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Tradição Religiosa O cristianismo é uma das maiores tradições religiosas do mundo, com cerca de 2,4 bilhões de seguidores em todo o mundo. É baseado na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo, que viveu na Palestina há cerca de 2000 anos. O cristianismo começou como uma seita judaica na Palestina e, com o tempo, se espalhou para todo o Império Romano e além. O cristianismo ocidental é representado pela Igreja Católica e pelas igrejas protestantes, enquanto o cristianismo oriental é representado pela Igreja Ortodoxa e pelas igrejas orientais. A Igreja Católica é liderada pelo papa em Roma, enquanto a Igreja Ortodoxa é liderada pelos patriarcas em Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém. As diferenças entre as tradições ocidental e oriental incluem a liturgia, a teologia, a organização e a espiritualidade. As tradições religiosas do Oriente incluem o hinduísmo, o budismo, o taoísmo e o confucionismo. Essas tradições têm raízes antigas e profundas na história e cultura asiáticas e têm influenciado a vida e a filosofia de bilhões de pessoas em todo o mundo. O hinduísmo é uma das religiões mais antigas do mundo e é praticado principalmente na Índia e no Nepal. O budismo, originário da Índia, espalhou-se para a China, o Japão, a Coreia e o Sudeste Asiático. O taoísmo e o confucionismo são tradições chinesas que influenciaram a filosofia, a arte e a cultura chinesas por milênios. Embora haja muitas diferenças entre as tradições religiosas do Oriente e do Ocidente, elas também compartilham muitas semelhanças. Todas essas tradições têm como objetivo ajudar as pessoas a encontrar um sentido para a vida, a superar o sofrimento e a encontrar a felicidade. Todas elas oferecem práticas espirituais e rituais para ajudar as pessoas a se conectarem com o divino e a transformar suas vidas. Ao aprender sobre essas tradições, podemos expandir nossa compreensão do mundo e de nós mesmos. Este é o momento de vermos a aplicabilidade dos conceitos que serão abordados ao longo da nossa disciplina. Suponhamos que João é um estudante de história interessado no cristianismo antigo e medieval. Ele está fazendo uma pesquisa sobre as diferenças entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa e pediu ajuda ao professor para entender melhor o assunto. O professor explica que uma das principais diferenças é a questão da primazia do papa de Roma. João fica curioso e pergunta como essa diferença surgiu e como ela afetou a história do cristianismo. Você, como professor, de que forma o responderia? Lembre-se de que a resposta abaixo é apenas uma das possibilidades pensadas por este autor. Lembre-se de que a resposta abaixo é apenas uma das possibilidades pensadaA questão da primazia do papa de Roma foi uma das principais causas do Cisma do Oriente, que ocorreu em 1054 e dividiu o cristianismo em duas grandes tradições, a católica e a ortodoxa. A origem dessa diferença remonta aos primeiros séculos do cristianismo, quando as igrejas eram lideradas por bispos e presbíteros locais. Com o tempo, as igrejas mais importantes foram se destacando, e os bispos dessas igrejas começaram a exercer uma autoridade maior sobre as outras igrejas da região. Na época do Império Romano, as igrejas mais importantes eram as de Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém. O bispo de Roma, que ficou conhecido como papa, começou a se apresentar como o sucessor de Pedro, o primeiro dos apóstolos e o líder da igreja primitiva. O papa reivindicava a primazia de autoridade sobre as outras igrejas e afirmava que ele era o único bispo com jurisdição universal sobre toda a cristandade. Essa posição não foi aceita por todos os bispos e igrejas, especialmente no Oriente, onde as igrejas eram mais independentes e o patriarca de Constantinopla também reivindicava uma posição de destaque. A disputa pela primazia do papa de Roma se agravou ao longo dos séculos, e a igreja ocidental e a igreja oriental acabaram desenvolvendo tradições teológicas, litúrgicas e organizacionais distintas. A separação entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa teve consequências significativas para a história do cristianismo e para a história da Europa. A igreja católica se tornou a religião dominante na Europa Ocidental, enquanto a igreja ortodoxa se manteve como a principal religião no Oriente. As diferenças entre as duas igrejas continuaram a causar conflitos e tensões ao longo da história, como durante as Cruzadas, a invasão mongol da Rússia e as guerras dos Bálcãs no século XX. Temas Influenciados Pelo Cristianismo Antigo e Medieval Teologia: A teologia cristã antiga e medieval envolveu a exploração de tópicos como a natureza de Deus, a doutrina da Trindade, a natureza humana de Jesus Cristo, o pecado original, a redenção e a salvação. Filosofia: A filosofia cristã antiga e medieval se concentrou em tópicos como a relação entre a razão e a fé, a natureza da alma humana, a natureza da realidade e a natureza da verdade. História da Igreja: A história da Igreja cristã antiga e medieval envolveu tópicos como o desenvolvimento da Igreja primitiva, o Papado, o Cisma do Oriente, a Reforma Gregoriana, as Cruzadas e a Inquisição. Arte: A arte cristã antiga e medieval incluiu tópicos como a arquitetura de igrejas e catedrais, a pintura de ícones e afrescos, e a escultura de relevos e estátuas religiosas. Literatura: A literatura cristã antiga e medieval incluiu tópicos como a Bíblia, as obras dos Padres da Igreja, os escritos dos teólogos e filósofos cristãos, e os poemas épicos como a Divina Comédia de Dante. Cristianismo: Antigo e Medieval Começamos, com o estudo que nos permitirá refletir sobre as temáticas conexas à história da Igreja antiga e medieval. O procedimento do qual se constitui a compreensão e apropriação do conceito da historicidade da Igreja dar início a, basicamente, pela seguinte pergunta: Qual a base de confirmação em que se aciona o desenvolvimento histórico da Igreja? Com efeito, a história da Igreja tem seus pensamentos e fundamentos na revelação divina, na revelação das obras de Deus e na encarnação de Jesus Cristo no mundo, evento no qual se concretiza a atuação de Deus, que, fazendo-se homem e adotando a natureza humana, intervém na História. A Igreja basear-se na atuação de Deus e dos seres humanos que se dispõem como discípulos de Jesus. Assim, ela é, concomitantemente, um acontecimento dentro da história e um acontecimento revelado, construindo, ao mesmo tempo, a "Igreja da história" e "Igreja da fé". Com resultado, como uma instituição salvífica, a Igreja pertence a dois mundos: ao mundo terrestre e concreta, porque é composta de seres humanos que operam na conjuntura histórica; e ao mundo divino, porque a Igreja é também obra de Deus, finalidade de uma causa transcendental, estabelecida além da história. Com isso, podemos falar de uma Igreja santa e pecadora; divina e humana; espiritual e temporal etc. Jedin (1980, p. 28) afirma que o caráterda Reforma Protestante: a renovação interior da vida da Igreja e a expansão desta em terras de missões. Utilizando o termo 'Contrarreforma', aparecem claros os seguintes aspectos: 1) A ação dos bispos em defesa da fé. 2) A crise protestante. 3) A apologética e a controvérsia de faculdades teológicas. 4) A ação papal com a reforma da inquisição central, a instituição do índice dos livros proibidos, a condenação de doutrinas e tendências com as bulas, a condenação dos hereges e a execução das condenações (cárceres e/ou mortes) por meio do braço secular. 5) Reforma de alguns conventos e mosteiros. 6) Algumas mudanças no que se refere à piedade popular eucarística e acentuação à devoção eucaristia-sacramento. 7) A teologia controversista, que leva os teólogos católicos a usar o método dos protestantes e a aprofundar e desenvolver o estudo da Escritura, dos padres em função apologética, levando, dessa forma, à teologia sistemática. O Concílio de Trento foi o ponto máximo da reforma eclesiástica já iniciada entre os séculos 14 e 15. Desse modo, foi um acontecimento de tal importância que criou uma época, vindo a terminar somente com o Vaticano II. Sua convocação não foi fácil, devido à situação política europeia da época, sendo possível somente após 27 anos de apelo feito pelo próprio Lutero. O Concílio de Trento combateu as heresias, contudo não atingiu nem apoiou os seus causadores. Decidiu seguramente a doutrina católica, com limpidez e exatidão, não para transformar os protestantes, mas para salvar os improváveis e apresentar a todos a garantia da fé. O conteúdo dogmático da doutrina tridentina foi polarizado em torno de dois pontos fundamentais, os quais são as fontes da revelação: Escritura e Tradição. O texto final assim definia: O santo concílio, conforme o exemplo dos Padres ortodoxos, recebe e venera, com o mesmo sentimento de piedade e o mesmo respeito, todos os livros, tanto do antigo como do Novo Testamento, tendo em vista ser Deus o único autor de um e de outro, assim como pelo fato de as tradições concernentes, seja a fé, seja aos costumes, virem da própria boca de Cristo ou terem sido ditadas pelo Espírito Santo e conservadas na Igreja católica por uma sucessão contínua (4a. Sessão, 8 de abril de 1546, 61 votantes) (COMBY, 1994, p.32). Os grandes temas da doutrina tridentina giram em torno da justificação que tem como pressuposto a doutrina do pecado original e inclui a doutrina dos sacramentos. Em 1547, assim definia o Concílio: Aquele que afirmar que um homem pode ser justificado diante de Deus por suas obras, realizadas, quer pelas forças da natureza, quer pelo ensinamento da Lei, sem contar com a graça divina que vem por intermédio de Jesus Cristo, seja anátema. Aquele que afirmar que o livre-arbítrio (a liberdade) do homem, quando Deus o move e impele, não coopera absolutamente, ao aquiescer que Deus o impulsione e o chame para que se disponha a obter a graça da justificação, bem como que ele não possa, caso o deseja, recusar seu consentimento, mas que, tal um ser inanimado, o homem não pode fazer absolutamente nada senão tornar-se puramente passivo, seja anátema (6a. Sessão, 13 de janeiro de 1547, 70 votantes) (COMBY, 1994, p. 32). Atenção É importante ressaltar que o Concílio fez várias reformas que entraram na realidade histórica. Nesse sentido, determinou uma época, porque desenvolveu e ampliou a renovação religiosa, o reflorescimento da vida cristã e o impulso vital de expansão. O seu princípio fundamental relacionava-se ao fato de que a hierarquia deveria estar empenhada na cura das almas. A figura do bispo assumiu, então, um papel decisivo, uma vez que ele foi colocado no centro da diocese com a responsabilidade sobre a vida cristã desta. Tornou-se, assim, o responsável pela evangelização, pela visita pastoral da diocese, pela convocação do sínodo diocesano, pela nomeação dos párocos e pela participação do sínodo provincial. A ele foi dada, ainda, a responsabilidade pela formação e preparação do futuro clero no seminário. A figura do pároco também foi esclarecida: deveria ser considerado como um ministro de Deus, e não mais como um funcionário administrativo; disso deriva a exigência de sua boa conduta moral e espiritual. Dessa forma, as ordens religiosas novas orientaram-se para uma pastoral especializada; tornaram-se responsáveis pela formação dos jovens e do clero nas ciências, na vida religiosa e na atividade missionária. Na 23a Sessão, o Concílio assim se pronunciou sobre o sacerdócio: Aquele que negar a existência, no Novo Testamento, de um sacerdócio visível e exterior, ou que o sacerdócio não tem poder de consagrar, nem de oferecer o verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue do Senhor ou de redimir e de reter os pecados, mas passando sua tarefa de uma função e um simples ministério da pregação do Evangelho, ou ainda, que aqueles que não pregam não são padres, seja anátema (23a. Sessão, 15 de julho de 1563, 237 votantes) (COMBY, 1994, p. 33). O Concílio foi, portanto, um reflexo de uma nova situação provocada pelo renascimento, encontrando-se a meio caminho entre o período da Idade Média e Moderna. A Idade Média terminou religiosa e politicamente como cristandade, ou seja, o cristianismo não seria mais a base política e religiosa da sociedade moderna. Entrando um pouco na contemporaneidade, após a Revolução Francesa, sendo os princípios desta assimilados pelos demais países europeus, a questão da separação entre Igreja e Estado ganhou terreno. Vale dizer que a polêmica ideológica sobre o Separatismo também teve um amplo espaço tanto no campo leigo quanto no campo eclesiástico (entre intransigentes e católicos liberais). Tratou-se, de qualquer modo, da primeira fase histórica do processo de secularização, ou seja, do primeiro passo em direção à cidade leiga, em contraposição à cidade sacra. É um processo que diz respeito às estruturas, mas que incide, também, na vida concreta. Deve-se referir, assim, que o Separatismo (ou Separação) concebe uma reação à estreita união trono/altar, típica do Antigo Regime; que "separação" não constitui "distinção das competências", "autonomia", que, como sempre incide na história, nos deparamos perante de códigos distintos, e não perante, exclusivamente, de um preceito. O século 19 trouxe para o mundo ocidental um novo modo de encarar a política, a economia, a religião, a sociedade etc. Após a Revolução Francesa, na questão política e na relação entre Estado e Igreja, foi forte a questão do Liberalismo. Segundo Zagheni ( 1999, p. 87-88): A relação entre Igreja e Estado, no século XIX, deve ser posta no contexto do liberalismo, que, partindo da visão da pessoa como ser individual capaz de alcançar a felicidade com a ajuda da razão, vê o Estado como uma entidade composta de indivíduos e não de grupos. Consequentemente, a autoridade não é concebida segundo a forma patriarcal da família (em que a dignidade do homem é garantida pela inserção orgânica no conjunto);antes, baseia-se num contrato. Esse contrato existe para que o indivíduo, desenvolvendo ao máximo os próprios interesses econômicos, promova lucro maior. Essa concepção requer que a economia se desenvolva segundo suas próprias leis e que seja excluída qualquer forma de intervenção ou planificação estatal. Esse Estado não precisa de Deus para alicerçar a própria autoridade e nem do 'instrumento' da Igreja para levar a população à obediência à autoridade constituída: ele se considera incompetente em matéria religiosa e interpreta a religião como uma questão individual, privada. O Estado não reconhece que uma religião determinada deva ser protegida e financiada: portanto (em linha de princípio), há a separação entre Igreja e Estado, embora essa separação não precise ser introduzida de repente, em todos os lugares e da mesma maneira [...]. Assim, diante da religião, o Estado liberal constrói para si uma ideologia que podemos chamar de 'laicismo'. É contra essa especial configuração que a Igreja do século passado (século XIX) se posiciona, afirmando o próprio direito de existir como realidade pública e também para defender os valores individuais e sociais que eram ignorados ou violados. Diante do mundo novo surgido com a Revolução Francesa, enquanto a luta entre o antigo modo de viver e o novo já tinha acabado e o Absolutismo parecia ressurgir vitorioso das cinzas, que posicionamento deveriam ter os católicos? Interpretando a herança revolucionária e as mudanças irreversíveis, Comby firma (1994, p. 102): O catolicismo francês e europeu saiu profundamente transformado da Revolução e do Império. Em sua maioria, os bens da Igreja haviam passado para mãos leigas. Não se retomará a primeira grande secularização da sociedade francesa. Único príncipe eclesiástico, o papa ainda conserva um poder temporal. A liberdade de cultos é integrada à legislação. Os franceses podem afirmar-se não-católicos ou não-cristãos. Pela criação do registro civil, as etapas da existência humana escapam ao controle da Igreja, que perde igualmente o domínio do ensino. Em um período de transformações radicais, às vezes, não é fácil distinguir o erro da verdade, os aspectos contingentes dos valores permanentes. A herança revolucionária dividiu os franceses e essa divisão perdurou até um período recente. Enquanto os 'liberais' se prevaleciam dos princípios revolucionários de liberdade e de igualdade, os católicos, em sua maioria, viram na Revolução a obra de Satã. Essa é a razão por que, no século XIX, os católicos que desejavam uma restauração social e religiosa com base no modelo do Antigo Regime se opuseram aos liberais, que se empenham em defender as aquisições revolucionárias. O conflito se desenrola no interior da Igreja quanto alguns católicos consideram que os princípios de 1789 não são incompatíveis com o Evangelho e que é inútil desejar ressuscitar um passado já cumprido (COMBY, 1994, p. 102). Desenvolveu-se, portanto, dentro da Igreja e entre os católicos, uma dupla tendência: de um lado, encontramos os católicos intransigentes e, de outro, os católicos liberais. A obra O Liberalismo é pecado, publicada em 1884, pelo sacerdote espanhol Sarda y Salvany, é o marco do estabelecimento geral dos católicos birrentos perante das suas liberdades modernas. A imprensa católica do século 19 foi amplamente vitimada pelos seguintes juízos: 1) a liberdade é a amiga mais fiel e cara do demônio, porque abre caminhos para inumeráveis e quase infinitos pecados; 2) toda partícula de liberdade tem de ser condenada; 3) a liberdade de consciência é uma loucura e a liberdade de imprensa é um mal que jamais se deplorará suficientemente; 4) Uma vez que o Liberalismo é intrinsecamente cruel, não sobra outra coisa a cometer senão rebater em bloco as doutrinas. Essa mentalidade estava muito presente no início do século quando da constatação dos males imediatos que a Revolução tinha causado em todos os campos. Mais ainda: desconfiava-se de tudo aquilo que se apresentava como novo; por exemplo: toda novidade na Política era uma revolução; na Filosofia, um erro; na Teologia, uma heresia. O Absolutismo, com a estreita união entre trono/altar, aparecia como o melhor regime político para os católicos que tinham uma mentalidade intransigente. O ideal, para eles, era a volta ao antigo regime. O movimento intransigente, pode ser assim definido: Movimento católico italiano, criado no século XIX, em defesa da religião e da Igreja na sociedade face ao Estado liberal. Desvinculando-se do saudosismo legitimista dos velhos regimes, estabeleceram-se, os seus adeptos, num plano nitidamente religioso. Defendiam a questão romana não como exigência de legitimismo dinástico, mas como uma necessidade religiosa para a liberdade da Igreja. Preocupavam-se com o novo Estado italiano e as suas relações com a Igreja (SCHLESINGER, 1995, n.p). É importante ressaltar, contudo, que a oposição ao Liberalismo nasceu por motivos mais elevados. Os intransigentes, por exemplo, moviam uma crítica cerrada às lacunas e aos erros do sistema, opondo-se às tentativas de laicização dos liberais. Nesse sentido, o Liberalismo, ao menos em suas formas mais radicais, fazia da razão humana o único critério da verdade, negando a ela a possibilidade de submeter-se à Revelação; proclamava um indiferentismo sistemático que colocava o ateísmo e todas as religiões sob o mesmo plano; separava a Economia da Moral; fazia do Estado um Estado absoluto; reduzia a função social da religião (quando não a negava); recusava dar à Igreja o direito de intervir com autoridade, além das questões estritamente dogmáticas, especialmente no campo social. Esses erros acabavam por minar as bases da fé. Os intransigentes preocupavam-se com a defesa das estruturas cristãs da sociedade que facilitassem aos fiéis o cumprimento dos seus deveres religiosos. Temos de levar em consideração, nesse contexto, que a Igreja não é composta por apenas um pequeno grupo, e sim por um povo imenso, do qual fazem parte, também, os fracos, incapazes de se manterem coerentes com o próprio ideal somente com suas próprias forças, de resistir às pressões do ambiente circunstante. No período, a ajuda estatal era coberta claramente pelos católicos intransigentes, estratégia essa que pode de acordo com a história ser considerada "errada", uma vez que eles não puderam arquitetar outro modelo de sociedade cristã além daquela do Antigo Regime. Mesmo assim, permaneceram a proteger uma sociedade aparelhada hierarquicamente e constituída sobre o privilégio, bem