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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA - APOSTILA

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Lidia Leite

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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E 
DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 3 
Objetivo da disciplina 3 
Objetivos específicos 3 
Habilidades e competências a serem alcançadas 3 
Ementa da disciplina 3 
 
1. FISIOLOIA DO SISTEMA ENDÓCRINO 5 
Introdução 5 
Sinalização celular 5 
Tipos de hormônios 7 
Função dos hormônios 8 
Glândulas 9 
Feedbacks negativo e positivo 11 
Sistema endócrino 11 
 
2. HORMÔNIOS MAIS RELEVANTES PARA O SER HUMANO
 13 
Introdução 13 
Hormônios sintetizados pelo pâncreas – insulina e 
glucagon 13 
Hormônios sintetizados pela tireoide – paratormônio e 
calcitonina 15 
Demais hormônios relevantes produzidos no organismo 
humano 16 
 
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 27 
 
 
 3 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
Profa. Dra. Audrey Yule Coqueiro 
 
Objetivo da disciplina 
Abordar, de forma detalhada, a fisiologia do sistema endócrino humano. 
 
Objetivos específicos 
Descrever a fisiologia do sistema endócrino humano. 
Descrever a função e a atuação dos hormônios mais relevantes do sistema 
endócrino humano. 
 
Habilidades e competências a serem alcançadas 
Compreender a fisiologia do sistema endócrino, bem como a função e a 
atuação dos hormônios mais relevantes pertencentes a este sistema. 
 
Ementa da disciplina 
Abordar detalhadamente a fisiologia do sistema endócrino humano, 
incluindo a função e a atuação dos principais hormônios envolvidos neste 
sistema. As informações incluídas nessa apostila são baseadas em evidências 
científicas bem consolidadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
1. FISIOLOIA DO SISTEMA ENDÓCRINO 
Introdução 
O sistema endócrino é um dos 
mais relevantes do organismo 
humano, pois controla, juntamente 
com o sistema nervoso, o 
metabolismo - isto é, as reações 
catabólicas e anabólicas que 
ocorrem no organismo. 
A união destes sistemas – 
endócrino e nervoso – é tão 
significativa que, por vezes, a 
literatura apresenta o termo sistema 
neuroendócrino, representando a 
atuação mútua destes sistemas. 
Em razão da importância do 
sistema neuroendócrino na 
homeostase do organismo, a 
presente seção objetiva abordar a 
fisiologia deste sistema. 
 
Sinalização celular 
Antes de abordar o sistema 
endócrino e a sua fisiologia, é 
importante compreender os 
principais tipos de sinalização 
celular, os quais são: autócrina, 
parácrina e endócrina. 
A sinalização autócrina é aquela 
em que a célula libera um 
sinalizador no meio extracelular, o 
qual irá atuar na própria célula que 
o liberou. 
A sinalização parácrina é aquela 
em que a célula libera um 
 
 
6 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
sinalizador que irá atuar em uma 
célula vizinha à célula que o liberou. 
Finalmente, a sinalização 
endócrina ocorre quando a célula 
libera um sinalizador, o qual vai 
para a corrente sanguínea e atua em 
uma célula que se situa distante à 
célula que o liberou. 
Na figura 1 são apresentados 
os tipos de sinalização celular. 
 
Figura 1. Formas de sinalização celular – autócrina, parácrina e 
endócrina. 
Retirado de: Google Imagens em 16 de setembro de 2020. 
Os hormônios, em sua maioria, 
atuam por meio de sinalização 
endócrina - isto é, são liberados na 
corrente sanguínea e atuam em 
células que situam distantes da 
célula que os emitiu. 
 
 
7 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
É importante ressaltar que os 
hormônios atuam apenas nas 
células que apresentem receptores 
específicos à ação deste hormônio. 
Estes receptores podem estar 
localizados na membrana 
plasmática ou na membrana nuclear 
da célula. Logo, a atuação hormonal 
é altamente especializada a 
determinado tipo celular, tecido 
e/ou órgão. 
 
