 ensinamentos que objetivam preocupações soteriológicas. Mas se pensamos em 
 religião como um tipo de fé, um compromisso para o qual razões não podem ser 
 dadas, então o Budismo não conta (como religião). Tornar-se um budista não é 
 aceitar um conjunto de doutrinas somente com base na fé. E a salvação não ocorre 
 apenas por crença devota nos ensinamentos do Buddha. (...) Pelo contrário, 
 libertação, ou nirvana (para usar o termo budista), é obtida através de investigação 
 racional sobre a natureza do mundo. Como é de se esperar em qualquer religião, os 
 ensinamentos budistas incluem algumas afirmações que vão contra o senso 
 comum. Mas não é esperado dos buditas que aceitem essas afirmações apenas 
 porque o Buddha as ensinou. Ao invés disso, é esperado que eles examinem os 
 argumentos dados e determinem por si mesmos se os argumentos realmente fazem 
 sentido para a afirmação ser considerada verdadeira." (SIDERITS, 2007, p. 7, trad. 
 nossa). 
 O Budismo tem uma história de mais de 2500 anos, tendo como seu fundador 
 Siddhartha Gautama, conhecido mundialmente por Buda, ou o Iluminado, título 
 recebido por ele após ter atingido a autorrealização espiritual ao qual também pode 
 ser chamada de “Iluminação”. 
 Buda tornou-se, portanto, a personificação da sabedoria perfeita e da compaixão. 
 Nascido no século (VI a.C.), na fronteira entre o Nepal e o norte da Índia, em 
 Kapilavastu, Buda era um príncipe que, logo após seu nascimento, foi levado pelos 
 seus pais ao templo para ser apresentado aos sacerdotes. 
 Lá nasceu um erudito que tinha consagrado sua vida toda à reflexão bem longe da 
 cidade e ele recebeu o menino Siddhartha Gautama em seus braços e profetizou 
 “este menino será imenso entre os grandes, será um importante rei ou um mentor 
 espiritual que protegerá a humanidade a se desprender de suas aflições”. 
 O Budismo se desenvolveu para culturas diferentes no Sul e no Sudeste da Ásia, na 
 Ásia Central e também no Extremo Oriente. Uma mudança, ou melhor, uma 
 ampliação do Budismo em diferentes culturas, certamente foi o que colaborou para 
 inúmeras modificações de todo tipo, até mesmo as que se mencionam à relação 
 com outras religiões. 
 Aqui se faz necessário observar que o ponto da inclusão do Budismo com diferentes 
 religiões não se pode restringir a conceitos e exercícios religiosos propriamente 
 ditas. É importante considerar as composições de ordens políticas, sociais e étnicas 
 em que o encontro dessas diferentes religiões tenha ocorrido. Nesse contexto, se 
 faz necessário e importante ressaltar a diferenciação existente dentro do Budismo, 
 começando pelos dois mais expressivos: o Mahayana e o Budismo Theravada. 
 Foi mais ou menos no ano 200 a.C. que o budismo indiano começou a penetrar na 
 China, mas um avanço mais maciço se deu após o período Han. O budismo 
 anunciava um caminho para a redenção do sofrimento, questão que era ausente 
 tanto no confucionismo como no taoísmo. 
 A princípio, delegações de monges chineses iam para a Índia. Também foi 
 crescendo o número de mosteiros fundados na própria China. Com base em 
 múltiplas assimilações dos conceitos chineses, o budismo chegou a ser confundido 
 com a religião natural taoísta. 
 Depois, os chineses deram-se conta das diferenças mais profundas. Além disso, as 
 autoridades passaram a perseguir os budistas por causa do poder dos mosteiros, 
 que geralmente eram grandes proprietários de terras. Contudo, o budismo passou a 
 ter influência determinante, penetrando pela rota da seda na Ásia Central e pela rota 
 marítima meridional por meio de não chineses, no primeiro século da Era Cristã. 
 Isso se deu, em grande parte, como resultado da impressão de livros, processo 
 inventado por budistas. 
 Um grande número de textos traduzidos e uma abundância de formas religiosas 
 estrangeiras fizeram o budismo despertar novos impulsos, que contribuíram para a 
 reintegração do reino da China. Foi assim que surgiu um budismo especificamente 
 chinês, que realça a meditação, traz a experiência viva da natureza com base no 
 taoísmo, com liturgia budista própria e a invocação solene de Buda. 
 Assim, conforme conclui Hans Küng (2004), o budismo que partiu da Índia, na China 
 deixou-se "sinizar", ou seja, fazer-se chinês. No entanto, foi nos cultos populares 
 que os elementos budis- tas tiveram maior penetração. 
 Por causa da intervenção religiosa do politeísmo chinês, apareceu o formato budista 
 de Maytreya, que significa "Buda do futuro". Nessa concepção, o Buda é esperado 
 como salvador. Também surgiu a forma de Amida, a de "Buda do paraíso", que 
 abriga os retos na alegria eterna. 
 Atualmente, o budismo chinês tem várias escolas. As mais importantes são: 
 ● Terra Pura, ou paraíso de Buda Amida 
 ● Zen, ou Chan, caracterizado pela meditação 
 Vimos que, ao longo dos séculos, o budismo se expandiu para além da Ásia e se 
 tornou uma religião global, com seguidores em todo o mundo. A filosofia única do 
 budismo, que enfatiza a importância da meditação, do autoconhecimento e da 
 compaixão, tem sido uma fonte de inspiração e orientação para milhões de pessoas 
 em todo o mundo. Embora tenha havido diferentes escolas e tradições dentro do 
 budismo ao longo dos anos, a essência da filosofia do Buda permaneceu inalterada 
 e continua a oferecer uma visão poderosae transformadora do mundo e da 
 existência humana. 
 Nessa aula vamos falar sobre o Budismo. 
 Você sabia que Budismo é uma das principais religiões do mundo, com milhões de 
 seguidores? 
 Vamos explorar um pouco mais sobre esse assunto e suas particularidades. 
 O budismo é uma das principais religiões do mundo, com milhões de seguidores. 
 A religião teve sua origem na Índia no século VI a.C., quando o príncipe Siddhartha 
 Gautama se tornou o Buda, ou o iluminado. 
 Depois de passar anos meditando e refletindo sobre a natureza da vida e do 
 sofrimento humano, o Buda desenvolveu uma filosofia única que enfatiza a 
 importância da auto-exploração, do autoconhecimento e da meditação para alcançar 
 a iluminação e encontrar a paz interior. 
 A partir daí, o budismo se espalhou rapidamente pela Índia e pelo resto da Ásia, 
 tornando-se uma das religiões mais influentes e populares do mundo. 
 Como vimos, o budismo é uma religião e filosofia que teve origem na Índia, no 
 século VI a.C., com o príncipe Siddhartha Gautama. 
 Siddhartha nasceu em uma família nobre e cresceu em um ambiente privilegiado, 
 mas desde cedo ele começou a se questionar sobre a natureza da vida, da 
 existência e do sofrimento humano. 
 Quando Siddhartha tinha cerca de 29 anos, ele decidiu deixar a vida de luxo e 
 conforto para se dedicar à meditação e à busca da verdade sobre a vida e a morte. 
 Durante seis anos, ele viveu como um asceta, praticando austeridades e se 
 submetendo a longos períodos de jejum e privação. 
 No entanto, apesar de seus esforços, Siddhartha ainda não havia encontrado as 
 respostas que procurava. 
 Certo dia, enquanto meditava sob uma árvore chamada Bodhi, Siddhartha alcançou 
 a iluminação e se tornou o Buda, que significa 'o iluminado'. 
 A partir daí, ele começou a ensinar uma filosofia e uma prática que se tornariam a 
 base do budismo. 
 O Buda enfatizou a importância da auto-exploração, do autoconhecimento e da 
 meditação para alcançar a iluminação e encontrar a paz interior. 
 Ele ensinou que o sofrimento humano é causado pela ignorância, pelo apego e pela 
 aversão, e que a libertação do sofrimento pode ser alcançada através da 
 compreensão profunda da natureza da existência. 
 A essência do budismo é a compreensão profunda da natureza da existência e a 
 libertação do sofrimento humano. 
 A ignorância nos impede de ver a verdadeira natureza das coisas, o apego nos 
 prende a desejos e expectativas que nos causam dor, e a aversão nos afasta do 
 que é desconfortável ou desagradável, causando ainda mais sofrimento. 
 O caminho para a libertação do sofrimento começa com a compreensão da natureza 
 impermanente e interdependente de todas as coisas. 
 Tudo o que existe está em constante mudança e é influenciado por uma infinidade 
 de fatores. 
 Quando percebemos isso, podemos abandonar nossas expectativas e desejos 
 irreais e nos concentrar no momento presente, aceitando as coisas como elas são. 
 A história da difusão do budismo é fascinante e abrange muitos séculos e 
 continentes. 