como religiosamente unida, na qual a fé católica era estimada como o único alicerce do Estado, e, assim, os direitos políticos e civis eram dependentes à fé e à prática religiosa. Católicos liberais Enquanto os intransigentes se endureciam em suas posições radicais aos ideais modernos, os católicos liberais iniciaram e prosseguiram o seu difícil e cansativo trabalho de explicação e de aceitação dos princípios de 1789. Vários ambientes colaborarampara o pensamento mais aberto desses católicos, mas pode-se dizer que foi o embate da fé tradicional com o novo clima brotado com a Revolução Francesa que se despontou fecundo e excitante. De um lado, os católicos eram levados a idealizar, de uma atitude nova, as afinidades entre sociedade religiosa e sociedade civil; de outro, colocavam-se em maior destaque alguns jeitos da Igreja mesma, os quais, na época pós-tridentina, continuaram em segundo plano. O grande empenho dos católicos liberais era fazer a Igreja perceber que o Antigo Regime já estava morto; evidenciar que o ajuste entre religião e liberdade seria algo bom e positivo; esvaecer os juízos contra a religião e impedir que o progresso em curso se consolidasse sem inspiração cristã: "Se a Igreja não caminhar com o povo", observa o Pe. Joaquim Ventura no prefácio do Discurso pelos mortos de Viena, feito em Roma em novembro de 1848 e colocado no índice no ano seguinte, "não é por isso que o povo deixará de caminhar, mas caminhará sem a Igreja, fora da Igreja e contra a Igreja" (MARTINA, 1996, p. 185). Assim, o maior valor de todos os liberais católicos foi o de ter alentado a absoluta precisão da Igreja conseguir um ajuste entre ela e o mundo moderno. Precisamente eles articularam sobre os contratempos da união muito estreita entre trono e altar e sobre a precisão de pôr fim a esse preceito; perseveraram, ainda, sobre a mais nítida grandeza entre as duas sociedades, sobre a liberdade da Igreja sem sofrer influência estatal e sobre a purificação de todos os acordos temporais. Os liberais católicos ainda viram bem os aspectos positivos do Liberalismo, entre os quais estão o respeito à consciência e a concepção da verdade como uma conquista pessoal, livre e consciente. Desse jeito, a liberdade poderia ter sido útil à Igreja se os católicos tivessem aplicado esse novo pensamento. E o Liberalismo? E os católicos liberais? Não apenas no espaço político, mas em todos os contextos então debatidos, os católicos liberais apresentaram seus pensamentos bastante abertos, como no ponto da liberdade de imprensa, de consciência, da reforma da Igreja, em que apostaram em assentar a Igreja em seu tempo. Um grande baque para os católicos liberais, apesar disso, veio com o papa Gregório XVI. O papa combateu todos os princípios do Liberalismo religioso e político com a encíclica Mirari vos. Nela, bombardeou-se não apenas o indiferentismo, mas também "[...] aquele absurdo e errôneo juízo ou antes delírio, que se deva amparo e cobrir a todos a liberdade de consciência" (Mirari Vos, Gregorio XVI, de 12 de agosto de 1832). Foi condenada, também, a liberdade de imprensa, pela qual se invadiram, no povo, os documentos de todo gênero. Por fim, recusou-se a questão daqueles que almejavam separar a Igreja do Estado. Com essa encíclica, a cúria romana abandonou clara a sua precedência pelo Absolutismo, uma vez que combatia a liberdade de consciência e o indiferentismo. O Cristianismo é uma das maiores religiões do mundo, com mais de dois bilhões de seguidores em todo o mundo. É baseado na vida, ensinamentos e morte de Jesus Cristo, que é considerado pelos cristãos como o Filho de Deus e o Salvador do mundo. O Cristianismo moderno e contemporâneo é uma versão do Cristianismo que evoluiu ao longo dos séculos e se adaptou às mudanças culturais, sociais e políticas que ocorreram no mundo. Essas mudanças levaram a diferentes interpretações e práticas do Cristianismo. Nesta aula, vamos perceber que o contexto europeu no momento da Reforma Protestante e os fatores históricos contribuíram para que se desencadeasse a ruptura dentro da Igreja católica. Também, vamos entender sobre a Reforma Católica, cujo momento mais importante foi o Concílio de Trento.. Preparados para iniciar essa aula? Pegue seus materiais de anotações e bons estudos! Martinho Lutero viveu em um ambiente de extração camponesa, moralmente severo, religioso e, também, supersticioso. A educação que ele recebeu nesse ambiente foi a mesma de milhares de meninos de sua época; desde os quatorze anos estudou fora de casa. Tinha um caráter positivo e era cristão, como sua família. Sua experiência cultural iniciou-se em Erfurt, na Faculdade de Artes. A vida no colégio onde viveu era severa: monacal, rígida na disciplina, e impregnada de piedade e devoção. Assim, foi marcante em sua vida a sua experiência interior: apareceram a tristeza e o medo trágico de Deus, do Cristo juiz. Sua angústia aumentou com a morte de seu amigo Bunt, porque viu nela um castigo de Deus. Refletiu, então, em ingressar num mosteiro, escolhendo o convento dos agostinianos em dezessete de julho de um mil quinhentos e cinco, logo depois de ter feito um voto à Santa Ana perante uma tempestade, perto de Stotternheim (istótenrrái). Sua vida na academia foi acelerada: em três anos e meio, tornou-se doutor. Dentro da ordem agostiniana, teve, também, uma acelerada formação: um ano de noviciado e, logo depois de sete meses, instituiu-se e foi selecionado como mensageiro oficial da ordem, sub prior do convento e prefeito dos estudos de Wittenberg (uitemberg). Em um mil quinhentos e quinze, já era vigário de distrito para onze conventos reformados. As percepções teológicas de Lutero direcionavam à pastoral. Seu experimento interno pode ser preciso em alguns ares: vida atenuada, pacata espiritualmente e de muito entusiasmo, entre um mil quinhentos e cinco e um mil quinhentos e nove, ou seja, em seu noviciado, na sua ordenação e em seus primeiros anos de sacerdócio. Na Alemanha, existiu a orientação para a pregação da indulgência jubilar (plenária) outorgada pelo papa Júlio Segundo e revigorada por Leão Décimo para a edificação da nova basílica de São Pedro. No programa sobre a pregação, havia muitas dúvidas, como a clemência de todos os pecados e, assim, o retorno à graça com a condição de confessar-se. Para isso, havia a carta de confissão, que servia para a indulgência jubilar. Quando Martinho Lutero se cientificou desses abusos, escreveu ao bispo ordinário Gerônimo Schulz e a outros bispos às noventa e cinco teses, em que exibiu seus pensamentos a respeito do assunto. Esses episódios tiveram lugar no ano de um mil quinhentos e dezessete. Lutero foi mencionado em Roma, e, então, foi enviado de lá um representante do papa Leão Décimo, Gaetano, que precisaria ouvir a desculpa de Lutero, o que não ocorreu porque Lutero pediu para informar ao papa pessoalmente sobre os assuntos em discussão, sobretudo a questão das indulgências, e indicou, ainda, o cumprimento de um concílio. Tal sugestão, no entanto, não foi aceita. De um mil quinhentos e dezessete a um mil quinhentos e vinte e um, Lutero teve grande atividade como escritor e suas ideias reformistas amadureceram. Embora houveram muitos diálogos e tentativas de acordo entre Martinho Lutero e a Igreja, não foi possível evitar a separação. Lutero foi excomungado em um mil quinhentose vinte e um. Desse momento em diante, a Reforma Luterana ganhou caminho. Em muitas regiões, a introdução da Reforma ocorreu de maneira violenta, com tumultos, queima de igrejas e atos de vandalismo. Lutero, porém, mostrou-se contrário a esses atos. Em um mil quinhentos e vinte e seis, realizou-se a Dieta de Spira, e a Reforma passou para a mão do poder civil. Posteriormente, o movimento protestante politizou-se e tornou-se um partido de oposição ao imperador. As posições radicalizaram-se e, em um mil quinhentos e cinquenta e cinco, sancionou-se, definitivamente, a divisão da religião na Alemanha, estabelecendo-se os seguintes princípios: livre escolha da confissão religiosa por parte do príncipe (ou autoridade secular) e a obrigação dos súditos de aceitá-la ou de emigrar (depois de terem vendido os seus bens). Martinho Lutero foi o mais importante reformador religioso do século dezesseis, porém, juntamente à sua Reforma Protestante, houve, também, a Reforma Calvinista, protagonizada por João Calvino, que publicou, em um mil quinhentos e trinta e seis, o livro Instituição da Religião Cristã, começando, em Genebra, no mesmo ano, a pregar suas ideias religiosas reformadoras. João Calvino seguiu de perto os princípios luteranos, como a afirmação de que só a Escritura deve ser a regra de fé – ele possuía concepções religiosas próprias. Dessa forma, a Reforma proposta por ele tendia ao rigorismo moral e ensinava sobre a predestinação das almas. Além disso, na Inglaterra, Henrique Oitavo fundou o Anglicanismo, em um mil quinhentos e trinta e quatro, com o 'ato de supremacia' que obrigava o clero inglês a reconhecê-lo como chefe supremo da Igreja inglesa (ou anglicana), a qual manteve intactos os principais pontos da fé católica, porém, de forma separada da Igreja de Roma. A propagação do protestantismo e de outras reformas religiosas dividiu radicalmente a cristandade ocidental. Nesse contexto, o universalismo medieval não existe mais. Até meados do século dezessete, ocorreram muitas guerras de religião, ou mais corretamente dizendo, guerras em torno do poder político revestidas de contextos religiosos. Convém ressaltar que a intolerância religiosa foi muito marcante nesse período. A Reforma Católica ocorreu graças ao Concílio de Trento. De um lado, esse concílio foi o ponto de chegada de forças e tendências particulares e diversas, presentes na Igreja desde o final do século quinze; de outro lado, ele representou o ponto de partida no que se refere às decisões doutrinais e às reformas adotadas na Igreja com relação ao sistema 'teológico', à doutrina espiritual, à disciplina e à ação do clero. O Concílio de Trento foi, sem dúvida, um fenômeno eclesiástico decisivo e que determinou uma época inteira na Igreja Católica. A questão coloca-se nestes termos: Contrarreforma ou Reforma Católica? 'Contrarreforma' é o termo usado, sobretudo, pelos autores protestantes, sendo, ainda, o mais antigo, pois referia-se a uma reação à Reforma Protestante. Ultimamente, entretanto, o termo mais habitual é 'Reforma Católica', que se acena ao pensamento reformista iniciado já nos séculos quatorze e quinze, ou seja, antes de Lutero, e a reforma, após o movimento iniciado por Lutero em um mil quinhentos e dezessete. Assim, a Reforma Católica significou: 1) Reação à decadência interna da Igreja. 2) A ação apostólica nas dioceses e nas missões externas. 3) A reforma das ciências teológicas. 4) Reforma e preparação dos sacerdotes ao apostolado, melhor preparação teológica. 5) Reforma das estruturas eclesiásticas da cúria central. 6) Educação cristã da juventude. A Reforma Católica apresentou, ainda, dois aspectos que são independentes da Reforma Protestante: a renovação interior da vida da Igreja e a expansão desta em terras de missões. Utilizando o termo 'Contrarreforma', aparecem claros os seguintes aspectos: 1) A ação dos bispos em defesa da fé. 2) A crise protestante. 3) A apologética e a controvérsia de faculdades teológicas. 4) A ação papal com a reforma da inquisição central, a instituição do índice dos livros proibidos, a condenação de doutrinas e tendências com as bulas, a condenação dos hereges e a execução das condenações (cárceres e/ou mortes) por meio do braço secular. 5) Reforma de alguns conventos e mosteiros. 6) Algumas mudanças no que se refere à piedade popular eucarística e acentuação à devoção eucaristia-sacramento. 7) A teologia controversista, que leva os teólogos católicos a usar o método dos protestantes e a aprofundar e desenvolver o estudo da Escritura, dos padres em função apologética, levando, dessa forma, à teologia sistemática. Chegamos ao final de mais uma aula. Nesta aula, percebemos que o contexto europeu no momento da Reforma Protestante e os fatores históricos contribuíram para que se desencadeasse a ruptura dentro da Igreja católica. Também pudemos entender sobre a Reforma Católica, cujo momento mais importante foi o Concílio de Trento. Hinduismo Onde hoje está o Paquistão, há cerca de 7 mil anos iniciou a desenvolver-se a cultura harappa, a mais antiga do vale do Indo. Ela tem uma escrita que até hoje não foi decodificada. A sociedade indiana estruturou-se em castas entre 1700 e 1200 a.C., seguindo preceitos religiosos dos Vedas – do qual trataremos adiante – que defendia a predestinação das pessoas a classes sociais. Firma-se uma intensa religiosidade na cultura indiana, em que as pessoas, durante toda a história são conduzidas por um denso significado do sagrado, desde seu nascimento em uma casta até os mais humildes sinais do dia a dia. Atenção Atualmente, cerca de 80% dos indianos são hindus, ou seja, seguidores do hinduísmo como religião. Entretanto, o nome 'hinduísmo' para se mencionar à religião dos indianos foi estabelecido pelos europeus; na antiga língua da Índia, o sânscrito, o nome dessa religião é Sanatana Dharma, que pode ser traduzido como 'Ordem Eterna'. Trata-se de uma ordem universal, ampla, à qual todos devem obedecer, independente de casta ou classe social. Segundo Küng (2004), Mahatma Gandhi empregou muitas vezes esse nome, que traz o conceito de ordem, lei e dever. O hinduísmo é uma religião com mais de 700 milhões de fiéis, que convivem com cerca de 110 milhões de muçulmanos, 20 milhões de cristãos e também pessoas de outras religiões, como judeus, jainistas e budistas. Os hindus são mestres de oração e meditação, exímios em mover a vida por meio de rituais e práticas religiosas que lhes conferem unidade e diversidade. Contudo, o hinduísmo é também regra para o indivíduo viver em sociedade. Vale ressaltar que, nos caminhos povoados de divindades, muitas vezes são possíveis manifestações radicais que contestam a fragilidade do corpo e desafiam a ordem política. Está nesse sentido a proposta de Gandhi. Ele foi um indiano hindu do século 20, que se dedicou à defesa dos direitos humanos por intermédio da não violência ativa. Ele uniu os princípios éticos hindus da Bhagavd-gita com o Sermão da Montanha do cristianismo. Vejamosuma afirmação de Gandhi: "O Ganges dos direitos nasce no Himalaia dos deveres" (apud KÜNG, 2004, p. 95). Desse modo, ele dava um passo à frente da Declaração universal dos direitos do homem, formulada pelas Nações Unidas em 1948. Dessa forma, com inspiração no sagrado rio Ganges, propunha uma consciência mundial que chamasse a humanidade para os princípios éticos universais. O rio Ganges, na compreensão hindu, representa a deusa Mãe Ganga. Declina das montanhas do Himalaia em uma ampla torrente, mas resvala calmo, brando e persistente, conservar-se sempre o mesmo. É um rio que fecunda. Entretanto, às vezes, arrasta tudo tempestuosamente, tornando-se barrento e opaco. Alterar-se, expande, submerge o que encontra. Depois de cursar 2700 quilômetros, deságua no golfo de Bengala. O Ganges é imagem do próprio hinduísmo, religião da harmonia, lei e dever, que tem mais de quatro mil anos de história. Mas qual o segredo da longevidade do hinduísmo? O autor Poli e Sandhu (1998) respondem que o hinduísmo é uma complexa massa de sistemas religiosos, filosóficos e sociais. O segredo da sua longevidade e vitalidade está em dois fatores: a ausência de uma autoridade central e a capacidade de integrar à sua tradição elementos estranhos sem nunca perder sua identidade. Há variações da prática hindu, conforme a região, mas sempre permanecem os seguintes elementos: 1) Fé na autoridade da revelação e da tradição; 2) Sistema das castas e das etapas da vida; 3) Crença na ciclicidade da evolução e na transmigração das almas; e 4) Alguns ritos e práticas sociais. Uma das cidades mais sagradas da Índia é Haridwar, por onde passa o rio Ganges. Multidões banham-se em suas águas, mesmo essas estando tão poluídas, em um ritual de purificação. E dali, desde tempos remotos, partem peregrinações para toda a região montanhosa. Desde tradição muito antiga, os rios são considerados sagra dos, bem como os lugares de acesso à água, seja para beber ou para banhar-se. Fato interessante é que os rios são considerados seres femininos, enquanto o mar é masculino. No entanto, para uma interpretação histórica, precisamos descobrir como o hinduísmo reagiu aos acontecimentos, nos vários períodos da sua história até hoje. Em outras palavras, temos de problematizar o percurso do hinduísmo em cada período da sua história. Podemos seguir a interpretação de Hans Küng (2004), verificando, na história do hinduísmo, os processos de continuidade e descontinuidade, bem como as reformulações e reinterpretações. A substância da religião segue inalterada, mas imprimem-se modificações nas convicções das pessoas, nos valores e nos métodos. Küng relaciona as modificações nesses paradigmas de acordo com a seguinte sequência: ● religião védica; ● busca da unidade; ● hinduísmo clássico; ● grandes sínteses hindus medievais; ● hinduísmo moderno; ● hinduísmo pós-moderno. Na primeira etapa da sua história, o hinduísmo se afirmou como religião védica, isto é, que vê o mundo por meio dos textos sagrados denominado Vedas. Os Vedas surgiram em um longo período de tempo, provavelmente desde 1500 a.C. Formam uma enorme coletânea de hinos, que estão escritos em textos seis vezes mais extensos que a Bíblia. Assumidos como revelação ouvida pelos videntes, por intermédio de intuição mística, os Vedas são considerados como o conhecimento sagrado. Eles são subdivididos em quatro partes: Rig-Veda ou 'saber dos hinos' São hinos dedicados aos deuses, que apareceram no vale do Indo, dentre 1700 e 1200 a.C. Sama-Veda ou 'saber dos cânticos' É uma orientação para instauração dos que cantam nos sacrifícios. Yajur-Veda ou 'saber das fórmulas sacrificatórias' É uma coleção de textos para os sacrifícios. Atharva-Veda ou 'saber do sacerdote do fogo' É uma coletânea vagarosa de textos e rituais magos e ocultos, não sacerdotais. Além de conhecimento sagrado, esses textos constituem o mais antigo testemunho da cultura indiana, com sua tradição religiosa, filosófica e cultural. Eles foram transmitidos de geração em geração, em uma fiel e escrupulosa tradição oral, até serem escritos em sânscrito, língua considerada sagrada, que se desenvolveu com base nos dialetos indo-europeus. Segundo Heinrich Zimmer (2003), o conjunto de textos que compõe os Upanixades, (...) revela uma gradual intensificação na importância dada ao problema da redescoberta e assimilação do Eu. Os diálogos filosóficos dos Upanixades indicam que, durante o oitavo século (a.n.e.), houve uma mudança de orientação dos valores, deslocando o foco de atenção do universo exterior e limites tangíveis do corpo para o universo interior e intangível, levando às suas últimas conclusões lógicas as perigosas implicações desta nova direção. (...) os reis dos deuses, Indra e Varuna (...) já não recebiam suas cotas de preces e sacrifícios. Ao invés de direcionar a mente a estes simbólicos guardiães e modelos da ordem natural, sustentando-os e mantendo-os vigentes por uma contínua sequência de ritos e meditações, o Homem voltava sua atenção para o íntimo, esforçando-se por conseguir manter-se num estado de crescente autoconsciência pela reflexão profunda, pela autoanálise, pelo controle respiratório e pelas severas disciplinas psicológicas da Ioga. A tradição, com tratados que servem de complemento aos Vedas, favorece o correto desenvolvimento dos ritos. Vale salientar que textos interpretativos célebres são os Brahmanas, os Aranyakas e os Upanixades. É importante ressaltar a doutrina dos 'cinco fogos'. O fogo, que nos Vedas é personificado como o deus Agni, é o Sol (no céu), o raio (no ar), o fogo do lar (na terra), o fogo do sacrifício (no ritual) e o fogo da cremação (que leva as almas ao mundo celeste). A ritualização dos ciclos da natureza se faz na compreensão do "Ciclo Eterno": o fogo sobe para o alto, como entrega. Ele queima e leva a água para o céu. A água se transforma em nuvens e volta a cair na terra. Há, também, a crença em uma reencarnação cíclica dos mortos e na migração das almas. Ao mesmo tempo, a doutrina do carma afirma que isso depende de como a pessoa agiu. Upanixades: busca de unidade Entre os séculos 8o e 4o a.C., houve uma crise da visão védica do mundo. Nesse contexto, surgiu a crítica