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ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES
 1a EDIÇÃO/2022
1. ATOS PROCESSUAIS 3
2. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS 3
1.1. ATOS DAS PARTES (art. 200, CPC) 3
1.2. PRONUNCIAMENTOS DO JUIZ (art. 203, CPC) 5
1.2.1. SENTENÇA 5
1.2.2. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA 6
1.2.3. DESPACHO 6
1.2.4. ACÓRDÃO 7
1.3. ATOS DO ESCRIVÃO OU CHEFE DE SECRETARIA 7
3. PRÁTICA ELETRÔNICA DE ATOS PROCESSUAIS (arts. 193 a 199, CPC) 9
4. PRAZOS PROCESSUAIS 11
4.1. CONTAGEM EM DIAS ÚTEIS (art. 219) 12
4.2. SUSPENSÃO DOS PRAZOS 13
4.3. O PRAZO EM DOBRO E O CASO DO LITISCONSÓRCIO COM PATRONOS DIFERENTES DE ESCRITÓRIOS DE
ADVOCACIA DISTINTOS (art. 229) 14
4.4. TERMO INICIAL DOS PRAZOS 16
5. PRECLUSÃO 17
6. DA INVALIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS 17
6.1. PRINCÍPIOS ATINENTES À NULIDADE 20
7. DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS 23
7.1. CARTAS 23
7.1.1. CARTA PRECATÓRIA 26
7.1.2. CARTA ROGATÓRIA 26
7.1.3. CARTA DE ORDEM 26
7.1.4. CARTA ARBITRAL 26
7.2. CITAÇÃO 27
7.3. EFEITOS DA CITAÇÃO 28
7.3.1. EFEITOS PROCESSUAIS 28
7.3.2. EFEITOS MATERIAIS 29
7.4. MODALIDADES DE CITAÇÃO 30
7.4.1. CITAÇÃO POR VIA POSTAL (art. 247-248, CPC) 30
7.4.1.1. HIPÓTESES QUE NÃO CABE CITAÇÃO POR CORREIO (art. 247) 32
7.4.2. CITAÇÃO POR OFICIAL DE JUSTIÇA (arts. 249-255) 32
7.4.3. CITAÇÃO POR EDITAL 35
7.4.4. CITAÇÃO POR MEIO ELETRÔNICO 36
7.4.4.1. PROCEDIMENTO DA CITAÇÃO POR MEIO ELETRÔNICO 38
7.4.4.2. CITAÇÃO EM ENDEREÇO ELETRÔNICO E DUALIDADE DE SISTEMAS 40
7.5. PESSOALIDADE DA CITAÇÃO (TABELA) 41
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 1
8. TABELA DE PRAZOS PROCESSUAIS 42
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 2
1. ATOS PROCESSUAIS
Os atos processuais são condutas humanas realizadas no processo e com importância para ele. Os
fatos processuais, por outro lado, são os acontecimentos naturais que geralmente não dependem de condutas
humanas.
Nas palavras de Elpidio Donizetti “O ato processual decorre da manifestação da vontade humana com
a finalidade de produzir efeitos na relação processual, seja para a ela dar início (petição inicial), desenvolvê-la
(despachos, exemplificativamente), modificá-la (com a exclusão de um litisconsorte) ou extingui-la
(sentença/acórdão e consequente trânsito em julgado). Os atos processuais, dependendo de sua natureza e
finalidade, são praticados pelas partes (atos de postulação, dispositivos e instrutórios), pelo juiz (despachos e
decisões, interlocutórias ou finais) e pelos auxiliares da justiça (citações, intimações, termos de juntada e de
vista, laudo pericial etc.)”.1
Segundo Marcus Vinicius, “os atos processuais devem ser praticados em conformidade com o que
determina a lei. Esta preestabelece a sequência em que eles devem ser realizados e, em regra, a forma que
devem obedecer”2.
OBSERVAÇÃO
Em regra, os atos processuais são comissivos (resulta de uma ação, não decorre do acaso). Contudo, a
lei pode estabelecer consequências importantes para alguma omissão, como é o caso do ônus de oferecer a
contestação, cujo não oferecimento pode resultar nos efeitos da revelia.
2. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
A classificação dos atos processuais leva em conta os sujeitos e podem ser praticados pelas partes ou
pelo juiz.
1.1. ATOS DAS PARTES (art. 200, CPC)
Nos termos do art. 200 do CPC, os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais
de vontade produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. Mas os atos
unilaterais são feitos sem a necessidade de anuência da parte contrária.
2 Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora
Saraiva, 2022.
1 Donizetti, Elpídio. Curso de Direito Processual Civil. Volume Único. Disponível em: Minha Biblioteca, (25th edição). Grupo GEN, 2022.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 3
Elpidio Donizetti ao tratar sobre atos das partes afirma que esses “são os praticados pelo autor, pelo
réu, pelos terceiros intervenientes e pelo Ministério Público. Como se vê, o termo “partes” é tomado em sentido
processual, ou seja, é a pessoa ou ente que figura no processo defendendo alguma posição jurídica, ativa ou
passiva, ainda que não ostente qualquer pertinência com o direito material deduzido no processo. Assim, basta
que haja interesse de que a causa seja dirimida de uma ou de outra forma para que seja tida como parte, apta
a praticar ato processual. Nesse sentido, inclusive o amicus curiae e o interveniente anômalo (intervenção da
União, por exemplo, com base no art. 5º, Lei nº 9.469/97). A Fazenda Pública, quando intervém num processo, é
tida como parte”.3
O CPC fala sobre duas formas de atos das partes, quais sejam:
► Declarações unilaterais de vontade: correspondem àqueles que a parte pratica sem necessitar
da anuência da parte contrária, como a renúncia de um recurso e a desistência de uma ação;
► Declarações bilaterais de vontade. Aqui, é importante lembrar do art. 190 do CPC, que
estabelece a cláusula geral do negócio jurídico processual, vejamos:
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito
às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo
às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes,
faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a VALIDADE das
convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de
nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma
parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.
Assim, as partes poderão fazer acordo de:
► Adequação do procedimento para alterar:
■ Ato Processual: As partes podem alterar a forma, o local e o tempo do ato a ser realizado.
■ Procedimento: É possível às partes mudarem o procedimento em si a partir de supressão de atos
(exemplo: retirar réplica, alegações finais etc.) ou ainda poderão incluir atos processuais. Além disso, também
poderão inverter a ordem prevista no procedimento (exemplo: prova pericial antes e, depois, a instrução).
► Ônus, poderes, deveres e faculdades: como exemplo, tem-se o ônus da impugnação específica
dos fatos alegados na inicial que, por negócio jurídico, é possível eliminar.
3 Donizetti, Elpídio. Curso de Direito Processual Civil. Volume Único. Disponível em: Minha Biblioteca, (25th edição). Grupo GEN,
2022.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 4
OBSERVAÇÕES
■ A liberdade das partes sofre limitações pelo próprio art. 190, que exige os seguintes requisitos para a
realização de negócio processual: i) partes capazes e ii) direito que admite solução por autocomposição.
Ademais, embora não seja vedado o negócio jurídico processual em contrato de adesão, a inserção abusiva de
cláusulas nessa espécie de contrato será NULA.
■ A vulnerabilidade da parte pode ensejar a invalidade.
■ O negócio jurídico não pode violar princípios processuais e nem matérias de ordem pública. Assim, as
partes não podem afastar a intervenção do MP por acordo. Da mesma forma, não é possível dispor sobre a
competência absoluta.
Além disso, é importante destacar que não é possível violar princípios processuais.
► Quanto à geração de efeitos, o ato das partes gera efeitos imediatamente e não depende de
homologação pelo órgão jurisdicional. Todavia, há exceção, qual seja: a desistência da ação, que depende de
sentença homologatória.
1.2. PRONUNCIAMENTOS DO JUIZ (art. 203, CPC)
Nos termos do art. 203, caput, do CPC: “os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões
interlocutórias e despachos”. Ainda segundo o dispositivo: “ressalvadas as disposições expressas dos
procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487,
põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução”.
Por outro lado, as decisões interlocutórias correspondem aos pronunciamentos judiciais que não
podem ser considerados como sentença, mas que possuem natureza decisória.alguma forma do processo. Assim, por uma primeira interpretação, até mesmo o advogado,
juiz, procurador, defensor, etc. devem indicar endereço eletrônico para o caso de serem partes em processo
futuro. Da mesma forma, deverá a testemunha fornecer endereço eletrônico, tendo em vista que o dispositivo
abrange todos aqueles que participarem do processo.
Qual a consequência do descumprimento do dever de informar o endereço eletrônico? Pode-se
associar o dever do art. 77, VII com o ato atentatório à dignidade da justiça (multa de 20% do valor da causa).
ATENÇÃO
Todavia, essa multa está prevista no art. 77, §2º, que faz remissão expressa a violação no disposto
nos incisos IV e VI. Assim, percebe-se que a multa não se aplica ao inciso VII. Diante disso, Daniel Assumpção
aponta que não se pode utilizar de técnicas hermenêuticas para expandir a aplicação da multa, tendo em vista
que a norma sancionatória não pode ser interpretada ampliativamente.
Para qual endereço eletrônico deve ser encaminhado a citação? O art. 246, caput, afirma que a
citação ocorrerá nos endereços eletrônicos indicados pelo citando no banco de dados do poder judiciário. A
previsão legal impede, de forma peremptória, a indicação pelo autor na inicial de um endereço eletrônico
que não esteja cadastrado no poder judiciário. Assim, o endereço é o indicado pelo citando. Caso ele não
indique, não se viabiliza a citação por meio eletrônico.
OBSERVAÇÃO
No caso do negócio jurídico processual, poderá ser negociada a forma de citação, indicando-se
endereço eletrônico diverso.
Ademais, conforme o §6º do art. 246:
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 37
§ 6º Para os fins do § 5º deste artigo, deverá haver compartilhamento de cadastro
com o órgão do Poder Judiciário, incluído o endereço eletrônico constante do
sistema integrado da Redesim, nos termos da legislação aplicável ao sigilo fiscal e
ao tratamento de dados pessoais.
