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EHRLICH, Eugen. Fundamentos da Sociologia do Direito (RESUMO)

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EHRLICH, Eugen. Fundamentos da Sociologia do Direito
Resumo 1	2
I – O conceito prático de direito	2
Resumo 2	6
II – A ordem interna das organizações sociais	6
III – As organizações sociais e as normas sociais	10
IV – A coação social e a coerção estatal	12
Resumo 3	13
II – A ordem interna das organizações sociais	13
III – As organizações sociais e as normas sociais	14
IV – A coação social e a coerção estatal	15
Resumo 4	15
Resumo 1
I – O conceito prático de direito
Tanto o(a) médico(a) quanto o(a) engenheiro(a) não aprende mais somente as habilidade necessárias para o exercício de sua profissão, mas estudam sobretudo o seu fundamento científico. Esse desenvolvimento se processo em inúmeros campos.
Na jurisprudência, contudo, a separação entre “ciência do direito” e “ensino do direito prático e jurisprudência prática” está se processando somente agora (observação.: o livro de Ehrlich é do início do século XX) e ainda de maneira inconsciente. Esta separação, porém, é fundamental para uma ciência autonômica do direito. Ela serve não a fins práticos, mas ao conhecimento puro. Os benefícios serão também para a prática jurídica.
É instrutivo observar as áreas do conhecimento jurídico em que a mudança já se processou. O campo da história do direito foi se transformar efetivamente com a escola jurídico-histórica. Antes tudo se resumia a entender melhor o direito vigente. Para o(a) moderno(a) historiador(a) do direito é indiferente se o resultado de suas pesquisas tem aplicabilidade imediata ou não; suas descobertas não são um meio, mas um fim em si mesmo.
Um(a) técnico(a) em construção de estruturas metálicas não enxergas muitas coisas que seriam importantes para a ciência e para a própria técnica de construção de estruturas metálicas. Assim que pessoas da ciência descobrirem algo que possa ser útil para a construção de estruturas metálicas o(a) técnico(a) naturalmente se aproveitará desses conhecimentos novos.
O dilema da jurisprudência consiste em que apesar de ser uma doutrina prática do direito, continua sendo a única ciência do direito. Isso é extremamente insatisfatório. Deveria existir um número de cursos de direito equivalente aos ramos jurídicos. Os(as) romanos(as) distinguiam entre três ramos de atividade do(a) jurista: responde (juiz(íza)), cavere (escrivão), agere (advogado(a)). Na Inglaterra o ensino do direito abrange simultaneamente a atividade do(a) juiz(íza) e a do(a) advogado(a) e a atividade escriturária (conveyancing). Mas esses agentes não são de maneira alguma os únicos representantes da atividade jurídica. O atual ensino do direito na Europa é muito mais pobre que o romano e o inglês. Encastelou-se quase exclusivamente nas universidades, instaladas e mantidas pelo Estado, tendo por principal incumbência preparar os(as) futuros(as) juízes(ízas) para a sua profissão. Devagar se expandiu para o serviço diplomático e administrativo (direito internacional e público). Paulsen afirma que as atuais faculdades são instituições de formação técnica para juízes(ízas) e funcionários(as) públicos(as).
Talvez por isso o direito público e internacional assumiram, na Alemanha, um cunho científico muito antes que os direitos privado, penal e processual. Somente com o direito geral do Estado, e mais tarde a Teoria Geral do Estado surgiu o ramo da jurisprudência que não se concentrava mais exclusivamente sobre a aplicabilidade prática de seus resultados, mas tinha somente objetivos científicos.
Mesmo assim as faculdades de direito não queriam ser mais do que escolas de formação de funcionários(as) públicos(as). Áreas importantes não são abordadas, só porque não se enquadram na atividade do(a) juiz(íza). O direito dos contratos de trabalho foi descoberto somente há mais ou menos 10 anos por Lotmar, depois da grande expansão industrial na Alemanha, com a justiça confrontada cada vez mais com o problema. Questões importantes de nosso tempo, como as referentes aos sindicatos, trustes e cartéis praticamente estão ausentes no ensino do direito.
Em conseqüência desse estado de coisas muitos grandes pesquisadores se consumiram na elaboração da um método. Elaborado, a obra poderia ser continuada por pesquisadores de “estatura” menor. 
Com exceção da Teoria Geral do Estado toda a jurisprudência é abstrata e dedutiva. Quanto mais abstratas as entidades cada vez mais perdem qualquer relação com a realidade. Em toda a ciência autêntica predomina o método indutivo, que procura aprofundar o conhecimento da essência das coisas através da observação de fatos e da coleta de experiências. A jurisprudência, assim, na realidade não conhece um conceito científico de direito.
Do ponto de vista do(a) Juiz(íza), o direito é uma regra de acordo com a qual ele deve decidir as controvérsias jurídicas que lhe são apresentadas. A conceituação dominante, sobretudo na ciência alemã, é a de que o direito seria uma regra do agir humano. A regra do agir humano e a regra de acordo com a qual o(a) juiz(íza) decide controvérsias podem, no entanto, ser coisa bem diversas. Nem sempre as pessoas agem segundo as regras que são aplicadas nas decisões.
O(a) historiador(a) do direito sem dúvida entende o direito como regra do agir humano. Ele explicita as regras da época história que analisa. Como se realizam os casamentos, como se vive em família, como se firam contratos. Mas dificilmente se referirá às regras pelas quais se decidem controvérsias jurídicas.
Quando se volta para a época vigente, no entanto, o(a) jurista, quase que como numa mágica, transforma a regra de acordo com a qual as pessoas agem na regra com a qual as ações das pessoas são julgadas. Eles pensam que as regras pelas quais os tribunais decidem são as regras de acordo com as quais as pessoas deveriam agir. E isso se alia com a concepção obscurantista de que, com o tempo, as pessoas se acomodarão de acordo com as regras conhecidas pelos tribunais. Não se pode negar que as decisões dos tribunais têm influência sobre o agir das pessoas, mas deveria se averiguar em que medida isto acontece e de que circunstâncias depende.
Se é ensinado que o direito também vale para aquele que não o conhece, cai por terra a concepção de que o direito é uma regra do agir humano. Nenhum(a) jurista com formação científica duvida hoje que no passado grande parte do direito não era criada pelo Estado e que mesmo hoje uma boa parte tem outra origem. Isso é teoria. Vem a pergunta: onde se faz pesquisa referente ao direito que não se origina no Estado? Em que livro? Não constitui nenhuma ousadia afirmar que hoje em dia na Europa não se conhece no ensino do direito, na pesquisa e na bibliografia outro direito a não ser a lei.
Existe ainda o “direito consuetudinário”, expressão ampla que há séculos designa o direito não estatal, e o desinteresse por ele é justificado com referência à sua pretensa “insignificância”. Quem, porém, pensa assim, desistiu de conceber o direito como regra do agir humano no dia-a-dia; demonstrou que sua concepção de direito é, acima de tudo, a de regra para o agir dos tribunais e outras instâncias governamentais.
Se hoje a jurisprudência se dedica ao direito estatal, é porque no seu desenvolvimento o Estado conquistou o monopólio da criação do Direito. O autor (Ehrlich) não tem dúvidas que o moderno movimento do direito livre além de se operar um passo à frente no conhecimento científico, ocorre dentro de uma efetiva transformação na relação Estado-Sociedade.