à casta dos brâmanes poderosos, que constituíam uma espécie de clero, com ciência dos sacrifícios. Também se fazia crítica aos deuses, numerosos e contraditórios, que se comportavam demasiadamente como os humanos. Entendia-se que tudo isso trazia instabilidade na ordem do mundo. Foi então que surgiram os Upanixades, que representam a busca de unidade dentro de si e trazem esta compreensão: o brâman (o Uno primordial) é indefinível e onipresente, invisível, absoluto e constitui uma força vital. O brâman e o atmã (alma, espírito), em última análise, são uma só coisa. No entanto, as especulações filosóficas abstratas nunca exerceram grande influência sobre a vida da maioria dos hindus. Hinduísmo Clássico Mudanças ocorreram entre os séculos 3o a.C. e 3o d.C. O povo passou a se inclinar para a adoração dosdeuses, buscando sua aprovação e bênção. Com isso, revigorou-se a piedade teísta, voltada para deuses pessoais. Novos deuses passaram a ser cultuados: Figura 2 - Vishnu ou Hari Descrição da imagem: A figura representa Vishnu, o protetor do universo na cultura hindu. ● Vishnu ou Hari: é representado com quatro braços. A crença é de que ele teve dez avatares (reencarnações), das quais as mais importantes são Rama e Krishna. Mas acredita-se que o avatar de Krishna ainda vai acontecer. Figura 3 - Shiva Descrição da imagem: A figura representa o deus Shiva, o destruidor e regenerador na cultura hindu. ● Shiva, o deus da dupla face: é o senhor dançante do Universo, que representa dissolução e destruição. A aristocracia indiana deixou um fundo social. A partir de 500 d.C., houve a ascensão dos senhores feudais, que davam presentes aos brâmanes, construíam grandes templos, dedicavam-se à guerra e às práticas sexuais, como também a práticas mágicas e supersticiosas. É importante observar que o hinduísmo é uma religião alegre. Desde tempos remotos, os cultos da fertilidade deixaram como herança um fator erótico, com alegria desinibida e sensualidade. Sua arte é representativa do amor erótico. Além disso, houve a influência do tantrismo, entre 600 e 900 d.C. Assim, permaneceu um sistema esotérico doutrinário e ritual, com veneração de divindades femininas. Há muitas representações de dançarinas sensuais e sedutoras, como também de pares sexuais e de grupos orgiásticos, que vêm dos séculos 10 a 12. É preciso reconhecer que o tantrismo valorizou as mulheres, retirou os limites das castas e valorizou até os intocáveis. Contudo, possuía uma filosofia do sexo que, com ritos macabros, legitimava a promiscuidade e a corrupção dos sacerdotes. O povo, mais próximo do puritanismo que dá libertinagem, rejeitou cada vez mais as práticas tântricas. Por essa razão, atualmente está proibida a prostituição sagrada. O hinduísmo propriamente clássico afirmou-se na Idade Média, a partir do século 6o d.C. Seu desenvolvimento se deu com os oito grandes Puranas em versos, dedicados aos deuses Brahma, Vishnu e Shiva, que constituem a trimurti, isto é, a tríade divina: a divindade, a um só tempo, cria o mundo (Brahma), o conserva (Vishnu) e o destrói (Shiva). São três aspectos de um único ser divino (KÜNG, 2004). A crença hinduísta é de que Deus é o único primordial, mas há deuses de categoria inferior, que são os devas. Desse modo, na questão do Deus pessoal, há diferentes visões e o Absoluto é visto tanto como uma inteligência impessoal como Deus pessoal. Hindus medievais Desde a Idade Média, permaneceram três sínteses denominadas Vedantas. Veja o que afirma cada uma: Afirma que o Absoluto e o mundo são a mesma coisa. Assim, busca o conhecimento místico mais elevado, por meio da meditação. Entende que o Absoluto e o mundo são completamente separados. Deus é, portanto, diferente do mundo e diferente da alma. O mundo é criado, conservado, governado e também destruído por Deus. No meio termo, afirma que o Absoluto e o mundo são 'Um' na diversidade. O Absoluto se identifica com o Deus pessoal. A convicção é de que, desde a eternidade, o Absoluto faz surgir o mundo, conserva-o, dirige-o partindo de dentro e o retoma. Cultiva a entrega a ele, em uma forma de piedade monoteísta, seja dirigida a Vishnu, Shiva ou a uma deusa. Observe o que essas sínteses têm em comum: ● a aceitação da autoridade dos Vedas, embora interpretando-os diferentemente; ● o confronto com o budismo; ● os fundadores, que são pensadores e filósofos profundamente religiosos, místicos e reformadores. A vida hindu, com base na interpretação dos Vedas, pauta-se em uma grande liberdade, aliada à obediência às complexas regras das castas. A doutrina do Karma ensina que o destino de cada um foi provocado por ele próprio em uma vida anterior, por meio de boas ou más ações. Assim, por causa das más ações pode-se renascer em uma existência pior, em uma casta inferior, ou como https://s3.us-east-2.amazonaws.com/simple.academy/cf8d1b6d-5338-4a2a-af41-7dfe4aa285c2/index.html#conteudo-aba-6 https://s3.us-east-2.amazonaws.com/simple.academy/cf8d1b6d-5338-4a2a-af41-7dfe4aa285c2/index.html#recurso-aba-6 animal, ou no inferno. Esse renascimento, porém, não se dá para sempre; a meta última é sair do sansara, isto é, do período dos nascimentos. Nessa perspectiva, também são importantes as peregrinações a lugares santos. Destaca-se Varanasi, ou Benares, que é a cidade do deus Shiva. Ali, o banho de purificação no rio Ganges, na fé de obter o perdão dos pecados, é acompanhado de inúmeros rituais e ofertas. Além disso, um pouco da água é levada para casa. É importante lembrar que a cidade de Varanasi permaneceu sob o domínio muçulmano por três séculos, desde 1194, quando muitos dos templos hindus foram destruídos pelos invasores, e muitos intelectuais tiveram de fugir para outros lugares. Em 1947, ocorreu a divisão entre a República secular da Índia e o Estado islâmico do Paquistão e, em 1971, o Paquistão Oriental declarou sua independência, passando a chamar-se Bangladesh. Não obstante, vários hindus continuam considerando os muçulmanos da Índia e do Paquistão como seus principais inimigos. Na cidade sagrada de Varanasi, além do conflito entre hindus e muçulmanos, vê-se uma superpopulação, caos no trânsito e grande miséria. Em meio a tudo isso, persistem os gurus ou sacerdotes locais, que orientam os peregrinos. Há também os ascetas, que andam seminus ou inteiramente nus, renunciam a todas as alegrias terrenas, consagram-se ao seu deus e dependem de pequenas esmolas. Hinduísmo Reformado No processo de modernização, o problema maior já não é a rivalidade entre hindus e muçulmanos, mas a necessidade de renovar a religião. Por exemplo, há o desafio de superar a discriminação da mulher e também o de preservar o conteúdo humano do hinduísmo, manifestados nos seus textos sagrados. Você pode entender isso pensando na cidade de Calcutá, na qual viveu e atuou Madre Tereza (1910-1997). Essa antiga metrópole comercial e cultural tem cerca de 12 milhões de habitantes. Depois de dois séculos sob a dominação colonial inglesa, os indianos souberam construir ali sua democracia, em um empenho de humanização, por meio do hinduísmo. Estabeleceram o princípio de igualdade de todos perante a lei, a tolerância com todas as religiões e a permissão do segundo casamento para as viúvas. O problema é que essa democracia convive com a realidade da pobreza, o analfabetismo, o fatalismo das massas, a poluição – existente até mesmo no sagrado rio Ganges –, a destruição das florestas e dos rios. O sistema de castas continua em vigor, embora tenha ficado abalado. Acontece que há uma defasagem entre as leis e a realidade social. Assim, para abolir a hierarquização em castas, é preciso mudar o sistema econômico. Sobre a questão da responsabilidade histórica, do Hinduísmo, Burkhard Sherer (2005), nos dá importantes indicações para a reflexão: O sistema de castas e os deveres sociaise religiosos individuais (svadharma) governam tão intensamente a sociedade, que no Hinduísmo o engajamento social nunca teve maior desenvolvimento. A vida atual é condicionada pelas ações anteriores – portanto pelo mau karma. Sobre este pano de fundo, a justiça social não é nem possível nem coerente. O moderno estado indiano, com sua constituição social, tenta enfrentar a rigidez desta mentalidade de muitos séculos. Isso não é fácil, porque a Índia é um país complexo. Tem mais de 1.500 línguas e dialetos. O povo indiano, que em grande parte vive no campo, defronta-se com a ameaça moderna do consumismo, desorientação moral e esvaziamento espiritual. Entretanto, não têm faltado hindus com sensibilidade humana, visão política e carisma. Desse modo, têm surgido movimentos de renovação espiritual, como o de Ramakrishna, junto com múltiplos movimentos de reformas sociais que ocorriam, especialmente te em Bengala. Ramakrishna (1836-1886) foi um camponês brâmane pobre, que, apesar da sua pouca formação, viveu experiências de transes e visões e propôs uma renovação espiritual do hinduísmo. Ele propunha um amor emocional a Deus, um Deus pessoal identificado com Kali, a deusa-mãe. Seu movimento propõe meditação, louvor ao nome de Deus e o 'caminho da entrega'. Outro movimento de renovação é o de Vivekananda (1864- 1902), um discípulo de Ramakrishna, que fora educado em uma escola cristã e, por perder a fé tradicional no hinduísmo, tornou-se um racionalista cético. Depois foi atraído por Ramakrishna e tornou-se monge. Peregrinou durante três anos em toda a Índia. Em 1893, participou do Parlamento das grandes religiões e seu discurso impressionou a todos. Sua proposta é a harmonia entre as religiões, especialmente pelo encontro entre as religiões do Oriente e do Ocidente. Hinduísmo Pós-Moderno A compreensão de Hans Küng (2004) é de que Gandhi apontou para um paradigma pós-moderno do hinduísmo. Ele denunciou o que entendeu como os sete pecados sociais modernos: ● 1) política sem princípios; ● 2) negócios sem moral; ● 3) riqueza sem trabalho; ● 4) educação sem caráter; ● 5) ciência sem humanidade; ● 6) prazer sem consciência; ● 7) religião sem sacrifício. Observe que foi com exemplar coragem que Gandhi levou adiante a renovação iniciada por seus antecessores. Ele mobilizou as massas sem violência, mas foi uma não violência ativa, inclusive na forma de desobediência civil. Sua proposta era a da convivência pacífica das religiões, defendendo que, na Índia, hindus e muçulmanos tinham de ser irmãos e, juntos, combater a desigualdade social, a exploração econômica e a corrupção generalizada. Poli e Sandhu (1998) observam, também, que Gandhi era um hindu, mas não quis ser um reformador religioso. Sua insistência esteve em uma recusa inflexível da condição dos sem casta, também denominados "intocáveis". Ele praticou e pregou a tolerância, a compreensão, a pobreza voluntária, a castidade, a não violência ativa e a plena adesão à verdade, com disposição até ao sacrifício da própria vida. Aqui nós falaremos sobre Hinduísmo. O hinduísmo é uma das religiões mais antigas e complexas do mundo. Originária da Índia, tem uma rica história e tradição que abrange milhares de anos e uma ampla variedade de crenças, práticas e textos sagrados. Uma das características mais marcantes do hinduísmo é sua crença em muitos deuses e deusas, cada um com seu próprio papel e personalidade. Embora haja muitos deuses, o hinduísmo ensina que há um único poder supremo, conhecido como Brahman. Os deuses e deusas são manifestações de dele, e cada um é adorado por sua especialidade e papel na vida humana. O hinduísmo também ensina que cada pessoa tem uma alma eterna, conhecida como Atman, que é uma parte de Brahman. A ideia é que, ao longo das vidas, a alma passa por ciclos de morte e renascimento, conhecida como samsara. O objetivo final do hinduísmo é escapar do ciclo de samsara e alcançar a união com o supremo, um estado conhecido como moksha. Outra característica fundamental do hinduísmo é a importância do karma. Karma é a ideia de que todas as ações têm consequências, tanto nesta vida quanto nas próximas. As ações positivas podem levar a uma vida melhor no futuro, enquanto as negativas podem levar a dificuldades e sofrimentos. O hinduísmo também tem uma grande variedade de práticas religiosas, incluindo ioga, meditação, canto de mantras, peregrinações a locais sagrados e rituais diários em casa. A religião também tem uma rica tradição de literatura sagrada Embora o hinduísmo tenha uma rica história e tradição, não há um único líder ou autoridade central que controla a religião. Ao invés disso, há muitas escolas de pensamento diferentes e linhagens espirituais que interpretam os ensinamentos do hinduísmo de maneiras diferentes. Isso levou a uma grande diversidade dentro da religião, com muitas crenças e práticas regionais diferentes. Os hindus têm uma diversidade impressionante em termos de línguas, costumes, tradições e práticas religiosas. Essa diversidade é influenciada pela vasta extensão geográfica da Índia e pelas florestas históricas com diferentes culturas e religiões. Embora a maioria dos hindus compartilhe certas crenças e valores fundamentais, há uma ampla variedade de rituais, festivais e divindades veneradas em todo o país. A religião é uma parte integrante da vida diária dos hindus. Frequentemente visitam templos, fazem oferendas, participam de rituais e rezam em busca de bênçãos e orientação espiritual. Além disso, muitos hindus praticam ioga e meditação como formas de alcançar o equilíbrio mental, físico e espiritual. A família desempenha um papel central na vida dos hindus. A maioria dos hindus segue o sistema de castas, que divide a sociedade em diferentes grupos hierárquicos com base no nascimento. Ainda que esse sistema tenha evoluído ao longo do tempo, a estrutura social ainda influencia as relações e é permitida entre as pessoas. Os parentes são fortes e os hindus valorizam muito o respeito aos mais velhos e o cuidado com os membros da família. Além das práticas religiosas, os hindus contribuíram de forma significativa para diversas áreas do conhecimento e da cultura. A Índia é berço de grandes filósofos, matemáticos, cientistas, artistas e escritores hindus que fizeram contribuições notáveis em suas respectivas áreas. Os hindus têm um profundo respeito pela natureza e pelos animais. A vaca é considerada sagrada e é objeto de devoção e proteção. Acredita-se que todos os seres vivos estão interligados e que devemos viver em harmonia com a natureza. O hinduísmo pós-moderno é uma abordagem contemporânea que surge da interação entre os princípios e práticas tradicionais e as influências da era pós-moderna. É uma tentativa de reinterpretar os ensinamentos e tradições hindus à luz das complexidades e desafios do mundo moderno. Uma característica fundamental do hinduísmo pós-moderno é a ênfase na individualidade e na liberdade de escolha. Os hindus pós-modernos veem a religião como uma experiência pessoal e subjetiva, buscando uma conexão direta coma individualidade, ao invés de depender exclusivamente de instituições religiosas ou dogmas. Essa abordagem pós-moderna do hinduísmo também valoriza a pluralidade e a diversidade de perspectivas. Os hindus pós-modernos reconhecem que há muitas maneiras diferentes de interpretar e praticar a religião, e cada indivíduo tem o direito de seguir seu próprio caminho espiritual. Isso promove a tolerância religiosa e a abertura para abraçar ideias e tradições de outras religiões e culturas. Além disso, o hinduísmo pós-moderno enfatiza a importância da experiência direta e da intuição espiritual. Os praticantes são encorajados a explorar e experimentar a espiritualidade por meio de práticas como meditação, yoga, rituais personalizados e busca interior. A busca da verdade pessoal e da autorrealização é valorizada acima das normas e convenções tradicionais. A influência da pós-modernidade também se reflete nas questões sociais e éticas abordadas pelo hinduísmo pós-moderno. Os hindus pós-modernos estão engajados em questões como justiça social, igualdade de gênero, direitos humanos, meio ambiente e sustentabilidade. Eles procuram aplicar os princípios do hinduísmo, como o respeito por todas as formas de vida e o conceito de interconexão, para enfrentar os desafios globais contemporâneos. O hinduísmo pós-moderno também busca se adaptar ao avanço da tecnologia e à era digital. Os hindus pós-modernos estão cada vez mais usando a internet e as mídias sociais como ferramentas para disseminar conhecimento espiritual, conectar-se com outros praticantes e criar comunidades virtuais de apoio. No entanto, é importante ressaltar que não é uma abordagem vivida e existem diferentes interpretações e práticas dentro desse movimento. Alguns podem se afastar mais dos elementos tradicionais do hinduísmo, enquanto outros podem buscar um equilíbrio entre a tradição e a inovação. Em resumo, o hinduísmo é uma religião antiga e complexa que ensina a crença em muitos deuses e deusas, a importância da alma e do karma, e uma ampla variedade de práticas religiosas. Com sua rica tradição e diversidade, continua a ser uma influência importante na vida cultural e religiosa da Índia e em todo o mundo. Xintoísmo e Taoísmo A cultura japonesa formou-se com base em um complexo cultural, com marcas dos mongóis, chineses, coreanos e indonésios. Contudo, além das influências de sociedades orientais mais antigas, os próprios japoneses moldaram sua cultura pela arte de lidar com a natureza hostil. Daí vem o caráter persistente e guerreiro. No entanto, é bom destacar que a forte influência cultural da China se fez especialmente por seu governo imperial, baseado na autoridade religiosa. A antiga organização social japonesa era realizada por meio de clãs, isto é, famílias unidas por um antepassado comum e culto ao mesmo deus protetor. Todavia, entre os clãs havia permanentes guerras, e, por essa razão, a casta dos samurais ganhou prestígio, que eram os guerreiros e cultivavam os valores da fidelidade aos superiores e da disciplina. Mas, o que é xintoísmo? O termo advém de xin-tao, expressão chinesa que significa 'caminho dos seres divinos'. Algumas de suas características são: a. É uma religião voltada para o mundo presente, sem uma doutrina elaborada sobre a vida no além-morte. b. Não tem fundadores, formou-se da espontaneidade popular e mais tarde foi reelaborada pela classe imperial. c. Não tem dogmas, nem teologia nem escritura sagrada, já que os livros da história do Japão são considerados livros religiosos. d. Não tem um código moral, sendo que a ética xintoísta reduz-se a poucos preceitos fundamentais, como o de não ter falsidade. A forma primitiva do xintoísmo possui um caráter animista-naturalista e raízes do xamanismo. Isso se evidencia no culto dos kami, seres divinos que podem se hospedar em tudo o que existe. Aliás, não há deuses. O culto dos kami é a essência do xintoísmo, na qual se acredita que se houver um kami, cria-se um culto. Destaca-se o culto a Amaterasu, a kami do Sol, cujo santuário natural é a montanha Fuji. O xintó primitivo era uma religião alegre, cheia de gentilezas e amor pela natureza. Fundia crenças e ritos populares com os elementos da natureza, na compreensão de que a natureza é o kami e o kami é a natureza. Saiba Mais Há o culto dos ancestrais, mais preservado pelas mulheres, e o culto dos mortos, que é de origem chinesa. Os ritos funerários são uma forma de homenagear os mortos e manter sua harmonia com os vivos. A crença é de que a alma sobrevive, mas o céu é reservado ao imperador e sua família, aos guerreiros e servidores, enquanto o povo desce a um mundo subterrâneo. Cada família tem um mita maya, um pequenino templo, com tabuletas com os nomes dos antepassados, precedidos da palavra mikoto, que significa "ilustre". Tem, também, um sacrário com algum objeto sagrado. Influência do budismo O budismo chegou da China, no século 6o d.C. Dois séculos depois, difundiu-se no meio popular, transformando-se em um sincretismo xinto-budista. Como se deu esse sincretismo? A princípio, Buda foi entendido como um kami, a quem se pedem grandes favores. Os kami passaram a ser considerados como reencarnações de Buda. A ética do budismo foi entrando, pouco a pouco, no desprezo pelas coisas mundanas, compaixão pelo próximo e esperança de salvação após a morte. Além disso, o budismo trouxe da China uma nova arquitetura e um culto mais rico e impressionante do que os cultos tradicionais do Japão. Reação contra o budismo Como explica Piazza (1996), no século 13 d.C., houve um renascimento da consciência nacional, que moveu uma reação contra a onda budista. Difundiu-se a convicção de que os kami não reencarnam. Os antigos sacerdotes passaram a publicar a memória e a doutrina do xintoísmo e a convencer os japoneses de que Amaterasu era superior a Buda. A esse interesse da religião uniu-se a importância política, que almejava constituir o primado do mikado (a casa imperial). Foi nessa época que surgiram os três grandes movimentos budistas de feição japonesa: Jôdo, Zen, Nichirin. contra as prepotências feudais dos governadores militares. Também queriam afirmar a primazia da raça nipônica, entendida como de ascendência divina. Reforma do imperador Meiji Milanese e Santangelo (1999) observam que, durante séculos, o xintoísmo sofreu influências de outras religiões. Veja a seguir as principais e de que forma essas influências ocorreram: ● budismo: nos ritos, na arquitetura dos templos, no conceito de oração e na teoria da reencarnação; ● confucionismo: no culto dos antepassados e no senso de pertença e de dever do indivíduo para com a sociedade; ● do taoísmo: nas crenças animistas e nas práticas mágicas. No século 17, o imperador Meiji reagiu com uma reforma. Trouxe de volta a forma primitiva do xintó, mas criou um xintoísmo de Estado, com seus santuários, separado do xintoísmo popular e de seus lugares de culto. Religião e política fundiram-se, e o imperador foi deificado. Dessa maneira, formou-se umxintoísmo estatal, fundido com o império japonês. Mas a forma primitiva do xintoísmo seguiu seu curso. No século 20, na Segunda Guerra Mundial, houve a rendição japonesa, e o imperador renunciou à prerrogativa de divindade. Atualmente, uma problemática a discutir é a dos riscos por que passa o xintoísmo na sociedade japonesa moderna. Taoísmo Literalmente é uma passagem que tem como inícios fundamentais na sua doutrina, a convivência junto à natureza. Por que será a razão do nome Taoísmo, uma derivação apenas do nome Tao? Depararemos os segredos que circulam o Taoísmo, consentindo uma hermenêutica de simples abrangência, a fim de que se perceba a sua visão de mundo. O Taoísmo, do mesmo modo como o Confucionismo, faz parte do conjunto antropológico e socio-histórico da China que, por meio da sua tradição, tem uma fabulosa e expressivo valor para a sociedade chinesa, no tocante ao campo religioso. Com isso, o nosso olhar percebera um pouco do seu contexto, para reconhecermos seu simbolismo, que estará voltado para o centro da sabedoria chinesa. O Taoísmo busca continuamente um exemplo singular e modelar: o Tao. Um fato emblemático, “fons et origo”, de toda a inspiração. Segundo Mircea Eliade: [...] tal como Confúcio, que propunha o seu ideal do “homem perfeito”, tantonos soberanos como a qualquer indivíduo desejoso de instruir-se, Lao Tsé convida os chefes políticos e militares a se comportar como taoístas, ou, em outras palavras, a seguir o mesmo modelo exemplar: aquele proposto pelo Tao. Mas é essa a única semelhança entre os dois Mestres. Lao Tsé critica e rejeita o sistema confuciano, ou seja, a importância dos ritos, o respeito aos valores sociais e o racionalismo [...]