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livro Topicos especiais em educação 1

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Marh Gomes

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TÓPICOS ESPECIAIS 
EM EDUCAÇÃO
Autoria: Ana Maria Stolfi 
 Welington Soares
 Thaise Dias Alves
Indaial - 2020
UNIASSELVI-PÓS
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2020
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
S875t
 Stolfi, Ana Maria
 Tópicos especiais em educação. / Ana Maria Stolfi; Thaise Dias 
Alves; Welington Soares. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 79 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-236-3
 ISBN Digital 978-65-5646-232-5
1. Educação. - Brasil. I. Stolfi, Ana Maria. II. Alves, Thaise Dias. 
III. Soares, Welington. IV. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 370
Impresso por:
Sumário
CAPÍTULO 1
Metodologias Digitais ...................................................................5
CAPÍTULO 2
Metodologias Ativas ...................................................................35
CAPÍTULO 3
Inteligência Emocional ...............................................................57
CAPÍTULO 1
Metodologias Digitais
Autoria: Welington Soares
Objetivos : 
 Compreender o conceito e uso das metodologias ativas e seu caráter 
autônomo e interativo, inserindo-o nas demandas educacionais cada vez mais 
virtualizadas e de acordo com as linguagens contemporâneas inerentes à 
digitalização social.
Habilidades que o aluno deverá desenvolver : 
 Compreender as tecnologias digitais no contexto da educação;
 Selecionar tecnologias digitais para o contexto educacional.
Competências que deverá adquirir ao fi nal da disciplina: 
 Conhecer as tecnologias digitais mais pertinentes ao contexto educacional;
 Selecionar tecnologias digitais assertivas ao contexto educacional.
7
METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Se voltarmos nossa atenção para uma refl exão sobre como foi a educação 
da humanidade desde os primórdios até os dias atuais, podemos concluir que 
o modelo atual pode estar retornando ao passado para adotar um caminho de 
maior efi ciência. Retornar ao passado para um resgate não é necessariamente 
retroceder,mas ressignifi car.
Um exemplo prático, é a valorização de receitas gastronômicas que durante 
algum tempo da história contemporânea deram lugar às comidas feitas quase 
que inteiramente por máquinas, entregues em tempos curtos e muitas vezes sem 
nenhum toque humano. A educação personalizada está passando pelo processo 
de tornar-se novamente mais humana e adaptada ao cardápio de necessidades 
de cada período do desenvolvimento humano.
Uma aplicação muito prática que sustenta este pensamento pode ser 
a maneira como comunidades que não tem acesso aos modelos formais de 
educação ensinam as gerações mais jovens: por observação, aprendizado 
prático, experimentos e experiências.
Figura 1 - Pai ensinando o fi lho a pescar em seu habitat natural
Os profi ssionais da educação em todo o mundo dirigem seus esforços para 
descobrir novas maneiras de ensinar. Os jovens estudantes que nasceram na era 
digital não conseguem acompanhar com atenção concentrada os ensinamentos 
baseados na educação tradicional, aquela em que o professor se posiciona em 
frente ao quadro ou projetor, e os alunos fi cam distantes em suas mesas dis-
Fonte: Mestyle, 2019.
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Realce
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Realce
8
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
tribuídas em fi leiras paralelas. Os ambientes de aprendizagem atuais devem se 
atentar aos diversos recursos tecnológicos que entram como ingredientes neces-
sários para possibilitar as diferentes conexões do processo ensino aprendizagem 
das atuais gerações, não somente de alunos, mas também de professores. Desta 
forma, recursos como livros digitais, portal online, aplicativos para tablets e smar-
tphones começam a fazer parte do processo de ensino.
No cenário contemporâneo, por mais naturais que possam parecer, de acor-
do com AXT (2003), ainda precisamos destacar algumas razões para que ocorra a 
adoção, ou inclusão do uso das tecnologias digitais, em ambiente escolar, como:
a) Despertar mais interesse e atenção dos alunos por promover mais enga-
jamento e dinamicidade às apresentações de conteúdo. O simples variar 
de rotina, desperta a curiosidade na mente humana que busca resulta-
dos diferentes para experiências muitas vezes iguais;
b) Auxiliar na percepção e resolução de problemas reais uma vez que pode 
aproximar um conteúdo estudado à realidade do aluno (vide exemplo do 
pai e fi lho aprendendo na natureza - Figura 1);
c) Inserir os estudantes no debate social e contribuir para formação do sen-
so crítico pela possibilidade de acesso a informações atualizadas e em 
tempo real. A atualização de um livro didático, por exemplo, envolve mui-
tos processos (elaboração, impressão, distribuição), ao passo em que a 
informação atualizada pode promover uma inversão do papel passivo de 
receptor para ativo em querer protagonizar a busca da argumentação, 
senso crítico e desafi os da vida social e acadêmica;
d) Estimular o desenvolvimento da maturidade ou responsabilidade quanto 
ao uso da internet e dos recursos digitais uma vez que estes recursos 
fazem parte da vida dos jovens desde o nascimento. Regras de convi-
vência e boas práticas de segurança em ambientes virtuais, bem como 
do uso dos equipamentos, podem ser aprendidos quando ensinados de 
maneira didática e transparente nos ambientes escolares;
e) Democratizar o acesso ao ensino pelo uso de ferramentas e metodolo-
gias desenvolvidas com a fi nalidade de inclusão, então, recursos sono-
ros, visuais ou escritos podem oferecer mais autonomia aos estudantes 
portadores de defi ciências, transtornos ou difi culdades de aprendizado;
f) Oportunizar feedback imediato e constante aos professores, alunos e res-
ponsáveis, quando são utilizados ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) 
em que podem ser realizadas transferências de tarefas, avaliações de de-
evinh
Realce
9
METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1 
sempenho e consequente geração de dados para todos. Por uso destes 
recursos, a velocidade de intervenção ou direcionamento sobre estudos ne-
cessários ao melhor desenvolvimento do aluno, é mais ágil e efi caz;
g) Traçar um plano de ensino adequado para cada aluno com as suas es-
pecifi cidades e particularidades. Como a tecnologia digital permite gerar 
dados e sua interpretação é cada dia mais simples, é possível identifi car 
temas e conceitos de maior ou menor facilidade de compreensão para 
toda uma turma, como também o desempenho individual de cada aluno.
A tecnologia digital como recurso para avaliação, proporciona uma 
velocidade de troca de informações e feedback, em relação ao desempenho e 
tende a aliar-se ao processo de ensino aprendizagem, como um microondas, 
que não faz a comida sozinho, mas a aquece mais rápido, indiferente de deixá-
la saborosa ou insossa. O sabor ao conteúdo e a forma como ele é apresentado 
para ser degustado pelos alunos, bem como todos os mais criativos ingredientes 
acrescentados, sempre será responsabilidade do educador, de acordo com a 
cultura educacional da instituição.
SAIBA MAIS
Clique aqui para acompanhar a evolução das tecnologias 
educacionais: 
https://www.youtube.com/watch?v=tcLLTsP3wlo
2 CONCEITOS, FERRAMENTAS E 
TENDÊNCIAS DA TECNOLOGIA DIGITAL
2.1 CONCEITO
De acordo com Ribeiro ([20--], online), “a tecnologia digital é um conjunto de 
tecnologias que permite, principalmente, a transformaçãode aula invertida necessita de um am-
biente de virtual de aprendizagem (AVA), que podem ser pagas ou gratuitas como 
a plataforma moodle, blog ou Google Classroom, para que a indicação prévia de 
conteúdos possa ser realizada. O professor pode até mesmo convidar os alunos a 
participar da construção deste ambiente, possibilitando que a turma seja protago-
nista também nesta seleção.
Para que a sala de aula invertida possa ser concretizada, você poderá iniciar 
as indicações em um momento presencial, informando, por exemplo, que a dis-
ciplina tem sete capítulos, todos compostos de pré-aulas que devem ser realiza-
das extra classe momento em que o aluno irá assistir vídeos, ler contos, poemas, 
músicas, e- books, ou seja, ter contato com alguma mídia. Extra classe, o aluno 
acessa a plataforma virtual, estuda, aprende, faz jogos, exercícios e lê o material 
disponível. A aula fi ca mais personalizada, pois o aluno pode ver, pausar e rever 
todos os conteúdos em casa, apreendendo a partir do seu ritmo. Após quinze 
dias, a aula presencial acontece e a primeira atividade será um teste online com 
perguntas e respostas de múltipla escolha, que auxiliará na verifi cação do que foi 
absorvido pelo aluno, a partir do que foi disponibilizado na sala de aula virtual. 
45
METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2 
O que vai para a sala são as dúvidas e, com o uso de um questionário, o 
professor obtém informações a respeito das lacunas de aprendizagem e dos 
progressos de maneira rápida, elaborando um teste em que resultados das 
questões são fornecidos na mesma hora, com a utilização de um formulário 
Google, por exemplo. Após a verifi cação, o professor possibilita o debate e 
proporciona momentos de interação entre aluno-professor e aluno-aluno.
Figura 4 - Sala de aula invertia
3.3 PEDAGOGIA DE PROJETOS
Quando propomos projetos também lidamos com a educação de forma ativa, 
pois tal proposta permite que o aluno estude em grupo e trabalhe de forma prática. 
O princípio do projeto está baseado no tempo: deve-se levar em consideração 
que todo projeto consiste em uma atividade com prazo determinado e que pode 
variar entre um dia, uma semana ou um semestre. Nesta perspectiva, o tempo 
não importa, desde que esteja estabelecido que o projeto deve ter início, meio e 
fi m. Para fi nalizá-lo, os alunos apresentam o produto fi nal, através de um artefato 
tangível, como uma exposição em PowerPoint, maquetes, cartazes ou outra 
manifestação. Mas como colocar esta metodologia em prática? Existem alguns 
passos que orientam a pedagogia de projetos de forma prática. Primeiramente, 
deve-se instigar o aluno trazendo pequenos vídeos, casos reais, trechos de 
reportagens, que fomentem o tema a ser trabalhado. No segundo momento, é 
necessário elaborar o estudo em forma de desafi o e propor a resolução de um 
problema. Por exemplo, os alunos devem investigar o fenômeno das enchentes 
dos últimos meses em sua região, após receber a seguinte informação em um 
papel: Com o crescimento populacional, certos bairros foram construídos em 
locais aterrados, sobre rios, córregos e mangues. No último mês, vimos desastres 
após longos períodos de chuva. Levando em consideração o crescimento 
populacional inevitável, bem como a chuva que não pode ser controlada, como é 
possível construir e habitar estes locais?
Fonte: https://commons.wikimedia.org/.
46
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
O terceiro passo é a pesquisa e a discussão, ou seja, momento em que os 
alunos irão pesquisar na internet e livros, conversar em grupos, em duplas, e bus-
car soluções com especialistas, para entender como economicamente e ambien-
talmente será viável colocar em prática seus projetos. A quarta etapa é a idea-
lização do projeto, isto é, traduzir estas ideias em um artefato na forma de um 
protótipo, um cartaz, projeto textual, maquete, palestra, PowerPoint, blog. Por fi m, 
temos a etapa dos feedbacks, afi nal, todo projeto demanda uma resposta com 
percepções positivas e com os pontos em que é possível e preciso desenvolver. 
Esta resposta também pode ser oferecida durante o processo, em forma de uma 
avaliação formativa, em que se avalia o interesse, o trabalho em grupo e o enga-
jamento do aluno no projeto.
Outra especifi cidade da pedagogia de projetos é o potencial experimental, 
pois muitas vezes o trabalho dos alunos toma formas que nem o professor es-
perava. O fato é que os alunos acabam adquirindo conhecimentos e outras com-
petências ao longo do projeto, em certos casos, nem ao menos eram esperados. 
Assim, além de ensinar os alunos a aprender, o projeto ensina o professor a ensi-
nar. De modo geral, este método desenvolve o nível criticidade e gera signifi cados 
para o aluno. É uma forma de envolvê-lo completamente, na medida em que o 
educador indica como é possível adquirir conhecimento e ir além do conteúdo 
estudado ou que estava previsto.
Figura 5 - Elaborando soluções
Fonte: lucianarondon.com.br
47
METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2 
Figura 6 - A importância do feedback
3.4 APRENDIZAGEM BASEADA EM 
EQUIPES E COMUNIDADES DE 
PRÁTICA
Promover um bom trabalho em equipe ou time, em sala de aula, requer pla-
nejamento prévio, bem como o compromisso com o que se está fazendo, caso 
contrário qualquer proposta inovadora pode ser tornar um grande fracasso.
Portanto, para garantir o sucesso de uma aprendizagem baseada em comu-
nidades de práticas, podemos seguir alguns passos.
O primeiro passo é a formação de grupos de maneira estratégica. Mas o que 
isso signifi ca? Não signifi ca concordar com as panelinhas e com as escolhas dos 
alunos, mas levar em consideração critérios, como espalhar representantes de 
grupo e os alunos que conseguem impactar positivamente os outros. Também, 
é possível agrupar de acordo com a familiaridade com a temática, proatividade, 
pulverizando esses alunos para que o objetivo da equipe possa ser alcançado.
O segundo passo é o teste de garantia prévia: antes do projeto serão delega-
das leituras prévias, que deverão ser comprovadas, a partir de testes individuais e 
posteriormente coletivos, deixando sempre um espaço para que os alunos questio-
nem o gabarito, criando um ambiente crítico. O terceiro passo será a resolução de 
fato do problema, a partir de uma situação problema indicada à equipe, que deve 
tomar decisões pertinentes. Entretanto, a problemática não pode ser escolhida ou 
construída de qualquer forma, ela deve ter signifi cado e relação com a vida cotidia-
na dos alunos, estar clara quanto ao seu sentido e função naquela aula.
Outra possibilidade entre grupos é abrir espaço para que eles ofereçam fe-
edback uns aos outros, mas de forma individual, com bilhetes escritos, para que 
ninguém se sinta exposto ou ridicularizado. Assim, é possível fi rmar o sucesso 
entre as equipes, bem como garantir futuros trabalhos em grupo.
Fonte: Free PNG, 2016.
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 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
As comunidades de prática, também conhecidas como CoP, estão em todo 
os lugares e sempre existiram, desde os primórdios do processo de ensino apren-
dizagem. Nascemos em uma comunidade, nos desenvolvemos com o auxílio e 
o zelo de outros e vamos expandindo nossas relações à medida em que cresce-
mos, como a grupos de trabalho, de auxílio, nas instituições de ensino e demais 
espaços sociais. Porém, nem todo grupo ao qual nos integramos pode ser defi -
nido de comunidade de prática. O elemento principal e que defi ne as CoPs é a 
aprendizagem coletiva, que se estabelece no compartilhamento de conhecimento 
e práticas, que se integram por um objetivo ou interesse comum e estejam envol-
vidas em uma prática e atividade.
Os autores responsáveis pela expressão e conceito inicial de comunidades de 
prática são Lave e Wenger (1991). De acordo com os autores, a primeira defi nição 
de comunidades de prática está relacionada a grupos de pessoas que comparti-
lham uma preocupação ou paixão por algo que fazem e aprendem como fazê-lo 
melhor, pois interagemregularmente. Quando aplicada ao contexto escolar, esta 
teoria se remete aos aprendizes e suas participações em comunidades. É algo que 
percebemos principalmente fora da sala de aula, quando alunos se juntam para tro-
car fi gurinhas, falar de futebol, conversar sobre assuntos extracurriculares. 
O princípio da CoP parte da ideia de que grupos geralmente se reúnem com 
um propósito intencional em comum e esta dinâmica pode ser utilizada em sala de 
aula, e não apenas fora dela, como em momentos estritos de lazer. O ideal é que 
esta prática pode proporcionar que a aquisição de conhecimento também se torne 
uma atividade de lazer. Wenger (2003 apud ENGELMAN, 2013), um dos funda-
dores da ideia de CoP, descreve que existem três tipos de engajamento entre os 
membros deste grupo:
a) O primeiro seria o envolvimento, que modela nossas experiências na 
ação sobre o mundo, assimilando as reações e consequências;
b) O segundo nível de pertencimento está na imaginação, que está na ima-
gem que construímos de nós mesmos, dos outros e do mundo, que é 
como nos percebemos e como entendemos nossa participação;
c) O terceiro é o alinhamento, isto é, o quanto nosso fazer está alinhado 
com processos sociais.