É claro que ninguém supõe que a origem do direito como tal seja o Estado até o absolutismo. Procura-se, ainda, apresentar o direito que surge fora do Estado como uma concessão deste. Juristas que estudavam cientificamente o direito tinham até seu trabalho proibido em decorrência da sensação de que seu trabalho possa originar um “direito dos(as) juristas”. Passou a se exigir do(a) juiz(íza) o conhecimento somente do direito estatal. O direito consuetudinário passou a ser desprezado e ridicularizado. No século XVIII, os estudos sobre direito extra-estatal quase que haviam desaparecidopor completo. O ensino se restringiu a citar o “direito consuetudinário”.
Papel importante tiveram os iu-naturalistas dos séculos XVII e XVIII, e os fundadores da escola histórica, como Savigny e Puchta, que foram os precursores da concepção histórica do direito, se recusando a aceitar cegamente como direito tudo aquilo que o Estado lhes apresenta como tal, procurando chegar à essência do direito por via científica. Localizaram a origem do direito fora do Estado: na natureza humana e no sentimento de justiça do povo, respectivamente. Ambos não levaram suas idéias às últimas conseqüências.
Savigny e Puchta possivelmente foram os primeiros que tiveram a idéia, mesmo que imprecisa, de uma ciência do direito preocupada exclusivamente com o conhecimento. Em todo sua obra transparece um menosprezo em relação à doutrina do direito que visa somente fins práticos. Mas a tarefa de criar uma ciência do direito foi grande demais; eles a atacaram, mas não conseguiram realizá-la. Os fundadores da escola histórica nunca tentaram pôr em prática os fundamentos metodológicos que propagavam em seus trabalhos dogmáticos. A obra destes autores não teve continuadores nem fez escola. Inclusive houve retrocesso no que se refere à doutrina do direito consuetudinário.
Assim, apesar de Savigny e Puchta, a jurisprudência continuou sendo aquilo que é desde o surgimento do cargo de juiz estatal: uma doutrina da aplicação do direito estatal.
Jellinek notou que a o dogma da unidade lógica do sistema de direito não tem validade para o direito público, “mas somente para aquelas áreas do ordenamento jurídico, onda a decisão final do caso concreto pertence ao(à) juiz(íza)”. Apresentou uma grande quantidade de questões do direito público para as quais não há solução no direito público vigente. O(a) juiz(íza) teria de achar uma solução, mas não com base no sistema jurídico logicamente unitário, pois neste ela não está contida. Mas o que Jellinek considera uma particularidade do direito público vale na realidade para qualquer outra área do direito. E o princípio da unidade lógica do sistema jurídico não é verdade cientificamente comprovada, mas apenas um esforço para dar ao(à) juiz(íza) normas de decisão para todos os casos que possam e ocorrer e comprometer o(a) juiz(íza) com elas.
Somente assim se torna compreensível a concepção ainda dominante de que o direito é uma ordem coativa; de que faz parte da essência do direito garantir coativamente reivindicações e impor coativamente deveres (aqui coação específica decorrente do direito – coação psicológica que implica ameaça de punição e ameaça de execução coativa).
O(a) jurista pode dizer que todos(as) cumprem seus deveres porque sabe que podem ser obrigados(as) a cumprí-los através de tribunais. Mas se ele(a) se desse ao trabalho de observar as pessoas em seu agir no dia-a-dia, facilmente se convenceria de que estas pessoas nem pensam numa coação que lhes possa ser imposto por tribunais. A regra do agir muito freqüentemente é bem diferente das normas coativas.
Em grande parte do direito público e administrativo a coação neste sentido nem existe. Estando de acordo, maiorias parlamentares podem praticar praticamente qualquer violação constitucional sem qualquer possibilidade de responsabilização. Evidentemente permanece a “coação da opinião pública”, “a indignação geral ou a rebelião”. Mas esta ameaça co a coação, que não está regulamentada nem prescrita juridicamente, pode ser classificada ainda como parte do direito? E as coações sociais, que se refiram à moralidade, aos costumas, à honra, etc? Esta coação pela transgressão de alguma norma não-jurídica é muitas vezes mais forte que no direito, às vezes tão forte que supera os efeitos de uma execução coativa jurídica. Dívidas contraídas no jogo são pagas desprezando a proibição legal e obedecendo à coação social.
Um ponto que se destaca, também, é a freqüência com que no direito privado falta uma verdadeira coação jurídica (se não constituem um direito subjetivo, não há meios jurídicos para executar). Em muitos casos falta qualquer possibilidade de aplicar um meio jurídico, mesmo que ele exista. Um(a) dono(a)-de-casa registraria queixa contra o empregado(a) porque não fez a limpeza da moradia? Que conseguiria com a queixa? Somente quando, com a repetição, a situação se torna insustentável, é que tem à mão um meio jurídico eficiente para desfazer a relação e pedir indenização. A ordem na sociedade humana se apóia no fato de que obrigações jurídicas em geral são cumpridas, não no fato de que podem ser levadas a juízo.
Do conceito de direito como ordem coatora estatal (concepção que sempre foi cara à jurisprudência tradicional) devem ser excluídas três características. Não é inerente ao conceito de direito que ele se origine no Estado, nem que forneça a base para decisões dos tribunais, ou que fundamente a coação jurídica subseqüente. De uma quarta característica do conceito é que se deve partir: o direito é uma ordem. Para Gierke, O direito é uma organização, uma regra que indica a cada membro desta organização sua posição. A norma jurídica de acordo com a qual se decidem disputas jurídicas, a norma de decisão, é apenas uma variação da norma jurídica, com tarefas e objetivos restritos.
Assim como encontramos a comunidade organizada, vemos também que em todos os lugares o direito é o ordenador e o suporte de qualquer associação humana.
No conceito de ciências sociais hoje se compreende todo tipo de ciência da sociedade humana, quer puramente teórica, quer puramente prática, como a economia, a estatística, a política.
Para o conjunto de ciências sociais teóricas se usa a designação sociologia, trazida por Augusto Comte. Não faltam tentativas de transformá-la numa ciência própria, junção do conteúdo de todas as ciências sociais teóricas, formando uma unidade, uma “parte geral” das ciências humanas. Se tal ciência existir seria conveniente não denominá-la de sociologia, que denomina já a totalidade das ciências sociais teóricas.
Por jurisprudência se entendeu até aqui tanto a doutrina teórica do direito quanto a prática e esta expressão consagrada certamente terá de permanecer, mas será necessário contrapor teoria do direito propriamente dito (ciência do direito) e jurisprudência prática.
Como o direito é um fenômeno social, qualquer tipo de jurisprudência pertence ao âmbito das ciências sociais, mas a ciência do direito propriamente dita é parte integrante da ciência social teórica, isto é, da sociologia. A sociologia do direito é a doutrina científica do direito.
Resumo 2
II – A ordem interna das organizações sociais
O ponto de partida de qualquer análise nas ciências sociais é o conceito de sociedade humana (conjunto das organizações ou associações humanas inter-relacionadas). As organizações que constituem a sociedade são diversificadas: o Estado, o povo, a comunidade supranacional regida pelo direito internacional, a comunidade dos povos civilizados que, independente dos Estados e nações, se forma em razão das inter-relações políticas, econômicas, culturais e recreativas, as comunidades religiosas e as igrejas (...) corporações, famílias em sentido restrito e em sentido amplo, as camarilhas e cliques sociais, todos formam em seu conjunto uma sociedade na medida em que se constata uma interação entre eles.