 Embora o budismo tenha se originado na Índia, ele se espalhou por todo o mundo, 
 passando por muitas transformações e se adaptando a novas culturas ao longo do 
 caminho. 
 Uma das primeiras rotas de difusão do budismo foi a Rota da Seda, que permitiu 
 que os monges budistas viajassem da Índia para a Ásia Central, China e Japão. 
 Essa rota comercial permitiu que o budismo se espalhasse rapidamente pela Ásia, 
 levando a várias vertentes e práticas regionais. 
 O budismo também se espalhou para o sudeste asiático, onde se fundiu com as 
 religiões locais e deu origem a tradições como o budismo Theravada, ainda 
 praticado em países como Tailândia, Myanmar e Sri Lanka. 
 Na época moderna, o budismo se espalhou para o Ocidente por meio de imigrantes 
 e estudiosos ocidentais que se interessaram pela filosofia e prática budista. 
 O zen-budismo, em particular, ganhou muitos seguidores nos Estados Unidos e na 
 Europa, influenciando a cultura popular com suas práticas de meditação e 
 mindfulness. 
 Hoje, o budismo é praticado em todo o mundo, com comunidades significativas em 
 muitos países, incluindo os Estados Unidos, Canadá, Europa, América Latina e 
 África. Muitos centros budistas oferecem retiros e práticas para pessoas de todas as 
 origens e tradições religiosas, tornando o budismo uma filosofia e prática espiritual 
 acessível e inclusiva para todos. 
 A difusão do budismo pelo mundo tem sido uma história de adaptação, fusão e 
 renovação, mostrando como uma filosofia antiga pode continuar a evoluir e a 
 inspirar pessoas em todo o mundo, independentemente da sua cultura ou origem. 
 Ao longo do tempo, o budismo evoluiu e se desenvolveu em diferentes culturas, 
 dando origem a várias vertentes ou tradições. 
 Uma das vertentes mais conhecidas do budismo é a Theravada, que é encontrada 
 principalmente no sul da Ásia. 
 É considerada a tradição mais antiga e segue os ensinamentos originais do Buda, 
 enfatizando a importância da meditação e do caminho individual para alcançar a 
 iluminação. 
 Outra vertente é a Mahayana, que se desenvolveu no norte da Ásia e se espalhou 
 para outras partes do mundo. 
 O Mahayana enfatiza a compaixão e a salvação de todos os seres, não apenas de 
 si mesmo, e desenvolveu práticas como a devoção aos bodhisattvas, seres 
 iluminados que optaram por adiar sua própria iluminação para ajudar os outros. 
 O budismo tibetano é uma vertente do Mahayana que se desenvolveu no Tibete e 
 enfatiza a prática da meditação e a devoção a divindades, bem como a importância 
 do mestre espiritual na jornada espiritual. 
 Outra vertente do budismo é a Zen, que se originou no Japão e enfatiza a prática da 
 meditação e da contemplação, em vez do estudo intelectual dos ensinamentos 
 budistas. 
 Os praticantes do Zen buscam atingir a iluminação através da realização direta e da 
 experiência pessoal, em vez de por meio do estudo ou da crença cega. 
 Essas são apenas algumas das muitas vertentes do budismo que existem em todo o 
 mundo. 
 Embora cada vertente tenha suas próprias práticas e enfatize diferentes aspectos 
 do caminho budista, todas compartilham a crença fundamental na libertação do 
 sofrimento humano e na busca da iluminação e da paz interior. 
 Como vimos, o budismo é uma religião e filosofia que se originou na Índia há mais 
 de 2500 anos, fundada pelo príncipe Siddhartha Gautama, que se tornou conhecido 
 como o Buda. 
 Seu objetivo é alcançar a iluminação, que é um estado de paz interior, sabedoria e 
 compaixão. 
 Os ensinamentos do Buda são baseados nas Quatro Nobres Verdades e no Nobre 
 Caminho Óctuplo, que ensinam que o sofrimento é uma parte inevitável da vida, 
 mas que podemos encontrar uma maneira de superá-lo por meio da meditação, 
 ética e sabedoria. 
 Também vimos que o budismo não é uma religião teísta, pois não adora um deus ou 
 deuses, mas ensina a respeitar todas as formas de vida e a ter compaixão pelos 
 outros. 
 Ele se espalhou por todo o mundo, adaptando-se às culturas locais e dando origem 
 a várias vertentes e práticas regionais. 
 Hoje, é praticado em muitos países do mundo, com comunidades significativas em 
 muitas partes do Ocidente, oferecendouma filosofia e prática espiritual inclusiva e 
 acessível para todas as pessoas. 
 Chegamos ao final de mais uma aula. 
 Aqui nós falamos sobre a origem do Budismo, sua essência e difusão pelo mundo, 
 assim como suas diferentes vertentes. 
 O Concílio de Niceia foi o primeiro concílio ecumênico da igreja cristã, convocado 
 pelo imperador romano Constantino I em 325 d.C. O concílio reuniu bispos e líderes 
 religiosos de várias regiões do império para discutir questões doutrinárias e 
 estabelecer uma posição unificada da igreja em relação à divindade de Cristo. O 
 principal tema de discussão do Concílio de Niceia foi a controvérsia ariana, que 
 girava em torno da natureza divina de Cristo. O bispo ariano Ário defendia a ideia de 
 que Jesus Cristo não era co-eterno com Deus Pai e que havia sido criado em um 
 momento específico. A posição oposta, defendida por Atanásio e outros líderes, 
 afirmava que Jesus era de natureza divina e co-eterno com o Pai. Após longos 
 debates e disputas, o concílio adotou a posição de Atanásio e estabeleceu a 
 doutrina da Trindade, que afirma que Deus é uma entidade trina: o Pai, o Filho 
 (Jesus Cristo) e o Espírito Santo. Além disso, o concílio criou o Credo Niceno, uma 
 declaração de fé que define as crenças fundamentais da igreja em relação à 
 Trindade e à divindade de Cristo. O Concílio de Niceia teve um impacto significativo 
 na história da igreja e na cultura ocidental como um todo. Ele estabeleceu as bases 
 para a teologia cristã e influenciou profundamente a arte, a literatura e a filosofia 
 ocidentais. 
 Durante a Idade Média, a Igreja Católica era uma instituição poderosa que 
 desempenhava um papel central na vida política e social da Europa. O papa, líder 
 da igreja, tinha grande influência sobre governantes e nobres, e a igreja controlava 
 vastas áreas de terra e possuía uma grande riqueza em forma de tesouros, obras 
 de arte e propriedades. A igreja também tinha um papel importante na educação, na 
 cultura e nas artes, e muitos dos grandes monumentos arquitetônicos da Idade 
 Média, como as catedrais góticas, eram construídos para glorificar a Deus e a igreja. 
 O Cisma do Oriente, também conhecido como Grande Cisma do Oriente, ocorreu 
 em 1054 quando a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa se separaram em definitivo. 
 As principais causas foram diferenças doutrinárias, litúrgicas e políticas, incluindo a 
 primazia do papa de Roma, o uso do pão ázimo na eucaristia e a independência 
 política dos patriarcas orientais em relação ao Império Bizantino. O cisma dividiu o 
 cristianismo em duas grandes tradições, a católica e a ortodoxa, que mantiveram 
 diferenças significativas em termos de teologia, liturgia e organização eclesiástica 
 até os dias de hoje. 
 O estudo das tradições religiosas, incluindo o cristianismo e as tradições religiosas 
 do Oriente, é importante para entendermos a diversidade e a complexidade do 
 mundo em que vivemos. Cada tradição tem suas próprias histórias, crenças, 
 práticas e rituais únicos, mas todas elas compartilham um objetivo comum de ajudar 
 as pessoas a encontrar um sentido para a vida e a conexão com o divino. 
 Ao aprendermos sobre essas tradições, podemos expandir nossas perspectivas e 
 compreensão da vida, da espiritualidade e da humanidade como um todo. Podemos 
 também desenvolver respeito e empatia pelas crenças e práticas dos outros, bem 
 como descobrir maneiras de incorporar ensinamentos e práticas úteis em nossas 
 próprias vidas. 
 A compreensão e o respeito pelas tradições religiosas também são essenciais para 
 a construção de um mundo mais justo e harmonioso, onde as pessoas podem 
 conviver pacificamente, apesar das diferenças culturais e religiosas. Portanto, o 
 estudo das tradições religiosas é uma busca importante e necessária para todos 
 aqueles que procuram entender e valorizar a diversidade do mundo.de formas antigas de 
 expressão em seu culto e arte. Como consequência das controvérsias cristológicas, 
 as igrejas nacionais surgidas mais além das fronteiras orientais do imério se 
 separam da Igreja imperial de Bizâncio, enquanto sobre o solo do império do 
 ocidente se constituem os reinos germânicos cristãos de abservância ariana 
 (ostrogodos e visigodos) ou romana (francos). A Igreja especificamente romana de 
 Gregório Magno e a invasão árabe do século VII marcam a linha divisória: as 
 florescentes igrejas do norte da África enfraquecem ou morrem, e o ocidente 
 romano-germânico se distancia de Bizâncio. 
