Buscar

Teoria do Comércio em David Ricardo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Instituto de Economia da UFRJ
Economia Política I
Teoria do Comércio em David Ricardo
 	Conteúdo original do capítulo VII do livro Princípios de Economia Política, formulando a Teoria das Vantagens Comparativas.
 	Ideia básica que vai contra a Teoria das Vantagens Absolutas de Adam Smith: O comércio só é benéfico quando há algum país com a mesma capacidade produtiva no geral, mas que se especializa em produtos diferentes - produtos com melhor capacidade produtiva. Em outras palavras, se o país A produz o bem 1 de maneira menos eficiente que o país B e o bem 2 de maneira mais eficiente, ele deve importar o bem 1 do país B e exportar o bem 2 para o país B. 
 	Vantagens Comparativas: Mesmo países com produtividades muitos diferentes podem se beneficiar do comércio. Mesmo se o país A produz tudo de forma menos produtiva que o país B, há algo que o país A faz melhor dentro de todos seus setores internos e vai se especializar nisso e irá comprar o que produz muito pior. Essa é hoje a base da teoria do comércio exterior ortodoxa. Ela fundamenta a defesa do livre comércio.
 	Como essa teoria é possível? O comércio não aumenta diretamente o valor do produto e, portanto não aumenta diretamente a acumulação de capital. Aumenta o lucro se diminuir a necessidade de produzir em terras menos férteis.
 	Para Ricardo, tudo que recebo com o comércio é gasto com comércio ou com poupança, portanto não é necessário o comércio exterior para escoar a produção. Logo não é necessário comércio exterior para vender a produção que não foi absorvida pela demanda interna.
 	Adam Smith acreditava que o comércio exterior poderia aumentar o lucro, pois a mesma quantidade de capital tem agora uma demanda maior, o que significa uma concorrência menor, que aumenta o lucro. Para Ricardo, a abertura da concorrência pode afetar a taxa de lucro através da renda da terra, pois, por exemplo, ao importar cereais, utiliza-se menos terras ruins, e assim pode-se aumentar o lucro via redução da renda da terra. Isso decorre pois para Ricardo a demanda agregada é igual à oferta agregada - não há problema de falta de demanda. Ricardo não é tão coerente assim com o que Smith escreve. O comércio afeta só o lucro se afetar a renda da terra, não é um processo direto.
 	A abertura comercial permite não que o valor dos bens exportados seja o mais alto, mas com o mesmo valor se importa mais - com a mesma a quantidade de trabalho utilizada.
 	Uma hipótese muito importante é que o comércio não destrói capital. Por exemplo, há uma indústria naval interna que foi aberta, o capital utilizado nessa indústria vai ser redirecionado, assim como o trabalho utilizado. Usar os recursos ociosos em outros setores, que vai gerar a renda para pagar a importação. No curto prazo irá ocorrer uma migração de capital e trabalho para outro setor. Para os clássicos e neoliberais o comércio nunca destrói riqueza.
Hipóteses de Ricardo:
	- Manutenção do estoque de capital acumulado na sociedade e consequentemente no nível microeconômico.
	- Relativa imobilidade de capital implicando diferentes taxas de lucros. Em seu país natal há um conhecimento e estrutura sobre a burocracia, rede de segurança e previsibilidade daquele país, características perdidas quando ocorre troca de países.
	- Uso da teoria do valor trabalho
	- Flexibilidade de preços relativos entre diferentes países.
 	Nem sempre o ajustamento via preço pode acontecer, pois existe uma rigidez nos preços internacionais. Por exemplo, um país exporta petróleo, que é um bem básico, ele está com déficit de Balanço de Pagamento, se ele desvalorizar o câmbio, o petróleo ficará mais caro e como ele compõe o preço de outros bens, vai haver um aumento dos preços e portanto o salário real irá cair. Os países tendem a resistir a desvalorização cambial por isso.
Exemplo utilizado por Ricardo
	
