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PEÇA 5 – EM CASA Marilene procura você, como advogado(a), assustada, porque, há duas semanas, recebeu a visita de um Oficial de Justiça, que entregou a ela um Mandado de Citação e Intimação. O Mandado refere-se à ação de execução de título extrajudicial ajuizada por Breno, distribuída para a 1ª Vara Cível da Comarca da Capital do Estado de São Paulo, em que é pretendida a satisfação de crédito de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), consubstanciado em instrumento particular de confissão de dívida, subscrito por Marilene e duas testemunhas, e vencido há mais de um mês. Breno indicou à penhora valores que Mariene têm em três contas bancárias, um carro e o imóvel em que reside com sua família. Alegou ainda que a executada estaria buscando desfazer-se dos bens, razão pela qual o juízo deferiu de plano a indisponibilidade dos ativos financeiros de Marilene pelo sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional. Pelo andamento processual no sítio do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, você verifica que o mandado de citação e intimação positiva foi juntado aos autos há dois dias sendo hoje dia 28/10/2024, segunda-feira. Marilene, muito nervosa, relata que manteve relacionamento com Breno, durante o qual ele insistiu que ela assinasse alguns papéis, informando se tratar de documentos necessários para que ele pudesse receber um benefício previdenciário acumulado. Ela, sem muito estudo, assinou, acreditando estar apenas declarando que ele, Breno, ainda não tinha recebido R$ 15.000,00 (quinze mil reais), aos quais alega fazer jus frente ao INSS. Informa, inclusive, que uma das pessoas que assinou como testemunha é uma vizinha sua, que sabe que ele a induziu a acreditar que estava assinando apenas uma declaração para que ele obtivesse o benefício. Esclarece que, quando o relacionamento acabou, Breno se tornou agressivo e afirmou que tomaria dela as economias que sabia ter em uma poupança, mas, na época, ela achou que era uma ameaça vazia de um homem ressentido. Ela está especialmente preocupada em resguardar sua moradia e os valores que tem em uma de suas contas bancárias, que é uma poupança, que se tornou fundamental para a subsistência da família, já que sua mãe está se submetendo a um tratamento médico que pode vir a demandar a utilização dessas economias, informando que, em caso de necessidade, preferia ficar sem o carro que sem o dinheiro. Gostaria, todavia, de impugnar o processo executivo como um todo, para não mais sofrer nas mãos de Breno. Na qualidade de advogado(a) de Marilene, elabore a defesa cabível voltada a impugnar a execução que foi ajuizada, desconsiderando a impugnação prevista no Art. 854, § 3°, do CPC/15. AO JUIZO DA 1ª VARA CIVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO Processo distribuído por dependência ao processo de execução nº ..., conforme art. 914 §1º do CPC MARILENE, brasileira, estado civil, profissão, inscrita no CPF nº, residente e domiciliada na ..., endereço eletrônico, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por meio de seu advogado subscritor, conforme procuração anexa, com fulcro no artigo 914 e seguintes do Código de Processo Civil, opor EMBARGOS À EXECUÇÃO C/C PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO Em face de BRENO, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. I - DOS DOCUMENTOS RELEVANTES Segue em anexo os documentos relevantes que são cópias ... conforme art. 914, §1 CPC. II - DO CABIMENTO Os embargos à execução são cabíveis como defesa na execução autônoma, pois trata de título executivo extrajudicial, conforme art. 784 do CPC, logo, cabível os embargos a execução, nos termos do art. 914 e 917 ambos do CPC. III - TEMPESTIVIDADE Os embargos a execução devem ser opostos em até 15 (quinze) dias uteis, a contar da juntada do mandado, conforme arts. 915 caput, 219 e 231, I do CPC. O mandado de intimação foi juntado aos autos em 28/10/2024, com início do prazo em 29/10/2024 e término em 19/11/2024, portanto, tempestivo. IV – DOS FATOS A embargante manteve um relacionamento com o embargado. Durante esse período, o embargado insistiu para que ela assinasse alguns documentos, afirmando que seriam necessários para ele receber um benefício previdenciário. No entanto, a embargante, por não ter muito estudo, foi induzida em erro e assinou os papéis acreditando que se tratava apenas de uma declaração de que Breno (o embargado) ainda não havia recebido o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), que ele alegava ter direito perante o INSS. Uma das testemunhas que assinou os documentos é vizinha da embargante e sabe que ela foi induzida a acreditar que estava apenas auxiliando o embargado a obter o benefício junto ao INSS. Na realidade, o documento assinado tratava-se de uma confissão de dívida no valor de R$ 15.000,00, e a embargante foi vítima de artifício para a celebração desse negócio jurídico. Se soubesse do verdadeiro teor do documento, ela não teria realizado o negócio. O Juízo deferiu, de imediato, a indisponibilidade dos ativos financeiros da embargante, indicados pelo embargado para penhora. Esses bens incluem três contas bancárias, um carro e o imóvel onde a embargante reside com sua família. Vale destacar que uma das contas é poupança e o imóvel, por sua natureza e destinação, é caracterizado como bem de família. V – DO DIREITO V – I) Defeito do Negócio Jurídico O embargado induziu a embargante a assinar um termo de confissão de dívida por meio de artifício. De acordo com o artigo 145 do Código Civil de 2002, "são anuláveis os negócios jurídicos quando o dolo for a sua causa". O artigo 171, inciso II, do mesmo diploma, também prevê que "é anulável o negócio jurídico por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores". Assim, como a embargante foi induzida a erro pelo embargado, o negócio está viciado por dolo, o que justifica o pedido de anulação do negócio e a desconstituição do título executivo. V - II Impenhorabilidade da conta poupança e do imóvel O imóvel penhorado é bem de família, utilizado pela embargante para sua moradia, estando protegido pela impenhorabilidade prevista no artigo 1º da Lei 8.009/90. Além disso, a conta poupança da embargante é impenhorável conforme o artigo 833, inciso X, do CPC/2015, que estabelece a proteção para valores depositados em até 40 salários-mínimos em caderneta de poupança. VI - DA TUTELA PROVISÓRIA A embargante está preocupada em proteger sua moradia e os valores depositados em sua conta poupança, essenciais para a subsistência familiar, especialmente diante do tratamento médico de sua mãe, que pode exigir o uso dessas economias. Diante disso, com base no artigo 921, inciso I, do CPC, e considerando a presença dos elementos fumus boni iuris e periculum in mora, a embargante requer a concessão de TUTELA PROVISÓRIA em caráter liminar, para que sejam canceladas as penhoras sobre sua conta poupança e imóvel. Ressalta-se que a execução já está garantida por outros bens penhorados, como duas contas bancárias e um carro, em conformidade com o artigo 919, §1º, do CPC. VII – DOS PEDIDOS Assim, requer-se: a) A concessão do Efeito Suspensivo em vista a gravidade da penhora realizada sobre o imóvel e a conta poupança da embargante, com fulcro no artigo 919 parágrafo 1º. b) Total acolhimento dos presentes embargos à execução, anulando-se o negócio realizado e a consequente extinção do título executivo em decorrência do vício apresentado. c) Condenação do embargado em custas processuais e honorários advocatícios; d) informar que segue em anexo o guia e o comprovante de pagamento das custas. Protesta provar o alegado por todas as provas em direito admitidos e moralmente aceitos. Dar-se à causa o valor de R$15.000,00 (quinze mil reais) Termos em que Pede deferimento Local, data Advogado/OAB Correção