 O espaço em que surgiu a Igreja é, especialmente, um espaço complexo, na medida 
 em que é caracterizado por uma dinâmica que abrange a ação de variáveis sujeitos 
 em circunstâncias diferentes. 
 Perceber e assimilar a complexidade que estabelece o espaço em que surgiu a 
 Igreja implica organizar aos textos bíblicos. Sob essa expectativa mostramos o que 
 diz São Paulo, segundo o qual quando se chegou à plenitude dos tempos, Deus 
 enviou o seu Filho (Gl 4, 4). Dessa forma, Jesus Cristo veio ao mundo quando a 
 humanidade já estava preparada para acolhê-lo. Fechamos que esta "plenitude dos 
 tempos" se acena às conjunturas espaciais (política, cultura, religião, sociedade) 
 nas quais abotoaria a semente do Cristianismo. 
 O espaço ao qual se alude o texto bíblico citado trata-se do Império Romano, que, o 
 período em questão, dominava várias regiões, entre elas a Palestina, onde nasceu 
 Jesus Cristo. 
 Sob o império de Otaviano Augusto (30 a.C. – 14 d.C.) e de seus sucessores 
 diretos, o Império Romano se expandiu, abrangendo os países do Mediterrâneo, a 
 Gália e parte da Britânia, até os rios Reno e Danúbio. Quando Jesus nasceu, o 
 império vivia o que se chamou de a 'pax romana' (conseguida com a vitória de 
 Otaviano sobre Antônio no ano 31 a.C., pondo fim a vários anos de guerras civis 
 dentro da República), o que trouxe relativa tranquilidade para toda a bacia 
 mediterrânea, criou facilidades de comunicação e ótimas condições para a 
 circulação de mercadorias e ideias. O primeiro século depois de Cristo é o apogeu 
 do império e início da sua lenta e gradual decadência, que teve seu acontecimento 
 maior na queda de Roma nas mãos dos bárbaros no ano 476. 
 A Palestina, nessa época, pertencia ao Império Romano. E depois da tomada de 
 Jerusalém por obra de Pompeu no ano 63 a.C., não existiu mais um Estado judaico 
 independente. Depois da morte do idumeu Herodes (37–4 a.C.), Augusto deixou o 
 seu território aos filhos. 
 No grande Império Romano, o "ângulo palestinense", a terra dos desprezados 
 judeus, era só uma parte insignificante. O imperador, por sua vez, possuía um poder 
 ilimitado; o governo era moderado, e as províncias tinham autonomia. 
 Atenção 
 O grande e poderoso Império Romano foi o ambiente onde os primeiros cristãos 
 viveram e deram continuidade à obra de Jesus Cristo, estabelecendo a organização 
 da Igreja e a expansão das primeiras comunidades. 
 Portanto, é importante conhecer um pouco da vida romana para compreender o 
 desenvolvimento do Cristianismo, pois ela será, paradoxalmente, ponto de apoio 
 para esse desenvolvimento do Cristianismo, ao mesmo tempo em que representará 
 muitas dificuldades para a sua existência e expansão. 
 Pierini (1998, p. 50-52), referindo-se ao ambiente em que se processa a atividade 
 apostólica, assim descreve o grande Império Romano: 
 [...] formado às vezes em condições inesperadas, recolhendo a herança dos 
 etruscos, itálicos e italiotas da Magna Grécia, superando o imperialismo comercial 
 cartaginês, vencendo e assimilando as várias monarquias helenistas do 
 Mediterrâneo oriental e, enfim, levando as conquistas para o Noroeste, à Gália e à 
 Britânia, para o Nordeste, ao Reno e ao Danúbio, para o Sudoeste, até às 
 montanhas de Atlas, e para o Sudeste, até as fronteiras do reino dos partos. Desde 
 o ano o ano 63.a.C., a Palestina encontra-se, direta ou indiretamente, sob o domínio 
 romano. [...] Esse império, que no primeiro decênio da era vulgar media cerca de 
 quatro milhões de quilômetros quadrados e compreendia de setenta a oitenta 
 milhões de habitantes, apóia a própria economia essencialmente na agricultura, no 
 artesanato, no pequeno comércio local e no comércio mais robusto por via marítima. 
 Um exército de cerca de quatrocentos mil homens mantém a ordem; uma 
 estratificação social rigorosamente observada, mas não rígida nem insuperável, 
 divide os homens em servos e livres; entre os livres, distinguem os 'libertos' 
 (=escravos libertados) dos chamados 'ingênuos' (=nascidos livres), mas também os 
 pobres dos ricos; estes, aliás, são os únicos que podem ter aspirações a participar 
 do grupo dirigente imperial, como cavaleiros ou como senadores (desde que 
 cidadãos roma nos), ou dos vários grupos dirigentes locais. No topo está o 
 imperador, que engloba em suas mãos vários poderes: antes de tudo, o de 
 comandante-chefe do exército (='imperador'), o de chefe do Senado (='princeps 
 senatus') e do povo romano (mediante a 'tribunica potestas'), agregando às vezes 
 também os poderes de cônsul, pontífice máximo, sensor, etc. [...] Embora a política 
 imperial em relação às várias províncias seja sempre coerente, a tendência de base, 
 ela própria situação de fato, é chegar a uma unificação cada vez maior. Tal 
 tendência pode, porém, apresentar-se de forma centrípeta ou centrífuga, ou seja, 
 conforme prevaleçam os interesses do centro geográfico, ou seja, Roma e Itália, ou 
 os interesses da periferia. A primeira tendência é, em geral, de matriz elitista 
 aristocrática e defende a tradição; a segunda é aberta, democrática e promove, pelo 
 menos dentro de certos limites, a inovação. 
 Roma era o centro, capital e imagem de todo o império. Cidade, fundada no ano 753 
 a.C., por Remo e Rômulo, reunia os aspectos mais diversos do império, que vivia o 
 seu apogeu político e expansionista. A sua devoção espiritual não era unitário; 
 Roma tinha uma composição pagã e existia santuários para uma variedade de 
 deuses locais e estrangeiros. Haviam moradas belíssimas e elegantes, que então 
 abriram, em medida crescente, a puxar à vida de deleite. A prática imoral adentrava 
 mais densamente em todas as camadas. O luxo exagerado e a vida espetaculosa 
 eram seguidos de uma assombrosa aversão pela vida humana, notadamente os 
 miseráveis e os escravos. 
 As alianças políticas com povos estrangeiros foram, aos poucos, enfraquecendo as 
 forças locais e com o tempo o exército e outros segmentos estavam ocupados em 
 enfrentar povos bárbaros, como os eslavos, que buscavam riquezas e espaço na 
 vida e cultura romanas. O império congregava uma aglomeração de povos que 
 cultivavam as suas tradições, suas línguas e suas culturas. No entanto, no conjunto 
 do império impunham-se duas línguas: o grego "koiné", "comum", e o latim. 
 Saiba Mais 
 A mensagem cristã deparou no império preceitos religiosos variáveis, pois os 
 romanos eram compreensivos em assunto religioso, contudo estabeleciamque 
 todos os habitantes e servos oferecessem culto aos deuses imperiais, o que se 
 virou uma dificuldade para os cristãos, que só davam culto ao seu Deus e não 
 aceitavam o politeísmo. 
 Com tudo isso, muitos desses deuses originários das religiões e cultos do império 
 podiam divergir à mensagem do cristianismo. Em compensação, podiam ser 
 também um caminho gradual para a manifestação cristã. 
 Muitos adeptos do chamado Religião pagã Greco-Romano depararam um sucessor 
 para sua direção pagã na Religião e na Filosofia. Nessa significação, aquelas 
 pessoas mais direcionadas e que possuem uma tendência à Filosofia 
 conduziram-se vagarosamente para o monoteísmo; para uma religião da obrigação 
 a desempenhar e da calma na adversidade. 
 Nesse conjunto de fatores floreia o Estoicismo, norma constituído no século 4o a.C., 
 por Zenão de Cicio. Essa filosofia estabelecia uma dependência ante a ordem do 
 universo e afirmava a beleza para todos os que admitissem e recebessem a 
 conveniente qualidade e essência de modo tranquilo e pacífico. Assim, com o 
 empenho particular e com uma vida alinhada e ética, o homem seria idêntico a 
 natureza e se desprenderia de todas as más paixões e influências mundanas, 
 aproximando ao comedimento e domínio de si mesmo (o que eles chamavam de 
 apatia, impassibilidade ou ataraxia). O imperador Marco Aurélio e Epiteto (50–125 
 d.C.) foram importantes representantes desta corrente. 
