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Livro nutriçao materno-infantil uniasselvi

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Denise Lima

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Nutrição MaterNo-
iNfaNtil
Prof.ª Isabela Maria Sell
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Isabela Maria Sell
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
S467n
 Sell, Isabela Maria
 Nutrição materno-infantil. / Isabela Maria Sell. – Indaial: UNIASSEL-
VI, 2020.
 240 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-203-2
 ISBN Digital 978-65-5663-204-9
 1. Crianças - Nutrição. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 612.3
apreseNtação
Caro acadêmico, é com grande satisfação que convidamos você a 
iniciar os estudos relacionados à disciplina Nutrição Materno-infantil. Como 
o nome sugere, os estudos desta disciplina são direcionados a informar, 
explicar e questionar os aspectos relevantes que compreendem conteúdos 
sobre a nutrição desde a concepção até ao final da infância. É de suma 
importância que o aluno de nutrição conheça todos esses aspectos para que 
sua formação seja integral e após formado no Curso de Nutrição, possa 
aplicar seus conhecimentos de forma segura e responsável.
A ciência da nutrição vem sendo construída ao longo dos anos, de 
forma dinâmica e os conhecimentos acerca do tema passam por constantes 
reformulações, decorrentes do avanço nas pesquisas. Atualmente, as pessoas 
têm acesso a muitas informações, através dos inúmeros meios de comunicação. 
Tal realidade pode ser bem positiva, já que a informação se tornou muito 
democrática, porém é preciso que o acadêmico fique sempre atento às fontes 
dessas informações. Muitos conteúdos sobre nutrição que vinculam em sites 
e redes sociais não condizem com o que é considerado científico e validado 
para uma prática clínica esperada de um futuro profissional.
 
O público alvo da nutrição materno-infantil, gestantes e crianças 
principalmente, pertencem a grupos que estão em ciclos de vida onde uma 
nutrição adequada é fundamental para evitar desfechos inesperados. O 
futuro nutricionista deve ter sua bagagem de conhecimentos muito bem 
embasados em referenciais teóricos e práticos e também ter um bom preparo 
para lidar com as questões humanas de uma forma ampla em que todos os 
aspectos relacionados à saúde do indivíduo sejam levados em consideração.
Você, prezado acadêmico, deverá estar preparado para receber seus 
clientes de forma muito acolhedora e respeitar as especificidades de cada 
indivíduo, seu grupo social e cultural, suas condições econômicas, suas 
crenças e saberes. A partir disso, então deverá aplicar seus conhecimentos 
para prevenir e/ou melhorar a condição nutricional, seja da gestante, 
como do lactente, da criança no pré-escolar e escolar. Vale ressaltar que 
na abordagem em nutrição materno-infantil, além do sujeito que está em 
busca ou necessitando de uma intervenção nutricional, a família faz parte 
do contexto e de uma forma direta ou indireta está envolvida no processo. 
Esperamos que você esteja aberto, para esse momento de sua trajetória, 
para aproveitar todos os conteúdos apresentados nas Unidades 1, 2 e 3 deste 
livro didático, bem como estender sua busca em materiais sugeridos ao longo 
das unidades. Na nutrição é preciso buscar por conhecimento sempre. Um 
profissional nutricionista deverá estar sempre bem informado e atualizado. 
Isabela Maria Sell
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
suMário
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ ............1
TÓPICO 1 — ASPECTOS FISIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS DA GESTAÇÃO .................. 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 MUDANÇAS FISIOLÓGICAS NA GESTAÇÃO.......................................................................... 4
3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA GESTANTE ......................................................................... 11
4 GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO ........................................................................... 19
5 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DA GESTANTE ................................................................ 23
6 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA GESTANTES .................................................. 28
7 CONSUMO DE ÁLCOOL E TABAGISMO NA GESTAÇÃO .................................................. 29
8 ABORDAGEM NUTRICIONAL EM SITUAÇÕES COMUNS NA GESTAÇÃO ................ 31
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 33
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 34
TÓPICO 2 — LACTAÇÃO .................................................................................................................. 35
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 35
2 FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO ....................................................................................................... 36
3 COMPOSIÇÃO DO LEITE MATERNO (LM) .............................................................................. 38
4 MANEJO NO PROCESSO DE ALEITAMENTO MATERNO ................................................. 41
5 COMPLICAÇÕES COMUNS NO PROCESSODE LACTAÇÃO
 E ALEITAMENTO MATERNO ....................................................................................................... 47
6 BANCO DE LEITE ............................................................................................................................. 53
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 58
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 62
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 63
TÓPICO 3 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA NUTRIZ ...................................................... 65 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 65
2 NECESSIDADES ENERGÉTICAS DA NUTRIZ ........................................................................ 66
3 NECESSIDADES DE MACRO E MICRONUTRIENTES DA NUTRIZ ................................. 68
4 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA DA NUTRIZ ................................................... 69
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 72
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 73
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA ................. 75
TÓPICO 1 — LACTENTE ................................................................................................................... 77 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 77
2 CLASSIFICAÇÃO DO RECÉM-NASCIDO DE ACORDO COM SUA
 IDADE GESTACIONAL E PESO AO NASCER .......................................................................... 78
3 ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO SISTEMA GASTROINTESTINAL DO LACTENTE .... 79
4 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DO LACTENTE ................................................................ 82
5 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO LACTENTE ......................................................................... 85
6 A INFLUÊNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO PARA O LACTENTE
 E O DESMAME .................................................................................................................................. 96
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 106
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 107
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS ....................................................... 109
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 109
2 NECESSIDADES NUTRICIONIAS APÓS AOS 6 MESES DE IDADE................................ 110
2.1 REQUERIMENTO DE MACRONUTRIENTES ...................................................................... 110
2.2 REQUERIMENTO DE MICRONUTRIENTES ....................................................................... 111
3 ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR ......................................................................................... 112
3.1 ESQUEMA ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR ................................... 116
4 TÉCNICA DE INTRODUÇÃO ALIMENTAR BLW .................................................................. 126
5 DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA MENORES
 DE DOIS ANOS – MINISTÉRIO DA SAÚDE .......................................................................... 127
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 129
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 130
TÓPICO 3 — SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA ..................................... 131
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 131
2 ALIMENTOS ENRIQUECIDOS OU FORTIFICADOS ........................................................... 132
3 SUPLEMENTOS VITAMÍNICOS E MINERAIS ...................................................................... 133
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 143
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 149
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 150
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE .............. 151
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR ........................................................................... 153
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 153
2 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO PRÉ-ESCOLAR ................................................................ 154
2.1 VELOCIDADE DE CRESCIMENTO ....................................................................................... 166
2.1.1 Avaliação da altura em situações especiais .................................................................... 170
3 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DO PRÉ-ESCOLAR, DO
 ESCOLAR E DO ADOLESCENTE ............................................................................................... 175
4 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O PRÉ-ESCOLAR ........................................ 179
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 185
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 186
TÓPICO 2 — NUTRIÇÃO DO ESCOLAR E DO ADOLESCENTE ......................................... 189
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 189
2 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO ESCOLAR E DA ADOLESCÊNCIA ............................ 190
3 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O ESCOLAR ................................................. 194
4 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA ADOLESCENTES ........................................ 196
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 198
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 199
TÓPICO 3 — SITUAÇÕES COMUNS NA INFÂNCIA .............................................................. 201
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 201
2 FORMAÇÃO DOS HÁBITOS ALIMENTARES ........................................................................ 202
2.1 ALIMENTAÇÃO ......................................................................................................................... 202
2.2 NUTRIÇÃO ................................................................................................................................. 202
2.3 INAPETÊNCIA ........................................................................................................................... 206
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 209
RESUMODO TÓPICO 3................................................................................................................... 212
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 213
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 215
1
UNIDADE 1 — 
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• descrever as alterações fisiológicas do organismo materno que ocorrem 
na gestação;
• citar e aplicar os métodos de avaliação do estado nutricional da gestante;
• definir o ganho de peso adequado da mulher no período gestacional e 
as necessidades nutricionais da gestante;
• relacionar os impactos para o bebê do consumo de álcool e do tabagis-
mo durante a gestação;
• identificar as situações comuns na gestação que podem influenciar na 
alimentação e nutrição da gestante;
• descrever os mecanismos fisiológicos da lactação e citar os componentes 
do leite materno;
• apresentar maneiras, técnicas e orientações para resolver ou minimizar 
as complicações no processo de lactação e aleitamento materno;
• conhecer a história, a missão, público alvo, funcionamento e importân-
cias dos bancos de leite;
• compreender as mudanças físicas e psicológicas do puerpério;
• aplicar os métodos de avaliação nutricional para lactantes;
• identificar as necessidades de macro e micronutrientes de nutrizes.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – ASPECTOS FISIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS DA GESTAÇÃO
TÓPICO 2 – LACTAÇÃO
TÓPICO 3 – RECOMNEDAÇÕES NUTRICIONAIS DA NUTRIZ
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Iniciaremos os estudos da disciplina de Nutrição 
Materno-infantil com o evento da gestação e todos os processos envolvidos nesta 
fase. A gestação é um momento da vida da mulher de muita vulnerabilidade 
nutricional. A saúde, tanto materna como do recém-nascido (RN), reflete de 
forma significativa na saúde futura dos cidadãos de uma nação. 
O intenso anabolismo que ocorre nesta fase vem acompanhado de aumento 
das demandas nutricionais que geram necessidade de uma atenção especial para 
evitar intercorrências relacionadas a má alimentação e nutrição.
Vários aspectos estão relacionados com um estilo de vida saudável 
para população em geral e especialmente para a gestante. A American Dietetic 
Association (ADA) alerta para a importância do ganho de peso adequado 
nesta fase, o consumo variado de alimentos incluindo todos os grupos para 
garantir a ingestão de macros e micronutrientes, a suplementação adequada de 
micronutrientes, e a abstinência do consumo de álcool, tabaco e outras substâncias 
tóxicas. 
A condição nutricional antes da gestação é um fator importante na 
conjuntura que envolve a saúde da mulher, do feto e do desdobramento do processo 
gestacional, do parto e pós-parto. A gestação sofre influências, principalmente, 
no primeiro trimestre, das condições nutricionais do período preconcepção. As 
orientações nutricionais devem acontecer preferencialmente já neste período, 
mudanças alimentares e no estilo de vida durante esta fase diminuem riscos de 
agravos gestacionais. 
O nutricionista é um dos profissionais de saúde que atuam na área 
materno-infantil e entre suas atribuições clínicas incluem orientações nutricionais 
e alimentares para as gestantes. A formação acadêmica deve incluir o estudo de 
todas os aspectos envolvidos neste evento que traz muitas mudanças na vida da 
mulher. Começaremos com os aspectos fisiológicos da gestação. 
O entendimento das alterações que o organismo da mulher sofre após 
a concepção permite a compreensão acerca das demandas nutricionais desta 
fase. Tais conhecimentos refletirão na sua atuação profissional dando-lhe mais 
segurança para aplicar suas condutas e orientações para gestantes.
ASPECTOS FISIOLÓGICOS E 
NUTRICIONAIS DA GESTAÇÃO
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
4
2 MUDANÇAS FISIOLÓGICAS NA GESTAÇÃO
A gestação é um período da vida da mulher que tem início na concepção e 
se estende por um período de cerca de 40 semanas sendo finalizado com o parto. 
O corpo materno passa por inúmeras alterações fisiológicas durante a gestação 
e essas desaparecem com o nascimento do bebê. São mudanças inevitáveis, 
porém temporárias, inerentes ao período, que podem ter graus variáveis de 
manifestações.
 As alterações anatômicas, bioquímicas e fisiológicas desta fase 
são importantes para manter um ambiente equilibrado e saudável para o 
desenvolvimento do feto e não alterar a saúde da mãe. Também estão relacionadas 
ao preparo do organismo da gestante para o trabalho de parto e para a lactação. 
Essas mudanças afetam basicamente todos os sistemas corporais, pois 
em decorrência de uma carga fisiológica aumentada, os ajustes funcionais têm 
início já na primeira semana gestacional perdurando até o final. Após ao parto, 
com a expulsão do feto e da placenta o organismo materno vai gradativamente 
voltando ao estado pré gestacional. Esse processo de reversão estará completo em 
aproximadamente seis semanas. As mamas são exceções, pois secretam leite por 
alguns meses enquanto a mãe estiver amamentando seu filho. 
Todas as mudanças corporais que ocorrem no organismo materno durante 
a gestação, somada à formação de um novo organismo favorece o entendimento 
acerca das demandas nutricionais inerentes a este período. Vamos descrever 
as alterações iniciando com a participação dos hormônios que possuem papel 
fundamental no desenvolvimento da gestação, no parto e no período da lactação. 
A gonadotropina coriônica humana, conhecida pela sigla HCG, é 
produzida pelas células do trofoblasto, e detectada no plasma a partir do oitavo 
dia após a fecundação e na urina no décimo quinto dia. A principal função deste 
hormônio é manter o corpo lúteo e com isso a secreção de estrogênio e progesterona 
que posteriormente serão secretados pela placenta (GUERTZENSTEIN, 2007).
Vamos relembrar o que são trofoblatos? O trofoblatos são compostos por um 
conjunto de células heterogênicas derivadas da trofoectoderme, a camada externa do 
blastocisto. Contribui para a formação da placenta. Por isso a placenta é considerada um 
órgão fetal.
NOTA
TÓPICO 1 — ASPECTOS FISIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS DA GESTAÇÃO
5
A progesterona e o estrogênio são produzidos pelo corpo lúteo presente no 
ovário nas primeiras oito semanas. Posteriormente, a placenta é responsável pela 
secreção destes hormônios que chega aos níveis máximos próximos ao momento 
do parto. A produção hormonal da placenta favorece a queda na produção do 
HCG (GUERTZENSTEIN, 2007).
As ações da progesterona na gestação incluem um intenso efeito inibidor 
nas células musculares do útero, mantendo-as relaxadas e com isso evitando 
a expulsão do feto antes do momento ideal para o parto. Esse efeito também 
ocorre nas células musculares do intestino favorecendo a melhora na absorção 
de nutrientes, porém reduz a velocidade do trânsito intestinal acarretando a 
constipação comum na gestação. Também atua no desenvolvimento das mamas 
e no armazenamento de gordura. Favorece o aumento na excreção de sódio 
(VITOLO, 2008).
 
O estrogênio provoca um efeito na musculatura uterina aumentando 
muito a proliferação de suas células e o aumento na elasticidade na parede do 
útero e do canal cervical. Também influencia no desenvolvimento das mamas 
para o processo de lactação. Juntamente à progesterona interfere no metabolismo 
do ácido fólico (GUERTZENSTEIN, 2007).
O hormônio lactogênio placentáriotem estrutura semelhante ao da 
prolactina e do hormônio do crescimento. Favorece o depósito de proteínas 
nos tecidos. Um efeito importante na gestação é a glicogenólise que interfere na 
concentração de glicose sanguínea, antagonizando os efeitos da insulina. E como 
o nome sugere atua no início da lactogênese nas mamas. 
A insulina, hormônio produzido pelas células beta do pâncreas, tem 
sua eficiência alterada durante a gestação, que é considerado um mecanismo 
fisiológico. No início da gestação a insulina provoca uma resposta glicêmica 
normal. Com a evolução da gestação, a quantidade de insulina necessária para o 
metabolismo da glicose torna-se maior. O que caracteriza uma menor sensibilidade 
à insulina que desencadeia um “estado hiperinsulinêmico”. São necessárias 
quantidades maiores de insulina para transportar a mesma quantidade de 
glicose. Pelo menos uma parte deste efeito é provavelmente causado pela ação dos 
hormônios progesterona, cortisol, hormônio lactogênio placentário e prolactina. 
São chamados de antagonistas da insulina (VITOLO, 2015).
Quando o organismo da futura mamãe não se adapta a essa demanda 
aumentada de insulina (não ocorre o aumento da secreção pelo pâncreas) pode ocorrer 
diabetes gestacional.
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
6
A tiroxina, hormônio produzido pela glândula tireoide, atua em vários 
sistemas corporais e regula as reações implicadas na produção de energia. As 
necessidades corporais deste hormônio estão aumentadas já nas primeiras 
semanas após a concepção. 
O HCG estimula a tireoide materna no primeiro trimestre, através de 
uma ação similar ao do TSH (hormônio tireoestimulante produzido pela hipófise 
anterior). O pico de elevação ocorre lá pela 12ª a 14ª semana gestacional, porém 
não se mantém aumentado devido à diminuição na secreção de HCG (MACIEL; 
MAGALHÃES, 2008). O estrogênio e a progesterona também interferem na 
secreção tireoidiana. É importante destacar que a tiroxina é transferida da mãe 
para o feto através da placenta.
Um dos órgãos protagonistas na gestação é o útero. É um dos órgãos 
maternos que sofre as maiores mudanças. Ele passa de um órgão pequeno, que 
pesa aproximadamente 60 gramas antes da gestação, para um tamanho cinco a 
seis vezes maior no final com peso de 1.000 gramas. Lembrando que de órgão 
oco, passará a abrigar um feto, a placenta e 500 a 1000 ml de líquido amniótico 
(ZIEGEL; CRANLEY, 2008).
 
O miométrio, camada de músculo liso encontrado na parede uterina, 
fica aumentado e com isso favorece a expulsão do bebê durante o trabalho de 
parto. Esse aumento ocorre através da hipertrofia (aumento no tamanho da célula 
muscular) e também a hiperplasia (aumento no número de células) das células 
musculares lisas. As células musculares do útero podem aumentar de tamanho 
17 a 40 vezes. O aumento da musculatura uterina também é acompanhado 
pelo aumento do tecido conjuntivo, vascularização e inervação. Todas essas 
mudanças são ocasionadas pela ação dos hormônios progesterona, estrogênio e 
somatomamotropina coriônica (ZIEGEL; CRANLEY, 2008). 
A partir da metade da gestação o aumento do útero se dá também por 
ação mecânica exercida pelo feto na parede de útero que sofre distensão e vai 
afinando. A espessura do útero no final chega a 5 mm, o que facilita a palpação 
do feto (ZIEGEL; CRANLEY, 2008).
A formação da placenta faz parte das alterações inerentes à gestação. 
Trata-se de um anexo fetal que possui uma porção fetal e uma porção materna. É 
um órgão temporário que tem funções essenciais no processo gestacional como 
nutrição, respiração, excreção produção de hormônios e proteção. Se o desempenho 
da placenta estiver comprometido provavelmente o desenvolvimento do feto será 
afetado (GUERTZENSTEIN, 2007).
A placenta começa a ser formada, primeiramente pela decídua, após a 
implantação do ovo no endométrio que passa por modificações (GUERTZENSTEIN, 
2007). Tem formato oval e aspecto esponjoso (VITOLO, 2008). É intensamente 
vascularizada. Seu peso final é de 600 a 650 gramas. Possui uma porção fetal 
e uma porção materna. Os sangues fetais e maternos são separados por uma 
TÓPICO 1 — ASPECTOS FISIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS DA GESTAÇÃO
7
membrana placentária, chamada de barreia placentária, que evita que os sangues 
se misturem (GUERTZENSTEIN, 2007).
 
A placenta constitui o local de transporte que favorece as trocas de 
substâncias entre mãe e feto. Para que o feto recebe o aporte adequado de nutrientes 
é fundamental que o organismo materno esteja tendo acesso aos nutrientes, possa 
digerir, absorver, metabolizar utilizar e transportas os nutrientes para que a 
placenta os disponibilize (GUERTZENSTEIN, 2007).
 
Do ponto de vista funcional a barreira placentária é similar da mucosa 
intestinal, utiliza vários tipos de transportes como difusão simples e facilitada, 
transporte ativo, ultrafiltração e pinocitose para efetuar as trocas de gases, 
resíduos metabólicos e nutrientes entre mãe e feto. 
O feto recebe através da placenta aminoácidos para sintetizar suas 
próprias proteínas. As proteínas que são moléculas de alto peso molecular não 
atravessam a placenta. Uma exceção é a imunoglobulina G (IgG) que através de 
pinocitose chega ao feto vinda da mãe e lhe confere proteção imunológica.
 
Além de transportar nutrientes a própria placenta é capaz de sintetizar 
alguns nutrientes como glicogênio, ácidos graxos e colesterol que servem de 
substrato energético para o feto. 
Algumas alterações da placenta podem que podem estar associadas com 
intercorrências fetais incluem as lesões vasculares, vilosite crônica, aumento de 
fibrina no espaço interviloso e descolamento abrupto de placenta. Uma avaliação 
e acompanhamento médico é fundamental para identificar problemas no 
crescimento e desenvolvimento fetal (CÔRREA et al., 2006).
E então, acadêmico? O que achou da maestria na organização hormonal 
da gestação? Percebeu que a progesterona e o estrogênio são fundamentais 
no preparo do útero e para a amamentação? Agora vamos explorar os demais 
sistemas e as adaptações durante a gestação.
O sistema cardiovascular sofre alterações características e graduais 
durante a gestação e o parto. Uma delas é o aumento do volume plasmático de 
A placenta representa um órgão imprescindível para um efetivo e bom 
resultado do processo gestacional. É altamente metabólico e além de produzir várias 
enzimas, secreta hormônios que são responsáveis pela manutenção da gestação e também 
atuam nas mamas preparando-as para lactação.
NOTA
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
8
até 50% em relação ao período pré gestacional caracterizando uma hipervolemia. 
Esse mecanismo favorece a perfusão adequada para o útero hipervascularizado 
e um suprimento reserva para minimizar as possíveis perdas na hora do parto. 
O aumento do volume sanguíneo não é acompanhado proporcionalmente 
pelo aumento no número de hemácias, o que leva a uma hemodiluição. A 
quantidade de hemácias e hemoglobina aumenta cerca de 20%. O resultado é 
de uma redução do hematócrito de 15% e de hemoglobina de 20% com valores 
do volume corpuscular médio (VCM) e da concentração média de hemoglobina 
inalterados (VITOLO, 2008). Ocorre também uma redução na concentração das 
proteínas plasmáticas principalmente a albumina resultante da hemodiluição. 
O edema comum nas gestantes pode ser explicado em partes por essa redução 
proteica (GUERTZENSTEIN, 2007).
Tanto o débito como a frequência cardíaca também aumentam 
gradativamente durante a gestação (PICON; SÁ, 2005). O débito cardíaco tem um 
aumento de cerca de 40% em resposta ao aumento das necessidades de oxigênio. 
O coração fica aproximadamente 12% maior, aumento relacionado à expansão 
no volume sanguíneo (TURNER, 2009). Os batimentos cardíacos estão cerca de 
10 batimentos por minutos acima da frequência cardíaca do período anterior à 
gestação. No final do período volta ao normal (GUERTZENSTEIN, 2007). 
A funçãorespiratória se adapta ao período gestacional. O aumento no 
volume uterino acarreta elevação do diafragma e o ônus pulmonar reduz pela 
ação da progesterona. A respiração da gestante fica mais profunda e mais rápida 
o que resulta em diminuição da pressão parcial de gás carbônico e aumento 
da pressão parcial de oxigênio. Consequentemente, ocorre maior ventilação 
pulmonar e otimização nas trocas gasosas garantido suprimento de oxigênio para 
o feto e os anexos (GUERTZENSTEIN, 2007).
 
Os rins sofrem alterações anatômicas durante a gestação. O cumprimento 
aumenta discretamente, os ureteres alongam-se ficam mais largos e mais 
encurvados. A gestante tem um aumento na frequência de micção já no início da 
gestação decorrente tanto da ação hormonal como pelas adaptações anatômicas. 
O útero que aumenta de tamanho repousa sobre a bexiga e pressiona este órgão 
(TURNER, 2009). 
O fluxo sanguíneo renal eleva-se entre 25 a 50% e a taxa de filtração 
glomerular aumenta aproximadamente 50%. O aumento da taxa de filtração 
glomerular favorece a glicosúria fisiológica comum na gestação devido às taxas 
de reabsorção tubular da glicose não acompanharem essa mudança. Também 
ocorre perda de folato, iodo e aminoácidos pela urina, provavelmente pelo 
mesmos motivos (TURNER, 2009). 
A progesterona provoca um efeito natriurético com excreção aumentada 
de sódio pela urina, porém o aumento na secreção de renina, angiotensina 
e aldosterona desencadeia maior reabsorção tubular de sódio. O resultado 
TÓPICO 1 — ASPECTOS FISIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS DA GESTAÇÃO
9
final é a manutenção de níveis seguros de sódio no organismo materno 
(GUERTZENSTEIN, 2007). 
O trato gastrintestinal também sofre alterações durante a gestação que 
favorecem o melhor aproveitamento de nutrientes para garantir as demandas 
aumentadas neste período. As alterações ocorrem em toda a extensão deste 
sistema. Na boca, as gengivas apresentam hiperemia, tumefação e edema. Estudos 
demonstram maior suscetibilidade de gestantes à presença de caries e de doenças 
periodontais (GUERTZENSTEIN, 2007). 
 
 Alguns sintomas são comuns principalmente no início da gestação como 
náuseas, vômitos e constipação (SAFFIOTI et al., 2011). Náuseas e vômitos são 
mais frequentes pela manhã e podem levar à redução na ingestão de alimentos. 
O aumento de apetite, o apetite específico por algum alimento, comumente 
chamado de “desejo” e ou a aversão por outros também são relatados por várias 
gestantes (GUERTZENSTEIN, 2007). Tais situações podem refletir na qualidade 
da alimentação da futura mamãe. 
As funções olfativas e gustativas mostram-se alteradas na gestação que 
provavelmente estão relacionadas com as alterações hormonais. É comum a 
gestante demonstrar uma redução na sensibilidade ao sal e consequentemente 
aumentar a sua ingestão. O aumento na função olfativa tem sido apontado como 
uma das causas das náuseas e vômitos das gestantes (VITOLO, 2015).
Como já mencionado, a progesterona reduz a motilidade do trato 
gastrintestinal por ação na musculatura lisa. Esse hormônio também reduz 
a secreção de motilina, hormônio que estimula os movimentos musculares 
intestinais. Essa ação da progesterona favorece a diminuição no tempo de 
esvaziamento gástrico e consequente maior tempo de contato dos nutrientes com 
a mucosa abortiva. Por outro lado, a diminuição do tônus muscular somada com 
a maior absorção de água pelo cólon é relacionada com a presença de constipação 
na gestação e também o desenvolvimento de hemorroidas (TURNER, 2009; 
GUERTZENSTEIN, 2007; VITOLO, 2015).
 A progesterona influencia na diminuição no tônus do esfíncter 
gastroesofágico inferior o que favorece o retorno do bolo alimentar. O aumento 
do útero pela presença do feto acarreta a elevação do diafragma, estomago e 
esôfago. Essas alterações explicam a presença de pirose, refluxo gastresofágico e 
hérnia de hiato em algumas gestantes (TURNER, 2009; GUERTZENSTEIN, 2007; 
VITOLO, 2015). 
A vesícula biliar também apresenta hipotonia e libera volumes menores de 
bile. Tal mecanismo induz certa intolerância à ingestão de gorduras na gestação 
(GUERTZENSTEIN, 2007). 
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
10
Sobre o metabolismo basal ocorre um aumento que no final da gestação é 
de 15 a 20% acima das taxas do período preconcepção. As causas desse aumento 
incluem o aumento de peso, o consumo maior de oxigênio e maior produção de 
hormônios (VITOLO, 2015). 
O ganho de peso corporal ocorre sempre na gestação, decorrente tanto pela 
presença e crescimento do feto, anexos embrionários, e aumento na gordura corporal. 
Pode variar de 7 a 18 kg, podendo estar fora deste intervalo em situações adversas. 
As mamas sofrem um rápido aumento do tamanho e do peso. O aumento 
médio é de 700g para cada mama. Esse aumento é ocasionado pela ação hormonal 
do estrogênio e progesterona. Observa-se um desenvolvimento dos ácinos e o 
número dos ductos lactíferos estão aumentados e também o calibre dos ductos. 
No final da gestação a presença do colostro distende os alvéolos e ductos lactíferos 
(GUERTZENSTEIN, 2007; HALL, 2016).
Na região da aréola as veias ficam mais aparentes decorrente do incremento 
do volume sanguíneo. A coloração fica mais intensa, com aparência escurecida e 
aumenta o diâmetro das glândulas de Montgomery, que pode ser observada na 
Figura 1, produzem substância lubrificante (GUERTZENSTEIN, 2007).
A pele também sofre alterações na gestação. A perfusão sanguínea elevada 
para esta região faz parte de adaptações fisiológicas que favorecem a excreção de 
metabólitos (GUERTZENSTEIN, 2007). 
 
Além das várias alterações e adaptações fisiológicas da gestação acima 
estudadas, a mudança da postura corporal motivada pela alteração do centro 
de gravidade também é bem características deste período (GUERTZENSTEIN, 
2007). De acordo com a literatura, tal adaptação é decorrente do aumento do 
volume uterino e também a ação do hormônio relaxina. A ação da relaxina é a de 
provocar a frouxidão ligamentar e consequentemente, promover a flexibilidade 
da sínfise púbica e a articulação sacroilíaca o que facilita a passagem do feto no 
parto (MOREIRA et al., 2011). 
FIGURA 1 – ARÉOLA COM GLÂNDULAS DE MONTGOMERY
FONTE: <https://bit.ly/3lUjc0y>. Acesso em: 15 jan. 2020.
11
Agora que você, acadêmico, já adquiriu conhecimentos sobre as principais 
alterações fisiológicas que ocorrem na gestação, vamos focar nosso estudo na 
avaliação nutricional nesta fase.
3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA GESTANTE
A avaliação nutricional da gestante tem como objetivo identificar desvios 
ponderais iniciais e ganho de peso abaixo ou acima do recomendado e desta 
forma possibilitar a definição de condutas adequadas em cada caso e com isso, 
reduzir os riscos e resultados desfavoráveis durante a gestação e no parto, tanto 
para a mãe como para o bebê.
 
Para a realização de uma adequada avaliação nutricional da gestante 
é necessário realizar uma anamnese nutricional bem completa que deverá 
incluir a avaliação antropométrica, bioquímica, clínica e alimentar. A partir 
destas informações é possível identificar o diagnóstico nutricional que deverá 
ser o resultado de uma análise de todos esses aspectos e uma interpretação do 
profissional nutricionista baseado nas diretrizes recomendadas pelos órgãos 
competentes (VITOLO, 2008). 
Antes da apresentação do conteúdo sobre as técnicas de avaliação 
nutricional, é importante que você se familiarize sobre as particularidades em 
relação aos períodos gestacionais. 
Como já foi exposto, a gestação é um período de aproximadamente 40 
semanas, podendo variar entre 38 a 42 semanas. Neste caso, é chamada de “a 
termo”. Quando a gestação dura menos de 37 semanas completas é considerada 
uma gestação pré-termo e o RN é chamado de recém-nascido pré-termo (RNPT). 
Uma gestação com duração acima de 42 semanas é considerada pós-termo e o 
RN é chamado de recém-nascido pós-termo. Cada extremo da idade gestacional 
poderá aumentar o riscode desenvolver alguns problemas.
As 40 semanas de gestação são divididas em três trimestres. Cada 
trimestre possui características peculiares relacionadas ao desenvolvimento do 
bebê e também das transformações do corpo da mãe. Até a 8ª semana de gestação 
o futuro bebê é um embrião. Após será chamado de feto. 
A idade gestacional (IG) é expressa em semanas e não em meses. Isso se 
dá porque os meses variam em quantidade de dias, podendo ter 30, 31, 28 e até 29 
dias como é o caso de fevereiro. Já as semanas não variam, possibilitando cálculos 
mais precisos.
Para calcular a idade gestacional existem alguns métodos. O Ministério da 
Saúde (MS) recomenda identificar a data do primeiro dia da última menstruação 
(DUM) para o cálculo da data provável do parto (DPP).
12
 Vamos aprender como calcular a idade gestacional? Primeiro vamos 
identificar com a gestante o primeiro dia da última menstruação – DUM. Em 
seguida, verifica-se a quantidade de dias entre a DUM e o dia que se está fazendo 
o cálculo. O valor deve ser dividido por 7. O resultado é o número de semanas 
gestacionais. Se houver “resto” da divisão é a quantidade de dias passados na 
última semana (que ainda não completou 7 dias total que formam uma semana). 
Observe o exemplo no Quadro 1. Atenção para o fato que a concepção se dá 
próxima ao 14º dia após o primeiro dia da menstruação (dia da ovulação para 
ciclos regulares). Desta forma, o resultado deste método na verdade é de semanas 
da última menstruação (NEGRINI, 2018).
 
QUADRO 1 – EXEMPLO DE CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL EM SEMANAS
A avaliação antropométrica merece uma atenção especial, pois para 
gestantes alguns dados anteriores ao período são utilizados. O peso pré-
gestacional, a nutrição e o ganho de peso materno influenciam na repercussão 
final da gestação. Já é bem estabelecida a relação entre o peso e a saúde do recém-
nascido e o estado nutricional materno, inclusive influenciando nos processos de 
crescimento e desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida (BARROS; 
SAUNDERS; LEAL, 2008). 
Estudos apontam que o ganho de peso materno insuficiente durante a 
gestação aumenta o risco de nascimento pré-termo e o crescimento intrauterino 
restrito caracterizado pelo baixo peso do RN ao nascer (BARROS; SAUNDERS; 
LEAL, 2008).
FONTE: Negrini (2018, s.p.)
Gestante com DUM, no dia 4 de março. 
20 de abril, dia da primeira consulta pré-natal e momento do cálculo da IG.
• Do dia 4 de março até dia 21 de abril somam 49 dias
• Divide-se 49 por 7 → 49 ÷ 7 = 7
• A gestante está com 7 semanas de IG. 
Atualmente, existem calendários especiais para verificar a ID e da DPP.
DICAS
13
Identificar inadequações do estado nutricional quanto mais precoce 
possível, possibilita a instalação de conduta adequada e com isso aumenta as 
chances de melhorar as condições de nascimento do bebê e também reduz o risco 
de mortalidade perinatal e ou neonatal (BARROS; SAUNDERS; LEAL, 2008; 
VITOLO, 2015).
 A avaliação antropométrica é considerada um dos meios mais acessíveis, 
rápido e não invasivo utilizado para avaliar o estado nutricional da gestante. As 
medidas mais comumente utilizadas na avaliação antropométrica é a altura, o 
peso pré-gestacional e ganho de peso. 
 
De acordo com estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do 
Instituto de Medicina dos Estados Unidos (IOM) as medidas de circunferência 
braquial e dobra tricipital também são citadas em estudos populacionais. Altura 
uterina e a circunferência da panturrilha são considerados bons indicadores do 
estado nutricional (VITOLO, 2008). 
A estatura deve ser aferida no início da gestação de preferência na primeira 
consulta após a concepção e no máximo até a 20ª semana gestacional, devido 
à alteração postural que leva a uma lordose fisiológica. A estatura de gestantes 
adolescente deve ser aferida a cada consulta ou a cada trimestre. O peso corporal 
da gestante deve ser anotado no prontuário e especificado como: 
• Peso atual que é o valor aferido a cada consulta, útil para acompanhar o ganho 
de peso.
• O peso habitual que é relatado pela gestante na primeira consulta pré-natal.
• O peso pré-gestacional.
• Avaliação antropométrica.
O Ministério da saúde (MS) no Brasil adotou durante anos o nomograma 
e a curva de Rosso, que inclusive fizeram parte da caderneta da gestante antes dos 
anos 2000. Este método não é mais utilizado, foi substituído pela curva percentilar 
de ganho de peso. Mesmo assim é importante para a formação do nutricionista 
conhecer vários métodos. 
Atualmente, a obesidade é tão ou mais prevalente que a desnutrição nos 
países em desenvolvimento como o Brasil. O excesso de peso da gestante ou ganho 
excessivo de peso durante a gestação são considerados fatores de risco para complicações 
neste período, como doença hipertensiva específica da gestação, diabetes gestacional, 
macrossomia fetal, parto cirúrgico, retenção maior de peso materno no pós-parto 
(BARROS; SAUNDERS; LEAL, 2008).
ATENCAO
14
O nomograma e curva de Rosso utiliza a relação peso atual da gestante 
e a altura para encontrar a relação da porcentagem P/A por meio de uma linha 
diagonal (Figura 2). Em seguida, transporta-se o P/E encontrado para a curva e 
relaciona-o com a idade gestacional. O ponto de convergência na curva apontará 
o estado nutricional da gestante (Figura 3). Este método pode ser utilizado 
somente para mulheres com estatura mínima de 1,45 m e estatura máxima de 
1,74 m (VITOLO, 2008; GUERTZENSTEIN, 2007). 
FIGURA 2 – NOMOGRAMA DE ROSSO
FONTE: <https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/nutricao/avaliacao-do-es-
tado-nutricional-pre-gestacional-e-gestacional/11824>. Acesso em: 17 fev. 2020.
15
FONTE: <https://www.passeidireto.com/arquivo/2116918/avaliacao-gestante-curva-de-rosso>. 
Acesso em: 17 fev. 2020.
FIGURA 3 – CURVA DE ROSSO
16
A utilização do nomograma e a curva de Rosso foi muito criticado, pois 
o método utiliza a relação peso atual com a altura, sendo considerado menos 
fidedigno com o estado nutricional comparado com a curva do IMC. Como 
superestima a prevalência da desnutrição é muito útil para populações com alta 
incidência de desnutrição. É considerado por muitos autores como um método 
excelente para ser aplicado com a população da rede pública de saúde.
Atualmente, o MS recomenda a avaliação antropométrica da gestante 
através da análise do peso pré-gestacional, altura atual e acompanhamento do 
ganho de peso de acordo com a idade gestacional. O estado nutricional pré-
gestacional é um fator preditivo do crescimento fetal e possibilita determinar o 
ganho de peso adequado durante a gestação.
O cálculo do índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional deve ser 
realizado na primeira consulta do pré-natal, no primeiro trimestre de gestação, 
baseado no peso pré-gestacional anterior a 14ª semana gestacional. 
O guia de pré-natal e puerpério do Ministério da Saúde recomenda 
considerar o IMC pré-gestacional referido pela gestante ou calculá-lo com os 
dados coletados até a 13ª semana de gestação. Caso não conheçam tais dados, 
utilizar os dados coletados na primeira consulta de pré-natal, mesmo que aconteça 
após a 13ª semana gestacional. Lembrem-se de que para gestantes adolescentes é 
necessária a coleta da altura de três em três meses e recálculo do IMC (FERNADES 
et al., 2013). 
Como você já deve saber o IMC é o resultado da divisão do peso em kg 
pela a altura em metro ao quadrado. Após calcular o IMC da gestante é necessário 
identificar o estado nutricional de acordo com a Tabela 1.
TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ACORDO COM O IMC PRÉ-GESTA-
CIONAL
FONTE: Adaptado de Melo (2011)
IMC pré-gestacional (kg/alt² (m)) Classificação dom estado nutricional pré-gestacional
< 18,5 Baixo peso
18,5 a 24,9 Peso adequado
25,0 a 29,9 Sobrepeso
≥ 30,0 Obesidade
Quando o peso pré-gestacional não é conhecido, pode-se optar pela 
avaliação do estado nutricional da gestante fazendo uma associação entre o estado 
nutricional atuale a semana gestacional de acordo com a proposta de (ATALAH et 
al.,1997; HINKELMANN et al., 2015). Neste caso utilizam-se os dados da Tabela 2.
17
Semana 
gestacional
Baixo peso
(BP) IMC ≤
Adequado
IMC entre
Sobrepeso 
(S) entre
Obesidade
(O) ≥
6 19,9 20,0 – 24,9 25,0 – 30,0 30,1
8 20,1 20,2 – 25,0 25,1 – 30,1 30,2
10 20,2 20,3 – 25,2 25,3 – 30,2 30,3
11 20,3 20,4 – 25,3 25,4 - 30,3 30,4
12 20,4 20,5- 25,4 25,5 – 30,3 30,4
13 20,6 20,7 – 25,6 25,7 – 30,4 30,5
14 20,7 20,8 – 25,7 25,8 – 30,5 30,6
15 20,8 20,9 – 25,8 25,9 – 30,6 30,7
16 21,0 21,1 – 25,9 26,0 – 30,7 30,8
17 21,1 21,2- 26,0 26,1 – 30,8 30,9
18 21,2 21,2 – 26,1 26,2 – 30,9 31,0
19 21,4 21,5 – 26,2 26,3 – 30,9 31,0
20 21,5 21,6 – 26,3 26,4 – 31,0 31,1
21 21,7 21,8 – 26,4 26,5 – 31,1 31,2
22 21,8 21,9 – 26,6 26,7 – 31,2 31,3
23 22,10 22,1 – 26,8 26,9 – 31,3 31,4
24 22,2 22,3 – 26,9 27,0 – 31,5 31,6
25 22,4 22,5 – 27,0 27,1 – 31,6 31,7
26 22,6 22,7 – 27,2 27,3 – 31,7 31,8
27 22,7 22,8 – 27,3 27,4 – 31,8 31,9
28 22,9 23,0 – 27,5 27,6 – 31,9 32,0
29 23,1 23,2 – 27,6 27,7 – 32,0 32,1
30 23,3 23,4 – 27,8 27,9 – 32,1 32,2
31 23,4 23,5 – 27,9 28,0 – 32,2 32,3
32 23,6 23,7 – 28,0 28,1 – 32,3 32,4
33 23,8 23,9 – 28,1 28,2 – 32,4 32,5
34 23,9 24,0 – 28,3 28,4 – 32,5 32,6
35 24,1 24,2 – 28,4 28,5 – 32,6 32,7
36 24,2 24,3 – 28,5 28,6 – 32,7 32,8
37 24,4 24,5 – 28,7 28,8 – 32,8 32,9
38 24,5 24,6 – 28,8 28,9 – 32,9 33,0
39 24,7 24,8 – 28,9 29,0 – 33,0 33,1
40 25,0 25,1 – 29,2 29,3 – 33,2 33,3
42 25,0 25,1 – 29,2 29,3 – 33,2 33,3
FONTE: Adaptado de Fagundes at al. (2004)
TABELA 2 – CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE GESTANTES DE ACORDO COM O 
IMC POR IDADE GESTACIONAL
18
Fonte: <http://g1.globo.com/platb/files/2126/2012/03/TABELA_IMC_MENINAS1.jpg>. Acesso 
em: 13 fev. 2020.
Gestantes, que ainda estão na fase da adolescência, são fisiologicamente 
imaturas e a gestação é de risco. O risco aumenta quando a gestação acontece 
em menos de dois anos após a menarca (BELARMINO, 2009). Neste caso, para 
meninas com idade inferior a 19 anos, a avaliação antropométrica utiliza a 
análise do estado nutricional pré-gestacional com base no IMC pré-gestacional, 
analisando nas curvas de IMC por idade e sexo recomendada pelo OMS para 
adolescentes, conforme Figura 4.
FIGURA 4 – ESCORE Z DE IMC POR IDADE (MENINAS DE 5 A 19 ANOS)
A avaliação bioquímica faz parte de uma avaliação nutricional completa, 
além da antropometria, e avaliação dietética. Do ponto de vista nutricional, 
geralmente é investigado bioquimicamente a dosagem de hemoglobina. Os 
valores < 11 mg/dL e > 8 mg/Dl são sugestivos de anemia leve a moderada. Valores 
abaixo de 8 mg/dL indicam anemia grave (HINKELMANN et al., 2015).
A glicemia é outro exame bioquímico imprescindível no acompanhamento 
gestacional. É recomendada a solicitação da dosagem de glicose plasmática 
em jejum na primeira consulta. Após a vigésima semana gestacional também 
é solicitada e o teste de tolerância à glicose, realizados para rastreamento de 
diabetes gestacional (HINKELMANN et al., 2015).
19
O teste de tolerância à glicose – TTG – é realizado em laboratório bioquímico. 
Consiste na ingestão de uma solução com 75 g de glicose pela gestante após a um jejum, 
com posterior dosagem da glicose plasmática: em jejum, após 1 hora e após 2 horas após 
a ingestão da solução.
NOTA
Com o objetivo de identificar erros alimentares relevantes para o processo 
gestacional e possibilitar intervenções nutricionais precoces, a avaliação dietética 
deve fazer parte da abordagem do profissional nutricionista na assistência a 
gestantes.
 Vários são os métodos que podem ser utilizados como história dietética, 
questionário de frequência alimentar, recordatório de 24 horas etc. O profissional 
deverá identificar quais serão mais úteis em cada caso (GUERTZENSTEIN, 2007).
4 GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO
As alterações de peso no primeiro trimestre gestacional, não trazem 
grandes repercussões. É comum, inclusive, acontecer perda de peso nesta fase de 
até três kg. Podem não ocorrer alterações em relação ao peso pré-gestacional ou 
ter um aumento do peso de aproximadamente dois kg. Nenhuma destas situações 
comprometem nem a saúde da gestante nem a do embrião. Portanto, quando 
ocorrem desvios muito grandes, com ganho excessivo ou perdas significativas 
de peso é indicado um acompanhamento especial em relação à nutrição para 
minimizar riscos de inadequações no período gestacional (VITOLO, 2008).
É importante ficar atento ao fato do aumento da prevalência de obesidade 
em mulheres em idade reprodutiva e uma elevação do ganho de peso durante 
a gestação. Dados do VIGITEL – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para 
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, demonstram excesso de peso em 
mulheres nas faixas etárias entre 18 a 44 anos no Brasil. 
A gestação é um fator de risco para a obesidade. E a obesidade na gestação 
aumenta fatores de risco tanto fetais como maternos (MELO, 2011). 
O ganho de peso insuficiente, principalmente em gestantes com 
reservas de nutrientes inadequadas, somadas a uma ingestão dietética abaixo 
do recomendado, poderão favorecer o comprometimento do crescimento fetal 
(WERUTSKY et al., 2008), aumentando o risco de recém-nascido com baixo peso 
(RNBP) e prematuridade (GUERTZENSTEIN, 2007).
20
Nos dois últimos trimestres o ganho de peso vai sofrer influências do es-
tado nutricional da gestante. O ganho de peso total durante a gestação resulta da 
soma do peso do feto que é de aproximadamente 3,0 kg para recém-nascido a ter-
mo, membranas fetais e líquidos amnióticos é cerca de 2,5 kg, mamas que variam 
de 1 a 1,5 kg, aumento do volume plasmático e retenção (edema) variam de 2 a 3 
kg e maior ou menor depósito de gordura materna cerca de 1 kg.
 
O ganho ponderal durante a gestação deve levar em considerado questões 
individuais, ter como base o estado nutricional pré-concepcional, idade e estatura 
materna, a presença de doença e antecedentes obstétricos (GUERTZENSTEIN, 2007). 
O Ministério da Saúde – MS adota atualmente, como indicador para a 
avaliação do ganho de peso materno durante a gestação, as recomendações do 
Instituto de Medicina dos Estados Unidos (IOM), de acordo com o estado nutri-
cional pré-gestacional ou inicial. Utiliza o índice de massa corporal (IMC), que 
reflete a relação entre peso e altura (SATO; FUJIMORI, 2012), conforme Tabela 4. 
TABELA 4 – RECOMENDAÇÃO DE GANHO DE PESO TOTAL E SEMANAL DE ACORDO COM O 
IMC PRÉ-GESTACIONAL
Uma ferramenta útil para acompanhar o estado nutricional da gestante é 
o gráfico de IMC (kg/alt²) de acordo com a idade gestacional em semanas (Figura 
5). A interpretação do gráfico reflete traçado ascendente um ganho de peso 
adequado, traçado horizontal ou descendente ganho de peso inadequado. Este 
gráfico é encontrado na caderneta da gestante e utilizado para acompanhamento 
nutricional. Não é indicado para avaliar gestantes adolescentes. 
IMC pré- gestacional 
(Kg/m²)
Ganho de peso total 
recomendado
Ganho de peso por semana – 
2º e 3º trimestre (Kg)
< 18,5 12,5 – 18,0 0,5
18,5 – 24,9 11,5 – 16,0 0,4
25,0 – 29,9 7,0 – 11,5 0,3
> 30 5,0 – 9,0 0,2
FONTE: Adaptado de IOM (2009)
21
FIGURA 5 – ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL DE GESTANTES DE ACORDO COM IMC POR 
SEMANA GESTACIONAL
FONTE: Adaptado de Brasil (2005)
O ganho de peso e as necessidades nutricionais recomendadas para 
gestantes gemelares são maiores (WERUTSKY et al., 2008.) O ganho de peso total 
recomendado para gestante gemelar e por período semanal de acordo com o 
estado nutricional pré-gestacional encontra-se na Tabela 5.
22
Você sabia que quando a gestação ocorre na adolescência a atenção em 
saúde, incluindo a nutricional, deve respeitar especificidades inerentes a esse 
período de crescimento e desenvolvimento da menina? 
A adolescência é considerada uma fase de alta vulnerabilidade, pois é 
caracterizada por intensas mudanças tanto corporais como psicológicas e sociais. 
A Organização Mundial de Saúde (OMS), considera a adolescência como o 
períodocompreendido entre 10 a 19 anos de idade (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL 
DA SAÚDE, 1997).
Dados preocupantes identificados por estudos demográficos, 
demonstraram um aumento da ocorrência de gravidez na adolescência no Brasil 
(IBGE, 2008). Os fatores que têm sido apontados como determinantes desta 
realidade incluem, o início da vida sexual mais precocemente, desestruturação 
familiar, baixo nível de escolaridade, baixa renda, falta de informação sobre 
métodos contraceptivos, entre outros (FERNANDES et al., 2013).
É fundamental para a abordagem nutricional adequada, direcionada a 
gestantes adolescentes, que os envolvidos tenham ciência das especificidades da 
situação. A gravidez na adolescência é considerada pela Organização Mundial 
de Saúde (1997) uma gravidez de risco. A menina adolescente encontra-se ainda 
em fase de crescimento e desenvolvimento. Quando a adolescente tem idade 
ginecológica, menor a dois anos é considerada em imaturidade biológica. Vale 
relembrar que idade ginecológica é referente a menarca, primeira menstruação. A 
primiparidade nessa fase também é apontado como um fator de vulnerabilidade. 
Tal panorama influencia no desfecho final da gestação.
 