Entre os diversos tipos de agrupamentos humanos, porém, um tipo de associação deve receber destaque e ser encarado como a associação originária (genética). Já na pré-história a encontramos sob diversas formas, como parentela (estiper, gens, clã), família, comunidade doméstica. Parentela e família são suas formas originais, entretanto, não é possível determinar qual das duas deve ser vista como a forma primitiva, isto é, se a parentela nada mais é do que uma família crescida e ampliada, ou se a família se formou muito mais tarde no interior da própria parentela. 
No momento em que os homens se associam, naturalmente isso se transforma em arma de luta pela existência, uma vez que elimina aqueles em que predomina oegoísmo e o instinto de rapina e garante a sobrevivência dos que são capazes de se associarem, tornando-os mais fortes. Seleção e hereditariedade fazem com que a humanidade se torne cada vez mais associável.
Este sentimento de unidade que se origina na sensação de interdependência, conduz à parentela e a consciência de uma origem comum produz a família. Através da agregação de associações originária como as parentelas, as famílias, as comunidades domésticas, surge a tribo e num estágio posterior o povo.
Num nível de evolução primitiva a ordem social da humanidade repousa exclusivamente em associações originárias e seus desdobramentos posteriores: tribo e povo. Parentela e família são associações de caráter econômico, religioso, militar e jurídico, são responsáveis pela unidade em relação à língua, ao costume, ao lazer. Mas em sociedades evoluídas estas tarefas se desvinculam da associação originária, surgindo grupos que além das tarefas originárias, exercem outras tarefas: o Estado, a comunidade religiosa, o partido político, a entidade recreativa, a associação econômica, entre outros.
Dessa maneira, a vida do ser humano ingressa numa infinidade das mais diferentes comunidades, sua vida fica multifacetada. Em consequência, acaba restando apenas a família em sentido restrito (até os dias atuais), da parentela só restam alguns vestígios mínimos entre a alta nobreza e ente o campesinato. Antigamente, a descendência de uma pessoa era muito mais decisiva para sua futura profissão, comunidade religiosa e seu relacionamento social, a livre escolha era muito mais restrita.
Com raras exceções todo homem pertence automaticamente a uma associação originária (pelo nascimento); o mesmo, porém, não ocorre necessariamente em relação às outras associações (pela livre adesão e aceitação). A primeira têm sua origem em instintos inconscientes, enquanto as novas associações são resultado de ações humanas conscientes.
Sobre o direito dos povos pré-históricos dos quais descendem os povos da Europa atual, sabe-se muito pouco, mas não há dúvidas de que não existiam quaisquer vestígios daquilo que hoje conhecemos como direito, isto é, regras fixas que emanam de um poder acima do indivíduo e que lhe são impostas de fora.
O direito que conheciam era a ordem interna das parentelas e das famílias. Cada associação criava a sua própria ordem, sem qualquer comprometimento com a ordem existente em outras associações e, se encontramos ordens relativamente iguais entre elas, isso se deve a semelhança de condições de vida entre as associações e também as influências recíprocas, mas não ao fato de que esta ordem lhes tivesse sido imposta de fora. Pode-se dizer que nestas associações existe um direito geral, mas não um direito comum. 
Assim que a propriedade particular sobre a terra começa a se ampliar, surge um direito referente a ela, assim como acontece em relação aos contratos. Temos, então, o direito agrário e o direito contratual, todavia, cada proprietário de terra prescreve direitos e deveres a seus subordinados e inexistem prescrições jurídicas gerais sobre o contrato. Assim, há relações jurídicas concretas nas diversas comunidades, mas não existe um direito como é encontrado no corpus iuris ou nos códigos modernos.
As regras jurídicas gerais mas antigas são provavelmente as que se referem ao direito hereditário. Mas, enquanto nas épocas mais remotas somente a comunidade doméstica herdava os bens do falecido, estas regras gerais só atingem os direitos dos parentes mais distantes. Sobre o que a comunidade doméstica devia fazer com os bens de um morto cada unidade familiar e cada parentela deveria decidir por si; e isto acontecia ainda em épocas que já não eram mais pré-históricas; somente para o caso de não existir comunidade doméstica, mesmo em épocas mais remotas já se conheciam prescrições gerais.
O primeiro Estado constitui-se exclusivamente sobre a base de um acordo entre as parentelas nobres que o fundam; além do acordo não há nada que fixasse a posição, os direitos e os deveres dos diversos órgãos estatais. Quando a governança temporária é substituída pelo reinado vitalício e por fim hereditário, tudo passa a depender do rei (personalidade, riqueza, influência, etc.). O conselho dos anciãos e a assembleia popular não são instituições constitucionais, mas meios utilizados pelo rei para impor sua vontade. Os funcionários baseiam sua competência somente nas incumbências distribuídas pelo rei e em sua posição de poder. Prescrições jurídicas, para estes casos, não existem. 
No atual direito nobiliárquico privado, Dungern demonstrou, que não existe qualquer conteúdo material. Esgota-se no fato de que as famílias da alta nobreza podem decidir autonomamente sobre suas relações jurídicas; o que decidem é assunto de sua exclusiva alçada. Igual ao direito nobiliárquico privado era todo o direito antigamente. Mas enquanto a autonomia das famílias da alta nobreza se restringe a algumas questões do direito familiar e do direito hereditário, na pré-história cada associação e dentro da associação cada relação jurídica, cada contrato, cada propriedade possuiu seu próprio direito (além desses direitos referentes às relações jurídicas individuais não há, nas antigas sociedades, outro tipo de direito). 
Na tradição das Doze Tábuas e nos textos jurídicos mais antigos dos germanos já se encontravam prescrições jurídicas gerais que se referem ao sistema de multas, ao processo criminal e em alguns pontos ao direito público e privado; em parte, trata-se de empréstimos do direito romano ou adaptações a ele, mas são provas de um adiantado desenvolvimento do direito. Semelhante relação pode-se estabelecer entre as fontes do direito eslavo e o direito bizantino.
Mas mesmo o direito romano altamente desenvolvido, que caracterizou o período histórico, ainda contem inúmeros resíduos que remontam às situações pré-históricas. Por exemplo, dentro da casa romana e no interior da parentela a autonomia é fundamental, nos contratos romanos mais antigos o único parâmetro que determina direitos e obrigações é o teor das palavras, bem como o direito hereditário dos sui heredes que nunca estava regulamentado, já o direito hereditário dos gentiles era regulamentado de maneira totalmente autônoma por cada gens. 
E afinal, o que é direito público romano? O que Mommsen nos apresenta sob este título é, excetuando-se o conteúdo das poucas leges do direito público, uma descrição daquilo que os órgãos governamentais romanos efetivamente executaram durante a existência do império romano. Ele apresente prescrições jurídicas gerais, sendo que a maioria delas são resultado de seu próprio trabalho mental, ele próprio as derivou dos fatos. Pode-se dar a isso o nome de direito público romano, mas não uma constituição romana. 
