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E-book - Resistência e Transferência no Contexto do Analisando (1)

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José Neto

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Unidade 1 
Resistência e Transferência no Contexto do 
Analisando 
Autoconhecimento e Reflexão 
Apresentação 
 
Esta unidade propõe uma exploração dos processos de resistência e 
transferência na dinâmica psicanalítica, sob a perspectiva do analisando. O 
autoconhecimento, da psicanálise, será analisado como uma ferramenta essencial 
para desvendar e abordar as complexidades desses processos no contexto 
analítico. Este segmento do material didático tem como objetivo facilitar o 
reconhecimento e a reflexão acerca das próprias resistências e transferências do 
analisando, reconhecendo que a capacidade de identificar e compreender esses 
fenômenos em si mesmo é crucial para o avanço no processo analítico. Por meio de 
uma profunda auto avaliação, o analisando será instigado a explorar padrões de 
comportamento, pensamentos e emoções, investigando como tais aspectos podem 
estar vinculados à resistência ou à transferência no espaço analítico. Ao abordar os 
conceitos fundamentais e estratégias para lidar com esses fenômenos, esta unidade 
visa promover uma compreensão de si mesmo e um progresso substancial no 
processo psicanalítico. 
 No término da unidade os alunos estarão aptos para: 
● Compreender os processos de resistência e transferência na dinâmica 
psicanalítica, sob a perspectiva do analisando. 
● Reconhecer o autoconhecimento como uma ferramenta essencial para lidar 
com as complexidades desses processos no contexto analítico. 
● Identificar e refletir sobre suas próprias resistências e transferências no 
processo analítico. 
 
● Entender a importância de identificar e compreender fenômenos psíquicos 
em si mesmo para progredir na análise. 
● Realizar uma autoavaliação profunda para examinar padrões de 
comportamento, pensamentos e emoções relacionados à resistência ou 
transferência no espaço analítico. 
 
Introdução 
 
A unidade propõe uma exploração dos mecanismos psicanalíticos de 
resistência e transferência, evidenciando como esses fenômenos se conectam com 
o processo de autoconhecimento dentro do contexto psicanalítico. A análise desses 
conceitos com base na psicanálise oferece uma oportunidade para investigar as 
complexidades do inconsciente humano, ressaltando a importância da 
auto-observação e da reflexão crítica na compreensão do self. Este estudo é 
direcionado tanto a profissionais da área quanto a indivíduos interessados no 
desenvolvimento pessoal, fornecendo uma base sólida para a compreensão das 
dinâmicas internas que influenciam o comportamento e as emoções. 
O conceito de resistência, inicialmente identificado por Freud como uma força 
oposta à conscientização de conteúdos reprimidos, é examinado em sua 
multiplicidade de formas e manifestações. A resistência é reconhecida como um 
componente do processo psicanalítico, desempenhando um papel crucial na 
modulação do acesso aos conteúdos inconscientes. Este módulo busca desvendar 
as particularidades da resistência, abordando suas funções protetivas e, ao mesmo 
tempo, obstaculizadores do processo de autoconhecimento, e destacando 
estratégias eficazes para sua identificação e manejo. 
Por outro lado, a transferência é abordada como um fenômeno que vai além 
da reprodução de relações passadas no contexto psicanalítico. A análise da 
transferência revela como as projeções emocionais do analisando em relação ao 
analista podem fornecer percepções valiosas sobre padrões relacionais antigos, 
facilitando um processo de revisão e transformação desses padrões. Este módulo 
explora a dinâmica da transferência, enfatizando sua importância como ferramenta 
para a autoconsciência e a mudança psicológica. 
 
A interação entre resistência e transferência no contexto da psicanálise é 
complexa, com cada fenômeno influenciando e sendo influenciado pelo outro. A 
compreensão dessa interação é importante para a prática clínica e para o processo 
de autoanálise. Este módulo discute como a resistência pode ser um indicativo de 
áreas importantes para o trabalho psicanalítico, enquanto a transferência pode ser 
vista como uma oportunidade para o analisando explorar e reconfigurar relações e 
padrões emocionais. A habilidade de trabalhar efetivamente com esses conceitos 
pode levar a avanços significativos na autoconsciência e na saúde mental. 
O desenvolvimento da capacidade de auto observação e reflexão crítica é 
fundamental para o processo de autoconhecimento. Este módulo enfatiza a 
importância de uma postura introspectiva, onde o indivíduo aprende a identificar, 
questionar e transformar suas próprias resistências e projeções transferidas. 
Através deste processo, busca-se promover um entendimento profundo das próprias 
motivações, desejos e conflitos, facilitando uma jornada de crescimento pessoal e 
psicológico. O estudo da resistência e da transferência, nesse contexto, não apenas 
evidencia aspectos fundamentais da experiência humana, mas também fornece 
ferramentas práticas para a realização de mudanças positivas e duradouras na vida 
dos indivíduos. 
 
1. Introdução à Resistência e Transferência 
 
Sigmund Freud, no limiar entre os séculos XIX e XX, conceituou os princípios 
da psicanálise, apresentando conceitos revolucionários que adentram nos 
processos inconscientes influenciando comportamentos e emoções humanas. 
Dentro desta teoria, a resistência e a transferência surgem como pilares essenciais 
para o tratamento psicanalítico. A resistência é compreendida como um mecanismo 
de defesa, no qual o indivíduo, inconscientemente, evita confrontar ou reconhecer 
conteúdos reprimidos. Este fenômeno se manifesta de diversas formas, incluindo o 
esquecimento de sonhos e mudanças súbitas de assunto durante sessões 
analíticas. 
Por sua vez, a transferência é descrita como o processo em que o paciente 
projeta no analista sentimentos e desejos inicialmente direcionados para figuras 
 
significativas de seu passado, geralmente parentais. Esse mecanismo revive 
conflitos e desejos antigos no cenário atual da análise, e também estabelece um 
palco para que tais dinâmicas sejam exploradas. Freud e seus contemporâneos, 
como destacado por Fernandes (2016), Santos (1994), e Isolan (2005), observaram 
a transferência como uma ferramenta importante no trabalho analítico, permitindo 
acesso a conteúdos inconscientes ligados às zonas erógenas da sexualidade 
infantil. 
A interação entre resistência e transferência reflete a tensão existente entre o 
conforto do conhecido e a necessidade de confrontar e integrar aspectos reprimidos 
do eu, um processo essencial para a cura e o crescimento pessoal. O analista 
desempenha um papel duplo neste contexto: identificar e interpretar a resistência e, 
simultaneamente, reconhecer e trabalhar a transferência de forma que possibilite a 
elaboração de conflitos subjacentes. Essa abordagem exige do analista uma 
postura de neutralidade e empatia, atuando como um espelho para as projeções do 
paciente, sem envolver-se ativamente ou emitir julgamentos. 
O trabalho com a resistência e a transferência é central na prática 
psicanalítica, não apenas por permitir o acesso a conteúdos inconscientes, mas 
também por promover um processo transformador ao possibilitar que o paciente 
explore, compreenda e integre aspectos de si mesmo anteriormente desconhecidos 
ou rejeitados. Como sublinhado por Lima e Facchini (2016), este processo 
psicanalítico oferece um espaço privilegiado para o reordenamento das experiências 
vividas, permitindo que a expressão dos conteúdos reprimidos adquira uma 
sensação de atualidade na transferência, favorecendo a transformação do paciente 
e o restabelecimento de sua capacidade de amar. 
A psicanálise vai além da análise de sintomas ou comportamentos, focalizando 
na dinâmica entre resistência e transferência para oferecer uma abordagem única 
na compreensão dos processos inconscientes. Isso permite que os indivíduos 
enfrentem e resolvam conflitos internos,os conteúdos reprimidos do inconsciente e promover uma 
compreensão mais ampla da psique do indivíduo. No entanto, essa tarefa exige 
sensibilidade, paciência e uma postura de acolhimento por parte do analista. Em vez 
de simplesmente confrontar ou desafiar as resistências, é essencial abordá-las com 
empatia e compreensão, reconhecendo que cada defesa tem sua própria história e 
significado subjacente. Portanto, convido os alunos a refletirem sobre como podem 
cultivar uma abordagem que respeite a complexidade das resistências e promova 
um ambiente de cura e transformação genuínas. 
4.Superando as Resistências 
A interpretação, por exemplo, é a principal ferramenta do analista para 
revelar os conteúdos inconscientes por trás das resistências, permitindo ao paciente 
 
explorar áreas de conflito até então desconhecidas. Por meio da interpretação, o 
analista busca trazer à consciência do paciente os significados subjacentes de seus 
sintomas e comportamentos, promovendo assim a compreensão e a resolução dos 
conflitos psíquicos. Como Freud enfatizou, a interpretação é a principal ferramenta 
do analista para revelar os conteúdos inconscientes por trás das resistências, 
permitindo ao paciente explorar áreas de conflito até então desconhecidas. 
Além disso, a confrontação é outra estratégia utilizada para lidar com as 
resistências. Nesse caso, o analista desafia as defesas específicas do paciente e 
encoraja-o a enfrentar suas dificuldades emocionais de frente. A confrontação pode 
ocorrer de maneira sutil, por meio de questionamentos ou reflexões, ou de forma 
mais direta, apontando padrões de comportamento ou pensamento que estão 
contribuindo para a manutenção das resistências.A confrontação, por sua vez, pode 
ser utilizada para desafiar defesas específicas do paciente e encorajá-lo a enfrentar 
suas dificuldades emocionais. 
O insight, por sua vez, é uma ferramenta poderosa no processo de 
superação das resistências. Ao fornecer ao paciente novas compreensões e 
perspectivas sobre seus problemas, o insight permite que ele se conscientize dos 
motivos subjacentes para suas defesas e explore alternativas mais adaptativas de 
enfrentamento. Através desse mecanismo, o paciente é capaz de integrar partes 
anteriormente inconscientes de sua experiência emocional, promovendo assim um 
maior autoconhecimento e crescimento. 
No entanto, o papel do paciente também é fundamental no processo de 
superação das resistências. Como destacado por Jung (1954), o reconhecimento e 
a aceitação das resistências são passos essenciais para sua superação, pois 
permitem ao paciente entrar em contato com aspectos reprimidos de si mesmo e 
integrá-los à sua consciência. Além disso, a disposição para explorar conteúdos 
emocionalmente difíceis é crucial para o progresso, conforme observado por 
Winnicott (1965), que enfatizou a importância da coragem e da honestidade 
emocional por parte do paciente. 
No entanto, o trabalho psicanalítico pode encontrar impasses e desafios 
significativos ao lidar com resistências persistentes. Como assinalado por Ferenczi 
(1932), alguns pacientes podem resistir vigorosamente à análise devido a medos 
 
profundos ou defesas arraigadas, tornando o processo analítico lento e difícil. Além 
disso, as defesas podem ser tão poderosas que o paciente pode permanecer 
inconsciente de sua existência, dificultando ainda mais o trabalho do analista. 
Em suma, a superação das resistências na psicanálise é um processo 
complexo que requer a colaboração ativa entre analista e paciente. Com uma 
abordagem sensível e perspicaz, aliada à disposição do paciente para enfrentar 
seus conflitos internos, é possível avançar no caminho da cura psíquica. No entanto, 
é importante reconhecer e estar preparado para os desafios que podem surgir ao 
longo desse processo, mantendo sempre o foco na busca pelo insight e na 
promoção do bem-estar do paciente. 
 
 
Figura 1. 4 Superando 
 
Fonte : Gerado por IA 
#Saiba Mais# 
O artigo “6 Manifestações da Resistência na Psicanálise” expõe que as 
manifestações da resistência na psicanálise são diversas e podem se apresentar de 
maneiras sutis ou evidentes durante o processo terapêutico. Entre as principais 
manifestações estão os lapsos na fala, esquecimentos, evasivas, recusas em 
discutir certos tópicos, mudanças de assunto repentinas, resistência à associação 
livre e até mesmo interrupções prematuras das sessões. Esses comportamentos 
muitas vezes refletem a tentativa do inconsciente de proteger o indivíduo de 
conteúdos emocionalmente dolorosos ou ameaçadores. Por meio dessas 
manifestações, o analista pode identificar as áreas de conflito e explorar as defesas 
psíquicas do paciente, buscando compreender as origens dos bloqueios e 
promovendo uma análise dos conteúdos reprimidos. 
 
 
 
 
#Dica de livro# 
Livro: Ferenczi, S. (1932). Obras Completas de Sándor Ferenczi, Volume 3. São 
Paulo: Martins Fontes, 1985. 
Aborda a necessidade de adaptação da técnica psicanalítica às demandas 
individuais de cada paciente, destacando a importância da flexibilidade por parte do 
analista para lidar com as complexidades do processo. Ferenczi discute a 
variedade de abordagens que podem ser empregadas na prática analítica, 
enfatizando a importância de uma postura sensível e receptiva por parte do 
analista. Ele sugere que a rigidez na aplicação da técnica pode ser 
contraproducente, e defende uma abordagem mais fluida e adaptável, capaz de se 
ajustar às necessidades únicas de cada situação clínica. 
 