 Além disso, esta época também é marcada pela expansão do gnosticismo ou 
 gnose, assim descrito por Pierini (1998, p. 37-38): 
 [...] entre o II e o I século a.C., o dualismo social e metafísico bem como a 
 mensagem de salvação são interpretados também pelas filosofias e religiões 
 gnósticas (do grego 'gnosis' = conhecimento), assim denominadas porque, segundo 
 tais doutrinas, só o verdadeiro conhecimento é fonte de salvação. Partindo do 
 dualismo ético (o bem e o mal estão na consciência do homem), o gnosticismo 
 elabora uma visão do bem e do mal em luta entre si em escala universal (dualismo 
 metafísico): o bem é Deus; o mal é a matéria, entendida também em sentido físico 
 (daí, em geral, o desprezo pelas exigências do corpo e o rigorismo puritano na vida 
 moral, às vezes disfarçado em indiferentismo moral e em libertinismo); entre Deus e 
 a matéria existe um mundo intermediário de espíritos (chamados 'eons' = seres), 
 entre os quais um é mau, o chamado 'demiurgo', criador e organizador do universo 
 material com todos os seus defeitos, o outro é bom, o salvador, que pode também 
 revestir-se de matéria (mas só aparentemente = 'docetismo') com a finalidade de 
 salvar os homens, que são feitos de matéria e espírito, levando cada um deles a 
 conhecer (eis a 'gnose') a própria fagulha espiritual e ajudando-os a alçarem até o 
 mundo dos 'eons' (dito 'pleroma' = plenitude), até Deus. A atitude gnóstica, 
 considerada um pouco como o 'parasita' de todas as grandes religiões, 
 desenvolve-se não só no mundo pagão greco-romano, mas também no mundo 
 judaico, exprimindo-se em alguns apócrifos do Antigo Testamento, sobretudo de 
 estilo apocalíptico, e, mais tarde, muito precocemente, no ambiente cristão. 
 Conhecer a maneira pela qual se estruturava a sociedade romana, bem como sua 
 dinâmica nesse período é mais um dos elementos que contribuem para determinar 
 as características do ambiente em que a Igreja nasceu. 
 A sociedade romana era conhecida por ser um grupo de felicidade, felicidade que 
 concernia aos mais elevados (aristocratas e comerciantes), pois quase um terço dos 
 habitantes era constituída por escravizados e miseráveis, abandonados pelo 
 sistema político-econômico. A sociedade romana era, assim sendo, dura para com 
 os pobres. A economia antiga estava ligada a escravidão, bem como na dominação 
 masculina – a mulher era rebaixada, apesar de, em alguns segmentos, ter 
 impetrado apropriar-se de alguns direitos. 
 Foi na cidade de Antioquia que se instituiu o primeiro centro de expansão cristã fora 
 da Palestina. O livro Atos dos Apóstolos menciona duas comunidades cristãs 
 importantes criadas nessa região: Damasco, por obra Ananias (At 9, 10) e 
 Antioquia, fundada por cristãos helenistas de Jerusalém (At 11, 19), onde a 
 evangelização dirigiu-se aos judeus, bem como aos pagãos gregos (At 11, 20). 
 Em meados do ano 42, a comunidade cristã, nessa região, já era numerosa e os 
 apóstolos enviaram Barnabé para organizar aquela Igreja, e este chamou Paulo 
 (Atos 11, 21-26) para colaborar na evangelização e nos trabalhos locais. 
 É importante observar que foi em Antioquia que se atribuiu, pela primeira vez, o 
 nome "cristãos" aos discípulos de Jesus. Antioquia foi, em última análise, o centro 
 de irradiação do Cristianismo por todo o Oriente. 
 Já na Idade Média é um dos períodos interessantes de se estudar, seja no âmbito 
 social, seja no âmbito eclesial. Quando se fala em Idade Média, pensa-se no "século 
 de ferro" da Igreja, na papisa Joana, no Feudalismo, na Cristandade e no auge do 
 papado, no surgimento do Islamismo, nas Cruzadas, na Inquisição, na perseguição 
 aos hereges e às mulheres acusadas de bruxaria, no Humanismo e no início do 
 Renascimento (porque o Renascimento continua até o século 16), temas que até 
 hoje são discutidos com evidência e nem sempre analisados criticamente. 
 A partir do século 2, o grande Império Romano passou por várias crises e, de 
 modo especial, sofreu com o processo migratório de vários povos do norte e leste 
 europeu que ameaçavam as fronteiras. 
 Estes, em sua maioria, já não se contentavam em fazer acordos com os romanos, 
 invadiram o império e foram se impondo tanto, a ponto de saquear várias cidades, 
 inclusive, Roma. O auge desta triste situação foi a queda de Roma no ano 476, 
 quando Odoacro, guerreiro germânico ostro odo, depôs o Imperador Rômulo 
 Augúsgtulo. Muitos se questionam sobre as razões que levaram à queda do Império 
 Romano. Dentre as causas, destacam-se: 
 1) lutas internas pelo poder no Império Romano, golpes de Estado e consequente 
 enfraquecimento do imperador; 
 2) altos custos de manutenção da estrutura militar e do exército, cada vez mais 
 potente; 
 3) processo inflacionário e crise agrícola; 
 4) acordos, tratados e conchavos com os invasores que não levaram à estabilidade 
 política, mas a guerras, lutas que provocaram instabilidades e destruição; 
 5) vida fácil, corrupta, luxuosa e sedentária da maioria dos cidadãos romanos, que 
 não estavam mais aptos para o trabalho e para a luta; 
 6) invasões dos povos bárbaros e acordos que enfraqueceram o poder romano. 
 Gibbon, aprofundando a questão da queda de Roma, assim escreve, após falar da 
 força militar romana e suas conquistas: 
 A ascensão de uma cidade que se avantajou num império bem merece, por singular 
 prodígio, ser tema de reflexão para um espírito filosófico. Todavia, o declínio de 
 Roma foi a natural e inevitável consequência da grandeza imoderada. A 
 prosperidade fez com que amadurecesse o princípio da decadência; as causas de 
 destruição se multiplicaram com a extensão das conquistas; e tão logo o tempo ou 
 os acidentesremoveram os sustentáculos artificiais, a estupenda estrutura desabou 
 sob seu próprio peso. A história de sua ruína é simples e óbvia; em vez de 
 perguntar por que o império romano foi destruído, devemos antes surpreender-nos 
 de ele ter durado tanto. As legiões vitoriosas, que em guerras remotas adquiriram os 
 vícios de estrangeiros e mercenários, primeiro tiranizaram a liberdade pública e 
 mais tarde violaram a majestade da púrpura Os imperadores, preocupados com sua 
 segurança pessoal e com a ordem pública, viram-se reduzidos ao vil expediente de 
 corromper a disciplina que as tinham tornado temíveis ao seu soberano e ao 
 inimigo; relaxou-se a energia do governo militar, e finalmente dissolveu-se com as 
 instituições facciosas de Constantino; e eis que o mundo romano foi engolfado por 
 um dilúvio de bárbaros. A decadência de Roma tem sido frequentemente atribuída à 
 transferência da sede do império; esta história já mostrou contudo que os poderes 
 de governo foram divididos, mais que transferidos. O trono de Constantinopla 
 ergueu-se no Oriente enquanto o Ocidente ainda era dominado por uma série de 
 imperadores que tinham sua residência na Itália e que igualmente reclamavam a 
 herança das legiões e das províncias. Essa perigosa novidade debilitava o vigor e 
 fomentava os vícios de um duplo reinado; multiplicaram-se os instrumentos de um 
 sistema opressivo e arbitrário; e uma fátua emulação de luxo, não de mérito, 
 iniciou-se e se manteve entre os degenerados sucessores de Teodósio. A extrema 
 angústia, que unifica as virtudes de um povo livre, exacerba as facções de uma 
 monarquia em declínio. Os favoritos antagônicos de Arcádio e de Honório traíram a 
 república e seus inimigos comuns, e a corte bizantina assistiu com indiferença, 
 talvez com prazer, à desonra de Roma, aos infortúnios da Itália e à perda do 
 Ocidente [...] A fundação de Constantinopla contribui mais decisivamente para a 
 preservação do Oriente do que para a ruína do Ocidente. Como a felicidade de uma 
 vida futura é o grande objetivo da religião, quiçá não nos cause surpresa ou 
 escândalo saber que a introdução, ou pelo menos o abuso, do cristianismo teve 
 alguma influência no declínio e na queda do império romano. O clero pregava com 
 êxito as doutrinas da paciência e da pusilanimidade; as virtudes ativas da sociedade 
 eram desencorajadas, e os últimos vestígios do espírito militar foram sepultados nos 
 claustros. Grande parte da riqueza pública e privada se consagrou às especiosas 
 exigências da caridade e da devoção, e a soldada era esbanjada com turbas inúteis 
 de ambos os sexos que só podiam alegar os méritos da abstinência e da castidade. 
