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PROJETO ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA PESSOA IDOSA ORIENTAÇÕES PRÁTICAS PARA UTILIZAÇÃO DAS ESCALAS DE RASTREIO NA AVALIAÇÃO INTEGRAL DA PESSOA IDOSA São Paulo - 2020 2 Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde - PROADI-SUS Projeto: Atenção integral à saúde da pessoa idosa Ministério da Saúde Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa. Coordenação-Geral de Ciclos da Vida. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas Secretaria de Atenção Primária à Saúde (COSAPI/DAPES/SAPS) Ana Lucia Ferraz Amstalden Elizabete Ana Bonavigo Gabriella Mazzo Rodrigues Iara Eliza Pacífico Quirino Mariana Souza Silva Natália Vargas Patrocínio de Campos Wendel Rodrigo Teixeira Pimentel Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein Coordenação Executiva: Guilherme de Paula Pinto Schettino Diretor-Superintendente do Instituto Israelita de Responsabilidade Social Renato Tanjoni Gerente Escritório PROADI-SUS Nivia Pires Collavitti Gerente Unidade Vila Mariana Sandra Alves Barbosa Coordenadora do Projeto Atenção à Saúde da Pessoa Idosa Equipe técnica: Adriane Kiyoko Teruya Ana Beatriz Galhardi Di Tommaso Flávia Renata Fratezi Mayra Zanetti Miriam Di Giovanni Nathália Catharino Zaccaria Sibelle de Almeida Tierno Simone Borges Fuster Leiva 3 Sumário Apresentação......................................................................................04 Escala de Risco Familiar de Coelho e Savassi....................................05 Avaliação da Sobrecarga dos Cuidadores - Escala de Zarit...............08 Avaliação das Atividades Básicas de Vida Diária - Escala de Katz......11 Avaliação das Atividades Instrumentais de Vida Diária - Escala de Lawton..............................................................................14 Teste do Desenho do Relógio.............................................................17 10 Point Cognitive Screener................................................................19 Escala de Depressão Geriátrica (GDS)................................................22 Teste de Velocidade de Marcha..........................................................25 Timed Get UP and Go Test (TUGT) - Avaliação do Risco de Quedas............................................................................................27 Short Physical Performance Battery - SPPB......................................29 Teste Simples de Avaliação de Risco de Quedas em Idosos - Q22...................................................................................................33 Teste do Sussurro.................................................................................36 Referências.........................................................................................38 4 Apresentação Prezado multiplicador, Este manual foi cuidadosamente elaborado para apoiá-lo no cotidiano de trabalho com a utilização de algumas escalas de rastreio, complementares às disponibilizadas na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, para avaliação de saúde da pessoa idosa. Estas orientações técnicas foram baseadas em instruções e referências presentes no Caderno de Atenção Básica nº 191. Ao final, você encontrará outras referências complementares para nortear a aplicação e facilitar, ainda mais, o entendimento da construção dos testes. As escalas e avaliações aqui apresentadas podem ser aplicadas por qualquer profissional da saúde, desde que previamente treinado. Para cada escala presente neste manual, você encontrará orientações para o seu preenchimento e compreensão dos resultados. 