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UNIVERSIDADE DE ITAÚNA 
ARQUITETURA E URBANISMO – 1° SEMESTRE DE 2025 
6º PERÍODO / PROFESSORA: IZABELA NAVES 
 
 
 
 
 
 
 
YAGO HENRIQUE LOPES PIMENTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APLICAÇÕES DAS ESTRATÉGEIAS BIOCLIMÁTICAS NO PROJETO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ITAÚNA | MG 
2025 
 
YAGO HENRIQUE LOPES PIMENTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APLICAÇÕES DAS ESTRATÉGEIAS BIOCLIMÁTICAS NO PROJETO 
XO BAR 
 
 
 
 
 
 
 
Projeto relacionado à ementa da disciplina 
de Conforto Ambiental, apresentado no curso 
de Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação 
da professora Izabela Naves. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ITAÚNA 
2025
 
 
Sumário 
 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 4 
 
3. ESTUDO DA CARTA SOLAR ...................................................................................... 8 
 
4. ELABORAÇÃO DA CARTA BIOCLIMÁTICA DE GIVONI ......................................... 11 
 
5. QUANTIFICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS POR MÊS ................................................... 13 
 
6. ANÁLISE DOS ELEMENTOS E ESTRATÉGIAS ....................................................... 14 
 
7. INDICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS ESCOLHIDAS PARA SEREM APLICADAS NO 
PROJETO ................................................................................................................... 16 
 
9. ESCOLHA DE CADA UMA DAS ESTRATÉGIAS E OS ELEMENTOS 
CONSTRUTIVOS UTILIZADOS PARA EXECUTÁ-LAS ............................................. 21 
 
 
 
 
4 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O conforto ambiental é um dos pilares fundamentais para a elaboração de 
projetos arquitetônicos que atendam às necessidades humanas de forma eficiente, 
saudável e sustentável. A aplicação de estratégias bioclimáticas, fundamentadas nas 
características climáticas e físicas do local de implantação, permite a criação de 
espaços que proporcionem bem-estar térmico, lumínico e ventilação adequada aos 
usuários, reduzindo a dependência de sistemas artificiais de climatização. 
 
 O presente trabalho tem como objetivo aplicar os conhecimentos teóricos 
adquiridos na disciplina de Conforto Ambiental no desenvolvimento do Projeto 
Arquitetônico IV, por meio da análise climática da cidade de Nova Lima, Minas Gerais. 
A partir da caracterização do entorno, do estudo da carta solar, da elaboração da carta 
bioclimática de Givoni e da quantificação das estratégias adequadas ao clima local, 
foram definidas soluções passivas de projeto voltadas para a otimização do 
desempenho térmico da edificação. 
 A integração dessas estratégias ao projeto do bar possibilita a adequação 
espacial às condições ambientais específicas do local, promovendo o uso consciente 
dos recursos naturais, a eficiência energética e a valorização da arquitetura sensível 
ao clima. Este trabalho busca, assim, consolidar a importância do conforto ambiental 
no processo projetual, contribuindo para a formação de uma arquitetura mais 
sustentável e comprometida com o meio em que se insere. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2. CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO E A DA ÁREA DO ENTORNO 
 
 O terreno destinado ao desenvolvimento do projeto arquitetônico está 
localizado na Alameda Oscar Niemeyer, um dos principais eixos estruturadores do 
município de Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte – MG. Esta 
alameda, inserida no bairro Vila da Serra, destaca-se como uma área urbana de alto 
padrão, caracterizada por seu uso misto e dinâmico, reunindo edifícios residenciais, 
comerciais, empresariais e espaços de convivência em um cenário de verticalização 
acentuada e intensa valorização imobiliária. 
 
