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FGVIDT FGVIDT FGVIDT Sumário UNIDADE 01 – IMPORTÂNCIA DAS INSTITUIÇÕES 9 1.1 – ATO DA COMPRA 9 1.2 – ANTIGO REGIME 9 1.3 – CAPITALISMO COMERCIAL 10 1.4 – ESTADO 10 1.5 – REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 10 1.6 – ESTADO 11 1.6.1 - MERCADO 11 1.7 – DEMOCRACIA 11 1.8 – ESTADO DEMOCRÁTICO 12 1.9 – ELEIÇÕES 12 1.10 – DECISÕES POLÍTICAS 12 1.11 – PLURARISMO 12 1.12 – MODELO NORTE-AMERICANO 13 1.13 – ENGRENAGEM-MÃE 13 UNIDADE 02 – CIÊNCIAS ECONÔMICAS 14 2.1 – QUESTÕES DE ORDEM ECONÔMICA 14 2.2 – DEFINIÇÕES 14 2.3 – INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA 15 2.4 – COMPORTAMENTO HUMANO 15 2.5 – PREVISÕES 15 2.6 – TEORIA ECONÔMICA 16 2.7 – ARGUMENTOS 16 2.7.1 - ARGUMENTOS POSITIVOS E NORMATIVOS 16 2.8 – OBJETO DE ESTUDO 17 2.8.1 – LEI DA ESCASSEZ 17 2.9 – NECESSIDADES HUMANAS 17 2.9.2 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA SOCIAL 18 UNIDADE 03 – DEMANDA E OFERTA 19 FGVIDT 3.1 – ESCOLHAS RACIONAIS 19 3.2 – DEMANDA 19 3.2.1 - DEMANDA INDIVIDUAL 20 3.2.2 - INCLINAÇÃO NEGATIVA 20 3.2.3 - CURVA DE DEMANDA 20 3.2.4 - CÁLCULO DA DEMANDA 21 3.3 - DESLOCAMENTOS NA CURVA 21 3.3.1 - DESLOCADORES DA DEMANDA 22 3.3.2 – EXEMPLO 22 3.3.3 - DESLOCAMENTO DA E AO LONGO DA CURVA 22 3.4 – OFERTA DE UM BEM 23 3.5 - CURVA DE OFERTA 23 3.6 - OFERTA DO MERCADO 24 3.7 - DESLOCADORES DA CURVA DE OFERTA 24 3.7.1 - SUBSTITUTOS OU COMPLEMENTARES 25 3.7.2 - DESLOCAMENTOS DA E AO LONGO DA CURVA DE OFERTA 26 3.8 – PREÇO COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO 26 3.9 PREÇO DE EQUILÍBRIO 26 3.10 - LEI DA OFERTA E DA DEMANDA 27 UNIDADE 04 – PROBLEMAS ECONÔMICOS BÁSICOS 28 4.1 – PROBLEMAS ECONÔMICOS 28 4.2 – POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO 28 4.2.1 – TIPOS DE DECISÃO 28 4.3 – EXEMPLO 29 4.4 - CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO 29 4.5 – COMPOSIÇÕES 30 4.6 - CUSTO DE OPORTUNIDADE 31 4.7 - DIFÍCIL SUBSTITUIÇÃO 31 4.8 - RECURSOS LIMITADOS 31 UNIDADE 05 – VIDA ECONÔMICA 33 5.1 - MERCADOS COMPETITIVOS 33 5.1.1 - COMPETIÇÃO PERFEITA 33 5.2 - MODELO COMPETITIVO BÁSICO 33 5.3 - RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA 34 5.4 - EFEITO SUBSTITUIÇÃO 34 5.5 - REDUÇÃO NO CONSUMO 35 5.6 – POUPANÇA 35 5.7 - EXPECTATIVAS DO CONSUMIDOR 36 5.8 - AVALIAÇÃO DO ATIVO 36 5.9 – EXEMPLO 37 5.10 – SALÁRIO 37 UNIDADE 06 – FIRMAS 38 6.1 - PAPEL DAS FIRMAS 38 FGVIDT 6.2 - PRODUÇÃO DA FIRMA 38 6.3 - CURVA DE OFERTA 38 6.4 - DEMANDA POR CAPITAL 39 6.5 - DEMANDA POR TRABALHO 39 6.6 - EQUILÍBRIO DE MERCADO 40 6.6.1 - MERCADO DE TRABALHO 40 6.6.2 - NÍVEL DOS PREÇOS DE EQUILÍBRIO 41 UNIDADE 07 – MEDIDAS DE ATIVIDADE ECONÔMICA 42 7.1 - EQUILÍBRIO GERAL 42 7.1.1 - FLUXO CIRCULAR DE RENDA 42 7.1.2 - CONDIÇÃO DE EQUILÍBRIO 43 7.1.3 - INCLUSÃO DO SETOR PÚBLICO 44 7.1.4 – CRIAÇÃO DE MOEDA 44 7.1.5 - INCLUSÃO DO SETOR EXTERNO 44 7.2 - VALOR AGREGADO 45 7.3 - FLUXO CIRCULAR 45 7.4 - FLUXOS REAIS 46 UNIDADE 08 – DESPESA E RENDA 47 8.1 – PRODUTO INTERNO BRUTO 47 8.2 - COMPOSIÇÃO DO PIB 47 8.3 - MENSURAÇÃO DO PIB 48 8.4 - VALOR ADICIONADO 48 8.5 – RENDA 48 8.6 - VALOR DE BENS E SERVIÇOS 49 8.7 – COMPOSIÇÃO DO PIB 49 8.8 – EQUAÇÃO 50 8.9 – CATEGORIAS 50 8.10 - PIB E PNB 51 8.11 - DEPRECIAÇÃO DO CAPITAL 51 8.11.1 – PNL 51 8.11.2 - RENDA PESSOAL 52 8.11.3 - RENDA PESSOAL DISPONÍVEL 52 8.12 - PIB REAL E PIB NOMINAL 53 8.13 - DEFLATOR DO PIB 53 8.14 – VARIÁVEIS MACROECONÔMICAS 54 UNIDADE 09 – CRESCIMENTO ECONÔMICO 56 9.1 – CAPITALISMO 56 9.2 - CRESCIMENTO ECONÔMICO 56 9.3 - TEORIAS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO 57 9.4 - CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 57 9.5 - DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 58 9.6 - CRESCIMENTO VERSUS DESENVOLVIMENTO 58 FGVIDT UNIDADE 10 – PREÇOS E INFLAÇÃO 60 10.1 – INFLAÇÃO 60 10.2 – INFLAÇÃO 60 20.1.1 - EFEITOS 60 10.3 - PROCESSO INFLACIONÁRIO 61 10.4 - INFLAÇÃO DE DEMANDA 61 10.5 - INFLAÇÃO DE CUSTOS 62 10.6 - VARIÁVEIS NOMINAIS E VARIÁVEIS REAIS 62 10.7 - NEUTRALIDADE MONETÁRIA 63 10.8 - EQUAÇÃO DE TROCA 63 10.9 - TAXA DE INFLAÇÃO 64 10.10 - ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR 64 10.11 - CÁLCULO DO IPC 64 10.12 - OUTROS ÍNDICES DE PREÇOS 65 UNIDADE 11 – FUNÇÕES DA MOEDA 66 11.1 – RIQUEZA E RENDA 66 11.2 - FUNÇÕES DA MOEDA 66 11.2.1 - MEIO DE PAGAMENTO 67 11.2.2 - CUSTO DE TRANSAÇÃO 67 11.2.3 - UNIDADE DE CONTA 67 11.2.4 - RESERVA DE VALOR 68 11.2.5 - ATIVO LÍQUIDO 68 11.3 - MOEDA VERSUS QUASE-MOEDA 68 11.4 - TOTAL DE MOEDA 69 UNIDADE 12 – SISTEMA FINANCEIRO 70 12.1 - INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS 70 12.2 - INTERMEDIÁRIOS BANCÁRIOS 70 12.3 - INTERMEDIÁRIOS NÃO BANCÁRIOS 71 12.4 - BANCO CENTRAL 71 12.4.1 ATRIBUIÇÕES DO BANCO CENTRAL 72 12.4.2 - FUNÇÕES PRINCIPAIS 72 UNIDADE 13 – OFERTA E DEMANDA DE MOEDA 73 13.1 – AGREGADOS MONETÁRIOS 73 13.1.1 - CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MOEDA 73 13.1.2 - BANCOS COMERCIAIS 73 13.1.3 - CRIAÇÃO DE MOEDA 74 13.1.3.1 - PROCESSO DE CRIAÇÃO DE MOEDA 74 13.1.3.2 - PROGRESSÃO GEOMÉTRICA INFINITA 75 13.1.4 - MULTIPLICADOR BANCÁRIO 75 13.1.5 - CONTROLE DA BASE MONETÁRIA 76 13.2 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA 76 FGVIDT 13.3 - DEMANDA POR MOEDA 76 13.3.1 - MOTIVOS DA DEMANDA 76 13.3.2 - RETENÇÃO DE MOEDA 77 13.4 - TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA 77 13.5 - VELOCIDADE-RENDA DA MOEDA 77 13.6 - EQUAÇÃO DE TROCA 78 13.7 - MOTIVOS TRANSACIONAL E PRECAUCIONAL 79 UNIDADE 14 – ESTADO DA VIDA ECONÔMICA 80 14.1 – INTERVENÇÃO DO GOVERNO 80 14.2 – BENS PÚBLICOS 80 14.3 - FUNÇÃO ALOCATIVA 81 14.4 PRINCÍPIO DA EXCLUSÃO 81 14.5 BEM NÃO RIVAL 81 14.6 - EXCLUDENTES 82 14.7 - BENS DE CONSUMO COLETIVO 82 14.8 - DISTRIBUIÇÃO DE RENDAS 83 14.9 - FUNÇÃO DISTRIBUTIVA 83 14.10 - FUNÇÃO REGULADORA 83 UNIDADE 15 – ESTRUTURA TRIBUTÁRIA 84 15.1 – TRIBUTOS 84 15.2 - PRINCÍPIO DA NEUTRALIDADE 84 15.3 - PRINCÍPIO DA EQUIDADE 85 15.3.1 PRINCÍPIO DO BENEFÍCIO 85 15.3.1.1 - PREFERÊNCIA 85 15.3.2 - TAXAS ESPECÍFICAS 86 15.3.3 - PRINCÍPIO DA CAPACIDADE DE PAGAMENTO 86 15.4 - TIPOS DE TRIBUTOS 86 15.4.1 – SUBSÍDIOS 86 15.5 - CLASSIFICAÇÃO DOS IMPOSTOS 87 15.6 - OUTROS CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO 88 15.6.1 - OUTRA CLASSIFICAÇÃO 88 15.7 - EFEITOS DOS TRIBUTOS 88 15.8 - TIPOS DE DEFICIT PÚBLICO 89 15.9 - FINANCIAMENTO DO DEFICIT 89 15.9.1 – CONSEQUÊNCIAS 90 15.10 - ORÇAMENTO PÚBLICO 90 15.10.1 ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO 91 15.10.2 LEI ORÇAMENTÁRIA 91 15.10.3 - ORÇAMENTO GERAL 91 UNIDADE 16 – ESCOLA CLÁSSICA 92 16.1 – ILUMINISMO 92 16.2 – JOHN LOCKE 92 16.3 - CORRENTES NO ILUMINISMO 93 FGVIDT 16.4 – FISIOCRATAS 93 16.5 – LIBERALISTAS 93 16.6 – CRESCIMENTO 94 16.6.1 – ADAM SMITH 94 16.6.2 – ENRIQUECIMENTO 95 16.6.3 – DIVISÃO DO TRABALHO 95 16.6.4 – ATRIBUIÇÕES DO ESTADO 95 16.6.5 - DISTRIBUIÇÃO DE CAPITAL EXCEDENTE 96 16.6.6 – PREÇO DAS MERCADORIAS 96 16.6.7 – PRODUTO E TRABALHO 96 16.6.8 – MALTHUS 97 16.6.9 - SUPERPRODUÇÃO E PROTECIONISMO 97 UNIDADE 17 – KARL MARX 99 17.1 – SISTEMA ECONÔMICO 99 17.2 – SURGIMENTO DA TEORIA DO CAPITAL 99 17.3 – LUXO 100 17.4 – CONTRAPONTO 101 17.5 – PROPRIEDADE 101 17.6 – FLUXO DE CAPITAL 101 UNIDADE 18 – ESCOLA NEOCLÁSSICA 103 18.1 – REVOLUÇÃO MARGINALISTA 103 18.2 – IDEAS 103 18.3 – ESCASSEZ 104 18.4 – EQUILÍBRIO DA INFLAÇÃO 104 UNIDADE 19 – MODELO CONTEMPORÂNEO 105 19.1 – CRISE DE 1929 105 19.1.1 – CARACTERÍSTICAS 105 19.2 – INSUFICIÊNCIA DE DEMANDA 105 19.3 – GLOBALIZAÇÃO 106 19.4 – GRUPOS PRIVADOS 107 19.5 – EMPREGOS 107 19.6 – CONSUMIDORES 107 BIBLIOGRAFIA 109 FGVIDT Apresentação Em Fundamentos de Economia, determinaremos, a princípio, o objeto de estudo da Economia. Abordaremos também como é feita a mensuração do nível de atividade de uma economia. Trataremos do papel do Estado, do papel dos mercados e do papel da moeda na economia. Trataremos ainda da maneira de se determinar a inflação. Por fim, estudaremos a questão da globalização e como ela interfere no nível de atividade de uma economia, observando os fatores determinantes dos níveis de emprego e do crescimento10.2 – INFLAÇÃO O conceito de inflação é utilizado para descrever um aumento contínuo e generalizado do nível de preços da economia. A inflação representa um aumento da quantidade de moeda utilizada para se comprar um bem. O processo inflacionário faz com que o valor real da moeda seja depreciado. O processo inflacionário – especialmente aquele caracterizado por taxas elevadas, de grande variabilidade – promove distorções na estrutura produtiva da economia. Sem dúvida, a inflação afeta a economia. 20.1.1 - EFEITOS A distorção mais grave provocada pela inflação é a redução do poder aquisitivo dos trabalhadores assalariados que dependem de rendimentos fixos, com prazos legais de reajuste. Com o passar do tempo, esses trabalhadores têm sua renda real reduzida, até a chegada de um novo reajuste. FGVIDT Os trabalhadores de baixa renda são particularmente afetados. Muitos não têm condições de se proteger com aplicações financeiras. Elevadas taxas de inflação – em níveis superiores ao aumento de preços internacionais – encarecem o produto nacional em relação ao que é produzido externamente. Elevadas taxas de inflação tendem a provocar um estímulo às importações e um desestímulo às exportações, diminuindo o saldo da balança comercial. 10.3 - PROCESSO INFLACIONÁRIO Em um processo inflacionário, ocorre um desestímulo à aplicação de recursos no mercado de capitais financeiros. As aplicações em poupança e títulos, por exemplo, costumam sofrer retração, enquanto as aplicações em moeda estrangeira aumentam. Durante um processo inflacionário intenso, o valor da moeda deteriora-se rapidamente. No Brasil, essa distorção foi minimizada pela instituição do mecanismo de correção monetária. Por meio da correção monetária, alguns ativos passaram a ser reajustados por índices que refletiam o crescimento da inflação. Em épocas de aceleração da inflação, esse fato contribuiu para o desvio de grande parte dos recursos destinados a investimentos no setor produtivo da economia para aplicações no mercado financeiro. Taxas de inflação altas e muito oscilantes prejudicam a formação de expectativas com respeito ao futuro. O setor empresarial é, particularmente, bastante sensível a esse tipo de situação, dada a relativa instabilidade e imprevisibilidade de seus lucros. Por isso, a própria capacidade de produção futura – e, consequentemente, o nível de emprego – pode ser afetada pelo processo inflacionário. 