 A fé, o ardor, a curiosidade e as paixões terrenas da maldade e da ambição 
 acenderam a chama da discórdia teológica; a Igreja e mesmo o estado foram 
 divididos por facções religiosas cujos conflitos se demonstravam por vezes 
 sangrentos e sempre implacáveis; a atenção ao imperador se desviou dos 
 acampamentos para os sínodos; uma nova tirania oprimia o mundo romano, e as 
 seitas perseguidas se tornaram inimigas secretas de seu país [...] Se o declínio do 
 império romano foi apressado pela conversão de Constantino, sua religião vitoriosa 
 amorteceu a violência da queda e abrandou a índole violenta dos conquistadores 
 (1989, p. 442-444). 
 Os povos que chegaram às fronteiras do império eram nômades, jovens, com 
 grande vitalidade e não tinham nada a perder. Atraídos, porém, pela cultura romana 
 e por suas riquezas, após chegarem aos domínios do Império Romano, foram se 
 tornando sedentários, deixando de lado o estilo de vida nômade. Observe que a 
 maior parte desses povos se integrou à cultura romana, ao passo que outra foi 
 derrotada e dominada, como foi o caso dos vândalos. 
 Na Alta Idade Média" e se situa, cronologicamente, entre os séculos 10 e 13. É 
 marcado por grandes movimentações dos povos de vários continentes, com 
 destaque para as conquistas árabes dos muçulmanos em várias regiões e a 
 continuidade de invasões na Europa pelos húngaros, vikings e normandos. Dentro 
 deste contexto, as próprias Cruzadas podem ser vistas como processo de 
 movimentação de povos, com suas características próprias. 
 Uma das causas desta grande movimentação ou mudança é aprofundada por 
 Pierini, quando ele fala da explosão demográfica: 
 Saiba Mais 
 Em geral, pode se afirmar com boa chance de acerto que a população europeia 
 aumenta de 46 milhões, em 1050, para 48 milhões em 1100, para 61 milhões em 
 1200, e para 73 milhões em 1300. Aumentos demográficos análogos podem ser 
 registrados, por outro lado, tanto no Império Bizantino quanto no mundo islâmico. O 
 progresso demográfico acarreta grande povoamento da área rural e também o 
 renascimento definitivo das cidades. Essa melhora generalizada não enfrenta 
 grandes obstáculos, nesse período, nem por parte das várias epidemias, que 
 persistem e se modificam [...] nem de certos condicionamentos de caráter espiritual, 
 como o relativo ao fim do mundo, que supostamente se disseminaram na entrada no 
 ano 1000 (1998, p. 87-88). 
 Segundo Del Roio (1997), entre os séculos 8o e 11, a Europa sofreu um lento 
 crescimento demográfico, pois a população passou dos 18 milhões do ano 600 aos 
 38,5 milhões, no ano 1000. 
 É nesta conjuntura de feudalização com os alentos adequados do mundo rural, 
 cavalheiresco e eclesial, que o período antigo foi esvanecendo e dando lugar a uma 
 nova sociedade, com a chamada cultura da corte, cortês ou cortesã, própria dos 
 castelos e cidades. Isto gerou mudanças no preceito de "educação", assim descrito 
 por Pierini (1998, p. 91): 
 Já no período pós-carolíngio, junto às escolas monásticas e episcopais nascem, no 
 Ocidente, as escolas urbanas promovidas por reis como Alfredo, o Grande 
 (871-901), na Inglaterra, ou por imperadores como Otão I (936-973). Nessas 
 escolas, passa-se do ensino elementar ao superior cultivando as habituais 
 disciplinas do trívio e do quadrívio. Paralelamente, porém, existe um currículo 
 formativo totalmente diferente para os pajens ou escudeiros destinados a se 
 tornarem cavalheiros. A educação cavalheiresca, dada, sobretudo, nos castelos e 
 nas cortes senhoriais, prescinde da instrução intelectual e tende a transmitir um 
 certo código de honra que, ao menos em teoria, deveria colocar o futuro cavalheiro 
 ao serviço da sociedade, especialmente dos seus segmentos mais pobres. Esse 
 duplo tipo de educação – intelectual nas escolas, militarizado nas cortes e nos 
 castelos – é um fenômeno que se pode constatar em todas as partes do mundo 
 então conhecido: é praticado no mundo bizantino, no islâmico, no Extremo Oriente, 
 sobretudo, no Japão, onde justamente nesse período delineia-se uma espécie de 
 'Idade Média' semelhante à Europa ocidental, com elementos feudais e 
 cavalheirescos que se encontram nas instituições do xogunato e da casta dos 
 chamados samurais. O aspecto inovador e revolucionário, nos vários ambientes 
 culturais, é representado, porém, pelo nascimentoe pela afirmação daquelas 
 instituições educativas superiores que, com significado genérico, podem ser 
 chamadas de 'universitárias'. 
 Como você pode notar, é por meio deste contexto, com muitas mudanças e 
 transformações, que é preciso analisar a vida do Cristianismo e suas mudanças, 
 que pouco a pouco o inseriram no mundo da modernidade com suas rupturas e 
 desafios. 
 Quando os muçulmanos, a partir do ano 622, começaram o seu processo de 
 expansão e conquistaram o norte da África e com Oriente Médio, a atenção da 
 Igreja voltou-se mais para o centro e o norte da Europa. Este processo fez com que 
 fossem cortadas as relações comerciais com o Oriente e se fortalecesse a estrutura 
 feudal na Europa, na qual os que possuíam terras tinham um grande poder e 
 domínio sobre a grande maioria da população. 
 Os gigantes proprietários de terras, ilustres, condes e a Igreja adotaram o domínio e 
 direcionaram os caminhos da sociedade para o reconhecido sistema de 
 Cristandade, no qual tudo se constituía e se estabelecia com base nos fatos cristãs 
 e da autoridade eclesial, amparada, em grande parte, na agilidade missionária dos 
 monges e no poderio econômico e agrícola dos mosteiros. 
 Com a reforma monástica de Cluny iniciada na França, no ano 909 e derrotadas os 
 conflitos do "século de ferro" e do Papado da primeira metade do século 9o, foi com 
 o Sínodo de Sutri, acontecido em 1046, quando estiveram assentados três 
 antipapas, que se excedeu múltiplas dificuldades internas da Igreja, com a escolha 
 de um papa mais íntegro. Apesar das tentativas de interferência dos reis alemães, 
 especialmente Henrique III e Henrique IV, nos assuntos eclesiásticos e nas eleições 
 pontifícias, as questões do cesaropapismo e da investidura leiga estavam com seus 
 dias contados. 
 A partir daí, houve diversos papas que se destacaram na promoção de uma grande 
 renovação eclesial: 
 1) Leão IX (1049-1054): visitou vários países pregando e elaborando decretos de 
 reforma. 
 2) Nicolau II (1058-1061): a eleição papal esteve a cargo dos cardeais e não mais 
 dos reis e nobres. 
 3) Alexandre II (1061-1073): reformou a reforma. 
 4) Gregório VII (1073-1085): o grande reformador da Igreja. 
 Tais papas combateram dois grandes males da Igreja: 
 • simonia: venda e compra de cargos e ofícios eclesiásticos; 
 • nicolaísmo: luta contra os padres que tinham suas concubinas e, portanto, não 
 eram celibatários. 
 Combateram, ainda, a raiz do maior mal que afligia a Igreja, ou seja, a "investidura 
 leiga". 
 A investidura leiga era, portanto, um costume que consistia na interferência do 
 poder dos reis e príncipes nos assuntos da Igreja, nomeando bispos e abades para 
 a Europa, cargos que nem sempre eram ocupados por pessoas dignas de exercer 
 ministérios eclesiais. Muitas vezes, as pessoas eram nomeadas de acordo com os 
 interesses dos nobres, que não estavam preocupados com as questões espirituais, 
 e sim com as questões políticas e econômicas. 
 Os reis e nobres não aceitaram facilmente essas mudanças e os papas, de modo 
 especial, Gregório VII (1073-1085), tiveram muitas dificuldades. Com este papa, o 
 processo reformador atinge seu ponto-chave, de modo especial com o dictatus 
 papae, com várias ordens e propostas que mudariam a face da Igreja e sua relação 
 com o poder político. 
 Houve uma reação contrária ao "dictatus papae" por parte do Imperador Henrique IV 
 da Alemanha, de modo que ele foi excomungado pelo papa e depois se reconciliou, 
 mas seguiu-se um conflito. Após muita conversa, foram firmados os contratos, 
 conhecidos como a Concordata de Worms, entre o Imperador alemão Henrique V e 
 o papa Calixto II. Os acordos foram confirmados no Concílio do Latrão, de 1123, e 
 depois, no II Concílio do Latrão, de 1139. Conservar-se as diferenças e brigas entre 
 o poder temporal e o espiritual. Mas a reforma eclesiástica foi se fortalecendo. 