	Vinho
	Tecido
	Tv/Tt
	Tt/Tv
	Inglaterra
	120
	100
	1,20
	0,83
	Portugal
	80
	90
	0,89
	1,10
- Vinho Quantidade de trabalho direto e indireto utilizado para produzir uma unidade de vinho;
- Tv/Tt Significa que uma unidade de valor daquela economia equivale a 1,20 unidade de tecido;
 	Ricardo coloca Portugal com uma produtividade maior do que a da Inglaterra, mas todos sabiam que a Inglaterra tinha uma produtividade muito melhor que a portuguesa. Isso foi um mero argumento retórico.
 	Portugal usa mais trabalho para produzir tecido em relação ao vinho. Na Inglaterra é o contrário. Essa é a base da ideia comparativa. Para Smith Portugal teria vantagens absolutas em relação à Inglaterra, e, portanto não importaria nada da Inglaterra, e a Inglaterra nada produziria e tudo importaria de Portugal.
 	Portugal irá produzir o vinho e irá vender depois para a Inglaterra, ele vai pegar o que recebeu e irá comprar o tecido inglês, pois na Inglaterra o tecido é mais barato em relação ao vinho. Portugal vai ganhar mais com isso, pois o vinho na Inglaterra é mais caro em relação ao tecido.
 	Indiferente da quantidade de países, os ganhos de arbitragem seriam sempre feitos. Nessa suposição, vale a teoria do valor trabalho acrescido do custo com transporte.
A Inglaterra irá se especializar em tecidos e Portugal em vinho.
	
	Vinho
	Tecido
	Pv (libras)
	Pt (libras)
	Inglaterra
	120
	100
	108
	90
	Portugal
	80
	90
	89,6
	100,8
	- Pv Preço do vinho em ouro (ou outra moeda comum na Inglaterra e Portugal);
 	Percebemos que os preços do vinho (Pv) e do tecido (Pt) em relação ao ouro se aproximam. A Inglaterra entrega o produto de trabalho de 100 homens em troca do produto de trabalho de 80 homens.
 	David Ricardo não elabora de forma elaborada como o equilíbrio será feito entre Inglaterra e Portugal, mas podemos fazer uma suposição. Suponhamos que o preço do ouro suba 10% na Inglaterra e caía 10% em Portugal. Isso ocorre pela entrada de ouro em Portugal devido aos ganhos de exportação e pela saída de ouro da Inglaterra devido à importação. Abre-se o comércio: A Inglaterra começa a perder ouro para Portugal. Como a Inglaterra perde ouro, a libra fica mais cara em relação ao ouro – ou seja, o preço da libra em ouro fica menor, para conseguir a mesma quantidade de ouro de antes agora precisa-se de mais libras. Em Portugal, a entrada de ouro deixa o preço de mercado em relação ao ouro maior – ou seja, para comprar um mesmo produto, precisa-se de menos ouro. Seria como uma espécie de efeito câmbio, só que sem câmbio e feito pela variação do preço do ouro para comprar uma unidade de quantidade de trabalho em países diferentes.
 	Assim a Inglaterra vai vender tecido para Portugal, que irá vender vinho para a Inglaterra. Em outras palavras, a Inglaterra vai trocar tecidos pelo vinho português.
 	Cada país irá se especificar no que ele é relativamente mais efetivo.
Exemplo utilizado por David Ricardo:
 	Uma melhoria na produção de vinho na Inglaterra que torne mais vantajoso a produção interna. Portugal continuará por um tempo exportando tecido. O preço do tecido vai cair. Portugal irá passar a produzir internamente o tecido.
 	Lembremos que para os clássicos, a oferta será sempre igual à demanda, mas ambas as retas são inelásticas, logo pode haver qualquer preço de equilíbrio.
	
	Vinho
	Tecido
	Inglaterra
	50
	50
	Portugal
	100
	100
Nessa situação Portugal pode piorar a produção de algum bem para ter vantagem comparativa.
	
