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MANUAL DE APLICAÇÃO NA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS
MANUAL DE APLICAÇÃO NA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS
© Procuradoria-Geral do Estado do Pará
RICARDO NASSER SEFER
Procurador-Geral do Estado
ADRIANA FRANCO BORGES GOUVEIA
Procuradora-Geral Adjunta Administrativa
GUSTAVO TAVARES MONTEIRO
Procurador-Chefe da Procuradoria de Assessoramento 
Jurídico à Chefia do Poder Executivo
GRUPO DE TRABALHO:
CAROLINA ORMANES MASSOUD
Procuradora do Estado - Presidente
ENORÊ CORRÊA MONTEIRO
Procurador do Estado
RAFAEL FELGUEIRAS ROLO
Procurador do Estado
FABRÍCIO VASCONCELOS DE OLIVEIRA
Procurador Autárquico e Fundacional
JOÃO DE AQUINO PINTO NETO
Procurador Autárquico e Fundacional
NAGILA DA SILVA SAUAIA SOUSA
Procuradora Autárquica e Fundacional
APRESENTAÇÃO
A edição da Lei Geral de Proteção de Dados em 2018 e, mais re-
centemente, a entrada em vigor de parte relevante de suas disposi-
ções, fez nascer a necessidade de dar à Administração Pública subsí-
dios para o tratamento de dados pessoais estabelecido pela norma. 
Daí por que a Procuradoria-Geral do Estado, como não poderia deixar 
de ser, instituiu Grupo de Trabalho para analisar a LGDP, o qual con-
tou com a participação de Procuradores do Estado e de Procuradores 
Autárquicos e Fundacionais, a demonstrar a importância da advocacia 
pública atuante no Estado do Pará.
Como fruto do trabalho do Grupo, foi elaborado o presente Ma-
nual sobre a Aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais 
(LGPD) na Administração Pública, o qual, na esteira de outros materiais 
elaborados pela PGE, pretende orientar a atuação dos órgãos e enti-
dades estaduais, desta feita quanto ao tratamento de dados pessoais 
de que dispõem, alcançando o fim último da norma federal.
O trabalho aborda conceitos, princípios, orienta sobre o tratamen-
to de dados pessoais, em especial sob a ótica do Poder Público, bem 
como, dentre outros, propõe valiosíssimo roteiro de adequação e eta-
pas de implementação do Programa de Governança em Privacidade, 
a auxiliar a Administração nesse importante mister.
Apresento-lhes, pois, o Manual sobre a Aplicação da Lei Geral de 
Proteção de Dados Pessoais (LGPD) na Administração Pública, e, ao 
tempo em que parabenizo o Grupo de Trabalho pela qualidade do 
produto entregue, recomendo sua leitura atenta por todos aqueles 
que compõem a Administração, que certamente serão recompensa-
dos com o brilhantismo de seu conteúdo.
RICARDO NASSER SEFER
Procurador-Geral do Estado do Pará
CAPÍTULO 1 - DISPOSIÇÕES GERAIS
Noções Gerais
A Lei Federal n. 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Pro-
teção de Dados – LGPD), dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, 
inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica 
de direito público ou privado, com o objetivo de proteger os direitos 
fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimen-
to da personalidade da pessoa natural, devendo ser observada pela 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, ou seja, ela regula o trata-
mento de dados pessoais feito por pessoa jurídica de direito público ou 
privado, aí incluídos a Administração direta e indireta, inclusive funda-
ções, empresas públicas e sociedades de economia mista.
Obrigatório atentar que os dispositivos legais se aplicam tanto a 
dados digitais, quanto a dados físicos.
Ao aplicar os dispositivos da disciplina da Lei Geral de Proteção 
de Dados, entenda que o legislador quer que você: respeite a priva-
cidade; a autodeterminação informativa; a liberdade de expressão, de 
informação, de comunicação e de opinião; a inviolabilidade da intimi-
dade, da honra e da imagem; o desenvolvimento econômico e tec-
nológico e a inovação; a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa 
do consumidor; e os direitos humanos, o livre desenvolvimento da 
personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas 
naturais.
Autodeterminação informativa é saber quais dados pessoais estão 
sendo coletados e qual a finalidade.
A Lei Geral de Proteção de Dados aplica-se a qualquer operação 
de tratamento: realizada no território nacional; que tenha por objetivo 
a oferta ou o fornecimento de bens ou serviços ou o tratamento de 
dados de indivíduos localizados no território nacional; ou que tenham 
sido coletados no terr itór io nac ional, considerando-se coletados no 
território nacional os dados pessoais cujo titular nele se encontre no 
momento da coleta.
A Lei não se aplica ao tratamento de dados pessoais realizado para 
fins exclusivos de: segurança pública; segurança do Estado; ou ativi-
dades de investigação e repressão de infrações penais, sendo veda-
do, nestas hipóteses, o tratamento dos dados por pessoa de direito 
privado, exceto em procedimentos sob tutela de pessoa jurídica de 
direito público, que serão objeto de informe específico à Autoridade 
Nacional, não podendo, em hipótese alguma, a totalidade dos dados 
pessoais de banco de dados ser tratada por pessoa de direito privado, 
a menos que possua capital integralmente constituído pelo Poder Pú-
blico. Em tempo, o tratamento de dados pessoais para estes fins será 
objeto de legislação específica.
Conceitos
A LGPD trouxe as seguintes definições em seu art. 5º:
a) dado pessoal: é toda informação relacionada a pessoa natural 
identificada ou identificável;
b) dado pessoal sensível: é toda informação que se refere à ori-
gem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a 
sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, 
dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico 
relacionado a uma pessoa natural;
c) dado anonimizado: é o dado relativo a titular que não possa ser 
identificado, considerando a utilização de meios técnicos razoáveis e 
disponíveis na ocasião de seu tratamento, ou seja, o dado que, subme-
tido a técnicas próprias, não possa ser levado a identificar uma pessoa;
d) banco de dados: é o conjunto estruturado de dados pessoais, es-
tabelecido em um ou em vários locais, em suporte eletrônico ou físico;
e) titular: é a pessoa natural a quem se referem os dados pessoais 
que são objeto de tratamento;
f ) controlador: é a pessoa natural ou jurídica, de direito público ou 
privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamento de 
dados pessoais, quem dá ordens. Em tempo, a própria entidade con-
troladora poderá realizar o tratamento dos dados;
g) operador: é a pessoa natural ou jurídica, de direito público ou pri-
vado, que realiza o tratamento de dados pessoais em nome do contro-
lador, quem executa as ordens dadas pelo controlador. É possível que 
o operador e o controlador sejam pessoas diferentes (se, por exemplo, 
uma pessoa jurídica armazena dados a pedido de uma autarquia, a au-
tarquia será controladora e a pessoa jurídica será operadora);
h) encarregado: é a pessoa indicada pelo controlador e operador 
para atuar como canal de comunicação entre o controlador, os titula-
res dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD);
i) agentes de tratamento: são o controlador e o operador;
j) tratamento: é toda operação realizada com dados pessoais, como 
as que se referem à coleta, produção, recepção, classificação, utilização, 
acesso, reprodução, transmissão, distribuição, processamento, arquiva-
mento, armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da informa-
ção, modificação, comunicação, transferência, difusão ou extração;
k) anonimização: é a utilização de meios técnicos razoáveis e dispo-
níveis no momento do tratamento, por meio dos quais um dado perde 
a possibilidade de associação, direta ou indireta, a um indivíduo;
l) consentimento: é a manifestação livre, informada e inequívoca 
pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados pessoais 
para uma finalidade determinada; m) bloqueio: é a suspensão tempo-
rária de qualquer operação de tratamento, mediante guarda do dado 
pessoal ou do banco de dados;
n) eliminação: étécnica e organizacional de seguran-
ça, em cumprimento ao disposto no art. 46.
Ademais, o controlador indicará o encarregado pelo tratamento de 
dados (art. 41) e a Lei apontou a necessidade de acesso a ele, por 
meio da divulgação pública de sua identidade e informações de con-
tato, de forma clara e objetiva, preferencialmente no sítio eletrônico 
do controlador (art. 41, §1º).
Ao encarregado, por seu turno, incumbem as seguintes atividades 
(art. 41, §2º): 
a) aceitar reclamações e comunicações dos titulares, prestar escla-
recimentos e adotar providências;
b) receber comunicações da Autoridade Nacional e adotar provi-
dências; 
c) orientar os servidores/empregados públicos e os contratados a 
respeito das práticas a serem tomadas em relação à proteção de da-
dos pessoais; e 
d) executar as demais atribuições determinadas pelo controlador 
ou estabelecidas em normas complementares.
Podem ser editadas normas complementares pela Autoridade Na-
cional, em relação à definição e às atribuições do encarregado, inclu-
sive quanto à dispensa da necessidade de sua indicação, conforme a 
natureza e o porte do órgão/entidade ou o volume de operações de 
tratamento de dados (art. 41, §3º). 
Registros e do relatório de impacto à proteção de dados pessoais
A Lei obriga que o controlador e o operador mantenham registro 
das operações relativas ao tratamento de dados pessoais que realiza-
rem, principalmente quando baseado no legítimo interesse (art. 37). 
Esses registros são importantes para demonstrar o cumprimento da 
Lei e em caso de apuração de responsabilidade. O legítimo interesse 
ainda aprece como um conceito jurídico indeterminado, a reforçar a 
necessidade dos registros.
No que tange à forma, uma vez considerado o princípio da respon-
sabilização e prestação de contas (art. 6º, X), os registros deverão ser 
escritos, mesmo que armazenados eletronicamente. 
Por outro lado, a Lei prevê a possibilidade de a Autoridade Na-
cional determinar ao controlador que elabore relatório de impacto à 
proteção de dados pessoais, inclusive quanto aos dados sensíveis, de 
acordo com o previsto no art. 38. Veja-se que o art. 10, §3º, indica que 
o relatório poderá ser solicitado quando o tratamento tiver como fun-
damento o interesse legítimo. O parágrafo único do art. 38 já estabe-
lece um regramento quanto às exigências mínimas desse documento, 
definido no art. 5º, XVII: 
a) descrição dos tipos de dados coletados; 
b) metodologia utilizada para a coleta e para a garantia da seguran-
ça das informações; e 
c) análise do controlador em relação a medidas, salvaguardas e 
mecanismos de mitigação de riscos.
Também se possibilitou à Autoridade Nacional dispor sobre pa-
drões de interoperabilidade para fins de portabilidade, livre acesso 
aos dados e segurança, assim como sobre o tempo de guarda dos 
registros, em face da necessidade e da transparência (art. 40).
Recomendações
O controlador deverá se preocupar com as atividades dos ope-
radores, considerando a eventual responsabilidade solidária (art. 42, 
§1º, I).
Na Administração Pública, é recomendável que sejam firmados ter-
mos de confidencialidade com todos os servidores/empregados pú-
blicos e contratados que tiverem acesso a sistema que opere o trata-
mento de dados ou no qual estejam inseridas informações de acesso 
restrito, a fim de garantir maior segurança quanto à confidencialidade.
Responsabilidades
 A LGPD indicou que o tratamento de dados será irregular quando 
deixar de observar a legislação ou não fornecer a segurança que o 
titular dele pode esperar, consideradas determinadas circunstâncias 
relevantes, dentre as quais: o modo pelo qual é realizado; o resultado 
e os riscos que razoavelmente dele se esperam; e as técnicas de tra-
tamento de dados disponíveis à época em que foi realizado (art. 44).
O controlador ou o operador é obrigado a reparar os danos pa-
trimoniais, morais, individuais ou coletivos causados em razão do tra-
tamento de dados pessoais (art. 42), inclusive de forma solidária, nos 
termos da LGPD. A Lei também determina a responsabilidade do con-
trolador ou do operador quanto aos danos decorrentes da violação 
da segurança dos dados, se, ao deixar de adotar as medidas de segu-
rança previstas no art. 46, der causa ao dano (art. 44, parágrafo único).
O operador será responsabilizado “quando descumprir as obriga-
ções da legislação de proteção de dados ou quando não tiver seguido 
as instruções lícitas do controlador, hipótese em que o operador equi-
para-se ao controlador” (art. 42, §1º, I). 
Os controladores serão responsabilizados quando estiverem dire-
tamente envolvidos no tratamento de dados do qual decorreram da-
nos ao titular (art. 42, §1º, II).
De todo modo, a LGPD prevê a escusa de responsabilização dos 
agentes nas seguintes hipóteses (art. 43):
a) quando não realizaram o tratamento de dados pessoais que lhes 
é atribuído;
b) quando, embora tenham realizado o tratamento de dados pes-
soais que lhes é atribuído, não houve violação à legislação de prote-
ção de dados; ou
c) quando o dano é decorrente de culpa exclusiva do titular dos 
dados ou de terceiro.
No âmbito do processo judicial, o juiz “poderá inverter o ônus da 
prova a favor do titular de dados quando, a seu juízo, for verossímil a 
alegação, houver hipossuficiência para fins de produção de prova ou 
quando a produção de prova pelo titular resultar-lhe excessivamente 
onerosa” (art. 42, §2º). Ademais, as ações de reparação por danos co-
letivos que tenham por objeto a responsabilização de que trata o art. 
42, caput, podem ser exercidas coletivamente em juízo, observado o 
disposto na legislação aplicável (art. 42, §3º). 
A Lei garantiu ainda o direito de regresso àquele que reparar o 
dano ao titular contra os demais responsáveis, na medida de sua par-
ticipação no evento danoso (art. 42, §4º).
Cumpre suscitar que “as hipóteses de violação do direito do titular 
no âmbito das relações de consumo permanecem sujeitas às regras 
de responsabilidade previstas na legislação pertinente” (art. 45).
CAPÍTULO 6 - SEGURANÇA E DAS BOAS PRÁTICAS
Medidas de segurança
Sem segurança da informação não há proteção de dados, razão 
pela a LGPD, além de elencá-la expressamente como um de seus prin-
cípios norteadores (princípio da segurança - art. 6, VII), dedicou-lhe 
ainda um capítulo exclusivo (SOMBRA; CASTELLANO: 2019, 169)15, 
o qual inicia estabelecendo que é dever dos agentes de tratamento 
adotar medidas técnicas e administrativas, aptas a proteger os dados 
pessoais de acessos não autorizados, de situações acidentais ou ilíci-
tas de destruição, perda, alteração, comunicação ou qualquer forma 
de tratamento inadequado ou irregular (art. 46).
Para fins de regularidade, a Lei também direcionou especial aten-
ção ao modo pelo qual o tratamento é realizado, o resultado e os ris-
cos que razoavelmente dele se esperam e as técnicas disponíveis à 
época de sua execução, sendo incisiva ao considerar como irregular 
todo o tratamento de dados pessoais que não observe a legislação ou 
não forneça a segurança que o titular dele pode esperar (art. 44, caput, 
incisos e parágrafo único).
Outrossim, deixou claro ainda, que as medidas de segurança ade-
quadas devem ser observadas desde a concepção do produto ou do 
serviço até a sua execução (privacy and security by design), obrigando 
controladores, operadores ou qualquer outra pessoa que intervenha 
em uma das fases do processamento, a garantir a proteção necessária, 
mesmo após o término do tratamento (art. 46, §2º, e art. 47).
A despeito da imposição reiterada do dever de proteção dos da-
15 SOMBRA, Thiago Luís, CASTELLANO, Ana Carolina Heringer. Plano de Resposta a 
Incidentes de Segurança: reagindo rápido e de forma efetiva, in Revista do Advogado, 
in Proteção de dados: desafios e soluções na adequação à lei / Organizador OPICE 
BLUM, Renato. 2019 v. 39 n. 144 nov. pp. 168-173.
dos pessoais, a LGPD não especifica ou indica quais seriam as medi-
das de segurança recomendáveis ou pertinentespara o alcance da 
conformidade. Por ter uma abordagem baseada em risco, acaba por 
transferir aos agentes de tratamento de dados pessoais a responsa-
bilidade de, no contexto e complexidade de suas operações, analisar 
quais as salvaguardas necessárias e pertinentes a serem adotadas. 
É, portanto, a partir dos riscos identificados, que devem ser im-
plementadas as ferramentas que assegurem um nível adequado de 
proteção equivalente ao grau de exposição verificado no tratamento 
(SOMBRA; CASTELLANO: 2019, 169)16, levando em consideração a 
natureza e sensibilidade dos dados tratados; as características especí-
ficas das operações; o estado atual da tecnologia; os direitos do titular, 
principalmente quanto a potencial afetação de suas liberdades civis 
e direitos fundamentais; além da própria capacidade da organização 
em comprovar seu nível de aderência à legislação e a eficácia das me-
didas adotadas - especialmente quanto à concretização dos princípios 
previstos no art. 6º.
Nesse cenário, o correto mapeamento e registro das operações de 
tratamento (art. 37) afigura-se como um elemento imprescindível, pois 
é a partir do levantamento dos tipos e dos fluxos dos dados pesso-
ais que poderão ser analisados os riscos envolvidos e corretamente 
implantadas as medidas de segurança necessárias para cada tipo de 
processo identificado, sempre de acordo com as características do tra-
tamento e as exigências circunstancias aplicáveis à organização.
Embora a LGPD traga a informação de que a ANPD poderá vir a 
dispor sobre padrões técnicos mínimos para fins de aplicabilidade 
relacionados a aspectos de segurança, a materialização das medidas 
técnicas e administrativas adequadas podem ser realizadas de forma 
imediata, por meio da utilização de normas técnicas reconhecidas 
mundialmente como boas práticas sobre o assunto, como, por exem-
plo, as publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas. 
16 IDEM
Nesse sentido, aliás, o Guia de Boas Práticas para Implementação 
da LGPD na Administração Pública Federal17 traz recomendação de 
utilização do padrão técnico estabelecido pela ABNT, especificamente 
as normas ABNT NBR ISO/IEC 27001 – Tecnologia da informação — 
Técnicas de segurança — Sistemas de gestão da segurança da informa-
ção — Requisitos; ABNT NBR ISO/IEC 27002 – Código de Prática para 
controles de segurança da informação; ABNT NBR ISO/IEC 27701 Téc-
nicas de segurança — Extensão da ABNT NBR ISO/IEC 27001 e ABNT 
NBR ISO/IEC 27002 para gestão da privacidade da informação — Re-
quisitos e diretrizes; ISO/IEC 29151 – Code of practice for personally 
identifiable information protection; CIS® (Center for Internet Security, 
Inc.®) Controls™ e ISO/IEC 29134 - Guidelines for privacy impact as-
sessment.
A título de exemplo, podem ser citadas as seguintes espécies de me-
didas técnicas e operacionais: políticas, em especial a de privacidade, 
retenção e eliminação de dados e segurança da informação; gestão de 
ativos; controles de acesso; segurança física dos ambientes; treinamen-
to e capacitação; criptografia; anonimização; cópias de segurança; anti-
vírus; firewall; segregação de redes; detectores de invasão de sistemas; 
ferramentas de prevenção à perda de dados; testes de vulnerabilidade; 
procedimentos de atualização de software; dentre outros.
Incidentes de segurança e sua comunicação
Não há na LGPD uma definição expressa sobre o que seria um inci-
dente de segurança, restando ausente apontamento específico sobre 
o tema. Não obstante, a partir de uma interpretação harmônica, pode-
-se definir “incidente de segurança” como acontecimento inesperado 
ou indesejado, que seja hábil a comprometer a segurança dos dados 
pessoais, de modo a expô-los expor a acessos não autorizados e situ-
17 BRASIL. Guia de Boas Práticas. Lei Geral de Proteção de Dados. Governo Federal, 
Abril/2020, pp. 44/45. Disponível em: https://www.gov.br/governodigital/pt-br/gover-
nanca-de-dados/guia-lgpd.pdf. Acesso em: 1 de nov. de 2020.
ações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunica-
ção ou qualquer forma de tratamento inadequado ou ilícito (JIMENE; 
TAMER: 2020, 291)18.