Temos, portanto, expressamente um compartilhamento do cadastro da REDESIM com o órgão do
judiciário, dando a entender que se poderia utilizar o endereço eletrônico da REDESIM para fins de citação.
Todavia, lembra Daniel Assumpção que essa interpretação contraria o caput do art. 246 do CPC. Isso
porque quando se constitui uma empresa pela REDESIM indicando-se endereço eletrônico, faz-se sem a
intenção de que tal endereço sirva para receber citação em eventual ação judicial. Assim, não poderia a parte
ser surpreendida com uma citação em tal endereço.
OBSERVAÇÃO
A lei não contempla a citação por WhatsApp, tendo em vista que fala em “endereço eletrônico”.
7.4.4.1. PROCEDIMENTO DA CITAÇÃO POR MEIO ELETRÔNICO
O autor, antes de propor a demanda, deve consultar o cadastro para obtenção do endereço
eletrônico. O art. 246, § 4º prevê:
§ 4º As citações por correio eletrônico serão acompanhadas das orientações para
realização da confirmação de recebimento e de código identificador que permitirá a
sua identificação na página eletrônica do órgão judicial citante.
Segundo Elpídio Donizetti, “para que não haja dúvida por parte do destinatário da mensagem, é
necessário que a modalidade de citação por meio eletrônico venha acompanhada de orientações para a
realização da identificação do processo e do órgão judicial citante. Links, QR Code ou mesmo sistema de
identificação por login e senha ou código são formas de confirmar a autenticidade das informações.”14
Ainda, conforme o §1º-A:
14 Donizetti, Elpídio. Curso de Direito Processual Civil. Volume Único. Disponível em: Minha Biblioteca, (25th edição). Grupo GEN,
2022.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 38
§ 1º-A A ausência de confirmação, em até 3 dias úteis, contados do recebimento da
citação eletrônica, implicará a realização da citação:
I - pelo correio;
II - por oficial de justiça;
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório;
IV - por edital.
OBSERVAÇÕES
■ O legislador valorizou a segurança jurídica para o ato de citação, tendo em vista que não temos
presunção de confirmação. Não há, portanto, nenhum caso de citação ficta nesse caso. Assim, não havendo a
confirmação, a citação por meio eletrônico, a citação será frustrada, e será feita pelos meios tradicionais.
Ademais, conforme o §1º-B:
§ 1º-B Na primeira oportunidade de falar nos autos, o réu citado nas formas
previstas nos incisos I, II, III e IV do § 1º-A deste artigo deverá apresentar justa causa
para a ausência de confirmação do recebimento da citação enviada
eletronicamente.
■ A primeira oportunidade de falar nos autos poderá ser tanto uma manifestação do réu para dizer
que não quer a realização da audiência do art. 334, CPC, como a contestação (nas hipóteses em que não haja
designação da audiência ou na hipótese de alegação de incompetência). Ainda, a primeira oportunidade poderá
ser a própria audiência de conciliação.
Essa primeira manifestação deverá apresentar, portanto, uma justa causa para a não confirmação no
prazo. Se não houver justa causa, a parte sofrerá uma multa nos termos do art. 246, §1º-C:
§ 1º-C Considera-se ato atentatório à dignidade da justiça, passível de multa de até
5% (cinco por cento) do valor da causa, deixar de confirmar no prazo legal, sem
justa causa, o recebimento da citação recebida por meio eletrônico.
■ O §1º-C tem uma omissão: a pessoa do credor da multa. Isso porque, pela regra geral, o credor é o
Estado, mas na execução o credor é o exequente.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 39
7.4.4.2. CITAÇÃO EM ENDEREÇO ELETRÔNICO E DUALIDADE DE SISTEMAS
Como a citação por meio eletrônico não foi criada pela Lei 14.195, teremos uma dualidade de citação
eletrônica? Tudo leva a crer que essa dualidade exista realmente. Ou seja, a antiga forma de realização de
citação eletrônica (portal eletrônico) com a atual (via endereço eletrônico).
Nos termos do art. 231, CPC:
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do
prazo:
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término
do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica;
Todavia, a Lei nº 14.195 cria mais um inciso no art. 231, veja:
IX - o quinto dia útil seguinte à confirmação, na forma prevista na mensagem de
citação, do recebimento da citação realizada por meio eletrônico. (Incluído pela Lei
nº 14.195, de 2021).
Assim, percebe-se que se tratam de formas de citação por meio eletrônico diferentes e para
cada uma delas um termo inicial diferente.
ATENÇÃO
O art. 247, III diz que a pessoa jurídica de direito público não pode ser citada por meio eletrônico.
Todavia, o art. 246, §1º afirma o dever dessas pessoas jurídicas de fornecerem o endereço eletrônico para fins
de citação.
Aplicação imediata das novidades da citação em endereço eletrônico? Tais alterações não estão em
vacatio legis e por isso devem ser implementadas imediatamente. Todavia, por uma questão tecnológica, as
novidades ainda não podem ser implementadas de imediato.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 40
7.5. PESSOALIDADE DA CITAÇÃO (TABELA)
REGRA GERAL Pessoa do réu (art 242 CPC).
INCAPAZ Pessoa do réu ou representante legal (art. 242, c/c art. 105, caput, CPC).
UNIÃO, ESTADOS, DF E
TERRITÓRIOS
Seus procuradores.
MUNICÍPIOS Prefeitos e procuradores.
LOCADOR QUE SE AUSENTAR
DO BRASIL SEM CIENTIFICAR O
LOCATÁRIO DE QUE DEIXOU NA
LOCALIDADE ONDE ESTIVER
SITUADO O IMÓVEL
PROCURADOR COM PODERES
PARA RECEBER CITAÇÃO
Administrador do imóvel - presunção legal de representação voluntária
(art 242, §2º CPC).
NA AUSÊNCIA DO CITANDO
Pessoa de seu mandatário, administrador, preposto ou gerente, quando
a ação se originar de atos por eles praticados (art 242, §1º CPC).
PESSOA JURÍDICA DE DIREITO
PRIVADO
Será válida a entrega do mandado a pessoa com poderes de gerência
geral ou de administração, ou, ainda, a funcionário responsável pelo
recebimento de correspondências (art 248, §2º CPC).
CONDOMÍNIOS EDILÍCIOS OU
LOTEAMENTOS COM CONTROLE
DE ACESSO
Será válida a entrega do mandadofeita a funcionário da portaria
responsável pelo recebimento de correspondência, que, entretanto,
poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da
lei, que o destinatário da correspondência está ausente (art 248, §4º
CPC).
CITANDO ESTIVER
IMPOSSIBILITADO DE RECEBER A
CITAÇÃO
O juiz, após observar os §§1º a 3º do art 245, nomeará curador especial,
para receber a citação e apresentar a defesa (art 245, §§4º e 5º, CPC).
Lembrando que a curatela especial é função institucional da Defensoria
Pública.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 41
8. TABELA DE PRAZOS PROCESSUAIS
PRAZO DE 15 DIAS
▸ Para o réu oferecer contestação: (art. 335);
▸ Para o advogado apresentar a procuração nos casos em que é permitido postular
sem ela: (art. 104, § 1º);
▸ Para se impugnar o pedido de assistência do terceiro interessado: (art. 120);
▸ Para que o sócio ou a pessoa jurídica manifeste-se e requeira provas no incidente
de desconsideração da personalidade jurídica: (art. 135);
▸ A contar do conhecimento do fato, para que as partes aleguem impedimento ou
suspeição do juiz: (art. 146);
▸ Para o autor aditar a petição inicial, nos pedidos de tutela antecipada em caráter
antecedente: (art. 303, § 1º, I);
▸ No caso de morte do procurador, para que a parte constitua novo mandatário: (art.
313, § 3º);
▸ Para que o autor emende ou complete a petição inicial: (art. 321);
▸ Para que o autor se manifeste acerca das alegações do réu: (art. 350 e art. 351);
▸ Para que as partes apresentem o rol de testemunhas: (art. 357, § 4º);
▸ Para se arguir a falsidade de documentos: (art. 430);
▸ Para que uma das partes se manifeste sobre documento apresentado pela outra
parte: (art. 437, § 1º);
▸ Para a apresentação de quesitos: (art. 465, § 1º, III);
▸ Para o executado pagar o débito no cumprimento de sentença definitivo de
obrigação de pagar quantia certa: (art. 523);
▸ Para apresentação de impugnação pelo executado no cumprimento de sentença
definitivo de obrigação de pagar quantia certa: (art. 525);
▸ Nas ações de exigir contas: (art. 550, caput; art. 550, §§ 2º, 5º e 6º);
▸ Nas ações de manutenção e reintegração de posse: (art. 564);
▸ Nas ações de demarcação de terras: (art. 577 e art. 586);
▸ Nas ações de divisão de terras: (art.592 e art. 598 c/c 577);
▸ Nas ações de dissolução parcial de sociedade: (art. 601);
▸ Para se contestar os embargos de terceiro: (art. 679);
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 42
▸ Para se contestar a oposição: (art. 683, parágrafo único);
▸ Nas ações monitórias: (art. 701 e art. 702, § 5º, sob a forma de embargos);
▸ Para o interditando impugnar o pedido de interdição: (art. 752);
▸ Nas execuções para a entrega de coisa certa: (art. 806);
▸ Nas execuções para a entrega de coisa incerta: (art. 812);
▸ Nas execuções das obrigações de fazer: (art. 819 e art. 819, parágrafo único);
▸ Para o executado oferecer embargos à execução: (art. 915 e art. 920, I);
▸ Na ação rescisória: (art. 970);
PRAZO DE 10 DIAS
▸ Para o advogado continuar representando a parte, após a renúncia do mandato:
(art. 112, § 1º);
▸ Para o autor adotar as providências necessárias para viabilizar a citação do réu:
(art. 240, § 2º);
▸ Da audiência, para o réu apresentar seu desinteresse na autocomposição: (art. 334,
§ 5º);
▸ Nas ações de consignação em pagamento: (art. 539, § 1º e art. 545, caput);
▸ Para os condôminos apresentarem seus títulos, nas ações de divisão de terras: (art.