10.4 - INFLAÇÃO DE DEMANDA Tradicionalmente, a literatura econômica consagrou duas correntes básicas... » a inflação provocada por excesso de demanda agregada – inflação de demanda; FGVIDT » a inflação causada por elevações de custos – inflação de custos. A inflação de demanda é o excesso de demanda agregada em relação à produção disponível de bens e serviços. A probabilidade de inflação de demanda aumenta quanto mais próxima a economia estiver do ponto de pleno emprego dos recursos da economia. Se houvesse desemprego em larga escala na economia, seria de se esperar que um aumento da demanda agregada correspondesse a um aumento na produção agregada de bens e serviços. Tal situação seria causada pela maior utilização de recursos antes não utilizados, sem que, necessariamente, ocorresse um aumento generalizado de preços. À medida que a economia se aproxima do pleno emprego, reduz-se a possibilidade de uma expansão rápida da produção e há maior repercussão sobre os preços. 10.5 - INFLAÇÃO DE CUSTOS A inflação de custos pode ser associada a uma inflação de oferta. A demanda permanece inalterada, mas os custos de certos insumos aumentam e são repassados aos preços dos produtos. O preço de um bem está intimamente relacionado a seus custos de produção. A inflação de custos também está associada ao fato de algumas firmas com elevado poder de mercado terem condições de elevar seus lucros acima do aumento dos custos de produção. Alguns economistas referem-se a esse tipo de inflação como inflação de lucro. Se os custos subirem, o preço do bem, provavelmente, aumentará. 10.6 - VARIÁVEIS NOMINAIS E VARIÁVEIS REAIS As variáveis econômicas podem ser divididas em nominais e reais. As variáveis nominais são mensuradas em unidades monetárias – o PIB nominal, o preço do milho e o preço do trigo, os salários nominais e a taxa de juro nominal FGVIDT As variáveis reais são mensuradas em unidades físicas – o PIB real, o preço relativo entre trigo e milho, e os salários reais. A produção de um país – variável real – depende da quantidade de fatores de produção e de produtividade, por exemplo. A taxa de juro real se ajusta para igualar oferta e demanda de fundos emprestáveis. É fácil perceber que nenhum desses dois casos está relacionado com a quantidade oferecida de moeda. 10.7 - NEUTRALIDADE MONETÁRIA A neutralidade monetária é um pressuposto segundo o qual alterações na oferta de moeda não afetam as variáveis reais da economia – apenas as variáveis nominais. Atualmente, os economistas aceitam que a neutralidade monetária seja válida apenas no longo prazo. No curto prazo, a moeda teria efeitos sobre as variáveis reais. 10.8 - EQUAÇÃO DE TROCA A velocidade da moeda é definida como o número médio de vezes por ano que R$ 1,00 é gasto na compra da quantidade total de bens e serviços produzidos na economia. A velocidade V é, mais precisamente, definida como o total das despesas P x Y dividido pela quantidade de moeda M, ou seja: V = (P x Y)/M Rearrumando essa equação, temos: MV=PY Esta é a chamada equação de trocas Portanto, o aumento na quantidade de moeda M terá reflexos sobre V, P e Y. Vale lembrar que V tende a ser estável, pois depende de fatores institucionais como frequência, regularidade e correspondência entre recebimentos e gastos. FGVIDT 10.9 - TAXA DE INFLAÇÃO Vejamos os elementos necessários para explicar a taxa de inflação, ou seja, a essência da teoria quantitativa da moeda... » V é relativamente estável ao longo do tempo; » e V é estável e M se altera, há variações proporcionais no produto nominal – P x Y; » a produção de bens e serviços é determinada pela oferta de fatores e tecnologia; » se Y é determinado pela oferta de fatores, quando há uma alteração na oferta de moeda M, ocorre, consequentemente, uma alteração no nível de preços P. Portanto, se M aumenta rapidamente, o resultado é o aumento da inflação. 10.10 - ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR A medida mais usual do nível de preços é o Índice de Preços do Consumidor. O IPC – Índice de Preços ao Consumidor – transforma os preços de muitos bens e serviços em um índice que mede o nível geral de preços. Para calcular o IPC... O primeiro passo é coletar os preços de vários bens e serviços. O segundo passo é calcular o preço de uma cesta de bens que um consumidor típico adquire. O IPC é o preço dessa cesta comparado com o preço da mesma cesta em um determinado ano-base. Pesos diferentes são atribuídos a cada produto, de acordo com sua importância para o consumidor – por exemplo, ao feijão é atribuído um peso maior do que à gelatina. 10.11 - CÁLCULO DO IPC Se o consumidor típico adquire 5 kg de feijão e 2 kg de arroz por mês, sua cesta é composta de 5 kg de feijão e 2 kg de arroz. FGVIDT O IPC é então: 10.12 - OUTROS ÍNDICES DE PREÇOS O Índice de Preços ao Consumidor é a medida de preços mais observada na economia, mas não é a única. Existem diversos índices de preços, calculados por entidades diferentes, que enfocam diversos produtos ou setores. Por esse motivo, os índices podem apresentar resultados divergentes. A taxa de desemprego é, por sua vez, definida como a razão entre o número de desempregados e a força de trabalho. FGVIDT Unidade 11 – FUNÇÕES DA MOEDA Nesta unidadeteremos como foco o estudo da moeda – o que a moeda significa nas economias capitalistas, o que são os chamados meios de pagamento e como se dá sua mensuração. 11.1 – RIQUEZA E RENDA Se alguém possui... » um apartamento; » algumas ações; » uma conta corrente com saldo de R$ 10.000,00; » um salário de R$ 5.000,00 mensais. A riqueza dessa pessoa é equivalente aos valores de seu apartamento, de suas ações e de seu saldo em conta corrente. A renda dessa pessoa – a cada ano – corresponderá ao salário recebido por ela ao longo do ano – R$ 60.000,00 –, mais os dividendos pagos, naquele ano, pelas ações que possui. A quantidade de moeda em seu poder será equivalente ao saldo em sua conta corrente. A definição de moeda que utilizaremos aqui será tudo aquilo aceito em pagamento de bens e serviços. 11.2 - FUNÇÕES DA MOEDA Em uma economia, a moeda funciona como meio de pagamento; unidade de conta e reserva de valor O meio de pagamento distingue a moeda dos outros ativos. FGVIDT 11.2.1 - MEIO DE PAGAMENTO Em quase todas as transações de mercado, a moeda – em forma de dinheiro ou cheque – é utilizada como meio de pagamento por bens e serviços. No entanto, nem sempre foi assim. Nas economias de escambo, um produtor de milho que desejasse cortar os cabelos deveria encontrar um cabeleireiro que estivesse disposto a cortar seus cabelos em troca de algumas espigas de milho. Essa busca – além de não ser sempre bem-sucedida – consumia um tempo que poderia ser gasto na produção de mais milho. 11.2.2 - CUSTO DE TRANSAÇÃO O tempo gasto na busca pela troca de bens ou serviços é um custo de transação – ou seja, custos em que as partes incorrem no processo de efetivação de uma negociação. A moeda também promove eficiência, permitindo que as pessoas se especializem naquilo que fazem melhor. Para que uma mercadoria funcione como meio de pagamento de maneira adequada, ela deve possuir algumas características... » deve ser amplamente aceita; » deve ser divisível; » deve ser de fácil manuseio; » deve ser facilmente padronizada, para simplificar a determinação de seu valor; » não deve deteriorar-se rapidamente. 11.2.3 - UNIDADE DE CONTA A moeda é utilizada como unidade de conta e também para medir valor de bens e serviços na economia. Se, em uma economia de escambo, existissem 9 bens – espigas de milho, cortes de cabelo e revistas –, os agentes deveriam conhecer 36 preços o preço de espigas de milho FGVIDT em relação a cortes de cabelo; o preço de espigas de milho em relação a revistas; o preço de cortes de cabelo em relação a revistas. Se, em uma economia de escambo, existissem 9 bens, os agentes teriam de conhecer 31 preços. O tempo gasto pelos agentes para conhecer o preço de seu bem em relação a todos os outros bens na economia seria muito grande. A moeda utilizada como unidade de conta reduz os custos de transação, na medida em que reduz o número de preços a serem considerados pelos agentes. 11.2.4 - RESERVA DE VALOR Uma outra função da moeda é a de reserva de valor. A reserva de valor é utilizada para poupar o poder de compra da hora em que a renda é recebida até o momento em que é gasta. A moeda não é o único ativo que funciona como reserva de valor. Alguns ativos oferecem ainda algumas vantagens sobre a moeda – pagam juros, experimentam valorização de preço e oferecem serviços – como, no caso de uma casa, moradia. Casas, obras de arte, ações e joias também podem ser usadas como reserva de valor. 11.2.5 - ATIVO LÍQUIDO Se outros ativos funcionam como reserva de valor e ainda oferecem algumas vantagens sobre a moeda, por que as pessoas mantêm moeda? A moeda é o ativo mais líquido de uma economia. Definir se uma reserva de valor é boa depende do nível de preços uma vez que o valor é fixado em termos do nível de preços. 11.3 - MOEDA VERSUS QUASE-MOEDA Definimos moeda como tudo que é geralmente aceito como forma de pagamento para bens e serviços. FGVIDT Três itens – moedas metálicas, notas e depósitos à vista – funcionam como meio de troca. Portanto, constituem, fundamentalmente, o que chamamos de moeda. Todavia, existem outros ativos – depósitos a prazo, caderneta de poupança, bônus do Banco Central – que, apesar de não serem considerados moeda, apresentam algumas características de moeda. Tais instrumentos são conhecidos como quase-moeda, pois são passíveis de serem transformados – sem grandes dificuldades – em moeda. Em outras palavras, os quase-moeda são ativos de grande liquidez. No entanto, o ativo que possui maior liquidez – ou total liquidez – é a moeda. Abaixo da moeda, estão as quase-moedas, que possuem um nível menor de liquidez. 11.4 - TOTAL DE MOEDA Para classificarmos o total de moedas de um país, fazemos uso do conceito de agregado monetário ou meio de pagamento, que pode ou não incluir as quase–moedas. No Brasil, existem cinco agregados monetários. FGVIDT Unidade 12 – SISTEMA FINANCEIRO Esta unidade apresenta os componentes do nosso Sistema Financeiro, destacando o importante papel que os bancos exercem na Economia e o papel do Banco Central como ator primordial na política monetária nacional. 