#Reflita# 
Ao lidar com resistências, somos confrontados com partes de nós mesmos 
que preferimos evitar ou negar. No entanto, é precisamente ao confrontar essas 
resistências que abrimos espaço para o crescimento pessoal e a transformação 
psicológica. A superação das resistências requer uma disposição genuína para 
explorar os aspectos mais profundos e muitas vezes desconfortáveis de nossa 
psique. Isso exige coragem, autenticidade e um compromisso com o 
autoconhecimento. Ao abraçar esse desafio, podemos descobrir novas camadas de 
compreensão sobre nós, permitindo-nos crescer e evoluir em direção a uma vida 
plena e satisfatória. Além disso, é importante lembrar que o processo de superação 
das resistências não é um caminho linear. Enfrentaremos altos e baixos, momentos 
de avanço e retrocesso. No entanto, cada obstáculo superado nos fortalece e nos 
prepara para os desafios que ainda estão por vir. 
Portanto, convido os alunos a refletirem sobre sua própria jornada de 
superação das resistências. O que os motiva a enfrentar esses desafios? Quais 
estratégias eles utilizam para lidar com as resistências? E como podem aplicar 
essas lições não apenas em suas práticas clínicas, mas também em suas vidas 
pessoais? 
 
Conclusão 
 
Esta unidade proporcionou uma compreensão aprofundada sobre a 
dinâmica que permeia o processo psicanalítico na análise das resistências . 
Iniciamos nossa jornada compreendendo a resistência como um dos conceitos 
fundamentais na teoria psicanalítica, onde investigamos os mecanismos que 
impedem o acesso direto aos conteúdos inconscientes. Ao explorar a natureza da 
resistência, destacamos suas origens profundamente interligadas com experiências 
passadas, traumas, medos e conflitos internos do paciente, evidenciando como 
estas influências se manifestam nas relações familiares, sociais e culturais. 
No desenvolvimento deste tema, a análise das manifestações de resistência 
durante as sessões psicanalíticas foi essencial. Identificar e analisar padrões de 
 
comportamento, lapsos na comunicação e outras formas de resistência permitiram 
uma compreensão mais profunda dos conflitos psíquicos do paciente. Neste 
contexto, abordamos estratégias psicanalíticas para lidar com as resistências, 
incluindo interpretação, confrontação, insight e outras técnicas analíticas, 
reconhecendo a importância da aliança psicanalíticana abordagem das defesas. 
No caminho da superação das resistências, enfatizamos o papel ativo do 
paciente no processo analítico. Reconhecer, aceitar e explorar conteúdos 
emocionalmente difíceis são etapas fundamentais para promover a cura psicológica. 
Convidamos os alunos a refletirem sobre os possíveis impasses e desafios no 
trabalho psicanalítico ao lidar com resistências persistentes, reconhecendo que a 
jornada de superação não é linear, mas repleta de avanços e retrocessos. 
Ao longo desta unidade, destacamos a importância da sensibilidade, da 
empatia e do comprometimento do analista em criar um ambiente seguro e de 
confiança, essencial para o progresso do analisando. Cada tópico abordado - 
compreensão da resistência, suas origens e natureza, identificação e análise, e 
superação das resistências - contribuiu para uma visão abrangente e integrada do 
tema dentro da imersão da psicanálise para o analisando. 
Por fim, encorajamos os alunos a aplicarem os conhecimentos adquiridos 
nesta unidade em suas práticas clínicas e reflexões pessoais, reconhecendo que a 
análise da resistência é uma parte essencial do trabalho psicanalítico e um convite à 
profundidade da compreensão humana. Que esta jornada de aprendizado inspire-os 
a explorar cada vez mais os mistérios da mente e a buscar o crescimento pessoal e 
profissional contínuo. 
 
Referências 
Freud, S. (1900). A Interpretação dos Sonhos. Edição Standard Brasileira das 
Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol. IV e V. Rio de Janeiro: 
Imago, 1996. 
 
Freud, A. (1936). O Ego e os Mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Imago, 
1991. 
Lacan, J. (1957). A Instância da Letra no Inconsciente ou a Razão Desde Freud. 
In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998. 
Klein, M. (1932). A Psicanálise de Crianças. Rio de Janeiro: Imago, 1997. 
Freud, S. (1912). Sobre a dinâmica da transferência. Em S. Freud, Edição 
Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. XII, 
pp. 111-128). Rio de Janeiro: Imago, 1996. 
Freud, S. (1914). Recalcamento. Em S. Freud, Edição Standard Brasileira das 
Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. XIV, pp. 97-116). Rio de 
Janeiro: Imago, 1996. 
Jung, C. G. (1916). A estrutura da psique. Em C. G. Jung, O desenvolvimento da 
personalidade (pp. 223-249). Petrópolis: Vozes, 1993. 
Klein, M. (1946). Notas sobre alguns mecanismos esquizóides. Em M. Klein, 
Inveja e Gratidão e Outros Trabalhos (pp. 1-24). Rio de Janeiro: Imago, 1991. 
Lacan, J. (1966). O Seminário, livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da 
psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 
Bowlby, J. (1969). Apego e perda: Volume 1. Attachment. Londres: The Hogarth 
Press. 
Foucault, M. (1976). A vontade de saber. São Paulo: Forense Universitária. 
Freud, S. (1913). A Interpretação das Resistências. In: Obras Completas de 
Sigmund Freud, Volume 12. Rio de Janeiro: Imago, 1996. 
Jung, C. G. (1954). Tipos Psicológicos. Rio de Janeiro: Vozes, 2000. 
Winnicott, D. W. (1965). O Ambiente e os Processos de Maturação: Estudos 
sobre a Teoria do Desenvolvimento Emocional. Porto Alegre: Artes Médicas, 
1983. 
 
Ferenczi, S. (1932). A Elasticidade da Técnica Psicanalítica. In: Obras Completas 
de Sándor Ferenczi, Volume 3. São Paulo: Martins Fontes, 1985. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE IV 
Imersão Psicanalítica - Resistência e Transferência 
no Contexto do Analisando 
Exploração da Transferência 
 Nome e titulação do professor 
 
APRESENTAÇÃO 
 Bem-vindos à unidade sobre a exploração da transferência, um dos 
conceitos fundamentais da psicanálise. A transferência é um fenômeno complexo 
que permeia a relação entre analista e analisando, desempenhando um papel 
crucial no processo psicanalítico. Nesta unidade, vamos aprofundar nosso 
entendimento da transferência, explorando suas nuances e implicações práticas na 
prática clínica. 
Caro(a) estudante, com esta unidade você irá: 
● Compreender o conceito de transferência na psicanálise; 
● Explorar as manifestações da transferência na relação analítica; 
● Analisar a importância da exploração da transferência na condução do 
tratamento psicanalítico; 
● Investigar a transferência de sentimentos e experiências do passado para o 
relacionamento com o analista; 
● Examinar como as figuras importantes do passado estão sendo recriadas na 
relação analítica; 
● Analisar como esses padrões influenciam a interação com o analista. 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
 Na prática psicanalítica, a exploração da transferência desempenha um 
papel crucial na compreensão dos processos emocionais e relacionais do 
analisando durante o tratamento psicanalítico. Essencialmente, a transferência 
envolve a projeção de sentimentos e experiências passadas para o relacionamento 
com o analista. Isso inclui uma investigação minuciosa de como as figuras 
importantes do passado são recriadas na dinâmica psicanalítica e como esses 
padrões influenciam a interação analista-analisando. Essa exploração permite ao 
 
profissional da psicanálise acessar conteúdos emocionais profundos e muitas vezes 
inconscientes do analisando, lançando luz sobre questões subjacentes. 
 Ao analisar a transferência, podemos desvendar a complexidade da história 
emocional do analisando e identificar os padrões relacionais que moldam sua 
experiência presente. As emoções intensas e os conflitos não resolvidos que 
emergem na relação com o analista fornecem pistas sobre os padrões 
transferenciais do analisando. Compreender esses padrões permite ao analista 
oferecer intervenções analíticas mais eficazes e adaptadas às necessidades 
individuais do analisando. Dessa forma, a exploração da transferência não apenas 
enriquece a compreensão do analista sobre o analisando, mas também fortalece a 
relação analítica e impulsiona o processo de cura. 
 Ademais, ao analisar como os padrões de relacionamento passados 
influenciam a interação com o analista, podemos identificar resistências e defesas 
que podem estar dificultando o progresso analítico. A compreensão dessas 
dinâmicas permite ao analista criar um ambiente analítico seguro e acolhedor, onde 
o analisando se sinta livre para explorar suas emoções mais profundas. Em última 
análise, a exploração da transferência leva o analisando a uma jornada de 
autoconhecimento e desenvolvimento emocional, com o auxílio da empatia e 
compreensão fornecidas pelo analista. 
 
 
 
1. A Transferência como Janela para o Passado 
 Conforme ressaltado por Santos (1994), a transferência é uma capacidade 
inerente ao ser humano, que se manifesta não apenas na relação analítica, mas em 
uma variedade de interações sociais. Ele destaca que essa expressão se torna 
mais vívida e evidente no contexto analítico devido à própria estrutura dessa 
situação. Ainda segundo o professor: 
 Quando o paciente passa a se interessar por tudo o que se 
 
relaciona com a figura do médico, atribuindo a isso por vezes maior 
importância do que a que demonstra por suas próprias questões, parece se 
desviar de sua própria doença. Estamos, então, diante de uma relação 
transferencial. (1994) 
 Dentro desse contexto, a investigação dos sentimentos e experiências 
passadas projetados na relação com o analista se torna ainda mais significativa. Ao 
trazer à tona os padrões transferenciais que refletem relacionamentos anteriores do 
analisando, o analista pode desvendar os mecanismos psíquicos subjacentes que 
influenciam a interação presente. 
 Através da transferência como janela para o passado, o analista pode 
acessar as raízes profundas dos conflitos emocionais do analisando, 
proporcionando-lhe uma oportunidade única de explorar sua história emocional e 
seus relacionamentos passados. Nesse processo, a relação analítica se torna um 
terreno fértil para a expressão e investigação desses padrões transferenciais. 
 Assim, a transferência na relação analítica não apenas revela ospadrões 
emocionais e relacionais do analisando, mas também oferece um caminho para o 
autoconhecimento e crescimento emocional. Ao fornecer uma lente através da qual 
o analisando pode examinar suas próprias experiências passadas e dinâmicas 
internas, a transferência possibilita uma jornada psicanalítica profundamente 
transformadora. 
 Em última análise, a verdadeira exploração da transferência e seus efeitos 
curativos ocorre na interseção entre o passado e o presente, um espaço mediado 
pela relação analítica. Nesse ambiente psicanalítico, o analisando tem a 
oportunidade de mergulhar profundamente em suas experiências passadas, 
compreendendo-as à luz de suas interações atuais. Essa reflexão cuidadosa e a 
orientação do analista possibilitam uma integração significativa, contribuindo para o 
processo de cura e crescimento emocional do indivíduo. 
 
#Saiba mais# 
 O artigo "A transferência na clínica psicanalítica: a abordagem freudiana" 
 
explora o processo de elaboração do conceito de transferência por Freud, 
enfatizando sua importância como um construto fundamental na clínica 
psicanalítica. Para isso, o autor analisa textos como "A Dinâmica da Transferência" 
(1912), "Recordar, Repetir e Elaborar" (1914) e as "Conferências Introdutórias sobre 
Psicanálise" (1916-1917), que marcam momentos cruciais no pensamento freudiano 
sobre os processos transferenciais. 
 A produção é indispensável para estudantes e profissionais da psicanálise 
que buscam aprofundar sua compreensão sobre a transferência e sua importância 
na prática clínica. 
Saiba mais: A transferência na clínica psicanalítica: a abordagem freudiana 
 
2. Impacto na Relação Psicanalítica 
 O impacto na relação psicanalítica é uma questão essencial ao abordar a 
transferência na prática clínica. Este fenômeno dinâmico e complexo influencia 
significativamente a dinâmica entre o analisando e o analista. A transferência se 
manifesta por meio da projeção de sentimentos, desejos e experiências passadas 
do analisando sobre o analista, muitas vezes de maneira inconsciente. 
 Na relação psicanalítica, a transferência cria um ambiente propício para 
explorar e compreender os conflitos internos do analisando. Ao expressar 
sentimentos transferenciais em relação ao analista, o analisando oferece 
informações sobre suas dinâmicas psíquicas e padrões de relacionamento. Por sua 
vez, o analista deve estar atento aos processos transferenciais que emergem 
durante as sessões, utilizando-os como ferramentas para ajudar o analisando a 
compreender e trabalhar seus conflitos. 
 Freud (1996 apud MOREIRA 2018) destaca a importância da transferência 
no processo analítico, reconhecendo-a como uma ferramenta de grande valor. 
Entretanto, esse fenômeno também pode representar um desafio na relação 
psicanalítica, especialmente quando os sentimentos transferenciais são intensos ou 
contraditórios. Pode haver resistência por parte do analisando em aceitar e explorar 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X1994000200003#not1Baixo
 
esses sentimentos, o que pode dificultar o progresso do tratamento. Além disso, o 
analista precisa lidar com seus próprios sentimentos e reações diante da 
transferência, mantendo uma postura neutra e acolhedora. 
 Em suma, o impacto na relação psicanalítica é profundo e significativo, 
influenciando tanto o processo analítico quanto o desenvolvimento pessoal do 
analisando. Ao compreender e trabalhar com os fenômenos transferenciais de 
maneira sensível e reflexiva, o analista pode auxiliar o analisando a promover 
mudanças positivas em sua vida. 
 Como ressalta Moreira (2018), cabe ao analista realizar sua própria análise, 
para abrir a possibilidade de refletir o paciente, com a menor interferência possível 
do que vem do analista. Essa abordagem permite uma compreensão mais ampla e 
autêntica dos processos psíquicos do analisando, facilitando o trabalho psicanalítico 
e promovendo um ambiente propício para o crescimento e transformação. 
 