 Atenção 
 As reformas apresentaram seu auge nos séculos 12 e 13, quando o Papado se 
 tornou a maior força política do Ocidente. Após a morte do Papa Gregório VII, em 
 1085, houve uma fase de muita instabilidade. 
 Os imperadores alemães e, depois, os franceses ambicionavam reprimir a Igreja, os 
 papas e os regiões pontifícias; a nobreza romana almejava a cidade de Roma 
 acessível de toda a influência dos imperadores alemães e principia a afrontar contra 
 o aspecto deles na cidade, isto é, os romanos não queriam que o papa fosse o 
 'senhor da cidade'; os papas buscavam invadir seu espaço, protegendo as regiões 
 pontifícias e impondo-se em Roma. 
 Com isso, deu-se abertura ao desenvolvimento do domínio papal que conseguiu seu 
 auge com Inocêncio III (1198-1216), um dos papas mais admiráveis de toda a 
 história da Igreja, que devolveu ao papado o domínio total sobre o Estado Pontifício; 
 retomou os "direitos feudais" sobre o sul da Itália; solicitou a melhora da corte 
 pontifícia; resistiu contra diversas agitações dos hereges que ficavam aflorando na 
 Igreja; sustentou vários movimentos de reforma nas ordens religiosas e a fundação 
 dos franciscanos e dominicanos. 
 Durante seu pontificado, influenciou e controlou a vida política e c ocidental na 
 Alemanha, França, Inglaterra, Espanha, Portugal, Boêmia, Hungria, Dinamarca, 
 Islândia, Bulgária, Armênia e, inclusive, em Constantinopla, quando os cruzados 
 tomaram a cidade, instaurando ali um império latino. O seu pontificado foi uma 
 grande obra de fortalecimento do poder eclesial. 
 Segundo Gonzalez: 
 O ponto culminante dessa obra foi o IV Concílio de Latrão, em 1215, n que 
 promulgou pela primeira vez a doutrina da transubstanciação. A saber, no ato da 
 consagração, o pão e o vinho da comunhão se transformam substancialmente no 
 corpo e sangue de Cristo. Além disso, foram condenados os valdenses, os 
 albigenses e as doutrinas e Joaquim de Fiore. Foi decretada a inquisição episcopal, 
 que ordenava a cada bispo investigar as heresias de sua diocese e extirpá-las. Foi 
 proibido fundar ordens religiosas com novas regras monásticas. Ordenou‐se que 
 fossem criadas escolas nas catedrais para a educação dos pobres. Foi proibido que 
 os clérigos participassem de teatro, de jogos, de caça e de outros passatempos 
 semelhantes. Foi requerida a confissão de pecados por parte de todos os fiéis, pelo 
 menos uma vez por ano. Foi proibida a introdução de novas relíquias sem 
 aprovação papal. Ficou estabelecido que os judeus e q muçulmanos deveriam usar 
 roupas especiais, para se distinguirem dos cristãos. Os sacerdotes ficaram 
 impedidos de cobrar pela administração dos sacramentos. E muitas outras medidas 
 semelhantes foram tomadas. Se levarmos em conta que o concílio fez tudo isso em 
 três sessões de um dia cada, fica claro que quem tomou essas medidas não foi a 
 assembleia, mas Inoêncio, que utilizou o concílio para referendar as medidas que 
 ele decidira fazer. Por tudo isso, não resta dúvida de que com Inocêncio III o ideal 
 de uma cristandade unida sob um só pastor aproximou-se da sua realização. Não 
 nos surpreende, então, se esse papa chegou a dizer (e muitodos seus 
 contemporâneos creram), que o papa "está entre Deus e o ser humano; abaixo do 
 primeiro e acima do segundo. Menos que Deus, e mais que o homem. Julga a 
 todos, mas ninguém o julga (1978, p. 184‐185). 
 O pontificado de Inocêncio III marca, na Igreja, o período da supremacia do poder 
 espiritual sobre o temporal. Essa fase é confirmada no seguinte discurso: 
 Assim como Deus, o Criador do universo, estabeleceu dois grandes luminares no 
 firmamento, o maior para presidir o dia e o menor para presidir sobre a noite; assim 
 ele também estabeleceu dois luminares no firmamento da Igreja universal [...] O 
 maior para que presida sobre as almas, como dias, e o menor para que presida 
 sobre os corpos, como noites. Estes são a autoridade pontifícia e o poder real. Por 
 outro lado, assim como a lua recebe a luz do sol [...] assim o poder real recebe da 
 autoridade pontifícia o brilho da sua dignidade (DEL ROIO, 1997, p. 56). 
 Os sucessores de Inocêncio III continuaram a sua obra, tanto na relação política 
 com os impera dores como nos assuntos eclesiásticos. As relações da Igreja com a 
 monarquia alemã foi se enfraquecendo e, simultaneamente, fortaleceu-se a aliança 
 daquela com a monarquia francesa, de modo especial com o rei São Luís IX (1226 
 1270). O sinal do estrei tamento da relação e dependência – da Igreja com a França 
 se deu com a convocação do Concílio Ecumênico de Lyon, em 1274, para fortalecer 
 a reforma eclesiástica, buscar ajuda para a Terra Santa e se tentar a união com a 
 Igreja Grega. 
 Com o Papa Bonifácio VIII (1294‐1303), foi iniciada a fase de decadência do poder 
 temporal dos papas em função do enfraquecimento da Igreja. As nações europeias 
 buscavam o fortalecimento da autonomia. Estavam mais preocupadas com os seus 
 assuntos internos, com o fortalecimento das novas classes burguesas em 
 detrimento da nobreza feudal, com o surgimento do humanismo e da sociedade e 
 cultura modernas. Bonifácio VIII não obteve o diálogo com as inovações dos fatos 
 que brotavam e nem com o poder político instituído e acabou permanecendo 
 sozinho. 
 E foi no contexto do fortalecimento do pontificado e centralismo romano que 
 aconteceram eventos que, até hoje, marcam a história do Cristianismo: o Cisma do 
 Oriente de 1054, o início das Cruzadas em 1095 e o surgimento da Inquisição, em 
 1184, coPor outro lado, esses eventos promoveram ainda mais a crise eclesial que 
 teve seu ápice no Exílio de Avinhão (1308-1378), no Cisma do Ocidente 
 (1378-1415), no Papado do Renascimento e, finalmente, na Reforma Luterana 
 (1517). A Igreja medieval, poderosa e autônoma, foi perdendo-se no emaranhado 
 das dúvidas doutrinais, nas lutas pelo poder, no luxo e na corrupção. 
 Aqui falaremos sobre o cristianismo antigo e medieval. 
 Iremos explorar as principais características, eventos e personagens dessa 
 importante religião que influenciou profundamente a história ocidental. 
 O cristianismo é uma religião que se baseia na figura de Jesus Cristo como seu 
 fundador e líder espiritual. 
 Segundo a tradição cristã, Jesus nasceu em Belém, na Judeia, por volta do ano 4 
 antes de Cristo e iniciou seu ministério público aos 30 anos de idade, pregando a 
 mensagem do amor, da paz e da salvação para todos os seres humanos. 
 A importância histórica do cristianismo é indiscutível, uma vez que a religião teve um 
 papel fundamental na transformação da sociedade ocidental. 
 Com o passar dos séculos, o cristianismo se tornou a religião mais difundida do 
 mundo, com mais de dois bilhões de seguidores em todo o planeta. 
 O cristianismo teve origem na região da Judeia, no Oriente Médio, por volta do 
 século 1º depois de Cristo Jesus Cristo foi crucificado pelo Império Romano, mas 
 seus seguidores continuaram a pregar sua mensagem e a expandir a religião para 
 outras regiões. 
 Com o passar dos anos, a figura de Jesus se tornou cada vez mais importante na 
 religião cristã, sendo reconhecido como o Messias e o Filho de Deus pelos seus 
 seguidores. 
 A expansão do cristianismo se deu principalmente durante o Império Romano, 
 apesar da perseguição aos cristãos por parte dos romanos. 
 Com a conversão do imperador Constantino, no século 4, o cristianismo se tornou a 
 religião oficial do Império Romano, o que impulsionou ainda mais a sua expansão. 
 Ao longo da história, o cristianismo teve um papel importante na arte, filosofia, 
 política e cultura ocidental, influenciando a formação das nações europeias e da 
 civilização ocidental como um todo. 
 Além disso, a religião cristã é fundamental para a compreensão de muitos aspectos 
 da história e da cultura ocidentais, incluindo as obras de arte, a literatura, a filosofia 
 e a política. 
 O cristianismo antigo se refere ao período que se inicia com a fundação da Igreja 
 Cristã pelos apóstolos de Jesus Cristo e se estende até o final do Império Romano, 
 no século 5. 
 A figura central desse período é Jesus Cristo, que pregava a mensagem do amor ao 
 próximo, da justiça e da salvação através da fé. 
 Seus ensinamentos foram registrados nos evangelhos do Novo Testamento e se 
 tornaram a base da doutrina cristã. 