12.1 - INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS Se alguém quisesse conceder um empréstimo a uma grande empresa, não telefonaria para o presidente oferecendo seus recursos. O empréstimo seria feito indiretamente, por meio de intermediários financeiros. Os intermediários financeiros são instituições encarregadas de transferir recursos de pessoas que os dispõem em excesso para outras que deles necessitam. Todas as operações de empréstimo são realizadas por meio de uma grande variedade de instrumentos financeiros. Os instrumentos financeiros – bancários e não bancários – apresentam características diversificadas em relação a risco, liquidez, rentabilidade e emitente. A grande variedade de instrumentos financeiros permite uma transferência de recursos e riscos mais eficiente em toda a sociedade. 12.2 - INTERMEDIÁRIOS BANCÁRIOS As principais funções do banco são: Intermediação financeira: É a função exercida por instituições financeiras especializadas. Consiste em transferir recursos entre poupadores e tomadores. A compra e venda de ativos mobiliários e de divisas são exemplos desta função. Transmutação de ativos: É a função referente à tarefa de transformar ativos FGVIDT com determinado perfil – vencimento, volume, risco de crédito, risco de preço e liquidez – em outros tipos de ativos com perfis diferentes. Câmara de compensação: É a função de intermediar trocas de moeda ou de liquidez na economia. Os bancos também realizam outras operações – serviços de custódia, administração de carteiras, corretagem e assessoria. 12.3 - INTERMEDIÁRIOS NÃO BANCÁRIOS Diferentemente dos bancos, os intermediários financeiros não bancários captam seus recursos por meio de; depósitos a prazo; certificados; recibos de depósitos bancários; letras de câmbio. No Brasil, os intermediários não bancários são todas as instituições financeiras, com exceção dos bancos. Os principais intermediários não bancários são... » bancos de investimento; » sociedades de crédito, financiamento e investimento – financeiras; » sociedades de crédito imobiliário; » sociedades de arrendamento mercantil – firmas de leasing; » sociedades corretoras e distribuidoras. 12.4 - BANCO CENTRAL O Banco Central do Brasil – BACEN – é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda e o principal executor das orientações do Conselho Monetário Nacional. O BACEN é responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional, tendo por objetivos: » zelar pela adequada liquidez da economia; » manter as reservas internacionais em nível adequado; FGVIDT » estimulara formação de poupança; » zelar pela estabilidade; » promover o permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro. 12.4.1 ATRIBUIÇÕES DO BANCO CENTRAL Entre as atribuições do Banco Central estão; emitir papel-moeda e moeda metálica, além de executar os serviços do meio circulante; receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias; realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras; regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis e efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais; exercer o controle de crédito e a fiscalização das instituições financeiras, além de autorizar o funcionamento dessas instituições; estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras; vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais e controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país. 12.4.2 - FUNÇÕES PRINCIPAIS Os Bancos Centrais, em todo o mundo, desempenham três funções principais... » banco dos bancos; » banco do governo; » executor da política monetária. FGVIDT Unidade 13 – OFERTA E DEMANDA DE MOEDA A moeda é um tipo especial de produto dentro da economia. Essa unidade abordará como se dá a demanda e a oferta desse tipo especial de produto. Nessa relação serão apresentados também elementos como taxa de juros e seus determinantes, bem como oferta e demanda de moeda.. 13.1 – AGREGADOS MONETÁRIOS Definimos moeda como tudo que é geralmente aceito como forma de pagamento para bens e serviços. Três itens – moedas metálicas, notas e depósitos à vista – atuam como meio de troca. As moedas metálicas, as notas e os depósitos à vista constituem, fundamentalmente, o que chamamos de M1. O M1 representa os agregados monetários de liquidez imediata que não rendem juros. Eles constituem, fundamentalmente, o que chamamos de moeda. 13.1.1 - CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MOEDA Há criação de moeda quando o volume de moeda manual e de moeda escritural aumenta. Quando falamos em criação e destruição de moedas, devemos pensar em dois casos... A criação – ou a destruição – de moeda manual corresponde a um aumento – ou a uma redução – do volume de moeda em poder do público. A criação – ou a destruição – de moeda escritural ocorre quando há um acréscimo – ou um decréscimo – dos depósitos à vista, a curto prazo, nos bancos comerciais. Por outro lado, haverá destruição de moeda quando o volume de meios de pagamento diminuir. 13.1.2 - BANCOS COMERCIAIS FGVIDT Um depósito à vista em um banco comercial representa, ao mesmo tempo, um ativo para o depositante e um passivo para o banco. Todavia, durante um dia, a todo instante são feitos depósitos e saques, de forma que somente uma pequena parcela do total dos depósitos é necessária para atender o movimento. Por isso, o banco comercial pode aceitar depósitos e conceder empréstimos contra esses depósitos. Geralmente, essa solicitação é feita pelo depositante por meio da emissão de cheques. 13.1.3 - CRIAÇÃO DE MOEDA Vamos supor que os bancos comerciais mantenham uma parcela de r% de seus depósitos como reservas e emprestem (1-r)% ao público. Essa parcela – mantida como reserva pelos bancos – é conhecida como... » taxa de reservas; » encaixes bancários; » relação reservas-depósitos. Se os clientes – por sua vez – decidirem reter uma parcela c% dos seus ativos monetários na forma de moeda manual, essa parcela c será chamada de taxa de retenção do público em relação aos meios de pagamento. 13.1.3.1 - PROCESSO DE CRIAÇÃO DE MOEDA Ao receber um depósito à vista, o banco comercial A retém r% do total do depósito e empresta a quantia restante – (1-r)% – ao público. Nesse momento, ocorre um aumento da oferta de moeda escritural correspondente à parcela (1-r)% do depósito inicial. FGVIDT O público – após receber o empréstimo – manterá c% como moeda manual e depositará o restante, (1-c)% de (1-r), no banco B. O banco B, por sua vez, reterá uma parcela equivalente a r% (1-c)(1-r) como reserva. Ademais, emprestará (1-r) de (1-r)(1-c), ou seja, (1-r)2(1-c). Esse processo continuará até que a expansão monetária cesse na enésima etapa. 13.1.3.2 - PROGRESSÃO GEOMÉTRICA INFINITA O processo de criação de moeda pode ser descrito como uma progressão geométrica infinita de razão (1-c)(1-r). Chamando multiplicador bancário de m, temos: 13.1.4 - MULTIPLICADOR BANCÁRIO O aumento múltiplo de depósitos gerado por aumento e reservas do sistema bancário é chamado de multiplicador bancário. O multiplicador bancário varia inversamente em relação à taxa de reservas ou à taxa de retenção do público. Quanto maior a taxa de reservas – r –, menos os bancos poderão emprestar ao público e menor será a expansão monetária. Esse movimento também é válido para a taxa de retenção do público – c. As reservas obrigatórias – ou exigências de reserva – são determinados pelo Banco Central. A taxa de reservas r pode ser decomposta em r1 – reservas e encaixes voluntários – e r2 – total de reservas obrigatórias. As reservas e encaixes voluntários são determinados pelo próprio banco. Representam a parcela dos depósitos que deve ser guardada em moeda para atender ao movimento normal do banco. FGVIDT 13.1.5 - CONTROLE DA BASE MONETÁRIA Além de c e r, o multiplicador bancário depende das variações da base monetária. A base monetária corresponde à moeda emitida mais as reservas bancárias. O Banco Central é o responsável pelo controle da base monetária e, por conseguinte, dos demais agregados monetários. O controle da base monetária é feito por meio dos instrumentos de política monetária. 13.2 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA São três os instrumentos de política monetária mais utilizados pela autoridade monetária... Reservas obrigatórias: Correspondem à parcela dos depósitos à vista – determinada pelo Banco Central – que deve ser mantida como reserva pelos bancos comerciais. Operações de mercado aberto – ‘open market’: Consistem na compra e venda de títulos do governo – por parte do Banco Central – no mercado de capitais. Política de redesconto: O Banco Central – no exercício de sua função de banco dos bancos – empresta fundos líquidos a outros estabelecimentos bancários por meio de empréstimos diretos ou do redesconto de títulos. 13.3 - DEMANDA POR MOEDA A demanda por moeda de firmas e famílias corresponde ao volume de moeda retido, em média, pelo setor privado não bancário. Esse volume de moeda pode ficar retido com o público, no cofre das firmas ou ainda em depósitos à vista nos bancos comerciais. 13.3.1 - MOTIVOS DA DEMANDA São três os motivos que levam o público a demandar moeda... FGVIDT Motivo transacional: O dinheiro representa um meio de troca que pode ser usado na realização de transações cotidianas. Motivo precaucional: Além de ser útil em transações comuns, o dinheiro serve para casos de necessidades inesperadas. Motivo especulativo: A moeda é uma reserva de valor que, apesar de não render juros, possui como vantagem a liquidez imediata. 13.3.2 - RETENÇÃO DE MOEDA O motivo transacional e o motivo precaucional para reter moeda dependem do nível de renda nominal do indivíduo. Quanto maior o nível de renda, maior a necessidade de se reter moeda – motivos transacional e precaucional. Já a demanda por moeda – motivo especulativo – é inversamente proporcional ao nível das taxas de juros da economia. A demanda por moeda pela coletividade também é afetada por outras variáveis – expectativas acerca das taxas futuras de inflação, da estrutura do mercado financeiro e de capitais. 13.4 - TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA A Teoria Quantitativa da Moeda – desenvolvida no séculoXIX, início do século XX – discorre sobre a forma como é determinado o valor nominal da renda agregada. Por indicar a quantidade de moeda que deve ser mantida para uma dada quantia de renda agregada, essa teoria também representa a teoria da demanda por moeda A característica mais importante dessa teoria é pressupor que as taxas de juros não têm nenhum efeito sobre a demanda por moeda Para compreendermos melhor, é necessário definirmos o conceito de velocidade-renda da moeda. 