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Reacoes contratransferenciais de psicoterapeutas frente a uma paciente borderline em psicoterapia- um estudo qualitativo

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REV. BRAS. PSICOTER., PORTO ALEGRE, 24(1), 125-138, 2022 125 
Reações contRatRansfeRenciais de psicoteRapeutas fRente a uma paciente borderline em psicoteRapia: um estudo qualitativo
ISSN 2318-0404I
RBPsicoterapia
Revista Brasileira de Psicoterapia
Volume 24, número 1, abril de 2022
ARTIGO ORIGINAL
Reações contratransferenciais de psicoterapeutas frente 
a uma paciente borderline em psicoterapia: um estudo 
qualitativo
Countertransferential reactions of psychotherapists towards a borderline patient in 
psychotherapy: a qualitative study
Reacciones contratransferenciales de psicoterapeutas hacia un paciente límite en 
psicoterapia: un estudio cualitativo
Fernanda Barcellos Serralta a, Eduarda Duarte de Barcellos a,b, Caroline Hildebrando de Freitas b, 
Luciana Jornada Lourenço b, Lisiane Geremia b, Luciana Zamboni Busetti b,c, Pricilla Braga Laskoski d,e
a Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica – São Leopoldo/RS – Brasil. b 
Instituto de Ensino e Pesquisa em Psicoterapia (IEPP) – Porto Alegre/RS – Brasil. c Sociedade Brasileira de Psicanálise de 
Porto Alegre – Porto Alegre/RS – Brasil. d Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-Graduação em 
Psiquiatria e Ciências do Comportamento – Porto Alegre/RS – Brasil. e Xenophon College London, School of Psychology 
– Londres – WC1 B3JA – Inglaterra.
DOI 10.5935/2318-0404.20220008
Resumo 
A contratransferência (CT) é um elemento do relacionamento terapêutico que possui valor clínico, especialmente 
com pacientes com personalidade borderline (PB). Este estudo, qualitativo e exploratório, visou identificar os 
sentimentos despertados em psicoterapeutas frente a um caso de paciente com PB, buscando compreendê-
los em relação às características da paciente ou da sua narrativa, bem como explorar de que forma a CT 
seria idealmente manejada. Oito psicoterapeutas assistiram ao vídeo de uma sessão real com paciente com 
PB e, após, responderam a uma entrevista. As transcrições das entrevistas foram analisadas com o método 
Consensual Qualitative Research (CQR). Os dados organizaram-se em relação às facetas da CT, características 
da paciente que mobilizam afetos, e manejo da CT. Os resultados sugerem que pacientes com PB tendem 
a suscitar sentimentos intensos, vinculados a sua história e seu funcionamento em situação observacional, 
apontando para a viabilidade do método para o estudo empírico da CT. Resultados de estudos como esse 
podem ser utilizados como guia para jovens terapeutas compreenderem o mundo interno dos seus pacientes. 
A validação empírica de hipóteses clínicas fortalece a teorização e enriquece a prática psicanalítica. 
https://orcid.org/0000-0003-4602-6495
https://orcid.org/0000-0003-3829-5230
https://orcid.org/0000-0001-6806-2775
https://orcid.org/0000-0001-9210-0276
https://orcid.org/0000-0002-1761-8371
https://orcid.org/0000-0001-5871-8275
https://orcid.org/0000-0001-7085-5619
126 REV. BRAS. PSICOTER., PORTO ALEGRE, 24(1), 125-138, 2022
feRnanda BaRcellos seRRalta et al.
IISSN 2318-0404
Palavras-chaves: Psicoterapia; Psicoterapia Psicanalítica; Contratransferência; Estudo qualitativo, Transtorno 
de personalidade borderline
Abstract
Countertransference (CT) is an element of the therapeutic relationship that has clinical value, especially with 
borderline personality patients (BP). This qualitative and exploratory study aimed to identify the feelings 
aroused in psychotherapists in the case of a BP patient, seeking to understand them in relation to the patient’s 
characteristics or her narrative, as well as exploring how the CT would be ideally managed. Eight psychotherapists 
watched the video of a real session with a BP patient and responded to an interview. The interview transcripts 
were analyzed using the Consensual Qualitative Research (CQR) method. The data were organized in relation 
to the facets of the CT, characteristics of the patient that mobilize affections, and management of the CT. The 
results suggest that patients with BP tend to elicit intense feelings, linked to their history and functioning, in 
an observational situation, pointing to the feasibility of the method for the empirical study of CT. Results from 
studies like this one can be used as a guide for young therapists to understand the inner world of their patients. 
