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Análise psicanalítico das teorias de  Klein sobre o filme :
Limbo entre o céu e o inferno 
 Direção: Mark Young
O filme "Limbo: Entre o Céu e o Inferno", dirigido por Mark Young, pode ser analisado sob a ótica da psicanálise kleiniana, que enfatiza as dinâmicas inconscientes de ansiedade, culpa e mecanismos de defesa, particularmente em relação às primeiras experiências infantis de amor e ódio. A teoria de Melanie Klein foca em como a psique humana é moldada por conflitos internos originados nas primeiras fases da vida, especialmente nos relacionamentos iniciais com as figuras parentais, destaca-se  diversos aspectos psíquicos que se manifestam nos personagens e na narrativa. Klein, que focava nos estágios mais primitivos do desenvolvimento emocional e no papel do inconsciente, poderia oferecer uma interpretação rica sobre os conflitos e ansiedades retratados no filme.
Uma análise teórica kleiniana do filme *Limbo: Entre o Céu e o Inferno* (2019), de Mark Young, pode ser feita com base nos conceitos da psicanalista Melanie Klein, que foca principalmente nas dinâmicas internas do psiquismo e nas relações primordiais de amor e ódio. 
Klein postula que o desenvolvimento emocional dos indivíduos está profundamente ligado à forma como eles lidam com experiências primitivas de culpa, reparação e conflito entre os impulsos destrutivos e amorosos.
No filme, o protagonista Jimmy é um assassino que, após sua morte, se encontra em um purgatório, onde deve confrontar seu passado e seus crimes. A partir da perspectiva kleiniana, poderíamos entender o purgatório como uma representação do mundo interno de Jimmy, onde ele enfrenta seus impulsos destrutivos (ligados à sua culpa pelos assassinatos) e sua necessidade de reparação. Essa ideia está associada à posição depressiva descrita por Klein, na qual o sujeito reconhece o mal causado e sente culpa, buscando reparação e reconciliação consigo mesmo e com os objetos que destruiu. 
O demônio Balthazar, que interroga Jimmy, pode ser visto como uma externalização do superego punitivo, uma instância crítica e severa que o faz confrontar seus sentimentos de culpa e necessidade de punição. A busca de Jimmy por redenção pode ser lida como um esforço de reparação no sentido kleiniano, onde ele tenta resgatar uma parte boa de si mesmo, apesar dos impulsos destrutivos do passado.
A dicotomia entre céu e inferno também pode ser interpretada como a luta interna entre os impulsos de vida (Eros) e de morte (Thanatos), temas centrais da teoria de Klein. A jornada de Jimny pelo limbo reflete sua tentativa de equilibrar esses impulsos e encontrar uma forma de se perdoar, algo crucial na teoria kleiniana sobre a reparação como processo emocional central na vida psíquica.
A teoria psicanalítica de Melanie Klein parte de três pilares fundamentais: 
Identificação do mundo interno e externo, medo de aniquilamento e ansiedade depressiva infantil.
desenvolvimento psíquico a partir de três fases. Essas fases, consideradas como estanques são: a fase oral, a fase anal e a fase fálica. 
Podemos observar uma Divisão Psíquica: O Céu e o Inferno como Projeções: Na teoria de  Klein provavelmente representaria o cenário do filme, com o limbo entre o céu e o inferno, como uma metáfora para a divisão entre os impulsos "bons" e "maus" que ocorrem no desenvolvimento psíquico infantil. Correlacionando as teorias de klein pode se dizer que o céu representa o lado idealizado, bom e protetor, enquanto o inferno é a projeção dos impulsos destrutivos e persecutórios, que surgem na mente quando a criança se sente ameaçada pelos seus próprios sentimentos de ódio e inveja, o limbo seria o espaço intermediário onde os personagens ainda estão tentando integrar essas duas partes do self, sem conseguir resolver o conflito. Klein provavelmente diria que essa divisão é uma expressão da posição esquizoparanóide, onde os personagens projetam fora de si mesmos os aspectos "maus" que não conseguem aceitar.
