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Direitos de Propriedade e Vizinhança

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I – SOCIEDADE E TUTELA DE DIREITOS
Seguem exemplos para serem verificados dentro da leitura da bibliografia básica e do explicado em sala de aula.
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Ex1: Direito de retenção do bem.
CC: Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame.
Art. 643. O depositante é obrigado a pagar ao depositário as despesas feitas com a coisa, e os prejuízos que do depósito provierem.
Art. 644. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição devida, o líquido valor das despesas, ou dos prejuízos a que se refere o artigo anterior, provando imediatamente esses prejuízos ou essas despesas.
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Ementa: APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. POSSE (BENS IMÓVEIS). AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. COMODATO DE TERRENO. ESBULHO DOS POSSUIDORES. RECONHECIMENTO. ACESSÃO REALIZADA DE BOA-FÉ PELOS COMODATÁRIOS. INDENIZAÇÃO. CABIMENTO. DIREITO DE RETENÇÃO. MANUTENÇÃO. IMÓVEL COMERCIAL E BOXES DE GARAGEM. PROVA DO DESPENDIO DE VALORES PARA EDIFICAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. DIREITO DE INDENIZAÇÃO E RETENÇÃO. DESCABIMENTO. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDENCIA MANTIDA. Comprovado que os possuidores edificarem com recursos próprios a acessão sobre terreno cedido em comodato, e assim agiram com boa-fé, deve ser mantida a sentença que condenou o comodante ao pagamento de indenização e reconheceu o direito de retenção. Exegese dos artigos 1.219 e 1.255 do CC. APELO E RECURSO ADESIVO DESPROVIDOS. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70061901872, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liege Puricelli Pires, Julgado em 18/12/2014)
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Segundo leciona Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald no livro Direitos Reais[1]:
O direito de retenção consiste num meio de defesa outorgado ao credor, a quem é reconhecida a faculdade de continuar a deter a coisa alheia, mantendo-a em seu poder até ser indenizado pelo crédito, que se origina, das benfeitorias ou de acessões por ele feitas. Cuida-se de meio coercitivo de pagamento, uma modalidade de exceptio non adimplti contractus, do art. 476, do Código Civil. Em suma, pelo jus retentionis o possuidor manterá o poder fático sobre a coisa alheia, com modo de constranger o retomante a indenizá-lo pelas benfeitorias necessárias e úteis nela realizadas de boa-fé.
 
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Ex2: Desforço imediato.
 
CC: Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
2.1. Alguém pega a bolsa de uma mulher. Ela pode usar suas forças para impedir a turbação ou reaver a coisa. Mas não pode após o momento certo para a reação, ir em busca de seu bem por suas próprias forças.
 
2.2 Invasão de terras.
 
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VERIFIQUE O CASO
Ementa: RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DESTRUIÇÃO DE ACESSÃO. ESBULHO. DESFORÇO PESSOAL. IMPOSSIBILIDADE. Na medida em que a autora já ocupava o imóvel de propriedade da ré há algum tempo, tanto que ali havia construído sua residência, não poderia a ré usar do desforço pessoal como justificativa para derrubar uma nova acessão que a autora iniciou a construir ao lado de sua casa, pois o direito insculpido no art. 1210, § 1º, do novo Código Civil, deve ser exercido deimediato. Assim, o ato praticado pelos prepostos da ré foi ilícito, do que decorre seu dever de indenizar os danos causados. Dano material arbitrado nos termos do art. 6º da lei nº 9099/95. Dano moral caracterizado. Sentença reformada. RECURSO PROVIDO. UNÂNIME. (Recurso Cível Nº 71004321428, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Pedro Luiz Pozza, Julgado em 22/08/2013)
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Ex. 3: Direito de vizinhança (ramos de árvores).
CC: Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido.
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De quem é o dever de cortar?
PRETENSÃO COMINATÓRIA. DIREITOS DE VIZINHANÇA. ÁRVORES LIMÍTROFES. DEVER DE PODA DOS GALHOS QUE ULTRAPASSAREM A ESTREMA DOS PRÉDIOS. RECURSO PROVIDO. (Recurso Cível Nº 71004463733, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Cleber Augusto Tonial, Julgado em 21/08/2014) 
Ora, incumbe ao proprietário da árvore impedir que o seu crescimento venha a invadir e causar prejuízos aos vizinhos. 
A invasão dos galhos é ônus do proprietário da árvore, e não do proprietário invadido. Ainda que o segundo possa cortá-los, essa é apenas uma faculdade e seu não-exercício não é capaz de extinguir o dever de poda do proprietário da árvore.
Pensar de outro modo implicaria admitir que o proprietário de um prédio, livremente, pudesse realizar as plantações que bem desejasse, impondo aos vizinhos invadidos despesas para as quais jamais anuíram. 
Se há o dever de poda, é claro que as despesas e o dever de obtenção das autorizações administrativas deverão ser suportados por aquele que é obrigado à poda. (trechos do inteiro teor)
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Ex.4: Prisão em Flagrante. 
Se há um crime, um cidadão qualquer pode prender o criminoso?
 