 
#Indicação de filme# 
Nome: A pele que habito 
Ano: 2011 
 No filme "A Pele que Habito", a relação entre Robert e Vera é complexa e 
marcada por uma transferência de sentimentos intensos. Robert, o cirurgião 
plástico, projeta em Vera sua dor e sofrimento decorrentes da perda de sua esposa 
e filha, buscando na transformação física dela uma forma de lidar com seu próprio 
luto. Por outro lado, Vera, vítima dos experimentos cruéis de Robert, manifesta uma 
transferência de sentimentos ambígua em relação a ele, que vai além do medo e 
revolta iniciais. 
 Essa dinâmica ilustra como a transferência de emoções pode ocorrer 
recíproca e complexamente entre duas pessoas, mesmo em um contexto 
extremamente adverso e perturbador, influenciando profundamente suas interações 
e relacionamentos. 
 
Assista ao trailer: Filme | A Pele que Habito
 
3. Compreensão Profunda do Analisando 
 A compreensão profunda do analisando na psicanálise é um processo que 
requer uma abordagem minuciosa e atenta por parte do analista. Este processo 
envolve não apenas ouvir atentamente o que o analisando compartilha, mas 
também ler nas entrelinhas, buscando compreender os significados subjacentes aos 
seus relatos. O analista procura identificar padrões recorrentes em sua história de 
vida, examinando como eventos passados podem estar influenciando suas 
experiências e relacionamentos atuais. 
 Aprofundando-se ainda mais na análise do analisando, o psicanalista 
examina os mecanismos de defesa que ele utiliza como forma de enfrentar e lidar 
com os conflitos internos não resolvidos. Este processo envolve uma investigação 
minuciosa das estratégias psíquicas que o indivíduo emprega para proteger-se das 
angústias e ansiedades que emergem de suas experiências passadas e presentes. 
 identificando e compreendendo esses mecanismos de defesa, o analista 
pode lançar luz sobre as dinâmicas psíquicas subjacentes, desvendando os 
padrões de comportamento e pensamento que moldam a forma como o analisando 
se relaciona consigo mesmo e com o mundo ao seu redor. 
 Ao explorar profundamente a mente do analisando, o analista pode descobrir 
aspectos ocultos de sua psique, muitas vezes desconhecidos até mesmo pelo 
próprio analisando. Isso pode incluir traumas não reconhecidos, desejos reprimidos 
e conflitos emocionais latentes. A compreensão desses aspectos mais profundos 
permite ao analista fornecer informações que podem ajudar o analisando a 
compreender melhor a si mesmo e suas motivações. 
 A compreensão profunda do analisando também envolve uma sensibilidade 
às dinâmicas transferenciais que emergem na relação terapêutica. O analista está 
atento não apenas ao conteúdo das palavras do analisando, mas também às 
emoções subjacentes e aos padrões relacionais que surgem durante as sessões. 
https://www.youtube.com/watch?v=EBrn_d7hMNk
 
Isso permite ao analista identificar como as experiências passadas do analisando 
estão sendo projetadas na relação psicanalítica, fornecendo uma oportunidade para 
explorar esses padrões e promover a mudança. 
 Em última análise, a compreensão profunda do analisando na psicanálise 
não apenas facilita o processo terapêutico, mas também promove um crescimento 
pessoal significativo. Ao fornecer um espaço seguro e acolhedor para a exploração 
íntima e reflexiva, o analista ajuda o analisando a desenvolver uma compreensão 
mais profunda de si mesmo, promovendo uma maior autoconsciência e um senso 
renovado de autonomia e bem-estar emocional. 
 
#Dica de Livro# 
 O livro "Elementos para uma compreensão diagnóstica em psicoterapia - o 
ciclo do contato e os modos de ser" (2015) se relaciona com a compreensão 
profunda do analisando ao oferecer uma abordagem que busca compreender os 
estilos de personalidade e modos de ser dos clientes de forma ampla e não apenas 
patológica. Assim como na psicanálise, onde se busca uma compreensão profunda 
do paciente para identificar padrões recorrentes,traumas não reconhecidos e 
desejos reprimidos, a abordagem proposta pelo autor Ênio Brito Pinto também visa 
entender o cliente em sua totalidade. 
 
 
4. Estratégias Psicanalíticas e Desenvolvimento do 
Analisando 
 Freud (1980/1912 apud MAESSO, 2020) observou que a transferência tem 
relação com o poder em função da neurose, do recalque diante da afirmação da 
castração do Outro, declarando que o fenômeno da transferência não é 
responsabilidade da psicanálise, sendo que nas instituições pode haver formas 
 
indignas de transferência que, sem tratamento psicanalítico, chegam à servidão. 
 Foucault (1977/2017, p. 371 apud MAESSO, 2020) defendia que "as grandes 
estratégias de poder se incrustam" nas microrrelações de poder, onde as condições 
de seu exercício estão situadas. A análise ocorre por meio da microrrelação entre 
dois sujeitos em posições díspares, onde a transferência implica poder pela 
suposição do saber no analista. No entanto, o manejo ético da transferência pode 
levar a uma mudança de posição do sujeito em relação às formas de poder 
presentes em outras relações sociais. 
 As estratégias psicanalíticas constituem uma abordagem analítica complexa 
e profunda que visa compreender e promover o desenvolvimento do analisando ao 
longo do processo de análise. Essas estratégias não se limitam apenas à análise 
superficial dos conteúdos manifestos trazidos pelo analisando, mas envolvem uma 
exploração cuidadosa das dinâmicas inconscientes que permeiam sua vida 
psíquica. Ao investigar as resistências e defesas do analisando, o psicanalista 
busca desvelar os mecanismos de enfrentamento que o paciente utiliza para lidar 
com seus conflitos internos não resolvidos. 
 Uma das principais estratégias consiste na interpretação dos conteúdos 
latentes presentes nos sintomas e nos atos falhos do paciente. Através desse 
processo interpretativo, o analista busca fornecer ao analisando insights profundos 
sobre seus processos mentais inconscientes, permitindo-lhe uma maior 
compreensão de si mesmo e de seus padrões comportamentais. Essa 
compreensão ampliada pode levar a uma maior consciência de suas motivações e 
desejos inconscientes, contribuindo para uma transformação significativa em sua 
vida. 
 Além da interpretação, outra tática importante na psicanálise é a exploração 
da dinâmica transferencial que se estabelece na relação entre analista e 
analisando. Através da transferência, o paciente projeta no analista sentimentos e 
fantasias inconscientes, muitas vezes baseadas em experiências passadas. O 
analista utiliza essa dinâmica para compreender as complexidades do mundo 
interno do analisando e para promover mudanças analíticas. 
 Por fim, as estratégias psicanalíticas também envolvem a criação de um 
 
ambiente psicanalítico seguro e acolhedor, onde o analisando se sinta à vontade 
para explorar suas emoções, pensamentos e fantasias mais profundas. Esse 
ambiente facilita o processo de autoexploração e autorreflexão do analisando, 
promovendo um maior autoconhecimento e um desenvolvimento pessoal mais 
profundo ao longo do tempo. Em suma, as estratégias psicanalíticas são 
ferramentas poderosas que visam não apenas aliviar o sofrimento psíquico, mas 
também promover um crescimento significativo e transformador na vida do 
analisando. 
#Saiba mais# 
 O artigo "A Estratégia da Transferência na Psicanálise como 
Contradispositivo", oferece uma análise profunda e teórica sobre a relação entre a 
transferência e o poder na prática psicanalítica. Ele explora como a transferência 
pode atuar como um contradispositivo em relação aos dispositivos de poder, 
permitindo o surgimento de algo novo na repetição e introduzindo o acaso e o real 
como efeitos do ato analítico no discurso. 
Saiba mais: A Estratégia da Transferência na Psicanálise como Contradispositivo 
 
 
 
#Reflita# 
 
 As reflexões de Freud e Foucault sobre a transferência e o poder oferecem 
uma compreensão profunda da complexidade das relações humanas e das 
estruturas sociais que as envolvem. Ao examinar a relação entre transferência e 
neurose, Freud nos leva a refletir sobre como experiências passadas moldam 
https://www.scielo.br/j/ptp/a/CTbjC7SDMb57HS4zdPfyZFm/#
 
nossas interações presentes, destacando a importância de uma abordagem ética 
na prática psicanalítica. 
 Por outro lado, Foucault nos desafia a questionar as dinâmicas de poder em 
diversas esferas sociais, sugerindo que o manejo ético da transferência pode 
transcender a análise individual, promovendo uma mudança de posicionamento 
frente às estruturas de poder mais amplas. Em conjunto, essas perspectivas nos 
incentivam a uma jornada de autoconhecimento e engajamento social, 
convidando-nos a explorar as profundezas da psique humana enquanto buscamos 
criar sociedades mais justas e igualitárias. 
 
 
Figura 4.1 - Manejo ético da transferência 
Fonte: Freepik 
 
Conclusão 
 
 A análise da transferência na psicanálise revela a complexidade das 
interações psíquicas e seu papel fundamental no processo psicanalítico. Ao 
compreender o conceito de transferência, podemos perceber como os padrões 
emocionais e relacionais do passado se manifestam na relação com o analista. 
Essa exploração minuciosa permite ao paciente revisitar experiências passadas e 
 
compreender como elas influenciam suas interações presentes, possibilitando um 
maior autoconhecimento e potencializando o processo de cura. 
 
 Ao longo da relação analítica, a transferência se manifesta de diversas 
formas, desde projeções de figuras importantes do passado até a repetição de 
padrões comportamentais. Essas manifestações oferecem ao analista 
conhecimento sobre o mundo interno do paciente, permitindo uma compreensão 
mais abrangente de seus conflitos e mecanismos de defesa. Nesse contexto, a 
exploração cuidadosa da transferência torna-se essencial para o avanço do 
tratamento. 
 
 A análise da transferência não se limita apenas à compreensão das 
experiências passadas do analisando, mas também envolve uma reflexão sobre o 
papel do analista nesse processo. O manejo ético da transferência requer 
sensibilidade e autoconhecimento por parte do analista, que deve estar atento às 
suas próprias reações e sentimentos evocados por sua relação com o analisando. 
Essa consciência mútua promove um ambiente analítico seguro e acolhedor, 
propício ao desenvolvimento pessoal do analisando. 
 
 Em suma, a exploração da transferência na psicanálise é um processo 
delicado e profundo, que demanda dedicação e comprometimento tanto do 
analisando quanto do analista. Ao compreender e analisar as manifestações da 
transferência, é possível promover uma transformação significativa na vida do 
analisando, possibilitando o surgimento do autoconhecimento e a superação de 
conflitos emocionais não resolvidos. 
 
Referências 
SANTOS, M. A. (1994). A transferência na clínica psicanalítica: a abordagem 
freudiana. Temas em Psicologia, 2(2). Disponível em: 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X199400020
0003#not1 Baixo. Acesso em: 28/03/24. 
 
 
MOREIRA, F. B. (2018). A transferência na relação analítica: um retorno a Freud 
e Ferenczi. Semina: Ciências Sociais e Humanas, 39(1). Disponível em: 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext & 
pid=S1676-54432018000100008. Acesso em: 28/03/24. 
 
MAESSO, M. C. (2020). A Estratégia da Transferência na Psicanálise como 
Contradispositivo. Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil. Disponível em: 
https://www.scielo.br/j/ptp/a/CTbjC7SDMb57HS4zdPfyZFm/#. Acesso em: 28/03/24. 
 
ALMODÓVAR, P. (2011). A Pele que Habito. Claro video Brasil. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=EBrn_d7hMNk. Acesso em: 28/03/24. 
 
BRITO, Ê. (2015). Elementos para uma compreensão diagnóstica em 
psicoterapia: o ciclo de contato e os modos de ser. 1ª ed. São Paulo: Summus 
Editorial. 
 