 Com área total de 980 m², o lote possui dimensões de 28 metros de largura por 
35 metros de profundidade, geometria retangular e topografia levemente inclinada. A 
via apresenta perfil arborizado e urbanização qualificada, com calçadas largas, 
mobiliário urbano, iluminação pública e acessibilidade, contribuindo para a integração 
entre a edificação projetada e o espaço público. 
 A densidade construtiva do entorno é elevada, sendo composta 
majoritariamente por edifícios verticais de alto gabarito, alguns dos quais produzem 
sombreamento significativo sobre o terreno em determinados períodos do dia, 
especialmente no horário vespertino. Este fator implica diretamente nas decisões 
projetuais relativas à captação solar, ventilação e estratégias de sombreamento. 
 Apesar da verticalização, o entorno imediato ainda permite a circulação de 
ventos devido aos recuos obrigatórios entre edifícios, à presença de áreas 
ajardinadas, e à topografia ondulada da região. Essas características permitem a 
adoção eficaz de estratégias passivas de ventilação cruzada nos espaços internos do 
bar, especialmente em ambientes abertos ou semiabertos. 
 A paisagem urbana ao redor é marcada por visual ampla, skyline característico 
e presença de vegetação ornamental, o que favorece o aproveitamento visual e a 
integração entre ambientes internos e externos. Além disso, o perfil dos usuários da 
região — predominantemente trabalhadores e moradores de médio a alto poder 
aquisitivo — influencia nas exigências de conforto térmico, acústico e lumínico, 
reforçando a necessidade de uma abordagem projetual pautada no conforto ambiental 
de alta qualidade. 
 
 
6 
 
 
Dessa forma, o terreno apresenta tanto potenciais quanto condicionantes climáticos e 
urbanos relevantes, exigindo um projeto atento ao contexto local e ao microclima 
específico da Alameda Oscar Niemeyer, conciliando eficiência ambiental, integração 
urbana e experiência sensorial dos usuários. 
Figura 1 – O terreno 
 
 
Figura 2 – Entorno do terreno 
 
7 
 
 
Figura 3 – Vista aérea 
 
 
Figura 4 – Demarcação do terreno 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
3. ESTUDO DA CARTA SOLAR 
 
 
A carta solar utilizada nesta análise corresponde à latitude de 20º sul, 
localização aproximada de Nova Lima. Por meio dela, foi possível compreender a 
trajetória solar ao longo do ano, avaliando a posição do sol nos diferentes meses e 
horários, bem como os impactos da radiação solar sobre as diversas porções do 
terreno. 
 
 Durante os meses de verão, a radiação solar incide quase verticalmente sobre o 
terreno, gerando maior carga térmica nas superfícies expostas, especialmente durante 
o período da tarde. No inverno, os raios solares apresentam trajetória mais inclinada e 
menor duração, o que reduz os ganhos térmicos, mas favorece o aproveitamento do 
sol em fachadas expostas ao norte geográfico. 
 É importante destacar que a presença de um edifício verticalizado no entorno 
gera sombreamento parcial sobre a fachada oeste durante a tarde, limitando a 
exposição direta à radiação solar em parte do lote. Esse fator demanda o uso de 
estratégias complementares, como elementos reflexivos e proteção solar ajustada ao 
contexto, para compensar a perda de iluminação natural e calor nos ambientes mais 
sombreados. 
 A análise permitiu mapear as zonas do terreno mais e menos expostas ao sol 
ao longo do ano, orientando a distribuição dos ambientes internos conforme seu uso e 
necessidade térmica. Ambientes de maior permanência poderão ser posicionados em 
áreas com maior insolação no inverno, enquanto áreas técnicas ou de curta 
permanência podem ocupar regiões mais sombreadas. 
 Assim, a carta solar torna-se uma ferramenta essencial na orientação do 
projeto, contribuindo para a otimização do desempenho térmico, o uso consciente da 
luz natural e a redução do consumo energético. 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
• Fachada Norte: 
 
 
Análise da Fachada Norte: 
 
09/02 e 04/11: 05h:00 às 18h:30 16/04 e 28/08: 06h:10 às 17h:35 
23/02 e 20/10: 05h:15 às 18h:20 01/05 e 13/08: 06h:27 ás 17h:32 
08/03 e 6/10: 05h:40 às 18h:10 21/05 e 24/07:06h:30 ás 17h:30 
21/03 e 24/09: 06h:00 às 18h:00 26/06 e 26/06: 06h:40 às 17h:28 
03/04 e 11/09: 06h:05 às 17h:50 
 
• Fachada Sul: 
 
 
10 
 
 
Análise da Fachada Sul: 
 
08/03 e 6/10: 05h:15 às 18h:15 21/01 e 22/11: 04h:50 às 18h:32 
23/02 e 20/10: 05h:05 às 18h:28 22/12 e 22/12: 04h:30 às 19:h00 
09/02 e 04/11: 05h:00 às 18h:30 
 