No Oriente ocorre o mesmo até hoje, até existem leis e constituições escritas feitas pelas pessoas orientais com influência europeia, mas que não são mais que brincadeiras que talvez tenham alguma influência no futuro. O direito público oriental está nas atividades dos diversos órgãos estatais e este contato direto com a realidade substitui plenamente o Corpus Inscriptiorum Latinarum. É neste reconhecimento que repousa a importância metodológica do livro de Dunger sobre o direito público egípcio. 
Toda a ordem jurídica, em seus primórdios, consiste na ordem interna das associações humanas, entre as quais também está o Estado. Cada associação cria uma ordem autonomamente, mesmo que, com frequência, imite uma ordem já existente em outras associações ou assuma e desenvolva a ordem que já existia na associação da qual se desmembrou. Assim, nunca faltam traços comuns entre as ordens jurídicas, que para o observador estrangeiro parece um direito comum do povo; mas isto é apenas uma generalização do que ele viu e ouviu. O que podemos chamar de sociedade nesta época, não se mantém em equilíbrio através de regras jurídicas, mas exclusivamente através da ordem interna de suas associações. 
Um salto sobre diversas gerações nos permite uma comparaçãocom o Estado feudal. O que caracteriza o Estado feudal é a ausência de uma constituição, havendo apenas contratos. Quem quisesse descrever exaustivamente o direito público feudal, deveria relacionar o conteúdo de todos os contratos dos suseranos com seus vassalos e seu relacionamento com o servos, que frequentemente também tem caráter contratual. Os contratos podem até ser semelhantes, mas mais uma vez isso se dá pela igualdade de condições ou então na imitação, mas não numa regra geral. O que se designa como direito feudal é o ordenamento científico do que é genérico nos diversos contratos. 
No entanto, o direito feudal mais evoluído já conhece a assembleia de vassalos dos diversos suseranos e até mesmo dos servos destes para a tomada de decisões comuns. São expressões da vontade comum e seu significado jurídico consiste no fato de que, caso aceitas pelo suserano, transformam-se em contratos gerais com os suseranos. A Magna Charta Libertatum, que até hoje constitui a base da constituição inglesa, foi um contrato geral.
Mas a constituição feudal nunca conseguiu englobar todo o conteúdo da ordem social do Estado feudal. Surgiram novas associações locais que assumiram uma série de tarefas sociais, entre elas, a cidade passa a ter muita importância e um alto grau de autonomia, subtraindo-se da constituição feudal. A rigor, a constituição feudal nunca deixou de ser uma constituição da área rural. É na cidade que as instituições jurídicas restritas se transformam numa série de prescrições jurídicas: o direito agrário, o direito hipotecário, o direito contratual, o direito hereditário. No entanto, quem quiser conhecer o direito da sociedade medieval, não pode restringir-se a tomar conhecimento das prescrições jurídicas; o cerne do direito continua a consistir na ordem interna das associações. 
Comparando-se o direito da atualidade com o de séculos passados, de imediato chama a atenção a grande importância que assumiu a prescrição jurídica, proclamada autoritativamente e redigida em palavras. O direito público de todos os estados europeus assumiu esta forma, com a única exceção da Grã-Bretanha. Assim estamos, hoje em dia, dominados pela concepção de que o direito não é nada mais que uma soma de prescrições jurídicas. 
Esta concepção, no entanto, é contraditória. No direito administrativo e processual essa contradição transparece em escala menor, mas pesquisas mostram que esses direitos não se compõem exclusivamente de prescrições jurídicas. Na ordem familiar atual praticamente não existem regras jurídicas. Em outros direitos como o contratual e o hereditário também raramente se decide em prescrições jurídicas. Na expressão dos juristas, as conclusões muito mais frequentemente decorrem de uma “questão real” do que de uma “questão jurídica”. E a questão real é justamente a ordem interna das associações humanas e um quadro deste o juiz compõe a partir das informações de testemunhas e de peritos, dos contratos, dos estatutos, das declarações. O destino humano, portanto, ainda hoje, como já ocorria na pré-história, é determinado muito mais pela ordem interna das associações que por prescrições jurídicas.
Esta verdade fica parcialmente encoberta para o juiz, pois para ele uma decisão referente à questão real se apresenta como o enquadramento de situações objetivas, por ele constatadas, em uma prescrição jurídica. Mas isso se deve a uma arraigado modo de pensar puramente jurídico. Quando os juristas pensam que deve ter existido uma prescrição jurídica antes que fosse firmado um contrato válido ou redigido um testamento efetivo, estão contrapondo algo abstrato ao concreto. Porém, a concepção que comprovadamente predominou no passado foi a de que o direito deriva de um acordo ou uma concessão; a ideia de que deriva de uma prescrição jurídica é totalmente estranha; que alguém deva seus direitos a uma prescrição jurídica é, mesmo em nossos dias, uma concepção que só existe na cabeça dos juízes. Mas fenômenos sociais não podem ser explicados pelo fato de serem juridicamente construídos; deve-se partir dos fatos para chegar às ideias.
Nas descrições feitas até aqui foram levados em consideração somente os povos europeus; mas elas não se adaptam somente a estes. O autor disserta novamente sobre como não existiam prescrições jurídicas nos estágios primitivos dos povos e diz que apenas em estágios mais elevados começam a aparecer prescrições sob forma de mandamento religioso e diz que só o homem altamente desenvolvido entende a ideia de que regras jurídicas abstratas possam impor sua vontade ao indivíduo. Na idade Média, em contraste com o mínimo respeito às prescrições jurídicas está a severidade com que a ordem tradicional é observada nas pequenas associações, no lar, na família e na parentela.
Sir Henry Summer Maine foi o primeiro a afirmar que o direito mais antigo é o processual, mas essa observação não faz sentido. Mesmo a sociedade mais simples seria inimaginável se toda a sua ordem se baseasse no direito processual. Uma vez que o direito processual não é possível sem o direito material. A doutrina de Maine está correta no sentido de que o direito processual teve as primeiras prescrições jurídicas, relacionadas, por exemplo, com as determinações sobre multas. O direito material já existia, mas não estava concebido na forma de prescrição jurídica.
 A ordem interna das associações humanas não só é a primeira forma de direito, mas é, até hoje, a fundamental. Para explicar as origens do direito deve-se pesquisar, sobretudo, a ordem das associações. Todas as tentativas anteriores de aclarar questões relativas ao direito fracassaram pois não partiram desse ponto.
A ordem interna das associações é determinada por normas jurídicas (não devem ser confundidas com prescrições). Prescrição é a redação de uma determinação jurídica em uma lei ou um código. Norma jurídica, ao contrário, é a determinação jurídica transformada em ação. Em qualquer sociedade há muito mais normas jurídicas que prescrições jurídicas, porque sempre há mais direito para condições específicas que para condições similares e também existe mais direito do que os juristas tomam conhecimento. Qualquer historiador sabe quão é pequena a fração do direito vigente na época, que está contido nas Doze Tábuas ou na lex Salica.
III – As organizações sociais e as normas sociais
Uma associação ou organização social tem regras de diversos tipos e que recebem nomes diversificados: há regras do direito, da moral da religião, do costume, da honra, do bom comportamento, da moda. A estas se juntam regras de menos importância como, por exemplo, as de jogo, de prioridade. Estas regras são realidades sociais, resultado das forças que agem numa sociedade e elas não podem ser abordadas fora do contexto da sociedade em que são vigentes. Há regras do agir que são normas e há as regras que não são normas, pois não se referem à convivência dos homens: as regras linguísticas, as regras de gosto e higiene. 