E por quais motivos não trazemos esta teoria para a educação? Muitas vezes 
deixamos de aproveitar esta tendência do agrupamento como aliada ao processo 
de ensino aprendizagem, em detrimento do silêncio e da ordem. A questão é que 
as instituições de ensino ainda não tiram proveito desse interesse momentâneo 
e intenso dos discentes em aprender certos temas, impondo e direcionando os 
alunos a conteúdos predefi nidos.
49
METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2 
PARA SABER MAIS
Você o conhece?
Jonathan Bergmann foi um dos primeiros educadores 
a colocar em prática metodologias ativas com a prática da 
sala de aula invertida. No ano de 2007, em uma escola ru-
ral no interior dos EUA, ele começou a gravar suas aulas 
em DVDs e disponibilizar aos alunos que não conseguiam 
chegar a tempo na sala de aula, pois moravam distante das 
escolas. O momento presencial na sala passou a ser des-
tinado a tirar dúvidas e fazer exercícios. Nesta experiência, 
descobriu que o professor ganhava tempo e otimizava suas 
aulas. Para conhecer um pouco mais sobre as experiências 
de Bergmann, leia: 
BERGMANN, J.; SAMS, A. Sala de aula invertida: uma 
metodologia ativa de aprendizagem. (Tradução Afonso Celso da 
Cunha Serra). 1ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 104 p, 2016.
50
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
4 PERSONALIZAÇÃO DA 
APRENDIZAGEM
Durante este nosso contato, repetimos diversas vezes sobre a questão da 
personalização. Mas afi nal, o que é essa tal de personalização da aprendizagem? 
Primeiramente, personalizar signifi ca oferecer trajetórias de aprendizagem 
signifi cativas, e o que é signifi cativo para uma pessoa, pode não ser para a outra.
Trazer e aplicar instrumentos que deixem a disciplina menos maçante, com 
conteúdos mais atrativos, priorizando temas que agreguem aos alunos, na mesma 
medida em que os conquistem, por possuírem sentido e dialogarem com a sua 
realidade. Personalizar nada mais é do que atender a uma necessidade do aluno 
e fazer com que ele possa trilhar o caminho do seu próprio aprendizado.
Figura 7 - Aprendizado com prazer 
Todos nós gostamos da liberdade, de escolher aonde ir e o que fazer, então 
por quais motivos seria diferente para um jovem ou criança? São estratégias de 
ensino personalizado:
a) A individualização do ensino: quando um aluno de um grupo busca 
alternativas de ensino mais voltadas às suas necessidades;
b) A diferenciação do ensino: é quando um grupo de alunos com o mesmo 
objetivo busca um ensino mais personalizado;
Fonte:Google Imagens, 2020. 
51
METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2 
c) A personalização: nada mais é do que oferecer um ambiente onde um 
aluno escolhe o que ele quer estudar.
CURIOSIDADES
Você sabia que um fórum de discussão não é uma co-
munidade de prática? Conheça mais sobre as comunidades 
práticas: https://www.youtube.com/watch?v=8d1l13LLqUY
Outra perspectiva da personalização do ensino tem como referências às 
COP’s, comunidades de prática, onde um grupo se reúne com um objetivo em 
comum. Também observamos como isto pode ser utilizado dentro do contexto 
escolar, e não apenas de forma extracurricular. A última tem ligação com os 
modelos de rotação por estações e laboratório rotacional, em que os alunos 
alternam as estações em que circula, volta a alguma estação que não fi cou muito 
clara, ou no caso do laboratório, pesquisa o quanto for necessário para entender e 
depois tirar as dúvidas que fi caram em sala.
5 AVALIAÇÃO FORMATIVA
Quando somos estudantes e ouvimos a palavra avaliação, normalmente, 
vem a nossa cabeça um processo punitivo. Na verdade, é necessário romper com 
esta concepção e construir o seu oposto. As metodologias ativas podem se tornar 
aliadas dentro desta ressignifi cação da ideia de avaliar. Outro ponto importante 
será entender que a avaliação, dentro do processo ativo de ensino, não deve ser 
aplicada apenas no fi nal, e sim como um instrumento formativo, com a fi nalidade 
de corrigir desvios de percurso.
Por exemplo, quando estamos em um ambiente trabalho e vamos fazer uma 
avaliação dos colaboradores, na verdade vamos avaliar se o objetivo proposto e 
planejado pelo líder está sendo alcançado. Caso este desempenho não esteja de 
acordo, é necessário verifi car o que precisa ser feito, para que estes comportamen-
tos sejam ajustados. Dentro da sala de aula, esta fi nalidade da avaliação se repete.
É válido destacar que existe uma diferença entre avaliação e instrumentos 
de avaliação. Quando falamos de provas, testes, questionários, produções con-
52
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
cretas, estes são instrumentos de avaliação para avaliar o processo de ensino 
aprendizagem. Outro parâmetro importante que devemos observar é a concepção 
de avaliação que está na própria Leis de Diretriz e Bases da Educação (LDB), que 
em seu artigo 24 descreve que o docente precisa se atentar tanto aos critérios 
qualitativos, quanto aos quantitativos, assim como os demais resultados ao longo 
do processo de ensino aprendizagem. Sobre avaliação, três formas de aborda-
gem podem ser utilizadas: a avaliação diagnóstica, somativa e a formativa.
Figura 8 - Personalizar o ensino é atender as demandas individuais e coletivas 
Fonte: SunnyGB5, 2017
A avaliação diagnóstica é uma avaliação prévia e que pode ser aplicada 
no início do processo de aprendizagem. Por exemplo, se enquanto professora 
ministrou um curso de formação de professores, em uma turma com alunos de 
21 a 70 anos, que nunca trabalharam como professores, junto a outros alunos 
que possuem experiência média de 40 anos como docentes, estamos falando de 
uma turma bastante heterogênea. O nível de conhecimento e vivência destes dois 
grupos são diferenciados, algo que se descobre na avaliação diagnóstica, este 
processo pode ser defi nido como um momento prévio, quando serão identifi cados 
os conhecimentos prévios, que possibilitaram traçar um plano para alcance dos 
objetivos. De forma prática, pode ser feita através de um formulário impresso ou 
online, ou de uma entrevista, conversa ou debate.
A avaliação somativa tem a fi nalidade de gerar uma menção fi nal, com o 
uso de testes, provas, seminários e outros instrumentos. A legislação brasileira 
ainda necessita de números para estabelecer a aprovação ou reprovação do 
aluno, como uma espécie de controle da vida acadêmica, que permanecem 
registrados nos arquivos, indicando se ele pode ou não avançar para os próximos 
períodos e fases de sua vida acadêmica. Esta avaliação é mais tradicional e ainda 
53
METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2 
necessária, no contexto educacional brasileiro, já que o sistema não permite que 
o aluno avance sem uma nota mínima estipulada pela instituição escolar.
Por fi m, e a mais importante quando assuntoé metodologias ativas, a 
avaliação formativa é aquela que vai acompanhar o processo de ensino 
aprendizagem como um todo, não apenas seu resultado fi nal, transformando 
resultados em notas. Normalmente, ela não trabalha com a ideia de nota ou 
menção, sendo uma avaliação processual de acompanhamento, que respeita o 
ritmo, a liberdade e autonomia do aluno.
Neste modelo, o professor acompanha de forma próxima e personalizada 
o cotidiano do aluno, como um mediador, não censurando ou criticando, mas 
estimulando e dando sugestões de como ele pode desenvolver o seu trabalho 
em sala de aula. O desenvolvimento qualitativo de cada aluno é central dentro 
do modelo formativo, tanto que o educador deve estar atento a toda caminhada 
do aluno, para que ao longo do processo possa aplicar recuperações paralelas e 
atividades colaborativas, com foco no desenvolvimento.
Sendo assim, não se espera o fi nal do curso, do semestre ou do bimestre 
para identifi car se o aluno aprendeu ou não, mas se acompanha ao longo da 
caminhada acadêmica o que deve ser ajustado, potencializado ou corrigido. Tipos 
de avaliação que ocorrem durante a aplicação deste modelo são os questionários 
durante as atividades, no modelo de Flipped Classroom, o acompanhamento do 
aluno em suas atividades, se está assistindo as vídeo aulas, se baixou os arquivos 
em PDF, leu os e-books, seu posicionamento durante os debates e momentos de 
dúvida em sala de aula, durante o momento da tutoria.
SAIBA MAIS
Para entender um pouco mais sobre o tema ensino 
híbrido, metodologias ativas e educação personalizada, 
acesse o site da professora Lilian Bacich, um dos grandes 
nomes do assunto no Brasil, autora e organizadora de li-
vros como: Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na 
Educação (2015), STEAM em Sala de Aula: A Aprendiza-
gem Baseada em Projetos Integrando Conhecimentos na 
Educação Básica (2020) e Metodologias ativas para uma 
educação inovadora. https://lilianbacich.com/
54
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Nesta etapa aprendemos como o professor precisará favorecer a 
personalização do ensino ao pensar em estratégias de organização do espaço na 
sala de aula, na escolha de novas tecnologias, no método avaliativo e utilização 
de diferentes recursos didáticos.
Concluímos que um bom planejamento será uma prática essencial para o 
desenvolvimento de uma aula, empregando a metodologia ativa e o ensino híbrido. 
Em sala de aula, vimos que o aluno será o protagonista de seu aprendizado, ao 
passo que o papel de professor será de mediador das atividades.
Entendemos também que a classifi cação dos modelos da Metodologia Ativa, 
saber articulá-los com a criatividade e um bom planejamento, é a chave para a 
inovação na sala de aula.
Por fi m, compreendemos que avaliar não é apenas uma etapa fi nal. Quando 
a metodologia ativa está em pauta, a avaliação formativa será a proposta mais 
assertiva, uma vez que ela proporciona acompanhar os alunos durante toda a sua 
trajetória, orientando e corrigindo as rotas durante o processo, seja no trabalho 
em grupo, no laboratório, individual, na tutoria online, ou no contato por e-mail, 
uma vez que a metodologia ativa requer um contato constante e personalizado 
com o aluno.
REFERÊNCIAS
BACICH, L.; MORAN, E. Metodologias ativas para uma educação inovadora: 
uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. Disponível em: 
https://curitiba.ifpr.edu.br/wp-content/uploads/2020/08/Metodologias-Ativas-para-
uma-Educacao-Inovadora-Bacich-e-Moran.pdf. Acesso em: 23 set. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional. Brasília, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 23 set. 2020.
DUENLIJU. Explicación de Clase Invertida. 1 imagem. Disponível em: https://
commons.wikimedia.org/wiki/File:Flipped.jpg. Acesso em: 23 set. 2020.
ENGELMAN, R. Comunidades de Prática: estudo em um grupo de pesquisa. In: 
ENCONTRO DA ANPAD, 37., 2013, Rio de Janeiro. Anais [...] . Rio de Janeiro: 
55
METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2 
Anpad, 2013. p. 1-15. Disponível em: http://www.anpad.org.br/admin/pdf/2013_
EnANPAD_GPR2108.pdf. Acesso em: 23 set. 2020.
FREEPIK. Youngsters posing at table. 1 imagem. Disponível em: https://
www.freepik.com/premium-photo/youngsters-posing-table_1308488.
htm#page=1&query=aula&position=1. Acesso em: 23 set. 2020.
FREEPNG. Feedback Png File. 1 imagem. Disponível em: https://freepngimg.
com/png/12276-feedback-png-fi le. Acesso em: 23 set. 2020.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 
1996. Disponível em: http://www.apeoesp.org.br/sistema/ck/fi les/4-%20
Freire_P_%20Pedagogia%20da%20autonomia.pdf. Acesso em: 23 set. 2020.
HORN, M. B.; STAKER, H. Blended: usando a inovação disruptiva para aprimorar 
a educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
LAVE, J.; WENGER, E. Situated learning: legitimate peripheral participation. 
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RONDON, L. [Sem título]. 1 imagem. Disponível em: lucianarondon.com.br. 
Acesso em: 23 set. 2020.
SEABRA, C. Uma nova educação para uma nova era. In: A Revolução 
Tecnológica e os Novos Paradigmas da Sociedade. Belo Horizonte: Ofi cina de 
Livros, 1994.
SUNNYGB5. Lápis, apontador e borracha em folhas de respostas ou formulário 
de teste padronizado. 1 imagem. Disponível em: https://br.freepik.com/fotos-
premium/lapis-apontador-e-borracha-em-folhas-de-respostas-ou-formulario-de-
teste-padronizado_2242492.htm. Acesso em: 23 set. 2020.
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ZABALA, A.; ARNAU, L. Como aprender e ensinar competências. Porto Alegre: 
Penso Editor, 2015.
CAPÍTULO 3
Inteligência Emocional
Autoria: Ana Maria Stolfi 
Objetivos : 
 Contextualizar as inteligências múltiplas; inteligência emocional e a Inteligência 
emocional intra e interpessoal;
 Identifi car a importância da inteligência emocional no mundo do trabalho;
 Apresentar a criatividade, espontaneidade e empatia com foco no processo de 
ensino aprendizagem, aplicando a inteligência emocional em projetos.
Habilidades que o aluno deverá desenvolver : 
 Reconhecer suas emoções e sentimentos diante do autoconhecimento;
 Ter habilidade de se relacionar com outras pessoas (relacionamento 
interpessoal).
Competências que deverá adquirir ao fi nal da disciplina: 
 O aluno deverá adquirir equilíbrio emocional nas suas ações, tanto na vida 
pessoal quanto profi ssional. 
58
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
59
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3 
1 A INTELIGÊNCIA NÃO É UMA SÓ, 
ELA É MÚLTIPLA
Antes de investigarmos o contexto das inteligências múltiplas e emocionais, 
iremos compreender o conceito de inteligência, que é entendido como uma com-
petência intelectual que defi ne algumas característicasdo ser humano, como a 
aprendizagem rápida, raciocínio lógico, capacidade de memorização, interpreta-
ção e pensamento. Entre as variáveis da psicologia humana tem como destaque 
como estou no estado emocional e motivacional, quem sou geneticamente e onde 
estou diante do ambiente social, logo, são através desses fatores que descobri-
mos o quanto a mente humana é complexa.
Neste contexto, Gardner (1995) pesquisou e desenvolveu a teoria das inteli-
gências múltiplas, identifi cando seu potencial biopsicológico, em que se processam 
informações e podem ser ativadas em um dado cenário, com o objetivo de resolver 
problemas ou elaborar produtos que agreguem valor em um determinado contexto. 
No entanto, as inteligências múltiplas (IM) não se resumem a solução de proble-
mas, mas nas habilidades adquiridas por uma sociedade globalizada e multicultural, 
constantemente conectada nas informações no novo comportamento humano. 
As inteligências múltiplas são representadas por diferentes capacidades 
intelectuais, como os diversos estilos de aprendizagem, que são estabelecidos 
por uma série de tarefas efetuadas pelos indivíduos, como palestras, workshop, 
vídeos, leituras, visitas técnicas, dentre outras possibilidades. Portanto, a teoria 
das IM não se propõe a rotular as pessoas pelos tipos de inteligência que possuem, 
mas tem como objetivo investigar e compreender como as pessoas aprendem. 
Gardner (1995) argumenta que, dada a sua complexidade, a vida humana 
necessita do desenvolvimento de múltiplas inteligências e podem se manifestar 
em oito tipos diferentes: lógico matemática, linguística, musical, espacial, corporal 
cinestésica, naturalista, interpessoal e intrapessoal.
‘Múltiplas’ para enfatizar um número desconhecido de 
capacidades humanas diferenciadas, variando desde 
a inteligência musical até a inteligência envolvida no 
entendimento de si mesmo; ‘inteligências’ para salientar 
que estas capacidades eram tão fundamentais quanto 
àquelas historicamente capturadas pelos testes de QI. 
(GARDNER, 1995, p. 3).