. [Enquanto] Para os confucionistas, a caridade e a justiça são as maiores virtudes. Lao Tsé, no entanto, vê nelas atitudes artificiais, portanto, inúteis e perigosas. (ELIADE, 1979, p. 40-41). O Taoísmo tem como base basilar o preceito politeísta e a filosofia de crenças que integram antigos ambientes simbólicos e misteriosos da religião popular chinesa, por exemplos: ritos aos antepassados, cerimoniais de exorcismo, crenças místicas e também feitiço. Dessa forma, a origem da filosofia do Taoísmo é atribuída aos ensinamentos do mestre chinês “Laozi” ou Lao Tsé (velho mestre), qu viveu no século IV, foi contemporâneo de Confúcio, segundo relatos de alguns dos historiadores, por volta dos anos (550 a.C.). Apesar de essa não ser uma religião popular em nível mundial, ainda assim seus ensinamentos têm influenciado muitas seitas modernas. O Taoísmo emana a ser extremamente mais que uma filosofia e, devido às suas propriedades, tornou-se, de certo feitio, um apropriado movimento religioso, por ter adotado meios das primeiras, ou antigas religiões chinesas. Em torno de 600-500 a.C., Lao-Tsé registrou um livro chamado “Tao Tê Ching” ou, como é estimado, Livro da Lei do Universo e Sua Virtude. O nome Taoísmo é constituído pelos dois ideogramas chineses: “Tao”, que constitui caminho, mas além disso o Ser supremo ao qual a passagem acarreta, e “Diao”, que significa ensinamento. A religião corresponde à tradição que vem do passado, que revela a origem e, nesse sentido, é atribuída ou concebida como o Caminho da Imortalidade. É uma energia misteriosa, não se refere a uma pessoa e imanente que dá a existência e a consonância. Sendo então um caminho de observação da natureza, de seus ritmos e fluxos. O Taoísmo é um movimento religioso, no qual Lao-Tsé recebeu as atribuições dos manuscritos do Tao Te Ching, supostamente do (séc. IV a.C.). Tem como regiões predominantes: China, Coréia, Mandchúria, Taiwan e Hong Kong. Atualmente, soma aproximadamente 180 milhões de pessoas, um quantitativo “misto”. Saiba Mais No Brasil, a Sociedade Taoísta tem sede no Rio de Janeiro, sendo seu então presidente, o mestre Wu Jyh Cherng. Em comparação com o Confucionismo ortodoxo, o Taoísmo é uma religião mais mágica. Conforme o pensamento histórico, Lao Tsé voltou após três dias com os princípios textos em um pequeno livro com perto de 5.500 palavras. Com isso o nomeou de “Tao te Ching”, o “Caminho e seu Poder” ou o “Caminho e Princípios Morais”. Depois, ele subiu em um búfalo e confinou para nunca mais retornar. Faz-se apropriado observarmos que: Além de Lao Tse, também não pode deixar de ser mencionado Chuan-tzu, suposto autor do clássico From the Southern Land of the Blossoms [Da terra das flores do sul] – transformou-se em um moviemnto antilegalista e anticonfucionista de oposição. Esse movimento desenvolveu-se já na era Han sustentado por eremitas e solitário-,porém mais tarde também por protestadores isto é, rebeldes e revolucionários políticos. (KUNG, 2004, p.125). Lao Tsé (1998) foi canonizado pelo imperador Han entre os anos 650 e 684 a.C. Conforme a narrativa, ele faleceu no ano 517 a.C.O Taoísmo é uma Religião ancestral, visto que inúmeras comunidades Taoístas existiam desde os tempos imemoriais na região onde atualmente se situa a China. A sociedade Taoísta, constituída da forma como existe na atualidade, se principiou com o Imperador Amarelo, Huan Ti, no ano de 2897 antes da era comum (AEC), ano em que Huan Ti estabeleceu o Império e motivou o ano zero do Calendário Chinês, que ainda se depara em força. O Taoísmo pode ser dividido em três momentos: 1. anterior ao Imperador Amarelo (até 2897 antes da era comum); 2. entre o Imperador Amarelo e Lao Tse, 2897 a 1000 antes da era comum; 3. após Lao Tse, posteriormente 1000 antes da era comum, sendo Lao Tse o estabelecedor da atual origem de Escolas Taoístas. Desse modo, as Camadas Taoístas são chefiadas por uma Ordem Ortodoxa Unitária, estabelecida por Chan Tao Lin, Mestre Celestial (entre 33 e 156 da era comum.). A sede atual da Ordem fica no monte Log Hu (na Província Chiang Shi na China Continental). Com isso, ao avaliarmos o Taoísmo como religião sincrética, podemos perceber que: “diferentemente do Confucionismo dos literati, religião oficial e ‘irreligiosa’ que, se não persegue a magia popular, pelo menos a discrimina e desvaloriza, o Taoísmo a acolhe generosamente e, nutriz, nunca a deixou de retroalimentar.” (PIERUCCI, 2002, p. 121). Quão grandemente para a humanidade moderna a extensão mística pode cumprir um papel crucial, muitas pessoas distinguem que já contiveram algum tipo de experimento místico, de forma que fundamentalmente não apresentasse que atribuí-las a alguma religião particular. Entretanto, fazem parte do jeito de existência desses “místicos modernos” o fato de que, de modo total, não assumiram nenhum modo ativo para se conduzir a um estado místico. De repente, no ambiente do agitamento da vida diária, conheceram aquilo que pode ser conhecida de “consciência cósmica”, “sensação oceânica” ou “osmose mental”, o que revoga sendo um experimento místico irrefletido, ao passo que o sujeito tampouco dá conta do que lhe esteja acontecendo. Dessa forma, ao que pertence a mística do Taoísmo,este implica o universo/Tao como sendo um conjunto indivisa e dinâmica. Tendo, assim, na sua conciliação todos as criaturas e todos os fatos (visíveis e invisíveis) e movimentada pela alternância entre polaridades opostas yin-yang, tendo em vista que não o afastamento entre mente-corpo, natureza-cultura. Do que se constitui o Taoísmo? O Taoísmo se constitui, fundamentalmente, como uma prática corporificada, orientada por um ideal de retorno a um estado de espontaneidade “original”, que paradoxalmente pode ser reconquistado por uma árdua disciplina diária de treinamento (SCHIPPER, 1997). As técnicas corporais praticadas diariamente durante um longo período de tempo biográfico acabam produzindo um tipo específico de subjetividade corporificada, ao qual é marcada por uma lentidão e também pela placidez. Dessa forma, obtém-se a equidade clássica e o equilíbrio, tendo em vista que os corpos taoístas se diferenciam por uma aversão o aceleramento, às cobranças continuamente ampla de performance e ao consumismo forçoso contemporâneos. Também é marcada por uma cosmologia fundamentada no Tao e acompanhada a conceitos de naturalidade e espontaneidade, qualidades que gera uma direção heterogêneo de conhecimentos pertencentes aos mais distintos campos da cultura chinesa. No tocante ao espaço dos estilos abstratos de misticismo, são caracterizados pela proeminência da transmissão de técnicas que proporcionam uma transformação da consciência. “No caso do Taoísmo, estas são fundamentalmente técnicas corporais” (BIZERRIL, 2007). Portanto, tendo no que podemos entender como resultados devido ao longo período da prática, é a obtenção de serenidade e controle sobre os desejos e a incorporação de um saber prático sobre o corpo próprio e de outrem. Sendo, entretanto, o Taoísmo à época uma religião caminhando para se tornar popular, alguns discípulos de Lao-Tsé direcionaram o misticismo natural para aspectos mais mágicos, visto que foram os elementos de magia que encontraram maior ressonância entre as massas, tendo sido incorporados aos rituais religiosos dos tempos mais antigos. Por exemplo, Lao-Tsé (1998) acreditava que quando um indivíduo permanece passivo, conserva sua força vital por um período de tempo e assim se mantém saudável e puro. Momentos depois, algumas pessoas principiaram a decifrar essa ideia como o em penhor de conseguir uma longevidade cada vez maior, o que os induziram a se preocupar por um conceito de se contornarem imortais. Com esse caminho, pensadores taoístas, além da reflexão, estudavam métodos mágicos e apostavam encontrar a bebida para uma vida eterna, estando corriqueiro o exercício de meditação pelos taoístas. É pertinente ressaltarmos as principais práticas desenvolvidas pelo povo oriental taoísta e também por adeptos do lado ocidental. Assim, destacam-se: Assim sendo, tem o Tao um papel principal e admirável no desenvolvimento histórico-religiosa na cultura do povo chinês, o que rebate nossa dúvida introdutória que, além de filosofia, é mais que uma religião, tendo em vista todo o seu fundamento ou mito iniciante pelo meio do sincretismo com as demais religiões místicas e populares da China. Como bem pontua Pierucci (2002, p.125), uma “conivência, cumplicidade, colaboração e incentivo mútuo” entre Taoístas e magia. Isso nos ajuda a perceber que as criatividades religiosas que contiveram lugar na China não chegaram a ampliar, nem teórica nem praticamente, pretextos de desvalorização da magia em seu sentido positivo de salvação, sendo, assim, um empecilho à racionalização ética, típica calvinista. Weber ressalta como essa fé nas trilhas mágicas de salvação e a privação de alguma novidade compõem atinadas barreiras para o incremento de uma conexão racional intramundana. Perante destes rudimentos e métodos, o taoísta obtém a longevidade de forma a estabelecer o seu corpo a partir dos órgãos internos, ao contrário ao feitio de juventude obtido biotecnologicamente pelo ocultamento das marcas que o tempo estampa sobre a pele, inclusive pela introdução de próteses para dar ao corpo formas produzidas, seja pela ingestão de suplementos alimentares ou esteroides, a fim de assegura uma atuação muscular extravagante para o corpo. Dessa forma, a tradição ensina uma estratégia existencial que consiste numa adequada economia da energia vital, que são: utilizar apenas a força e a atenção necessária para desempenhar uma tarefa com eficácia, não se exceder no esforço, moderar os desejos e diminuir a velocidade (BIZERRIEL, 2007, p.86). Assim, a existência e o seu método instruem, adiante de tudo, a venerar o que a coisa comanda e não a conjectura de que se tem sobre ela. Com base na análise sobre as práticas taoístas, sobretudo ao que concerne às atividades físicas ou qualquer atividade que seja, “o corpo é o suporte da intuição, da memória, do saber, do trabalho e, sobretudo, da invenção” (SERRES, 2004, p. 36). Por consecutivo, a compreensão taoísta de circuito de vida humana conduz para uma aspecto do ponto antropológico. esta aula na qual trataremos a respeito de duas religiões orientais, o Xintoísmo e o Taoísmo e características relacionadas a elas. Prepare o seu material e fique atento às informações. Vamos lá? A cultura japonesa formou-se com base em um complexo cultural, com marcas dos mongóis, chineses, coreanos e indonésios. Contudo, além das influências de sociedades orientais mais antigas, os próprios japoneses moldaram sua cultura pela arte de lidar com a natureza hostil. Daí vem o caráter persistente e guerreiro. No entanto, é bom destacar que a forte influência cultural da China se fez especialmente por seu governo imperial, baseado na autoridade religiosa. Mas, o que é xintoísmo? O termo advém de xin-tao, expressão chinesa que significa 'caminho dos seres divinos'. Algumas de suas características são: É uma religião voltada para o mundo presente, sem uma doutrina elaborada sobre a vida no além-morte. Não tem fundadores, formou-se da espontaneidade popular e mais tarde foi reelaborada pela classe imperial. Não tem dogmas, nem teologia nem escritura sagrada, já que os livros da história do Japão são considerados livros religiosos. Não tem um código moral, sendo que a ética xintoísta reduz-se a poucos preceitos fundamentais, como o de não ter falsidade A forma primitiva do xintoísmo possui um caráter animista-naturalista e raízes do xamanismo. Isso se evidencia no culto dos kami, seres divinos que podem se hospedar em tudo o que existe. Aliás, não há deuses. O culto dos kami é a essência do xintoísmo, na qual se acredita que se houver um kami, cria-se um culto. O xintó primitivo era uma religião alegre, cheia de gentilezas e amor pela natureza. Fundia crenças e ritos populares com os elementos da natureza, na compreensão de que a natureza é o kami e o kami é a natureza. Há o culto dos ancestrais, mais preservado pelas mulheres, e o culto dos mortos, que é de origem chinesa. Os ritos funerários são uma forma de homenagear os mortos e manter sua harmoniahistórico da Igreja se apoia: Na encarnação do Logos e na entrada deste na história humana; mas, sobretudo, em que Cristo quis que a Igreja fosse comunidade de homens (o povo de Deus) sob a direção e governo de homens (colégio apostólico, episcopado, primado papal) e a fez assim, depender do trabalho humano e, também, da fraqueza humana. No entanto, não a abandonou a si mesma. Sua enteléquia ou princípio vital, que transcende a história, é o Espírito Santo que a preserva do erro, cria e mantém nela a santidade e a pode tornar acreditável por milagres. Sua presença e ação na Igreja pode, como a da graça na alma individual, deduzir-se por efeitos históricos comprováveis, mas em si mesma é objeto de fé. Da ação conjunta deste fator divino com o humano, no tempo e no espaço surge a história da Igreja. A História da Igreja, enquanto disciplina, é definida de diversas maneiras. E as definições disponíveis variam de autor para autor. No entanto, essas definições convergem quando afirmam que a disciplina se trata da ciência que estuda, investiga e busca explicações para o desenvolvimento. A essa definição genérica podemos acrescentar ainda que a disciplina se trata também da história dos seguidores de Cristo que atuam em todo o mundo, guiados pelo Espírito Santo, com o objetivo de testemunhar a proposta salvadora e redentora de Jesus para toda a humanidade. A esse respeito Jedin (1980, p. 27) afirma que: O objeto da história da Igreja é o crescimento, no tempo e espaço, da instituição de Cristo que leva esse nome. Pelo fato de receber tal objeto da teologia e mantê-lo dentro da fé, a história da Igreja é uma disciplina teológica e se distingue de uma mera história do cristianismo. No entanto, seu ponto teológico de partida, o conceito da Igreja, não pode entender-se de maneira que a estrutura da Igreja estabelecida pela dogmática possa assentar-se ou ficar bem como esquema prévio da exposição histórica, nem demonstrar-se sobre ela, pois isso limitaria ou impediria a comprovação histórico empírica baseada nas fontes, das manifestações de sua vida; o conceito teológico da Igreja só implica sua origem divina pela obra de Jesus Cristo, a ordem hierárquica e sacramental por Ele estabelecida em seus fundamentos, a promessa da assistência do Espírito Santo e seu direcionamento à consumação escatológica, isto é, àqueles elementos sobre os quais se funda sua identidade essencial ou continuidade através de todas as mudanças de forma em que se manifesta. A imagem da 'nave da Igreja', que faz, perfeita e imutável, sua travessia pelo mar dos séculos, é menos adequada que a comparação, usada já por VICENTE DE LERINS, do crescimento do corpo humano e da sementeira, que 'não afeta para nada a sua propriedade nem traz mudança alguma em sua essência' (Commonitorium, cap. 29). Do mesmo modo que o grão de trigo germina e brota, gera o talo e a espiga, mas permanece sempre trigo, assim a Igreja realiza a sua essência num processo histórico com formas várias, mas permanece sempre igual a si mesma. Aprofundando essa reflexão, Jedin (1980) refere a experiência de duas vertentes importantes em se tratando dessa profusão de definições da disciplina História da Igreja: uma delas ligada ao pensamento ilustrado e racionalista, que a definia com base em uma visão antropocêntrica e uma outra proposta, como a de Möhler e Erhard, ancorada em uma visão teocêntrica. A propósito dessa menção, Jedin (1980, p. 28) define a História da Igreja da seguinte maneira: A história da Igreja como 'a série de desenvolvimentos do princípio de luz e vida comunicado por Cristo à humanidade, para uni-la de novo com Deus e prepará-la para a bem-aventurança'. Quando o historicismo do fim do século XIX tentou reduzir a história da Igreja à história profana e fazer do historiador eclesiástico um historiador leigo, Albert Erhard introduziu a denominação 'teologia histórica' e definiu como objeto da história geral da Igreja 'a indagação e exposição do curso efetivo do cristianismo em sua manifestação organizada como Igreja, ao longo de todos os séculos de seu passado, em toda a extensão de seus elementos e em todos os aspectos de sua vida (JEDIN, 1980, p. 28). O Cristianismo, entre o ano 1 a 692, neste período conhecido como Antiguidade Cristã, ampliou-se em meio a outras culturas (romanos, gregos e judeus), civilizações amplamente desenvolvidas que acenderam sem ele e antes dele. Essas culturas, em sua ampliação histórica, tomaram, uma atitude de estranhamento, chegando mesmo a perseguir os cristãos. A implicação disso foi o fato de que, neste período, o Cristianismo teve que se constituir internamente e encarar as contestações e perseguições externas. Esse período é o da vida interior da Igreja e da predominante ou exclusiva atividade religiosa. O quadro externo é essencialmente distinto antes e depois do ano 313. Antes dessa data, a Igreja, no que concerne ao âmbito da vida externa, encontrava-se em uma posição, sobretudo, de defesa; devia sustentar uma luta sangrenta pelo seu direito de existência e tentava definir as suas relações com a civilização. Os cristãos representavam uma minoria. Depois de 313, o Cristianismo foi libertado (Edito de Milão emitido em nome dos imperadores Constantino, Licínio e Galério) e converteu-se em