• Fachada Leste: 
 
 
 
Análise da Fachada Leste: 
 
26/06 e 26/06: 06h:28 às 17h:32 08/03 e 06/10: 05h:15 às 18h:15 
21/05 e 24/07: 06h:30 às 17h:30 23/02 e 20/10: 05h:05 às 18h:28 
01/05 e 13/08: 06h:25 às 17h:35 09/02 e 04/11: 05h:00 às 18h:30 
16/04 e 28/08: 06h: 15 às 17h:45 21/01 e 22/11: 04h:50 às 18h:32 
03/04 e 11/09: 06h:05 às 17h:55 22/12 e 22/12: 04h:30 às 19h00 
21/03 e 24/09: 06h:00 às 18h:00 
 
 
 
 
 
11 
 
• Fachada Oeste: 
 
 
 
Análise da Fachada Oeste: 
 
26/06 e 26/06: 06h:28 às 17h:32 08/03 e 06/10: 05h:15 às 18h:15 
21/05 e 24/07: 06h:30 às 17h:30 23/02 e 20/10: 05h:05 às 18h:28 
01/05 e 13/08: 06h:25 às 17h:35 09/02 e 04/11: 05h:00 às 18h:30 
16/04 e 28/08: 06h: 15 às 17h:45 21/01 e 22/11: 04h:50 às 18h:32 
03/04 e 11/09: 06h:05 às 17h:55 22/12 e 22/12: 04h:30 às 19:h00 
21/03 e 24/09: 06h:00 às 18h:00 
 
 
4. ELABORAÇÃO DA CARTA BIOCLIMÁTICA DE GIVONI 
 
A carta bioclimática de Givoni foi preenchida com base nos dados climáticos 
médios da cidade de Nova Lima, obtidos por meio de estações meteorológicas da 
região. Foram utilizadas as médias mensais de temperatura do ar e umidade relativa 
para a construção do diagrama, o qual indica as zonas de conforto térmico e as 
estratégias recomendadas para cada condição climática. 
 
 
 
12 
 
 
 A distribuição dos dados ao longo do ano revelou que grande parte dos meses 
se encontra fora da zona de conforto, com predominância de clima quente e úmido, 
especialmente entre os meses de outubro e março. Nessas condições, tornam-se 
prioritárias estratégias de ventilação natural, sombreamento e resfriamento 
evaporativo. Já nos meses de inverno (junho a agosto), a carta aponta para a 
necessidade de aquecimento passivo e controle da ventilação, de forma a preservar o 
calor interno acumulado durante o dia. 
 Esse diagnóstico permite uma leitura precisa das demandas térmicas da 
edificação, orientando decisões de projeto relacionadas à orientação, disposição de 
ambientes, seleção de materiais e uso de tecnologias passivas. 
 
Figura 5 – Carta de Givoni 
 
 
 
Figura 6 – Temperaturas 
 
 
 
 
13 
 
 
 
 
Figura 7 – Carta de Givoni 
 
5. QUANTIFICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS POR MÊS 
 
A partir da leitura da carta bioclimática de Givoni e da análise climática da 
cidade de Nova Lima (MG), foi possível realizar a quantificação das estratégias mais 
adequadas para cada mês do ano. O gráfico acima ilustra a frequência e a intensidade 
com que determinadas estratégias de conforto ambiental devem ser aplicadas ao 
longo dos doze meses, utilizando uma escala de 0 a 10. 
Observa-se que a ventilação natural cruzada é a estratégia mais recorrente ao 
longo do ano, com alta intensidade nos meses mais quentes e úmidos, como janeiro, 
fevereiro, novembro e dezembro. Essa predominância se deve à necessidade de 
promover a renovação do ar interno e dissipar o calor acumulado nas edificações, 
especialmente em um clima tropical como o de Nova Lima. 
O sombreamento de aberturas também apresenta valores elevados durante a 
maior parte do ano, indicando a importância de proteger as fachadas contra a radiação 
solar direta, especialmente nas orientações oeste e leste. A redução do ganho térmico 
direto contribui significativamente para manter o ambiente interno confortável, 
minimizando a dependência de sistemas mecânicos. 
Durante os meses mais frios, como junho e julho, destaca-se o uso de massa 
térmica e inércia térmica, estratégia fundamental para armazenar calor durante o dia e 
liberá-lo lentamente à noite, mantendo a estabilidade térmica interna. Associada a 
essa estratégia, a ventilação noturna ganha relevância no período de transição 
climática, principalmente de maio a setembro, quando as temperaturas noturnas são 
mais amenas e favorecem o resfriamento passivo das edificações. 
14 
 