Empirical validation of clinical hypotheses strengthens theorization and enriches psychoanalytic practice.
Keywords: Psychotherapy; Psychoanalytic Psychotherapy; Countertransference; Qualitative study; Borderline 
personality disorder
Resumen
La contratransferencia (CT) es un elemento de la relación terapéutica que tiene valor clínico, especialmente en 
pacientes con personalidad límite (BP). Este estudio cualitativo y exploratorio tuvo como objetivo identificar los 
sentimientos que despiertan los psicoterapeutas en el caso de un paciente con BP, buscando comprenderlos en 
relación con las características de la paciente o su narrativa, así como explorar cómo se manejaría idealmente 
la CT. Ocho psicoterapeutas vieron el video de una sesión real y luego respondieron a una entrevista. Las 
transcripciones de las entrevistas se analizaron utilizando el método de Investigación Cualitativa Consensual 
(CQR). Los datos se organizaron en relación a las facetas del CT, características del paciente que movilizan 
afectos y manejo de la CT. Los resultados sugieren que los pacientes con BP tienden a provocar sentimientos 
intensos, ligados a su historia y funcionamiento, en una situación de observación, lo que apunta a la viabilidad 
del método para el estudio empírico de la CT. Los resultados de estudios como este pueden usarse como una 
guía para que los terapeutas jóvenes comprendan el mundo interior de sus pacientes. La validación empírica 
de hipótesis clínicas fortalece la teorización y enriquece la práctica psicoanalítica.
Palabras clave: Psicoterapia; Psicoterapia psicoanalítica; Contratransferencia; Estudio cualitativo; Trastorno 
límite de la personalidade
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Introdução
A resposta emocional do terapeuta a seu paciente representa uma das ferramentas mais importantes 
no trabalho psicanalítico na contemporaneidade. O conceito de contratransferência (CT) passou por diversas 
mudanças desde que foi proposto por Freud: inicialmente considerado um obstáculo a ser superado, atualmente 
é entendido como um importante instrumento de investigação dirigido ao inconsciente do paciente. A premissa 
básica consiste na ideia de que o inconsciente do terapeuta pode constituir um instrumento de investigação 
da mente do paciente, uma vez que o inconsciente do primeiro capta o do segundo. Esta sintonia entre ambos 
inconscientes, na consciência, se manifesta por meio de sentimentos1. Assim, a CT revela-se como um fenômeno 
pervasivo que envolve a dupla em ação dentro do processo terapêutico e não somente um sujeito isolado2. 
O encontro terapêutico inevitavelmente produz um impacto emocional mútuo; por meio dele ocorrem 
trocas de informações, comunicações verbais e não verbais, conscientes e inconscientes entre terapeuta e 
paciente. Neste sentido, quanto mais consciente o terapeuta estiver de suas motivações, necessidades, conflitos 
e desejos, menos atuará involuntariamente em resposta à CT durante o tratamento. Como um parceiro de 
dança, o terapeuta deve ficar perto o suficiente do paciente para manter contato e, ao mesmo tempo, não 
deve estar tão perto de modo que interfira nos seus movimentos próprios3.
Atualmente, a contratransferência é um conceito amplo em torno do qual outros conceitos se estruturam 
e interligam, como por exemplo os de identificação projetiva, campo analítico, intersubjetividade e enactment2,4. 
Isso reflete a tendência observada, na teoria psicanalíticacontemporânea, de uma maior consideração com 
os aspectos relacionais, do vínculo terapêutico, ou seja, uma maior valorização dos fenômenos que ocorrem 
entre a díade em contraposição ao modelo mais tradicional, focado quase que unicamente no paciente2,6. Nesta 
perspectiva, considera-se que a habilidade do terapeuta de se colocar dentro do mundo interno do paciente, 
ao mesmo tempo em que se esforça para entender o seu estado emocional, são processos integrantes do 
efetivo manejo e uso da contratransferência6. 