Tipos de hormônios 
De acordo com a sua 
característica química, os 
hormônios podem receber 
diferentes classificações, como os 
hormônios proteicos e os hormônios 
lipídicos. Normalmente, os 
hormônios lipídicos são derivados 
de esteroides e sintetizados a partir 
do colesterol circulante pelo córtex 
supra-renal e pelas gônadas. Estes 
hormônios, em razão da sua 
natureza lipídica, têm maior 
facilidade em atravessar as 
membranas plasmáticas das células. 
No entanto, pelo mesmo motivo 
(sua natureza química), não podem 
ser transportados sozinhos no 
sangue, exigindo associação com 
proteínas plasmáticas de transporte. 
Dentre os hormônios proteicos, 
destaca-se a insulina, a qual tem 
importante papel em permitir a 
entrada da glicose na célula, 
especialmente nos tecidos muscular 
e adiposo, evitando a hiperglicemia. 
Os hormônios com natureza 
proteica, como a insulina, os 
hormônios da tireoide, o hormônio 
do crescimento e a prolactina, têm 
maior dificuldade em atravessar as 
membranas plasmáticas das células, 
as quais contemplam natureza 
lipídica (por isso os hormônios 
lipídicos têm facilidade em 
atravessar tais membranas). No 
entanto, pelo mesmo motivo (sua 
natureza química), têm facilidade de 
serem transportados no sangue, se 
dissolvendo nele. 
Dentre os hormônios com 
caráter lipídico, destacam-se 
aqueles derivados do colesterol, 
como a testosterona, a qual é um 
hormônio sexual responsável por 
características tipicamente 
masculinas. Outros hormônios 
lipídicos são: cortisol, progesterona 
e estrógeno. 
Ainda existe uma terceira 
categoria de hormônios, que são 
aqueles derivados do aminoácido 
tirosina, os quais são secretados pela 
tireoide (tiroxina e tri-iodotironina) 
e medula adrenal (epinefrina e 
norepinefrina). 
É importante mencionar que a 
maioria dos hormônios no corpo é 
 
 
8 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
de polipeptídeos e de proteínas, 
sendo que estes variam bastante no 
tamanho, podendo ser desde 
pequenos peptídeos (com não mais 
de 3 aminoácidos, por exemplo, 
como é o caso do liberador de 
tireotropina) até proteínas com 
quase 200 aminoácidos (como é o 
caso do hormônio do crescimento e 
da prolactina). 
Geralmente, os hormônios 
proteicos são sintetizados como 
proteínas maiores, que não são 
biologicamente ativas 
(denominadas de pré-pró-
hormônios) e clivadas para formar 
pró-hormônios menores no retículo 
endoplasmático. No momento em 
que o hormônio é necessário, a sua 
versão pró-hormônio é clivada, de 
modo a produzir hormônios 
menores e biologicamente ativos (a 
partir da retirada dos fragmentos 
inativos). 
 
Função dos hormônios 
Cada hormônio apresenta 
funções únicas e atua em contextos 
distintos. No entanto, de um modo 
geral, pode-se dizer que os 
hormônios controlam o 
metabolismo nas mais diversas 
esferas e condições. 
Exemplificando, temos que os 
hormônios insulina e glucagon, 
apesar de terem funções opostas e 
atuarem em contextos contrários, 
regulam a glicemia (seja 
diminuindo-a ou aumentando-a). 
Outro exemplo interessante é 
dos hormônios que regulam o 
apetite – alguns deles o induzindo, 
como a grelina, que aumenta o 
apetite, e outros deles o inibindo, 
como a leptina. 
É importante mencionar que 
quando há excesso na produção de 
determinados hormônios, o corpo 
pode se tornar resistente a eles. É o 
que acontece com a insulina e a 
leptina. 
Quando há excesso na 
produção e na liberação de insulina 
(hiperinsulinemia), especialmente 
em virtude de hiperglicemia, pode 
ocorrer o fenômeno de 
downregulation (redução no 
número e na sensibilidade dos 
receptores) nos receptores 
específicos à insulina. Como 
resultado, há instauração do quadro 
de resistência à insulina. 
Situação similar ocorre no 
sobrepeso/obesidade, tendo em 
vista que o excesso de tecido adiposo 
produz e libera uma quantidade 
exacerbada de leptina, podendo 
culminar em resistência à leptina. 
Este quadro apresenta implicações 
importantes, considerando que a 
 