 Apesar das perseguições aos cristãos, o cristianismo se expandiu durante o Império 
 Romano. 
 Os apóstolos Paulo e Pedro desempenharam um papel importante na propagação 
 do cristianismo, viajando por toda a região mediterrânea e estabelecendo 
 comunidades cristãs. 
 Paulo, em particular, foi um grande teólogo e escreveu diversas cartas que se 
 tornaram parte do Novo Testamento. 
 O Concílio de Nicéia, convocado por Constantino em 325, foi um importante evento 
 na história do cristianismo, pois estabeleceu a doutrina da Santíssima Trindade e a 
 figura de Jesus como filho de Deus. 
 O Concílio também estabeleceu um cânon bíblico, definindo quais livros deveriam 
 fazer parte do Novo Testamento. 
 A partir desse momento, o cristianismo se tornou uma religião organizada e 
 estruturada, com uma doutrina definida e uma hierarquia estabelecida. 
 O período do cristianismo medieval, também conhecido como Idade Média, foi 
 caracterizado pela importância da Igreja Católica como instituição centralizadora e 
 propagadora do cristianismo. 
 A Igreja exerceu um papel fundamental na organização da sociedade medieval, 
 sendo responsável não só pela religião, mas também pela cultura, arte, educação e 
 política. 
 Durante a Idade Média, surgiram diversas ordens religiosas, como os franciscanos e 
 dominicanos, que tinham como objetivo pregar o evangelho e promover a caridade. 
 Essas ordens religiosas se dedicavam ao trabalho missionário, à educação e à 
 assistência social, exercendo uma grande influência na vida cotidiana das pessoas. 
 Por outro lado, a Inquisição também foi uma característica marcante do cristianismo 
 medieval. 
 Instituída para combater heresias e ideias contrárias ao cristianismo, a Inquisição 
 atuou durante séculos na Europa e na América Latina, com julgamentos e punições 
 severas a quem fosse considerado herege. 
 Além disso, o pensamento cristão medieval foi influenciado por figuras importantes 
 como Santo Agostinho. Ele teve grande influência na teologia, filosofia e literaturada Idade Média, com obras como 'Confissões' e 'A Cidade de Deus'. 
 Logo, o período do cristianismo medieval foi marcado pela importância da Igreja 
 Católica como instituição centralizadora e propagadora do cristianismo, pelo 
 surgimento das ordens religiosas, pela presença da Inquisição e pela influência de 
 pensadores importantes como Santo Agostinho. 
 Agostinho nasceu em Tagaste, na atual Argélia, e foi educado em Cartago, onde 
 teve contato com diversas correntes filosóficas e religiosas. 
 Agostinho converteu-se ao cristianismo em 386 depois de Cristo, e se tornou bispo 
 de Hipona, na atual Tunísia. 
 Ao longo de sua vida, ele escreveu diversas obras que se tornaram referência na 
 teologia e na filosofia cristã. 
 Suas obras foram estudadas e debatidas por diversos pensadores cristãos 
 medievais, que se inspiraram em seus ensinamentos para desenvolver suas 
 próprias ideias. 
 Agostinho foi um dos primeiros pensadores cristãos a defender a ideia de que a 
 graça divina é necessária para a salvação, e que os seres humanos não são 
 capazes de alcançar a salvação por seus próprios méritos. 
 Essa ideia se tornou fundamental para a teologia cristã medieval, que se 
 preocupava em encontrar uma síntese entre a razão e a fé. 
 Além disso, Santo Agostinho teve uma grande influência na filosofia medieval, 
 especialmente no que se refere à sua visão sobre o conhecimento humano e a 
 relação entre a razão e a fé. 
 Para Agostinho, a razão humana é limitada e só pode ser verdadeiramente 
 compreendida à luz da fé em Deus. 
 Essa ideia teve um impacto profundo no pensamento medieval, que buscou conciliar 
 a razão filosófica com a fé religiosa. 
 Assim, a figura de Santo Agostinho teve uma grande influência no pensamento 
 cristão medieval, deixando um legado que influenciou não apenas a teologia e a 
 filosofia, mas também a cultura e a política da época. 
 O cristianismo antigo e medieval teve uma enorme importância na história ocidental 
 e exerceu uma influência significativa até os dias de hoje. 
 Na Antiguidade, o cristianismo teve um papel fundamental na transformação da 
 sociedade romana. 
 A mensagem de amor, paz e justiça pregada por Jesus Cristo se espalhou 
 rapidamente, mesmo em meio à perseguição dos cristãos pelo Império Romano. 
 Já na Idade Média, a Igreja Católica desempenhou um papel central na organização 
 da sociedade europeia. 
 Através da evangelização, a Igreja expandiu o cristianismo para novos territórios, 
 incluindo as Américas, exercendo influência em todos os aspectos da vida cotidiana 
 das pessoas. 
 Além disso, o pensamento cristão medieval influenciou profundamente a filosofia, a 
 teologia e a arte europeias, deixando um legado que é visível até hoje. 
 Obras como 'A Divina Comédia' de Dante Alighieri e as catedrais góticas são 
 exemplos da influência da cultura cristã na Idade Média. 
 A influência do cristianismo também pode ser vista na sociedade ocidental atual, 
 onde a religião ainda é praticada por milhões de pessoas em todo o mundo. 
 Os valores cristãos, como a igualdade, a liberdade, a justiça e o amor ao próximo, 
 são fundamentais para muitas culturas ocidentais e para a construção de suas 
 democracias. 
 Dito isso, chegamos ao final de mais uma aula. 
 Aqui nós aprendemos que o cristianismo antigo e medieval teve uma enorme 
 importância na história ocidental e ainda exerce uma influência significativa nos dias 
 de hoje, seja na cultura, na religião ou nos valores da sociedade ocidental. 
 Cristianismo: Moderno e Contemporâneo 
 Atenção 
 Nesta unidade, vamos perceber que o contexto europeu no momento da Reforma 
 Protestante e os fatores históricos contribuíram para que se desencadeasse a 
 ruptura dentro da Igreja católica. Também, vamos entender sobre a Reforma 
 Católica, cujo momento mais importante foi o Concílio de Trento, bem como o 
 movimento do Liberalismo na igreja contemporânea no século 18 e 19. 
 Martinho Lutero (1483-1546) viveu em um ambiente de extração camponesa, 
 moralmente severo, religioso e, também, supersticioso. Seu pai tornou-se um 
 pequeno empreendedor como mineiro. A educação que ele recebeu nesse ambiente 
 foi a mesma de milhares de meninos de sua época; desde os 14 anos estudou fora 
 de casa. Tinha um caráter positivo e era cristão, como sua família. Sua experiência 
 cultural iniciou-se em Erfurt (1501-1502), na Faculdade de Artes. A vida no colégio 
 onde viveu era severa: monacal, rígida na disciplina, e impregnada de piedade e 
 devoção. Assim, foi marcante em sua vida a sua experiência interior: apareceram a 
 tristeza e o medo trágico de Deus, do Cristo juiz. Sua angústia aumentou com a 
 morte de seu amigo Bunt, porque viu nela um castigo de Deus. Refletiu, então, em 
 ingressar num mosteiro, escolhendo pelo convento dos agostinianos (em 17 de julho 
 de 1505), logo depois de ter feito um voto à Santa Ana perante uma tempestade, 
 perto de Stotternheim. 
 Sua vida na academia foi acelerada: em três anos e meio, tornou-se doutor. Dentro 
 da ordem agostiniana, teve, também, uma acelerada formação: um ano de 
 noviciado e, logo depois de sete meses, instituiu-se e foi selecionado como 
 mensageiro oficial da ordem, subprior do convento de Wittenberg e prefeito dos 
 estudos deste. Em 1515, já era vigário de distrito para onze conventos reformados. 
 As percepções teológicas de Lutero direcionavam à pastoral. Seu experimento 
 interno pode ser preciso em alguns ares: vida atenuada, pacata espiritualmente e de 
 muito entusiasmo, entre 1505-1509, ou seja, em seu noviciado, na sua ordenação e 
 em seus primeiros anos de sacerdócio. 
 Na Alemanha, existiu a orientação para a pregação da indulgência jubilar (plenária) 
 outorgada pelo papa Júlio II e revigorada por Leão X para a edificação da nova 
 basílica de São Pedro. 
 Fonte: Envato 
 No programa sobre a pregação, havia muitas dúvidas, como a clemência de todos 
 os pecados e, assim, o retorno à graça com a condição de confessar-se. Para isso, 
 havia a carta de confissão, que servia para a indulgência jubilar. 
 Quando Martinho Lutero se cientificou desses abusos, escreveu ao bispo ordinário 
 Gerônimo Schulz e a outros bispos as 95 teses, em que exibiu seus pensamentos a 
 respeito do assunto. 