13.5 - VELOCIDADE-RENDA DA MOEDA Velocidade-renda da moeda – ou velocidade de circulação da moeda – corresponde FGVIDT ao número médio de vezes por ano que R$ 1,00 é gasto na compra da quantidade total de bens e serviços produzidos na economia. A velocidade de circulação da moeda é mais precisamente definida como: Se o PIB nominal for igual a R$ 400 bilhões e a quantidade de moeda na economia for igual a R$ 100 bilhões, a velocidade da moeda será igual a 4. Cada nota de real foi gasta 4 vezes na compra de bens e serviços finais na economia. 13.6 - EQUAÇÃO DE TROCA Tomemos por base a fórmula da velocidade-renda da moeda. V = (P x Y)/M Onde: V = velocidade de circulação da moeda P = despesa Y = produto M = quantidade de moeda Multiplicando ambos os lados por M, obteremos a equação de troca, que relaciona a renda nominal à quantidade de moeda e à velocidade. FGVIDT M x V = P x Y Ou seja, a quantidade de moeda multiplicada pelo número de vezes que essa moeda é gasta, em um determinado período, deve ser igual à renda nominal. Dividindo ambos os lados da equação de troca por V, temos: M = PY/V Onde a renda nominal P x Y é escrita como PY. Em equilíbrio, a quantidade de moeda M que as pessoas possuem equivale à quantidade de moeda demandada Md. Por isso, podemos substituir M na equação por Md. Como V é uma constante, 1/V também é uma constante. Portanto, podemos substituí- la por k. Md = k x PY 13.7 - MOTIVOS TRANSACIONAL E PRECAUCIONAL A quantidade de moeda demandada será diretamente proporcional ao nível de renda nominal PY. A Teoria Quantitativa da Moeda contempla apenas os motivos transacional e precaucional para a demanda por moeda. A Teoria Quantitativa da Moeda ignora qualquer relação entre a demanda por moeda e as taxas de juros da economia. Os conceitos de demanda por moeda, da Teoria Quantitativa da Moeda e da velocidade da moeda são importantes para compreendermos o impacto das políticas monetárias sobre os agregados macroeconômicos. FGVIDT Unidade 14 – ESTADO DA VIDA ECONÔMICA Nesta unidade analisaremos o papel do Estado na vida econômica das pessoas, das organizações e dos mercados como um todo, demonstrando como suas ações podem afetar a tomada de decisão dos demais agentes. 14.1 – INTERVENÇÃO DO GOVERNO O governo é capaz de afetar a economia por meio de quatro fatores básicos... » despesas; » tributos; » controles; » empresas estatais. As decisões do governo de gastar, taxar, regular ou estabelecer uma empresa estatal influenciam as decisões do setor privado. 14.2 – BENS PÚBLICOS Existem alguns bens que o mercado não é capaz de prover adequadamente. Esses bens possuem algumas características específicas – são os bens públicos. Em relação aos bens públicos, o Estado exerce as seguintes funções: Função alocativa: O Estado provê adequadamente os bens públicos. Função distributiva: O Estado distribui a renda de maneira justa. FGVIDT Função reguladora: O Estado funciona como agente regulador da economia. 14.3 - FUNÇÃO ALOCATIVA O Estado pode desempenhar função alocativa. Quando o mercado não é capaz de fornecer determinados bens e serviços para a população de maneira satisfatória surge a necessidade de o Estado desempenhar sua função alocativa. A principal característica desses bens e serviços é que, uma vez oferecidos, torna-se impossível excluir determinados indivíduos de seu consumo. 14.4 PRINCÍPIO DA EXCLUSÃO Segundo o princípio da exclusão, se o indivíduo A consome um bem, é porque pagou pelo mesmo. Se o indivíduo B não pagou este bem, deverá ser excluído do consumo deste bem. O consumo de um bem é rival – ou de consumo excludente – quando o consumo realizado por um agente exclui, automaticamente, o consumo por outros indivíduos. Para consumir um lanche, o indivíduo A precisa pagar por ele. Uma vez que o indivíduo A pagou por seu lanche, o indivíduo B não terá oportunidade de se beneficiar do mesmo lanche. Um lanche rápido é um exemplo de bem rival. 14.5 BEM NÃO RIVAL O indivíduo A pagou por um poste de luz e poderá dele se beneficiar. No entanto, é impossível impedir que seu vizinho de porta se beneficie também do poste de luz – mesmo sem pagar por ele. FGVIDT Neste caso, o poste de luz é um bem não rival. O consumo de um bem é não rival – ou não satisfaz o princípio da exclusão – quando o consumo por um indivíduo não diminui a quantidade a ser consumida por outro indivíduo. O mesmo não acontecerá caso o indivíduo A decida instalar um poste de luz em frente a sua casa. 14.6 - EXCLUDENTES No caso de bens rivais, cabe ao sistema de preços selecionar os indivíduos que poderão ou não consumir o bem... Se 100 mil livros de economia são produzidos e existem 150 mil alunos que desejam um desses livros, o sistema de preços se encarregará de excluir 50 mil alunos do consumo desse bem. Vejamos as diferenças. No caso de bens públicos, o fato de um agente utilizar o serviço ou consumir um bem não significa a redução física de oferta deste mesmo bem para os demais agentes. O fato de cada um de nós nos beneficiarmos de um sistema público de iluminação ou de segurança não afeta o benefício que outros indivíduos poderão extrair dos mesmos serviços. 14.7 - BENS DE CONSUMO COLETIVO No caso de bens de consumo coletivo, o fato de um bem ou serviço ser de consumo não excludente só é válido quando a utilização desse bem não está saturada. Um bem de consumo coletivo pode ser uma área de lazer em um domingo de sol. O consumo de um bem coletivo por um indivíduo não afeta o benefício extraído por outros. Contudo, se todos resolverem desfrutar o domingo no parque, as quadras de futebol estarão lotadas, as bicicletas não conseguirão atravessar a multidão de pedestres, as pessoas esbarrarão umas nas outras. Por outro lado, existem bens que satisfazem o princípio da exclusão, mas são providos pelo Estado por outros motivos – bem semipúblico ou meritório, como os serviços de saúde FGVIDT e saneamento básico. 14.8 - DISTRIBUIÇÃO DE RENDAS Para a maior parte das famílias, a parcela de renda mais significativa é a proveniente do trabalho. A distribuição das rendas do trabalho depende da produtividade da mão de obra e da utilização dos demais fatores de produção do mercado. 14.9 - FUNÇÃO DISTRIBUTIVA Se deixarmos o mercado funcionar livremente, teremos uma distribuição de renda que dependerá da produtividade de cada indivíduo, mas que sofrerá influência das dotações iniciais de patrimônio. O governo – por meio do sistema tributário, das políticas de gastos públicos ou dos subsídios é capaz de transferir recursos dos segmentos mais ricos da sociedade – pessoas, setores ou regiões – para os segmentos mais necessitados. Dessa forma, o governo estaria desempenhando sua função distributiva. 14.10 - FUNÇÃO REGULADORA A função reguladora do governo refere-se à intervenção do Estado na economia. Essa intervenção é feita com o intuito de alterar o comportamento dos preços e dos empregos – uma vez que a estabilidade de preços e empregos não se estabelece naturalmente. FGVIDT Unidade 15 – ESTRUTURA TRIBUTÁRIA Uma das formas mais expressivas de intervenção do Estado na economia é por meioda tributação. Nesta unidade estudaremos a gênese dos tributos, a maneira como afetam os diferentes agentes economicos e como contribuem para as finanças públicas. 15.1 – TRIBUTOS O Estado obtém recursos para cumprir suas funções perante a sociedade por meio da arrecadação de impostos. A arrecadação de impostos compõe a receita fiscal do Estado. Contudo, há alguns princípios que a teoria da tributação deve observar. Dentre esses princípios, dois são fundamentais o princípio da neutralidade e o princípio da equidade. 15.2 - PRINCÍPIO DA NEUTRALIDADE Na economia de mercado, o sistema de preços relativos funciona como guia para as decisões de alocação de recursos pelos indivíduos. Os impostos podem gerar distorções sobre o sistema de preços relativos, alterando as decisões do setor privado. Suponha que, sobre o preço de todas as canetas azuis, incida uma taxa de R$ 0,50, e as canetas pretas estejam isentas do mesmo imposto. Nesse caso, o imposto não é neutro no que diz respeito às canetas. Há incentivo para que as pessoas comprem canetas pretas e as canetas azuis vão acabar-se acumulando nos estoques das papelarias. A neutralidade dos tributos é obtida quando o sistema de preços relativos não é alterado, o que minimiza a interferência do Estado sobre as decisões econômicas dos agentes. FGVIDT Contudo, a aplicação adequada dos tributos pode ser utilizada na correção das ineficiências do setor privado. 15.3 - PRINCÍPIO DA EQUIDADE De acordo com o princípio da equidade, o peso dos tributos deve ser distribuído de maneira justa entre os indivíduos. Há dois princípios alternativos para se determinar o que é justo... » princípio do benefício; » princípio da capacidade de pagamento. 15.3.1 PRINCÍPIO DO BENEFÍCIO Os impostos são arrecadados com o objetivo de custear bens e serviços oferecidos pelo governo. Aparentemente, uma forma justa de tributar seria aquela em que cada contribuinte pagasse ao Estado um montante diretamente relacionado aos benefícios que recebesse. Portanto, segundo o princípio do benefício, os contribuintes que mais se beneficiassem dos bens e serviços oferecidos pelo governo seriam aqueles que pagariam impostos mais altos. O principal problema da implementação do princípio do benefício é identificar, exatamente, o quanto cada indivíduo é beneficiado por cada bem ou serviço público. Entretanto, o princípio do benefício apresenta alguns problemas de implementação. Como o consumo do bem público é coletivo, é possível também que as pessoas não revelem suas preferências, temendo aumento em sua contribuição. 15.3.1.1 - PREFERÊNCIA Preferência é um conceito usado em Economia que significa uma escolha real ou imaginária entre certas alternativas e a possibilidade de ordená-las. FGVIDT Mais genericamente, pode ser vista como uma fonte de motivação. As preferências individuais determinam a escolha dos objetivos. 15.3.2 - TAXAS ESPECÍFICAS Outro problema relacionado ao princípio do benefício é que, muitas vezes as pessoas mais beneficiadas pelos bens públicos são aquelas pertencentes às classes mais necessitadas da população. Com a aplicação do princípio do benefício, temos os serviços públicos que utilizam taxas específicas para seu financiamento – transportes e energia. Dessa forma, não seria adequado elevar o valor dos impostos sobre essas pessoas. 15.3.3 - PRINCÍPIO DA CAPACIDADE DE PAGAMENTO Segundo o princípio da capacidade de pagamento, os agentes – famílias, firmas, entre outros – deveriam contribuir com impostos de acordo com sua capacidade de pagamento, como é o caso do imposto de renda. As medidas utilizadas para mensurar a capacidade de pagamento de um indivíduo são, geralmente, renda, consumo e patrimônio. 