60
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
Para Gardner (1995), a inteligência linguística se manifesta como a capa-
cidade de dominar tanto a linguagem, quanto a comunicação, sendo esta última 
verbal ou não verbal. Indivíduos que possuem uma inteligência linguística supe-
rior se destacam profi ssionalmente como escritores, professores, políticos poe-
tas, jornalistas, comunicadores e atividades correlatas. Já atividades relacionadas 
à engenharia, ciência investigativa, economia e estatísticas são mais aderentes 
a indivíduos que apresente a inteligência lógico matemática mais desenvolvida, 
uma vez que estão mais relacionadas à necessidade de raciocínio lógico e reso-
lução de problemas matemáticos, atrelado à velocidade na resolução de cálculos.
Já a inteligência espacial, que demanda a capacidade de observação do 
mundo e seus respectivos elementos em diversas perspectivas, a partir da criati-
vidade, é mais aderente a pessoas que possuem habilidades que lhes permitam 
desenhar uma perspectiva, criando imagens mentais com refi namento de deta-
lhes. Pessoas que possuem esta inteligência são fortes candidatas a serem escul-
tores, designers, arquitetos, fotógrafos, assim como outras atividades que estejam 
alinhadas ao senso artístico.
Figura 1: Inteligências múltiplas
Fonte: cesvale.edu.br
61
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3 
Outra IM alinhada a este senso é inteligência musical. Segundo Gardner 
(1995), todas as pessoas possuem uma inteligência musical latente, uma vez que 
algumas áreas cerebrais são destinadas à execução de funções relacionadas 
à composição musical. Entretanto, como qualquer outra inteligência, exige 
envolvimento e dedicação, para que se alcance seu desenvolvimento, como a 
inteligência corporal e cinestésica, que exprime as habilidades motoras, de 
forma a expressar sentimentos e emoções através do próprio corpo. Atividades 
profi ssionais mais aderentes a esta IM estão relacionadas àquelas desenvolvidas 
por dançarinos, atores e atletas, dentre outros profi ssionais.
Gardner (1995) achou necessário incluir no rol de IM a inteligência naturalista, 
por ser essencial à sobrevivência humana, assim como de outras espécies, 
uma vez que se referente às questões da natureza, como seus fenômenos e os 
elementos que nela coabitam, como os animais, vegetais e minerais.
Já as inteligências intra e interpessoais recebem um olhar diferenciado 
por Gardner (1995), destacando-se em sua pesquisa, uma vez que essas duas 
inteligências foram identifi cadas como essenciais ao desenvolvimento humano, 
muitas vezes negligenciadas no processo de ensino aprendizagem. Enquanto a 
inteligência intrapessoal está relacionada ao autoconhecimento, compreendendo 
e controlando as questões internas, a inteligência interpessoal possibilita a 
interpretação das palavras, aprimorando a capacidade de empatia.
A multiplicidade de inteligências apresentada por Gardner (1995) possibilita 
ampliar a concepção do desenvolvimento no processo ensino aprendizagem, 
deslocando este processo para além do foco nas habilidades que priorizem o 
desenvolvimento lógico matemático e linguístico. Muitas são as possibilidades 
na vida das pessoas, sejam as experiências pessoais ou do mundo do trabalho, 
e para que possamos desenvolver habilidades aderentes a esta vasta gama de 
caminhos, é necessário que todas as inteligências estejam no foco do processo 
de ensino aprendizagem. 
SAIBA MAIS
Conheça mais sobre as múltiplas inteligências: 
https://www.youtube.com/watch?v=oJ85PMYqHqg
62
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
2 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 
O termo inteligência emocional (IE) foi imortalizado pela obra de Goleman 
(1995), em que era apresentava a IE como a capacidade de criar motivações para 
si, controlando impulsos e mantendo a assertividade, impedindo que a ansiedade 
interfi ra no raciocínio e na autoconfi ança. Essa capacidade de criar motivações 
para si traz a possibilidade do indivíduo identifi car seus sentimentos através do 
comportamento positivo, desenvolvendo a capacidade de bons relacionamentos 
com outras pessoas e grupos.
A pesquisa de Goleman desencadeou novos estudos, como os de Oliveira-
Castro e Oliveira-Castro (2001), em que conceitua a inteligência emocional como 
a capacidade de identifi car e compreender os próprios sentimentos, gerando um 
comportamento alinhado aos mesmos e impactando na motivação. Para Mayer e 
Salovey (1997 apud AVELEIRA, 2013) a inteligência emocional pode ser dividida 
em quatro domínios, sendo eles: 
a) Percepção, avaliação e expressão da emoção;
b) A emoção como facilitadora do pensamento;
c) Compreensão e análise de emoções, emprego do conhecimento 
emocional;
d) Controle refl exivo de emoções para promover o crescimento emocional e 
intelectual.
Figura 2 - A importância da inteligência emocional
Os autores supracitados apontam que a percepção, avaliação e expressão 
da emoção são capacidades adquiridas pelas pessoas ao reconhecer seus pró-
prios sentimentos, assim como os sentimentos das pessoas que as rodeiam. Esse 
domínio é relacionado às expressões não verbais das emoções, como os senti-
mentos por estímulos, voz e expressões faciais. Argumentam ainda que a emoção 
Fonte: Riseley (2020).
63
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3 
como facilitadora do pensamento é um domínio em que as emoções são percebi-
das a ponto de facilitar os pensamentos e raciocínios, auxiliando a resolução de 
problemas e tomadas de decisão.
Já o domínio de compreensão, análise de emoções e emprego do 
conhecimento emocional proporcionam a capacidade de entendimento e análise 
de emoções, junto à linguagem e aos sinais emocionais. O domínio do controle 
refl exivo de emoções é necessário para promover o crescimento emocional e 
intelectual, que facilita a capacidade de se relacionar com as emoções para alcance 
de objetivos pessoais e demais integrantes de um grupo (MAYER; SALOVEY, 1997 
apudAVELEIRA, 2013).
É válido destacar que na teoria de Goleman (2001), a inteligência emocional 
considera que competências emocionais são competências adquiridas, aprendidas 
e desenvolvidas ao longo da vida para alcançar um desempenho excepcional. Nes-
se sentido, o autor argumenta que as inteligências emocionais podem ser desenvol-
vidas e não se tratam de uma dádiva ou tenham relação à concepções inatas.
Posteriormente, avançando em suas pesquisas, Goleman (2011) destaca a 
importância da inteligência emocional, no que se refere ao autocontrole em de-
terminadas situações e no alcance dos objetivos, delimitando cinco pilares que 
regem a compreensão sobre a inteligência emocional: autoconhecimento emocio-
nal, controle emocional, automotivação, empatia e relacionamentos interpessoais.
Para o autor supracitado, emoção é intrínseca aos seres humanos e o au-
toconhecimento emocional proporciona a superação do desafi o de aprender a 
ouvir e conhecer os nossos próprios sentimentos e manifestações. Entretanto, 
reconhecer a existência de nossos sentimentos não é sufi ciente, é preciso saber 
lidar com eles através do controle emocional, o que não signifi ca um real domínio 
da vida, podendo estar dependente das emoções. Portanto, a automotivação tem 
um papel fundamental, pois exprime a capacidade de redirecionar um sentimento, 
com o objetivo de obter algum ganho pessoal, mantendo a serenidade e a calma. 
Nesta trajetória, a empatia é fundamental, para que as emoções dos outros sejam 
respeitadas, possibilitando relações pessoais mais sinceras e que proporcionem 
relacionamentos interpessoais saudáveis, em que as trocas e as interações sejam 
resultados da capacidade de gerenciamento dos sentimentos das outras pessoas. 
Portanto, tanto a inteligência emocional, quanto às inteligências múltiplas se 
complementam para o desenvolvimento integral, uma vez que sem relacionamen-
tos humanos a vida em sociedade como a conhecemos não seria possível – indi-
ferente dos elementos positivos e negativos que o compartilhamento de emoções 
64
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
DICA DO PROFESSOR
Conheça o Laboratório Inteligência de Vida, seu lema 
é: Você não pode mudar o que sente, mas pode aprender 
o que fazer com seus sentimentos. Para conhecer o LIV, 
acesse https://www.inteligenciadevida.com.br/pt/liv/
entre as pessoas possibilita, como afi rma Goleman (2011). Sendo assim, vamos 
investigar mais essa aderência, retomando o destaque da pesquisa de Gardner 
(1995), no que se refere às inteligências intra e interpessoal.
3 INTELIGÊNCIAS INTRA E 
INTERPESSOAL
As inteligências intra e interpessoal são defi nidas como tipos de inteligências 
múltiplas, que envolvem os indivíduos por meio da motivação, empatia, interação, 
autoestima, autorrealização e confi ança, dentre outros sentimentos positivos. 
Tanto a inteligência intrapessoal, quanto a interpessoal se constituem como 
inteligências emocionais.
A inteligência emocional intrapessoal é entendida como a capacidade 
do indivíduo em identifi car as próprias emoções e sentimentos, diante suas 
necessidades, identifi cando seus desejos, ambições e motivações – assim como 
outras inteligências deve ser aprimorada e seu desenvolvimento está diretamente 
relacionado ao autoconhecimento. Para Goleman (2011), a inteligência 
intrapessoal se manifesta nos indivíduos a partir de características como foco 
e concentração nas atividades desempenhadas, facilidade em resolução de 
confl itos,determinação e persistência para atingir os resultados desejados, 
disciplina, autocompreensão, autoestima, autonomia, capacidade de realização; 
capacidade de despertar o melhor de si em todas as situações e comportamento 
congruente com seus princípios e valores. Como profi ssionais, indivíduos que 
possuem a inteligência emocional intrapessoal desenvolvida apresentam como 
tendências de carreira atuações que se relacionem à psicologia, psiquiatria, 
fi losofi a, sociologia, escrita, dentre outras experiências profi ssionais que 
demandem um elevado nível dessa inteligência.
65
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3 
Figura 3 - Relacionamento intra e interpessoal
A inteligência emocional interpessoal é entendida como a capacidade das pes-
soas em serem empáticas com as outras. Esta inteligência se relaciona com as 
interações, entendimentos, interpretações dos desejos e intenções das outras pes-
soas. A capacidade do bom relacionamento e a adaptação ao ambiente são habili-
dades essenciais para quem possui essa inteligência, que possibilita compreender 
o estado emocional de outras pessoas, seja na vida pessoal e/ou profi ssional.
Para Gardner (1995), a inteligência interpessoal se relacionada às capaci-
dades de inteligência emocional, empatia, manejo das relações intersubjetivas, 
resolução de confl itos e habilidades de comunicação.
Assim como as demais inteligências, também é uma habilidade a ser 
construída e pode ser encontrada em profi ssionais que exercem diversas 
atividades, como professores, advogados, médicos, psicólogo, profi ssionais 
que atuam diretamente com a sociedade. Gardner (1995, p. 15) indica que a 
inteligência interpessoal pode ser entendida como a 
capacidade de compreender outras pessoas: o que as motiva, 
como elas trabalham cooperativamente com elas. Os vendedores, 
políticos, professores, clínicos (terapeutas) e líderes religiosos bem-
sucedidos, todos provavelmente são indivíduos com altos graus de 
inteligência interpessoal.
Fonte: Elaborado pela autora.
66
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
Portanto, para o autor, a inteligência emocional interpessoal tem como cerne 
a percepção do comportamento humano, a partir da maneira como as pessoas se 
relacionam. Sendo assim, os tipos de inteligência estão presentes em todas as 
pessoas e o seu desenvolvimento estará diretamente atrelado à ênfase de seu 
aprendizado.
4 A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO 
MUNDO DO TRABALHO
PARA SABER MAIS
Qual a relação da fala com as inteligências intra e 
interpessoal? Assista a este TED e identifi que como a fala 
é uma ferramenta incrível em nossas vidas: https://www.
youtube.com/watch?v=D236cCikGmA
Já identifi camos o conceito de inteligências múltiplas e da inteligência emo-
cional, e como estas inteligências se entrelaçam no percurso do desenvolvimento 
humano, impactando nos comportamentos e sentimentos dos indivíduos. Nesse 
momento, iremos investigar como essas inteligências se manifestam no mundo 
do trabalho, locus de grande parte da atuação da vida adulta. 
A inteligência emocional é de suma importância no mundo do trabalho, uma 
vez que é por meio dela que os profi ssionais encontram oportunidades de carrei-
ras promissoras, imbuídas de um sentido de pertencimento e projeções futuras. 
Na conjuntura de processos contínuos de transformações e mudanças, profi s-
sionais que apresentam essa inteligência desenvolvida saberão driblar obstácu-
los, com calma e clareza dos fatos, transformando-os em oportunidades. Nesse 
sentido, ao se deparar com os desafi os, os mesmos são entendidos como parte 
natural das relações de trabalho, que devem ser elaborados e transformados em 
soluções, sem que isso se torne um desgaste emocional.
Na percepção de Nascimento (2006, p. 55), “uma possível abordagem pro-
missora para a inteligência emocional em ambiente de trabalho reside em treina-
mento e desenvolvimento de competências sociais e emocionais [...]”. Para que 
esta abordagem possa resultar positivamente, é necessário que os sentimentos 
de empatia, automotivação, autocontrole, trabalho em equipe, afetividade, assim 
67
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3 
como outros elementos que envolvem o universo profi ssional, sejam valorizados 
tanto pelas organizações, quanto pelos indivíduos que as compõe. 
Gondim e Siqueira (2004) conceituam a afetividade como processos subje-
tivos que estabelecem vínculos com pessoas, objetos físicos, sociais e com as 
emoções e sentimentos. Essa afetividade que envolveos profi ssionais nas orga-
nizações pode ser entendida como os sentimentos que envolvem emoções e afe-
tos, podendo causar fatores positivos e ou negativos, e naturalmente ocasionar 
ruídos e confl itos.
A inteligência emocional é indispensável no âmbito organizacional, sendo 
aplicada ao planejamento das organizações, de modo que os profi ssionais exe-
cutem as atividades com efi ciência e efi cácia. Colaboradores com inteligência 
emocional mais desenvolvida conseguem alcançar melhores resultados, tanto 
pessoais, quanto profi ssionais, proporcionando ganhos plurilaterais. Para Johann 
(2013), os colaboradores que possuem inteligência emocional conquistam melho-
res resultados, tanto pessoais quanto profi ssionais. Para o autor, esses colabora-
dores convivem com seus colegas de trabalho com mais harmonia. 
Sendo assim, a liderança tem um papel primordial. Para Nascimento (2006), 
líderes que desenvolvem a inteligência emocional no trabalho tendem a ser mais 
preparados para lidar com a suas equipes, são mais receptivos a ouvir e se co-
municam efetivamente, construindo uma relação social positiva entre colaborado-
res e organizações. Neste contexto, é fundamental que as organizações tenham 
como premissa planos estratégicos para incorporação de relacionamentos e emo-
ções em suas relações de trabalho, ressignifi cando o conceito de desempenho. 
Cooper e Sawaf (1997) especifi cam sete fatores relacionados às transforma-
ções do mundo do trabalho, que devem ser levados em consideração, para que a 
inteligência emocional pode acrescer ao sucesso das organizações, sendo elas:
a) Confi ança nos relacionamentos de trabalho;
b) As decisões são tomadas com mais cuidado;
c) Liderança efi caz;
d) Honestidade na comunicação;
e) Confi ança nas equipes de trabalho;
f) Inovação e criatividade;
g) Responsabilidade, respeito e comprometimento.
A aplicação destes fatores às corporações aciona o sentimento de pertenci-
mento dos colaboradores, o que promove a motivação e alinha os objetivos das 
organizações e dos colaboradores. Para que isto ocorra, não basta que a inteli-
gência emocional seja um fator isolado, mas que faça parte da cultura organiza-
cional (COPPER; SAWAF, 1997).
68
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
Goleman (1995) defendeu a inteligência emocional como habilidade essen-
cial para o sucesso no trabalho. Em relação à inteligência emocional no mundo do 
trabalho, destacam-se quatro pilares que compõem as habilidades de um profi s-
sional: autoconsciência, autogestão, empatia e habilidade social. 