Nesse sentido e considerando ainda os princípios de segurança da 
informação, tem-se que um incidente de segurança restaria caracte-
rizado pela ocorrência de um ou vários eventos adversos, acidentais 
ou ilícitos, que têm uma probabilidade significativa de comprometer 
as características de confidencialidade, integridade e disponibilidade 
dos dados pessoais tratados pela organização. 
Apesar da necessidade de adoção de medidas de segurança aptas 
a prevenir tratamentos irregulares, como controles técnicos e orga-
nizacionais (princípio da segurança – art. 6º, VII), seu monitoramento 
contínuo (princípio da prevenção – art. 6º, VIII) e do dever de registrar 
interna e regularmente de todos os incidentes ocorridos (princípio da 
responsabilização e prestação de contas – art. 6, X), não haverá ne-
cessidade de notificação externa de todo e qualquer evento de se-
gurança adverso verificado na organização, pois, nos termos da Lei, 
o controlador deverá realizar comunicações à Autoridade Nacional e 
aos titulares de dados apenas nos casos dos incidentes de segurança 
que possam acarretar risco ou dano relevante aos titulares (art. 48).
Com efeito, diante da possível identificação de um incidente de 
segurança, portanto, cabe ao controlador confirmar ou não a suspeita 
de sua ocorrência e avaliar a natureza, o tipo e volume de dados envol-
vidos e a gravidade de suas consequências, obrigatoriamente comu-
nicando à Autoridade Nacional e aos titulares de dados sempre que se 
restar configurada situação de risco ou dano relevante ao titular.
Em relação ao prazo, a legislação não informa especificamente um 
tempo limite para efetivação da medida, apenas afirmando que a co-
municação deverá ser feita em “prazo razoável” e “imediato” (art. 48, 
18 JIMENE, Camilla do Vale. TAMER, Maurício Antonio. Plano de Resposta a Incidentes 
de Segurança de Dados Pessoais In Data Protection Officer (encarregado) / Coordena-
dores. OPICE BLUM, Renato. VAINZOF, Rony. MORAES, Henrique Fabretti. São Paulo: 
Thomson Reuters Brasil, 2020.
caput, §1º e seu inciso V), estando, portanto, atualmente o cumprimen-
to dessa exigência estritamente vinculado a uma análise contextual da 
situação, de acordo com os fatos e justificativas apresentados, sendo 
recomendável, entretanto, que diante da ocorrência de um incidente 
de segurança, a comunicação seja feita o mais rápido possível, a partir 
de sua confirmação.
Quanto ao conteúdo, o controlador deverá fazer constar na comu-
nicação, no mínimo, as seguintes informações (art. 48, §1º e incisos): 
a) a descrição da natureza dos dados pessoais afetados;
b) as informações sobre os titulares envolvidos;
c) a indicação das medidas técnicas e de segurança utilizadas para 
a proteção dos dados, observados os segredos comercial e industrial;
d) os riscos relacionados ao incidente;
e) os motivos da demora, no caso de a comunicação não ter sido 
imediata; e 
f) as medidas que foram ou que serão adotadas para reverter ou 
mitigar os efeitos do prejuízo.
A partir da comunicação, a Autoridade Nacional, então, verificará a 
gravidade do incidente e poderá, caso necessário, determinar a ado-
ção de providências para a salvaguarda dos direitos dos titulares, tais 
como ampla divulgação do fato em meios de comunicação e medidas 
para reverter ou mitigar os efeitos do incidente (art. 48, §2º e incisos).
Analisando as disposições do texto legal, algumas conclusões de-
vem ficar claras diante da ocorrência de um incidente de segurança: 
a) não é todo o evento ou incidente que exigirá a comunicação, 
mas apenas e tão somente os casos mais graves, isto é, aqueles em 
que, no contexto analisado, potencialmente possam acarretar risco ou 
dano relevante ao titular;
b) é irrelevante para fins de sua caracterização se o incidente de 
segurança decorre de situação acidental ou intencional, com a obri-
gação decomunicação derivando diretamente da avaliação de sua 
gravidade;
c) nos termos da Lei, o dever de comunicação é uma obrigação 
reservada ao controlador, não vinculando diretamente os operadores 
de dados pessoais, pelo que a formalização de cláusula contratual es-
pecífica nesse sentido, definindo o dever de notificação interpartes, 
mostra-se imprescindível; e 
d) até que a ANPD fixe um prazo específico de comunicação, o 
cumprimento dessa exigência – e a própria utilização dos termos “pra-
zo razoável” ou “imediata” -, restará vinculado à análise dos fatos e 
justificativas circunstanciais do caso concreto, sendo recomendável, 
entretanto que, confirmado o incidente, sua comunicação seja feita o 
mais rápido possível.
Sob outro prisma, tem-se que detectar e saber onde, como e quan-
do ocorreu o incidente; quais suas causas; que dados foram atingidos; 
quantos e quais titulares foram afetados; quais evidências precisam 
ser coletadas e quais medidas (preventivas ou repressivas) foram ou 
devem ser adotadas, são questões que precisarão ser imediatamente 
enfrentadas para viabilizar a comunicação adequada e impedir o agra-
vamento de situações dessa natureza.
Ademais, em qualquer caso, será necessário comprovar que foram 
adotadas medidas técnicas adequadas que tornem os dados pessoais 
afetados ininteligíveis, no âmbito e nos limites técnicos de seus ser-
viços, para terceiros não autorizados a acessá-los (art. 48, §3º), bem 
como que os sistemas utilizados foram estruturados de forma a aten-
der aos requisitos de segurança, aos padrões de boas práticas e de 
governança e aos princípios gerais previstos nessa Lei e às demais 
normas regulamentares (art. 49).
Nesse ponto, além de ser considerado um item de governança mi-
nimamente adequado (art. 50, §2º, I, “g”), a elaboração de um plano de 
resposta a incidentes de pronto emprego se mostra como uma medida 
de segurança absolutamente necessária, pois, sem a especificação dos 
procedimentos e responsabilidades, indicação clara dos canais e/ou 
pessoas a serem acionadas, atualização, testes e treinamento pertinen-
tes, homologação prévia de fornecedores externos (sistemas e equipes 
de apoio de resposta, perícia forense computacional, etc), entre outros, 
restará inviável prevenir, combater ou corrigir a ocorrência de inciden-
tes de segurança ou mesmo identificá-los e cumprir com as exigências 
legais mínimas de comunicação e mitigação de seus efeitos.
Ainda sobre a necessidade de adoção de medidas preventivas/
corretivas e da estruturação de um procedimento de resposta, cumpre 
ponderar que a demonstração de mecanismos e procedimentos inter-
nos capazes de minimizar danos, voltados ao tratamento seguro e ade-
quado de dados – em especial diante da ocorrência de incidentes de 
segurança -; a implementação de política de boas práticas e governan-
ça – dentre elas a elaboração de um plano de resposta a incidentes –, 
bem como a pronta adoção de medidas corretivas serão parâmetros e 
critérios levados em consideração para aplicação ou gradação de even-
tual sanção (art. 52, §1º, VIII, IX e X c/c art. 50, §2º, I, “g”, e art. 48, §2º, II).
Das boas práticas e da governança
Considerando que a regularidade de qualquer tratamento depen-
de da adoção de medidas de segurança (art. 46), mas, sobretudo da 
fiel observância aos princípios informativos trazidos pela LGPD (art. 
6º), é possível concluir que a adequação vai muito além da simples 
execução de ações pontuais e isoladas. 
Nesse sentido, aliás, a Lei dispôs expressamente que os sistemas 
utilizados para tratamento de dados pessoais devem ser estruturados 
de forma a atender aos requisitos de segurança, aos padrões de boas 
práticas e de governança, aos princípios gerais previstos na LGPD, 
bem como às demais normas regulamentares (art. 49).
A depender da sensibilidade dos dados e da escala e volume das 
operações de tratamento, na prática restará inviável a algumas orga-
nizações manter um nível apropriado de conformidade ou a eficiência 
dos controles implementados, sem que efetivamente se comprome-
tam com estratégias para o contínuo gerenciamento e monitoramento 
de seus processos, pessoas e tecnologias. 
Outrossim, o reconhecimento da proteção dos dados pessoais 
como um direito fundamental autônomo e implícito no texto consti-
tucional19, acabou por estabelecer um dever de proporcionalidade de 
dupla dimensão ao Estado: não intervir ou agir com excesso em rela-
ção as liberdades individuais (aspecto negativo) e, de forma reflexa, 
atuar no sentido de garantir que os direitos dos cidadãos (titulares) 
sejam concreta e suficientemente protegidos (aspecto positivo) - no 
caso da proteção dos dados, atuando com objetivo de evitar riscos 
para o cidadão em geral, por meio da adoção de medidas de prote-
ção ou de prevenção especialmente em relação ao desenvolvimento 
técnico ou tecnológico.
Um completo processo de adequação demandará, portanto, a 
adoção de um conjunto coordenado de ações, que vão desde o diag-
nóstico inicial do nível de aderência à legislação, até a implementação 
de medidas que, não apenas objetivem o simples gerenciamento dos 
riscos mapeados, mas, sobretudo, integrem e disseminem a cultura de 
proteção de dados no cotidiano da organização, sendo a conscientiza-
ção e o efetivo controle das condutas o maior desafio a ser enfrentado, 
pois, certamente, nenhuma atividade de conformidade, por melhor 
que seja, resiste à falta de apoio por parte da alta administração ou a 
baixa adesão dos servidores. 
Nesse contexto, as boas práticas e a governança se apresentam 
como instrumentos capazes dar concretude aos princípios e diretrizes 
de proteção de dados, convertendo-os em atitudes práticas de geren-
ciamento, que se espalham pela estrutura da organização, alcançando 
os níveis estratégico, tático e operacional, e incorporam os padrões de 
privacidade às rotinas, durante todo o ciclo de vida dos dados. 
Assim, considerados a natureza, o escopo, a finalidade, a pro-
babilidade, a gravidade dos riscos e os benefícios relacionados ao 
tratamento dos dados do titular, a LGPD dispôs que os agentes de 
tratamento poderão formular ou aderir a regras de boas práticas e go-
vernança que, dentre outros aspectos, estabeleçam as condições de 
19 STF - ADI: 6387 DF – Distrito Federal 0090566-08.2020.1.00.0000, Relator(a): Min. 
Rosa Weber.
organização, o regime de funcionamento, os procedimentos, incluin-
do reclamações e petições de titulares, normas de segurança, padrões 
técnicos, obrigações específicas, ações educativas, mecanismos de 
supervisão e de mitigação de riscos (art. 50, caput e §1º).
Outrossim, como forma de dar efetividade e operacionalidade aos 
princípios da segurança e prevenção, a legislação ainda apresenta a 
possibilidade de o controlador, no contexto de suas operações e dos 
riscos envolvidos, implementar um programa de governança em pri-
vacidade, que, no mínimo (art. 50, §1º, I):
a) demonstre o comprometimento do controlador em adotar pro-
cessos e políticas internas que assegurem o cumprimento, de forma 
abrangente, de normas e boas práticas relativas à proteção de dados 
pessoais;
b) seja aplicável a todo o conjunto de dados pessoais que estejam 
sob seu controle, independentemente do modo como se realizou sua 
coleta;
c) seja adaptado à estrutura, à escala e ao volume de suas opera-
ções, bem como à sensibilidade dos dados tratados;
d) estabeleça políticas e salvaguardas adequadas com base em 
processo de avaliação sistemática de impactos e riscos à privacidade;
e) tenha o objetivo de estabelecer relação de confiança com o titu-
lar, por meio de atuação transparente e que assegure mecanismos de 
participação do titular;
f) esteja integrado a sua estrutura geral de governança e estabele-
ça e aplique mecanismos de supervisão internos e externos;
g) conte com planos de resposta a incidentes e remediação; e
h) seja atualizado constantemente com base em informações obti-
das a partir de monitoramento contínuo e avaliações periódicas.
Destaca-se,entretanto, que quando implementado e apropriado, 
a organização deverá ter capacidade de demonstrar a efetividade de 
seu programa de governança em privacidade, em especial, a pedido 
da Autoridade Nacional de Proteção de Dados ou de outras entidades 
responsáveis por eventualmente promover o cumprimento de boas 
práticas ou códigos de conduta setoriais (art. 50, §1º, II).
Cumpre mencionar ainda que, apesar de não obrigatória, a exis-
tência de um programa de governança em privacidade será levada em 
consideração quando da aplicação ou gradação de eventual sanção. 
De acordo com a LGPD, além das peculiaridades do caso concreto 
(contexto), a Autoridade Nacional utilizará como parâmetro ou critério 
de análise a demonstração da existência de mecanismos e procedi-
mentos internos capazes de minimizar o dano, voltado ao tratamento 
seguro e adequado de dados, e à adoção de política de boas práticas 
e governança (art. 52, §1º, VIII e IX).
No caso específico dos agentes do Poder Público, restou estabele-
cido que a ANPD poderá solicitar a publicação de relatórios de impac-
to e sugerir a adoção de padrões e de boas práticas para os tratamen-
tos de dados pessoais (art. 32).
CAPÍTULO 7 - FISCALIZAÇÃO
Noções gerais
Dita o art. 6º, X, que as atividades de tratamento de dados pesso-
ais deverão observar, além da boa-fé e outros princípios, a respon-
sabilização e a prestação de contas, ou seja, deverá o Poder Público 
demonstrar a adoção de medidas eficazes e capazes de comprovar a 
observância e o cumprimento das normas de proteção de dados pes-
soais e, inclusive, da eficácia dessas medidas.
A própria LGPD criou, em seu art. 55-A, a Autoridade Nacional de 
Proteção de Dados (ANPD), órgão da administração pública federal, a 
quem compete, conforme art. 55-J, I e IV, zelar pela proteção dos da-
dos pessoais e fiscalizar e aplicar sanções em caso de tratamento de 
dados realizado em descumprimento à legislação, mediante processo 
administrativo que assegure o contraditório, a ampla defesa e o direito 
de recurso.
Compatibilização da LGPD com o regime público e as sanções 
aplicáveis
No que toca à fiscalização e às sanções administrativas, deve-se com-
patibilizar o que dispõe a referida Lei com o regime do serviço público.
Nos termos do §3º do art. 52, “o disposto nos incisos I, IV, V, VI, X, 
XI e XII do caput deste artigo poderá ser aplicado às entidades e aos 
órgãos públicos, sem prejuízo do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de 
dezembro de 1990, na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e na Lei nº 
12.527, de 18 de novembro de 2011”.
Dessa forma, são aplicáveis ao Poder Público as seguintes sanções:
a) advertência, com indicação de prazo para adoção de medidas 
corretivas;
b) publicização da infração após devidamente apurada e confirma-
da a sua ocorrência;
c) bloqueio dos dados pessoais a que se refere a infração até a sua 
regularização;
d) eliminação dos dados pessoais a que se refere a infração;
e) suspensão parcial do funcionamento do banco de dados a que 
se refere a infração pelo período máximo de 6 (seis) meses, prorrogá-
vel por igual período, até a regularização da atividade de tratamento 
pelo controlador;
f) suspensão do exercício da atividade de tratamento dos dados 
pessoais a que se refere a infração pelo período máximo de 6 (seis) 
meses, prorrogável por igual período;
g) proibição parcial ou total do exercício de atividades relaciona-
das a tratamento de dados.
Denota-se que os órgãos e entidades da Administração Pública 
não estão sujeitos às penalidades de multa simples e multa diária, pre-
vistas nos incisos II e III do art. 52. As referidas multas têm por base 
o faturamento da pessoa jurídica de direito privado, grupo ou con-
glomerado no Brasil no seu último exercício, excluídos os tributos, li-
mitada, no total, a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) por 
infração, o que torna impossível tal aferição junto ao Poder Público.
Dessa forma, também são inaplicáveis ao Poder Público os §§4º e 
5º do art. 52, e os arts. 53 e 54, uma vez que dispõem sobre base, des-
tinação e metodologias que orientarão o cálculo do valor-base das 
sanções de multa.
O art. 64, por sua vez, não afasta a proteção e, via de consequên-
cia, o viés sancionatório conferido por outros diplomas: “Os direitos e 
princípios expressos nesta Lei não excluem outros previstos no orde-
namento jurídico pátrio relacionados à matéria ou nos tratados inter-
nacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.”
É de se ressaltar, ainda, que as penalidades elencadas na LGPD são 
aplicadas diretamente ao órgão ou à entidade da Administração Públi-
ca, e não diretamente ao agente público autor da infração.
Assim, conforme o §2º, do art. 52, “o disposto neste artigo não 
substitui a aplicação de sanções administrativas, civis ou penais de-
finidas na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, e em legislação 
específica”. No mesmo sentido, é o já mencionado §3º do art. 52, de 
modo que a LGPD pode ser aplicada em concomitância com o regime 
disciplinar dos servidores públicos, a Lei de Acesso à Informação e a 
Lei de Improbidade Administrativa.
Ficam ressalvados, portanto, os regimes jurídicos dos servidores 
públicos, os quais preveem penalidades específicas, como o Regime 
Jurídico Único dos Servidores Civis do Estado do Pará (Lei Estadual n. 
5.810/1994), a Lei de Acesso à Informação (Lei Federal n. 12.527/2011) 
e a Lei de Improbidade Administrativa (Lei Federal n. 8.429/1992). 
Mantém-se assim, da mesma forma, a competência dos entes para 
apurar e aplicar penalidades de natureza disciplinar administrativa a 
seus agentes.
Extrai-se do mencionado §2º ser possível, dessa forma, a aplicação 
de penalidades pela LGPD, imposta pela Autoridade Nacional de Pro-
teção de Dados, conforme art. 55-J, IV, sem prejuízo de sindicância ou 
processo administrativo disciplinar a ser levado a efeito pelos entes 
públicos.
A ANPD, no caso do Poder Público, antes de aplicar as sanções pre-
vistas nos incisos X, XI e XII do art. 52, referentes à suspensão do banco 
de dados, suspensão do tratamento de dados e proibição parcial ou 
total do tratamento de dados, deverá ouvir os respectivos órgãos e en-
tidades com competências sancionatórias, nos termos do art. 52, §6º, 
II. Ademais, tais penalidades somente poderão ser aplicadas após já 
ter sido imposta ao menos uma das sanções de que tratam os incisos 
IV, V e VI do caput do art. 52 para o mesmo caso concreto.
Em qualquer dos casos, a ANPD deverá observar os critérios dis-
postos no §1º do art. 52, quais sejam:
a) a gravidade e a natureza das infrações e dos direitos pessoais 
afetados;
b) a boa-fé do infrator;
c) a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
d) a condição econômica do infrator;
e) a reincidência;
f) o grau do dano;
g) a cooperação do infrator;
h) a adoção reiterada e demonstrada de mecanismos e procedi-
mentos internos capazes de minimizar o dano, voltados ao tratamento 
seguro e adequado de dados, em consonância com o disposto no in-
ciso II do §2º do art. 48 da Lei;
i) a adoção de política de boas práticas e governança;
j) a pronta adoção de medidas corretivas; e
k) a proporcionalidade entre a gravidade da falta e a intensidade 
da sanção.
Em caso de vazamento de dados ou acessos não autorizados, será 
possível a conciliação entre o controlador e o titular dos dados, con-
forme autoriza o §7º do art. 52; contudo, se não houver acordo, o con-
trolador fica sujeito às penalidades do art. 52.
Quando houver infração à LGDP em decorrência do tratamento de 
dados pessoais por órgãos públicos, a ANPD poderá, nos termos do 
art. 31, enviar informe com medidas cabíveis para fazer cessar a viola-
ção. A ANPD, ademais, poderá solicitar a agentes do Poder Público a 
publicação de relatórios de impacto à proteção de dados pessoais e 
sugerir a adoção de padrões e de boas práticas para os tratamentos 
de dados pessoais pelo Poder Público, consoante o art. 32.