5 Lembre-se que a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa auxilia na avaliação multidimensional e, quando notados alteração ou sinal de alerta durante o seu preenchimento, você pode utilizar outras escalas e avaliações, como as indicadas aqui, que auxiliarão no detalhamento da caracterização do problema detectado. Estes instrumentos ajudam a direcionar a equipe a formular um diagnóstico e acompanhar evolutivamente os usuários e seus familiares e cuidadores. Esperamos que este material possa auxiliá-lo na avaliação multidimensional da pessoa idosa, ferramenta tão importante para a identificação das suas necessidades e demandas, que subsidiará a elaboração do projeto terapêutico singular e, assim, preservar ou melhorar a capacidade funcional das pessoas idosas. Bom trabalho! Equipe Hospital Israelita Albert Einstein 6 Escala de Risco Familiar de Coelho Savassi Descrição: O risco individual e social na família é caracterizado pela vivência de diversos problemas que prejudicam o seu bom funcionamento no dia a dia. As situações a que a família pode estar exposta no cotidiano, denominadas de sentinelas de risco, são 3: • Acamado; • Deficiência física; • Deficiência mental; • Baixas condições de saneamento; • Desnutrição (grave); • Drogadição • Desemprego; • Analfabetismo; • Menor de 06 meses; • Maior de 70 anos; • Hipertensão arterial sistêmica (HAS); • Diabetes mellitus; • Relação morador/cômodo. 7 Objetivo: A Escala de Risco Familiar de Coelho Savassi avalia o risco familiar, especialmente social, a partir da avaliação das sentinelas de risco. Avaliação dos resultados: Para cada uma dessas sentinelas é atribuído um escore, que varia de um a três. O escore total é dado pela somatória de todas as sentinelas de risco identificas pelo profissional. A classificação de risco familiar é determinada de acordo com o escore final: • R1: Risco menor - 5 ou 6 pontos; • R2: Risco médio - 7 ou 8 pontos; • R3: Risco máximo - Acima de 9 pontos. Providências com os achados/resultados: A partir dessas classificações, a equipe pode identificar prioridades para melhor utilização dos recursos disponíveis. Nas famílias em que há risco máximo, é necessário um maior volume e intensidade de ações e intervenções por parte da equipe multiprofissional. 8 Dados da Ficha A (Sentinelas de Risco) Definições das Sentinelas de Risco Escore de Risco Acamado Toda pessoa restrita ao seu domicílio, por falta de habilidade e/ou incapacidade de locomoção por si só a qualquer unidade de saúde 3 Deficiência Física Defeito ou condição física de longa duração ou permanente que dificulta ou impede a realização de determinadas atividades cotidianas, escolares, de trabalho ou de lazer 3 Deficiência Mental Defeito ou condição mental de longa duração ou permanente que dificulta ou impede a realização de determinadas atividades cotidianasm escolares, de trabalho ou de lazer. 3 Baixas Condições de Saneamento Saneamento implica no controle dos fatores do meio físico do homem que podem exercer efeitos prejudiciais à sua saúde 3 Desnutrição (Grave) Percentil menor que 0,1 e peso muito baixo para a idade 3 Dogradição Utilização compulsiva de drogas lícitas ou ilícitas que apresenetem potencial para causar dependência química (álcool, tabaco, benzodiazepínicos, barbitúnicos e drogas ilícitas) 2 Desemprego Situação na qual a pessoa não esteja exercendo nenhuma ocupação (não incluir na avaliação férias, licenças ou afastamentos temporários). A realização de tarefas domésticas é considerada ocupação (trabalho doméstico), mesmo que não seja remunerado 2 Analfabetismo Pessoa que a partir da idade escolar, não sabe ler nem escrever no mínimo um bilhete, e/ou que sabe apenas assinar o nome 1 Menor de 6 meses Lactente com idade até 5 meses e 29 dias 1 Maior de 70 anos Toda pessoa com mais de 70 anos completos 1 HAS Pressão arterial sistólica maior ou igual a 140mmHg e pressão arterial diastólica maior ou igual a 90mmHg, em indivíduos que não usam medicação anti-hipertensiva. 1 Diabetes Mellitus Grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e assiciadas a complicações, disfunções e insufuciência de vários órgãos. 