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DIREITO DO TRABALHO E DIREITO 
PROCESSUAL DO TRABALHO 
 
Módulo: EXECUÇÃO TRABALHISTA 
 
TEMA 03 – RESPONSABILIDADE 
PATRIMONIAL. SUJEITOS. 
 
 
DEVEDORES E SEUS SUCESSORES 
Como já se viu, a legitimidade passiva ordinária é do devedor. É ele que está 
definido no título executivo, seja judicial, seja extrajudicial. Essa definição, aliás, é uma 
das características da “certeza” que define o próprio título como sendo executivo. 
Usualmente, o devedor é o sujeito da relação de direito material (vínculo 
de emprego – normalmente empregador) que violou o direito da parte contrária 
(normalmente empregado) e foi sucumbente em ação condenatória, isto é, há uma 
sentença condenatória que determina a este o cumprimento de uma obrigação. 
Pode ocorrer a sucessão, que é o evento pelo qual uma pessoa (física ou 
jurídica), denominada sucedida, é substituída por outra, que é denominada sucessora. 
Na discussão envolvendo essa sucessão, não podem ser confundidas as hipóteses 
de inclusão de terceiras pessoas coobrigadas (ex.: empresa do grupo econômico, 
empresa tomadora de serviços na terceirização). A pessoa sucessora não é terceira, 
mas, sim, a própria pessoa devedora, pois lhe assumiu o lugar no mundo jurídico. 
Sendo o devedor pessoa física, há que se tratar o fenômeno da sucessão nos 
termos do Código Civil. Dessa forma, os herdeiros e legatários respondem pelas 
dívidas do “de cujus” no limite da herança. 
Com a morte do credor, o juiz deverá suspender o prosseguimento da 
execução (art. 921, I), para que seja efetuada a habilitação incidental 
(arts. 687 e segs.). Trata-se de uma alteração subjetiva da execução. 
No sistema processual civil, a habilitação incidental se faz com a 
juntada da certidão de óbito do de cujus, além da certidão de que o 
interessado foi incluído, sem qualquer ressalva, no inventário. O 
José Mateus dos Santos Tenório - 07110404439
 
 
 
espólio é representado pelo inventariante (art. 75, VII, CPC). No 
processo trabalhista, o espólio do empregado deverá ser representado 
na forma prevista na Lei 6.858/80 (JORGE NETO; CAVALCANTE, 
2019, p. 909). 
 
Sendo devedor pessoa jurídica, está-se diante do fenômeno da “sucessão de 
empresas”. Ocorre a sucessão de empresas quando uma empresa (dita sucessora) 
assume o lugar de outra (dita sucedida) no que tange as suas relações obrigacionais 
trabalhistas, seja por um fenômeno formal (incorporação, fusão, cisão etc.) ou informal 
(prosseguimento da atividade econômica da anterior com transmissão derivada de 
patrimônio). 
É interessante observar que essa transmissão do devedor pessoa jurídica é 
derivada. Isso é justamente o contrário da transmissão “originária” ou da aquisição 
“originária” de patrimônio. No caso da aquisição derivada, a empresa sucessora 
responde pelas dívidas trabalhistas da empresa sucedida, ainda que anteriores à 
sucessão. O redirecionamento da execução para empresa sucessora não é hipótese 
de inclusão de terceiro, porque, como dito, a sucessora assume o lugar da empresa 
sucedida. 
Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista 
(arts. 10 e 448, CLT), as obrigações trabalhistas, inclusive as 
contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a 
empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor (art. 448-A, 
CLT, Lei 13.467). Em caso de fraude na transferência, a empresa 
sucedida responderá solidariamente com a sucessora (art. 448-A, 
parágrafo único) (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2019, p. 914). 
 
É o que pode ser observado no art. 448-A, CLT: 
Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de 
empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as 
obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os 
empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de 
responsabilidade do sucessor. 
Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com 
a sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência. 
 
No caso da aquisição originária, pode-se dizer que é o que ocorre, por 
exemplo, com as situações de desapropriação, de concessão de serviço público etc. 
Então, se se tem um crédito trabalhista contra um hospital privado, mas esse hospital 
é desapropriado pelo Município, que passa a ser um hospital municipal público, este 
José Mateus dos Santos Tenório - 07110404439
 
 
 
último não será sucessor do anterior, porque a aquisição foi originária. Por fim, essa 
aquisição originária também ocorre com o leilão judicial, em que o arrematante leva o 
patrimônio da pessoa jurídica sem dívidas. 
 