 Esses episódios tiveram lugar no ano de 1517. Lutero foi mencionado em Roma, e, 
 então, foi enviado de lá um representante do papa Leão X, Gaetano, que precisaria 
 ouvir a desculpa de Lutero, o que não ocorreu porque Lutero pediu para informar ao 
 papa pessoalmente sobre os assuntos em discussão, sobretudo a questão das 
 indulgências, e indicou, ainda, o cumprimento de um concílio. Tal sugestão, no 
 entanto, não foi aceita. De 1517 a 1521, Lutero teve grande atividade como escritor 
 e suas ideias reformistas amadureceram. 
 Em seu livro A liberdade do cristão, de 1520, Lutero coloca a sua ideia sobre o tema 
 da fé e das obras: 
 [...] O crente, pela sua fé, foi retirado do Paraíso e criado novamente: ele não 
 precisa de obras para ter acesso à justiça (à graça); mas para escapar da 
 ociosidade, assim como para dedicar seu corpo ao trabalho e para conservá-lo, 
 deve fazer boas obras de liberdade que conhecemos, sem outra intenção além deagradar a Deus... Eis por que são verdadeiras, uma e outra, as seguintes 
 afirmações: 'Boas obras não fazem um homem bom, mas um homem bom faz boas 
 obras. Más obras não fazem um homem mau, mas um homem mau faz más obras'. 
 É preciso, igualmente, que a própria substância, ou a pessoa, seja boa antes de 
 toda boa obra. Daí vem as boas obras, porque estas só podem vir de uma pessoa 
 boa (COMBY, 1994, p. 16). 
 Embora houveram muitos diálogos e tentativas de acordo entre Martinho Lutero e a 
 Igreja, não foi possível evitar a separação. Lutero foi excomungado em 1521. Desse 
 momento em diante, a Reforma Luterana ganhou caminho. 
 Saiba Mais 
 Em muitas regiões, a introdução da Reforma ocorreu de maneira violenta, com 
 tumultos, queima de igrejas e atos de vandalismo. Lutero, porém, mostrou-se 
 contrário a esses atos. Em 1526, realizou-se a Dieta de Spira, e a Reforma passou 
 para a mão do poder civil. Posteriormente, o movimento protestante politizou-se e 
 tornou-se um partido de oposição ao imperador. 
 As posições radicalizaram-se e, em 1555, sancionou-se, definitivamente, a divisão 
 da religião na Alemanha, estabelecendo-se os seguintes princípios: livre escolha da 
 confissão religiosa por parte do príncipe (ou autoridade secular) e a obrigação dos 
 súditos de aceitá-la ou de emigrar (depois de terem vendido os seus bens). 
 Martinho Lutero foi o mais importante reformador religioso do século 16, porém, 
 juntamente à sua Reforma Protestante, houve, também, a Reforma Calvinista, 
 protagonizada por João Calvino (1509-1564), que publicou, em 1536, o livro 
 Instituição da Religião Cristã, começando, em Genebra, no mesmo ano, a pregar 
 suas ideias religiosas reformadoras. João Calvino seguiu de perto os princípios 
 luteranos, como a afirmação de que só a Escritura deve ser a regra de fé – ele 
 possuía concepções religiosas próprias. Dessa forma, a Reforma proposta por ele 
 tendia ao rigorismo moral e ensinava sobre a predestinação das almas. 
 Comentando a vida e a proposta de Calvino, Comby (1994, p. 21), afirma o 
 seguinte: 
 Com João Calvino entramos na segunda geração da Reforma, que não a criou mas 
 a consolidou. Calvino não é um clérigo como a maioria dos primeiros reformadores, 
 mas um leigo. Além disso, enquanto os primeiros reformadores são germânicos, 
 com Calvino a Reforma se torna francesa. Na França, a reforma, nos sentido amplo 
 do termo, fora a preocupação de alguns grupos, dos quais o mais conhecido é o de 
 Meaux, estabelecido em torno do bispo Guillaume Briçonnet (+1534), seu vigário 
 geral Lefévre d ́Étaples (1450- 1536), humanista e tradutor do Novo Testamento, e 
 de Margarida de Navarra, irmã do rei Francisco I. Um luterano é queimado em Paris 
 em 1523. O rei manifesta inicialmente uma relativa tolerância, mas a 'Questão dos 
 Cartazes', editais injuriosos contra a missa afixados até mesmo sobre a porta do seu 
 quarto (1534), provoca o seu furor, bem como uma perseguição geral dos 
 dissidentes religiosos: vários queimados. Os inovadores franceses têm seus 
 mártires. Eles encontraram em Calvino o seu teólogo. 
 Além disso, na Inglaterra, Henrique VIII fundou o Anglicanismo, em 1534, com o "ato 
 de supremacia" que obrigava o clero inglês a reconhecê-lo como chefe supremo da 
 Igreja inglesa (ou anglicana), a qual manteve intactos os principais pontos da fé 
 católica, porém, de forma separada da Igreja de Roma. 
 A propagação do protestantismo e de outras reformas religiosas dividiu radicalmente 
 a cristandade ocidental. Nesse contexto, o universalismo medieval não existe mais. 
 Até meados do século 17, ocorreram muitas guerras de religião (1618-1648), ou 
 mais corretamente dizendo, guerras em torno do poder político revestidas de 
 contextos religiosos. Convém ressaltar que a intolerância religiosa foi muito 
 marcante nesse período. 
 Após expor a situação da Reforma na Alemanha, França, Suíça e Inglaterra, falando 
 da nova geografia religiosa, Comby (1994, p. 27) comenta isto: 
 Seria necessário completar essa viagem pela Europa falando dos Países Baixos 
 dos Habsburgos, que estavam nas mãos de Filipe II da Espanha desde 1555. Os 
 calvinistas proclamam aí uma Confissão dos Países Baixos em 1561. Em nome do 
 rei da Espanha, o duque de Alba lidera uma repressão sangrenta. Nas províncias do 
 Norte, os Reformados constituem um estado livre em torno de Guilherme de Orange 
 (o Taciturno). O calvinismo se torna a religião oficial dessas províncias. Trata-se dos 
 Países Baixos de hoje. A antiga cristandade europeia se estilhaçou, portanto, em 
 múltiplas Igrejas contrárias a Roma. Igrejas luteranas ou evangélicas. Igrejas 
 calvinistas ou reformadas. Seriamente amputada, a Igreja Romana reagirá 
 procurando reformar-se; alguns príncipes católicos chegaram mesmo a 
 empenhar-se na reconquista armada. É a tudo isso que algumas vezes se dá o 
 nome de Contra-Reforma. 
 A Reforma Católica ocorreu graças ao Concílio de Trento. De um lado, esse concílio 
 foi o ponto de chegada de forças e tendências particulares e diversas, presentes na 
 Igreja desde o final do século 15; de outro lado, ele representou o ponto de partida 
 no que se refere às decisões doutrinais e às reformas adotadas na Igreja com 
 relação ao sistema "teológico", à doutrina espiritual, à disciplina e à ação do clero. 
 Saiba Mais 
 O Concílio de Trento foi, sem dúvida, um fenômeno eclesiástico decisivo e que 
 determinou uma época inteira na Igreja Católica. A questão coloca-se nestes 
 termos: Contrarreforma ou Reforma Católica? 'Contrarreforma' é o termo usado, 
 sobretudo, pelos autores protestantes, sendo, ainda, o mais antigo, pois referia-se a 
 uma reação à Reforma Protestante. Ultimamente, entretanto, o termo mais habitual 
 é 'Reforma Católica', que se acena ao pensamento reformista iniciado já nos 
 séculos 14 e 15, ou seja, antes de Lutero, e a reforma, após o movimento iniciado 
 por Lutero em 1517. 
 Falando da renovação católica, Comby (1994, p. 28) assim escreve: 
 Paralelamente ao movimento protestante, um desejo de reforma se manifesta na 
 Igreja Romana. Trata-se, em primeiro lugar, das iniciativas de religiosos, de leigos 
 piedosos e, algumas vezes, de bispos. Finalmente, com muitas dificuldades, o 
 papado consegue reunir um concílio geral em Trento em 1545. Foram necessários 
 dezoito anos de longas interrupções para que o concílio fosse encerrado. Suas 
 decisões são postas em prática de modo lento. Na França, elas só são 
 verdadeiramente concretizadas no século XVII. Nesse momento, implanta-se essa 
 Igreja tradicional cujas características se conservaram até uma época recente. O 
 catolicismo clássico nem por isso deixou de ser atingido por numerosas crises e 
 conflitos. 
 Assim, a Reforma Católica significou: 
 1) Reação à decadência interna da Igreja. 
 2) A ação apostólica nas dioceses e nas missões externas. 
 3) A reforma das ciências teológicas. 
 4) Reforma e preparação dos sacerdotes ao apostolado, melhor preparação 
 teológica. 
 5) Reforma das estruturas eclesiásticas da cúria central. 
 6) Educação cristã da juventude. 
 A Reforma Católica apresentou, ainda, dois aspectos que são independentes

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