 
Nos meses de calor intenso e baixa umidade relativa, a utilização de elementos 
de água e vegetação (como espelhos d’água, fontes e jardins sombreados) se mostra 
eficaz, contribuindo para o resfriamento evaporativo e melhora do microclima. Essa 
estratégia é particularmente recomendada de outubro a março. 
Por fim, o aproveitamento da radiação solar passiva tem maior aplicação nos 
meses de inverno, como junho, julho e agosto, quando as temperaturas mínimas 
noturnas são mais baixas. Nesses períodos, o projeto arquitetônico deve favorecer a 
entrada controlada da radiação solar direta, especialmente através das fachadas norte, 
contribuindo para o aquecimento natural dos ambientes internos. 
Em suma, a quantificação das estratégias permite compreender como o clima 
influencia diretamente nas decisões projetuais. Com base nesse diagnóstico climático, 
o arquiteto pode elaborar soluções coerentes com a realidade ambiental da região, 
promovendo conforto térmico, eficiência energética e sustentabilidade.A tabela a 
seguir resume essa distribuição: 
 
Figura 9 – Gráfico demonstrativo da Carta de Givoni 
6. ANÁLISE DOS ELEMENTOS E ESTRATÉGIAS 
 
A partir da Carta Bioclimática de Givoni elaborada para Nova Lima – MG (latitude 
20°04’ Sul), foi possível identificar as estratégias recomendadas para o conforto 
térmico em diferentes períodos do ano. As estratégias com maior incidência ao longo 
dos meses foram: 
• Ventilação Natural Cruzada: A ventilação cruzada consiste em posicionar 
aberturas em fachadas opostas ou adjacentes, permitindo que o ar circule de 
15 
 
forma contínua através dos ambientes. Essa estratégia é fundamental para 
manter a renovação do ar e reduzir a temperatura interna sem o uso de 
equipamentos mecânicos. No projeto do bar, será aplicada principalmente nas 
áreas de permanência, como o salão principal e o mezanino, aproveitando a 
direção predominante dos ventos locais. 
• Sombramento de Aberturas e Áreas Externas: O controle da radiação solar 
incidente nas fachadas é uma das formas mais eficientes de evitar o 
superaquecimento dos ambientes. A inserção de elementos de sombreamento 
adequados ao posicionamento solar permite a proteção passiva e contínua das 
aberturas, preservando o conforto térmico e a iluminação natural. No projeto 
será usado beirais generosos e marquises nas aberturas e vegetação de 
sombreamento (arbustos e árvores caducifólias, que protegem no verão e 
deixam entrar o sol no inverno). 
• Uso de Massa Térmica e Inércia Térmica: Materiais de alta inércia térmica 
absorvem o calor durante o dia e o liberam gradualmente à noite, contribuindo 
para o equilíbrio térmico dos ambientes. Essa estratégia é especialmente útil 
em regiões como Nova Lima, onde há variações de temperatura significativas 
entre o dia e a noite. No projeto será utilizado materiais de alta densidade 
térmica como alvenaria, concreto e pedras. Inserção de paredes internas com 
massa térmica voltadas para áreas com ganho solar durante o dia. Isolamento 
térmico em coberturas para evitar perda ou ganho excessivo de calor. 
• Ventilação Noturna e Aberturas Superiores: A ventilação noturna permite 
que o ar mais frio externo substitua o ar interno aquecido durante o dia, 
resfriando naturalmente os ambientes. Essa estratégia é particularmente 
eficiente quando associada a materiais de inércia térmica. No projeto terá 
aberturas altas e janelas basculantes que possam ser deixadas abertas à noite 
com segurança. Vãos no topo de paredes ou lanternins que promovem a saída 
do ar quente acumulado. 
• Uso Estratégico de Vegetação: Elementoscom presença de vegetação 
promovem o microclima e ajudam a reduzir a temperatura do entorno por 
sombreamento natural. Em Nova Lima, esse tipo de estratégia se mostra 
eficiente nos meses mais quentes e secos. No projeto será utilizado jardins 
externos com vegetação tropical adaptada ao clima da região. 
 