Por fim, impende registrar que a LGPD, no que toca aos arts.52, 53 
e 54, entrará em vigor apenas a partir do dia 1º de agosto de 2021, nos 
termos do art. 65, I-A.
HIPÓTESE DE TRATAMENTO DE 
DADOS PESSOAIS
DISPOS-
ITIVO 
LEGAL 
(LGPD)
CONSENTIMENTO 
DO TITULAR?
Mediante consentimento expres-
so e inequívoco do titular
Art. 7º, I SIM
Cumprimento de obrigação legal 
ou regulatória do controlador
Art. 7º, II NÃO
Execução de políticas públicas a 
cargo do controlador
Art. 7º, IIII NÃO
Realização de estudos por órgão 
de pesquisa, público ou privado
Art. 7º, IV NÃO
Para execução ou para procedi-
mentos preliminares relativos a 
contrato
Art. 7º, V SIM, de modo 
específico e em 
cláusula contratual 
destacada
Exercício de direitos, seja por 
parte do titular, seja pelo con-
trolador, em processo judicial, 
administrativo ou arbitral
Art. 7º, VI NÃO
Para proteção da vida ou da 
incolumidade física do titular ou 
de terceiro
Art. 7º, VII NÃO
ANEXO I - QUADROS SINÓPTICOS
Quadro sinóptico 1 - Hipóteses legais de tratamento dos dados
Para a tutela da saúde do titular Art. 7º, VIII NÃO, se se tratar 
de procedimento 
realizado exclusiva-
mente por profis-
sionais da saúde, 
serviços de saúde 
ou autoridade 
sanitária
Para atender interesses legítimos 
do controlador ou de terceiro
Art. 7º, IX NÃO, via de re-
gra. Pode exigir 
consentimento 
expresso no caso 
de prevalecerem 
direitos e liberda-
des fundamentais 
do titular que exija 
a proteção
Proteção do crédito Art. 7º, X NÃO
HIPÓTESE DE 
TRATAMENTO
DISPOSITI-
VO LEGAL 
(LGPD)
CONSENTI-
MENTO DO 
TITULAR?
OBSERVAÇÕES
Mediante 
consentimento 
expresso do 
titular
Art. 11, I SIM O consentimento pre-
cisa se dar de forma 
específica e destacado 
em cláusula própria
Cumprimento 
de obrigação 
legal ou regu-
latória
Art. 11, II, 
“a”
NÃO
Execução de 
políticas públi-
cas
Art. 11, II, 
“b”
NÃO A política pública pre-
cisa estar prevista em 
lei ou em regulamen-
tos (decretos ou por-
tarias), não se admi-
tindo, para esse caso, 
previsões constantes 
apenas em contratos, 
convênios e instrumen-
tos congêneres
Estudos por 
órgãos de 
pesquisa
Art. 11, II, 
“c”
NÃO O órgão de pesquisa 
pode ser público ou 
privado e deve garan-
tir sempre que possível 
a anonimização dos 
dados
Exercício regu-
lar de direitos
Art. 11, II, 
“d”
NÃO Hipótese que pode ser 
utilizada tanto para o 
titular quanto para o 
agente de tratamento 
e, inclusive, em contra-
to, processo adminis-
trativo e arbitral
Quadro sinóptico 2 - Hipóteses de tratamento de dados sensíveis 
Proteção da 
vida ou da 
incolumidade
Art. 11, II, 
“e”
NÃO A proteção pode ser 
do titular ou de ter-
ceiro
Tutela da 
saúde
Art. 11, II, 
“f”
NÃO Depende que o proce-
dimento seja realizado 
exclusivamente por 
profissional de saúde, 
serviço de saúde ou 
autoridade sanitária
Prevenção 
à fraude e à 
segurança do 
titular
Art. 11, II, 
“g”
NÃO Apenas os proces-
sos de identificação 
e autenticação de 
cadastros em meio 
eletrônico não depen-
dem de consentimento 
do titular, quando 
usados para prevenir 
fraudes. Isso inclui, por 
exemplo, o tratamento 
de dados necessários 
à gravação de voz 
para confirmação da 
identidade do titular 
ou a exigência de que 
o titular coloque o seu 
polegar em um leitor 
biométrico para confir-
mar sua identidade
DIREITOS DOS TITULARES DE 
DADOS QUE DECORREM DE 
PRINCÍPIOS
PRINCÍPIO 
CORRESPOND-
ENTE
DISPOSITI-
VO LEGAL 
(LGPD)
Direito ao tratamento adstrito aos 
propósitos legítimos, específicos, 
explícitos e informados ao titular, 
sem possibilidade de tratamento 
posterior de forma incompatível 
com essas finalidades
Princípio da 
finalidade
Art. 6º, I
Direito ao tratamento adequado, 
compatível com as finalidades in-
formadas ao titular, de acordo com 
o contexto do tratamento
Princípio da 
adequação
Art. 6º, II
Direito à limitação do tratamen-
to ao mínimo necessário para a 
realização de suas finalidades, com 
abrangência dos dados pertinen-
tes, proporcionais e não excessi-
vos em relação às finalidades do 
tratamento
Princípio da 
necessidade
Art. 6º, III
Direito à consulta facilitada e gra-
tuita sobre a forma e a duração do 
tratamento, bem como sobre a inte-
gralidade de seus dados pessoais
Princípio do 
livre acesso
Art. 6º, IV
Direito à exatidão, clareza, rele-
vância e atualização dos dados, de 
acordo com a necessidade para o 
cumprimento da finalidade de seu 
tratamento
Princípio da 
qualidade dos 
dados
Art. 6º, V
Quadro sinóptico 3 - Direitos dos titulares de dados que decor-
rem de princípios
Direito a informações claras, pre-
cisas e facilmente acessíveis sobre 
a realização do tratamento e os 
respectivos agentes de tratamento, 
observados os segredos comercial 
e industrial
Princípio da 
transparência
Art. 6º, VI
Direito à segurança dos dados, 
ao qual se contrapõe o dever, por 
parte dos agentes de tratamento, 
de utilização de medidas técnicas 
e administrativas aptas a proteger 
os dados pessoais de acessos não 
autorizados e de situações aciden-
tais ou ilícitas de destruição, perda, 
alteração, comunicação ou difusão
Princípio da 
segurança
Art. 6º, VII
Direito à adequada prevenção 
de danos, ao qual se contrapõe o 
dever, por parte dos agentes de 
tratamento, de adoção de medi-
das para prevenir a ocorrência de 
danos em virtude do tratamento de 
dados pessoais
Princípio da 
prevenção
Art. 6º, VIII
Direito de não ser discriminado de 
forma ilícita ou abusiva
Princípio da não 
discriminação
Art. 6º, IX
Direito de exigir a adequada res-
ponsabilização e a prestação de 
contas por parte dos agentes de 
tratamento, ao qual se contrapõe o 
dever, por parte destes, de adoção 
de medidas eficazes e capazes de 
comprovar a observância e o cum-
primento das normas de proteção 
de dados pessoais
Princípio da re-
sponsabilização 
e prestação de 
contas
Art. 6º, X
DIREITOS DOS TITULARES QUE
DECORREM DE REGRAS
DISPO-
SITIVO 
LEGAL 
(LGPD)
Direito de condicionar o tratamento de dados ao pré-
vio consentimento expresso, inequívoco e informado 
do titular, salvo as exceções legais
Arts. 7º, I, 
e 8º
Direito de exigir o cumprimento de todas as obriga-
ções de tratamento previstas na Lei, mesmo para os 
casos de dispensa de exigência de consentimento
Art. 7º, §6º
Direito à inversão do ônus da prova quanto ao consen-
timento
Art. 8º, §2º
Direito de requerer a nulidade de autorizações genéri-
cas para o tratamento de dados pessoais
Art. 8º, §4º
Direito de requerer a nulidade do consentimento caso 
as informações fornecidas ao titular tenham conteúdo 
enganoso ou abusivo ou, ainda, não tenham sido apre-
sentadas previamente com transparência, de forma 
clara e inequívoca
Art. 9º, §1º
Direito de requerer a revogação do consentimento a 
qualquer tempo, mediante manifestação expressa do 
titular, por procedimento gratuito e facilitado
Art. 8º, §5º
Direito de revogar o consentimento caso o titular dis-
corde das alterações quanto ao tratamento de dados, 
seja na finalidade, forma e duração do tratamento, 
alteração do controlador ou compartilhamento
Arts. 8º, 
§6º, e 9º, 
§2º
Quadro sinóptico 4 - Direitos dos titulares de dados que decor-
rem de regras
Direito de acesso facilitado ao tratamento de dados, 
cujas informações devem ser disponibilizadas de forma 
clara, adequada e ostensiva acerca de (entre outras): 
finalidade específica do tratamento; forma e duração 
do tratamento, observados os segredos comercial e 
industrial; identificação do controlador; informações 
de contato do controlador; informações acerca do uso 
compartilhado de dados pelo controlador; finalidade, 
responsabilidades dos agentes que realizarão o trata-
mento e direitos do titular, com menção explícita aos 
direitos contidos no art. 18
Art. 9º
Direito de ser informado sobre aspectos essenciais do 
tratamento de dados, com destaque específico sobre o 
teor das alterações supervenientes no tratamento
Art. 8º, §6º
Direito de ser informado, com destaque, sempre que 
o tratamento de dados pessoais for condição para o 
fornecimento de produto oude serviço, ou, ainda, para 
o exercício de direito, o que se estende à informação 
sobre os meios pelos quais o titular poderá exercer 
seus direitos
Art. 9º, §3º
Direito de ser informado sobre a utilização dos dados 
pela Administração Pública para os fins autorizados 
pela Lei e para a realização de estudos por órgão de 
pesquisa
Art. 7º, III 
e IV, c/c 
art. 7º, §1º
Direito de que o tratamento de dados pessoais cujo 
acesso é público esteja adstrito à finalidade, à boa-fé e 
ao interesse público que justificaram sua disponibiliza-
ção
Art. 7º, §3º
Direito de condicionar o compartilhamento de dados 
por determinado controlador que já obteve consenti-
mento a novo e específico consentimento. No caso da 
Administração Pública Federal, em que o tratamento é 
embasado nas hipóteses de dispensa de consentimen-
to original, o compartilhamento demandará uma nova 
justificativa de tratamento
Art. 7º, §5º
Direito de ter o tratamento de dados limitado ao 
estritamente necessário para a finalidade pretendida 
quando o tratamento for baseado no legítimo interesse 
do controlador
Art. 10, 
§1º
Direito à transparência do tratamento de dados basea-
do no legítimo interesse do controlador
Art. 10, 
§2º
Direito à anonimização dos dados pessoais sensíveis, 
sempre que possível, na realização de estudos por 
órgão de pesquisa
Art. 11, II, 
“c”
Direito de ter a devida publicidade em relação às hipó-
teses de dispensa de consentimento para: tratamento 
de dados sensíveis no cumprimento de obrigação 
legal ou regulatória pelo controlador; ou tratamento 
compartilhado de dados necessários à execução, pela 
Administração Pública, de políticas públicas previstas 
em leis ou regulamentos
Art. 11, 
§2º
Direito de impedir a comunicação ou o uso comparti-
lhado entre controladores de dados pessoais sensíveis 
referentes à saúde, com o objetivo de obter vantagem 
econômica (exceto nos casos de portabilidade de da-
dos quando consentido pelo titular)
Art. 11, 
§4º
Direito de que os dados pessoais sensíveis utilizados 
em estudos de saúde pública sejam tratados exclusi-
vamente dentro do órgão de pesquisa e estritamente 
para a finalidade de realização de estudos e pesquisas 
e mantidos em ambiente controlado e seguro, confor-
me práticas de segurança previstas em regulamento 
específico e que incluam, sempre que possível, a ano-
nimização ou pseudonimização dos dados, bem como 
considerem os devidos padrões éticos relacionados a 
estudos e pesquisas
Art. 13
Direito de não ter dados pessoais revelados na di-
vulgação dos resultados ou de qualquer excerto do 
estudo ou da pesquisa sobre saúde pública
Art. 13, 
§1º
Direito de não ter dados pessoais utilizados em pes-
quisa sobre saúde pública transferidos a terceiros pelo 
órgão de pesquisa
Art. 13, 
§2º
Direito ao término do tratamento, quando verificado 
que: (i) a finalidade foi alcançada ou que os dados 
deixaram de ser necessários ou pertinentes ao alcance 
da finalidade específica almejada; (ii) houve o fim do 
período de tratamento; (iii) houve comunicação do titu-
lar, inclusive no exercício de seu direito de revogação 
do consentimento, conforme disposto no §5º do art. 
8º da Lei e resguardado o interesse público; ou (iv) por 
determinação da autoridade nacional, quando houver 
violação ao disposto na Lei
Art. 15
Direito à eliminação ou ao apagamento dos dados, 
no âmbito e nos limites técnicos das atividades, sendo 
autorizada a conservação somente nas exceções legais
Art. 16
HIPÓTESE 
AUTORIZADORA
PUBLICIDADE ENCARREGADO CONSENTIMEN-
TO DO TITULAR?
Atendimento de 
finalidade pú-
blica, na perse-
cução do inte-
resse público, 
com o objetivo 
de executar as 
competências 
legais ou cumprir 
as atribuições 
legais do serviço 
público
SIM, como 
regra.
O Poder Público 
deverá publicar, 
preferencial-
mente, em seus 
sítios eletrôni-
cos informa-
ções sobre o 
tratamento de 
dados pessoais, 
inclusive de 
dados sensíveis, 
de forma clara 
e atualizada, 
detalhando a 
previsão legal, 
a finalidade, os 
procedimentos 
e as práticas 
utilizadas para a 
execução des-
ses tratamentos
SIM. Deve ser no-
meado um encar-
regado, que será a 
figura responsável 
pela operação 
de tratamento de 
dados na Adminis-
tração.
A identidade e in-
formações de con-
tato do encarrega-
do (por exemplo: 
horário de atendi-
mento, localização, 
telefone e e-mail 
específico para 
orientação e dúvi-
das) terão de ser 
divulgadas pela 
Administração, 
preferencialmen-
te em seus sítios 
eletrônicos
NÃO
Quadro sinóptico 5 - Tratamento de dados pessoais pelo Poder 
Público
Quadro sinóptico 6 - Regime de atuação das estatais
REGIME DAS ESTA-
TAIS
TRATAMENTO 
DADO PELA LGPD
CONSENTIMENTO 
DO TITULAR?
Exploradora de ativi-
dade econômica
Aplicação do mesmo 
regime das pessoas 
jurídicas de direito 
privado
SIM
Prestadora de ser-
viços públicos ou 
operacionalizando 
política pública
Aplicação do regime 
aplicável aos órgãos 
e entidades do Poder 
Público
NÃO
ANEXO II - PROPOSTA DE ROTEIRO DE ADEQUAÇÃO E ETAPAS 
DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE GOVERNANÇA EM PRI-
VACIDADE
1) Etapa de Planejamento e Construção
• Estabelecer um comitê multidisciplinar e nomear o encarregado 
em proteção de dados pessoais para o órgão/entidade, o qual deve 
contar com uma estrutura administrativa proporcional e compatível a 
complexidade de suas atribuições;
• Levantar as leis e regulamentações de privacidade e proteção de 
dados e outras normas setoriais aplicáveis, além de reunir a documen-
tação interna relacionada à matéria (políticas, instruções, contratos, 
convênios, termos e outros instrumentos congêneres);
• Realizar avaliação do grau de maturidade do órgão/entidade em re-
lação à cultura de proteção de dados e do nível de aderência à legislação;
• Analisar como os requisitos de conformidade afetam órgão/enti-
dade e alinhar as expectativas com a alta administração, a fim de prio-
rizar as ações mais críticas, de acordo com seu valor estratégico, os 
setores/núcleos mais afetados e os recursos disponíveis;
• Identificar os fluxos e os tipos de dados pessoais tratados pelo 
órgão/entidade, mapeando seus ciclos de vida, desde a coleta até a 
eliminação, estruturando um inventário de dados e o respectivo regis-
tro das operações de tratamento;
• Elaborar uma matriz de riscos considerando a estrutura, a escala 
e o volume dos tratamentos, a importância e sensibilidade dos dados 
tratados, os direitos dos titulares e a probabilidade e o impacto de 
eventos negativos relacionados à privacidade e proteção de dados 
pessoais para o órgão/entidade;
• Desenhar o programa de governança em privacidade orientado 
ao risco, a ser aprovado pela alta administração e implementado por 
meio de um plano de adequação, com etapas, atividades, entregáveis 
e cronograma definidos; e
• Apresentar o plano de adequação aos servidores/empregados 
públicos, esclarecendo as exigências de conformidade estabelecidas 
na legislação, os papeis e responsabilidades e a necessidade de apoio 
e engajamento de todos para a efetividade do programa.
2) Etapa de Implementação
• Elaborar um código de conduta e ética que, além de definir prin-
cípios, fundamentos, diretrizes e responsabilidades para todo o órgão/
entidade – servidores/empregados públicos e terceiros -, também de-
monstre ser a proteção de dados um valor institucional fundamental;
• Criar ou revisar a política de privacidade do órgão/entidade, com 
os respectivos aviso e termos de uso, e desenvolver o conjunto de 
políticas internas – específicas e complementares - necessárias à ade-
quação dos procedimentos administrativos, definição de padrões de 
comportamento, proibições e fixação dos controles de conformidade 
e segurança;
• Implementar as medidas e controles de segurança necessários 
ao gerenciamento e mitigação dos riscos identificados nas operações 
de tratamento de dados pessoais, de acordo as prioridades definidas 
pela alta administração;
• Adequar processos, procedimentos e documentos, realizando as 
análisesjurídico-administrativas pertinentes, de acordo com as políti-
cas, medidas e controles de privacidade e segurança estabelecidos;
• Realizar diligências e determinar providências de adequação 
em relação aos servidores/empregados públicos e terceiros, provi-
denciando a consequente aditivação de seus contratos e adotando 
o devido dever de cuidado em relação às operações de tratamento 
realizadas em nome do órgão/entidade;
• Adotar mecanismos de transparência (ativa e passiva) e garantir o 
exercício dos direitos dos titulares, utilizando a ouvidoria como o canal 
de comunicação adequado ao recebimento dos requerimentos, ope-
racionalização dos atendimentos e estruturação das respostas;
• Apresentar as novas políticas, sistemas, procedimentos, medidas 
de segurança e controles aos servidores/empregados públicos e ter-
ceiros, assim como promover eventos e ações para disseminar a cultu-
ra de privacidade, conscientizando a todos sobre a importância e res-
ponsabilidades relacionadas à proteção de dados no órgão/entidade;
• Realizar treinamentos e capacitação (periódicos) de servidores/
empregados públicos e terceiros, de acordo com a complexidade das 
suas atividades e as especificidades das operações de tratamento de 
dados pessoais que realizam;
• Promover a cultura de privacidade e adotar ações para incorporar 
a proteção de dados ao cotidiano do órgão/entidade, visando a ga-
rantir a segurança adequada aos dados pessoais desde a concepção 
e por padrão, durante todo o ciclo de vida do processo, sistema, pro-
jeto, serviço ou produto; e
• Incorporar a gestão de riscos aos processos do órgão/entidade e, 
mediante avaliação, elaborar os Relatórios de Impacto à Proteção de 
Dados Pessoais (RIPD), quando necessário.