Embora ocupe lugar central na clínica psicanalítica contemporânea, a pesquisa empírica envolvendo a CT 
é ainda incipiente no contexto brasileiro. Uma revisão sistemática buscou identificar e descrever os principais 
achados de estudos que avaliaram a CT na psicoterapia de adultos. Dos 25 estudos selecionados, a maioria 
envolveu psicoterapia psicodinâmica e os resultados indicaram que a CT positiva, isto é, os sentimentos de 
proximidade com o paciente, está associada a resultados positivos no tratamento, tais como a melhora dos 
sintomas e o desenvolvimento de uma boa aliança terapêutica7. Um estudo de caso sistemático que examinou 
intensivamente o processo de uma PB ao longo de 59 sessões de psicoterapia psicanalítica encontrou níveis 
adequados de colaboração terapêutica e respostas de CT predominantemente positivas. Os autores argumentam 
que a experiência clínica, a formação e o tratamento pessoal da terapeuta podem ter contribuído para o manejo 
competente da CT, na medida que a consciência das reações emocionais provocadas na interação pode servir 
para a comunicação da empatia, favorecendo a aliança8.
A CT pode ser considerada uma ferramenta diagnóstica fundamental, pois pode revelar o nível de 
regressão do paciente. Nos últimos anos, alguns estudos demonstraram empiricamente a presença de um 
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padrão específico de respostas do terapeuta que está relacionado a diferentes transtornos de personalidade 
do paciente. Além disso, tais estudos também mostraram como os efeitos da técnica do terapeuta dependem 
do contexto emocional em que são transmitidos e, em particular, das experiências contratransferenciais9. 
Um estudo recente, realizado com 180 duplas paciente-terapeuta em psicoterapia psicanalítica, encontrou 
que a CT está associada às características do paciente, tais como: idade, trauma e vinculação na infância, 
características de personalidade como empatia e nível de operações defensivas. Por outro lado, o estudo 
evidenciou que as características clínicas (sintomas) pouco afetam a CT. Com base nos achados, os autores 
enfatizam a importância da CT para o processo terapêutico e a necessidade dos psicoterapeutas atentarem 
para as reações emocionais diante da história pessoal, dos traços e do funcionamento de seus pacientes, para 
então poder manejá-las adequadamente ao invés de atuá-las10. 
A CT pode demonstrar características peculiares e se apresentar de forma a trazer dificuldades no 
atendimento de pacientes com funcionamentos mais regressivos, como os pacientes com organização de 
personalidade borderline (PB)11. Algumas manifestações estruturais específicas da PB, tais como, difusão da 
identidade, integração inadequada do ego, representações de si mesmo ou de objetos significativos cindidas 
e uso de mecanismos de defesa primitivos, podem constituir-se em importantes desafios ao manejo clínico 
com esses pacientes12. Além disso, características como impulsividade, ideação ou tentativas de suicídio, 
comportamento manipulador, exaltação e oscilação afetiva e instabilidade nos relacionamentos interpessoais 
podem suscitar no terapeuta intensas reações contratransferenciais4,5. 
Sendo assim, destaca-se que a CT constitui um desafio particular no atendimento de pacientes como os 
que apresentam transtorno de personalidade borderline, sendo ainda pouco estudada empiricamente13. Nosso 
argumento está alinhado àqueles que entendem que a investigação empírica serve para examinar, ampliar e 
dar suporte aos insights clínicos psicanalíticos. Acreditamos sobretudo que a sinergia entre pesquisa e clínica 
é necessária para instrumentalizar jovens terapeutas, compensando a sua menor experiência. Neste sentido, 
o estudo propõe um método alternativo de investigação da CT: mediante a observação de uma sessão real, 
conduzida por outro terapeuta14,15. Assim, o presente artigo tem como objetivos identificar os sentimentos 
contratransferenciais despertados em psicoterapeutas psicanalíticos frente à gravação de uma sessão de um 
caso de paciente com transtorno de personalidade borderline e compreendê-los em relação às características 
da paciente ou da sua narrativa, bem como explorar de que forma a CT seria manejada idealmente pelos 
psicoterapeutas. Com o estudo pretende-se contribuir para a investigação empírica da CT, a instrumentalização 
clínica e a aproximação entre pesquisa e prática psicanalítica. 
Método
Este trabalho tem delineamento qualitativo exploratório, visando o estudo empírico de um tema ainda 
pouco explorado neste contexto16. 
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Participantes
Participaram oito terapeutas de orientação psicanalítica da cidade de Porto Alegre/RS, com níveis diversos 
de experiência clínica (mínimo de 5 anos), escolhidos por conveniência (Tabela 1). 