 
 
Conteúdo complementar 
 
Transferência como resistência:discussão a partir da experiência de supervisão 
E3-15 Resistência e Transferência no Processo Psicanalítico 
Artigo Entre paradas e movimentos: uma revisão teórica a respeito do silêncio em 
psicanálise 
Transferência e resistência em uma psicoterapia psicanalítica interrompida 
Freud vai conceituar o recalque como mecanismo inconsciente correspondente às 
resis 
 Psicanálise 7 - Resistência - Conceitos em Freud
os efeitos clínicos do observador no trabalho em grupos terapêuticos Transferência 
e contratransferência 
https://www.youtube.com/watch?v=LYYsWKixFiU&ab_channel=Psican%C3%A1liseeafins-H%C3%A9lioMirandaJr
https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-24902019000200010
https://revistas.newtonpaiva.br/psicologia/e3-15-resistencia-e-transferencia-no-processo-psicanalitico/
https://www.scielo.br/j/pusp/a/FJzpG5vRFHn7PhfwdTvpxTj/?format=pdf&lang=pt
https://www.scielo.br/j/pusp/a/FJzpG5vRFHn7PhfwdTvpxTj/?format=pdf&lang=pt
https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942016000200005
http://www.isepol.com/down_estruturas_clinicas/6_struturas.pdf
http://www.isepol.com/down_estruturas_clinicas/6_struturas.pdf
https://www.scielo.br/j/pusp/a/W9zBtJJfggbSLbcvFwwftXg/
https://www.scielo.br/j/pusp/a/W9zBtJJfggbSLbcvFwwftXg/
 
A REPETIÇÃO NA ANÁLISE: TRANSFERÊNCIA E RESISTÊNCIA | Revista OMNIA 
Saúde 
 04. Transferência e Resistência - Conceitos fundamentais da psicanálise
 Fundamentos da Psicanálise. resistência e transferência
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=Nq8mSFpHq2c&ab_channel=TravessiaPsicanal%C3%ADtica
https://www.youtube.com/watch?v=2QVMr92xzaw&ab_channel=PsicanalistaDr.JuanA.Brandt
https://omnia.fai.com.br/omniasaude/article/view/381?articlesBySimilarityPage=3
https://omnia.fai.com.br/omniasaude/article/view/381?articlesBySimilarityPage=3promovendo bem-estar psicológico 
duradouro e uma existência plena e autêntica. 
 
 
Figura 1: A transferência na psicanálise 
Fonte: Pixabay 
 
2. O Papel do Autoconhecimento na Psicanálise 
 
Na psicanálise, o processo de autoconhecimento é considerado fundamental, 
atuando como uma base para compreender e superar as resistências e 
transferências que surgem durante a análise. Este percurso demanda do analisando 
a coragem de adentrar nas profundezas de sua própria mente, confrontando 
pensamentos, sentimentos e desejos da consciência cotidiana. Por meio da 
introspecção e reflexão, o indivíduo começa a distinguir padrões de comportamento 
e estruturas emocionais que exercem influência em sua experiência de vida, 
frequentemente enraizados em experiências passadas e nas relações com figuras 
significativas. 
A construção do autoconhecimento, conforme destacado por Robert e 
Kupermann (2012), é uma jornada que não se realiza em isolamento, mas sim em 
colaboração com o analista. Este atua como um orientador, facilitando a exploração 
do inconsciente do analisando, incentivando a expressão verbal de pensamentos e 
 
sentimentos. Tal prática pode evidenciar as dinâmicas inconscientes, constituindo 
uma ferramenta poderosa para a revelação de aspectos reprimidos ou não 
reconhecidos do self, fomentando um diálogo interno mais rico. 
Neste processo, a resistência emerge como um indicador valioso, uma 
expressão de que o analisando está se aproximando de conteúdos psíquicos 
emocionalmente carregados. A habilidade de reconhecer e refletir sobre a 
resistência é crucial para o autoconhecimento. Aprender a identificar a emergência 
da resistência permite ao analisando questionar suas próprias defesas, abrindo 
caminho para uma compreensão mais profunda de si mesmo. 
De maneira similar, a transferência se revela como um campo importante para 
a autoexploração. As emoções e expectativas projetadas no analista refletem 
aspectos do mundo interno do analisando, que podem ser inacessíveis através da 
introspecção. Ao investigar essas projeções, o analisando tem a oportunidade de 
reconhecer, reavaliar relações passadas e padrões emocionais, reconfigurando sua 
autoconcepção e suas interações sociais. 
O incentivo da autoconsciência, portanto, é um processo dinâmico que envolve 
descobrir conteúdos inconscientes e reavaliar concepções prévias sobre si mesmo. 
Este processo se beneficia de estratégias como a reflexão contínua, diários de 
sonhos e pensamentos, e discussões abertas sobre resistências e transferências na 
análise. Tais práticas não apenas facilitam a identificação de padrões inconscientes, 
mas também promovem uma integração psíquica profunda, à medida que o 
analisando aprende a aceitar e trabalhar com aspectos de si anteriormente fontes 
de conflito ou desconforto. 
Assim, a autoconsciência na psicanálise abre caminhos para a liberdade 
pessoal, permitindo que o indivíduo rompa com padrões inconscientes e construa 
uma vida mais autêntica e plena. Esse processo possibilita ao analisando obter uma 
clareza maior sobre seus desejos, valores e objetivos, fundamentando suas 
escolhas e ações em um entendimento profundo de sua verdadeira essência. Como 
Robert e Kupermann (2012) expõe, o uso da transferência na clínica freudiana 
busca criar condições para que o sujeito possa enfrentar a dor e o desamparo, 
destacando a importância de estratégias de ação adaptadas à diversidade de 
 
resistências, reforçando a jornada da autoconsciência como um caminho para 
enfrentar e transformar essas vivências. 
 
#Saiba mais 
No artigo "Psicanálise e Educação - A História como Ferramenta de 
Autoconhecimento do Sentido dos Fazeres do Ser Humano" de Moraes, Maria José 
Beraldo de; Oliveira, Maria Lucia, a interconexão entre a psicanálise e a prática 
educacional é habilmente explorada, evidenciando a relevância da história individual 
como um instrumento significativo para compreender os processos psicológicos e 
promover um ambiente educacional mais acolhedor e enriquecedor. As autoras 
destacam a importância de uma abordagem que valorize a subjetividade e a 
singularidade de cada aluno, reconhecendo que a história de vida de cada indivíduo 
desempenha um papel crucial na construção de sua identidade e no 
desenvolvimento de sua personalidade. Ao investigar as experiências passadas dos 
estudantes, os educadores podem ganhar percepções valiosas sobre suas 
motivações, dificuldades e necessidades emocionais, o que permite uma adaptação 
mais eficaz das práticas pedagógicas para atender às demandas individuais de 
cada aluno. Ao integrar os princípios da psicanálise na educação, os profissionais 
podem criar um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e compassivo, onde os 
alunos se sintam compreendidos, apoiados e encorajados a explorar seu potencial 
máximo. 
 
Saiba mais : Simpósio Internacional do Adolescente - Psicanálise e educação: a 
história como ferramenta de (auto) conhecimento do sentido dos fazeres do ser 
humano 
 
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000082005000200054&script=sci_arttext&tlng=pt
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000082005000200054&script=sci_arttext&tlng=pt
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000082005000200054&script=sci_arttext&tlng=pt
 
 
Figura 2: Autoconhecimento 
Fonte: Shutterstock 
 
 
3. Identificando e Trabalhando a Resistência 
A compreensão e a abordagem da resistência são aspectos fundamentais do 
processo analítico, destacando a importância central que a resistência desempenha 
tanto para o analista quanto para o analisando. Conforme Ribeiro (2007) salienta, a 
resistência no ser humano possui uma finalidade, opondo-se à força de uma energia 
que ameaça perturbar o equilíbrio sujeito-mundo, indicando uma tentativa de 
autopreservação contra forças percebidas como ameaçadoras. Este instinto e o 
 
subsequente de auto realização, que permite a incorporação de estímulos externos 
não destrutivos, refletem uma dinâmica fundamental do organismo em manter e 
restaurar seu equilíbrio interno. A resistência, portanto, não é apenas uma barreira à 
análise, mas uma expressão do conflito interno e da defesa psíquica que é 
explorada e compreendida dentro do contexto analítico. 
A identificação da resistência, frequentemente marcada por padrões repetitivos 
de evitação e minimização, requer uma atitude de abertura e curiosidade por parte 
do analisando. Este processo de reconhecimento é essencial para a construção de 
uma relação analítica baseada na confiança e segurança, facilitando um espaço 
onde a resistência pode ser abordada e interpretada. A empatia e validação do 
analista são fundamentais neste contexto, permitindo uma compreensão emocional 
e psicológica da resistência. 
A análise e interpretação da resistência pelo analista são centrais para 
proporcionar epifanias que auxiliam o analisando a compreender as razões 
subjacentes às suas reações defensivas. Este trabalho abre espaço para uma 
reflexão mais profunda, ajudando o analisando a estabelecer conexões entre suas 
resistências e aspectos reprimidos de sua personalidade e história. O 
encorajamento a experimentar novas formas de pensar e se comportar é parte 
integrante deste processo, desafiando o analisando a superar barreiras psicológicas 
e promovendo um crescimento pessoal. 
Portanto, o trabalho sobre a resistência na psicanálise é um meio essencial 
para facilitar um acesso mais profundo ao self, permitindo ao analisando adquirir 
uma maior clareza sobre seus conflitos internos e desenvolver capacidades 
adaptativas para manejar as complexidades da vida emocional. Este processo, 
embora desafiador, é fundamental para a realização de mudanças significativas e 
duradouras, enfatizando a importância da resistência como um fenômeno a ser 
valorizado e explorado no contexto da análise psicanalítica. 
 
#Saiba mais 
O artigo"A Gênese do Conceito de Resistência na Psicanálise", de André 
Santana Mattos, investiga as origens e a evolução do conceito de resistência dentro 
 
da teoria psicanalítica. O autor explora como Sigmund Freud desenvolveu 
inicialmente essa ideia ao observar a tendência dos pacientes em se oporem ao 
processo de análise, manifestando uma relutância em trazer à tona conteúdos 
inconscientes. Mattos analisa o contexto histórico e clínico no qual Freud estava 
inserido, destacando como as primeiras formulações sobre resistência surgiram 
durante a análise de casos clínicos emblemáticos, como o do "Homem dos Ratos" e 
o de "Dora". Além disso, o autor discute as contribuições de Freud e de outros 
psicanalistas posteriores para o aprimoramento e a ampliação do conceito de 
resistência, demonstrando como essa noção se tornou fundamental para a 
compreensão dos processos psíquicos e para o trabalho clínico em psicanálise. 
 
Saiba mais: A gênese do conceito de resistência na psicanálise 
 
 
Figura 3: A resistência 
Autor Juan Matías Loiseau (Tute) 
 
4. Compreendendo e Transformando a Transferência 
 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S2176-106X2010000100002&script=sci_arttext
 
Palhares (2008) elabora uma perspectiva essencial sobre a transferência na 
psicanálise, ressaltando sua natureza dinâmica e recíproca, na qual tanto o paciente 
quanto o analista estão imersos em uma troca emocional profunda. Este fenômeno 
transcende a projeção unilateral do paciente sobre o analista, manifestando uma 
resposta emocional no analista, estabelecendo assim um espaço de mutualidade. 
Essa interação viva entre paciente e analista enriquece o encontro analítico, 
transformando-o em um terreno fértil para a exploração e transformação das 
experiências emocionais. 
Dentro deste contexto, a transferência emerge como um fenômeno complexo 
que oferece uma oportunidade singular para a visita na elaboração de conflitos 
internos. Por meio da transferência, o analisando projeta no analista sentimentos e 
desejos originados em relações passadas, especialmente aquelas da infância, 
possibilitando a exploração de padrões relacionais antigos dentro de um contexto 
psicanalítico seguro. Reconhecer e trabalhar com a transferência necessita uma 
observação cuidadosa e uma disposição para investigar as origens emocionais 
dessas projeções, uma tarefa facilitada pelas intervenções do analista, que visam 
promover uma compreensão mais profunda do self do analisando. 
A transformação da transferência é um processo gradual que implica 
conscientização, questionamento e a experimentação de novas formas de 
relacionamento. Ao compreender que as emoções direcionadas ao analista são 
reflexos de experiências relacionais passadas, o analisando pode começar a 
dissociar suas reações presentes desses antigos padrões, facilitando o 
desenvolvimento de respostas emocionais e comportamentais mais adaptativas. 
Este processo é mediado por uma combinação de interpretação, confrontação 
suave e o encorajamento do analista para que o analisando explore novas formas 
de interação. 
A abordagem da transferência na psicanálise não está isenta de desafios, 
exigindo que o analisando confronte medos, vulnerabilidades e resistências à 
mudança. No entanto, a experiência proporcionada pela análise da transferência é 
crucial para o desenvolvimento de relações interpessoais mais saudáveis e 
satisfatórias. Com o tempo, a elaboração cuidadosa da transferência contribui para 
uma maior autonomia emocional do analisando, permitindo que ele navegue por 
 
seus relacionamentos com maior clareza, compreensão e resiliência. Assim, a 
análise da transferência esclarece o passado e também abre caminho para um 
futuro no qual o analisando pode viver de maneira mais autêntica e realizada, livre 
dos padrões que limitavam sua experiência emocional e relacional. 
 