A norma jurídica, portanto, é apenas uma das regras do agir e neste sentido se assemelha a todas as outras regras sociais. A jurisprudência dominante deixa de acentuar esse fato, acentuando, por motivos práticos, a oposição entre o direito e as outras normas, especialmente às referentes à moral; disso resulta que se procura insistir que o juiz só deve decidir de acordo com o direito e nunca de acordo com outras regras. Em uma situação em que o direito não está totalmente estatizado, esta oposição perde em vigor. Em Roma não se falava dessa oposição e mesmo para os ingleses ela não aparece tão claramente até hoje.
Todo o relacionamento humano se conserva exclusivamente através das regras do agir na associação. Quando elas perdem sua eficiência, o círculo se decompõe em suas partes constitutivas; quanto mais regras se debilitam tanto mais frouxa se torna a comunidade. 
Nem todas as associações humanas são determinadas por normas jurídicas, mas somente aquelas, cuja ordem repousa em normas jurídicas, têm algo a ver com o direito e é somente com essas que a sociologiado direito deve se preocupar. As associações com caráter jurídicas são as pessoas jurídicas, as corporações, as fundações e o Estado, sobretudo. Associações de caráter jurídico sem personalidade jurídica: órgãos governamentais, o povo, o exército, classes, castas, profissões. 	
A primeira e mais importante tarefa da sociologia do direito é estabelecer uma distinção entre as componentes do direito que regulam, ordenam e determinam a sociedade, demonstrando a sua natureza organizatória, e aquelas que são puras normas de decisão. 
Essa natureza organizatória foi concebida em primeiro lugar no direito público e administrativo, sendo o direito público o ordenamento do Estado, que estabelece tarefas dos órgãos estatais, os direitos e deveres das autoridades. As forças que agem no Estado, porém, acima de tudo, são sociais. Gierke contrapõe ao direito do Estado e das corporações públicas e privadas todo o direito privado, que ele denomina direito individual. Mas esta dualidade não existe. Não há um direito individual, qualquer direito é um direito social, pois não existe o indivíduo desvinculado de seu contexto. 
No sistema do direito privado dominante a associação tem uma posição muito imprecisa. A partir das próprias características externas, aparecem naturalmente como associações as pessoas jurídicas do direito privado, os clubes (mesmo sem personalidade jurídica), as sociedades, a família. O direito privado é sobretudo – e no direito da família até exclusivamente – o direito referente à vida econômica que desenrola-se, sem exceção, em associações.
Vida econômica consiste na produção, na troca e no consumo de bens. Na Antiguidade e na Idade Média dominava a economia doméstica, rural e fechada e a da corte real e feudal. A família conservou-se como uma associação produtiva até nossos dias, porém não autossuficiente. De maneira geral, a família não é mais um local de produção de bens, mas um local de consumo. Além disso, na atualidade, lar e local de trabalho estão rigorosamente separados. 
Em cada associação econômica devem ser distinguidas três coisas: o gruo de pessoas que trabalham ou consomem, depois os fundamentos materiais da economia – os meios de trabalho e a matéria-prima – e a forma jurídica pela qual o grupo humano recebe a proteção dos tribunais e das instâncias estatais para a sua vida associativa. 
Por exemplo, o artesão produz com seus empregados e aprendizes em uma oficina alugada, utilizando matéria-prima e instrumentos próprios; o direito de locação da oficina, a propriedade dos instrumentos e da matéria-prima, os contratos de trabalho com os empregados e os aprendizes constituem ao mesmo tempo a forma jurídica e o conteúdo econômico do estabelecimento artesanal. 
O direito familiar na família, o contrato de serviço, de salário, de emprego na fábrica, na oficina, na casa comercial, no banco, todos eles têm a mesma função que os estatutos numa corporação ou os estatutos do funcionalismo público no Estado, no município, na Igreja; é deles que provém a ordem interna do grupo humano reunido nestas associações econômicas.
O contrato é a forma jurídica para a divisão e aplicação dos bens e habilidades pessoais (serviços) disponíveis na sociedade. Se nos dias de hoje podemos cobrir nossas necessidades de alimentação, vestuário e moradia através dos contratos de compra, aluguel, prestação de serviços, que diariamente firmamos, nós o devemos unicamente ao fato de que na sociedade em que vivemos, o comércio e a produção de bens estão de tal maneira regulamentados que permitem a satisfação de nossas necessidades. Há quinhentos anos isto certamente não ocorria em lugar nenhum e ainda hoje há regiões muito grandes para as quais esta realidade não se aplica.
Isto evidentemente não é válido apenas para o objeto do contrato, mas para qualquer determinação contratual individual. Basta examinar cada item de um contrato e facilmente se poderá determinar o motivo social por que foi formulado assim e não de maneira diferente; num caso é a superioridade social e econômica de uma das partes, no outro a situação do mercado, ainda em outro os costumes do ramo comercial. Os contratos decorrem do contexto social, a vontade individual é insignificante no contrato.
A natureza social do contrato apenas expressa que ele deve servir a fins sociais. Sua função, em sua infinidade de formas, é a de regular e ordenar a produção, a troca e o consumo de bens na sociedade burguesa, estruturada com base na propriedade privada da terra, dos meios de trabalho e dos objetos de uso.
Na medida em que o direito é uma ordem interna de associações sociais, seu conteúdo forçosamente decorre da estrutura das associações e de sua atividade. Qualquer mudança na sociedade e na economia ocasiona, por isso, uma mudança no direito. Quando as mudanças jurídicas são arbitrárias e tais que a economia não pode adaptar-se a elas, destrói-se sua ordem interna sem que haja um substitutivo.
Exatamente no mesmo sentido em que o direito público e o direito corporativo são um-direito social, também o é o direito privado, na medida em que tem conteúdo organizatório. Seu objeto são as comunidades humanas. Na família, por exemplo, embora a base não seja uma constituição ou estatuto, mas um contrato e uma ordem familiar, eles exercem a mesma função que em outro lugar seria exercida por uma constituição ou contrato.
Mesmo os direito individuais são direitos sociais. Ali onde a sociedade realmente concede ao indivíduo uma “área individual”, costuma abster-se de intromissões. Assim a vida interior das pessoas adultas é sua “área individual”; esta, portanto, se refere muito mais à arte, à religião, à filosofia e não ao direito nem às normas sociais extrajurídicas. 
Finalmente, deve-se chamar a atenção para o significado, até agora pouco considerado, que as normas extrajudiciais têm para a ordem interna das associações. Moral, religião, costume, boas maneiras, até a moda, não só ordenam as relações extrajudiciais, mas influenciam, passo a passo, a área jurídica. Nenhuma associação juridicamente regulada pode existir apoiando-se unicamente em normas jurídicas. 
IV – A coação social e a coerção estatal
Como as associações sociais podem levar o indivíduo que delas faz parte a seguir suas normas? O medo da coerção estatal não é o único fator. As normas da moral, da religião, dos costumes, das boas maneiras, da moda, não teriam qualquer sentido, se delas não emanasse uma certa coação. Uma pessoa pode desprezar muitas coisas, mas certamente existe um círculo social no qual ela quer se encaixar. E na verdade todas estas comunidades, estruturadas ou não - pátria, comunidade religiosa, família, círculo de amigos, partido político, associação profissional, freguesia-, todas elas exigem algo em retribuição por aquilo que fazem por nós e as normas sociais vigentes nestas comunidades não são outra coisa que o reflexo das exigências feitas ao indivíduo.