591);
▸ Nas ações de dissolução parcial de sociedade: (art. 600, IV);
▸ Para o devedor exercer sua opção de escolha, nas obrigações alternativas: (art.
800);
▸ Nas obrigações de fazer: (art. 818);
PRAZO DE 5 DIAS
▸Para o advogado requerer vista dos autos de qualquer processo: (art. 107, II);
▸ Para a prática de ato processual a cargo da parte, quando não houver prazo
específico: (art. 218, § 3º);
▸ Para o autor emendar a petição inicial, nos casos em que o órgão jurisdicional
entender que não há elementos para a concessão da tutela antecipada: (art. 303, §
6º);
▸ Para o réu contestar o pedido de tutela cautelar antecedente (art. 306);
▸ Para o juiz retratar-se, após a interposição da apelação: (art. 331 e art. 332, § 3º);
▸ Para as partes pedirem esclarecimentos ou solicitar ajustes após o saneamento do
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 43
processo: (art. 357, § 1º);
▸ Para o autor se manifestar acerca do depósito do valor incontroverso no
cumprimento de sentença de obrigação de pagar quantia certa: (art. 526, § 1º);
▸ Nas ações de consignação em pagamento: (art. 541; art. 542, I e art. 543);
▸ Para o réu requerer caução, nas ações possessórias: (art. 559);
▸ Para o inventariante prestar compromisso após a intimação da nomeação: (art.
617, parágrafo único);
▸ Para a oposição de embargos de terceiro: (art. 675);
▸ Para os requeridos manifestarem-se acerca da petição de habilitação: (art. 690);
▸ Para o tutor ou curador prestar compromisso ou eximir-se do encargo: (art. 759 e
art. 760);
▸ Para o exequente exercer o direito de preferência na execução das obrigações de
fazer: (art. 820, parágrafo único);
▸ Para o recorrente sanar o vício ou completar a documentação do recurso: (art. 932,
parágrafo único);
▸ Para a oposição dos embargos de declaração: (art. 1.023).
Tabela criada com base nas informações do Livro do Elpídio Donizetti15.
15 Donizetti, Elpídio. Curso de Direito Processual Civil. Volume Único. Disponível em: Minha Biblioteca, (25th edição). Grupo GEN,
2022.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 44Isso porque os demais
pronunciamentos são considerados como despachos e podem ser praticados de ofício ou a requerimento da
parte (art. 203, §§ 2º e 3º, CPC).
Ademais, de acordo com o art. 203, § 4º, do CPC: “Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a
vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando
necessário.”
Elpidio Donizetti nos relembra que “todos os pronunciamentos do juízo (juiz, tribunal, relator) são
redigidos, datados e assinados (eletronicamente é o que comumente ocorre) pelos julgadores e publicados no
Diário de Justiça Eletrônico (art. 205, §§ 2º e 3º)”.4
1.2.1. SENTENÇA
Para se definir um ato como sentença é necessário observar 2 critérios:
4 Donizetti, Elpídio. Curso de Direito Processual Civil. Volume Único. Disponível em: Minha Biblioteca, (25th edição). Grupo GEN, 2022.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 5
▸ CONTEÚDO: Que deve estar previsto nos art. 485 do CPC (sentença terminativa) e art. 487 do CPC
(sentença definitiva).
▸ EFEITO: A decisão deve extinguir a fase cognitiva do procedimento comum ou a execução.
Quanto à extinção da fase cognitiva do procedimento comum, o legislador pensou no processo
sincrético, que é aquele composto por duas fases sucessivas (uma fase de conhecimento e uma fase de
cumprimento de sentença).
Mas, devemos lembrar que é possível que essa extinção da fase cognitiva represente a extinção do
próprio processo. Se tivermos sentenças terminativas, de improcedência, meramente declaratória ou uma
sentença constitutiva, não teremos cumprimento de sentença, pois não há o que executar, pelo menos no que
tange ao capítulo principal. Isso em nada impacta o conceito de sentença.
Marcus Vinicius nos relembra bem que “o conceito de sentença formulado pela lei vale-se de seu
possível conteúdo (arts. 485 e 487), mas é determinado, sobretudo, pela aptidão de pôr fim ao processo, ou à
sua fase cognitiva. O conteúdo do pronunciamento não é determinante, pois, com a admissão do julgamento
antecipado parcial do mérito, haverá também decisões interlocutórias de mérito. Mas elas não poderão ser
confundidas com a sentença, porque, sendo interlocutórias, são proferidas no curso do processo, sem pôr-lhe
fim e sem encerrar a fase cognitiva. O prazo para o juiz proferir sentença é de 30 dias (art. 226, III, do CPC)”.5
No que tange à execução, o legislador prefere tratar como processo autônomo.
1.2.2. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA
O critério estabelecido na lei para definir as decisões interlocutórias é claramente residual. Assim, a
decisão interlocutória, em regra, se destina a resolver questões incidentais (pois seu conteúdo não é de
sentença e, por isso, excluímos da ideia de sentença).
No entanto, há decisões que possuem conteúdo de sentença e não possuem o efeito da sentença
(decisão interlocutória terminativa). Como exemplo, tem-se o reconhecimento da ilegitimidade passiva de
um dos réus. Aqui, o juiz exclui aquele que foi considerado como parte ilegítima e o processo prossegue.
Além disso, tem-se, também, a decisão interlocutória de mérito. Nesta, um processo com mais de
um pedido pode ter um deles julgamento antes dos demais, o que será realizado através de uma decisão
interlocutória de mérito.
1.2.3. DESPACHO
Os despachos são os pronunciamentos sem carga decisória. Aqui, não há caminhos a seguir pelo
juiz, pois a lei ordena o ato que deve ser feito sem nenhum tipo de opção.
5 Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora
Saraiva, 2022.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 6
Frisa-se que o que importa é o conteúdo da peça judicial. Assim, por exemplo, ainda que se chame de
“despacho saneador” uma decisão que não se amolda à definição do art. 203, § 3º do CPC, ela será tratada com
a sua natureza jurídica imanente.
Elpidio Donizetti afirma que “os despachos, porque desprovidos de conteúdo decisório, de regra não
têm aptidão para causar lesão às partes. Por isso, nos termos do art. 1.001, deles não cabe recurso algum. Se
causarem gravame, podem ensejar correição parcial (recurso anômalo previsto nas leis de organização
judiciária) ou mandado de segurança. Por exemplo, a designação de audiência para data distante, de forma a
comprometer a garantia da duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF/1988), afronta direito líquido e
certo dos litigantes, dando azo à impetração de mandado de segurança. Tal como ocorre com as decisões
interlocutórias, nos tribunais há prolação de despachos, de regra pelo relator, a quem incumbe dirigir e ordenar
o processo (art. 932, I)”.6
1.2.4. ACÓRDÃO
Nos termos do CPC: acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais (art. 204, CPC). Trata-se,
portanto, das decisões tomadas de forma coletiva o que ocorre, via de regra, pelos Tribunais.
O dispositivo acima não menciona a questão da decisão monocrática do relator, que pode ser
interlocutória ou uma decisão monocrática final (art. 932, §§ 3º, 4º e 5º). A decisão monocrática é possível nos
recursos e no reexame necessário.
No que tange aos processos de competência originária, o CPC não trata de maneira direta sobre o
relator decidir monocraticamente nesses casos.
OBSERVAÇÃO
No Mandado de Segurança, na Reclamação e na Ação Rescisória, o art. 937, §3º, do CPC dispõe que
cabe sustentação oral em agravo interno contra decisão do relator que extinga essas três ações.
1.3. ATOS DO ESCRIVÃO OU CHEFE DE SECRETARIA
Art. 206. Ao receber a petição inicial de processo, o escrivão ou o chefe de
secretaria a autuará, mencionando o juízo, a natureza do processo, o número de
seu registro, os nomes das partes e a data de seu início, e procederá do mesmo
modo em relação aos volumes em formação.
Art. 207. O escrivão ou o chefe de secretaria numerará e rubricará todas as folhas
6 Donizetti, Elpídio. Curso de Direito Processual Civil. Volume Único. Disponível em: Minha Biblioteca, (25th edição). Grupo GEN, 2022.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 7
dos autos.
Parágrafo único. À parte, ao procurador, ao membro do Ministério Público, ao
defensor público e aos auxiliares da justiça é facultado rubricar as folhas
correspondentes aos atos em que intervierem.
Art. 208. Os termos de juntada, vista, conclusão e outros semelhantes constarão de
notas datadas e rubricadas pelo escrivão ou pelo chefe de secretaria.
Art. 209. Os atos e os termos do processo serão assinados pelas pessoas que neles
intervierem, todavia, quando essas não puderem ou não quiserem firmá-los, o
escrivão ou o chefe de secretaria certificará a ocorrência.
§ 1º Quando se tratar de processo total ou parcialmente documentado em autos
eletrônicos, os atos processuais praticados na presença do juiz poderão ser
produzidos e armazenados de modo integralmente digital em arquivo eletrônico
inviolável, na forma da lei, mediante registro em termo, que será assinado
digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelos
advogados das partes.
§ 2º Na hipótese do § 1º, eventuais contradições na transcrição deverão ser
suscitadas oralmente no momento de realização do ato, sob pena de preclusão,
devendo o juiz decidir de plano e ordenar o registro, no termo, da alegação e da
decisão.
Art. 210. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia ou de outro método idôneo em
qualquer juízo ou tribunal.