 
9 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOSE DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
leptina é um hormônio que regula a 
saciedade e, consequentemente, o 
consumo alimentar. Assim, um 
indivíduo com resistência à leptina 
tende a ter menor sensação de 
saciedade e a aumentar a sua 
ingestão alimentar. 
Outra questão importante de se 
ressaltar é que alguns hormônios 
(exemplo: norepinefrina e 
epinefrina) são secretados em 
segundos após a glândula ser 
estimulada e podem desenvolver 
ação completa dentro de segundos a 
minutos. Em contrapartida, a ação 
de alguns hormônios, como a 
tiroxina ou o hormônio do 
crescimento, podem exigir meses 
para ter o seu efeito completo. Logo, 
cada hormônio tem um tempo 
diferente para ser produzido e para 
executar a sua ação. 
Outra informação relevante é 
que as concentrações de hormônios 
necessárias para controlar a maioria 
das funções metabólicas e 
endócrinas são incrivelmente 
pequenas. Suas concentrações no 
sangue variam de 1 picograma (que 
é o milionésimo de um milionésimo 
de grama) em cada mililitro de 
sangue até, no máximo, alguns 
microgramas (alguns milionésimos 
de grama) por mililitro de sangue. 
 
Glândulas 
As glândulas podem ser 
exógenas, endócrinas ou mistas (ou 
seja, sintetizam substâncias com 
caráter exógeno e endócrino). 
As glândulas exógenas são 
aquelas que sintetizam substâncias 
que atuam na própria célula que as 
secretou ou em células vizinhas. De 
forma contrária, as endócrinas são 
aquelas que sintetizam substâncias 
que vão para a corrente sanguínea e 
atuam em células distantes daquela 
que as secretou. Vale relembrar que 
os hormônios, em sua maioria, são 
substâncias endógenas. 
Existem as mais diversas 
glândulas no nosso organismo, 
sendo a maior parte delas regulada 
pelo sistema nervoso central. 
Algumas glândulas importantes são 
a adrenal e a tireoide. 
Outros tecidos, os quais, no 
passado, não eram considerados 
como glândulas, também podem 
secretar hormônios, como é o caso 
do tecido adiposo branco, o qual 
secreta inúmeras substâncias 
denominadas de adipocinas, como a 
leptina e a adiponectina. 
Na figura 2 são apresentadas 
as principais glândulas do corpo 
humano. 
 
 
10 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
 
Figura 2. Principais glândulas do organismo humano. 
Retirado de: Guyton, A.C.; Hall, J.E. 2017. 
 
 
11 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
Feedbacks negativo e positivo 
Como dito anteriormente, os 
hormônios regulam/controlam 
diversos aspectos do metabolismo. 
Esta regulação pode ocorrer por 
meio de feedbacks negativo ou 
positivo. 
O feedback negativo é aquele 
em que a ação hormonal vai contra o 
evento inicial, opondo-se a ele. 
Exemplificando, quando há 
aumento da glicemia, há maior 
síntese e secreção de insulina de 
forma a reduzir este parâmetro. 
Assim, conseguimos observar que o 
efeito do hormônio (insulina) ocorre 
de forma oposta ao evento inicial 
(hiperglicemia). 
De forma contrária, o feedback 
positivo é aquele em que a ação 
hormonal vai a favor do evento 
inicial, de forma a aumenta-lo. 
Exemplificando, quando há 
contração uterina durante o parto, 
há aumento da síntese e secreção de 
ocitocina, hormônio que age de 
forma a aumentar ainda mais as 
contrações uterinas favorecendo o 
parto e, consequentemente, o 
nascimento do bebê. Assim, é 
possível observar que o efeito do 
hormônio (ocitocina) ocorre a favor 
do evento inicial (contração 
uterina). 
Vale salientar que ocorrem 
mais feedbacks negativos (que vão 
contra o evento inicial) do que 
feedbacks positivos (que vão a favor 
do evento inicial) no organismo 
humano. 
 
Sistema endócrino 
Os múltiplos sistemas 
hormonais regulam quase todas as 
funções corporais, como 
metabolismo, crescimento e 
desenvolvimento, equilíbrio 
hidroeletrolítico, reprodução e 
comportamento. Exemplificando, 
sem o hormônio do crescimento, a 
pessoa seria anã. Sem a tiroxina e o 
tri-iodotironina da tireoide quase 
todas as reações químicas do corpo 
ficariam lentas e, por consequência, 
a pessoa também seria lenta. Sem a 
insulina do pâncreas, as células não 
conseguiriam fazer o uso devido dos 
carboidratos provenientes dos 
alimentos. Finalmente, sem os 
hormônios sexuais, o 
desenvolvimento sexual e as funções 
sexuais estariam ausentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
BASES DO SISTEMA ENDÓCRINO 
 
2. HORMÔNIOS MAIS RELEVANTES PARA O SER 
HUMANO 
 
Introdução 
Diversos hormônios são 
secretados no organismo humano, 
os quais desempenham as mais 
diversas funções, nos mais variados 
contextos. 
Devido à importância do papel 
dos hormônios para a homeostase 
do organismo, a presente seção 
objetiva descrever a fisiologia, a 
função e a atuação dos hormônios 
mais relevantes para o ser humano. 
 