MOMENTO PARA A EXECUÇÃO DO DEVEDOR SUBSIDIÁRIO 
Geralmente, o devedor subsidiário aparece na Justiça do Trabalho por meio 
de uma relação de trabalho terceirizada. É o caso do tomador de serviços daquele 
trabalhador que não teve suas verbas trabalhistas adimplidas pela empresa que 
terceiriza. 
Conforme já se viu, o tomador de serviços, como devedor subsidiário, só pode 
ser executado se ele tiver participado da fase de conhecimento e se estiver constando 
como devedor no título executivo. 
O art. 5º-A, §5º, Lei nº 6.019/1974, consagra a responsabilidade subsidiária 
do tomador: 
Art. 5o-A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra 
contrato com empresa de prestação de serviços relacionados a 
quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal. 
[...] 
§ 5o A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas 
obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a 
prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições 
previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei no 8.212, de 24 
de julho de 1991. 
 
Ficou consagrada, com isso, a teoria da responsabilidade contratual, ou 
seja, não há necessidade de culpa, mas de mero inadimplemento. Entretanto, não é 
aplicável à administração pública, que tem lei específica (art. 71, §1º, Lei nº 
8.666/1993) e para a qual é necessária a prova da culpa, eis que assim definiu o STF 
no julgamento da ADC 16 e no Tema de Repercussão Geral 246. 
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, 
previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do 
contrato. 
§ 1o A inadimplência do contratado, com referência aos encargos 
trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração 
Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o 
objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e 
edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis. 
 
José Mateus dos Santos Tenório - 07110404439
 
 
 
Veja-se a ementa do julgamento da ADC 16 pelo STF: 
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. Subsidiária. Contrato com a 
administração pública. Inadimplência negocial do outro contraente. 
Transferência consequente e automática dos seus encargos 
trabalhistas, fiscais e comerciais, resultantes da execução do 
contrato, à administração. Impossibilidade jurídica. Consequência 
proibida pelo art., 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93. 
Constitucionalidade reconhecida dessa norma. Ação direta de 
constitucionalidade julgada, nesse sentido, procedente. Voto vencido. 
É constitucional a norma inscrita no art. 71, § 1º, da Lei federal nº 
8.666, de 26 de junho de 1993, com a redação dada pela Lei nº 9.032, 
de 1995. (STF - ADC: 16 DF 0001014-43.2007.0.01.0000, Relator: 
CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 24/11/2010, Tribunal Pleno, 
Data de Publicação: 09/09/2011) 
 
Por fim, segue a decisão do Tema de Repercussão Geral 246 julgado pelo 
STF: 
Questão submetida a julgamento 
Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos artigos 5º, II; e 37, 
§ 6º; e 97, da Constituição Federal, a constitucionalidade, ou não, do 
art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, que veda a responsabilidade 
subsidiária da Administração Pública por encargos trabalhistas 
gerados pelo inadimplemento de empresa prestadora de serviço. 
Tese Firmada 
O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do 
contratado não transfere automaticamente ao Poder Público 
contratantea responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter 
solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93. 
 
Assim, no caso da administração pública, só se pode perquirir sua 
responsabilidade subsidiária se houver culpa provada. Ou seja, a responsabilidade 
não nasce com o mero inadimplemento. 
Retornando para a responsabilidade contratual, pode-se dizer que não é 
preciso esgotar o patrimônio do devedor principal. Basta que ocorra o 
inadimplemento, isto é, o não pagamento deste para que a execução possa ser 
direcionada ao devedor subsidiário. 
Isso acontece porque o art. 455 da CLT, que embasou a criação por analogia 
do item IV da súmula 331 do TST, trata de mero inadimplemento (assim como a 
própria súmula) e prevê também o direito do empreiteiro principal para manejar ação 
regressiva. 
Súmula nº 331 do TST 
José Mateus dos Santos Tenório - 07110404439
 
 
 
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE. 
[...] 
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do 
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos 
serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da 
relação processual e conste também do título executivo judicial. 
 