3) Etapa de Monitoramento e Revisão
• Manter e atualizar os registros formais de todas as etapas, ativida-
des e procedimentos relacionados à implementação e execução do 
programa de governança em privacidade, em especial os que com-
provem os marcos de conformidade e a documentação obrigatória ou 
necessária à regular prestação de contas;
• Estabelecer um plano de resposta a incidentes de pronto empre-
go, com procedimentos e responsabilidades predefinidos, que seja 
atualizado, testado e treinado constantemente, e indique claramente 
os canais e/ou pessoas a serem acionadas, eventual utilização de se-
guro (se existente) e/ou a possibilidade de contratação de serviços 
técnicos especializados de terceiros, os quais já devem estar previa-
mente cadastrados para atuação imediata quando necessário;
• Criar indicadores de performance (métricas), de clara compreen-
são e reprodução, para avaliação de resultados, encaminhamento de 
relatórios à alta administração e demonstração da efetividade do pro-
grama de governança em privacidade;
• Estruturar procedimentos e atividades de monitoramento e a au-
ditoria, interna e externa, aptos a, de forma contínua e sistemática, ava-
liar indicadores, identificar lacunas ou inconformidades, bem como 
acompanhar mudanças legislativas, dos objetivos do órgão/entidade 
ou decorrentes do uso de novas tecnologias; e
• Atualizar, corrigir e aperfeiçoar as medidas de adequação e go-
vernança, a partir dos indicadores, inconformidades, vulnerabilidades 
ou incidentes detectados, colocando em prática as lições aprendidas 
e promovendo ações de revisão e melhorias permanentes, de forma a 
prevenir falhas futuras ou superar fragilidades do programa.
ANEXO III - PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A LGPD
Perguntas e Respostas sobre a LGPD
1) Que pessoas devem observar a Lei Geral de Proteção de Dados? 
A Lei Federal n. 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de 
Proteção de Dados – LGPD), dispõe sobre o tratamento de dados pes-
soais, inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa 
jurídica de direito público ou privado, com o objetivo de proteger os 
direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desen-
volvimento da personalidade da pessoa natural, devendo ser obser-
vadas pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, ou seja, ela 
regula o tratamento de dados pessoais feito por pessoa jurídica de 
direito público ou privado, abrangendo secretarias, autarquias, funda-
ções, empresas públicas e sociedades de economia mista. Ela alcança 
todos os entes da Administração Pública direta e indireta.
2) A Lei Geral de Proteção de Dados se aplica apenas a dados ar-
mazenados em meios digitais? 
Não. Os dispositivos da LGPD se aplicam tanto a dados armazena-
dos em meios digitais, quanto a dados armazenados em meios físicos. 
3) O que o legislador espera de você? 
Ao aplicar os dispositivos da LGPD, o legislador quer que você: 
respeite a privacidade; a autodeterminação informativa; a liberdade 
de expressão, de informação, de comunicação e de opinião; a invio-
labilidade da intimidade, da honra e da imagem; o desenvolvimento 
econômico e tecnológico e a inovação; a livre iniciativa, a livre concor-
rência e a defesa do consumidor; e os direitos humanos, o livre desen-
volvimento da personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania 
pelas pessoas naturais. 
4) O que é autodeterminação informativa? 
É saber quais dados pessoais estão sendo coletados e qual a fina-
lidade. 
5) A Lei Geral de Proteção de Dados deve ser observada em que 
atividades? 
A LGPD aplica-se a qualquer operação de tratamento: realizada no 
território nacional; que tenha por objetivo a oferta ou o fornecimento 
de bens ou serviços ou o tratamento de dados de indivíduos localiza-
dos no território nacional; ou que tenham sido coletados no território 
nacional, considerando-se coletados no território nacional os dados 
pessoais cujo titular nele se encontre no momento da coleta. 
6) A Lei Geral de Proteção de Dados se aplica em casos de segu-
rança pública, segurança do Estado ou atividades de investigação e 
repressão de infrações penais? 
Essa Lei não se aplica ao tratamento de dados pessoais realizado 
para fins exclusivos de: segurança pública; segurança do Estado; ou 
atividades de investigação e repressão de infrações penais, sendo ve-
dado, nestas hipóteses, o tratamento dos dados por pessoa de direito 
privado, exceto em procedimentos sob tutela de pessoa jurídica de 
direito público, que serão objeto de informe específico à Autoridade 
Nacional, não podendo, em hipótese alguma, a totalidade dos dados 
pessoais de banco de dados ser tratada por pessoa de direito privado, 
a menos que possua capital integralmente constituído pelo Poder Pú-
blico. Em tempo, o tratamento de dados pessoais para estes fins será 
objeto de legislação específica.
7) O que é dado pessoal? 
É toda informação relacionada à pessoa natural identificada ou 
identificável.
8) O que é dado pessoal sensível? 
É toda informação que se refere à origem racial ou étnica, convic-
ção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de 
caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à 
vida sexual, dado genético ou biométrico relacionado a uma pessoa 
natural.
9) O que é dado anonimizado? 
É o dado relativo a titular que não possa ser identificado, conside-
rando a utilização de meios técnicos razoáveis e disponíveis na ocasião 
de seu tratamento, ou seja, o dado que, submetido a técnicas próprias, 
não possa ser levado a identificar uma pessoa.
10) O que é banco de dados? 
É o conjunto estruturado de dados pessoais, estabelecido em um 
ou em vários locais, em suporte eletrônico ou físico.
11) Quem é titular? 
É a pessoa natural a quem se referem os dados pessoais que são 
objeto de tratamento. 
12) Quem é controlador? 
É a pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a 
quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pes-
soais. Em tempo, a própria entidade controladora poderá realizar o 
tratamento dos dados.
13) Quem é operador? 
É a pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que 
realiza o tratamento de dados pessoais em nome do controlador. É 
possível queo operador e o controlador sejam pessoas diferentes (se, 
por exemplo, uma pessoa jurídica armazena dados a pedido de uma 
autarquia, a autarquia será controladora e a pessoa jurídica será ope-
radora).
14) Quem é encarregado? 
É a pessoa indicada pelo controlador e operador para atuar como 
canal de comunicação entre o controlador, os titulares dos dados e a 
Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).
15) O que é tratamento? 
É toda operação realizada com dados pessoais, como as que se 
referem à coleta, produção, recepção, classificação, utilização, acesso, 
reprodução, transmissão, distribuição, processamento, arquivamen-
to, armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da informação, 
modificação, comunicação, transferência, difusão ou extração. 
16) O que é anonimização? 
É a utilização de meios técnicos razoáveis e disponíveis no momen-
to do tratamento, por meio dos quais um dado perde a possibilidade 
de associação, direta ou indireta, a um indivíduo. 
17) O que é consentimento? 
É a manifestação livre, informada e inequívoca pela qual o titular 
concorda com o tratamento de seus dados pessoais para uma finali-
dade determinada. 
18) O que é bloqueio? 
É a suspensão temporária de qualquer operação de tratamento, 
mediante guarda do dado pessoal ou do banco de dados. 
19) O que é eliminação? 
É a exclusão de dado ou de conjunto de dados armazenados em 
banco de dados, independentemente do procedimento empregado.
20) O que é transferência internacional de dados? 
É a transferência de dados pessoais para país estrangeiro ou orga-
nismo internacional do qual o autorifaf seja membro. 
21) O que é uso compartilhado de dados? 
É a comunicação, difusão, transferência internacional, interconexão 
de dados pessoais ou tratamento compartilhado de bancos de dados 
pessoais por órgãos e entidades públicos no cumprimento de suas 
competências legais, ou entre esses e entes privados, reciprocamente, 
com autorização específica, para uma ou mais modalidades de trata-
mento permitidas por esses entes públicos, ou entre entes privados. 
22) O que é relatório de impacto à proteção de dados pessoais? 
É a documentação do controlador que contém a descrição dos 
processos de tratamento de dados pessoais que podem gerar riscos 
às liberdades civis e aos direitos fundamentais, bem como medidas, 
salvaguardas e mecanismos de mitigação de risco. 
23) O que é órgão de pesquisa? 
É o órgão ou entidade da Administração Pública direta ou indireta 
ou pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos legalmente 
constituída sob as leis brasileiras, com sede e foro no País, que inclua 
em sua missão institucional ou em seu objetivo social ou estatutário a 
pesquisa básica ou aplicada de caráter histórico, científico, tecnológi-
co ou estatístico. 
24) O que é Autoridade Nacional de Proteção de Dados? 
É o órgão da Administração Pública responsável por zelar, imple-
mentar e fiscalizar o cumprimento da LGPD em todo o território nacio-
nal. Suas competências e estrutura regimental constam da LGPD e do 
Decreto Federal n. 10.474, de 26 de agosto de 2020.
25) Quais os princípios gerais que devem ser seguidos nas ativida-
des de tratamento de dados? 
Toda atividade de tratamento de dados pessoais deverá observar 
a boa-fé e, também, os seguintes princípios: finalidade, adequação, 
necessidade, livre acesso, qualidade dos dados, transparência, segu-
rança, prevenção, não discriminação, responsabilização e prestação 
de contas.
26) O que é o princípio da finalidade? 
É a realização do tratamento para propósitos legítimos, específicos, 
explícitos e informados ao titular, sem possibilidade de tratamento 
posterior de forma incompatível com essas finalidades.
27) O que é o princípio da adequação?
É a compatibilidade do tratamento com as finalidades informadas 
ao titular, de acordo com o contexto do tratamento. 
28) O que é o princípio da necessidade? 
É a limitação do tratamento ao mínimo necessário para a realização 
de suas finalidades, com abrangência dos dados pertinentes, propor-
cionais e não excessivos em relação às finalidades do tratamento de 
dados. 
29) O que é o princípio do livre acesso? 
É a garantia, aos titulares, de consulta facilitada e gratuita sobre a 
forma e a duração do tratamento, bem como sobre a integralidade de 
seus dados pessoais. 
30) O que é o princípio da qualidade dos dados? 
É a garantia, aos titulares, de exatidão, clareza, relevância e atualiza-
ção dos dados, de acordo com a necessidade e para o cumprimento 
da finalidade de seu tratamento. 
31) O que é o princípio da transparência? 
É a garantia, aos titulares, de informações claras, precisas e facil-
mente acessíveis sobre a realização do tratamento e os respectivos 
agentes de tratamento, observados os segredos comercial e industrial. 
32) O que é o princípio da segurança? 
É a utilização de medidas técnicas e administrativas aptas a pro-
teger os dados pessoais de acessos não autorizados e de situações 
acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou 
difusão. 
33) O que é o princípio da prevenção? 
É a adoção de medidas para prevenir a ocorrência de danos em 
virtude do tratamento de dados pessoais. 
34) O que é o princípio da não discriminação? 
É a impossibilidade de realização do tratamento para fins discrimi-
natórios ilícitos ou abusivos. 
35) O que é o princípio da responsabilização e prestação de contas?
É a demonstração, pelo agente, da adoção de medidas eficazes e 
capazes de comprovar a observância e o cumprimento das normas de 
proteção de dados pessoais e, inclusive, da eficácia dessas medidas. 
36) O tratamento de dados pessoais sensíveis pode ser realizado 
em quais condições?
O tratamento de dados pessoais sensíveis somente poderá ocorrer 
com consentimento do titular ou seu responsável legal, de forma des-
tacada e para finalidades específicas.
Sem fornecimento de consentimento do titular, nas hipóteses em 
que for indispensável para: a) cumprimento de obrigação legal ou re-
gulatória pelo controlador; b) pela Administração Pública, de políticas 
públicas previstas em leis ou regulamentos; c) estudos por órgão de 
pesquisa; d) exercício regular de direitos, inclusive em contrato e em 
processo judicial, administrativo e arbitral; e) proteção da vida; f) tutela 
da saúde; e g) garantia da prevenção à fraude e à segurança do titular.
37) Quem é o setor público de acordo com a LGPD?
O denominado setor público, para fins de aplicação da LGPD, é 
composto pelos órgãos integrantes da Administração dos Poderes 
Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, Judiciário e Mi-
nistério Público, assim como pelas autarquias, fundações públicas, em-
presas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades 
controladas, direta ou indiretamente, pela União, Estados, Distrito Fe-
deral a Municípios, nos termos do que prevê o parágrafo único do art. 
1º da Lei Federal n. 12.527/2011 (LAI).
Merece, porém, especial atenção o enquadramento de empresas 
públicas, sociedades de economia mista e demais entidades controla-
das no conceito de setor público para fins da LGPD, pois, a depender 
da atividade que desempenharem ao tratar dados pessoais, deverão 
transitar entre os capítulos II e IV da LGPD, ou seja, é a finalidade a que 
está vinculado determinado tratamento de dado pessoal – se em regi-
me concorrencial ou se para a execução de políticas públicas - que de-
terminará se a entidade deve atender aos requisitos exigidos na LGPD 
para o setor privado ou para o setor público. 
Portanto, ao ser verificado, no caso concreto, a necessidade de tra-
tar dados pessoais, a entidade que compõe a Administração indireta 
cuja personalidade jurídica seja de direito privado, especialmente as 
empresas públicas e sociedades de economia mista, deverão identi-
ficar sob qual condição atuam, já que as consequências de atuar em 
regime concorrencial ou para atendimento de política pública são di-
versas, desde os requisitos a serem atendidosaté as consequências 
por eventual descumprimento da Lei.
Por fim, a LGPD efetuou a equiparação com o setor público dos 
serviços notariais e de registro exercidos por delegação, os quais re-
ceberam o mesmo tratamento dispensado aos entes públicos quando 
realizarem o tratamento de dados pessoais.
38) Quando o setor público pode tratar dados pessoais?
Para a execução de políticas públicas previstas em leis, decretos, 
portarias do órgão ou da entidade, em contratos administrativos, acor-
dos de parceria, termos de cooperação, termos de ajustamento de 
conduta, convênios ou instrumentos jurídicos congêneres ou para o 
atendimento de finalidade pública, na persecução do interesse públi-
co e com o objetivo de executar as competências legais ou cumprir as 
atribuições legais do serviço público.
Verifica-se, assim, que a execução de políticas públicas é indubita-
velmente a principal justificativa para que o setor público realize qual-
quer tipo de tratamento de dados, já que é inerente à existência do 
Estado a formulação e implementação de políticas públicas em bene-
fício dos cidadãos.
39) Quais as obrigações que o Poder Público assume ao realizar o 
tratamento de dados pessoais?
Ainda que voltado à execução de política pública, a Administração, 
ao realizar o tratamento de dados pessoais, deverá efetuar o correto 
enquadramento da situação fática em uma das hipóteses autorizado-
ras listadas no art. 7º da LGPD.
O ato de tratamento deve ser motivado e voltado para propósitos 
legítimos, específicos, explícitos e informados ao titular, sem possibi-
lidade de tratamento posterior de forma incompatível com essas fina-
lidades.
Atendendo-se ao princípio da transparência, exige a LGPD que o 
Poder Público divulgue, preferencialmente em seus sítios eletrônicos, 
informações claras e atualizadas sobre a previsão legal, a finalidade, 
os procedimentos e as práticas utilizadas, no exercício de suas compe-
tências, voltadas para o tratamento de dados pessoais.
Também é dever da Administração indicar um servidor que exer-
cerá a função de encarregado, conforme preconiza o inciso III do art. 
23 da LGPD.
Por fim, embora sendo exceção no setor público, há casos em que 
o consentimento do titular dos dados precisará ser colhido e consi-
derado. É o que ocorre por exemplo nos tratamentos de dados de 
crianças e adolescentes.
40) Sempre que o Poder Público efetuar o tratamento de dados 
pessoais deverá informar o titular do dado?
Não. De acordo com a LGPD, não há necessidade de consentimen-
to do titular ou de garantir publicidade à referida dispensa de consen-
timento, conforme preconiza o inciso I do art. 23 da LGPD nos casos 
em que o tratamento de dados pessoais voltar-se para: a) realização 
de estudos por órgão de pesquisa; b) exercício regular de direitos, 
inclusive em contrato e em processo judicial, administrativo e arbitral; 
c) proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiro; 
d) tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado por 
profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitária; e e) 
garantia da prevenção à fraude e à segurança do titular, nos processos 
de identificação e autenticação de cadastro em sistemas eletrônicos.
41) Quais os instrumentos que podem ser utilizados pelo Poder 
Público como bases legais justificadoras do tratamento de dados pes-
soais?
No exercício de suas competências legais, o órgão ou entidade 
poderá, por meio de portaria da autoridade superior, discriminar as 
hipóteses autorizadoras, a finalidade, os procedimentos e as práticas 
que serão utilizadas para o tratamento de dados pessoais. O citado 
ato administrativo deverá ser amplamente divulgado no âmbito inter-
no e ainda publicado pela Administração preferencialmente em seus 
sítios eletrônicos.
É importante, ainda, que no bojo de convênios, contratos adminis-
trativos, termos de cooperação técnica, acordos de parceria, termos 
de outorga e demais instrumentos jurídicos utilizados pelo Poder Pú-
blico, conste cláusula expressa a respeito da possibilidade de trata-
mento de dados pessoais eventualmente coletados, devendo, nesse 
caso, ser observadas todas as regras previstas na LGPD. 
42) Como ficam os dados pessoais que estão publicamente dispo-
níveis após o advento da LGPD?
Dados pessoais que estejam publicamente disponíveis devem ser 
analisados de acordo com a base legal existente para essa disponibi-
lização. Assim, por exemplo, no caso das remunerações de servidores 
públicos expostas no Portal da Transparência, impõe a Lei de Acesso à 
Informação que tais dados devem ser expostos, para fins de controle 
da sociedade.
Todavia, embora estejam públicos, esses dados devem ser protegi-
dos, visto que não poderão ser utilizados para qualquer outra finalida-
de que não aquela prevista na LAI, não podendo um terceiro captá-los 
para fazer listas de fornecimento de crédito ou, então, a Administração 
Pública cedê-los para que terceiros os utilizem para qualquer fim.
43) Como diferenciar a aplicação da LGPD da LAI (Lei de Aceso à 
Informação)?
O acesso à informação, contida em registros ou documentos, pro-
duzidos ou acumulados por órgãos públicos ou entidades da Admi-
nistração Pública indireta, é de interesse coletivo, sendo regido pela 
LAI. Isso significa, por exemplo, que qualquer pessoa poderá ter aces-
so, para fins de controle da atividade administrativa do Estado, a pro-
cessos licitatórios, contratos administrativos, prestações de contas e 
demais documentos, salvo os considerados sigilosos segundo a Lei.
O mote central do acesso à informação na esfera da Administração 
Pública perante a LAI é o princípio constitucional da publicidade. 
No tocante à LGPD, o acesso à informação é amparado pelo prin-
cípio do acesso livre por interesse particular, ou seja, apenas o titular 
dos dados pessoais tem direito a requerer, em regra. 
Desse modo, o agente público, diante de uma solicitação de aces-
so à informação pelo particular, deve verificar qual o teor do acesso, 
se pessoal ou coletivo, pois a depender do requerimento poderá ser 
aplicada a LAI ou a LGPD ou até mesmo as duas legislações. 
44) É necessário registrar as operações sobre o tratamento de da-
dos pessoais?
A Lei obriga que o controlador e o operador mantenham registro 
das operações relativas ao tratamento de dados pessoais que realiza-
rem, principalmente quando baseado no legítimo interesse (art. 37). 
Esses registros são importantes para demonstrar o cumprimento da 
Lei e em caso de apuração de responsabilidade. Por outro lado, a Lei 
prevê a possibilidade de a Autoridade Nacional determinar ao contro-
lador que elabore relatório de impacto à proteção de dados pessoais, 
inclusive quanto aos dados sensíveis, de acordo com o previsto no art. 
38. Veja-se que o art. 10, §3º, indica que o relatório poderá ser solicita-
do quando o tratamento tiver como fundamento o interesse legítimo. 
O parágrafo único do art. 38 já estabelece um regramento quanto às 
exigências mínimas desse documento, como: a) descrição dos tipos 
de dados coletados; b) metodologia utilizada para a coleta e para a 
garantia da segurança das informações; e c) análise do controlador 
em relação a medidas, salvaguardas e mecanismos de mitigação de 
riscos.
45) A instauração de processo fiscalizatório pela ANPD impede, 
suspende ou, de alguma forma, influencia a apuração funcional na es-
fera administrativa?