Tabela 1. Caracterização dos participantes
Identificação Sexo Idade Experiência Clínica
Terapeuta 1 Homem 31 anos 6 anos
Terapeuta 2 Mulher 68 anos 30 anos
Terapeuta 3 Mulher 42 anos 5 anos
Terapeuta 4 Mulher 51 anos 25 anos
Terapeuta 5 Mulher 30 anos 5 anos
Terapeuta 6 Mulher 56 anos 27 anos
Terapeuta 7 Mulher 27 anos 5 anos
Terapeuta 8 Mulher 52 anos 25 anos
Instrumentos 
Entrevistas semiestruturadas foram realizadas após a observação de um vídeo de uma sessão real com 
uma paciente com PB. Os seguintes tópicos exploratórios orientaram a entrevista: Impressões iniciais; Quais 
sentimentos e reações despertadas (positivas e negativas); Quais aspectos da sessão estão relacionadas com 
os sentimentos; Exploração das ideias associadas a estes sentimentos; Na sessão, como tais sentimentos 
seriam trabalhados internamente (se o entrevistado fosse o terapeuta); Tais sentimentos seriam trabalhados 
com o paciente? Como? 
A sessão observada
A paciente da sessão gravada era mulher, adulta, diagnosticada com organização de personalidade 
borderline pela terapeuta e pela SWAP-20017. A terapeuta era uma psicóloga com formação em psicoterapia 
psicanalítica e 3 anos de experiência clínica. A sessão escolhida foi uma sessão do quinto mês do tratamento 
na qual a paciente narra para a terapeuta diversos aspectos da sua história de vida, exibindo afetos intensos 
e contraditórios. A sessão foi gravada no contexto de um outro estudo sobre o processo de psicoterapia com 
pacientes borderline. Foi escolhida por ser uma sessão da etapa intermediária na qual algumas características 
associadas ao funcionamento e à história pregressa de pacientes com PB (por exemplo, vivências traumáticas, 
angústia elevada e oscilações nos afetos e má integração de representações de si e dos outros) são geralmente 
presentes e exploradas na sessão. 
Procedimentos 
O estudo é parte de um projeto mais amplo. O protocolo do estudo foi aprovado no Comitê de ética da 
universidade de origem do projeto (CAAE 39120214.6.0000.5344). Os terapeutas foram convidados via e-mail 
para participar do estudo. Após o aceite e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foi marcado 
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um encontro individual com a entrevistadora, uma psicóloga com formação em psicoterapiapsicanalítica, no 
qual a gravação da sessão foi assistida seguida da entrevista semiestruturada. Terapeuta e paciente presentes 
no vídeo haviam autorizado a gravação das sessões e seu uso em pesquisa. Para este estudo específico foi feito 
um adendo ao projeto original. Os terapeutas que assistiram à sessão e responderam às entrevistas tiveram 
garantias de anonimato e confidencialidade das informações pessoais, bem como assentiram em resguardar 
as informações sobre o caso. O diagnóstico da paciente não foi informado para não criar viés nas respostas. 
As entrevistas foram gravadas em áudio. 
Análise dos dados
As entrevistas foram transcritas e analisadas por um grupo de cinco juízes e uma auditora (todas mulheres, 
psicólogas e psicoterapeutas de orientação psicanalítica) usando o método Pesquisa Qualitativa Consensual 
(CQR [Consensual Qualitative Research])18. O CQR se baseia no uso de consenso entre múltiplos juízes a fim 
de captar diferentes perspectivas em amostras pequenas, partindo de pressuposto teórico-metodológico-
epistemológico eclético que conjuga elementos da teoria fundamentada, construtivismo, fenomenologia 
e pós-positivismo19. Os resultados, que emergem do próprio material, são primeiramente classificados em 
grandes domínios (tópicos temáticos comuns às entrevistas); após, destaca-se as ideias principais (ideias 
nucleares) que serão o material para a subdivisão do domínio em categorias; a seguir, as categorias são definidas 
conforme sua variância: geral (presente em todas as entrevistas ou em todas menos uma); típica (presente em 
metade ou pouco mais da metade); variante (presente em menos da metade, mas em pelo menos duas); rara 
(presente em uma entrevista). Neste trabalho serão discutidos os principais resultados, focando a discussão 
nas categorias gerais e típicas.
Resultados e discussão
Os dados foram organizados em três domínios que refletem as considerações feitas pelos terapeutas 
diante da sessão de psicoterapia observada: Facetas da contratransferência, Características da paciente que 
mobilizam afetos e Manejo terapêutico. Estes domínios e suas respectivas categorias estão apresentados na 
Tabela 2, juntamente com as frequências de ocorrência das categorias em cada domínio. Duas categorias foram 
divididas em subcategorias. A ordem apresentada dos domínios segue critério metodológico-teórico-clínico. 