As complicações presentes na gestação em adolescentes, referidas na 
literatura abrange diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, abortamento espontâneo, 
parto prematuro, baixo crescimento intrauterino, maior incidência de recém-
nascido pré-termo e com baixo peso (ROCHA et al., 2006; GARCÍA; AVENDAÑO-
BECERRA; ISLASRODRÍGUEZ, 2008). 
FONTE: Adaptado de Brasil (2005)
Estado 
nutricional 
pré-
gestacional
Ganho de 
peso 
(Kg) por 
semana
0 a 20 
semanas
Ganho de peso 
(Kg) por 
semana
20 a 28 
semanas
Ganho de peso 
(Kg) por 
semana
28 semanas até 
o parto
Ganho de 
peso 
total
(Kg)
Baixo peso 0,560 a 0,790 0,680 a 0,790 0,560 22,5 a 27,9
Peso adequado 0,450 a 0,680 0,560 a 0,790 0,450 18 a 24,3
Sobrepeso 0,450 a 0,560 0,450 a 0,680 0,450 17,1 a 21,2
Obesidade 0,340 a 0,450 0,340 a 0,560 0,340 13 a 17,1
TABELA 5 – RECOMENDAÇÃO DE GANHO DE PESO SEGUNDO O ESTADO NUTRICIONAL 
PRÉ-GESTACIONAL DE GESTANTE GEMELAR
23
FONTE: Adaptado de Brasil (2006)
IMC pré-gestacional Faixa de ganho de peso recomendada (Kg)
< 19,8 12,5 – 18
19,8 – 26 11,5 – 16
26-29 7,0 – 11,5
> 29 7,0 – 9,1
A recomendação de ganho de peso para gestantes adolescentes também 
é baseada no IMC pré-gestacional. Na Tabela 6, você pode observar essas 
recomendações.
TABELA 6 – RECOMENDAÇÃO DE GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO PARA ADOLES-
CENTES
5 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DA GESTANTE
 
Os estudos revelam que as alterações fisiológicas que ocorrem durante 
a gravidez determinam as necessidades nutricionais da grávida, que apesar de 
serem semelhantes às das mulheres não grávidas, apresentam algumas particu-
laridades em relação às necessidades de energia, proteínas, algumas vitaminas, 
como a tiamina, o ácido fólico, a vitamina C, e alguns minerais como o ferro, o 
zinco, o cobre e o magnésio (BLUMFIELD et al., 2013).
O aumento na taxa metabólica basal de gestantes leva ao aumento das 
necessidades nutricionais das gestantes, principalmente entre a 10ª e 30ª semana 
gestacional. Uma mulher eutrófica, com ganho médio de peso durante toda a 
gestação a termo de 12,5 kg e o recém-nato com aproximadamente 3 kg, necessita 
adicionalmente de 80.000 kcal. Sendo que 36.000 destas calorias seriam utilizadas 
para o gasto energético basal adicional e o restante como depósito de gordura 
(equivalente a 3,5 kg). Esse valor corresponde a apenas um adicional diário de 
200 a 300 kcal por dia. Baseado nestes cálculos foi primeiramente estabelecido 
pela OMS a recomendação adicional de 150 kcal ao dia no primeiro trimestre e 
350 kcal ao dia no segundo e terceiro trimestre. 
Posteriormente, a recomendação passou para 200 kcal e 280 kcal a partir 
do primeiro trimestre. De acordo com a Ingestão dietética recomendada de 1989 
(RDA) a recomendação é de um adicional de 300 kcal ao dia no segundo e terceiro 
trimestre. Para gestantes adolescentes ou com baixo peso a recomendação é acres-
centar as 300 kcal desde o primeiro trimestre. Na presença de sobrepeso ou obe-
sidade não há necessidade de aumentar as calorias (GUERTZENSTEIN, 2007).
24
Agora que você já conheceu a importância de saber quais as necessidades 
energéticas da gestante chegaram a hora de aprender como fazer o cálculo. De 
acordo com a RDA, 1989, calcula-se o gasto energético total (GET) da gestante, 
utiliza-se a fórmula FAO/OMS, 1985 (Tabela 7). Utiliza-se o peso pré-gestacional. 
Multiplica-se o valor da TMB pelo fator atividade física (Tabela 8). A este valor 
acrescentam-se 300 kcal ao dia no segundo e terceiro trimestre.
Algumas situações específicas necessitam de atenção especial em relação ao 
consumo energético. No início da gestação pode haver redução na ingestão alimentar 
devido à presença de náuseas e vômitos desencadeando um déficit energético. No caso 
de gestantes que necessitam de repouso em maior ou menor grau devem receber o 
equivalente às necessidades energéticas para o metabolismo basal (VITOLO, 2015).
IMPORTANT
E
GET = TMB x Fator atividade física GET pré-gestacional + 300 Kcal
TABELA 7 – CÁLCULO DA TAXA DE METABOLISMO BASAL DE ACORDO COM A IDADE MATERNA
TABELA 8 – FATOR DE ATIVIDADE FÍSICA
FONTE: Adaptado de FAO/OMS (1985 apud VITOLO, 2008)
FONTE: Adaptado de FAO/OMS (1985 apud VITOLO, 2008)
Idade TMB ou GEB (Kcal/dia)
10 a 18 anos 12,2 P(Kg) + 746
18 a 30 anos 14,7 P(Kg) + 496
30 a 60 anos 8,7 P(Kg) + 829
Natureza da atividade Fator de atividade física
Leve 1,56
Moderada 1,64
Intensa 1,82
25
Caro acadêmico! O requerimento de energia para gestantes também pode 
ser determinado através das recomendações energéticas de acordo com as novas 
DRI, calcula-se o requerimento energético estimado (EER) (VITOLO, 2008). Para 
o cálculo da EER da gestante são utilizados dados como peso, altura e atividade 
física pré-gestacional. Será adicionado um acréscimo de energia segundo a idade 
gestacional (IG). Utiliza-se para gestantes entre 19 a 50 anos o cálculo da EER da 
seguinte maneira: 
– EER = EER Pré-gestacional + (8 kcal x IG em semanas) + 180 kcal 
Em que: EER Pré-gestacional = 354 – (6,91 x idade) + PA x (10 x Peso) + (934 
x Altura) + 25 kcal. 
• idade em anos; 
• peso em quilos; 
• altura em metros;
• PA = nível de atividade física. 
• PA = 1,0 (sedentária); 
• PA = 1,16 (pouco ativa);
• PA = 1,31 (ativa); 
• PA = 1,56 (muito ativa).
Não há um consenso para as recomendações de energia para gestante 
gemela. Alguns autores sugerem um acrescimento de 450 kcal/dia no 2º e 3º 
semestre (VITOLO, 2008). 
 
A quantidade de proteína armazenada durante a gestação varia muito 
durante o período. Nos momentos de maior crescimento fetal, expansão acelerada 
do volume sanguíneo e desenvolvimento maior dos anexos fetais a utilização é 
maior. A OMS preconiza uma ingestão adicional média de seis gramas ao dia por 
todo o período gestacional. 
A recomendação proteica leva em consideração a digestibilidade e o 
aproveitamento pelo organismo, além da quantidade depositada no feto e anexos. 
A NRC (1989) recomenda a adição de 10 g de proteínas diariamente. A qualidade 
Outro método para calcular o valor energético total para gestantes adultas é 
o cálculo simplificado. Utiliza-se o valor de caloria por quilograma (kg) de peso ideal para 
mulheres adultas de acordo com a RDA (1989), que é 36 kcal/kg/dia. A determinação do 
peso ideal pré-gestacional pode ser efetuada pelo utilizando o IMC de eutrofia (19 a 24) 
multiplicado pela altura ao quadrado. O mais frequente é utilizar o IMC médio de 22 kg/
m². A partir do segundo trimestre acrescentar a esse valor 300 kcal por dia. No caso de 
adolescentes utilizar os padrões de peso do Metropolitan Life ou NCHS, para determinar o 
“peso ideal” (VITOLO, 2008).
DICAS
26
das proteínas também deve ser observada. Cinquenta por cento da proteína 
ingerida deverá ser de alto valor biológico (VITOLO, 2008; GUERTZENSTEIN, 
2007). 
Para gestantesgemelares estima-se um total de 80 g ao dia, 20 g a mais 
do que o recomendado para gestantes uníparas (MARES; CASANUEVA, 2002). 
A recomendação da ingestão de lipídios para gestante deve ser de até 30% 
do valor calórico total. A dieta da gestante deve priorizar os ácidos graxos poli-
insaturados como ácido graxo ômega-3 e ômega-6 e também os monoinsaturados. Os 
aminoácidos essenciais são importantíssimos no funcionamento uteroplacentário 
e na formação do sistema nervoso, retina fetal. Os lipídios da dieta também vão 
influenciar na absorção das vitaminas lipossolúveis pela gestante (VITOLO, 
2008; GUERTZENSTEIN, 2007). Não são recomendadas dietas hipolipídicas para 
gestantes saudáveis (HINKELMANN et al., 2015). 
 
A quantidade de carboidrato para gestantes é a mesma que para mulheres 
não gestantes de 50 a 60% do valor calórico total. Esse valor pode sofrer pequenas 
variações dependendo da referência. Devido ao crescimento do número de casos 
de obesidade e diabetes mellitus na população em geral, as recomendações em 
relação aos tipos de carboidratos têm sido muito discutidas no meio científico 
mesmo na gestação. Aconselha-se à gestante dar preferência aos carboidratos 
complexos, de preferência integral e de baixo índice glicêmico. 
A quantidade de fibra dietética recomendada para o período gestacional 
é a mesma que para mulheres não grávidas adultas e adolescentes, 28 g ao dia 
(PADOVANI et al. 2006).
 
As recomendações de ingestão diária de vitaminas e minerais 
correspondem às Dietary Reference Intakes (DRI), específicas para gestantes por 
idade. 
O MS preconiza a suplementação com ácido fólico já no período anterior a 
gestação, pelo menos 30 dias antes da data que a mulher planeja engravidar, com 
o objetivo de reduzir o risco de distúrbios do tubo neural. A suplementação deve 
ser continuada por toda a gestação, com 400 µg de ácido fólico diariamente ou 
iniciar logo que seja descoberta a gestação (BRASIL, 2013). E a suplementação de 
ferro, preconizada é de 60 mg de ferro elementar por via oral por dia. 
A Tabela 9 apresenta os principais micronutrientes e uma breve exposição 
da participação na gestação e suas fontes alimentares. 
27
TABELA 9 – MICRONUTRIENTES E O IMPACTO NA GESTAÇÃO E FONTES ALIMENTARES
Micronutrientes Impacto na gestação Fontes alimentares
Vitamina B2 – 
Riboflavina
Atua no metabolismo 
energético
Ovos, fígado, rim, cereais 
queijo, folhosos verdes, 
castanhas.
Vitamina B6 – 
Piridoxina
Parece que a deficiência está 
relacionada com pré-
eclâmpsia
Cereais integrais, 
leguminosas, fígado, 
frango, carne de porco.
Vitamina B12 – 
Cobalamina
A deficiência leva a anemia 
megaloblástica
Os riscos são maiores para as 
gestantes vegetarianas
Carnes, ovos, leite, 
alimentos de origem 
animal.
Ácido fólico Reduzem risco de distúrbios no tubo neural
Fígado, beterraba, vegetais 
verde-escuros, aspargo, 
leite, suco de laranja.
Vitamina C Risco de ruptura prematura da placenta
Laranja, morango, manga, 
tomate, couve-flor, 
brócolis.
Vitamina A
Aumenta a produção de 
progesterona. Não tem 
valores de requerimento 
aumentados na gestação
Fígado de boi, queijo, 
manteiga, leite integral e 
as fontes de precursores da 
vitamina A (betacaroteno): 
abóbora, cenoura, manga e 
couve.
Vitamina D
A deficiência está relacionada 
com crescimento fetal 
restrito
Sardinha, salmão, gema de 
ovo, fígado de galinha.
Vitamina E
A deficiência está relacionada 
com doença hipertensiva 
específica da gestação
Óleos vegetais, leite de 
vaca, abacate, damasco, 
salmão.
Vitamina K
Doença hemorrágica do 
RN. É prevenida com a 
suplementação do RN ao 
nascer.
Vegetais verde-escuros, 
repolho, manteiga, queijo e 
fígado de boi.
Cálcio
Deficiência está relacionada 
com prejuízos 
no crescimento e 
desenvolvimento fetal
Leite e derivados, carnes, 
peixes, feijões.
Iodo
A deficiência pode levar a 
aborto, bócio, cretinismo 
etc.
Peixes e frutos do mar, sal 
de cozinha iodado.
Zinco A deficiência tem relação com RNBP e RNPT
Carnes, peixes, cereais 
integrais, nozes, fígado, 
ostras, leguminosas.
FONTE: Adaptado de Guertzenstein (2007)
28
6 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA GESTANTES
A prática de uma alimentação equilibrada propicia a gestante a diminuir 
os riscos de complicações na gravidez, no parto e até no pós-parto, como diabetes 
gestacional, hipertensão, pré-eclâmpsia, obesidade etc.
 
Com o objetivo de favorecer o melhor aproveitamento dos nutrientes e 
garantir que todas as necessidades nutricionais da gestante sejam atendidas, o 
nutricionista deverá repassar para a gestante orientações nutricionais ajustadas 
ao seu estilo de vida e respeitar as especificidades tanto físicas como socioculturais 
na qual ela está inserida. Não basta apenas definir o valor calórico total e as 
quantidades exatas de macro e micronutrientes. É preciso que a prescrição e ou 
as orientações passadas a gestantes sejam viáveis na prática do seu dia a dia. 
É especialmente desafiador realizar orientações nutricionais para 
gestantes adolescentes, pelas próprias características alimentares desta fase, 
gostam de lanches rápidos, refrigerantes, alimentos industrializados como 
biscoitos recheados, salgadinhos etc., e muitas vezes fazem restrições severas por 
conta de dietas para perda de peso. Cabe ao profissional buscar estratégias para 
alcançar este público e reduzir os riscos inerentes da gestação na adolescência. 
O Ministério da Saúde disponibiliza às gestantes os dez passos para uma 
alimentação saudável na caderneta da gestante (BRASIL, 2018b). São eles:
Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e duas 
refeições menores por dia, evitando ficar muitas horas sem comer. Entre as 
refeições beba água.
Faça as refeições em horários semelhantes e, sempre que possível, 
acompanhada de familiares ou amigos. Evite “beliscar” nos intervalos e coma 
devagar, desfrutando o que você está comendo. 
Alimentos mais naturais de origem vegetal devem ser a maior parte de sua 
alimentação. Feijões, cereais, legumes, verduras, frutas, castanhas, leites, carnes e 
ovos tornam a refeição balanceada e saborosa. Prefira os cereais integrais.
Ao consumir carnes, retire a pele e a gordura aparente. Evite o consumo 
excessivo de carnes vermelhas, alternando, sempre que possível, com pescados, 
aves, ovos, feijões ou legumes. 
Utilize óleos, gorduras e açúcares em pequenas quantidades ao temperar e 
cozinhar alimentos. Evite frituras e adição de açúcar a bebidas. Retire o saleiro da 
mesa. Fique atenta aos rótulos dos alimentos e prefira aqueles livres de gorduras 
trans.
Coma todos os dias legumes, verduras e frutas da época. Ricos em 
várias vitaminas, minerais e fibras, possuem quantidade pequena de calorias, 
contribuindo para a prevenção da obesidade e de doenças crônicas.
29
Alimentos industrializados, como vegetais e peixes enlatados, extrato 
de tomate, frutas em calda ou cristalizadas, queijos e pães feitos com farinha e 
fermento, devem ser consumidos com moderação. 
Evite refrigerantes e sucos artificiais, macarrão instantâneo, chocolates, 
doces, biscoitos recheados e outras guloseimas em seu dia a dia.
Para evitar a anemia (falta de ferro no sangue), consuma diariamente 
alimentos ricos em ferro, principalmente carnes, miúdos, feijão, lentilha, grão-
de-bico, soja, folhas verde-escuras, grãos integrais, castanhas e outros. Com esses 
alimentos, consuma frutas que sejam fontes de vitamina C, como acerola, goiaba, 
laranja, caju, limão e outras. 
Todos esses cuidados ajudarão você a manter a saúde e o ganho de peso 
dentro de limites saudáveis. Pratique alguma atividade física e evite as bebidas 
alcoólicas e o fumo.
Outra orientação importante para gestantes é em relação ao consumo de 
líquidos durante as refeições. Para minimizar os sintomas de azia, é recomendado 
não ingerir líquidos quando a gestante estiver consumindo alimentos.
7 CONSUMO DE ÁLCOOL E TABAGISMO NA GESTAÇÃO
Ao descobrir que está grávida a maioria das mulheresinterrompem o 
consumo de álcool, porém algumas continuam ingerindo bebidas alcoólicas na 
mesma quantidade ou em alguns casos aumentam o consumo (FLOYD et al., 
2009). O alcoolismo é um dos maiores problemas de saúde pública no muno. 
Gestantes não devem ingerir bebidas alcoólicas. A ingestão de álcool é 
prejudicial ao feto. O consumo de doses elevadas de álcool por gestantes pode 
perturbar o transporte de oxigênio para o feto (GUERTZENSTEIN, 2007).
Além de todas as recomendações acima a gestante precisa estar ciente do 
risco da ingestão de alimentos crus ou malcozidas como carnes e verduras e legumes 
mal lavados e a infecção com o agente etiológico, o protozoário Toxoplasma gondii, 
da toxoplasmose. A toxoplasmose congênita pode ocorrer quando a mãe portadora 
transmite ao feto. O bebê pode apresentar complicações como hidrocefalia, convulsões, 
alterações oculares etc. Além da transmissão da toxoplasmose por alimentos pode ocorrer 
pela ingestão de oocistos por contato direto com fezes de gato ou manipulação de água 
contaminados (FEBRASGO, 2017).
IMPORTANT
E
30
O espectro de desordens fetais alcoólicas (FASD – fetal alcohol spectrum 
disorders) causada por ingestão excessiva de álcool durante a gestação, abran-
ge danos ao embrião/feto que incluem alterações tanto físicas como mentais, de 
aprendizados e comportamentos. Podem ser irreversíveis e prejudicar o funcio-
namento do sistema nervoso, desencadear problemas mentais, e levar a depen-
dência de álcool e outras drogas A síndrome alcoólica fetal (SAF) é a mais grave 
das condições do espectro de desordem fetais alcoólicas (MESQUITA, 2010). É 
uma condição caracterizada por alterações na formação cerebral, envolve o com-
prometimento na proliferação normal e migração de neurônios, desencadeia ano-
malias do sistema nervoso central. A prevenção da SAF ocorre pela abstinência 
total do consumo de álcool antes, quando a mulher estiver tentando engravidar 
e durante a gestação.
 
O tabagismo durante a gestação é contraindicado. São vários os riscos 
associados ao fumo na gestação. De acordo com Leopércio e Gigliotti (2004), o 
tabagismo durante a gestação, é extremamente maléfico para o feto, desencade-
ando várias situações indesejáveis. 
Fumar durante a gravidez interfere no crescimento fetal (RCIU – Retardo 
no crescimento intrauterino) (VITOLO, 2008). Gestantes fumantes têm risco au-
mentado de ter recém-nascidos de baixo peso (RNBP), com redução de 220 a 250 
gramas do peso potencial do nascimento (GUERTZENSTEIN, 2007).
O hábito de fumar em gestantes resulta em diminuição da pressão parcial 
de oxigênio e aumento na pressão parcial de gás carbônico. Gestantes tabagistas 
apresentam uma redução de até 10% da capacidade de transporte de oxigênio 
(GUERTZENSTEIN, 2007). Estudos apontam para a relação positiva entre taba-
gismo na gestação e a síndrome da morte súbita (LEOPÉRCIO; GIGLIOTTI, 2004).
Os riscos de tabagismo na gestação estão provavelmente associados aos 
efeitos da nicotina que tem ação vasoconstritora. As consequências deste meca-
nismo incluem menor perfusão placentária com hipóxia fetal, redução na oferta 
de nutrientes e insuficiência na remoção de resíduos (GUERTZENSTEIN, 2007). 
A nutrição da gestante também é prejudicada pelo hábito de fumar. Fu-
mantes tendem a ingerir quantidades menores de alimentos. Os efeitos pró-o-
xidantes da fumaça do cigarro, que além da nicotina contém várias outras subs-
tâncias tóxicas para o organismo, podem prejudicar os níveis de vitamina C. As 
necessidades de vitamina C estão aumentadas em fumantes. O metabolismo do 
folato também pode ser afetado pelo cigarro (GUERTZENSTEIN, 2007).
Cessar o tabagismo em qualquer momento da gestação sempre traz bene-
fícios para a mãe e para o feto. Quando essa parada ocorre no início da gestação 
os benefícios são bem maiores. Para mulheres fumantes a tentativa de abolir o 
tabagismo poderá causar muito estresse e ansiedade. O apoio da equipe de saú-
de é fundamental neste processo. Pode ser indicado uma redução no número de 
cigarros ao dia ao invés de uma parada abrupta. 
31
8 ABORDAGEM NUTRICIONAL EM SITUAÇÕES COMUNS NA 
GESTAÇÃO
As náuseas e vômitos são situações comuns principalmente no primeiro 
trimestre de gestação. É comum que apareçam em torno da sexta semana até 
aproximadamente a vigésima semana. A presença das náuseas e vômitos 
podem fazer com que a mulher não consiga se alimentar adequadamente neste 
período, o que gera preocupação em relação ao bebê. O profissional de saúde 
deverá esclarecer a gestante que não ocorrem prejuízos decorrentes dessa 
situação. O estado nutricional pré-gravídico tem mais influência na formação e 
desenvolvimento do feto (VITOLO, 2008). Caso os sintomas perdurarem muito 
além desta fase e se tornarem muito intensos, caracterizando uma hiperemese 
gravídica, é necessário um apoio profissional mais específico. 
Duarte et al. (2018) recomenda a adesão de dietas mais leves, com menos 
gordura e em intervalos menores, evitar ingestão de líquidos nas primeiras duas 
horas do dia na presença de náuseas e vômitos na gestação. Algumas orientações 
podem ajudar a atenuar o incomodo gerado pelas náuseas e vômitos e até preveni-
los como:
• Aumentar a frequência das refeições e diminuir o volume.
• Não consumir líquidos junto às refeições.
• Evitar alimentos com alto teor de gorduras.
• Ingerir os alimentos de consistência mais branda.
• Não ficar na cozinha na hora do preparo dos alimentos.
• Evitar alimentos com cheiros muito forte.
• Comer biscoitos tipo cream-crakers ainda na cama, antes de levantar.
O consumo de gengibre é recomendado como coadjuvante no tratamento 
para náuseas e vômitos na gestação. A administração de 1 grama de gengibre 
demonstrou eficácia no alivio de náuseas e vômitos em gestantes em um estudo 
dinamarquês (SALGADO, 2004).
Outra queixa bem comum na gestação é a pirose, caracterizada por 
sensação de queimação ou azia. Geralmente, ocorrem após as refeições. As 
alterações anatômicas do corpo da gestante favorecem o aparecimento da pirose. 
O útero aumentado exerce pressão sobre o estômago facilitando o retorno de 
seu conteúdo para o esôfago. O ácido clorídrico, misturado aos alimentos que 
retornam, provoca a sensação de queimação (VITOLO, 2008). Diminuir o volume 
das refeições, evitar líquidos durante as refeições e mastigar bem os alimentos 
podem ajudar a diminuir a pirose.
Como já estudamos no início deste tópico, a constipação é comum na 
gestação devido em partes pela ação da progesterona. Medidas alimentares 
podem minimizar esse problema que consistem basicamente em aumentar a 
ingestão de água para no mínimo 4 copos ao dia, consumir de alimentos que 
32
contenham boas quantidades de fibras como cereais integrais, frutas, vegetais 
folhosos e realizar caminhadas regulares (VITOLO, 2008).
Leia o texto Prevalência e fatores associados ao ganho de peso gestacional 
excessivo em unidades de saúde do sudoeste da Bahia. Disponível em: https://www.scielosp.
org/article/ssm/content/raw/?resource_ssm_path=/media/assets/rbepid/v18n4/1980-5497-
rbepid-18-04-00858.pdf. Boa leitura!
DICAS
33
Neste tópico, você aprendeu que:
• A gestação é um período que dura em média 40 semanas e neste período 
ocorrem várias alterações fisiológicas no organismo materno para garantir o 
crescimento e desenvolvimento do feto, preparar o corpo da gestante para o 
processo gestacional, o parto e a lactação.
• A avaliação nutricional da gestante é fundamental para que o profissional 
nutricionista possa identificar inadequações e possa intervir o mais 
precocemente possível. Também conheceu os vários métodos de avaliação 
nutricional para este período.
• É importante monitorar o ganho de peso durante a gestação e as recomendações 
de acordo com a idade da gestante e o período gestacional que a gestante se 
encontra.
• As gestantes têm necessidades nutricionais específicas tanto energéticas, 
proteicas como de alguns micronutrientes e quais as fontes alimentares são 
recomendadasde acordo com as suas demandas.
• Tanto o consumo de álcool como o tabagismo durante a gestação acarretam 
problemas para o feto. 
• Algumas situações que envolvem o processo alimentar e nutricional são 
comuns na gestação e existem recomendações para minimizar os efeitos 
destas.
RESUMO DO TÓPICO 1
34
1 De acordo com o conteúdo estudado quais as alterações fisiológicas a seguir 
estão relacionadas com a “anemia fisiológica da gestação”?
( ) Aumento no débito cardíaco.
( ) Aumento na expansão do volume plasmático de aproximadamente 50% e 
aumento da concentração de hemácias e hemoglobina de 20%.
( ) Aumento no tamanho dos rins e aumento do fluxo sanguíneo renal.
( ) Ação da progesterona nas células musculares lisas no útero e no intestino.
2 Muitas mulheres perdem peso no início da gestação devido à presença de 
náuseas e vômitos comuns nesta fase. Muitas ficam preocupadas que essa 
perda possa prejudicar o embrião. O profissional nutricionista deve estar 
preparado para esclarecer a gestante que esta perda não traz prejuízos 
para a gestação. De acordo com o que foi estudado sobre ganho de peso na 
gestação, quais as informações você utilizaria para deixar a gestante mais 
tranquila?
AUTOATIVIDADE
35
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
LACTAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! É relevante iniciarmos este tópico esclarecendo 
alguns termos que são utilizados indiscriminadamente quando o assunto é 
amamentação. Aleitamento materno, lactação e a própria amamentação são os 
termos utilizados frequentemente. Embora tratem de um conteúdo em comum, a 
alimentação do bebê, têm significados diferentes. O termo aleitamento materno 
refere-se ao recebimento de leite humano pelo lactente e também é utilizado 
como referência para movimentos sociais de promoção, orientação e proteção 
a essa cultura. Já lactação inclui os processos biológicos neuro-hormonais 
necessários para a produção do leite humano ou de outras espécies de mamíferos. 
E amamentação significa o ato da mãe dar o peito para o bebê receber o leite 
diretamente das mamas. 
Já é bem estabelecido que o aleitamento materno é a forma mais adequada 
de alimentação para os filhotes de mamíferos no início da vida. Cada espécie 
produz o leite com especificidade que garante uma nutrição completa e adequada. 
Para o bebê o recebimento do leite materno (LM) prepara-o para enfrentar o novo 
ambiente extrauterino de forma mais satisfatória e segura.
O processo de lactação, a produção do leite humano pela mãe, envolve 
vários mecanismos neuronais e hormonais que recebem várias influências e 
envolvem o aleitamento materno. Não é um processo independente. A sucção 
das mamas pelo bebê estimula a produção de leite através de sinais aferentes da 
mama para o sistema nervoso central e a glândula hipófise. 
 
Para o futuro nutricionista é fundamental entender todo esse processo. 
Será muito útil seus conhecimentos sobre lactação no momento de orientar 
a futura mamãe ou a nutriz sobre todo o processo que envolve o aleitamento 
materno. 
Neste tópico, além de estudarmos o processo de lactação, também 
estudaremos aspectos nutricionais do leite humano, bem como particularidades 
do processo de aleitamento materno e conteúdos inerentes aos bancos de leite. 
Além do nutricionista ter um papel muito relevante tanto na educação em saúde 
de gestantes e nutrizes como no atendimento individual, outros profissionais 
como médicos, enfermeiros, farmacêuticos e psicólogos que fazem parte das 
equipes multidisciplinares atuam conjuntamente na busca de melhor qualidade 
de vida nesta fase das mulheres.
36
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
 Os atendimentos nutricionais de gestantes e lactantes em unidades básicas 
de saúde, por exemplo, geralmente fazem parte de ações conjuntas das equipes 
de saúde. É importante que o acadêmico de nutrição tenha consciência desta 
dinâmica e possa através de seus conhecimentos promover a troca de saberes 
entre os membros da equipe e também com o público alvo.
 
Muitas orientações que o nutricionista e demais profissionais passam 
às gestantes e nutrizes sobre o aleitamento materno são fundamentais no 
encorajamento da futura mãe para aderir a está prática. 
A seguir vamos iniciar o entendimento dos mecanismos que envolvem a 
produção do leite materno e ampliar nossos saberes.
2 FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO
Para o melhor entendimento do processo de lactação é fundamental que 
você, acadêmico, conheça um pouco da anatomia das mamas humanas. A glândula 
mamária é formada por um epitélio glandular onde estão presentes um sistema de 
canais envoltos por tecido intersticial e tecido gorduroso (Figura 6). O desenvolvi-
mento das mamas tem início na vida fetal, ficando em fase latente até a puberdade 
quando o estrogênio e a progesterona estimulam o alongamento e proliferação dos 
ácinos, lóbulos, canais mamários, tecido fibroso e gorduroso. Nesta fase, as ma-
mas aumentam de tamanho. O desenvolvimento completo desta glândula se dá no 
momento da gravidez e lactação com aumento dos alvéolos e ductos pela ação de 
hormônios ovarianos e placentários (RIBEIRO; KUZUHARA, 2007). 
FIGURA 6 – ANATOMIA DA MAMA
FONTE: Brasil (2001 apud KING, 2001, p. 17)
TÓPICO 2 — LACTAÇÃO
37
A produção do leite acontece nos lóbulos, que se localizam nas mamas, 
influenciada pela prolactina. Cada glândula mamária possui de 15 a 20 lóbulos 
que são estruturas parecidas com cachos de uva. 
A prolactina é sintetizada pela hipófise anterior e quando liberada 
atua nas mamas. Os principais estímulos para a produção da prolactina é a 
sucção dos mamilos e a queda de estrogênio e progesterona após ao parto. 
Aproximadamente em 48 horas após o parto os níveis já caíram abruptamente 
(RIBEIRO; KUZUHARA, 2007).
FIGURA 7 – REFLEXO NEUROENDÓCRINO PARA PRODUÇÃO DE LEITE
A sucção do mamilo é o estimulo primário para a ejeção do leite dos 
lóbulos para os ductos e para o exterior dos mamilos. Estímulos nervosos 
sensórias aferentes partem dos mamilos, principalmente provocados pela sucção, 
e chegam ao hipotálamo que estimula a liberação da ocitocina pela hipófise 
posterior. A ocitocina age nas células mioepiteliais, que envolvem os alvéolos 
e ductos lactíferos que se contraem e favorecem a liberação do leite (Figura 7). 
Outros estímulos também favorecem a liberação da ocitocina como o contato da 
mãe com o bebê, através da visão (mãe visualiza o filho) ou escutar o seu choro.
 
A ocitocina também provoca a contração uterina e a involução do útero 
no pós-parto e a redução no sangramento. É uma das vantagens não nutricionais 
da amamentação.
FONTE: Brasil (2001 apud KING, 2001 p.20)
38
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
A secreção do LM ocorre efetivamente após o parto, contudo é já durante a 
gestação que o organismo da mulher vai sendo preparado para a lactação. Os hormônios, 
como hormônio lactogênio placentário humano, a progesterona e o estrogênio influenciam 
no preparo das mamas para o período de lactação e também já ocorre armazenamento de 
reservas energéticas para este fim.
IMPORTANT
E
3 COMPOSIÇÃO DO LEITE MATERNO (LM)
O leite materno é classificado de acordo com o período de secreção e da 
sua composição em colostro, leite de transição e leite maduro. O fluido secretado 
imediatamente após ao nascimento e produzido nos primeiros dias após o parto 
até aproximadamente o 7º dia ao 10º dia é o colostro. Possui uma coloração 
amarelada devido as altas concentrações de caroteno. Auxilia na formação da 
microbiota intestinal e favorece a eliminação do mecônio (primeiras fezes do 
RN). Possui muitos anticorpos maternos, as imunoglobulinas do tipo IgD IgE, 
IgG, IgM, e principalmente e em maior quantidade a IgA secretória. 
A IgA secretória está presente no LM em qualquer fase, mas seus níveis são 
maiores no colostro. É uma proteína imunológica estável a pH baixa e resistente 
a enzimas proteolíticas. Estas características permitem sua passagem pelo trato 
gastrointestinalde forma intacta, mantendo suas funções de defesa (RIBEIRO; 
KUZUARA, 2007). 
É muito importante o recém-nascido (RN) receber o colostro logo após ao 
nascimento. Inclusive é uma das recomendações da OMS que a mãe amamente 
seu filho nas primeiras horas pós-parto. Além das vantagens nutricionais do 
colostro o contato “pele a pele” entre mãe e bebê logo após o parto influencia na 
colonização da pele no RN, através da interação entre a microbiota da mãe e do 
bebê e favorece a regulação da temperatura corporal (ESTEVES et al., 2014).
O colostro possui um valor calórico de 67 Kcal/dL, com grandes quantidades 
de proteínas e menos lactose que o leite maduro. Possui alta concentração de 
vitaminas A e E, com concentrações maiores de sódio, potássio, cloro e zinco no 
início do processo de lactação. O volume por mamadas nos primeiros dias varia 
de 2 a 20 mL (VITOLO, 2015). 
O leite secretado ente o 8º dia e o 14º dia é chamado de leite de transição, 
pois nesta fase o colostro sofre alterações que são compatíveis com as necessidades 
do RN. Após o 15º dia o leite tem uma composição mais estável e é chamado leite 
maduro. O valor calórico do leite maduro é de 71 kcal/dL. 
TÓPICO 2 — LACTAÇÃO
39
 É interessante que durante a mamada o leite também sofre mudanças em 
sua composição, alterando do início ao final da mamada conforme as demandas 
do bebê (RIBEIRO; KUZUARA, 2007). O leite que é secretado no início da 
mamada é chamado de anterior e o do final da mamada é o leite posterior. O leite 
anterior é mais aquoso, a maior quantidade de água, auxilia para saciar a sede 
do bebê. Contém quantidades menores de lipídios e consequentemente possui 
menor valor energético que o leite posterior.
A quantidade e variedade nos tipos de proteínas do LM são compatíveis 
com as necessidades de cada espécie em relação às taxas de crescimento. O LM 
possui 1,2 a 1,5g/dL de proteínas em sua composição. A mais abundante é a alfa-
lactalbumina com 60% do total e a caseína representa 40% (VITOLO, 2008).
Outra característica importante em relação aos componentes proteicos 
do LM é a alta concentração do aminoácido não essencial cistina. A cistina 
é sintetizada no organismo humano a partir da metionina, ao receber o LM o 
organismo do bebê não necessita utilizar tão intensamente esse mecanismo 
(VITOLO, 2008). 
O principal carboidrato encontrado no LM é a lactose, um dissacarídeo 
formado pela ligação de uma molécula de glicose com uma molécula de galactose. 
No leite maduro encontram-se 7,0 g/dL deste dissacarídeo. 
O LM produzido por mães de RN pré-termo (RNPT) tem composição diferente, 
com níveis mais elevados de proteínas de defesa, sódio, cloro, ácidos graxos de cadeia curta. 
Esse fator está relacionado com a transferência destes nutrientes para os alvéolos por via 
paracelular, que consiste em espaços abertos entre as células produtoras do LM por onde 
passam os nutrientes, principalmente, as imunoglobulinas. Mecanismo importantíssimo 
para a sobrevivência do RNPT.
Vale ressaltar que a caseína encontrada no LH, ao sofrer hidrólise no TGI do 
bebê, é quebrada em flocos finos que facilitam a digestão. O que não ocorre com a caseína 
do leite de vaca. Por isso a digestibilidade do leite de vaca pelo bebê é bem mais dificultosa.
NOTA
NOTA
40
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
O LM também contém pequenas quantidades de galactose, frutose e 
oligossacarídeos. Esses oligossacarídeos quando se ligam a peptídeos formam 
o fator bífido. O fator bífido em ambiente com altas concentrações de lactose 
produz ácido láctico e succinico, consequentemente, ocorre a diminuição do 
pH do intestino. Desta forma, o ambiente intestinal torna-se inadequado para 
a proliferação de enterobactérias, conferindo mais um efeito protetor do LM 
(VITOLO, 2008; RIBEIRO; KUZUARA, 2007).
A presença de lactose no leite favorece a absorção tanto de cálcio como de 
fósforo e magnésio. A demanda de cálcio é bem grande nesta fase de crescimento 
do bebê. Este é um exemplo de interação positiva entre nutrientes. 
 
O constituinte energético mais abundante do LM é o lipídio, sendo a 
principal fonte energética para RN (RIBEIRO; KUZUARA, 2007). O LM possui 
em média 3,5 g/dl de lipídios na forma principalmente de triglicerídeos (97%), 
e pequenas quantidades de fosfolipídios, colesterol e ácidos graxos livres. Os 
ácidos graxos do LM incluem principalmente ácido láurico (C12:0), mirístico 
(C14:0), palmítico (C16:0), esteárico (C18:0), palmitoleico (C16:1), oleico (C18:2), 
linoleico (C18:2), linolênico (C18:3), araquidônico (C20:4) e docosahexaenoico 
(C22:6) (VITOLO, 2008). 
A dieta da lactante influencia na composição lipídica do LM, principalmente 
em relação aos ácidos graxos. Como os ácidos graxos são essenciais para o 
desenvolvimento e metabolismo cerebral, desenvolvimento da visão, transportes 
de vitaminas e hormônios lipossolúveis é muito importante que a mãe receba 
orientações nutricionais. Vivemos em um ambiente que predomina a prática de 
uma dieta composta por muitos alimentos industrializados, que apesar de terem 
alta densidade calórica são inadequados em relação à qualidade das gorduras. 
Em relação aos micronutrientes o LM possui exatamente a quantidade 
necessária para cada fase de crescimento e desenvolvimento do bebê até aos seis 
meses de idade. Após esta idade, o LM também é uma boa fonte destes nutrientes, 
porém a alimentação complementar correta é necessária para a adequação tanto 
de macro como micronutrientes. 
Apesar do LM ter quantidades menores de minerais e oligoelementos 
que outros leites como de vaca, possui a quantidade exata para não causar uma 
sobrecarga metabólica e mesmo assim atender às demandas do organismo do 
bebê. Graças a isso o bebê que recebe aleitamento materno exclusivo não necessita 
receber água, a não ser em caso da presença de alguma patologia e com orientação 
de um profissional de saúde.
 
As quantidades de ferro do leite materno são consideradas pequenas, 
porém a sua biodisponibilidade é alta. Desta forma é raro que uma criança 
amamentada exclusivamente no peito apresente anemia ferropriva na ausência 
de patologias. Já crianças acima de seis meses estão no grupo de risco para 
desenvolvimento de anemia ferropriva.
TÓPICO 2 — LACTAÇÃO
41
A composição nutricional do LM pode sofrer alterações. Como já foi 
mencionado anteriormente, tanto a fase em que o lactente se encontra como a 
dieta materna pode influenciar nestas mudanças. Uma média da quantidade de 
macro e micronutrientes é encontrada na Tabela 10.
TABELA 10 – COMPOSIÇÃO DO LEITE HUMANO
4 MANEJO NO PROCESSO DE ALEITAMENTO MATERNO 
 
Antes da abordagem propriamente dita sobre a prática do aleitamento 
materno, é fundamental que você estudante de nutrição conheça as definições 
de aleitamento materno adotadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) 
e adotadas em várias partes do mundo. Desta forma, o aleitamento materno é 
classificado como:
NUTRIENTES QUANTIDADE NO LEITE HUMANO MADURO (L)
Proteínas (g) 10,5 2
Carboidratos – Lactose (g) 72 ± 2,5
Gordura (g) 39 ± 4
Vitamina A (µg) – ER 500
Vitamina D (µg) 0,55± 0,10
Vitamina E (mg) 2,3 ±1
Vitamina K (µg) 2,1± 0,1
Vitamina C (mg) 40 ± 10
Tiamina (mg) 0,210±0,035
Riboflavina (mg) 0,350 ± 0,025
Niacina (mg) 1.500 ±0,020
Vitamina B6 (mg) 93 ± 8
Vitamina B12 (mg) 0,9
Ácido pantotênico (mg) 1,80 ± 0,20
Biotina (µg) 4 ± 1
Folato (µg) 85± 37
Cálcio (mg) 280± 26
Fósforo (mg) 140 ± 22
Ferro (mg) 0,3 0,1
Magnésio (mg) 35 ± 2
Sódio (mg) 180 ± 40
Potássio (mg) 525± 35
Zinco (mg) 1,2 0,2
Iodo (µg) 110 ± 40
Cloro (mg) 420± 60
Flúor (µg) 16± 5
Selênio (mg) 20 ± 5
FONTE: Adaptado de World Health Organization (1998)
42
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
• Aleitamento materno exclusivo: a criança recebe somente leite materno, 
direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros 
líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, 
sais de reidrataçãooral, suplementos minerais ou medicamentos.
• Aleitamento materno predominante: neste caso a criança recebe, leite materno, 
e outros líquidos como água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, 
infusões), sucos de frutas e fluidos rituais.
• Aleitamento materno: a criança recebe leite materno (direto da mama ou 
ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos.
• Aleitamento materno complementado: além da criança receber leite materno, 
também é alimentada com qualquer outro alimento sólido ou semissólido 
com a finalidade de complementá-lo, não de substituí-lo.
• Aleitamento materno misto ou parcial: Outros tipos de leite, além do leite 
materno são consumidos pela criança (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 
2007).
Agora que você já está familiarizado com os termos acima fique a par das 
recomendações que permeiam as diretrizes sobre aleitamento materno em nosso 
país. 
O Ministério da Saúde do Brasil (MS) e a Organização Pan-Americana da 
Saúde (OPAS), em consonância às recomendações da Organização Mundial de 
Saúde (OMS), ressaltam o impacto positivo do aleitamento materno exclusivo 
até o sexto mês de vida do bebê e recomendam essa prática. Após este período a 
complementação com outros alimentos deve ser acompanhada pela manutenção 
do aleitamento materno até o segundo ano de vida (BRASIL, 2002). 
O aleitamento materno está entre as medidas que a OMS preconiza para a 
diminuição da mortalidade infantil de crianças menores de cinco anos. É a prin-
cipal estratégia preconizada pela OMS em busca na redução da mortalidade in-
fantil, seguida das imunizações, promoção da alimentação complementar infantil 
adequada, saneamento básico e a suplementação de zinco e vitamina A.
 
As vantagens do aleitamento materno na saúde do bebê e também da mãe 
estão bem estabelecidos na literatura cientifica, contudo, tal prática está aquém 
do ideal no mundo e também no Brasil (NUNES, 2015). 
O desmame precoce é uma realidade no Brasil e pode ser definido como a 
interrupção do aleitamento materno antes de o lactente ter completado seis meses 
de vida, independentemente de a decisão ser materna ou não e da causa da inter-
rupção (RODRIGUES; GOMES, 2014).
 
Historicamente, a década de 1970 é considerada a década da “Epidemia 
do desmame”. Alguns determinantes para esta realidade são apontados por vá-
rios autores como o intenso processo de urbanização, a grande entrada das mu-
lheres no mercado de trabalho e a enxurrada de propagandas e marketing de 
leites industrializados.
 
TÓPICO 2 — LACTAÇÃO
43
Apesar do ato de amamentar fazer parte da concepção biológica, cultu-
ral e social do ser humano, e, geralmente, ocorrer de forma orgânica e tranquila 
como deve ser, nem sempre é um processo fácil e algumas dificuldades podem 
estar presentes. As redes de assistência e educação em saúde têm um papel mui-
to importante na prática do aleitamento materno. A chance de sucesso aumenta 
quando a futura mamãe já se prepara para a amamentação durante o pré-natal. 
Pesquisas sugerem que encontros da gestante com profissionais de saúde 
que promovam atividades de orientação sobre as vantagens do aleitamento ma-
terno; início precoce da amamentação, amamentação sob livre demanda, impor-
tância do alojamento conjunto, produção suficiente de leite etc. têm efeito positi-
vo na adesão e sucesso do aleitamento materno (RIBEIRO; KUZUHARA, 2007). 
Algumas orientações práticas que devem ser realizadas antes do parto, 
incluem os banhos de sol diretamente nas mamas. Tomar sol durante 10 a 15 mi-
nutos nos horários anteriores as 10 horas da manhã e após as 16 horas da tarde, 
fortalecem a pele e diminuem o risco de traumas nos mamilos na ocasião das 
mamadas (RIBEIRO; KUZUHARA, 2007). Devido ao aumento considerável das 
mamas, uso de sutiã mais reforçado e confortável faz-se necessário tanto na gra-
videz como no período de lactação. 
O aleitamento materno traz muitos benefícios tanto para o lactente como 
para a nutriz. Podemos pontuar algumas vantagens para o bebê que recebe o LM 
através da amamentação como:
• É um alimento completo contendo todos os nutrientes para o RN.
• É seguro em relação à presença de impurezas e germes. 
• É um alimento de mais fácil digestibilidade para o bebê.
• Reduz o risco de morbimortalidade do bebê. 
• Reduz o risco de alergias. 
• Promove um melhor desenvolvimento cognitivo.
• Traz benefícios psicológicos e afetivos para o bebê e para a mãe, pois o ato de 
amamentar é um momento de entrega e de aproximação do binômio mãe e 
filho
• Promove uma melhor acuidade visual e motora.
• Favorece o estabelecimento do vínculo entre mãe e filho.
• Influencia positivamente no sistema imunológico do lactente.
• Favorece o desenvolvimento e maturação do trato gastrintestinal.
• Reduz o risco de infecções respiratórias, otite média, meningite bacteriana, 
infecção do trato urinário, entre outras.
• Reduz a incidência e gravidade de diarreia.
• Favorece um adequado desenvolvimento orofacial. 
• Revisões sistemáticas e metanálises sugerem um efeito protetor do aleitamento 
materno mais duradouro diminuindo o risco do aparecimento de doenças 
crônicas como sobrepeso e obesidade como também diabetes mellitus 
(NUNES, 2015).
44
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
 Tanto a família como a própria nutriz também se beneficiam muito com a 
prática do aleitamento materno. Do ponto de vista econômico familiar, não precisar 
comprar fórmulas infantis e utensílios, evita a família ter gastos adicionais. Além 
da economia monetária, o aleitamento materno favorece uma economia de tempo 
e energia necessária para o preparo de fórmulas e higienização de equipamentos 
e utensílios. A própria dinâmica familiar fica mais equilibrada, pois o aleitamento 
materno evita o aparecimento de várias doenças para o lactente, evitando que os 
pais tenham que alterar suas rotinas nos cuidados adicionais que uma criança 
doente exige. Especialmente para a nutriz as vantagens são:
• Favorece a recuperação uterina mais rápida e redução do sangramento, 
devido a ação da ocitocina liberada pelo estímulo da sucção.
• Promove a mobilização das reservas lipídicas adquiridas na gravidez, 
favorecendo a volta ao peso materno normal.
• Reduz o risco de câncer de mama e ovário.
• Favorece maior contato entre mãe e filho.
• Menos gasto de tempo e energia pela mãe no preparo de fórmulas pois já está 
pronto para consumo, inclusive na temperatura ideal. 
 