1 Relação Morador/ Cômodo Número de cômodos na residência dividido pelo número de moradores do domicílio. São considerados cômodos todos os compartimentos integrantes do domicílio, inclusivebanheiro e cozinha, separados por paredes, e os existentes na parte externa do prédio, desde que constituam parte integrante do domicílio, com exceção de corredores, alpendres, varandas abertas, garagens, depósitos. > 1 3 = 1 2 recebem alguma assistência pessoal ou que permanecem parcial ou totalmente despidos Banheiro A função “ir ao banheiro” compreende o ato de ir ao banheiro para excreções, higienizar-se e arrumar as próprias roupas. Os idosos considerados independentes podem ou não utilizar algum equipamento ou ajuda mecânica para desempenhar a função sem que isso altere sua classificação. Aqueles que utilizam “papagaios” ou “comadres” também são considerados dependentes Para cada área de funcionamento listada abaixo, assinale a descrição que melhor se aplica. A palavra “assistência” significa supervisão, orientação ou auxílio pessoal. 15 ( ) Deita-se e levanta-se da cama ou da cadeira sem assistência (pode utilizar um objeto de apoio como bengala ou andador) ( ) Deita-se ou levanta-se da cama ou da cadeira com auxílio ( ) Não sai da cama ( ) Tem controle sobre as funções de urinar e evacuar ( ) Tem “acidentes” ocasionais* *ocasionais = perdas urinárias ou fecais ( ) Supervisão para controlar urina e fezes, utiliza cateterismo ou é incontinente ( ) Alimenta-se sem assistência ( ) Alimenta-se sem assistência, exceto para cortar carne ou passar manteiga no pão ( ) Recebe assistência para se alimentar ou é alimentado parcial ou totalmente por sonda enteral ou parenteral Transferência A função “transferência” é avaliada pelo movimento desempenhado pelo idoso para sair da cama e sentar-se em uma cadeira e vice-versa. Como na função anterior, o uso de equipamentos ou suporte mecânico não altera a classificação de independência para a função. Dependentes são as pessoas que recebem qualquer auxílio em qualquer das transferências ou que não executam uma ou mais transferências Continência “continência” refere-se ao ato inteiramente autocontrolado de urinar ou defecar. A dependência está relacionada à presença de incontinência total ou parcial em qualquer das funções. Qualquer tipo de controle externo como enemas, cateterização ou uso regular de fraldas classifica a pessoa como dependente. Alimentação a função “alimentação” relaciona-se ao ato de dirigir a comida do prato (ou similar) à boca. O ato de cortar os alimentos ou prepara-los está excluído da avaliação. Dependentes são as pessoas que recebem qualquer assistência pessoal. Aqueles que não se alimentam sem ajuda ou que utilizam sondas para se alimentarem são considerados dependentes. 16 Descrição: As atividades instrumentais de vida diária são aquelas que relacionam a pessoa idosa com o meio em que vive. Essas atividades complementam a avaliação básica de vida diária, quanto à funcionalidade. A escala engloba nove questões sobre atividades dentro e fora do ambiente domiciliar e também de organização da pessoa idosa. Objetivo: Avaliar o desempenho funcional da pessoa idosa, por meio da realização de atividades que a classifiquem como dependente de terceiros ou não. Avaliação dos resultados: Cada questão tem uma pontuação diferente, conforme o nível de ajuda que o usuário precisa para executar algo: sem ajuda, com ajuda parcial e não consegue executar. A pontuação máxima é 27 pontos e a mínima, 9. A escala classifica a pessoa idosa em: • Totalmente dependente: 9 pontos; • Dependência grave: 10 a 15 pontos; • Dependência moderada: 16 a 20 pontos; • Dependência leve: 21 a 25 pontos; • Independente: 25 a 27 pontos. Essa pontuação é utilizada para o acompanhamento evolutivo da pessoa idosa. Algumas questões como 4 a 7 podem ter variações, conforme o sexo e/ou questões culturais, podendo ser adaptadas para atividades como subir escadas ou cuidar do jardim. Avaliação das Atividades Instrumentais de Vida Diária - Escala de Lawton6 17 Providências com os achados/resultados: Para as pessoas idosas com dependência parcial ou total, deverá ser elaborado um projeto terapêutico singular com ações que visem melhorar a capacidade funcional ou evitar ainda mais perdas. Atividade 1 O(a) senhor(a) consegue usar o telefone? sem ajuda 3 com ajuda parcial 2 não consegue 1 2 O(a) Sr(a) consegue ir a locais distantes, usando