Fragmentação psíquica *
Personagens que estão em um estado de incerteza entre duas realidade emocionais ( refletindo a luta entre a posição esquizoparanóide e a posição depressiva)
*Ambivalência emocional *
Incapacidade de integrar emoções opostas, como amor e o ódio, que seria uma característica do desenvolvimento psicológico segundo Klein.
Elementos Kleinianos no filme:
1. Em segundo lugar, Melanie Klein admitia que os bebês sentem, logo quando nascem, dois sentimentos básicos: amor e ódio. É como se a vida fosse um filme em branco e preto: ou se ama ou se odeia. É fácil, portanto, perceber que a criança ama o seio bom e odeia o seio mau. O problema é que na fantasia da criança, o seio mau, esse objeto interno, vai se vingar dela pelo ódio e pela destrutividade direcionados a ele. Este medo de vingança é chamado de ansiedade persecutória. Quando estamos diante de um perigo, como, por
como, por exemplo, quando caminhamos em um parque e nos defrontamos com uma cobra, temos o instinto de fugir. Esta reação diante do perigo é chamada em Psicanálise de defesa. O conjunto da ansiedade persecutória e suas respectivas defesas são chamados por Klein de posição esquizo-paranóide.
Conceito de * posição esquizo paranóide e posição depressiva *
Esses conceito teóricos descrevem dinâmicas internas que poderiam ser metaforicamente comparada a um “ limbo “ onde o sujeito oscila entre diferentes formas de lidar com a ansiedade, a culpa, e a relação com os objetos internos ( representações de figuras significativa, com os pais ) Na posição esquizoparanóide, o sujeito lida com uma percepção fragmentada do mundo, sentido-se preso em uma dicotomia entre o bem e o mal. Já na posição depressiva, o indivíduo se aproxima da realidade psíquica de integrar essas partes boas e más, o que poderia ser visto como uma forma de resolução do limbo.
O limbo tem sim correspondência interessante com as ideias da Klein, sobre os processos psíquicos que envolvem conflitos internos entre amor e ódio, culpa e reparação.
Posições Esquizoparanóide e Posição Depressiva: Melanie Klein propôs duas posições principais no desenvolvimento psíquico infantil: a esquizoparanóide e a Posição Depressiva. Na primeira, o ego da criança divide os objetos (principalmente a figura materna) em bons e maus, como uma forma de lidar com sentimentos de amor e ódio. No filme, os personagens podem ser vistos transitando entre essas posições quando confrontados com dilemas morais ou existenciais. O inferno e o céu podem ser metáforas para essa cisão psíquica entre o "bom" e o "mau", enquanto o limbo representa o conflito interno não resolvido.
Posição de esquizoparanóide * 
As pessoas separam parte de sua personalidade para conseguir lidar com conflitos de outras formas incontroláveis, a posição esquizo paranóide, onde o mundo é sentido em partes, e a falta dessa integração aparece naqueles adultos que se sentem incompletos. Ao passar para a posição depressiva ocorre a integração dos objetos, passam a ser vistos na sua totalidade,
Mecanismo de defesa predominante na posição esquizoparanóide 
O mecanismo de defesa importante na posição esquizo paranóide é a idealização, que, junto com o mecanismo de negação( país ) sustenta a cisão entre o objeto bom e o objeto mau. 
O Limbo como a Posição Depressiva: Klein talvez dissesse que o limbo representa a posição depressiva — um estado em que o indivíduo já não está simplesmente dividindo o mundo entre o bom e o mau, mas está tentando integrar essas partes, enfrentar a culpa e lidar com a perda. No filme, o limbo é onde os personagens enfrentam suas culpas, arrependimentos e angústias existenciais, refletindo o que Klein chamaria de um esforço de reparação interna, no qual o sujeito busca restaurar a integração entre seus sentimentos contraditórios.