religião oficial de Estado (conversão consolidada durante o governo do imperador Teodósio, a partir do ano 380). O método de ação da Igreja tornou-se positivo e as massas aproximaram-se aderindo à Igreja. A Igreja adquiriu estreitas afinidades com o Estado e com a civilização, transformando-se em enorme instituição no mundo. As contendas espirituais, agora, situavam-se no interior da Igreja e acenderam em autoridade (questões cristológicas, trinitárias, soteriológicas e concílios ecumênicos). A Antiguidade Cristã é, portanto, a época do surgimento da Igreja; da sua primeira atividade missionária e da concretização de sua experiência frente ao Estado, à cultura, à heresia e, depois, da consolidação da base consciência dogmática de si. Jedin (1980, p. 34) chama este período de "propagação e desenvolvimento da Igreja no espaço helenístico-romano" e o descreve com as seguintes palavras: Nascida na terra mãe judia, a Igreja se propaga, dentro do orbe cultural helenístico-romano, sobretudo o império romano e no oriente, mais além de suas fronteiras. Desconhecida juridicamente e reitera damente perseguida até Constantino o Grande é, a partir do século IV, religião do império. A constituição metropolitana se apóia na divisão imperial, os concílios ecumênicos são conselhos imperiais; a primazia do bispo de Roma não atenta para nada ante a ampla autonomia dos patriarcados orientais. A partir da aparição dos apologistas gregos no século II, o cristianismo polemiza com a religião e cultura do oriente romano helenizado; se vale da filosofia grega para formular os dogmas trinitário e cristológico nos quatro primeiros concílios ecumênicos, ecom os vivos. A crença é de que a alma sobrevive, mas o céu é reservado ao imperador e sua família, aos guerreiros e servidores, enquanto o povo desce a um mundo subterrâneo. O budismo chegou da China, no século 6o d.C. Dois séculos depois, difundiu-se no meio popular, transformando-se em um sincretismo xinto-budista. No século 17, o imperador Meiji reagiu com uma reforma. Trouxe de volta a forma primitiva do xintó, mas criou um xintoísmo de Estado, com seus santuários, separado do xintoísmo popular e de seus lugares de culto. Religião e política fundiram-se, e o imperador foi deificado. Dessa maneira, formou-se um xintoísmo estatal, fundido com o império japonês. Mas a forma primitiva do xintoísmo seguiu seu curso. No século 20, na Segunda Guerra Mundial, houve a rendição japonesa, e o imperador renunciou à prerrogativa de divindade. Atualmente, uma problemática a discutir é a dos riscos por que passa o xintoísmo na sociedade japonesa moderna. Literalmente é uma passagem que tem como inícios fundamentais na sua doutrina, a convivência junto à natureza. Por que será a razão do nome Taoísmo, uma derivação apenas do nome Tao? Depararemos os segredos que circulam o Taoísmo, consentindo uma hermenêutica de simples abrangência, a fim de que se perceba a sua visão de mundo. O Taoísmo, do mesmo modo como o Confucionismo, faz parte do conjunto antropológico e socio-histórico da China que, por meio da sua tradição, tem uma fabulosa e expressivo valor para a sociedade chinesa, no tocante ao campo religioso. Com isso, o nosso olhar percebera um pouco do seu contexto, para reconhecermos seu simbolismo, que estará voltado para o centro da sabedoria chinesa. O Taoísmo tem como base basilar o preceito politeísta e a filosofia de crenças que integram antigos ambientes simbólicos e misteriosos da religião popular chinesa, por exemplos: ritos aos antepassados, cerimoniais de exorcismo, crenças místicas e também feitiço. Apesar de essa não ser uma religião popular em nível mundial, ainda assim seus ensinamentos têm influenciado muitas seitas modernas. O Taoísmo emana a ser extremamente mais que uma filosofia e, devido às suas propriedades, tornou-se, de certo feitio, um apropriado movimento religioso, por ter adotado meios das primeiras, ou antigas religiões chinesas. Em torno de 600-500 a.C., Lao-Tsé registrou um livro chamado “Tao Tê Ching” ou, como é estimado, Livro da Lei do Universo e Sua Virtude. O nome Taoísmo é constituído pelos dois ideogramas chineses: “Tao”, que constitui caminho, mas além disso o Ser supremo ao qual a passagem acarreta, e “Diao”, que significa ensinamento. Essa religião corresponde à tradição que vem do passado, que revela a origem e, nesse sentido, é atribuída ou concebida como o Caminho da Imortalidade. É uma energia misteriosa, não se refere a uma pessoa e imanente que dá a existência e a consonância. Sendo então um caminho de observação da natureza, de seus ritmos e fluxos. No Brasil, a Sociedade Taoísta tem sede no Rio de Janeiro, sendo seu então presidente, o mestre Wu Jyh Cherng. Em comparação com o Confucionismo ortodoxo, o Taoísmo é uma religião mais mágica. O Taoísmo pode ser dividido em três momentos: anterior ao Imperador Amarelo (até 2897 antes da era comum); entre o Imperador Amarelo e Lao Tse, 2897 a 1000 antes da era comum; após Lao Tse, posteriormente 1000 antes da era comum, sendo Lao Tse o estabelecedor da atual origem de Escolas Taoístas. A tradição ensina uma estratégia existencial que consiste numa adequada economia da energia vital, que são: utilizar apenas a força e a atenção necessária para desempenhar uma tarefa com eficácia, não se exceder no esforço, moderar os desejos e diminuir a velocidade. Assim, a existência e o seu método instruem, adiante de tudo, a venerar o que a coisa comanda e não a conjectura de que se tem sobre ela. Com base na análise sobre as práticas taoístas, sobretudo ao que concerne às atividades físicas ou qualquer atividade que seja, “o corpo é o suporte da intuição, da memória, do saber, do trabalho e, sobretudo, da invenção”. Por consecutivo, a compreensão taoísta de circuito de vida humana conduz para uma aspecto do ponto antropológico. Chegamos ao final da nossa aula. Até aqui foi possível conhecermos melhor sobre o Xintoísmo e Taoísmo, religiões orientais com características únicas e de incidência milenar. Também vimos a respeito de como o budismo influenciou o Xintoísmo e quais são as formas que essas crenças são praticadas pelos seus adeptos. Budismo O budismo é considerado a mais antiga das religiões mundiais. Sua filosofia de vida e proposta orientada pelo desejo de perfeição atravessam épocas e fronteiras. Sabemos, por exemplo, que, no panorama das religiões, o hinduísmo é bem mais antigo. Contudo, é importante reconhecer que, diferente do budismo, ele constitui uma religião étnica, pois surgiu no seio da cultura indiana e nela se move. Nesse sentido, o budismo, embora nascido no Extremo Oriente, desde o início é aberto às múltiplas etnias. De fato, ele se afirmou como religião universal por não estar ligado a um povo ou grupo social em particular. Pode-se afirmar que, o budismo tem uma vocação universal similar à do cristianismo, do islamismo, do judaísmo. É importante saber que o budismo nasceu em uma época de mudança de paradigma, entre os séculos 6o e 5o a.C., quando ocorreram importantes transformações para a humanidade. Filósofos e religiosos libertavam-se de inúmeras tradições que viam como superadas, buscando mais profundamente o mistério da vida e da pessoa. Já não lhes bastava repetir velhas fórmulas mágico-religiosas. Assim, ao se questionarem sobre o porquê da dor, da morte, do bem e do mal, essas pessoas queriam respostas mais convincentes. Nessa época, despontam na história da humanidade personalidades como a de Confúcio, na China; Sócrates e Platão, na Grécia; Akhenaton, no Egito; e Siddharta Gautama, o Buda, na Índia, propondo uma profunda renovação. Saiba Mais O budismo nasceu no sul da Índia, na 'Região do Meio', constituída por pequenos Estados ao sul da cadeia do Himalaia. Os árias haviam ocupado essa região, antes de 1000 a.C. O ambiente era o do hinduísmo, uma religião de cerimônias, com a sociedade dividida em castas, diversidade de deuses, doutrina da reencarnação, atribuição de culpa pelo sofrimento a uma vida anterior. Embora com a superioridade dos guerreiros e sacerdotes, a vida econômica era razoável. O budismo surgiu de um desagrado com as limitações da religião local, que não satisfazia às exigências dos espíritos mais elevados. (Ghislandi e Taimel, 1998) Dessa maneira, o budismo surge de um rompimento com os Vedas, uma vez que Buda superou os limites das várias castas e destruiu as bases religiosas que as sustentavam. Vale observar que, por superar essa divisão de castas, o budismo atingiu uma elevada liberdade de pensamento e reflexão, a ponto de ajudar vários povos considerados subdesenvolvidos a valorizarem suas culturas e potencialidades.Fato interessante é que os hindus, no início, reconheciam Buda como o nono avatar (reencarnação) do deus Vishnu. Porém, o budismo trazia uma revolução espiritual e era portador de um novo paradigma. Ou seja, era uma nova religião, inclinada à espiritualização, interiorização, aprofundamento. O iniciador do budismo é Siddharta Gautama Sakiyamuni. Siddharta é seu nome pessoal, Gautama é sobrenome de família, e Sakiyamuni significa "o sábio do clã Sakiya". Muitos dados sobre ele vêm da mitologia, todavia são importantes, porque nos ajudam a compreender e situar o pensamento budista. Textos antigos contam que Siddharta encontrou o caminho da iluminação por meio da meditação, tornando-se Buda, isto é, o "iluminado", e o Tathagata, "aquele que possui a verdade". Para compreender a conversão de Siddharta em Buda, vale observar alguns elementos de sua suposta biografia: 1) Siddharta Gautama nasce, em 560 d.C., de uma família real: as histórias de sua concepção e nascimento relatam fatos milagrosos. 2) Entre os fatos milagrosos, havia uma profecia sobre seu destino, afirmando que se tornaria o maior de todos os seres vivos após encontrar quatro sinais: um velho, um doente, um cadáver e um monge. 3) A profecia desse encontro se cumpre. Siddharta deixa seu palácio para se tornar monge e passa, então, a meditar sobre a decadência da existência, cheia de vaidade e miséria. Torna-se eremita, contemplativo e penitente; busca mestres que lhe ensinem a arte da meditação. 4) Com cinco amigos que o seguem, quer atingir a perfeição por meio do domínio total de cada faculdade humana. No entanto, passados seis anos de ascese e árduas penitências, Siddharta quase morre e não alcança a verdade suprema. 5) Siddharta rompe com a tradição do misticismo penitente, vendo que a própria ascese pode ser impura, alimentar o orgulho e não servir para a libertação total e definitiva. Os companheiros, escandalizados, o abandonam. 6) Siddharta senta-se à sombra de uma árvore, em Gaia, nas proximidades de Uruvela. Entrega-se à meditação para descobrir um novo caminho que possa purificar não só a carne, mas também o coração. Luta um dia inteiro contra as causas da dor: desejo, egoísmo e inveja. Dessa maneira, atinge a plena iluminação, tornando-se o Buda, o "despertado", o "iluminado". 7) Após longo tempo nesse estado de êxtase, ele vence a última tentação: entrar imediatamente no Nirvana (libertação final), sem revelar a ninguém sua descoberta, já que ninguém o compreenderia. Contudo, Brahma intervém, tira-o da incerteza e o convida a iniciar a pregação para a salvação do mundo. 8) Buda empreende uma longa missão até sua morte, aos 80 anos: prega, faz mendicância, forma discípulos. Perante sua sábia pregação e atos extraordinários, seus cinco companheiros voltam a segui-lo e há muitas conversões. Entretanto, também há inveja, polêmicas e perseguições. Agora, vejamos como se formou a sangha inicial, a primitiva comunidade de monges budistas. Hans Küng (2004) explica que o budismo dos primeiros tempos era uma singela religião da elite monástica. A ênfase não estava em templos, rituais, cerimônias, deuses ou demônios, mas sim na sangha. Os discípulos do Buda deveriam manter o dharma e a doutrina, todavia sem a imporem a ninguém. A doutrina traz as quatro nobres verdades existenciais: PRIMEIRA: a verdade existencial: O que é o sofrimento? A vida toda é sofrimento. a verdade existencial: De onde ele vem? De sentimentos como ânsia de viver, apego, ambição, ódio, cegueira, que levam às intermináveis reencarnações (como propõe o hinduísmo). A ignorância é a causa desse desejo e apego às realidades materiais. a verdade existencial: Como superar o sofrimento? Desfazendo-se do desejo, do apego. a verdade existencial: Qual o caminho? O caminho do meio, isto é, a via média da razão: nem busca desenfreada de prazer, nem autopunição. O Budismo, hoje em dia, é avaliada como a 5ª maior religião do mundo, é uma religião oriunda do Hinduísmo, e derivada de uma cultura teísta. O Budismo é considerado, por parte dos seus fies, apenas como filosofia de vida, ao invés de religião. Nesse sentido, alguns o consideram como um enigma, uma vez que, embora seja uma comunidade religiosa trazida da tradição teísta, não há um “Deus” nem “Divindades”, razão que o põe como “Caminho Espiritual e Ético”. O Budismo possui aproximadamente 375.440.000 devotos, razão pela qual está considerada no rol das religiões mundiais, religiões estas que conduzem ao mundo inteiro seus ensinamentos, transmitindo a mesma fé a todas as culturas e todas as partes do mundo, embora tenham expressões diferenciadas. "O comportamento ético é outra característica do tipo de disciplina interior que leva a uma existência mais feliz. Ela poderia ser chamada de disciplina ética. Grandes mestres espirituais, como o Buda, aconselham-nos a realizar atos saudáveis e a evitar o envolvimento com atos prejudiciais. Se nossa ação é saudável ou prejudicial, depende de essa ação ou ato ter como origem um estado mental disciplinado ou não disciplinado. A percepção é que uma mente disciplinada leva à felicidade; e uma mente não disciplinada leva ao sofrimento. E, na realidade, diz-se que fazer surgir a disciplina no interior da mente é a essência do ensinamento do Buddha. Quando falo de disciplina, refiro-me à autodisciplina, não à disciplina que nos é imposta de fora por outros. Além disso, refiro-me à disciplina que é aplicada com o objetivo de superar nossas qualidades negativas." (LAMA, Dalai, in A Arte da Felicidade, ed. Martins Fontes, Rio de Janeiro, 2003.) Pertence ao grupo das religiões sapienciais, as que se fundamentam tanto no conhecimento humano quanto no experimento da vida, o Budismo busca continuamente manifestar-se ao homem uma passagem a ser acompanhado, aguçando a ascese e a reflexão, por fim, a sabedoria. Além das comunidades religiosas de menores expressões, onde algumas antecederam o surgimento de algumas das corretes sólidas, o Budismo se subdivide em cinco correntes sendo: ● Budismo ● Theravada ● Mahayana ● Budismo Tibetano ● Budismo ZEN Ele tem como característica uma complexa percepção entre o que emane a ser religião e o que é filosofia ou sabedoria, acentuando, contudo: ● a misericórdia ● a visão no mundo ● o autoconhecimento O Budismo tem sido habitualmente apresentado como sendo uma religião muito pragmática. Não faz entrar em raciocínio metafísico sobre os principais motivos, não há uma teologia basicamente dita, nem veneração de uma deidade ou divinização do Buda. No método, o Budismo difunde uma visão muito simples na condição humana, sendo ela uma religião e, ao mesmo tempo, uma filosofia refletida na vida de Buda. Tem como um dos muitos símbolos o “Dharmachakra dourado”, uma roda de 8 raios que simboliza os ensinamentos de Buda, localizada entre duas estátuas de veados, que concebem a inicial homilia de Buda no Parque dos Veados, Sarnath, Templo de Jokhang, Lhasa, Tibet. É de fundamental valor observar que oBudismo, apesar de ser uma das três essenciais religiões na China (adentrado lá pela primeira vez no fim da dinastia Han) e no extremo Oriente, não se limita a fazer parte apenas dessas regiões, uma vez que ocupa espaço e posição de destaque no cenário mundial entre as maiores religiões do mundo. Mas, ainda assim, não se pode deixar de considerar que tem sua predominação com forte presença desde o Sul, Sudeste da Ásia e extremo oriente. O Zen Budismo também se expandiu no Ocidente, em uma configuração que o Budismo Ocidental tenta afeiçoar-se a uma nova cultura e também às suas necessidades. Tem como características principais, este Budismo dos Dica convertidos, uma interpretação racionalizada e uma associação estreita com o axioma meditação. O aforismo budista faz uma solicitação a um exame acessível, a livre prova da pessoa, avaliando-se de extenso número de distintos preceitos religiosos. "Não acredites numa coisa simplesmente por ouvir dizer; não acredites sob a fé das tradições, pois elas são veneradas há numerosas gerações... Não acredites em nada através unicamente da autoridade de teus mestres ou sacerdotes. Crê no que tu mesmo experimentares, provares e reconhereces como verdadeiro, que esteja de acordo com teu bem e o dos outros, e conforma tua conduta a isso." (Challaye, 1998:84). Embora o budismo não ter a apreciação de salvação, uma vez que não tem a ideia de pecado original, ele ocasiona em si uma feição que podemos citar de “soteriológico” se substituirmos “salvação” por “libertação do período que aprisionou de sofrimentos (samsara)”, e uma vez que se define dessa finalidade e traz procedimentos para concretizar. "Budismo é, então, uma religião, se por isso chamamos um conjunto de ensinamentos que objetivam preocupações soteriológicas. Mas se pensamos em religião como um tipo de fé, um compromisso para o qual razões não podem ser dadas, então o Budismo não conta (como religião). Tornar-se um budista não é aceitar um conjunto de doutrinas somente com base na fé. E a salvação não ocorre apenas por crença devota nos ensinamentos do Buddha. (...) Pelo contrário, libertação, ou nirvana (para usar o termo budista), é obtida através de investigação racional sobre a natureza do mundo. Como é de se esperar em qualquer religião, os ensinamentos budistas incluem algumas afirmações que vão contra o senso comum. Mas não é esperado dos buditas que aceitem essas afirmações apenas porque o Buddha as ensinou. Ao invés disso, é esperado que eles examinem os argumentos dados e determinem por si mesmos se os argumentos realmente fazem sentido para a afirmação ser considerada verdadeira." (SIDERITS, 2007, p. 7, trad. nossa). O Budismo tem uma história de mais de 2500 anos, tendo como seu fundador Siddhartha Gautama, conhecido mundialmente por Buda, ou o Iluminado, título recebido por ele após ter atingido a autorrealização espiritual ao qual também pode ser chamada de “Iluminação”. Buda tornou-se, portanto, a personificação da sabedoria perfeita e da compaixão. Nascido no século (VI a.C.), na fronteira entre o Nepal e o norte da Índia, em Kapilavastu, Buda era um príncipe que, logo após seu nascimento, foi levado pelos seus pais ao templo para ser apresentado aos sacerdotes. Lá nasceu um erudito que tinha consagrado sua vida toda à reflexão bem longe da cidade e ele recebeu o menino Siddhartha Gautama em seus braços e profetizou “este menino será imenso entre os grandes, será um importante rei ou um mentor espiritual que protegerá a humanidade a se desprender de suas aflições”. O Budismo se desenvolveu para culturas diferentes no Sul e no Sudeste da Ásia, na Ásia Central e também no Extremo Oriente. Uma mudança, ou melhor, uma ampliação do Budismo em diferentes culturas, certamente foi o que colaborou para inúmeras modificações de todo tipo, até mesmo as que se mencionam à relação com outras religiões. Aqui se faz necessário observar que o ponto da inclusão do Budismo com diferentes religiões não se pode restringir a conceitos e exercícios religiosos propriamente ditas. É importante considerar as composições de ordens políticas, sociais e étnicas em que o encontro dessas diferentes religiões tenha ocorrido. Nesse contexto, se faz necessário e importante ressaltar a diferenciação existente dentro do Budismo, começando pelos dois mais expressivos: o Mahayana e o Budismo Theravada. Foi mais ou menos no ano 200 a.C. que o budismo indiano começou a penetrar na China, mas um avanço mais maciço se deu após o período Han. O budismo anunciava um caminho para a redenção do sofrimento, questão que era ausente tanto no confucionismo como no taoísmo. A princípio, delegações de monges chineses iam para a Índia. Também foi crescendo o número de mosteiros fundados na própria China. Com base em múltiplas assimilações dos conceitos chineses, o budismo chegou a ser confundido com a religião natural taoísta. Depois, os chineses deram-se conta das diferenças