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Furto e Roubo Crimes contra o patrimônio Anaclara Valentim Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 1 Proteção Constitucional > O artigo 5º, da Constituição Federal assegura, aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país, a inviolabilidade do direito à propriedade. Desta feita, a previsão constante do Código Penal que tutela o patrimônio é consonante aos ditames constitucionais e viabiliza a proteção do direito fundamental assegurado na Carta Magna. 2 Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 2 Localização no Código Penal Título II – Crime Contra o Patrimônio Do Furto – Capítulo I Do Roubo e da Extorsão – Capítulo II > A importância da localização do bem jurídico tutelado no diploma legal, juntamente com a análise das penas cominadas aos tipos penais, evidencia a importância dada aos mesmos pela Política Criminal em momentos distintos: eleição para tutela penal e grau de importância para a sociedade. 3 Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 3 Do Furto Simples 4 Artigo 155, caput, CP – Furto Simples: Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel Pena: reclusão de 1 a 4 anos + multa Consumação: momento em que o objeto deixou de ser detido por quem de direito e passou a ser detido pelo furtador; mudança da esfera de custódia. O furto se consuma tão logo a coisa furtada saia da esfera de vigilância ou proteção da vítima. Posse mansa e pacífica: não é essencial para a configuração do crime; apenas a retirada da disponibilidade da vítima. Isso porque o tipo penal é material, ou seja, requer a produção de um resultado naturalístico – a retirada do objeto da esfera de proteção. (Posição majoritária na jurisprudência) O tipo penal exige a exigência de elemento subjetivo específico: dolo, não existindo a previsão legal da modalidade culposa do tipo – portanto o furto de uso não configura o tipo penal em comento Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 4 Conceito de Coisa Entende-se por coisa tudo aquilo que existe, incluindo objetos inanimados ou semoventes, desde que possua valor econômico. Coisa de estimação – se não possui valor econômico, não pode ser objeto de furto Cadáver – apenas se tiver valor econômico, caso contrário configurará crime contra o respeito aos mortos Coisa abandonada, sem dono ou perdida – nas duas primeiras hipóteses como a coisa não integra o patrimônio de terceiro, não é possível ser objeto de furto; na última hipótese o crime em tela será o de apropriação indébita Coisa de pouco valor – princípio da insignificância 5 Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 5 Talão de cheque – tem valor econômico, então pode ser objeto de furto Túmulos e sepulturas – depende do que foi subtraído Cartão bancário – não pode ser objeto de furto Imagem – não é palpável OBS.: a coisa furtada deve SEMPRE ser de propriedade ALHEIA OBS2.: necessita ser móvel, que possa ser descolada de uma lugar para outro – não se trata da definição constante do CCB 6 Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 6 Repouso Noturno – causa de aumento 7 Conceito: período do pôr do sol até o alvorecer O fato da subtração se dar durante o chamado “ repouso noturno” aumenta a gravidade do delido, haja vista a menor vigilância – diminuição da esfera de proteção – que se abate dobre a propriedade. Condição essencial: ocorrência durante o período noturno Nesse sentido, entendeu por bem o legislador prever o aumento de 1/3 da pena na 3ª fase de dosimetria Posição majoritária da jurisprudência: aumento cabível apenas na furto simples Posição dissonante: Nucci + STF – cabimento nas formas qualificadas § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 7 Privilégio 8 Em sentido amplo: pode diminuir a pena, substituir a reclusão por detenção (modificação do regime e estabelecimento de cumprimento de pena), ou aplicação isolada de multa O fato da subtração se dar durante o chamado “ repouso noturno” aumenta a gravidade do delido, haja vista a menor vigilância – diminuição da esfera de proteção – que se abate dobre a propriedade. Condição essencial: requisitos concomitantes – réu primário + coisa de pequeno valor Pequeno valor é diferente de valor ínfimo: o primeiro deve ser constatado através da verificação do valor da coisa em si (STJ usa como parâmetro o valor do salário mínimo), enquanto o segundo gera atipicidade pelo princípio da insignificância Primariedade: não reincidência Aplicação às figuras qualificadas: jurisprudência majoritária entende que não se aplica; em contrário Nucci e STF § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 8 Equiparação à coisa móvel 9 Legislador equiparou a energia elétrica e outra qualquer que possua valor econômico, incluído sinal de internet