2.Primeiro existe um mundo interno, formado a partir das percepções do mundo externo, colorido com as ansiedades do mundo interno. Com isto, os objetos, as pessoas e as situações adquirem um colorido todo especial. O seio materno, primeiro objeto da relação da criança com o mundo externo,tanto é percebido como seio bom, quando amamenta, quanto é percebido como seio mau, quando não alimenta na hora em que a criança assim deseja. Como é impossível satisfazer a todos os desejos da criança, invariavelmente ela possui os dois registros deste seio: um bom e um mau. Este conceito também é muito importante no estudo da formação dos símbolos e no desenvolvimento intelectual.
Culpa e Reparação: A posição depressiva, segundo Klein, envolve a consciência da própria agressividade em relação ao objeto amado (mãe), o que gera culpa. O processo de reparação ocorre quando o sujeito tenta compensar o dano real ou imaginado. No filme, podemos interpretar o limbo como um espaço de elaboração dessa culpa, onde os personagens precisam confrontar suas ações passadas e buscar algum tipo de reparação psíquica para alcançar a redenção ou aceitar a punição.Klein poderia apontar que muitos dos personagens, ao estarem nesse estado intermediário (o limbo), carregam profundas sensações de culpa. Ela veria isso como resultado da percepção de que suas ações prejudicaram o "objeto bom" (as pessoas ou relações que amaram). Segundo sua teoria, a culpa surge quando o indivíduo percebe que suas agressões ou impulsos destrutivos podem ter causado danos aos outros ou a si mesmo. Assim, o enredo do filme, em que os personagens buscam uma forma de redenção ou enfrentam suas falhas, seria um processo de reparação — uma tentativa de restaurar o "objeto" ferido ou de lidar com o sentimento de culpa.
3. Projeção e Identificação Projetiva: Em Klein, a projeção é um mecanismo de defesa em que o indivíduo expulsa de si impulsos ou partes ameaçadoras da psique, atribuindo-as a outros. Isso pode ser observado nos personagens do filme que, ao lidar com sua própria moralidade e condenação, podem projetar suas próprias sombras nos outros ou no ambiente ao redor. A identificação projetiva ocorre quando o indivíduo não só projeta como também influencia o outro a assumir essas características projetadas. Esse mecanismo pode ser visto nas interações dos personagens, que influenciam uns aos outros de formas que revelam seus próprios conflitos internos.Outro ponto que Klein levantaria é a dinâmica da identificação projetiva. Isso ocorre quando os personagens não só projetam suas ansiedades em outros, mas também influenciam esses outros a incorporarem esses aspectos projetados. Klein diria que, no filme, os personagens podem estar constantemente influenciando uns aos outros de maneira inconsciente, manipulando e moldando suas percepções e comportamentos a partir dos próprios conflitos internos não resolvidos. Isso criaria um ciclo de ansiedade e culpa compartilhada no limbo.
4. Angústia de Perseguição: A angústia esquizoparanóide envolve uma constante sensação de estar sendo perseguido por forças externas ou internas que representam o mal ou o perigo. No contexto do filme, essa perseguição pode se manifestar na própria existência no limbo. O medo de não conseguir se redimir ou escapar de seus destinos pode refletir essa angústia kleiniana. Klein também poderia falar sobre a angústia de perseguição, que é comum na posição esquizoparanóide, onde o indivíduo sente que está sendo atacado ou punido por forças externas. No filme, os personagens podem sentir que estão sendo julgados ou perseguidos por suas próprias culpabilidade e escolhas, o que Klein veria como uma projeção de suas próprias ansiedades internas. O inferno, para Klein, pode representar o medo dessas forças destrutivas projetadas para fora, que retornam como perseguidor.
Despersonalização *
Sensação persistente ou recorrente de desligamentos do próprio corpo ou dos próprios processos mentais. Sentir- se como seu corpo não lhe pertencesse, não se reconhecer ao olhar no espelho; sentir - se sem controle sobre o que faz ou que diz; sentir - se entorpecido física e emocionalmente.
 
https://www.psicanalisesclinica.com/melaine-klein-resum/ 
https://www.scielo.br

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