mais profundas. Além disso, as autoridades passaram a perseguir os budistas por causa do poder dos mosteiros, que geralmente eram grandes proprietários de terras. Contudo, o budismo passou a ter influência determinante, penetrando pela rota da seda na Ásia Central e pela rota marítima meridional por meio de não chineses, no primeiro século da Era Cristã. Isso se deu, em grande parte, como resultado da impressão de livros, processo inventado por budistas. Um grande número de textos traduzidos e uma abundância de formas religiosas estrangeiras fizeram o budismo despertar novos impulsos, que contribuíram para a reintegração do reino da China. Foi assim que surgiu um budismo especificamente chinês, que realça a meditação, traz a experiência viva da natureza com base no taoísmo, com liturgia budista própria e a invocação solene de Buda. Assim, conforme conclui Hans Küng (2004), o budismo que partiu da Índia, na China deixou-se "sinizar", ou seja, fazer-se chinês. No entanto, foi nos cultos populares que os elementos budis- tas tiveram maior penetração. Por causa da intervenção religiosa do politeísmo chinês, apareceu o formato budista de Maytreya, que significa "Buda do futuro". Nessa concepção, o Buda é esperado como salvador. Também surgiu a forma de Amida, a de "Buda do paraíso", que abriga os retos na alegria eterna. Atualmente, o budismo chinês tem várias escolas. As mais importantes são: ● Terra Pura, ou paraíso de Buda Amida ● Zen, ou Chan, caracterizado pela meditação Vimos que, ao longo dos séculos, o budismo se expandiu para além da Ásia e se tornou uma religião global, com seguidores em todo o mundo. A filosofia única do budismo, que enfatiza a importância da meditação, do autoconhecimento e da compaixão, tem sido uma fonte de inspiração e orientação para milhões de pessoas em todo o mundo. Embora tenha havido diferentes escolas e tradições dentro do budismo ao longo dos anos, a essência da filosofia do Buda permaneceu inalterada e continua a oferecer uma visão poderosae transformadora do mundo e da existência humana. Nessa aula vamos falar sobre o Budismo. Você sabia que Budismo é uma das principais religiões do mundo, com milhões de seguidores? Vamos explorar um pouco mais sobre esse assunto e suas particularidades. O budismo é uma das principais religiões do mundo, com milhões de seguidores. A religião teve sua origem na Índia no século VI a.C., quando o príncipe Siddhartha Gautama se tornou o Buda, ou o iluminado. Depois de passar anos meditando e refletindo sobre a natureza da vida e do sofrimento humano, o Buda desenvolveu uma filosofia única que enfatiza a importância da auto-exploração, do autoconhecimento e da meditação para alcançar a iluminação e encontrar a paz interior. A partir daí, o budismo se espalhou rapidamente pela Índia e pelo resto da Ásia, tornando-se uma das religiões mais influentes e populares do mundo. Como vimos, o budismo é uma religião e filosofia que teve origem na Índia, no século VI a.C., com o príncipe Siddhartha Gautama. Siddhartha nasceu em uma família nobre e cresceu em um ambiente privilegiado, mas desde cedo ele começou a se questionar sobre a natureza da vida, da existência e do sofrimento humano. Quando Siddhartha tinha cerca de 29 anos, ele decidiu deixar a vida de luxo e conforto para se dedicar à meditação e à busca da verdade sobre a vida e a morte. Durante seis anos, ele viveu como um asceta, praticando austeridades e se submetendo a longos períodos de jejum e privação. No entanto, apesar de seus esforços, Siddhartha ainda não havia encontrado as respostas que procurava. Certo dia, enquanto meditava sob uma árvore chamada Bodhi, Siddhartha alcançou a iluminação e se tornou o Buda, que significa 'o iluminado'. A partir daí, ele começou a ensinar uma filosofia e uma prática que se tornariam a base do budismo. O Buda enfatizou a importância da auto-exploração, do autoconhecimento e da meditação para alcançar a iluminação e encontrar a paz interior. Ele ensinou que o sofrimento humano é causado pela ignorância, pelo apego e pela aversão, e que a libertação do sofrimento pode ser alcançada através da compreensão profunda da natureza da existência. A essência do budismo é a compreensão profunda da natureza da existência e a libertação do sofrimento humano. A ignorância nos impede de ver a verdadeira natureza das coisas, o apego nos prende a desejos e expectativas que nos causam dor, e a aversão nos afasta do que é desconfortável ou desagradável, causando ainda mais sofrimento. O caminho para a libertação do sofrimento começa com a compreensão da natureza impermanente e interdependente de todas as coisas. Tudo o que existe está em constante mudança e é influenciado por uma infinidade de fatores. Quando percebemos isso, podemos abandonar nossas expectativas e desejos irreais e nos concentrar no momento presente, aceitando as coisas como elas são. A história da difusão do budismo é fascinante e abrange muitos séculos e continentes. Embora o budismo tenha se originado na Índia, ele se espalhou por todo o mundo, passando por muitas transformações e se adaptando a novas culturas ao longo do caminho. Uma das primeiras rotas de difusão do budismo foi a Rota da Seda, que permitiu que os monges budistas viajassem da Índia para a Ásia Central, China e Japão. Essa rota comercial permitiu que o budismo se espalhasse rapidamente pela Ásia, levando a várias vertentes e práticas regionais. O budismo também se espalhou para o sudeste asiático, onde se fundiu com as religiões locais e deu origem a tradições como o budismo Theravada, ainda praticado em países como Tailândia, Myanmar e Sri Lanka. Na época moderna, o budismo se espalhou para o Ocidente por meio de imigrantes e estudiosos ocidentais que se interessaram pela filosofia e prática budista. O zen-budismo, em particular, ganhou muitos seguidores nos Estados Unidos e na Europa, influenciando a cultura popular com suas práticas de meditação e mindfulness. Hoje, o budismo é praticado em todo o mundo, com comunidades significativas em muitos países, incluindo os Estados Unidos, Canadá, Europa, América Latina e África. Muitos centros budistas oferecem retiros e práticas para pessoas de todas as origens e tradições religiosas, tornando o budismo uma filosofia e prática espiritual acessível e inclusiva para todos. A difusão do budismo pelo mundo tem sido uma história de adaptação, fusão e renovação, mostrando como uma filosofia antiga pode continuar a evoluir e a inspirar pessoas em todo o mundo, independentemente da sua cultura ou origem. Ao longo do tempo, o budismo evoluiu e se desenvolveu em diferentes culturas, dando origem a várias vertentes ou tradições. Uma das vertentes mais conhecidas do budismo é a Theravada, que é encontrada principalmente no sul da Ásia. É considerada a tradição mais antiga e segue os ensinamentos originais do Buda, enfatizando a importância da meditação e do caminho individual para alcançar a iluminação. Outra vertente é a Mahayana, que se desenvolveu no norte da Ásia e se espalhou para outras partes do mundo. O Mahayana enfatiza a compaixão e a salvação de todos os seres, não apenas de si mesmo, e desenvolveu práticas como a devoção aos bodhisattvas, seres iluminados que optaram por adiar sua própria iluminação para ajudar os outros. O budismo tibetano é uma vertente do Mahayana que se desenvolveu no Tibete e enfatiza a prática da meditação e a devoção a divindades, bem como a importância do mestre espiritual na jornada espiritual. Outra vertente do budismo é a Zen, que se originou no Japão e enfatiza a prática da meditação e da contemplação, em vez do estudo intelectual dos ensinamentos budistas. Os praticantes do Zen buscam atingir a iluminação através da realização direta e da experiência pessoal, em vez de por meio do estudo ou da crença cega. Essas são apenas algumas das muitas vertentes do budismo que existem em todo o mundo. Embora cada vertente tenha suas próprias práticas e enfatize diferentes aspectos do caminho budista, todas compartilham a crença fundamental na libertação do sofrimento humano e na busca da iluminação e da paz interior. Como vimos, o budismo é uma religião e filosofia que se originou na Índia há mais de 2500 anos, fundada pelo príncipe Siddhartha Gautama, que se tornou conhecido como o Buda. Seu objetivo é alcançar a iluminação, que é um estado de paz interior, sabedoria e compaixão. Os ensinamentos do Buda são baseados nas Quatro Nobres Verdades e no Nobre Caminho Óctuplo, que ensinam que o sofrimento é uma parte inevitável da vida, mas que podemos encontrar uma maneira de superá-lo por meio da meditação, ética e sabedoria. Também vimos que o budismo não é uma religião teísta, pois não adora um deus ou deuses, mas ensina a respeitar todas as formas de vida e a ter compaixão pelos outros. Ele se espalhou por todo o mundo, adaptando-se às culturas locais e dando origem a várias vertentes e práticas regionais. Hoje, é praticado em muitos países do mundo, com comunidades significativas em muitas partes do Ocidente, oferecendouma filosofia e prática espiritual inclusiva e acessível para todas as pessoas. Chegamos ao final de mais uma aula. Aqui nós falamos sobre a origem do Budismo, sua essência e difusão pelo mundo, assim como suas diferentes vertentes. O Concílio de Niceia foi o primeiro concílio ecumênico da igreja cristã, convocado pelo imperador romano Constantino I em 325 d.C. O concílio reuniu bispos e líderes religiosos de várias regiões do império para discutir questões doutrinárias e estabelecer uma posição unificada da igreja em relação à divindade de Cristo. O principal tema de discussão do Concílio de Niceia foi a controvérsia ariana, que girava em torno da natureza divina de Cristo. O bispo ariano Ário defendia a ideia de que Jesus Cristo não era co-eterno com Deus Pai e que havia sido criado em um momento específico. A posição oposta, defendida por Atanásio e outros líderes, afirmava que Jesus era de natureza divina e co-eterno com o Pai. Após longos debates e disputas, o concílio adotou a posição de Atanásio e estabeleceu a doutrina da Trindade, que afirma que Deus é uma entidade trina: o Pai, o Filho (Jesus Cristo) e o Espírito Santo. Além disso, o concílio criou o Credo Niceno, uma declaração de fé que define as crenças fundamentais da igreja em relação à Trindade e à divindade de Cristo. O Concílio de Niceia teve um impacto significativo na história da igreja e na cultura ocidental como um todo. Ele estabeleceu as bases para a teologia cristã e influenciou profundamente a arte, a literatura e a filosofia ocidentais. Durante a Idade Média, a Igreja Católica era uma instituição poderosa que desempenhava um papel central na vida política e social da Europa. O papa, líder da igreja, tinha grande influência sobre governantes e nobres, e a igreja controlava vastas áreas de terra e possuía uma grande riqueza em forma de tesouros, obras de arte e propriedades. A igreja também tinha um papel importante na educação, na cultura e nas artes, e muitos dos grandes monumentos arquitetônicos da Idade Média, como as catedrais góticas, eram construídos para glorificar a Deus e a igreja. O Cisma do Oriente, também conhecido como Grande Cisma do Oriente, ocorreu em 1054 quando a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa se separaram em definitivo. As principais causas foram diferenças doutrinárias, litúrgicas e políticas, incluindo a primazia do papa de Roma, o uso do pão ázimo na eucaristia e a independência política dos patriarcas orientais em relação ao Império Bizantino. O cisma dividiu o cristianismo em duas grandes tradições, a católica e a ortodoxa, que mantiveram diferenças significativas em termos de teologia, liturgia e organização eclesiástica até os dias de hoje. O estudo das tradições religiosas, incluindo o cristianismo e as tradições religiosas do Oriente, é importante para entendermos a diversidade e a complexidade do mundo em que vivemos. Cada tradição tem suas próprias histórias, crenças, práticas e rituais únicos, mas todas elas compartilham um objetivo comum de ajudar as pessoas a encontrar um sentido para a vida e a conexão com o divino. Ao aprendermos sobre essas tradições, podemos expandir nossas perspectivas e compreensão da vida, da espiritualidade e da humanidade como um todo. Podemos também desenvolver respeito e empatia pelas crenças e práticas dos outros, bem como descobrir maneiras de incorporar ensinamentos e práticas úteis em nossas próprias vidas. A compreensão e o respeito pelas tradições religiosas também são essenciais para a construção de um mundo mais justo e harmonioso, onde as pessoas podem conviver pacificamente, apesar das diferenças culturais e religiosas. Portanto, o estudo das tradições religiosas é uma busca importante e necessária para todos aqueles que procuram entender e valorizar a diversidade do mundo.de formas antigas de expressão em seu culto e arte. Como consequência das controvérsias cristológicas, as igrejas nacionais surgidas mais além das fronteiras orientais do imério se separam da Igreja imperial de Bizâncio, enquanto sobre o solo do império do ocidente se constituem os reinos germânicos cristãos de abservância ariana (ostrogodos e visigodos) ou romana (francos). A Igreja especificamente romana de Gregório Magno e a invasão árabe do século VII marcam a linha divisória: as florescentes igrejas do norte da África enfraquecem ou morrem, e o ocidente romano-germânico se distancia de Bizâncio. O espaço em que surgiu a Igreja é, especialmente, um espaço complexo, na medida em que é caracterizado por uma dinâmica que abrange a ação de variáveis sujeitos em circunstâncias diferentes. Perceber e assimilar a complexidade que estabelece o espaço em que surgiu a Igreja implica organizar aos textos bíblicos. Sob essa expectativa mostramos o que diz São Paulo, segundo o qual quando se chegou à plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho (Gl 4, 4). Dessa forma, Jesus Cristo veio ao mundo quando a humanidade já estava preparada para acolhê-lo. Fechamos que esta "plenitude dos tempos" se acena às conjunturas espaciais (política, cultura, religião, sociedade) nas quais abotoaria a semente do Cristianismo. O espaço ao qual se alude o texto bíblico citado trata-se do Império Romano, que, o período em questão, dominava várias regiões, entre elas a Palestina, onde nasceu Jesus Cristo. Sob o império de Otaviano Augusto (30 a.C. – 14 d.C.) e de seus sucessores diretos, o Império Romano se expandiu, abrangendo os países do Mediterrâneo, a Gália e parte da Britânia, até os rios Reno e Danúbio. Quando Jesus nasceu, o império vivia o que se chamou de a 'pax romana' (conseguida com a vitória de Otaviano sobre Antônio no ano 31 a.C., pondo fim a vários anos de guerras civis dentro da República), o que trouxe relativa tranquilidade para toda a bacia mediterrânea, criou facilidades de comunicação e ótimas condições para a circulação de mercadorias e ideias. O primeiro século depois de Cristo é o apogeu do império e início da sua lenta e gradual decadência, que teve seu acontecimento maior na queda de Roma nas mãos dos bárbaros no ano 476. A Palestina, nessa época, pertencia ao Império Romano. E depois da tomada de Jerusalém por obra de Pompeu no ano 63 a.C., não existiu mais um Estado judaico independente. Depois da morte do idumeu Herodes (37–4 a.C.), Augusto deixou o seu território aos filhos. No grande Império Romano, o "ângulo palestinense", a terra dos desprezados judeus, era só uma parte insignificante. O imperador, por sua vez, possuía um poder ilimitado; o governo era moderado, e as províncias tinham autonomia. Atenção O grande e poderoso Império Romano foi o ambiente onde os primeiros cristãos viveram e deram continuidade à obra de Jesus Cristo, estabelecendo a organização da Igreja e a expansão das primeiras comunidades. Portanto, é importante conhecer um pouco da vida romana para compreender o desenvolvimento do Cristianismo, pois ela será, paradoxalmente, ponto de apoio para esse desenvolvimento do Cristianismo, ao mesmo tempo em que representará muitas dificuldades para a sua existência e expansão. Pierini (1998, p. 50-52), referindo-se ao ambiente em que se processa a atividade apostólica, assim descreve o grande Império Romano: [...] formado às vezes em condições inesperadas, recolhendo a herança dos etruscos, itálicos e italiotas da Magna Grécia, superando o imperialismo comercial cartaginês, vencendo e assimilando as várias monarquias helenistas do Mediterrâneo oriental e, enfim, levando as conquistas para o Noroeste, à Gália e à Britânia, para o Nordeste, ao Reno e ao Danúbio, para o Sudoeste, até às montanhas de Atlas, e para o Sudeste, até as fronteiras do reino dos partos. Desde o ano o ano 63.a.C., a Palestina encontra-se, direta ou indiretamente, sob o domínio romano. [...] Esse império, que no primeiro decênio da era vulgar media cerca de quatro milhões de quilômetros quadrados e compreendia de setenta a oitenta milhões de habitantes, apóia a própria economia essencialmente na agricultura, no artesanato, no pequeno comércio local e no comércio mais robusto por via marítima. Um exército de cerca de quatrocentos mil homens mantém a ordem; uma estratificação social rigorosamente observada, mas não rígida nem insuperável, divide os homens em servos e livres; entre os livres, distinguem os 'libertos' (=escravos libertados) dos chamados 'ingênuos' (=nascidos livres), mas também os pobres dos ricos; estes, aliás, são os únicos que podem ter aspirações a participar do grupo dirigente imperial, como cavaleiros ou como senadores (desde que cidadãos roma nos), ou dos vários grupos dirigentes locais. No topo está o imperador, que engloba em suas mãos vários poderes: antes de tudo, o de comandante-chefe do exército (='imperador'), o de chefe do Senado (='princeps senatus') e do povo romano (mediante a 'tribunica potestas'), agregando às vezes também os poderes de cônsul, pontífice máximo, sensor, etc. [...] Embora a política imperial em relação às várias províncias seja sempre coerente, a tendência de base, ela própria situação de fato, é chegar a uma unificação cada vez maior. Tal tendência pode, porém, apresentar-se de forma centrípeta ou centrífuga, ou seja, conforme prevaleçam os interesses do centro geográfico, ou seja, Roma e Itália, ou os interesses da periferia. A primeira tendência é, em geral, de matriz elitista aristocrática e defende a tradição; a segunda é aberta, democrática e promove, pelo menos dentro de certos limites, a inovação. Roma era o centro, capital e imagem de todo o império. Cidade, fundada no ano 753 a.C., por Remo e Rômulo, reunia os aspectos mais diversos do império, que vivia o seu apogeu político e expansionista. A sua devoção espiritual não era unitário; Roma tinha uma composição pagã e existia santuários para uma variedade de deuses locais e estrangeiros. Haviam moradas belíssimas e elegantes, que então abriram, em medida crescente, a puxar à vida de deleite. A prática imoral adentrava mais densamente em todas as camadas. O luxo exagerado e a vida espetaculosa eram seguidos de uma assombrosa aversão pela vida humana, notadamente os miseráveis e os escravos. As alianças políticas com povos estrangeiros foram, aos poucos, enfraquecendo as forças locais e com o tempo o exército e outros segmentos estavam ocupados em enfrentar povos bárbaros, como os eslavos, que buscavam riquezas e espaço na vida e cultura romanas. O império congregava uma aglomeração de povos que cultivavam as suas tradições, suas línguas e suas culturas. No entanto, no conjunto do império impunham-se duas línguas: o grego "koiné", "comum", e o latim. Saiba Mais A mensagem cristã deparou no império preceitos religiosos variáveis, pois os romanos eram compreensivos em assunto religioso, contudo estabeleciamque todos os habitantes e servos oferecessem culto aos deuses imperiais, o que se virou uma dificuldade para os cristãos, que só davam culto ao seu Deus e não aceitavam o politeísmo. Com tudo isso, muitos desses deuses originários das religiões e cultos do império podiam divergir à mensagem do cristianismo. Em compensação, podiam ser também um caminho gradual para a manifestação cristã. Muitos adeptos do chamado Religião pagã Greco-Romano depararam um sucessor para sua direção pagã na Religião e na Filosofia. Nessa significação, aquelas pessoas mais direcionadas e que possuem uma tendência à Filosofia conduziram-se vagarosamente para o monoteísmo; para uma religião da obrigação a desempenhar e da calma na adversidade. Nesse