Art. 211. Não se admitem nos atos e termos processuais espaços em branco, salvo
os que forem inutilizados, assim como entrelinhas, emendas ou rasuras, exceto
quando expressamente ressalvadas
Elpídio Donizetti define os atos do escrivão ou chefe de secretaria como aqueles que “classificam-se
em atos de documentação, como a lavratura de termos e de comunicação e consistem, basicamente, na
autuação (colocação de capa para forma dos autos ou caderno processual), juntada de novos atos processuais,
lavrando-se a respectiva certidão ou termo e numerando-se as folhas, lavratura de termo de vista e conclusão.Quando o processo eletrônico for efetiva e integralmente implantado, essas funções serão sensivelmente
reduzidas. O próprio computador fará a juntada (aliás, arquivará na ordem sequenciada os atos processuais e
respectivos documentos) e numerará a folha. Eventuais certidões também podem ser expedidas
eletronicamente. É de se questionar, inclusive, essa divisão em varas, cada uma com pelo menos um juiz e um
escrivão. Numa nova organização, para cada unidade de secretaria (vara, seção ou outro nome). (...) Quando os
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 8
atos forem proferidos oralmente (depoimentos, despachos e decisões proferidas em audiência, por exemplo),
devem ser documentados em termos lavrados pelo escrivão ou escrevente e assinados por quem participou do
ato (juiz, escrivão e, quando for o caso, o depoente, as partes).”7
3. PRÁTICA ELETRÔNICA DE ATOS PROCESSUAIS (arts. 193 a 199, CPC)
Visando a efetividade, celeridade e duração razoável do processo, se deu ensejo ao uso dos meios
eletrônicos e informatização do processo.
Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, de forma a
permitir que sejam produzidos, comunicados, armazenados e validados por meio
eletrônico, na forma da lei.
Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, no que for cabível, à prática de
atos notariais e de registro.
Art. 194. Os sistemas de automação processual respeitarão a publicidade dos atos,
o acesso e a participação das partes e de seus procuradores, inclusive nas
audiências e sessões de julgamento, observadas as garantias da disponibilidade,
independência da plataforma computacional, acessibilidade e interoperabilidade
dos sistemas, serviços, dados e informações que o Poder Judiciário administre no
exercício de suas funções.
Art. 195. O registro de ato processual eletrônico deverá ser feito em padrões
abertos, que atenderão aos requisitos de autenticidade, integridade,
temporalidade, não repúdio, conservação e, nos casos que tramitem em segredo
de justiça, confidencialidade, observada a infraestrutura de chaves públicas
unificada nacionalmente, nos termos da lei.
Art. 196. Compete ao Conselho Nacional de Justiça e, supletivamente, aos tribunais,
regulamentar a prática e a comunicação oficial de atos processuais por meio
eletrônico e velar pela compatibilidade dos sistemas, disciplinando a incorporação
progressiva de novos avanços tecnológicos e editando, para esse fim, os atos que
forem necessários, respeitadas as normas fundamentais deste Código.
Art. 197. Os tribunais divulgarão as informações constantes de seu sistema de
7 Donizetti, Elpídio. Curso de Direito Processual Civil. Volume Único. Disponível em: Minha Biblioteca, (25th edição). Grupo GEN,
2022.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 9
automação em página própria na rede mundial de computadores, gozando a
divulgação de presunção de veracidade e confiabilidade.
Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do sistema e de erro ou omissão
do auxiliar da justiça responsável pelo registro dos andamentos, poderá ser
configurada a justa causa prevista no art. 223, caput e § 1º .
Art. 198. As unidades do Poder Judiciário deverão manter gratuitamente, à
disposição dos interessados, equipamentos necessários à prática de atos
processuais e à consulta e ao acesso ao sistema e aos documentos dele constantes.
Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por meio não eletrônico no local
onde não estiverem disponibilizados os equipamentos previstos no caput .
Art. 199. As unidades do Poder Judiciário assegurarão às pessoas com deficiência
acessibilidade aos seus sítios na rede mundial de computadores, ao meio eletrônico
de prática de atos judiciais, à comunicação eletrônica dos atos processuais e à
assinatura eletrônica.
ATENÇÃO
Deve-se ler a Lei 11.419/2016, que trata da regulamentação de tais atos. Contudo, separamos os
aspectos mais relevantes:
► COMPETÊNCIA PARA REGULAMENTAÇÃO DOS ATOS ELETRÔNICOS: Compete ao CNJ. Assim,
cabe ao CNJ a uniformização do sistema eletrônico do processo civil brasileiro.
► PROBLEMA TÉCNICO DO SISTEMA OU ERRO/OMISSÃO DO AUXILIAR DA JUSTIÇA RESPONSÁVEL
PELO REGISTRO DOS ANDAMENTOS: A falha não será imputada à parte e é possível renovar o ato.
► UNIDADES DO PODER JUDICIÁRIO DEVEM MANTER DE FORMA GRATUITA EQUIPAMENTOS
NECESSÁRIOS À PRÁTICA DO ATO: não havendo o equipamento, deve-se aceitar a prática de ato por meio não
eletrônico.
► ATO DEVE SER PRATICADO CONSIDERANDO-SE O HORÁRIO VIGENTE ONDE O PROCESSO
TRAMITA.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 10
4. PRAZOS PROCESSUAIS
Elpídio Donizetti afirma que “para que o processo não se eternize, a lei estabelece um prazo para que
os atos processuais sejam praticados. Por prazo entende-se a quantidade de tempo que deve mediar entre dois
atos.”8
Os prazos processuais podem ser próprios e impróprios. Os prazos próprios são também chamados
de preclusivos, e devem ser respeitados, sob pena de preclusão temporal. Nesse contexto, vejamos o artigo
223:
Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato
processual, independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém,
à parte provar que não o realizou por justa causa.
§ 1º Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da parte e que a impediu
de praticar o ato por si ou por mandatário.
§ 2º Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que
lhe assinar.
Os atos impróprios normalmente são os dos juízes, dos auxiliares e do MP, quando atua como fiscal da
ordem. São assim denominados, pois não implicam na perda da faculdade de praticar o ato.
ATENÇÃO
A tempestividade recursal pode ser aferida, excepcionalmente, por meio de informação constante em
andamento processual disponibilizado no sítio eletrônico, quando informação equivocadamente disponibilizada
pelo Tribunal de origem induzem a parte em erro, em respeito aos princípios da boa-fé processual e da
confiança. STJ. Corte Especial. EAREsp 688.615/MS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 04/03/2020
(Info 666). (Dizer o Direito).
Os prazos também podem ser dilatórios e peremptórios. São peremptórios os prazos cogentes,
assim considerados porque não podem ser modificados pela vontade das partes. Já os prazos dilatórios podem
ser alterados pela convenção das partes. Contudo, é importante não esquecer que os arts. 190 e 191 do CPC
dispõe sobre a possibilidade de convenção das partes e de fixação de um calendário para a prática dos atos
processuais.
8 Donizetti, Elpídio. Curso de Direito Processual Civil. Volume Único. Disponível em: Minha Biblioteca, (25th edição). Grupo GEN,
2022.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 11
Ademais, o artigo 222 do CPC traz a possibilidade de prorrogação dos prazos, vejamos:
Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o
transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos por até 2 meses.
§ 1º Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes.
§ 2º Havendo calamidade pública, o limite previsto no caput para prorrogação de
prazos poderá ser excedido.
Ainda no que se refere aos prazos, é importante alertar que o CPC de 2015 apresenta várias regras
inovadoras em relação ao CPC de 1973. Vejamos:
4.1. CONTAGEM EM DIAS ÚTEIS (art. 219)
Nos termos do art. 219, do CPC:
Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz,
computar-se-ão somente os dias úteis.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.
Na contagem realizada conforme o disposto no art. 219 do CPC/2015, não se
deve computar o dia em que, por força de ato administrativo editado pela
presidência do Tribunal local, os prazos processuais estavam suspensos. Nos
termos do art. 219 do CPC não deve ser computado o dia no qual, por força de ato
administrativo editado pela presidência do Tribunal em que tramita o processo, foram
suspensos os prazos judiciais. STJ. AgInt no AREsp 1.788.341-RJ, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão,Rel. Acd. Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por maioria, julgado
em 03/05/2022 (info 738).
Essa forma de contagem em dias úteis está relacionada apenas aos atos processuais, enquanto os
atos materiais são contados em dias contínuos. Ato material é o ato a ser praticado pela parte. O ato
processual, por seu turno, é aquele praticado pelo advogado (ato postulatório).
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 12
OBSERVAÇÃO
A Lei nº 13.728 de 2018 alterou a Lei nº 9.099/95 e estabeleceu que nos Juizados Especiais a contagem
dos prazos também deve ser em dias úteis.
4.2. SUSPENSÃO DOS PRAZOS
De acordo com o CPC:
Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre
20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive.
§ 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os
membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os
auxiliares da Justiça exercerão suas atribuições durante o período previsto no
caput.
§ 2º Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem sessões de
julgamento.
Outrossim:
Art. 313. Suspende-se o processo:
I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes, de
seu representante legal ou de seu procurador;
II - pela convenção das partes;
III - pela arguição de impedimento ou de suspeição;
IV- pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas;
V - quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de
inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo
pendente;
b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a
produção de certa prova, requisitada a outro juízo;
VI - por motivo de força maior;
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 13
VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da
navegação de competência do Tribunal Marítimo;
VIII - nos demais casos que este Código regula.
IX - pelo parto ou pela concessão de adoção, quando a advogada responsável pelo
processo constituir a única patrona da causa; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)
X - quando o advogado responsável pelo processo constituir o único patrono da
causa e tornar-se pai.
OBSERVAÇÃO
É importante destacar que, conforme entendimento do STJ, os incisos IX e X visam dar concretude aos
princípios constitucionais da proteção especial à família e da prioridade absoluta assegurada à criança, deste
modo, o dispositivo deve ser interpretado para concluir que a suspensão do processo irá ocorrer tão logo
ocorra o fato gerador (nascimento ou adoção), não se podendo exigir do causídico, para tanto, que realize a
comunicação imediata ao Juízo, porque isso seria esvaziar o alcance do benefício legal (STJ. 3ª Turma. REsp
1799166-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/04/2019).
Na suspensão, tem-se a devolução pelo saldo. Ou seja, quando volta a correr, os prazos são
devolvidos naquilo que faltava para ele se implementar. Por outro lado, na interrupção tem-se a devolução
integral.
Um exemplo de interrupção é com a oposição de embargos de declaração.
4.3. O PRAZO EM DOBRO E O CASO DO LITISCONSÓRCIO COM PATRONOS DIFERENTES DE ESCRITÓRIOS DE
ADVOCACIA DISTINTOS (art. 229)
Nos termos do art. 229, do CPC:
Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios
de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas
manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de
requerimento.