 
 
Hormônios sintetizados pelo 
pâncreas – insulina e glucagon 
A insulina é produzida e 
secretada pelas células beta-
pancreáticas quando há aumento da 
glicemia. Isso porque a principal 
função deste hormônio é permitir a 
entrada de glicose na célula de 
determinados tecidos, como nos 
tecidos muscular e adiposo. 
Nestes tecidos (muscular e 
adiposo), a insulina se liga ao seu 
receptor celular, denominado de 
IRS (insulin receptor substrate), e 
desencadeia uma reação em cascata 
que culmina na translocação do 
GLUT-4 (transportador de glicose 4) 
 
 14 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
do citoplasma para a membrana da 
célula. Na membrana, o GLUT-4 se 
liga à glicose a transportando para 
dentro da célula. 
Como mencionado 
anteriormente nessa apostila, o 
quadro de hiperglicemia crônica 
desencadeia o estado de 
hiperinsulinemia crônica. Como 
resultado, pode-se instaurar o 
quadro de resistência à insulina, em 
que o receptor de insulina se torna 
resistente à ação deste hormônio, 
bloqueando sua ação. Isso ocorre 
porque o excesso de glicose dentro 
da célula é prejudicial, pelo fato de a 
glicose ser osmoticamente ativa. 
Assim, caso não houvesse 
resistência à insulina, o excesso de 
glicose seria danoso à célula. 
Observando por este ângulo, 
conseguimos compreender a 
resistência à insulina como um 
mecanismo de defesa do organismo. 
O glucagon é um hormônio 
produzido nas células alfa-
pancreáticas e a sua função é oposta 
à da insulina. Neste sentido, o 
glucagon atua quando há 
hipoglicemia, de forma a aumentar a 
concentração de glicose no sangue. 
Assim, o glucagon atua induzindo a 
glicogenólise (isto é, a quebra do 
glicogênio hepático com 
consequente liberação de glicose 
para o sangue) e a gliconeogênese, 
que é a conversão de outras 
substâncias (como ácidos graxos e 
aminoácidos) em glicose. 
Alguns outros hormônios 
atuam de forma sinérgica com o 
glucagon, visto que apresentam 
funções similares (aumentar a 
glicemia), como a adrenalina. 
 
Hormônios sintetizados 
pelo tecido adiposo – leptina e 
adiponectina 
No passado, pensava-se que o 
tecido adiposo tinha como função 
prioritária o armazenamento de 
energia. No entanto, ao longo dos 
anos, observou-se que o tecido 
adiposo também apresenta uma 
importante função endócrina. 
As substâncias produzidas pelo 
tecido adiposo são denominadas de 
adipocinas. Dentre as adipocinas 
mais relevantes, destacam-se a 
leptina e a adiponectina. 
A leptina é um homônio que 
controla mecanismos que inibem a 
ingestão alimentar, de forma a 
promover saciedade. Como 
mencionado nessa apostila, obesos 
tendem a ter síntese e liberação 
aumentada de leptina, em razão do 
excesso de tecido adiposo. No 
entanto, o organismo desenvolve o 
 