conjunto de fatores floreia o Estoicismo, norma constituído no século 4o a.C., por Zenão de Cicio. Essa filosofia estabelecia uma dependência ante a ordem do universo e afirmava a beleza para todos os que admitissem e recebessem a conveniente qualidade e essência de modo tranquilo e pacífico. Assim, com o empenho particular e com uma vida alinhada e ética, o homem seria idêntico a natureza e se desprenderia de todas as más paixões e influências mundanas, aproximando ao comedimento e domínio de si mesmo (o que eles chamavam de apatia, impassibilidade ou ataraxia). O imperador Marco Aurélio e Epiteto (50–125 d.C.) foram importantes representantes desta corrente. Além disso, esta época também é marcada pela expansão do gnosticismo ou gnose, assim descrito por Pierini (1998, p. 37-38): [...] entre o II e o I século a.C., o dualismo social e metafísico bem como a mensagem de salvação são interpretados também pelas filosofias e religiões gnósticas (do grego 'gnosis' = conhecimento), assim denominadas porque, segundo tais doutrinas, só o verdadeiro conhecimento é fonte de salvação. Partindo do dualismo ético (o bem e o mal estão na consciência do homem), o gnosticismo elabora uma visão do bem e do mal em luta entre si em escala universal (dualismo metafísico): o bem é Deus; o mal é a matéria, entendida também em sentido físico (daí, em geral, o desprezo pelas exigências do corpo e o rigorismo puritano na vida moral, às vezes disfarçado em indiferentismo moral e em libertinismo); entre Deus e a matéria existe um mundo intermediário de espíritos (chamados 'eons' = seres), entre os quais um é mau, o chamado 'demiurgo', criador e organizador do universo material com todos os seus defeitos, o outro é bom, o salvador, que pode também revestir-se de matéria (mas só aparentemente = 'docetismo') com a finalidade de salvar os homens, que são feitos de matéria e espírito, levando cada um deles a conhecer (eis a 'gnose') a própria fagulha espiritual e ajudando-os a alçarem até o mundo dos 'eons' (dito 'pleroma' = plenitude), até Deus. A atitude gnóstica, considerada um pouco como o 'parasita' de todas as grandes religiões, desenvolve-se não só no mundo pagão greco-romano, mas também no mundo judaico, exprimindo-se em alguns apócrifos do Antigo Testamento, sobretudo de estilo apocalíptico, e, mais tarde, muito precocemente, no ambiente cristão. Conhecer a maneira pela qual se estruturava a sociedade romana, bem como sua dinâmica nesse período é mais um dos elementos que contribuem para determinar as características do ambiente em que a Igreja nasceu. A sociedade romana era conhecida por ser um grupo de felicidade, felicidade que concernia aos mais elevados (aristocratas e comerciantes), pois quase um terço dos habitantes era constituída por escravizados e miseráveis, abandonados pelo sistema político-econômico. A sociedade romana era, assim sendo, dura para com os pobres. A economia antiga estava ligada a escravidão, bem como na dominação masculina – a mulher era rebaixada, apesar de, em alguns segmentos, ter impetrado apropriar-se de alguns direitos. Foi na cidade de Antioquia que se instituiu o primeiro centro de expansão cristã fora da Palestina. O livro Atos dos Apóstolos menciona duas comunidades cristãs importantes criadas nessa região: Damasco, por obra Ananias (At 9, 10) e Antioquia, fundada por cristãos helenistas de Jerusalém (At 11, 19), onde a evangelização dirigiu-se aos judeus, bem como aos pagãos gregos (At 11, 20). Em meados do ano 42, a comunidade cristã, nessa região, já era numerosa e os apóstolos enviaram Barnabé para organizar aquela Igreja, e este chamou Paulo (Atos 11, 21-26) para colaborar na evangelização e nos trabalhos locais. É importante observar que foi em Antioquia que se atribuiu, pela primeira vez, o nome "cristãos" aos discípulos de Jesus. Antioquia foi, em última análise, o centro de irradiação do Cristianismo por todo o Oriente. Já na Idade Média é um dos períodos interessantes de se estudar, seja no âmbito social, seja no âmbito eclesial. Quando se fala em Idade Média, pensa-se no "século de ferro" da Igreja, na papisa Joana, no Feudalismo, na Cristandade e no auge do papado, no surgimento do Islamismo, nas Cruzadas, na Inquisição, na perseguição aos hereges e às mulheres acusadas de bruxaria, no Humanismo e no início do Renascimento (porque o Renascimento continua até o século 16), temas que até hoje são discutidos com evidência e nem sempre analisados criticamente. A partir do século 2, o grande Império Romano passou por várias crises e, de modo especial, sofreu com o processo migratório de vários povos do norte e leste europeu que ameaçavam as fronteiras. Estes, em sua maioria, já não se contentavam em fazer acordos com os romanos, invadiram o império e foram se impondo tanto, a ponto de saquear várias cidades, inclusive, Roma. O auge desta triste situação foi a queda de Roma no ano 476, quando Odoacro, guerreiro germânico ostro odo, depôs o Imperador Rômulo Augúsgtulo. Muitos se questionam sobre as razões que levaram à queda do Império Romano. Dentre as causas, destacam-se: 1) lutas internas pelo poder no Império Romano, golpes de Estado e consequente enfraquecimento do imperador; 2) altos custos de manutenção da estrutura militar e do exército, cada vez mais potente; 3) processo inflacionário e crise agrícola; 4) acordos, tratados e conchavos com os invasores que não levaram à estabilidade política, mas a guerras, lutas que provocaram instabilidades e destruição; 5) vida fácil, corrupta, luxuosa e sedentária da maioria dos cidadãos romanos, que não estavam mais aptos para o trabalho e para a luta; 6) invasões dos povos bárbaros e acordos que enfraqueceram o poder romano. Gibbon, aprofundando a questão da queda de Roma, assim escreve, após falar da força militar romana e suas conquistas: A ascensão de uma cidade que se avantajou num império bem merece, por singular prodígio, ser tema de reflexão para um espírito filosófico. Todavia, o declínio de Roma foi a natural e inevitável consequência da grandeza imoderada. A prosperidade fez com que amadurecesse o princípio da decadência; as causas de destruição se multiplicaram com a extensão das conquistas; e tão logo o tempo ou os acidentesremoveram os sustentáculos artificiais, a estupenda estrutura desabou sob seu próprio peso. A história de sua ruína é simples e óbvia; em vez de perguntar por que o império romano foi destruído, devemos antes surpreender-nos de ele ter durado tanto. As legiões vitoriosas, que em guerras remotas adquiriram os vícios de estrangeiros e mercenários, primeiro tiranizaram a liberdade pública e mais tarde violaram a majestade da púrpura Os imperadores, preocupados com sua segurança pessoal e com a ordem pública, viram-se reduzidos ao vil expediente de corromper a disciplina que as tinham tornado temíveis ao seu soberano e ao inimigo; relaxou-se a energia do governo militar, e finalmente dissolveu-se com as instituições facciosas de Constantino; e eis que o mundo romano foi engolfado por um dilúvio de bárbaros. A decadência de Roma tem sido frequentemente atribuída à transferência da sede do império; esta história já mostrou contudo que os poderes de governo foram divididos, mais que transferidos. O trono de Constantinopla ergueu-se no Oriente enquanto o Ocidente ainda era dominado por uma série de imperadores que tinham sua residência na Itália e que igualmente reclamavam a herança das legiões e das províncias. Essa perigosa novidade debilitava o vigor e fomentava os vícios de um duplo reinado; multiplicaram-se os instrumentos de um sistema opressivo e arbitrário; e uma fátua emulação de luxo, não de mérito, iniciou-se e se manteve entre os degenerados sucessores de Teodósio. A extrema angústia, que unifica as virtudes de um povo livre, exacerba as facções de uma monarquia em declínio. Os favoritos antagônicos de Arcádio e de Honório traíram a república e seus inimigos comuns, e a corte bizantina assistiu com indiferença, talvez com prazer, à desonra de Roma, aos infortúnios da Itália e à perda do Ocidente [...] A fundação de Constantinopla contribui mais decisivamente para a preservação do Oriente do que para a ruína do Ocidente. Como a felicidade de uma vida futura é o grande objetivo da religião, quiçá não nos cause surpresa ou escândalo saber que a introdução, ou pelo menos o abuso, do cristianismo teve alguma influência no declínio e na queda do império romano. O clero pregava com êxito as doutrinas da paciência e da pusilanimidade; as virtudes ativas da sociedade eram desencorajadas, e os últimos vestígios do espírito militar foram sepultados nos claustros. Grande parte da riqueza pública e privada se consagrou às especiosas exigências da caridade e da devoção, e a soldada era esbanjada com turbas inúteis de ambos os sexos que só podiam alegar os méritos da abstinência e da castidade. A fé, o ardor, a curiosidade e as paixões terrenas da maldade e da ambição acenderam a chama da discórdia teológica; a Igreja e mesmo o estado foram divididos por facções religiosas cujos conflitos se demonstravam por vezes sangrentos e sempre implacáveis; a atenção ao imperador se desviou dos acampamentos para os sínodos; uma nova tirania oprimia o mundo romano, e as seitas perseguidas se tornaram inimigas secretas de seu país [...] Se o declínio do império romano foi apressado pela conversão de Constantino, sua religião vitoriosa amorteceu a violência da queda e abrandou a índole violenta dos conquistadores (1989, p. 442-444). Os povos que chegaram às fronteiras do império eram nômades, jovens, com grande vitalidade e não tinham nada a perder. Atraídos, porém, pela cultura romana e por suas riquezas, após chegarem aos domínios do Império Romano, foram se tornando sedentários, deixando de lado o estilo de vida nômade. Observe que a maior parte desses povos se integrou à cultura romana, ao passo que outra foi derrotada e dominada, como foi o caso dos vândalos. Na Alta Idade Média" e se situa, cronologicamente, entre os séculos 10 e 13. É marcado por grandes movimentações dos povos de vários continentes, com destaque para as conquistas árabes dos muçulmanos em várias regiões e a continuidade de invasões na Europa pelos húngaros, vikings e normandos. Dentro deste contexto, as próprias Cruzadas podem ser vistas como processo de movimentação de povos, com suas características próprias. Uma das causas desta grande movimentação ou mudança é aprofundada por Pierini, quando ele fala da explosão demográfica: Saiba Mais Em geral, pode se afirmar com boa chance de acerto que a população europeia aumenta de 46 milhões, em 1050, para 48 milhões em 1100, para 61 milhões em 1200, e para 73 milhões em 1300. Aumentos demográficos análogos podem ser registrados, por outro lado, tanto no Império Bizantino quanto no mundo islâmico. O progresso demográfico acarreta grande povoamento da área rural e também o renascimento definitivo das cidades. Essa melhora generalizada não enfrenta grandes obstáculos, nesse período, nem por parte das várias epidemias, que persistem e se modificam [...] nem de certos condicionamentos de caráter espiritual, como o relativo ao fim do mundo, que supostamente se disseminaram na entrada no ano 1000 (1998, p. 87-88). Segundo Del Roio (1997), entre os séculos 8o e 11, a Europa sofreu um lento crescimento demográfico, pois a população passou dos 18 milhões do ano 600 aos 38,5 milhões, no ano 1000. É nesta conjuntura de feudalização com os alentos adequados do mundo rural, cavalheiresco e eclesial, que o período antigo foi esvanecendo e dando lugar a uma nova sociedade, com a chamada cultura da corte, cortês ou cortesã, própria dos castelos e cidades. Isto gerou mudanças no preceito de "educação", assim descrito por Pierini (1998, p. 91): Já no período pós-carolíngio, junto às escolas monásticas e episcopais nascem, no Ocidente, as escolas urbanas promovidas por reis como Alfredo, o Grande (871-901), na Inglaterra, ou por imperadores como Otão I (936-973). Nessas escolas, passa-se do ensino elementar ao superior cultivando as habituais disciplinas do trívio e do quadrívio. Paralelamente, porém, existe um currículo formativo totalmente diferente para os pajens ou escudeiros destinados a se tornarem cavalheiros. A educação cavalheiresca, dada, sobretudo, nos castelos e nas cortes senhoriais, prescinde da instrução intelectual e tende a transmitir um certo código de honra que, ao menos em teoria, deveria colocar o futuro cavalheiro ao serviço da sociedade, especialmente dos seus segmentos mais pobres. Esse duplo tipo de educação – intelectual nas escolas, militarizado nas cortes e nos castelos – é um fenômeno que se pode constatar em todas as partes do mundo então conhecido: é praticado no mundo bizantino, no islâmico, no Extremo Oriente, sobretudo, no Japão, onde justamente nesse período delineia-se uma espécie de 'Idade Média' semelhante à Europa ocidental, com elementos feudais e cavalheirescos que se encontram nas instituições do xogunato e da casta dos chamados samurais. O aspecto inovador e revolucionário, nos vários ambientes culturais, é representado, porém, pelo nascimentoe pela afirmação daquelas instituições educativas superiores que, com significado genérico, podem ser chamadas de 'universitárias'. Como você pode notar, é por meio deste contexto, com muitas mudanças e transformações, que é preciso analisar a vida do Cristianismo e suas mudanças, que pouco a pouco o inseriram no mundo da modernidade com suas rupturas e desafios. Quando os muçulmanos, a partir do ano 622, começaram o seu processo de expansão e conquistaram o norte da África e com Oriente Médio, a atenção da Igreja voltou-se mais para o centro e o norte da Europa. Este processo fez com que fossem cortadas as relações comerciais com o Oriente e se fortalecesse a estrutura feudal na Europa, na qual os que possuíam terras tinham um grande poder e domínio sobre a grande maioria da população. Os gigantes proprietários de terras, ilustres, condes e a Igreja adotaram o domínio e direcionaram os caminhos da sociedade para o reconhecido sistema de Cristandade, no qual tudo se constituía e se estabelecia com base nos fatos cristãs e da autoridade eclesial, amparada, em grande parte, na agilidade missionária dos monges e no poderio econômico e agrícola dos mosteiros. Com a reforma monástica de Cluny iniciada na França, no ano 909 e derrotadas os conflitos do "século de ferro" e do Papado da primeira metade do século 9o, foi com o Sínodo de Sutri, acontecido em 1046, quando estiveram assentados três antipapas, que se excedeu múltiplas dificuldades internas da Igreja, com a escolha de um papa mais íntegro. Apesar das tentativas de interferência dos reis alemães, especialmente Henrique III e Henrique IV, nos assuntos eclesiásticos e nas eleições pontifícias, as questões do cesaropapismo e da investidura leiga estavam com seus dias contados. A partir daí, houve diversos papas que se destacaram na promoção de uma grande renovação eclesial: 1) Leão IX (1049-1054): visitou vários países pregando e elaborando decretos de reforma. 2) Nicolau II (1058-1061): a eleição papal esteve a cargo dos cardeais e não mais dos reis e nobres. 3) Alexandre II (1061-1073): reformou a reforma. 4) Gregório VII (1073-1085): o grande reformador da Igreja. Tais papas combateram dois grandes males da Igreja: • simonia: venda e compra de cargos e ofícios eclesiásticos; • nicolaísmo: luta contra os padres que tinham suas concubinas e, portanto, não eram celibatários. Combateram, ainda, a raiz do maior mal que afligia a Igreja, ou seja, a "investidura leiga". A investidura leiga era, portanto, um costume que consistia na interferência do poder dos reis e príncipes nos assuntos da Igreja, nomeando bispos e abades para a Europa, cargos que nem sempre eram ocupados por pessoas dignas de exercer ministérios eclesiais. Muitas vezes, as pessoas eram nomeadas de acordo com os interesses dos nobres, que não estavam preocupados com as questões espirituais, e sim com as questões políticas e econômicas. Os reis e nobres não aceitaram facilmente essas mudanças e os papas, de modo especial, Gregório VII (1073-1085), tiveram muitas dificuldades. Com este papa, o processo reformador atinge seu ponto-chave, de modo especial com o dictatus papae, com várias ordens e propostas que mudariam a face da Igreja e sua relação com o poder político. Houve uma reação contrária ao "dictatus papae" por parte do Imperador Henrique IV da Alemanha, de modo que ele foi excomungado pelo papa e depois se reconciliou, mas seguiu-se um conflito. Após muita conversa, foram firmados os contratos, conhecidos como a Concordata de Worms, entre o Imperador alemão Henrique V e o papa Calixto II. Os acordos foram confirmados no Concílio do Latrão, de 1123, e depois, no II Concílio do Latrão, de 1139. Conservar-se as diferenças e brigas entre o poder temporal e o espiritual. Mas a reforma eclesiástica foi se fortalecendo. Atenção As reformas apresentaram seu auge nos séculos 12 e 13, quando o Papado se tornou a maior força política do Ocidente. Após a morte do Papa Gregório VII, em 1085, houve uma fase de muita instabilidade. Os imperadores alemães e, depois, os franceses ambicionavam reprimir a Igreja, os papas e os regiões pontifícias; a nobreza romana almejava a cidade de Roma acessível de toda a influência dos imperadores alemães e principia a afrontar contra o aspecto deles na cidade, isto é, os romanos não queriam que o papa fosse o 'senhor da cidade'; os papas buscavam invadir seu espaço, protegendo as regiões pontifícias e impondo-se em Roma. Com isso, deu-se abertura ao desenvolvimento do domínio papal que conseguiu seu auge com Inocêncio III (1198-1216), um dos papas mais admiráveis de toda a história da Igreja, que devolveu ao papado o domínio total sobre o Estado Pontifício; retomou os "direitos feudais" sobre o sul da Itália; solicitou a melhora da corte pontifícia; resistiu contra diversas agitações dos hereges que ficavam aflorando na Igreja; sustentou vários movimentos de reforma nas ordens religiosas e a fundação dos franciscanos e dominicanos. Durante seu pontificado, influenciou e controlou a vida política e c ocidental na Alemanha, França, Inglaterra, Espanha, Portugal, Boêmia, Hungria, Dinamarca, Islândia, Bulgária, Armênia e, inclusive, em Constantinopla, quando os cruzados tomaram a cidade, instaurando ali um império latino. O seu pontificado foi uma grande obra de fortalecimento do poder eclesial. Segundo Gonzalez: O ponto culminante dessa obra foi o IV Concílio de Latrão, em 1215, n que promulgou pela primeira vez a doutrina da transubstanciação. A saber, no ato da consagração, o pão e o vinho da comunhão se transformam substancialmente no corpo e sangue de Cristo. Além disso, foram condenados os valdenses, os albigenses e as doutrinas e Joaquim de Fiore. Foi decretada a inquisição episcopal, que ordenava a cada bispo investigar as heresias de sua diocese e extirpá-las. Foi proibido fundar ordens religiosas com novas regras monásticas. Ordenou‐se que fossem criadas escolas nas catedrais para a educação dos pobres. Foi proibido que os clérigos participassem de teatro, de jogos, de caça e de outros passatempos semelhantes. Foi requerida a confissão de pecados por parte de todos os fiéis, pelo menos uma vez por ano. Foi proibida a introdução de novas relíquias sem aprovação papal. Ficou estabelecido que os judeus e q muçulmanos deveriam usar roupas especiais, para se distinguirem dos cristãos. Os sacerdotes ficaram impedidos de cobrar pela administração dos sacramentos. E muitas outras medidas semelhantes foram tomadas. Se levarmos em conta que o concílio fez tudo isso em três sessões de um dia cada, fica claro que quem tomou essas medidas não foi a assembleia, mas Inoêncio, que utilizou o concílio para referendar as medidas que ele decidira fazer. Por tudo isso, não resta dúvida de que com Inocêncio III o ideal de uma cristandade unida sob um só pastor aproximou-se da sua realização. Não nos surpreende, então, se esse papa chegou a dizer (e muitodos seus contemporâneos creram), que o papa "está entre Deus e o ser humano; abaixo do primeiro e acima do segundo. Menos que Deus, e mais que o homem. Julga a todos, mas ninguém o julga (1978, p. 184‐185). O pontificado de Inocêncio III marca, na Igreja, o período da supremacia do poder espiritual sobre o temporal. Essa fase é confirmada no seguinte discurso: Assim como Deus, o Criador do universo, estabeleceu dois grandes luminares no firmamento, o maior para presidir o dia