Além de todas as vantagens acima mencionadas do aleitamento materno 
é importante ressaltar que alimentar o bebê exclusivamente com LM evita o uso 
de fórmulas lácteas. Embora em alguns casos é necessário utilizar estas fórmulas 
é preciso ficar atento para algumas situações indesejadas que não ocorrem 
quando o bebê é amamentado no peito. Como exemplos está a diluição excessiva 
de fórmulas que podem reduzir o aporto calórico para a criança, dificultando o 
ganho de peso adequado; o uso de farinhas para engrossar; o risco de diluição 
com água contaminada; entre outros. 
Vale ressaltar que além dos ganhos para o bebê, a mãe e a família, os 
benefícios do aleitamento materno se ampliam do ponto de vista social e para o 
estado, uma vez que a redução na morbidade de crianças amamentadas reduz os 
gastos públicos com saúde.
De acordo com Ribeiro e Kuzuhara (2007), o início precoce do aleitamento 
materno, já na sala de parto, é fundamental para maior êxito no processo de 
aleitamento materno. Alguns passos devem ser seguidos pelas nutrizes antes e 
na hora da amamentação. O nutricionista e outros profissionais de saúde como 
enfermeiros e médicos, devem buscar formação especializada, para sempre 
orientar a mãe sobre estes cuidados (ALMEIDA; LUZ; UED, 2015). Alguns dos 
quais estão listados a seguir:
• Antes de iniciar a amamentar a mãe deverá lavar as mãos e unhas e antebraço 
com água e sabonete. Obs.: As unhas curtas evitam machucar o bebê durante 
os cuidados.
• Para higienizar as mamas praticar o banho diário, de preferênciacom sabonete 
neutro, e a utilizar do próprio LM na região mamilo-areolar antes e depois da 
mamada.
TÓPICO 2 — LACTAÇÃO
45
• Condição das mamas: verificar a flexibilidade das mamas. No caso de mamas 
muito cheias ou ingurgitadas é recomendado massagear as mamas e fazer a 
ordenha manual de preferência (retirada do leite). 
Também é importante orientar a nutriz com relação ao momento da 
amamentação, sobre a melhor posição, sobre a pega, como encerrar a mamada 
etc. A seguir encontram-se listadas algumas orientações importantes, mas não 
são regras absolutas, a especificidade de cada caso em relação ao binômio mãe 
e filho deve ser levada em consideração (RIBEIRO; KUZUHARA, 2007; LANA, 
2001; VITOLO, 2015). 
• A mãe deve estar relaxada e em posição confortável.
• O bebê deve estar próximo e de frente à mama.
• A cabeça e o corpo do bebê devem estar em linha reta.
• O queixo do bebê deve tocar a mama.
• As nádegas do bebê devem estar apoiadas e a barriga encostada na barriga 
da mãe.
• Uma boa pega é essencial para o sucesso no aleitamento materno. A 
apresentação da mama em técnica de C, quando a mão da lactante forma uma 
“concha” com quatro dedos na parte inferior da mama e o polegar na região 
lateral na parte interna (Figura 8). Esta técnica ajuda a apoiar as mamas cheias 
e facilita a pega.
• A boca do bebê deve estar bem aberta e abocanhar a maior parte da aureola e 
não só o bico do peito. É na aureola que estão as fibras nervosas que participam 
dos estímulos para a produção de LM. O lábio superior deve ficar virado para 
cima e o de baixo virado para baixo. A pega errada pode aumentar o risco de 
rachaduras e fissuras no mamilo.
• Nenhum som deve ser emitido pela criança a não ser o da deglutição. Caso 
ele esteja fazendo algum barulho na hora da amamentação, pode ser um sinal 
de pega errada. 
• É comum o bebê largar espontaneamente a mama quando termina a mamada, 
mas quando não ocorrer, a mãe deve colocar o dedo mindinho no quanto da 
boca e auxiliar o bebê a soltar a mama de forma delicada. 
A participação do pai ou outro familiar mais próximo é muito importante 
para auxiliar na observação se a mãe está confortável na hora da amamentação 
(VITOLO, 2008). 
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UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
FIGURA 8 – PEGA DA APRESENTAÇÃO DA MAMA EM FORMATO DE “C”
FONTE: <https://i0.wp.com/maepop.com.br/wp-content/uploads/2018/04/pega_C.jpg?resi-
ze=600%2C600&ssl=1>. Acesso em: 16 jan. 2020.
Vitolo (2008) afirma que o tempo da mamada vai depender da pega, da 
posição adequada e da voracidade do bebê na busca pelo leite. Como já foi estu-
dado anteriormente a composição do leite muda mesmo durante uma mamada. 
É recomendado que a criança possa receber o leite posterior, pois possui quanti-
dades maiores de gorduras e auxilia no ganho de peso. 
No início, primeiros dias, orienta-se colocar o bebê mamar um pouco em 
cada mama, com o intuito de estimular as duas mamas. Depois deste período é 
fundamental que o bebê inicie em uma mama e quando estiver quase satisfeito 
(a mãe já terá observado o tempo de mamada de seu bebê) a mãe oferece a outra 
mama. Provavelmente ele não irá mamar muito tempo nesta mama, então na pró-
xima mamada a mãe deverá oferecer a mesma mama. A última mama da última 
mamada será a primeira mama da próxima mamada. Essa regra funciona quando 
o bebê mamou pouco na última mama da mamada anterior (VITOLO, 2008). 
A dinâmica da mamada para o bebê tem início com a sucção, seguida da 
deglutição e respiração. Em alguns momentos o bebê faz uma pausa para descan-
sar. Às vezes, a mãe tem que estimular a sucção do bebê novamente mexendo em 
alguma parte do corpo como rosto, pé e orelha. 
É importante que o profissional que está orientando a gestante ou a nu-
triz, passe bastante segurança e deixe claro que existem orientações que facilitam 
o processo de amamentação, porém existem situações particulares que devem ser 
respeitadas e adaptadas. 
TÓPICO 2 — LACTAÇÃO
47
A livre demanda é a técnica de amamentação, recomendada atualmente, 
em que a mãe oferece a mama sempre que o bebê quiser, mas é importante ficar 
atenta ao choro do bebê, nem sempre é fome.
O MS disponibiliza, em seu caderno de atenção básica, nº 23, – Saúde 
da criança, aleitamento materno e alimentação complementar, orientações para 
aumentar a produção de leite materno (BRASIL, 2015) conforme listadas a seguir: 
• Melhorar o posicionamento e a pega do bebê, quando não adequados.
• Aumentar a frequência das mamadas.
• Oferecer as duas mamas em cada mamada.
• Massagear a mama durante as mamadas ou ordenha.
• Dar tempo para o bebê esvaziar bem as mamas.
• Trocar de mama várias vezes numa mamada se a criança estiver 
sonolenta ou se não sugar vigorosamente.
• Após a mamada, ordenhar o leite residual.
5 COMPLICAÇÕES COMUNS NO PROCESSO DE LACTAÇÃO 
E ALEITAMENTO MATERNO
Caro acadêmico! Apesar da lactação e a amamentação fazerem parte de 
mecanismos fisiológicos da vida da mulher alguns problemas podem aparecer 
durante o processo. A presença de rachaduras, fissuras, ingurgitamento, entre 
outros problemas podem ocasionar dores e muito desconforto para as puérperas, 
sendo uma das causas de abandono do aleitamento materno. É muito importante 
o reconhecimento desses problemas pelo profissional da saúde, incluindo o 
nutricionista, e o preparo do profissional para oferecer à nutriz as alternativas 
recomendadas para evitar, minimizar e abolir tais problemas. 
 
A complicação mais frequente, que geralmente acontece anos primeiros 
sete dias após ao parto, é o ingurgitamento mamário, popularmente chamado de 
“peito empedrado”. É caracterizado pelo aumento súbito da mama acompanhado 
por dor. Ocorre devido à excessiva produção de leite somada a uma estimulação da 
ejeção inapropriada, acompanhada por congestão vascular e linfática (HEBERLE 
et al., 2014). Os sinais clínicos incluem mamas hígidas, intumescidas, quentes e 
a nutriz refere dor. O intumescimento da aréola deixa o mamilo menos saliente, 
menos protuso, o que dificulta a pega.
 
Para evitar o ingurgitamento das mamas é indicado colocar o bebê para 
mamar logo após ao parto para provocar a ejeção do leite. Aumentar a frequência 
das mamadas é recomendado. A massagem circular nas mamas antes do bebê 
mamar facilita o esvaziamento das mamas e ajuda para evitar ou minimizar o 
ingurgitamento das mamas, inclusive a nutriz deve deixar vazar um pouco de 
leite. A aureola ficará menos intumescidas o que facilitará a pega (VITOLO, 2008). 
48
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
São contraindicadas as bombas elétricas ou mesmo as bombas manuais 
para retirada do LM no caso de ingurgitamento. O uso de compressas frias ou 
quentes é indicada em algumas situações por profissionais de saúde que estão 
acompanhando a nutriz. 
A ação da compressa fria é a de causar vasoconstrição, consequentemente 
reduz a temperatura local e deixam as mamas menos intumescidas. Por outro 
lado, existe o risco de reduzir a produção de leite ocasionada pela diminuição 
na ação de prolactina e também da ocitocina. As compressas quentes agem 
provocando vasodilatação na região das mamas. Esse mecanismo facilita a saída 
do leite das mamas, porém também pode aumentar a sua produção. Neste caso, 
o apoio de um profissional de saúde é fundamental para observar de que forma 
a mãe pode ser beneficiada e aumentar as chances de melhora (VITOLO, 2008). 
 
Outra complicação que pode ocorrer e também envolve as mamas é o 
aparecimento de rachaduras, que consistem em lesões superficiais na pele do 
mamilo e também as lesões que alcançam a derme denominadas de fissuras. São 
mais frequentes nos primeiros 30 dias após ao nascimento do bebê. Uma pega 
inadequada e a falta de preparo correto dos mamilos no pré-natal favorecem o 
aparecimento destas alterações (VITOLO, 2008; CERVELLINI et al., 2014).
Como já mencionado, é muito importante o preparo da pele dos mamilos 
nas últimas semanas anteriores ao parto, com banhode sol. Algumas outras 
orientações ajudam a diminuir o risco de fissuras e rachaduras dos mamilos 
como: não aplicar cremes, pomadas, tão pouco óleos nos mamilos; usar sutiã 
que não agrida a pele no local; amamentar por livre demanda; quando a mama 
estiver muito cheia a nutriz deve ordenhar um pouco de leite antes da criança 
mamar (facilita a sucção e diminui a dor para a mãe); não utilizar adaptadores 
(intermediários) para os mamilos; evitar banhos com água muito quente. 
Caso já tenha a presença de rachaduras, manter o mamilo limpo e seco e 
expor os mamilos ao sol pela manhã antes das 10 horas e ou a tarde depois das 16 
horas ou banho de luz também funciona. Utilizar o próprio leite materno no local 
das fissuras. Existem sutiãs com abertura na região dos mamilos que podem ser 
utilizados mantendo os mamilos livres de contato. Sempre começar a mamada 
com a mama mais atingida. Mudar a posição da mamada para a posição invertida 
também ajuda.
TÓPICO 2 — LACTAÇÃO
49
O tipo de mamilo não é um obstáculo para o ato de amamentar. Um 
mamilo denominado normal, que é protuso e de fácil acesso para o bebê, facilita 
a pega e a amamentação. A presença de um mamilo plano ou invertido, conforme 
a Figura 10, dificulta um pouco o processo de amamentação, mas com as devidas 
orientações é possível minimizar estes problemas. O ideal é que o tipo de mamilo 
seja identificado já no pré-natal. Caso exista algum padrão fora do normal a 
gestante deve ser orientada a fazer exercícios de estimulação. 
 
Geralmente, o profissional de enfermagem e fisioterapia estão bem 
preparados para dar apoio e ensinar técnicas para minimizar este problema junto 
à gestante. Mesmo assim o nutricionista deve sempre estar bem informado sobre 
toda a história do paciente, para poder identificar possíveis causas de um possível 
insucesso na amamentação e assim poder traçar os objetivos e a conduta correta. 
FIGURA 10 – TIPOS DE MAMILOS
FIGURA 9 – POSIÇÃO INVERTIDA
FONTE: <https://bit.ly/3m39Yis>. Acesso em: 16 jan. 2020.
FONTE: <https://bit.ly/35cyUxo>. Acesso em: 16 jan. 2020.
50
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
A mastite é caracterizada pela presença de hiperemia, dor, edema e 
calor nas mamas, podendo envolver sinais e sintomas sistêmicos como mal-
estar e febre. Trata-se de um processo inflamatório local que pode favorecer a 
proliferação bacteriana tornando-se um processo infeccioso. 
Em casos de infecção pode ocorrer o surgimento de abcessos e sepse. Na 
forma inicial, a amamentação pode ser continuada já no caso de abscesso pode ser 
suspensa provisoriamente na mama acometida (FEBRASGO, 2018). O tratamento 
envolve o acompanhamento médico e o uso de medicamentos como analgésicos 
e antibióticos (VITOLO, 2008; FEBRASGO, 2018).
 
A hipogalactia que consiste na baixa e insuficiente produção de leite, deve 
ser muito bem monitorada, pois pode induzir a nutriz a utilizar suplementação 
alimentar e ao desmame precoce. As principais causas podem ser orgânicas, mas 
geralmente não são. A pega errada, não adoção da técnica da livre demanda, uso 
de chupetas, oferecer outros líquidos em mamadeiras, são as principais situações 
relacionadas com a hipogalactia. Os sinais apresentados pelo bebê incluem baixo 
peso, ganho insuficiente de peso (<20 g/dia), baixa diurese com menos de seis 
micções ao dia, urina com coloração amarela mais intensa e odor forte. Já a nutriz 
apresenta as mamas flácidas (VITOLO, 2008). A conduta indicada nos casos de 
hipogalactia consiste em orientações para a nutriz como:
• Aumentar a frequência das mamadas. Esvaziar totalmente as mamas. 
• Ficar atenta e observar se a criança não dorme muito rápido após o início da 
mamada. Neste caso a mãe deve estimular a criança tocando em seu rosto, 
orelha ou pés.
• Não deve ser oferecido nenhum líquido à criança como água e chás, com 
exceção por recomendação médica. Neste caso, evitar mamadeiras. A 
OMS preconiza o uso de copinho quando for necessário oferecer alguma 
suplementação, mesmo para RNPT (GIUGLIANI, 2000).
• Observar se a pega está correta. 
• Evitar o uso de chupeta.
• A nutriz deve ser encorajada a ingerir mais água. 
O estresse materno também é apontado como um fator desencadeante da 
hipogalactia. É fundamental que a nutriz tenha uma rede de apoio, tanto familiar 
como dos profissionais de saúde. 
Algumas situações relacionadas com a saúde do bebê podem prejudicar 
no processo de aleitamento materno por diferentes razões. O bebê ser portador 
de algum erro inato do metabolismo, a presença de lábio leporino, baixo peso ao 
nascer (sucção prejudicada) são alguns exemplos que merecem atenção especial.
 
É muito importante que a nutriz seja orientada em relação ao uso de 
medicamento durante o período de amamentação. É regra que a nutriz não deve 
tomar medicamentos sem recomendação médica (VITOLO, 2008).
 
TÓPICO 2 — LACTAÇÃO
51
Quando a mãe utiliza um medicamento permitido deverá observar 
atentamente se ocorre o aparecimento de alguma mudança no comportamento ou 
sintomas no lactente e conversar mais frequentemente com o pediatra (VITOLO, 
2008).
 
Infelizmente, caro aluno, em alguns casos o aleitamento materno é 
contraindicado. No Brasil, as mães infectadas pelo vírus HIV ou HTLV são 
orientadas a não amamentar. Também devem abster-se de amamentar as mães 
com tuberculose ativa e não tratável. Nutriz usuária regular de drogas ilícitas como 
maconha, anfetaminas, cocaína, crack, ecstasy etc. também é desaconselhada a 
amamentar (BRASIL, 2017).
A Academia Americana de Pediatria (American Academy of Pediatrics 
– AAP) traz algumas recomendações em relação à amamentação e o Ministério 
da Saúde (MS) do Brasil também publicou os dez passos para o sucesso do 
aleitamento materno. Seguem tanto as recomendações gerais da AAP como as do 
MS, que servem de instrumentos para os profissionais de saúde utilizarem para 
orientar as gestantes e nutrizes e alcançar o maior número possível de mulheres 
nesta fase da vida (Quadro 2 e 3).
QUADRO 2 – RECOMENDAÇÕES DA APP SOBRE AMAMENTAÇÃO
• Assegurar que o RN seja amamentado dentro da primeira hora após ao 
parto.
• A mãe e pai devem receber assistência em relação ao processo de aleitamento 
materno.
• Em caso de impossibilidade da amamentação direta (o bebê sugar 
diretamente no peito da mãe), deve-se incentivar a extração de leite com as 
mãos, ou com o auxílio de bomba elétrica. Neste caso utilizar a técnica do 
copinho para dar o leite à criança.
• Líquidos como água, chás e outros, glicose, e fórmulas não devem ser 
oferecidos aos RN, a não ser por indicação médica.
• De 3 a 5 dias após o nascimento o lactente deverá ser avaliado por um 
profissional de saúde com o intuito de averiguar a presença de problemas 
iniciais com a amamentação como queixas da lactante de dor ao amamentar, 
ingurgitamento, presença de fissuras, ou qualquer outra dificuldade. 
Também deve ser avaliado a frequência urinária e de defecação. Nos 
primeiros dias após ao nascimento é normal a perda de peso do RN, porém 
não deve ultrapassar 7% do peso ao nascimento. Caso isso ocorre pode ser 
decorrente de problemas com a amamentação.
• Os pais devem ter acesso às informações em relação aos benefícios para a 
criança que é amamentada nos primeiros 6 meses de vida.
• Evitar o uso de chupeta nas primeiras semanas após ao nascimento.
• A nutriz deve ser estimulada a amamentar seu bebê de 8 a 12 vezes em 
24 horas nas primeiras semanas de vida da criança. Sempre que a criança 
demonstrar sinais de fome (bebê acordado, agitado, movimentar o pescoço 
(em rotação), mexer a boca. Quando a criança chora pode ser por vários 
motivos como frio, calor, dor, desconforto e o último sinal de fome.
52
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
• Fazer a segunda visita ambulatorial do lactente amamentado no peito na 
segunda ou terceira semana após ao parto para avaliar o ganho de peso a 
dinâmica do aleitamento materno.
• É recomendado a aplicaçãode 1 mg de vitamina K intramuscular para todos 
os lactentes amamentados após a primeira mamada, nas primeiras 6 horas 
de vida.
• Suplementar com 200UI de vitamina D ao dia nos 2 primeiros meses de vida 
de crianças amamentadas. Com o uso de fórmulas infantis fortificadas com 
vitamina D não é preciso suplementar, quando a ingestão chegue a 500 ml 
ao dia. Fica a orientação condicionada as diretrizes de cada país.
FONTE: Vitolo (2008)
QUADRO 3 – DEZ PASSOS PARA O SUCESSO DO ALEITAMENTO MATERNO DO MS
Passo 1 Ter uma política de aleitamento materno escrita que seja rotineiramente transmitida a toda equipe de cuidados de saúde.
Passo 2 Capacitar toda a equipe de cuidados de saúde nas práticas necessárias para implementar esta política.
Passo 3 Informar todas as gestantes sobre os benefícios e o manejo do aleitamento materno.
Passo 4
Ajudar as mães a iniciar o aleitamento materno na primeira meia 
hora após o nascimento; conforme nova interpretação: colocar os 
bebês em contato pele a pele com suas mães, imediatamente após 
o parto, por pelo menos uma hora e orientar a mãe a identificar se o 
bebê mostra sinais de que está querendo ser amamentado, oferecen-
do ajuda se necessário.
Passo 5 Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação mesmo se vierem a ser separadas dos filhos.
Passo 6 Não oferecer a recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o leite materno, a não ser que haja indicação médica e/ou de nutricionista. 
Passo 7 Praticar o alojamento conjunto – permitir que mães e recém-nascidos permaneçam juntos – 24 horas por dia.
Passo 8 Incentivar o aleitamento materno sob livre demanda.
Passo 9 Não oferecer bicos artificiais ou chupetas a recém-nascidos e lactentes.
Passo 10
Promover a formação de grupos de apoio à amamentação e encami-
nhar as mães a esses grupos na alta da maternidade; conforme nova 
interpretação: encaminhar as mães a grupos ou outros serviços de 
apoio à amamentação, após a alta, e estimular a formação e a colabo-
ração com esses grupos ou serviços. 
FONTE: <http://www.saude.gov.br/noticias/823-assuntos/saude-para-voce/40762-dez-passos-
-para-o-sucesso-do-aleitamento-materno>. Acesso em: 16 jan. 2020.
TÓPICO 2 — LACTAÇÃO
53
Você, futuro profissional de nutrição, também deverá estar bem informado 
sobre os direitos da nutriz em relação à amamentação e ao trabalho. Com isso, 
você poderá orientar melhor a mãe sobre o período de amamentação e os horários 
das mamadas.
 
A CLT (Consolidação das leis do trabalho) através do artigo 392 garante 
a empregada gestante o direito à licença maternidade de 120 dias, sem nenhum 
prejuízo ao emprego a também ao salário. Anteriormente a licença era apenas de 
três meses (SANTIAGO; RICARDINO; VIEIRA, 2012; VITOLO, 2008).
 A Lei nº 11.770/2008 instituiu o Programa Empresa Cidadã, que prorrogou 
esse prazo por 60 dias, resultando em 180 dias totais de licença maternidade. Esta 
lei é obrigatória para funcionárias estaduais e federais e opcional para empresas 
privadas e para as empresas que aderirem são concedidos benefícios fiscais 
(SANTIAGO; RICARDINO; VIEIRA, 2012; VITOLO, 2008). 
 
A participação do pai durante todas as fases de crescimento e 
desenvolvimento é muito importante. Nos primeiros dias após ao nascimento 
é especialmente considerável tanto para o bebê como para a lactante. Todos 
os trabalhadores a tornarem-se pais têm o direito concedido pela constituição 
federal de 1988 de cinco dias de licença paternidade. 
Com o intuito de conceder a funcionária, durante a jornada de trabalho, 
tempo necessário para que ela possa amamentar o seu filho até aos seis meses de 
idade, visando à manutenção da saúde do bebê, o artigo 396 da CLT estabelece 
que a mãe terá direito a dois descansos especiais de meia hora cada um. Em caso 
de necessidade, por problema de saúde da criança, o período de seis meses pode 
ser estendido, a critério da autoridade competente.
6 BANCO DE LEITE
Agora que já estudamos a lactação e a amamentação, vamos direcionar 
nosso conteúdo para conhecer o que é um banco de leite humano um pouco 
da história, sua missão, o impacto do surgimento dos BLH nas taxas de 
morbimortalidade, suas atribuições etc. 
Como vimos anteriormente, o leite humano é extremamente importante 
para recém-nascidos e lactentes, sendo fonte de nutrientes em proporções ideais 
ao crescimento e desenvolvimento da criança. Representa a forma mais eficiente 
e econômica de intervenção para reduzir a morbimortalidade infantil. 
 
A recomendação do leite materno para crianças recém-nascidas, 
incluindo os recém-nascidos pré-termo e de baixo peso, é unânime. Contudo 
algumas situações indesejadas temporárias ou permanentes, impedem da 
própria mãe amamentar seu filho ou o lactente estar impossibilitado de receber 
o LM diretamente dos seios. Nestas situações é que os BLH têm um papel muito 
54
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
relevante e imprescindível. Torna-se a melhor opção, a alimentação láctea, por 
meio da oferta do LM pasteurizado disponibilizado pelos bancos de leite humano.
Um Banco de leite humano – BLH é um centro especializado, vinculados 
a hospitais infantis e maternidades, responsável pela promoção do incentivo 
ao aleitamento materno e execução das atividades de coleta, processamento e 
controle de qualidade, pasteurização e distribuição do LM pasteurizado e seguro 
para crianças que necessitam como fator de sobrevivência. Além de servirem 
de postos de coleta, estocagem e distribuição de leite, fazem parte de uma 
importante estratégia para promoção, proteção e apoio à prática da amamentação 
(HINRICHSEN, 2004, BRITTO; BARBOSA; HAMANN, 2002, BRASIL, 2006)
O primeiro BLH instalado no Brasil foi no Instituo Fernandes Figueiras 
da Fundação Osvaldo Cruz, localizado na cidade do Rio de Janeiro. Está em 
atividade desde 1943. É um centro de referência nacional para BLH no país e 
desde 1996 vem se consolidando como Centro de Referência para América Latina 
e Caribe. Posteriormente, em 1967, em São Paulo, o Hospital do Servidor Público 
Estadual iniciou suas atividades. O objetivo principal do banco de leite era coletar 
e distribuir leite humano para bebês prematuros e ou com prejuízos nutricionais 
graves como a desnutrição e presença de alergias a proteínas heterólogas (ROCHA 
et al., 2016).
Do ano de 1943 até a década de 1980 foram implementadas mais cinco 
unidades no Brasil. A partir de 1985 houve uma expansão significativa e um 
aumento considerável no número de unidades instituídas por tempo, que 
resultou em um total de 104 unidades funcionando na década de 1990 em todo o 
país. No Brasil, atualmente, existem 224 BLH e 217 postos de coleta (FUNDAÇÃO 
OSVALDO CRUZ, 2019). 
Em 1998, por meio de uma iniciativa conjunta do Ministério da Saúde e da 
Fundação Oswaldo Cruz, foi criada a Rede Nacional de Bancos de Leite Humano 
(RNBLH). A RNBLH consiste, como o nome sugere, em uma rede de bancos e 
postos de coleta de leite humano, estruturada adequadamente e descentralizada, 
compostas por unidades em todas as regiões do Brasil. 
A missão maior da RNBLH é a promoção da saúde da mulher e da criança, 
mediante a integração e a construção de parcerias com órgãos federais, iniciativa 
O link a seguir apresenta onde são encontradas as unidades mencionadas: 
http://www.redeblh.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=366&sid=238.
DICAS
TÓPICO 2 — LACTAÇÃO
55
privada e sociedade (LUNA; OLIVEIRA; SILVA, 2014). A RNBLH é considerada 
a maior e mais complexa do mundo pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Para que você tenha uma visão melhor do contexto das políticas públicas 
relacionadas às estratégias relacionadas ao aleitamento materno e aos BLH no 
Brasil, propusemos um pequeno “parêntese” através do esquema a seguir:
• Como já mencionado, neste tópico, na década de 1970 até a década de 1980 
as taxas de mortalidade infantis, principalmente de lactentes, estavam muito 
altas.
• O Brasil estava vivendo a chamada “Epidemia do desmame”.
• Paratentar reverter esta situação, foram criadas políticas públicas. 
• Em 1981, foi criado o Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento 
Materno (PNIAM) ligado ao Instituto Nacional de Alimentação e 
Nutrição do Ministério da saúde (MS).
• Em 1998, foi incorporado na área de saúde da criança do MS e passou 
a implementar ações já existentes e outras com o intuito de aumentar 
o índice de aleitamento materno. 
• Atualmente, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança 
(PNAISC), rege e norteia as ações relacionadas à saúde infantil. 
Foram propostos sete eixos, sendo um deles o aleitamento materno 
e alimentação saudável, que por sua vez conta com estratégias, 
campanhas de promoção à saúde da criança como (BRASIL, 2018a): 
• Eixo Estratégico I – Atenção Humanizada e Qualificada à Gestação, ao Parto, 
ao Nascimento e ao Recém-Nascido.
• Eixo Estratégico II – Aleitamento Materno e Alimentação Complementar 
Saudável.
• Eixo Estratégico III – Promoção e Acompanhamento do Crescimento e do 
Desenvolvimento Integral.
• Eixo Estratégico IV – Atenção Integral a Crianças com Agravos Prevalentes na 
Infância e com Doenças Crônicas.
• Eixo Estratégico V – Atenção Integral à Criança em Situação de Violências, 
Prevenção de Acidentes e Promoção da Cultura de Pa.
• Eixo Estratégico VI – Atenção à Saúde de Crianças com Deficiência ou em 
Situações Específicas e de Vulnerabilidade.
• Eixo Estratégico VII – Vigilância e Prevenção do Óbito Infantil, Fetal e Materno.
O eixo estratégico II, Aleitamento materno e alimentação complementar, 
“é ancorado na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, iniciando na 
gestação, considerando-se as vantagens da amamentação para a criança, a mãe, 
a família e a sociedade, bem como a importância de estabelecimento de hábitos 
alimentares saudáveis” (BRASIL, 2018a). As estratégias deste eixo incluem:
• A Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC).
• Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação 
56
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
Complementar Saudável no SUS. 
• Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB). 
• Ação de apoio à Mulher Trabalhadora que Amamenta (MTA). 
• A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (RBLH). 
• A implementação da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para 
Lactentes, para Crianças de Primeira Infância, Bicos Chupetas e Mamadeiras 
(NBCAL). 
• A mobilização social em aleitamento materno (BRASIL, 2018a).
Bem, continuaremos estudando sobre os BLH. No início a doação de LM 
para os BLH não era um processo voluntário e consciente. Alguns BLH chegaram 
a remunerar as nutrizes de acordo com o volume produzido. Alguns tinham a 
prática de oferecer cestas de alimentos e assistência médica diferenciada. A partir 
da década de 80 a oferta de LM passou a ser voluntária. Atualmente a legislação 
que regulamenta o funcionamento dos BLH no Brasil a RDC nº 171 define que a 
doadora deve apresentar excesso de leite, ser saudável, não usar medicamentos 
que impeçam a doação e se dispor a ordenhar e a doar o excedente (FUNDAÇÃO 
OSVALDO CRUZ, 2019). Algumas nutrizes quando estão amamentando 
produzem um volume de leite além da necessidade do seu bebê, desta forma 
podem tornar-se doadoras de um Banco de Leite Humano.
A expansão das unidades de BLH a partir da década de 80 resultou 
junto à PNIAM a formação de um grupo técnico responsável em monitorar a 
implementação e o funcionamento dos BLH em todo o Brasil. Tecnologias mais 
modernas e novos procedimentos foram incorporados para o processamento do 
leite doado pelas nutrizes e com isso refinar o controle de qualidade. 
O primeiro documento que aprovou as normas gerais que regulamentam 
a instalação e funcionamento dos BLH no Brasil é a Portaria nº 322 de 26 de maio 
de 1988. Um novo regulamento foi instituído em setembro de 2006 a resolução 
RDC nº 171. A Portaria nº 812, de 27 de outubro de 1999, aprovou o Plano de 
trabalho para a implementação do Projeto da rede nacional de bancos de leite 
humano. 
Sugiro para você, acadêmico, visitar a página da Fundação Osvaldo Cruz e 
conhecer toda a legislação sobre o funcionamento dos BLH – Endereço eletrônico: http://
www.redeblh.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home.
DICAS
TÓPICO 2 — LACTAÇÃO
57
De acordo com as normas para a instalação os BLH devem ter 
vários ambientes adequados para todos os processos envolvidos na coleta, 
processamento, armazenamento e doação do LM. Basicamente estão incluídos: 
• Uma sala de recepção para registro e triagem das doadoras. 
• Área para a estocagem do leite cru coletado.
• Sala de ordenha.
• Sala de processamento e laboratório de controle de qualidade microbiológico. 
Algumas áreas são opcionais como área de recepção externa; área de 
liofilização, junto à sala de processamento; sala de porcionamento e sala para 
lactentes e acompanhantes. Os ambientes de suporte incluem: 
• Vestiário de barreira com a presença de lavatórios.
• Ambiente exclusivo para amamentação de trabalhadores, doadoras e demais 
usuários (funcionam como barreira para entrada e saída). 
• Sanitários femininos e masculinos. 
• Sanitário para pessoas com necessidades especiais.
• Depósito de material de limpeza.
Entre tantas ações para a promoção do aleitamento materno uma lei foi 
promulgada, Lei nº 13.227, de 28 de dezembro de 2015, que instituiu o dia 19 de 
maio como o dia nacional de doação de leite humano e também determina a come-
moração da semana nacional de doação de leite humano também no mês de maio.
Em Santa Catarina, o Banco de Leite Humano da Maternidade Darcy Vargas se 
tornou em 1999 referência estadual e passou a ser indicado ao treinamento e capacitação 
de recursos humanos para outras unidades de saúde de Santa Catarina.
NOTA
Você já ouviu ou leu sobre o Programa Iniciativa Hospital Amigo da 
Criança (IHAC). Trata-se de uma estratégia idealizada em 1990 pela Organização 
Mundial de Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF) 
motivada pelo chamado para a ação da Declaração de Innocenti, conjunto de 
metas criadas com o intuito de resgatar o direito da mulher de aprender e praticar 
a amamentação com sucesso. 
58
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
A IHAC está inserida na Estratégia Global para Alimentação de Lactentes 
e Crianças de Primeira Infância criada em 2002 pela OMS/UNICEF. O objetivo 
da IHAC é de promover, proteger e apoiar o aleitamento materno no âmbito 
hospitalar. Foi adotada no Brasil em 1992 pelo ministério da saúde. É um programa 
que busca sensibilizar os profissionais de saúde para que adotem condutas e 
rotinas que reduzam os altos índices de desmame precoce. 
O projeto da Iniciativa soma-se a esforços do Programa Nacional de 
Incentivo ao Aleitamento Materno (PNIAM/MS), coordenado pelo Ministério 
da Saúde. Na prática as ações deste programa buscam aumentar a prevalência 
do aleitamento materno por meio de revisão de políticas e rotinas nos Serviços 
de Saúde Materno-Infantis, de forma a propiciar uma melhor interação entre o 
binômio mãe-filho. Também busca promover mudanças culturais sobre o uso 
de chupetas, mamadeiras e leites industrializados bem como combater a livre 
propaganda sobre o uso destes.
 
Em 2015 já existiam 326 hospitais com o título “Amigo da criança” em 
todo o Brasil e em Santa Catarina já estavam presentes em 16 municípios.
TÓPICO 2 — LACTAÇÃO
59
Mitos e verdades sobre produção de leite materno
Juliana Xavier 
A amamentação costuma ser um fator de preocupação para as mães 
antes mesmo de o bebê nascer. Isso se deve ao fato de o leite materno ser, 
comprovadamente, o alimento mais completo que o bebê pode receber, pois 
fornece todos os nutrientes, vitaminas e minerais de que ele precisa para o 
crescimento durante os primeiros meses. A Organização Mundial de Saúde (OMS) 
recomenda que a mãe amamente os filhos, durante os primeiros seis meses de 
vida, exclusivamente com leite materno, dos seis mesesaté os dois anos, outros 
alimentos devem ser introduzidos na dieta e oferecidos ao bebê em colherinhas e 
copinhos, não mais na mamadeira.
Como saber se o bebê está bem alimentado? Como aumentar a produção 
de leite materno? 
Segundo Maíra Domingues Bernardes Silva, enfermeira pediátrica do 
Banco de Leite Humano do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança 
e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), para a produção de leite 
funciona a ‘lei da oferta e da procura’. “O leite é produzido de acordo com o 
que o bebê mama e a cada mamada. Assim, as mães que têm gêmeos também 
conseguem produzir leite suficiente para os dois bebês. Importante destacar que 
também é recomendável que as mamães aumentem o consumo de água e de sucos 
de fruta naturais”, explica Maíra Domingues. Abaixo, a enfermeira pediátrica tira 
dúvidas sobre os mitos e verdades da produção de leite.
Todo mundo está dizendo que o meu bebê não para de chorar porque é 
fome, pois tenho pouco leite ou porque meu leite é fraco. O que eu faço?
Não existe leite fraco. O leite materno é o melhor alimento para os bebês 
devido tanto às suas propriedades nutricionais em quantidade e qualidade ideais, 
como também a suas propriedades imunológicas, protegendo contra infecções 
respiratórias, diarreias, promovendo saúde e permitindo um crescimento e 
desenvolvimento saudáveis. Até as mães desnutridas são capazes de produzir 
um leite de qualidade. Além disso, vale destacar que nem todo choro do bebê 
é fome. Ele pode chorar por diversos outros motivos: frio ou calor, fralda suja, 
necessidade de carinho e atenção, dentre outros motivos. Com o tempo, os pais 
vão aprendendo a lidar com o choro do bebê.
Importante frisar que existem sinais indicativos de fome, são eles: colocar 
as mãos na boca, abrir a boca em busca da mama, fazer movimentos de sucção e 
o choro.
LEITURA COMPLEMENTAR
60
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
Levei meu bebê ao pediatra e ele disse que está tudo bem com meu 
filho, mas mesmo assim me receitou um leite especial. Isso é correto?
O leite humano é o alimento ideal e mais completo para o bebê e deve 
ser oferecido de forma exclusiva até os seis meses de idade (ou seja, não há 
necessidade de oferecer água, sucos ou chás) e de forma complementar com 
outros alimentos a partir dos seis meses até os dois anos ou mais. Caso o bebê 
esteja perdendo peso, ou tenha alguma dificuldade com a amamentação, procure 
apoio e suporte para amamentar no Banco de Leite Humano.
A pega do bebê no seio influencia na produção?
É importante que o bebê abocanhe corretamente a aréola para que ele 
fique bem alimentado, não machuque os seios da mãe e continue estimulando 
uma adequada produção de leite.
Quanto tempo meu bebê deve amamentar? É importante oferecer os 
dois seios em cada mamada? Quando devo trocar de seio?
Não existe tempo de mamada. O bebê é quem decide quanto tempo vai 
durar cada mamada. O leite do final da mamada contém maior quantidade de 
gordura, fazendo o bebê ganhar peso e ficar saciado. Sendo assim, ele deve mamar 
até ficar satisfeito, demonstrando sinais de saciedade, por exemplo, quando para 
espontaneamente de mamar e solta o seio materno ou até mesmo quando dorme 
após a mamada. E esse tempo pode variar de bebê para bebê. Por este motivo, é 
importante que a mamada não seja interrompida, pois, se for, o bebê pode mamar 
pouco do leite do final. Em cada mamada, o bebê pode sugar somente um dos 
seios e ficar satisfeito, mas se ele continuar demonstrando que está com fome, 
pode-se oferecer o outro seio também. Aos poucos, a mãe vai conhecendo o seu 
bebê e percebendo seu ritmo.
Meu bebê mama em livre demanda, mas já ouvi dizer que isso não é 
indicado. Como devo proceder?
Recomenda-se mamadas frequentes, sem horário e duração pré-
determinados (livre demanda), ou seja, o bebê deve mamar sempre que demonstrar 
sinais de fome conforme supracitado. É importante estar atento para a troca de 
fralda frequente do bebê, pois este é um bom sinal de que ele está mamando bem.
Existe preparo para amamentar?
O preparo para amamentar deve ser a partir de contato com mulheres que 
tiverem experiências positivas com a amamentação, bem como a participação em 
grupos de gestantes que apoiam e promovem a amamentação, e buscar ajuda em 
Bancos de Leite Humano sempre que tiverem dificuldades nesse processo.
No entanto, não existe preparo das mamas; sendo assim, não é 
TÓPICO 2 — LACTAÇÃO
61
recomendável utilizar óleos, cremes, buchas ou conchas, ou mesmo massagear e 
fazer qualquer manobra com os mamilos durante a gestação. A própria natureza 
(ou seja, fisiologia corporal) se encarrega deste preparo.
Como estimular a produção e descida do leite?
Ao realizar o contato pele a pele na primeira hora após o parto, a mamãe 
estará estimulando muitos hormônios que ajudarão no início da apojadura, 
preparo da mama para a descida do leite e que geralmente acontece até cinco 
dias após o parto. As mamas ficam maiores e bem cheias, algumas vezes quentes, 
com um pequeno fluxo de leite, o que é normal. O leite começa a descer em 
forma de gotinhas e isso é suficiente para o bebê ficar satisfeito. Vale destacar 
que este primeiro leite que sai é chamado de colostro e tem o papel principal de 
proteção do recém-nascido – por isso é conhecido como a primeira vacina – e 
essas características permanecem até o sétimo dia pós-parto.
O que fazer quando o leite empedrar?
A mãe deve fazer massagem em movimentos circulares na mama e 
colocar o bebê para mamar. Se a mama estiver muito cheia, ela pode retirar um 
pouquinho de leite antes de amamentar para que a aréola fique macia e o bebê 
consiga abocanhar. Após amamentar, se a mama persistir cheia, a mãe deve 
continuar a massagem e realizar a ordenha do leite para armazenar e/ou doar 
para Bancos de Leite Humano.
Mães que têm mais leite do que o filho precisa podem amamentar algum 
filho de alguma amiga que esteja precisando? O que posso fazer com o meu 
leite excedente?
Elas nunca devem amamentar outro bebê, nem deixar seus bebês serem 
amamentados por outras mães, ainda que sejam suas irmãs, primas, melhores 
amigas. É contraindicada a amamentação cruzada (como é conhecida a prática de 
mães que amamentam filhos de outras que apresentam alguma dificuldade com 
o aleitamento), pois muitos micro-organismos podem ser transmitidos pelo leite 
materno, inclusive o HIV. Sendo assim, para essas mães que têm muita produção 
de leite (mais do que seu bebê precisa), uma boa opção é serem doadoras de leite 
humano.
Doe somente para Bancos de Leite Humano. Neles, o leite doado é 
pasteurizado e existe todo um controle de qualidade em todas as etapas do 
seu processamento, para que este seja um alimento funcional e seguro para os 
recém-nascidos de baixo peso, prematuros ou com alguma patologia crônica que 
estão internados em UTIs. Para mais informações sobre doação de leite humano 
e orientação sobre amamentação, ligue para o Banco de Leite Humano do IFF: 
08000 26 88 77.
FONTE: BRASIL. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes 
Figueira. c2020. Disponível em: https://bit.ly/3o8thZy. Acesso em: 16 jan. 2020.
62
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O organismo da mulher já se prepara para a lactação durante a gestação.
• A prolactina atua na síntese do leite materno e a ocitocina em sua ejeção. O 
leite materno tem uma composição diferente do leite de outros mamíferos e 
possui todos os nutrientes importantes para cada fase de desenvolvimento 
do bebê. Também muda sua composição conforme o momento da mamada.
• O aleitamento materno traz benefícios tanto para o bebê, para mãe, para a 
família como para o estado.
• As lactantes têm direitos trabalhistas que garantam o aleitamento materno 
durante os primeiros meses de vida de seu bebê. 
• Algumas complicações são comuns no processo de lactação, mas é possível 
preveni-las ou atenuá-las e que podem trazer implicações nutricionaispara o 
recém-nascido.
• Os bancos de leite têm um papel muito importante na redução da 
morbimortalidade infantil. 
• Nem sempre os bancos de leite funcionaram como atualmente.
• Existem várias políticas públicas no Brasil que objetivam o incentivo ao 
aleitamento.
63
1 Caro acadêmico! Conforme o conteúdo estudado com relação à lactação, é 
sabido que quanto mais o bebê mama no peito, mais a lactante produz leite. 
Explique fisiologicamente este mecanismo.
2 Algumas expressões fazem parte do contexto do aleitamento materno 
como Aleitamento materno exclusivo e técnica de amamentação em livre 
demanda. Explique com suas palavras o significado destas duas expressões.
AUTOATIVIDADE
64
65
TÓPICO 3 — UNIDADE 1
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA 
NUTRIZ
1 INTRODUÇÃO
Uma mulher se torna nutriz no momento em que ela inicia o processo de 
aleitamento materno, oferecendo suas mamas para alimentar seu bebê. A mulher 
que amamenta também é chamada de lactante. 
A chegada de um bebê traz muitas alegrias para a família. Ao nascer o bebê 
passa a ser o foco das atenções no meio em que vive, mas não se pode esquecer 
de que a mãe passou por transformações físicas e psicológicas ao dar luz a um 
filho. Esse período, que vai do momento do parto até que os órgãos reprodutores 
voltam ao estado pré-gestacional, é chamado de puerpério. 
Além de todas as mudanças que a mulher está experimentando no pós-
parto, a mulher está vivenciando uma nova fase com um novo ser que depende 
dela para várias coisas, incluindo a alimentação e nutrição. É um momento de 
aprendizado. Tanto para a mãe como para o bebê. A mãe está conhecendo seu 
filho, estabelecendo rotinas, lidando com situações novas, mesmo quando ela já 
tenha tido outros filhos. Cada bebê é único e possui suas peculiaridades. Vários 
fatores influenciam no comportamento do bebê, a idade gestacional, vivências 
intrauterinas, fatores ambientais, experiências vivenciadas durante o parto e o 
estado psicológico da mãe (BRASIL, 2015).
Todo esse novo panorama apesar de ser permeado por muitas alegrias 
pelo nascimento de um filho, muitas vezes planejado outras vezes não, vem 
acompanhado por momentos, com variada intensidade e grau, de ansiedade, 
tensão e insegurança da mãe. 
O choro do bebê passa a ser motivo de desconforto para a mãe, que no 
início não sabe identificar a ou as causas de o bebê chorar. Infelizmente, o choro 
do bebê é uma das causas frequentes de desmame precoce. Como ainda estão 
conhecendo a comunicação não verbal do bebê, as mães interpretam o choro 
como fome e também cólica (BRASIL, 2015). Perante isso, oferecem fórmulas 
infantis para a criança. 
Fora todas as implicações psicológicas do puerpério a mulher nutriz 
está passando por um período de mudanças físicas para se recuperar do parto e 
também para todo o processo de lactação e amamentação. 
O Ministério da Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo até os 
66
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
seis meses de idade e a continuidade até os dois anos juntamente com a alimenta-
ção complementar. A fase da lactação é considerada uma fase de alta vulnerabi-
lidade e grandes demandas. As necessidades nutricionais estão aumentadas em 
decorrência da produção de leite e a nutriz deve receber assistência. Uma avalia-
ção minuciosa do estado nutricional da nutriz colabora para o acompanhamento 
nutricional de qualidade no período do aleitamento materno.
 
A seguir será explanado sobre as demandas energéticas e nutricionais da 
nutriz, as orientações nutricionais que podem favorecer o alcance ou a manutenção 
do estado nutricional da mãe após seu filho nascer.
2 NECESSIDADES ENERGÉTICAS DA NUTRIZ
Antes de discutirmos sobre as necessidades energéticas da nutriz, vamos 
discorrer um pouco sobre a avaliação do estado nutricional nesta fase. A avaliação 
do estado nutricional da nutriz segue os protocolos para a avaliação de acordo 
com a faixa etária adolescente ou adulta. Não há protocolos específicos para esta 
fase, embora se trata de uma fase de grandes mudanças do corpo da mulher. 
Um diagnóstico do estado nutricional nesta fase é útil para identificar se 
a condição atual da lactante possa contribuir para alguma vulnerabilidade do 
processo de lactação. E também nos casos de queixa das nutrizes em relação ao 
excesso de peso verificar a real dimensão desta condição. A avaliação nutricional 
deve ser pautada nos dados antropométricos, bioquímicos e dietéticos (RIBEIRO, 
KUZUHARA, 2007).
O ganho de peso durante a gestação tem como função garantir o crescimento 
e desenvolvimento do feto e disponibilizar energia para o processo de lactação e 
recuperação do parto. O estado nutricional da mulher tanto antes como durante 
a gestação interfere no resultado da gestação, tempo de gestação, peso ao nascer 
do bebê e complicações antes e depois do parto (RIBEIRO; KUZUHARA, 2007). 
Estudos apontam que fatores como peso preconcepção, idade, paridade, a 
prática de exercícios, lactação, raça, retorno ao trabalho fora de casa têm influen-
ciado no estado nutricional da nutriz, influenciando na perda de peso.
Grande parte das mulheres perdem peso de forma gradual nos primeiros 
meses pós o parto. O peso perdido varia de 0,6 a 0,8 Kg ao mês, não caracterizando 
nenhuma situação anormal, nem tão pouco traz prejuízo nutricional a mulher, é 
considerado uma perda fisiológica. Já a perda de peso acima de 2 Kg ao mês para 
mulheres eutróficas no período pré-gestacional podem trazer prejuízos tanto 
nutricionais à nutriz como para a produção de leite. É importante salientar que 
existem especificidades nas populações estudadas. 
Estudos apontam para um percentual de aproximadamente 20% das 
nutrizes que conservam o peso do final da gestação ou até ganham peso neste 
TÓPICO 3 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA NUTRIZ
67
período da vida (RIBEIRO; KUZUHARA, 2007). Alguns estudos apontam o 
ganho de peso durante a fase gestacional como uma das causas do aumento de 
peso entre as mulheres no Brasil (VITOLO, 2008). 
Além das mudanças com relação ao peso corporal da nutriz que sucede 
frequentemente, também ocorrem mudanças na composição corporal durante a 
lactação. A redistribuição da gordura corporal é resultado da mobilização dos 
depósitos localizados na região das coxas e glúteos e em menor quantidade do 
tronco (RIBEIRO; KUZUHARA, 2007).
A avaliação do estado nutricional da nutriz é útil para determinar as 
necessidades energéticas nesta fase. O INSTITUTE OF MEDICINE – IOM (2005) 
indica o uso das recomendações de ingestão dietética (DRI) para determinar as 
necessidades energéticas para a nutriz. O período de lactação é caracterizado por 
demandas energéticas altas, maiores até que a gestação. A produção de um litro 
de leite materno gera uma demanda de 900 kcal. Um terço desta energia utilizada 
na lactação (300 kcal) é proveniente dos depósitos maternos. A determinação do 
adicional de calorias necessárias para a nutriz foi baseada na produção diária de 
850 mL de LM e o valor adicional de energia necessária é de 500 Kcal (Quadro 4) 
(VITOLO, 2008). 
QUADRO 4 – DEMANDAS ENERGÉTICAS DA LACTAÇÃO
Como foi estudado anteriormente é provável que o consumo de 500 Kcal 
extras por dia satisfaça essa demanda. Uma parte do valor das calorias gastas 
para a lactação são utilizadas das reservas, refletidas em 2 a 4 Kg, acumuladas 
pela mulher durante a gestação (VITOLO, 2015; RIBEIRO; KUZUHARA, 2007).
As necessidades energéticas da lactante dependem do estágio e a duração 
do aleitamento materno. Como nos primeiros seis meses o bebê provavelmente 
está sendo alimentado somente através do LM, a quantidade de leite produzida 
é bem maior, comparada ao período em que a alimentação complementar já está 
acontecendo (RIBEIRO; KUZUHARA, 2007). 
Para realizar o cálculo das necessidades energéticas da nutriz podem ser 
usados vários métodos, um deles é Cálculo da EER para mulheres a partir de 19 
anos, conforme fórmula a seguir.
EER= 354- (6,91 x idade (anos))+ PA x (9,36 x peso (Kg) + 726 x estatura 
(metros))
FONTE: Adaptado de Ribeiro e Kuzuhara (2007)
68
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
Em que: PA é coeficiente de atividade física 
Classificação:
Sedentária = 1,00
Pouco ativa = 1,12
Ativa = 1,27
Muito ativa = 1,45
→Ao valor da EER deve-se acrescentar 500 kcal. 
3 NECESSIDADES DE MACRO E MICRONUTRIENTES DA 
NUTRIZ
 
A quantidade recomendada de proteínas para nutriz é de um acréscimo 
de 25 gramas ao dia. Esse valor foi determinado levando em consideração a 
composição do leite materno e o volume de leite produzido por dia (RIBEIRO; 
KUZUHARA, 2007).
 