Weisinger (1997, p. 14) defi ne a inteligência emocional como “fazer inten-
cionalmente com que as suas emoções trabalhem em seu benefício, usando-as 
para ajudar-se a orientar seu comportamento e seu raciocínio de maneira a obter 
melhores resultados”. Para o autor, a inteligência emocional é algo que pode ser 
desenvolvida e ampliada, sendo a autoconsciência o seu elemento básico. Wei-
singer (1997, p. 26) conceitua a autoconsciência como a compreensão do “que o 
faz agir como age, antes de começar a alterar seu comportamento em busca de 
melhores resultados”.
Entretanto, a autoconsciência não garante que este processo de identifi cação 
de sentimentos se torne menos desafi ador. Diante as fragilidades da nossa 
autoestima, criamos uma espécie de proteção, fi ltrando as situações e realizando 
leituras fragmentadas, criando contextos e narrativas que nos auxiliam a elaborar 
nossos posicionamentos e emoções. 
Quando se trata de emoções, forças e fraquezas, todos temos bloqueios. 
Todos possuímos uma emoção potencialmente destrutiva, onde nosso ego é 
preservado e nossa autoestima é frágil. É difícil mudar o que não se percebe, por 
isso, o desenvolvimento da autoconsciência é o maior desafi o na manutenção 
da inteligência emocional, já que ela trás a mudança, o crescimento, o 
desenvolvimento e o aprimoramento (BLOUNT, 2018).
A importância de enfrentarmos os obstáculos criados em nossas mentes é 
realmente desafi ador para qualquer indivíduo. Entretanto, é possível desenvolver 
a autoconsciência, para que este autoconhecimento ocorra de forma mais 
orgânica, galgando o desenvolvimento da nossa inteligência emocional. 
Para Goleman (2015), os outros pilares da inteligência emocional, além 
da autoconsciência, são a autogestão (capacidade de controlar as emoções) 
e o autocontrole (permanecer calmo sob estresse elevado ou se recuperar 
rapidamente). Para Soto (2002), pessoas com autocontrole emocional têm um 
temperamento comedido, pensando com clareza e fazendo com que a sua tomada 
de decisão tenha base em suas emoções. Já pessoas sem esta habilidade, 
costumam ser vistas como pessoas de mau temperamento, que perdem o controle 
e descontam seus sentimentos nos outros.
O autocontrole emocional é uma característica sine qua non dos gestores de 
uma organização, uma vez que sua liderança se encontra atrelada às tomadas 
69
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3 
de decisão, que impactam o ambiente como um todo. Não é incomum que as 
lideranças tenham de realizar escolhas, solicitar metas e tarefas ou ainda 
remodelar uma determinada equipe, sem estarem completamente aderentes 
a estas propostas, ou ainda terem de tomar decisões em que a balança tende 
necessariamente pender para a equipe ou para a corporação. Nestas situações, 
o autocontrole, junto ao autoconhecimento, são fundamentais para que os 
posicionamentos possam ser assertivos e minimizem os impactos negativos.
Outra habilidade pilar da inteligência emocional para o mundo do trabalho 
visa a empatia. Blount (2018) conceitua a empatia como a habilidade de criar uma 
conexão de maneira que você entende o que o outro está sentindo, ou seja, é 
sentir o que o outro sente. Entender os sentimentos de uma outra pessoa não 
é uma tarefa simples, uma vez que existem contextos, e o que pode não ser 
impactante para uma determinada pessoa pode ser um grande impacto, para 
outro indivíduo. Por isso, Goleman (2015) afi rma que a empatia não é sobre fazer 
o que os outros querem, mas sim criar uma conexão que pauta o relacionamento 
entre o líder e seus colaboradores. Nesse sentido, a empatia é fundamental 
no mundo do trabalho, em que colaboradores e líderes compartilham desafi os 
conjuntos e juntos às trajetórias pessoais. Portanto, sem empatia não há êxito nas 
organizações.
Figura 4 - Inteligência emocional no mundo do trabalho
Fonte: Gerhardt, 2020.
A habilidade social é vista como o último pilar da inteligência emocional. 
Ela também pode ser chamada de inteligência interpessoal, e é representada 
pela comunicação efi caz e envolvimento direto com as pessoas do grupo. A 
interpessoalidade deve estar presente para o alcance dos resultados positivos 
que as organizações almejam. Quando isso não ocorre, a ausência de habilidade 
70
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
social se transmuta na inefi ciência dos membros da equipe, causando grandes 
perdas mensuráveis e intangíveis. Por isso, é de grande valia que os líderes 
tenham a habilidade social desenvolvida, para que possam gerir com efi cácia, 
tanto as pessoas, quanto os negócios. 
Mayer e Caruso (2002) indicam que líderes com inteligência emocional 
elevada possuem um maior preparo para desenvolver times fortes e para se 
comunicar de forma efetiva, construindo uma relação social positiva entre a 
organização e seus colaboradores. Nesse sentido, é primordial a participação 
das organizações para o desenvolvimento das pessoas, por meio de uma cultura 
de gestão de pessoas que priorize a inteligência emocional, objetivando o 
crescimento de todos os envolvidos. 
Este desenvolvimento pode ser iniciado por meio de um mapeamento 
comportamental dos colaboradores para promoção do autoconhecimento 
– que também possibilita à organização conhecer seu colaborador – para 
que consequentemente a motivação seja manifestada, a partir do senso de 
pertencimento e feedbacks que sejam alinhados aos perfi s profi ssionais. Este 
mapeamento pode ser realizadopelos gestores, a partir de testes de perfi l, 
identifi cando características de cada profi ssional, a partir de perguntas claras e 
objetivas, dinâmicas de grupo e ferramentas de análise de perfi l. 
Fomentar a inteligência emocional nos profi ssionais é uma cultura 
extremamente favorável, tanto às organizações, quanto aos profi ssionais que nela 
atuam. É o que, popularmente, é o chamado ganha-ganha, em que o pêndulo 
fi ca equilibrado e todos os envolvidos são benefi ciados. Nesse sentido, tanto o 
profi ssional colabora com a organização na qual trabalha, quanto a organização 
colabora com o profi ssional. Isso não signifi ca que os confl itos organizacionais 
deixarão de existir, mas serão administrados de maneira mais ágil, assertiva e 
com menor impacto emocional e fi nanceiro. 
Pessoas que desenvolvem sua inteligência emocional tornam-se mais 
preparadas para enfrentar os desafi os diários, pertinentes ao seu contexto 
pessoal, à sua carreira e ao mundo do trabalho. O autoconhecimento, a motivação 
e a empatia possibilitam que um indivíduo seja mais predisposto a analisar várias 
perspectivas, compreendendo o contexto e agindo com maior assertividade. E 
são pessoas com este perfi l que terão mais êxito nas relações pessoais e nas 
relações de trabalho.
71
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3 
CURIOSIDADES
Você já realizou algum teste de perfi l, para desenvolver 
seu autoconhecimento? Conheça alguns testes muito 
utilizados no meio corporativo: 
https://www.gupy.io/blog/teste-de-perfi l
5 CRIATIVIDADE, ESPONTANEIDADE E 
EMPATIA COM FOCO NO PROCESSO DE 
ENSINO APRENDIZAGEM - APLICAÇÃO 
DA INTELIGÊNCIA NOS PROCESSOS DE 
ENSINO APRENDIZAGEM
Tornar jovens mais criativos tem sido uma das metas no processo de ensino 
aprendizagem nos últimos tempos. Nas escolas, universidades e faculdades a 
criatividade tem sido inserida no projeto político pedagógico e sendo estimulado 
72
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
por meio de pesquisas, projetos e trabalhos acadêmicos. A multidisciplinaridade 
passa a ser um instrumento fundamental nesse processo, porém toda a sociedade 
deve ser envolvida.
Estimular a criatividade, espontaneidade e empatia com foco no processo 
de ensino aprendizagem, traz ao indivíduo a perspectiva de uma formação 
mais integral, que não se baseia em meras questões de qualifi cação para 
exercer funções, mas também empreender e transformar as relações sociais. A 
compreensão por meio do conhecimento possibilita ao indivíduo a harmonia dos 
elementos e sua relação com o todo. Esse comportamento estimula a interação 
com os outros, e o desenvolvimento de suas habilidades e competências.
Muitos são os sentimentos que envolvem o desenvolvimento da aprendizagem: 
as emoções, empatia, o estímulo, à interatividade, a espontaneidade em poder 
apresentar ideias e não ser reprimido pelos outros, a partir da criação de um 
ambiente seguro. Antônio e Tavares (2013) argumentam que o conhecimento é 
movido pela emoção, que é responsável por mover a inteligência. Portanto, para 
os autores, não há conhecimento sem emoção.
O compartilhamento de experiências emocionais faz parte de uma prática 
pedagógica que tenha por objetivo atender as necessidades dos indivíduos em 
seu processo de ensino aprendizagem, essa cultura deve ser promovida pelas 
instituições de ensino e fomentada por docentes e discentes. Inseridas práticas 
que fomentem essa cultura de ensino, é possível promover um constante interesse 
pelo conhecimento e pelo autoconhecimento. Wallon (2007) considera importante 
a participação e interação para o desenvolvimento do indivíduo, compreendida 
de forma que todos participem de suas experiências, na teoria das múltiplas 
inteligências, desenvolvida por Gardner, a criatividade também se destaca. 
Os indivíduos criativos são dotados de muita energia e são 
extremamente exigentes consigo e com os outros; conservam 
traços de sua infância e tendem a se marginalizar; podem ser 
extremamente egoístas, egocêntricos, intolerantes, estúpidos, 
obstinados e altamente capazes de ignorar convenções 
(GARDNER,1994, p. 78).
No entanto, o autor defende ainda que as pessoas criativas não expressam 
uma inteligência fora do comum, mas sim uma inteligência singular restrita a 
determinados domínios. Amabile (1996) propõem alternativas de estímulos da 
criatividade, tanto na sala de aula, quanto no ambiente de trabalho:
73
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3 
a) Encorajar autonomia do indivíduo, evitando controle excessivo e 
respeitando a individualidade de cada um;
b) Cultivar a autonomia e independência, enfatizando valores no lugar de 
regras; 
c) Ressaltar as realizações em detrimento de notas ou prêmios; 
d) Enfatizar o prazer no ato de aprender; 
e) Evitar situações de competição; 
f) Expor os indivíduos a experiências que possam estimular sua 
criatividade; 
g) Encorajar comportamentos de questionamento e curiosidade; 
h) Usar feedback informativo; 
i) Dar aos indivíduos opções de escolha; 
j) Apresentar pessoas criativas como modelos.
Neste processo de construção do conhecimento por meio da criatividade, faz-
se necessário destacar sobre a espontaneidade que envolve o ser. Isso signifi ca 
que mesmo com este ambiente propício, para que a criatividade se desenvolva, 
deverá ser um movimento genuíno de docentes e discentes e não apenas pontual. 
Para Vigotsky (1987) a apropriação do conhecimento vem da participação do 
outro social. O autor ainda argumenta que para que a interação social ocorra com 
êxito, para o desenvolvimento humano, o contato físico e social entre os atores do 
processo de ensino aprendizagem é determinante. 
Ao verifi car a importância da criatividade, espontaneidade e empatia, 
com foco na aplicação da inteligência emocional nos processos de ensino 
aprendizagem, é importante destacar que docentes e discentes são precursores 
no desenvolvimento da inteligência emocional, a partir de uma cultura pedagógica 
que se comprometa a ser propulsora do desenvolvimento humano.
Figura 5 - Criatividade como propulsora da humanidade
Fonte: Freepick.com
74
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
Para Wallon (1989), o desenvolvimento humano vem de uma relação de in-
terdependência entre fatores biológicos, condições de existência e características 
individuais de cada um. Segundo Goleman (1998), a inteligência emocional mui-
tas vezes se sobressai às competências técnicas, portanto, é uma competência 
indispensável para os profi ssionais. Assim, Goleman e outros autores elevam a 
inteligência emocional como fator predominante para qualquer tipo de projeto de 
aprendizagem, seja ele inserido no trabalho ou na vida acadêmica. Lima (2015) 
corrobora esta teoria ao afi rmar que os aspectos comportamentais são cada vez 
mais relevantes para desenvolver as atividades nas organizações e na comunida-
de científi ca. 
Stephens e Carmeli (2016) indicam que pessoas expandem seus conheci-
mentos e competências através da inteligência emocional, melhorando sua capa-
cidade de se comunicar e de cooperar de forma efi caz para obter bons resultados 
em projetos. Sendo assim, inteligência emocional retrata um conjunto de compe-
tências que gera sentimentos e emoções, aclarando o pensamento, promovendo 
crescimento emocional e intelectual.
Rogers (1983) afi rma que quando um professor compreende internamente 
as reações do estudante as probabilidades de uma aprendizagem signifi cativa 
aumentam. Neste cenário, a aprendizagem signifi cativa é vista como algo que 
realmente proporciona o aprender, que instiga o conhecimento e desenvolve o in-
divíduo, potencializando seu processo de criatividade e espontaneidade, surgida 
por meio da autonomia conquistada.
Para Moreno (1992), um processo de criatividade espontânea coloca em evi-
dência a relação entre o momento, a ação imediata, a espontaneidade e a cria-
tividade. Em suma, o indivíduo desperta no processo da criatividade e esponta-
neidade ao ser desafi ado pelo ambienteem que vive, ou seja, pela sua cultura, 
propósitos e evolução das relações. A espontaneidade encontra-se no meio afeti-
vo emocional: família, amigos, sociedade; está presente em todos os momentos, 
associada à emoção e à ação. Sendo assim, quando o indivíduo percebe que é 
capaz de seguir seus próprios passos e decidir por si, o processo de criatividade 
é ativado, assim como a espontaneidade, fatores positivos para sua existência.
Segundo Moreno (1997), diversos procedimentos utilizados na área do teatro 
têm a base na abordagem de grupo, na qual os alunos são tratados como indiví-
duos no seio de um grupo, sendo uma situação muito semelhante a que será en-
contrada no mundo em geral. Ademais, a aplicação da inteligência emocional no 
processo de ensino aprendizagem retrata a participação dos grupos num contexto 
das relações interpessoais, em que o indivíduo reage da emoção à ação, diante 
da aprendizagem. O autor supracitado ainda relata as seguintes relações no con-
texto educacional:
75
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3 
a) Relação aluno-professor: construindo uma relação de ensino aprendiza-
gem que estimule a espontaneidade-criatividade do aluno e não negli-
gencie a interação socioafetiva entre ambos;
b) Relação aluno-instituição educacional: considerando o sistema educa-
cional enquanto parte de um contexto social muito mais amplo, em que 
ocorre infl uência contínua de ambas as instituições (escola e sociedade 
em geral) o tempo todo, instituições essas em que o aluno se encontra 
intrinsecamente inserido;
c) Relação aluno-grupo: percorrendo as etapas do processo de interação, 
socialização e identidade grupal, visando produzir conhecimentos atra-
vés da vivência de desempenho de papéis;
d) Relação professor-pais: a família é a primeira instituição a qual criança 
se vê inserida socialmente, socialização essa que vem a ser ampliada ao 
ingressar na escola. Ambas são responsáveis pela formação do aluno.
Estas relações citadas, no contexto do ensino aprendizagem, representam 
uma abordagem e exploração da psique humana, por meio dos vínculos emo-
cionais do indivíduo, ou seja, essa inserção na aprendizagem é instigada nas ca-
pacidades que envolvem a inteligência emocional. Moreno (1997) afi rma que a 
espontaneidade é um fator inato que se apresenta como forma de energia em 
constante transformação, que capacita o homem para enfrentar situações novas e 
criar respostas às situações antigas.
Esta energia é encontrada na maioria dos indivíduos, principalmente nas no-
vas gerações, que já nasceram na era da revolução tecnológica, que faz com que 
o indivíduo saia da zona de conforto, adaptando-se ao novo. É perceptível que os 
recursos tecnológicos mostram a importância da criatividade e espontaneidade, 
rompendo paradigmas em todas as direções. Contudo, a sensação das gerações 
atuais é de estar sempre ultrapassada, havendo a necessidade de buscar cons-
tantemente o conhecimento. A própria sociedade, principalmente as relações de 
trabalho, exige este aperfeiçoamento constante, junto a um profundo desenvolvi-
mento da inteligência emocional.
O conhecimento é nosso bem maior, se possuímos ou não um maior nível 
de inteligência emocional é sempre tempo de elevarmos as nossas capacidades.