e o menor para presidir sobre a noite; assim ele também estabeleceu dois luminares no firmamento da Igreja universal [...] O maior para que presida sobre as almas, como dias, e o menor para que presida sobre os corpos, como noites. Estes são a autoridade pontifícia e o poder real. Por outro lado, assim como a lua recebe a luz do sol [...] assim o poder real recebe da autoridade pontifícia o brilho da sua dignidade (DEL ROIO, 1997, p. 56). Os sucessores de Inocêncio III continuaram a sua obra, tanto na relação política com os impera dores como nos assuntos eclesiásticos. As relações da Igreja com a monarquia alemã foi se enfraquecendo e, simultaneamente, fortaleceu-se a aliança daquela com a monarquia francesa, de modo especial com o rei São Luís IX (1226 1270). O sinal do estrei tamento da relação e dependência – da Igreja com a França se deu com a convocação do Concílio Ecumênico de Lyon, em 1274, para fortalecer a reforma eclesiástica, buscar ajuda para a Terra Santa e se tentar a união com a Igreja Grega. Com o Papa Bonifácio VIII (1294‐1303), foi iniciada a fase de decadência do poder temporal dos papas em função do enfraquecimento da Igreja. As nações europeias buscavam o fortalecimento da autonomia. Estavam mais preocupadas com os seus assuntos internos, com o fortalecimento das novas classes burguesas em detrimento da nobreza feudal, com o surgimento do humanismo e da sociedade e cultura modernas. Bonifácio VIII não obteve o diálogo com as inovações dos fatos que brotavam e nem com o poder político instituído e acabou permanecendo sozinho. E foi no contexto do fortalecimento do pontificado e centralismo romano que aconteceram eventos que, até hoje, marcam a história do Cristianismo: o Cisma do Oriente de 1054, o início das Cruzadas em 1095 e o surgimento da Inquisição, em 1184, coPor outro lado, esses eventos promoveram ainda mais a crise eclesial que teve seu ápice no Exílio de Avinhão (1308-1378), no Cisma do Ocidente (1378-1415), no Papado do Renascimento e, finalmente, na Reforma Luterana (1517). A Igreja medieval, poderosa e autônoma, foi perdendo-se no emaranhado das dúvidas doutrinais, nas lutas pelo poder, no luxo e na corrupção. Aqui falaremos sobre o cristianismo antigo e medieval. Iremos explorar as principais características, eventos e personagens dessa importante religião que influenciou profundamente a história ocidental. O cristianismo é uma religião que se baseia na figura de Jesus Cristo como seu fundador e líder espiritual. Segundo a tradição cristã, Jesus nasceu em Belém, na Judeia, por volta do ano 4 antes de Cristo e iniciou seu ministério público aos 30 anos de idade, pregando a mensagem do amor, da paz e da salvação para todos os seres humanos. A importância histórica do cristianismo é indiscutível, uma vez que a religião teve um papel fundamental na transformação da sociedade ocidental. Com o passar dos séculos, o cristianismo se tornou a religião mais difundida do mundo, com mais de dois bilhões de seguidores em todo o planeta. O cristianismo teve origem na região da Judeia, no Oriente Médio, por volta do século 1º depois de Cristo Jesus Cristo foi crucificado pelo Império Romano, mas seus seguidores continuaram a pregar sua mensagem e a expandir a religião para outras regiões. Com o passar dos anos, a figura de Jesus se tornou cada vez mais importante na religião cristã, sendo reconhecido como o Messias e o Filho de Deus pelos seus seguidores. A expansão do cristianismo se deu principalmente durante o Império Romano, apesar da perseguição aos cristãos por parte dos romanos. Com a conversão do imperador Constantino, no século 4, o cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano, o que impulsionou ainda mais a sua expansão. Ao longo da história, o cristianismo teve um papel importante na arte, filosofia, política e cultura ocidental, influenciando a formação das nações europeias e da civilização ocidental como um todo. Além disso, a religião cristã é fundamental para a compreensão de muitos aspectos da história e da cultura ocidentais, incluindo as obras de arte, a literatura, a filosofia e a política. O cristianismo antigo se refere ao período que se inicia com a fundação da Igreja Cristã pelos apóstolos de Jesus Cristo e se estende até o final do Império Romano, no século 5. A figura central desse período é Jesus Cristo, que pregava a mensagem do amor ao próximo, da justiça e da salvação através da fé. Seus ensinamentos foram registrados nos evangelhos do Novo Testamento e se tornaram a base da doutrina cristã. Apesar das perseguições aos cristãos, o cristianismo se expandiu durante o Império Romano. Os apóstolos Paulo e Pedro desempenharam um papel importante na propagação do cristianismo, viajando por toda a região mediterrânea e estabelecendo comunidades cristãs. Paulo, em particular, foi um grande teólogo e escreveu diversas cartas que se tornaram parte do Novo Testamento. O Concílio de Nicéia, convocado por Constantino em 325, foi um importante evento na história do cristianismo, pois estabeleceu a doutrina da Santíssima Trindade e a figura de Jesus como filho de Deus. O Concílio também estabeleceu um cânon bíblico, definindo quais livros deveriam fazer parte do Novo Testamento. A partir desse momento, o cristianismo se tornou uma religião organizada e estruturada, com uma doutrina definida e uma hierarquia estabelecida. O período do cristianismo medieval, também conhecido como Idade Média, foi caracterizado pela importância da Igreja Católica como instituição centralizadora e propagadora do cristianismo. A Igreja exerceu um papel fundamental na organização da sociedade medieval, sendo responsável não só pela religião, mas também pela cultura, arte, educação e política. Durante a Idade Média, surgiram diversas ordens religiosas, como os franciscanos e dominicanos, que tinham como objetivo pregar o evangelho e promover a caridade. Essas ordens religiosas se dedicavam ao trabalho missionário, à educação e à assistência social, exercendo uma grande influência na vida cotidiana das pessoas. Por outro lado, a Inquisição também foi uma característica marcante do cristianismo medieval. Instituída para combater heresias e ideias contrárias ao cristianismo, a Inquisição atuou durante séculos na Europa e na América Latina, com julgamentos e punições severas a quem fosse considerado herege. Além disso, o pensamento cristão medieval foi influenciado por figuras importantes como Santo Agostinho. Ele teve grande influência na teologia, filosofia e literaturada Idade Média, com obras como 'Confissões' e 'A Cidade de Deus'. Logo, o período do cristianismo medieval foi marcado pela importância da Igreja Católica como instituição centralizadora e propagadora do cristianismo, pelo surgimento das ordens religiosas, pela presença da Inquisição e pela influência de pensadores importantes como Santo Agostinho. Agostinho nasceu em Tagaste, na atual Argélia, e foi educado em Cartago, onde teve contato com diversas correntes filosóficas e religiosas. Agostinho converteu-se ao cristianismo em 386 depois de Cristo, e se tornou bispo de Hipona, na atual Tunísia. Ao longo de sua vida, ele escreveu diversas obras que se tornaram referência na teologia e na filosofia cristã. Suas obras foram estudadas e debatidas por diversos pensadores cristãos medievais, que se inspiraram em seus ensinamentos para desenvolver suas próprias ideias. Agostinho foi um dos primeiros pensadores cristãos a defender a ideia de que a graça divina é necessária para a salvação, e que os seres humanos não são capazes de alcançar a salvação por seus próprios méritos. Essa ideia se tornou fundamental para a teologia cristã medieval, que se preocupava em encontrar uma síntese entre a razão e a fé. Além disso, Santo Agostinho teve uma grande influência na filosofia medieval, especialmente no que se refere à sua visão sobre o conhecimento humano e a relação entre a razão e a fé. Para Agostinho, a razão humana é limitada e só pode ser verdadeiramente compreendida à luz da fé em Deus. Essa ideia teve um impacto profundo no pensamento medieval, que buscou conciliar a razão filosófica com a fé religiosa. Assim, a figura de Santo Agostinho teve uma grande influência no pensamento cristão medieval, deixando um legado que influenciou não apenas a teologia e a filosofia, mas também a cultura e a política da época. O cristianismo antigo e medieval teve uma enorme importância na história ocidental e exerceu uma influência significativa até os dias de hoje. Na Antiguidade, o cristianismo teve um papel fundamental na transformação da sociedade romana. A mensagem de amor, paz e justiça pregada por Jesus Cristo se espalhou rapidamente, mesmo em meio à perseguição dos cristãos pelo Império Romano. Já na Idade Média, a Igreja Católica desempenhou um papel central na organização da sociedade europeia. Através da evangelização, a Igreja expandiu o cristianismo para novos territórios, incluindo as Américas, exercendo influência em todos os aspectos da vida cotidiana das pessoas. Além disso, o pensamento cristão medieval influenciou profundamente a filosofia, a teologia e a arte europeias, deixando um legado que é visível até hoje. Obras como 'A Divina Comédia' de Dante Alighieri e as catedrais góticas são exemplos da influência da cultura cristã na Idade Média. A influência do cristianismo também pode ser vista na sociedade ocidental atual, onde a religião ainda é praticada por milhões de pessoas em todo o mundo. Os valores cristãos, como a igualdade, a liberdade, a justiça e o amor ao próximo, são fundamentais para muitas culturas ocidentais e para a construção de suas democracias. Dito isso, chegamos ao final de mais uma aula. Aqui nós aprendemos que o cristianismo antigo e medieval teve uma enorme importância na história ocidental e ainda exerce uma influência significativa nos dias de hoje, seja na cultura, na religião ou nos valores da sociedade ocidental. Cristianismo: Moderno e Contemporâneo Atenção Nesta unidade, vamos perceber que o contexto europeu no momento da Reforma Protestante e os fatores históricos contribuíram para que se desencadeasse a ruptura dentro da Igreja católica. Também, vamos entender sobre a Reforma Católica, cujo momento mais importante foi o Concílio de Trento, bem como o movimento do Liberalismo na igreja contemporânea no século 18 e 19. Martinho Lutero (1483-1546) viveu em um ambiente de extração camponesa, moralmente severo, religioso e, também, supersticioso. Seu pai tornou-se um pequeno empreendedor como mineiro. A educação que ele recebeu nesse ambiente foi a mesma de milhares de meninos de sua época; desde os 14 anos estudou fora de casa. Tinha um caráter positivo e era cristão, como sua família. Sua experiência cultural iniciou-se em Erfurt (1501-1502), na Faculdade de Artes. A vida no colégio onde viveu era severa: monacal, rígida na disciplina, e impregnada de piedade e devoção. Assim, foi marcante em sua vida a sua experiência interior: apareceram a tristeza e o medo trágico de Deus, do Cristo juiz. Sua angústia aumentou com a morte de seu amigo Bunt, porque viu nela um castigo de Deus. Refletiu, então, em ingressar num mosteiro, escolhendo pelo convento dos agostinianos (em 17 de julho de 1505), logo depois de ter feito um voto à Santa Ana perante uma tempestade, perto de Stotternheim. Sua vida na academia foi acelerada: em três anos e meio, tornou-se doutor. Dentro da ordem agostiniana, teve, também, uma acelerada formação: um ano de noviciado e, logo depois de sete meses, instituiu-se e foi selecionado como mensageiro oficial da ordem, subprior do convento de Wittenberg e prefeito dos estudos deste. Em 1515, já era vigário de distrito para onze conventos reformados. As percepções teológicas de Lutero direcionavam à pastoral. Seu experimento interno pode ser preciso em alguns ares: vida atenuada, pacata espiritualmente e de muito entusiasmo, entre 1505-1509, ou seja, em seu noviciado, na sua ordenação e em seus primeiros anos de sacerdócio. Na Alemanha, existiu a orientação para a pregação da indulgência jubilar (plenária) outorgada pelo papa Júlio II e revigorada por Leão X para a edificação da nova basílica de São Pedro. Fonte: Envato No programa sobre a pregação, havia muitas dúvidas, como a clemência de todos os pecados e, assim, o retorno à graça com a condição de confessar-se. Para isso, havia a carta de confissão, que servia para a indulgência jubilar. Quando Martinho Lutero se cientificou desses abusos, escreveu ao bispo ordinário Gerônimo Schulz e a outros bispos as 95 teses, em que exibiu seus pensamentos a respeito do assunto. Esses episódios tiveram lugar no ano de 1517. Lutero foi mencionado em Roma, e, então, foi enviado de lá um representante do papa Leão X, Gaetano, que precisaria ouvir a desculpa de Lutero, o que não ocorreu porque Lutero pediu para informar ao papa pessoalmente sobre os assuntos em discussão, sobretudo a questão das indulgências, e indicou, ainda, o cumprimento de um concílio. Tal sugestão, no entanto, não foi aceita. De 1517 a 1521, Lutero teve grande atividade como escritor e suas ideias reformistas amadureceram. Em seu livro A liberdade do cristão, de 1520, Lutero coloca a sua ideia sobre o tema da fé e das obras: [...] O crente, pela sua fé, foi retirado do Paraíso e criado novamente: ele não precisa de obras para ter acesso à justiça (à graça); mas para escapar da ociosidade, assim como para dedicar seu corpo ao trabalho e para conservá-lo, deve fazer boas obras de liberdade que conhecemos, sem outra intenção além deagradar a Deus... Eis por que são verdadeiras, uma e outra, as seguintes afirmações: 'Boas obras não fazem um homem bom, mas um homem bom faz boas obras. Más obras não fazem um homem mau, mas um homem mau faz más obras'. É preciso, igualmente, que a própria substância, ou a pessoa, seja boa antes de toda boa obra. Daí vem as boas obras, porque estas só podem vir de uma pessoa boa (COMBY, 1994, p. 16). Embora houveram muitos diálogos e tentativas de acordo entre Martinho Lutero e a Igreja, não foi possível evitar a separação. Lutero foi excomungado em 1521. Desse momento em diante, a Reforma Luterana ganhou caminho. Saiba Mais Em muitas regiões, a introdução da Reforma ocorreu de maneira violenta, com tumultos, queima de igrejas e atos de vandalismo. Lutero, porém, mostrou-se contrário a esses atos. Em 1526, realizou-se a Dieta de Spira, e a Reforma passou para a mão do poder civil. Posteriormente, o movimento protestante politizou-se e tornou-se um partido de oposição ao imperador. As posições radicalizaram-se e, em 1555, sancionou-se, definitivamente, a divisão da religião na Alemanha, estabelecendo-se os seguintes princípios: livre escolha da confissão religiosa por parte do príncipe (ou autoridade secular) e a obrigação dos súditos de aceitá-la ou de emigrar (depois de terem vendido os seus bens). Martinho Lutero foi o mais importante reformador religioso do século 16, porém, juntamente à sua Reforma Protestante, houve, também, a Reforma Calvinista, protagonizada por João Calvino (1509-1564), que publicou, em 1536, o livro Instituição da Religião Cristã, começando, em Genebra, no mesmo ano, a pregar suas ideias religiosas reformadoras. João Calvino seguiu de perto os princípios luteranos, como a afirmação de que só a Escritura deve ser a regra de fé – ele possuía concepções religiosas próprias. Dessa forma, a Reforma proposta por ele tendia ao rigorismo moral e ensinava sobre a predestinação das almas. Comentando a vida e a proposta de Calvino, Comby (1994, p. 21), afirma o seguinte: Com João Calvino entramos na segunda geração da Reforma, que não a criou mas a consolidou. Calvino não é um clérigo como a maioria dos primeiros reformadores, mas um leigo. Além disso, enquanto os primeiros reformadores são germânicos, com Calvino a Reforma se torna francesa. Na França, a reforma, nos sentido amplo do termo, fora a preocupação de alguns grupos, dos quais o mais conhecido é o de Meaux, estabelecido em torno do bispo Guillaume Briçonnet (+1534), seu vigário geral Lefévre d ́Étaples (1450- 1536), humanista e tradutor do Novo Testamento, e de Margarida de Navarra, irmã do rei Francisco I. Um luterano é queimado em Paris em 1523. O rei manifesta inicialmente uma relativa tolerância, mas a 'Questão dos Cartazes', editais injuriosos contra a missa afixados até mesmo sobre a porta do seu quarto (1534), provoca o seu furor, bem como uma perseguição geral dos dissidentes religiosos: vários queimados. Os inovadores franceses têm seus mártires. Eles encontraram em Calvino o seu teólogo. Além disso, na Inglaterra, Henrique VIII fundou o Anglicanismo, em 1534, com o "ato de supremacia" que obrigava o clero inglês a reconhecê-lo como chefe supremo da Igreja inglesa (ou anglicana), a qual manteve intactos os principais pontos da fé católica, porém, de forma separada da Igreja de Roma. A propagação do protestantismo e de outras reformas religiosas dividiu radicalmente a cristandade ocidental. Nesse contexto, o universalismo medieval não existe mais. Até meados do século 17, ocorreram muitas guerras de religião (1618-1648), ou mais corretamente dizendo, guerras em torno do poder político revestidas de contextos religiosos. Convém ressaltar que a intolerância religiosa foi muito marcante nesse período. Após expor a situação da Reforma na Alemanha, França, Suíça e Inglaterra, falando da nova geografia religiosa, Comby (1994, p. 27) comenta isto: Seria necessário completar essa viagem pela Europa falando dos Países Baixos dos Habsburgos, que estavam nas mãos de Filipe II da Espanha desde 1555. Os calvinistas proclamam aí uma Confissão dos Países Baixos em 1561. Em nome do rei da Espanha, o duque de Alba lidera uma repressão sangrenta. Nas províncias do Norte, os Reformados constituem um estado livre em torno de Guilherme de Orange (o Taciturno). O calvinismo se torna a religião oficial dessas províncias. Trata-se dos Países Baixos de hoje. A antiga cristandade europeia se estilhaçou, portanto, em múltiplas Igrejas contrárias a Roma. Igrejas luteranas ou evangélicas. Igrejas calvinistas ou reformadas. Seriamente amputada, a Igreja Romana reagirá procurando reformar-se; alguns príncipes católicos chegaram mesmo a empenhar-se na reconquista armada. É a tudo isso que algumas vezes se dá o nome de Contra-Reforma. A Reforma Católica ocorreu graças ao Concílio de Trento. De um lado, esse concílio foi o ponto de chegada de forças e tendências particulares e diversas, presentes na Igreja desde o final do século 15; de outro lado, ele representou o ponto de partida no que se refere às decisões doutrinais e às reformas adotadas na Igreja com relação ao sistema "teológico", à doutrina espiritual, à disciplina e à ação do clero. Saiba Mais O Concílio de Trento foi, sem dúvida, um fenômeno eclesiástico decisivo e que determinou uma época inteira na Igreja Católica. A questão coloca-se nestes termos: Contrarreforma ou Reforma Católica? 'Contrarreforma' é o termo usado, sobretudo, pelos autores protestantes, sendo, ainda, o mais antigo, pois referia-se a uma reação à Reforma Protestante. Ultimamente, entretanto, o termo mais habitual é 'Reforma Católica', que se acena ao pensamento reformista iniciado já nos séculos 14 e 15, ou seja, antes de Lutero, e a reforma, após o movimento iniciado por Lutero em 1517. Falando da renovação católica, Comby (1994, p. 28) assim escreve: Paralelamente ao movimento protestante, um desejo de reforma se manifesta na Igreja Romana. Trata-se, em primeiro lugar, das iniciativas de religiosos, de leigos piedosos e, algumas vezes, de bispos. Finalmente, com muitas dificuldades, o papado consegue reunir um concílio geral em Trento em 1545. Foram necessários dezoito anos de longas interrupções para que o concílio fosse encerrado. Suas decisões são postas em prática de modo lento. Na França, elas só são verdadeiramente concretizadas no século XVII. Nesse momento, implanta-se essa Igreja tradicional cujas características se conservaram até uma época recente. O catolicismo clássico nem por isso deixou de ser atingido por numerosas crises e conflitos. Assim, a Reforma Católica significou: 1) Reação à decadência interna da Igreja. 2) A ação apostólica nas dioceses e nas missões externas. 3) A reforma das ciências teológicas. 4) Reforma e preparação dos sacerdotes ao apostolado, melhor preparação teológica. 5) Reforma das estruturas eclesiásticas da cúria central. 6) Educação cristã da juventude. A Reforma Católica apresentou, ainda, dois aspectos que são independentes