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RESEARCH 14-09-2025

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Análise Macro 
Os dados de inflação dos EUA confirmam um cenário de desinflação “lenta, porém 
contínua”. O CPI de agosto subiu 2,9% a/a (core 3,1% a/a), reforçando a tendência de queda 
gradual desde meados de 2024. Em termos mensais, o CPI avançou 0,3% s.a., com alimentos 
+0,3% e energia variando pouco. Esses números, combinados com um mercado de trabalho que 
arrefeceu (NFP de agosto fraco) e confiança do consumidor Michigan preliminar de setembro 
em 55,4 (mínima desde maio), sustentam a probabilidade elevada de corte de 25 pb na reunião 
do FOMC de 17/09. 
Na Europa o ECB manteve as taxas inalteradas em 11/09, avaliando a inflação “próxima 
da meta de 2%”, após uma sequência de cortes iniciada em 2024. O flash do HICP de agosto 
ficou em 2,1% a/a, com serviços ainda relativamente pressionados. A curva OIS precifica poucos 
cortes adicionais até meados de 2026, coerente com o guidance de “fim de ciclo ou muito 
próximo do fim” ventilado por membros do Conselho. 
Na China, o PMI Caixin manufatura de agosto subiu para 50,5, voltando à expansão e 
atenuando temores de desaceleração mais aguda no curto prazo. Ainda é um alívio tático, não 
estrutural. 
No Brasil, o IPCA de agosto registrou -0,11% m/m, levando a 5,13% a/a. Mesmo com o 
alívio no mês, a leitura anual segue acima da meta (3% ±1,5 pp), com serviços ainda resilientes 
pano de fundo que, somado ao cenário externo, respalda a manutenção da Selic na próxima 
reunião. 
Commodities: a combinação de OSP da Arábia Saudita para outubro reduzidos e a 
decisão da OPEC+ de elevar a produção em 137 kb/d a partir de outubro pressiona spreads de 
refino e ajuda a conter o Brent, apesar de ruídos geopolíticos. 
 
 
 
 
 
 
 
Política e Preço 
O eixo EUA–Brasil entrou em fase de tensão elevada. Após semanas de atrito, a Casa 
Branca impôs tarifa de 50% sobre importações do Brasil, com exceções relevantes anunciadas 
no decreto/ordens executivas subsequentes (vários itens industriais e agro foram parcialmente 
poupados), efetivas a partir de 06/08. O governo brasileiro iniciou processo formal para avaliar 
retaliação; cadeias de café e carnes já reportam desvio de fluxos e repasses de preços. 
No plano doméstico brasileiro, o STF condenou Jair Bolsonaro por tentativa de golpe e 
outros crimes, com pena de 27 anos e 3 meses. A condenação elevou o tom diplomático de 
Washington: o Secretário de Estado Marco Rubio declarou que os EUA “responderão”; antes, o 
governo já havia sancionado o ministro Alexandre de Moraes sob o Global Magnitsky e aplicado 
restrições de visto a autoridades brasileiras. Esse conjunto de ações somado às tarifas aumenta 
o risco de novas medidas direcionadas a indivíduos/instituições, com efeitos potenciais sobre 
bancos, fluxos e prêmios de risco locais. 
Nos EUA, a semana do FOMC ocorre sob “barulho político” incomum: há 
questionamentos à independência do Fed, disputa judicial envolvendo mandato de diretora e 
movimentações para nomeação de Stephen Miran. O mercado precifica corte de 25 pb (algumas 
fontes falam em 50 pb), mas o pano de fundo institucional adiciona volatilidade de headline. 
Na Europa, além do tema BCE, o spread OAT–Bund voltou a alargar diante da crise 
política francesa e incerteza fiscal, mantendo prêmio de risco francês acima do normal recente. 
Isso limita o espaço de cortes implícitos nas curvas periféricas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ações 
Estados Unidos: A temporada de dados recente reforça o “pouso suave”: crescimento 
desacelerando, inflação cadente mas acima de 2%, e Fed prestes a cortar. Com VIX baixo e 
spreads IG/HY comprimidos, o mercado precificou boa parte do alívio de juros. Taticamente, 
seguimos comprado em Mega Tech/AI (lucros resilientes, capex secular) e 
Qualidade/Profitability (balanços fortes), com atenção a alongamentos de múltiplo 
(sensibilidade à parte longa da curva) e a eventuais guidances mais cautelosos no 3T. 
Em Energy, o recuo do Brent após OPEC+/OSP reduz beta, mas majors integradas 
tendem a sustentar FCF. Industrials sensíveis a tarifas merecem seleção mais fina. 
Europa: Valuations relativos ainda atrativos em “valor cíclico” (bancos, seguros, energia) 
e segmentos de defensive growth (saúde, staples premium). O risco político francês mantém 
desconto sobre ativos domésticos e sobre OATs; preferimos nomes com exposição global e 
balanços robustos, evitando teses dependentes de estímulos fiscais. 
China/Ásia: O PMI Caixin >50 dá fôlego a exportadoras/indústria leve, mas o quadro 
imobiliário e de confiança segue frágil — mantemos foco em “policy beneficiaries” (infra verde, 
equipamentos elétricos) e líderes de semicadeias asiáticas menos expostas a tarifas de EUA. 
Brasil: O “mix” de IPCA em 5,13% a/a, câmbio volátil e ruído geopolítico (tarifas dos EUA 
e caso Bolsonaro) mantém a Selic alta por mais tempo e o risk premium elevado. O IBOV 
performou melhor com a queda recente do dólar e reabertura de risco, mas o case segue 
seletivo: (i) bancos defensivos com dividendos e alavancas de eficiência; (ii) energia/petróleo & 
gás, geração de caixa resiliente; (iii) consumo essencial, proteção em cenário de renda real 
positiva, porém sensível a câmbio e tarifas. Exportadoras com “hedge natural” ganham espaço, 
mas atenção a eventuais contramedidas comerciais. 
Gestão de risco e tática: Com MOVE e VIX em patamares contidos, a assimetria favorece 
comprar proteção tática em quedas de volatilidade (ex.: colares simplificados ou puts 
financiadas no índice/ativos mais esticados). Em crédito, carry segue interessante, mas os 
spreads comprimidos pedem qualidade e duration moderada, especialmente diante de um 
cenário em que o Fed corta, mas o prêmio de prazo continua oscilando. Em câmbio, DXY 
enfraquecendo e tarifas EUA–Brasil sugerem manter hedges cambiais proporcionais ao risco de 
cada carteira. 
 
 
 
 
 
 
 
 Christian Santana 
 Christian Santana 
Portfolio Manager | Phygo Gestão de Ativos 
(11) 97606-5237 · christian@phygo.com.br · phygo.com.br

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