§ 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é
oferecida defesa por apenas um deles.
§ 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 14
Quanto ao direito do prazo em dobro, pontuamos que o Ministério Público (artigo 180), a Fazenda
Pública (artigo 183) e a Defensoria Pública (artigo 186) possuem privilégio de prazo em dobro para se
manifestarem nos autos. No entanto, não possuem privilégio de prazo as empresas públicas e as sociedades de
economia mista, tendo em vista que são pessoas jurídicas de direito privado.
OBSERVAÇÃO
Recentemente o STJ reafirmou tese que salienta que o advogado dativo, atuante em convênios
firmados entre a OAB e a Defensoria Pública, não possui o benefício do prazo em dobro, vejamos:
PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO ESPECIAL. RECESSO FORENSE. NÃO
COMPROVAÇÃO. ART. 220 DO CPC. INAPLICABILIDADE. CONTAGEM DO PRAZO
RECURSAL EM DOBRO. DEFENSOR DATIVO. INEXISTÊNCIA DA PRERROGATIVA.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. Não se aplica aos processos criminais o disposto no art. 220 do CPC,
regulamentado pela Resolução CNJ n. 244/2016, em razão da especialidade das
disposições previstas no art. 798, caput e § 3º, do CPP, motivo pelo qual não há falar
em suspensão dos prazos entre os dias 20 de dezembro e 20 de janeiro.
2. A ocorrência de circunstância que provoque a suspensão ou interrupção dos prazos
processuais nos tribunais locais deve ser comprovada no ato da interposição do
recurso endereçado ao Superior Tribunal de Justiça.
3. O prazo em dobro somente é concedido ao advogado integrante do quadro da
assistência judiciária organizado e mantido pelo Estado, não se aplicando tal
benefício aos defensores dativos, aos núcleos de prática jurídica pertencentes às
universidades particulares e aos institutos de direito de defesa. 4. Agravo regimental
desprovido. (AgRg no AREsp 1997377, Relator: Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJE:
25/03/2022)
Por outro lado, se os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, os prazos legais também serão
contados em dobro. No entanto, os procuradores devem ser diferentes e não podem pertencer ao mesmo
escritório (artigo 229). Ademais, o prazo em dobro não se aplica aos processos de autos eletrônicos (artigo 229,
§2º). Ademais, importa alertar que a súmula 641 do STF diz: “Não se conta em dobro o prazo para recorrer,
quando só um dos litisconsortes haja sucumbido”.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 15
https://scon.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?livre=PRAZO+EM+DOBRO+ADVOGADO+DATIVO&b=ACOR&p=false&l=10&i=1&operador=E&tipo_visualizacao=RESUMO
Por fim, deve-se ter em mente que não se aplica ao processo objetivo de controle abstrato de
constitucionalidade a norma que concede prazo em dobro à Fazenda Pública. Não há, nos processos de
fiscalização normativa abstrata, a prerrogativa processual dos prazos em dobro9.
4.4. TERMO INICIAL DOS PRAZOS
O prazo processual tem o termo inicial diferente do prazo material (art. 231, §3º do CPC). Sobre o
tema, é imprescindível conhecer o art. 231 do CPC, com alta incidência em provas e concursos:
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do
prazo:
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a
intimação for pelo correio;
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a
intimação for por oficial de justiça;
III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do
escrivão ou do chefe de secretaria;
IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a
intimação for por edital;
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término
do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica;
VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse,
a data de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a
citação ou a intimação se realizar em cumprimento de carta;
VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça
impresso ou eletrônico;
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em
carga, do cartório ou da secretaria.
IX - o quinto dia útil seguinte à confirmação, na forma prevista na mensagem de
citação,do recebimento da citação realizada por meio eletrônico. (Incluído pela
Lei nº 14.195, de 2021)
9 STF. Plenário. ARE 830727/SC, Rel. para o acórdão Min. Cármen Lúcia, julgado em 06/02/2019. STF. Plenário. ADI 5814/RR, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 06/02/2019. (Dizer o Direito).
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 16
§ 1º Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar
corresponderá à última das datas a que se referem os incisos I a VI do caput .
§ 2º Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado
individualmente.
§ 3º Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, de
qualquer forma, participe do processo, sem a intermediação de representante
judicial, o dia do começo do prazo para cumprimento da determinação judicial
corresponderá à data em que se der a comunicação.
§ 4º Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com hora certa.
5. PRECLUSÃO
A preclusão ocorre por perda da faculdade de praticar o ato processual em decorrência de três
hipóteses:
► Preclusão temporal: Por não ter sido realizado o ato no tempo certo;
► Preclusão lógica: Incompatibilidade com um ato anteriormente praticado (artigo 100 do CPC); e
► Preclusão consumativa: O ato já tinha sido realizado anteriormente.
Elpídio Donizetti afirma que “a preclusão será afastada quando a parte provar que deixou de realizar
o ato por justa causa. O equívoco nas informações processuais prestadas na página eletrônica dos tribunais
constitui exemplo de justa causa que autoriza a prática posterior do ato sem prejuízo para a parte. No caso de
haver algum problema técnico do sistema, ou até mesmo algum erro ou omissão do serventuário da justiça
responsável pelo registro dos andamentos, também estará configurada a justa causa.”10
6. DA INVALIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS
Caso a lei exija que o ato tenha determinada forma, seja feito em certo tempo ou lugar, e as
exigências legais não forem cumpridas, deverá ser verificado se os atos serão, em razão dos vícios, aptos para
alcançarem suas finalidades.
Os vícios que atingem os atos são classificados em:
10 Donizetti, Elpídio. Curso de Direito Processual Civil. Volume Único. Disponível em: Minha Biblioteca, (25th edição). Grupo GEN,
2022.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 17
► MERAS IRREGULARIDADES: diz-se que há irregularidade do ato quando sua prática desobedece a
uma formalidade que não é relevante para a sua validade.
► NULIDADES (RELATIVAS OU ABSOLUTAS): geradas quando um ato não observa um requisito de
validade. O juiz poderá determinar a correção do ato, inclusive, mandando que sejam refeitos. O ato nulo
produzirá efeitos e consequências até que o juiz reconheça o vício e declare sua nulidade.
▸ A nulidade absoluta é imposta em observância do interesse público e pode ser reconhecida de ofício
pelo juiz.
▸ A nulidade relativa diz respeito ao interesse das próprias partes e devem ser alegadas, pois não
podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz.
OBSERVAÇÕES
■ Tanto a nulidade absoluta como a nulidade relativa só podem ser decretadas em caso de prejuízo
(princípio da instrumentalidade das formas).
■ Diz-se que há efeito expansivo das nulidades quando há um ato interligado a outro, de modo que a
nulidade dele prejudique os posteriores que dele dependam. Vale lembrar, no entanto, que não há prejuízo aos
que não tenham relação com o ato nulo. Nesse sentido, o art. 281 do CPC:
Art. 281: Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os subsequentes
que dele dependam, todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as
outras que dela sejam independentes.
Enunciado 276-FPPC (arts. 281 e 282): Os atos anteriores ao ato defeituoso não são
atingidos pela pronúncia de invalidade.
Enunciado 277-FPPC (arts. 281 e 282): Para fins de invalidação, o reconhecimento de
que um ato subsequente é dependente de um ato defeituoso deve ser objeto de
fundamentação específica à luz de circunstâncias concretas
■ Há ressalvas quanto a afirmação de que as nulidades absolutas podem ser feitas em qualquer tempo
ou grau de jurisdição! São três:
▸ Em recurso extraordinário ou especial, nulidades anteriores só podem ser conhecidas se já
debatidas e vencidas anteriormente. Neste sentido, atenção às súmulas 282 e 356 do STF:
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 18
Súmula 282 STF - É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na
decisão recorrida, a questão federal suscitada.
Súmula 356 STF - O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos
embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o
requisito do prequestionamento.
▸ O juiz só tem o poder-dever de pronunciar nulidades absolutas até o momento em que publica a
sentença;
▸ Transitada em julgado a sentença, todas as nulidades não podem mais ser debatidas. Não se trata
de convalidação de nulidade, mas sim que as mesmas estão acobertadas pela imutabilidade, efeito da coisa
julgada material. Contudo, ainda podem ser atacadas por ação rescisória.
■ Convalidação de nulidades. NÃO HÁ uma relação constante entre sanabilidade do ato e caráter
absoluto ou relativo da nulidade, podendo haver nulidades absolutas sanáveis e insanáveis. Em regra, quando
um ato é nulo não há como retirar sua invalidade, mas há casos em que é possível realizar ato que foi
omitido ou repetir ato nulo.
■ Não se pode dizer que com a sentença, todas as nulidades foram convalidadas e sanadas, mas sim
que não podem mais ser debatidas. Mesmo com a ação rescisória, o que se visa é desconstituir a coisa julgada.
► INEFICÁCIA: é a inobservância de forma essencial, estrutural, que constitui pressuposto processual
de eficácia. A ineficácia não se sana nunca pelo transcurso do tempo, podendo ser arguida a qualquer tempo.
A nulidade está ligada ao binômio: ato processual solene – vício processual.
Ato processual solene é qualquer ato que tenha requisito formal para ser preenchido. A partir do
momento que temos o desrespeito ao requisito formal, temos o vício processual. A invalidação de um ato
processual deve ser visto como ultima ratio, quando não é possível de forma alguma validar o ato defeituoso.
OBSERVAÇÃO
Um ato processual defeituoso produz efeito até a decretação de sua invalidade. Ou seja, ela deve ser
decretada. Portanto, não há no processo civil um ato nulo de pleno direito, mas sim uma invalidade que
somente se torna nulidade por meio de decisão judicial.
IMPORTANTE
O sistema de nulidades no processo civil é completamente diferente das nulidades no direito
civil/material. Na sistemática do processo civil, enquanto o vício não for reconhecido ou declarado, produz
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 19
todos os efeitos. Enquanto o processo tramita, até mesmo hipóteses de nulidade absoluta são possíveis de
serem sanadas, seja quando é aberto prazo para manifestação das partes, seja quando as mesmas alegam que
não houve prejuízo.
