Prévia do material em texto
RELATÓRIO NARRATIVO TÉCNICO: Geologia de Engenharia e Mecânica das Rochas Introdução — Contexto e propósito Fui solicitado a avaliar um talude natural e um túnel experimental em uma bacia colinosa, tarefa que se transformou num estudo abrangente sobre a interface entre geologia de engenharia e mecânica das rochas. Este relatório combina a narrativa do campo com exposição técnica, descrevendo investigação, análises laboratoriais, interpretação e recomendações de engenharia. Narrativa do campo Ao chegar ao local, na luz amena da manhã, o relevo evidenciava camadas inclinadas e descontinuidades aparentes. O primeiro contato foi com o proprietário que relatou pequenos desplacamentos após chuvas intensas. Percorri perfis expostos, marquei linhas de falha, tirei fotos e coletei amostras orientadas. Cada amostra carrega a história do emplazamento: textura, cimentação, grau de intemperismo. No bastão de sondagem observei a alternância entre um maciço endurecido e níveis de folhelho alterado — indicação imediata de variabilidade mecânica que exigiria ensaios complementares. Investigação e ensaios A investigação seguiu o protocolo: mapeamento geológico detalhado, sondagens a trado e percussão, ensaios de laboratório (resistência à compressão uniaxial — UCS, índice de resistência por point-load, ensaio de cisalhamento direto em juntas, ensaio triaxial quando aplicável) e determinação de propriedades físicas (densidade, porosidade, absorção, durabilidade ao intemperismo). Usei também classificação de maciço rochoso (RQD, RMR, Q) e avaliação da estrutura de descontinuidade (orientação, espaçamento, abertura, preenchimento, rugosidade). Aspectos de mecânica das rochas A mecânica das rochas lida com resistência e deformabilidade de blocos e do maciço em escala prática. Parâmetros-chave incluem resistência à compressão da matriz, coesão e ângulo de atrito das juntas, módulo de elasticidade e comportamento frágil versus dúctil. Sistemas de descontinuidade governam o colapso em taludes e túneis: planos favoráveis geram blocos instáveis, juntas persistentes reduzem capacidade portante e aumentam permeabilidade. Modelos empíricos e constitutivos (Hoek-Brown, critérios de Mohr-Coulomb) traduzem ensaios em previsões de estabilidade. Interpretação integrada Os resultados mostraram UCS médio de matrizes rochosas de 40–80 MPa, mas com zonas enfraquecidas (UCS