Tabela 2. Reações contratransferenciais dos terapeutas 
Domínios, Categorias e Sub Categorias Frequências*
Domínio 1: Facetas da contratransferência
  Reações de aproximação
  Reações de afastamento
  Reações ambivalentes
  Mobilidade e transição de sentimentos
  Relação com a pessoa real do terapeuta
Geral
Geral
Variante
Variante
Variante
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Domínios, Categorias e Sub Categorias Frequências*
Domínio 2: Características da paciente que mobilizam afetos
  Desamparo
  Desconforto e ansiedade
  Fragilidade que demanda cuidado
  Funcionamento regressivo
  Capacidades de comunicação
  Experiências traumáticas infantis
  Vulnerabilidade social
Típica
Típica
Típica
Típica
Variante
Variante
Variante
Domínio 3: Manejo terapêutico
  Desafios técnicos com pacientes regressivos 
  Técnica ideal no caso
    Nomear sentimentos 
    Usar contratransferência
    Acolher 
    Discriminar
  Observações sobre a terapeuta
    Uso técnico da contratransferência
    Capacidade de acolher
    Atividade
    Foco no pensamento
    Pouca exploração de sentimentos 
 
Geral
Geral
 
Típica
Nota. * Geral = Ocorre em pelo menos 7 entrevistas; Típica = ocorre entre 4 e 6 entrevistas; Variante = ocorre em 2 ou 
3 entrevistas; Rara = ocorre em 1 entrevista.
O primeiro domínio, denominado Facetas da contratransferência, abarcou a descrição dos sentimentos 
dos terapeutas frente à sessão assistida. Observou-se em todas as entrevistas relatos tanto de sentimentos de 
aproximação (desejo de ajudar, interesse, empatia, tristeza) quanto sentimentos de afastamento (desconforto, 
desesperança, desconfiança, tédio, ansiedade, cansaço), destacando-se a oscilação de sentimentos. A mescla de 
sentimentos positivos e negativos, isto é, a ambivalência também foi mencionada por parte dos entrevistados. 
“Eu fiquei com muita pena dela.” (Terapeuta 6)
“Desejo de ajudar a paciente a transformar aquilo que ela estava dizendo do dia-a-dia dela.” (Terapeuta 2)
“Eu não sei se a palavra é pena, mas me deu assim um certo desconforto também” (Terapeuta 5)
“Um pouco de agonia, com vontade de sacudir ela, vontade de mostrar ... relacionar mais coisas...” 
(Terapeuta 2)
Pesquisas indicam que indivíduos com funcionamento borderline provocam em seus terapeutas níveis 
mais elevados de raiva e irritação e níveis mais baixos de simpatia, empatia e carinho, evocando, portanto, 
sentimentos contratransferenciais mais negativos e turbulentos do que outros pacientes20,11,21. Os resultados 
do presente estudo, embora demonstrem que a evocação de sentimentos negativos é notável, sugerem que 
afetos positivos também são mobilizados em momentos distintos da sessão e, às vezes, concomitantemente. 
Neste sentido, estão em consonância com o estudo de Sanchez e Serralta que identificou que a utilização de 
defesas mais imaturas, pelos pacientes, está associada com os sentimentos de aproximação em etapas iniciais 
de psicoterapia psicanalítica10.
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Entende-se que em pacientes com organização de personalidade borderline a CT emerge de forma 
intensa. No caso observado, a história traumática, o nível da angústia e certas particularidades suscitaram 
sentimentos de afastamento em todos os entrevistados. Todavia, sentimentos de aproximação também foram 
vinculados ao histórico de negligência familiar, situações de abuso, e vivências de abandono narradas na 
sessão. É digno de nota que os participantes somente observaram a sessão. É razoável supor que terapeutas 
que atendam pacientes com história e funcionamento semelhantes vivenciem reações afetivas ainda mais 
intensas, conflitivas e impactantes. 
“Mas a gente sofre junto né, se lasca também. Então... Tem alguns pacientes que eu tenho dificuldade...” 
(Terapeuta 4)
“Gostei da moça, fiquei assim, ela me provocou um desejo de ajudar, e uma coisa de questionamento 
social sabe, não fujo disso, não adianta né...” (Terapeuta 6)
Na dinâmica transferencial-contratransferencial com esses pacientes, podemos entender que, ao mesmo 
tempo em que há desejo no paciente de se aproximar e de buscar o contato com o outro, despertando a 
aproximação do terapeuta, coexiste um forte medo de abandono e de intrusão, o que pode provocar reações 
de afastamento e sentimentos intensos no paciente. O terapeuta, por sua vez, contratransferencialmente 
vivencia via identificação projetiva esses sentimentos em si. A oscilação, às vezes rápida e intensa de distintas 
configurações de self-objeto internalizadas expressas na transferência é característica de pacientes borderline12. 