Veja-se como é a redação do art. 455 da CLT: 
Art. 455 - Nos contratos de subempreitada responderá o 
subempreiteiro pelas obrigações derivadas do contrato de trabalho 
que celebrar, cabendo, todavia, aos empregados, o direito de 
reclamação contra o empreiteiro principal pelo inadimplemento 
daquelas obrigações por parte do primeiro. 
Parágrafo único - Ao empreiteiro principal fica ressalvada, nos termos 
da lei civil, ação regressiva contra o subempreiteiro e a retenção de 
importâncias a este devidas, para a garantia das obrigações previstas 
neste artigo. 
 
Se a responsabilidade subsidiária só ocorresse depois de provar a insolvência 
do devedor principal, qual seria o sentido de haver essa ação regressiva? Nenhum. 
Por isso, entende-se que não é necessária a insolvência para que haja essa 
responsabilidade subsidiária. 
Ademais, o art. 794, §2º, CPC, também garante o direito de prosseguir 
executando o devedor principal pelo subsidiário quando este último paga a dívida: 
Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que 
primeiro sejam executados os bens do devedor situados na mesma 
comarca, livres e desembargados, indicando-os pormenorizadamente 
à penhora. 
[...] 
§ 2º O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos 
do mesmo processo. 
 
Assim, novamente, é importante dizer que não teria sentido em garantir que o 
devedor subsidiário executasse ou acionasse o devedor principal se o pagamento 
somente ocorresse na insolvência deste último. Dessa forma, fica claro que o 
ordenamento jurídico não está prevendo o pagamento na insolvência, mas no mero 
inadimplemento, já que a responsabilidade subsidiária é uma responsabilidade de 
garantia. 
É bem verdade que o responsável subsidiário pode exigir que sejam 
executados os bens do devedor principal situados na mesma comarca (art. 794, CPC). 
José Mateus dos Santos Tenório - 07110404439
 
 
 
Entretanto, para isso, deve fazer a indicação pormenorizada destes bens e de sua 
localização. 
Ademais, conforme consta na redação desse artigo, os bens indicados devem 
ser livres e desembargados. Com isso, ficaram de fora os bens da empresa em 
falência, cujos bens não cumprem com esse requisito. 
 
RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS PELAS DÍVIDAS TRABALHISTAS DA 
SOCIEDADE 
A primeira coisa que precisa ficar clara é que se fala aqui de 
desconsideração da personalidade jurídica, e não de despersonalização de 
pessoa jurídica. Esta última significa retirar dela a sua personalidade, e não é isso o 
que acontece. Seria o equivalente a matar a personalidade jurídica da empresa, que 
é o que acontece quando se decreta a falência dela, de forma que essa pessoa deixa 
de existir. 
A Justiça do Trabalho não faz a despersonalização, mas a desconsideração 
da personalidade jurídica. Ela significa não levar em conta a personalidade jurídica de 
uma determinada pessoa jurídica para alcançar as pessoas dos seus sócios. Não 
significa que houve perda de personalidade, mas apenas que ela não foi considerada 
para aquele caso específico e concreto. Uma vez que ele esteja solucionado, a 
empresa continuará com a sua personalidade. 
É comum os juízes do trabalho determinarem a constrição de bens 
particulares dos sócios da empresa executada, desde que esta não 
possua ou não ofereça à penhora bens suficientes para garantir a 
execução. Sabe-se que, de lege lata, os sócios só respondem na 
proporção de sua respectiva cota-parte na empresa. Caso esta não 
tenha sido integralizada, poderá responder com seu patrimônio 
particular até a parte faltante. Já os sócios-gerentes poderão 
responder solidária e ilimitadamente se praticarem atos com excesso 
de mandato ou desrespeitarem normas legais ou do contrato social 
(CC, arts. 1.052 e s.) (LEITE, 2022, p. 1338). 
 
Para a responsabilidade dos sócios, a doutrina de Fábio Ulhoa Coelho divide-
se em teoria maior e teoria menor da desconsideração. O elemento fundamental seria 
a análise de risco. 
José Mateus dos Santos Tenório - 07110404439
 
 
 
Nas relações civis e empresariais, a dívida emerge de um contrato entre 
partes iguais. Portanto, existe a possibilidade de risco. Dessa forma, aplica-se a teoria 
maior. 
Por outro lado, nas relações do direito tributário, do consumidor, do trabalho 
e de créditos decorrentes de ato ilícito, não é possível a realização prévia do risco 
(ex.: atropelamento). Na relação de consumo, o consumidor é hipossuficiente e não 
faz análise prévia do risco. O mesmo acontece na relação de trabalho, onde o 
empregado é hipossuficiente e não faz tal análise. 
Assim, a aplicação da teoria menor e da teoria maior depende de se saber se 
ambas as partes conseguem fazer a análise de risco ou não. Se for possível, aplica-
se a teoria maior. Se não for possível, a menor. 
A teoria menor tem sua aplicabilidade prevista no CDC, art. 28, §5º: 
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da 
sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de 
direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação 
dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será 
efetivada quando houver falência, estado de insolvência, 
encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má 
administração. 
[...] 
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre 
que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao 
ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. 
 