algum transporte sem necessidade de planejamentos especiais? sem ajuda 3 com ajuda parcial 2 não consegue 1 3 O(a) Sr(a0 consegue fazer compras? sem ajuda 3 com ajuda parcial 2 não consegue 1 4 O(a) Sr(a) consegue preparar suas próprias refeições? sem ajuda 3 com ajuda parcial 2 não consegue 1 5 O(a) Sr(a) consegue arrumar a casa? sem ajuda 3 com ajuda parcial 2 não consegue 1 6 O(a) Sr(a) consegue fazer trabalhos manuais? sem ajuda 3 com ajuda parcial 2 não consegue 1 7 O(a) Sr(a) consegue lavar e passar sua roupa? sem ajuda 3 com ajuda parcial 2 não consegue 1 8 O(a) Sr(a) consegue consegue tomar seus remédios na dose e hora corretos? sem ajuda 3 com ajuda parcial 2 não consegue 1 9 O(a) Sr(a) consegue cuidar de suas finanças? sem ajuda 3 com ajuda parcial 2 não consegue 1 TOTAL ___________ pontos 18 Descrição: É um teste de rastreio cognitivo que avalia memória semântica, função executiva, orientação visuoespacial e a habilidade visuoconstrutiva, que é a capacidade de desenhar ou construir a partir de um estímulo (no caso, um comando verbal). Consiste em disponibilizar uma folha de papel em branco e um lápis e solicitar à pessoa idosa que desenhe um mostrador de relógio analógico, com números e ponteiros, marcando 11h10 ou 2h50, (nunca 2h10, pois os ponteiros devem estar em quadrantes diferentes). Não é recomendado aplicar o teste em pessoas com escolaridade inferior a quatro anos. Objetivo: É um instrumento econômico, confiável, válido e de grande utilidade no rastreio cognitivo breve, sobretudo quando utilizado conjuntamente com outras técnicas de avaliação cognitiva e de Teste do Desenho do Relógio7,8 19 Descrição: É um teste de rastreio cognitivo que avalia memória semântica, função executiva, orientação visuoespacial e a habilidade visuoconstrutiva, que é a capacidade de desenhar ou construir a partir de um estímulo (no caso, um comando verbal). Consiste em disponibilizar uma folha de papel em branco e um lápis e solicitar à pessoa idosa que desenhe um mostrador de relógio analógico, com números e ponteiros, marcando 11h10 ou 2h50, (nunca 2h10, pois os ponteiros devem estar em quadrantes diferentes). Não é recomendado aplicar o teste em pessoas com escolaridade inferior a quatro anos. Objetivo: É um instrumento econômico, confiável, válido e de grande utilidade no rastreio cognitivo breve, sobretudo quando utilizado conjuntamente com outras técnicas de avaliação cognitiva e de entrevista com a pessoa idosa e seus familiares. Avaliação dos resultados: Para avaliar o teste, é importante verificar se o círculo foi desenhado de maneira aceitável; se os números de 1 a 12 estão presentes, colocados corretamente no círculo; se há dois ponteiros ligados, um para as horas e outro para os minutos; se a hora e os minutos foram marcados corretamente; se há um centro interligando os ponteiros. Providências com os achados/resultados: Desenhos incompletos ou incorretos indicam declínio de memória que pode preceder a instalação de um quadro demencial. Se a pessoa idosa desenha um mostrador pequeno, onde não cabem os números, há evidência preliminar de uma dificuldade com o planejamento. Na negligência unilateral, os números serão colocados apenas na metade do relógio. Pessoas com disfunção executiva (lesão frontal) podem apresentar dificuldade para colocar os ponteiros. Se notadas alterações no teste, deve-se incluir no projeto terapêutico singular a necessidade de uma avaliação cognitiva complementar. 20 Descrição: É um teste de avaliação cognitiva, fácil aplicação, composto por três itens: orientação temporal, fluência verbal e memória/evocação. O teste possui ajustes para baixa escolaridade, por isso, pode ser utilizado amplamente. Objetivo: Realizar avaliação cognitiva breve. Avaliação dos resultados: O escore máximo é 10 pontos. O testeavalia a cognição da pessoa idosa em normal (maior ou igual a 8 pontos); comprometimento cognitivo possível (6 a 7 pontos) ou comprometimento cognitivo provável (menor ou igual a 5 pontos). O ajuste para escolaridade é feito da seguinte forma: sem escolaridade - somar 2 pontos na pontuação final; de um a três anos de escolaridade: somar 1 ponto na pontuação final. Providências com os achados/resultados: Pontuações classificadas como comprometimento cognitivo provável ou possível indicam necessidade de inclusão de uma avaliação cognitiva complementar no projeto terapêutico singular. 