CP: DA PRISÃO EM FLAGRANTE
        Art. 301.  Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
        Art. 302.  Considera-se em flagrante delito quem:
        I - está cometendo a infração penal;
        II - acaba de cometê-la;
        III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
        IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
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HABEAS CORPUS. ROUBO TENTADO MAJORADO. LEGALIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA. REQUISITOS. AUSÊNCIA DE HIPÓTESE DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. - REQUISITOS DO ART. 312, CPP. FUMUS DELICTI. PERICULUM LIBERTATIS. O fumus commissi delicti é facilmente depreendido dos elementos indiciários e corroborado pelo posterior recebimento da denúncia. Merece destaque não só a gravidade ínsita ao delito imputado (roubo tentado, duplamente majorado), mas também a que foi revelada pelos meios concretos de sua execução, considerando as graves circunstâncias fáticas descritas nos elementos que instruem o writ. Segundo a denúncia, o paciente, mediante violência e grave ameaça exercida com emprego de arma de fogo, abordou a vítima em via pública, anunciou o assalto e deu início ao ato de subtrair seu automóvel. O agente somente não logrou êxito em virtude de resistência por parte do lesado, que, juntamente com populares, conseguiu detê-lo. Posteriormente, a Brigada Militar foi chamada e a prisão em flagrante efetuada. (...). Ordem denegada. (Habeas Corpus Nº 70063163778, Oitava Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Dálvio Leite Dias Teixeira, Julgado em 11/02/2015) 
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Ex.5: Estado de necessidade:
CP: Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
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Caso Hospitalar
Em uma ação judicial, relatou-se um episódio no qual uma pessoa foi atingida com objeto suspeito de contaminação com o vírus HIV. Face à negativa de socorro médico, a pessoa que poderia estar contaminada arrombou as portas do hospital público, a fim de que pudesse ser medicada com o necessário tratamento imediato por meio de um coquetel anti-viral.
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Ex. 6: Legítima Defesa
CP: Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual
ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
 
Código Civil: Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
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Caso de impossibilidade de Legítima Defesa.
RESPONSABILIDADE CIVIL. TIRO DISPARADO CONTRA ADOLESCENTE QUE URINAVA NA PROPRIEDADE DO AUTOR. DESPROPORÇÃO ENTRE A REAÇÃO DO RÉU E O ATO PRATICADO PELA VÍTIMA. DEVER DE INDENIZAR RECONHECIDO. QUANTUM MANTIDO. 1. Sabe-se que desde os tempos mais remotos a auto-tutela é vedada pelos ordenamentos jurídicos, admitida em raríssimos casos e apenas por via de exceção. Mas ainda quando admitida esta, como na hipótese da legítima defesa, em que é retirado o caráter ilícito da conduta do agente, com vistas à reafirmação da ordem jurídica, é de ser observada a necessidade, a adequação e a moderação dos meios utilizados para a defesa do bem ou interesse em perigo. No caso em apreço, a atitude do demandado desbordou-se de todos esses parâmetros, mostrando-se mesmo desproporcional ao ato praticado pelo autor. Ainda que estivesse este último a perturbar-lhe a paz e o sossego noturno, não lhe é permitido, em contra-partida, em retaliação, dar um tiro pela janela, correndo o risco de que o projétil acertasse alguém, como de fato ocorreu. 2. Caso em que o montante indenizatório fixado na sentença vai mantido, por apresentar-se consentâneo com a realidade do caso concreto e com os parâmetros utilizados por esta Câmara. Apelos improvidos. (Apelação Cível Nº 70016406530, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Paulo Antônio Kretzmann, Julgado em 19/10/2006)
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Métodos alternativos de resolução de conflitos por um terceiro não juiz
Há ainda métodos alternativos para a pacificação social:
 