15.4 - TIPOS DE TRIBUTOS Os tributos englobam os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria. As taxas são cobradas pela utilização – efetiva ou potencial – de serviços públicos específicos e divisíveis prestados ao contribuinte. A contribuição de melhoria é cobrada quando uma determinada obra pública aumenta o valor patrimonial dos bens imóveis localizados em sua vizinhança. Os impostos têm várias formas de classificação. 15.4.1 – SUBSÍDIOS Subsídios são aplicados para estimular, artificialmente, o consumo ou a produção de um bem ou serviço. FGVIDT Nesse sentido, atuam de modo diverso dos impostos. Geralmente, os subsídios visam ao alcance de metas sociais, favorecendo determinado grupo de pessoas, atividades ou regiões de um país. Um subsídio é a diferença entre o preço real de um bem ou serviço e o preço cobrado ao consumidor desse bem ou serviço. Há dois tipos de subsídios... » subsídios à oferta; » subsídios à demanda. Os subsídios à oferta são outorgados a produtores de bens ou serviços. Os subsídios à demanda podem ser: » diretos – o governo paga diretamente uma parte do serviço a alguns consumidores; » cruzados – alguns consumidores pagam mais para permitir que outros paguem menos. Nesse caso, como a renda total da empresa se mantém constante, o setor, em sua totalidade, não está sendo subsidiado, mas sim alguns usuários estão subsidiando o consumo de outros usuários. 15.5 - CLASSIFICAÇÃO DOS IMPOSTOS Uma primeira forma de classificação considera que os impostos podem ser divididos em duas categorias. Imposto direto: Incide sobre a renda e a riqueza – ou patrimônio. Neste caso, o próprio contribuinte arca com o ônus. Imposto indireto: Incide sobre as transações de mercadorias e serviços. A firma recolhedora do imposto não arca, necessariamente, com seu ônus, pois o recolhimento é feito de maneira que se possa transferi-lo para terceiros. FGVIDT 15.6 - OUTROS CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO Um outro critério categoriza os impostos em regressivos, proporcionais ou neutros e progressivos. Imposto regressivo: A relação entre carga tributária e renda decresce com o aumento do nível de renda. Com isso, as pessoas de menos renda são, relativamente, mais oneradas. Imposto proporcional ou neutro: A relação entre carga tributária e renda permanece constante em relação a aumentos do nível de renda – onerando, igualmente, todos os segmentos sociais. Impostos progressivos: A relação entre carga tributária e renda aumenta conforme o aumento da renda. Este tipo de tributo onera mais, proporcionalmente, os indivíduos com maior poder aquisitivo. 15.6.1 - OUTRA CLASSIFICAÇÃO Há ainda uma terceira forma de classificação, na qual os impostos são divididos em... » impostos sobre uso – quando tributam destinos específicos; » impostos sobre fontes – quando tributam, diretamente, a fonte de renda. 15.7 - EFEITOS DOS TRIBUTOS A literatura econômica considera que os tributos representam um peso sobre os contribuintes. Por outro lado, incentivos fiscais – redução das alíquotas ou subsídios – podem ser utilizados para que se atinjam objetivos específicos. No Brasil, incentivos fiscais para empresas têm sido utilizados, largamente, para... » transferir renda para as regiões menos desenvolvidas do país; » fortalecer setores prioritários; FGVIDT » promover as exportações. Entretanto, um dos fatores que determinam o impacto dos tributos sobre o sistema de preços e o nível de atividade econômica é a estrutura de alíquotas. Os impostos reduzem a renda disponível dos agentes e podem gerar distorções sobre o sistema de preços relativos – o comportamento do preço de um bem em relação a outro bem. 15.8 - TIPOS DE DEFICIT PÚBLICO O deficit público pode ser de quatro tipos... ‘Deficit’ nominal ou total: Corresponde ao deficit total do governo e inclui juros e correções – monetária e cambial – da dívida passada. ‘Deficit’ primário ou fiscal: Corresponde ao deficit nominal e exclui as correções monetária e cambial,bem como o pagamento de juros reais sobre a dívida contraída anteriormente. Refere-se, portanto, à diferença entre os gastos públicos e a arrecadação tributária no exercício, independentemente dos juros e das correções da dívida passada. ‘Deficit’ operacional: Corresponde ao deficit primário acrescido do pagamento de juros reais sobre a dívida passada. Constitui-se, desse modo, no deficit total ou nominal, excluindo as correções monetária e cambial. É considerado a medida mais adequada para refletir as necessidades reais de financiamento do setor público. ‘Deficit’ de caixa: Corresponde à parcela do deficit público financiada pela autoridade monetária. Esta definição omite as parcelas do financiamento do setor público externo e do resto do sistema bancário, bem como dos fornecedores e empreiteiros. 15.9 - FINANCIAMENTO DO DEFICIT Ao confrontar-se com uma situação de deficit, o governo, além das medidas tradicionais de política fiscal – aumento de impostos ou corte de gastos –, tem de definir uma estratégia de financiamento. FGVIDT O governo poderá financiar esse deficit por meio de recursos extrafiscais. Neste caso, são duas as principais fontes de recursos... Emissão de moeda: O Tesouro Nacional pede emprestado ao Banco Central. Emissão de títulos: São emitidos títulos da dívida pública ao setor privado – interno e externo. 15.9.1 – CONSEQUÊNCIAS A emissão de títulos não deveria, inicialmente, gerar pressões inflacionárias. No entanto, a necessidade de pagamento de juros sobre o montante extra de endividamento implica um aumento futuro da carga tributária. A emissão de moeda é conhecida como monetização da dívida ou seja, o Banco Central cria moeda para financiar a dívida do Tesouro Nacional. A monetização da dívida não aumenta o montante do endividamento público junto ao setor privado, mas gera inflação e, por conseguinte, imposto inflacionário sobre os saldos monetários detidos pelos agentes. 15.10 - ORÇAMENTO PÚBLICO O orçamento público contempla vários aspectos – político, jurídico, contábil, econômico, financeiro e administrativo. Simplificadamente, o orçamento público pode ser visto de duas formas – orçamento tradicional e orçamento moderno. Orçamento tradicional: A principal função do orçamento tradicional, quando este foi elaborado pela primeira vez, na Inglaterra, por volta de 1822, era disciplinar as finanças públicas e possibilitar aos órgãos de representação um controle político sobre o Poder Executivo. Nesse tipo de orçamento, o aspecto econômico não estava em primeiro plano. Orçamento moderno: No início do século XX, o governo passou a desempenhar um papel preponderante na manutenção da atividade econômica. Em função disso, as alterações orçamentais ganharam grande destaque. FGVIDT A principal função do orçamento moderno é de auxiliar o Poder Executivo na programação, na execução e no controle do processo administrativo. 15.10.1 ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO No Brasil, a elaboração do orçamento segue as determinações do Artigo 165 da Constituição Federal de 1988. O Poder Executivo – por meio de lei – estabelece o plano plurianual; as diretrizes orçamentárias; e os orçamentos anuais. 15.10.2 LEI ORÇAMENTÁRIA § 5° A Lei orçamentária anual compreenderá... I – o orçamento fiscal referente aos poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público; II – o orçamento de investimentos das firmas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta e indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo poder público. § 6° O projeto da lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia – as chamadas renúncias fiscais. 15.10.3 - ORÇAMENTO GERAL Vejamos como é constituído o orçamento geral da União... O orçamento geral da União é formado pela soma de orçamento fiscal; orçamento das estatais; orçamento da seguridade social e renúncias fiscais. FGVIDT Unidade 16 – ESCOLA CLÁSSICA Nessa unidade veremos o início dos estudos da Economia na ótica de Adam Smith (o “pai” da Economia) e Thomas Malthus, dois pensadores que, ainda que antigos, trazem grandes contribuições até mesmo para entender os dias atuais. 16.1 – ILUMINISMO A corrente clássica emerge no apogeu da Era das Luzes, no século XVIII, o Iluminismo – com origem em René Descartes. O Absolutismo tornara-se insustentável diante de tantas contradições. A Inglaterra adquiria uma nova configuração social com a industrialização e o êxodo rural. Não existiam legislações trabalhistas – as jornadas de trabalho nas fábricas chegavam a superar 14 horas. Surgia o Iluminismo, que considerava o racionalismo como única fonte de conhecimento. As tensões envolvendo monarcas, nobreza e burguesia culminaram em um clima de tensão na Europa. A burguesia equipou-se com armas teóricas de argumentação, a fim de justificar uma revolução e criar uma nova ordem política. 16.2 – JOHN LOCKE O inglês John Locke foi quem mais influenciou a Escola Clássica da Economia. Locke acreditava que embora a terra e todas as criaturas inferiores sejam comuns a todos os homens, cada homem tem uma propriedade em sua própria pessoa; a esta ninguém tem direito senão ele mesmo. O trabalho de seu corpo e a obra de suas mãos, pode dizer-se, são propriamente dele. Seja o que for que ele retire do estado que a natureza lhe forneceu e no qual deixou, FGVIDT fica-lhe misturado ao próprio trabalho, juntando-se-lhe algo que lhe pertence, e, por isso mesmo, tornando-se propriedade dele. Nesse princípio, funda-se grande parte da teoria clássica e do liberalismo atual. 16.3 - CORRENTES NO ILUMINISMO No Iluminismo, estabelecem-se duas correntes de interpretação econômica a fisiocracia e a liberal. As ideias dos fisiocratas e dos burgueses – Adam Smith, Ricardo, Malthus e John Stuart Mill – convergiam em relação a duas necessidades; maior liberdade comercial e força de trabalho dotada de flexibilidade. 16.4 – FISIOCRATAS Os fisiocratas criticavam as ideias mercantilistas dominantes por acreditarem ser a terra a única fonte de riqueza – e não os metais preciosos. Considerando um mundo essencialmente agrícola e ameaçado pela falta de alimentos, é compreensível a priorização da agricultura. Os fisiocratas acreditavam que só a terra poderia causar o milagre da criação e que a indústria só transformaria matéria-prima em produtos. Os fisiocratas desconsideravam o potencial das máquinas como ferramentas para o aumento da produtividade. 