10 Point Cognitive Screener9 21 Escolaridade em anos: Certo Errado 1 Orientação temporal (0 a 3 pontos) Perguntar as seguintes informações sobre a data de hoje: Que dia do mês é hoje? 1 0 Em que mês estamos? 1 0 Em que ano estamos? 1 0 2 Aprendizado (não pontual) “Agora eu vou dizer três palavras. Escute com atenção e, quando eu terminar, repita as três palavras. Tente memorizá-las porque eu vou perguntar novamente daqui a pouco. As palavras são: ÓCULOS, CANETA, MARTELO” Repita até três vezes, se necessário, para o aprendizado 3 Fluência verbal (0 a 4 pontos) “Agora eu vou marcar um minuto no relógio e quero que você me diga o maior número de animais que conseguir, o mais rápido possível. Vale qualquer tipo de animal ou bicho. Pode começar.” Pontuação = 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Pontuação: 0-5 animais = 0 pontos 6-8 animais = 1 ponto 9-11 animais = 2 pontos 12-14 animais = 3 pontos ≥ 15 animais = 4 pontos Certo Errado 4 Evocação (0 a 3 pontos) Ägora me dia as 3 palavras que eu pedi para você memorizar” ÓCULOS 1 0 CANETA 1 0 MARTELO 1 0 Ajuste para escolaridade: Pontos ajustados Sem escolaridade formal: somar mais 2 pontos na pontuação final 1 a 3 anos de escolaridade: somar mais 1 ponto na pontuação final Pontuação final (máximo 10 pontos) Interpretação: ≥ 8 pontos: normal 6 a 7 pontos: comprometimento cognitivo possível ≤ 5 pontos: comprometimento cognitivo provável 10 point cognitive screener 22 Descrição: Trata-se de um questionário de 15 perguntas com respostas objetivas (sim ou não) sobre como a pessoa idosa tem se sentido na última semana. É importante ressaltar que se trata de uma ferramenta para triagem de transtorno depressivo, e não para diagnóstico. Algumas respostas “sim” e outras respostas “não” pontuam como indicativo de transtorno depressivo. Descrição: A pontuação é obtida somando-se o número de respostas sim ou não que estão destacadas em negrito. Objetivo: Verificar a presença de sintomas depressivos. Avaliação dos resultados: Normal (0 a 5 pontos); depressão leve (6 a 10 pontos) e depressão severa (11 a 15 pontos). Providências com os achados/resultados: Pontuação acima de 6 sugere necessidade de encaminhamento para avaliação específica. ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA (GDS)10,11 23 1. Está satisfeito(a) com sua vida? ( ) Sim ( ) Não 2. Interrompeu muitas de suas atividades? ( ) Sim ( ) Não 3. Acha sua vida vazia? ( ) Sim ( ) Não 4. Aborrece-se com frequência? ( ) Sim ( ) Não 5. Sente-se bem com a vida na maior parte do tempo? ( ) Sim ( ) Não 6. Teme que algo ruim lhe aconteça? ( ) Sim ( ) Não 7. Sente-se alegre a maior parte do tempo? ( ) Sim ( ) Não 8. Sente-se desamparado com freuquência? ( ) Sim ( ) Não 9. Prefere ficar em casa a sair e fazer coisas novas? ( ) Sim ( ) Não 10. Acha que tem mais problemas de memória que outras pessoas? ( ) Sim ( ) Não 11. Acha que é maravilhoso estar vivo(a)? ( ) Sim ( ) Não 12. Sente-se inútil? ( ) Sim ( ) Não 13. Sente-se cheio(a) de energia? ( ) Sim ( ) Não 14. Sente-se sem esperança? ( ) Sim ( ) Não 15. Acha que os outros tem mais sorte que você? ( ) Sim ( ) Não 24 Descrição: Este é um teste físico que prediz o risco de quedas e a ocorrência de sarcopenia em pessoas idosas. Trata-se de um teste de fácil aplicabilidade na comunidade, rápido e com baixo custo. Objetivo: Avaliar a velocidade de marcha da pessoa idosa, para predizer risco de quedas e sarcopenia. Orientações para realizar o teste: • Material/equipamentos: cronômetro, fita adesiva e trena ou barbante para marcar a distância de 4,6m em linha reta; • Demarcações: utilizar um vão livre de 4,6m, em piso sem irregularidades, demarcando ponto de partida, trecho de 4,6m e ponto de chegada. A demarcação deve estar