Dessa maneira, o homem age de acordo com o direito, acima de tudo, porque as relações sociais o obrigam a isso. Há, no entanto, formas de coerção que derivam sobretudo de normas jurídicas; são, por exemplo, a pena e a execução judicial. Superestima-se, como se nota, o valor da execução judicial, quando se vê nela o fundamento da ordem jurídica, como tantas vezes acontece, em especial entre os juristas.
Fundamentalmente, a abrangência da ordem jurídica coativa do Estado, assim, se restringe à proteção de pessoas e posses contra os que se encontram fora da sociedade. O que o Estado realiza, além disto, para a manutenção do direito, é de significado secundário e pode afirmar-se que sem estas medidas a sociedade também não sucumbiria.
Na pressão exercida pelas associações sociais para conseguir a observância das normas, o indivíduo, aparentemente, sempre é um elemento ativo e ao mesmo tempo sofre seus efeitos; o membro da associação tem parte ativa no exercício da pressão, mas ao mesmo tempo se sente constrangido a submeter-se a ele. Mas seria errado insistir neste aspecto. Para a grande massa das pessoasque durante toda a vida se adaptam sem resistência à enorme engrenagem, não se trata do resultado de uma elaboração mental consciente, mas de uma adaptação inconsciente aos sentimentos e às ideias do contexto, que os acompanha do nascimento até a morte. As normas não coagem o hon1e1n, mas o educam. Ainda criança lhe são gravadas na mente.
Assim a adequação às normas leva à estruturação interna do homem; elas não só orientam a ação isolada, mas o transformam em um ser moral, crente, comportado, hábil, honroso, moderno. Ele se submete às normas por convicção e isto concede persistência às suas ações; a pressão social exercida pelas normas sobre o indivíduo não pode mais ser superada por outras influências. As normas sociais moldam a individualidade.
Por fim, permanece de pé o fato de que na atualidade persiste a ética religiosa e filosófica que não restringe sua moralidade a apenas uma associação humana. Este fato, no entanto, requer un1a explicação. Ele indica que entre os espíritos n1ais destacados do inundo já despontou a concepção de uma moralidade universal, de un1 direito que não conhece limites. Esta ideia hoje ainda não é mais do que uni sonho que existe apenas na cabeça dos mais nobres e dos melhores, mas promete um futuro melhor e se tornou realidade no direito vivo, ao menos em tal medida que nas regiões em que reina a civilização mais adiantada se garante a toda pessoa a vida, a liberdade e a posse.
Resumo 3
II – A ordem interna das organizações sociais
A sociedade em si é um conjunto de organizações/ associações humanas organizadas, pois aqui se formam relações políticas, econômicas culturais e etc. Há os excluídos da sociedade que são os povos que não sofrem a influência da organização dessa associação, que seriam os povos menos civilizados ou isolados. Os agrupamentos humanos sempre ocorreram, de forma que a parentela, ou família, constituiu a associação originária da sociedade, possibilitando maior associabilidade. Isso porque é mais fácil sobreviver unido em grandes bandos. 
A parentela ou família é também em si uma associação humana, é aquela que constrói moral, econômica, culturalmente (e etc.) o indivíduo, traduzindo sua aceitação por instintos inconscientes de “pertencer”. Conforme os povos vão evoluindo as funções da família vão sendo delegadas e repartidas. 
	É a família quem dá as primeiras noções de direito nos tempos primórdios, que era a ordem interna da parentela, ou seja, as regras de convivência da mesma, de modo que ela em si existia sem influência de outras parentelas, criando um direito, por vezes, geral, mas nunca comum. 
Ao longo da história ainda foi a parentela muito importante, pois é sobre a hereditariedade da nobreza das famílias que se erguia o direito feudal por meio de múltiplos acordos (sem constituição), isso por que o direito dessa época não tinha em si sentido material, mas era o que as famílias achavam prudente fazer. 
	Toda a ordem jurídica em seus primórdios, portanto, consiste na ordem interna as associações humanas, dentre as quais também está o Estado. 
	Na Idade Feudal sobreviveram as velhas associações (o direito público era um caos, mas nas pequenas associações, como a família, as regras deveria, ser seguidas) , como a parentela, mas criaram-se novas, como a cidade, e é aí que instituições restritas se transformam em prescrições jurídicas. Elas não eram a maioria e os feudos sobreviveram mesmo assim, então engana-se a visão de direito que recai somente sobre as prescrições jurídicas. Isso porque raramente se decide causas reais por meio de meras prescrições jurídicas e sim por meio de provas/ fatos, as conclusões decorrem muito mais de uma questão real do que de uma questão jurídica. O juiz deve enquadras as prescrições jurídicas na situação real, por isso sua liberdade para decidir não é plena. Isso por que os contratos são criados antes das regras dos próprios contratos, a posse precedeu à propriedade, por que o direito não deriva de uma prescrição jurídica, mas de acordos ou concessões sociais, das relações da sociedade. Deve se parir de fatos para chegar a ideias. O direito material em si já existia há séculos, mas foi como o direito processual (romano) que surgiram as primeiras prescrições jurídicas. Portanto, a prescrição jurídica (redação) deriva das normas internas das associações (que deriva de normas jurídicas -> ação), então quando uma prescrição se torna efetiva ela vira norma jurídica.
III – As organizações sociais e as normas sociais
Uma associação ou organização em um conjunto de pessoas que reconhecem determinadas regras para seu agir e de fato age de acordo com elas. Tais regras são realidade sociais, resultado de forças que agem na sociedade num determinado contexto (e que deve ser analisado dentro dele). Serão, pois, normas, ordens e proibições abstratas referentes à convivência organizada, podendo haver outras regras, mas eu não nos interessam. A norma jurídica, portanto, é apenas mais uma das normas de agir, assemelhando às outras regras sociais, no entanto recebendo maior destaque a fim de distinguir estas normas de moral, para fins essencialmente práticos (normas positivadas ≠ normas costumeiras). Essa regras todas são fundamentais para o relacionamento humano agindo em associação e é com as normas jurídicas que regem essa associação que a sociologia do direito de ocupa. Aqui se fala também em organização estrutural, de posições e tarefas, relacionando pessoa-pessoa, pessoa-coisa no modo de agir com a outra. Aqui se diferenciam dois tipos de normas então: as normas que são reconhecidas e observadas são normas de fato, as outras quase irrelevantes, serão normas de decisão (judicial). Diz o autor que não existe direito individual, que todo o direito é social pois os atores se relacionam entre si e com seu contexto social. Fala sobre as famílias serem hoje local de consumo e não mais de produção. 
	Em cada associação devem ser distinguidas três características de identificação:
Grupo que trabalha ou consome. 
Fundamento material da economia dali (meios e matérias primas)
Forma jurídica pela qual o gripo recebe proteção dos tribunais e do estado para sua vida associada. 
O autor fala que é dos contratos que vêm a ordem interna das associações, pois o contrato ficaria claro para ambas as partes contratantes, e todos ligados a elas. Os contratos tem natureza social (crédito), de modo que estão condicionados aos bens disponíveis na sociedade: a cada transação de crédito de decide sobre a questão se existe na sociedade o produto que a parte está interessada. É então a forma jurídica para divisão e aplicação de bens, devendo, pois, servir a fins sociais. 