 15 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
quadro de resistência à leptina, em 
que os receptores para este 
hormônio tornam-se menos 
sensíveis a ele. 
Como resultado, apesar de um 
excesso de leptina, o indivíduo 
obeso apresenta prejuízo na 
sinalização de saciedade,o que 
culmina em um aumento do seu 
apetite e ingestão alimentar, o que, 
por sua vez, favorece ainda mais o 
ganho de peso e de gordura corporal, 
contribuindo com a obesidade. 
A adiponectina também é 
sintetizada pelo tecido adiposo e 
apresenta inúmeras funções 
benéficas, como melhora da 
sensibilidade à insulina, atenuação 
da hiperglicemia, inibição do TNF-
alfa (citocina pró-inflamatória), 
indução da beta-oxidação (uso de 
lipídios como fonte de energia) etc. 
Apesar de sua extrema relevância, 
estudos indicam que indivíduos com 
sobrepeso/obesidade tendem a ter 
uma diminuição na síntese de 
adiponectina, favorecendo um 
quadro inflamatório e o aumento do 
risco de resistência à insulina no 
sobrepeso/obesidade. 
Finalmente, é importante 
ressaltar que o quadro de obesidade 
é considerado como uma inflamação 
crônica e de baixo grau, 
considerando que há aumento de 
fatores pró-inflamatórios, como IL-
6 (interleucina 6), IL-18 e TNF-alfa 
(fator de necrose tumoral alfa), e 
redução de fatores anti-
inflamatórios (como IL-10 e 
adiponectina) nesta condição. Além 
da inflamação, o aumento de 
determinados fatores pró-
inflamatórios e a redução de dados 
fatores anti-inflamatórios implica 
no risco aumentado do 
desenvolvimento de resistência à 
insulina. 
 
Hormônios sintetizados pela 
tireoide – paratormônio e 
calcitonina 
 
O paratormônio atua quando 
há redução da concentração de 
cálcio no sangue. Neste cenário, o 
paratormônio age em feedback 
negativo, isto é, opõe-se ao evento 
inicial (hipocalcemia). 
As principais ações do 
paratormônio são induzir aumento 
da produção e liberação de vitamina 
D (1,25-Di-hidroxicolicalciferol), a 
qual favorece a absorção intestinal 
 
 16 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
de cálcio, aumento da reabsorção 
óssea (processo em que uma porção 
do cálcio armazenado no tecido 
ósseo é liberada para a corrente 
sanguínea) e redução da excreção 
renal de cálcio. Como resultado 
destas ações, há normalização das 
concentrações séricas de cálcio. 
A calcitonina tem função oposta 
ao paratormônio, visto que atua 
quando há aumento das 
concentrações séricas de cálcio 
(hipercalcemia). Nestes casos, há 
redução da absorção intestinal de 
cálcio, da reabsorção óssea e da 
reabsorção renal de cálcio, de modo 
a evitar o acúmulo deste mineral. 
É importante salientar que 
pacientes com comprometimento da 
atividade da tireoide ou até mesmo 
com ausência desta glândula 
(retirada em virtude de câncer, por 
exemplo) apresentam extrema 
dificuldade no controle dos níveis 
sérios de cálcio devido à 
insuficiência ou ausência na 
produção dos hormônios 
paratormônio e calcitonina. 
 
Demais hormônios relevantes 
produzidos no organismo 
humano 
O hipotálamo é responsável 
pela produção de diversos 
hormônios, como o hormônio 
liberador de tireotropina, o 
hormônio liberador de 
corticotropina, o hormônio 
liberador do hormônio do 
crescimento, o hormônio inibidor do 
hormônio do crescimento (também 
chamado de somatostatina), o 
hormônio liberador de 
gonadotropinas e a dopamina. 
Dentre as principais funções 
destes hormônios, destacam-se que: 
(i) o hormônio liberador de 
tireotropina estimula a secreção de 
prolactina e do próprio hormônio 
liberador de tireotropina, (ii) o 
hormônio liberador de 
corticotropina causa liberação do 
hormônio adrenocorticotrópico, (iii) 
o hormônio liberador do hormônio 
do crescimento causa liberação do 
hormônio do crescimento, (iv) o 
hormônio inibidor do hormônio do 
crescimento (também chamado de 
somatostatina) inibe a liberação do 
hormônio do crescimento, (v) o 
hormônio liberador de 
gonadotropinas causa liberação de 
hormônio luteinizante e de 
hormônio folículo-estimulante e, 
finalmente, (vi) a dopamina 
(também chamada de fator inibidor 
da prolactina) inibe a liberação de 
prolactina. 
A hipófise anterior é 
responsável pela produção dos 
principais seguintes hormônios: 
 