#Saiba mais 
No artigo "Transferência e Contratransferência: A Clínica Viva", Maria do 
Carmo Andrade Palhares aborda a dinâmica interativa entre transferência e 
contratransferência no contexto clínico psicanalítico. A autora explora como esses 
fenômenos influenciam a relação entre analista e analisando, destacando a 
importância de reconhecer e compreender as projeções e reações emocionais que 
ocorrem dentro do contexto analítico. Palhares enfatiza a relevância da 
contratransferência como uma ferramenta clínica valiosa, que pode fornecer 
percepções significativas sobre o mundo interno do analisando. Além disso, o artigo 
discute como a dinâmica transferencial e contratransferencial pode ser explorada de 
forma psicanalítica, promovendo um espaço de reflexão e transformação para 
ambos os envolvidos no processo analítico. 
Saiba mais :Transferência e contratransferência: a clínica viva 
 
 
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbp/v42n1/v42n1a11.pdf
 
FIgura 4: Transferência 
Fonte: Freepik 
 
 
#Reflita 
 
À medida que nos aprofundamos nos conceitos de resistência, transferência e 
autoconhecimento na psicanálise, somos desafiados a olhar para dentro de nós 
mesmos de forma mais profunda. A jornada da psicanálise não é apenas sobre 
compreender os outros, mas também sobre compreender a nós mesmos. Ao refletir 
sobre esses temas, convido vocês a considerarem suas próprias defesas, projeções 
e padrões emocionais. Como esses mecanismos se manifestam em suas vidas? 
Como influenciam suas relações e sua visão de mundo? Ao explorar essas 
questões, podemos começar a compreender camadas ocultas de nossa própria 
psique, abrindo portas para um autoconhecimento mais profundo de nossos 
próprios processos mentais. A psicanálise não é apenas um estudo teórico, mas 
uma jornada de autodescoberta contínua. 
 
Conclusão 
A investigação do autoconhecimento e da reflexão dentro do contexto 
psicanalítico proporciona uma via de exploração significativa para a compreensão 
do self e o aprimoramento pessoal. Os conceitos de resistência e transferência, não 
apenas revelam as barreiras ao desenvolvimento mental , mas também oferecem 
oportunidades para a metamorfose e a restauração. Por meio da análise e 
interpretação desses fenômenos, o analisando pode atingir uma compreensão mais 
profunda de suas experiências antigas e presentes, promovendo um processo de 
mudança. 
Este trajeto, embora desafiador, é fomentado pela orientação e apoio do 
analista, que não se limita a uma postura passiva, mas atua como um agente 
facilitador ativo do processo de autoconhecimento. A colaboração analítica, 
fundamentada na confiança e na empatia, é crucial para que o analisando se sinta 
seguro para explorar os recessos de sua mente e emoções. Dessa maneira, a 
 
unidade "Autoconhecimento e Reflexão" não se encerra com a conclusão de sua 
leitura, mas se estende de modo contínuo de introspecção e crescimento pessoal. 
 
Referências 
Lima, M. H. S; Fachini, A. Transferência e resistência em uma psicoterapia 
psicanalítica interrompida. Aletheia v.49, n.2, p.38-46, jul./dez. 2016 
Lins, Luciano. Psicanálise integral: as dimensões da personalidade humana. 
Edições Universidade Fernando Pessoa. CTEC. 2007 
MATTOS, André Santana. A gênese do conceito de resistência na psicanálise. 
TransForm. Psicol. (Online), São Paulo , v. 3, n. 1, 2010 . Disponível em 
. acessos em 28 mar. 2024. 
Ribeiro, J.P. A Resistência Olha a Resistência. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, 2007, 
Vol. 23 n. especial, pp. 073-078 
ROBERT, Priscila Pereira; KUPERMANN, Daniel. Dor e resistência na clínica 
psicanalítica. O manejo das transferências negativas em Freud. Cad. psicanal., Rio 
de Janeiro , v. 34, n. 26, p. 37-49, jun. 2012 . Disponível em 
. acessos em 28 mar. 2024. 
MORAES, Maria José Beraldo de and OLIVEIRA,Maria Lucia. Psicanálise e 
educação: a história como ferramenta de autoconhecimento do sentido dos fazeres 
do ser humano.. In: SIMPOSIO INTERNACIONAL DO ADOLESCENTE, 2., 2005, 
São Paulo. Proceedings online... 
Palhares, M. C. A.. Transferência e contratransferência: a clínica viva. Revista 
Brasileira de Psicanálise · Volume 42, n. 1, 100-111 · 2008 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE II 
Jornada Terapêutica Pessoal 
Nome e titulação do professor 
APRESENTAÇÃO 
Nesta unidade sobre a jornada analítica pessoal, os indivíduos se 
comprometem com um processo contínuo de autoconhecimento e transformação. 
Por meio de sessões individuais com um analista, os participantes têm a 
oportunidade de explorar a fundo a psique, investigando dinâmicas complexas de 
resistência e transferência. Esse processo oferece uma jornada de descoberta e 
crescimento emocional, onde o analisando é convidado a confrontar e integrar 
aspectos inconscientes de seu self. A psicanálise propicia um ambiente seguro e 
 
acolhedor para a expressão e compreensão desses conteúdos, permitindo ao 
indivíduo desvendar padrões repetitivos de comportamento e emoções, que podem 
estar atreladas a experiências passadas. A psicanálise busca promover uma 
expansão da consciência e uma integração mais completa do self. Dessa forma, a 
jornada analítica não se limita ao consultório do analista, mas se estende para além 
das sessões, permeando todas as esferas da vida do indivíduo. 
Caro(a) estudante, com está unidade você irá: 
● Compreender os padrões inconscientes: Explorar os pensamentos, 
sentimentos e reações do indivíduo para revelar os padrões inconscientes 
que influenciam seu comportamento e experiências. 
● Desenvolver novas percepções: Facilitar insights significativos que promovam 
a compreensão e aceitação de si mesmo, permitindo mudanças positivas. 
● Cultivar a autenticidade: Encorajar a expressão genuína de pensamentos e 
emoções, promovendo a autenticidade e a integração de diferentes aspectos 
da personalidade. 
● Superar resistências: Identificar e abordar resistências que possam impedir o 
progresso terapêutico, promovendo a resolução de conflitos internos. 
● Transformar relações interpessoais: Explorar as dinâmicas de transferência 
para promover relacionamentos mais saudáveis e satisfatórios fora do 
contexto psicanalítico. 
 
INTRODUÇÃO 
Na busca por um desenvolvimento pessoal e emocional mais profundo, grande 
parte das pessoas se lançam em uma jornada de análise pessoal. Este caminho é 
caracterizado por um compromisso consigo mesmo. Através dessa jornada, os 
indivíduos têm a oportunidade não apenas de conhecer a si mesmos, mas também 
de superar desafios pessoais. 
 
 Estas sessões são espaços onde os analisandos podem retirar suas 
máscaras sociais e explorar a essência de quem são. Aqui, eles são encorajados a 
expressar livremente seus pensamentos, sentimentos e reações em relação ao 
processo analítico. A regularidade dessas sessões permite uma exploração 
contínua e também constroi uma base sólida de confiança entre o analista e o 
analisando, criando um ambiente propício para a autodescoberta e o crescimento. 
Ao adentrarmos no mundo da Análise da Resistência, observamos nesta fase 
que os participantes começam a confrontar as barreiras internas que surgem diante 
do caminho da transformação pessoal. A resistência, muitas vezes sutil e enraizada 
no inconsciente, pode se manifestar de diversas maneiras durante o processo 
analítico. Identificar esses mecanismos de defesa é fundamental, pois permite aos 
indivíduos compreender melhor as origens de padrões comportamentais e 
emocionais, bem como desenvolver estratégias para superá-los e avançar em 
direção ao autoconhecimento. 
Avançando nesse processo a Transferência é um dos pontos que devem ser 
avaliados, pois é onde os indivíduos exploram as projeções inconscientes que são 
lançadas sobre o analista, revelando assim questões profundas sobre suas relações 
interpessoais e dinâmicas emocionais. Ao reconhecer e compreender essas 
transferências, os indivíduos podem desvendar os nós emocionais que os prendem 
ao passado. 
O Trabalho de Sonhos também é um assunto muito falado nas teorias 
psicanalíticas, exatamente por ter grandes vínculos com o nosso inconsciente e 
ajudar com novas compreensões. Os indivíduos aprendem a decifrar os enigmas e 
metáforas dos sonhos, que são como mensagens codificadas do inconsciente. Este 
processo de interpretação não só oferece compreensão sobre questões pessoais e 
emocionais, mas também facilita a integração de aspectos antes desconhecidos da 
psique, promovendo um profundo senso de autoconhecimento e aceitação. 
Concluiremos nossa jornada com a Integração e Reflexão, onde os 
analisandos aprendem a incorporar os conhecimentos e experiências analíticas no 
cotidiano, transformando o conhecimento em ação e promovendo mudanças. 
 
Através da reflexão contínua sobre o progresso psicanalítico, os indivíduos nutrem e 
consolidam o crescimento pessoal. 
1. Sessões Semanais Individuais 
No âmbito da psicanálise, as Sessões Semanais Individuais representam um 
elemento importante na dinâmica psicanalítica configurando-se como um espaço 
reservado para a investigação profunda do psiquismo do analisando. Estas sessões 
são baseadas na teoria freudiana, destinadas a promover um ambiente para a 
autoexploração e a autorreflexão. Ao longo desses encontros, o analisando é 
incentivado a se confrontar com os conteúdos inconscientes que permeiam sua 
experiência subjetiva. Essa jornada, embora desafiadora, é essencial para a 
desconstrução de padrões de pensamento e comportamento, resultando em uma 
maior compreensão de si mesmo e do mundo ao seu redor. 
Cada Sessão Semanal Individual é, portanto, uma imersão na complexidade 
do mundo interno do analisando, oferecendo um contexto analítico seguro para a 
expressão autêntica de seus conflitos, fantasias e desejos mais profundos. Ao 
confrontar suas próprias sombras e enfrentar os desafios, o analisando inaugura um 
processo de crescimento emocional e desenvolvimento pessoal que está presente 
nas esferas de sua existência. 
Sob a orientação de um analista, as sessões individuais oferecem um 
ambiente seguro para explorar a psique. É um confronto corajoso com as próprias 
fraquezas e inseguranças, não há espaço para máscaras ou falsidades, apenas 
uma honestidade consigo mesmo, um confronto que muitos evitam a todo custo. 
"Onde existe o estranho, o anormal, o sem sentido, existe o homem. 
Somente na natureza as coisas se reduzem à sua função utilitária, à 
dimensão da luta pela sobrevivência, à lógica da adaptação da espécie ao 
meio. O homem oscila sempre entre a invenção e o erro, entre a razão e a 
loucura, entre os grandes achados e os grandes mal-entendidos, entre a 
 
construção e a destruição, criativa ou mortífera, de suas próprias 
conquistas." (KEHL, 2002, p.126) 
No entanto, é nesse confronto que reside o poder da análise individual. Ao 
enfrentar os medos mais profundos e as feridas mais antigas, abrimos espaço para 
o crescimento. É um processo doloroso e muitas vezes desgastante, mas também 
transformador. 
À medida que as semanas passam, o indivíduo começa a desvendar os 
padrões que moldam sua vida, aprendendo a reconhecer os gatilhos que 
desencadeiam comportamentos autodestrutivos e descobrem novas maneiras de 
lidar com o estresse e a ansiedade. Lentamente, os analisando começam a assumir 
o controle de suas vidas, construindo um caminho para resolução de conflitos e as 
questões do dia a dia. 
Assim como o analisando, o analista também se utiliza da associação livre, 
renunciando temporariamente ao controle de seu pensamento consciente. Dessa 
forma, a escuta, assim como a fala, assume um papel central na prática 
psicanalítica. 
“Consiste em simplesmente não dirigir o reparo para algo específico e em 
mantera mesma ‘atenção uniformemente suspensa’ em face de tudo que se 
escuta [...] Ver-se-á que a regra de prestar igual reparo a tudo constitui a 
contrapartida necessária da exigência feita ao paciente, de que comunique 
tudo o que lhe ocorra, sem crítica ou seleção” (FREUD, 1911, p.125-26). 
 