A composição de ácidos graxos do leite materno sofre influência da dieta 
da lactante. É importante que a mãe consuma quantidades adequadas de ácidos 
graxos essências com ômega-3 e ômega-6. Com o nascimento, o RN recebe os 
ácidos graxos essenciais do leite materno. A quantidade de ácido araquidônico 
(AA) e de ácido docosahexaenoico (DHA) é três vezes maior no LM do que no 
leite de vaca. Os RNPT têm mais risco para desenvolver deficiências desses 
ácidos graxos quando são alimentados com fórmulas infantis que não tenham 
quantidade suficiente (SILVA; MIRANDA JÚNIOR; SOARES, 2007).
 Quando a nutriz faz restrição na ingestão de gorduras, são utilizadas as 
gorduras da reserva materna, principalmente dos depósitos das coxas e tronco 
(RIBEIRO; KUZUHARA, 2007). A recomendação é em média de 30% do valor 
calórico total.
Os níveis de micronutrientes do leite materno reflete tanto a dieta 
como o estado nutricional da nutriz. As deficiências de alguns micronutrientes 
nos estoques maternos influenciam mais intensamente nos estoques do bebê. 
Estão incluídos entre esses a vitamina A, vitaminas do complexo B (tiamina, 
riboflavina, piridoxina e cobalamina) e os minerais como iodo e selênio (RIBEIRO; 
KUZUHARA, 2007). Os estoques são geralmente baixos no organismo da criança. 
O LM deve garantir o aporte. A suplementação materna melhora as concentrações 
no LM (BRASIL, 2004). 
O MS recomenda a suplementação de vitamina A em megadoses no 
valor 200.000 UI, antes da alta hospitalar, ainda na maternidade, para puérperas 
moradoras de regiões de risco de hipovitaminose A, incluindo o Vale do Ribeira 
em São Paulo, Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais e a região nordeste. É 
totalmente contraindicado suplementação em mulheres que podem ter o risco 
de estarem grávidas, devido ao efeito teratogênico de doses alta desta vitamina 
TÓPICO 3 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA NUTRIZ
69
(BRASIL, 2013). A suplementação em lactantes no pós-parto aumenta as reservas 
corporais e do LM (VITOLO, 2008). 
A suplementação de ferro é recomendada pelo MS para mulheres até o 
terceiro mês pós-parto, independentemente de estarem ou não amamentando 
(BRASIL, 2013).
4 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA DA NUTRIZ
O período de lactação demanda aumento nas necessidades de calorias, 
nutrientes e líquidos para a nutriz. Habitualmente, a mulher, neste período, sente 
muita fome e sede. Orientações em relação à alimentação neste período, incluindo 
número de refeições ao dia, grupos alimentares, forma de preparo, hidratação 
oral, temperos, etc, devem ser realizadas e transmitidas à nutriz de forma clara e 
individualizada.
 
É necessário que o profissional leve em consideração e respeite a cultura, 
os costumes, os hábitos, e os aspectos regionais do ambiente no qual a nutriz está 
inserida. O nutricionista deve identificar com a lactante suas demandas, crenças 
e mitos construídos através de sua cultura e desta forma entender o processo 
de aleitamento materno sobre a perspectiva da mãe. Deste modo é mais fácil 
identificar os fatores que possam interferir na durabilidade e na manutenção do 
aleitamento, favorecendo a abordagem profissional para resolução de possíveis 
intercorrências que atrapalhem o aleitamento materno. 
Obviamente, o nutricionista deve desencorajá-la de práticas alimentares 
que possam ser prejudiciais a ela e a criança. O nutricionista deve observar a 
rotina das mamadas que já está em andamento. Sabe-se que não existe uma regra 
fixa para isso e o bebê é quem determina os horários de mamada, na técnica de 
livre demanda recomendada pelos órgãos de referência em aleitamento materno. 
É fundamental identificar as nutrizes pertencentes a famílias de baixa 
renda que podem não ter acesso a uma alimentação “ideal”. Neste caso, as 
mulheres podem achar que não devam amamentar seu filho. O nutricionista 
dentro de suas competências, pode adaptar as orientações para tirar o máximo 
de proveito nutricional dentro da realidade destas mulheres. De acordo com 
a literatura, mesmo mulheres que consomem dietas subótimas são capazes de 
produzir LM de boa qualidade. A criança sempre terá benefícios ao receber LM. 
A prática do veganismo ou vegetarianismo por mulheres que amamentam 
podem aumentar o risco de hipovitaminoses em seus bebês, principalmente a 
deficiência da vitamina B12 e também de proteínas. A suplementação é uma 
opção para diminuir este risco. Dentre as orientações nutricionais importantes 
que o nutricionista poderá fazer para a nutriz estão:
70
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
• Estimular a mãe a consumir uma dieta variada contendo todos os grupos 
alimentares incluindo frutas, legumes, verduras, leite e derivados, carnes, 
cereais e pães.
• É importante um bom aporte de proteína e de cálcio nesta fase de intensa 
produção de leite materno. Reforce com a nutriz para ela consumir pelo 
menos três porções de derivados de leite ao dia. 
• Conversar com a nutriz sobre as fontes alimentares de vitamina A ou 
beta caroteno (precursor da vitamina A) como frutas e legumes amarelo e 
alaranjados e aconselhar o consumo diário.
• Chamar a atenção da nutriz para que ela preste atenção nos sinais de seu 
corpo na hora da alimentação e identifique se está se sentindo saciada.
• A perda de peso muito acelerada na fase de lactação pode prejudicar o 
processo. É fundamental o nutricionista ou outro profissional de saúde que 
esteja acompanhando a nutriz, alertá-la para a contraindicação da prática de 
dietas muito restritivas que provocam perda acelerada de peso, acima de 500 
gramas por semana. E para os riscos do uso de medicamentos para este fim.
• O consumo de cafeína, que pode ser encontrada no café, chá preto, chá verde, 
bebidas energéticas entre outras, deve ser feita com moderação.
Existem muitos mitos e crenças em relação ao consumo de certos 
alimentos por mulheres que amamentam. A regra geral, institui que a nutriz não 
precisa evitar determinados alimentos. Contudo, as mães devem ser orientadas 
que ao observarem ou desconfiarem que algum componente de sua dieta gerou 
algum sintoma na criança a nutriz deve retirá-lo de sua dieta por algum tempo. 
O alimento deve ser reintroduzido na dieta da mãe e a mesma deve observar se 
os sintomas anteriormente detectados reaparecem. Caso isso ocorre o alimento 
deverá ser evitado pela mãe até que a criança não receba mais o LM. Um exemplo 
é a presença de alergia à proteína de leite de vaca no bebê em que a mãe é 
desencorajada a consumir leite, derivados e alimentos que contenham leite em 
sua composição. 
Orientações nutricionais podem ajudar a nutriz na presença de sobrepeso 
ou obesidade. É importante que a lactante não adote dietas muito restritivas, pois 
além de ser um fator de estresse pode provocar inadequações nutricionais. 
O gasto calórico demandado para a produção do LM, pode favorecer 
um balanço energético que ajude na perda de peso. Contudo é importante que 
a nutriz receba todos os nutrientes em quantidades adequadas pois a dieta da 
mãe interfere na composição do LM. Orientações na escolha dos alimentos, de 
preferência evitando aqueles de densidade calórica muito alta são uteis para a 
mãe. Não é recomendado exclusão total dos alimentos da preferência da nutriz 
(VITOLO, 2008). 
 
Uma recomendação proposta em Vitolo (2008), que no caso de desejo ou 
necessidadede perda de peso pela lactante com sobrepeso ou obesidade é de não 
incorporal o adicional de 500 kcal ao dia se o gasto energético total (GET) for de 
aproximadamente de 2200 kcal.
 
TÓPICO 3 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA NUTRIZ
71
Outra recomendação muito importante é em relação ao consumo de 
líquidos com alta densidade energética como refrigerantes, sucos ou outras 
bebidas adoçadas, para repor os líquidos necessários para a lactação. É importante 
que o profissional de saúde reforce a orientação de que a reposição de líquidos 
deve ser feita com a ingestão de água.
O período da lactação para a nutriz, principalmente no início, pode vir 
acompanhado de uma série de situações novas e muitas vezes desconfortáveis para 
a mulher. Além de toda a transformação física, com alterações do peso, da forma etc., 
também é um momento em que a mulher se depara com muitos “conceitos” vindos das 
mais diferentes formas. Tais “conceitos”, chegam, geralmente, na forma de aconselhamento 
e são principalmente relacionados a mitos e crenças sobre amamentação, passados por 
pessoas de sua rede social. Rede social no caso, nem sempre digital, e sim familiares, 
vizinhos, colegas de trabalho etc. Como a mulher está produzindo leite e suas necessidades 
nutricionais são mais elevadas, a mulher sente mais fome. Contudo isso, muitas mulheres 
sentem-se confusas sobre a alimentação e amamentação e sentem-se inseguras. Estará 
disponível a seguir para você caro estudantes o resumo de um artigo que explora bem esta 
realidade. Apesar de ser um artigo de 2011, entendo que o conteúdo abordado será muito 
útil, pois favorece a ampliação de um olhar mais consciente e crítico sobre as diversidades 
culturais e sociais que permeiam a alimentação da nutriz. Seria interessante que você 
lesse o artigo na íntegra. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1413-81232011001100032.
IMPORTANT
E
72
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• O puerpério é um período de intensas modificações tanto físicas como 
psicológicas da mulher.
• Os requerimentos nutricionais da nutriz, tanto de energia, como de proteína 
e alguns micronutrientes está aumentado.
• A dieta da mãe influencia na composição do leite materno.
• Existem muitos mitos e crenças sobre amamentação e a alimentação da 
lactante.
• O nutricionista tem um papel muito relevante para esclarecer sobre o que é 
mito e o que é verdade relacionado a alimentação da nutriz.
• O profissional de saúde, incluindo o nutricionista, deve respeitar toda a carga 
cultural que envolve os saberes da nutriz.
Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem 
pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao 
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMADA
73
1 A nutriz tem necessidades energéticas aumentada em decorrência da 
produção do leite materno. Foi determinado por centros de referência o 
acréscimo de 500 kcal ao dia para nutrizes. Justifique o valor adicional de 
500 Kcal nesta fase.
2 Além de um aumento das necessidades energéticas a nutriz também 
necessita a ingestão maior de proteína. Qual é a recomendação proteica 
para lactantes? Justifique sua resposta.
AUTOATIVIDADE
74
75
UNIDADE 2 — 
ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS 
DOIS ANOS DE VIDA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer a classificação do recém-nascido de acordo com a idade gesta-
cional e o peso ao nascer;
• descrever os mecanismos fisiológicos do sistema gastrintestinais do lac-
tente;
• aplicar as fórmulas para cálculo das necessidades nutricionais dos lac-
tentes;
• avaliar o estado nutricional de lactentes;
• descrever o conceito dos 1000 dias em nutrição pediátrica;
• conhecer as vantagens do aleitamento materno para mãe e bebê;
• identificar as particularidades envolvidas nos episódios de cólica do lac-
tente;
• conhecer as causas e os riscos do desmame precoce;
• identificar as necessidades nutricionais após aos seis meses de idade;
• definir alimentação complementar e alimento complementar; introdu-
ção alimentar BLW;
• entender as características dos alimentos fortificados;
• conhecer as políticas públicas, programas, estratégias para suplementa-
ção nutricional na infância;
• descrever a estratégia NutriSus.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer desta unidade, 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado. 
TÓPICO 1 – LACTENTE
TÓPICO 2 – INTRODUÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS
TÓPICO 3 – SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
76
77
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! O processo de crescimento e desenvolvimento após o nasci-
mento é acelerado nos primeiros meses de vida. As demandas nutricionais são pro-
porcionalmente mais elevadas neste período. Crianças com até cinco anos de idade 
são consideradas como grupo vulnerável, estão em franca fase de crescimento e de-
senvolvimento e o sistema imunitário está se estruturando. Dentro deste contexto, 
as práticas alimentares na infância, principalmente nos primeiros anos de vida, vão 
ter um impacto muito grande na formação orgânica, psicológica e até sociocultural 
da criança. Também estabelecem a base na formação dos hábitos alimentares futuros.
 
Devincenzi, Mattar e Cintra (2007) alertam para a relação de déficits nutri-
cionais no primeiro ano de vida com a baixa ingestão de alimentos e nutrientes. 
Quando as necessidades nutricionais para a idade não são supridas nesta fase, 
aumenta o risco de comprometimento no crescimento. A partir do segundo ano 
de vida o crescimento tem influência maior do potencial genético.
 
Os processos de crescimento são inerentes aos seres vivos. O crescimento 
da criança caracteriza-se por um aumento linear das estruturas, envolve aumento 
no número e no tamanho das células. Fatores genéticos, ambientais, nutricionais 
e psicológicos influenciam em todo este processo (LOPES, 2006). Além do cresci-
mento o desenvolvimento, que neste caso, entende-se pelo funcionamento ade-
quado dos sistemas, deve acompanhar este processo.
De acordo com Lopes (2006), as informações genéticas definem o poten-
cial de crescimento. Outros fatores podem interferir e modular a expressão des-
tas informações de modo direto ou indireto. Estão incluídos nos fatores diretos 
a presença de doenças, danos físicos e ou químicos e as condições nutricionais. 
Já os indiretos abrangem privação psicossocial, vínculo frágil entre mãe e filho, 
aspectos alimentares que envolvem tabus e crenças etc. 
Como mencionado anteriormente, a alimentação e nutrição têm grande 
interferência e nas potencialidades de crescimento que um indivíduo está progra-
mado geneticamente, bem como no seu completo desenvolvimento. Desta forma 
é importante que você conheça todas as particularidades acerca da nutrição na in-
fância para sua formação e futura prática na nutrição pediátrica em todas as suas 
formas de atuação. Convidamos você, futuro nutricionista, a explorar, conhecer 
e buscar o conhecimento disponível sobre esse conteúdo para seu crescimento 
acadêmico. A seguir, você já terá acesso a uma boa parte deste conteúdo.
TÓPICO 1 — 
LACTENTE
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
78
2 CLASSIFICAÇÃO DO RECÉM-NASCIDO DE ACORDO 
COM SUA IDADE GESTACIONAL E PESO AO NASCER
O bebê ao nascer é classificado de acordo com a idade gestacional em 
recém-nascido a termo (RNT), quando o nascimento se dá entre 37 e 42 semanas 
gestacionais. Todo aquele nascido com idade gestacional menor que 37 semanas 
é classificado como recém-nascido pré-termo (RNPT). Quando o nascimento 
ocorre após a quadragésima segunda semana gestacional o bebê é classificado 
como recém-nascido pós-termo. Os RNPT têm maior risco para déficits no 
desenvolvimentoque os nascidos a termo (FORMIGA; LINHARES, 2009). 
É importante salientar que a neonatologia, que é o ramo da pediatria que 
estuda e trata bebês desde o nascimento até ao vigésimo oitavo dia de vida, tem 
tido nas últimas décadas muitos avanços que favoreceram muito a melhora da 
assistência aos RNPT. 
 
Além da relação do nascimento com a idade gestacional, o peso ao nascer 
também é um parâmetro utilizado para avaliar as condições do RN. É um dos 
melhores indicadores dos acontecimentos durante a fase fetal (BRASIL, 2002a). 
Bebês que nascem com baixo peso tem risco maior de morbimortalidade neonatal 
e infantil. 
A macrossomia fetal também traz riscos ao RN como trabalho de parto 
prematuro, parto cesariana, traumas esqueléticos ao nascer, hipoglicemia 
neonatal, entre outros (TOURINHO; REIS, 2012). A definição de recém-nascido 
macrossômico é variável, incluindo o recém-nato com peso ao nascimento igual 
ou superior a 4 kg. Algumas referências consideram acima de 4 ou 4,5 kg. É 
mais aceita a definição que considera a macrossomia através do peso do recém-
nascido e a idade gestacional. Desta forma, o peso ao nascer acima do percentil 95 
é considerado macrossômico. 
A classificação do RN de acordo com o peso ao nascer, encontra-se no 
Quadro1. O peso ao nascer é a primeira medida de peso do RN obtida após ao 
nascimento e deve ser medido preferencialmente na primeira hora de vida.
 
QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DO RN DE ACORDO COM O PESO AO NASCER, SEGUNDO A OMS
FONTE: Brasil (2002)
Peso ao nascer Classificação
< 2.500 gramas Baixo peso ao nascer (BP)
< 1.500 g Muito baixo peso ao nascer (MBPN)
< 1.000 g Extremo baixo peso ao nascer (EBPN) ou RN de muitíssimo baixo peso
TÓPICO 1 — LACTENTE
79
Os fatores que mais influenciam de forma negativa para o crescimento 
intrauterino, denominados fatores de risco para baixo peso ao nascer, são: o 
tabagismo, a ingestão de álcool e outras drogas, doenças infecciosas crônicas e 
doenças sexualmente transmissíveis da gestante, presença de hipertensão arterial 
na gestação, elevada paridade, intervalo curto entre partos, gestações múltiplas, 
idade materna acima de 35 anos e estado nutricional da gestante (BRASIL, 2002a).
 
• Uma outra classificação do RN utiliza o percentil relacionando o peso e a 
idade gestacional conforme citado a seguir:
• Adequado para a idade gestacional (AIG): peso compreendido entre o 
percentil 10 e 90.
• Pequeno para a idade gestacional (PIG): peso abaixo do percentil 10. 
• Grande para a idade gestacional (GIG): peso acima do percentil 90.
• A classificação, baseada na curva de Usher, do RN de acordo com a 
prematuridade é:
• Prematuro limítrofe: Quando a idade gestacional do nascimento é de 
35 a 37 semanas e o peso do RNP ao nascer é maior que 2.000 gramas.
• Moderadamente prematuro: Quando a idade gestacional do 
nascimento é de 31 a 35 semanas e o peso do RNP ao nascer é de 2.500 
a 1.501 gramas.
• Prematuro extremo: Quando a idade gestacional do nascimento é de 24 a 
30 semanas e o peso do RNP ao nascer é igual ou inferior a 1.500 gramas.
3 ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 
DO LACTENTE
 
Estudar a fisiologia do trato digestório é extremamente importante para 
o estudante de nutrição em todas as fases do ciclo da vida. Como base para o 
entendimento da alimentação adequada na infância, especificamente no primeiro 
ano de vida, vamos focar na fisiologia do sistema digestório nesta fase. 
Mudanças na digestão e absorção dos alimentos ocorrem de acordo com 
cada etapa do desenvolvimento da criança. O tipo de alimento, a consistência 
e o volume das refeições oferecidas vão depender destas mudanças (PALMA; 
DISHCHEKENIAN, 2009).
Após o período de 28 dias de vida os RN são chamados de lactentes.
NOTA
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
80
Vamos recapitular um pouco o que acontece no período intrauterino em 
relação à nutrição do embrião e feto. Os nutrientes são disponibilizados para o 
feto através da circulação placentária, que passam do sangue materno para a cir-
culação fetal. Os nutrientes são imediatamente utilizáveis, sem necessidade de 
hidrólise e mecanismos de absorção. Os “restos metabólicos” são transferidos 
para o sangue materno. O principal nutriente utilizado como fonte energética é a 
glicose, e os aminoácidos livres são utilizados para a síntese proteica. 
O sistema digestório no embrião é um dos primeiros a ser reconhecido. 
Entre a vigésima quarta e trigésima sexta semanas gestacionais este sistema é mor-
fologicamente similar ao do RN a termo, porém possui imaturidade funcional. O 
desenvolvimento longitudinal do trato gastrointestinal é mais evidenciado no últi-
mo trimestre de gestação. Até aos três a quatro anos de idade esse desenvolvimento 
continua em uma velocidade menor (DEVINCENZI; MATTAR; CINTRA, 2007). 
Mesmo sendo um processo natural é curioso saber que o feto deglute o 
líquido amniótico, já a partir da décima sexta semana de gestação. A deglutição 
do líquido amniótico pelo feto é considerada como o pré-preparo intraluminal 
(VINAGRE; DINIZ, 2001). Os volumes deglutidos vão aumentando progressiva-
mente (DEVINCENZI; MATTAR; CINTRA, 2007).
O líquido amniótico além de ser bacteriostático, também possui lipídios, 
proteínas, carboidratos, imunoglobulinas, eletrólitos, fator de crescimento epidér-
mico. O valor calórico do líquido amniótico é de 15 kcal por litro (DEVINCENZI; 
MATTAR; CINTRA, 2007). Embora não pareça ter função nutricional relevante, 
exerce papel importante para aspectos fisiológicos do sistema gastrointestinal do 
feto. O feto produz e excreta a urina para o líquido amniótico. 
Tanto os RN como os lactentes possuem relativa imaturidade fisiológica, 
principalmente nos primeiros quatro meses de vida (VITOLO, 2008). A partir do 
nascimento o bebê recebe alimentação e fica dependente dos processos de diges-
tão e absorção dos nutrientes. 
Ao nascimento os reflexos de sucção e extrusão já ocorrem e são impor-
tantes nos primeiros meses de vida. Esse mecanismo condiciona a alimentação 
líquida para o bebê que é capaz de extrair leite das mamas. A configuração mor-
fológica da boca do recém-nascido, com o palato mole proporcionalmente maior, 
favorecem movimentos coordenados dos lábios, língua, bochechas e faringe 
(AKRE, 1997). 
A partir dos 4 a 6 meses o bebê já começa a aceitar alimentos semissólidos. 
É quando o reflexo de extrusão desaparece (AKRE, 1997). Entre o sétimo e nono 
mês de vida, os movimentos de mordedura começam a aparecer, momento que 
ocorre a erupção dos primeiros dentes (AKRE, 1997). 
Em relação ao processo alimentar e nutricional é importante relembrar 
que a principal fonte de energia do feto é oriunda da glicose. Já a partir do nasci-
TÓPICO 1 — LACTENTE
81
mento a gordura passa a ser uma das principais fontes de energia dos bebês. No 
leite materno 40 a 50% das calorias correspondem às gorduras.
 
O processo de digestão nos primeiros meses de vida apresenta algumas 
particularidades. A amilase está presente na saliva, porém não ocorre digestão de 
carboidratos nem na boca nem no esôfago dos bebês nos primeiros meses. Nesta 
fase, a digestão de carboidratos ocorre principalmente no intestino proximal. 
A amilase pancreática atua na digestão dos polissacarídeos dando origem 
a dissacarídeos e monossacarídeos. A atividade desta enzima é muito baixa ou au-
sente nos primeiros meses de vida. As enzimas de mucosa intestinal como a glico-
amilase digere principalmente oligossacarídeos, dissacarídeos e também o amido. 
Sua atividade também é reduzida nesta fase (PALMA; DISHCHEKENIAN, 2009). 
A digestão do amido nesta fase ainda é ineficiente. O processo de digestão do ami-
do envolve adaptação nos primeiros meses. Distúrbios gastrointestinais em bebês 
que recebem amido podem ser justificados por essa ineficiência. 
As dissacaridases de borda em escova digerem os dissacarídeos, como a 
lactose, em monossacarídeos, que são as moléculas de carboidratos prontas para 
serem absorvidas.Para os RN o carboidrato mais importante é a lactose. A enzi-
ma lactase que hidrolisa este dissacarídeo é produzida desde a 12ª de vida intrau-
terina (PALMA; DISHCHEKENIAN, 2009).
Com relação à digestão das proteínas a concentração de ácido clorídrico 
e pepsina aumenta progressivamente nos primeiros meses. Como nos adultos, a 
digestão ocorre principalmente no intestino delgado. Vale ressaltar que as pro-
teínas do leite materno são totalmente hidrolisadas. Já as proteínas do leite de 
outros mamíferos, como a caseína encontrada no leite de vaca em maiores quanti-
dades, têm mais dificuldade de serem digeridas pelos bebês nos primeiros meses 
de vida. 
A permeabilidade da mucosa do RN e de bebês mais jovens favorece a 
passagem de moléculas maiores como proteínas intactas, que não foram digeri-
das. Tal fator pode possibilitar uma resposta imunológica causada pelas proteí-
nas ingeridas, denominadas de heterólogas, que atuam como antígenos. É o que 
geralmente ocorre na alergia à proteína do leite de vaca em bebês. 
Nos bebês, a lipase lingual tem um importante papel na digestão das gor-
duras. É uma enzima secretada pelas papilas da parte superior da língua. Sua ação 
enzimática ocorre no estômago. A secreção de lipase pancreática e sais biliares no 
RN ainda é baixa. O leite materno possui lipases que ajudam na digestão das suas 
gorduras. As vitaminas e minerais são absorvidos normalmente desde os primeiros 
meses de vida.
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
82
Quando o assunto é aspectos fisiológicos do sistema gastrointestinal do 
lactente, não se pode deixar de fazer alguma referência à defecação. Os mecanismos 
de defecação são dependentes de vários fatores como a alimentação, por exemplo. Ao 
nascimento é comum que as primeiras fezes do RN, chamadas de mecônio, ocorram nas 
primeiras 48 horas após ao parto. Tem uma coloração verde bem escura com uma textura 
pegajosa. Com o passar dos dias a coloração das fezes vai mudando para tons amarelados 
até marrom e a consistência vai variando de líquida para pastosa.
IMPORTANT
E
Ainda sobre a excreção, o sistema renal também está imaturo nos primeiros 
meses de vida. Os rins possuem incapacidade em concentrar urina. Nos primeiros 
meses o RN e lactente precisam uma quantidade maior de água para excretar 
soluto, quando comparadas com crianças maiores. Desta maneira a quantidade 
de proteína ingerida não deve exceder percentuais muito maiores que o indicado. 
Vale ressaltar que no aleitamento materno exclusivo o leite materno não altera a 
homeostase renal (VITOLO, 2008).
4 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DO LACTENTE
Caro acadêmico! Antes de começarmos a explorar o conteúdo que 
contempla as necessidades nutricionais específicas do lactente, é importante que 
você fique ciente que existem diferentes métodos para estimar as necessidades 
energéticas de crianças. Os valores encontrados são distintos também, e é comum 
que essas diferenças acabem confundindo o estudante e até o profissional em 
início de atividade. Desta forma, é fundamental conhecer as diferenças entre 
os métodos, os valores distintos encontrados e saber qual é o método que mais 
atende às peculiaridades de cada indivíduo para definir qual é a conduta mais 
adequada para cada caso. 
Como você já deve ter estudado, a homeostase do peso corporal é o 
resultado do equilíbrio entre o gasto e o consumo de energia. O gasto energético de 
um indivíduo pode ser verificado através de métodos diretos como calorimetria 
direta e por métodos indiretos como a calorimetria indireta, que mede a produção 
de energia a partir das trocas gasosas do organismo com o meio ambiente e o 
método de água duplamente marcada.
 
A utilização dos métodos indiretos necessita de salas apropriadas. 
Como a acessibilidade a estes métodos são difíceis, na maioria das vezes para a 
determinação do gasto energético, utilizam-se equações preditivas que utilizam 
as variáveis de estatura, peso, sexo, nível de atividade física e a presença de 
patologias.
TÓPICO 1 — LACTENTE
83
 Uma pessoa necessita disponibilizar energia para o organismo através 
dos alimentos para manter suas atividades diárias. O gasto energético total 
inclui o gasto energético basal, gasto energético com atividade física e o efeito 
termogênico dos alimentos (KRAUSE; MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005). Vamos 
recapitular brevemente todos estes termos:
• Gasto Energético Basal (GEB) ou Taxa de Metabolismo Basal (TMB): representa 
as necessidades energéticas diárias de um indivíduo para funções metabólicas 
como equilíbrio termodinâmico, manutenção dos sistemas cardiovascular, 
respiratório, síntese de compostos orgânicos etc. 
• Na infância a síntese de compostos orgânicos está aumentada devido aos 
processos de crescimento. Outra situação em que o GEB está aumentado 
é durante a lactogênese. O GEB representa de 60 a 75% das necessidades 
energéticas diárias de uma pessoa. A determinação do GEB é verificada em 
situações de jejum, repouso físico e mental, em ambiente com temperatura 
controlada etc. 
• Na prática utiliza-se o Gasto Energético em Repouso (GER) que determina 
o gasto energético, porém o indivíduo deve estar sem se alimentar por pelo 
menos 3 a 4 horas antes do teste e exige um repouso de 30 minutos. 
• Gasto Energético Total (GET): representa o valor do GER mais o gasto 
energético com atividades diárias.
Antes de estudarmos os métodos para calcular as necessidades energéticas 
de lactentes é importante salientar que um RN tem demandas energéticas 
relativamente muito maiores que a de um adulto. As necessidades aumentadas 
de energia são justificadas pela alta taxa metabólica basal do bebê e também 
pelas altas taxas de crescimento e desenvolvimento dos primeiros meses e anos 
(VITOLO, 2008). 
Para você ter uma ideia, de acordo com as RDA de 1989, a recomendação 
é de 30 a 40 kcal/kg/dia para adultos e 90 a 120 kcal/kg/dia para RN. Embora esta 
recomendação tem sido considerada excessiva para as necessidades, as demandas 
dos bebês sempre serão maiores.
Antes de calcular os valores energéticos estimados, o nutricionista deverá 
fazer a avaliação do estado nutricional da criança. É importante identificar os extremos 
das condições nutricionais. As crianças de baixo peso ou/e com retardo de crescimento 
necessitam de quantidades maiores de energia e também de proteína para garantir o 
crescimento e desenvolvimento (KRAUSE; MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005).
DICAS
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
84
No caso de presença de sobrepeso ou obesidade, as Diretrizes de Obe-
sidade no Diagnóstico e Tratamento da Criança e do Adolescente da Sociedade 
Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo alertam para que as abordagens nu-
tricionais sejam baseadas no controle do ganho ponderal e de comorbidades caso 
estejam presentes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E ME-
TABOLISMO, 2005). A seguir, abordaremos os métodos utilizados para o cálculo 
das necessidades energéticas de crianças.
– A RDA (1989) disponibiliza as calorias por kg de peso corporal por idade, para 
criança saudável, conforme o Quadro 2. O valor considera o peso ideal para es-
tatura. 
QUADRO 2 – RECOMENDAÇÕES DIÁRIAS DE ENERGIA PARA CRIANÇAS DE 0 A 1 ANO DE IDADE
– Cálculo do GET para lactentes.
• Shofield (1985) sugere para o cálculo do GEB as equações localizadas no 
Quadro 3.
QUADRO 3 – EQUAÇÃO PARA CÁLCULO DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS DE CRIANÇAS 
ENTRE 0 E 3 ANOS DE IDADE DE ACORDO COM A OMS (1985)
• Multiplicar o GEB (GER) pelo fator atividade (FA). Sugere-se para 
crianças sedentárias o FA de 1,2 ou 1,3 que corresponde a 20% ou 
30% do GEB e para crianças ativas, o FA 1,4 ou 1,5 que correspondem 
respectivamente à 40 ou 50% do GEB. 
• As equações propostas por Shofield (1985), para crianças e adolescentes de 0 
a 18 anos, considera a variável da estatura também para crianças menores de 
3 anos de idade, conforme o Quadro 4.
QUADRO 4 – EQUAÇÃO PARA CÁLCULO DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS DE CRIANÇASENTRE 0 E 3 ANOS INCOMPLETOS DE IDADE DE ACORDO COM SCHOFIELD (1985)
FONTE: Adaptado de National Research Council (1989)
FONTE: Adaptado de Shofield (1985)
FONTE: Adaptado de Shofield (1985)
Idade (anos) Energia diária (Kcal/dia)
0,0 a 0,5 650
0,5 a 1,0 850
Sexo Idade (anos) Equação para GEB (GER)
Masculino 0 a 3 60,9 (P) – 54
Feminino 0 a 3 61 (P) – 51
P = peso corporal
Sexo Idade (anos) Equação para GER
Masculino 0 a 3 anos incompletos 0,167 (P) + 15,17 (E) – 617,6
Feminino 0 a 3 anos incompletos 16,252 (P) + 10,232 (E) – 413,5
TÓPICO 1 — LACTENTE
85
– Determinação do requerimento energético estimado – EER 
O requerimento energético estimado (EER) é definido como o consumo de 
energia que é previsto para manter o balanço energético de um adulto saudável de 
uma determinada idade, sexo, peso, altura e nível de atividade física, consistente 
com boa saúde. As equações para o cálculo do EER são baseadas na técnica da 
água duplamente marcada. 
Equações foram desenvolvidas para indivíduos de peso normal (IMC de 
18,5 a 25 Para lactentes de 0 a 36 meses as equações para o cálculo do EER não 
consideram o sexo e a altura, somente a idade e o peso. 
• EER para crianças de 0 a 36 meses:
• Fórmula → EER (kcal/dia) = 89 x peso da criança (kg) – 100 + Energia 
de deposição.
• Para lactentes é recomendado adicionar ao resultado do EER uma 
cota de energia de deposição, relacionada ao crescimento durante essa 
fase. As cotas variam de acordo com a idade em meses de acordo com 
o Quadro 5.
QUADRO 5 – COTA DE ENERGIA DE DEPOSIÇÃO PARA CRIANÇAS DE 0 A 36 MESES
A partir dos 3 até aos 8 anos, inclui-se a variação de idade, gênero, altura, 
peso e nível de atividade física. A este valor soma-se 20 kcal ao dia, considerando 
o gasto energético envolvido no crescimento. As equações para o cálculo da EER 
para meninos e meninas acima de três anos de idade serão estudadas na Unidade 3. 
5 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO LACTENTE
Quando o assunto é avaliação do estado nutricional, geralmente as pessoas 
leigas, relacionam exclusivamente com o peso da criança. Tanto é, que a criança 
“gordinha”, cheinha ou com peso normal é considerada saudável. Como você já 
deve saber, uma avaliação nutricional deve incluir a antropometria, os exames 
bioquímicos, o exame físico, uma anamnese nutricional bem completa da criança 
e dos hábitos alimentares da família utilizando os inquéritos alimentares. Vamos 
iniciar a abordagem sobre a avaliação do estado nutricional com a avaliação 
antropométrica.
 
O aumento do tamanho corporal reflete o processo de crescimento 
corporal que é um processo biológico que envolve a multiplicação e o aumento 
FONTE: Adaptado de Institute of Medicine (2005)
Idade (meses) Energia de deposição (Kcal)
0 a 3 175
4 a 6 56
7 a 12 22
13 a 36 20
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
86
do tamanho celular. O tamanho corporal é influenciado pelo potencial genético 
de crescimento. Esse potencial pode ou não ser atingido. Depende das condições 
de vida do indivíduo da concepção até a idade adulta (BRASIL, 2002a).
 
Os fatores intrínsecos que determinam o crescimento incluem fatores 
genéticos, metabólicos, más formações congênitas e os fatores extrínsecos que 
compreendem a saúde e cuidados gerais com a criança, habitação e higiene e 
especialmente a alimentação (BRASIL, 2002a). 
O acompanhamento do crescimento da criança e a avaliação das condições 
de vida pelos profissionais de saúde, incluindo o nutricionista é fundamental para 
uma intervenção o mais precoce possível, quando são identificadas inadequações 
do estado nutricional. Para crianças menores de cinco anos de idade, a influência 
dos fatores ambientais causa muito mais impacto que os fatores genéticos na 
expressão do potencial de crescimento (BRASIL, 2002a). 
Vale ressaltar que a velocidade de crescimento no período pós-natal 
naturalmente varia em cada fase. É particularmente elevada até os dois primeiros 
anos de vida seguida de um declínio gradativo e pronunciado até os cinco anos de 
idade. É evidenciada esse crescimento rápido pelo fato de que o bebê tem seu peso 
triplicado nos primeiros doze meses de vida e a altura aumenta aproximadamente 
50%. Depois de 5 anos a velocidade de crescimento é relativamente constante, de 
5 a 6 cm por ano. No início do estirão da adolescência a velocidade de crescimento 
aumenta muito. Para as meninas o estirão ocorre em torno dos 11 anos e para os 
meninos em torno dos 13 anos (BRASIL, 2002a).
Vamos discorrer brevemente sobre as medidas antropométricas para 
posteriormente aprender sobre a utilização destas medidas na avaliação do 
estado nutricional da criança, através dos referenciais antropométricos. 
Peso
O peso corporal expressa a dimensão da massa tanto orgânica como 
inorgânica das estruturas corporais incluindo, células e material extracelular 
dos tecidos dos órgãos, de sustentação, dos músculos, dos ossos, da gordura e 
também a água corporal (VITOLO, 2015). 
É importante observar a presença de edema em crianças que podem ser 
causados por desnutrição tipo Kwashiorkor, doenças renais, entre outras. Na 
presença de edema, o peso fica “mascarado” e não há uma medida antropométrica 
adequada para o diagnóstico nutricional (VITOLO, 2008).
Estatura
Utiliza-se o termo estatura para indicar comprimento ou altura. O comprimento 
é utilizado para crianças menores de 2 anos de idade, pois a estatura é verificada 
com a criança deitada geralmente com régua antropométrica pediátrica (Figura 1). 
TÓPICO 1 — LACTENTE
87
Após essa idade as crianças já podem ser medidas de pé e a medida é denominada 
de altura.
FÍGURA 1 – RÉGUA ANTROPOMÉTRICA PEDIÁTRICA
FONTE: <https://www.fisiofernandes.com.br/regua-antropometrica-de-madeira/p>
 Acesso em: 7 abr. 2020.
Perímetro cefálico – PC 
O perímetro cefálico é uma medida extremamente importante nos 
primeiros anos de vida. Deve ser medido em intervalos regulares até aos 2 anos 
de idade. O acompanhamento do perímetro cefálico reflete o desenvolvimento 
cerebral (HINKELMANN et al., 2015). 
Perímetro torácico – PT
É utilizado para classificação de desnutrição associado ao perímetro 
cefálico como o indicador PT X PC. A relação PT/PC até os 6 meses de vida devem 
ser de 1 em crianças sadias. Para crianças entre 6 meses aos 5 anos de idade a 
relação PT/PC é sempre maior de 1. Quando nesta fase a relação for menor que 1 
indica desnutrição energética proteica. Na prática reflete que está ocorrendo uma 
atrofia do músculo torácico e diminuição do tecido adiposo (VITOLO, 2008). 
Circunferência do braço
É uma medida recomendada quando não é possível utilizar outras medidas 
como peso e estatura para avaliar o estado nutricional de crianças de 1 a 5 anos. 
É a medida que representa a soma das áreas constituídas pelos tecidos ósseo, 
muscular e gorduroso. A desvantagem é que se trata de uma medida isolada que 
O Ministério da Saúde disponibiliza um manual denominado Antropometria: 
como pesar e medir, destinado aos profissionais de saúde. Neste material, são encontradas 
as técnicas detalhadas recomendadas para coleta de dados antropométricos de crianças e 
adolescentes. Segue a referência bibliográfica: BRASIL. Antropometria: como pesar e medir. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
DICAS
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
88
limita um diagnóstico mais global (VITOLO, 2008). O Quadro 6 demonstra os 
percentis da circunferência do braço de acordo com a idade e gênero.
QUADRO 6 – PERCENTIS DA CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO (CM), DE ACORDO COM IDADE E 
GÊNERO
Dobras cutâneas
São medidas que revelam a quantidade de tecido adiposo subcutâneo e 
refletem as reservas calóricas e o estado nutricional atual. Os compartimentos de 
obtenção das dobras mais indicadas e referenciadas para crianças são as dobras 
tricipital e subescapular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009).
Os resultados das medidas das pregas cutâneas devem ser comparados 
aos percentis disponíveis de acordo com a faixa etáriaou ainda podem ser 
aplicadas em fórmulas para obtenção do percentual de gordura e massa magra. 
Uma desvantagem destas medidas para crianças é a variação na distribuição do 
tecido adiposo que ocorre de acordo com o sexo e idade (VITOLO, 2008). 
É importante ter atenção em relação ao estado de hidratação, pois pode 
afetar a compressibilidade da pele. No caso da presença de edema não deve ser 
utilizada (VITOLO, 2008; HINKELMANN et al., 2015). 
Referenciais antropométricos
Para crianças os referenciais antropométricos são as curvas de crescimento. 
São ferramentas utilizadas na prática clínica para avaliar se a criança está com 
suas medidas corpóreas dentro da normalidade ou da anormalidade. As medidas 
(parâmetros antropométricos) mais utilizadas são o peso, a estatura, comprimento, 
circunferência do braço, circunferência do abdome, pregas cutâneas, entre outras. 
Os parâmetros antropométricos sofrem influências de características 
específicas de acordo com o sexo, do potencial genético, fase de crescimento e 
desenvolvimento e de fatores ambientais. O acompanhamento da evolução das 
crianças na infância é fundamental para acompanhar o crescimento e também o 
estado nutricional. Apesar da avaliação nutricional não se resumir nos parâmetros 
antropométricos, é muito importante para identificar alterações no crescimento.
 
 Os referenciais antropométricos são constituídos de tabelas e gráficos 
que reproduzem diferentes valores de cada medida corpórea estimados como 
normais baseados em valores observados em amostras de crianças e adolescentes 
avaliados como normais e sadios. São especificas para cada sexo e idade 
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009).
FONTE: Adaptado de Frisancho (1990)
Idade 
(anos)
Masculino Feminino
P5 P50 P95 P5 P50 P95
1 – 1,9 14,2 16,0 18,2 13,6 15,7 17,8
2 – 2,9 14,3 16,3 18,6 14,2 16,1 18,5
TÓPICO 1 — LACTENTE
89
Os valores estimados são reunidos em gráficos e tabelas organizados 
na forma de percentil ou escore z. Várias referências já foram produzidas por 
diferentes países e muitos autores. Sempre houve muitas discussões sobre qual o 
melhor a ser utilizado. No quadro 7, encontramos alguns deles.
QUADRO 7 – REFERENCIAIS PRODUZIDOS PARA A AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DE CRIAN-
ÇAS E ADOLESCENTES
* Produzido com base em uma amostra contendo diferentes origens étnicas, proveniente de 6 
países. FONTE: Sociedade Brasileira de Pediatria (2009, p. 39)
Os referenciais da OMS, considerado internacionalmente comum, pode 
ser usado em países que não produziram um referencial próprio. A produção 
de um referencial envolve dificuldades metodológicas, logísticas e alto custo 
monetário (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009).
 
A OMS disponibilizou em 2006 o referencial para crianças de 0 a 5 anos 
incompletos. É considerado mais vantajoso quando comparado com o preconizado 
anteriormente do CDC/NCHS 2000. Inclui mais parâmetros antropométricos 
como o índice de massa corporal para crianças menores de 2 anos (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009). 
Em 2007, a OMS lançou o referencial para ser utilizados para crianças e 
adolescentes entre 5 e 19 anos de idade. O referencial OMS 2007 considera tabelas 
e gráficas de peso para a idade, neste caso somente até 10 anos de idade, estatura 
para idade e índice da massa corpórea (IMC) para a idade, todos para meninos 
e para meninas. A produção do referencial de peso para a idade somente até 
aos 10 anos é justificada pelo comitê de peritos envolvidos na sua confecção, 
pelas variabilidades inerentes à fase de rápido crescimento relacionado ao 
desenvolvimento puberal que tem início por volta desta fase (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009).
Tanner → baseado em dados de crianças e adolescentes ingleses
National Center for Health Statistics – NCHS → baseado em dados 
americanos
Centers for Disease Control and Prevention – CDC → baseado em dados 
americanos
Organização Mundial da Saúde – OMS (2006) e OMS (2007) → referencial 
internacional comum*
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
90
As curvas de referência na avaliação do estado nutricional de crianças 
adotada atualmente pelo Ministério da Saúde (MS) no Brasil são justamente a da OMS, 
2006 para crianças menores de 5 anos e a da OMS, 2007 para crianças com 5 anos ou 
mais. Os referenciais encontram-se na caderneta de saúde da criança ou do adolescente 
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009).
IMPORTANT
E
A OMS recomenda o uso dos seguintes índices antropométricos para 
avaliar o estado nutricional de crianças e adolescentes:
• Para crianças de 0 a 5 anos incompletos:
• Peso para a idade = P/I
• Peso para a estatura = P/E
• IMC para a idade = IMC/I
• Estatura para a idade = E/I
• Para crianças de 5 a 10 anos incompletos:
• Peso para a idade = P/I
• IMC para a idade = IMC/I
• Estatura para a idade = E/I
• Para adolescentes de 10 a 19 anos:
• IMC para idade = IMC/I
• Estatura para a idade – E/I
Agora vamos entender um pouco o que significam estes índices de acordo 
com a Sociedade Brasileira de Pediatria (2009).
O índice peso para a idade reflete a relação entre massa corporal e a idade 
cronológica da criança. É utilizada para a avaliação do estado nutricional da 
criança, sendo muito útil para acompanhar o ganho de peso e principalmente 
identificar risco ou presença de baixo peso. É um índice que reflete a situação 
global da criança. Não distingue se algum comprometimento nutricional é agudo 
ou pregresso que caracteriza uma situação crônica. É recomendado complementar 
a avaliação utilizando outro índice antropométrico.
Para analisar a harmonia entre as dimensões de massa corporal e estatura, 
utiliza-se o índice peso para a estatura. Este índice não considera a idade. É útil na 
identificação de emagrecimento ou excesso de peso nas crianças.
O índice do IMC para a idade considera a relação entre o peso e o quadrado 
da estatura da criança. É também utilizado em outras fases da vida. É relevante 
na identificação de excesso de peso em crianças e adolescentes.
TÓPICO 1 — LACTENTE
91
Para avaliar o crescimento linear da criança é recomendado o uso do índice 
estatura para a idade. É um índice que aponta o efeito cumulativo de situações 
inadequadas em termos nutricionais sobre o crescimento. Reflete situações 
crônicas de subnutrição em crianças.
Até aqui discorremos sobre os referenciais antropométricos existentes, 
os índices antropométricos utilizados em crianças e adolescentes e aqueles 
recomendados pelo OMS e MS no Brasil. Agora chegou a hora de aprender como 
utilizar esses índices, interpretá-los para concluir o diagnóstico antropométrico 
na infância e adolescência. 
São utilizados os pontos de corte segundo cada índice para a avaliação do 
estado antropométrico de crianças e adolescentes. A nomenclatura adotada pelo 
MS para classificar o estado nutricional de acordo com os índices antropométricos 
para cada faixa de percentil ou escore z é a recomendada pela OMS. No 
Quadro 8 estão a classificação do estado nutricional de acordo com os índices 
antropométricos para crianças menores de 5 anos.
Quando o estado nutricional de uma criança estiver classificado de acordo 
com o índice antropométrico peso para idade em peso elevado para a idade, 
deve-se utilizar a interpretação dos índices de peso para a estatura ou IMC para 
a idade.
Na prática, o profissional deverá coletar as medidas antropométricas, 
no caso de crianças as mais frequentes são o peso e a estatura. Posteriormente, 
utilizar os gráficos de acordo com o sexo e idade e identificar a localização de 
acordo com o percentil ou escore z. Com a identificação do intervalo dos pontos 
de corte é possível classificar o estado nutricional da criança, de acordo com os 
índices antropométricos. O Gráfico 1 ilustra um gráfico com distribuição em 
escore z do peso por idade para sexo masculino.
A OMS indica a utilização do índice peso para estatura para crianças menores 
de 5 anos. Para crianças de 5 a 10 anos, são recomendados, para a avaliaçãoantropométrica, 
pela OMS e adotados pelo MS, os índices antropométricos Peso para idade, IMC para a 
idade e Estatura para a idade. Os pontos de corte e a nomenclatura para classificar o estado 
nutricional neste caso serão explorados na Unidade 3 deste livro didático.
NOTA
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
92
GRÁFICO 1 – DISTRIBUIÇÃO EM ESCORE DO PESO POR IDADE PARA O SEXO MASCULINO, 
DO NASCIMENTO AOS 5 ANOS INCOMPLETOS
FONTE: <https://files.passeidireto.com/d381e781-d358-4f52-acda-9925b21137b0/bg1.png>. 
Acesso em: 1 abr. 2020.
QUADRO 8 – CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ACORDO COM OS ÍNDICES AN-
TROPOMÉTRICOS RECOMENDADOS PELA OMS (2006) PARA CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS
Os gráficos das curvas crescimento estão disponíveis para você utilizar em: 
http://nutricao.saude.gov.br/docs/geral/curvas_oms_2006_2007.pdf.
DICAS
Valores críticos de acordo 
com percentil e escore z
Índices Antropométricos
Peso para 
idade
Peso para 
estatura
IMC para 
idade
Estatura 
para 
idade
< Percentil 
0,1
< Escore 
z – 3
Muito 
baixo peso 
para a 
idade
Magreza 
acentuada
Magreza 
acentuada
Muito 
baixa 
estatura 
para a 
idade
≥ Percentil 
0,1 e < 
percentil 3
≥ Escore z 
-3 e < escore 
z -2
Baixo peso 
para a 
idade
Magreza Magreza
Baixa 
estatura 
para a 
idade
TÓPICO 1 — LACTENTE
93
FONTE: Adaptado de WHO (2006) e Sociedade Brasileira de Pediatria (2009)
Avaliação do ganho de peso por idade
O ganho de peso é considerado o melhor indicador do estado nutricional 
de crianças abaixo de um ano. A pesagem periódica é fundamental, pois possibilita 
identificar mudanças agudas no estado nutricional. Desta forma uma abordagem 
nutricional mais precoce evita grandes prejuízos. 
• Recomendação de ganho de peso para crianças:
• O ganho de peso em gramas recomendado para lactentes encontra-se 
no Quadro 9.
QUADRO 9 – GANHO DE PESO DIÁRIO PARA CRIANÇAS NO PRIMEIRO ANO DE VIDA
• Para as crianças a observação das curvas de ganho de peso por idade 
através dos gráficos da OMS 2006 para menores de cinco anos por 
sexo, refletem uma velocidade de ganho adequada, quando o traçado 
entre as medidas de peso cronologicamente avaliadas e registradas na 
curva está ascendente. Uma diminuição da velocidade do ganho de 
peso representa um traçado reto e um processo inicial de desnutrição 
quando o traçado da curva estiver descendente (VITOLO, 2008). A 
Figura 2 ilustra os traçados ascendente, reto e descendente. 
FONTE: Vitolo (2015, p. 184)
≥ Percentil 3 
e < percentil 
15
≥ Escore z 
-2 e < escore 
z -1
Peso 
adequado 
para a 
idade
Eutrofia Eutrofia
Estatura 
adequada 
para a 
idade
≥ Percentil 15 
e ≤ percentil 
85
≥ Escore z 
-1 e ≤ escore 
z +1
> Percentil 85 
e ≤ percentil 
97
>Escore z +1 
e ≤ escore 
z +2
Risco de 
sobrepeso
Risco de 
sobrepeso
> Percentil 97 
e ≤ percentil 
99,9
>Escore z + 
2 e ≤ escore 
z +3 Peso elevado
para a 
idade
Sobrepeso Sobrepeso
>Percentil 
99,9
> Escore z 
+3
Obesida-
de
Obesida-
de
Idade Gramas por dia
0 a 6 meses > 20 g/dia
Acima 6 meses > 15 g/dia
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
94
FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DOS TRAÇADOS DAS CURVAS DE GANHO DE PESO
FONTE: Adaptado de Vitolo (2008)
Exames bioquímicos
Os exames bioquímicos são ferramentas importantes para complementar 
a avaliação do estado nutricional, auxiliando no diagnóstico nutricional, na 
detecção de risco de sub ou superalimentação, e no acompanhamento nutricional 
de crianças e também adolescentes. 
É preciso cautela na interpretação dos resultados dos exames bioquímicos. 
O profissional da saúde deverá levar em consideração algumas situações como a 
condição clínica da criança, a presença de resposta inflamatória, equilíbrio hídrico 
e a condição nutricional prévia (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 
2009; CALIXTO-LIMA; REIS, 2012). 
Avaliação dos estoques de proteínas viscerais: entre as proteínas que 
podem ser usadas para auxiliar na avaliação do estado nutricional das crianças 
estão a albumina, a pré-albumina, transferrina e a proteína transportadora de 
retinol. As dosagens séricas destas proteínas podem estar alteradas em situações 
específicas não relacionados ao estado nutricional. A presença de resposta 
inflamatório devido à presença de infecção, inflamação ou trauma pode refletir 
na diminuição dos níveis de albumina. 
A distribuição hídrica e o nível de hidratação da criança também podem 
interferir na interpretação dos resultados. A hemodiluição por exemplo pode 
interferir na interpretação de exames laboratoriais. 
Níveis corporais de vitaminas e minerais: investigar dosagens bioquími-
cas de vitaminas e minerais é relevante, pois os sinais clínicos aparecem depois 
dos níveis estarem alterados. A solicitação dos valores laboratoriais dos micronu-
trientes deve ser feita para crianças pertencentes a grupos de risco, e/ou quando 
existirem evidências de falta ou excesso detectada através da anamnese nutricio-
nal, ou antecedentes familiares de distúrbios que favoreçam desequilíbrios nu-
tricionais, ou para avaliação de resposta terapêutica (SOCIEDADE BRASILEIRA 
DE PEDIATRIA, 2009; CALIXTO-LIMA; REIS, 2012). 
A identificação de alguma alteração através dos exames bioquímicos 
favorece uma intervenção nutricional mais precoce. Os níveis de micronutrientes 
também podem estar alterados por alguma condição clínica como resposta 
Curva Ascendente 
Curva Reta
Curva Descendente
TÓPICO 1 — LACTENTE
95
inflamatória e distribuição hídrica (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 
2009; CALIXTO-LIMA; REIS, 2012).
• Os principais testes laboratoriais que são úteis para a avaliação do estado 
nutricional estão relacionados a seguir:
• Retinol plasmático
• Zinco plasmático 
• Vitamina D (25-OH plasmático)
• Vitamina E sérica
• Vitamina C plasmática
• Vitamina B6 (piridoxina plasmática)
• Vitamina B12
• Folato sérico
• Cálcio total
• Cálcio ionizável
• Os testes utilizados para identificar deficiência de ferro ou a presença de 
anemia ferropriva 
• Hemoglobina
• Hematócrito
• Volume corpuscular médio
• Índice de saturação da transferrina
• Ferretina
• Transferrina
• Ferro
• Capacidade total de ligação do ferro
Anamnese nutricional
No caso de atendimento de crianças menores de 2 anos as informações 
sobre o lactente são trazidas pelos pais ou outros cuidadores. É muito importante 
que o nutricionista utilize uma linguagem bem clara e acessível. É importante 
que se forme um vínculo de confiança e segurança entre o profissional e os pais 
da criança durante o atendimento nutricional. Conhecer a dinâmica do bebê e da 
família é indispensável para o nutricionista poder identificar inadequações em 
relação ao hábito alimentar da criança e poder decidir sobre a melhor abordagem. 
 