SAIBA MAIS
Saiba mais sobre criatividade e como desenvolvê-la no 
cotidiano: 
https://rockcontent.com/br/blog/criatividade/
76
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Caro pós-graduando! 
Finalizamos este capítulo com o intuito de êxito. Ao iniciarmos, conceituamos 
sobre inteligência sendo defi nida como uma competência intelectual, caracterizada 
na forma de pensar, memorizar e raciocinar. Como dito, a inteligência deve ser 
entendida como um conjunto de inteligências que podem ser desenvolvidas 
ao longo do tempo, como algo novo a ser estudado todos os dias. Os tipos de 
inteligência estão presentes em todas as pessoas, porém algumas pessoas 
possuem tipos de inteligências mais desenvolvidos.
Vimos a teoria das inteligências múltiplas de Gardner, na qual são 
apresentadas por meio das habilidades e competências do indivíduo e suas 
capacidades intelectuais: inteligência linguística, lógico matemática, espacial, 
musical, corporal e cinestésica, naturalista, intrapessoal e interpessoal. Estes 
tipos de inteligência retratam o quanto se faz necessário a busca do conhecimento 
contínuo, sem priorizar um tipo específi co de conhecimento.
Na continuidade, sobre a inteligência emocional, que é tema desse livro, 
foi explorada sobre a possibilidade do indivíduo identifi car seus pensamentos 
por meio dos comportamentos positivos, refl etindo ao bom relacionamento entre 
as pessoas e grupos. Para tanto, existem quatro domínios sobre a inteligência 
emocional: percepção, avaliação e expressão da emoção, a emoção como 
facilitadora do pensamento, a compreensão e análise de emoções, emprego 
do conhecimento emocional e por último o controle refl exivo de emoções para 
promover o crescimento emocional e intelectual. 
Sobre a inteligência emocional intra e interpessoal foi destacada a congruência 
com as inteligências múltiplas e sua mútua relação com os comportamentos dos 
indivíduos, de forma motivacional, empática, interação, autoestima e confi ança, 
dentre outros sentimentos. Enquanto a inteligência interpessoal está baseada na 
empatia, no entender e se colocar no lugar do outro, a inteligência intrapessoal 
está relacionada ao autoconhecimento, que se concretiza como um grande passo 
para entendermos o outro.
Ao descrever sobre a inteligência emocional no trabalho, contemplamos o 
quanto é importante o desenvolvimento do indivíduo para sua carreira profi ssional, 
por meio do treinamento e desenvolvimento das competências sociais e 
emocionais, estando preparado para as mudanças contínuas e transformações, 
para que as organizações e indivíduos possam alcançar seus objetivos, diluindo 
os confl itos. 
77
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3 
Foi muito gratifi cante passar este tempo com você! Esperamos ter contribuído 
assertivamente no seu contínuo processo de ensino aprendizagem!
Foi muito gratifi cante passar este tempo com você, deixo aqui uma citação 
de Goleman (2015), “a inteligência emocional é saber o que fazer e como 
direcionar suas próprias emoções de modo que seja fl exível, sempre respeitando 
a si mesmo.”
Esperamos ter contribuído assertivamente no seu contínuo processo de 
ensino aprendizagem!
REFERÊNCIAS
 AMABILE, T. M. Creativity in context: update to the social psychology of creativity. 
Boulder, CO: Westview Press,1996.
ANTÔNIO, S.; TAVARES, K. Uma pedagogia poética para as crianças. 
Americana, SP: Adonis, 2013.
AVELEIRA, J. J. C. B. A inteligência emocional: o desempenho e a satisfação 
laboral em funções comerciais. 2013. 73 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de 
Psicologia das Organizações, Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, 
Sociais e da Vida (ISPA), Lisboa, 2013. Disponível em: https://core.ac.uk/
download/pdf/70652102.pdf. Acesso em: 23 set. 2020.
BLOUNT, J. Como os Super vendedores utilizam a inteligência emocional para 
fechar mais negócios. São Paulo: Autêntica Business, 2018.
CAMBI, F. História da Pedagogia. São Paulo: Unesp (FEU), 1999.
COOPER, R.; SAWAF, A. Inteligência Emocional na Empresa. Rio de Janeiro: 
Campus, 1997.
GARDNER, H. Estruturas da mente: a Teoria das Múltiplas Inteligências. Porto 
Alegre: Artes Médicas,1994.
GARDNER, H. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes 
Médicas, 1995.
Gerhardt, K. Racionalidade à prova!. 2020. 1 imagem. Disponível em: https://
aoseulado.com.br/racionalidade-a-prova/. Acesso em: 23 set. 2020.
78
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
GOLEMAN, D. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefi ne o que 
é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. 
GOLEMAN, D. Inteligência social: o poder das relações humanas. Rio de Janeiro: 
Elieser, 2011.
GOLEMAN, D. Liderança: A inteligênciaemocional na formação do líder de 
sucesso. Rio de Janeiro: Objetiva. 2015.
GOLEMAN, D. Trabalhando com a Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: 
Objetiva, 2001.
GONDIM, S. M. G.; SIQUEIRA, M. M. M. Vínculos do indivíduo com o trabalho 
e com a organização. In: ZANELLI, J.C; BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS, 
A.V.B (Org.). Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. Porto Alegre: 
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GUIMARÃES, R. D. A teoria das inteligências múltiplas. 2020. 1 imagem. 
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LIMA, L. O efeito da Inteligência Emocional nas competências interpessoais do 
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(Mestrado) - Curso de Administração, Universidade Nove de Julho, São Paulo, 
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MORENO, J. L. Psicodrama. São Paulo: Editora Cultrix, 1997.
MORENO, J. L. Quem sobreviverá?: fundamentos da sociometria, psicoterapia 
de grupo e psicodrama. Goiânia: Editora Dimensão, 1992.
79
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3 
NASCIMENTO, S. H. As relações entre inteligência emocional e bem-estar no 
trabalho. 2006. 101 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Metodista de São 
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[S.l.], v. 17, n. 3, p. 257-264, set. 2001. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.
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RISELEY, Jeff. EQ Resource and Mental Health For Sales Teams. 2020. 1 
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SOTO, E. Comportamento Organizacional. São Paulo: Thomson: 2002.
STEPHENS, John Paul; CARMELI, Abraham. The positive effect of expressing 
negative emotions on knowledge creation capability and performance of project 
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VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 
1989.
VYGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BÁSICAS
WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Tradução de Claudia Berliner, 
São Paulo: Martins Fontes, 2007.
WALLON, H. As origens do pensamento na criança. São Paulo: Editora Manole 
LTDA, 1989.
WEISINGER, H. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 
1997.de qualquer linguagem ou 
dado em números, isto é, em zeros e uns (0 e 1)”. Assim, imagens, sons, textos ou 
a sua soma, que podemos ver através de um dispositivo digital (celular, tablet, tela 
de computador, televisor), nada mais são do que códigos de sim e não sobrepostos.
10
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
O surgimento das tecnologias digitais revolucionou a indústria, a economia 
e a sociedade do século XX. Armazenar e transmitir a informação modifi cou a 
relação das pessoas com a história. A propriedade intelectual, a originalidade, os 
direitos sobre qualquer criação se tornaram preocupações importantes e muito 
provavelmente eternas, uma vez que a velocidade de propagação e compartilha-
mento da informação é maior a cada dia. A informação que no passado era guar-
dada em livros, manuscritos, bibliotecas e academias, muitas vezes distantes da 
maioria da população, passou a ser permitida e acessada, na medida em que é 
digitalizada e compartilhada.
Ignorar a urgente necessidade de adequação de metodologias com o uso da 
tecnologia digital não é mais permitido em pleno século XXI e tornou-se mais do 
que necessária, uma vez que os desafi os pandêmicos, resultantes da COVID-19, 
afastaram o aluno da sala física e o transportou, ou ao menos deveria, para o 
ambiente virtual.
2.2 FERRAMENTAS
A tecnologia digital pode ser introduzida através de jogos, uso da internet, 
aplicativos, programas, músicas, exercícios virtuais, em que o aluno se conecta 
ao universo a ser aprendido, através de uma interface tecnológica, como 
computadores, notebooks, tablets, smartphones.
Figura 2 - Educação por meio de uso de tecnologia
Fonte: Freepik, 2020.
De acordo com o portal Google, em 2017 foram realizadas 1,2 trilhões de pesquisas 
em todo o mundo. A cada segundo, mais de 40 mil consultas são realizadas e 3,5 bilhões 
de pesquisas foram traduzidas. O uso da rede mundial de computadores cresce de maneira 
exponencial em unidades de tempo, quase impossíveis de mensurar. Desta forma, com o 
compartilhamento e colaboração da internet novas formas de aprender e ensinar também 
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11
METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1 
são disponibilizadas a cada dia, desafi ando escolas, estudantes e professores a fazer o 
melhor uso destas ferramentas.
Para Santos (2020), são cinco as mais importantes ferramentas de tecnologia digital 
utilizadas na educação:
a) Aplicativos de realidade virtual (VR) e gamifi cação: uso de jogos digitais 
e ambientes de realidade virtual para trabalhar diferentes conteúdos 
atualizados e adequados aos programas de educação ou práticas 
cotidianas;
b) Learning analytics e aplicativos de gestão escolar: plataformas de 
auxílio para famílias e professores acompanharem o desenvolvimento 
dos estudantes (produção e frequência). Por esta ferramenta também é 
possível selecionar indicadores de alunos, turmas, colégios por objetivos 
estabelecidos e com isso adaptar o planejamento de conteúdo das aulas;
c) G-Suite: pacote de serviços do Google disponíveis para qualquer 
professor ou aluno com conta na plataforma (Gmail). Este pacote permite 
o uso de metodologias ativas e colaborativas em sala de aula como 
elaboração de documentos e projetos online;
d) Google sala de aula: plataforma que permite gerenciar atividades, 
avaliações e conteúdo como uma sala de aula virtual. Partindo da 
criação de uma classe, é possível adicionar alunos por e-mail e elaborar 
tarefas, anexando links, arquivos, gerando prazos, enviando e recebendo 
trabalhos;
e) Programa Google de Tecnologia: plataforma considerada como centro 
de treinamento voltado a instituições, estudantes e professores que 
querem desenvolver habilidades técnicas para a área da tecnologia e 
ciência da computação. Esta plataforma tem como objetivo maior, gerar 
conhecimento para garantir os profi ssionais do futuro.
2.3 Tendências
Entre as maiores tendências da tecnologia digital estão a internet 5G, os veículos 
autônomos, internet das coisas, computação em nuvem, blockchain e inteligência artifi cial. 
Moura (2020) afi rma que as vivências e experiências possíveis na área da tecnologia da 
informação e que foram descritas como tendências para o ano de 2020 são:
a) Multi Experiência: com a chegada das redes 5G, realidades como tênis 
e pulseiras conectadas, reconhecimento facial (já presente na China) e 
casas inteligentes ou smart home, assim como Google Home e Amazon 
Alexa, serão cada vez mais vividas;
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 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
b) Inteligência Artifi cial (I.A.): como extensão natural da automação, a 
democratização tecnológica, a computação em nuvem e as interfaces de 
programação de aplicativos (APIs), nasceu a ferramenta que chamamos 
inteligência artifi cial. É pela IA que as empresas poderão obter mais 
insights de rede, benefi ciando a segurança e disponibilizando agilidade 
geral nos negócios; 
c) Veículos autônomos: apesar de ainda não ser uma realidade presente, 
veículos sem motoristas farão parte da vida de todos, inicialmente pelos 
serviços de entrega de alimentos por robôs, e por drones, as entregas de 
encomendas;
d) Computação em nuvem: o custo dos equipamentos de computador 
ou interfaces tecnológicas diminuem de tamanho na medida em que é 
possível armazenar dados na nuvem (supercomputadores profi ssionais 
localizados em diversos países);
e) Blockchain: registro de transações de moedas virtuais em que estão 
contidas informações como a quantia de moedas transacionadas, quem 
enviou, quem recebeu, quando foi feita e onde está registrada. Este 
conjunto de informações é armazenado em blocos que são carimbados a 
cada 10 minutos, formando blocos de transações que se ligam ao bloco 
anterior. A cadeia de blocos, ou blockchain, forma uma tecnologia de 
informação perfeita e fi dedigna. 
13
METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1 
DICA DO PROFESSOR
Acesse os endereços a seguir e conheça as 
ferramentas digitais, abordadas nesta unidade! 
https://gsuite.google.com/ 
https://classroom.google.com/
https://edu.google.com/intl/pt-br/
3 INCORPORAÇÃO E UTILIZAÇÃO 
EM SALA DE AULA
3.1 INCORPORAÇÃO
A adequação das metodologias para atender as demandas dos novos 
estudantes é obrigatória. Da mesma maneira como o pai ensina o fi lho a pescar 
no habitat natural, família e docentes devem trabalhar a educação das crianças e 
jovens nos ambientes tecnológicos, como seu novo habitat. A internet tornou-se 
um dos recursos mais utilizados no cotidiano das pessoas e é natural que este 
mecanismo, ou ferramenta, entre nas salas de aula. Com o advento da pandemia 
da COVID-19 a educação digital ou tecnológica assumiu uma velocidade muito 
além da planejada, ou prevista por qualquer empresa de tecnologia.
Crianças e jovens que não se utilizavam do modelo de ensino a distância 
(EAD), bem como suas famílias e docentes, mudaram esta condição. Estes três 
atores do sistema de educação precisaram transformar-se, em um curto espaço 
de tempo, em conhecedores de recursos básicos para uma boa transmissão 
(upload) e recepção (download) de dados. O distanciamento social compulsório 
não apresentou outra saída, senão a transmissão das aulas, com recursos 
tecnológicos disponíveis, tanto para os docentes, quanto para os discentes, no 
formato online. De acordo com Moran (2017), existem inúmeras formas de o 
professor tornar suas aulas mais interativas, seja através da simples formação de 
grupos nas redes sociais, criação de blogs, ou do uso de plataformas e aplicativos 
específi cos para a área educacional, que possibilitam desde o compartilhamento 
de informações e experiências até a confecção de livros, revistas, mapas 
conceituais e outros materiais para utilização por parte de professores e alunos. 
14
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
Se em 2017, ano da publicação de Moran, estas interações signifi cavam 
uma inovação,no atual contexto passaram recursos essenciais, para promover a 
participação discente, no ambiente escolar virtual.
3.2 Utilização em Sala de Aula
Em uma pesquisa do movimento Todos pela Educação (2017), que teve o 
apoio de algumas empresas privadas publicada em 2017, denominada “O que 
pensam os professores brasileiros sobre a tecnologia digital em sala de aula”, 
foram ouvidos quatro mil professores dos ensinos fundamental e médio e também 
da educação de jovens adultos (EJA) da rede pública de ensino, em todo o 
Brasil. Os resultados desta pesquisa revelaram que, havendo ferramentas que 
auxiliassem no desenvolvimento de seu trabalho e em condições adequadas de 
uso, docentes estavam dispostos a usar a tecnologia digital no ambiente escolar.
Na ocasião desta pesquisa, alguns discentes que responderam não adotar 
prontamente o uso de tecnologias digitais em sala de aula, atribuíram a estes 
posicionamentos à velocidade insufi ciente da internet, à baixa quantidade de 
equipamentos, à sobrecarga de trabalho ou à inefi ciência. Este fato nos leva a 
compreender que docentes estão abertos à utilização de recursos tecnológicos 
em sala de aula, desde que haja recursos mínimos aceitáveis, tanto em relação à 
infraestrutura, quanto em relação às habilidades necessárias. 
De acordo com Nogueira Filho (2017 apud ALEGRIA, 2017), observou-se 
três pontos para o avanço do uso das tecnologias em sala de aula: 
a) Ampliação e melhoria da oferta de formação e apoio específi co ou 
qualifi cado;
b) Propostas que possam auxiliar na rotina do trabalho do professor;
c) Melhor entendimento sobre o potencial de impacto pedagógico no uso da 
tecnologia para a formação.