16.5 – LIBERALISTAS Os liberalistas eram voltados para a macroeconomia e para a política econômica. Entretanto, a análise econômica dos liberalistas reduzia-se aos saldos favoráveis da balança comercial. Como a força do Estado se concentrava no acúmulo de material precioso, ele deveria restringir as importações e incitar as exportações. Se considerarmos que um Estado exporta somente se o outro estiver disposto a aceitar FGVIDT a negociação como haveria economia se todos agissem por esse método? Tal princípio resultou em um nacionalismo exacerbado, em protestos e guerras, pois a política econômica mercantilista aumentou – ainda mais – a ação do Estado nas negociações. Diante desse quadro, os pensadores da Escola Clássica criticaram esse princípio, buscando um novo modelo para o mundo. 16.6 – CRESCIMENTO A Escola Clássica se preocupava com o crescimento de longo prazo e comas implicações da distribuição de renda entre as classes como forma de promover esse crescimento. Portanto, o crescimento se dava com a acumulação do capital. 16.6.1 – ADAM SMITH Adam Smith – 1723-1790 – é considerado o pai da Economia – enquanto ciência –, pois sistematizou a análise econômica no livro A riqueza das nações. A riqueza das nações apresenta a divisão do trabalho como método fundamental para o crescimento da produção e do mercado. Adam Smith, por se incomodar com o sistema fisiocrático, buscou uma forma mais adequada para a economia política. Em A riqueza das nações, Adam Smith concebe a riqueza como a aplicação de um sistema metódico ao trabalho humano. O volume de produção seria capaz de trazer uma série de consequências positivas. » o aproveitamento do tempo; » o aperfeiçoamento do homem; » o enriquecimento. A grande questão de A riqueza das nações pode ser sintetizada dessa forma. Que fatores causam o enriquecimento das nações? FGVIDT 16.6.2 – ENRIQUECIMENTO Segundo Adam Smith, a livre concorrência poderia forçar o empresário a ampliar a produção buscando novas técnicas, aumentando a qualidade do produto e baixando, ao máximo, os custos de produção. Isso resultaria ainda em desenvolvimento! 16.6.3 – DIVISÃO DO TRABALHO Em A riqueza das nações, a divisão do trabalho institui-se em pleno processo de industrialização. Por exemplo, uma manufatura muito pequena, mas na qual a divisão do trabalho é importante – a fabricação de alfinetes. Um operário não treinado para essa atividade, nem familiarizado com as máquinas, dificilmente poderia fabricar um único alfinete. Entretanto, essa atividade está dividida por uma série de setores. Um operário desenrola o arame, outro o endireita, um terceiro operário corta o arame, enquanto um quarto faz as pontas e um quinto afia as pontas para colocar a cabeça do alfinete. Dessa forma, a atividade de fabricar o alfinete está dividida em, aproximadamente, 18 operações distintas. Em algumas manufaturas, essas tarefas são executadas por pessoas diferentes. Em outras, um mesmo operário executa duas ou três operações consecutivas. Divididos por tarefa, mesmo se não muito hábeis, esses funcionários fabricavam 12 libras de alfinetes por dia. Ora, uma libra contém mais de 4 mil alfinetes de tamanho médio. Portanto, essas pessoas conseguiam produzir mais do que 48 mil alfinetes por dia. Ou seja, cada um produzia 4.880 diariamente. Contudo, se cada um desses funcionários trabalhasse independentemente e não tivesse sido preparado para esse tipo de atividade, certamente, cada um deles não conseguiria fabricar 20 alfinetes por dia. 16.6.4 – ATRIBUIÇÕES DO ESTADO É em Smith que todos os estudiosos da Economia clássica vão focar seus FGVIDT estudos. Segundo Adam Smith, caberia ainda ao Estado: A emissão do papel-moeda; O controle da taxa de juros; A proteção – sob quaisquer circunstâncias – da propriedade privada. Adam Smith representou a revolta contra a política mercantilista – política de restrição, regulamentação e contenção por parte do Estado. 16.6.5 - DISTRIBUIÇÃO DE CAPITAL EXCEDENTE Uma das questões que afligia Adam Smith era a distribuição do capital excedente entre as classes sociais. Essa questão foi respondida com propriedade por David Ricardo, como veremos a seguir. 16.6.6 – PREÇO DAS MERCADORIAS David Ricardo tentou interpretar a natureza da inflação em Londres até se envolver na discussão sobre o preço das mercadorias. Ao tentar pesquisar esse tema, Ricardo se deparou com o problema do valor. Segundo David, o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho nela empregado – não somente o trabalho incorporado ao homem como também o trabalho incorporado à máquina. Nesses custos, está incluído o trabalho do homem naquele produto. No cerne de mercadoria, encontram-se seu valor e seus custos para produção. A obra ricardiana opõe-se a de Malthus e exerce influência sobre Marx e sobre os socialistas da época, principalmente, na ideia de distribuição dos produtos entre as classes. 16.6.7 – PRODUTO E TRABALHO David Ricardo aproximou a ideia de produto e de trabalho, desenvolvendo uma teoria para calcular preços. Na obra Princípios da economia política e tributação, David Ricardo desenvolveu a teoria do valor do trabalho, segundo a qual o preço da força é equiparável ao mínimo necessário à subsistência do trabalhador. FGVIDT 16.6.8 – MALTHUS Uma outra importante corrente do pensamento econômico é a Teoria Malthusiana. Filho de um advogado poderoso, Malthus acreditava que a causa dos males que afligem a humanidade está nas instituições e na fertilidade humana. Malthus dizia que a natureza impunha limites ao progresso material – um desses limites é a população em crescente progressão geométrica e o crescimento dos alimentos em progressão aritmética. Para ele, a guerra é vista como um dos mecanismos naturais de controle do crescimento populacional. Malthus pregava também que a pobreza e o sofrimento eram inerentes à sociedade. Certamente, sua obra foi fortemente influenciada por tendências ideológicas específicas, voltadas para a defesa dos proprietários de terra e das classes não produtivas em geral. Seu livro An essay on the principle of population – 1798 – provocou discussões polêmicas. 16.6.9 - SUPERPRODUÇÃO E PROTECIONISMO Assim como David Ricardo, Malthus trabalhou a partir da obra A riqueza das nações, de Smith, ocupando-se com o problema da superprodução das empresas. Segundo Malthus, a superprodução poderia ser resolvida por meio do aumento dos bens de consumo. Todavia, para criar essa demanda, seria preciso haver interessados, uma vez que os capitalistas eram investidores e o trabalhador só recebia salário para sua subsistência Malthus vê nos rentistas a solução do problema. Passou a defendê-los, colocando-se em contraposição a Ricardo e, posteriormente, a Marx. Malthus era favorável ao protecionismo. A lei dos pobres – votada pelo parlamento inglês – foi um reflexo de sua ideia. Haveria uma assistência pública aos desempregados, que seriam recolhidos às workhouses – casas de trabalho –, onde ficavam confinados em condições precárias à FGVIDT espera de trabalho. A população miserável poderia ser controlada, desestimulando o crescimento populacional e mantendo uma mão de obra barata para o Estado. FGVIDT Unidade 17 – KARL MARX Karl Marx foi um pensador que trouxe uma visão diferente sobre a estrutura do Capitalismo, sendo um crítico do sistema. Nesta unidade teremos a oportunidade de explorar o pensamento do autor e suas contribuições para o estudo da Economia. 17.1 – SISTEMA ECONÔMICO Doutrinas econômicas como as de Adam Smith, Malthus e David Ricardo convergiam no princípio de que o comerciante, ao buscar o lucro, estava ajudando o Estado. Tais doutrinas consagram a Escola Clássica da Economia como responsável pela fundamentação do sistema que se sustenta até hoje... O Estado se aproxima dos meios de produção para manter a paz, proteger a propriedade e incitar a concorrência. Os homens de negócios acreditavam que, por meio da corrida pelo interesse individual e pelo bem-estar – centrado na figura do indivíduo e não na figura da sociedade –, as cidades se desenvolveriam a partir da dinâmica natural de tal sistema. Os homens de negócios, ansiosos por obter lucros cada vez maiores, ganham legitimidade a partir de Adam Smith. A produção deixou de ser reduzida e estável para atravessar cidades, países e montar impérios. No âmbito humano, o impacto desse modelo alterou a ordem da vida social em todos os aspectos. O comerciante – visto como figura em evolução – passa a ser exemplo de comportamento. Os comerciantes mundiais passam a ser o parâmetro dos artesãos e dos pequenosnegociantes. 17.2 – SURGIMENTO DA TEORIA DO CAPITAL A partir do respaldo dado por Adam Smith, a Revolução Industrial institui a ordem do desenvolvimento individual e a dinâmica da concorrência como ferramenta de progresso. FGVIDT Em 1818, nascia Karl Marx, o responsável pelo primeiro e maior abalo no sistema econômico desenvolvido pela Escola Clássica. Foi a partir das teorias de David Ricardo e da filosofia de Hegel que Marx desenvolveu sua Teoria do Capital. A filosofia ou dialética hegeliana sugere que o conhecimento e o progresso histórico ocorrem por meio de um processo de conflitos de ideias, isto é, tese – ideia conhecida – versus antítese – ideia contrária – gera a síntese – igual a nova tese. Quem nunca ouviu falar em Marx? Preocupado em melhorar as condições da classe trabalhadora e em fazer com que os meios de produção fossem propriedade de todo o povo, Marx fez de suas premissas a primeira leitura de qualquer teórico que se proponha a delinear críticas econômico-sociais até os dias de hoje. 17.3 – LUXO A respeito do aumento da produção e do acúmulo de capital, Karl Marx detectou uma curiosa relação entre o homem e o valor de uso, e traçou uma crítica à Escola Clássica... Segundo Marx, em Manuscritos Econõmicos Filósóficos, há um grupo de economistas que recomendam o luxo e amaldiçoam a poupanças e que têm a romântica ilusão de que a avareza não deve apenas determinar o consumo dos ricos. Esse grupo contradiz suas próprias leis ao apresentar o esbanjamento com um meio de enriquecimento. E há um grupo de economistas que recomendam a poupança e amaldiçoam o luxo e que demonstram, de modo sério e pormenorizado, que, por meio do esbanjamento, o ter diminui, e não aumenta. O grupo que recomenda a poupança e amaldiçoa o luxo comete a hipocrisia de não confessar que o capricho e o humor determinam a produção, e se esquece da necessidade refinada de que, sem consumo, não se produziria; de que, por meio da concorrência, a produção só há de se tornar mais geral, mais luxuriosa; de que o uso determina o valor da coisa e de que a moda determina o uso; de que deseja ver produzido apenas o útil; de que a produção de demasiadas coisas úteis produz demasiada população inútil. Ambos os grupos se esquecem de que o esbanjamento e a poupança, o luxo e a abstinência, a riqueza e a pobreza são iguais. FGVIDT 17.4 – CONTRAPONTO Marx é o contraponto em toda a teoria econômica. Marx desenvolveu o materialismo histórico. Sendo assim... A história é um processo em que as relações estáticas de produção – regras, relações sociais e relações de propriedade, a tese – entram em conflito com as forças dinâmicas de produção – tecnologia, tipos de capital e habilidade da mão de obra, a antítese. O resultado é uma revolução no sistema em que novas relações de produção – síntese e nova tese – permitem um maior desenvolvimento das forças de produção. Adaptadas a essas condições, todas as políticas, ideologias e culturas compõem o que Marx chamou de superestrutura. Marx via a base socioeconômica alicerçada nas amplas relações de mercado e na produção manufatureira – fruto da passagem do modo de produção feudal para o capitalista. 