A anamnese nutricional deve ser o mais completa e detalhada possível. 
Para os bebês com aleitamento materno exclusivo é importante questionar a mãe 
sobre a frequência diária das mamadas, o tempo das mamadas, se ocorre o esva-
ziamento das mamas, se a nutriz reveza as mamas, a quantidade de fraldas que 
são usados por dia, as características da defecção e diurese, se houve alguma 
mudança na dinâmica alimentar da criança nos últimos dias (SOCIEDADE BRA-
SILEIRA DE PEDIATRIA, 2009).
No caso de lactentes que já estão em alimentação complementar, indagar 
a mãe sobre número de refeições e mamadas, horários das refeições e mamadas, 
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
96
quais os alimentos são consumidos pela criança, a consistência, a forma de pre-
paro, uso de sal e açúcar, o consumo de alimentos industrializados entre eles 
guloseimas, como é caracterizada a alimentação da família (horários, alimentos, 
preparações, local etc.) (VITOLO, 2008; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIA-
TRIA, 2009). 
Para o atendimento de crianças maiores de seis meses o profissional de nu-
trição pode escolher o inquérito alimentar mais adequado e indicado para cada caso, 
como Recordatório de 24 horas, questionáriode frequência alimentar, entre outros. 
 
6 A INFLUÊNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO PARA O 
LACTENTE E O DESMAME
Na Unidade 1, muito já foi falado sobre amamentação, lactação, aleitamento 
materno. Apesar de muitas considerações sobre os benefícios para o bebê terem 
sido trazidas, o foco maior foi em relação aos aspectos relacionados a produção 
do leite, composição do leite e questões maternas relacionadas a todo o processo 
que envolve o aleitamento materno.
 
Nesta unidade, o foco será mais direcionado à criança. Somente para fins 
didáticos, é importante que não somente o profissional de saúde, mas todas as 
pessoas, envolvidas direta ou indiretamente no aleitamento materno de uma 
criança, estejam cientes de que a amamentação não se resume no simples ato do 
bebê sugar na mama da nutriz. 
O processo de aleitamento materno envolve fatores psíquicos e emocionais 
da mãe. É dependente de um movimento associado ao desejo da mulher de 
amamentar seu filho. Promove a aproximação e o vínculo entre mãe e filho, 
estabelece uma ligação mais íntima entre os dois. 
Como já abordado anteriormente na Unidade 1, a secreção do leite da 
mama, responde a vários estímulos, como o da mãe ver e sentir o cheiro do bebê. 
Ao iniciar o aleitamento materno, nasce um dos primeiros canais de comunicação 
entre a mãe e seu bebê. 
Você, futuro nutricionista, deverá aprofundar seus conhecimentos 
durante sua formação para ampliar suas competências e ser capaz de transmitir os 
conceitos e particularidades sobre aleitamento materno de uma perspectiva mais 
amplificada e completa para as futuras mamães ou já nutrizes e suas famílias. 
Muitas vezes o sucesso do aleitamento materno e a prevenção do desmame 
dependem de abordagens mais do que fisiológicas e “meramente” nutricionais.
 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) (2002) e o Ministério da Saúde 
(MS) (2009) do Brasil, recomenda o aleitamento materno exclusivo até os seis 
meses de vida. Como já foi exposto anteriormente isso significa que a criança 
TÓPICO 1 — LACTENTE
97
deve receber apenas leite materno até os 6 meses de vida, e nesta fase receber a 
alimentação complementar e continuar recebendo leite materno. 
Em relação à saúde da criança, a amamentação é essencial graças aos seus 
benefícios tanto nutricionais, imunológicos, emocionais como socioeconômicos 
(ALMEIDA; LUZ; UED, 2015). 
A revista Lancet, publicou em 2008, uma série sobre desnutrição materna 
e infantil alertando para a necessidade de dispensar atenção especial no período 
que compreende da concepção até o segundo ano de vida da criança, que 
representam os primeiros 1000 dias correspondentes a 270 dias de gestação mais 
os dois primeiros anos de vida. É considerado uma “janela de oportunidades” 
para melhorar a saúde dos indivíduos. A publicação aponta para o papel de 
uma boa nutrição para o crescimento saudável e as repercussões benéficas que 
se prologariam por toda a vida. Também alerta para a importância de priorizar 
programas nacionais de incentivo à nutrição e a promoção da integração entre os 
programas de saúde (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018a). 
 
O conceito dos “Primeiros mil dias”, tem sido incorporado por agências e 
organizações não governamentais internacionais, citado em publicações científicas 
como referência nas pesquisas da área da saúde. Na prática trata-se de um conjunto 
de intervenções altamente efetivas baseadas em evidências científicas para a 
diminuição da desnutrição que prega a importância de priorizar recursos para 
grupos de países afetados (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018a). 
Tem sido associado ao conceito dos 1000 dias o termo “imprinting 
metabólico”, que se refere ao fenômeno do qual uma experiência nutricional 
precoce que perdura durante um período crítico e especifico do desenvolvimento, 
a “janela de oportunidade”, poderia acarretar um efeito duradouro e persistente 
ao longo da vida, o que facilitaria a instalação de alguma doença crônica 
(BALABAN et al., 2004).
De acordo com os conceitos acima, boas estratégias alimentares devem ser 
promovidas tanto para o bebê como para a mãe enquanto gestante e nutriz, com 
o objetivo de garantir o perfeito crescimento e desenvolvimento, como modular o 
metabolismo da criança para reduzir o risco de doenças crônicas em toda a vida. 
Aleitamento materno e obesidade
É fato que vem ocorrendo um importante aumento na prevalência da 
obesidade em muitos países nas últimas décadas. O que é muito preocupante é 
que este aumento ocorre também entre crianças e adolescentes. Existe um risco 
aumentado que crianças com sobrepeso ou obesidade tornem-se adultos obesos e 
com predisposição inerente do desenvolvimento de doenças crônicas (BALABAN 
et al., 2004).
 
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
98
Estudos apontaram que crianças obesas têm pelo menos duas vezes mais 
chances de ser obesas na idade adulta do que as crianças não obesas (BALABAN; 
SILVA, 2004). As consequências da obesidade para adultos são bem notificadas 
na literatura, em que aparecem as doenças crônicas não transmissíveis. As 
consequências já podem aparecer precocemente quando ocorre a obesidade na 
infância. Além de distúrbios psicossociais existe o risco de outras comorbidades 
como dislipidemias, hipertensão arterial, desordens ortopédicas, diabetes e 
mais recentemente foram registrados casos de esteato hepatite não alcoólica em 
crianças obesas (BALABAN; SILVA, 2004).
 
O Guia Alimentar para Crianças Brasileiras menores de 2 anos, reforça a 
relação da amamentação até os 2 anos de vida com a prevenção da instalação de 
várias patologias na fase adulta (BRASIL, 2019). Já foi aventado que o aleitamento 
materno teria um efeito protetor para a instalação da obesidade. Os estudos ainda 
são controversos e representam um campo de pesquisa relevante uma vez que o 
aumento dos casos de obesidade em crianças e adolescentes pode comprometer a 
saúde da população adulta, interferindo na qualidade de vida, na produtividade 
e nos gastos públicos. 
É relevante que o aluno do curso de nutrição conheça e entenda as 
evidências que sugerem a relação entre aleitamento materno e obesidade. 
Contudo é preciso cautela e análise criteriosa quando uma questão permanece 
como uma incógnita, como neste caso. A obesidade é uma doença de etiologia 
multifatorial, aqui estaremos discorrendo sobre o aleitamento materno de forma 
isolada em relação ao excesso de peso. Como vocês podem observar muitos 
outros fatores devem ser levados em consideração nesta questão, como questões 
genéticas, o tipo de aleitamento, o tempo de duração do aleitamento etc. Quem 
sabe este tema possa despertar em você o interesse da investigação científica. 
Vamos ler um pouco sobre o que a literatura nos traz sobre o tema?
Estudos sugerem que experiências nutricionais bem precoces, ainda no 
ambiente intrauterino, possam influenciar no risco de condições adversas para 
a saúde, predispondo as doenças crônicas não transmissíveis, por exemplo. A 
esse fenômeno dá-se o nome de Imprinting metabólico, como já mencionado em 
parágrafos anteriores. 
 
Existe um estudo epidemiológico clássico que ilustra muito bem esse 
fenômeno. Jovens holandeses de 19 anos de idade, expostos à fome e escassez no 
período intrauterino, entre os anos de 1944-1945, período em que estava ocorrendo 
a 2ª Guerra Mundial. Jovens os quais as mães sofreram fome nos primeiros dois 
trimestres de gestação apresentaram uma prevalência de sobrepeso de 80%, maior 
que os filhos de mães que não sofreram esta privação. Os autores explicam que 
o resultado provavelmente tem relação com o período de desenvolvimento do 
hipotálamo e seus centros reguladores do apetite (WATERLAND; GARZA, 2002). 
Os jovens em que a privação alimentar ocorreu no último trimestre ges-
tacional ou nos primeiros 5 meses de vida, a prevalência de sobrepeso foi signifi-
TÓPICO 1 — LACTENTE
99
cativamente mais baixa. O resultado de acordo com os autores do estudo, parece 
ter relação com operíodo de privação ter acontecido em fase importante da repli-
cação dos adipócitos (WATERLAND; GARZA, 2002).
Alguns supostos mecanismos que podem estar envolvidos no fenômeno 
de Imprinting metabólico inclui alterações na inervação, vascularização, organi-
zação celular dentro de órgãos, alteração da expressão de determinados genes e 
a influência na produção de hormônios e expressão de seus receptores, produção 
de enzimas e transportadores transmembranas (WATERLAND; GARZA, 2002).
 
Após ao nascimento, período que faz parte dos 1000 dias, o aleitamento 
materno é a primeira experiência nutricional vivenciada pela criança. Anterior-
mente, na vida intrauterina o feto é nutrido pelos nutrientes transportados da 
mãe através da placenta para o feto. O feto também deglute o líquido amniótico, 
que embora não tenha impacto nutricional, tem fatores comuns com o leite mater-
no no que concerne a bioatividade e alguns fatores de crescimento com atividade 
que favorece o processo adaptativo gastrointestinal perinatal (WAGNER, 2002; 
HIRAI et al., 2002). 
Dentro do contexto aqui exposto, é sugerido que a composição do leite ma-
terno influencia de forma protetora na obesidade, alterando o número e tamanho 
dos adipócitos ou na indução do fenômeno de diferenciação metabólica. E que os 
fatores bioativos presentes no leite materno possam atuar no mecanismo neuroen-
dócrino que controla e regula o balanço energético (BALABAN; SILVA, 2004). 
Foi observada uma associação inversa e linear entre o aleitamento materno 
com o excesso de peso através de uma metanálise. O risco de excesso de peso reduz 
4% para cada mês de aleitamento até os 9 meses de idade (HARDER et al., 2005).
No leite materno, além dos nutrientes, são encontrados hormônios como 
T3 e T4, esteroides adrenais e também a insulina. Mais recentemente foi identifi-
cada a presença de leptina, hormônio com ações no balanço energético. 
Embora seja uma hipótese não confirmada, alguns autores relacionam a 
concentração maior de proteínas presente nas fórmulas infantis com o risco de 
obesidade (MICHAELSEN, 2002). 
Outros aspectos da amamentação que têm sido analisados em relação à 
redução do risco de obesidade, vão muito além dos fatores nutricionais do leite 
materno. O fortalecimento do vínculo mãe-filho proporcionado pelo aleitamento 
materno foi apontado como um fator que parece ser influenciado por comporta-
mentos interativos entre o binômio mãe-bebê. Foi aventado que esse panorama 
baseado em vínculos mais fortes reflete em comportamentos de transição alimen-
tar da criança que envolvem a adoção de hábitos alimentares mais adequados e 
saudáveis (BALABAN; SILVA, 2004).
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
100
A prática do aleitamento materno, onde a criança controla a quantidade 
que vai ingerir, favorece uma regulação na ingestão energética. Os sinais de fome 
e saciedade podem sofrer alterações através de influências externas de controle. 
O uso da mamadeira pode alterar os mecanismos de auto regulação do apetite/
saciedade que é mais “orgânico” na amamentação (BALABAN; SILVA, 2004).
 
A dieta da mãe também parece favorecer uma melhor aceitabilidade de 
diferentes sabores pela criança. A justificativa para isso vem do sabor de alguns 
alimentos consumidos pela nutriz que passam para o leite materno. Criança que 
aceita uma variedade maior de alimentos tem mais chance de desenvolver hábitos 
alimentares saudáveis. 
Aleitamento materno e anemia
O leite materno não é uma fonte alimentar com níveis de ferro elevado, 
contudo, a biodisponibilidade do ferro neste alimento é alta, favorecendo uma 
utilização pela criança de até 50%. O aleitamento materno exclusivo garante um 
balanço de ferro ótimo em crianças nascidas a termo pelo menos até os 6 meses 
de vida (TEIXEIRA et al., 2010).
A introdução de alimentos sólidos interfere na biodisponibilidade 
deste mineral em crianças amamentadas. Desta forma a introdução precoce de 
alimentação complementar pode prejudicar a absorção de ferro. 
A anemia ferropriva é o problema nutricional mais prevalente no mundo 
e os principais grupos vulneráveis incluem gestantes e lactentes em países em 
desenvolvimento. É definida, segundo a Organização Mundial da Saúde (2017) 
como a condição na qual a concentração sanguínea de hemoglobina se encontra 
abaixo dos valores esperados (inferior a -2DP), assim, torna-se insuficiente para 
atender às demandas fisiológicas exigidas de acordo com idade, sexo, gestação e 
altitude (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2015).
 A anemia pode ocorrer por inúmeras causas, sendo a principal a 
deficiência de ferro, que contempla aproximadamente 60% dos casos em todo 
o mundo. A deficiência de ferro do lactente principalmente no primeiro ano 
de vida é influenciada pela presença de anemia materna, estoques de ferro do 
bebê influenciado pela ligadura precoce do cordão umbilical e necessidades 
aumentadas de ferro após aos 6 meses devido à grande velocidade de crescimento 
e desenvolvimento (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018b).
De acordo com estudos realizados no Brasil a anemia materna refletiu 
em menores valores de hemoglobina do lactente aos seis meses de vida, também 
naqueles em aleitamento materno exclusivo.
 
Existe uma otimização nos mecanismos que favorecem a disponibilidade 
de ferro nos sistemas corporais. Algumas evidências sugerem que ocorre um 
aumento da transferência de ferro para o feto em mães com baixo estoque 
TÓPICO 1 — LACTENTE
101
corporal do mineral. Já ocorre diminuição da transferência em mães em que estão 
anêmicas. Existe um risco de deficiência de ferro para o feto, nesta situação e 
também após ao nascimento.
 
A deficiência de ferro favorece uma situação vulnerável desde a vida 
intrauterina e prejuízos a longo prazo, incluindo o desenvolvimento de aptidões 
cognitivas e comportamentais, capacidades motoras e de linguagem, alterações 
na imunidade, apetite, resposta alterada do estresse metabólico etc. 
 
Uma das estratégias protetoras e recomendadas na prevenção contra a 
deficiência de ferro e a instalação da anemia é a contraindicação de uso de leite de 
vaca in natura, não processado, em pó ou fluido antes dos 12 meses. O aumento 
da prevalência do aleitamento materno no Brasil nos últimos anos é apontado 
como um dos motivos para a discreta melhora em relação aos casos de anemia em 
crianças (TEIXEIRA et al., 2010, FISBERG; LYRA; WEFFORT, 2018).
Amamentação e cólica do lactente
Cólica em bebês principalmente nos primeiros meses de vida é uma 
queixa muito frequente trazida pelas mães aos pediatras. O choro relacionado à 
cólica do bebê causa muita ansiedade aos pais e demais familiares. Estima-se uma 
ocorrência aproximada de 20% dos lactentes. Não existe diferença na incidência 
entre os sexos (RIBEIRO; COUTINHO, 2016). 
É importante esclarecer aos pais e familiares que é uma condição benigna 
e autolimitada, de natureza transitória e não interfere no crescimento e também 
não traz riscos de vida à criança. 
 
Estudos revelam que apesar da cólica do lactente geralmente durar 
apenas por 3 a 4 meses e não ser grave, gera sensação de incompetência dos pais 
e pode interferir na dinâmica do casal e até da família, pois a presença do choro 
insistente no ambiente torna-o estressante. 
O que representa o termo cólica? O termo “cólica” é utilizado para 
referenciar dor abdominal aguda e espasmódica. No lactente é caracterizada por 
choro súbito, forte, geralmente estridente que pode ter curtas pausas, mas pode 
se prolongar por horas. Não é justificado por outros motivos e não responde às 
medidas aplicadas para cessar o choro da criança. Existem alguns sinais frequentes 
em que o lactente se estica, mexe a cabeça para os lados e a face fica vermelha 
(MURAHOVSCHI, 2003). Os episódios tendem a ocorrer principalmente ao 
anoitecer (RIBEIRO; COUTINHO, 2016).
 
O diagnóstico da cólica é clínico e geralmente de exclusão, quando são 
descartadas outras causas para o choro persistente do bebê.Não existe nenhum 
teste bioquímico, nem exame físico que confirme o diagnóstico. Os pediatras 
utilizam uma proposta já bem antiga, da década de 1950, que são os critérios de 
Wessel, conhecida até hoje como a regra dos 3. O choro característico dura 3 horas, 
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
102
por 3 dias ou mais por semana, durante 3 ou mais semanas e desaparece aos 3 meses. 
Como esses critérios foram criados primeiramente como ferramenta de pesquisa, 
são considerados de baixa sensibilidade podendo gerar os casos falso-negativo 
e assim excluir bebês que realmente estejam com cólicas. Contudo, na prática 
clínica pediátrica, acabam sendo muito úteis, já que os casos que contemplam os 
critérios de Wessel, podem ser direcionados aos cuidados possíveis, já quando 
o quadro é muito distinto, a saúde da criança deve ser investigada com outros 
parâmetros (MURAHOVSCHI, 2003). 
Mais recentemente tem sido utilizado o critério de Roma III para patologias 
gastrointestinais funcionais que considera:
Cólicas infantis definem-se como paroxismos de irritabilidade, 
agitação ou choro, que começam e cessam sem causa óbvia, com 
duração igual ou superior a três horas por dia, ocorrendo pelo menos 
três dias por semana, durante pelo menos uma semana, sem que exista 
atraso no desenvolvimento (RIBEIRO; COUTINHO, 2016, p. 388).
Diferentes causas são aventadas para a ocorrência da cólica do lactente, 
embora ainda continue sendo um mistério. Considera-se a etiologia da cólica do 
lactente multifatorial. Na literatura são encontradas citações que alegam que as 
cólicas do lactente constituem parte de uma resposta fisiológica adaptativa e tam-
bém da influência de fatores ambientais. Têm sido propostas algumas hipóteses 
como um hiperperistaltismo, intolerância alimentar à alergia, às proteínas do lei-
te de vaca e desequilíbrio da microbiota intestinal (RIBEIRO; COUTINHO, 2006). 
Estudos não revelam diferenças significativas da presença de cólica em bebês 
amamentados com leite materno e bebês que recebem fórmulas (RIBEIRO; COUTI-
NHO, 2016). Algumas evidências indicam que crianças que param de ser amamenta-
das precocemente apresentam cólicas com maior frequência (VITOLO, 2008).
Alguns alimentos consumidos pela nutriz já foram apontados como cau-
sadores de cólica como o amendoim, chocolate, leite, refrigerantes e frutas cítri-
cas. Não houve comprovação científica de que esses alimentos provoquem cólica 
(VITOLO, 2008). Contudo, resultados de um estudo randomizado que testou a 
prática de alimentação de nutrizes reduzida de proteínas alergênicas do leite e 
derivados, trigo, ovos, soja, peixe e oleaginosas durante uma semana, demonstra-
ram a redução da irritabilidade de crianças com cólica (HILL et al., 2005).
Uma situação que pode muitas vezes confundir os pais e até um certo 
momento os pediatras, é o quadro clínico de alergia a proteína de leite de vaca 
(APLV), em que a criança apesar de raro, também pode manifestar sinais de có-
lica. Pode ocorrer alergia a proteína do leite de vaca em bebês amamentados 
exclusivamente no peito. Como isso ocorre? Quando a nutriz ingere leite de vaca 
ou seus derivados, pode ocorrer a passagem de proteínas heterólogas que podem 
ser incorporadas ao leite materno. Experiências mostram que nestes casos quan-
do a mãe suspende a ingestão de leite e seus derivados, desaparecem os sinais e 
sintomas da APLV (VITOLO, 2018; SAAVEDRA, 2003).
TÓPICO 1 — LACTENTE
103
Vitolo e Feldens (2008) alertam sobre o intervalo curto das mamadas, que 
poderia causar um excesso de lactose e com isso favorecer maior fermentação e 
flatulência.
 
Evidências científicas sugerem que o uso de probióticos mais especifica-
mente a suplementação com Lactobacillus reuteri (L reuteri) provoque um efeito 
positivo na redução dos sintomas de cólica do lactente (RIBEIRO; COUTINHO, 
2016).
Amamentação e caries dentária
É consenso que o aleitamento materno exclusivo é a melhor forma de 
alimentar os bebês até os seis meses de vida e posteriormente até aos dois anos de 
idade acompanhado da alimentação complementar. 
Entre todos os benefícios já comprovados no crescimento, desenvolvimento, 
redução do risco de doenças principalmente as infecciosas o aleitamento materno 
influência na saúde oral e dental. O aleitamento materno protege contra a má 
oclusão. 
Em relação à associação do aleitamento materno e cáries dentárias é 
necessário analisar com muita cautela os achados em pesquisas científicas. Estudos 
associaram a amamentação por períodos superiores a 2 meses e um aumento de 2 
a 3 vezes a ocorrência de carie em dentes decíduos, os chamados dentes de leite. 
A academia Americana de Odontologia (AAPD) apontou para o aumento do risco 
do aparecimento de carie em crianças que se alimentam tanto no peito como na 
mamadeira. 
Como você pôde observar a abordagem nutricional em relação à cólica 
do lactente é um desafio pelas particularidades desta situação, pelos achados científicos 
controversos devido em parte pelas metodologias utilizadas e pelo caráter exclusivamente 
clínico utilizado para o diagnóstico. Existem muitas dúvidas e questionamentos em relação 
à alimentação da nutriz e a presença de cólica. É importante que o profissional nutricionista 
atue com cautela tanto na abordagem em relação à criança como com a nutriz. Para a 
criança o aleitamento materno exclusivo deve permanecer e pode-se tentar encorajar a 
mãe a tentar substituir alguns alimentos. É fundamental a atuação multi e interdisciplinar 
considerando a abordagem do pediatra, que é quem conduz este tipo de situação, com o 
apoio dos demais profissionais da equipe.
NOTA
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
104
A falta de medidas de higiene bucal adequadas associadas à alimentação 
prolongada e repetida parece influenciar na ocorrência de cárie dentária em 
crianças. Traebert et al. (2004) alertam para a associação da introdução precoce de 
alimentos sólidos para o lactente incluindo, cereais, leite de vaca, vegetais, açúcar e 
alimentos açucarados com o desenvolvimento de cárie dentária.
 O padrão de consumo alimentar tem sido apontado como o fator 
predisponente para a associação do aleitamento materno e cárie. Muitos autores 
fazem referência à frequência elevada de mamadas ao dia, mamadas de longa 
duração e mamadas noturnas frequentes. A consequência destes hábitos favorece 
o acúmulo de leite materno sobre os dentes que associado ao baixo fluxo salivar e a 
ausência de higienização oral torna o ambiente propício para a instalação de cárie 
dentária (SANTOS; DOTTO; GUEDES, 2016).
Agora que você já estudou tantos conteúdos sobre o aleitamento materno, 
tanto sobre as questões maternas lá na Unidade 1, como para os impactos para a 
criança, vamos conversar um pouco sobre o desmame. 
A introdução de qualquer tipo de alimento na dieta da criança que até 
então encontrava-se em aleitamento materno exclusivo, é o conceito mais aceito 
para desmame. E “período de desmame” é o período que vai do início da intro-
dução do alimento complementar até a supressão total do aleitamento materno 
(PALMA, 2006). 
Estudos vêm demonstrando que nas últimas décadas vem acontecendo um 
aumento no número de dias que as crianças estão sendo amamentadas. Contudo o 
desmame precoce, ainda ocorre com muitos lactentes, mesmo no primeiro semes-
tre de vida (VITOLO; FELDENS, 2008). 
Há uma preocupação dos profissionais de saúde, em buscar estratégias 
para evitar o desmame antes dos seis meses de vida e que o aleitamento materno 
perdure até aos dois anos de vida. Contudo o desmame é um processo natural. 
Com o consumo progressivo de alimentos complementares é comum que a criança 
vá perdendo o interesse em buscar alimento na mama. 
O nutricionista e demais profissionais de saúde podem atuar através de 
orientações focadas no padrão de alimentação e, em conjunto com o profissional de 
odontologia, da higienização oral para reduzir o risco de caries dentárias em lactentes. 
Jamaisdesencorajar o aleitamento materno pelo risco de cárie dentária.
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 — LACTENTE
105
Como o processo do aleitamento materno por si só, tem como sujeitos a 
mãe e o bebê, o desmame deve ser também definido pela mãe e pelo bebê. Esse é 
o desfecho ideal. Na maioria das vezes, a criança se “autodesmama”. Pode ocorrer 
em diferentes idades, variando entre dois a quatro anos. 
Quando o desmame ocorre de uma forma natural a transição geralmente 
é mais tranquila para ambos, mãe e bebê. Já quando o desmame ocorre de forma 
abrupta, o processo não se dá de maneira tão animosa, podendo trazer sentimento 
de rejeição do bebê. O desmame progressivo, também é mais orgânico, e favorece 
uma modulação hormonal materna também mais orgânica. 
Entre as causas do desmame precoce a oferta de liquido tem sido apontada 
pelos autores como uma das mais frequentes. As mães tendem a oferecer outros 
líquidos nos casos de cólica, gases ou sede. Não consideram essa prática prejudi-
cial. Um estudo realizado por Campos et al. (2015) detectou que os líquidos são 
frequentemente oferecidos aos bebês pelas mães. As mulheres estudadas parecem 
acreditar que oferecer a água é necessária para saciar sede. 
A faixa etária da mãe é também apontada pela literatura como causa do 
desmame precoce. Existe uma tendência de mães mais jovens desmamar seus fi-
lhos mais precocemente (LIMA; JAVORSKI; VASCONCELOS, 2011).
A literatura também refere como questões relacionadas com o desmame 
precoce a utilização de mamadeiras e chupetas, a crença de muitas mães de que 
o leite é fraco, de que o leite do peito não ajuda o bebê a ganhar peso, ausência de 
experiência técnica incorreta da sucção do bebê RN, gravidez indesejada, doenças 
da mama (BRASIL, 2002b).
 
Algumas estratégias devem ser planejadas para grupos de gestantes e nu-
trizes com o objetivo de reduzir a prática do desmame precoce. O nutricionista 
como membro de uma equipe de saúde tem um papel importantíssimo neste desa-
fio. O acolhimento baseado em escuta qualificada dos pais e da família deve servir 
de base para o fortalecimento do vínculo entre mãe e/ou família e o profissional. Ti-
rar dúvidas, informar e orientar sobre o aleitamento materno e desmame ampliam 
as chances de evitar o desmame precoce.
Para ampliar seu conhecimento sobre o desenvolvimento do TGI de recém-
nascidos e a microbiota sugerimos a leitura do artigo: Impactos da microbiota intestinal na 
saúde do lactente e da criança em curto e longo prazo, de tadeu Fernando Fernandes. Este 
artigo está disponível em: http://www.comciencia.br/impactos-da-microbiota-intestinal-
na-saude-do-lactente-e-da-crianca-em-curto-e-longo-prazo/.
IMPORTANT
E
106
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os recém-nascidos são classificados de acordo com a idade gestacional em 
recém-nascido a termo, pré-termo e pós-termo.
• O peso ano nascer classifica o recém-nascido em baixo peso ao nascer, muito 
baixo peso ao nascer, extremamente baixo peso ao nascer.
• Os recém-nascidos são classificados através de percentil relacionando o peso 
e a idade gestacional em: adequado para a idade gestacional (AIG), com peso 
compreendido entre o percentil 10 e 90; pequeno para a idade gestacional 
(PIG) com peso abaixo do percentil 10 e grande para a idade gestacional (GIG) 
com peso acima do percentil 90. 
• Os aspectos fisiológicos do sistema gastrintestinais (SGI) do recém-
nascido definem o tipo de alimentação que vai se adaptando conforme as 
transformações do SGI que ocorrem nos primeiros meses.
• As necessidades nutricionais do lactente são relativamente maiores que de 
adultos.
• Existem equações para calcular as necessidades nutricionais dos lactentes e a 
aplicar os métodos disponíveis para o cálculo.
• A fazer a avaliação do estado nutricional de lactentes.
• A relacionar a amamentação com o maior risco de obesidade, com as cólicas 
do lactente, com a prevenção da anemia até aos seis meses de idade com 
aleitamento materno exclusivo.
• A definir desmame (“natural” e precoce).
• O papel do nutricionista como agente de apoio às famílias para reduzir o 
risco de desmame.
RESUMO DO TÓPICO 1
107
1 Após estudar os aspectos fisiológicos do sistema gastrintestinal do lactente, 
é importante que você, acadêmico, seja capaz de entender os processos de 
amadurecimento deste sistema e relacioná-los com as funções alimentares 
do lactente. Para isso, relacione os aspectos e mecanismo fisiológicos do 
sistema gastrointestinal do lactente desde o nascimento até o momento 
de a introdução da alimentação complementar com o esquema alimentar 
recomendado no primeiro ano de vida. 
2 O choro excessivo de lactentes de 0 a 4 meses associado a cólicas é uma 
queixa bem frequente das mães. Como você pôde constatar nos estudos 
sobre o tema, vários fatores já foram associados como causadores da cólica 
no lactente. O caráter multifatorial da etiologia da cólica do lactente é citado 
por vários autores. Cite três possíveis causas da cólica do lactente que são 
citadas na literatura. 
3 Foi visto no estudo proposto neste tópico, que os RN e lactentes nos primeiros 
anos de vida têm necessidades energéticas relativamente maiores. Justifique 
através do conteúdo estudado o porquê deste aumento.
4 A oferta de líquidos para o lactente antes do sexto mês de vida é uma das 
causas frequentes do desmame precoce. Estudos demonstraram que essa 
prática é bem frequente entre as mães e que temem que apenas o leite 
materno não sacie a sede do bebê de 0 a 6 meses de vida. Além desta, 
algumas outras causas são apontadas. Assinale com um X as alternativas 
que incluem situações que favoreçam o desmame precoce de acordo com 
a literatura. 
a) ( ) Utilização de mamadeiras.
b) ( ) Doenças da mama.
c) ( ) O mito de que o leite materno é fraco.
d) ( ) As campanhas vinculadas pelo governo incentivam o uso fórmulas 
infantis por serem mais adequadas para o crescimento e desenvolvimento 
dos bebês e seu uso facilita o dia a dia das mães.
AUTOATIVIDADE
108
109
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O momento da introdução de alimentos complementares para os bebês 
“romanticamente” pode ser considerado, como um festejo para muitas famílias. 
É rodeado de curiosidades por parte dos pais, de como a criança vai aceitar os 
novos alimentos, quais serão suas preferências, entre outras. A dinâmica do bebê 
ao ter contato com alimentos que antes não lhe eram oferecidos, sujando a boca, 
babando, jogando os alimentos no chão, agregam às “gracinhas” que um bebê 
presenteia a família. 
 Por outro lado, por tratar-se de um marco tanto do ponto de 
vista funcional como nutricional na vida da criança, é um momento rodeado de 
desafios, dúvidas e inseguranças para os pais. 
Para o profissional de saúde, incluindo o nutricionista, também é um grande 
desafio a condução do processo de introdução da alimentação complementar. É 
preciso auxiliar a mãe e ou cuidadores da criança de maneira adequada, e ficar 
atento tanto às necessidades da criança como também da mãe e de toda a família. 
Um dos instrumentos que serve de apoio tanto para os pais como para os 
profissionais de saúde é o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 
anos publicado pelo Ministério da Saúde em novembro de 2019 (BRASIL, 2019). 
As particularidades de cada família devem ser consideradas pelo 
profissional de saúde para que o sucesso neste processo tenha mais chance de 
ocorrer em um menor tempo. O nutricionista em sua formação recebe subsídios 
técnicos para melhor conduzir, acolher, tirar dúvidas e oferecer alternativas 
viáveis relacionadas à alimentação complementar para os pais e demais familiares 
dos lactentes.
 
A seguir está disponível para você, acadêmico, um vasto conteúdo sobre 
a introdução de alimentos para lactentes. Esperamos que você aproveite muito! 
TÓPICO 2 — 
INTRODUÇÃO DE NOVOS 
ALIMENTOS
110
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
2 NECESSIDADES NUTRICIONIAS APÓS AOS 6 MESES DE 
IDADE
No Tópico 1, Subtópico4, desta unidade, foi abordado o cálculo das 
necessidades nutricionais de lactentes. Aqui, focaremos nosso estudo na 
recomendação de macro e micronutrientes depois de seis meses de idade. Antes 
dos seis meses o aleitamento materno exclusivo e ou as fórmulas infantis oferecem 
esses nutrientes de forma adequada. 
2.1 REQUERIMENTO DE MACRONUTRIENTES
Tanto antes como depois dos seis meses o lactente tem necessidades 
proteicas maiores que os adultos. As necessidades aumentadas nesta fase 
são justificadas pela aumentada taxa de crescimento e desenvolvimento que 
envolve formação de células, crescimento dos tecidos, órgãos e sistemas. Há 
uma necessidade aumentada também de aminoácidos essenciais, que devem ser 
garantidos com a ingestão de proteínas de alto valor biológico (VITOLO, 2015).
 
Os valores de referência propostos para crianças incluem de Weffort e 
Lamounier (2017), os valores da RDA e a mais utilizada da WHO/FAO (2007). A 
seguir podem-se observar esses valores:
Weffort e Lamounier
• Neonatos: 2,5 a 3,0 g /Kg/dia
• Lactentes: 2,0 a 2,5 g/Kg/dia
RDA
• Crianças de 7 a 12 meses: 1,5g/kg/dia 
FAO: Ingestão mínima de proteína recomendada para evitar o desenvolvimento 
de desnutrição 
• Crianças de 0,5 ou 6 meses
• Meninos: 1,31 g/Kg/dia
• Meninas: 1/31 g/Kg/dia
• Crianças de 1 ano
• Meninos: 1,14g/Kg/dia
• Meninas: 1,14g/Kg/dia
• Crianças de 1,5 anos
• Meninos: 1,03g/Kg/dia
• Meninas: 1,03g/Kg/dia
• Crianças de 2 anos
• Meninos: 0,97g/Kg/dia
• Meninas: 0,97g/Kg/dia
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS
111
Os carboidratos são as principais fontes energéticas de utilização rápida 
do organismo. São necessárias quantidades suficientes do consumo deste 
macronutriente para evitar cetose e hipoglicemia. Esta quantidade deve ser de no 
mínimo de 5g/kg/dia (VITOLO, 2008).
De acordo com a RDA (AI), a recomendação para crianças de zero a seis 
meses de idade é de 60 gramas ao dia, para a idade de sete a dozes meses é 
de 95 gramas ao dia e a partir de um ano até três anos é de 130 gramas ao dia 
(INSTITUTE OF MEDICINE, 2005). 
Não existe uma faixa estabelecida de distribuição de carboidrato da dieta 
antes do primeiro ano de vida (IOM, 2005). É aceitável uma distribuição de 
carboidrato de 55 a 75%, de acordo com a FAO, 2003, e de 50 a 75%, de acordo 
com a ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – OMS (2003), do valor calórico 
total (VET).
 
Um aporte adequado de lipídios é fundamental devido suas funções 
energéticas, formação do sistema nervoso, transporte de vitaminas lipossolúveis 
entre outras. Também garante a oferta dos ácidos graxos essenciais, que atuam no 
desenvolvimento visual, integridade da pele e no crescimento. 
A recomendação da ingestão de lipídios antes dos seis meses é de 31 
gramas ao dia, garantido através do aleitamento materno exclusivo e dos 7 aos 12 
meses é de 30 gramas ao dia A distribuição para crianças entre 1 a 3 anos é de 30 
a 40% do VET (INSTITUTE OF MEDICINE, 2005).
2.2 REQUERIMENTO DE MICRONUTRIENTES
Até aos seis meses de idade as necessidades de vitaminas e minerais são 
contempladas pelo leite materno. O ferro é uma dos micronutrientes que podem 
ter seu aporte corporal alterado com a instalação da alimentação complementar, 
quando houver inadequações na oferta deste micronutriente ou por situações 
adversas na absorção. 
Quando o assunto envolve disponibilidade de ferro é indispensável 
incorporar as orientações para aumentar a biodisponibilidade desse oligoelemento, 
como já mencionado anteriormente, a principal é a ingestão associada de ferro e 
vitamina C. O estado nutricional do ferro, a quantidade de ferro do organismo, 
modula a absorção do mineral. Alguns outros fatores podem reduzir a taxa de 
absorção, como a presença de fitatos e oxalatos nos alimentos (VITOLO, 2008; 
KRAUSE; MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005). A suplementação de ferro será 
abordada no Tópico 3, desta unidade.
112
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
As recomendações da ingestão diárias das vitaminas e mineiras de acordo 
com as DRI, você pode encontrar no endereço eletrônico: http://www.scielo.br/pdf/rn/
v19n6/09.pdf.
IMPORTANT
E
3 ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR
Os órgãos de referência que determinam as diretrizes sobre práticas 
alimentares de crianças, recomendam a introdução de alimentos complementares 
a partir dos seis meses de idade. É importante ressaltar que neste momento não é 
recomendada a interrupção do aleitamento materno (VITOLO, 2008).
 
A alimentação complementar deve seguir uma prática alimentar baseada 
em uma dieta balanceada desde o início. Os objetivos da alimentação e nutrição 
nesta fase devem além de garantir o crescimento e desenvolvimento adequados, 
incluir a prevenção de distúrbios nutricionais e a redução do risco de doenças 
futuras como as doenças crônicas não transmissíveis. 
Qual é a definição de alimentação complementar? De acordo com a OMS 
(1998), alimentação complementar é a alimentação no período em que além do 
leite materno, outros alimentos ou líquidos são oferecidos à criança. E alimento 
complementar é o alimento oferecido à criança durante o período de alimentação 
complementar, que não seja o leite materno (MONTE; GIUGLIANE, 2004).
Os alimentos complementares no contexto da alimentação infantil, podem 
tanto ser preparados especialmente para o consumo da criança, chamados, neste 
caso, de alimentos transicionais, como podem ser os alimentos que são consumidos 
pela família, com adequações que atendam às necessidades da criança, tanto 
nutricionais como funcionais. Um exemplo é a modificação na consistência.
Os termos “alimentos de desmame” e também “alimentação suplementar” 
atualmente não são recomendados para fazer referência à alimentação 
complementar. São considerados inadequados, pois pode sugerir que a introdução 
de alimentos aos seis meses ou em qualquer fase, sirvam para substituir o leite 
materno, favorecendo o desmame (MONTE; GIUGLIANE, 2004). Quando ocorre 
a interrupção total da amamentação o termo utilizado é “desmame total”.
Quando a questão é a duração ideal da amamentação exclusiva e 
introdução de alimentos complementares, vale uma explanação sobre os 
acontecimentos que nortearam a atual recomendação. No final dos anos 1970, 
muitas dúvidas e controvérsias surgiram sobre tempo ideal para parar de 
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS
113
amamentar o bebê. Esse período foi pontuado como o ponto máximo do declínio 
da prática da amamentação. Concomitantemente foi detectado uma piora das 
condições da saúde materno-infantil. O termo “dilema do desmame” perdurou 
desde então até o ano 2001. A 54º Assembleia Mundial de Saúde foi um marco 
para as novas recomendações. A OMS substituiu a recomendação anterior de 
introduzir alimentos complementares aos 4 a 6 meses para a introdução em torno 
dos 6 meses. 
A decisão da OMS foi baseada em evidências sobre os benefícios de 
postergar a duração do aleitamento materno exclusivo. Foi constatado que 
crianças que recebem leite materno exclusivamente até os seis meses apresentam 
menos doença diarreica, além de reduzir o déficit de crescimento, em países 
desenvolvidos e em países em desenvolvimento. No Brasil, o Ministério da Saúde 
já recomenda a amamentação exclusiva desde o início dos anos 1980 (MONTE; 
GIUGLIANE, 2004).
Apesar das várias campanhas direcionadas às recomendações do 
aleitamento materno exclusivo até aos seis meses de vida, o número de crianças 
que seguem este esquema ainda está muito a quem do esperado. Apenas 37% dos 
lactentes com menos de seis meses de idade são amamentados exclusivamente 
em países de baixa e média rendas (VICTORA, 2016). 
Em países da América Latina e também no Caribe, há uma grande 
variação nos valores da prevalência do aleitamento materno exclusivo nos 
últimos anos. Para se ter uma ideia, varia de 7,8% a 68,3%, portanto resultados 
de estudos têm demonstrado um aumento desta prevalência. No Brasil, apesar 
do número de bebês amamentados exclusivamente ainda estar abaixo doideal, 
houve um aumento, comprovado em pesquisas, entre 1975 e 2008 de 3,1% para 
41,0% (LUTTER, 2012).
Quando uma criança começa a receber alimentos complementares, ocorre 
automaticamente uma diminuição na ingestão do leite materno. Quando isso 
corre precocemente pode-se observar alguns prejuízos para criança em menor ou 
maior grau. 
Estudos realizados em diferentes países, tanto nos desenvolvidos como 
nos em desenvolvimento como o Brasil, constataram que a precocidade na 
introdução de alimentos complementares está relacionada com o aumento na 
morbimortalidade infantil. Os fatores promotores desta realidade incluem uma 
menor ingestão de fatores protetores contidos no leite materno e a ingestão de 
alimentos contaminados.
 
Outra questão importante é a interferência na absorção de nutrientes 
fundamentais, como o ferro e o zinco, que estão presentes no leite materno, na 
presença de outros alimentos. Lembrando que até aos seis meses o leite materno 
tem todos os nutrientes em quantidades adequadas e com alta biodisponibilidade 
para o bebê.
114
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
Pesquisas dos últimos anos têm demonstrado uma redução na prevalência 
de desnutrição em crianças. Vale alertar que a desnutrição pode ocorrer na infância 
devido à interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo e alimentação 
complementar inadequada nos primeiros dois anos de vida, relacionadas tanto 
à privação alimentar como a episódios repetitivos de doenças infecciosas como 
doença diarreica e também respiratórias (BRASIL, 2009a).
A obesidade, que diferente da desnutrição, tem demonstrado aumento 
na prevalência em crianças no Brasil. A introdução precoce e inadequada da 
alimentação complementar pode contribuir para este panorama. 
O aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida, protegem a 
criança da instalação da anemia em crianças. Ocorre um esgotamento das reservas 
de ferro do lactente entre o 4º ao 6º mês de vida. As demandas de ferro, nesta 
fase, passam a ser atendidas através do ferro disponibilizado pela alimentação 
complementar que até então era através do leite materno. Neste período, os 
alimentos complementares têm um papel importante para evitar a anemia 
ferropriva. A anemia por deficiência de ferro é um dos principais problemas de 
saúde pública no mundo (BRASIL, 2009c).
Ainda sobre a introdução precoce de alimentos complementares e as 
desvantagens, é importante ressaltar que a literatura mais atual tem associado 
com o desenvolvimento de alergias. A introdução de uma variedade muito 
grande de alimentos sólidos entre os 3 a 4 meses de idade pode estar relacionada 
com elevação do risco de eczema atópico e alergias alimentares (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018a). Por outro lado, existem evidências de que 
a manutenção do aleitamento materno exclusivo reduz o risco de diabetes melito 
tipo I (MONTE; GIUGLIANE, 2004).
Já a partir dos seis meses de idade o lactente necessita de nutrientes 
disponibilizados por outros alimentos, além do leite materno. As necessidades 
nutricionais não podem ser supridas apenas pelo leite materno ou fórmulas 
infantis.
O desenvolvimento neural dos reflexos necessários para deglutição, 
do sistema digestivo e excretor do bebê aos seis meses completo apresenta-se 
propício para receber outros alimentos. Nesta idade, o bebê já sustenta bem a 
cabeça e inicia a erupção dos dentes, fatores que favorecem a oferta de alimentos 
através de colheres, também a mastigação e deglutição. É possível, neste período, 
observar a excitação da criança ao visualizar os alimentos (BRASIL, 2009b).
 
A Sociedade Brasileira de Pediatria (2018a) ressalta para o fato de que a 
não introdução de alimentos complementares aos seis meses não tem relação com 
efeito protetor para doenças alérgicas e afirma que pelo contrário pode aumentar 
o risco de alergias. 
• As recomendações sobre a alimentação complementar a partir dos seis meses 
incluem:
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS
115
• No caso de a criança estar sendo amamentada, o aleitamento materno 
deve continuar e iniciar a alimentação complementar.
• Na impossibilidade de aleitamento materno, até aos seis meses utilizar 
fórmula de partida que satisfaça todas as necessidades do lactente. 
Depois dos seis meses, utilizar uma fórmula de segmento durante o 
segundo semestre de vida.
• Para crianças que utilizam fórmula antes dos seis meses ou após os 
seis meses, que não estão sendo amamentadas, as recomendações 
sobre alimentação complementar é a mesma que para aquelas que são 
amamentadas. 
Antes de explorarmos sobre os grupos alimentares e esquema alimentar 
recomendado para iniciar a alimentação complementar, vamos focar nosso 
estudo nas características das fórmulas infantis e do leite de vaca (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008a). 
A prática de substituir o leite materno por fórmulas se deu mais 
intensivamente no século passado. Essa realidade tem sido associada ao processo 
de industrialização, urbanização e a participação das mulheres no mercado de 
trabalho. Hoje em dia o mercado de fórmulas infantis, apresenta uma variedade 
muito grande de produtos.
 