 17 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
hormônio do crescimento, 
hormônio liberador de tireotropina, 
hormônio adrenocorticotrópico, 
prolactina, hormônio folículo-
estimulante e hormônio 
luteinizante. 
Estes hormônios apresentam as 
principais seguintes funções: 
(i) o hormônio do crescimento 
estimula a síntese proteica e o 
crescimento global da maioria das 
células e tecidos, 
(ii) o hormônio liberador de 
tireotropina estimula a secreção dos 
hormônios da tireoide (tiroxina e 
tri-iodotironina), 
(iii) o hormônio 
adrenocorticotrópico estimula a 
síntese e a secreção de hormônios 
adrenocorticais (cortisol, 
androgênios e aldosterona), 
(iv) a prolactina promove o 
desenvolvimento das mamas 
femininas e a secreção de leite, 
(v) o hormônio folículo-
estimulante causa crescimento de 
folículos nos ovários e maturação de 
espermatozoides nas células de 
Sertoli dos testículos, finalmente, 
(vi) o hormônio luteinizante 
estimula a síntese de testosterona 
nas células de Leydig dos testículos, 
estimula a ovulação, a formação do 
corpo lúteo e a síntese de estrogênio 
e progesterona nos ovários. 
A hipófise posterior é 
responsável pela produção de dois 
principais hormônios: o hormônio 
antidiurético (também chamado de 
vasopressina) e de ocitocina. A 
vasopressina aumenta a reabsorção 
de água pelos rins e causa 
vasoconstrição e aumento da 
pressão arterial. A ocitocina 
estimula a ejeção de leite das mamas 
e as contrações uterinas. 
 
A tireoide é responsável pela 
produção dos hormônios tiroxina 
(T4) e tri-iodotironina (T3), além da 
calcitonina. Não obstante, a 
paratireoide é responsável pela 
síntese do paratormônio. Os 
hormônios tiroxina (T4) e tri-
iodotironina (T3) aumentam as 
taxas de reações químicas na 
maioria das células, elevando a taxa 
metabólica corporal. Na tireoide, 
estes hormônios são incorporados a 
 
 18 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
macromoléculas da proteína 
tireoglobulina, que é armazenada 
em grandes folículos na tireoide. A 
secreção hormonal ocorre quando as 
aminas são clivadas da 
tireoglobulina e os hormônios livres 
são liberados na corrente sanguínea. 
No sangue, a maior parte dos 
hormônios da tireoide se combina 
com proteínas plasmáticas, em 
especial a globulina de ligação à 
tiroxina, que lentamente libera os 
hormônios para os tecidos-alvo. 
A calcitonina, como já 
comentado nessa apostila, promove 
a deposição de cálcio nos ossos e 
diminui a concentração de cálcio no 
líquido extracelular. De forma 
oposta, o paratormônio aumenta a 
concentração de cálcio no soro por 
aumentar a absorção de cálcio pelo 
intestino e pelos rins, bem como 
aumentar a liberação de cálcio dos 
ossos. 
O córtex da adrenal produz dois 
principais hormônios, que são 
cortisol e aldosterona. O cortisol tem 
múltiplas funções metabólicas para 
o controle do metabolismo de 
proteínas, carboidratos e gorduras, 
bem como tem efeitos anti-
inflamatórios. A aldosterona 
aumenta a absorção de sódio renal, 
a secreção de potássio e a secreção 
do íon hidrogênio. 
 
A medula adrenal produz 
norepinefrina e epinefrina (a 
produção de epinefrina é 4 vezes 
maior do que a de norepinefrina), as 
quais apresentam os mesmos efeitos 
que a estimulação simpática. Estes 
hormônios são liberados quando há 
necessidade de uma resposta rápida 
frente a uma situação de urgência, 
onde o indivíduo precisa estar apto 
para se defender – o que muitas 
vezes chama-se de “sistema de luta 
ou fuga”. 
O pâncreas, como já comentado 
na presente apostila, sintetiza 
insulina e glucagon, sendo que o 
primeiro promove a entrada da 
glicose em diversas células, 
controlando o metabolismo de 
carboidratos, e o segundo aumenta a 
síntese e liberação de glicose do 
fígado para os líquidos corporais. 
 