Qual é a natureza jurídica da nulidade? Para uma corrente clássica (e majoritária, inclusive na
jurisprudência) é de sanção, vez que trata-se de uma punição para ato praticado em desconformidade aos
preceitos legais. Contudo, há posições modernas (Teresa Arruda Alvim, Alexandre Câmara) que defendem que a
nulidade teria natureza jurídica de consequência, de prejuízo, vez que sanção pressupõe um ato ilícito.
Qual a natureza jurídica da decisão que decreta a nulidade? Pela posição do Código Civil, a
natureza da decisão é declaratória, vez que se o ato nasce nulo e a decisão declarará uma nulidade existente.
Contudo, ao adotar a posição de que se trata de uma invalidade, a natureza jurídica da decisão será
constitutiva negativa.
6.1. PRINCÍPIOS ATINENTES À NULIDADE
No tocante às nulidades processuais, os dois princípios norteadores são o do prejuízo e o da
instrumentalidade, ou seja, é necessário que haja o defeito processual e a existência de efetivo prejuízo.
Contudo, não são os únicos princípios, conforme veremos a seguir:
► PRINCÍPIO DO PREJUÍZO (OU DA INTRANSCENDÊNCIA):para que uma nulidade seja decretada, é
necessário que o prejuízo seja demonstrado:
Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e
ordenará as providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados.
§ 1º O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar
a parte.
§ 2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação
da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a
falta.
Art. 283. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos
que não possam ser aproveitados, devendo ser praticados os que forem
necessários a fim de se observarem as prescrições legais.
Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados desde que
não resulte prejuízo à defesa de qualquer parte.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 20
Enunciado 279-FPPC (arts. 282 e 283): Para os fins de alegar e demonstrar prejuízo,
não basta a afirmação de tratar-se de violação a norma constitucional.
Enunciado 278-FPPC (arts. 282, §2º, e 4º): O CPC adota como princípio a sanabilidade
dos atos processuais defeituosos.
► PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS: se a lei define que tal ato seja feito por
determinada forma e a mesma não é observada, mas a finalidade se manteve, o juiz considerará o ato válido,
se o ato atingiu o escopo. O processo não pode ser visto como um fim em si mesmo, mas sim como o meio a se
obter o bem da vida pretendido.
Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o
ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.
► PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE/CONSEQUENCIALIDADE/EFEITO EXPANSIVO: presente no art 281
do CPC e, como dissemos, através dele entende-se que um ato nulo prejudica todos os subsequentes:
Art. 281. Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os subsequentes
que dele dependam, todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as
outras que dela sejam independentes.
► PRINCÍPIO DO LEGÍTIMO INTERESSE: a nulidade só pode ser declarada por quem não lhe deu
causa, nos termos do art. 276 do CPC. Contudo, dispõe o §2º do art. 282 que quando puder decidir do mérito a
favor da parte a quem aproveite a declaração da nulidade, o juiz não a pronunciará e nem mandará repetir o
ato ou superar-lhe a falta.
► PRINCÍPIO DA PRECLUSÃO: a parte interessada em alegar a nulidade (relativa) deve fazê-lo na
primeira oportunidade. Quanto às nulidades absolutas, podem ser alegadas a qualquer momento:
Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que
couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 21
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades que o juiz deva
decretar de ofício, nem prevalece a preclusão provando a parte legítimo
impedimento.
► PRINCÍPIO DO CONFINAMENTO DAS NULIDADES/CONSERVAÇÃO DOS ATOS: O ato não nasce
nulo, mas sim viciado ou inválido; passa a ser uma nulidade por meio de decisão judicial. Neste sentido, os atos
processuais devem ser conservados ao máximo, respeitados a economia processual e instrumentalidade das
formas:
Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e
ordenará as providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados.
§ 1º O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar a
parte.
§ 2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação
da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a
falta.
Art. 283. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos
que não possam ser aproveitados, devendo ser praticados os que forem
necessários a fim de se observarem as prescrições legais.
Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados desde que não
resulte prejuízo à defesa de qualquer parte.
► PRINCÍPIO DA LEALDADE PROCESSUAL: também chamado de Venire Contra Factum Proprium, veda
o comportamento contraditório no processo, em observância à lealdade processual, assim como a boa-fé
objetiva, ambos corolários do devido processo legal.
► PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE E APROVEITAMENTO DE ATOS DEFEITUOSOS: o juiz deve
aproveitar o ato processual ao máximo. Pelo princípio da fungibilidade, é permitido que um ato deva ser
considerado como um outro, a fim de aproveitamento e economia processuais.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 22
OBSERVAÇÃO
NULIDADE POR FALTA DE INTERVENÇÃO DO MP: Nos termos do CPC, a não intervenção do
Ministério Público nas ações as quais deveria ter sido intimado implica nulidade. Contudo, se devidamente
intimado e não se manifestar, não há nulidade. Da mesma forma, não haverá nulidade se a decisão for
favorável ao incapaz que deu motivo à intervenção do Parquet, bem como quaisquer atos que o Ministério
Público não participou por falta de intimação poderão ser ratificados, na ausência de prejuízo (art. 279).
ATENÇÃO
O que são “vícios de fundo”? Segundo a lição de Teresa Arruda Alvim Wambier, são os vícios e
nulidades relacionados ao não preenchimento dos requisitos de admissibilidade do processo, como
pressupostos processuais e condições da ação. Por sua vez, os vícios e nulidade de forma estão relacionados
com os atos processuais em si.
7. DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
7.1. CARTAS
As cartas são instrumentos de auxílio entre os órgãos judiciais, podendo ser precatória, rogatória,
de ordem ou arbitral, conforme o art. 237:
Art. 237. Será expedida carta:
I - de ordem, pelo tribunal, na hipótese do § 2º do art. 236 ;
II - rogatória, para que órgão jurisdicional estrangeiro pratique ato de cooperação
jurídica internacional, relativo a processo em curso perante órgão jurisdicional
brasileiro;
III - precatória, para que órgão jurisdicional brasileiro pratique ou determine o
cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato relativo a pedido de
cooperação judiciária formulado por órgão jurisdicional de competência territorial
diversa;
IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o
cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de
cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem
efetivação de tutela provisória.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 23
Parágrafo único. Se o ato relativo a processo em curso na justiça federal ou em
tribunal superior houver de ser praticado em local onde não haja vara federal, a
carta poderá ser dirigida ao juízo estadual da respectiva comarca.
As cartas são atos processuais solenes e por isso temos alguns requisitos formais. Vejamos o art. 260:
Art. 260. São requisitos das cartas de ordem, precatória e rogatória:
I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato;
II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato
conferido ao advogado;
III - a menção do ato processual que lhe constitui o objeto;
IV - o encerramento com a assinatura do juiz.
§ 1º O juiz mandará trasladar para a carta quaisquer outras peças, bem como
instruí-la com mapa, desenho ou gráfico, sempre que esses documentos devam ser
examinados, na diligência, pelas partes, pelos peritos ou pelas testemunhas.
§ 2º Quando o objeto da carta for exame pericial sobre documento, este será
remetido em original, ficando nos autos reprodução fotográfica. (ATENÇÃO
AQUI)
§ 3º A carta arbitral atenderá, no que couber, aos requisitos a que se refere o
caput e será instruída com a convenção de arbitragem e com as provas da
nomeação do árbitro e de sua aceitação da função. (ATENÇÃO AQUI)
Conforme o art. 261, as cartas devem ser cumpridas em prazo judicial (que não é fixo, pois caberá ao
juiz a fixação desse prazo no caso concreto). Veja-se:
Art. 261. Em todas as cartas o juiz fixará o prazo para cumprimento, atendendo à
facilidade das comunicações e à natureza da diligência.
§ 1º As partes deverão ser intimadas pelo juiz do ato de expediçãoda carta.
§ 2º Expedida a carta, as partes acompanharão o cumprimento da diligência
perante o juízo destinatário, ao qual compete a prática dos atos de comunicação.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 24
§ 3º A parte a quem interessar o cumprimento da diligência cooperará para que o
prazo a que se refere o caput seja cumprido.
OBSERVAÇÃO
Quando o prazo é judicial (a lei não menciona e manda o juiz estabelecer). No entanto, se o juiz não
fixar, o prazo será de 5 dias.
O art. 262, por sua vez, dispõe sobre a natureza itinerante das cartas. Ou seja, elas podem ser
cumpridas por um juízo diverso do indicado na carta. Vejamos:
Art. 262. A carta tem caráter itinerante, podendo, antes ou depois de lhe ser
ordenado o cumprimento, ser encaminhada a juízo diverso do que dela consta, a
fim de se praticar o ato.
Parágrafo único. O encaminhamento da carta a outro juízo será imediatamente
comunicado ao órgão expedidor, que intimará as partes.
Já o art. 263 diz que a carta precatória deverá, preferencialmente, ser expedida por meio eletrônico.
Finalmente, é importante alertar que o juiz recusará cumprimento a carta precatória ou arbitral,
devolvendo-a com decisão motivada quando houver:
▸ Vício formal;
▸ Incompetência absoluta do juízo que recebe a carta (matéria ou hierárquica); e
▸ Dúvida acerca da autenticidade da carta. Veja-se:
Art. 267. O juiz recusará cumprimento a carta precatória ou arbitral, devolvendo-a
com decisão motivada quando:
I - a carta não estiver revestida dos requisitos legais;
II - faltar ao juiz competência em razão da matéria ou da hierarquia;
III - o juiz tiver dúvida acerca de sua autenticidade.
Parágrafo único. No caso de incompetência em razão da matéria ou da hierarquia,
o juiz deprecado, conforme o ato a ser praticado, poderá remeter a carta ao juiz ou
ao tribunal competente.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 25
7.1.1. CARTA PRECATÓRIA
Ocorre internamente, mas os órgãos jurisdicionais não possuem hierarquia entre si. Quem a expede é
o juízo deprecante, e quem a recebe, será o deprecado. Normalmente são usadas para comunicação
processual, como no caso da citação e intimação de pessoas que residem fora da comarca.