 
Figura 1.1: Cara a cara 
Fonte: Vecteezy 
 
#Saiba mais# 
A psicanálise foi desenvolvida por Sigmund Freud no final do século XIX um 
dos momentos fundadores da própria psicanálise. Freud é amplamente considerado 
o pai da psicanálise graças às suas teorias inovadoras sobre a mente inconsciente e 
o impacto da infância no desenvolvimento da personalidade. 
https://www.psicanaliseclinica.com/quem-e-o-pai-da-psicanalise/
 
Um dos casos clínicos mais significativos nos primórdios da psicanálise 
freudiana foi o da paciente Emmy Von N. Gostaria de saber mais sobre esse caso e 
o por que ele se tornou tão relevante para os demais psicanalistas da história? 
#Indicação de livro# 
 No livro "A Cura pela Fala", Susan Vaughan explora o impacto da fala no 
cérebro, demonstrando como ela modifica diretamente as conexões neuronais e 
promove mudanças significativas na estrutura cerebral. Com base em descobertas 
recentes em campos como inteligência artificial, neurobiologia e observação infantil, 
Vaughan expande nossa compreensão do processo psicanalítico, reinterpretando 
conceitos fundamentais de Freud em termos biológicos. A autora destaca a 
existência de uma rede de neurônios no córtex cerebral que atua como um 
"sintetizador de histórias", influenciando nossa maneira de lidar com 
relacionamentos no cotidiano. 
Saiba mais em: Livro - A Cura Pela Fala 
 
 
 
 
 
2. Análise da Resistência 
Na psicanálise, a análise da resistência trata-se de um conceito central 
desenvolvido por Sigmund Freud, que reconheceu a tendência natural do indivíduo 
de resistir à exploração de conteúdos inconscientes durante o processo analítico, 
https://www.amazon.com.br/Cura-Pela-Fala-Susan-Vaughan/dp/8573021969
 
que se manifesta de diferentes maneiras, desde o esquecimento seletivo de eventos 
importantes até a fuga de assuntos considerados desconfortáveis. Na psicanálise, a 
resistência não é vista como um obstáculo, mas sim como um indicador de áreas da 
psique que necessitam de investigação e elaboração. Ao longo do processo 
analítico, tanto o analista quanto o indivíduo são convidados a explorar essas 
resistências com curiosidade e profundidade, visando superá-las e compreendê-las 
em sua totalidade. Por trás de cada resistência reside uma história, um medo a ser 
acolhido e uma verdade a ser revelada. 
Freud (1893 – 1895) relata sua experiência da seguinte maneira: “Inicialmente, 
a técnica parecia operar bem, fornecendo uma quantidade substancial de conteúdo 
para a análise da paciente. No entanto, em certas ocasiões, surgiram obstáculos 
cuja natureza eu não reconhecia na época”. Com uma profunda compreensão do 
funcionamento da mente humana, Freud percebe a importância desses obstáculos, 
reconhecendo a resistência manifestada pela paciente em relatar suas memórias. 
Assim, ele conclui, na época, que “a resistência que ela repetidamente demonstrava 
em relação à reprodução das cenas dramáticas correspondia, na verdade, à energia 
com que a representação incompatível era expelida de suas associações” (FREUD, 
1893 – 1895). 
A análise da resistência demanda paciência e sensibilidade, uma vez que as 
defesas do ego são complexas. No entanto, é por meio desse processo que a 
verdadeira transformação pode surgir. À medida que as camadas de resistência são 
gradativamente expostas, o indivíduo se torna mais consciente de si mesmo e das 
motivações inconscientes que moldam suas experiências e comportamentos. 
#Saiba Mais# 
Quer saber mais sobre a resistência, os tipos e suas etapas? 
 
Leia mais em: A gênese do conceito de resistência na psicanálise 
 
Figura 1.2: Recalque 
 Fonte: Jéssica Balbino - Estado de Minas 
3. Exploração da Transferência 
A transferência representa um dos núcleos da prática psicanalítica, sendo um 
conceito desenvolvido por Sigmund Freud para compreender a dinâmica das 
relações entre analista e analisando. Este fenômeno refere-se ao ato do indivíduo 
em projetar sentimentos, desejos e experiências passadas no analista durante o 
processo analítico. Tais projeções podem assumir tanto aspectos positivos quanto 
negativos, refletindo padrões relacionais e emocionais profundos do sujeito. 
Na clínica psicanalítica, a exploração da transferência é de grande importância 
para compreender os processos inconscientes que permeiam a relação analítica. A 
observação das reações do analisando em relação ao analista proporciona 
percepções sobre seus conflitos internos, questões não resolvidas e dinâmicas de 
relacionamento. Por exemplo, um analisando pode desenvolver uma transferência 
positiva, idealizando o analista como uma figura de autoridade benevolente ou como 
uma figura parental substitutiva. Por outro lado, uma transferência negativa pode 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-106X2010000100002
 
conduzir o indivíduo a experienciar hostilidade ou desconfiança em relação ao 
analista, refletindo experiências passadas de decepção ou abandono. 
Freud relatou uma situação ilustrativa sobre a transferência em uma de suas 
pacientes, onde um desejo inconsciente emergiu durante uma sessão, gerando 
desconforto e impacto no processo analítico. Este exemplo ressalta a importância 
da transferência como uma via de acesso aos conteúdos inconscientes e sua 
influência na dinâmica psicanalítica. 
Explorar a transferência requer sensibilidade e habilidade por parte do 
psicanalista, que deve criar um ambiente seguro para que o indivíduo analise e 
processe esses padrões. O objetivo é promover um autoconhecimento e 
crescimento emocional, facilitando a resolução de conflitos e a transformação 
pessoal. Além disso, o analista deve estar atento às suas próprias reações à 
transferência, utilizando-as como uma fonte de epifanias para o processo. 
Em síntese, a exploração da transferência é uma parte essencial do trabalho 
psicanalítico, fornecendo uma oportunidade para compreender e trabalhar através 
dos padrões relacionais inconscientes que influenciam a vida do analisando. 
 
#Saiba mais# 
Um caso muito famoso é o CASO DORA, onde Freud teve uma experiência 
intrigante com a transferência, podendo observar de perto suas formas e etapas. 
Saiba mais em: Permanecer histérica: Sexualidade e contingência a partir do 
caso Dora 
 
#Indicação de livro# 
Este caso ficou tão famoso entre os psicanalistas que seu estudo se tornou 
uma base para o entendimento sobre a transferência, tanto positiva quanto 
negativa, e os riscos tanto para o analisando, quanto para o analista nessa situação. 
https://www.scielo.br/j/agora/a/VxhJZQQXsQsDFF35GsBhV9y/?lang=pt#
https://www.scielo.br/j/agora/a/VxhJZQQXsQsDFF35GsBhV9y/?lang=pt#
 
Este livro mostra de forma detalhada o caso Dora, onde poderemos observar Freud 
atuando de forma clássica em seus atendimentos. 
 
Saiba mais em: Fragmento de uma Análise de Histeria: [o Caso Dora] 
 
4. Trabalho de Sonhos 
O trabalho de sonhos é proposto por Sigmund Freud, que descreve o processo 
pelo qual conteúdos inconscientes são transformados em imagens e narrativas 
durante o sono. Segundo Freud, os sonhos são uma forma de realizar desejos 
reprimidos, conhecido também como recalque e lidar com conflitos não resolvidos 
de uma maneira indireta. 
Durante o trabalho de sonhos, os conteúdos emocionalmente perturbadores 
são expressos de forma simbólica. Isso ocorre por meio de mecanismos como a 
condensação, onde múltiplos elementos são combinados em uma única imagem, e 
o deslocamento, onde a carga emocional de um conteúdo é transferida para outro. 
Além disso, os sonhosfrequentemente se utilizam de simbolismo, onde 
objetos e eventos representam significados ocultos. Por exemplo, sonhar com uma 
chave pode simbolizar o desejo por acesso a segredos reprimidos. 
Ao analisar os próprios sonhos, uma pessoa pode obter concepções sobre 
seus medos, desejos e conflitos internos. No entanto, é importante reconhecer que 
a interpretação dos sonhos não é uma ciência exata e pode variar de pessoa para 
pessoa, por isso o analista deve sempre estar em alerta ao que é dito durante a 
sessão, pois as falas moldaram os significados do sonhos, tudo está interligado. 
Em suma, o trabalho dos sonhos oferece uma oportunidade para explorar os 
processos inconscientes que moldam a mente humana. Ao compreender melhor 
nossos próprios sonhos, podemos ganhar uma compreensão mais profunda de nós 
e do mundo emocional que nos rodeia. 
#Indicação de livro# 
https://www.amazon.com.br/Fragmento-uma-an%C3%A1lise-histeria-caso/dp/8525438618/ref=sr_1_3?adgrpid=105877056647&dib=eyJ2IjoiMSJ9.h4fxAK49dz6PuZIj5JzG275X1LGELJDwoTy127sUIapQtVoeRCmCLqUhv3qEZ8gnw-rBlHGL_XwB1lUD3iABVQbotgozNS3C0pwaHIal1LD4QoAkEHhOV0G1hEZNsHrE_mnt7Ti3P_hLMmPViXWm9SVcJ-DB18NuqimhlS1MKS1cJaPIdzaWejQYAdMjDv9prsc2VYNpS4E6q9GJsRpkF2cq_Y7H00dhKxuxCHuM9iglJvGuGzaqlEx7oFt50tAi1_P6zyw2N85_oJp10wCW-LiF1UFa2SwQpgmQ3lZ-mI0.w3ELKR_fqOX6y0REtk48Snzdi4sL-s77awHQLfZnoeg&dib_tag=se&gclid=CjwKCAjwtqmwBhBVEiwAL-WAYf-baU9N71j6-V3rv00oLAQbKrpxcy9wxv1lrDA3N2ia24JQpK5dphoCxg8QAvD_BwE&hvadid=439804164157&hvdev=c&hvlocphy=1001773&hvnetw=g&hvqmt=e&hvrand=8974035492381257262&hvtargid=kwd-882841266713&hydadcr=5652_11235189&keywords=caso+dora+freud+livro&qid=1711981689&sr=8-3
 
Freud e seu estudo da interpretação dos sonhos trouxe grande conhecimento 
para a psique humana e o inconsciente. Com isso uma de suas obras mais famosas 
foi o Livro A interpretação dos sonhos de Sigmund Freud 
O livro está organizado em sete grandes capítulos. Inicialmente, Freud revisita 
toda a bibliografia sobre o tema, desde a Antiguidade. Em seguida, ele apresenta 
seu método de interpretação, exemplificando com o "sonho da injeção de Irma". Ao 
analisar quase 50 sonhos próprios e centenas relatados na literatura, Freud conclui 
que o sonho é a realização disfarçada de um desejo reprimido, frequentemente de 
origem infantil, tema abordado nos três capítulos seguintes. O sexto capítulo 
examina os mecanismos utilizados pelo "trabalho do sonho" para disfarçar ou 
deformar o desejo, como a condensação e o deslocamento do material, além das 
formas de representação com símbolos. Por fim, o último capítulo, mais teórico, 
expõe a psicologia dos processos oníricos. 
#Reflita# 
O texto acima nos convida a refletir sobre a complexidade dos sonhos e seu 
papel na psicanálise, conforme descrito por Sigmund Freud. Os sonhos, segundo 
essa teoria, são um processo complexo pelo qual conteúdos inconscientes são 
expressos de forma simbólica. 
A ideia de que os sonhos são uma forma de realizar desejos reprimidos ou 
lidar com conflitos não resolvidos leva a considerar a profundidade do nosso mundo 
interior. Muitas vezes, aquilo que não conseguimos enfrentar conscientemente 
encontra uma via de expressão nos nossos sonhos, usando símbolos e metáforas 
para comunicar essas mensagens. 
Ao reconhecer a importância do trabalho dos sonhos, somos incentivados a 
olhar para além da superfície do que sonhamos. Cada imagem, cada cena pode 
conter significados mais profundos sobre nossa psique e nossas emoções mais 
íntimas. Isso nos leva a uma jornada de autoconhecimento, onde analisar e 
https://www.amazon.com.br/Freud-interpreta%C3%A7%C3%A3o-dos-sonhos-completas/dp/8535932216
 
interpretar nossos próprios sonhos pode nos fornecer conhecimentos sobre quem 
somos. 
No entanto, é importante lembrar que a interpretação dos sonhos não é uma 
ciência exata. Cada pessoa carrega consigo suas próprias experiências, traumas e 
complexidades, o que influencia a forma como seus sonhos são construídos e 
interpretados. O diálogo entre o analista e o analisado é essencial, pois é através 
desse processo que se busca compreender os significados dos sonhos de forma 
mais precisa e individualizada. 
 