As fórmulas infantis são classificadas em fórmulas de partida, que são 
indicadas para os primeiros seis meses de vida do bebê, de segmento, indicadas a 
partir dos seis meses e durante o segundo semestre de vida e aquelas destinadas 
a necessidades nutricionais especiais. 
As fórmulas têm indicações especificas como as hipoalergênicas, 
antirregurgitação, livre de lactose etc. Exemplos podem ser observados na Figura 
3. Elas diferem entre si em relação às fontes e quantidade de proteínas, lipídios, 
carboidratos, vitaminas e minerais.
FIGURA 3 – EXEMPLOS DE FÓRMULAS INFANTIS HIPOALERGÊNICAS
Para as crianças que não toleram a proteína do leite de vaca ou de soja é 
indicado as fórmulas com proteína bovina hidrolisadas. No caso de crianças com 
intolerância congênita ou temporária de lactose, o mercado oferece as fórmulas 
isentas de lactose (HEIRD; COOPER, 2009).
FONTES: <https://www.danonenutricia.com.br/produtos/infantil/formulas-infantis/aptamil-HA-
-proexpert-800g.html>; <http://www.danonebabyprofissionais.com.br/pdf/produtos/linha-espe-
cialidades/pregomin-pepti.pdf>. Acesso em: 7 abr. 2020.
116
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
• A seguir serão expostas as características gerais das fórmulas infantis. Em 
relação à composição nutricional começaremos com os macronutrientes.
• Proteínas: contêm proteínas do soro do leite de vaca e caseína. Existem 
fórmulas que utilizam a proteína isolada de soja. A proteína do leite 
de vaca pode estar na forma intacta, parcialmente hidrolisada ou 
extensamente hidrolisada. 
• Gorduras: são encontradas misturas de óleos vegetais. 
• Carboidratos: a lactose é o tipo de carboidrato presente nas fórmulas. 
Algumas têm também polímeros de glicose na forma de maltodextrina.
• Minerais: as fórmulas possuem minerais em proporções que tentam 
ser similares ao leite materno. A relação cálcio/fosforo é adequada.
• Vitaminas: estão em concentrações que atendem às necessidades de 
crianças sadias. 
• Além destes nutrientes, as fórmulas contêm (depende de cada 
fórmula): nucleotídeos, prebióticos, probióticos, LC-PUFAS (DHA, 
ácido docosaexaenoico, ácido araquidônico). 
• Para conhecimento e comparação vamos analisar as características do leite de 
vaca (HEIRD; COOPER, 2009). Seguem as informações nutricionais:
• Proteínas: as taxas de proteínas são maiores que das fórmulas e do 
leite materno, desencadeando um aumento da carga renal de soluto. 
Evidências relacionam esse excesso com o aparecimento de obesidade 
no futuro. A digestibilidade fica prejudicada pois a relação caseína/
proteína do soro é inadequada. 
• Gorduras: Em sua composição o leite de vaca contém baixos teores de 
ácidos graxos essenciais. A quantidade de ácido linoleico é dez vezes 
menor no leite de vaca comparado com as fórmulas. 
• Carboidratos:no leite diluído a 2/3, a quantidade de carboidrato é 
inadequada para o bebê. 
• Minerais e eletrólitos: o teor de sódio no leite de vaca é elevado. A 
carga renal de soluto eleva-se e é principalmente preocupante para 
recém-nascidos de baixo peso. A biodisponibilidade do ferro e zinco 
é baixa.
• Vitaminas: O leite de vaca possui baixos teores de vitamina D, E e C.
 
3.1 ESQUEMA ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR
Além das funções nutricionais da alimentação complementar, a introdução 
de alimentos complementares na infância tem vários outros papéis na formação e 
vida da criança. Ocorre uma aproximação da criança com os hábitos alimentares 
da família. O aprendizado através da experimentação pelo bebê de novos sabores, 
aromas, texturas e cores dos alimentos apresentados, ajuda no desenvolvimento 
nesta fase (BRASIL, 2009b). A criança começa a vivenciar de outra forma a prática 
de socialização da alimentação.
 
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS
117
O momento da introdução de novos alimentos envolve uma dedicação 
não somente da mãe como também dos outros cuidadores e ou membros da fa-
mília da criança. É necessário dispensar muito afeto, paciência e disponibilidade 
nesta nova fase. Com o aleitamento materno exclusivo a alimentação da criança 
dependia somente da mãe. Na introdução de alimentos complementares outros 
membros da família poderão e deverão se envolver neste processo. O pai, irmãos, 
avós/avôs, e outros familiares passam a interagir mais com a criança e aprendem 
sobre o seu cuidado (BRASIL, 2009b). 
O papel dos profissionais de saúde é muito relevante como promotor da 
alimentação saudável. O nutricionista dentro de suas atribuições deve facilitar 
a compreensão por parte da comunidade, da família e dos pais da criança sobre 
conceitos, orientações, e esquemas alimentares para alimentação complementar. 
É fundamental a utilização de uma linguagem clara e acessível às diferentes clas-
ses socioeconômicas. Deverá disponibilizar orientações sobre grupos de alimen-
tos, modo de preparo, consistência, número de refeições, temperos e quantidades 
ideias de alimentos que supram as necessidades da criança. 
Tanto o nutricionista como qualquer outro profissional de saúde devem 
se atentar às variáveis, regionalidade, sazonalidade dos alimentos e poder aqui-
sitivo da família. É fundamental respeitar e levar em consideração esses aspectos 
na hora de fazer orientações sobre alimentação complementar para os pais e cui-
dadores da criança.
É importante salientar que o primeiro ano de vida é considerado um 
marco na formação dos hábitos alimentares da criança, que perduraram na vida 
adulta. Antes dos seis meses, como já mencionado, é recomendado o aleitamento 
materno exclusivo e após aos seis meses ocorra a introdução de alimentos com-
plementares, além do leite materno que deve ser oferecido até aos dois anos de 
idade (BRASIL, 2009b).
 
É interessante, que os hábitos alimentares da nutriz, através dos aromas 
e sabores de alimentos consumidos, parecem influenciar no leite materno e essas 
características são passadas para o lactente. Sullivan e Birch (1994) referem que 
as crianças alimentadas com leite materno se adaptam melhor a introdução de 
alimentos complementares. 
A introdução da alimentação complementar aos seis meses de vida, obje-
tiva fornecer um complemento de energia, macro e micronutrientes para garantir 
o crescimento e desenvolvimento adequado da criança. Uma alimentação com-
plementar inadequada poderá trazer prejuízos nutricionais com níveis variados 
de gravidade, como já mencionado anteriormente. Entre os problemas relaciona-
dos à inadequação da alimentação complementar, mais frequentes, está a anemia 
ferropriva, obesidade e desnutrição (BRASIL, 2009b). 
Agora vamos direcionar nossa abordagem para os esquemas de alimenta-
ção, grupos alimentares, tipo de preparações, entre outros detalhes recomenda-
dos pelos órgãos competentes.
118
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
Como é um momento de certa insegurança e estresse para muitos pais, 
uma boa orientação por parte da nutricionista pode facilitar muito o processo 
de introdução de alimentos complementares. A introdução deve ser lenta e 
gradual. A criança está em um processo de aprendizagem sobre novos sabores. É 
comum que a criança rejeite os alimentos nas primeiras vezes que são ofertados. 
Pode estranhar o sabor, a consistência e o utensilio como a colher (SOCIEDADE 
BRASILEIRA ENDOCRINOLOGIA E METABOLISMO, 2007). 
Os horários da alimentação do bebê devem ser flexíveis. A oferta de 
alimentos deve estar em sintonia com o desejo de se alimentar demonstrado pela 
criança. A quantidade de alimentos deve também ser observada, respeitando a 
capacidade gástrica do bebê que após aos seis meses é de 20-30 ml/kg de peso 
(SOCIEDADE BRASILEIRA ENDOCRINOLOGIA E METABOLISMO, 2007). O 
aleitamento materno associado à alguma refeição deve acontecer após a refeição 
quando a criança não estiver saciada. 
A partir do início da introdução dos alimentos complementares é 
necessário oferecer água para a criança no intervalo entre as refeições (BRASIL, 
2003). Uma recomendação de pediatras e do Ministério da Saúde do Brasil é que 
a oferta de alimentos deve ser através de colheres e os líquidos através de copos. 
 
Os cuidados com a higiene dos alimentos também devem ser repassados 
através das orientações nutricionais ou também por outros profissionais da 
saúde. A Sociedade Brasileira de Pediatria (2018a), sugere um esquema para a 
introdução dos alimentos complementares conforme segue:
• Alimentação de 0 a 6 meses de vida: Leite materno exclusivo.
• Do 6º mês ao 24º mês: leite materno mais alimentos complementares.
• No 6º mês: introduzir frutas e depois de alguns dias, introduzir a primeira 
papa principal.
• No 7º ao 8º mês: além da primeira papa principal de misturas múltiplas, 
introduzir a segunda papa de misturas múltiplas, mais frutas.
• Do 9º ao 11º mês: oferecer gradualmente os alimentos consumidos pela família 
com adaptações da consistência para a criança. A consistência dos alimentos 
deve evoluir progressivamente. 
Caro acadêmico! É indispensável que você entenda como é o esquema 
alimentar que inclui a primeira e a segunda papa de múltiplas misturas. 
A primeira papa (papa principal) de múltipla mistura deve:
• Ser oferecida no horário do almoço ou jantar. Dê preferência com a refeição 
compartilhada com a família.
• Melhorar com o passar dos dias. No início a criança pode rejeitar e aceitar 
pequenas quantidades, é recomendado oferecer leite materno após a papa 
para complementar a refeição até que a criança demonstre sinais de saciedade.
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS
119
A segunda papa de múltipla mistura deve:
• Ser oferecida a criança a partir do 7º mês de idade. Se a criança recebeu uma 
papa de múltipla mistura no almoço, oferecer outra no jantar.
Agora que você, acadêmico e futuro nutricionista, já aprendeu as 
principais orientações em relação ao esquema alimentar no primeiro ano de vida, 
o que acha de focarmos nosso estudo em como preparar as papas de múltipla 
mistura? Vamos lá...
A composição da papa de múltipla mistura deve ter pelo menos um 
alimento de cada grupo alimentar encontrados no Quadro 10. Já as porções de 
cada alimento podem ser baseadas no modelo de pirâmide alimentar conforme o 
Quadro 11 e Figura 4. Que tal um exemplo para ficar mais claro?
Exemplo de papa principal de múltipla mistura para uma criança de 
sete meses: em um prato incluir abóbora cozida e amassada (grupo hortaliças) + 
batata cozida e amassada (grupo de tubérculos) + carne bovina tamisada (cozida 
e amassada com a mão) e ervilha cozida e amassada e óleo de soja ou canola.
No início da introdução de alimentos complementares, a porção total da 
papa deve ser de 1 a 2 colheres de chá. O alimento deve ser posicionado na ponta 
da colher. O volume oferecido deve ser aumentado progressivamente, conforme 
a aceitação da criança. É importanteque os alimentos não sejam excessivamente 
diluídos, para não reduzir a densidade calórica.
Entre o 6º e 11º mês, além do leite materno, a criança deverá receber três 
refeições ao dia no seguinte esquema: fruta mais duas papas de múltipla mistura. Já a 
criança que não estiver recebendo leite materno deverá receber cinco refeições ao dia, 
no seguinte esquema: duas papas e três porções de fórmula infantil e fruta (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE PEDIATRIA 2018a).
IMPORTANT
E
120
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
Hortaliças
(Verduras E 
Legumes)
Leguminosas Cereais Proteína Animal
Alface
Couve
Repolho
Tomate
Abóbora
Cenoura
Pepino
Feijões
Ervilha
Lentilhas
Grão-de-bico
Soja
Arroz
Batatas
Mandioca
Inhame
Cará
Macarrão
Milho
Farinha de trigo
Aveia
Carne bovina
Vísceras
Carne de frango
Carne suína
Peixes
Ovos
QUADRO 10 – GRUPOS ALIMENTARES COMPONENTES DAS MISTURAS PARA AS PAPAS DE 
INTRODUÇÃO DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR
FONTE: Sociedade Brasileira de Pediatria (2018a)
QUADRO 11 – NÚMERO DE PORÇÕES DE ALIMENTOS POR DIA DE ACORDO COM A FAIXA 
ETÁRIA, BASEADO NOS GRUPOS DA PIRÂMIDE ALIMENTAR
FONTE: Adaptado de Philippi et al. (1999) e Sociedade Brasileira de Pediatria (2018a)
Nível da 
pirâmide
(Figura 1)
Grupo alimentar Porções por Idade6 a 11 anos
Porções por Idade
1 a 2 anos
1 Cereais, tubérculos, raízes e pães 3 5
2 Verduras e legumesFrutas
3
3
3
4
3
Leites, iogurtes e 
queijos
Carnes e ovos
Feijões
Leite materno 
livre demanda ou 
Fórmula infantil
2
1
3
2
1
4 Óleos e gordurasAçúcar e doces
2
0
2
1
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS
121
FIGURA 4 – PIRÂMIDE ALIMENTAR
FONTE: Adaptado de Philippi et al. (1999)
Como orientar a mãe sobre o que é uma porção? Essa dúvida é bem 
recorrente. O nutricionista pode utilizar as medidas de porções recomendadas 
pelo Manual de Alimentação do Departamento de Nutrologia da Sociedade 
Brasileira de Pediatria (2018) encontrado Quadro 12.
QUADRO 12 – MEDIDAS DE PORÇÕES DOS GRUPOS ALIMENTARES RECOMENDADO PARA 
CRIANÇAS DE 6 MESES A TRÊS ANOS
Grupos De 
Alimentos Alimentos
Medidas 
Caseiras
Medidas 
Em 
Gramas
Carboidratos
Aipim cozido ou macaxeira 2 colheres de sopa 48
Arroz branco cozido 2 colheres sopa 62
Aveia em flocos 2 colheres sopa 18
Batata cozida 1 unidade 88
Pão francês ½ unidade 25
Biscoito de leite ou tipo 
“cream craker” 3 unidades 16
Biscoito “maria” ou 
‘maisena” 4 unidades 20
122
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
Frutas
Banana nanica
Caqui
Fruta do conde
Pera
Mação
½ unidade ou
43
50
33
66
60
Caju
Carambola
Kiwi
Laranja lima/ Laranja pera
Nectarina
Pêssego
1 unidade
40
110
60
75
75
69
85
Ameixa preta
Ameixa vermelha
Limão
2 unidades
15
70
126
Laranja-bahia 
Laranja seleta 4 gomos
80
80
Tangerina
Mexerica 6 gomos
84
84
Morango 9 unidades 115
Hortaliças
Beterraba crua ralada
Cenoura crua
Chuchu cozido
Ervilha fresca
Couve manteiga cozida
1 colher de sopa
21
20
28
10
21
Leguminosas
Feijão cozido
Ervilha seca cozida
Grão de bico cozido
1 colher sopa 2624
12
Feijão branco cozido
Lentilha cozida
Soja
½ colher sopa
16
18
18
Carnes em geral
Carne bovina – bife
Filé de frango grelado
Omelete simples
Ovo frito
Sobrecoxa de frango cozida
Hambúrguer
½ unidade
21
33
25
25
37
45
Espetinho de carne
Ovo cozido
Moela
1 unidade
31
50
27
Coração de frango 2 unidades 40
Carne bovina cozida ou 
assada ½ fatia 26
Carne bovina moída 
refogada
2 colheres de 
sopa 30
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS
123
Leite e 
derivados
Leite fluído (fórmula infantil 1 xícara de chá 182
Bebida láctea 
Iogurte de frutas
Iogurte de polpa de frutas
1 pote
120
120
120
Leite em pó 2 colheres de sopa 30
Queijo muçarela 3 fatias 45
Queijo minas
Queijo prato 2 fatias
50
40
Queijo parmesão 3 colheres de sopa 30
Óleos e 
gorduras
Azeite de oliva
Óleo de soja ou canola
1 colher de 
sobremesa
4
Manteiga 1 colher de sobremesa 5
Açucares*
Açúcar refinado
Açúcar mascavo 1 colher de sopa
14
18
Geleia 2 colheres 23
Açúcar cristal 3 colheres de chá 15
* Após 1 ano de idade.
FONTE: Adaptado de Sociedade Brasileira de Pediatria (2018a)
A ingestão de água para crianças no primeiro ano de vida, deve ter início 
no momento em que forem introduzidos os alimentos complementares e quando 
a criança, mesmo entre 0 e 6 meses de idade, estiver utilizando fórmulas infantis. 
Enquanto a criança estiver com aleitamento materno exclusivo, entre 0 a 6 meses 
de vida, não é necessário ofertar água. Quando tiver indicação de dar água para 
a criança, deve ser ofertada através de colher ou copo. 
Com a introdução dos alimentos complementares o lactente estará 
ingerindo uma maior quantidade de proteínas por grama e também de sais. 
Ocorre uma sobrecarga renal de solutos que deve ser diluída através da ingestão 
de água (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018a).
De acordo com as DRIs, (1997) a recomendação da ingestão hídrica 
para crianças até 12 meses é de 700 mL para os bebês com idade entre 0 a 6 
meses (INSTITUE OF MEDICINE, 2004). É importante ressaltar, que no caso 
de aleitamento materno exclusivo o leite materno supre esta necessidade para 
crianças sadias. Entre 7 e 12 meses a recomendação é de 800 mL, incluindo o leite 
materno e ou fórmula e a alimentação complementar. A seguir serão pontuadas 
algumas orientações sobre alguns alimentos e a forma de preparo. 
124
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
• Sobre frutas e sucos:
• Os primeiros alimentos que devem ser oferecidos ao bebê aos seis 
meses são as frutas in natura. 
• A escolha das frutas, que serão dadas para a criança, deve considerar 
as frutas da estação, preço e a presença de fibras. 
• Não existe contraindicação em relação às frutas. Atenção: a única 
fruta que não deve ser dada para criança com insuficiência renal é a 
carambola. 
• Devem ser oferecidas raspadas, amassadas ou picadas.
• Utilizar colher para as frutas raspadas ou amassadas. 
• Algumas referências da área sugerem que no lugar da fruta pode ser 
ofertado um legume e/ou alternar.
• Não é recomendado adoçar nem com açúcar nem com mel. 
• Tanto os sucos naturais como os artificiais devem ser evitados. A 
melhor opção é dar a fruta, pois garante a ingestão de fibras e são 
menos calóricas. A hidratação deve ser feita com água. 
• Vitolo (2008) pondera sobre a utilidade da oferta de sucos de fruta 
quando a ingestão de vitamina C é insuficiente e também quando a 
criança não consome carne, por diferentes motivos. 
• Proteína animal:
• Variar o tipo de proteínas animal. 
• A carne pode ser introduzida desde do momento que é introduzida a 
alimentação complementar. As carnes são importantes fontes de ferro. 
• A quantidade de carne ao dia deve ser de 50 a 70 gramas, dividida 
para as duas papas. 
• Após cozinhar a carne, modificar a sua consistência. A carne pode ser 
picada, tamisada ou desfiada. 
• Quando a opção da proteína animal for o ovo, deve ser oferecido tanto 
a clara como a gema e bem cozidos. 
• Quando a opção for peixe, certificar que não tem a presença de 
espinhas.
• A introdução da carne de peixe pode ocorrer desde do início da 
alimentação complementar. Quando existe história familiar de alergia 
a alimentos marinhos, é necessário observar e introduzir aos poucos 
(VITLO, 2008).
O nutricionista deverá esclarecer aos pais ou cuidadores que quando a opção 
de proteína animal for vísceras, o cozimento deverá ser mais prolongado. Esta orientação 
reduz o risco de contaminação com bactérias como a salmonela.
NOTA
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS
125
• Óleos: 
• Os alimentos devem ser preparados com óleo de soja ou canola. 
• Esses óleos possuem quantidades adequadas de ácido graxo ômega-3. 
A proporção entre o ômega-3 e o ômega-6 neste caso está mais próxima 
do ideal. 
• Pode aquecer o óleo na hora de refogar os alimentos.
• Uso de sal:
• No primeiro ano de vida não é necessário acrescentar sal aos alimentos 
do bebê.
• Preparar os alimentossem sal. 
• Utilizar temperos naturais e de sabor suave. 
As mães costumam relacionar a recusa da papa principal com a falta 
de sal, o que não procede. É a partir do segundo semestre que a criança vai 
desenvolvendo a “preferência” pelo sabor salgado. Não é necessário acrescentar 
sal nas preparações, a quantidade de sódio dos alimentos é suficiente para as 
demandas da criança sadia. 
• Temperos:
• É contraindicado o uso de temperos industrializados no preparo dos 
alimentos complementares. 
• Evitar totalmente caldos ou tabletes de legumes, carne, frango, peixe 
etc. 
• Devem ser utilizados temperos naturais e suaves para não mascarar 
o sabor do alimento. Exemplos: alho, cebola, azeite e em menor 
quantidade ervas como cebolinha, salsinha, manjericão, orégano e 
coentro. 
• O nutricionista deve alertar a família para os temperos usados na 
comida compartilhada com o bebê. 
• Consistência:
• É aconselhado que os alimentos que constituem as papas, não sejam 
peneirados ou liquidificados e sim amassados.
• A cocção dos alimentos deve ser feita com água suficiente para que a 
consistência fique macia. No final da cocção deverá sobrar pouca água 
na panela. 
O nutricionista deve conversar com os pais sobre a aceitação de novos 
alimentos pela criança. Mesmo que a criança recuse algum alimento ela deve 
experimentar pelo menos por 8 a 10 vezes, para poder reconhecer o novo sabor e 
não estranhar.
126
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que não seja 
oferecido mel para crianças com menos de um ano de idade. Essa recomendação é devido 
ao risco de botulismo, doença grave causada por bactérias (SOCIEDADE BRASILEIRA DE 
PEDIATRIA, 2018a; VITOLO, 2008).
IMPORTANT
E
4 TÉCNICA DE INTRODUÇÃO ALIMENTAR BLW
O momento da introdução dos alimentos complementares quando ocorre 
a descontinuidade do aleitamento materno exclusivo, vem acompanhado de 
muitas dúvidas pelas mães. Como você pôde ver no conteúdo anteriormente 
abordado são muitas as orientações e cuidados que devem ser passados para os 
pais para a introdução de alimentos complementares. 
Tradicionalmente foi estabelecida a introdução alimentar com preparações 
de consistência pastosa. Gill Rapley é autora da obra Baby-led weaning: help your 
baby to love good food. A autora sugere uma maneira diferente de introdução dos 
alimentos. Gill Rapley et al. (2015) refere que ao sexto mês de vida os bebês já 
têm capacidade motora para conduzirem a própria prática alimentar, através 
do consumo de alimentos em pedaços. A autora desaconselha a mudança na 
consistência dos alimentos para crianças com crescimento e desenvolvimento 
normais. 
O método Baby-led weaning (BLW) é baseado nos conceitos de que as 
crianças escolhem os momentos de início das refeições; o que vai ser consumido, 
claro com opções saudáveis oferecidas pelo cuidador; o ritmo que as refeições são 
realizadas e a quantidade que será ingerida. A criança passa a ser a “condutora” 
do processo alimentar. Os cuidadores assumem um papel intermediário, 
disponibilizando os alimentos, favorecendo um ambiente agradável para o 
exercício das habilidades motoras pelos bebês (RAPLEY et al., 2015; ARANTES 
et al., 2018). 
De acordo com esse método, a oferta dos alimentos em pedaços passa a 
ser um facilitador para o encorajamento da “autoalimentação” infantil. Contudo, 
Arantes et al. (2018) alertam para a falta de consenso em relação a essa prática e 
aos impactos no comportamento alimentar e às consequências nutricionais da 
criança.
 
Tanto profissionais como os pais demonstram certa insegurança em 
relação ao método, principalmente em relação ao risco de asfixia. 
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS
127
A literatura relata que o uso do método foi associado a uma maior duração 
do aleitamento materno, uma maior participação da criança nas refeições da 
família, uma autorregulação da saciedade mais efetiva e melhor adaptação a 
oferta de alimentos pela criança (RAPLEY et al., 2015; ARANTES et al., 2018).
 
A OMS mantém-se cautelosa, aguardando mais evidências científicas 
antes de qualquer posicionamento em relação à recomendação do método. 
5 DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA 
MENORES DE DOIS ANOS – MINISTÉRIO DA SAÚDE
Os dez passos para a alimentação saudável baseado no Guia Alimentar 
para crianças menores de dois anos estabelecidos pelo Ministério da Saúde e 
Organização Pan-Americana da Saúde em 2002 e em sua última atualização em 
2015, foi elaborado para que profissionais de saúde possam orientar os pais sobre 
a amamentação e alimentação complementar (BRASIL, 2003). Foram agrupadas 
orientações em dez passos favorecendo a implementação de um instrumento 
simples e fácil de ser trabalhado em educação e saúde, como pode ser observado 
a seguir:
Passo 1 – Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, 
chás ou quaisquer outros alimentos. 
Passo 2 – A partir dos 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual 
outros alimentos, mantendo o leite materno até os 2 anos de idade 
ou mais; Passo 3 – Após os 6 meses, dar alimentos complementares 
(cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes), três vezes 
ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver 
desmamada. 
Passo 4 – A alimentação complementar deverá ser oferecida sem 
rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança.
Passo 5 – A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e 
oferecida com colher; começar com consistência pastosa (papas/purês) 
e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação 
da família. 
Passo 6 – Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma 
alimentação variada é, também, uma alimentação colorida. 
Passo 7 – Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes 
nas refeições; 
Passo 8 – Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, 
salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. 
Passo 9 – Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; 
garantir o seu armazenamento e conservação adequados. 
Passo 10 – Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, 
oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, 
respeitando a sua aceitação (BRASIL, 2003).
128
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
Em 2019 foi lançado pelo MS do Brasil o Guia alimentar para crianças 
brasileiras menores de 2 anos. Este guia disponibiliza informações e recomendações sobre 
a alimentação para crianças antes dos dois anos de vida que favoreçam a promoção de 
saúde e o crescimento e desenvolvimento em seu potencial máximo. É um instrumento de 
apoio direcionado às famílias e aos profissionais de saúde para o desenvolvimento de ações 
em educação alimentar e nutricional tanto em âmbito individual como coletivo do Sistema 
único de saúde (SUS), e para quem mais possa interessar. Convidamos você, acadêmico de 
nutrição, a ler com muita atenção este guia. Entre outras informações você vai encontrar 
os 12 passos para a alimentação saudável. Acessem o link, http://189.28.128.100/dab/docs/
portaldab/publicacoes/guia_da_crianca_2019.pdf.
DICAS
Sugerimos a leitura do artigo Introdução de alimentos complementares em 
lactentes, de Lilian Cordeiro de Queirós Moreira et al. Disponível em: https://journal.einstein.
br/wp-content/uploads/articles_xml/2317-6385-eins-17-03-eAO4412/2317-6385-eins-17-
03-eAO4412-pt.x26000.pdf.
 O resumo do artigo encontra-se a seguir. A publicação deste artigo é bem recente 
(de 2019). 
RESUMO: 
Objetivo: analisar a frequência, a idade e a tendência temporal da introdução da alimentação 
complementar em lactentes. 
Métodos: estudo retrospectivo dos dados de lactentes avaliados no setor de nutrição do 
Programa de Atenção aos Bebês do Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis 
entre os anos 2012 a 2015. Foram realizadas análises de sobrevivência, sendo que o 
desfecho considerado foi a idade até a introduçãode cada alimento específico. 
Resultados: Foram avaliados 700 lactentes, com idade mediana de 5,5 meses. A água 
representou o complemento mais consumido (80,0%), seguida pela fórmula infantil (64,1%) 
e pelo suco (51,1%). Em relação ao início da alimentação complementar, água, fórmula 
infantil e chá foram os primeiros a serem introduzidos, com idade mediana de 3 meses. 
Destaca-se que quase um quinto dos lactentes já tinha recebido alimentos processados. 
A introdução da água apresentou tendência significativa de aumento ao longo dos anos, 
sendo que, entre os lactentes com 6 meses de idade, variou de 72,8%, em 2012, para 91,1%, 
em 2015. A introdução dos itens da categoria alimentos processados também apresentou 
tendência significativa de mudança, sendo, entretanto, de redução, variando de 30,8%, 
em 2012, para 15,6%, em 2015, nesta mesma faixa etária. Entre os alimentos processados, 
engrossantes (36,3%) e biscoitos (26,3%) apresentaram as maiores proporções de consumo. 
Conclusão: água e fórmula infantil foram os alimentos mais consumidos e mais 
precocemente introduzidos. Entre os anos estudados, a introdução da água apresentou 
tendência significativa de aumento e a categoria alimentos processados de redução de 
consumo.
IMPORTANT
E
129
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A partir dos seis meses é necessário que a alimentação da criança satisfaça as 
necessidades nutricionais juntamente com o leite materno.
• Existem recomendações em relação à introdução de alimentos complementares.
• A consistência dos alimentos complementares influencia a aceitação desta 
pela criança. 
• É fundamental orientar as mães ou cuidadores sobre os grupos de alimentos, 
consistência, preparo e temperos recomendados para as crianças. 
• Alguns produtos alimentícios devem ser evitados para os lactentes.
• Existem algumas técnicas de introdução alimentar como a BLW, na qual o 
bebê “guia” o desmame e a introdução de novos alimentos.
• O Ministério da Saúde disponibilizou dez passos para a alimentação saudável 
para menores de 2 anos.
130
1 Agora que você já apreendeu quais as orientações devem ser transmitidas 
para as mães ou cuidadores sobre a introdução de alimentos complementares, 
você deverá listar as recomendações e orientações sobre a introdução da 
proteína animal.
2 Leia com atenção as afirmativas a seguir e assinale com um X qual delas está 
de acordo com as recomendações sobre a ingestão de água para lactentes 
com a literatura científica da área.
a) ( ) Crianças de 0 a 6 meses de idade, em qualquer esquema alimentar, não 
devem ingerir água, com exceção para a administração de medicamentos. 
b) ( ) Para lactentes com idade entre 0 a 6 meses de idade em aleitamento 
exclusivo, não é necessário oferecer água.
c) ( ) Em situações em que é necessário oferecer água para lactentes, deve-se 
utilizar colher ou copo. 
d) ( ) Quando for iniciada a alimentação complementar após aos 6 meses, a 
agua deverá ser oferecida. 
3 Descreva a técnica de introdução alimentar BLW.
4 Após ler o “Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos”, 
publicado em 2019, identifique quais as alternativas incluem alguns dos 12 
passos para uma alimentação saudável.
a) ( ) Oferecer o leite materno até aos 2 anos de idade. Até aos 6 meses deverá 
ser oferecido somente leite materno. Após os 2 anos, o leite materno não 
deverá ser consumido pela criança.
b) ( ) A partir dos 6 meses de idade além do leite materno, oferecer para a 
criança alimentos in natura e minimamente processados.
c) ( ) Além do leite materno, após aos 6 meses de idade, devem ser oferecidos 
alimentos na forma liquidificada. 
d) ( ) Proteger a criança da publicidade de alimentos.
AUTOATIVIDADE
131
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Para iniciarmos o estudo sobre suplementação nutricional para as crianças, 
é importante revisar brevemente a importância da alimentação nos primeiros 
anos de vida e o panorama de deficiências de micronutrientes em nosso país. 
O crescimento e desenvolvimento da criança depende diretamente da 
nutrição que também influencia no sistema imunológico na defesa contra doenças. 
Nos primeiros dois anos de vida a taxa de crescimento e desenvolvimento 
apresentam-se acelerados. As demandas nutricionais nesta fase são elevadas, 
pois as necessidades energéticas, e de macro e micronutrientes são relativamente 
maiores do que na vida adulta.
O aleitamento materno exclusivo garante todos os nutrientes necessários 
para o lactente durante esse período, principalmente no que diz respeito às 
proteínas e vitaminas. A quantidade de ferro e zinco é baixa no leite materno, 
mas é seguro o aporte destes minerais durante o aleitamento até os seis meses 
devido à alta biodisponibilidade. 
Como já abordado anteriormente, a alimentação complementar deve 
ser introduzida a partir dos seis meses de vida. Deve garantir os nutrientes 
tanto em qualidade como em quantidades adequadas para cada período 
de desenvolvimento. A forma como ocorre a introdução dos alimentos 
complementares intervém também nos hábitos alimentares futuro da criança. 
Uma realidade de muitos países, incluindo o Brasil, é o consumo excessivo 
de alimentos industrializados pela população de uma forma geral. Muitos desses 
são classificados como ultra processados, com altos níveis de sódio, açúcares e 
gordura e baixos níveis de micronutrientes. 
Dietas inadequadas são a maior causa de carência de micronutrientes. 
As três principais carências de micronutrientes no mundo inclui a deficiência de 
vitamina A, ferro e iodo. Cerca de um terço da população mundial apresenta 
alguma deficiência de um desses micronutrientes, sendo as mulheres em período 
reprodutivo e as crianças as mais acometidas. Para a população infantil a carência 
de micronutrientes reflete prejuízo à saúde dos pequenos favorecendo o aumento 
da morbimortalidade (PEDRAZA et al., 2016). 
TÓPICO 3 — 
SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA
132
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
Além de várias ações dos órgãos competentes direcionadas ao combate 
da deficiência nutricional a suplementação de minerais e vitaminas tem sido 
aplicadas na tentativa de amenizar esta realidade na população vulnerável como 
as crianças nos primeiros anos de vida. 
Agora que você já estudou a alimentação nos primeiros anos de vida, 
vamos conhecer a fortificação de alimentos e suplementação na infância. 
2 ALIMENTOS ENRIQUECIDOS OU FORTIFICADOS
É relevante para o estudante de nutrição saber a definição de alimentos 
enriquecidos ou fortificados. A definição da Agência Nacional de Vigilância Sa-
nitária – ANVISA considera alimento enriquecido ou fortificado todo aquele ao 
qual for adicionado um nutriente com a finalidade de reforçar seu valor nutricio-
nal, seja repondo quantitativamente os nutrientes destruídos durante o processa-
mento do alimento, seja suplementando-o com nutrientes em nível superior ao 
seu conteúdo normal. 
Fortificar alimentos é um recurso considerado de baixo custo para a pre-
venção de deficiências nutricionais que é usada em países desenvolvidos e em 
desenvolvimento (VELLOZO; FISBERG, 2010). 
A prática de fortificar o alimento com algum nutriente serve para asse-
gurar a ingestão de algum micronutriente em que em determinada população e 
região se mostre deficiente. E desta forma a ingestão atinja os níveis adequados.
É importante salientar que um dos objetivos do enriquecimento é a repo-
sição da quantidade de nutrientes que são perdidos durante o processamento do 
alimento. Neste caso, a quantidade do micronutrientes adicionado ao alimento é 
igual ou até menor que a do alimento in natura. 
Outras finalidades da fortificação de alimentos incluem a de reproduzir a 
composição de um alimento que um sucedâneo, pretende substituir e de redistri-
buir nutrientes pouco ubíquos por razões econômicas, culturais ou geográficas.
A fortificação de alimentos no Brasil segue a regulamentação sobre forti-
ficação dealimentos da ANVISA, através da Portaria n° 31, de 13 de janeiro de 
1998, da Secretaria de Vigilância Sanitária – Ministério da Saúde. A portaria fixa 
a identidade e características mínimas de qualidade para Alimentos Adicionados 
de Nutrientes Essenciais. 
As deficiências de micronutrientes podem além de ser mais prevalentes 
em determinada idade ou condição de saúde, também apresentam uma distribui-
ção regional. As condições socioeconômicas, a disponibilidade de alimentos e ca-
racterísticas do solo também influenciam na disponibilidade de algum nutriente.
TÓPICO 3 — SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA
133
 Para que um alimento se torne enriquecido ou fortificado deve estar den-
tro de alguns critérios como:
• Tenha consumo amplo e geral pela população da região fixada como alvo. 
• A quantidade do consumo diário do alimento pela população não deve ter 
muita variação no consumo per capita.
• A adição do nutriente não deve causar variações perceptíveis nas suas carac-
terísticas sensoriais.
• O processo de enriquecimento desse alimento em escala industrial deve ser 
economicamente viável.
Outras características do alimento, do nutriente e do processo de fortifica-
ção devem ser respeitados, como:
• O alimento deve manter-se estável nas condições de estocagem, distribuição 
e uso.
• O nutriente adicionado não deve favorecer o desbalanceamento dos nutrien-
tes essenciais.
• A adição do nutriente deve acontecer sob uma forma biologicamente dispo-
nível.
• A dose do nutriente utilizada deve ser segura mesmo quando ingerido em 
quantidades excessivas. Não pode ter efeitos tóxicos. 
• Para o enriquecimento de alimentos com vitaminas deve-se considerar a so-
lubilidade da vitamina. A vitamina A, por exemplo, pode ser incorporada a 
alimentos na forma de éster de retinil, que contenham gordura. 
• Para cada 100ml, no caso de líquidos ou 100g, no caso de sólidos do produ-
to pronto para o consumo (alimento fortificado), deverá fornecer no mínimo 
15% a 30% da IDR (Ingestão Diária Recomendável). 
Para que se alcance a finalidade de prevenir carências nutricionais o 
alimento fortificado deve ser de fácil acesso e seu consumo deve fazer parte da 
alimentação habitual da população onde vai ser comercializado ou distribuído o 
alimento (VELLOZO; FISBERG, 2010). 
 No Brasil, a política nacional de fortificação de alimentos, prevê atualmente 
a fortificação das farinhas de trigo e milho com fumarato ferroso e sulfato ferroso 
(de boa disponibilidade) em 4 a 9 mg para cada 100g de farinha (RDC n° 150 de 
2017) (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018a).
 
3 SUPLEMENTOS VITAMÍNICOS E MINERAIS
Como já é de seu conhecimento, as vitaminas são micronutrientes 
essenciais, sendo que a maioria não são sintetizadas pelo organismo. Algumas 
são sintetizadas pela microbiota intestinal, mas as quantidades não contemplam 
as demandas do organismo. Quando ocorre deficiência por baixa ingestão 
alimentar, caracterizando carência nutricional, é indicado a suplementação já nos 
primeiros anos de vida. 
134
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
A utilização de vitamina por via medicamentosa é indicada pelo Ministério 
da Saúde, bem precocemente, para recém-nascidos logo após ao nascimento. 
Neste caso é administrada a vitamina K ao nascimento, na dose de 1 mg via 
intramuscular. Kanakion é a forma medicamentosa da vitamina K disponível 
para administração em recém-nascidos. A indicação da vitamina K tem objetivo 
de prevenir sangramento precoce e hemorragia de qualquer natureza. Algumas 
proteínas que participam no processo de coagulação sanguínea são dependentes 
da vitamina K. 
A Doença Hemorrágica do Recém-nascido (HDN) é caracterizada pela 
hemorragia nas primeiras semanas de vida associada à deficiência de vitamina K. 
Os bebês recém-nascidos têm níveis menores de fatores de coagulação e reservas 
baixas de vitamina K, relacionadas com imaturidade hepática e transferência 
ineficiente desta vitamina pela placenta. O leite materno apesar de ser considerado 
completo em termos nutricionais, tem baixos teores de vitamina K (DÔRES; 
PAIVA; CAMPARA, 2001).
Dependendo da época que ocorre a HDN na vida pós-natal, ela pode ser 
classificada em: precoce, clássica e tardia. A HDN precoce ocorre nas primeiras 
24 horas após ao parto, logo após ao nascimento, A forma clássica aparece entre 
o primeiro e o sétimo dia de vida. As hemorragias, gastrointestinais, nasais, 
cutâneas são as mais frequentes neste tipo de HDN. Quando a HDN ocorre entre 
a segunda e a décima segunda semana de vida é considerada a forma tardia. 
Neste caso as hemorragias mais comuns são as gastrointestinais, cutâneas e 
intracranianas (PUCKETT; OFFRINGA, 2000).
A vitamina K1 ou também chamada de filoquinona é encontrada principalmente 
nos vegetais verdes folhosos. A vitamina K2, a menaquinona, é sintetizada pelas bactérias 
da microbiota intestinal. E a K3 é a forma sintética, chamada de menadiona (COZZOLINO, 
2005).
UNI
A vitamina D é fundamental ao organismo humano para manter níveis 
adequados de cálcio e fósforo, minerais necessários na mineralização óssea, 
condução nervosa, contração muscular, entre outras funções. É possível perceber 
o impacto da deficiência desta vitamina nos primeiros anos de vida, quando a 
velocidade de crescimento e desenvolvimento é bem alta (CALIXTO-LIMA; 
REIS, 2012).
TÓPICO 3 — SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA
135
O Departamento de Nutrologia da SBP recomenda a suplementação de 
vitamina D para recém-nascidos a termo, a partir da primeira semana indepen-
dente do esquema alimentar, aleitamento materno exclusivo ou fórmula infantil 
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018a).
Existe uma relação entre o status materno e a quantidade de vitamina D 
no leite materno. Dessa forma, os teores de vitamina D do leite materno influen-
ciam nos níveis desta vitamina no organismo do bebê (SOCIEDADE BRASILEI-
RA DE PEDIATRIA, 2018a). Os níveis de vitamina D no organismo dependem da 
irradiação ultravioleta na pele dos mamíferos e da ingestão de alguns alimentos 
como óleo de fígado de bacalhau, gema de ovo, manteiga, pescados gordos como 
arenque, sardinha, bacalhau e atum (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 
2018a; COZZOLINO, 2005). 
Alguns fatores predispõem o risco de hipovitaminose D para o bebê 
como: deficiência da vitamina durante a gestação; práticas de alimentação vege-
tariana ou veganas; pigmentação cutânea escura; ausência de exposição ao sol; 
uso de protetor solar; viver em altitudes elevadas; ser habitante de áreas urbanas 
com muitos prédios ou áreas com muita poluição que bloqueiam a incidência 
de raios solares; uso de medicamentos como anticonvulsivantes fenobarbital e 
hidantoína, glicocorticoides e antirretrovirais (SOCIEDADE BRASILEIRA DE 
PEDIATRIA, 2018a). 
Na Unidade 1, deste livro, mais especificamente no tópico sobre recomen-
dações nutricionais da nutriz, já foi comentado sobre a influência da dieta mater-
na na composição do leite materno. E como vimos anteriormente isso também é 
verdadeiro para as concentrações da vitamina A do leite materno. Vale relembrá-
-lo ainda de que a suplementação de vitamina A é recomendado para nutrizes 
que vivem em regiões de alta prevalência de hipovitaminose, quando for total-
mente descartada gravidez. 
A OMS e o Ministério da Saúde também preconizam para as crianças des-
tas áreas (ver em Unidade 1, Tópico 3) suplementação medicamentosa na forma 
de megadoses da vitamina A no esquema presente no Quadro 13. 
QUADRO 13 – DOSES DE VITAMINA A MEDICAMENTOSA PARA CRIANÇAS DE REGIÕES DE 
ALTA PREVALÊNCIA DE HIPOVITAMINOSE A
A Sociedade Brasileira de Pediatria (2018a) alerta para a necessidade de 
investigar através de inquéritos alimentares os teores de vitamina A da dieta e 
se a criança candidata à suplementação medicamentosa está recebendo alguma 
quantidade desta vitamina através de polivitamínicos. As principais fontes de 
vitamina A são encontradas no Quadro 14.
FONTE: Sociedade Brasileira de Pediatria(2018a)
Idade Doses
De 6 a 12 meses 100.000 UI
De 12 a 72 meses 200.000 UI
136
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
QUADRO 14 – PRINCIPAIS FONTES ALIMENTARES DE VITAMINA A PRÉ-FORMADA E PRÓ-VITAMINA A
FONTE: Sociedade Brasileira de Pediatria (2008a) e Cozzolino (2005)
FONTE: Sociedade Brasileira de Pediatria (2018a, 2018b), Bartolini e Fisberg (2010) e Cozzolino (2005)
FONTES ALIMENTARES DE VITAMINA A
Vitamina A pré-formada Pró-vitamina A (carotenoides)
Leite integral e derivados
Gema de ovo
Fígado
Óleo de fígado
Óleo de peixes
Ostras
Margarina (fortificada)
Agrião
Almeirão
Abóbora
Batata-doce
Cenoura
Couve
Mamão
Mostarda
Alimentos de origem vegetal nas cores 
amarelo-alaranjados.
Antes de focarmos nosso estudo na suplementação de minerais vamos 
fazer uma breve recapitulação das funções do ferro no organismo humano.
O mineral presente em maior quantidade no organismo é o ferro. É um 
micromineral que participa dos mecanismos de síntese proteica, transporte 
de oxigênio e gás carbônico, sistema oxidativo, mecanismos anti-infecciosos 
e contração muscular através da mioglobina (ROSADO; ROSADO, 2003; 
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018b). 
Grande parte do ferro que é utilizado no corpo humano tem origem da 
destruição das hemácias maduras, outra parte do ferro disponível é proveniente 
da alimentação. Na dieta, o ferro pode ser tanto de origem vegetal, onde o 
mineral apresenta-se na forma não hemínico (ferro não heme) e de fontes animais, 
apresenta-se na forma de ferro hemínico (ferro heme) (ROSADO; ROSADO, 2003; 
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018b). No Quadro 15 encontram-se 
alguns exemplos de fontes alimentares do ferro não heme e do ferro heme.
Do ponto de vista nutricional, é relevante ressaltar que o ferro não heme 
é dependente de alguns fatores para ser absorvido, como a presença da vitamina 
C, por exemplo. Já o ferro heme dos alimentos apresenta-se pronto para ser 
absorvido. 
QUADRO 15 – FONTES ALIMENTARES DE FERRO NÃO HEME E FERRO HEME
ALIMENTOS FONTE DE FERRO
Ferro não heme Ferro heme
Brócolis
Couve
Couve flor
Espinafre
Ervilha
Feijão
Lentilha
Carne bovina, suína, caprina (carnes 
vermelhas em geral)
Fígado
Frango
Ovo
TÓPICO 3 — SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA
137
A doença decorrente de deficiência nutricional mais prevalente em todo o 
mundo é a anemia, sendo a ferropriva, decorrente da deficiência de ferro, a mais 
frequente, principalmente em crianças. Globalmente, a deficiência de ferro está 
associada a mais de 50 a 60% dos casos de anemia (BARTOLINI; FISBERG, 2010). 
 
A Organização Mundial de Saúde (2017) define a anemia como a 
condição na qual o nível de hemoglobina (Hb) circulante está abaixo dos valores 
considerados normais para a idade, o sexo, o estado fisiológico e a altitude.
 
Dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) publicados 
em 2009, sobre a prevalência de anemia em crianças no Brasil, demonstrou que 
em 3.499 crianças menores de 5 anos de idade, 20,9% de crianças estavam com a 
hemoglobina <11g/dL, sendo que 8,7% apresentavam hemoglobina <9,5g/dL. A 
prevalência maior foi na região Nordeste com 25,5 % (BRASIL, 2009b). 
As reservas de ferro do recém-nascido a termo, com peso adequado, 
em aleitamento materno, geralmente estarão adequadas. O aleitamento 
materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida, diminui muito o risco do 
desenvolvimento de anemia. A alta biodisponibilidade do ferro do leite materno 
favorece uma absorção de cerca de 50% (VITOLO, 2008). 
A anemia ferropriva desenvolve-se em um ambiente da associação de 
múltiplos fatores etiológicos, desde os biológicos até os sociais e econômicos 
A introdução de alimentos complementares aos seis meses de idade ou antes, 
pode representar um momento crítico em relação ao status do ferro da criança. A 
partir dos seis meses de vida, o bebê esgota as reservas de ferro implementadas 
na vida intrauterina. A alimentação complementar adequada com o aleitamento 
materno, torna-se fundamentais para o aporte exigido de ferro nesta fase da 
criança (BRAGA, VITALLE, 2010).
 