A carta precatória pode ser expedida para colheita de provas e atos de apreensão judicial. Ademais, o
juízo deprecado é obrigado a cumprir a solicitação contida na carta, exceto nas hipóteses do artigo 267 do CPC,
acima transcrito.
7.1.2. CARTA ROGATÓRIA
A carta rogatória é feita entre órgão jurisdicional brasileiro e órgão jurisdicional estrangeiro, podendo
ser feita para comunicação de um ato processual ou para prática de atos relacionados à instrução processual.
Não se aplica ao cumprimento de sentença estrangeira, na qual deve ser homologada pelo STJ. As cartas
rogatórias devem ser processadas na forma do artigo 36 do CPC e receber o exequatur do STJ, conforme artigo
961 do CPC.
Art. 36. O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de Justiça é
de jurisdição contenciosa e deve assegurar às partes as garantias do devido
processo legal.
§ 1º A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento dos requisitos para
que o pronunciamento judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil.
§ 2º Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do pronunciamento
judicial estrangeiro pela autoridade judiciária brasileira.
7.1.3. CARTA DE ORDEM
A carta de ordem é emanada por um tribunal para um órgão jurisdicional vinculado a ele. Pode ser
feita para a colheita de provas ou para atos de execução. Ocorre internamente, porém, é expedida por um
órgão hierarquicamente superior àquele que será requisitada a realização de uma comunicação ou do próprio
ato processual.
7.1.4. CARTA ARBITRAL
O juízo arbitral, algumas vezes, não terá como tornar efetiva suas determinações, necessitando do
Poder Judiciário para impor suas decisões. Assim, a cooperação com o Poder Judiciário será solicitada por meio
da carta arbitral.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 26
Elpídio Donizetti afirma que “essa carta deve conter o pedido de cooperação para que o órgão
jurisdicional pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato solicitado
pelo juízo arbitral. Assim, por exemplo, se uma testemunha não comparecer à audiência no juízo arbitral, o
árbitro poderá solicitar, por carta arbitral, ao juízo competente, que determine a condução coercitiva da
testemunha a ser ouvida (art. 22, § 2º, da Lei nº 9.307/1996).”11
7.2. CITAÇÃO
Conforme a doutrina majoritária, a citação é um pressuposto processual de validade. É ato do
processo que informa ao polo passivo de uma relação jurídica processual a existência da demanda. Nos termos
do CPC:
Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o
interessado para integrar a relação processual.
A Lei nº 14.195/2021 alterou a sistemática da citação no processo civil, passando a prever a
preferência da citação por meio eletrônico (anteriormente, a preferência era a citação pelo correio). Assim, é
muito importante se atentar para as mudanças promovidas, que certamente serão muito cobradas em exames.
Ainda, a mesma lei adicionou o parágrafo único ao art. 238 do CPC, para prever que a citação será efetivada em
até 45 dias da propositura da ação.
Nos termos do art. 239, do CPC: Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do
executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido. No
entanto, o comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a
partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução (art. 239, § 1º, do CPC).
OBSERVAÇÕES
■ Se a citação do réu não acontecer corretamente, teremos um vício de validade. Esse vício de
validade é chamado de vício transrescisório, pois apesar de ser colocado no plano da validade, é considerado
tão severo que ele não se convalida.
■ O réu também pode se integrar ao processo de forma voluntária e nestes casos teremos a dispensa
da citação.
11 Donizetti, Elpídio. Curso de Direito Processual Civil. Volume Único. Disponível em: Minha Biblioteca, (25th edição). Grupo GEN,
2022.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 27
7.3. EFEITOS DA CITAÇÃO
7.3.1. EFEITOS PROCESSUAIS
► INDUÇÃO À LITISPENDÊNCIA (art. 240, caput, CPC)
Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz
litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o
disposto nos arts. 397 e 398 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
Civil).
“Quando há pluralidade de réus, a data da primeira citação válida é o termo
inicial para contagem dos juros de mora
Segundo o art. 240 do CPC/2015, a citação válida do réu constitui em mora o devedor,
ressalvadas as hipóteses previstas nos arts. 397 e 398 do Código Civil.
E se houver mais de um réu (litisconsórcio) e eles foram citados em datas diferentes?
Neste caso, qual será considerado o momento em que eles estarão constituídos em
mora: a data da primeira ou da última citação?
A data da primeira, nos termos do art. 280 do CC:
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha
sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação
acrescida.
Obs: isso vale mesmo que a obrigação não seja solidária.
Os efeitos da citação não podem ser confundidos com o início do prazo para a defesa
dos litisconsortes. Por isso, não se aplica, para a constituição em mora, a regra
processual disciplinadora do termo inicial do prazo para contestar (art. 231, § 1º, do
CPC). STJ. 3ª Turma REsp 1868855-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/09/2020
(Info 680)”12.
Para o STJ a existência de dois processos com a mesma ação por si só não gera litispendência, pois o
que induz a litispendência é justamente a citação no segundo processo. Assim, ter-se-á a extinção de um dos
processos. E, como é a citação que induz a litispendência,o processo que será mantido será o que houve a
primeira citação.
12 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Quando há pluralidade de réus, a data da primeira citação válida é o termo inicial para
contagem dos juros de mora. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
. Acesso em: 24/06/2022
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 28
► ESTABILIZAÇÃO DA DEMANDA (art. 329, CPC)
Art. 329. O autor poderá:
I - Até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir,
independentemente de consentimento do réu;
II - Até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de
pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a
possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado
o requerimento de prova suplementar.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à respectiva
causa de pedir.
OBSERVAÇÕES
■ A partir do momento em que se cita o réu, até o saneamento, só é possível mudar o pedido ou a
causa de pedir com a sua anuência. Há, aqui, uma estabilização condicionada da demanda (condicionada à
anuência do réu). A estabilização definitiva só ocorre após o saneamento.
■ MUTATIO LIBELI E EMENDATIO LIBELI - no processo civil, esses institutos são raramente usados. Para o
processo civil, tanto na mudança do pedido quanto na sua emenda, aplica-se o art. 329 do CPC.
7.3.2. EFEITOS MATERIAIS
► TORNA A COISA LITIGIOSA (art. 240, caput): A coisa ou o direito litigioso estarão vinculados ao
resultado do processo. Portanto, se o réu transferir a titularidade da coisa para um terceiro, o ato será ineficaz
perante o autor. Ou seja, o autor ficará com a coisa independentemente de quem ou onde a coisa ou o direito
estiver. A hipótese aqui é de ato ineficaz, pois temos aqui a fraude à execução (Art. 792, I, CPC).
► CONSTITUIÇÃO DO DEVEDOR EM MORA (art. 240, caput, e art. 405 do CC): Essa previsão é
residual, ou seja, se tivermos regra de direito material prevendo uma outra forma para constituir o devedor em
mora, valerá esta última.
⬥ Exemplos:
▸ art. 397, caput, do CC: vencimento de obrigação positiva e líquida;
▸ art. 397, § único, do CC: Interpelação e notificação na obrigação sem termo certo;
▸ art. 398, do CC: Ato ilícito (desde a prática).
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 29
► INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO: No código civil, o que interrompe a citação é o despacho (art. 202,
I, do CC). Todavia, o CPC (art. 240, §1º) dispõe que o despacho interrompe, mas retroage à data da propositura
da ação.
OBSERVAÇÕES
■ Essa retroação só vale se a citação for realizada no prazo legal de 10 dias (art. 240, §2º, CPC), ou se
for realizada depois desse prazo, mas sem culpa do autor, não podendo a parte ser prejudicada pela demora
do serviço judiciário (art. 240, § 3º e Súmula 106 do STJ).
Súmula 106, STJ. Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na
citação, por motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento
da argüição de prescrição ou decadência.
■ Se a citação for realizada fora do prazo por culpa do autor, nada do que foi dito vai ser aplicado.
Aplica-se o Art. 202, V do CC:
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez,
dar-se-á:
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
Neste caso específico, o ato que interrompe a prescrição é a citação e sem retroação.
Isso nos leva ao fenômeno da prescrição intercorrente no próprio processo de conhecimento.
Vejamos um exemplo: imagine que 10 dias antes do prazo prescricional vencer eu proponho a demanda.
Todavia, por minha culpa eu atraso a citação e resta vencido o prazo legal. Diante disso, só vou conseguir citar o
réu depois de 10 dias, ou seja, no dia que eu conseguir citar o réu estará prescrito.
7.4. MODALIDADES DE CITAÇÃO
7.4.1. CITAÇÃO POR VIA POSTAL (art. 247-248, CPC)
É a citação feita através da carta com AR (súm. 429, STJ). Até a Lei 14.195/2021, essa era a preferência
legal. Hoje, como dissemos, a preferência é a citação por meio eletrônico.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 30
Súmula 429. STJ: A citação postal, quando autorizada por lei, exige o aviso de
recebimento.
O Art. 247, caput, prevê que a citação por correio pode ser feita em qualquer comarca.
O maior problema da citação por via postal é que se trabalha com a ideia de CITAÇÃO REAL. Ou seja, é
necessária a assinatura do réu no AR. Contudo, há problema quando o réu começa a resistir e não assinar,
restando a citação frustrada, no caso. Diante disso o CPC tentou equacionar esse problema por duas previsões
legais, quais sejam: art. 248, §2º e art. 248, §4º. Vejamos:
Art. 248 (...)
§ 2º Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a entrega do mandado a pessoa
com poderes de gerência geral ou de administração ou, ainda, a funcionário
responsável pelo recebimento de correspondências.
A partir desse dispositivo, consagrou-se no STJ duas teorias:
TEORIA DA APARÊNCIA TEORIA DO RISCO
A pessoa que tem poderes de gerência geral ou de
administração, malgrado não seja o representante,
é considerado para fins de citação, pois para quem
está fora da organização da PJ ele aparenta ser o
responsável.
A citação será válida quando recebida pelo
funcionário responsável pelo recebimento de
correspondências. O proprietário da PJ sabe que a
sua empresa pode sofrer eventuais citações e
mesmo assim coloca alguém como responsável por
receber as correspondências. Dessa forma, assume o
risco de ser citada ainda que o funcionário
responsável não entregue a citação no setor devido.