É digno de nota a referência à relação da pessoa real e da história pessoal do psicoterapeuta com a 
psicopatologia do paciente para produzir uma resposta mais ou menos intensa de sentimentos. Acrescente-se 
a isso a consideração, feita por algumas entrevistadas, de que os sentimentos evocados são móveis e, passado 
o impacto negativo inicial, aspectos mais positivos começam a surgir.
 “Na medida que ela foi se sentindo um pouco mais confortável na sessão, eu fui indo nesse mesmo 
ritmo. Eu fui empatizando um pouco mais com ela e bom, vendo que ela também passou por situações difíceis 
e que explicavam um pouco dessa submissão.” (Terapeuta 5) 
O segundo domínio identificado nas entrevistas centrou-se em percepções dos entrevistadossobre a 
paciente. As características identificadas mobilizam afetos. Os terapeutas perceberam um forte desamparo, 
ansiedade, fragilidade e funcionamento regressivo, assim como destacaram sua história traumática e de 
vulnerabilidade social. Tais aspectos evocaram reações diversas que remetem a aspectos da CT positiva, mas 
também negativa. 
“Eu achei ela muito sozinha (...). A imagem que me veio à cabeça foi de uma criança com um bico, 
segurando um bico, sozinha.” (Terapeuta 1)
“A questão do trauma que ela traz assim, fica um não nomeado. Paciente difícil, de difícil acesso.” 
(Terapeuta 3)
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“Acho que as questões sociais, de exploração, de trabalho, as questões de ter vindo de uma origem 
humilde .... o que essa menina passa, imagino.” (Terapeuta 4)
“E depois ao longo da sessão vai se vendo que é uma moça muito sofrida né. O pai batia na mãe. Ela 
falava muito em trauma. Não sei se ela não viveu isso como um trauma. Acredito que sim, porque não deve 
ter sido nada fácil. Então uma sessão assim, eu fiquei me perguntando todo o tempo assim, como vamos ter 
acesso a essa moça com uma vida tão difícil, com uma ansiedade tão alta e com pouca entrega da paciente. 
Achei que ela estava ali e não estava tá. Totalmente defendida, muito defendida.” (Terapeuta 8)
O desamparo, assim como a presença de uma história de vida marcada por abusos, negligências, maus 
tratos e experiências traumáticas na infância favorece a falta de limites bem construídos entre as instâncias 
psíquicas – ego, id e superego. Ou seja, há uma falha na passagem da pulsão à representação, de modo que os 
pacientes ficam restritos a respostas pelo ato (seja puramente corporal, atuações ou ato através da palavra), por 
não possuírem recursos simbólicos para elaborarem psiquicamente o que sentem22. Dessa forma, um ambiente 
familiar caótico caracterizado por problemas e violência no sistema familiar (instabilidade e organização 
caótica, perdas parentais, separações precoces, negligência emocional, superproteção/controle excessivo, 
típica de pacientes borderline23 contribui para o desenvolvimento de uma pobreza simbólica que acarretará 
no uso de mecanismos de defesa mais primitivos, como a cisão, negação, idealização primitiva, onipotência, 
desvalorização e identificação projetiva, a qual tem papel central na compreensão da CT com tais pacientes, 
visto o seu uso maciço contribuir para o surgimento de respostas emocionais mais intensas. 
“Percebi que ela é mais primitiva (...). Ela tem essa dificuldade em falar né. Pra tu ver o quanto ela tem 
essa linguagem não verbal né, ela consegue passar as coisas pra todo mundo...” (Terapeuta 7)
“Porque eu imaginei ela um nenezinho para ser cuidado. Por isso me deu muita pena dela.” (Terapeuta 1)
O terceiro domínio abarcou as percepções dos terapeutas sobre o tratamento, destacando-se aspectos 
técnicos, como o desafio frente a uma necessidade de construção, visto que pacientes mais regressivos 
apresentam uma compreensão concreta e pobreza simbólica. Esse aspecto, por sua vez, pode constituir um 
risco de o terapeuta se deter em detalhes concretos e não em nomear sentimentos ou acolher afetivamente 
(holding) o paciente24, que segundo a maioria dos terapeutas seriam as técnicas centrais no caso em questão. 