	Vinho
	Tecido
	Pv
	Pt
	Inglaterra
	120
	100
	108
	90
	Portugal
	80
	90
	89,6
	100,8
Voltamos àquela situação de equilíbrio quando Inglaterra e Portugal abrem o comércio.
 	Nessa situação Portugal possuí vantagens comparativas na produção do vinho em relação à Inglaterra, que possuí vantagens comparativas na produção do tecido, em relação à Portugal. Não esqueçamos que uma unidade de valor para Ricardo significa a quantidade de trabalho utilizada direta e indiretamente para produção de uma unidade do bem.
Pv = [(Tv).W] (1 + r); Se Pv for maior que o Preço Natural do Vinho, significa que ou” W” ou “r” estarásendo remunerada acima do natural. Sendo W salário e r a taxa de lucro.
 	Sendo (Pv) o preço do vinho em ouro e (Tv = Vinho) a quantidade direta e indireta de trabalho utilizada para produzir.
A Inglaterra se especiaria em tecido e Portugal em vinho.
 	David Ricardo não explica corretamente como se dará o ajuste. Nas aulas de Economia Política I ministradas pelo Prof. Alexandre Laino, é feito a suposição de que o ajuste ocorrerá pela variação do preço do ouro na Inglaterra e em Portugal. Suponhamos que o preço do ouro suba 10% na Inglaterra e caía 10% em Portugal. Então, a Inglaterra entregaria o produto do trabalho de 100 homens (produção de tecido inglês) em troca do trabalho de 80 homens (produção de vinho português).
 	Abrir o comércio aumenta as opções, cada um vai buscar comprar o mais barato. Os ingleses vão pegar seu ouro e vão a Portugal comprar vinho e vender tecido. Como vinho português é mais barato para produzir que o tecido inglês, então a Inglaterra vai perder sua quantidade de metais preciosos, logo o preço do ouro em termos dessa mercadoria que estão circulando vão vai aumentar – o preço dessas mercadorias que são medidas em ouro vão cair. Forma equivalente à desvalorização cambial. Se considerarmos essa hipótese como verdadeira, a arbitragem mundial e a abertura do comércio irá aumentar a eficiência econômica de ambos os países.
	
	Antes
	Depois
	Inglaterra
	1v + 1t = 120 + 100 = 220
	1v + 1t = 200
	Portugal
	1v + 1t = 80 + 90 = 170
	1v + 1t = 160
Para entender a teoria do comércio deve-se entender o mecanismo de transmissão.
 	A Inglaterra aumenta sua produtividade sobre o vinho. Assim aumenta a produção interna de vinho inglês, pois fica mais vantajoso. Com o tempo, a Inglaterra irá sair do comércio com Portugal. Durante um período Portugal continua importando tecido. Assim os preços de Portugal caem em relação ao ouro, enquanto que os preços da Inglaterra sobem. Assim Portugal irá passar a produzir o tecido internamente, pois ficou mais vantajoso.
 	Se essa melhoria for muito intensa, de modo que Inglaterra passe a exportar vinho e Portugal passe a exportar tecido, a situação ficará alternada, como mostrada a seguir.
	
	Vinho
	Tecido
	Tv/Tt
	Tv/Tt
	Inglaterra
	80
	100
	0,80
	1,21
	Portugal
	80
	90
	0,89
	1,12
Portugal não produzirá mais vinho, enquanto que a Inglaterra irá fazê-lo. Portugal irá produzir tecido, que não será produzido pela Inglaterra.
Concluímos que a melhora na tecnologia inglesa causa uma inversão na especialização.
	
	Vinho
	Tecido
	Pv
	Pt
	Inglaterra
	80
	100
	76
	95
	Portugal
	80
	90
	85,3
	95,4
Está sempre como pressuposto o mecanismo de que a Oferta determina a Demanda e de que não há desvio de capital quando ocorre abertura de comércio.
Podemos resumir todos esses exemplos na tabela abaixo.
	
	Vinho
	Tecido
	Pv
	Pt
	Exemplo 1
	
	
	
	
	Inglaterra
	120
	100
	108
	90
	Portugal
	80
	90
	89,6
	100,8
	Exemplo 2
	
	
	
	
	Inglaterra
	90
	100
	85
	95
	Portugal
	80
	90
	85
	95,4
	Exemplo 3
	
	
	
	
	Inglaterra
	80
	100
	78
	97
	Portugal
	80
	90
	82
	92
 	Se um país é superavitário, ele produz por um preço mais baixo, mas as mercadorias ficarão mais caras em relação ao ouro, devido à entrada de ouro que irá deixar o preço do ouro mais barato.
 	Sobre a relação salário e lucro, Ricardo acredita que o salário real que seria o salário de subsistência não irá variar muito, o lucro que irá variar.
O comércio só irá afetar o lucro se ele tornar a renda da terra ou o salário mais barato.

Outros materiais