Nas relações civilistas e empresariais, a teoria maior está prevista no art. 50 
do CC: 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado 
pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a 
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber 
intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e 
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens 
particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica 
beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. 
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a 
utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para 
a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. 
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de 
fato entre os patrimônios, caracterizada por: 
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou 
do administrador ou vice-versa; 
José Mateus dos Santos Tenório - 07110404439
 
 
 
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas 
contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; 
e 
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. 
 
Se se aplicar a teoria maior nas relações de trabalho, seria possívelinserir o 
inadimplemento do crédito trabalhista no “desvio de finalidade”, pois a pessoa jurídica 
foi utilizada para “lesar credores” e para praticar “atos ilícitos” de natureza trabalhista. 
Porém, no direito do trabalho, já está consagrado o uso da teoria menor. 
É importante assinalar que o instituto da desconsideração da pessoa 
jurídica encontra-se previsto no art. 28, § 5º, da Lei n. 8.078/90 (CDC), 
que, adotando a Teoria Menor, pode ser aplicado, por analogia, ao 
processo do trabalho, “sempre que sua personalidade for, de alguma 
forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos 
consumidores” (e nós acrescentamos, aos trabalhadores) (LEITE, 
2022, p. 1338). 
 
Evoluiu o fundamento para a desconsideração da personalidade jurídica para 
configurar a responsabilidade do sócio pelas dívidas trabalhistas da sociedade, 
passando da legislação tributária para a legislação consumerista. Esta é a razão pela 
qual a existência da dívida trabalhista, que, na maioria absoluta das vezes, atrai a 
incidência da responsabilidade do sócio por sua reparação, sendo desnecessário 
perquirir se o sócio agiu diretamente para gerar a dívida (responsabilidade direta) ou 
elegeu aquele que, no exercício de direção da empresa, gerou a dívida (culpa in 
eligendo), ou, ainda, se deixou de fiscalizar aquele que provocou a violação à lei (culpa 
in vigilando), posto que, como dito, não é necessário discutir a culpa do sócio. 
Após a Reforma Trabalhista de 2017 (Lei nº 13.467/2017), surge uma nova 
situação com a inclusão do art. 10-A na CLT sobre o sócio retirante: 
Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas 
obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período em que 
figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até dois anos depois 
de averbada a modificação do contrato, observada a seguinte ordem 
de preferência: 
I - a empresa devedora; 
II - os sócios atuais; e 
III - os sócios retirantes. 
Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os 
demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária 
decorrente da modificação do contrato. 
 
José Mateus dos Santos Tenório - 07110404439
 
 
 
Veja-se que a CLT não está exigindo qualquer prova de culpa do sócio. 
Portanto, a responsabilidade pelo crédito trabalhista está na teoria menor, bastando 
o mero inadimplemento. 
 
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: 
MOMENTOS E EFEITOS 
A Reforma Trabalhista de 2017 (Lei nº 13.467/2017) inseriu na CLT o art. 855-
A: 
Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de 
desconsideração da personalidade jurídica previsto nos arts. 133 a 
137 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo 
Civil. 
§ 1o Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente: 
I - na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na forma do § 
1o do art. 893 desta Consolidação; 
II - na fase de execução, cabe agravo de petição, independentemente 
de garantia do juízo; 
III - cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente 
instaurado originariamente no tribunal. 
§ 2o A instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo 
de concessão da tutela de urgência de natureza cautelar de que trata 
o art. 301 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de 
Processo Civil). 
 