e TV à cabo § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 9 Do Furto Qualificado 10 Conceito de qualificadora: trata-se de circunstância específica que torna o tipo penal mais gravoso. Desta feita, por ter esse acréscimo ao tipo básico, também haverá alteração dos parâmetros da pena, tanto no mínimo quanto no máximo. Exemplo: enquanto o furto simples de pena cominada de 1 a 4 anos de reclusão + multa, o furto qualificado tem a pena cominada de 2 a 8 anos de reclusão + multa. Alteração da pena base: 1ª fase de dosimetria da pena Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 10 Qualificadoras em espécie 11 §4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. Destruição: aniquilação, fazer desaparecer Rompimento: fazer em pedaços, estragar. Basta o rompimento parcial para configurar a qualificadora Obstáculo: embaraço, barreira que dificulta ou impede o acesso Necessidade do exame de corpo de delito: no STJ há posições conflitantes – deixando vestígios o crime há imprescindibilidade do exame (art. 158, CPP) x o exame pode ser substituído pelo auto de constatação ou depoimento de testemunhas Abuso de confiança: traição de um sentimento de segurança, que deve ser verificada no caso concreto Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 11 Fraude: manobra engenhosa destinada a enganar outrem, forma de ludibriar a confiança, criação de situação que induza a erro. É um modo particularizado de abuso de confiança Escalada: subida a algum lugar, galgar um local mais alto Necessidade de laudo pericial: STJ, em regra, entende pela necessidade da realização. Excepcionalmente, este pode ser substituído por depoimentos testemunhais. Destreza: especial agilidade ou habilidade Chave falsa: instrumento destinado a abrir fechaduras ou fazer funcionar aparelhos Concurso de agentes: reunião de mais de um agente para a prática do furto 12 Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 12 Qualificadoras em espécie 13 § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. Explosivo: substância inflamável, capaz de produzir explosão, abalo seguido de forte ruído causado pelo seguimento repentino de uma energia física ou expansão de gás Artefato análogo: todos os produtos que possam produzir resultado similar Perigo comum: probabilidade de dano a um número indeterminado de pessoas. Deve serverificado no caso concreto Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 13 Qualificadoras em espécie 14 § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. A presença da fraude é essencial à configuração dessa qualificadora, não bastando o emprego de meios eletrônicos ou informáticos O emprego de dispositivo informático há que ser “meio” ou “instrumento” para a prática do crime, não apenas integrante da conduta ou forma de o agente obter a subtração. Os dispositivos eletrônicos são o gênero de que os dispositivos informáticos são a espécie. Ou seja, um dispositivo eletrônico não necessariamente será também informático. No caso da qualificadora podem ser utilizados, por exemplo, cartões eletrônicos, cartões com chip etc. Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 14 Qualificadoras em espécie 15 § 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso: I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional; II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. Inciso I: Para além da afetação indireta da Soberania Nacional, é relevante o fato de que essa espécie de artifício dificulta sobremaneira as investigações dessa espécie de ilícito e, consequentemente, a punição dos culpados e o eventual ressarcimento das vítimas. O que precisa estar fora do país não é o agente, mas sim o servidor. Inciso II: O que justifica o aumento são as condições especiais de hipossuficiência das vítimas. O idoso é aquela pessoa com 60 anos completos ou mais, nos estritos termos do artigo 1º., da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso). Por seu turno, os “vulneráveis” são aquelas pessoas designadas no artigo 217 – A e § 1º., CP - os menores de 14 anos, os enfermos ou deficientes mentais sem discernimento e as pessoas que, por qualquer outra causa, sejam incapazes de ofertar resistência. Observe-se que a incapacidade de resistência nos casos de furto mediante fraude diz respeito à resistência de natureza intelectual e não física, já que o furto é um crime não informado por violência ou grave ameaça. Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 15 Qualificadoras em espécie 16 § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. Veículo automotor: todo veículo dotado de um motor de propulsão que circule por seus próprios meios Ausência de multa na pena Deve haver o descolamento do veículo para outro Estado da Federação ou para outro país (requer resultado naturalístico) DF se equipara a outro Estado da Federação A incidência da qualificadora requer o conhecimento e anuência dos agentes Predominância sobre as demais qualificadoras Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 16 Qualificadoras em espécie 17 § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. Semoventes: animais, que podem ser domesticáveis (mansos, aptos a se tornarem caseiros) de produção (que podem atingir larga escala) Exemplos: bois, vacas, galinhas, ovelhas, etc. Abatidos: mortos Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 17 Qualificadoras em espécie 18 § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. Objeto da subtração: coisa perigosa que possibilite explosão e gere perigo comum Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 18 Furto de coisa comum 19 Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 1º - Somente se procede mediante representação. § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. Objeto da subtração: coisa que não é completamente alheia; que pertence a mais de uma pessoa Possui sujeitos ativos especiais: condômino, coerdeiro ou sócio Possui sujeitos passivos especiais: demais coproprietários, sucessores ou sócios Elemento subjetivo: dolo Detenção legítima: conservação da coisa em seu poder, em virtude de lei Ação penal pública condicionada Exclusão de ilicitude: fungibilidade da coisa subtraída – possibilidade de substituição por outra de mesma espécie, quantidade e qualidade Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 19 Roubo 20 Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Crime complexo: furto + violência ou grave ameaça; protege bens além do patrimônio Não se aplica princípio da insignificância – a existência de violência ou grave ameaça, que não podem ser consideradas de menor relevância, excluem a aplicação Não serve a violência exercida contra a coisa; deve obrigatoriamente atingir a pessoa Elemento subjetivo: dolo Grave ameaça: prenúncio de um acontecimento com força intimidativa Violência: toda forma de constrangimento físico ou força (física ou moral), incluindo a “trombada” Consumação: na retirada do bem da esfera de disponibilidade e vigilância da vítima Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 20 Roubo 21 § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. Configuração do chamado roubo impróprio: o autor da subtração consegue a coisa sem empregar violência ou grave ameaça, mas emprega-os após ter a detenção do bem, com o objetivo de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa roubada Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 21 Roubo 22 § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; Previsão de legal de causas de aumento Múltiplas causas incidentes: Tribunais Superiores entendem que deve haver elevação suficiente para punir o agente de forma justa, sem que haja um critério matemático fixo (Ressalvas da palestrante) Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 22 Arma: instrumento utilizado para defesa ou ataque Arma branca: que não é de fogo Brinquedo: deve ser capaz de intimidar a vítima e aumentar o temor e diminuir sua resistência. Nucci opina que pela impropriedade, não deve configurar aumento, mas apenas integrar o tipo penal básico (grave ameaça), enquanto o STJ diverge dessa posição. Transporte de valores requer que o agente conheça a situação Restrição da liberdade da vítima: o agente segura a vítima por tempo superior ao necessário para garantir a subtração 23 Cliquepara editar o estilo de título Mestre ‹nº› 23 Roubo 24 § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. Nova causa de elevação de pena Havendo diversas causas de aumento, de acordo com o art. 68, do CP, todas elas poderão ser aplicadas ou apenas a que aumentar mais a pena Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 24 Roubo 25 § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. Armas de uso restrito e proibidas constam de decretos emitidos pelo Presidente da República Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 25 Roubo 26 § 3º Se da violência resulta: I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. Hipóteses de delito agravado pelo resultado: dolo na conduta antecedente e culpa da conduta subsequente Lesão corporal grave – artigo 129, §1º: a) incapacidade para ocupações habituais por mais de 30 dias; b) perigo de vida; c) debilidade permanente de membro, sentido ou função; e d) aceleração de parto Latrocínio: crime hediondo. O resultado morte deve ser consequência da violência empregada no roubo ou em razão dele. Se aplica ainda que o indivíduo morto não seja a vítima do crime, mas apenas alguém envolvido no contexto/cenário Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 26 Obrigado Clique para editar o estilo de título Mestre ‹nº› 27