Conforme os entrevistados, o funcionamento regressivo se expressa neste caso através do funcionamento 
concreto, baixa simbolização, dificuldade de comunicação, nível elevado de angústia, uso de mecanismo 
projetivo, hipersensibilidade e hiper-reatividade emocional entre outros aspectos da paciente. Foi bastante 
salientada a necessidade dos terapeutas de pacientes com este tipo de funcionamento atentarem para 
fenômenos do campo analítico. 
“Parece que tu estás mais envolvido, ou mais misturado com o paciente e daí tu pode fazer uma 
intervenção absolutamente sintônica com o que tu estás sentindo. Isso com relação à contratransferência.” 
(Terapeuta 2)
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“Quantas vezes a gente deve tá enredado em alguma trama com um paciente e nem percebe.” 
(Terapeuta 4)
O conceito de campo analítico introduzido pelo casal Willy e Madeleine Baranger, e posteriormente 
incorporado e desenvolvido por muitos outros psicanalistas contemporâneos, sugere a existência de um terceiro 
elemento ou dimensão criada na relação paciente-analista. Este elemento mítico, simbólico e intersubjetivo 
é próprio não da mente de um ou de outro, mas das duas mentes ou subjetividades em interação. Nesta 
perspectiva, portanto, entende-se que há algo novo que é criado a partir das transferências, identificações e 
contraidentificações projetivas cruzadas25.
 Além disso, os terapeutas entrevistados falaram sobre usar sentimentos despertados como forma de 
“sintonizar” com a paciente, observando o que sentem e aos poucos devolvendo para o paciente como uma 
forma de ajudá-lo a pensar suas emoções de uma forma mais “digerida”.
“O paciente percebe quando a gente já sabe alguma coisa e não diz e fica guardando aquilo. Isso pode 
ser anti-terapêutico, e é do momento, às vezes não tem muito o que dizer, e sim sentir, tu sente quando é o 
momento de trabalhar aquilo.” (Terapeuta 8).
Pacientes com PB são considerados difíceis de tratar, em parte devido à CT que suscitam. Ainda que 
existam controvérsias na literatura psicanalítica acerca da utilidade e das limitações da auto-revelação do 
terapeuta, estudos empíricos de modo geral apoiam a assertiva de que em determinadas circunstâncias tais 
revelações favorecem o relacionamento terapêutico e o desenvolvimento da aliança8, 26. 
 Os participantes sinalizam que na técnica, com essa e outros pacientes semelhantes em termos de 
nível de funcionamento, utilizariam mais escuta, nomeação e discriminação de sentimentos, ao invés de 
interpretações. Referem ainda a relevância de se reparar eventuais desajustes de objetivos Tal recomendação 
está em consonância com a abordagem contemporânea de intervenção com esses pacientes12.
“Eu esperaria ela falar mais pra interpretar alguma coisa.” (Terapeuta 6) 
“Mas usando minha CT pra explicar pra ela que sim, eu percebo que ela ficou muito triste, mas assim, 
baseada nos meus sentimentos, porque eu acho que até para ela é difícil nomear o que ela estava sentindo, 
né, então eu acho que eu ia tentar aos poucos e muito aos poucos porque acho que é muito difícil e pelo que 
eu estava sentindo, mas colocando nela quando eu fosse devolver.” (Terapeuta 7) 
Ainda no terceiro domínio, observou-se que, embora isso não fosse perguntado na entrevista e não 
constituísse objeto específico deste estudo, os terapeutas trouxeram percepções acerca do trabalho da terapeuta 
observada no vídeo. Como tais comentários podem contribuir para a compreensão da contratransferência, 
este domínio foi incluído. Embora os entrevistados tenham destacado a capacidade de escuta e acolhimento 
por parte da terapeuta e tenham assinalado o uso adequado da contratransferência e, em alguma medida, a 
pertinência da sua postura mais ativa (fazendo perguntas e clarificando aspectos da história, do cotidiano e do 
pensamento da paciente), observaram também alguns desajustes ou dissintonias no funcionamento da dupla. 
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Fizeram também alguns comentários mais críticos, especialmente sobre a maior atividade e, em um caso, 
sobre a suposta pouca exploração de sentimentos por parte da terapeuta. Ainda que esta seja uma hipótese 
especulativa, será que focar na terapeuta não implica em buscar uma zona de confortodiante da CT eliciada 
pelo vídeo? Por outro lado, é natural que a situação “artificial” da pesquisa produza algum estranhamento 
nos participantes tão habituados a serem personagens participantes de sessões (como terapeutas) e não 
observadores passivos (expectadores que assistem ao vídeo). 