Braga e Vitalle (2010) alertam para a suscetibilidade de crianças abaixo 
de dois anos de idade e o risco elevado do desenvolvimento de anemia. Nesse 
caso ocorre uma associação do abandono precoce do aleitamento materno com a 
prática de uma dieta de transição inadequada em uma fase de alta velocidade de 
crescimento.
De uma forma geral os principais fatores que interferem nas reservas 
de ferro no organismo humano são a ingestão e absorção de ferro inadequadas; 
hábitos vegetarianos; presença de verminoses; estado nutricional relacionado 
com baixo peso; hemorragias digestivas ou de outra natureza; nas mulheres a 
multiparidade, entre outras.
138
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
O número de adeptos do estilo de vida vegana está crescendo muito em vários 
lugares do mundo. Você que está estudando para ser um nutricionista já pensou sobre está 
questão? A alimentação sem produtos animais é uma realidade para esse público e muitas 
indagações sobre a falta de nutrientes permeiam esse tema. Cabe ao profissional buscar 
alternativas que possam assegurar uma alimentação completa em termos tanto de macro 
como micronutrientes para o indivíduo em qualquer idade. É importante refletirmos sobre 
a alimentação vegana na infância por tratar-se de uma fase com demandas nutricionais 
que influenciam diretamente o crescimento e o desenvolvimento.
IMPORTANT
E
A prática do vegetarianismo ou veganismo não necessariamente irá 
provocar anemia ferropriva em seus adeptos. Uma alimentação bem planejada 
nutricionalmente em termos de energia em macro e micronutrientes é muito 
importante para evitar estados de carências. A exceção é em relação à vitamina 
B12, que sem a ingestão de produtos animais como carne, ovo e leite, faz-se 
sempre necessária a suplementação medicamentosa. 
Para que você, acadêmico, aumente seu domínio de conhecimento sobre 
a importância do ferro e a relação com a anemia, serão explicadas brevemente as 
etapas da deficiência de ferro. 
Em uma primeira etapa, quando ocorre a diminuição do aporte de ferro, 
independente da causa, ocorre um desequilíbrio no balanço entre a quantidade 
do mineral biologicamente disponível e as necessidades orgânicas. Acontece 
uma mobilização das reservas de ferro. Em uma etapa seguinte, as reservas ficam 
praticamente esgotadas e posteriormente, com a permanência desta situação, vai 
ocorrer a deterioração da quantidade e qualidade dos eritrócitos, com redução 
no número de hemácias e essas apresentam-se menores e com a concentração de 
hemoglobina reduzida, que caracteriza a anemia ferropriva (SILVA, 2007). 
A anemia por deficiência de ferro acarreta prejuízos no processo de 
crescimento e desenvolvimento em indivíduos pertencentes a populações de 
risco. A deficiência grave no período pré-natal interfere de forma deletéria no 
desenvolvimento de habilidades cognitivas e comportamentais, incluindo a 
desenvolvimento da linguagem e capacidades motoras das crianças (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018b).
 Existe uma relação positiva entre deficiência de ferro na infância e 
inadequação da resposta imunológica específica. A maior probabilidade de cáries 
dentárias, a alteração na discriminação e identificação de odores, alteração do 
paladar e apetite, desenvolvimento audiovisual prejudicado, também são citados 
na literatura relacionados com essa deficiência. 
TÓPICO 3 — SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA
139
Caro acadêmico! Agora que já estudamos e revimos questões relacionados 
às funções do ferro no organismo humano, causas e consequências da deficiência 
deste mineral em crianças, chegou a hora de entendermos sobre as ações de 
prevenção da deficiência de ferro e da anemia ferropriva em nosso país.
 
As ações de educação alimentar e nutricional na prevenção da deficiência 
de ferro e anemia ferropriva, têm como base o estímulo ao acesso universal à 
alimentaçãoadequada, ao aleitamento materno exclusivo e prolongado, para 
proporcionar um aumento na ingestão de alimentos fontes de ferro e também 
de alimentos que aumentam a biodisponibilidade e a absorção do ferro quando 
ocorrer a introdução de alimentos complementares. 
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) enfatiza no Manual de 
alimentação que traz o Consenso sobre anemia ferropriva (2018), a importância 
de fortalecer a contraindicação do uso de leite de vaca (in natura, não processado, 
em pó ou fluído) antes dos doze meses de idade e após essa idade um consumo 
limitado de 500 ml ao dia. Lembrando que a biodisponibilidade do ferro do leite 
de vaca é de 10% (VITOLO, 2008, SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 
2018b). 
Ainda é alertado no material da SBP, a necessidade de acompanhamento 
nutricional adequado, no caso de práticas alimentares com redução ou ausência na 
ingestão de alimentos fontes do ferro heme, como carnes. É preciso analisar nestes 
casos a necessidade de suplementação profilática (SOCIEDADE BRASILEIRA 
DE PEDIATRIA, 2018b). As políticas nacionais de prevenção a anemia vigentes 
atualmente são:
Fortificação de alimentos 
Esta política prevê a fortificação das farinhas de trigo e milho com fumarato 
ferroso e sulfato ferroso de boa disponibilidade. As proporções devem ser de 4 a 9 
mg para cada 100 gramas de farinha.
Estratégia NutriSus
É uma estratégia de fortificação da alimentação infantil com micronutrientes 
(vitaminas e minerais). Consiste na adição direta de saches, com pó contendo 
vários micronutrientes, aos alimentos em ambiente escolar. A composição do 
saché pode ser conferida no Quadro 16. Essa estratégia faz parte do programa 
saúde na escola (PSE) do governo federal (BRASIL, 2015).
140
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
QUADRO 16 – COMPOSIÇÃO DOS SACHÉS DE MICRONUTRIENTES DO NUTRISUS
FONTE: Brasil (2015, p. 7)
Suplementação profilática com ferro
 A política de suplementação de ferro do Programa Nacional de 
Suplementação de Ferro – PNSF, já está vigente desde 2005 no Brasil. As crianças 
de seis a vinte e quatro meses de idade fazem parte do público alvo desta política 
que consiste em suplementação profilática com sulfato ferroso via oral. A dosagem 
preconizada nesta fase é de 1 mg/kg peso ao dia. 
A Sociedade Brasileira de Pediatria tem uma recomendação um pouco 
distinta, para a suplementação profilática com ferro para lactentes. Preconiza o 
início da suplementação com 1 mg/kg ao dia de ferro elementar aos três meses, 
independentemente do tipo de aleitamento. 
A recomendação para recém-nascidos pré-termo ou com baixo peso é a 
suplementação a partir do trigésimo dia de vida até aos doze meses. A dosagem 
preconizada é de 2 mg/Kg de peso ao dia. Para os de baixo peso, a dose é maior, 
3 mg/kg de peso ao dia até aos doze meses e para recém-nascidos com menos 
de 1000 gramas a dose deve ser de 4 mg/kg de peso ao dia. Em todos os casos, 
quando a criança completar 1 ano, a dose deve ser de 1 mg/kg de peso ao dia até 
os 2 anos de idade (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018b). 
Composição do saché Dose
Vitamina A (retinol) 400 g
Vitamina D 5 µg
Vitamina E (TE) 5 mg
Vitamina C 30 mg
Vitamina B1 0,5 mg
Vitamina B2 0,5 mg
Vitamina B6 0,5 mg
Vitamina B12 0,9 µg
Niacina 6 mg
Ácido fólico 150 g
Ferro 10 mg
Zinco 4,1 mg
Cobre 0,56 mg
Selênio 17 µg
Iodo 90 µg
O Manual Operacional da Estratégia NutriSus possui muitas informações e 
orientações sobre o ferro, anemia e o uso dos sachés. Tem como objetivo orientar e apoiar 
os profissionais de saúde e educação vinculados no PSE.
DICAS
TÓPICO 3 — SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA
141
Para crianças residentes em regiões com prevalência de anemia ferropriva 
superior a 40%, recomenda-se suplementação profilática com ferro elementar 
continuada dos 2 aos 12 anos de idade. A dosagem neste caso é de 30 mg ao dia 
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018b). 
Além do ferro, a alimentação complementar deve garantir quantidades 
suficientes de zinco após aos seis meses de idade. No primeiro trimestre, o aporte 
deste micronutriente deve ser assegurado através de boas condições nutricionais 
intrauterina e pelo aleitamento materno exclusivo. No segundo e terceiro anos 
de vida, a alimentação é responsável pelos aportes de zinco disponíveis no 
organismo. A prática de hábitos alimentares inadequados, caracterizado pelo 
baixo teor de proteína animal e alto teores de fitatos, influenciam nos baixos níveis 
deste nutriente em populações de baixa renda de países em desenvolvimento 
(SILVA et al., 2006). 
As manifestações clínicas da carência de zinco como dermatite, retardo 
de crescimento, hipogonadismo, alterações do paladar e anorexia são utilizadas 
para o diagnóstico de deficiência em crianças (SILVA et al., 2006). Evidências 
científicas relacionam o ganho de peso mais rápido de crianças desnutridas com 
a suplementação de zinco. 
O Ministério da Saúde recomenda em sua cartilha do manejo da diarreia em 
crianças a suplementação com zinco. O esquema de suplementação preconizado 
neste caso é da administração via oral, uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias nas 
dosagens de 10 mg para crianças até seis meses e de 20 mg para maiores de seis 
meses (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2017). 
Outro micronutriente que recebe uma atenção especial das autoridades 
em saúde pelo mundo é o iodo. A deficiência de iodo é deletéria em qualquer 
idade. Pode contribuir para o aumento da mortalidade infantil. É responsável 
pela redução do crescimento e desenvolvimento, acarretando atraso no 
desenvolvimento cerebral, baixa estatura, dificuldades motoras, da fala e da 
audição, apatia etc. (BRASIL, 2007; KRAUSE; MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005).
O bócio é uma das manifestações da deficiência de iodo. É popularmente 
conhecido como “papo”. A falta do micronutriente no organismo faz com que a 
glândula tireoide apresente um tamanho bem maior que o normal, por acúmulo 
de precursores dos hormônios T3 e T4. É comum em regiões endêmicas de 
carência de iodo.
Uma das manifestações mais graves da deficiência de iodo é o cretinismo. 
Ocorre como uma consequência da baixa presença dos hormônios tiroidianos, 
tendo uma das causas a falta de iodo no período pré-natal e pós-natal. É uma 
condição que desencadeia grave comprometimento do sistema nervoso central 
e retardo mental irreversível (BRASIL, 2007; KRAUSE; MAHAN; ESCOTT-
STUMP, 2005).
142
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
A quantidade de iodo necessária para as funções corporais é bem pequena. 
Porém o organismo não tem a capacidade de armazenar esse oligoelemento, 
dependendo diretamente na alimentação. A quantidade de iodo nos alimentos 
depende do solo, pastagens, localização geografia distante dos mares, tempo de 
colheita, uso de fertilizantes, entre outros (BRASIL, 2007; KRAUSE; MAHAN; 
ESCOTT-STUMP, 2005). As principais fontes alimentares de iodo são encontradas 
no Quadro 17.
QUADRO 17 – FONTES ALIMENTARES DE IODO
FONTE: Brasil (2007), Krause e Mahan e Escott-Stump (2005) e Cozzolino (2005)
Na tentativa de reduzir e prevenir o bócio endêmico, causado pela 
deficiência de iodo, desde 1953, a legislação brasileira prevê a iodação do sal de 
cozinha. O sal de cozinha foi o ingrediente escolhido para adição de iodo, pois é 
universal em termos de consumo. 
As mudanças no padrão alimentar nas últimas décadas, caracterizada por 
aumento do consumo de alimentos industrializados e consequentemente maior 
ingestão de sal, provocou a necessidade de revisão sobre as doses do iodo no 
sal. Anteriormente, a faixa aprovada era de 20 a 60 mg/kg de sal. A resolução 
RDC 23/2013 altera a faixa de iodação do sal no Brasil. A Diretoria Colegiada 
da Anvisa aprovou a adoção de novos valores para a adição de iodo no sal para 
consumo humano no Brasil. A faixa aprovada de iodo no sal é de 15mg/kg a 45 
mg/kg (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2013).
ALIMENTOS FONTES DE IODO
• Alimentos de origem marinha como ostras,moluscos, mariscos e peixes de 
água salgada).
• Leite e ovos também (oriundos de animais que tenham pastado em solos 
ricos em iodo ou que foram alimentados com rações que continham o 
nutriente).
• Vegetais oriundos de solos ricos em iodo.
• Sal iodado.
TÓPICO 3 — SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA
143
REFLEXÕES SOBRE A SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO NA POPULAÇÃO 
INFANTIL
 Karla Amaral Nogueira Quadros
Eugênio Marcos Andrade Goulart 
INTRODUÇÃO
A deficiência de ferro caracteriza-se pela redução da quantidade 
total de ferro do organismo e a insuficiência de seu fornecimento para suprir 
as necessidades dos tecidos e a formação de hemoglobina dos eritrócitos. A 
anemia por deficiência de ferro (ADF) decorre do fornecimento insatisfatório de 
ferro à medula óssea, com consequente redução da concentração sanguínea de 
hemoglobina.
Silva et al. ressaltam que a anemia por deficiência de ferro é uma carência 
nutricional de grande prevalência em diversas populações do mundo e os seus 
principais malefícios na infância são os déficits no desenvolvimento mental e 
psicomotor, alterações comportamentais, diminuição da resistência às infecções e 
desaceleração dos processos de crescimento.
Pereira et al. descrevem inúmeras funções orgânicas comprometidas com 
a instalação da anemia e que resultam de deficiências em relação ao transporte 
de oxigênio aos tecidos, às reações de oxidação e redução, à imunidade 
humoral e celular, à síntese de ácido desoxirribonucleico (DNA), à síntese de 
neurotransmissores da mielina, entre outras atividades vitais, que alteram o 
desenvolvimento físico e mental infantil.
Várias são as definições de anemia ferropriva ou ADF, sendo consenso 
considerá-la4 um processo patológico no qual a concentração de hemoglobina 
contida nos eritrócitos encontra-se baixa, advinda da carência nutricional, com 
repercussões relevantes para o desenvolvimento infantil, especialmente em 
decorrência da magnitude de sua prevalência, o que determina a necessidade de 
políticas públicas para sua prevenção e controle no Brasil.
Pereira et al. fazem referências às condições socioeconômicas como 
responsáveis pelo desenvolvimento de anemia e as carências nutricionais, 
principalmente relacionadas à deficiência de ferro e de vitamina A. São fatores 
principais determinantes da ADF: baixo nível escolar materno; falta de saneamento 
básico, de rede de esgoto e de tratamento de água; curta duração do aleitamento 
materno exclusivo; diarreia e precário estado nutricional.
LEITURA COMPLEMENTAR
144
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
A anemia ferropriva em crianças, segundo Monteiro et al., é dos 
principais problemas nutricionais enfrentados na saúde pública, sendo 
necessária a implementação de ações para impedir os seus efeitos em países em 
desenvolvimento.
A Organização Mundial de Saúde estima que a anemia afeta cerca de 30% 
da população mundial, sendo que a metade dessa prevalência pode ser atribuída 
à deficiência de ferro. Em crianças entre seis meses e dois anos a prevalência de 
anemia supera 50%.
A saúde pública tem alicerçado suas propostas de intervenção em relação 
à anemia como processo saúde-doença, o que limita as possibilidades de ação 
para solução do problema, devido à sua visão predominantemente curativa e não 
preventiva. Os autores alertam para a necessidade de se considerar os processos 
e condições sociais e econômicas, as deficiências qualitativas e quantitativas 
alimentares e a deficiência do saneamento ambiental, reforçando a relevância da 
saúde pública centrada não só no indivíduo, mas na coletividade, para melhorar 
os diferentes processos sociais e biológicos.
As organizações internacionais de defesa da saúde abordam essa visão 
social, sugerindo três estratégias para prevenção da ADF: educação nutricional, 
fortificação de alimentos e suplementação com ferro. De acordo com tais 
estratégias, o Brasil tornou obrigatória a fortificação das farinhas de trigo e milho 
com ferro e ácido fólico a partir de 2004 e implantou a suplementação preventiva 
com sulfato ferroso para grupos vulneráveis a partir de 2005.
Cardoso et al. acreditam serem necessárias intervenções para o controle 
da prevalência da ADF, pela magnitude da deficiência nutricional e pelo 
conhecimento de seus efeitos na qualidade de vida e por sua morbimortalidade.
Apesar de várias estratégias adotadas em vários países, há consenso 
internacional de que os programas para prevenção e controle da ADF não têm 
sido efetivos. A centralização de intervenções na suplementação dietética com 
ferro passa a considerar não apenas a eficácia, mas também a efetividade, ou seja, 
a capacidade de produzir os efeitos desejados sob condições esperadas de uso.
A suplementação medicamentosa com ferro é estratégia indispensável de 
prevenção da ADF, no entendimento de Silva et al. Existem várias propostas de 
dosagens profiláticas de ferro para prevenção da anemia nos primeiros anos de 
vida, tendo como modelo o da Organização Mundial da Saúde (OMS), dos comitês 
de Pediatria e de propostas específicas de órgãos oficiais de muitos países, como o 
do Ministério da Saúde (MS) do Brasil.
Apesar da relevância deste tema, continua sendo controverso o 
conhecimento sobre benefícios e possíveis malefícios da quantidade necessária 
de ferro para a suplementação da dieta na infância.
TÓPICO 3 — SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA
145
 MATERIAL E MÉTODO
Este estudo buscou identificar as publicações relacionadas aos benefícios 
e malefícios da utilização das diferentes dosagens profiláticas de ferro para 
oferecer subsídios para o trabalho da equipe de saúde na busca de melhoria da 
qualidade do atendimento prestado.
Os artigos foram localizados nas bases de dados LILACS, SCIELO e 
MEDLINE, no período de junho a dezembro de 2009, utilizando-se as palavras-
chave: anemia, benefícios e ferro. Posteriormente foram submetidos à leitura 
exploratória, interpretativa e seletiva.
 
REVISÃO DA LITERATURA
O ferro é um nutriente essencial para o funcionamento de diversos 
processos bioquímicos, como reação de transferência de elétrons, regulação do 
crescimento e diferenciação celular, transporte de oxigênio e outros. Constitui-
se também em potente pró-oxidante celular, de modo que seu excesso pode ser 
prejudicial aos diversos processos celulares.
A anemia associada à deficiência de ferro determina redução da 
concentração de hemoglobina no sangue, o que prejudica o transporte de oxigênio 
tecidual, reduz a capacidade de trabalho e o desempenho físico. Podem ocorrer 
atraso do desenvolvimento psicomotor e alterações de comportamento quando a 
deficiência de ferro acontece nos primeiros dois anos de vida.
Silva et al. referem que o possível efeito da suplementação com ferro 
sobre o crescimento pode associar-se a alterações causadas no sistema imune, 
que repercutem no risco de morbidade.
O tratamento com ferro medicamentoso deve ser utilizado em todas as 
crianças com diagnóstico clínico-laboratorial de anemia, dado que correções so-
mente alimentares não corrigem a anemia. A via de administração medicamen-
tosa do ferro deve ser, preferencialmente, a oral, reservando-se a forma parenteral 
para os casos em que essa via é intolerável. O sulfato ferroso é formulação prefe-
rencial, por seu baixo custo e alta biodisponibilidade. A correção da anemia iden-
tificada pela diminuição da hemoglobina verifica-se, usualmente, em seis sema-
nas, mas a reposição das reservas de ferro requer quatro a seis meses adicionais, 
devido à diminuição da absorção de ferro à medida que a anemia é controlada.
O Manual Operacional do Programa Nacional de Suplementação de Ferro 
do Ministério da Saúde aconselha a suplementação diária com sais de ferro, na 
forma clássica de administração nos programas voltados para a prevenção da 
anemia, na dose de 1 mg/kg peso/dia ou 5 mL de xarope semanal, apresentação 
de 125 mg/5 mL até os 24 meses de vida. E para tratamento, dosagem de 3 mg/
kg/dia. As crianças prematurasdevem receber 2 mg/kg/dia até os 12 meses e, 
posteriormente, continuar com a prescrição de crianças a termo.
146
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
Alves e Moulin aconselham a administração de facilitadores da absorção 
do ferro, como carnes e vitamina C, concomitante com o ferro terapêutico. E 
advertem sobre agentes inibidores, como refrigerantes e chás.
A equivalência da efetividade da suplementação diária e semanal é 
discutida por Monteiro et al. e Pereira et al., entretanto, esses dados são pouco 
conhecidos.
Para Gillespie et al., a suplementação com ferro como medida preventiva 
tem grande chance de sucesso quando dirigida para grupos específicos como 
gestantes, lactantes e pré-escolares. Para suplementação de escolares aconselha-
se a realização de rastreamento e não a cobertura de toda a população, dado que 
isso é usualmente desnecessário, impossível e caro.
 
DISCORDÂNCIAS QUANTO À SUPLEMENTAÇÃO COM FERRO 
NA POPULAÇÃO INFANTIL
Vários estudos vêm sendo realizados desde 1993 com a finalidade de 
se conhecer os malefícios e benefícios da suplementação com ferro em crianças 
não anêmicas, entretanto, os malefícios não são divulgados ou foram omitidos, 
considerando-se que só se tem benefícios com essa estratégia.
 
BENEFÍCIOS
Em 1993, Angeles et al. iniciaram as discussões sobre os benefícios da 
suplementação de ferro em crianças não anêmicas, mas sem discuti-los. A 
seguir, Soemantri et al. e de Thu et al. não encontraram diferenças nos efeitos das 
suplementações com ferro no estado nutricional de crianças não anêmicas.
As consequências advindas da deficiência de ferro nos primeiros anos de 
vida foram mencionadas por Monteiro et al. como relevantes para o crescimento 
e desenvolvimento infantil, enfocando prejuízo no desenvolvimento cognitivo 
e baixo rendimento escolar. Os mesmos autores destacam a fortificação de 
alimentos com ferro e distribuição de suplementos medicamentosos com sais de 
ferro pela rede pública de saúde como duas intervenções com mais possibilidade 
para controlar a anemia ferropriva em crianças. No entanto, em países em 
desenvolvimento, alimentos fortificados com ferro são caros e, por isso, pouco 
utilizados pela maioria da população. A necessidade da suplementação de ferro 
via medicamentosa tornou-se responsabilidade do governo.
Na pesquisa de Iannotti et al. as variações entre os benefícios e malefícios da 
suplementação com ferro variaram em função dos níveis iniciais da hemoglobina 
e dos indicadores do estado nutricional de ferro utilizados. Os efeitos benéficos da 
suplementação com ferro têm sido comprovados principalmente entre crianças 
anêmicas, embora a suplementação com dosagens profiláticas de ferro possa 
atingir grande número de crianças não anêmicas.
TÓPICO 3 — SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA
147
Em consonância com Monteiro et al. Pereira et al. salientam, além dos 
prejuízos cognitivos da carência, o retardo no crescimento e desenvolvimento 
motor e mental, a diminuição da atividade física, sentimento de insegurança, 
fadiga e desatenção.
O conteúdo e a frequência no oferecimento das doses profiláticas de 
ferro não influenciaram o crescimento das crianças não anêmicas na pesquisa 
realizada por Silva et al. Entretanto, os lactentes apresentaram, em geral, 
melhoria nos índices peso/idade e peso/comprimento. Os autores enfatizaram 
que os benefícios da suplementação com ferro sobre o crescimento poderiam ser 
embasados pela melhoria do apetite, da ingestão alimentar e, consequentemente, 
do fortalecimento do sistema imune, acarretando diminuída morbidade.
 
POSSÍVEIS MALEFÍCIOS
Alguns dos primeiros trabalhos a exporem os possíveis malefícios da 
suplementação de ferro na dieta de crianças não anêmicas foram os de Yip et al. e 
de Gillespie et al., que detectaram a necessidade de tratamento adequado, evitando 
a sobrecarga de complementação com ferro, devido ao seu excesso influir na 
absorção de outros minerais (ex.: zinco). Ademais, a sobrecarga crônica de ferro 
(hemocromatose ou talassemia) poderia influir na carcinogênese. Consideraram 
ainda que o consumo acidental de ferro por crianças provocou intoxicação.
Dijkhuizen et al. e Sachdev et al. discutiram sobre a ausência dos efeitos 
esperados com a suplementação de ferro, não se tratando de benefícios ou 
malefícios.
A estratégia de suplementação de ferro em países distintos, conforme 
Dewey et al., tem pontos maléficos em comum, como na Indonésia e na Suécia, 
em que lactentes sem deficiência de ferro tiveram menos ganho de peso e de 
comprimento e circunferência da cabeça. Em Honduras, onde as crianças 
apresentavam pior estado nutricional de ferro, a suplementação teve efeito 
negativo sobre o ganho de comprimento apenas em lactentes não anêmicos. 
Alertaram para o risco de prejuízos à saúde causados pela suplementação diária 
com ferro em crianças menores de seis meses, devido à imaturidade da regulação 
do metabolismo ferruginoso.
Alguns prováveis prejuízos causados pela suplementação com ferro 
foram citados por Fischer et al., como a inibição competitiva em relação à absorção 
do zinco, necessário ao processo de crescimento. Aludiram à inexistência de 
evidências em relação à suplementação de ferro alimentar e à diminuição nos 
níveis séricos de zinco.
Leão et al. recomendam que o uso indiscriminado de ferro em doses mais 
altas que as referidas, que só devem ser empregadas para tratamento na anemia 
ferropriva, não é isento de riscos.
148
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA
Devido às suas propriedades químicas, Iannotti et al. advertem que o 
ferro não é eliminado facilmente do corpo, possui alto poder oxidativo e pode 
causar danos na absorção e/ou no metabolismo de outros nutrientes e supressão 
na atividade das enzimas. Observaram que entre crianças com deficiência de 
ferro a suplementação associou-se à melhora da concentração de hemoglobina 
e à redução nos déficits cognitivos e desenvolvimento motor. Mas em crianças 
não anêmicas houve prejuízo no ganho de peso e os efeitos sobre a altura foram 
inconclusivos.
 
CONCLUSÕES
Existem controvérsias sobre a relação entre benefícios e os malefícios da 
suplementação com ferro entre as crianças.
Esta revisão buscou refletir sobre o conhecimento e a prática de 
profissionais de saúde em relação à suplementação dietética de ferro em crianças, 
objetivando orientar como proceder em relação não só quanto aos seus benefícios, 
mas também aos seus malefícios. Visou a minimizar os prejuízos da sua não 
suplementação, bem como da suplementação desnecessária e como executá-la de 
forma adequada.
Este tema possui grande relevância, por se tratar de administração 
de medida em criança, em fase inicial da vida, considerada apenas quanto ao 
seu benefício, mas que pode se associar a riscos imponderáveis e malefícios 
irreversíveis. Poucos são os trabalhos sobre os possíveis malefícios da 
suplementação com ferro, concluindo-se que o ferro profilático deve ser usado 
naquelas situações recomendadas pelo Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira 
de Pediatria, mesmo com as ressalvas de possíveis malefícios, até que novas 
recomendações sejam publicadas.
São necessários mais estudos e divulgação dos seus resultados sobre 
a temática, a fim de orientar os profissionais quanto à melhor assistência a ser 
prestada de forma individualizada.
 FONTE: <http://rmmg.org/artigo/detalhes/1819>. Acesso em: 30 maio 2020.
149
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• As características dos alimentos fortificados.
• A finalidade de fortificar ou enriquecer alimentos.
• Os critérios para a fortificação de alimentos.
• A suplementação de micronutrientes na infância.
• A importância da suplementação profilática de ferro.
• As políticas públicas, programas e estratégias para a prevenção da anemia 
ferropriva.
Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem 
pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao 
AVA,e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMADA
150
1 Além de alguns critérios para que um alimento possa ser fortificado 
com algum nutriente, é preciso que algumas caraterísticas e regras sejam 
respeitadas. De acordo com o estudo proposto, quais são?
2 Do que trata a estratégia NutriSus?
3 A legislação brasileira prevê a incorporação de iodo ao sal de cozinha no 
Brasil desde 1953. Esta determinação veio em decorrência à endemia de 
bócio causado por deficiência deste mineral. Por que o sal foi o ingrediente 
escolhido como parte de uma estratégia para diminuir a deficiência de iodo 
na população brasileira?
4 Sobre o zinco nos primeiros anos de vida é correto afirmar:
a) ( ) O aleitamento exclusivo garante um aporte adequado de zinco até aos 
6 meses de vida. 
b) ( ) Hábitos alimentares inadequados podem interferir no aporte de zinco 
corporal das crianças.
c) ( ) A presença de grandes quantidades de fitatos podem interferir 
negativamente na absorção do zinco. 
d) ( ) A suplementação de zinco para crianças desnutridas é importante para 
favorecer o ganho de peso corporal.
AUTOATIVIDADE
151
UNIDADE 3 — 
NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, 
ESCOLAR E ADOLESCENTE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• descrever os métodos de avaliação nutricional de pré-escolares, escolares 
e adolescentes; 
• aplicar os métodos de avaliação do estado nutricional em pré-escolares, 
escolares e adolescentes;
• conhecer os referenciais antropométricos recomendados pela OMS 
(2006, 2007) utilizados para realizar a avaliação nutricional em crianças 
e adolescentes;
• conhecer as necessidades nutricionais em relação à energia, macro e 
micronutrientes na infância e adolescência;
• identificar as características relacionadas ao crescimento e 
desenvolvimento de cada fase da infância e da adolescência;
• reconhecer os comportamentos alimentares comuns na infância e na 
adolescência; 
• identificar as características da inapetência infantil.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
TÓPICO 2 – NUTRIÇÃO DO ESCOLAR E DO ADOLESCENTE
TÓPICO 3 – SITUAÇÕES COMUNS NA INFÂNCIA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
152
153
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
O processo de crescimento e desenvolvimento de crianças é dependente 
de uma alimentação e nutrição adequadas em todas as fases. A saúde na infância e 
no futuro também são reflexos tanto dos aspectos quantitativos como qualitativos 
dos alimentos consumidos nesta fase da vida. 
A infância também é um momento importantíssimo na formação dos 
hábitos alimentares dos indivíduos. Vários fatores podem influenciar nas 
escolhas e preferências alimentares de um indivíduo. A família desempenha um 
papel fundamental neste processo. Os pais são os responsáveis pela introdução 
alimentar. O padrão alimentar da criança também é definido através das práticas 
alimentares familiares, os alimentos oferecidos e até mesmo pela atitude e escolhas 
feitas pelos pais e outros membros da família. 
As crianças que estão tanto na fase pré-escolar como na fase escolar, além 
da influência da família, também estão sujeitas a influências de outros grupos 
de convivência. Estão incluídos os coleguinhas do convívio em ambiente escolar 
desde do jardim de infância até o nível fundamental, dos vizinhos, e também das 
informações e propagandas vinculadas nos meios de comunicação. 
Cada fase tem suas particularidades em relação ao ritmo de crescimento, 
as demandas energéticas com atividades físicas, ao processo de aprendizado e 
preferências alimentares. Com isso as necessidades energéticas e de nutrientes 
também são específicas e vão se alterando com o passar dos anos.
A realidade brasileira sobre hábitos alimentares está muito aquém do 
considerado adequado tanto para adultos como para crianças. Vivenciamos os 
extremos da inadequação nutricional. De um lado, muitas crianças ainda são 
portadoras de subnutrição, tanto primária como secundária, muitas sofrem de 
algum tipo de deficiência de micronutrientes e por outro, tem sido constatado o 
crescimento da presença do excesso de peso entre crianças e adolescentes. 
A abordagem nutricional principalmente na fase pré-escolar abrange 
muito mais que a criança. Envolve todo o entorno de sua vida, principalmente 
a família. Tanto para grupos como para atendimento individual os pais ou 
cuidadores são agentes importantíssimos neste processo. 
TÓPICO 1 — 
NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
154
Caro acadêmico! Você consegue perceber quanto são desafiadores e ao 
mesmo tempo instigantes os processos nutricionais nesta fase? Um aprendizado 
consistente focado tanto nos aspectos biológicos, físicos, como nos aspectos 
psicológicos, culturais, sociais e afetivos implicados no processo alimentar na 
infância e adolescência são fundamentais para o futuro nutricionista desenvolver 
suas habilidades e realizar seu trabalho com maestria. 
O que você acha de iniciar o enfrentamento deste delicioso desafio 
estudando a nutrição para o pré-escolar?
2 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO PRÉ-ESCOLAR
A fase pré-escolar do desenvolvimento humano corresponde à fase que 
vai dos dois aos seis anos de idade. Lembrando que do nascimento aos dois anos, 
a criança é chamada de lactente. Dos sete aos dez anos é denominada de fase 
escolar e depois até aos 19, corresponde à adolescência. 
Apesar do termo pré-escolar, as crianças já costumam frequentar a escola 
nesta fase. Em cada fase, a criança apresenta características de crescimento e 
desenvolvimento específicas, mas é importante considerar que as vivências de 
cada fase anterior irão causar impactos na fase atual e, possivelmente, na vida 
futura da criança.
Alguns aspectos importantes relacionados à alimentação e nutrição 
da criança na fase pré-escolar devem ser considerados para uma abordagem 
nutricional adequada e efetiva. Entre esses estão o processo de crescimento e 
desenvolvimento; a fisiologia do aparelho digestório; os aspectos relacionados 
à formação do comportamento alimentar; a atividade física e a integração social 
mais intensa da criança.
 
O crescimento do ser humano é um processo complexo e envolve aspectos 
genéticos, endócrinos, psicossociais e nutricionais. É um indicador importante da 
saúde da criança. Reflete as condições de vida atual e passada da criança. Apesar 
do crescimento ser o resultado da confluência de vários fatores é importante 
para o estudo deste processo saber que é influenciado por fatores intrínsecos 
que compreende a herança genética e os extrínsecos que correspondem aos 
ambientais.
O potencial genético de crescimento de cada indivíduo pode ou não ser 
atingido. Os fatores ambientais como alimentação, condições de saúde, tipo de habitação, 
condições de higiene e cuidados gerais com a criança podem favorecer o alcance deste 
potencial ou prejudicar (ROMANI; LIRA, 2004).
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
155
Apesar das variáveis que determinam o crescimento linear e de ganho 
de peso na infância e adolescência, é possível reconhecer e prever um padrão 
esperado. A avaliação do estado nutricional é uma ferramenta fundamental 
no acompanhamento da saúde e do crescimento na infância e adolescência e 
possibilita diagnosticar ou prevenir distúrbios nutricionais (ALBUQUERQUE, 
2017). 
A velocidade de crescimento linear e ganho ponderal são menores na fase 
pré-escolar do que na fase anterior (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 
2009). Ocorre um declínio gradativo e pronunciado até os cinco anos de idade. 
Nesta fase, a criança cresce aproximadamente de cinco a sete cm por ano.
Também na fase pré-escolar ocorre concomitantemente umaredução 
do apetite e menor interesse pela comida e maior curiosidade pelo ambiente. 
É muito frequente os pais ficarem ansiosos e muito preocupados com essas 
mudanças. Tanto os nutricionistas como os demais profissionais de saúde devem 
usar seus conhecimentos para esclarecer aos pais tais mudanças inerentes à fase 
de desenvolvimento. 
É interessante que o crescimento das diferentes partes do corpo, incluindo 
órgãos e tecidos, ocorrem em velocidades diferentes. No Gráfico 1 é possível ter 
uma ideia do percentual de crescimento de algumas partes do corpo. 
Apesar da velocidade de crescimento na fase pré-escolar ser mais constante, 
podem ocorrer oscilações. Em casos de alterações é importante fazer uma anamnese 
adequada, pois as avaliações em períodos curtos podem levar às interpretações equivocadas 
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009).
DICAS
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
156
GRÁFICO 1 – CURVA DE CRESCIMENTO DE DIFERENTES PARTES DO CORPO
FONTE: Adaptado de Brasil (2002)
A avaliação nutricional individual da criança deve ser baseada em alguns 
parâmetros que são: 
• Anamnese clínica nutricional.
• Avaliação da composição corporal através de dados antropométricos e padrões 
de referência.
• Exame físico usados principalmente para detectar sinais de desnutrição (subnu-
trição ou hipernutrição).
• Exames bioquímicos.
• Inquéritos alimentares.
Antes de dar continuidade ao conteúdo sobre avaliação nutricional do pré-
-escolar, é pertinente escorrer brevemente sobre o termo “Desnutrição”. Desnutrição 
é definida como um estado mórbido decorrente de deficiência ou excesso de um ou 
mais nutrientes essenciais. Reflete um estado nutricional inadequado comparado 
com um determinado referencial. 
A definição anteriormente mencionada refere-se a um conceito mais amplo e 
genérico e é comum o uso do termo desnutrição como sinônimo de subnutrição que 
será aplicado neste livro.
 
A desnutrição causada por subnutrição de acordo com a Academy of Nutri-
tion and Dietetic pode ser dividida em três grupos (MARTINS, 2018):
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
157
• Desnutrição relacionada a circunstâncias ambientais e sociais. Neste caso, ocorre 
uma diminuição da ingestão alimentar por falta de interesse ou acesso a alimen-
tos e nutrientes. A oferta de alimentos para o organismo é limitada. Alguns auto-
res a classificam como primária. 
• Desnutrição relacionada à doença ou injúria aguda. Neste caso, a criança tem 
aumento no gasto energético devido à presença de alguma patologia com infla-
mação aguda e grave como pneumonia, injúria pulmonar aguda, grandes quei-
maduras, infecções de feridas etc. Ocorre também uma redução na ingestão ali-
mentar decorrente da doença.
• Desnutrição associada à doença ou condição crônica. No caso de crianças, pode 
ser oriunda de inflamação crônica e insuficiências de órgãos. Um exemplo é a 
doença celíaca ou doenças inflamatórias intestinais. 
Quando a desnutrição do tipo subnutrição é decorrente da presença de uma 
doença é considerada secundária. 
Uma anamnese nutricional é de suma importância no intuito de realizar in-
ferências acerca da adequação da alimentação da criança e do adolescente tanto em 
relação à quantidade como em relação à qualidade dos alimentos consumidos. Na 
prática clínica realizar uma anamnese nutricional muitas vezes é uma tarefa difícil. 
As informações sobre a alimentação da criança, principalmente dos lactentes e pré-
-escolares, são transmitidas pelos pais ou responsáveis. A participação da criança 
maior na obtenção das informações sobre hábitos alimentares pode ser muito útil.
A anamnese nutricional de crianças deve abranger as informações sobre 
as condições de saúde e sobre os hábitos alimentares pregressos e atuais. No caso 
de pré-escolares o profissional nutricionista deverá se informar sobre:
• Os hábitos alimentares da criança:
• o número e horários das refeições ao dia;
• local onde realiza as refeições (na creche, na própria casa, casa de pa-
rentes, restaurantes etc.);
• os alimentos ingeridos com maior frequência nas refeições e a quan-
tidade; 
• presença de alguma alergia alimentar ou aversão;
• tabus e crenças alimentares que influenciam nas escolhas da família;
O profissional nutricionista deverá apurar as informações de modo objetivo, 
porém a anamnese nutricional deverá ser a mais detalhada e completa possível. O 
nutricionista deverá estar preparado para ser um bom ouvinte. É fundamental não 
fazer julgamentos sobre hábitos alimentares inadequados. No momento da prescrição 
nutricional, poderão ser pontuados os “erros” e em seguida orientar os pais sobre a maneira 
mais adequada.
IMPORTANT
E
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
158
• é fundamental também perguntar aos pais ou responsáveis sobre os 
horários que a criança acorda e vai dormir;
• Atividade física curricular e extracurricular (também inclui atividades de la-
zer):
• tipo de atividade;
• quando for atividade desportiva questionar a modalidade;
• tempo despendido para as atividades e horários; 
• Internações e doenças infecciosas, anemia e desnutrição (atual ou pregressa);
• Risco de origem familiar do desenvolvimento de doenças crônicas não trans-
missíveis.
Para realizar a avaliação antropométrica de crianças na fase pré-escolar 
ou em qualquer outra idade é importante a utilização de um ambiente adequado, 
equipamentos aferidos e também o uso de técnicas adequadas. O profissional nu-
tricionista deverá utilizar equipamentos que tenham controle de aferição perió-
dica realizado por assistência técnica credenciada pelo INMETRO (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009). 
Para a coleta do peso corporal de crianças acima dos dois anos deve ser 
utilizada balança mecânica ou digital, tipo plataforma para adultos capazes de 
medir valores de no mínimo 100 gramas. No momento da pesagem a criança de-
verá estar com o mínimo de roupa possível e descalça. Deverá estar posicionada 
no centro da plataforma, de costa para o medidor, manter-se ereta, com os pés 
juntos e os braços estendidos ao longo do corpo. Deve-se manter parada até ao 
final da aferição (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009). 
Quando a balança for digital, deverá estar ligada antes da criança ou ado-
lescente subir no equipamento e deverá marcar zero (BRASIL, 2011). O mostra-
dor digital deverá estar com os números (referentes ao peso) “parados” sem que 
fiquem se alterando. Para isso a criança deverá ficar parada. 
A Figura 1 ilustra uma balança tipo plataforma mecânica e a Figura 2 
ilustra uma balança plataforma digital. As balanças digitais estão cada vez mais 
disponíveis nos serviços de saúde.
FIGURA 1 – BALANÇA TIPO PLATAFORMA MECÂNICA
FONTE: <https://www.saudeshop.com.br/balancas/balanca-antropometrica-mecanica-150-kg-
-110-ch-welmy>. Acesso em: 29 jul. 2020.
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
159
FIGURA 2 – BALANÇA TIPO PLATAFORMA DIGITAL
FONTE: <https://cdn.iset.io/assets/45712/produtos/167/thumb_230-230-balancawelmydigital.
jpg>. Acesso em: 29 jul. 2020.
Para medir a altura da criança com idade superior a dois anos o ideal é o 
estadiômetro de parede (Figura 3). O equipamento vertical deverá ser instalado 
em parede lisa sem rodapé. 
FIGURA 3 – ESTADIÔMETRO DE PAREDE
FONTE: <https://images-americanas.b2w.io/produtos/01/00/img/21013/2/21013221_1SZ.jpg>. 
Acesso em: 29 jul. 2020.
No momento da coleta da altura, a criança deverá estar descalça, sem 
adereços na cabeça. Deverá ficar de pé, no centro do equipamento, ereta, braços 
estendidos ao longo do corpo, a cabeça erguida com olhar fixado em um ponto 
na altura dos olhos. Cuidar para a criança não elevar o queixo. Os ossos dos 
calcanhares e a parte interna dos joelhos deverão se tocar. Os pés deverão ficar 
unidos formando um ângulo reto com as pernas. Deverão ficar em contato com o 
estadiômetro os calcanhares, as nádegas e os ombros (SOCIEDADE BRASILEIRA 
DE PEDIATRIA, 2009). 
Após a coleta dos dados antropométricos, no casode pré-escolares e 
escolares é o momento de verificar os referenciais antropométricos, que em 
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
160
pediatria são as curvas de crescimento. São instrumentos utilizados na prática para 
a avaliação das medidas corpóreas. Através destes referenciais antropométricos 
o profissional consegue classificar a criança dentro do padrão de normalidade 
ou anormalidade. Os dados da criança avaliada serão comparados com os dados 
estimados do referencial antropométrico.
A Organização Mundial de Saúde recomenda a medida em escore z, 
tanto para estudos epidemiológicos como para atendimento clínico (ARAÚJO; 
CAMPOS, 2008).
 Os índices antropométricos recomendados pelo MS para a 
avaliação do estado nutricional de crianças no pré-escolar são: peso, estatura e 
IMC para idade. 
• Peso para idade
 Apesar de já ter sido comentado sobre os índices antropométricos 
em pediatria, vale ressaltar algumas características, vantagens e desvantagens de 
cada um deles para crianças. 
Como o peso é uma medida muito sensível, a utilização na avaliação 
ordenada possibilita a identificação de alterações precoces do estado nutricional. 
Lembrando que os referenciais antropométricos são tabelas e gráficos que 
reproduzem para cada idade e sexo, os diferentes valores das medidas corporais, considerados 
como normais. Tais valores são baseados em amostras de crianças e adolescentes avaliados 
como estando dentro da normalidade e sadios. São valores estimados, que são reunidos 
nem tabelas e gráficos e organizados sob a forma de percentil e escore z.
DICAS
Como já mencionado na Unidade 2 deste livro, a OMS disponibilizou 
o referencial antropométrico para crianças de zero a cinco anos em 2006. E para 
crianças e adolescentes entre cinco e 19 anos a organização disponibilizou o referencial 
antropométrico em 2007. Atualmente é recomendado pelo Ministério da Saúde (MS) do 
Brasil a utilização de tais referenciais. Recomendo a você, acadêmico, voltar à Unidade 2 
deste livro para relembrar o conteúdo.
NOTA
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
161
O uso isolado desta medida não é útil, para no caso de diminuição ou manutenção 
do peso em crianças, constatar se o agravo é atual ou pregresso. O indicador 
peso para idade não reflete qual compartimento do corpo está comprometido. 
Para classificar adequadamente o estado nutricional antropométrico em crianças 
devem ser utilizadas e associadas outras medidas antropométricas (ARAÚJO; 
CAMPOS, 2008). No caso de pré-escolares, escolares e também de adolescentes é 
fundamental utilizar também estatura, circunferência do braço e IMC. 
• Altura para idade
 Através do indicador altura para idade é possível verificar 
o crescimento linear da criança. Quando há a presença de desnutrição por 
subnutrição é um indicador importante para a classificação em aguda ou crônica 
(ARAÚJO; CAMPOS, 2008). 
• IMC para idade
É um índice recomendado internacionalmente para detectar distúrbios 
nutricionais tanto para diagnóstico antropométrico individual como coletivo. É 
um bom indicador de gordura corporal (VITOLO, 2008).
• Peso para estatura
É um índice que reflete a harmonia entre as dimensões de massa corporal 
e estatura. Seu uso é recomendado pela OMS até aos cinco anos de idade.
A seguir será apresentada a classificação do estado nutricional de pré-
escolares e escolares junto a alguns exemplos (para pré-escolares) para que você 
possa ter uma visão mais prática da avaliação antropométrica em crianças. Vamos 
aprimorar o estudo sobre avaliação antropométrica do estado nutricional do pré-
escolar através de exemplos? 
A classificação do estado nutricional antropométrico de acordo com os 
pontos de corte de peso para idade indicados para crianças na fase pré-escolar e 
escolar estão na Tabela 1.
TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO ANTROPOMÉTRICO DE CRIANÇAS NA FASE PRÉ-ES-
COLAR E ESCOLAR (0 A 10 ANOS) DE ACORDO COM OS PONTOS DE CORTE DE PESO PARA 
IDADE
FONTE: Adaptada de Sociedade Brasileira de Pediatria (2009)
Percentil Escore z
Peso para idade (0 a 10 anos)
Adequado ≥ percentil 3 e ≤ percentil 97 ≥ -2 e ≤ +2
Baixo peso ≥ percentil 0,1 e < percentil 3 < -2 e ≥ -3
Muito baixo peso < percentil 0,1 < -3
Peso elevado > percentil 97 > +2 e >+3
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
162
Exemplo 1: menina com idade de quatro anos, com peso corporal de 14 kg.
Utilizando o gráfico de peso por idade para o sexo feminino (Gráfico 
2), recomendado pelo MS/OMS (2006), os pontos de corte do escore z é ≥ -2 e ≤ 
+2 (Tabela 1), como você pode observar no ponto indicado pelo símbolo “ ”. O 
diagnóstico antropométrico desta menina é de Peso adequado para a idade. 
GRÁFICO 2 – DISTRIBUIÇÃO DE ESCORE Z DO PESO PARA IDADE DE MENINAS DO NASCIMEN-
TO AOS 5 ANOS
FONTE: <https://www.who.int/childgrowth/en/>. Acesso em: 27 ago. 2020.
Exemplo 2: menino, idade de quatro anos e oito meses, com peso corporal de 22 kg. 
Utilizando o gráfico de Peso por idade com critérios de percentis para o 
sexo masculino recomendado pelo MS/OMS (2006) (Gráfico 3), os pontos de corte 
do percentil são > percentil 85 e ≤ percentil 97 (Tabela 1), como você pode observar 
no ponto indicado pelo símbolo “ “ no gráfico. 
O diagnóstico antropométrico deste menino é de peso adequado para a 
idade. 
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
163
GRÁFICO 3 – DISTRIBUIÇÃO DE PERCENTIL DO PESO PARA IDADE DE MENINOS DO NASCI-
MENTO AOS 5 ANOS
FONTE: <https://www.who.int/childgrowth/en/>. Acesso em: 27 ago. 2020.
A classificação do estado nutricional antropométrico de acordo com os 
pontos de corte de estatura para idade recomendados pelo MS/OMS (2006) para 
crianças na fase pré-escolar e escolar estão na Tabela 2.
TABELA 2 – CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL ANTROPOMÉTRICO DE ACORDO COM 
OS PONTOS DE CORTE DE ESTATURA PARA IDADE INDICADOS PARA CRIANÇAS DE 0 A 5 ANOS 
E DE 5 A 10 ANOS
FONTE: Sociedade Brasileira de Pediatria (2009, p. 45)
Exemplo 3: menina com três anos e quatro meses de idade e estatura de 105 cm. 
Utilizando o gráfico de estatura por idade com critérios de escore z para o 
sexo feminino recomendado pelo MS/OMS (2006) (Gráfico 4), os pontos de corte 
do escore z é ≥ -2 (Tabela 2) como você pode observar no ponto indicado pelo 
símbolo “ “ no gráfico. O diagnóstico antropométrico desta menina é estatura 
adequada para a idade. 
Estatura/altura para idade
(de 0 a 5 anos e de 5 a 10 anos) Percentil Escore z
Adequada ≥ percentil 3 ≥ -2
Baixa estatura ≥ percentil 0,1 e < percentil 3 < -2 e ≥ -3 
Muito baixa estatura < percentil 0,1 < -3
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
164
GRÁFICO 4 – DISTRIBUIÇÃO DE ESCORE z DA ALTURA PARA IDADE DE MENINAS DO NASCI-
MENTO AOS 5 ANOS
FONTE: <https://www.who.int/childgrowth/en/>. Acesso em: 27 ago. 2020.
A classificação do estado nutricional antropométrico, de acordo com os 
pontos de corte do IMC para idade recomendados pela Organização Mundial de 
Saúde, para crianças na fase pré-escolar e escolar estão na Tabela 3 (BRASIL, 2008).
TABELA 3 – CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL ANTROPOMÉTRICO DE ACORDO COM 
OS PONTOS DE CORTE DO IMC PARA IDADE (PRÉ-ESCOLAR E ESCOLAR) (MS/OMS, 2006, 2007)
FONTE: Adaptada de Sociedade Brasileira de Pediatria (2009)
IMC para idade
(de 0 a 5 anos) Percentil Escore z
Eutrofia ≥ percentil 3 e ≤ percentil 97 ≥ -2 e ≤ +2
Risco de sobrepeso > percentil 85 e ≥ percentil 97 > +1 e ≤ +2
Magreza ≥ percentil 0,1 e < percentil 3 ≥ - 3 e < -2
Magreza acentuada < percentil 0,1 < -3
Sobrepeso >Percentil 97 e ≤ percentil 99,9 < +2 ≤ +3
Obesidade > 99,9 > +3
IMC para idade
(de 5 a 10 anos) Percentil Escore z
Eutrofia ≥ percentil 3 e ≤ percentil 97 ≥ -2 e ≤ +2
Magreza ≥ percentil 0,1 e < percentil 3 ≥ - 3 e < -2
Magreza acentuada < percentil 0,1 < -3
Sobrepeso > percentil 85 e ≥ percentil 97 > +1 e ≤ +2
Obesidade >Percentil 97 e ≤ percentil 99,9 < +2 ≤ +3
Obesidade grave > 99,9 > +3
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
165
Exemplo4: menina de cinco anos e seis meses, com peso corporal de 29 Kg 
e estatura de 112 cm. O IMC desta criança é de 23,11 Kg/m². Utilizando o gráfico 
do IMC para idade com critérios de escore z para o sexo feminino recomendado 
pelo MS/OMS (2006) (Gráfico 5) os pontos de corte do escore z é> +3 (Tabela 3) de 
acordo com a localização no gráfico como você pode observar no ponto indicado 
pelo símbolo “ “ no gráfico. O diagnóstico antropométrico segundo o índice IMC 
para a idade é de obesidade grave.
GRÁFICO 5 – DISTRIBUIÇÃO DE ESCORE z DO IMC PARA IDADE DE MENINAS DO NASCIMENTO 
DOS 5 AOS 19 ANOS
FONTE: <https://www.who.int/growthref/en/>. Acesso em: 27 ago. 2020.
Caro acadêmico, tenha em mente que não se realiza diagnóstico de 
inadequação de crescimento em uma única consulta. Também é fundamental ao fazer a 
avaliação do crescimento de crianças, não considerar uma medida isolada como o peso por 
exemplo. É importante verificar a localização da medida em relação a curva (ascendente, 
constante ou descendente). Por exemplo, uma criança poderá apresentar o mesmo peso 
da última medida ou até um peso menor, porém esta criança pode ter tido algum agravo 
agudo de saúde. Neste caso pode ter ocorrido maior gasto energético por decorrência da 
presença de inflamação, febre etc. e também pode ter tido alteração de apetite como um 
sintoma da doença. É fundamental observar se teve parada do crescimento, o tempo entre 
a coleta das medidas e acompanhar se em uma próxima medida houve recuperação.
IMPORTANT
E
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
166
2.1 VELOCIDADE DE CRESCIMENTO 
A velocidade de crescimento (VC) é uma “ferramenta” útil para avaliar o 
crescimento de crianças além dos referenciais antropométricos. A VC é determinada 
pelo número de centímetros que a criança cresce por determinado período. O valor 
do comprimento para menores de dois anos ou altura para os maiores, mesmo 
quando abaixo dos valores de referência, principalmente, quando são utilizados 
padrões de percentil, não necessariamente represente problemas de crescimento. 
A VC pode apontar problemas de crescimento (ZEFERINO et al., 2003). A Tabela 4 
apresenta a média de crescimento linear de crianças em centímetros.
Existe uma diferença na VC entre os sexos. As meninas até quatro anos 
têm velocidade de crescimento discretamente mais elevada que os meninos. 
Durante próximos anos não há diferença na VC em relação ao sexo, até que no 
início da puberdade ocorre uma aceleração na VC e os meninos crescem de 10 a 
12 cm/ano e as meninas 8 a 10 cm/ano (COUTINHO, 2011).
TABELA 4 – CRESCIMENTO EM CENTÍMETROS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA
FONTE: Adaptada de Aquino (2011) e Sociedade Brasileira de Pediatria (2009)
Convidamos você, caro acadêmico, a observar a Figura 4, que apresenta as 
mudanças nas proporções corporais desde o segundo mês fetal até a vida adulta. 
Como você pode constatar na primeira representação, no 2º mês fetal, a cabeça 
equivale à metade de todo o corpo. Já ao nascer, a proporção muda e a cabeça 
corresponde a 25% do tamanho total do corpo e na fase adulta somente a 10% 
(AQUINO, 2011). 
FIGURA 4 – PROPORÇÕES CORPORAIS DO 2º MÊS FETAL ATÉ A VIDA ADULTA
FONTE: <http://revistadepediatriasoperj.org.br/detalhe_artigo.asp?id=553>. Acesso em: 27 ago. 2020.
Faixa etária Crescimento aproximado em centímetros por ano 
0 a 12 meses 25 cm
12 aos 24 meses 10 cm
3º e 4º anos 8 cm cada ano (16 cm total)
Dos 5 aos 11 meninas e 13 meninos 5 a 6 cm
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
167
A medida de composição corporal, considerada complementar, mas que 
pode ser utilizada de forma isolada tanto para triagem como para diagnóstico do 
estado nutricional na infância é a circunferência do braço, como anteriormente 
mencionado na Unidade 2 deste livro. Vale ressaltar que uma das limitações do 
uso desta medida é impossibilidade de um diagnóstico mais global.
Em algumas situações, o uso da medida do peso não é possível. No caso 
de crianças acamadas ou quando o peso corporal poderá estar superestimado 
pela presença de edema ou visceromegalias, a medida da circunferência do braço 
é útil na prática clínica. É importante avaliar o tipo de edema, pois quando for 
generalizado pode também interferir na medida da circunferência do braço. 
Na Figura 5 é possível visualizar a coleta da medida da circunferência do 
braço. A coleta da medida circunferência do braço deve respeitar as seguintes 
orientações (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009):
• Medir preferencialmente o braço direito.
• A criança deva estar com o braço relaxado.
• O braço deverá estar flexionado em direção ao tórax, formando um ângulo 
de 90º.
• O local da medição será o ponto médio entre o acrômio e o olecrano. 
• Após o ponto médio marcado a criança deverá estender o braço ao longo do 
corpo com a palma da mão virada para a coxa.
• O profissional deverá utilizar uma fita métrica inelástica e milimetrada para 
contornar o braço no ponto médio.
• É importante que a fita ao redor do braço fique ajustada, na mesma altura em 
toda a circunferência e deve-se evitar a pressão da pele ou qualquer folga. 
FIGURA 5 – COLETA MEDIDA CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO
FONTE: Diniz et al. (2018, s.p.)
 Para a classificação do estado nutricional através da circunferência 
do braço é indicada a utilização da tabela percentilar proposta por Frisancho 
(1990), encontrada na Tabela 5. Quando os valores estiverem abaixo do P5 
(percentil 5) é uma indicação de maior risco de doenças e distúrbios nutricionais. 
Quando os valores estiverem acima do P95 sugere risco de doenças associadas 
com excesso de peso (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009).
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
168
TABELA 5 – PERCENTIS (P) DA CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO EM CENTÍMETRO PARA SEXO MAS-
CULINO DE ACORDO COM A IDADE
FONTE: Adaptada de Frisancho (1990)
Outra medida antropométrica que também pode ser usada para avaliar as 
proporções corporais é a circunferência muscular do braço (CMB). Tal medida é 
derivada da circunferência do braço (CB) e da dobra cutânea triciptal (DCT). Como 
é uma medida indireta do tecido muscular valores de percentis acima de P95 não 
refletem excesso de peso (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009). Para 
a determinação da CMB utiliza-se a seguinte fórmula:
Para a classificação do estado nutricional através desta medida é utilizada 
a referência proposta por Frisancho (1990), através dos valores percentilares 
encontrados na Tabela 6. Quando os valores de CMB estão abaixo do P5 é sugestivo 
de riscos de doenças e a presença de distúrbios nutricionais (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009). 
Idade Sexo Masculino Sexo Feminino
P5 P50 P95 P5 P50 P95
1 - 1,9 14,2 16,0 18,2 13,6 15,7 17,8
2 - 2,9 14,3 16,3 18,6 14,2 16,1 18,5
3 - 3,9 15,0 16,8 19,0 14,4 16,6 19,0
4 - 4,9 15,1 17,1 19,3 14,8 17,0 19,5
5 - 5,9 15,5 17,5 20,5 15,2 17,5 21,0
6 - 6,9 15,8 18,0 22,8 15,7 17,8 22,0
7 - 7,9 16,1 18,7 22,9 16,4 18,6 23,3
8 – 8,9 16,5 19,2 24,0 16,7 19,5 25,1
9 – 9,9 17,5 20,1 26,0 17,6 20,6 26,7
10 – 10,9 18,1 21,1 27,9 17,8 21,2 27,3
11 – 11,9 18,5 22,1 29,4 18,8 22,2 30,0
12 – 12,9 19,3 23,1 30,3 19,2 23,7 30,2
13 – 13,9 20,0 24,5 30,8 20,1 24,3 32,7
14 - 14,9 21,6 25,7 32,3 21,2 25,1 32,9
15 - 15,9 22,5 27,2 32,7 21,6 25,2 32,2
16 – 16,9 24,1 28,3 34,7 22,3 26,1 33,5
17 - 17,9 24,3 28,6 34,7 22,0 26,6 35,4
18 -24,9 26,0 30,7 37,2 22,4 26,8 35,2
CMB = CB (cm) – (0,314 x DCT
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
169
TABELA 6 – PERCENTIS (P) DA CIRCUNFERÊNCIA MUSCULAR DO BRAÇO EM CENTÍMETRO 
PARA SEXO MASCULINO DE ACORDO COM A IDADE
FONTE: Adaptada de Frisancho (1990)
 