Sobre rotina profi ssional, o Quadro 1 a seguir foi elaborado com os 
percentuais de resposta sobre os desafi os no cotidiano docente, apresentando a 
média da somatória de respostas das cinco regiões brasileiras:
15
METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1 
Quadro 1 - Os desafi os no cotidiano docente
Fonte - Autor com base no programa Todos pela Educação
Os itens de pesquisa, relacionados à formação e apoio, buscaram coletar 
dados sobre o conhecimento docente para uso das tecnologias digitais. O Gráfi co 
1, a seguir, mostra a participação na formação ou capacitação profi ssional, quanto 
ao uso de tecnologias digitais:
A temática da pesquisa relacionada a infraestrutura, talvez o ponto mais 
percebido durante o período de distanciamento social decorrente da pandemia, 
trouxe os resultados voltados aos equipamentos tecnológicos e internet. Os 
respondentes indicaram como o uso das tecnologias digitais foi afetada pelas 
restrições apresentadas no Gráfi co 2: 
Gráfi co 1 - Participação em programas de formação e 
capacitação sobre uso de tecnologias digitais
Fonte: Autor, com base no programa Todos pela Educação
16
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
Quanto à última temática sobre a relação da tecnologia com a aprendizagem, 
foi possível avaliar o maior ou primeiro impacto positivo e o segundo maior 
quanto ao uso das tecnologias digitais, no processo ensino aprendizagem, como 
podemos visualizar no gráfi co a seguir:
Gráfi co 2 - Restrições para com o uso de tecnologias digitais
Com base nos dados apresentados da pesquisa, é possível compreender 
que o uso das tecnologias digitais é aceito por docentes e discentes e que as 
limitações, como equipamentos obsoletos ou não atualizados e internet fraca, são 
os pontos negativos de maior impacto. Estes fatos, com a chegada da tecnologia 
5G é a comoditização dos equipamentos tecnológicos, se concretizam como o 
menor dos desafi os no processo de incorporação e utilização de tecnologias 
digitais na sala de aula.
Gráfi co 3 - Impactos positivos quanto ao uso de tecnologias digitais para a educação
Fonte: Autor, com base no programa Todos pela Educação.
Fonte: Elaborado pelo autor, com base no programa Todos pela Educação.
17
METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1 
PARA SABER MAIS
A pesquisa citada neste tópico está disponível para análise e 
revela importantes, informações que fornecem elementos para uma 
maior aceitação, implantação e adoção das tecnologias digitais no 
ambiente escolar. 
Foram quatro os pilares da pesquisa: 
Rotina profi ssional, formação e apoio, infraestrutura e percepção 
de impacto. Acesse em: https://www.todospelaeducacao.org.br/
tecnologia/desafi os-dia-a-dia-professor/
4 EQUIPAMENTOS OU DISPOSITIVOS 
MÓVEIS E EXPERIÊNCIAS 
EDUCATIVAS
O advento do computador proporcionou a automatização de grande parte das 
áreas profi ssionais. A internet promoveu a convergência tecnológica e alavancou 
a informatização global, o que trouxe mudanças expressivas no comportamento 
humano (SANTOS, 2017).
A velocidade na transmissão e comunicação de informações em tempo real, 
que a extensão dos equipamentos móveis como notebooks, netbooks, tablets, 
smartphones e todas as suas tecnologias embarcadas, proporcionou a mobilidade 
e a facilitação das multitarefas do cotidiano. Ao pensar nestas tecnologias no am-
biente escolar, muito mais do que discussões sobre desafi os e uso mais pertinente, 
é necessário conscientizar que no contexto atual não há como abolir o seu uso.
De acordo com Silva (2003), a inclusão digital na escola favorece o desenvol-
vimento de novas formas de aprender e ensinar, integrando professores/as e alu-
nos/as para uma educação mais fl exível e colaborativa, na qual o primeiro passa 
a desenvolver um papel de mediador e o segundo se torna mais autônomo, com 
objetivo de potencializar o aprendizado.
O ser humano, por sua natureza curiosa não para de explorar suas poten-
cialidades e está em constante aprendizado e desenvolvimento de mecanismos 
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 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
que o auxiliem no dia a dia. “É através do conjunto de conhecimentos e princípios 
científi cos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um 
equipamento em um determinado tipo de atividade, que formamos a chamada 
tecnologia.” (KENSKI, 2012b, p.18).
Figura 3 - Cidadania digital
Fonte: Aprendices, 2019.
Dentre os muitos equipamentos que passaram a integrar o ambiente de 
sala de aula e que podem ser considerados como disruptivos, pois além de 
promoverem a mudança do modelo tradicional ainda trouxeram tecnologia – como 
o rádio, aparelho toca fi tas ou toca discos, televisores de tubo, computadores em 
CPU, até as mais modernas e efi cazes com acesso à internet, como televisores 
Smart, notebooks, tablets ou smartphones - que permitem maior mobilidade nas 
tarefas e maior acesso às informações, em tempo real (BOTTENTUIT JUNIOR, 
2012). O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) geraram 
transformações signifi cativas também no âmbito educacional, maximizando e 
dinamizando o processo de ensino aprendizagem, criando uma cultura e modelo 
de sociedade (KENSKI, 2012a).
Segundo Valente (1993), é papel docente identifi car o que cada uma destas 
facilidades tecnológicas podem oferecer e de qual forma pode ser explorada, 
em diversos contextos educacionais, uma vez que podem oferecer diferentes 
aplicações a serem exploradas.
Considerando que
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METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1 
Nesta perspectiva, dentre as experiências educativas com o uso de apare-
lhos celulares em vários níveis de ensino estão as mensagens eletrônicas (SMS), 
para as atividades simples, como contextualização de conteúdos, até a promo-
ção de desafi os, como caça ao tesouro e tantas outras formas de uso de infor-
mações codifi cadas ou não. As máquinas fotográfi cas ou de vídeo são utilizadas 
para registro de atividades, tanto internas, quanto externas ao ambiente escolar, 
sendo que discentes podem ser motivados a acompanhar as estações do ano, 
crescimento de vegetais em uma horta e dentre tantas outras possibilidades. As 
gravações de áudio também podem ser utilizadas, tanto para contextualização de 
conteúdo, registros e relatos de experiências,como visitas a ambientes externos 
aos muros da escola. Ainda na abordando mídias de áudio, os podcasts com en-
trevistados de áreas de pesquisa ou produções acadêmicas se concretizam como 
experiências educativas signifi cativas. A realidade virtual proporciona excursões 
interativas a museus, bibliotecas, ambientes em outros estados ou países, que 
poderiam nunca ser investigadas, presencialmente, mas proporcionam uma imer-
são positiva e aderente ao processo de ensino aprendizagem.
Dentre as diversas possibilidades pedagógicas, para utilização dos disposi-
tivos móveis pelos discentes, podem ser citadas a troca de mensagens, consul-
ta ao dicionário, possibilidade de acesso a imagens, resolução de tarefas, ouvir 
conteúdo em formato de áudio, visualizar vídeos, acessar conteúdos curriculares, 
gravar arquivos em formato de áudio, tirar fotografi as, marcar datas importantes 
em calendário eletrônico e até mesmo elaborar uma agenda de horários, consul-
tando a previsão do tempo. Portanto, podemos constatar que a aprendizagem não 
é estanque e deixou de limitar-se a apresentação de conteúdos fechados. Esta 
abordagem educacional proporciona a gestão de conteúdos de forma personali-
zada e ainda oferece a possibilidade de desenvolvimento online, em tempos e es-
paços diferentes, atendendo às demandas discentes e docentes. (BOTTENTUIT 
JUNIOR 2012).
O acesso aos conteúdos multimídia deixou de estar limitado 
a um computador pessoal e estendeu-se também às tecnologias 
móveis, proporcionando um novo paradigma educacional, o mobile 
learning ou aprendizagem móvel, desenvolveram-se projetos de 
investigação pelo e-learning (MOURA, 2009, p.50).
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 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
CURIOSIDADES
Já imaginou criar um podcast para suas turmas? 
Entenda como, assistindo ao vídeo Como fazer um podcast: 
dicas para começar do zero | Hotmart Tips:
https://www.youtube.com/watch?v=rRPU42zctCg
5 BLENDED LEARNING E 
FORMAÇÕES SEMIPRESENCIAIS
5.1 BLENDED LEARNING
O termo blended learning tem origem no inglês, onde blend signifi ca mistura 
ou composição, e learning se refere ao aprendizado. O blended learning, também 
conhecido como b-learning, é a combinação de práticas pedagógicas do ensino 
presencial e do ensino a distância, utilizando-se dos dois formatos de ensino, com 
o objetivo de potencializar o desempenho discente.
Quando é adotado um modelo híbrido de educação composto por atividades 
presenciais e à distância, é necessário identifi car as habilidades dos docentes que 
podem atuar nestas frentes, e ao mesmo tempo capacitar os demais. Talvez a 
maior vantagem do ensino híbrido seja a abertura de um espaço dinâmico para o 
desenvolvimento do pensamento crítico, uma vez que discentes passam a domi-
nar assuntos a partir de aulas online, buscando mais aprofundamento quando se 
interessam pelo assunto.
Diferente do que se pensa, o blended learning é uma prática antiga de ensi-
no aprendizagem, que combina aulas dentro e fora do ambiente escolar, como o 
caso de excursão a um museu, visita a uma fábrica, passeio a um parque ou tea-
tro ou acampamento temático, por exemplo. Atualmente, essa metodologia alia as 
tecnologias digitais ao ensino, não substituindo práticas, mas integrando e intera-
gindo. Outra importante caraterística do b-learning é que as atividades podem ser 
estruturadas em situações em que docentes e discentes interagem em um mesmo 
momento (atividades síncronas) ou em momentos diferentes (atividades assíncro-
nas). Carvalho (2016) indica que o b-learning utiliza a tecnologia não apenas para 
somar, mas transformar e engrandecer o processo de ensino aprendizagem.
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METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1 
5.2 FormaÇÕes semiPresenciais
As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC’s) proporciona-
ram mudanças signifi cativas na educação à distância (EAD). Até o início dos anos 
1980, a EAD utiliza como estratégia a elaboração e envio de material impresso, 
que foi sendo substituído a partir de tecnologias que permitiram a criação de di-
versas interações, potencializando a modalidade de ensino à distância, com dife-
rentes formas de se combinar ensino à distância e atividades presenciais.
A maior característica deste formato de ensino aprendizagem pode ser a sala 
de aula invertida ou fl ipped classroom, em que discentes buscam o conhecimento 
do conteúdo programático antes de entrarem em seu ambiente acadêmico, ou 
seja, o primeiro contato com o assunto a ser aprendido não vem pelo professor. 
Tendo estudado ou lido sobre o assunto previamente, é na sala de aula que vai 
aprender ativamente, realizando atividades de resolução de problemas ou proje-
tos, discussões, laboratórios e maneira que o professor faça o apoio e os colegas 
aprendam de maneira colaborativa (VALENTE, 2014).
Dentre os grandes desafi os que o ensino superior enfrenta na atualidade, 
pode-se destacar a baixa aderência dos alunos às aulas, sendo por ausência ou 
por estar presente, realizando outras atividades. Isto gera um desgaste na relação 
docente-discente, uma vez que o planejado para aquele encontro possivelmente 
não será satisfatório. Outro desafi o é a grande demanda de alunos que deseja 
ingressar no ensino superior e são impedidos por sua localização geográfi ca, im-
pactando em seu deslocamento – horário de transporte, ausência de segurança. 
Tapscott e Williams (2010, p. 18-9) afi rmam que:
Tapscott e Williams afi rmam que:
O atual modelo pedagógico, que constitui o coração
da universidade moderna, está se tornando obsoleto.
No modelo industrial de produção em massa de
estudantes, o professor é o transmissor. [...]. A
aprendizagem baseada na transmissão pode ter sido
apropriada para uma economia e uma geração
anterior, mas cada vez mais ela está deixando de
atender às necessidades de uma nova geração de
estudantes que estão prestes a entrar na economia
global do conhecimento 
(TAPSCOTT; WILLIAMS,2010, p. 18-19).
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 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
O processo de ensino tradicional, em que o professor assume a postura ativa 
e os alunos a passiva, foi criticado por Dewey (1916) há mais de um século, como 
antiquado e inefi caz, sua proposta era baseada no fazer ou hands-on – talvez a 
expressão brasileira literal que mais se assemelha seja “mãos na massa”. Desta 
forma, nasceu a visão de que os alunos não fazem parte de um modelo industrial 
em que o resultado fi nal é sempre igual para todos, mas que cada um, com suas 
vivências anteriores e culturas diferentes, pode ressignifi car o conteúdo original. 
Esta teoria precisou de quase 100 anos para ser aceita e praticada, conforme aponta 
Davidson (2011), independente do conteúdo a ser trabalhado na sala de aula, a 
maneira como isso acontece tem como objetivo construir uma prática disciplinar 
voltada para a fábrica ou empresa, que mais tarde vai contratar os seus graduados.
Para assimilação da origem da base do ensino semipresencial, podemos 
adotar dois exemplos distintos utilizados na Universidade de Harvard (Cambridge, 
Massachusetts) e no MIT-Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Ambos 
adotaram a estratégia da sala de aula invertida, explorando os avanços das 
tecnologias educacionais e minimizando a evasão e níveis de reprovação. A 
primeira, denominada Peer Instruction (PI) foi desenvolvida por Mazur (2009) 
e baseia-se no estudo prévio do conteúdo individualmente, resposta a um 
questionário online, formação de grupos para discussão das questões que tiveram 
maior número de erros, nova apresentação de respostas e então a discussão do 
professor sobre os temas de maior apresentação de erros, como é apresentado 
no esquema a seguir.
Esquema 1 - Método Peer Instruction – PI da Harvard University
Fonte: Elaborado pelo autor.
23
METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1 
Este método propõeque os alunos formulem argumentos e avaliem o nível 
de compreensão sobre os conceitos, antes mesmo de deixar a sala de aula. O 
MIT desenvolveu o projeto Technology Enabled Active Learning (TEAL) que é apli-
cado aos alunos sempre que ingressam na universidade. Quando as aulas são 
presenciais, os alunos se agrupam em trios, sendo que em cada uma das treze 
mesas redondas dispostas em uma sala de aula, são organizadas em grupos. 
O centro desta arena indica a estação central de trabalhos do professor ou sua 
equipe e cada grupo conta com um computador para exibir slides das aulas, aces-
sar informações e coletar dados de experimentos. Com a implantação do projeto 
TEAL, o MIT conseguiu bons resultados no aproveitamento dos alunos, reduzindo 
a taxa de reprovação nas disciplinas e aumentando a frequência no fi nal do se-
mestre, que era inferior a 50% (BELCHER, 2001).
Com base nos modelos PI e TEAL, considerados semipresenciais, é possível 
compreender que seu formato agrega uma carga horária à distância e outra na 
modalidade presencial. Pela legislação brasileira, um curso pode ser considerado 
semipresencial quando oferece até 20% da carga horária total, para atividades à 
distância (MEC, 2004). As principais características dos cursos semipresenciais, 
de acordo com Aguiar, Ferreira e Garcia (2010) no Brasil são:
a) Os cursos de origem são na modalidade presencial;
b) Nem todas as disciplinas da graduação são oferecidas na modalidade 
semipresencial;
c) Dependendo do projeto pedagógico o conteúdo é ensinado através do 
ambiente virtual de aprendizagem e em encontros presenciais;
d) Os encontros presenciais ocorrem na própria instituição;
e) Cada instituição defi ne quantos encontros presenciais ocorrerão;
f) As avaliações fi nais são feitas obrigatoriamente por encontros presen-
ciais;
g) É recomendada para alunos que queiram ou tenham condições de fazer 
uma graduação presencial e precisam de fl exibilidade no processo de 
aprendizagem.
SAIBA MAIS
Conheça mais sobre o MIT, acesse: 
https://www.youtube.com/watch?v=4LEH9Q-_Tyc
24
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
5 CONSTRUÇÃO COLETIVA NA EAD
6.1 REDES SOCIAIS E A EAD
Os cursos de ensino à distância são cursos em que a maior parte das ativi-
dades se dá nos ambientes virtuais de aprendizagem. Sendo que em cursos de 
graduação, a legislação brasileira exige que os alunos participem de encontros 
presenciais, com periodicidade mensal ou semestral.