16 
 
• Aproveitamento da Radiação solar: O aproveitamento da radiação 
solar direta para aquecimento passivo reduz a necessidade de sistemas 
artificiais. A entrada controlada de luz e calor durante o dia garante 
ambientes confortáveis mesmo nas épocas mais frias. No projeto será 
utilizado aberturas amplas nas fachadas norte, para receber a luz solar 
direta no inverno. Uso de materiais que armazenam calor solar (pisos 
cerâmicos, paredes de concreto). Minimização de aberturas nas fachadas 
sul, para evitar perdas de calor. 
7. INDICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS ESCOLHIDAS PARA SEREM 
APLICADAS NO PROJETO 
 
 
Com base na análise climática de Nova Lima (MG), interpretada a partir da carta 
bioclimática de Givoni, e considerando as condições específicas do terreno e do 
uso pretendido da edificação, foram selecionadas estratégias que se mostram as 
mais adequadas para garantir o conforto térmico dos usuários ao longo do ano, 
sem depender exclusivamente de sistemas artificiais de climatização. Essas 
estratégias foram escolhidas de forma integrada ao conceito arquitetônico, visando 
eficiência energética, sustentabilidade e qualidade ambiental dos espaços internos. 
 
A principal estratégia adotada é a ventilação natural cruzada, fundamental 
devido à frequência de temperaturas elevadas e à umidade do ar presente em boa 
parte do ano. O projeto foi concebido com aberturas em fachadas opostas, 
favorecendo a circulação do ar pelos ambientes, especialmente nas áreas de 
permanência prolongada, como salão e espaços de convivência. Essa ventilação 
contribui significativamente para a redução da carga térmica interna, promovendo 
resfriamento passivo e bem-estar dos usuários. 
 
Complementarmente, foi incorporada ao projeto a estratégia de sombreamento 
de aberturas e elementos verticais e horizontais conforme a orientação solar de 
cada fachada. Essa medida tem como objetivo minimizar a incidência direta de 
radiação solar, principalmente nas fachadas oeste e leste, evitando o 
superaquecimento dos ambientes internos e aumentando a eficiência do uso de luz 
natural difusa. Além disso, a implantação de vegetação estratégica e a presença de 
beirais generosos contribuem para o controle da insolação e melhora do microclima 
imediato. 
 
 
17 
 
Outra estratégia escolhida é a utilização de materiais com alta inércia térmica, 
como alvenaria estrutural e revestimentos minerais em determinadas paredes e 
pisos, visando a estabilidade térmica dos ambientes. Essa técnica permite a 
absorção de calor durante o dia e sua liberação no período noturno, o que é 
especialmente útil nas estações intermediárias e nos meses mais frios do ano. 
Para potencializar esse efeito, a orientação das aberturas foi pensada para permitir 
a entrada controlada da radiação solar passiva, especialmente nas fachadas norte, 
contribuindo para o aquecimento natural dos ambientes internos no inverno. 
 
Também foi prevista no projeto a ventilação noturna, possibilitada por aberturas 
superiores em determinados cômodos e pelo uso de lanternins, o que favorece a 
renovação do ar e o resfriamento das superfícies térmicas durante a noite. Essa 
estratégia complementa a ventilação cruzada e atua de forma eficaz nos períodos 
com maior amplitude térmica entre o dia e a noite. 
 
Por fim, considerando os períodos de clima seco e alta temperatura, a proposta 
inclui elementos de resfriamento evaporativo como áreas verdes integradas ao 
paisagismo. Esses elementos, posicionados próximos às aberturas e circulações 
externas, ajudam a reduzir a temperatura do ar e a melhorar o conforto térmico das 
áreas adjacentes à edificação, atuando também na valorização estética e ambiental 
do projeto. 
 