Há uma referência expressa, ou seja, uma norma remissiva da CLT ao CPC. 
Significa que esses artigos (arts. 133 a 137 do CPC) não são aplicáveis 
subsidiariamente, mas diretamente. É como se eles estivessem escritos na própria 
CLT. 
A partir da análise do §1º desse art. 855-A da CLT, já é possível perceber que 
o incidente de desconsideração da personalidade jurídica cabe na fase de 
conhecimento, na fase de execução e até no tribunal em seus processos de 
competência originária. 
No CPC, seguem os artigos sobre a desconsideração: 
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica 
será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe 
couber intervir no processo. 
§ 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará 
os pressupostos previstos em lei. 
§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de 
desconsideração inversa da personalidade jurídica. 
José Mateus dos Santos Tenório - 07110404439
 
 
 
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases 
do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na 
execução fundada em título executivo extrajudicial. 
§ 1º A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao 
distribuidor para as anotações devidas. 
§ 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da 
personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que 
será citado o sócio ou a pessoa jurídica. 
§ 3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na 
hipótese do § 2º. 
§ 4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos 
pressupostos legais específicos para desconsideração da 
personalidade jurídica. 
Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será 
citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 
15 (quinze) dias. 
Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será 
resolvido por decisão interlocutória. 
Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo 
interno. 
Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a 
oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em 
relação ao requerente. 
 
Quanto mais cedo for feito o pedido de desconsideração da personalidade 
jurídica, mais fácil será para encontrar bens antes que os sócios os escondam. 
A iniciativa desse incidente de desconsideração é apenas da parte ou do 
MPT, quando couber a este intervir no processo (art. 133, CPC). Assim se entende 
porque o juiz não pode mais iniciar a execução de ofício, conforme alteração no art. 
878 da CLT após a Reforma Trabalhista de 2017 (Lei nº 13.467/2017). 
Ainda é possível se falar em desconsideração inversa, que é aquela que faz 
o juiz desconsiderar a pessoa física e buscar bens no nome da pessoa jurídica (art. 
133, §2º, CPC). É o que acontece, por exemplo, quando um sócio sabe que seu 
patrimônio será invadido por ações trabalhistas e esconde seu patrimônio em uma 
outra pessoa jurídica. Nesse caso, o magistrado trabalhista pode desconsiderar a 
pessoa física do sócio e determinar a busca de patrimônio nessa outra pessoa jurídica. 
Se a desconsideração for requerida na petição inicial, não haverá incidente 
e a questão será resolvida no transcurso do próprio processo. Não sendo o caso, o 
incidente será instaurado e será comunicado ao distribuidor de imediato. Em seguida, 
o processo fica suspenso, mas admitindo tutela de urgência. Nesse ponto, é 
José Mateus dos Santos Tenório - 07110404439
 
 
 
importante destacar que, se fosse pedido na petição inicial, não haveria incidente e 
não haveria, por consequência, suspensão de processo. 
No que se refere à recorribilidade, temos uma diferença com relação ao 
momento em que é deferida a desconsideração: 
(1) Decisão proferida na fase de conhecimento: trata-se de decisão 
interlocutória e, assim, não se admitirá recurso de imediato. 
Sobrará para a parte manifestar seu inconformismo por meio de 
protesto para rediscutir como preliminar de recurso futuramente; 
(2) Decisão proferida na fase de execução: ainda será decisão 
interlocutória, mas que admitirá agravo de petição, 
independentemente da garantia do juízo; 
(3) Decisão proferida pelo relator em grau recursal: será decisão 
monocrática e caberá agravo interno para o órgão colegiado. 
 
Leitura Complementar 
 
PIMENTA, Adriana Campos de Souza Freire; ZAMBONINI, Leonardo 
Evangelista de Souza. A reforma trabalhista e a desconsideração da 
personalidade jurídica. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3. 
Região. Belo Horizonte, p. 67-96, nov. 2017. Disponível em: 
http://as1.trt3.jus.br/bd-trt3/handle/11103/35727. Acessoem 7 fev. 
2023. 
 