	As principais associações jurídicas da sociedade são os estado e seus órgãos, junto com a família, pois são os direitos e obrigações daí criados. Existe o direito também que protege as associações (é válido para o direito penal, por protegre os bens já existentes na sociedade).
IV – A coação social e a coerção estatal
O interesse dos círculos dominantes da sociedade constitui fonte de poder, fazendo-se duradouros, quando em associação, quando compactuarem com os ideais ou interesses de parcela expressiva da população. A ordem poderá ser ruim, mas seria pior sua ausência (caos, não organização). As leis tem sua eficácia não só com a punição estatal, pois a coação não é exclusiva da norma jurídica, pois qualquer norma, mesmo a social, pode “punir” baseada no fundamento de que nunca se vive individualmente: as pessoas agem conforme o direito por que as relações sociais as obrigam. Isso também pelo fato de que a comunidade não pode beneficiar todos se simultaneamente não houver contribuição a ela. A punição não é só judicial, mas moral também, de modo que se crê que aquele indivíduo não está colaborando com a sociedade (o que é prejudicial, e, portanto, errado).
	A base fundamental dessa punição moral ou social se dá ao fato de o ser humano ter de pertencer à associação (como condição inerente da própria humanidade), e para fazê-lo deve obedecer àsnormas sócias/morais/costumeiras, sendo que uma pode entrar em conflito com a outra, cabendo à associação regular a mais vantajosa (exemplo do operário que nunca protestava mas depois vai para o sindicato). 
	Importante lembrar que as normas de cada associação só são válidas ali e aos pertencentes de tal organização. 
	 A coerção judicial não é a única que tem efeitos psicológicos no indivíduo, a repressão moral e social também faz esse papel de adequação às normas da associação a fim de organização. No entanto, como sabemos, essas pessoas que não cumprem as normas da sociedade sã excluídas da mesma e se distancia das regras sociais, entrando num ciclo de exclusão da associação (marginalização), recaindo de forma cíclica sobre eles a coação do Estado. “As normas importantes só agem por sugestão. Apresentam-se ao homem como ordens e proibições, sem que fossem justificadas, e as elas observam sem muito pensar. Essas normas não coagem, mas educam”, pois quem obedece às cegas se poupa o trabalho de filosofar.
Resumo 4
Separação entre ciencia do direito e direito prático: ainda hoje realizada, de forma inconsciente. Traz conhecimento mais profundo do direito e melhorias práticas. Objetivo de estudar ciência jurídica, assim como historia do direito, não é aprimorar a prática, mas o estudo é o fim em si mesmo, ainda que acabe auxiliando a prática. É insatisfatória a manifestação da ciência do direito, pois se restringe ao direito prático que é aplicado, pois, na prática, é apenas o direito prático e suas jurisprudências que existem. As faculdades centram-se em ensinar como um advogado ou juiz deve agir, pois refletem as necessidades práticas, ensinam a atividade que deve ser exercida na prática. 
O ensino é abstrato e dedutivo, o juiz é ensinado a aplicar normas amplas a casos concretos, como se não possui-se capacidade de pensar, apenas aplicasse o que lhe foi ensinado. Dessa forma, a jurisprudência se contrapõem a toda ciência autentica, que utiliza o método indutivo, ou seja, observa fatos e experiências e a partir destes cria conhecimento. A jurisprudência não conhece sentido cientifico de direito.
A apreciação cientifica foi substituída pela apreciação prática pois quem estuda direito quer conhecer como se deve agir para estar de acordo com o direito. As decisões nos tribunais vão refletir o comportamento da sociedade, mas de uma definida camada da sociedade, e não da grande massa. As decisões dos tribunais dizem como a sociedade `deveria’ agir, ou seja, os tribunais moldam o comportamento dos homens. Como se pode afirmar que o direito é formado do agir do povo, e ao mesmo tempo julgar culpado alguém que não tinha conhecimento da lei?
Hoje, o direito é criado pelo Estado. O direito consuetudinário perdeu sua relevância e direito é, hoje, regra para aplicações em tribunais. Isso acontece porque na historia o estado soube administrar a justiça e conquistou o monopólio da criaçao do direito. Desenvolvimento do direito livre significa mudança na relação entre Estado e sociedade. O absolutismo fez o Estado buscar o controle do direito, que antes era basicamente consuetudinário, com apoio religioso. O direito estatal retira a credibilidade do extra-estatal, estudado pelos juristas. Desde então esse direito extra-estatal (ou consuetudinário, hoje), virou subalterno, dependendo da aprovação do legislativo estatal.
Jurisprudencia nao se preocupa mais em estudar o que é direito, apenas em indicar ao juiz como decidir casos. Jusnaturalistas defendem outras formas de direito, mas admitem que apenas é considerado direito aquilo que o juiz aplica e que é tolerado pelo Estado, com isso, o direito natural fica `suspenso`.
 Savigny e Putcha começam a buscar um direito estatal (já que só esse tem valor) que represente o direito natural. Valorizam uma ciência do direito preocupada exclusivamente com o conhecimento, e rejeitam toda doutrina que vise a fins práticos. Buscam remover do legislador a figura de ‘criador do direito’ e passar essa função para a natureza, que revelam-se no direito consuetudinário. Sua tarefa de criar uma ciência do direito não funcionou.
Os fundadores da escola historica estudam o direito extra-estatal, consuetudinário, mas em nenhum momento sugeriram como este pode aprimorar ou substituir o direito do legislador, não possuíam esse intuito. Significou um retrocesso no esforço que Savigny e Putcha haviam feito pelo direito consuetudinário, pois não consideravam mais este como forma criadora do direito, apenas merecedor de estudo. Continuam com uma jurisprudência que só se preocupa com o que o juiz deve fazer.
Com o retrocesso dos históricos, a jurisprudência continuou sendo o mesmo que foi desde a criação do juiz estatal, no absolutismo, uma doutrina de aplicação do direito estatal. As doutrinas, hoje em dia, quase não podem mais ser chamadas de cientificas, pois são apenas reproduções de leis.
Jellinek percebeu que não é possível criar soluções prontas para todos os casos que aparecerem, ou seja, a unidade do direito não é comporvada, é apenas um esforço de fornecer ao juiz o maior número de decisões possíveis.
O direito é uma ordem coativa: o direito que orienta o juiz em suas decisões e o direito de execução da decisão por coação; esses direitos se sobrepõem. Para quem vê, porém, o direito como a representação da forma de agir, o direito por coação se torna secundário, já que a vida humana não se reproduz nos tribunais. Os juristas poderiam defender-se dizendo que as pessoas só agem de tal forma pois sabem que podem ser exigidas em tribunais. Percebe-se, porém, que as pessoas agem de tal forma por instinto, sem pensar que poderão ser julgadas. O direito advindo do agir é muito diferente das normas coativas.
A ameaça da opinião publica, as rebeliões (no caso de maioria parlamentar em acordo com alguma violação constitucional, não havendo responsabilização), esse tipo de coação, pode ser considerada parte do direito? A coação social, muitas vezes, é mais forte do que a coação jurídica.