“E dá uma vontade de seguir entendendo, porque corta muito rápido, a terapeuta é muito rápida.” 
(Terapeuta 7)
“É difícil né, porque eu não estava ali. Eu estou de fora olhando as duas. Eu estou de fora. Sou um 
terceiro olhar.” (Terapeuta 6)
Considerações finais
A contratransferência e seu manejo com pacientes borderline, ainda que bastante discutida e debatida 
sob o ponto de vista clínico, é pouco estudada empiricamente. Isso possivelmente se deve, em parte, pela 
tradicional distância entre a pesquisa científica conduzida por métodos não psicanalíticos e a pesquisa 
psicanalítica no sentido estrito do termo, aquela realizada na sessão, pelo analista ou psicoterapeuta e em 
parte pela dificuldade de se avaliar a CT por métodos empíricos. Neste sentido o estudo inova ao utilizar uma 
sessão real videogravada para que psicoterapeutas pudessem auto-observar e relatar os impactos emocionais 
e ideias associadas ao material visualizado, com vistas a examinar aquilo que é comum aos observadores. 
É importante salientar que o presente estudo trata de percepções que surgiram a partir da visualização de 
apenas uma sessão. Além disso, os terapeutas não tiveram acesso a mais dados, ou seja, o foco não estava 
sobre o que ocorreu no decorrer do tratamento real. As falas dos terapeutas entrevistados e suas considerações 
sobre a sessão assistida vão ao encontro da literatura disponível sobre o tema e contribuem para validar 
empiricamente observações clínicas. 
De modo geral os achados estão em consonância com a literatura e indicam que pacientes com PB 
tendem a suscitar sentimentos intensos nos psicoterapeutas. Os sentimentos negativos parecem ocorrer 
predominantemente em resposta às dificuldades interpessoais e funcionamento regressivo dos pacientes. Por 
outro lado, a empatia, a compaixão, a pena e o desejo de ajudar parecem mais relacionados às percepções da 
fragilidade decorrente da exposição a traumas, abusos, abandono e solidão a que tais pacientes muitas vezes 
estão submetidos. O estudo sugere ainda que tais reações de CT podem oscilar ou coexistir numa mesma 
sessão. Como afirmou uma entrevistada, a CT com pacientes com PB pode ser uma bússola, um instrumento 
de navegação que serve como guia daquilo que não pode ser plenamente comunicado por meios simbólicos 
durante a sessão. Neste sentido, cabe ao terapeuta utilizar a sua própria mente para reconhecer, discriminar e, no 
momento acertado, nomear as experiências até então não pensadas e significadas por serem demasiadamente 
dolorosas e perturbadoras. Mais estudos são necessários para se compreender quando e como a CT favorece 
ou impede o processo terapêutico. 
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É importante salientar que, mesmo se tratando de uma situação artificial (os terapeutas estão 
assistindo a um vídeo, não estão diretamente em contato com a paciente), foi possível identificar reações 
contratransferenciais similares entre eles. Isso pode ser um indicador da intensidade das características da 
paciente e seu potencial de pervasividade. Assim, ainda que a proposta metodológica amplie (ou até distorça) o 
conceito de CT para abarcar as reações emocionais de terapeutas advindas da observação de sessões conduzidas 
por outrem, possui valor heurístico. A observação de sessões reais pode constituir um método viável para o 
estudo empírico da CT, além de poder ser um veículo para o estudo e treinamento de terapeutas iniciantes. 
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Contribuições: Fernanda Barcellos Serralta – Conceitualização, Redação – Revisão e Edição, Supervisão;
Eduarda Duarte de-Barcellos – Coleta de Dados, Conceitualização, Gerenciamento do Projeto, Redação – 
Preparação do original;
Caroline Hildebrando de Freitas – Coleta de Dados, Investigação, Redação – Preparação do original;l
Luciana Jornada Lourenço – Coleta de Dados, Redação – Preparação do original;
Lisiane Geremia – Coleta de Dados, Redação – Preparação do original;
Luciana Zamboni Busetti – Coleta de Dados, Redação – Preparação do original;
Pricilla Braga Laskoski – Redação – Revisão e Edição.
Autor correspondente
Fernanda Barcellos Serralta
fernandaserralta@gmail.com
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138 REV. BRAS. PSICOTER., PORTO ALEGRE, 24(1), 125-138, 2022
feRnanda BaRcellos seRRalta et al.
IISSN 2318-0404
Submetido em: 06/11/2021 
Aceito em: 15/03/2022

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