Legislação 
 
CLT 
Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações 
trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, somente 
em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, 
observada a seguinte ordem de preferência: 
I - a empresa devedora; 
II - os sócios atuais; e 
III - os sócios retirantes. 
Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os demais 
quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente da modificação do 
contrato. 
[...] 
José Mateus dos Santos Tenório - 07110404439
 
 
 
Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores 
prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive 
as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, 
são de responsabilidade do sucessor. 
Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a 
sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência. 
[...] 
Art. 455 - Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelas 
obrigações derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos 
empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro principal pelo 
inadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro. 
Parágrafo único - Ao empreiteiro principal fica ressalvada, nos termos da lei 
civil, ação regressiva contra o subempreiteiro e a retenção de importâncias a este 
devidas, para a garantia das obrigações previstas neste artigo. 
[...] 
Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsideração 
da personalidade jurídica previsto nos arts. 133 a 137 da Lei no 13.105, de 16 de 
março de 2015 - Código de Processo Civil. 
§ 1o Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente: 
I - na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na forma do § 1o do 
art. 893 desta Consolidação; 
II - na fase de execução, cabe agravo de petição, independentemente de 
garantia do juízo; 
III - cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado 
originariamente no tribunal. 
§ 2o A instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo de 
concessão da tutela de urgência de natureza cautelar de que trata o art. 301 da Lei 
no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). 
 
Lei nº 6.019/1974 
José Mateus dos Santos Tenório - 07110404439
 
 
 
Art. 5o-A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato com 
empresa de prestação de serviços relacionados a quaisquer de suas atividades, 
inclusive sua atividade principal. 
[...] 
§ 5o A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações 
trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços, e o 
recolhimento das contribuições previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei 
no 8.212, de 24 de julho de 1991. 
 
Lei nº 8.666/1993 
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, 
previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato. 
§ 1o A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, 
fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu 
pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o 
uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis. 
 
CPC 
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será 
instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no 
processo. 
§ 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os 
pressupostos previstos em lei. 
§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração 
inversa da personalidade jurídica. 
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do 
processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em 
título executivo extrajudicial. 
§ 1º A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao 
distribuidor para as anotações devidas. 
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§ 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da 
personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o 
sócio ou a pessoa jurídica. 
§ 3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do 
§ 2º. 
§ 4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos 
legais específicos para desconsideração da personalidade jurídica. 
Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para 
manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. 
Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por 
decisão interlocutória. 
Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno. 
Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração 
de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente. 
[...] 
Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro 
sejam executados os bens do devedor situados na mesma comarca, livres e 
desembargados, indicando-os pormenorizadamente à penhora. 
[...] 
§ 2º O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos do 
mesmo processo. 
 
CDC 
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade 
quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, 
infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A 
desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de 
insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má 
administração. 
[...] 
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§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua 
personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos 
causados aos consumidores. 
 
CC 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo 
desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da 
parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-
la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam 
estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica 
beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. 
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização 
da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos 
de qualquer natureza. 
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato 
entre os patrimônios, caracterizada por: 
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do 
administrador ou vice-versa; 
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, 
exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e 
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. 
 
Jurisprudência 
 
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. Subsidiária. Contrato com a 
administração pública. Inadimplência negocial do outro contraente. Transferência 
consequente e automática dos seus encargos trabalhistas, fiscais e comerciais, 
resultantes da execução do contrato, à administração. Impossibilidade jurídica. 
Consequência proibida pelo art., 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93. 
Constitucionalidade reconhecida dessa norma. Ação direta de constitucionalidade 
julgada, nesse sentido, procedente. Voto vencido. É constitucional a norma inscrita no 
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art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666, de 26 de junho de 1993, com a redação dada 
pela Lei nº 9.032, de 1995. (STF - ADC: 16 DF 0001014-43.2007.0.01.0000, Relator: 
CEZAR PELUSO, Data de Julgamento:24/11/2010, Tribunal Pleno, Data de 
Publicação: 09/09/2011) 
 
Tema de Repercussão Geral 246, STF 
Questão submetida a julgamento 
Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos artigos 5º, II; e 37, § 6º; 
e 97, da Constituição Federal, a constitucionalidade, ou não, do art. 71, § 1º, da Lei nº 
8.666/93, que veda a responsabilidade subsidiária da Administração Pública por 
encargos trabalhistas gerados pelo inadimplemento de empresa prestadora de 
serviço. 
Tese Firmada 
O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado 
não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo 
seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, 
da Lei nº 8.666/93. 
 
Súmula nº 331 do TST 
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE. 
[...] 
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, 
implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas 
obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do 
título executivo judicial. 
 
 
 
 
 
 
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Bibliografia 
 
JORGE NETO, Francisco Ferreira; CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa. 
Direito processual do trabalho. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019. 
 
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 20. ed. 
São Paulo: SaraivaJur, 2022. 
 
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