Não. O poder disciplinar da Administração Pública é independente 
e desvinculado da fiscalização realizada pela ANPD. Eventual conde-
nação em uma esfera não vincula ou prejudica outra. Apesar disso, a 
ANPD, antes de aplicar as penalidades referentes à suspensão do ban-
co de dados, suspensão do tratamento de dados e proibição parcial 
ou total do tratamento de dados, deverá ouvir os respectivos órgãos e 
entidades com competências sancionatórias.
46) A ANPD pode aplicar penas diretamente a agentes públicos 
com base na LGPD?
Não há previsão expressa nesse sentido. Os agentes públicos pa-
raenses,pessoalmente, estão sujeitos ao Regime Jurídico Único dos 
Servidores Civis do Estado do Pará (Lei Estadual n. 5.810/1994), à Lei 
de Acesso à Informação (Lei Federal n. 12.527/2011) e à Lei de Im-
probidade Administrativa (Lei Federal n. 8.429/1992). Nesse sentido, 
a ANPD, para aplicar as penalidades referentes à suspensão do banco 
de dados, suspensão do tratamento de dados e proibição parcial ou 
total do tratamento de dados, deverá ouvir os respectivos órgãos e en-
tidades com competências sancionatórias, a fim de considerá-las para 
efeito de dosimetria da sanção.
ANEXO IV - MODELOS
Cláusulas Contratuais para Proteção de Dados Pessoais (Aditivo)
TERMO ADITIVO
CLÁUSULA PRIMEIRA - DO OBJETO:
1.1. Estabelecer regra de proteção de dados pessoais no Contrato 
n. XXX, celebrado com XXX para a prestação de serviços de XXX.
CLÁUSULA SEGUNDA - DA ESPECIFICAÇÃO DO OBJETO:
2.1. Incluir na Cláusula XXX - DAS OBRIGAÇÕES E RESPONSABILI-
DADES DA CONTRATADA (adequar conforme a nomenclatura da cláu-
sula) o seguinte item: 
XX Da Proteção de Dados Pessoais
XX.1. O ESTADO DO PARÁ e a CONTRATADA se comprometem a 
proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre 
desenvolvimento da personalidade da pessoa natural, relativos ao trata-
mento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais, garantindo que:
a) o tratamento de dados pessoais dar-se-á de acordo com as ba-
ses legais previstas nas hipóteses dos arts. 7º e/ou 11 da Lei Federal 
n. 13.709/2018 às quais se submeterão os serviços, e para propósitos 
legítimos, específicos, explícitos e informados ao titular;
b) o tratamento seja limitado às atividades necessárias ao atingi-
mento das finalidades de execução do contrato e do serviço contrata-
do, utilizando-os, quando seja o caso, em cumprimento de obrigação 
legal ou regulatória, no exercício regular de direito, por determinação 
judicial ou por requisição da ANPD;
c) em caso de necessidade de coleta de dados pessoais indispen-
sáveis à própria prestação do serviço, esta será realizada mediante 
prévia aprovação do ESTADO DO PARÁ, responsabilizando-se a CON-
TRATADA por obter o consentimento dos titulares (salvo nos casos em 
que opere outra hipótese legal de tratamento). Os dados assim coleta-
dos só poderão ser utilizados na execução dos serviços especificados 
neste contrato, e em hipótese alguma poderão ser compartilhados ou 
utilizados para outros fins;
c.1) eventualmente, as partes podem ajustar que o ESTADO DO 
PARÁ será responsável por obter o consentimento dos titulares, obser-
vadas as demais condicionantes da alínea ‘c’ acima;
d) os sistemas que servirão de base para armazenamento dos da-
dos pessoais coletados, seguem um conjunto de premissas, políticas e 
especificações técnicas que regulamentam a utilização da tecnologia 
de informação e comunicação no ESTADO DO PARÁ;
e) os dados obtidos em razão desse contrato serão armazenados 
em um banco de dados seguro, com garantia de registro das transa-
ções realizadas na aplicação de acesso (log) e adequado controle de 
acesso baseado em função (role based access control) e com trans-
parente identificação do perfil dos credenciados, tudo estabelecido 
como forma de garantir inclusive a rastreabilidade de cada transação 
e a franca apuração, a qualquer momento, de desvios e falhas, vedado 
o compartilhamento desses dados com terceiros;
f) encerrada a vigência do contrato ou não havendo mais necessi-
dade de utilização dos dados pessoais, sejam eles sensíveis ou não, a 
CONTRATADA interromperá o tratamento dos dados pessoais dispo-
nibilizados pelo CONTRATANTE e, em no máximo trinta dias, sob ins-
truções e na medida do determinado pelo ESTADO DO PARÁ, elimi-
nará completamente os Dados Pessoais e todas as cópias porventura 
existentes (seja em formato digital ou físico), salvo quando a CONTRA-
TADA tenha que manter os dados para cumprimento de obrigação 
legal ou outra hipótese da Lei Federal n. 13.709/2018.
XX.2. A CONTRATADA dará conhecimento formal aos seus em-
pregados das obrigações e condições acordadas nesta subcláusula, 
inclusive no tocante à Política de Privacidade do ESTADO DO PARÁ, 
cujos princípios deverão ser aplicados à coleta e tratamento dos da-
dos pessoais de que trata a presente cláusula.
XX.3. O eventual acesso, pela CONTRATADA, às bases de dados que 
contenham ou possam conter dados pessoais implicará para a CON-
TRATADA e para seus prepostos – devida e formalmente instruídos nes-
se sentido – o mais absoluto dever de sigilo, no curso do presente con-
trato e pelo prazo de até 10 anos contados de seu termo final.
XX.4. A CONTRATADA cooperará com o ESTADO DO PARÁ no 
cumprimento das obrigações referentes ao exercício dos direitos dos 
titulares previstos na Lei Federal n. 13.709/2018 e nas Leis e Regula-
mentos de Proteção de Dados em vigor e também no atendimento de 
requisições e determinações do Poder Judiciário, Ministério Público e 
órgãos de controle administrativo.
XX.5. A CONTRATADA deverá informar imediatamente ao ESTADO 
DO PARÁ quando receber uma solicitação de um titular de dados, a 
respeito dos seus dados pessoais e abster-se de responder qualquer 
solicitação em relação aos dados pessoais do solicitante, exceto nas 
instruções documentadas do ESTADO DO PARÁ ou conforme exigido 
pela Lei Federal n. 13.709/2018 e Leis e Regulamentos de Proteção de 
Dados em vigor.
XX.6. O “Encarregado” da CONTRATADA manterá contato formal 
com o Encarregado do ESTADO DO PARÁ, no prazo de até vinte e 
quatro horas da ocorrência de qualquer incidente que implique vio-
lação ou risco de violação de dados pessoais, para que este possa 
adotar as providências devidas, na hipótese de questionamento das 
autoridades competentes.
XX.7. A critério do Encarregado do ESTADO DO PARÁ, a CONTRA-
TADA poderá ser provocada a colaborar na elaboração do relatório 
de impacto, conforme a sensibilidade e o risco inerente dos serviços 
objeto deste contrato, no tocante a dados pessoais.
XX.8. Eventuais responsabilidades das partes, serão apuradas con-
forme estabelecido neste contrato e também de acordo com o que 
dispõe a Seção III,
Capítulo VI, da Lei Federal n. 13.709/2018.
CLÁUSULA TERCEIRA – DAS DISPOSIÇÕES FINAIS:
3.1. Permanecem inalteradas as demais Cláusulas e disposições do 
Contrato original, desde que não conflitem com o disposto neste Ins-
trumento.
Termo de compromisso de confidencialidade de informações e 
proteção de dados pessoais e sensíveis
I. Reconheço que em razão da utilização das ferramentas tecnoló-
gicas disponibilizadas pelo ESTADO DO PARÁ, poderei ter acesso a 
diversas informações pessoais, sensíveis, estratégicas, entre outras - 
confidenciais ou não - armazenadas nos sistemas informatizados sob a 
responsabilidade do ESTADO DO PARÁ;
II. Tenho ciência de que as credenciais de acesso (login e senha) 
são de uso pessoal e intrasferível e de conhecimento exclusivo. É de 
minha inteira responsabilidade todo e qualquer prejuízo causado pelo 
fornecimento de minha senha pessoal a terceiros, independentemen-
te do motivo.
III. Reconheço que para os fins deste documento serão considera-
das confidenciais todas as informações, transmitidas por meios escri-
tos, eletrônicos, verbais ou quaisquer outros e de qualquer natureza, 
incluindo, mas não se limitando a:
a) Dados pessoais - qualquer informação que possa tornar uma 
pessoa física identificada ou identificável;
b) Dados sensíveis - qualquer dado pessoal que diga respeito a 
origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a 
sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, 
bem como dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou 
biométrico;
c) Técnicas, design, especificações, desenhos, cópias, modelos, flu-
xogramas, croquis, fotografias, software, mídias, contratos, acordos ou 
instrumentos similares, processos, tabelas, projetos, nomes de servi-
dores, agentes políticos ou empregados públicos, resultados de pes-
quisas, dados orçamentários e/oua exclusão de dado ou de conjunto de dados arma 
zenados em banco de dados, independentemente do procedimento 
empregado;
o) transferência internacional de dados: é a transferência de dados 
pessoais para país estrangeiro ou organismo internacional do qual o 
país seja membro;
p) uso compartilhado de dados: é a comunicação, difusão, transfe-
rência internacional, interconexão de dados pessoais ou tratamento 
compartilhado de bancos de dados pessoais por órgãos e entidades 
públicos no cumprimento de suas competências legais, ou entre esses 
e entes privados, reciprocamente, com autorização específica, para 
uma ou mais modalidades de tratamento permitidas por esses entes 
públicos, ou entre entes privados;
q) relatório de impacto à proteção de dados pessoais: é a docu-
mentação do controlador que contém a descrição dos processos de 
tratamento de dados pessoais que podem gerar riscos às liberdades 
civis e aos direitos fundamentais, bem como medidas, salvaguardas e 
mecanismos de mitigação de risco;
r) órgão de pesquisa: é o órgão ou entidade da administração pú-
blica direta ou indireta ou pessoa jurídica de direito privado sem fins 
lucrativos legalmente constituída sob as leis brasileiras, com sede e 
foro no País, que inclua em sua missão institucional ou em seu objetivo 
social ou estatutário a pesquisa básica ou aplicada de caráter histórico, 
científico, tecnológico ou estatístico; e
s) Autoridade Nacional: é o órgão da Administração Pública respon-
sável por zelar, implementar e fiscalizar o cumprimento desta Lei em todo 
o território nacional. Suas competências e estrutura regimental constam 
na LGPD e no Decreto Federal n. 10.474, de 26 de agosto de 2020.
Princípios
Toda atividade de tratamento de dados pessoais deverá observar a 
boa-fé e, também, os seguintes princípios (art. 6º):
a) finalidade: realização do tratamento para propósitos legítimos, 
específicos, explícitos e informados ao titular, sem possibilidade de 
tratamento posterior de forma incompatível com essas finalidades;
b) adequação: compatibilidade do tratamento com as finalidades 
informadas ao titular, de acordo com o contexto do tratamento;
c) necessidade: limitação do tratamento ao mínimo necessário 
para a realização de suas finalidades, com abrangência dos dados per-
tinentes, proporcionais e não excessivos em relação às finalidades do 
tratamento de dados;
d) livre acesso: garantia, aos titulares, de consulta facilitada e gra-
tuita sobre a forma e a duração do tratamento, bem como sobre a 
integralidade de seus dados pessoais;
e) qualidade dos dados: garantia, aos titulares, de exatidão, clareza, 
relevância e atualização dos dados, de acordo com a necessidade e 
para o cumprimento da finalidade de seu tratamento;
f ) transparência: garantia, aos titulares, de informações claras, pre-
cisas e facilmente acessíveis sobre a realização do tratamento e os res-
pectivos agentes de tratamento, observados os segredos comercial e 
industrial;
g) segurança: utilização de medidas técnicas e administrativas ap-
tas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e de si-
tuações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comuni-
cação ou difusão;
h) prevenção: adoção de medidas para prevenir a ocorrência de 
danos em virtude do tratamento de dados pessoais;
i) não discriminação: impossibilidade de realização do tratamento 
para fins discriminatórios ilícitos ou abusivos; e
j) responsabilização e prestação de contas: demonstração, pelo 
agente, da adoção de medidas eficazes e capazes de comprovar a 
observância e o cumprimento das normas de proteção de dados pes-
soais e, inclusive, da eficácia dessas medidas.
CAPÍTULO 2 - DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
Hipóteses autorizadoras
A Lei LGPD traz em seu art. 7º as hipóteses autorizadoras para o 
tratamento de dados pessoais, assim como prevê os requisitos para a 
sua execução.
No entanto, ainda que a situação fática enquadre-se em um dos 
incisos do art. 7º, é imprescindível saber que existem limites para a 
operação de tratamento. A validade da operação de tratamento de 
dados pessoais depende: a) do enquadramento da situação fática em 
um dos incisos do art. 7º; b) da observância dos princípios de proteção 
listados no art. 6º; e c) do respeito ao princípio da boa-fé objetiva.
Especificamente no caso do setor público, o tratamento de dados 
pessoais, além do dever de obediência aos princípios do art. 6º e ao 
da boa-fé, somente poderá ser realizado se estiver relacionado à exe-
cução de políticas públicas previstas em lei, regulamentos, convênios, 
contratos administrativos e instrumentos congêneres ou para cumpri-
mento de obrigação legal ou regulatória da Administração.
Hipótese I - consentimento fornecido pelo titular dos dados
A regra geral estabelecida pela LGPD é a de que as operações de 
tratamento somente poderão ocorrer mediante consentimento do ti-
tular dos dados. O consentimento pode ser tido, após simples leitura 
da LGPD, como a “regra de ouro”, pela qual se pauta toda a norma.
Para ser válido, precisa ser dado pelo titular de forma inequívoca, 
livre, desembaraçada e sem vícios, no bojo do qual ele manifesta sua 
concordância com o tratamento de seus dados pessoais para uma fi-
nalidade determinada. 
Sobre o tópico, três situações merecem enfoque.
A primeira é a de que o consentimento do titular, nos casos em que 
o seu dado pessoal é tornado manifestamente público, não precisa ser 
expresso, podendo se dar de forma tácita, na forma como preconiza o 
§4° do art. 7º. Nesse caso, em que qualquer pessoa poderá ter acesso 
aos dados tornados públicos pelo próprio titular, a LGPD dispõe que o 
tratamento deve ser realizado com cautela, respeitando-se os direitos 
do titular e os princípios de proteção listados no art. 6º.
A segunda é o fato de que o ônus da prova quanto ao consentimen-
to fornecido pelo titular cabe ao controlador, que deverá demonstrar 
que o obteve sem qualquer tipo de vício1. 
A terceira refere-se à necessidade do controlador, quando compar-
tilhar os dados pessoais obtidos com outros controladores, de obter 
consentimento específico do titular para esse fim, ressalvadas as hi-
póteses de dispensa de consentimento previstas em lei. Isso porque 
o consentimento autoriza tão somente o agente que o obteve, não se 
estendendo a outras pessoas. 
Hipótese II - cumprimento de obrigação legal ou regulatória 
pelo controlador
A LGPD dispensa o consentimento do titular quando o tratamento 
de seus dados for efetuado com base nessa hipótese legal.
Nos casos de cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo 
controlador, é importante ter em mente que a LGPD não revoga ou 
impede a aplicação de normas setoriais que também regulamentam 
dados pessoais, as quais devem continuar sendo observadas2.
Um exemplo típico de aplicação dessa hipótese é o cumprimento 
pelo Poder Público de requisições oriundas dos órgãos de controle, 
1 São vícios de consentimento, o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo e a lesão, 
previstos no Capítulo IV do Código Civil brasileiro.
2 A título de exemplo, temos as seguintes leis: Lei Federal n. 12.527/2011 (Lei de Aces-
so à Informação), Lei Federal n. 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) e Lei Estadual n. 
8.972/2020 (Lei do Processo Administrativo na Administração Pública Estadual).
solicitando a ficha funcional de determinado servidor público para fins 
de investigação de eventual irregularidade administrativa. A Adminis-
tração não precisará do consentimento do servidor titular para realizar 
o tratamento e o compartilhamento de seus dados, pois estará cum-
prindo obrigação legal.
Hipótese III - tratamento e uso compartilhado de dados pela 
Administração Pública, necessários à execução de políticas públi-
cas previstas em lei e regulamentos ou respaldadas em contratos, 
convênios ou instrumentos congêneres
Muito embora a LGPD dispense o consentimento do titular, quan-
do o tratamento de seus dados pessoais for efetuado ou utilizado pela 
Administração,financeiros, dentre outros.
IV. Tenho conhecimento ainda da Lei Federal n. 13.709/2018;
V. Tenho conhecimento ainda de que o ESTADO DO PARÁ possui 
um programa de governança de dados pessoais e de segurança da 
informação, em relação aos quais tenho obrigação de obedecer e au-
xiliar o cumprimento;
VI. Assumo o compromisso de não utilizar qualquer informação a 
que tenha acesso, classificada como confidencial ou não, para fins di-
versos daqueles para os quais tive autorização de acesso.
VII. Estou ciente de que é proibida a cópia, de qualquer informação 
para dispositivos estranhos à estrutura do ESTADO DO PARÁ, bem 
como a divulgação e compartilhamento, exceto se a referida ação seja 
estritamente necessária para a prestação dos serviços contratados, de-
vendo ser realizada com a maior segurança possível e com expressa e 
prévia autorização do encarregado do ESTADO DO PARÁ.
VIII. Reconheço que os prejuízos causados por mim ao ESTADO DO 
PARÁ, em razão da quebra de confidencialidade, disponibilidade ou 
integridade das informações a que tenho acesso, poderão ser recla-
mados, judicial ou extrajudicialmente e, caso caracterizada qualquer 
infração penal, poderei ser pessoalmente responsabilizado;
IX. Reconheço que meus dados pessoais utilizados para acesso aos 
sistemas disponibilizados pelo ESTADO DO PARÁ serão conservados 
durante o tempo em que estiver vigente a relação contratual com o 
ente público ao qual estou vinculado e, após esta finalizar, durante 
os períodos de retenção de dados legalmente exigíveis, de forma es-
tritamente necessária, tais como, mas não se limitando, pelos prazos 
prescricionais para ajuizamento de ação penal ou civil, assim como 
para o exercício do direito de defesa em processo judicial de qualquer 
natureza ou para outra finalidade por período não excessivo adotado 
pelo ESTADO DO PARÁ, garantida a transparência, confidencialidade, 
integridade e disponibilidade das minhas informações pessoais, bem 
como o exercício dos direitos previstos na Lei Federal n. 13.709/2018 
na vigência da relação contratual, assim como após o término da refe-
rida relação.
X. Reconheço, neste ato, ter lido, compreendido e sanado todas 
as dúvidas sobre o Termo de Compromisso de Confidencialidade de 
Informação e Proteção de Dados Pessoais e Sensíveis.
Belém, XX de XXX de 2021.
________________________________________
Relatório de Impacto à Proteção de Dados Pessoais - RIPD
1. IDENTIFICAÇÃO DOS AGENTES DE TRATAMENTO E DO EN-
CARREGADO
CONTROLADOR
OPERADOR
ENCARREGADO
E-MAIL ENCARREGADO TELEFONE ENCARREGADO
2. NECESSIDADE DE ELABORAR O RELATÓRIO
3. DESCRIÇÃO DO TRATAMENTO
3.1 NATUREZA DO TRATAMENTO
3.2 ESCOPO DO TRATAMENTO
3.3 CONTEXTO DO TRATAMENTO
3.4 FINALIDADE DO TRATAMENTO
4. PARTES INTERESSADAS CONSULTADAS
5. NECESSIDADE E PROPORCIONALIDADE
6. IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RISCOS
ID
RISCO REFERENTE 
AO TRATAMENTO 
DE DADOS 
PESSOAIS
P1 I2
NÍVEL DE 
RISCO (P 
X I)3
Legenda: P - Probabilidade; I - Impacto.