A construção coletiva parte do princípio de que os alunos não só façam uso 
do ambiente virtual acadêmico, como também das redes sociais para compartilha-
mento de informações, estudos em grupo, divulgação de conteúdos pertinentes 
aos assuntos estudados, partilha de materiais e recursos (vídeos, arquivos, links) 
e no fortalecimento das relações entre os membros dos diferentes segmentos da 
instituição acadêmica. A informalidade permitida pelas redes sociais possibilita 
maior interação entre os atores envolvidos, mesmo que virtualmente. De acordo 
com Ribas (2015, p. 17), “às relações geradas a partir das redes sociais impactam 
diretamente no desempenho acadêmico dos alunos de EAD, isto é, contribuem 
positivamente como ferramenta no processo de geração do conhecimento”. Esta 
afi rmação é corroborada pelas teorias de Vigotsky (1991), que indica que proces-
sos de socialização contribuem tanto para o desenvolvimento social e emocional, 
quanto para o desenvolvimento cognitivo do indivíduo.
Outros benefícios de utilização das redes sociais, no processo de ensino 
aprendizagem, são também destacados por Lorenzo (2013):
a) Centralização das atividades de ensino;
b) Aumento do senso de comunidade educativa para alunos e professores;
c) Aumento da fl uência e facilidade de comunicação entre professores e 
alunos, com participação maior de todos;
d) Melhoria da efi cácia do uso das TIC, aglutinando pessoas, recursos e 
atividades;
e) Facilidade na coordenação e conexão com estudantes;
f) Facilidade da comunicação e transmissão de informações entre docen-
tes, discentes e familiares.
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METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1 
Ao pensar na EAD com uma perspectiva comunicativa é necessário 
entender que um dos grandes problemas de exclusão social está relacionado 
à ausência de compartilhamento dos benefícios da ciência e tecnologia, que 
podem desempenhar um importante papel na redução das desigualdades 
sociais. Propagar ciência e tecnologia, por intermédio do trabalho de extensão 
ou propagação de conhecimentos, recebe um sentido transformador, quando o 
objetivo é gerar o envolvimento dos atores sociais interessados, para que estes 
conhecimentos possam ser multiplicados.
A participação em curso à distância traz a inserção em ambientes nos quais 
a comunicação é o centro da leitura e interpretação de materiais alocados em 
diversos suportes como fóruns, chats, wikis ou blogs. Para Almeida (2003), estes 
ambientes integram os envolvidos em todo o processo de ensino aprendizagem, 
abarcando os seguintes objetivos:
a) Conviver com a diversidade e a singularidade;
b) Trocar ideias e experiências;
c) Realizar simulações, 
d) Testar hipóteses;
e) Resolver problemas.
Este conjunto de objetivos é capaz de criar novas situações que se comple-
mentam ou culminam na construção coletiva de uma ecologia da informação em 
que valores, motivações, hábitos e práticas são compartilhados (ALMEIDA, 2003, 
P.14-5). Ainda dentro da linha da construção coletiva, destaca-se que discentes e 
docentes utilizam o espaço virtual, não somente para tratar assuntos voltados ao 
conteúdo programático ou acadêmico, mas também para marcar reuniões presen-
ciais, trocar referências de obras e estimular colegas a permanecerem no curso. 
Sendo assim, relacionam-se diariamente e em vários momentos do dia, interagin-
do com pessoas de diversas partes do país e do mundo.
6.2 AVALIAÇÃO DIGITAL
O modelo de avaliação de estudantes tem passado por algumas mudanças, 
de acordo com teorias defendidas por educadores, grupos educacionais e 
instâncias governamentais. Assim, os modelos mais tradicionais, baseados 
apenas em pontuações por erros, acertos e suas parcialidades, tem dado espaço 
aos conceitos, cumprimento de objetivos ou demonstração de aprendizado, 
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 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
em diferentes formas, mais adequadas à disciplina, docente e discente. Assim 
também, a avaliação digital encontra duas formas básicas que podem coexistir, 
seguindo os modelos adotados na educação tradicional.
O modelo de notas exatas soa aos tecnicistas como mais simples, uma vez 
que conceitos não são exatos ou se somam, subtraem ou fazem a própria média. 
Entretanto, padrões tradicionais também estão dando espaço a novos critérios de 
classifi cação e aprovação. Superadas as barreiras e todos os desdobramentos da 
inclusão digital para a docência, as avaliações digitais utilizam ferramentas que 
privilegiam a utilização da avaliação como verifi cação do conhecimento, como os 
testes de múltipla escolha aliados a ferramentas que demonstram o potencial do 
aluno, por sua interação social nos chats e fóruns (ABED, 2004).
Importante observar que ferramentas de comunicação e interação fazem 
parte das propostas de EAD, mas para fi ns de comprovação do processo de 
avaliação, o uso de instrumentos tradicionais de avaliação ainda são os mais 
utilizados, para compor de maneira matemática uma nota ou média fi nal. A 
participação dos alunos em chats e fóruns ainda não é uma tarefa simples de 
ser realizada, pois a tecnologia disponível atualmente nos AVA’s permite poucas 
interações simultâneas. Se a turma for grande, pode ser difícil perceber um aluno 
menos participativo, por ter compreendido o conteúdo. Desta forma, o modelo 
adotado por Harvard ou MIT, poderia servir como inspiração para as propostas de 
EAD no Brasil.
Considerando a evolução da tecnologia e todas as formas de inteligência, 
possíveis de criação de algoritmos para medir os formatos de participaçãodos 
alunos nas diversas interações virtuais, o papel docente transcende a mera 
transmissão de conteúdos e aferição.
Verifi car a assimilação dos saberes específi cos é parte do processo de 
avaliação, mas ele não se esgota nesta dimensão. A avaliação não é um momento 
da proposta pedagógica de um curso, mas um de seus componentes constantes. 
É fundamental considerar a avaliação como parte de um processo dinâmico, que 
infl uencia, mas ao mesmo tempo é infl uenciado pelas respostas dos alunos, pela 
peculiaridade do contexto e do momento (CALDEIRA, 2004).
O conteúdo das interações produzidas em cursos online - content analysis 
– é um vasto tema discutido atualmente, sendo possível identifi car mais de seis 
milhões de resultados, somente no portal de buscas Google Acadêmico. Entre 
estas publicações disponíveis, muitos autores não diferenciam os conceitos entre 
participação e interação dos alunos, assumindo que toda mensagem gravada em 
uma plataforma já recebe a atribuição de ser interativa. Desta forma, o critério 
quantitativo pode ser considerado quanto ao número, tamanho e frequência 
27
METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1 
das mensagens, que cada aluno registre no sistema. De acordo com Caldeira 
(2004), ainda são poucas as produções acadêmicas que tratam da natureza das 
interações e fazem uma análise qualitativa das mesmas.
6.3 AMBIENTES VIRTUAIS DE 
APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIAS 
PEDAGÓGICAS
Ambientes virtuais de aprendizagem passam por mudanças constantes. 
Assim como no passado era comum surgirem novos prédios de corporações 
educacionais, ou, em uma escala mais simplista, salas de aula eram reformadas 
para cada novo período letivo, assim também, os ambientes virtuais de 
aprendizagem passam por transformações.
Silva (2003) defi niu o conceito de sala virtual para designar um ambiente 
virtual de aprendizagem. Este conceito se complementa com o ambiente ser 
também um espaço online integrador e de uma diversidade de quatro dispositivos 
que possam possibilitar aos usuários uma maior comunicação com os demais 
integrantes de uma turma, com professor/tutor, com os conteúdos e com a 
realização das atividades disponibilizadas (ALVES, 2009). Desta forma, as 
plataformas de ensino à distância trazem um AVA como uma simulação de sala de 
aula, com uma qualidade semelhante a uma sala presencial, sendo necessário um 
conjunto harmonioso e em perfeito alinhamento a ferramentas digitais disponíveis.
Indiferente se o processo de aprendizagem é à distância ou presencial, a 
necessidade discente por feedback e incentivos para o seu processo de ensino 
aprendizagem é latente. Este feedback está para além das notas das avaliações 
somativas ou do seu conceito fi nal, ao contrário, deve fazer parte do cotidiano de 
aprendizagem, construindo essa relação com os alunos. Por isso, faz parte da 
estratégia pedagógica da EAD utilizar o ambiente virtual de aprendizagem como 
uma interface tecnológica que proporcione uma experiência de aprendizado, de 
forma a que garanta ao aluno: 
a) Realizar atividades programadas;
b) Debater ideias;
c) Acessar o conteúdo das disciplinas;
d) Acompanhar o seu avanço pelo relatório de atividades.
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 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
O ambiente virtual limita a interação pessoal do aluno, mas democratiza o 
acesso ao conhecimento, uma vez que possibilita a redução de custos, o tempo 
de deslocamento, a manutenção da edifi cação de ensino e outras variáveis como 
aquisição de material didático e alimentação.
Entre as estratégias pedagógicas mais utilizadas para manter os alunos inte-
grados estão os fóruns de discussão com moderação dos tutores ou administra-
dores do curso, o estímulo ao debate, gerenciamento de brainstorms, o comparti-
lhamento de conhecimento entre os participantes, de acordo com o planejamento 
e objetivos estratégicos de cada curso ou disciplina. Outra importante ferramenta 
é o calendário com prazos de entrega de trabalhos e eventos acadêmicos, que 
auxiliam na construção e manutenção de habilidades essenciais ao mundo do 
trabalho. As principais plataformas AVA utilizadas atualmente são:
a) Moodle: uma das mais utilizadas por alunos de universidades públicas 
e privadas, apresentando interface fácil e design simples. Seu softwa-
re é gratuito e não exige conhecimentos técnicos complexos, garantindo 
acessibilidade por ter código-fonte livre;
b) LMS Estúdio: sistema de fácil gerenciamento com visual profi ssional. 
Plataforma voltada para criar, comercializar e ensinar cursos online. En-
tre seus recursos de ensino estão vídeos gravados e ao vivo, download 
de materiais e conteúdos didáticos e de avaliação;
c) Teleduc: Desenvolvido pela Unicamp, tem como principal objetivo o su-
porte a apoio aos professores para sua formação em informática para a 
educação;
Figura 4 - Paralelo de ações possíveis ao aluno em AVA e uma sala de aula tradicional
Fonte: Elaborado pelo autor.
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METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1 
DICA DO PROFESSOR
Conheça as principais plataformas virtuais, utilizadas 
no ensino à distância:
www.modle360.com.br
www.lmsestudio.com.br
www.teleduc4.multimeios.ufc.br
www.ftp.inf.puc-rio.br
www.e-pronfo.mec.gov.br
d) AulaNet: Desenvolvido pela PUCRJ, tem como principal objetivo a ad-
ministração dos cursos à distância em ambientes colaborativos e edu-
cativos para usuários. Esta interatividade entre alunos e professores é a 
principal ferramenta deste ambiente, favorecendo um ambiente educati-
vo efi ciente e acessível;
e) E-Proinfo: Desenvolvido pelo MEC, tem como fi nalidade o auxílio na 
complementação do aprendizado de aulas presenciais e ensino a distân-
cia. Mais utilizado por instituições de ensino público. 
Com a apresentação destas plataformas de AVA, encerramos o último capí-
tulo deste conteúdo, voltado às tecnologias ativas para a educação. Espero que 
estes conhecimentos tenham agregado forma de relevante e que possamos nos 
encontrar em outra oportunidade. Nossa despedida será com um respeitoso abra-
ço virtual!
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Vimos que o perfi l dos estudantes, por força de atores sociais e tecnológicos 
passa por modifi cações e, a cada geração novos paradigmas se impõe, o que 
exige de sistemas educacionais e professores novas metodologias. Novas 
gerações exigem novos métodos e uma postura mais ativa acompanha o 
discente, o que exige dos docentes uma atitude de inserção desse aluno, em 
uma atmosfera técnica e lúdica que o coloque como ator privilegiado no processo 
de aprendizado, isso inclui uma maior democratização do contraditório, da 
disseminação de ferramentas como games, internet, apps e gadgets que deem 
suporte a tais implementos.
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 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
As tecnologias digitais de informação e comunicação representam um passo 
signifi cativo na criação de uma esfera pública de debate e trocas informacionais de 
diversos níveis, e isso não muda quando a temática se encontra com processos 
de aprendizagem. Por isso, a educação não deve estar alijada desse processo, 
ao contrário, deve estar entre os segmentos que ponteiam essa revolução multi 
experiencial. 
Tendo em vista que a transformação digital deixou as histórias de fi cção e já 
integra nossa realidade, e com ela toda uma gama de ações e pensares sociais, 
que está cada vez mais entremeada pela tecnologia. Atualmente, mais que reter 
conhecimento, se exige a interação, o debate e a experimentação de novo habitat 
digital, tão comum às novas gerações, mas que ainda representa para muitos um 
surpreendente terreno a ser desbravado. E por isso, aqui estamos!
REFERÊNCIAS
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https://www.futura.org.br/os-professores-e-a-tecnologia-na-sala-de-aula/. Acesso 
em: 23 set. 2020.
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dos ambientes digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa, [S.L.], v. 29, n. 2, 
p. 327-340, dez.2003. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1517-
97022003000200010.
CALDEIRA, A. C. M. Avaliação da aprendizagem em meios digitais: novos 
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APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS, 11., 2004, Salvador. Anais 
[...]. Salvador: ABED, 2004. p. 1-8. Disponível em: http://www.abed.org.br/
congresso2004/por/pdf/033-TC-A4.pdf. Acesso em: 23 set. 2020.
CARVALHO, R. O que é e como funciona o blended learning?. 2016. Disponível 
em: https://www.edools.com/blended-learning. Acesso em: 23 set. 2020.
DAVIDSON, C. N. Now You See It: how technology and brain science will transform 
schools and business for the 21st century. New York: Penguin Books, 2011.
DEWEY, J. Democracy and Education. 1916. New York: The Free Press, 1944.
KENSKI, V. M. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. 8. ed. 
Campinas, SP: Papirus, 2012a.
31
METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1 
KENSKI, V. M. Tecnologias e ensino presencial e a distância. 9 ed. Campinas, 
SP: Papirus, 2012b.
LORENZO, E. M. A utilização das redes sociais na educação: a importância das 
redes sociais na educação. 3 ed. São Paulo: Clube de Autores, 2013.
MEC. Portaria nº 4.059, de 10 de dezembro de 2004. Que trata da oferta de 20% 
da carga horária dos cursos superiores na modalidade semipresencial. Brasília, 
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/nova/acs_portaria4059.
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MORAN, J. Tecnologias digitais para uma aprendizagem ativa e inovadora: 
atualização do texto. Campinas, SP: online, 2017. In: MORAN, J. A educação 
que desejamos: novos desafi os e como chegar lá. Campinas, SP: Papirus, 2007. 
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autônomos chegam ao grande público. Internet das coisas, computação em nuvem, 
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METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1 
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34
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
CAPÍTULO 2
Metodologias Ativas
Autoria: Thaise Dias Alves
Objetivos : 
 reconhecer e entender o que são metodologias ativas;
 apresentar alguns autores que servem de aporte teórico e que estão 
relacionados ao tema metodologias ativas;
 compreender a importância da valorização e participação efetiva dos alunos na 
construção do conhecimento;
 apresentar práticas pedagógicas, possíveis de se aplicar na educação básica 
e/ou superior, que valorizam o protagonismo dos estudantes;
 observar o uso de algumas metodologias ativas, como: pedagogia de projetos, 
sala de aula invertida, aprendizagem baseada em equipes e comunidades de 
práticas.
Habilidades que o aluno deverá desenvolver : 
 Identifi car as formas de aplicação das metodologias ativas;
 Compreender a história do ensino híbrido;
 Descrever e analisar os diferentes papéis do professor e do aluno no uso das 
metodologias ativas;
 Aplicar as metodologias ativas em sala de aula;
 Avaliar de maneira apropriada os alunos, levando em consideração que na 
metodologia ativa não importa o resultado, e sim o processo.