Para a obtenção da prega cutânea tricipital é necessário identificar o local 
a ser medido, no caso o mesmo ponto médio usado para medir a CB. Neste ponto, 
o examinador deverá pegar com os dedos polegar e indicador da mão esquerda 
a prega formada pela pele e a camada de tecido adiposo subcutâneo, que deverá 
ser mantida até o final da coleta.Em seguida deverá ser pinçada esta área com o 
plicômetro para a realização da leitura. Repetir a pega com a pinça do glicômetro 
por três vezes. O valor final deverá ser uma média das três medidas. 
Os valores de dobras cutâneas tricipital e subescapular de referência 
distribuídas em percentis estão na Figura 6. São considerados valores dentro da 
normalidade entre o P5 e P95. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria 
(2009), quando os valores estiverem entre P5 e P15 significa faixa de risco para 
desnutrição e quando estiverem entre P85 e P95 risco de excesso de peso. 
Idade (anos)
Sexo Masculino Sexo Feminino
P5 P50 P95 P5 P50 P95
1 - 1,9 11,0 12,7 14,7 10,5 12,4 14,3
2 - 2,9 11,1 13,0 15,0 11,1 12,6 14,7
3 - 3,9 11,7 13,7 15,3 11,3 13,2 15,2
4 - 4,9 12,3 14,1 15,9 11,5 13,6 15,7
5 - 5,9 12,8 14,7 16,9 12,5 14,2 16,5
6 - 6,9 13,1 15,1 17,7 13,0 14,5 17,1
7 - 7,9 13,7 16,0 18,0 12,9 15,1 17,6
8 – 8,9 14,0 16,2 18,7 13,8 16,0 19,4
9 – 9,9 15,1 17,0 20,2 14,7 16,7 19,8
10 – 10,9 15,6 18,0 22,1 14,8 17,0 19,7
11 – 11,9 15,9 18,3 23,0 15,0 18,1 22,3
12 – 12,9 16,7 19,5 24,1 16,2 19,1 22,0
13 – 13,9 17,2 21,1 24,5 16,9 19,8 24,0
14 - 14,9 18,9 22,3 26,4 17,4 20,1 24,7
15 - 15,9 19,9 23,7 27,2 17,5 20,2 24,4
16 – 16,9 21,3 24,9 29,6 17,0 20,2 24,9
17 - 17,9 22,4 25,8 31,2 17,5 20,5 25,7
18 -18,9 22,6 26,4 32,4 17,4 20,2 24,5
19-24,9 23,8 27,3 32,1 18,5 20,7 24,9
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
170
FIGURA 6 – PERCENTIS DA DOBRA CUTÂNEA TRICIPITAL
FONTE: Frisancho (1990, s.p.)
A medida da dobra cutânea subescapular também poderá ser utilizada para 
complementar na avaliação. A coleta dos valores deve seguir as mesmas orienta-
ções da coleta da dobra tricipital, porém o ponto de medição fica abaixo do ângulo 
inferior da escápula, onde seja possível observar um ângulo de 45º entre a escápula 
e a coluna vertebral. Os valores distribuídos em percentis podem ser encontrados 
no Manual de Avaliação Nutricional da Criança e Adolescente: Manual de orienta-
ção do Departamento de nutrologia da Sociedade brasileira de pediatria. 
2.1.1 Avaliação da altura em situações especiais
Para a avaliação antropométrica de crianças com limitações físicas com 
idades entre dois a 12 anos, podem ser utilizadas as medidas de segmentos 
dos membros inferiores e superiores para estimar a altura através de equações 
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
171
propostas por Stevenson (1995). As medidas dos seguintes segmentos são 
utilizadas nesta situação:
• Comprimento do membro inferior que corresponde a distância entre o joelho 
e o tornozelo (CJ).
• Comprimento superior do braço que corresponde a distância do acrômio até 
a cabeça do rádio (CSB). O membro superior deverá estra fletido a 90 graus.
• Comprimento tibial que corresponde a distância da borda superomedial da 
tíbia até a borda do maléolo medial inferior (CT). Realizar a coleta com fita 
métrica inextensível. 
As medidas devem ser utilizadas nas seguintes fórmulas de Stevenson 
(1995) para obtenção da estatura estimada:
• Fórmula que utiliza o comprimento do membro inferior
 - Desvio padrão (cm) ± 1,1
• Fórmula que utiliza o comprimento do braço
 - Desvio padrão (cm) ± 1,7 
 
• Fórmula que utiliza o comprimento tibial
 - Desvio padrão (cm) ± 1,4
Um exame físico detalhado proporciona identificar dados importantes que 
possam estar relacionados com possíveis distúrbios nutricionais. Para avaliação 
física é importante para o nutricionista observar principalmente a pele e anexos 
no caso de desnutrição. O Quadro 1 apresenta alguns sinais que podem estar 
presentes na desnutrição. 
QUADRO 1 – SINAIS FÍSICOS COMUNS NA DESNUTRIÇÃO GRAVE
E= (2,69 x CJ) + 24,2
E = (4,35 X CSB) + 21,8
E = (3,26 x CT) + 30,8
FONTE: Albuquerque (2017 s.p.)
Maior frequência de qua-
dros infecciosos
Principalmente do trato gastrointestinal e trato 
respiratório
Cabelos Opacos, finos e quebradiços
Pele Aspecto adelgaçado, lentidão na cicatrização
Mucosas Pálidas
Abdômen 
Distendido (hepatomegalia) ou aumento produção 
de gases (intolerância alimentar secundária). Ex.: 
Baixa produção de lactose
Estado geral Criança apática, sonolenta e indisposta para brincar ou outras atividades físicas
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
172
É importante salientar que muitas vezes a criança não se encontra na 
classificação antropométrica de desnutrição, mas poderá apresentar sinais de alguma 
deficiência de micronutrientes ou poderá já estar com risco ou apresentar baixo peso e 
ainda não ter sinais clássicos, com exceção da magreza evidente. A detecção de baixo peso 
crônico ou não poderá influenciar na presença ou não de sinais.
DICAS
A desnutrição infantil pode ser pregressa, crônica evolutiva ou atual. 
Vamos ver a diferença entre elas? 
• Desnutrição pregressa: neste caso, é preciso ter atenção, pois trata-se de uma 
criança que já foi desnutrida e teve um comprometimento da estatura, mas 
no momento da avaliação (atual), o peso está adequado para a estatura. Em 
nível de atendimento assistencial, a criança não deve ser classificada como 
desnutrida. Tal situação pode refletir desnutrição intrauterina ou presença 
crônica de desnutrição. A observação da estatura dos pais deve ser levada em 
consideração em crianças com “desnutrição pregressa”, pois a baixa estatura 
poderá ser de origem genética. 
• Desnutrição crônica evolutiva: presença de baixo peso e baixa estatura. A 
criança apresenta comprometimento importante tanto crônico como atual. 
• Desnutrição atual: a criança tem baixo peso, mas a altura está normal. Como 
não ocorreu comprometimento da altura é um indicativo que a deficiência 
nutricional é recente, atual. A permanência da criança em situação de baixo 
peso por tempo prolongado pode comprometer a altura. 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (2008), na presença de 
obesidade é importante observar os seguintes sinais físicos:
• A distribuição da gordura corporal com excesso na região truncal ou 
abdominal devido ao risco cardiovascular.
• A presença de estrias.
• Acanthosis nigricans (Figura 7) e hirsutismo relacionados com resistência à 
insulina.
• Hepatomegalia que pode estar relacionada com esteatose hepática não 
alcoólica.
• Infecção fúngica em regiões de dobras.
• Edema.
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
173
FIGURA 7 – ACANTHOSIS NIGRICANS
FONTE: <https://opas.org.br/wp-content/uploads/2018/04/Acantose-Nigricans-768x575.jpg>. 
Acesso em: 31 jul. 2020.
O conteúdo sobre exames bioquímicos que são recomendados para a 
avaliação do estado nutricional encontra-se na Unidade 2.
 
Para que o nutricionista obtenha informações mais precisas sobre a alimen-
tação da criança e adolescente o nutricionista deverá utilizar os instrumentos elabo-
rados e específicos como Recordatório de 24 horas; Registro alimentar e Frequência 
alimentar. O tipo de inquérito escolhido vai depender da idade da criança. Vitolo 
(2008) pontua que até aos sete anos de idade é a mãe que frequentemente fornece as 
informações sobre a alimentação da criança. A autora propõe que após essa idade a 
criança pode ser a principal informante de seus hábitos alimentares. A mãe poderá 
ajudar quando necessário. Inclusive, quando o paciente for adolescente, é aconse-
lhável que os pais ou responsáveis não interfiram. Vamos conversar sobre como 
funcionam estes inquéritos alimentares na pediatria?
• Recordatório de 24 horas
É um inquérito alimentar no qual a mãe junto com a criança (dependendo 
da idade) relatam toda a alimentação ingerida nas 24 horas precedentes para um 
entrevistador, no caso o nutricionista. É importante anotar a hora que a criança 
acordou e foi dormir. O recordatório de 24 horas pode não refletir os hábitos 
alimentares frequentes,pois trata-se de apenas um dia e pode ser um dia atípico. 
Registro alimentar: constitui-se de um instrumento em que deverá ser 
preenchida uma planilha estruturada, contendo a alimentação consumida 
durante um período de três a quatro dias alternados, com dois dias de semana e 
um do final de semana. 
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
174
Como pontos críticos deste inquérito alimentar estão a necessidade de 
um tempo e dedicação maior para o preenchimento, e possíveis modificações nas 
anotações com omissões de certos alimentos. Muitas vezes isso é motivado por 
receio de julgamento pelo profissional.
• Frequência alimentar
Consiste em uma lista de alimentos e as opções de número de vezes 
consumidos por um determinado período, geralmente semana ou mês. Na 
aplicação de qualquer um dos inquéritos acima é importante esclarecer para 
a mãe que em relação às quantidades, deverá ser informado ao profissional o 
que a criança comeu. Muitas vezes, as mães informam a quantidade oferecida 
(VITOLO, 2008). 
Outra questão importante relacionada à alimentação e nutrição é o 
desenvolvimento dentário. Apesar de ser o dentista o profissional responsável 
pelo cuidado da saúde bucal dos indivíduos, é pertinente que o nutricionista 
tenha pequenas noções sobre dentição na infância. 
A mastigação é um mecanismo muito importante na fisiologia da 
alimentação, pois permite a redução dos alimentos em partículas menores que 
facilitam a digestão no estômago e no intestino delgado. Também favorece a ação 
de enzimas que estão presentes na boca como a amilase salivar. 
O nutricionista deve atentar-se para o desenvolvimento adequado da 
dentição e saúde bucal, já que os dentes têm papel tão relevante na alimentação 
na infância. Segue uma breve explanação sobre o desenvolvimento dentário. 
 
As etapas do desenvolvimento dentário compreendem a mineralização, a 
erupção e a queda. No segundo semestre de vida tem início a mineralização dos 
dentes primários que continua até aos três anos de idade e dos dentes permanentes 
vai até aos 25 anos. 
Aproximadamente, aos seis a oito meses de idade começa a erupção dos 
dentes decíduos, primeiramente com os dentes incisivos centrais seguido dos 
laterais. Por volta dos 6 anos começa a mudança dos dentes primários pelos 
permanentes. 
A cronologia do desenvolvimento dentário é independente dos outros 
processos de crescimento. Algumas situações como a presença de hipotireoidismo 
e hipoparatiroidismo podem levar a um atraso. Distúrbios nutricionais podem 
causar alterações na coloração dos dentes ou malformação. 
O desenvolvimento dentário é fundamental para a evolução na oferta 
de alimentos que antes eram oferecidos amassados, passam a ser oferecidos em 
pedaços (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012). 
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
175
3 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DO PRÉ-ESCOLAR, DO 
ESCOLAR E DO ADOLESCENTE
A fase pré-escolar é considerada um período crítico na vida da criança, 
é uma fase de transição entre a fase de lactente e a do escolar. Neste período, 
a criança que era totalmente dependente agora já começa a experimentar certa 
independência. A criança passa a ter interesse por atividades novas para ela. Ela já 
anda e gosta de explorar o ambiente que lhe cerca. É um período de sedimentação 
dos hábitos.
Do ponto de vista biológico é uma fase caracterizada por uma diminuição 
na velocidade de crescimento, sendo inferior aos dois primeiros anos de vida 
com ganho de peso proporcionalmente menor que do o lactente (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012). As necessidades energéticas para o pré-
escolar também são proporcionalmente menores que do lactente. 
A seguir serão demonstradas algumas fórmulas preditivas para a obtenção 
das necessidades energéticas para pré-escolares, escolares e adolescentes. Um 
dos métodos para estimar as necessidades energéticas é o valor do requerimento 
energético estimado – EER, que é obtido através das seguintes fórmulas:
• EER para meninos entre 3 a 8 anos de idade:
• EER = 88,5 – (61,9 x idade [anos]) + PA x (26,7 x peso [Kg] + 903 x estatura [m]) 
+ 20 [Kcal] 
• EER para meninas entre 3 a 8 anos de idade:
• EER = 135,3 – (30,8 x idade [anos]) + PA x (10,0 x peso [Kg]) + 934 x estatura 
[m]) + 20 [Kcal]
Em que:
PA é o coeficiente de atividade física (disponível na Unidade II).
• EER para meninos entre 9 a 18 anos de idade: 
EER = 88,5 – (61,9 x idade[anos]) + PA x (26,7 x peso[kg] + 903 x altura[m]) 
+ 25 (kcal)
O PA para essa faixa etária e sexo é: 
PA = 1 se sedentário 
PA = 1,13 se atividade leve 
PA = 1,26 se atividade moderada
PA = 1,49 se atividade intensa
• EER para meninas entre 9 a 18 anos de idade: 
EER = 135,3 – (30,8 x idade[anos]) + PA x (10 x peso[kg] + 934 x 
altura[metros]) + 25 (kcal) 
O PA para essa faixa etária e sexo é: 
PA = 1 se sedentário 
PA = 1,16 se atividade leve
PA = 1,31 se atividade moderada 
PA = 1,56 se atividade intensa
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
176
Outro método corresponde às recomendações diárias de energia e proteína 
– RDA 1989, conforme Quadro 2 (IOM, 2005):
QUADRO 2 – RECOMENDAÇÕES DIÁRIAS DE ENERGIA NE PROTEÍNAS PARA CRIANÇAS NA 
FASE PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
FONTE: Adaptado de Vitolo (2008)
As calorias que devem ser consumidas pelas crianças na fase pré-escolar 
devem seguir a seguinte distribuição de macronutrientes:
• Para crianças de 1 a 3 anos:
• Carboidratos: 45 a 65%
• Proteínas: 5 a 20%
• Lipídios: 30 a 40%
• Para crianças de 4 a 18 anos (pré-escolar, escolar e adolescentes):
• Carboidratos: 45 a 65%
• Proteínas: 10 a 30%
• Lipídios: 25 a 35%
As recomendações de proteínas para o pré-escolar por quilograma de 
peso corporal também são maiores que a do adulto como no caso do lactente. Os 
valores relativos às necessidades de gramas de proteínas por quilograma de peso 
corporal para pré-escolares e escolares são encontrados no Quadro 3.
QUADRO 3 – NECESSIDADES DE PROTEÍNAS POR QUILOGRAMA DE PESO PARA CRIANÇAS 
NA FASE PRÉ-ESCOLAR, E ESCOLAR DE ACORDO COM RDA (1998)
FONTE: Adaptado de Vitolo (2008)
IDADE (anos) ENERGIA (Kcal) diária
PROTEÍNAS 
Por Kg (Kcal) Gramas/dia
1 a 3 1300 102 16
4 a 6 1800 90 24
7 a 10 2000 70 28
MASCULINO
11 a 14 2500 55 45
15 a 18 3000 45 59
FEMININO
11 a 14 2200 47 46
15 a 18 2200 40 44
Idade (anos) g/Kg
1 a 3 1,2
4 a 6 1,1
7 a 10 1,0
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
177
As recomendações de ingestão dos ácidos graxos essenciais ômega-3 e 
ômega-6 para pré-escolares, escolares e adolescentes é a seguinte (SOCIEDADE 
BRASILEIRA E PEDIATRIA, 2012):
• Ácidos graxos W-6:
• 1 a 3 anos = 5 a 10% do VCT
• 4 a 18 anos = 5 a 10-% do VCT
• Ácidos graxos W-3
• 1 a 3 anos = 0,6 a 1,2% do 0 VCT (até 10% de EPA e DHA)
• 4 a 18 anos = 0,6 a 1,2 % do VCT (até 10% de EPA e DHA)
Nesta fase ocorre uma exigência aumentada de proteínas justificada pelo 
rápido crescimento que ocorre com o estirão do crescimento. De acordo com as 
DRIs para essa fase a proporção de proteína da dieta deverá estar entre 10 a 30% 
(LAMOUNIER; WEFFORT, 2009).
A recomendação de carboidratos de acordo com as DRIs (2002) deve 
corresponder 45 a 65% do VCT. A quantidade de fibras para meninos entre 9 a 
13 anos é de 31 g/dia e entre 14 a 18 anos é de 38 g/dia. Para o sexo feminino a 
recomendação é de 26 g/dia (LAMOUNIER; WEFFORT, 2009).
O percentual de gordura recomendado deve ser de 25 a 35% (LAMOUNIER; 
WEFFORT 2009). Em relação aos micronutrientes tanto as necessidades de 
vitaminas como minerais são baseadas nas recomendações das DRIs. Alguns 
destes micronutrientes merecem uma atenção especial nesta fase.
• Como as necessidades energéticas estão aumentadas nesta fase ocorre uma 
necessidade proporcional das vitaminas que têm funções no metabolismo 
energético como as hidrossolúveis tiaminas, riboflavina e niacina. 
• O uso de contraceptivos orais e o hábito de fumar aumentam as necessidades 
de vitamina C.
• As taxas elevadas de crescimento nesta fase que envolve altastaxas de 
replicação 25 a 35% do VCT importante também por tratar-se do início da 
fase reprodutiva. 
É interessante observar que as necessidades energéticas dos adolescentes 
estão aumentadas devido, principalmente, à velocidade de crescimento e também vão 
depender nível de atividade física (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012).
NOTA
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
178
• Como a vitamina A participa nos processos metabólicos de crescimento 
também é necessário ter atenção na ingestão de alimentos fontes desta 
vitamina na adolescência.
• Outra vitamina lipossolúvel muito importante nesta fase é a vitamina D, 
principalmente por sua participação no metabolismo do cálcio.
A massa óssea vai sendo constituída de forma gradual por toda a infância 
e ocorre um aumento acelerado na adolescência até a chegada da maturidade 
sexual o que aumenta as necessidades de cálcio neste período. O acúmulo de cálcio 
é triplicado, pois aproximadamente 50% da massa óssea é formada neste período. 
O cálcio da dieta é um dos fatores que determina a formação da massa óssea. Na 
adolescência, a necessidade de cálcio ao dia é e 1300 mg/dia. É importante que 
a alimentação tanto da criança como do adolescente disponibilize quantidades 
adequados deste mineral para diminuir o risco de osteoporose na vida adulta 
(OLIVEIRA et al., 2014).
O aumento das necessidades de ferro na adolescência é decorrente do 
aumento do volume plasmático com maior massa eritrocitária e de mioglobina 
que está relacionada com o aumento da massa muscular. A necessidade de ferro 
para as adolescentes do sexo feminino está relacionada com as perdas menstruais 
após à menarca (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012; GARANITO; 
PITTA; CARNEIRO, 2010). A quantidade de ferro recomendado através da dieta 
para adolescente (WEFFORT; LAMOUNIER, 2009) é de:
• Faixa etária entre 9 a 13 anos: 8 mg/dia 
• Faixa etária entre 14 a 18 anos: 
• Sexo masculino: 15 mg/dia 
• Sexo feminino: 11 mg/dia.
O zinco durante as fases de crescimento e desenvolvimento tem um papel 
muito relevante, pois atua no ganho ponderal, regeneração óssea e muscular e na 
maturação sexual. As recomendações diárias deste oligoelemento nesta fase é de 
8 a 11 mg/dia (CIAMPO; CIAMPO, 2014).
Todos os micronutrientes são importantes e essenciais em todas as fases do 
desenvolvimento humano, todavia, o cálcio, ferro e zinco têm demandas bem aumentadas 
nesta fase que se não atendidas podem causar grandes distúrbios nutricionais.
NOTA
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
179
4 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O PRÉ-ESCOLAR
As divisões em períodos durante os processos de crescimento e desenvol-
vimento de humanos acompanham tanto as alterações físicas como mentais. As 
formas de interações sociais e afetivas também vão alterando suas características 
com o passar dos anos. É necessário que o futuro nutricionista entenda as espe-
cificidades de cada fase em todos os âmbitos tanto fisiológicos, mentais, sociais, 
psicológicas e afetivos para entender sobre os aspectos que influenciam e interfe-
rem nas necessidades nutricionais e no comportamento alimentar até ao alcance 
da idade adulta. 
Na fase pré-escolar, que compreende entre 2 a 6 anos de idade, ocorrem 
alterações importantes relacionadas à alimentação das crianças que está associada 
a um ritmo de crescimento menor. Além da redução na velocidade de crescimen-
to e concomitante diminuição do apetite comum após ao segundo ano de vida, de 
uma forma geral observam-se altos níveis de sedentarismo em crianças. Na vida 
contemporânea, o dispêndio de energia com atividade física é bem reduzido. As 
crianças passam muito tempo na frente das telas de televisão, computadores, ta-
blets (PAIVA, 2010) e utilizam com muita frequência meios de transportes como 
carros e ônibus para se locomover. 
Algumas características físicas observadas a partir ao 2º ano de vida in-
fluenciam nos padrões alimentares. A presença de vários dentes favorece a masti-
gação e com isso a aceitação de alimentos que eram oferecidos na forma de papas.
De acordo com Paiva (2010), na fase pré-escolar, principalmente, no início, 
ocorre a consolidação dos sistemas orgânicos. Os sistemas digestivos e metabóli-
cos apresentam mais semelhanças com de adultos (VITOLO, 2008).
As condições de comunicação vão evoluindo a partir dos dois anos acom-
panhado da maturação progressiva da linguagem. O manuseio da linguagem e co-
ordenação das ideias pelas crianças nesta fase está cada vez mais ordenada e clara. 
A relação com o meio ambiente, principalmente com os familiares e pes-
soas próximas, fica mais intensa. A criança torna-se mais independente e com 
mais autonomia para realizar suas refeições. Surge o interesse em manipular ta-
lheres e utensílios. Esse comportamento deverá ser estimulado (VITOLO, 2015).
É uma fase importantíssima na formação os hábitos alimentares e con-
sequentemente na saúde da fase adulta. Nesta fase, o comportamento alimentar 
é imprevisível e variável. O apetite varia muito e é dependente de fatores como 
idade, condição física e psíquica, padrão da ingestão anterior e até a tempera-
tura ambiente. Em alguns períodos, a quantidade de alimentos ingeridos pode 
ser nula e em outros a quantidade pode ser grande. As preferências alimentares 
podem mudar em períodos muito curtos. O alimento que a criança adora hoje, 
amanhã pode ser inaceitável para ela (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIA-
TRIA, 2012). 
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
180
Alguns comportamentos em relação aos alimentos são bem comuns na 
fase pré-escolar. Entre elas está a dificuldade em experimentar novos alimentos 
ou desconhecidos, denominada de neofobia. Também a chamada “Picky/fussy 
eating”, que caracteriza a criança que se nega a ingerir uma variedade muito 
grande de alimentos, e pratica uma dieta alimentar com baixa variedade de ali-
mentos. A dieta é pobre em alimentos fontes de fibras e vitaminas como A, C, E e 
ácido fólico (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012). 
A apresentação da alimentação em relação à textura, cheiro e cor dos 
alimentos parece ser um fator de estímulo para a criança comer. A oferta dos 
alimentos preferidos pela criança tem sido citada como “regulador” do apetite 
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012). 
É bem sabido que as crianças têm preferências por alimentos com sabo-
res doces e bem calóricos. Existe uma explicação para esse fato. O sabor doce é 
inato ao ser humano. Quer dizer já nascemos sabendo o que é um sabor doce. Os 
demais sabores precisam ser aprendidos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIA-
TRIA, 2012).
Diante deste panorama característico do pré-escolar quais são as 
recomendações nutricionais para a prática dietética direcionada para este público-
alvo? Vamos conhecer o que é apresentado sobre o tema na literatura científica? 
Antes vamos conhecer os principais objetivos da alimentação e nutrição na fase 
pré-escolar.
• Proporcionar e favorecer o crescimento e desenvolvimento adequado da 
criança.
• Proporcionar condições para o desenvolvimento e funcionamento adequado 
do sistema imunológico
• Garantir o aporte adequado de macro e micronutrientes.
• Evitar déficits de nutrientes como proteínas, ferro, cálcio, zinco, vitamina A, 
C e D, entre outras.
• Prevenir problemas de saúde na idade adulta que tenham relação com a deita. 
A quantidade de alimentos de que uma criança necessita é controlado por 
mecanismos fisiológicos de saciedade. É salutar que seja respeitado esses controles por 
parte da criança (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012).
DICAS
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
181
A oferta de alimentos organizada em refeições, incluindo os lanches, 
deverá ser realizada em horários fixos. É recomendado que o tempo entre uma 
refeição e outra seja o bastante para que na próxima refeição a criança sinta fome 
e aceite os alimentos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012). Vitolo 
(2008) recomenda um intervalo entre as refeições de 2 a 3 horas.É contraindicado 
oferecer alimentos entre as refeições incluindo os lanches. 
O total de refeições ao dia para o pré-escolar deverá ser de 5 a 6 em horários 
regulares. Uma sugestão de distribuição das refeições de acordo com a Sociedade 
de Brasileira de Pediatria (2012) é:
• 8 horas: desjejum;
• 10 horas: lanche matinal;
• 12 horas: almoço;
• 15 horas: lanche vespertino;
• 19 horas: jantar;
• Um lanche antes de dormir. O ideal é que seja pelo menos 30 minutos antes. 
Crianças com refluxo deverão respeitar a orientação médica.
Deverá ser estabelecido um tempo definido para que a criança realize 
sua refeição. Caso a criança não aceite os alimentos neste período, é aconselhável 
encerrar a refeição e oferecer novamente alimentos na próxima refeição 
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012).
O volume da refeição oferecida deve ser pequeno, de acordo com o grau de 
aceitação da criança (VITOLO, 2008; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 
2012). Encher o prato com porções de alimentos muito grandes não vai fazer com 
que a criança coma mais. Não se deve obrigar a criança a comer tudo que está no 
prato. O ideal é quando ela terminar, perguntar se a criança quer comer mais.
Os sucos de frutas devem ser naturais e de preferência não adoçados. A 
quantidade máxima recomendada para o pré-escolar é de 150 ml ao dia. O ideal é 
que as frutas sejam consumidas na sua forma in natura. Estimular o consumo de 
frutas como sobremesa é indicado. 
Em relação à oferta de líquidos durante as refeições é preciso ter cautela. A 
ingestão de água, sucos, refrigerantes distendem o estômago o que pode interferir na 
sensação de saciedade e esse estímulo pode aparecer precocemente. É recomendado 
oferecer água à vontade entre as refeições.
IMPORTANT
E
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
182
O consumo de refrigerantes sempre é um assunto polêmico entre 
nutricionistas, principalmente, na infância. Vários estudos apontam para os 
prejuízos para a saúde relacionados à ingestão frequente de refrigerantes. Muitas 
vezes, os outros membros da família da criança consomem este tipo de bebida, 
situação que “instala” um empasse em relação às orientações nutricionais. A 
Sociedade Brasileira de Pediatria (2012), em suas orientações nutricionais, refere 
que os refrigerantes devem ser evitados, mas não precisam ser proibidos. 
Vitolo (2008) aconselha que as verduras e legumes devam estar presentes 
nas refeições, independente da aceitação ou não da criança. Os pais não devem 
obrigar a criança a consumir e devem evitar comentários ou julgamentos quando 
esses ou outros alimentos sobram no prato.
 
Desde a infância, as crianças devem ser desencorajadas a ingerir 
quantidades excessivas de alimentos que tenham grandes quantidades de 
gordura, açúcar e sal. Existe associação entre o consumo destes alimentos com o 
maior risco de doenças crônicas não transmissíveis na fase adulta (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012). 
Além da quantidade de gordura consumida, o tipo de gordura também 
deverá ser selecionado. Algumas recomendações sobre o consumo de gorduras 
devem ser seguidas, entre elas estão:
• Limitar o consumo de gordura saturada e trans.
• Dar preferência aos alimentos fontes de ácidos graxos poli-insaturados e 
monoinsaturados.
• Evitar os alimentos industrializados e ou ultraprocessados como biscoitos 
recheados, salgadinhos fritos, sorvetes de massa, carnes gordas, pele de aves, 
embutidos etc. Esses alimentos têm em sua composição grandes quantidades 
de gordura saturada e colesterol. Cuidar com produtos alimentícios que 
contenham gordura vegetal hidrogenada, pois têm quantidades elevadas de 
gordura trans. 
• Ao preparar os alimentos deve-se não exagerar na adição de óleos para cocção, 
e uso de outras fontes de gordura como bacon, manteiga e margarina. 
• Evitar as preparações fritas e priorizar as preparações cozidas principalmente 
no vapor e assadas. 
Os alimentos ultraprocessados devem ser evitados em qualquer idade. O 
Guia alimentar para a população brasileira recomenda que a base da alimentação 
deverá ser de alimentos in natura ou minimamente processados (BRASIL, 2014). 
A sociedade Brasileira de Pediatria se posiciona em relação às bebidas 
à base de soja na infância, alertando para que o consumo não seja de forma 
indiscriminada. Justifica que o consumo em grandes quantidades reflete em uma 
ingestão excessiva de proteínas e pelo fato de a soja ser fonte de fitoestrógenos. 
Não estão bem esclarecidas as consequências futuras para saúde reprodutiva e 
para carcinogênese. 
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR
183
Durante a infância e principalmente a partir dos seis meses de idade, 
quando tem início a alimentação complementar e somente o leite materno não 
supre mais todas as necessidades nutricionais das crianças, é preciso que os 
pais e profissionais de saúde tenham muita atenção em relação ao consumo dos 
micronutrientes. Entre os que mais apresentam casos de deficiência na infância 
estão o ferro, vitamina A, vitamina D e zinco.
Tanto para menores de dois anos como para as crianças na fase escolar 
e pré-escolar é recomendada a oferta de alimentos fontes importantes de ferro, 
cálcio, vitaminas A D, C e também o zinco. Algumas práticas que favorecem um 
bom aporte destes nutrientes estão relacionadas a seguir:
• Como fonte de ferro e cálcio a mãe deve oferecer à criança carnes de 
consistência macia e em pequenos pedaços. A criança deve ser encorajada a 
mastigar bem e engolir a carne evitando consumir somente o caldo. 
• Para suprir as necessidades de cálcio, além da porção de carne são 
recomendadas duas porções de leite ao dia e mais uma de ovo ou derivados 
de leite como o queijo. Além das carnes, leites e lacticínios em geral, outras 
boas fontes de cálcio incluem brócolis, feijão, gergelim, peixes como sardinha 
e salmão. 
• Como fonte de vitamina A deve ser ofertado, gema de ovo, o próprio leite 
integral e na forma de carotenoides a pró vitamina A encontrada nos vegetais 
como cenoura, abóbora, vegetais verdes entre outros. 
• As frutas cítricas, vegetais verdes, tomate e batata são fontes com boas 
concentrações de vitamina C. Devem ser oferecidas às crianças todos os dias, 
no mínimo uma fonte dessa vitamina. 
Quando a sobremesa for doce, a porção deve ser considerada como uma 
das preparações da refeição e não um extra ou “mimo”. Não é indicado relacionar 
a oferta de doces como uma recompensa ou prêmio pela ingestão dos outros 
alimentos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012; VITOLO, 2015).
As guloseimas como balas, doces em geral, salgadinhos devem ser evitados. 
No entanto, não devem ser proibidos. A Sociedade Brasileira de Pediatria (2012) 
alerta para o fato de que atitudes muito radicais de proibição possam despertar 
mais interesse por esses alimentos pela criança. É recomendado que os pais 
esclareçam as crianças sobre os prejuízos que tais alimentos podem trazer para a 
saúde. Os pais também podem deixar claro que quando consumidos devem ser 
em horários e quantidades que não interfiram no apetite da próxima refeição. 
Alguns alimentos podem provocar o engasgo com mais facilidade e 
devem ser evitados. Entre eles estão balas duras, pedaços grandes de cenoura, 
uva inteira, pipoca (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012), peixe 
com espinhas, entre outros. 
Deve ser evitada a monotonia alimentar que é caracterizada por uma 
alimentação sem variações dos tipos de alimentos e de preparações. A Sociedade 
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE
184
Brasileira de Pediatria (2012) alerta que a monotonia alimentar é um fator que 
pode interferir negativamente no apetite e interesse da criança pelos alimentos 
oferecidos. A variedade de alimentos com diferentes cores, sabores e texturas 
fazem parte das características de uma alimentação equilibrada.
Orientações sobre a dinâmica das refeições que incluem toda a família 
também devem ser disponibilizadas pelo nutricionista. Seguem algumas delas:
• Oambiente onde serão realizadas as refeições deve ser tranquilo, limpo e 
organizado. Não deverá ter televisão ligada, nem outro tipo de distração. 
• É importante que a criança faça suas refeições juntamente com a família. Deve 
ser acomodada de forma confortável à mesa. A atenção da criança deverá 
estar direcionada ao momento da refeição e ato de comer. A criança deve 
ser estimulada a comer sozinha, porém é importante ter a supervisão de um 
adulto para evitar engasgo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 
2012). 
• A criança poderá participar de tarefas que estão relacionadas com o preparo 
das refeições como as compras dos alimentos, escolha das receitas, preparação 
dos pratos etc. Sempre deverá ter a supervisão de um adulto e as tarefas 
que envolvem manipulação não deverão apresentar riscos à integridade da 
criança (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012).
É fundamental que os pais estejam conscientes que a prática alimentar deles 
tem impacto sobre a alimentação dos filhos. Neste sentido eles devem procurar ter hábitos 
alimentares saudáveis, o que favorece um aprendizado adequado provocado por imitação 
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012).
NOTA
Caro acadêmico! Sugerimos a leitura do artigo intitulado: Qualidade da dieta 
de pré-escolares de 2 a 5 anos residentes na área urbana da cidade de Pelotas, RS, cujos 
autores são, Katharine Konrad Leal, Bruna Celestino Schneider, Giovanny Vinicius Araújo 
Franca, Denise Petrucci Gigante, Iná dos Santos e Maria Cecília Formoso Assunção.
Você poderá ter acesso ao artigo integralmente no seguinte endereço: https://www.scielo.
br/pdf/rpp/v33n3/0103-0582-rpp-33-03-0310.pdf.
IMPORTANT
E
185
Neste tópico, você aprendeu que:
• O acompanhamento do crescimento na fase pré-escolar é de suma importância 
e possui protocolos a serem seguidos.
• Todos os micronutrientes são importantes e essenciais em todas as fases do 
desenvolvimento humano, todavia, o cálcio, ferro e zinco têm demandas bem 
aumentadas nesta fase que se não atendidas podem causar grandes distúrbios 
nutricionais. 
• Existem diferenças em relação ao apetite, ganho de peso e crescimento na fase 
pré-escolar em relação ao lactente.
• São utilizados referenciais antropométricos recomendados pelo OMS/MS para 
a avaliação do estado nutricional de pré-escolares, escolares e adolescentes. 
• Assim como para adultos, existem recomendações específicas de energia e 
nutrientes para pré-escolares, escolares e adolescentes.
• Deve ser fornecido tanto para menores de dois anos como para as crianças 
na fase escolar e pré-escolar, alimentos fontes importantes de ferro, cálcio, 
vitaminas A D, C e também o zinco. 
• É de suma importância a participação da família na formação dos hábitos 
alimentares da criança na fase pré-escolar.
RESUMO DO TÓPICO 1
186
1 Uma avaliação nutricional completa em qualquer idade deverá incluir 
vários parâmetros. Quais são os parâmetros que devem ser utilizados para 
realizar a avaliação nutricional do pré-escolar?
2 A recomendação em relação à ingestão de gorduras vai se modificando de 
acordo com a fase da vida de um indivíduo. Em nossos estudos podemos 
constatar que nos primeiros meses de vida as necessidades lipídicas são 
maiores quando comparadas a outras fases. Quais são as orientações em 
relação ao consumo de gorduras para as crianças acima de dois anos?
3 A velocidade de crescimento deve ser utilizada na avaliação do crescimento 
de crianças. Essa ferramenta é importante para distinguir se a altura do pré-
escolar coletada na hora da avaliação nutricional que está abaixo do valor 
de referência reflete problemas de saúde, como desequilíbrios nutricionais. 
O valor em centímetros por período de tempo relativo ao crescimento 
linear abaixo do recomendado deve ser investigado, pois é um indicativo 
da presença de algum problema. Sobre o exposto, analise as sentenças a 
seguir:
I- A velocidade de crescimento é a mesma para ambos os sexos em todas as 
fases de crescimento.
II- Meninas até os quatro anos têm velocidade de crescimento discretamente 
menor que os meninos.
III- O valor da altura de um menino de 3,5 anos abaixo dos valores de referência 
do padrão de percentil de altura para idade, pode ser decorrente de fatores 
genéticos. A velocidade de crescimento é uma ferramenta pouco útil para 
auxiliar no diagnóstico nutricional desta criança. 
IV- Alguns fatores podem interferir na velocidade de crescimento do pré-
escolar, entre estes destaca-se a desnutrição energético proteica crônica. 
V- Sempre que houver desequilíbrio nutricional na fase pré-escolar ocorrerá 
prejuízo na altura.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas. 
b) ( ) As sentenças I, IV e V estão corretas.
c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
d) ( ) As sentenças I, III e V estão corretas
e) ( ) Somente a sentença IV está correta.
4 Mudanças no padrão de crescimento são características da fase pré-escolar. 
Com essas mudanças o padrão alimentar também é observado. As crianças 
nesta fase apresentam uma diminuição do apetite, já após ao segundo ano 
de vida. Por outro lado, o desenvolvimento dos órgãos e sistemas desta 
fase, influenciam na aceitação de maior variedade de alimentos e também 
AUTOATIVIDADE
187
da consistência destes. Todas essas mudanças devem ser levadas em 
consideração pelo nutricionista na hora de fazer as orientações aos pais. 
Sobre o exposto, analise as sentenças a seguir:
I- Como é comum a criança na fase pré-escolar ingerir uma quantidade de 
alimentos relativamente menor quando comparada à fase anterior de 
desenvolvimento, algumas atitudes dos pais em relação às refeições 
devem ser encorajadas. A sociedade brasileira de Pediatria (2012) salienta a 
importância de definir um tempo para que a criança realize suas refeições. 
Ao término deste tempo definido, deve-se encerrar a refeição e oferecer 
alimentos a criança somente na próxima refeição. 
II- A quantidade de alimentos, oferecido em cada refeição, deve ser de 
acordo com a aceitação da criança. Recomendam-se volumes pequenos de 
alimentos no prato. Caso a criança aceite mais, servir novamente. 
III- Na fase pré-escolar a criança demonstra maior independência, inclusive 
na hora das refeições. A criança tende a demonstrar interesse em usar os 
talheres para se alimentar. É muito importante que os pais ou cuidadores 
estimulem tal comportamento. 
IV- É importante que mesmo que a criança aceite somente pequenos volumes 
de alimentos em determinada refeição, os pais ou cuidadores, insistam e 
ofereçam o alimento até a criança aceitar todo a quantidade que está no 
prato. As crianças tendem a ter muito interesse pelos estímulos externos 
do ambiente também na hora da refeição o que provavelmente interfere na 
aceitação de quantidades adequadas de alimentos.
V- O tempo da refeição deve sempre ser determinado pela criança, 
independentemente da situação. 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.
b) ( ) As sentenças I, IV e V estão corretas.
c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
d) ( ) as sentenças I e III estão corretas.
e) ( ) As sentenças I, II e V estão corretas.
188
189
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
A fase de desenvolvimento infantil, denominada de escolar, compreende 
a faixa etária de sete até dez anos. É considerada uma fase de transição entre a 
infância e a adolescência. A criança, nesta fase, se torna cada vez mais independente. 
As relações sociais com pessoas da mesma idade e com adultos estão em franco 
desenvolvimento (MENEZES; MEIRELLES; WEFFORT, 2011). Além da família, 
a escola passa a ocupar um papel relevante na estabilidade da saúde, tanto física 
como mental da criança (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDITRAI, 2012). 
Neste período, as crianças têm mais segurança e mais independência 
em relação às funções motoras. Ela passa a aumentar a prática de atividade 
física informal como andar de bicicleta, patins, skate etc. Esse fato influencia no 
aumento

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