1. Probabilidade: chance de algo acontecer, não importando se de-
finida, medida ou determinada objetiva ou subjetivamente, qualitativa 
ou quantitativamente; ou se descrita utilizando-se termos gerais ou 
matemáticos (ISO/IEC 31000:2009, item 2.19).
2. Impacto: resultado de um evento que afeta os objetivos (ISO/IEC 
31000:2009, item 2.18).
3. Nível de Risco: magnitude de um risco ou combinação de ris-
cos, expressa em termos da combinação das consequências e de suas 
probabilidades (ISO/IEC 31000:2009, item 2.23 e IN SGD/ME nº 1, de 
2019, art. 2º, inciso XIII).
7. MEDIDAS PARA TRATAR OS RISCOS
RISCO MEDIDA(S)
EFEITO 
SOBRE O 
RISCO¹
RISCO 
RESIDUAL²
MEDIDA(S) 
APROVADA(S)3
P I (P X I)
Legenda: P – Probabilidade; I – Impacto. Aplicam-se as mesmas de-
finições de Probabilidade e Impacto da seção 6 do RIPD.
1. Efeito resultante do tratamento do risco com a aplicação da(s) 
medida(s) descrita(s) na tabela. As seguintes opções podem ser sele-
cionadas: Reduzir, Evitar, Compartilhar e Aceitar.
2. Risco residual é o risco que ainda permanece mesmo após a apli-
cação de medidas para tratá-lo.
3. Medida aprovada pelo controlador dos dados pessoais. Preen-
cher a coluna com: Sim ou Não.
8. APROVAÇÃO
RESPONSÁVEL PELA 
ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO 
DE IMPACTO
ENCARREGADO
__________________________
Matrícula: xxxxx
, de de 
__________________________
Matrícula: xxxxx
, de de 
AUTORIDADE REPRESENTANTE 
DO CONTROLADOR
AUTORIDADE REPRESENTANTE 
DO OPERADOR
__________________________
Matrícula: xxxxx
, de de 
__________________________
Matrícula: xxxxx
, de de 
REFERÊNCIAS
Bibliografia
BIONI, Bruno Ricardo. Proteção de dados pessoais: A função e os 
limites do consentimento. 2ª Ed., 2ª Reimp., Rio de Janeiro: Forense, 
2020.
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de boas práticas. Lei Geral de Proteção de Dados. Brasília/DF, 2020, 
disponível em: https://www.gov.br/governodigital/pt-br/governanca-
-de-dados/guia-lgpd.pdf, Acesso em: 1 de nov. de 2020.
DONEDA, Danilo. Da privacidade a proteção de dados pessoais. 2. 
Ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.
GOLA, Peter; KLUG, Christoph; KÖRFFER, Barbara; SCHOMERUS, 
Rudolf. BDSG, Bundesdatenschutzgesetz: Kommentar. 12. Aufl. Mün-
chen: Verlag C.H. Beck oHG, 2015.
JIMENE, Camilla do Vale. TAMER, Maurício Antonio. Plano de Res-
posta a Incidentes de Segurança de Dados Pessoais In Data Protection 
Officer (encarregado) / Coordenadores. OPICE BLUM, Renato. VAIN-
ZOF, Rony. MORAES, Henrique Fabretti. São Paulo: Thomson Reuters 
Brasil, 2020.
LEVY, Pierre. O que é o virtual? 2. Ed., São Paulo: Editora 34, 2011.
MULHOLLAND, Caitlin (Org). A LGPD e o novo marco normativo no 
Brasil. Porto Alegre: Arquipélago, 2020.
SOMBRA, Thiago Luís, CASTELLANO, Ana Carolina Heringer. Plano 
de Resposta a Incidentes de Segurança: reagindo rápido e de forma 
efetiva, in Revista do Advogado, in Proteção de dados: desafios e so-
luções na adequação à lei / Organizador OPICE BLUM, Renato. 2019 v. 
39 n. 144 nov. pp. 168-173.
Matéria de Jornal
ADWALLADR, Carole; GRAHAM-HARRISON, Emma. How Cambrid-
ge Analytica turned Facebook ‘likes’ into a lucrative political tool. Ma-
téria para o The Guardian. Publicada em 17.03.2018. Disponível em: 
https://www.theguardian.com/technology/2018/mar/17/facebook-
-cambridge-analytica-kogan-data-algorithm. Acesso em: 1 de nov. de 
2020.para execução de políticas públicas, ele (o titular dos 
dados) tem o direito de conhecer as hipóteses legais que autorizam o 
processamento de seus dados, a finalidade do tratamento e a forma 
como o dado será tratado pelo Poder Público, devendo, ainda, ser ob-
servadas as regras previstas no art. 23 a 30.
Nesse aspecto, exige a LGPD que Administração Pública dê a de-
vida publicidade, preferencialmente por informação clara e atualizada 
em seu sítio eletrônico, quando efetuar a operação de tratamento de 
dados pessoais, coletados por qualquer meio (online, digital ou ana-
lógico).
Hipótese IV - realização de estudos por órgão de pesquisa, ga-
rantida, sempre que possível, a anonimização dos dados pessoais3
O órgão de pesquisa pode ser tanto público (por exemplo, uni-
versidades públicas e institutos de pesquisa públicos) quanto privado. 
A LGPD trouxe, ainda, quanto ao tópico, as seguintes regras:
3 A anonimização é uma técnica de processamento de dados que remove ou modi-
fica informações que possam identificar uma pessoa. Essa técnica resulta em dados 
anonimizados.
a) desnecessidade de consentimento do titular do dado;
b) a divulgação dos resultados ou excertos do estudo ou pesquisa 
não poderá revelar dados pessoais; 
c) o órgão de pesquisa será responsável pela segurança da infor-
mação e não poderá transferir os dados obtidos a terceiros;
d) na realização de estudos em saúde pública, os órgãos de pes-
quisa poderão ter acesso a bases de dados pessoais, que serão trata-
dos exclusivamente dentro do órgão e estritamente para a finalidade 
de realização de estudos e pesquisas e mantidos em ambiente contro-
lado e seguro, conforme práticas de segurança previstas em regula-
mento específico e que incluam, sempre que possível, a anonimização 
ou pseudonimização dos dados, bem como considerem os devidos 
padrões éticos relacionados a estudos e pesquisas; e
e) o acesso a dados pessoais pelos órgãos de pesquisa para fins de 
realização de estudos em saúde pública será objeto de regulamentação 
pela ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) e das autori-
dades da área de saúde e sanitárias no âmbito de suas competências.
Hipótese V - execução de contrato ou de procedimentos preli-
minares relacionados a contrato do qual seja parte o titular, a pe-
dido do titular dos dados
Essa hipótese exige consentimento específico do titular do dado, 
que poderá ser dado no momento da formalização do ajuste, não sen-
do necessário a renovação do consentimento, caso mantida a finalida-
de original.
Hipótese VI - para o exercício regular de direitos em processo 
judicial, administrativo ou arbitral, esse último nos termos da Lei 
Federal n. 9.307, de 23 de setembro de 1996 (Lei de Arbitragem)
De acordo com a LGPD, é viável o tratamento de dados pessoais 
de servidores ou empregados públicos para fins de defesa dos inte-
resses da Administração Pública em processos judiciais, arbitrais ou 
administrativos, bem como permite-se às partes o direito de produzir 
provas umas contra outras, ainda que se refiram a dados pessoais do 
adversário, sem a necessidade de consentimento do titular do dado.
Hipótese VII - proteção da vida ou da incolumidade física do 
titular ou de terceiro
Essa hipótese retrata típico caso de dispensa de consentimento do 
titular do dado, citando-se, por exemplo, o tratamento de dados pes-
soais realizado no âmbito de atuação da Defesa Civil, visando a prote-
ger a vida ou incolumidade física do titular ou de terceiro. 
Hipótese VIII - tutela da saúde, exclusivamente, em procedi-
mento realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou 
autoridade sanitária
De acordo com a LGPD, hospitais públicos, serviços de saúde, as-
sim como demais entidades sanitárias estão autorizadas a realizar o 
tratamento de dados sensíveis dos pacientes, sem o seu consentimen-
to específico, visando à tutela da saúde. 
Além disso, nos casos em que os dados relacionados à saúde de 
pacientes (dados sensíveis) se mostrarem indispensáveis à concretiza-
ção de políticas públicas, o tratamento poderá ser efetuado no âmbito 
da Administração sem a necessidade de sequer informar o titular do 
dado. Nessa hipótese, além da dispensa de consentimento, também 
é dispensado o Poder Público do dever de informar o titular do dado 
acerca do tratamento realizado. 
A Lei Federal n. 13.853/2019 conferiu a possibilidade de se acres-
centar novas finalidades ao tratamento de dados pessoais de saúde 
que são de acesso público ou foram tornados públicos pelo titular, de 
acordo com as necessidades do tratamento. 
Por fim, salienta-se que essa hipótese de tratamento é exclusiva 
para procedimentos realizados por profissionais de saúde, serviços de 
saúde ou autoridade sanitária, voltando-se, tão somente, para a tutela 
da saúde do paciente titular do dado.
 
Hipótese IX - para atender aos interesses legítimos do contro-
lador ou de terceiro, exceto no caso de prevalecerem direitos e 
liberdades fundamentais do titular que exijam a proteção dos da-
dos pessoais
Trata-se de hipótese subsidiária, a ser aplicável por órgãos e enti-
dades públicas somente se não houver o enquadramento da situação 
fática nos incisos II e III do art. 7º, ou seja, se a hipótese de tratamento 
não disser respeito à consecução de políticas públicas ou competên-
cias legais do controlador.
A LGPD não precisou quais seriam esses “interesses legítimos” do 
controlador ou de terceiro que justificariam o tratamento de dados. 
Não obstante, respaldado nas disposições da própria Lei, pode-se afir-
mar que é lícito o tratamento de dados pessoais fundado no legítimo 
interesse do controlador quando tiver por finalidade o “apoio e pro-
moção de atividades do controlador” (art. 10, I), como seria o caso, por 
exemplo, de oferta de produtos e serviços. O mesmo pode se dizer 
com relação ao tratamento destinado à “proteção, em relação ao titu-
lar, do exercício regular de seus direitos ou prestação de serviços que 
o beneficiem, respeitadas as legítimas expectativas dele e os direitos 
e liberdades fundamentais” (art. 10, II).
Para o correto enquadramento nesse inciso, deve-se ponderar, ain-
da, o seguinte: 
a) quando o tratamento for baseado no legítimo interesse do con-
trolador, somente os dados pessoais estritamente necessários para a 
finalidade pretendida poderão ser tratados;
b) o controlador deverá adotar medidas para garantir a transpa-
rência do tratamento de dados baseado em seu legítimo interesse, 
ou seja, o titular do dado deverá ser comunicado sobre o tratamento 
realizado com base na hipótese legal citada, ainda que não seja neces-
sário o seu consentimento específico;
c) o legítimo interesse do controlador somente poderá fundamen-
tar tratamento de dados pessoais para finalidades legítimas, consi-
deradas a partir de situações concretas, que incluem, mas não se li-
mitam a: c.1) apoio e promoção de atividades do controlador; e c.2) 
proteção, em relação ao titular, do exercício regular de seus direitos 
ou prestação de serviços que o beneficiem, respeitadas as legítimas 
expectativas dele e os direitos e liberdades fundamentais, nos termos 
da LGPD; e 
d) ao optar pela utilização da base legal do legitimo interesse, a 
Administração Pública precisa avaliar eventual risco jurídico que essa 
opção pode apresentar, tendo em vista que os seus elementos deve-
rão ser avaliados e documentados em relatório de impacto à proteção 
de dados pessoais, documento esse que poderá ser revisado e até 
contestado pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados.
Hipótese X - proteção do crédito, inclusive quanto ao disposto 
na legislação pertinente
Dentre as leis que versam sobre proteção de dados pessoais no 
mundo, a brasileira é a única a prever a proteção ao crédito como uma 
de suas bases legais para o tratamento de dados.
A previsão possibilitou que a Lei Federal n. 12.414/2011 (Lei do 
Cadastro Positivo), recentemente alterada por intermédio da Lei Com-
plementar Federal n. 166/2019, esteja em consonância com a LGPD,já 
que não é mais necessário obter o consentimento do titular/cadastra-
do para usar os seus dados conforme as finalidades previstas naquela 
Lei (formação de histórico de crédito). Sob esse aspecto, os dois textos 
convergem e conversam entre si.
Sobre o tema, é importante ressaltar que a Segunda Seção do Su-
perior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.419.697/RS, sub-
metido ao regime dos recursos repetitivos, definiu que, no tocante ao 
sistema scoring de pontuação4, apesar de desnecessário o consenti-
mento do consumidor consultado, devem ser a ele fornecidos escla-
recimentos (dever de informação), caso solicitados, acerca das fontes 
dos dados considerados (histórico de crédito), bem como sobre as 
informações pessoais valoradas5.
Consentimento do titular do dado
Sendo a proteção de dados pessoais um aspecto da privacidade e, 
esta, por sua vez, um dos direitos da personalidade, é evidente que o 
processamento desses dados exige, via de regra, o consentimento do 
titular. A LGPD consagra a plena autonomia do indivíduo em controlar o 
fluxo de suas informações pessoais (protagonismo do consentimento).
4 Trata-se de um método desenvolvido para avaliação do risco de concessão de 
crédito, que confere uma nota ao consumidor a partir da análise de dados referentes a 
operações de crédito contratadas por ele anteriormente.
5 TEMA REPETITIVO 710/STJ - RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTRO-
VÉRSIA (ART. 543-C DO CPC). TEMA 710/STJ. DIREITO DO CONSUMIDOR. ARQUIVOS 
DE CRÉDITO. SISTEMA “CREDIT SCORING”. COMPATIBILIDADE COM O DIREITO 
BRASILEIRO. LIMITES. DANO MORAL.
I - TESES: 1) O sistema “credit scoring” é um método desenvolvido para avaliação do 
risco de concessão de crédito, a partir de modelos estatísticos, considerando diversas 
variáveis, com atribuição de uma pontuação ao consumidor avaliado (nota do risco de 
crédito) 2) Essa prática comercial é lícita, estando autorizada pelo art. 5º, IV, e pelo art. 
7º, I, da Lei n. 12.414/2011 (lei do cadastro positivo).
3) Na avaliação do risco de crédito, devem ser respeitados os limites estabelecidos 
pelo sistema de proteção do consumidor no sentido da tutela da privacidade e da 
máxima transparência nas relações negociais, conforme previsão do CDC e da Lei n. 
12.414/2011.
4) Apesar de desnecessário o consentimento do consumidor consultado, devem ser a 
ele fornecidos esclarecimentos, caso solicitados, acerca das fontes dos dados conside-
rados (histórico de crédito), bem como as informações pessoais valoradas.
5) O desrespeito aos limites legais na utilização do sistema “credit scoring”, configuran-
do abuso no exercício desse direito (art. 187 do CC), pode ensejar a responsabilidade 
objetiva e solidária do fornecedor do serviço, do responsável pelo banco de dados, da 
fonte e do consulente (art. 16 da Lei n. 12.414/2011) pela ocorrência de danos morais 
nas hipóteses de utilização de informações excessivas ou sensíveis (art. 3º, §3º, I e II, da 
Lei n. 12.414/2011), bem como nos casos de comprovada recusa indevida de crédito 
pelo uso de dados incorretos ou desatualizados.
III - RECURSOS ESPECIAIS PARCIALMENTE PROVIDOS.”
O consentimento dado deve ser livre, informado, inequívoco, ex-
plícito e específico. Não cabe o consentimento genérico ou “no va-
zio”, como uma espécie de “cheque em branco” fornecido pelo titular. 
Muito embora não seja necessário que o consentimento seja colhido 
em documento formal e padrão, é indispensável que ele seja dado de 
forma clara e direta dentro do que a LGPD preconiza. 
Nesse ponto, sugere-se quando houver necessidade de se colher 
o consentimento do titular, que se faça de modo destacado de outras 
cláusulas que compõem contratos, convênios e outros instrumentos 
congêneres celebrados pelo Poder Público. 
O titular do dado deve ser, primeiramente, informado pelo agente 
de tratamento sobre as finalidades do seu processamento para, então, 
poder autorizá-lo, consolidando-se a sua participação na operação.
Ademais, o uso pelos agentes de tratamento dos dados autorizados 
deve limitar-se à finalidade que fora expressamente autorizada pelo 
titular, sendo que qualquer outro uso demanda novo consentimento. 
Se o titular discordar da alteração, poderá revogar o seu consentimen-
to, a qualquer tempo, por procedimento simplificado e gratuito. 
A LGPD dispõe, ainda, ser nulo o consentimento dado, caso as in-
formações fornecidas ao titular tenham conteúdo enganoso ou abusi-
vo ou não tenham sido apresentadas previamente com transparência, 
de forma clara e inequívoca.
Frise-se que a obtenção de consentimento especifico do titular não 
é exigida da Administração Pública, quando ela efetuar o tratamento 
de dados com base nos incisos II, III, IV, VI, VII, VIII, IX e X do art 7º 
da LGPD ou mesmo quando compartilhar os dados pessoais obtidos 
com outros órgãos ou entidades públicas para atender as exigências 
de determinada política pública ou para cumprir atribuição legal do 
órgão ou entidade. 
Por outro lado, a dispensa do consentimento não desobriga a Ad-
ministração das demais obrigações previstas na LGPD, especialmente 
da observância dos princípios gerais de proteção e da garantia dos 
direitos do titular.
Quanto à revogação do consentimento, a LGPD esclarece que ela 
poderá ocorrer, a qualquer momento, mediante manifestação expres-
sa do titular, por procedimento gratuito e facilitado, ratificados os tra-
tamentos realizados sob amparo do consentimento anteriormente 
manifestado enquanto não houver requerimento de eliminação, nos 
termos do inciso VI do caput do art. 18 da Lei.
Dados sensíveis
Como o próprio conceito sugere, tais dados demandam uma tutela 
jurídica diferenciada, pois podem sujeitar o titular a uma especial vul-
nerabilidade, qual seja: a discriminação. Isso porque quando se pensa 
em dados que mostrem a origem racial ou étnica, convicção religiosa, 
a condição de saúde, a vida sexual e a opinião política de determinada 
pessoa surge, inevitavelmente, a preocupação se haverá ou não no 
meio social discriminação e distinção dessa pessoa por conta de tais 
atributos inerentes a sua personalidade. 
Então como se daria essa tutela jurídica especial que envolve os 
dados sensíveis?
Primeiramente, é importante saber que os dados pessoais sensíveis 
também poderão ser tratados com base no consentimento do titular 
(via de regra). Diferentemente do que é previsto para o tratamento de 
dados em geral, contudo, o consentimento que legitima o tratamen-
to de dados sensíveis tem de ser específico, inequívoco e expresso 
e, ainda, o ser para finalidades determinadas. Nesse caso, sugere-se 
inclusive que o consentimento conste de cláusula destacada do instru-
mento jurídico celebrado.
É imprescindível, assim, que haja clareza nas informações que se-
rão passadas ao titular a respeito do tratamento que será feito com os 
seus dados pessoais sensíveis – assim como no caso de dados pesso-
ais não sensíveis -, sendo recomendável que se faça constar esses es-
clarecimentos nas políticas de privacidade dos agentes de tratamento. 
Em segundo lugar, o tratamento de dados pessoais sensíveis so-
mente poderá ocorrer nas hipóteses taxativamente listadas nos incisos 
do art. 11 da LGPD, observando-se, sempre, o postulado da boa-fé e 
os princípios de proteção do art. 6º da LGPD.