visível para que o profissional saiba quando a pessoa idosa pisa em determinado ponto; • Realização do teste: oriente a pessoa idosa, certificando-se que ela entendeu a tarefa. Solicite que ela ande 4,6m em seu ritmo habitual. Cronometre o trajeto de 4,6m, repetindo por três vezes. Anote o tempo obtido em cada percurso e calcule a média dos três percursos. Avaliação dos resultados: O resultado a ser considerado é a média do tempo gasto (em segundos) nos três percursos. Valores inferiores a 5,75 segundos são considerados como velocidade de marcha normal. Valores maiores ou iguais a 5,75 segundos indicam velocidade de marcha alterada. Providências com os achados/resultados: Valores alterados sugerem a necessidade de incluir no projeto terapêutico singular ações para promover a função física, fortalecimento muscular, equilíbrio, nutrição, adaptação do domicílio, orientações para prevenção de quedas e outras. TESTE DE VELOCIDADE DE MARCHA12 25 Descrição: O Timed Get Up and Go Test (TUGT) é um teste que avalia a mobilidade funcional da pessoa idosa, em relação a equilíbrio, marcha e capacidade funcional. O teste pode ser um preditor de risco de quedas e fragilidade em pessoas idosas. Objetivo: Avaliar a mobilidade e o equilíbrio em pessoas idosas. TIMED GET UP AND GO TEST (TUGT) - AVALIAÇÃO DO RISCO DE QUEDAS13 26 Orientações para realizar o teste: • Material/equipamentos: cadeira (45cm a 48cm de altura) com braços, de pés fixos (sem rodinhas), cronômetro; fita adesiva; trena, barbante ou fita com 3m (para demarcar a distância de 3m); • Realização do teste: oriente a pessoa idosa, certificando-se que ela entendeu a tarefa. Se necessário, demonstre o procedimento. Solicite à pessoa idosa: 1) levantar-se sem qualquer apoio, caminhar na velocidade habitual até a marcação no chão, contornando-a e retornando novamente à cadeira para sentar-se, encostando completamente o tronco no encosto da mesma; 2) Se a pessoa idosa apresentar alguma dificuldade, que a faça interromper o percurso, refaça a orientação da correta execução e reinicie o teste; 3) Se a pessoa idosa fizer qualquer indagação durante o teste, como por exemplo: “É para sentar?”, responda: “Faça como eu lhe disse para fazer”. • Orientações: É permitido à pessoa idosa o uso de dispositivo de auxílio à marcha (bengala, ou andador) para caminhar, mas não deve se apoiar nele para levantar-se. O idoso deve estar usando seu sapato habitual. O cronômetro deve ser disparado quando a pessoa idosa desencostar os ombros da cadeira e deve ser parado quando ela encostar completamente o tronco no encosto da cadeira. Avaliação dos resultados: Assinalar conforme a cronometragem do trajeto. Medidas consideradas normais são inferiores a 20 segundos. Geralmente, para medidas acima de 20 segundos, sugere-se alguma conduta como encaminhamento para grupo de fortalecimento muscular, fisioterapeuta, etc. Providências com os achados/resultados: Valores alterados sugerem a necessidade de incluir no projeto terapêutico singular ações para promover a função física, fortalecimento muscular, equilíbrio, fisioterapia e outras. 27 Descrição: O Short Physical Performance Battery (SPPB) é um instrumento prático e eficaz na avaliação do desempenho físico e rastreio de pessoas idosas com riscos futuros de incapacidades. Ele é composto por três testes que avaliam equilíbirio, marcha e força muscular, reconhecidos como componentes fundamentais da qualidade de vida. Objetivo: Avaliaro desempenho de membros inferiores de pessoas idosas em três aspectos: equilíbrio, marcha e força muscular. SHORT PHYSICAL PERFORMANCE BATTERY - SPPB14, 15 28 Avaliação dos resultados: A pontuação varia de 0 a 12 pontos, com uma classificação que varia de incapacidade a capacidade boa. O escore é dado pela seguinte variação: • 0 a 3 pontos: incapacidade ou capacidade ruim; • 4 a 6 pontos: baixa capacidade; • 7 a 9 pontos: capacidade moderada; • 10 a 12 pontos: boa capacidade. Providências com os achados/resultados: Valores alterados sugerem a necessidade de incluir no projeto terapêutico singular ações