No direito privado, muitas vezes falta uma coação jurídica, pois prevalece uma relação duradoura a um fato isolado. Somente haverá relevância jurídica se esse fato se tornar um hábito, só então haverá a possibilidade de desfazer a relação jurídica com indenização. A coação jurídica não é exercida pela possibilidade de, através dela, se descumprir o direito ou o contrato justamente para buscar a dissolução da relação jurídica e a indenização.
Gierke= direito é uma ordem que atua em associações como o Estado. Em toda associação o direito surge como forma de organização, diz qual a posição de cada um e seus respectivos deveres. Esta característica é inerente ao conceito De direito. Outras características, que hoje acreditamos ser inerentes ao conceito de direito na verdade não são, como: não é inerente que o direito se origine do Estado, nem que forneça bases para decisões nos tribunais e nem que fundamente a coação. Gierke estabeleceu sua doutrina unilateralmente, pois relaciona apenas com o direito associativo algo que pode ser relacionado com todas as áreas do direito.
Pelo termo jurisprudência confunde-se jurisprudência prática e ciência do direito. Todo o tipo de jurisprudência faz parte das ciências sociais, porém a ciência do direito faz parte da sociologia, isso é, da ciência social teórica.
Uma doutrina difundida é a de que a força dos círculos social dominantes originou as normas jurídicas (e não jurídicas, como de moralidade) e continua as mantendo por vontade propria. Para aplicar normas jurídicas às pessoas, porém, é necessário que elas estejam organizadas em associações (retoma idéia de que norma social é organização das associações humanas). Para convencer a grande maioria da população a seguir essas normas, porém, é necessário que essas normas sejam favoráveis, ao menos em certo ponto, com o interesse não so dos círculos sociais dominantes, mas também do restante do povo. O povo só vai aceitar uma ordem social se esta for favorável, ou ao menos melhor do que seria sem ordemalguma.
As pessoas não cumprem normas somente por medo da pena. Não só as normas jurídicas vão moldar o comportamento dos indivíduos, mas normas morais, religiosas também. Vivemos em infinidades de associações, trabalho, comunidade, família, não somos seres individuais; em cada associação se beneficia com algo, e em troca, a associação cobra que se cumpra as normas sociais vigentes naquela sociedade. As associações sociais garantem a coação das normas jurídicas e sociais. Caso se necessite de tal grupo, vai se agir de acordo com as suas normas. Nesse sentido as normas jurídicas não se distinguem das outras normas. Obedece-se às normas muito mais por desejar continuar no grupo social do que por medo da coação jurídica.
Muitas sociedades nem sequer recorrem a intervenção estatal, resolvendo tudo por si. Os trabalhadores cumprem o contrato de trabalho não pelo sentimento de dever, mas sim pelo medo de seres demitidos ou aspirarem conquistar melhores cargos. Muitas vezes segue-se normas não jurídicas, derivadas do grupo com o qual se tem maior proximidade.
A pena e a execução judicial, que são formas de coerção que derivam de normas jurídicas, são utilizadas somente quando os outros meios de coação falham. Normas penais são, em geral, aplicadas somente àqueles que são excluídos da sociedade e de associações, restando o dever de coerção para a associação mais abrangente, o Estado, que irá impor penas. O Estado protege a sociedade daqueles que estão fora dela. Cada vez mais acredita-se que a única medida eficaz é reintegrar o criminoso na comunidade para forçá-lo à pressão social novamente.
A credibilidade, quando se empresta dinheiro por exemplo, não resulta da confiança de que se poderá cobrar judicialmente, mas na confiança que se tem na relação social dos participantes. Só recebe crédito quem tenha posição social que passe confiança; caso contrário, só de faz negócios de troca, que não pressupõem coação jurídica. 
A execução judicial tem importância quando se tem dinheiro em jogo, e mesmo assim perde, em importância, para a força das relações sociais. Muitas vezes até mesmo dividas que não podem ser cobradas judicialmente são pagas, devido à pressão social. A execução social, assim como a pena, é aplicada somente aos excluídos da sociedade, que não correspondem á pressão social. 
A ordem jurídica coativa do Estado (pena e execução judicial) se restringe aos que estão fora da sociedade. É comum que muitas sociedade vivam com um apoio jurídico muito fraco, dependendo da ordem interna das suas associações. Os árabes não possuiam formação estatal, apenas gens, unidades morais, mas sem poder de coação; há apenas a vingança privada. É um exemplo da força da coação social.
Desde os primórdios das civilizações utiliza-se a exclusão da comunidade como forma de pena se alguém descumpre alguma norma da associação. Aplicação coercitiva e defesa violenta só se aplicavam a estranhos, aos quais as normas da comunidade não eram vigentes. Ainda hoje esse meio da exclusão é eficaz, tanto é que a pena e a execução judicial só são utilizadas em casos extremos.
Apesar de tudo isso, existem normas que só são cumpridas pela ameaça da pena ou execução, como as regras policiais, que são estranhas à vida social, tornando-se regras do agir somente quando formalmente se toma conhecimento delas, através da publicação. Assim também ocorre com a organização militar e estrutura tributária; isso significa que grande parte da população e o Estado se encontram em oposição.
Filosofia da historia dos socialistas: organização primitiva de sociedade com distribuição praticamente igual do resultado do trabalho. Foi se modificando com o capitalismo prejudicando as maiorias de desprivilegiados (nova ordem econômica sustentada pelo Estado, organização fortalecida para defender a ordem jurídica baseada na propriedade, contrato e direito hereditário). Os socialistas conclamaram as maiorias para lutar por uma ordem jurídica mais coerente.
Atualmente, demonstrou-se que a coação do Estado não se volta contra a grande maioria, mas somente contra os excluídos que romperam suas relações com a sociedade. A grande massa não precisa estar sujeita à coação, pois se submete espontaneamente às normas, pelo jogo das associações. Não é, porém, correto, que uma minoria explore a maioria através das associações.
Greves mostram que o meio de coerção do Estado não é eficaz para controlar a maioria, portanto, se maioria obedece é porque acredita que a ordem jurídica, se alguma forma, a beneficia. 
A ordem jurídica não pode ser eliminada pois não haveria condições de sobrevivência, mas deve ser substituída por uma ordem socialista, mas isso não é possível. Se a ordem social atual continua existindo, é porque não há outra que possa ser melhor, para todos os grupos. Até os socialistas buscam apenas uma melhoria da atual ordem jurídica.
O homem segue as ordens da associação insonscientimente, não é coagido por elas, mas é educado. Segue-se as normas porque se conhece as vantagens de segui-las, assim como as desvantagens de não segui-las. Essas vantagens e desvantagens são sociais mas também pessoais, pois não se precisa pensar para tomar nenhuma atitude diferente. A adequação às normas molda a individualidade dos homens.
Toda norma tem origem em associações, e as normas são obrigatórias para a coletividade daquela associação (obrigatoriedade relativa à aceitação do individuo na coletividade); não há validade fora da associação. Uma série de normas jurídicas, porém, valem para todos (regras do direito estatal ou regras de decisão, isto é aplicadas aos tribunais não sendo regras de agir). O direito das normas de agir, mesmo quando estatal, refere-se a uma determinada associação (familiar, corporativo...).
 Direitos à vida, à liberdade e à posse hoje pertencem a uma grande associação jurídica, a humanidade (nas civilizações mais adiantadas).

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