Também se permite o tratamento de dados pessoais sensíveis sem 
o consentimento do titular (é a exceção), desde que voltado, exclusi-
vamente, para o cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo 
controlador (art. 11, II, “a”); realização de estudos por órgão de pes-
quisa, garantida, sempre que possível, a anonimização dos dados pes-
soais sensíveis (art. 11, II, “c”); exercício regular de direitos, inclusive 
em contrato e em processo judicial, administrativo e arbitral (art. 11, II, 
“d”); proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de tercei-
ro (art. 11, II, “e”); tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento 
realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridadesanitária (art. 11, II, “f”) e garantia da prevenção à fraude e à segurança 
do titular, nos processos de identificação e autenticação de cadastro 
em sistemas eletrônicos (art. 11, II, “g”), hipóteses essas muito seme-
lhantes – mas não idênticas - àquelas previstas para o tratamento de 
dados pessoais em geral.
Ao contrário, porém, do que acontece com os dados pessoais em 
geral, não há previsão específica na LGPD para que seja realizado o 
tratamento de dados pessoais sensíveis com a finalidade de viabilizar 
a execução de contrato ou de procedimentos preliminares relaciona-
dos a contrato do qual seja parte o titular ou sob a justificativa de aten-
der ao legítimo interesse do controlador. 
No caso do Poder Público, algumas outras regras precisam ser ob-
servadas: 
a) é exigência da LGPD de que os órgãos e entidades públicas que 
realizarem o tratamento de dados sensíveis para o cumprimento de 
obrigação legal ou regulatória pelo controlador ou para o tratamento 
compartilhado de dados necessários à execução, pela Administração 
Pública, de políticas públicas previstas em leis ou regulamentos, deem 
a devida publicidade da dispensa de consentimento do titular, prefe-
rencialmente em seus sítios eletrônicos (art. 23, I);
b) o tratamento de dados pessoais sensíveis pelo Poder Público 
com base nas alíneas “c”, “d”, “e”, “f” e “g” do inciso II do art. 11 da 
LGPD, não exige o consentimento do titular, bem como dispensa a 
Administração de garantir a publicidade; e
c) o controlador, antes de efetuar o tratamento de um dado sen-
sível, deverá demonstrar que a situação fática posta enquadra-se em 
uma das alíneas, do inciso II, do art. 11 da LGPD, bem como justificar, 
de forma fundamentada, que o tratamento do dado sensível é indis-
pensável para a Administração.
Tratamento de dados sensíveis na saúde 
Sabidamente, dentre os setores que utilizam informações pessoais 
para diferentes finalidades, a área da saúde é um dos mais impactados 
pela LGPD. Afinal de contas, inúmeros dados sensíveis de pacientes fa-
zem parte de prontuários médicos e das informações que um hospital 
necessita para realizar o seu atendimento. 
No âmbito do SUS, por exemplo, existe uma cadeia interligada, que 
vai do ambulatório ao hospital, perpassando pelo laboratório, divisão 
de imagem, farmácia, paciente e agentes de saúde. 
Um ponto importante da LGPD na saúde é que o setor não está 
obrigado a ter o consentimento expresso do titular em todas as situ-
ações de tratamento de dados (são as hipóteses de exceção tratadas 
principalmente nos arts. 7º, 10 e 11. A dispensa ocorre nos casos de 
proteção à vida ou tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento 
realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade 
sanitária; obrigação legal ou regulatória; para execução de contratos 
com o titular dos dados; em processos judiciais ou administrativos; 
quando há legítimo interesse do controlador; ou, ainda, no caso de 
estudo por órgãos de pesquisa.  
A parte final do inciso VIII do art. 7º da LGPD, porém, deixou claro que 
a tutela da saúde refere-se exclusivamente a procedimento realizado 
por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitária.
Significa dizer que, no âmbito da assistência em saúde, aquelas 
prestadas tão somente por profissionais da área, a assinatura do con-
sentimento do titular para o tratamento de seus dados pessoais de 
saúde não é essencial à prestação do serviço. Logo, o profissional de 
saúde possui o dever de prestar a assistência, independentemente da 
assinatura de termo de consentimento pelo titular.
De qualquer modo, mesmo nos casos em que o consentimento 
não é necessário, clínicas, prontos-socorros e hospitais estão obriga-
dos a informar aos pacientes sobre a forma como os seus dados serão 
recolhidos e tratados. Recomenda-se, diante do princípio da transpa-
rência, que o profissional, hospital, pronto-socorro ou clínica, elabore 
uma declaração escrita, assinada pelo paciente, que se limite a infor-
mar que ele tomou conhecimento das informações.
Além disso, a Lei revela que é vedada a comunicação ou o uso com-
partilhado entre controladores de dados pessoais sensíveis referentes à 
saúde com objetivo de obter vantagem econômica, exceto nas hipóte-
ses relativas à prestação de serviços de saúde, de assistência farmacêu-
tica e de assistência à saúde, incluídos os serviços auxiliares de diagno-
se e terapia, em benefício dos interesses dos titulares de dados.
Percebe-se, assim, que agora o tratamento e o compartilhamento 
de dados da saúde só poderão ser realizados em benefício do titular 
(jamais com mero intuito lucrativo) e deverão coexistir com os prin-
cípios gerais previstos na Lei Geral de Proteção de Dados, para que 
haja o respeito à boa-fé, à finalidade do tratamento, adequação, limi-
tação do tratamento ao mínimo necessário para o cumprimento do 
seu propósito, garantia aos titulares do livre acesso aos seus dados, 
garantia da qualidade dos dados e de sua transparência, garantia de 
proteção aos dados, prevenção de danos em virtude do tratamento e 
a demonstração pelo agente de que adotou medidas eficazes e capa-
zes de comprovar a observância das normas de proteção.
Tratamento de dados sensíveis voltado à realização de estudos 
por órgãos de pesquisas
Deve-se recordar a regra aplicável aos órgãos de pesquisa, públi-
cos ou privados, quanto ao tratamento de dados pessoais, na realiza-
ção de estudos em saúde pública.
De acordo com a LGPD, sempre que possível, deve-se manter a 
anonimização ou pseudonimização dos dados pessoais obtidos, 
assim como a divulgação dos resultados ou de qualquer excerto do 
estudo ou da pesquisa, em nenhuma hipótese, poderá revelar dados 
pessoais, nem haver a transferência dos dados a terceiro. 
Ademais, a LGPD determina a adoção de práticas de segurança 
e a responsabilidade do órgão de pesquisa pela segurança da infor-
mação, visando a proteger os dados pessoais de eventual utilização 
indevida de terceiros. 
Tratamento de dados pessoais de crianças e de adolescentes
O tratamento de dados de crianças e adolescentes deve ser reali-
zado de acordo com o melhor interesse do menor, mediante consen-
timento específico e destacado dado por pelo menos um dos pais ou 
pelo responsável legal. 
O consentimento dos pais ou responsável legal é exigido ainda 
que se trate de execução de políticas públicas pelo controlador (o que 
não ocorre no caso dos maiores de 18 anos). 
Somente é dispensado referido consentimento em duas situações 
taxativamente previstas na LGPD: a) quando a coleta do dado for ne-
cessária para contatar os pais ou responsável legal; ou b) para a pró-
pria proteção da criança/adolescente. Nesses dois casos, os dados só 
poderão ser utilizados uma vez, vedado o seu armazenamento, e não 
poderão ser repassados a terceiro, salvo se houver consentimento es-
pecífico na forma preconizada pela LGPD.
Instituições de ensino, públicas ou privadas, deverão se adequar 
aos ditames preconizados na LGPD, a fim de garantir maior transpa-
rência e zelo quando do tratamento de dados pessoais de crianças e 
adolescentes estudantes. Portanto, é imprescindível que o agente de 
tratamento envide todos os seus esforços para colher o consentimen-
to do responsável legal desses estudantes, sendo seu o ônus da prova 
de que o consentimento foi dado. 
Dados anonimizados e pseudonimizados
A importância de se delimitar um dado como anônimo ou não é 
que a LGPD não se aplica a dados anonimizados.
Nesse aspecto, o legislador brasileiro optou pela utilização do cri-
tério da razoabilidade para delimitar o espectro dos dados pessoais. 
Assim, se para a ligação entre um dado e uma pessoa for demanda-
do esforço fora do razoável, não há que se falar em dados pessoais. 
O dado, nesse caso, será considerado como anônimo. Vale frisar que 
um dado só é considerado efetivamente anonimizado se não permitir 
que, por via meios técnicos e outros, reconstrua-se o caminho para 
descobrir quem era a pessoa titulardo dado - se de alguma forma a 
identificação ocorrer, então ele não é, de fato, um dado anonimizado.
A determinação do que é razoável deverá levar em consideração 
fatores objetivos, como custo e tempo necessários para reverter a 
anonimização, de acordo com as tecnologias disponíveis à época, e 
a utilização exclusiva de meios próprios. Finalmente, fica estabelecido 
que a Autoridade Nacional poderá dispor sobre padrões e técnicas 
utilizadas em processos de anonimização.
Já dados pseudonimizados são aqueles que, com a aplicação de 
diferentes estratégias de proteção, à primeira vista, podem parecer 
anônimos, mas, na realidade, permitem que o processo de anonimiza-
ção seja revertido. Apenas os dados anonimizados estão efetivamente 
fora do escopo da LGPD. Uma vez que os dados pseudonimizados não 
perderam a sua capacidade de identificar uma pessoa, eles ainda são 
protegidos pela Lei. 
É importante mencionar que, ao operar um processo de anonimi-
zação e manter a base de dados com todas as informações originais, 
o controlador não está anonimizando os dados em questão, mas me-
ramente adotando uma técnica de pseudonimização. Isso porque, ao 
manter a base de dados original em sua posse, o controlador pode, a 
qualquer momento, reverter o processo de anonimização e restaurar 
o caráter identificável dos dados.
Término do tratamento de dados
O término do tratamento dos dados é o evento que culmina no 
encerramento do tratamento e, via de regra, no descarte dos dados 
utilizados. As hipóteses de encerramento estão previstas nos incisos I 
a IV do art. 15 da LGPD, que assim dispõe: 
a) quando a finalidade foi alcançada ou os dados deixaram de ser 
necessários ou pertinentes ao alcance da finalidade específica alme-
jada: trata-se da concretização do princípio da finalidade previsto no 
art. 6º da LGPD, pois alcançada a finalidade pretendida com o dado 
coletado, o seu tratamento deverá ser encerrado;
b) fim do período de tratamento;
c) comunicação do titular, inclusive no exercício de seu direito de re-
vogação do consentimento, resguardado o interesse público: a LGPD 
estabelece como um dos direitos do titular dos dados, a possibilidade 
de revogação do consentimento dado, a qualquer tempo, devendo 
o agente de tratamento criar condições para que a revogação possa 
se dar da forma mais simplificada e clara possível. A partir da revo-
gação, o agente de tratamento deverá excluir os dados pessoais do 
revogante de seu banco de dados. Quando o Poder Público realizar 
o tratamento de dados, inclusive dados sensíveis, enquadrando-o em 
uma das hipóteses legais autorizadoras da dispensa de consentimen-
to, eventual ato de revogação por parte do titular não produzirá quais-
quer efeitos jurídicos na órbita do controlador, que poderá continuar 
realizando o tratamento; e 
d) determinação da Autoridade Nacional, quando houver violação 
a LGPD: havendo violação a algum dispositivo da LGPD, a Autoridade 
Nacional poderá determinar ao agente o fim do tratamento de dados 
pessoais, o que pode impactar severamente determinadas pessoas ju-
rídicas, em especial aquelas que efetuam rotineiramente o tratamento 
de dados pessoais. 
Término do tratamento e Administração Pública
No caso da Administração Pública direta ou indireta, a eliminação 
de dados pessoais tratados, deve obedecer, rigorosamente, as dis-
posições contidas na Lei Federal n. 8.159/19916 e na Lei Estadual n. 
8.543/20177.
Isso porque, os dados pessoais coletados pelo Poder Público pas-
sam a integrar o que se denomina “arquivo público” do órgão ou da 
entidade8 e, portanto, sua eliminação deve obedecer à classificação 
arquivística pertinente contida em tabela de temporalidade de docu-
mentos9.
Além disso, toda a eliminação de documentos no âmbito do Poder 
Executivo do Estado do Pará deverá ser precedida da Listagem de Eli-
minação de Documentos, de autorização prévia do Arquivo Público 
do Estado e da publicação de Edital de Ciência de Eliminação dos 
Documentos. Ao final, será levada a termo pelo Termo de Eliminação 
de Documentos. 
Frise-se, ainda, que caso um dado pessoal coletado pela Adminis-
6 Dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras provi-
dências.
7 Dispõe sobre a temporalidade de documentos públicos do Estado do Pará e dá 
outras providências.
8 Lei Estadual n. 8.543/2017: “Art. 1° - Entende-se por arquivos públicos as documen-
tações produzidas, recebidas e acumuladas por órgãos públicos da administração 
direta, autarquias, fundações, empresas públicas pelo Poder Público, bem como enti-
dades privadas encarregadas da gestão de serviços públicos”.
9 Lei Estadual n. 8.543/2017: “Art. 17 - São instrumentos básicos de gestão de docu-
mentos os Planos de Classificação de Documentos e as Tabelas de Temporalidade de 
Documentos”.
tração componha o conceito de documento de valor permanente10, 
mesmo após exaurida a finalidade da coleta, ele deverá ser definitiva-
mente preservado, jamais eliminado11.
Término do tratamento e conservação de dados pessoais
A regra é que os dados pessoais sejam excluídos após o término 
do tratamento.
Essa regra, além dos casos já relatados envolvendo a Administra-
ção Pública, admite quatro exceções, todas reguladas no  art. 16 da 
LGPD:
a) por cumprimento legal ou regulatório do controlador: ainda nes-
se caso devem ser mantidos apenas os dados necessários a essa fina-
lidade, descartando-se os demais;
b) destinada aos órgãos de pesquisa, que estão autorizados a 
conservar os dados pessoais mesmo após o término do tratamento, 
apenas para estudo, vedando-se a sua utilização para qualquer outra 
finalidade;
c) mediante a transferência dos dados a terceiro: essa previsão res-
10 Lei Estadual n. 8.543/2017: “Art. 9º Os documentos de arquivo são identificados 
como: (...) III - documentos permanentes aqueles com valor histórico, probatório e 
informativo, que devem ser definitivamente preservados;”.
11 Lei Estadual n. 8.543/2017: 
v“Art. 12 - Os documentos de arquivo de guarda permanente devem ser preservados, 
em razão das informações nele contidas, para a eficácia da ação administrativa, como 
prova, garantia de direitos ou fonte de pesquisa. 
Art. 13 - São considerados documentos de guarda permanente:
I - os indiciados nas Tabelas de Temporalidade de Documentos, que serão definitiva-
mente preservados;
II - os arquivos privados de pessoas físicas ou jurídicas declaradas de interesse público e
III - todos os processos, expedientes e demais documentos produzidos, recebidos ou 
acumulados pelos órgãos da administração pública estadual, considerados de valor 
histórico, probatório e informativo, a partir da primeira Constituição do Pará.
Art. 14 - Os documentos de guarda permanente não poderão ser eliminados após 
a microfilmagem, digitalização ou qualquer outra forma de reprodução, devendo 
ser preservados pelo próprio órgão produtor ou recolhidos ao Arquivo do Estado. 
Parágrafo único. Aqueles documentos recolhidos ao Arquivo do Estado, deverão estar 
avaliados, organizados, higienizados, acondicionados e acompanhados de instrumen-
to descritivo que permita sua identificação, acesso e controle”.
guarda o direito à portabilidade, isto é, o direito do titular de migrar os 
dados a outro fornecedor de serviço ou produto, desde que observa-
dos os direitos do titular e os princípios que regem a LGPD; e
d) em caso de uso exclusivo do controlador: quando o tratamento 
está condicionado à anonimização dos dados.
CAPÍTULO 3 - DIREITOS DO TITULAR
Noções gerais
Toda e qualquer análise em torno dos direitos do titular deve levar 
em consideração as pretensões de defesa e de intervenção. O objetivo 
mestre do legislador com a LGPD seria o de fazer com que o indivíduo 
(entendido como a “pessoa natural determinada ou determinável”) se 
torne, propriamente, o “senhor” de seus dados pessoais.
Assim, a LGPD se destina à proteção de direto complexo, dotado 
de característica preponderantemente extrapatrimonial, em todo caso 
relacionado à personalidadee, em especial, à tutela dos dados rela-
tivos à pessoa natural. Para a definição do que são dados relativos à 
condição de pessoa, deve-se ter em mente: a) primeiramente, aqueles 
dados vinculados ao nome de determinado titular ou cujo conteúdo 
ou contexto possa de alguma forma reconduzir, de modo imediato, à 
identificação do seu titular; e b) em segundo lugar, não sendo o caso 
de recondução imediata do dado concretamente à mão à informação 
a respeito de sua titularidade específica, há dado pessoal quando a 
identidade é, ainda assim, determinável por meio de uso de meios 
técnicos razoáveis e concretamente disponíveis.
A definição do que seria o “dado pessoal” é certamente relativa. É 
possível que a identidade seja “determinável” para um agente de tra-
tamento específico, mas não para o outro. Tudo depende, de fato, das 
capacidades eventuais e razoáveis de tratamento de dados de modo a 
permitir a determinação de seu titular, pelo que a legislação deve ser 
interpretada à luz das precauções necessárias em face dessa condição.
Deve-se considerar concretamente a seguinte pergunta a cada mo-
mento: O dado em questão corresponde a elemento capaz de condu-
zir, considerando a utilização de meios técnicos tanto razoáveis, como 
disponíveis por ocasião do tratamento, à definição da pessoa direta-
mente interessada ou afetada pelo seu tratamento? Caso a resposta a 
essa pergunta seja positiva, haverá necessidade de enquadramento 
da situação à luz dos limites da Lei Geral de Proteção de Dados.
Assim, a proteção da informação pessoal, nos termos da LGPD, 
deve ser realizada de forma mais ampla possível, até mesmo, pois, em 
respeito ao direito de autodeterminação informacional, já menciona-
do, a consideração sobre o que seria uma informação “relativa à inti-
midade, vida privada, honra e imagem” não pode ser realizada exclu-
siva ou preponderantemente por uma autoridade pública qualquer no 
silêncio de seu gabinete, à revelia de considerações sobre a situação 
concreta em que o tratamento de dados é possível.
A proteção de dados pessoais, ademais, não corresponde à mera 
garantia derivada da noção de “privacidade”, embora deva ser des-
tacada a existência de importantes sobreposições entre a tutela da 
privacidade e a proteção de dados pessoais. A proteção de dados 
também possui relevância inconteste mesmo ante a informação pes-
soal produzida e tratada em espaços públicos, quando há informação 
inegavelmente “pública”. Um exemplo nessa direção seria o caso do 
direito de acesso e retificação de que trata classicamente o habeas 
data, previsto inclusive na Constituição Federal de 1988, mas também 
seria o caso de se entender que a proteção de dados pessoais implica 
toda a gama de princípios destacados nos incisos do art. 6º da LGPD, 
bem como nos incisos do art. 18 da mesma Lei, todos os quais se apli-
cam ao setor público, irrestritamente. Assim, ainda que possa haver 
sobreposição entre a proteção da privacidade e a tutela dos dados 
pessoais, percebe-se a diferença entre um e outro, não havendo mo-
tivos para conferir interpretação restritiva à proteção conferida pela 
LGPD a partir daquilo que se entende como “esfera privada”.
Direitos em espécie
Os direitos reconhecidos pela LGPD não estão todos listados no art. 
18. Muito pelo contrário, estão espalhados ao longo dos dispositivos.
 Os direitos reconhecidos ao longo de toda a LGPD são ins-
trumentalizados e processualizados à luz das prerrogativas fixadas e 
estabelecidas no art. 18 da Lei.
 As prerrogativas são oponíveis tanto em face do controlador, 
como ante o próprio operador desses dados, ambos responsáveis 
pelo tratamento de dados, nos termos da legislação. 