 19 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIAASSOCIADA 
Os testículos produzem 
testosterona, a qual promove o 
desenvolvimento do sistema 
reprodutor masculino e as 
características sexuais secundárias 
masculinas. Os ovários produzem 
estrogênios e progesterona. Os 
estrogênios promovem o 
crescimento e o desenvolvimento do 
sistema reprodutor feminino, das 
mamas femininas e das 
características sexuais secundárias 
femininas. A progesterona estimula 
a secreção de “leite uterino” pelas 
glândulas endometriais uterinas e 
promove desenvolvimento do 
aparelho secretor das mamas. 
A placenta também produz 
diversos hormônios, como a 
gonadotropina coriônica humana 
(HCG), a somatomamotropina 
humana, os estrogênios e a 
progesterona. O HCG promove o 
crescimento do corpo lúteo e a 
secreção de estrogênios e 
progesterona pelo corpo lúteo. A 
somatomamotropina humana ajuda 
a promover o desenvolvimento de 
alguns tecidos fetais, bem como as 
mamas da mãe. Os estrogênios e a 
progesterona produzidos pela 
placenta têm as mesmas funções 
destes hormônios quando são 
produzidos pelos ovários. 
Os rins produzem os seguintes 
principais hormônios: renina, 
eritropoetina e 1,25-Di-
hidroxicolecalciferol. A renina 
catalisa a conversão do 
angiotensinogênio em angiotensina 
I (atua como enzima). A 
eritropoetina aumenta a produção 
de hemácias. Finalmente, a 1,25-Di-
hidroxicolecalciferol aumenta a 
absorção intestinal de cálcio e a 
mineralização óssea. 
O coração produz o peptídeo 
natriurético (ANP), o qual eleva a 
excreção de sódio pelos rins e reduz 
a pressão arterial. 
O estômago produz gastrina, a 
qual estimula a secreção de ácido 
clorídrico pelas células parietais. O 
ácido clorídrico tem importante 
papel na digestão dos alimentos e 
auxilia na exterminação de 
patógenos que possam vir 
associados aos alimentos. 
O intestino delgado produz, 
especialmente, os hormônios 
secretina e colecistocinina. A 
secretina estimula as células 
acinares pancreáticas a liberar 
bicarbonato e água, mantendo o pH 
básico característico do intestino (o 
que favorece a ação enzimática neste 
local). A colecistocinina estimula a 
contração da vesícula biliar e a 
liberação de enzimas pancreáticas, 
como a alfa-amilase pancreática (a 
qual digere carboidratos). 
 
 20 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
Finalmente, a leptina é 
sintetizada pelos adipócitos (como 
descrito anteriormente) e possui a 
ação de inibir o apetite e estimular a 
termogênese. Um hormônio que 
atua de forma contrária à leptina é a 
grelina, a qual tem o papel de 
estimular o apetite, sendo secretada 
pelo estômago. 
A tabela 1 apresenta um 
resumo dos hormônios que foram 
apresentados acima. 
 
 
 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
 
Tabela 1. Principais hormônios do organismo humano. 
Glândula / tecido Hormônios Funções 
Estrutura 
química 
Hipotálamo 
Hormônio liberador de 
tireotropina 
Estimula a secreção de prolactina e do 
próprio hormônio liberador de 
tireotropina 
Peptídeo 
Hormônio liberador de 
corticotropina 
Causa liberação do hormônio 
adrenocorticotrópico 
Peptídeo 
Hormônio liberador do 
hormônio do crescimento 
Causa liberação do hormônio do 
crescimento 
Peptídeo 
Hormônio inibidor do 
hormônio do crescimento 
(somatostatina) 
Inibe a liberação do hormônio do 
crescimento 
Peptídeo 
Hormônio liberador de 
gonadotropinas 
Causa liberação de hormônio 
luteinizante e hormônio folículo-
estimulante 
Peptídeo 
Dopamina Inibe a liberação de prolactina Amina 
Hipófise anterior 
Hormônio do crescimento 
Estimula a síntese proteica e o 
crescimento global da maioria das 
células e tecidos 
Peptídeo 
Hormônio liberador de 
tireotropina 
Estimula a secreção dos hormônios da 
tireoide (tiroxina e tri-iodotironina) 
Peptídeo 
 
 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
 
Hormônio 
adrenocorticotrópico 
Estimula a síntese e a secreção de 
hormônios adrenocorticais (cortisol, 
androgênios e aldosterona) 
Peptídeo 
Prolactina 
Promove o desenvolvimento das 
mamas femininas e a secreção de leite 
Peptídeo 
Hormônio folículo-
estimulante 
Causa crescimento de folículos nos 
ovários e maturação de 
espermatozoides nas células de Sertoli 
dos testículos 
Peptídeo 
Hormônio luteinizante 
Estimula a síntese de testosterona nas 
células de Leydig dos testículos, 
estimula a ovulação, a formação do 
corpo lúteo e a síntese de estrogênio e 
progesterona nos ovários 
Peptídeo 
Hipófise posterior 
Hormônio antidiurético ou 
vasopressina 
Aumenta a reabsorção de água pelos 
rins e causa vasoconstrição e aumento 
da pressão arterial 
Peptídeo 
Ocitocina 
Estimula a ejeção de leite das mamas e 
as contrações uterinas 
Peptídeo 
Tireoide 
Tiroxina (T4) e tri-
iodotironina (T3) 
Aumentam as taxas de reações 
químicas na maioria das células, 
elevando a taxa metabólica corporal 
Amina 
 