 
Figura 1.4: Sonhos des conexões 
Fonte: Adobe Stock 
5. Integração e Reflexão 
A integração e reflexão são dois elementos essenciais no processo de 
desenvolvimento pessoal e autoconhecimento. Ambos desempenham papeis 
 
fundamentais na jornada de compreensão e crescimento individual, permitindo que 
uma pessoa se envolva de maneira significativa com suas experiências, emoções e 
pensamentos. 
A integração envolve a assimilação e acomodação de novas informações, 
experiências e ideias dentro do eu existente. É um processo dinâmico no qual novos 
conhecimentos e percepções são incorporados à estrutura de conhecimento 
pré-existente, resultando em uma compreensão mais ampla de si mesmo. 
Por outro lado, a reflexão é o ato de examinar criticamente as experiências 
passadas, presentes e futuras. Envolve a análise profunda de pensamentos, 
sentimentos e ações, bem como a consideração das consequências e significados 
dessas experiências. A reflexão permite que uma pessoa explore suas próprias 
crenças, valores e motivações, fornecendo percepções para o crescimento pessoal. 
A integração e reflexão frequentemente andam juntas, complementando-se no 
processo de autoconhecimento. Por exemplo, ao refletir sobre uma experiência 
passada, pode-se identificar padrões de comportamento ou pensamento que antes 
estavam inconscientes. Em seguida, ela pode integrar essas percepções à sua 
compreensão existente de si mesma, permitindo uma mudança positiva em algumas 
atitudes, consigo mesma ou com os outros. 
Além disso, a integração e reflexão são componentes chave em muitas formas 
de análise e práticas de desenvolvimento pessoal. Por meio de técnicas como a 
escrita reflexiva, onde as pessoas podem cultivar habilidades de integração e 
reflexão, promovendo uma maior consciência de si mesmas. 
No entanto, é importante reconhecer que a integração e reflexão são 
processos contínuos e em evolução. À medida que uma pessoa cresce e muda ao 
longo da vida, suas percepções, entendimentos e prioridades também podem 
 
mudar. Portanto, é essencial manter uma atitude de abertura e curiosidade ao se 
envolver nesses processos, permitindo uma jornada contínua de autoexploração. 
Freud, em suas primeiras consultas com seus analisandos, costumava 
questioná-los sobre eventos que poderiam ter desencadeado seus sintomas atuais. 
Em alguns casos, as lembranças eram vagas ou mesmo desconhecidas. Para 
aqueles que não conseguiam recordar nada, Freud, com persistência e convicção, 
muitas vezes conseguia provocar certas lembranças. Já para aqueles com 
lembranças obscuras, ele ajudava-os a progredir em suas memórias. 
Em seguida, ele os encorajava a relaxar o corpo, fechando os olhos para se 
concentrarem. O uso do divã era clássico nesse período, entre as décadas de 50 e 
70, embora o método se assemelhasse à hipnose, era diferente em sua abordagem. 
Assim, as novas lembranças surgiam, levando os indivíduos ao passado, 
trazendo à tona recordações de eventos não resolvidos, traumas e sofrimentos que 
contribuíram para os conflitos atuais. Freud acreditava que, por meio do 
sugestionamento e da insistência, seria possível trazer à tona as lembranças que 
estavam por trás da doença do paciente, ocultas nas profundezas de sua mente 
(Freud, 1996, p. 282-283). 
#Indicação de filme# 
 Quando Nietzsche chorou (2007) é um filme que retrata temas como: A 
histeria, a catarse, a vontade de poder. 
Conta a história de um encontro fictício entre o filósofo alemão Friedrich 
Nietzsche e o médico Josef Breuer, professor de Sigmund Freud, onde passa a 
experiência que Breuer teve chegando à conclusão de que os sintomas neuróticos 
resultam de processos inconscientes e desaparecem quando conscientes. Algo que 
ele chamoude “catarse”. 
 
O filme apesar de ser uma ficção, tem como base nomes de pessoas e 
situações reais. Quem deseja saber um pouco mais sobre Freud e Breuer deve ver 
esse filme. Trailer: Quando Nietzsche Chorou - Trailer 
 
 
Figura 1.5: Jornada 
 Fonte: Gerada por IA 
 
Conclusão 
Diante da profundidade e vastidão dos temas abordados ao longo desta 
unidade sobre a jornada analítica pessoal, é possível reconhecer a quantidade de 
insights e oportunidades de crescimento que esse processo proporciona. 
Ao compreender os padrões inconscientes, os indivíduos adentram em uma 
jornada de autoexploração, desvendando os enigmas da própria psique e 
https://www.youtube.com/watch?v=qGTGOpjcwsk
 
descobrindo o que o inconsciente é capaz de esconder, alterando assim suas 
experiências e comportamentos diante de uma situação. 
Desenvolver percepções permite uma compreensão mais profunda de si 
mesmo, incentivando mudanças positivas e promovendo um crescimento emocional 
significativo.A autenticidade, cultivada ao longo desse processo, abre caminho para 
a expressão de pensamentos e emoções, promovendo a integração dos diferentes 
aspectos da personalidade e criando um espaço seguro para o autoconhecimento. 
Superar resistências torna-se uma parte essencial dessa jornada, exigindo 
coragem e determinação para enfrentar os obstáculos que surgem. A exploração 
das relações interpessoais, especialmente através da análise da transferência, 
revela padrões inconscientes que influenciam os relacionamentos fora do contexto 
analítico, possibilitando uma transformação na maneira como nos relacionamos com 
os outros. 
O trabalho de sonhos, com sua profundidade simbólica, oferece uma ampla 
abertura para os lugares mais profundos da mente humana. Finalmente, a 
integração e reflexão consolidam essa jornada, permitindo que os participantes 
incorporem os insights e experiências analíticas em suas vidas diárias, promovendo 
mudanças. 
Referências 
Fochesatto, W.P.F. (2011). A cura pela fala. Estudos de Psicanálise, (36). 
Vaughan, S.C. (1998). A Cura Pela Fala [Capa comum]. Edição Português. 
Mattos, A.S. (2010). A gênese do conceito de resistência na psicanálise [The 
genesis of the concept of resistance in psychoanalysis]. Transformações em 
Psicologia (Online), 3(1). 
Safatle, V. (s/d). Permanecer histérica: Sexualidade e contingência a partir do 
caso Dora. Universidade de São Paulo, Departamento de Filosofia, São Paulo/SP, 
Brasil. 
 
Freud, S. (2019). Fragmento de uma Análise de Histeria: [o Caso Dora]. Editora: 
[L±]. 
Yalom, I. D. (Autor). (2007). Quando Nietzsche chorou [Adaptação 
cinematográfica]. Direção de Pinchas Perry. 
Freud, S. (1900). A interpretação dos sonhos [Capa dura]. (P. C. de Souza, Trad.). 
Companhia das Letras. (Edição Português). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE III 
Análise da Resistência 
 
Nome e titulação do professor 
APRESENTAÇÃO 
 
Nesta unidade, exploraremos profundamente o tema da análise da 
resistência na psicanálise, investigando origens, natureza e formas de superação no 
contexto psicanalítico. Ao mergulharmos nesse conceito, os alunos serão 
conduzidos a compreender as complexidades das defesas mentais e sua influência 
no processo, promovendo uma visão abrangente e sensível das dinâmicas 
emocionais e comportamentais. 
Caro(a) estudante, com está unidade você irá: 
● Compreender os conceitos fundamentais relacionados à resistência na 
psicanálise e sua importância no processo analítico. 
● Identificar e analisar as diferentes formas de resistência, incluindo suas 
origens em experiências passadas, traumas e conflitos internos. 
● Desenvolver habilidades para reconhecer e abordar as resistências durante 
as sessões psicanalíticas, utilizando estratégias apropriadas. 
● Estabelecer uma compreensão mais profunda da relação entre resistência e 
percepção, reconhecendo o papel fundamental da análise das defesas 
psicológicas no desenvolvimento emocional do paciente. 
● Aplicar o conhecimento adquirido por meio de estudos de caso e discussões 
clínicas para aprimorar suas habilidades clínicas e promover um ambiente 
analítico mais eficaz e empático. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
A compreensão da resistência requer uma imersão no psiquismo, onde se 
encontram enraizados os conflitos e os mecanismos defensivos inconscientes. 
Nesse sentido, serão exploradas as origens e a natureza das resistências, 
 
buscando desvendar os processos psíquicos que conferem sustentação ao longo do 
tratamento analítico. Investigaremos como a resistência se apresenta como um 
mecanismo de defesa do ego, impedindo o acesso a conteúdos inconscientes e, 
consequentemente, o progresso no processo analítico. 
A identificação e análise das resistências constituem uma etapa crucial no 
trabalho analítico, demandando do analista uma habilidade de escuta e 
interpretação dos sinais que indicam a presença desses obstáculos. Será proposta 
uma abordagem sistemática, embasada em uma compreensão teórica sólida e 
respaldada por exemplos clínicos.Discutiremos estratégias e técnicas para 
reconhecer as manifestações da resistência durante o processo psicanalítico, seja 
por meio de padrões comportamentais, lapsos na comunicação ou recorrências 
temáticas. Analisaremos como estes sinais podem ser interpretados sob a ótica da 
teoria psicanalítica. 
Contudo, a análise da resistência não se limita à compreensão intelectual; é 
necessário desenvolver estratégias eficazes para superá-la e permitir a expressão 
do inconsciente. Esta perspectiva será o foco de nossa investigação, explorando os 
recursos psicanalíticos destinados a ultrapassar as barreiras impostas pela 
resistência e favorecer o surgimento da verdade psíquica. 
Portanto, a unidade se apresenta como um convite à reflexão profunda 
sobre a dinâmica da resistência na análise psicanalítica. Por meio de uma 
abordagem acadêmica e empiricamente fundamentada, buscamos fornecer aos 
alunos ferramentas conceituais e práticas para lidar de forma eficaz com os desafios 
que surgem ao longo do processo analítico. 
 
1.Compreendendo a Resistência 
Na imersão psicanalítica, o fenômeno da resistência surge como uma peça 
central na compreensão do processo analítico. Sigmund Freud, em sua obra "A 
Interpretação dos Sonhos" (Freud, 1900), definiu a resistência como uma força 
psíquica que atua contra a revelação do conteúdo inconsciente durante o 
tratamento. A resistência, portanto, se manifesta como um mecanismo de defesa do 
ego para proteger-se da ansiedade gerada pela exposição de conteúdos reprimidos. 
 
Como Freud apontou, "a resistência é uma reação à transferência, e não uma 
oposição direta ao médico" (Freud, 1900). Nesse sentido, a resistência pode se 
apresentar de diversas formas, desde a negação explícita até formas mais sutis de 
evitar a exploração de certos temas ou experiências emocionais. 
As diferentes formas de resistência são inúmeras e variadas. A negação, 
por exemplo, rejeita a realidade do conteúdo inconsciente, enquanto a 
racionalização busca justificar impulsos ou desejos inaceitáveis através de 
explicações lógicas. O deslocamento ocorre quando impulsos emocionais são 
transferidos de um objeto para outro menos ameaçador, e a projeção externaliza 
características indesejadas atribuindo-as a outras pessoas. É importante notar que 
esses mecanismos não são exclusivos do contexto analítico, mas se tornam 
especialmente relevantes dentro desse ambiente, onde a exploração do 
inconsciente é o foco principal. 
Embora a resistência seja frequentemente vista como um obstáculo ao 
progresso na análise, é essencial reconhecer sua função adaptativa. Melanie 
Klein(1932), em sua teoria das relações objetais, destacou que os mecanismos de 
defesa surgem como uma tentativa de lidar com ansiedades primitivas e proteger o 
ego de um colapso emocional. Assim, essasdefesas são fundamentais para a 
sobrevivência psíquica do indivíduo em momentos de conflito intenso. No entanto, 
como observou Anna Freud, "o preço pago pelo indivíduo por suas defesas é 
sempre alto" (Freud, 1936). No contexto da análise, essas mesmas defesas que 
uma vez foram úteis podem se transformar em barreiras para o autoconhecimento e 
a resolução de conflitos. 
A compreensão da resistência no contexto analítico também está ligada ao 
conceito de transferência. Carl Jung ressaltou que a resistência muitas vezes está 
enraizada em padrões relacionais internalizados, refletindo dinâmicas inconscientes 
que se repetem na relação com o analista. Em última análise, a exploração da 
resistência é uma parte essencial do processo analítico, pois permite ao paciente 
confrontar os aspectos mais profundos e dolorosos de sua experiência psíquica. 
Como observou Jacques Lacan, "a resistência é a condição sine qua non da 
análise" (Lacan, 1957). Ao enfrentar e compreender essas resistências, o paciente 
 
pode acessar camadas mais profundas de sua psique, promovendo assim a 
possibilidade de transformação e crescimento pessoal. 
 