Já a hipótese do art. 248, §4º, trata de pessoa natural que tenha domicílio em condomínio edilício ou
em loteamentos com controle de acesso. Aqui, há a possibilidade de citar na pessoa do funcionário da portaria
responsável pelo recebimento da correspondência. Vejamos:
Art. 248 (...)
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 31
§ 4º Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será
válida a entrega do mandado a funcionário da portaria responsável pelo
recebimento de correspondência, que, entretanto, poderá recusar o recebimento,
se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário da correspondência
está ausente.
7.4.1.1. HIPÓTESES QUE NÃO CABE CITAÇÃO POR CORREIO (art. 247)
Art. 247. A citação será feita por meio eletrônico ou pelo correio para qualquer
comarca do País, EXCETO:
I - nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, § 3º;
II - quando o citando for incapaz;
III - quando o citando for pessoa de direito público;
IV - quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de
correspondência;
V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma.
7.4.2. CITAÇÃO POR OFICIAL DE JUSTIÇA (arts. 249-255)
O art. 247 do CPC cria uma obrigatoriedade da citação por oficial nos seguintes casos:
▸ Ações de estado;
▸ Réu incapaz;
▸ Pessoa jurídica de direito público;
▸ Inexistência de correio;
▸ Opção do autor, desde que ele justifique esta opção.
Elpídio Donizetti observa que “conjugando-se o caput do art. 247 (mais especificamente a palavra
“exceto”) com o termo “pessoal” do art. § 3º do art. 695, chega-se à conclusão de que a citação deva ser por
oficial de justiça. Em razão das emoções que envolvem ações dessa natureza, o legislador achou por bem
delegar o ato citatório ao oficial de justiça, que tem fé pública e pode requerer ao juiz providências que
convenham à solução da controvérsia.”13
13 Donizetti, Elpídio. Curso de Direito Processual Civil. Volume Único. Disponível em: Minha Biblioteca, (25th edição). Grupo GEN,
2022.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 32
ATENÇÃO
Na ação de execução a citação por oficial de justiça nas hipóteses acima não é mais obrigatória e a
opção do autor deve ser justificada.
Na citação por oficial, utiliza-se o mandado de citação, que é ato processual solene previsto no Art.
250, CPC. Veja-se:
Art. 250.O mandado que o oficial de justiça tiver de cumprir conterá:
I - os nomes do autor e do citando e seus respectivos domicílios ou residências;
II - a finalidade da citação, com todas as especificações constantes da petição
inicial, bem como a menção do prazo para contestar, sob pena de revelia, ou para
embargar a execução;
III - a aplicação de sanção para o caso de descumprimento da ordem, se houver;
IV - se for o caso, a intimação do citando para comparecer, acompanhado de
advogado ou de defensor público, à audiência de conciliação ou de mediação, com
a menção do dia, da hora e do lugar do comparecimento;
V - a cópia da petição inicial, do despacho ou da decisão que deferir tutela
provisória;
VI - a assinatura do escrivão ou do chefe de secretaria e a declaração de que o
subscreve por ordem do juiz.
O oficial em poder do mandado poderá realizar duas formas distintas de citação:
► CITAÇÃO REAL (certeza de ciência do réu): Na hipótese, o oficial terá localizado o réu, fará a
leitura do mandado, colherá sua assinatura e o entregará a contrafé com a cópia da petição inicial (a única
hipótese onde não haverá entrega de contrafé é no procedimento especial das ações de família - art 695, §1º CPC).
OBSERVAÇÃO
A partir da leitura do mandado, devemos perceber que precisamos da colaboração do réu. Todavia,
mesmo que haja resistência do réu, será INEFICAZ.
► CITAÇÃO FICTA (POR HORA CERTA): temos aqui a presunção de ciência do réu. A citação por hora
certa acontece após o preenchimento dos seguintes requisitos:
⬥ Requisito objetivo: 2 diligências frustradas;
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 33
⬥ Requisito subjetivo: Ocultação maliciosa.
Diante disso, o oficial intimará o familiar, na falta, vizinho ou porteiro e os transformará em auxiliares
eventuais do juízo para que comuniquem a nova data e horário que voltará posteriormente.
Se, na sua volta, o réu o está aguardando, este será citado pelo oficial (citação real, malgrado tenha
começado como hora certa). Todavia, se o réu não estiver esperando o oficial, haverá citação na pessoa de
terceiro (que não precisa ser a pessoa que funcionou antes como auxiliar eventual do juízo).
Ademais, é importante observar o que dispõe o art. 254:
Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao
réu, executado ou interessado, no prazo de 10 dias, contado da data da juntada do
mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de
tudo ciência.
ATENÇÃO
O STJ (REsp. 687.115/GO) já entendeu que a não remessa dessa carta ou correspondência gera
NULIDADE ABSOLUTA. Vejamos:
PROCESSUAL CIVIL. INTIMAÇÃO POR HORA CERTA. CIÊNCIA DA PARTE ACERCA DA
INTIMAÇÃO VIA CARTA, TELEGRAMA OU RADIOGRAMA. NECESSIDADE. NULIDADE DA
INTIMAÇÃO. INEXISTÊNCIA. MANOBRA PROCRASTINATÓRIA DA PARTE. CERTEZA
QUANTO À INTIMAÇÃO DA EXECUTADA ACERCA DA PENHORA E DA NOMEAÇÃO DE
ADVOGADO. AUSÊNCIA DE PROCURAÇÃO. NOMEAÇÃO DE CURADOR ESPECIAL.
DESNECESSIDADE.
- A remessa pelo escrivão de carta, telegrama ou radiograma, dando ciência ao
réu da intimação feita por hora certa é requisito obrigatório desta modalidade
de citação e sua inobservância gera nulidade.
(...)
Algumas observações importantes que são extraídas da jurisprudência do STJ:
▸ O prazo de defesa se conta da juntada do mandado aos autos.
▸ Se o réu não comparecer com advogado constituído, a ele será indicado um curador especial
(inclusive com possibilidade de defesa por negativa geral). Ou seja, o réu citado por hora certa nunca fica sem
defesa.
ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES - 34
7.4.3. CITAÇÃO POR EDITAL
Trata-se da citação mais cara, mais complexa e mais demorada. Por isso, o STJ já entendeu ser forma
excepcional de citação (REsp 837.050/SP).
Aqui, também, estamos diante de uma citação ficta.
Outrossim, deve-se atentar para o fato de que se o autor requerer uma citação por edital
dolosamente sem necessidade, além dela ser nula, haverá a aplicação de sanção de multa de 5 salários
mínimos, conforme o art. 256, I do CPC.
O art. 256 traz as hipóteses nas quais é permitida a citação por edital, veja-se:
▸ Réu desconhecido (não se sabe quem deve ser o réu) e incerto (indefinição de quem seja o réu –
exemplo e litisconsórcio passivo multitudinário);
▸ Lugar incerto (não se sabe precisar o local exato) ou ignorado (nestes dois primeiros casos, deve-se
observar o §3º do art. 256) e inacessível (jurídica/política - §1º; física/geográfica; social);
▸ Procedimentos editais: Aqui temos situações onde a lei ordena que a citação seja dessa forma.
Como exemplo: ação de usucapião de imóvel.
Nos termos do CPC:
Art. 256. A citação por edital será feita:
I - quando desconhecido ou incerto o citando;
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando;
III - nos casos expressos em lei.
§ 1º Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o
cumprimento de carta rogatória.
§ 2º No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua
citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de
radiodifusão.
§ 3º O réu será considerado em local ignorado ou incerto se infrutíferas as
tentativas de sua localização, inclusive mediante requisição pelo juízo de
informações sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de
concessionárias de serviços públicos.
Atualmente, a citação por edital ocorre por meio da publicação na rede mundial de computadores.
Todavia, não havendo meios tecnológicos suficientes, será admitida a publicação em jornal de grande
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circulação de forma subsidiária, sendo que na hipótese de gratuidade do autor será usado o Diário Oficial.
Diante disso, o juiz determinará a quantidade de vezes da publicação do edital.
O prazo do edital será fixado pelo juiz entre 20 a 60 dias, que é o prazo para a ciência do réu.
Decorrido tal lapso temporal, começa-se a contar o prazo da contestação (15 dias). Perceba, portanto, que
temos prazos sucessivos.
Ao final, deve-se lembrar que o termo inicial do prazo do edital é o da primeira publicação (se
houver mais de uma).
7.4.4. CITAÇÃO POR MEIO ELETRÔNICO
Tem-se, aqui, a melhor forma de citação. Todavia, é necessário que os Tribunais de Justiça criem
cadastro para que as pessoas jurídicas façam a inclusão do endereço eletrônico.
Quem tem o dever de fornecer o seu endereço eletrônico para fins de citação?
Nos termos do art. 246, caput do CPC:
Art. 246. A citação será feita preferencialmente por meio eletrônico, no prazo
de até 2 (dois) dias úteis, contado da decisão que a determinar, por meio dos
endereços eletrônicos indicados pelo citando no banco de dados do Poder
Judiciário, conforme regulamento do Conselho Nacional de Justiça.
Assim, o dever de fornecer o endereço é do citando/réu. Naturalmente, a informação do endereço
deve preceder o processo. Conforme o § 1º do art. 246:
§ 1º as empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas
de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de citações e
intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse meio.
Na mesma toada, o parágrafo 5º:
§ 5º As microempresas e as pequenas empresas somente se sujeitam ao disposto
no § 1º deste artigo quando não possuírem endereço eletrônico cadastrado no
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sistema integrado da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da
Legalização de Empresas e Negócios (Redesim).
É Importante destacar que a Lei 14.195/21 estabeleceu como dever das partes, seus procuradores e
de todos aqueles que participarem do processo informar e manter atualizados seus dados cadastrais perante
os órgãos do Poder Judiciário e, no caso do § 6º do art. 246 deste Código, da Administração Tributária, para
recebimento de citações e intimações (art. 77, VII, CPC).
Daniel Assumpção aponta que o dispositivo, portanto, prevê regra de conduta que se aplica a todos
que participem de

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