 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
 
Calcitonina 
Promove a deposição de cálcio nos 
ossos e diminui a concentração de 
cálcio no líquido extracelular 
Peptídeo 
Paratireoide Paratormônio 
Aumenta a concentração de cálcio no 
soro por aumentar a absorção de cálcio 
pelo intestino e pelos rins, bem como 
aumentar a liberação de cálcio dos 
ossos 
Peptídeo 
Córtex adrenal 
Cortisol 
Tem múltiplas funções metabólicas 
para o controle do metabolismo de 
proteínas, carboidratos e gorduras, bem 
como tem efeitos anti-inflamatórios 
Esteroide 
Aldosterona 
Aumenta a absorção de sódio renal, a 
secreção de potássio e a secreção do íon 
hidrogênio 
Esteroide 
Medula adrenal Norepinefrina, epidefrina 
Mesmos efeitos que a estimulação 
simpática 
Amina 
Pâncreas 
Insulina 
Promove a entrada da glicose em 
diversas células, controlando o 
metabolismo de carboidratos 
Peptídeo 
Glucagon 
Aumenta a síntese e liberação de 
glicose do fígado para os líquidos 
corporais 
Peptídeo 
 
 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
 
Testículos Testosterona 
Promove o desenvolvimento do sistema 
reprodutor masculino e as 
características sexuais secundárias 
masculinas 
Esteroide 
 
 
Ovários 
Estrogênios 
Promovem o crescimento e o 
desenvolvimento do sistema reprodutor 
feminino, das mamas femininas e das 
características sexuais secundárias 
femininas 
Esteroide 
Progesterona 
Estimula a secreção de “leite uterino” 
pelas glândulas endometriais uterinas e 
promove desenvolvimento do aparelho 
secretor das mamas 
Esteroide 
 
 
 
Placenta 
Gonadotropina coriônica 
humana (HCG) 
O HCG promove o crescimento do corpo 
lúteo e a secreção de estrogênios e 
progesterona pelo corpo lúteo 
Peptídeo 
Somatomamotropina 
humana 
Ajuda a promover o desenvolvimento 
de alguns tecidos fetais, bem como as 
mamas da mãe 
Peptídeo 
Estrogênios e progesterona 
Mesma ação dos estrogênios e 
progesterona dos ovários 
Esteroide 
 
 
Rim 
Renina 
Catalisa a conversão do 
angiotensinogênio em angiotensina I 
(atua como enzima) 
Peptídeo 
 
 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIA ASSOCIADA 
 
1,25-Di-hidroxicolecalciferol 
Aumenta a absorção intestinal de cálcio 
e a mineralização óssea 
Esteroide 
Eritropoetina Aumenta a produção de hemácias Peptídeo 
Coração 
Peptídeo natriurético atrial 
(ANP) 
Eleva a excreção de sódio pelos rins e 
reduz a pressão arterial 
Peptídeo 
Estômago 
Gastrina 
Estimula a secreção de ácido clorídrico 
pelas células parietais 
Peptídeo 
Grelina Tem o papel de estimular o apetite Peptídeo 
Intestino delgado 
Secretina 
Estimula as células acinares 
pancreáticas a liberar bicarbonato e 
água, mantendo o pH básico 
característico do intestino (o que 
favorece a ação enzimática neste local) 
Peptídeo 
Colecistocinina 
Estimula a contração da vesícula biliar e 
a liberação de enzimas pancreáticas 
Peptídeo 
Adipócitos Leptina Inibe o apetite, estimula a termogênese Peptídeo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DIETOTERAPIAASSOCIADA 
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Guyton, A.C.; Hall, J.E. Tratado de fisiologia médica. 13ª Ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier. 2017. 
Van de Graaff. Anatomia humana. 6ª Ed. São Paulo: Manole. 2013. 
 
 
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