 
 
Figura 1.1 Compreendendo a resistência 
 Fonte : Gerado por IA 
 
 
#Saiba Mais# 
No artigo, “A gênese do conceito de resistência na psicanálise” de André 
Santana Mattos, o autor examina a formação do conceito de resistência na 
 
psicanálise a partir dos escritos iniciais de Freud, destacando os diversos usos do 
termo 'resistência'. Ele argumenta que essas diferentes concepções contribuíram 
para a constituição do conceito psicanalítico de resistência, que incorpora 
características de todos os seus usos originais. O autor também levanta questões 
sobre a legitimidade da resistência na psicanálise e sua relação com o binômio 
saúde-doença, enfatizando sua importância tanto como um obstáculo quanto como 
um elemento essencial na dinâmica psíquica do paciente. 
Saiba mais: 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-106X2010000100002 
#Dica de livro# 
Psicanálise clínica do Real de Claudia Riolfi Editora Manole , 2014. O livro 
aborda a resistência como um dos elementos centrais da prática psicanalítica. A 
resistência, um conceito fundamental na teoria freudiana, refere-se à tendência do 
paciente de resistir à revelação de material inconsciente durante o processo. Na 
psicanálise lacaniana, a resistência também é considerada um componente 
importante da análise, muitas vezes relacionada à maneira como o sujeito lida com 
o Real, ou seja, com aspectos da experiência que não podem ser simbolizados ou 
compreendidos de maneira plena. Portanto, o livro de Riolfi explorou a resistência 
em relação ao conceito de Real em Lacan, oferecendo insights sobre como os 
pacientes lidam com o Real em suas vidas e em análise, e como os analistas podem 
trabalhar com essas resistências para promover a transformação psíquica. 
#Indicação de filme# 
Filme "O Método", um filme espanhol dirigido por Marcelo Piñeyro. O filme 
se passa em uma empresa em que os candidatos a um emprego são submetidos a 
um processo de seleção peculiar, envolvendo manipulação psicológica e jogos de 
poder. O filme aborda temas como rivalidade, manipulação e resistência psicológica, 
oferecendo uma perspectiva interessante sobre como as pessoas reagem sob 
pressão e lidam com os desafios impostos a elas. 
Link do trailer: https://www.youtube.com/watch?v=l5N7aREQx1w 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-106X2010000100002
https://www.youtube.com/watch?v=l5N7aREQx1w
 
 
#Reflita# 
A resistência, muitas vezes vista como um obstáculo ao processo 
psicanalítico, pode, na verdade, oferecer uma janela para compreender os padrões 
mais profundos e complexos do funcionamento psíquico do paciente. É através da 
análise cuidadosa da resistência que podemos vislumbrar as defesas que foram 
erigidas ao longo da vida do indivíduo, suas origens e suas funções adaptativas. 
Portanto, ao nos depararmos com a resistência durante a análise, é importante não 
apenas reconhecê-la, mas também abraçá-la como um aspecto do processo de 
transformação psicanalítica. Somente ao entendermos as manifestações da 
resistência, podemos auxiliar o analisando a superar barreiras internas e alcançar 
uma compreensão mais profunda de si mesmo. 
 
 
2. Origens e Natureza das Resistências 
 
Ao explorar as possíveis origens das resistências, é necessário considerar 
uma variedade de elementos, incluindo experiências passadas, traumas, medos e 
conflitos internos que podem estar sendo evitados ou negados. 
Experiências passadas desempenham um papel significativo na formação 
das resistências. Como Freud (1914) destacou, eventos traumáticos podem deixar 
marcas no psiquismo do indivíduo, resultando em defesas psíquicas que buscam 
proteger o ego contra a dor emocional associada às lembranças traumáticas. Essas 
defesas podem se manifestar como resistências durante o processo analítico, 
impedindo a emergência e a elaboração de conteúdos reprimidos. 
Além disso, o medo desempenha um papel central na formação das 
resistências. Autores como Lacan (1966) enfatizam a natureza intrínseca do medo 
como uma força motivadora no inconsciente, levando os analisandos a resistirem à 
análise como uma forma de evitar confrontar aspectos dolorosos de sua psique. 
 
Esses medos podem estar enraizados em experiências passadas ou podem surgir 
como resultado da ansiedade associada à mudança e ao desconhecido. 
Os conflitos internos também contribuem para a formação das resistências. 
Como sugerido por Jung (1916), o conflito entre diferentes partes da psique, como o 
ego, o id e o superego, pode gerar tensões internas que se manifestam como 
resistências durante o processo analítico. Esses conflitos podem envolver questões 
de auto imagem, identidade e desejos contraditórios, dificultando a aceitação e a 
integração de partes dissociadas da psique. 
A influência do inconsciente na formação e manutenção das resistências é 
outro aspecto crucial a ser considerado. Autores como Klein (1946) enfatizam a 
importância dos processos inconscientes, como a repressão e a negação, na 
construção das resistências. Esses mecanismos de defesa operam de forma a 
proteger o ego contra a ansiedade associada à emergência de conteúdos 
reprimidos, dificultando assim o acesso a esses conteúdos durante a análise. 
As influências das relações familiares, sociais e culturais do indivíduo 
desempenham um papel significativo na construção das resistências. Autores como 
Bowlby (1969) destacam a importância dos primeiros vínculos afetivos na formação 
da personalidade e na maneira como os indivíduos lidam com as relações 
interpessoais ao longo da vida. Padrões relacionais disfuncionais podem contribuir 
para o desenvolvimento de resistências, como a dificuldade em confiar no analista 
ou em expressar emoções vulneráveis. 
Além disso, as normas sociais e culturais também influenciam a forma como 
os indivíduos lidam com suas resistências. Autores como Foucault (1976) 
argumentam que os discursos dominantes na sociedade podem moldar as formas 
de pensamento e comportamento dos indivíduos, criando expectativas e normas 
que influenciam a maneira como eles lidam com seus conflitos internos. Por 
exemplo, normas de gênero podem influenciar a forma como os pacientes 
expressam emoções, enquanto estigmas sociais podem criar barreiras para a busca 
de ajuda psicológica. 
Em suma, as resistências na imersão psicanalítica são fenômenos 
complexos que refletem as interações entre experiências passadas, processos 
 
inconscientes e influências sociais e culturais. Ao reconhecer e compreender essas 
camadas, os analistas podem desenvolver abordagens eficazes para lidar com as 
resistências dos pacientes e promover um processo profundo e significativo no 
setting psicanalítico. . 
#Dica de livro# 
Livro ;FREUD, S. Estudossobre a histeria [1893-1895]. In: _____. Obras 
psicológicas completas de Sigmund Freud: Edição standart brasileira. Rio de 
Janeiro : Imago, 1996. v. II. 
No trabalho "Estudos sobre a Histeria" de Sigmund Freud, escrito entre 
1893 e 1895, Freud e Breuer introduzem conceitos fundamentais para a 
compreensão das resistências na psicanálise. Nesta obra, Freud destaca como as 
experiências traumáticas e reprimidas do passado podem manifestar-se na forma 
de sintomas histéricos. Ele investiga como a mente utiliza mecanismos de defesa, 
como a repressão, para lidar com conteúdos emocionalmente perturbadores, 
resultando em sintomas físicos ou psíquicos. Freud e Breuer observam que a 
análise desses sintomas requer uma abordagem delicada devido às resistências 
que podem surgir durante o processo terapêutico. Essa obra marca o início da 
investigação freudiana sobre os mecanismos de resistência e sua importância na 
compreensão da dinâmica psíquica dos pacientes. 
#Indicação de filme# 
Filme:"O Lado Bom da Vida" (Silver Linings Playbook), dirigido por David O. 
Russell retrata de maneira vívida os desafios emocionais e psicológicos 
enfrentados pelos personagens principais, especialmente o protagonista, Pat 
Solitano, interpretado por Bradley Cooper, que lida com transtorno bipolar. 
Ao longo do filme, Pat enfrenta resistências internas e externas enquanto 
tenta reconstruir sua vida após um período de internação em uma instituição 
psiquiátrica. O filme aborda temas como a negação, a aceitação, o 
autoconhecimento e a superação de traumas passados, oferecendo insights 
valiosos sobre os processos de transformação pessoal e as barreiras emocionais 
que podem surgir no caminho para a recuperação. 
 
#Reflita# 
As resistências surgem como mecanismos de defesa contra a exposição de 
conteúdos emocionalmente dolorosos, enraizados em experiências passadas, 
traumas e conflitos internos. Ao reconhecer a complexidade desses padrões de 
defesa, somos desafiados a adotar uma abordagem compassiva e empática, 
buscando compreender e respeitar a jornada única de cada analisando. Nesse 
contexto, as resistências não devem ser vistas como obstáculos a serem 
superados, mas sim como portas de entrada para uma compreensão mais profunda 
do ser humano e seu processo de cura psíquica. 
 
3.Identificação e Análise das Resistências 
 
A identificação e análise das resistências apresentam-se como elementos 
de grande relevância para o avanço do processo analítico. Estratégias para detectar 
e abordar tais resistências são fundamentais, exigindo sensibilidade e habilidade por 
parte do analista. A observação atenta de padrões de comportamento, reações 
emocionais e lapsos na comunicação revela-se como uma ferramenta valiosa para 
identificar as defesas psicológicas do paciente. Como aponta Freud (1912), "A 
interpretação das resistências é, de longe, a parte mais importante do trabalho 
analítico". Desta forma, ao detectar resistências, o analista pode explorar suas 
origens e significados, promovendo uma compreensão mais profunda do conflito 
psíquico do paciente. 
Exemplificando, a manifestação de esquecimentos frequentes ou lapsos na 
comunicação durante as sessões analíticas pode indicar a presença de resistências. 
Como pontua Lacan (1954), "O lapso, ao manifestar uma falha na fala, mostra onde 
se situa o Real". Ao abordar esses lapsos de maneira cuidadosa e não 
interpretativa, o analista pode acessar conteúdos reprimidos e compreender as 
defesas do paciente. Além disso, a observação dos padrões de comportamento e 
das reações emocionais do analisando ao longo do processo analítico fornece 
pistas importantes sobre as resistências presentes. 
 
O estabelecimento de um ambiente seguro e de confiança entre analista e 
analisando é fundamental para facilitar a análise e superação das defesas. Como 
destacado por Winnicott (1960), "A técnica analítica repousa sobre a capacidade do 
analista de criar uma área intermediária suficientemente segura e confiável". Neste 
contexto, uma aliança psicanalítica sólida permite ao analisando explorar suas 
resistências de forma mais aberta e genuína, promovendo uma maior percepção e 
progresso analítico. Assim, o estabelecimento de uma relação de confiança e 
empatia entre analista e analisando é essencial para o trabalho eficaz, 
proporcionando um ambiente propício para a exploração e transformação das 
defesas psicológicas. 
Durante as sessões de análise identificar os diferentes tipos de resistências 
que podem surgir é essencial para compreender e superar as defesas psicológicas 
que podem impedir o progresso psicanalítico. Freud (1914) classificou as 
resistências em várias categorias, incluindo resistências de transferência, 
resistências de repetição e resistências de superego. As resistências de 
transferência surgem quando o paciente projeta emoções e fantasias inconscientes 
no analista, criando obstáculos para a análise. Por exemplo, um paciente pode 
resistir a explorar determinados temas por medo de revelar sentimentos de raiva ou 
amor em relação ao analista. Já as resistências de repetição referem-se à tendência 
do paciente de repetir padrões de comportamento e relações interpessoais 
disfuncionais, mesmo durante a análise. Por fim, as resistências de superego 
envolvem a internalização de normas e ideais sociais que podem levar o paciente a 
se auto censurar e reprimir desejos considerados moralmente inadequados. 
Além disso, várias defesas podem surgir como forma de resistência durante 
a análise. Mecanismos de defesa como a negação, a racionalização e a formação 
reativa podem ser empregados pelo paciente para evitar o confronto com conteúdos 
emocionalmente dolorosos. Por exemplo, o paciente pode negar a importância de 
certos eventos ou emoções, racionalizar comportamentos problemáticos ou reagir 
de forma exagerada diante de interpretações do analista. Essas defesas 
psicológicas funcionam como barreiras que impedem o acesso aos conteúdos 
reprimidos do inconsciente e dificultam o processo. Assim, ao identificar e 
compreender as diferentes formas de resistências e defesas psicológicas, o analista 
 
pode desenvolver estratégias eficazes para promover a análise e facilitar o processo 
de transformação pessoal do analisando. 
 
 
 
Figura 1.3 Analisando 
Fonte: Gerado por IA 
 
#Dica de livro# 
Livro:FREUD, S. Recordar, repetir e elaborar (1914) In: Edição Standard 
das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 12. Rio de Janeiro: Imago, 
1996. 
 
Em "Recordar, Repetir e Elaborar" (1914), Sigmund Freud aborda o 
conceito de resistência como um componente central do processo psicanalítico. 
Freud destaca que a resistência é uma forma de defesa psicológica que surge 
quando o paciente se depara com conteúdos emocionalmente perturbadores do 
inconsciente. Essa resistência pode se manifestar de diversas maneiras, como a 
relutância em abordar certos temas, a negação de insights ou a interrupção do 
processo terapêutico. Freud enfatiza que a resistência é uma parte natural e 
inevitável do trabalho analítico, mas é essencial que seja reconhecida e explorada 
para promover o progresso na análise. Ele argumenta que a análise das 
resistências é crucial para entender os conflitos subjacentes do paciente e superar 
as barreiras que impedem a revelação do inconsciente. Portanto, Freud enfatiza a 
importância de identificar e interpretar as resistências como parte integrante do 
trabalho terapêutico, visando alcançar uma compreensão mais profunda e uma 
resolução eficaz dos conflitos psíquicos do paciente. 
 
#Reflita# 
A análise das resistências na psicanálise é uma jornada delicada e 
fundamental no processo terapêutico. Elas representam não apenas obstáculos, 
mas também portas de entrada para compreender os conflitos mais profundos do 
paciente. Ao identificar e analisar essas resistências, os analistas têm a 
oportunidade de acessar

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