para promover a função física, fortalecimento muscular, equilíbrio, fisioterapia e outras. Pessoas que pontuam menos que 9 apresentam maior probabilidade de sofrer quedas, hospitalização, declínio funcional e morte. Para promover a melhoria da mobilidade, pode ser desenvolvido um programa de exercícios multimodais, com a inclusão de exercícios como: de força e resistência (agachamentos e abdominais, uso de pesos ou faixas de resistência); aeróbicos e cardiovasculares (ficar de pé apoiando em uma perna de cada vez, andar com o calcanhar em linha reta); e de flexibilidade (alongamentos, yoga, pilates)16. 29 Avaliação do desempenho físico de membros inferiores TESTE DE EQUILÍBRIO Assinale o quadrado, caso obtenha pontuação zero, assinale o motivo abaixo e passe para o teste seguinte. 8.70” = 1 ponto ( ) Incapaz = 0 ponto _____._____ milésimos de segundos _____._____ milésimos de segundos Tempo da 1º velocidade (ida): Tempo da 2º velocidade (volta): 32 Pontuação TESTE DE FORÇA DE MEMBROS INFERIORES Primeiro realizar um Pré-teste: levantar-se apenas 1 vez da cadeira. Caso NÃO consiga ou utilize as mãos, pare o teste, assinale o motivo abaixo e siga para a pontuação final SPPB Caso CONSIGA, repita o teste 5 vezes consecutivas o mais rápido possível, com os Membros superiores cruzados sobre peito e marque o tempo: ______.______ milésimos de segundos. Caso o participante use os braços ou não consiga completar as 5 repetições ou demore mais que 1 minuto para completar, finalize o teste e pontue zero e assinale o motivo abaixo. Assinale x no motivo abaixo: ( ) Tentou, mas não conseguiu; ( ) O participante não consegue levantar-se sem auxílio; ( ) O avaliador não teve segurança para realizar o teste; ( ) O participante sentiu-se inseguro para realizar o teste; ( ) O participante não conseguiu entender as instruções do teste; ( ) Outro motivo específico: ______________________________ ( ) O participante se recusou. Comentários: ___________________________________________ ( ) > 16”.7 = 1 ponto ( ) ≥ 13”.70 e ≤ 16”.69 = 2 pontos ( ) ≥ 11”.20 e ≤13”.69 = 3 pontos ( )vezes cada pergunta. Se a pessoa idosa não ouvir, considerar o teste como positivo. Objetivo: Avaliar a acuidade auditiva. Avaliação dos resultados: Se a pessoa idosa não responder, deve-se examinar seu conduto auditivo (podendo haver cerume, alteração no tímpano, entre outros). Providências com os achados/resultados: Não sendo identificadas alterações estruturais, deve-se solicitar audiometria em ambulatório especializado. O déficit auditivo pode ser causa de isolamento social, tontura, depressão e fator de risco para síndromes demenciais. TESTE DO SUSSURRO18 37 Referências 1. Brasil. Ministério da Saúde. Caderno 19 da Atenção Básica: Envelhecimento e saúde da Pessoa Idosa. Brasília, 2006. 2. De Melo RHV, de Vilar RLA, Ferreira AF, Pereira EJS, Carneiro NEA, Freitas NGHB, Diniz Junior J. Análise de risco familiar na estratégia saúde da família: uma vivência compartilhada entre preceptores, discentes e agentes comunitários de saúde. Rev Bras Inovação Tecnol Saúde, On-Line; 2013. 3. Coelho F, Savassi L. Aplicação de escala de risco familiar como instrumento de organização das visitas domiciliares. RBMFC. 2004;1(2):19-26. 4. Scazufca M. Brazilian version of the Burden Interview. Rev Bras Psiquiatr 2002;24(1):12-7. 5. Katz S, Ford A, Moskowitz RW, Jackson BA, Jaffe MW. Studies of illness in the aged. The index of ADL: a standardized measure of biological and psychosocial function. JAMA 1963; 12:914-9. 6. Lawton, MP, Brody, EM. Assessment of older people: Self-maintaining and instrumental activities of daily living. The Gerontologist. 1969;9(3), 179-86. 7. Atalaia-Silva KC, Lourenço RA. Tradução, adaptação e validação de construto do Teste do Relógio aplicado entre idosos no Brasil. Rev. Saúde Pública. 2008;42( 5 ):930-7. 8. Sunderland T, Hill JL, Mellow AM, et al. 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Triagem auditiva em idosos: avaliação da acurácia e reprodutibilidade do teste do sussurro. Cienc Saúde Colet. 2017;22(11):3589-98.