Art. 18
- Confirmação da existência do tratamento e do acesso aos dados 
(art. 18, I e II)
Tanto a confirmação da existência de tratamento, quanto o acesso 
aos dados objeto de tratamento correspondem a prerrogativas que 
instrumentalizam e decorrem lógica e juridicamente dos princípios de 
“livre acesso” (que pressupõe, dentre outras condições, a gratuidade 
do acesso) e de “transparência” (art. 6º, IV e VI). 
A confirmação da existência de dados, considerando a necessida-
de de comunicação da finalidade do tratamento (art. 6º, I), a impor-
tância que o consentimento assume na nova legislação (art. 7º, I, e 8º), 
que nem todas as hipóteses de tratamento, todavia, exigem o con-
sentimento prévio do titular dos dados (art. 7º, II a X) e ante o direito 
existente ao “acesso facilitado” às informações sobre o tratamento (art. 
9º), prescinde da requisição do titular para ser efetivado.
Importante destacar, quanto ao acesso aos dados, em se tratando 
de tratamento realizado sobre dados pessoais de crianças e adoles-
centes, o art. 14, §6º, impõe que as informações “deverão ser forneci-
das de maneira simples, clara e acessível, consideradas as caracterís-
ticas físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais e mentais do 
usuário, com uso de recursos audiovisuais quando adequado, de for-
ma a proporcionar a informação necessária aos pais ou ao responsável 
legal e adequada ao entendimento da criança”.
Tal destaque decorre da determinação genérica de “acesso facilita-
do” de que trata em especial o art. 9º, devendo ser aplicado de forma 
extensiva a todo e qualquer indivíduo portador de qualquer forma de 
deficiência físico-psíquico-motora. 
Uma vez que os dados pessoais correspondem a emanações do 
direito da personalidade do indivíduo, os dados não são desatrelados 
dessa condição, mesmo após a confirmação do consentimento no seu 
tratamento, razão pela qual a gerência sobre os dados é sempre ga-
rantida ao seu titular, que pode revogar o consentimento a qualquer 
momento (arts. 8º, V, e 18, IX), bem como pode se opor ao tratamento 
realizado naquelas hipóteses de dispensa de consentimento, em caso 
de descumprimento ao disposto na Lei (art. 18, §2º).
O direito de acesso compreende todas aquelas informações cons-
tantes do art. 9º: (a) informação sobre a finalidade específica do tra-
tamento; (b) informações sobre a forma e duração do tratamento, 
observados os segredos comercial e industrial; (c) a identificação do 
controlador; (d) informações de contato do controlador; (e) informa-
ções acerca do uso compartilhado de dados pelo controlador e a fi-
nalidade; (f) as responsabilidades dos agentes que realizarão o trata-
mento; e (g) os direitos do titular, com menção explícita aos direitos 
contidos no art. 18 desta Lei.
O direito de acesso é complementado pelo art. 19, o qual estabele-
ce prazos e as formalidades mínimas para o fornecimento das informa-
ções solicitadas. Tratando-se de solicitação em “formato simplificado”, a 
disponibilização da informação deve ser realizada de modo imediato. 
Somente naquelas hipóteses em que são requeridas informações que 
devam ser disponibilizadas por meio de “declaração clara e completa” 
é que se confere, para o seu fornecimento, o prazo de 15 (quinze) dias 
(dias corridos, diga-se), contados da data do requerimento do titular.
- Correção de dados incompletos (art. 18, III)
A correção de dados incompletos, por sua vez, é decorrência do 
princípio da qualidade dos dados (art. 6º, V).
A correção de dados deve ser realizada de forma imediata pelos 
agentes de tratamento com os quais se tenha realizado o uso compar-
tilhado dos dados (art. 18, §6º).
- Anonimização, bloqueio ou eliminação de dados desnecessários, 
excessivos ou tratados em desconformidade com a LGPD (art. 18, IV)
O titular dos dados possui a prerrogativa da “anonimização” dos 
dados. Uma vez anonimizados de forma eficaz, os dados deixam de 
ser regidos pela LGPD, pois, na forma da definição legal, perdem a 
qualidade de “dados pessoais”.
Por sua vez, o bloqueio de dados, na forma das definições forneci-
das diretamente pela LGPD, corresponde à “suspensão temporária de 
qualquer operação de tratamento, mediante guarda do dado pessoal 
ou do banco de dados”. Tal suspensão corresponde tanto de um direito 
do titular (pelo próprio art. 18, III)como uma espécie de sanção prevista 
na legislação, a ser imposta pela Autoridade Nacional (art. 52, X e XI).
Por fim, a eliminação dos dados desnecessários, excessivos ou 
tratados em desconformidade com a legislação também decorre do 
princípio da necessidade (art. 6º, III). 
Uma vez verificadas as situações de desnecessidade, excesso e 
desconformidade legal, por definição, a eliminação é de rigor, como 
decorrência lógica da promessa de minimização dos dados pessoais à 
disposição do tratamento.
Nas hipóteses de comunicação e uso compartilhado de dados, 
o art. 18, §6º, da LGPD estabelece que o “responsável deverá infor-
mar, de maneira imediata, aos agentes de tratamento com os quais 
tenha realizado uso compartilhado de dados a correção, a eliminação, 
a anonimização ou o bloqueio dos dados, para que repitam idêntico 
procedimento”, havendo exceção a esse dever unicamente quando se 
tratar daqueles casos em que essa “comunicação seja comprovada-
mente impossível ou implique esforço desproporcional”. A legislação 
não especifica o que deve ser entendido por desproporcionalidade 
do esforço de comunicação, pelo que a matéria ainda depende de 
ulterior conformação normativa.
- Portabilidade (art. 18, IV)
Trata-se de decorrência normativa do fundamento inscrito no art. 
2º, II, da LGPD, o qual afirma a essencialidade da “autodeterminação 
informativa” do titular dos dados para a proteção de dados pessoais 
no Brasil.
A legislação, ao tratar do tema, não dispõe especificamente se a 
portabilidade corresponderia a caso de mero compartilhamento de 
dados, com a manutenção de dois bancos de dados paralelos com 
a mesma informação, ou se haveria transferência de responsabilida-
de pelo seu tratamento, mediante a cessão dos dados entre arquivos 
diferentes, com a consequente obsolescência da informação contida 
no primeiro banco de dados. Pressupõe-se que, a depender do caso, 
ambas as possibilidades podem ser configuradas, o que demanda al-
gum cuidado do responsável pelo tratamento. Essa diferença não é 
meramente teórica, uma vez que, em se tratando de transferência de 
dados no segundo sentido sugerido, impõe-se a eliminação do dado 
desnecessário.
A prerrogativa é regulamentada adiante pelo art. 18, §7º, de modo 
que a portabilidade não pode incluir os dados já anonimizados do titular. 
Especialmente no que diz respeito aos dados sensíveis, ademais, a 
LGPD traz disposição específica no art. 11, §4º, I, ao dispor sobre a ve-
dação de “comunicação ou o uso compartilhado entre controladores 
de dados pessoais sensíveis referentes à saúde com objetivo de obter 
vantagem econômica”, encontrando-se, dentre as exceções a essa ve-
dação, a hipótese da portabilidade de dados quando solicitada pelo 
titular. Assim, é possível ao titular de dados solicitar a portabilidade de 
dados sensíveis, quando então será permitida a sua comunicação e 
seu uso compartilhado.
- Eliminação dos dados tratados com o consentimento do titular 
(art. 18, VI)
Em complemento ao art. 18, IV, e ao art. 16, o art. 18, VI, dispõe 
a respeito da eliminação de dados tratados licitamente, mediante o 
consentimento do titular.
Assim, mediante requerimento expresso, o titular pode solicitar a 
“exclusão de dado ou de conjunto de dados armazenados em banco 
de dados, independentemente do procedimento empregado” (art. 5º, 
XIV). Trata-se de procedimento definitivo e irreversível.
- Informações das entidades públicas ou privadas com as quais o 
controlador realizou uso compartilhado de dados (art. 18, VII)
A Lei Geral de Proteção de Dados admite o compartilhamento de 
dados entre agentes de tratamento à informação, contudo, determina a 
necessidade de se informar o titular a respeito. Apesar de a legislação 
silenciar tanto quanto à necessidade de informar os dados de qualifica-
ção das entidades públicas e privadas com as quais houve compartilha-
mento, tal exigência decorre do princípio de transparência e encontra 
seu fundamento na premissa de autodeterminação informativa.
- Informações sobre a possibilidade de não fornecer consentimen-
to e sobre as consequências da negativa (art. 18, VIII)
Como decorrência lógica do princípio da transparência e com fun-
damento tanto na boa-fé como no direito à autodeterminação infor-
macional, o titular possui direito de ser informado sobre as consequ-
ências da negativa de seu consentimento.
- Revogação do consentimento (art. 18, IX)
Nas hipóteses do art. 7º, I, o consentimento corresponde ao funda-
mento do tratamento de dados, podendo tal autorização expressa ser, 
de semelhante forma, revogada. Tal revogação pode ser solicitada a 
qualquer tempo, mediante procedimento gratuito e facilitado, tratan-
do-se de direito potestativo do titular.
A revogação do consentimento não comporta a determinação para 
a eliminação automática dos dados coletados validamente, pelo que 
o ideal é que a requisição de eliminação, caso venha a ser solicitada 
juntamente com a revogação do consentimento (de que trata o art. 18, 
III), seja feita de forma expressa.
Art. 20.
O art. 20, da LGPD, especificamente no caput e no §1º, dispõe so-
bre os direitos à explicação e à revisão de dados, respectivamente.
Segundo a doutrina aplicada ao dispositivo12:
“Enquanto o direito à explicação diz respeito ao direito 
de receber informações suficientes e inteligíveis que per-
mitam ao titular dos dados entender a lógica e os crité-
rios utilizados para tratar seus dados pessoais para uma 
ou várias finalidades (§1º), o direito à revisão compreende 
o direito do titular de requisitar a revisão de uma decisão 
totalmente automatizada que possa ter um impacto nos 
seus interesses, principalmente os relacionados à defini-
ção de seu perfil pessoal, profissional, de consumo e de 
crédito ou os aspectos de sua personalidade (caput)”. 
Com o veto do art. 20, §3º, da LGPD, quando da promulgação da 
Lei Federal n. 13.853/2019, foi excluída a previsão expressa que ga-
rantia a revisão humana das decisões proferidas pelos computadores. 
Apesar da revogação, entretanto, a possibilidade de assim proceder 
continua a existir normalmente. Especialmente no que tange à Admi-
12 MULHOLLAND, Caitlin (Org). A LGPD e o novo marco normativo no Brasil. Porto 
Alegre: Arquipélago, 2020, p. 345.
nistração Pública, ademais, tal possibilidade corresponde a verdadei-
ro poder-dever do gestor em face do tratamento de dados pessoais, 
não havendo qualquer óbice à revisão do entendimento adotado pela 
máquina de forma automatizada, sempre que tal medida vier a aten-
der, de forma equânime e razoável, à finalidade jurídica legitimamente 
projetada pela Administração.
CAPÍTULO 4 - TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS PELO 
PODER PÚBLICO
Noções gerais
O ponto de partida, no caso de tratamento de dados pessoais pelo Po-
der Público, é verificar, no caso concreto, qual a base legal será utilizada 
para a operação. E isso porque a Administração encontra-se jungida ao 
princípio constitucional da legalidade, necessitando, sempre, estar ampara-
da em lei para as suas ações, o que inclui o tratamento de dados pessoais.
Nesse sentido, o art. 23 da LGPD preconiza que o tratamento de 
dados pessoais pelo Poder Público deverá ser realizado, independen-
temente do consentimento do titular (art. 11, II) para o atendimento 
de sua finalidade pública, na persecução do interesse público, com o 
objetivo de executar as competências legais ou cumprir as atribuições 
legais do serviço público. 
Mesmo nesses casos, o tratamento só será válido se forem dispo-
nibilizadas ao titular do dado informações claras e atualizadas sobre 
a previsão legal autorizadora da operação, a finalidade, os procedi-
mentos e as práticas utilizadas pelo Poder Público. De acordo com a 
LGPD, tais informações devem ser disponibilizadas preferencialmente 
nos sítios eletrônicos dos agentes de tratamento13. Além disso, a LGPD 
exige que seja indicado um encarregado responsável pela operação 
de tratamento de dados. 
Tratamento de dados pessoais pelos serviços notariaise de registro
Os serviços notariais e de registro exercidos em caráter privado, 
por delegação do Poder Público, receberam da LGPD o mesmo trata-
13 A Autoridade Nacional de Proteção de Dados poderá dispor sobre outras formas 
de publicidade para as operações de tratamento no âmbito do Poder Público.
mento conferido às pessoas jurídicas de direito público integrantes da 
Administração Pública direta ou indireta. 
Assim, somente podem efetuar o tratamento de dados pessoais 
para a persecução do interesse público, respeitados os princípios de 
proteção do art. 6º, e desde que sejam fornecidas as informações ao 
titular dos dados e nomeado um encarregado. 
Sobre o tema, o Conselho Nacional de Justiça editou o Provimento 
n. 74, de 31 de julho de 2018, o qual dispõe sobre padrões mínimos 
de tecnologia de informação para a segurança, integridade e dispo-
nibilidade de dados para a continuidade da atividade pelos serviços 
notariais e de registro no Brasil. 
O Provimento está em perfeita consonância com a LGPD, pois pre-
coniza que os serviços notariais e de registro exercidos por delegação 
do Poder Público mantenham disponíveis informações claras sobre o 
tratamento de dados que realizam, inclusive contendo a obrigação 
prevista no §5º do art. 23 da LGPD, no que atina ao fornecimento de 
dados pessoais, por meio eletrônico, à Administração Pública para o 
atendimento de sua finalidade. 
Tratamento de dados pessoais pelas estatais
As empresas públicas e as sociedades de economia mista são inte-
grantes da Administração Pública indireta e consideradas instrumen-
tos de atuação do Estado na consecução de seus fins. 
Sabe-se que as atividades desempenhadas pelas estatais podem 
ser tanto a prestação de serviços públicos, quanto a exploração de 
atividade econômica, mas nesse último caso somente se houver im-
perativos de segurança nacional ou relevante interesse público, nos 
termos do que preconiza o art. 173 da Constituição Federal de 198814. 
14 Constituição Federal de 1988: “Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons-
tituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida 
quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse 
coletivo, conforme definidos em lei.”.
Quando explorarem atividade econômica, as estatais se sujeitam 
ao regime jurídico das empresas privadas (art. 173, §1º, inciso II, da 
CF/1988), e isso inclui a operação de tratamento de dados pessoais 
que porventura realizem. No caso do BANPARÁ, por exemplo, quando 
estiver comercializando produtos bancários ou financeiros no merca-
do, estará sujeito à LGPD do mesmo modo que os entes privados. 
No caso de prestação de serviços públicos pelas estatais ou quan-
do estiverem operacionalizando políticas públicas, contudo, eventu-
al tratamento de dados pessoais realizado se dará de forma idêntica 
àquela aplicada pelos órgãos e entidades do Poder Público. 
Compartilhamento de dados pessoais na Administração Pública
Há que diferenciar, quanto ao compartilhamento de dados, duas 
situações, que ensejam consequências jurídicas diversas ao Poder Pú-
blico. 
A primeira diz respeito ao uso de dados pessoais compartilhados 
pela Administração Pública. A LGPD o permite, desde que tenha por 
objetivo: a) atender a finalidades específicas de execução de políticas 
públicas; e b) cumprir atribuição legal pelos órgãos e pelas entidades 
públicas, respeitados os princípios de proteção de dados pessoais 
elencados no art. 6° da Lei.
Situação completamente diferente é o compartilhamento dos da-
dos pessoais constantes na base de dados da Administração Públi-
ca a pessoas jurídicas de direito privado. Nesse caso, a LGPD possui 
regramento específico, permitindo que o Poder Público compartilhe 
informações de seus bancos de dados, desde que: a) os dados sejam 
acessíveis publicamente; b) haja previsão legal ou a transferência for 
respaldada em contratos, convênios ou instrumentos congêneres; c) a 
transferência dos dados objetive exclusivamente a prevenção de frau-
des e irregularidades, ou vise à proteção e resguardo da segurança e 
da integridade do titular dos dados, vedado o tratamento para outras 
finalidades; e d) seja caso de execução descentralizada de atividade 
pública que exija a transferência, exclusivamente para esse fim espe-
cífico e determinado.
Ademais, caso o Poder Público vislumbre, no caso concreto, não se 
encaixar em nenhuma das hipóteses legais autorizadoras do compar-
tilhamento de dados pessoais com um ente privado, e, mesmo assim, 
pretenda efetuar o compartilhamento, deverá, obrigatoriamente, pre-
encher aos seguintes requisitos: a) obter o consentimento expresso e 
destacado do titular do dado; e b) comunicar à Autoridade Nacional. 
Em qualquer caso, deve-se ter em mente que o Poder Público, ao 
usar dados compartilhados ou efetuar o compartilhamento de dados 
constantes em sua base, deverá sempre perseguir o interesse público, 
não podendo agir sob fins não contemplados na Lei.
Interoperabilidade dos dados pessoais
Interoperabilidade é a capacidade de um sistema se comunicar de 
forma transparente (ou o mais próximo disso) com outro sistema, se-
melhante ou não ao seu. 
A LGPD privilegia, no seu art. 25, a interoperabilidade no âmbito do 
Poder Público, afirmando que os dados pessoais devem ser mantidos 
em formato interoperável e estruturado com vistas à execução de polí-
ticas públicas, à prestação de serviços públicos, à descentralização de 
atividade pública e à disseminação e o acesso das informações pelo 
público em geral.
Assim, órgãos e entidades da Administração Pública deverão atuar 
de forma integrada em seus sistemas, de modo a facilitar o compartilha-
mento de dados, visando à prestação de serviços públicos e à execução 
de políticas públicas em benefício do cidadão, respeitados os protoco-
los de segurança da informação e a proteção dos dados pessoais. 
Um banco de dados adequado, certamente, pode ajudar na imple-
mentação de inúmeras políticas públicas, e, em última análise, melho-
rias para a população local. No entanto, é imprescindível que os da-
dos coletados possam transitar entre os diversos órgãos e entidades 
públicas de forma interoperável e estruturada, sem perder de vista a 
finalidade precípua do compartilhamento, que é a proteção do inte-
resse público. 
Autoridade Nacional e normas complementares
Visando a dar maior proteção ao cidadão, a LGPD dispõe, ainda, 
que a Autoridade Nacional poderá estabelecer normas complemen-
tares, além das previstas na Lei, para regular a comunicação e o com-
partilhamento de dados pessoais pelo Poder Público. 
Responsabilidade por infração à LGPD
A LGPD trata de forma específica a responsabilidade do Poder Pú-
blico por infração as suas regras. Diferentemente dos entes privados, 
órgãos e entidades públicas não estão sujeitos a sanções pecuniárias.
Havendo infração em decorrência do tratamento de dados pesso-
ais pelo Poder Público, a Autoridade Nacional poderá enviar informe 
com medidas cabíveis para fazer cessar a violação e também poderá 
solicitar a agentes do Poder Público a publicação de relatórios de im-
pacto à proteção de dados pessoais e sugerir a adoção de padrões e 
de boas práticas para os tratamentos de dados pessoais, conforme os 
arts. 31 e 32.
CAPÍTULO 5 - AGENTES DE TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
Agentes
A LGPD trouxe diversos conceitos quanto aos agentes - controlador, 
operador e encarregado -, que se distinguem, inclusive, para fins de res-
ponsabilização (art. 37 e ss.), conforme estabelecido no Capítulo I.
Impende notar que os papeis ficam bem definidos na LGPD, em 
que o controlador está obrigado a fornecer instruções ao operador, 
que àquele se vincula hierarquicamente (art. 39). Caberá ao controla-
dor verificar a observância de suas instruções e das normas alusivas 
à matéria. Veja-se que a atuação do operador não se limita a cumprir 
apenas as instruções do controlador, mas adotar medidas em obser-
vância à legislação e de natureza

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