Assim, a seleção das estratégias foi orientada não apenas pelos dados 
climáticos da região, mas também pela intenção de criar uma edificação que se 
relacione de forma equilibrada com o meio ambiente, assegurando conforto, 
funcionalidade e sustentabilidade ao longo de todo o ano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
8. APRESENTAR AS ESTRATÉGIAS EM PROJETO 
 
Ventilação cruzada: 
 
 
 
Sombreamento com vegetação: 
 
 
19 
 
 
Aberturas com beiras para sombreamento: 
 
20 
 
 
 
Uso de Cerca viva na Fachada Norte: 
 
 
 
Materiais de alta inércia térmica: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
9. ESCOLHA DE CADA UMA DAS ESTRATÉGIAS E OS ELEMENTOS 
CONSTRUTIVOS UTILIZADOS PARA EXECUTÁ-LAS 
 
A escolha das estratégias bioclimáticas aplicadas no projeto foi fundamentada 
na leitura da carta de Givoni para a cidade de Nova Lima (MG) e na compreensão das 
condições climáticas locais. A partir dessa análise, definiram-se soluções construtivas 
específicas que viabilizam a aplicação eficiente das estratégias de conforto térmico, 
sempre alinhadas com a linguagem arquitetônica proposta. 
 
Entre as principais estratégias adotadas, destaca-se o sombreamento de 
aberturas, fundamental para o controle do ganho térmico por radiação solar direta. 
Para isso, foram utilizados elementos construtivos como brises horizontais nas 
fachadas norte e brises verticais nas fachadas oeste e leste, que têm maior incidência 
solar nos períodos críticos do dia. Além desses elementos, o projeto inclui beirais bem 
dimensionados, que protegem as aberturas e evitam a insolação direta sobre as 
superfícies envidraçadas, contribuindo para a manutenção do conforto térmico no 
interior da edificação. 
 
A ventilação natural cruzada também foi uma estratégia fundamental. Ela foi 
executada por meio do posicionamento estratégico das janelas e portas, de modo a 
favorecer a circulação do ar entre as fachadas opostas. Essa distribuição permite o 
aproveitamento dos ventos predominantes da região, contribuindo para a renovação 
do ar e redução da temperatura interna sem a necessidade de equipamentos 
mecânicos. Os ambientes foram organizados de forma a não bloquear esse fluxo, 
otimizando o desempenho da ventilação passiva. 
 
Outra solução adotada no projeto foi o uso de aberturas amplas associadas a 
beirais salientes, que além de protegidas da incidência solar direta, permitem a 
entrada controlada de iluminação natural difusa. Essa combinação favorece não 
apenas o conforto térmico, mas também o conforto visual, reduzindo a necessidade de 
iluminação artificial durante o dia e contribuindo para a eficiência energética da 
edificação. 
 
Por fim, a estratégia de integração da vegetação externa teve papel importante 
na composição ambiental do projeto. Foi implantado um jardim externo, posicionado 
de forma a gerar sombreamento parcial nas fachadas e promover um microclima mais 
fresco no entorno da edificação. A vegetação contribui para o resfriamento evaporativo 
22 
 
e melhora a umidade relativa do ar nos períodos mais secos do ano, além de oferecer 
qualidades estéticas e psicológicas que favorecem o bem-estar dos usuários. 
 
Dessa forma, as estratégias escolhidas e os elementos construtivos utilizados 
foram cuidadosamente planejados para proporcionar conforto térmico, eficiência e 
sustentabilidade, sempre respeitando as condições ambientais da cidade de Nova 
Lima e a proposta arquitetônica adotada no projeto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS: 
 
ABNT. NBR 15220-3: Desempenho térmico de edificações – Parte 3: Zoneamento 
bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de 
interesse social. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2005. 
 
BRASIL. Ministério do MeioAmbiente. Caderno de referência para elaboração de 
projeto de arquitetura com critérios de sustentabilidade. Brasília: MMA, 2010. 
 
GIVONI, Baruch. Climatic considerations in building and urban design. New York: John 
Wiley & Sons, 1998. 
 
LOPES, Gabriela R. S.; LAMBERTS, Roberto. Arquitetura bioclimática: estratégias 
passivas para o conforto térmico em edificações. Florianópolis: LABEEE/UFSC, 2011. 
 
OLGYAY, Victor. Projeto bioclimático: arquitetura e clima. São Paulo: Studio Nobel, 
1998. 
 
PFEIFER, Gabriela. Conforto térmico e ventilação natural: estratégias de projeto e 
avaliação do desempenho. São Paulo: Oficina de Textos, 2014.

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