Conciliação: processual e extraprocessual. A conciliação extraprocessual ocorre somente no cível. Busca do acordo.
Mediação: A mediação não busca diretamente o acordo, mas sim trabalhar no conflito, levando as partes a dialogarem sem a interferência do mediador, que somente vai direcionar a conversa, sem emitir juízos de valor ou pedir que haja a conciliação. A conciliação não é o objetivo final da mediação, mas sim a sua conseqüência.
Arbitragem: pode ocorrer mas não quando há interesses indisponíveis em jogo.
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Do que se trata?
Um agricultor atendido pelos agentes comunitários, afirmou que se não fosse a chegada deste tipo de justiça em sua comunidade, as constantes brigas em família poderiam ficar mais sérias e violentas, já que a justiça estadual é lenta.  Separado e sem emprego, ele decidiu negociar a venda da casa que morava com ex-mulher. O problema é que uma das filhas, próxima de atingir a maioridade, interveio no negócio. Ela não queria deixar ele vender a casa, criando então um conflito em família.
 Após explicar seu caso a uma das agentes, o agricultor foi orientado a buscar a ex-esposa e a filha para um entendimento. No final, o consenso desejado, depois de se comprometer diante do agente conciliador, a família deixou o local decidida a vender a casa e a dividir o valor em partes iguais. "Ainda bem que a Justiça veio para perto da gente, nos ajudar e ensinar", finalizou.
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Mais sobre a arbitragem
Há ainda O JUÍZO ARBITRAL, Lei 9.307/96, que estabelece câmaras de arbitragem, também limitadas a direitos patrimoniais disponíveis, trazendo muitas vantagens às grandes empresas: rapidez, celeridade, eficiência, conhecimento profundo do árbitro sobre a matéria específica, etc.
Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
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DO DESPORTO, CRFB
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados:
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional;
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.
§ 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
§ 2º - A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.
§ 3º - O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social.
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Casos em que o não pode haver métodos extrajudiciais de Resolução de Conflitos.
Apesar dos meios alternativos criados para se pacificar conflitos, temos inúmeras situações em que a autotutela, a autocomposiçao e o juízo arbitral são impossíveis.
 
Assim, aplica-se o princípio: nulla poena sine judicio.
 
Casos concretos:
 
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Ex: perda do poder familiar.
 EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR - CONDUTAS DESABONADORAS POR PARTE DOS PAIS BIOLÓGICOS CARACTERIZADAS - USUÁRIOS DE "CRACK" - MELHOR INTERESSE DO MENOR - PRESERVAÇÃO - PROCEDÊNCIA DO PEDIDO - MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. - A perda do poder familiar consiste em sanção que deve ser aplicada aos pais quando demonstrado suficientemente que estes, por culpa ou dolo, não preservaram os direitos e interesses dos menores, observado o disposto no art. 1.638, do CC/2002 e nos arts. 22 e 24, do ECA. - Comprovado que os pais biológicos não exerceram a contento os deveres inerentes ao poder familiar, bem como a prática de condutas contrárias à moral e aos bons costumes (genitores usuários contumazes de entorpecentes), deve ser mantida a decisão que decretou a perda do poder familiar, por ser esta a medida que preserva o melhor interesse dos menores. - Recurso desprovido.  (TJMG -  Apelação Cível  1.0105.13.025711-3/001, Relator(a): Des.(a) Ana Paula Caixeta , 4ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 06/08/0015, publicação da súmula em 12/08/2015) 
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Casos em que não há interesses em conflitos, mas há necessidade de intervenção (controle) do Poder Judiciário
Ex: uma pessoa quer mudar de nome por que o considera ofensivo:
Casos de erro de combinação de nomes:
Leão Rolando Pedreira
Pacífico Armando Guerra
 
Nomes de mau gosto:
Liberdade Igualdade Fraternidade Nova York Rocha; Necrotério Pereira da Silva; Remédio Amargo
Rolando Escadabaixo; Um Dois Três de Oliveira Quatro (famoso)
Um Mesmo de Almeida; Vicente Mais ou Menos de Souza
 
- Os irmãos Epílogo, Verso, Estrofe, Poesia e Pessoína Campos.
- Os irmãos Xerox, Autenticada e Fotocópia.
- Godson ("filho de Deus" em inglês).
 
caso das meninas “homens”, e caso da menina que não sabia que o seu nome era sandra, e não Emannuele.
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Esfera Penal
Sempre haverá a intervenção do Poder Judiciário.
Na Justiça Penal, há mudanças para os crimes de menor potencial ofensivo, que permitem uma maior flexibilização das penas, mas ocorre a sua aplicação pelo Estado-Juiz.
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REVISÃO
A) Qual o objeto da TGP?
B) um conflito somente pode ser resolvido por um juiz?
C) Como se deu o surgimento da Jurisdição?
D) A autotutela hoje é exatamente igual a autotutela existente à concepção moderna de Estado?
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REVISÃO
E) qual a diferença entre um conflito penal para um conflito cível?
F) o exercício da autotutela é um ônus ou uma faculdade?
G) A autocomposição é cabível no processo penal?

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