Competências que deverá adquirir ao fi nal da disciplina: 
 Comparar o ensino tradicional com o ensino baseado nas metodologias ativas;
 Valorizar os alunos e aprender a utilizar outras formas de ensinar em sala de 
aula;
 Estimular o aluno a ser responsável e autônomo dentro do processo de ensino 
e aprendizagem;
 Entender a realidade do aluno hoje e as mudanças no processo epistemológico, 
tendo em vista as várias tecnologias digitais e as várias formas de aprender.
37METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2 
1 A APRENDIZAGEM É ATIVA
Ao longo de nossas vidas enfrentamos vários desafi os, seja aprendendo 
ativamente entre as trocas de experiências com outro, seja desafi ando e 
questionando, quando motivados pela nossa curiosidade, ou redescobrindo novas 
dimensões da vida em meio a acertos e erros.
Como diria Paulo Freire, em sentido amplo, a aprendizagem é ativa, pois ela 
ocorre acompanhada de um desejo de participar e criar, não apenas no desejo 
de se adaptar à realidade, “mas, sobretudo, de transformar, para nela intervir, 
recriando-a” (FREIRE, 1996, p. 28). Mas por quais motivos esquecemos estes 
elementos tão preciosos, como a criatividade e a atividade?
As últimas décadas foram marcadas por inúmeras pesquisas acerca de 
como e porque aprendemos. A questão central é se o aprendizado efetivo 
chega acompanhando do exercício e da prática, ou ocorre apenas por simples 
transmissão. 
Como resultado, surge o que denominamos como metodologias ativas, 
um método de ensino e aprendizagem que movimenta o conhecimento e as 
competências, a partir da experiência direta e sua interação, compreendendo que 
a aprendizagem mais profunda e signifi cativa requer espaços abertos ao exercício 
ativo do aluno em novos ambientes, certamente, mais ricos de oportunidades 
para trabalhos colaborativos, práticos e interativos.
Nesta caminhada, caro estudante, veremos como os papéis do educador 
e educando se alteram, pois, pensando em metodologias ativas, o professor 
deixa de ser o guia e censor, para transformar-se em tutor, mediador e curador 
dos melhores conteúdos. Já o aluno passa a ocupar papel central, construindo 
o seu conhecimento na interação cooperativa, sendo assim o protagonista e 
autor do conhecimento. Além disso, compreenderemos o que signifi ca o famoso 
ensino híbrido, esta junção entre o melhor dos dois mundos: o online e o offl ine, 
observando algumas práticas efetivas que envolvem o uso de tecnologias, como: 
a pedagogia de projetos, a sala de aula invertida, a aprendizagem baseada em 
equipes e as comunidades de prática (COPs).
As novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) permearam a 
nossa conversa, afi nal, elas auxiliam os profi ssionais da educação dispostos a 
reinventar o ato de educar.
Vamos lá?
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Realce
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Realce
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Realce
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38
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
1.1 METODOLOGIAS ATIVAS DE 
ENSINO E DE APRENDIZAGEM
Você já parou para pensar que nós, enquanto educadores, somos uma ge-
ração não tecnológica tentando ensinar uma geração totalmente imersa na tec-
nologia? E que se o mundo passou por transformações de forma tão drástica nas 
últimas décadas, não seria um grande erro acreditar que o ato de aprender e ensi-
nar deva permanecer da mesma forma? A prova de que devemos nos questionar 
acerca de como aprender e ensinar, a partir destas e de outras perguntas, se 
inscreve no momento contemporâneo, onde os desafi os docentes frente a novos 
desafi os fi cou ainda mais evidente. Se estamos diante de tempos incertos, quanto 
aos comportamentos nos próximos anos, a única certeza que temos é que falar 
de educação nunca mais será mesma forma.
Enquanto escrevo para você, estamos em meio a maior pandemia mundial 
enfrentada por gerações, sem previsão de retorno às aulas, e ela evidenciou a 
importância de estar preparado para realizar trabalhos à distância, que exijam o 
uso de outras metodologias, muito mais interativas, dinâmicas, personalizadas, 
rápidas, atraentes, indo além do uso do giz, do quadro, da sala de aula presen-
cial e dos materiais impressos. Neste contexto, as tecnologias educacionais, as 
famosas TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) e as TDIC (Tecnologias 
Digitais da Informação e Comunicação) emergem como aliadas, quando o assun-
to é personalização e autonomia dentro do processo de ensino e aprendizagem.
Ao analisar separadamente metodologia e metodologia ativa, constatamos 
que a primeira é bastante conhecida e que se constitui como as diretrizes para 
o processo de ensino aprendizagem, resultando em estratégias, técnicas, exer-
cícios e abordagens. A segunda direciona-se à participação efetiva e intencional, 
não só do educador, mas principalmente do estudante, com a utilização de vários 
recursos, fl exíveis, personalizados e adaptáveis aos discentes e as suas várias 
formas de aprender. Este processo visa garantir o respeito ao ritmo de aprendiza-
gem de cada aluno, e não o seu contrário. No entanto, como é possível colocar 
em prática a metodologia ativa?
A partir de vários modelos, dentre eles, o modelo híbrido. Vamos entender 
um pouco mais acerca deste conceito. Acompanhando as transformações globais 
e suas mudanças, especialistas e educadores brasileiros, como Lilian Bacich e 
José Moran, importaram alguns métodos americanos com intuito de modifi car gra-
dativamente a cultura escolar, logo após perceber a necessidade de inserir meto-
dologias e práticas disruptivas de ensino, no Brasil. 
Um dos métodos mais famosos, e que ganhou espaço no cenário brasileiro, 
é o ensino híbrido, um misto entre o ensino presencial e à distância, também co-
39
METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2 
nhecido como blended learning (b-learning), abordado e difundido pelos autores 
Clayton M. Christensen e Jonathan Bergmann, em suas famosas obras: O dilema 
da Inovação e Sala de aula invertida: uma metodologia ativa de aprendizagem. 
Literalmente, b-learning, ou ensino híbrido, signifi ca encarar o ensino online como 
espinha dorsal do processo ensino aprendizagem, mudança que pode ocorrer 
lentamente, mas que se torna disruptiva e irreversível, a partir do momento em 
que rompe com os padrões tradicionais da educação, ao reposicionar o aluno da 
margem, ao centro do processo do processo de ensino aprendizagem.
Segundo Bacich e Moran (2018), existem três movimentos ativos básicos 
que compõem a concepção de Ensino Híbrido:
a) Individual: onde os alunos percorrem e traçam seus caminhos (ao menos 
em partes);
b) Grupal: momento em que o aluno dialoga e amplia o seu conhecimento na 
troca e compartilhamento, como na produção e discussão entre pares;
c) Tutorial: que corresponde a aprender com pessoas mais experientes e 
que podem orientar naquele determinado campo e atividade (colega, 
mentor, professor etc.). 
Figura 1 - O professor deve se reinventar no mundo contemporâneo
Fonte: Google Imagens, 2020.
Assim, ainda que o papel do professor se modifi que no ensino híbrido, como 
metodologia ativa, não diminui sua relevância, só que agora ocupará uma posição 
diferente: a de elaborar e selecionar as atividades mais aplicáveis ao cotidiano 
dos alunos, os recursos mais aderentes, assim como os objetos e meios, além de 
coordenar, cuidar e zelar para que o aluno avance efetivamente no seu processo 
de ensino aprendizagem. Sendo assim, a responsabilidade desse processo deixa 
de ser exclusivamente do professor e este movimento torna o discente parte ativa 
e colaborativa do seu processo de ensino aprendizagem.
40
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
Trabalhar com ensino híbrido signifi ca o mesmo que lançar mão de vários 
expedientes para ensinar, em especial, os tecnológicos, dando ênfase à autonomia 
dos alunos a partir de trabalhos individuais ou coletivos, fora ou dentro do espaço 
da sala de aula, como por exemplo:
a) Do ensino baseado em projetos;
b) Das comunidades de práticas;
c) Aprendizagem baseada em equipes;
d) De um ensino que ultrapasse a tradicional concepção de espaço e 
tempo, como na sala de aula invertida (fl ipped classroom).
SAIBA MAIS
TDIC são tecnologias digitais de informação e comunicação. 
Usá-las na educação corresponde a ensinar fazendo o uso de 
tecnologias, hardware, softwares, aplicativos, o que nos leva a 
ferramentas como podcast, simuladores de realidade virtual, games 
interativos, plataformas de interação entre professor e aluno, como 
moodle, AVA, dentre outros. O uso das TDIC eTIC chega com a 
inclusão digital, sendo um grande aliado, tanto na capacitação dos 
docentes, quanto no uso prática na sala de aula.
2 PROCESSO DE ENSINO E 
APRENDIZAGEM EMBASADO EM 
PRÁTICAS, METODOLOGIAS E
TRABALHO COLABORATIVO
O educador que integra as metodologias ativas em sua prática é aquele 
disposto a romper com hierarquia de domínio, da disciplina e do silêncio, 
ampliando a confi ança que antes era mínima ¬– como no caso do ensino 
41
METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2 
Mas como é possível oferecer esse ensino personalizado, colaborativo e ati-
vo se a realidade do professor é de 40 horas/aulas semanais, com salas cheias e 
tendo em média 50 alunos? Sem contar a falta de estrutura escolar nas redes pú-
blicas ou do alcance ainda precário da internet, sem cobrir as zonas rurais ou as 
regiões periféricas. A questão é derrubar mitos e o senso comum, que causam re-
sistência na adoção de novas formas de educar. Antes de falarmos de metodolo-
gia ativas, o mais importante será tratar da mudança no pensamento do educador 
(mindset), ajustes disruptivos, como estruturar a sala de uma forma que o debate 
possa ocorrer, sugerindo a formação de pequenos círculos de mesas e cadeiras, 
com equipes que trabalham temas distintos e de forma multidisciplinar, como na 
montagem de uma aula com Rotação por Estações, ou no Laboratório Rotacional.
De fato, modelos de ensino híbrido que exigem mais da criatividade do edu-
cador, mas por outro lado promovem uma aula mais participativa, ativa e coopera-
tiva e por consequência mais efi ciente e signifi cativa para o aluno.
Um dos grandes problemas encontra-se na cultura educacional – e isto 
signifi ca que todos nós fazemos parte desta cultura, docentes, discentes, família 
e sociedade em geral – em que as aulas ainda são planejadas, levando em 
consideração o perfi l médio dos alunos. Em uma sala de aula, em que encontramos 
alunos retroativos, interativos e proativos, é necessário dar um novo passo e rever 
os extremos, perceber que cada aluno possui sua forma individualizada e pessoal 
de aprender. É necessário admitir que isto não é um problema a ser superado, mas 
Figura 2 - Aprendizado atônomo
Fonte: Freepick.com
tradicional e conteudista ¬– para conquistar os alunos e promover um aprendizado 
mais independente e, principalmente, mais colaborativo. Para tanto, o primeiro 
passo será enxergar crianças e adolescentes como seres autores e dotados de 
um potencial excepcional.
42
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
DICA DO PROFESSOR
Laboratório rotacional é um entre os vários modelos de 
ensino híbrido, onde os alunos são divididos em grupos e 
rotacionam entre os demais grupos da sala de aula e o la-
boratório de informática, realizando a prática nos computa-
dores e esclarecendo as dúvidas em sala, com o professor 
ou tutor. Já no modelo de rotação por estações, professor 
e os alunos se organizam dentro da sala de aula a partir de 
estações de trabalho com diferentes temas pelos quais os 
alunos irão transitar. Sugere-se que uma das estações con-
tenha atividade online, porém, não é obrigatório. Saiba mais 
em https://www.youtube.com/watch?v=bJRF5jxeKMc
uma situação a ser explorada, para que tais diferenças se complementam durante 
os projetos de trabalho, através do aprendizado colaborativo - em que alunos mais 
velhos colaboram com os mais novos, ou alunos proativos colaborem com alunos 
interativos e estes com os retroativos, proporcionando uma transformação. Desta 
forma, tutores provisórios são eleitos e irão auxiliar em laboratórios de informática 
e em determinadas atividades. Esta mudança faz com que o aluno se sinta parte 
importante e ator principal dentro deste processo de construção do seu próprio 
conhecimento e do conhecimento dos demais atores envolvidos, ressignifi cando 
seu processo de ensino aprendizagem.
Portanto, as modifi cações nas metodologias de ensino, no espaço físico e na 
aula em si, precisam ocorrer, seja no simples ajuste na disposição das cadeiras 
e mesas, ou com a proposta e promoção de aulas fora do espaço convencional – 
no pátio, no jardim, laboratório – mas principalmente com a mudança na postura 
da cultura educacional, possibilitando ao professor que assuma seu papel de 
mediador, retirando-se do púlpito central para estar na mesma altura de seus 
alunos. Com o uso de metodologias ativas, o professor passa a ser um guia, 
mais disposto a ouvir do que a falar, abrindo espaço para sugestões de temas e 
conteúdos que agreguem ao desenvolvimento dos atores de suas turmas.
Neste primeiro momento, é necessário compreender que a mudança principal 
não está na simples dinâmica de troca da metodologia tradicional pelo uso de 
novas e complexas tecnologias da moda, mas na mudança de pensamentos e de 
pequenas práticas que possam promover interações signifi cativas. Nos próximos 
tópicos veremos como colocar em prática estas mudanças e como o estudo 
colaborativo pode deixar de ser apenas uma teoria.
43
METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2 
3 PRÁTICAS DOCENTES INOVADORAS
3.1 INCORPORAÇÃO
Sabendo que a tecnologia se expande e é atraente, educadores estão colo-
cando em prática as metodologias ativas e aventurando-se nas plataformas, pes-
quisas na internet, uso da pedagogia de projetos, de games e gamifi cação. No 
entanto, na hora de pôr em prática, nem sempre o sucesso é garantido. Isso nos 
faz questionar se o problema estaria apenas na resistência por parte da cultura 
escolar, ou se também perpassa pela necessidade de compreender a dinâmica, 
para efi ciência destas metodologias.
É importante ressaltar que a proposta não se refere ao abandono de métodos 
já utilizados pelos docentes, mas acrescentar métodos ativos no processo de ensi-
no aprendizagem pode revolucionar as relações de conhecimento contínuo. Veremos 
um pouco sobre algumas ferramentas inovadoras, como da sala de aula invertida, 
que coloca de ponta cabeça o ritmo tradicional da aula. No segundo momento, enten-
deremos o porquê a pedagogia de projetos é importante, respeitando sua metodolo-
gia, bem como a aprendizagem baseada em problemas. Por último, compreendere-
mos a importância do trabalho em equipe dentro da perspectiva do aluno, no centro 
do processo de ensino aprendizagem com as comunidades de prática (COPs).
3.2 A SALA DE AULA INVERTIDA
Enquanto professores, sabemos que na sala de aula tradicional o tempo é 
limitado, tendo em média 40 minutos de exposição do professor, cinco minutos 
para debate e outros cinco para exercícios, sem contar a chamada e contratempos. 
E se tivéssemos mais tempo para ensinar? Quando você inverte a sala de aula, a 
relação com o tempo e espaço se modifi cam e algumas atividades tão importantes 
como o momento da dúvida e da prática se tornam a parte principal da aula. Na 
dinâmica da sala de aula invertida, o professor pode propor ao aluno que inverta 
o processo, proporcionado através da postagem de determinados elementos em 
uma plataforma digital, como mídias, vídeos gravados, vídeo do Youtube, textos, 
slides, reportagens, músicas e fi lmes, que devem ser verifi cados em tempos e 
espaços diversos à sala de aula, antes que os encontros aconteçam. A partir do 
momento em que o aluno tem um contato prévio com os materiais, antes da aula 
presencial, ele se sente mais engajando e adota outra postura para conversar, 
tirar dúvidas, discutir com os outros colegas, questionando de uma maneira mais 
crítica, uma vez que o diálogo tem a possibilidade de ocorrer.
44
 TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo
Esta inversão faz com que o tempo deixe de ser um vilão, além de transformar 
o tempo presencial em um momento mais dinâmico, reservado para tirar dúvidas, 
interagir com jogos, realizar questionários e simulações. Consequentemente, o 
aluno terá espaço para uma interagir e ser mais ativo, adotando uma postura 
protagonista em sala de aula.
Figura 3 - Espaços de aprendizagem
Fonte: Adaptada de Horn; Staker, 2015.
De forma prática, a modalidade sala

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