Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

História da fotografia
A história da fotografia é, simultaneamente, uma trajetória técnica e um processo social de transformação da representação visual. Do ponto de vista técnico, a fotografia evoluiu como um conflito e uma síntese entre óptica, química e, mais recentemente, eletrônica e ciência da computação. Dissertativamente, pode-se dividir essa evolução em fases: antecedência pré-fotográfica (óptica e câmaras escuras), invenção das técnicas de fixação de imagem, aperfeiçoamento dos processos negativos-positivos, surgimento da fotografia em cores, e a revolução digital e computacional.
A gênese está ligada à câmara escura (camera obscura), dispositivo óptico que projeta uma imagem invertida de uma cena por meio de um orifício ou lente sobre uma superfície interna. Embora conhecido desde a Antiguidade, somente com o século XVIII e as experiências de sensibilização de sais de prata tornou-se possível reter essa projeção. A primeira fixação permanente é atribuída a Nicéphore Niépce, que, por volta de 1826–1827, produziu a heliografia utilizando betume da Judeia sensibilizado por luz e fixado por solventes. O método exigia exposições longas e gerou imagens com baixo contraste.
Em 1839, Louis Daguerre anunciou o daguerreótipo, processo que empregava chapas de cobre revestidas com prata polida, sensibilizadas por vapores de iodo para formar iodeto de prata, expostas em câmera e reveladas por vapores de mercúrio. O daguerreótipo apresentou notável resolução de detalhes, mas era singular (não gerava negativos) e susceptível a oxidação. Quase simultaneamente, William Henry Fox Talbot desenvolveu o calótipo (1839), com base em negativos em papel sensibilizado por cloreto de prata e desenvolvimento por galato de prata. O calótipo introduziu o conceito negativo-positivo, permitindo múltiplas cópias e fundamentando a reprodução fotográfica comercial e científica.
A segunda grande onda técnica foi o colódio úmido (1851), introduzido por Frederick Scott Archer. O processo apostava em uma emulsão de nitrato de celulose dissolvido (colódio) contendo sais de prata, aplicada sobre placas de vidro. O colódio combinou alta resolução com a reprodução em negativos, mas demandava manipulação imediata no estado úmido, o que impôs logística de laboratório móvel para fotografia de campo. Posteriormente, o advento do papel positivo com albumina, e dos processos secos de gelatina no final do século XIX, permitiu maior praticidade e sensibilidade, reduzindo tempos de exposição.
A transição para a fotografia em cores constituiu um desafio técnico: a luz visível é composta por comprimentos de onda distintos, e a gravação seletiva exigia filtros ou emulsões multicamadas sensíveis a diferentes bandas. O autochrome (1907), comercializado pela Lumière, utilizava microssíntese de grãos de amido tingidos como um mosaico filtro direto, resultando em imagens em cores com aparência pontilhista e baixa sensibilidade. Mais tarde, processos de subtração e, finalmente, filmes multicamadas (por exemplo, Kodachrome em 1935) permitiram reprodução de cores com maior fidelidade e sensibilidades úteis em aplicações jornalísticas e artísticas.
No século XX, houve especialização técnica: desenvolvimento de lentes acromáticas, anastigmáticas e, depois, as asféricas; aperfeiçoamento de obturadores e mecanismos de diafragma; padrões de sensibilidade (ASA/ISO); e avanços em químicos de revelação e impressão (prata em suspensão em gelatina). A difusão massiva de câmeras portáteis e a miniaturização catalisaram usos sociais: documentação, jornalismo, ciência forense, e expressões artísticas. A fotografia tornou-se uma linguagem visual dominante, com impacto em memória coletiva, identidade e poder.
A partir da década de 1970 e sobretudo nos anos 1990, estabeleceu-se a revolução digital. Sensores eletrônicos (primeiro CCD, depois CMOS) convertem fótons em carga elétrica; matrizes de pixels com filtros de Bayer permitem reconstrução de cor por demosaicing; processamento digital substitui químicos, viabilizando controle algorítmico sobre exposição, ruído e tonalidade. Formatos RAW preservam dados brutos do sensor para pós-processamento não destrutivo, enquanto compressões como JPEG padronizam distribuição. A fotografia digital expandiu capacidades: alta sensibilidade com controle de ruído, maior latitude dinâmica por composição e HDR, e recursos computacionais como foco por profundidade (plenoptics) e super-resolução.
Além do caráter técnico, é crucial reconhecer a fotografia como tecnologia social. Ela reconfigurou práticas de vigilância, documentação de conflitos, publicidade e construção de memórias. Também desencadeou debates éticos: manipulação digital, veracidade documental, e direitos de imagem. Na esfera artística, a fotografia oscilou entre documentação neutra e intervenção estética; as possibilidades técnicas frequentemente redefiniram critérios estéticos.
O presente aponta para uma síntese entre hardware óptico e software de imagem: fotografia computacional já supera limitações físicas por meio de fusão multiimagem, aprendizado de máquina para redução de ruído e transferência de estilo, e sensores especializados para hyperspectral imaging. Tendências futuras incluem sensores com maior eficiência quântica, formatos de captura volumétrica e integração com realidade aumentada, além de debates sobre propriedade de dados visuais e autenticidade em ambientes de síntese artificial.
Em suma, a história da fotografia é uma progressão técnica contínua, sempre imbricada em contextos culturais e econômicos. Cada avanço — desde a fixação química da imagem à captura digital — não apenas ampliou possibilidades técnicas, mas também transformou a percepção pública do real e as formas de produzir, circular e interpretar imagens.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
1) Qual foi a diferença técnica fundamental entre daguerreótipo e calótipo?
Resposta: Daguerreótipo produzia imagem direta em placa metálica única; calótipo gerava negativo em papel permitindo cópias positivas.
2) Por que o colódio úmido foi importante?
Resposta: Combinou alta resolução e negativo em vidro, reduzindo custos por cópia e favorecendo fotografia científica e de paisagem.
3) Como funcionam sensores digitais (CCD/CMOS)?
Resposta: Convertem fótons em carga elétrica por fotodiodos; circuitos lêem e digitalizam a carga em pixels, formando uma matriz de intensidade.
4) O que tornou possível a fotografia em cores comercialmente viável?
Resposta: Filmes multicamadas sensíveis a diferentes comprimentos de onda e processos de subtração/adição de cor, como Kodachrome.
5) Quais são desafios éticos contemporâneos da fotografia digital?
Resposta: Manipulação e deepfakes, privacidade e vigilância, e questões de autoria e propriedade dos dados visuais.