17.5 – PROPRIEDADE A propriedade de dinheiro, de meios de subsistência, de máquinas e de outros meios de produção não transforma um homem em capitalista se lhe falta o complemento, o trabalhador assalariado, outro homem que é forçado a vender-se a si mesmo voluntariamente. Karl Marx 17.6 – FLUXO DE CAPITAL Marx estudou formas de desvendar o fluxo de capital na sociedade capitalista. Para tanto, redefiniu capital, mercadoria, força de trabalho e ainda criou conceitos – valor de uso e mais-valia. O capital é, segundo Marx, uma dinâmica proveniente das relações sociais... Capital é uma relação que se apropria, privadamente, dos meios de produção e que se firma, definitivamente, após a dissolução do mundo feudal – a burguesia. FGVIDT O valor de uso, para Marx, é a essência de toda riqueza. Ele não tentou medi-lo quantitativamente nem levou em consideração a diminuição da utilidade com o aumento da quantidade de uma mercadoria, o que só seria possível se a demanda fosse inelástica. Já a mais-valia corresponde ao ganho de produtividade dos trabalhadores que é apropriado pelo capitalista, ou seja, não é repassado para os trabalhadores. A dimensão da obra de Marx – seu livro O Capital teve sua primeira edição em 1867 – transcende o âmbito econômico e irá nortear todo grupo de oposição política, a partir de seu tempo. Antes de economista, Marx é considerado por muitos um humanista. FGVIDT Unidade 18 – ESCOLA NEOCLÁSSICA Nesta unidade iremos estudar os pensadores marginalistas contribuiram significativamente para uma mudança na forma pela qual se via o papel da Economia. 18.1 – REVOLUÇÃO MARGINALISTA Com a revolução marginalista – a partir de 1870 –, o cerne das preocupações se altera. A ideia central dessa revolução no pensamento econômico era baseada no princípio marginal – ou seja, o foco passa a ser a margem de lucro, que é o ponto em que as decisões são tomadas. Entre os nomes que se destacaram, estão... » William Stanley Jevons – 1835-1882 –, na Inglaterra; » Carl Menger – 1840-1921 –, na Áustria; » Leon Walras – 1834-1910 –, na Suíça; » Alfred Marshall – 1842-1924 –, na Inglaterra. Alfred Marshall publicou Princípios Econômicos quase 20 anos após o aparecimento dos livros de Jevons e Menger. O rigor científico de Marshall adiou a publicação de sua obra em relação aos outros três autores. Marshall não é considerado um dos fundadores do marginalismo, embora tenha divulgado as principais ideias desse movimento em 1870. 18.2 – IDEAS Todos os componentes da era marginalista tinham ideias muito parecidas. Walras: Preocupou-se com o equilíbrio geral e com a dependência interna de todo o FGVIDT sistema econômico. Os marginalistas acreditavam que as forças econômicas movem-se em direção ao equilíbrio. A ideia de equilíbrio geral implica que, se um mercado estiver em equilíbrio, todos os mercados também estarão. Jevons: Recorreu à matemática para formular suas ideias. Menger: Apresenta os mesmos princípios marginalistas em forma de linguagem, deixando a matemática de lado. 18.3 – ESCASSEZ Enquanto os clássicos estudavam as relações de produção que surgiam entre as pessoas e as formas sociais no processo produtivo, os marginalistas estudavam a relação entre pessoas e produção material. A preocupação da era neoclássica situava-se na alocação de recursos como consequência da Teoria da Utilidade Marginal e da Teoria de Preços. Adam Smith tinha uma incógnita em sua pesquisa que não conseguia decifrar o paradoxo água-diamante. Consequentemente, Smith percebeu que a água era extremamente útil, entretanto não possuía poder de compra; o diamante – apesar de não ser essencial à vida – tinha um preço elevado. Surge, então, da escola neoclássica, o conceito de escassez – bens econômicos são bens escassos, e o valor desses bens aumenta de acordo com sua escassez. Carl Menger mostra que a utilidade diminui à medida que aumenta a quantidade de determinado bem. 18.4 – EQUILÍBRIO DA INFLAÇÃO A Escola Neoclássica abrange o estudo de outros pontos, como: » a preocupação com o equilíbrio em relação à inflação; » a abordagem econômica com ênfase nos aspectos microeconômicos, que, associada à alocação de recursos, desmistifica o problema do crescimento econômico. FGVIDT Unidade 19 – MODELO CONTEMPORÂNEO Nesta unidade discutiremos acontecimentos relevantes que marcaram a economia mundial na contemporaneidade e que tendem a influenciar o que se espera do futuro. 19.1 – CRISE DE 1929 O impacto da Crise de 1929 contou com dois elementos básicos... Aredução das importações norte-americanas, afetando, duramente, os países que defendiam seu mercado. O repatriamento de capitais norte-americanos investidos em outros países. Em uma de suas primeiras medidas, Roosevelt limitou o liberalismo econômico por meio do New Deal – plano elaborado por um renomado grupo de economistas, com base nas teorias de John Maynard Keynes. Em função dessa crise econômica, os democratas venceram e Roosevelt foi eleito. 19.1.1 – CARACTERÍSTICAS A Grande Depressão – também chamada de Crise de 1929 – foi uma grande recessão econômica que teve início em 1929 e que terminou apenas com a Segunda Guerra Mundial. A Grande Depressão é considerada o pior e o mais longo período de recessão econômica do século XX. Esse período de recessão econômica causou, em diversos países altas taxas de desemprego; quedas drásticas do produto interno bruto de diversos países; e quedas drásticas na produção industrial, preços de ações e em, praticamente, todo medidor de atividade econômica. 19.2 – INSUFICIÊNCIA DE DEMANDA FGVIDT Keynes coloca-se frontalmente contra a linha neoclássica. Para Keynes, o salário já não obedece à lei da oferta e da procura. Diante de uma recessão, os neoclássicos apontavam como a causa do desemprego a rigidez dos monopólios – como os sindicatos. Keynes não atribui uma recessão à rigidez ou à imperfeição do mercado. Para ele, o capitalismo funciona mal por insuficiência de demanda – uma das características mais comuns do sistema. Como resultado, um modelo mais intervencionista estava-se desenhando. As empresas transnacionais não contavam somente com a liberdade, mas, principalmente, com o estímulo ao investimento externo. A partir daí, a estratégia econômica passa a se preocupar em atuar onde há demanda e, se possível, em criar demandas para a população. Esse é o princípio da demanda efetiva. 19.3 – GLOBALIZAÇÃO Hoje existe um processo de aceleração capitalista sem precedentes. Esse processo vem acentuando o entrelaçamento econômico das várias partes do planeta. Esse processo vem fazendo com que as economias nacionais diminuam sua importância relativa. Diversos fatores vêm sendo apontados pelos analistas como componentes determinantes do fenômeno de globalização progressiva na economia. Um exemplo é o estoque de capital privado existente no mundo e a alta mobilidade desse capital entre as nações, que é expressivamente superior ao dinheiro público aplicado pelos governos em seus países. Alguns analistas econômicos relacionam esse processo... » aos compromissos financeiros assumidos pelos governos – que foram acumulando responsabilidades nas áreas de saúde pública, benefícios e assistência social, armamentos... » aos encargos trabalhistas que foram sendo conquistados pela mão de obra nas últimas décadas. FGVIDT Isso justificaria, para os governos, a onda de privatizações como alternativa para equilibrar os orçamentos. 19.4 – GRUPOS PRIVADOS Atualmente, a atuação do poder público encontra-se limitada, diante de tanto capital em poder da esfera privada. Em termos de bens e serviços, os grupos privados decidem o quê, como, quando e onde produzir. Capital e tecnologias sacudiram a produção. A automatização e a robotização – enquanto imprimem velocidade – ocupam espaços e vagas de emprego que jamais serão recuperados pelos trabalhadores. 19.5 – EMPREGOS Tendências como a digitalização, mecanização e informatização dos processos e como isso está moldando o futuro dos empregos em todo o mundo. Não é incomum hoje a existência de processos seletivos globais, visto que parte cada vez maior das ocupações podem ser exercidas de qualquer lugar do mundo não sendo necessária a presença física no local de trabalho. Além disso, nota-se a tendência de uma mudança no perfil das ocupações no mundo que se estrutura cada vez mais em demandas por serviços. 19.6 – CONSUMIDORES Os consumidores, além de mais atentos e exigentes no que se refere à qualidade de produtos e serviços – o que conduziu às normas ISO de qualidade e à elaboração de códigos de defesa do consumidor –, passaram a adquirir produtos sem pátria. Em função dos efeitos da globalização, raros são os produtos inteiramente nacionais. Em muitos casos, mão de obra, diversos componentes e matérias-primas proveem de locais e origens diferentes. É o que chamam de capitalismo tardio. FGVIDT FGVIDT BIBLIOGRAFIA MANKIW, N. Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Campus, 2001. MENDES, Judas Tadeu Grassi. Economia: fundamentos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Pearson/Prentice Hall, 2007 MENDES, Judas Tadeu Grassi. Economia: fundamentos e aplicações. 2. ed São Paulo: Pearson/Prentice Hall, 2009. MICHELS, Érico; OLIVEIRA, Ney; WOLLENHAUPT, Sandro. Fundamentos de economia. Curitiba: InterSaberes, 2013. ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 2003. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de economia. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2018. WONNACOTT, P.; WONNACOTT, R. Introdução à Economia. São Paulo: Makron Books, 1994. Unidade 01 – IMPORTÂNCIA DAS INSTITUIÇÕES 1.1 – ATO DA COMPRA 1.2 – ANTIGO REGIME 1.3 – CAPITALISMO COMERCIAL 1.4 – ESTADO 1.5 – REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 1.6 – ESTADO 1.6.1 - MERCADO 1.7 – DEMOCRACIA 1.8 – ESTADO DEMOCRÁTICO 1.9 – ELEIÇÕES 1.10 – DECISÕES POLÍTICAS 1.11 – PLURARISMO 1.12 – MODELO NORTE-AMERICANO 1.13 – ENGRENAGEM-MÃE Unidade 02 – CIÊNCIAS ECONÔMICAS 1 2 2.1 – QUESTÕES DE ORDEM ECONÔMICA 2.2 – DEFINIÇÕES 2.3 – INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA 2.4 – COMPORTAMENTO HUMANO 2.5 – PREVISÕES 2.6 – TEORIA ECONÔMICA 2.7 – ARGUMENTOS 2.7.1 - ARGUMENTOS POSITIVOS E NORMATIVOS 2.8 – OBJETO DE ESTUDO 2.8.1 – LEI DA ESCASSEZ 2.9 – NECESSIDADES HUMANAS 2.9.2 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA SOCIAL Unidade 03 – DEMANDA E OFERTA 3 3.1 – ESCOLHAS RACIONAIS 3.2 – DEMANDA 3.2.1 - DEMANDA INDIVIDUAL 3.2.2 - INCLINAÇÃO NEGATIVA 3.2.3 - CURVA DE DEMANDA 3.2.4 - CÁLCULO DA DEMANDA 3.3 - DESLOCAMENTOS NA CURVA 3.3.1 - DESLOCADORES DA DEMANDA 3.3.2 – EXEMPLO 3.3.3 - DESLOCAMENTO DA E AO LONGO DA CURVA 3.4 – OFERTA DE UM BEM 3.5 - CURVA DE OFERTA 3.6 - OFERTA DO MERCADO 3.7 - DESLOCADORES DA CURVA DE OFERTA 3.7.1 - SUBSTITUTOS OU COMPLEMENTARES 3.7.2 - DESLOCAMENTOS DA E AO LONGO DA CURVA DE OFERTA 3.8 – PREÇO COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO 3.9 PREÇO DE EQUILÍBRIO 3.10 - LEI DA OFERTA E DA DEMANDA Unidade 04 – PROBLEMAS ECONÔMICOS BÁSICOS 4 4.1 – PROBLEMAS ECONÔMICOS 4.2 – POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO 4.2.1 – TIPOS DE DECISÃO 4.3 – EXEMPLO 4.4 - CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO 4.5 – COMPOSIÇÕES 4.6 - CUSTO DE OPORTUNIDADE 4.7 - DIFÍCIL SUBSTITUIÇÃO 4.8 - RECURSOS LIMITADOS Unidade 05 – VIDA ECONÔMICA 5 5.1 - MERCADOS COMPETITIVOS 5.1.1 - COMPETIÇÃO PERFEITA 5.2 - MODELO COMPETITIVO BÁSICO 5.3 - RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA 5.4 - EFEITO SUBSTITUIÇÃO 5.5 - REDUÇÃO NO CONSUMO 5.6 – POUPANÇA 5.7 - EXPECTATIVAS DO CONSUMIDOR 5.8 - AVALIAÇÃO DO ATIVO 5.9 – EXEMPLO 5.10 – SALÁRIO Unidade 06 – FIRMAS 6 6.1 - PAPEL DAS FIRMAS 6.2 - PRODUÇÃO DA FIRMA 6.3 - CURVA DE OFERTA 6.4 - DEMANDA POR CAPITAL 6.5 - DEMANDA POR TRABALHO 6.6 - EQUILÍBRIO DE MERCADO 6.6.1 - MERCADO DE TRABALHO 6.6.2 - NÍVEL DOS PREÇOS DE EQUILÍBRIO Unidade 07 – MEDIDAS DE ATIVIDADE ECONÔMICA 7 7.1 - EQUILÍBRIO GERAL 7.1.1 - FLUXO CIRCULAR DE RENDA 7.1.2 - CONDIÇÃO DE EQUILÍBRIO 7.1.3 - INCLUSÃO DO SETOR PÚBLICO 7.1.4 – CRIAÇÃO DE MOEDA 7.1.5 - INCLUSÃO DO SETOR EXTERNO 7.2 - VALOR AGREGADO 7.3 - FLUXO CIRCULAR 7.4 - FLUXOS REAIS Unidade 08 – DESPESA E RENDA 8 8.1 – PRODUTO INTERNO BRUTO 8.2 - COMPOSIÇÃO DO PIB 8.3 - MENSURAÇÃO DO PIB 8.4 - VALOR ADICIONADO 8.5 – RENDA 8.6 - VALOR DE BENS E SERVIÇOS 8.7 – COMPOSIÇÃO DO PIB 8.8 – EQUAÇÃO 8.9 – CATEGORIAS 8.10 - PIB E PNB 8.11- DEPRECIAÇÃO DO CAPITAL 8.11.1 – PNL 8.11.2 - RENDA PESSOAL 8.11.3 - RENDA PESSOAL DISPONÍVEL 8.12 - PIB REAL E PIB NOMINAL 8.13 - DEFLATOR DO PIB 8.14 – VARIÁVEIS MACROECONÔMICAS Unidade 09 – CRESCIMENTO ECONÔMICO 9 9.1 – CAPITALISMO 9.2 - CRESCIMENTO ECONÔMICO 9.3 - TEORIAS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO 9.4 - CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 9.5 - DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 9.6 - CRESCIMENTO VERSUS DESENVOLVIMENTO Unidade 10 – PREÇOS E INFLAÇÃO 10 10.1 – INFLAÇÃO 10.2 – INFLAÇÃO 20.1.1 - EFEITOS 10.3 - PROCESSO INFLACIONÁRIO 10.4 - INFLAÇÃO DE DEMANDA 10.5 - INFLAÇÃO DE CUSTOS 10.6 - VARIÁVEIS NOMINAIS E VARIÁVEIS REAIS 10.7 - NEUTRALIDADE MONETÁRIA 10.8 - EQUAÇÃO DE TROCA 10.9 - TAXA DE INFLAÇÃO 10.10 - ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR 10.11 - CÁLCULO DO IPC 10.12 - OUTROS ÍNDICES DE PREÇOS 1 Unidade 11 – FUNÇÕES DA MOEDA 2 11.1 – RIQUEZA E RENDA 11.2 - FUNÇÕES DA MOEDA 11.2.1 - MEIO DE PAGAMENTO 11.2.2 - CUSTO DE TRANSAÇÃO 11.2.3 - UNIDADE DE CONTA 11.2.4 - RESERVA DE VALOR 11.2.5 - ATIVO LÍQUIDO 11.3 - MOEDA VERSUS QUASE-MOEDA 11.4 - TOTAL DE MOEDA Unidade 12 – SISTEMA FINANCEIRO 12 12.1 - INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS 12.2 - INTERMEDIÁRIOS BANCÁRIOS 12.3 - INTERMEDIÁRIOS NÃO BANCÁRIOS 12.4 - BANCO CENTRAL 12.4.1 ATRIBUIÇÕES DO BANCO CENTRAL 12.4.2 - FUNÇÕES PRINCIPAIS Unidade 13 – OFERTA E DEMANDA DE MOEDA 13 13.1 – AGREGADOS MONETÁRIOS 13.1.1 - CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MOEDA 13.1.2 - BANCOS COMERCIAIS 13.1.3 - CRIAÇÃO DE MOEDA 13.1.3.1 - PROCESSO DE CRIAÇÃO DE MOEDA 13.1.3.2 - PROGRESSÃO GEOMÉTRICA INFINITA 13.1.4 - MULTIPLICADOR BANCÁRIO 13.1.5 - CONTROLE DA BASE MONETÁRIA 13.2 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA 13.3 - DEMANDA POR MOEDA 13.3.1 - MOTIVOS DA DEMANDA 13.3.2 - RETENÇÃO DE MOEDA 13.4 - TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA 13.5 - VELOCIDADE-RENDA DA MOEDA 13.6 - EQUAÇÃO DE TROCA 13.7 - MOTIVOS TRANSACIONAL E PRECAUCIONAL Unidade 14 – ESTADO DA VIDA ECONÔMICA 14 14.1 – INTERVENÇÃO DO GOVERNO 14.2 – BENS PÚBLICOS 14.3 - FUNÇÃO ALOCATIVA 14.4 PRINCÍPIO DA EXCLUSÃO 14.5 BEM NÃO RIVAL 14.6 - EXCLUDENTES 14.7 - BENS DE CONSUMO COLETIVO 14.8 - DISTRIBUIÇÃO DE RENDAS 14.9 - FUNÇÃO DISTRIBUTIVA 14.10 - FUNÇÃO REGULADORA Unidade 15 – ESTRUTURA TRIBUTÁRIA 15 15.1 – TRIBUTOS 15.2 - PRINCÍPIO DA NEUTRALIDADE 15.3 - PRINCÍPIO DA EQUIDADE 15.3.1 PRINCÍPIO DO BENEFÍCIO 15.3.1.1 - PREFERÊNCIA 15.3.2 - TAXAS ESPECÍFICAS 15.3.3 - PRINCÍPIO DA CAPACIDADE DE PAGAMENTO 15.4 - TIPOS DE TRIBUTOS 15.4.1 – SUBSÍDIOS 15.5 - CLASSIFICAÇÃO DOS IMPOSTOS 15.6 - OUTROS CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO 15.6.1 - OUTRA CLASSIFICAÇÃO 15.7 - EFEITOS DOS TRIBUTOS 15.8 - TIPOS DE DEFICIT PÚBLICO 15.9 - FINANCIAMENTO DO DEFICIT 15.9.1 – CONSEQUÊNCIAS 15.10 - ORÇAMENTO PÚBLICO 15.10.1 ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO 15.10.2 LEI ORÇAMENTÁRIA 15.10.3 - ORÇAMENTO GERAL Unidade 16 – ESCOLA CLÁSSICA 16 16.1 – ILUMINISMO 16.2 – JOHN LOCKE 16.3 - CORRENTES NO ILUMINISMO 16.4 – FISIOCRATAS 16.5 – LIBERALISTAS 16.6 – CRESCIMENTO 16.6.1 – ADAM SMITH 16.6.2 – ENRIQUECIMENTO 16.6.3 – DIVISÃO DO TRABALHO 16.6.4 – ATRIBUIÇÕES DO ESTADO 16.6.5 - DISTRIBUIÇÃO DE CAPITAL EXCEDENTE 16.6.6 – PREÇO DAS MERCADORIAS 16.6.7 – PRODUTO E TRABALHO 16.6.8 – MALTHUS 16.6.9 - SUPERPRODUÇÃO E PROTECIONISMO Unidade 17 – KARL MARX 17 17.1 – SISTEMA ECONÔMICO 17.2 – SURGIMENTO DA TEORIA DO CAPITAL 17.3 – LUXO 17.4 – CONTRAPONTO 17.5 – PROPRIEDADE 17.6 – FLUXO DE CAPITAL Unidade 18 – ESCOLA NEOCLÁSSICA 18 18.1 – REVOLUÇÃO MARGINALISTA 18.2 – IDEAS 18.3 – ESCASSEZ 18.4 – EQUILÍBRIO DA INFLAÇÃO Unidade 19 – MODELO CONTEMPORÂNEO 19 19.1 – CRISE DE 1929 19.1.1 – CARACTERÍSTICAS 19.2 – INSUFICIÊNCIA DE DEMANDA 19.3 – GLOBALIZAÇÃO 19.4 – GRUPOS PRIVADOS 19.5 – EMPREGOS 19.6 – CONSUMIDORES BIBLIOGRAFIAeconômico. OBJETIVO E CONTEÚDO O objetivo da disciplina Fundamentos de Economia é estudar o objeto e o método da Ciência Econômica, o que permitirá analisar a estrutura de produção, distribuição e consumo da sociedade capitalista – em que os insumos são utilizados para gerar produtos, os produtos são distribuidos e, na distribuição, é gerado o consumo. Na disciplina, também temos por objetivo entender como as correntes de pensamento econômico perceberam esses processos de produção, distribuição e consumo nas economias. Da mesma forma, é fundamental entendermos os conceitos econômicos a partir das grandes Escolas de Economia, além de aplicarmos esses conceitos à estrutura da economia brasileira – visando à compreensão de nossos fenômenos econômicos – e entendermos, a partir dessas teorias econômicas, qual é o papel da globalização em uma economia como a brasileira e como se processa o desenvolvimento econômico. FGVIDT Unidade 01 – IMPORTÂNCIA DAS INSTITUIÇÕES Neste módulo, estudaremos o que são instituições, seu papel no dia a dia da Economia e como as relações economicas se desenvolvem a partir da transição do modo de produção feudal para o modo de produção capitalista. 1.1 – ATO DA COMPRA O ato da compra. » implica um ato de venda; » é mais do que um movimento de mão única; » caracteriza-se por um fluxo em que bens, moeda, títulos ou serviços prestados são trocados. A rede de fluxos – trocas –, incontáveis a cada segundo, constitui o mercado – que é o principal pilar de sustentação da economia, pois envolve o consumo. Logo, as fontes de demanda são fundamentais para a formação do mercado. 1.2 – ANTIGO REGIME O Antigo Regime – dominante na Europa durante a Idade Moderna – era composto de elementos do sistema feudal combinados à expansão comercial. As tradições políticas, sociais, econômicas e religiosas tiveram de se adequar a uma burguesia cada vez mais sedenta por praticar o comércio, provocando profundas mudanças na sociedade. Preocupados em preservar o status político, os reis procuravam atender aos interesses comerciais da burguesia, que estava envolvida em negócios que eram cada vez mais dependentes do Estado. A aproximação histórica entre o Estado e a burguesia – para preservar os mercados e atender ao interesse de ambas as esferas – mantém-se até hoje. A expansão marítima, de certa forma, iniciou o processo de descentralização do poder FGVIDT em relação do Estado. 1.3 – CAPITALISMO COMERCIAL O Estado moderno surgiu no momento histórico classificado, por muitos economistas, como o início do capitalismo comercial. O Estado nasceu da aproximação das relações entre burguesia e monarquia, que procuravam estocar o máximo de capital dentro de suas fronteiras. O Estado, a partir de então, passou a intervir no sistema mercantilista, com políticas de protecionismo. A parceria entre esfera privada se mantém agora em dimensões incomensuráveis. O estímulo às grandes navegações e à criação de colônias comerciais representou o fortalecimento do Estado, pois, à medida que se ampliava a arrecadação dos comerciantes, os impostos arrecadados cresciam. 1.4 – ESTADO Estado é uma comunidade política organizada, que ocupa um território definido, com um governo organizado e soberania interna e externa. O Estado também pode ser definido, especialmente, em termos de condições domésticas, como a monopolização do uso legítimo de força dentro de um país. Para a formação de um Estado e obtenção de sua independência, é preciso haver reconhecimento por parte de outros Estados, permitindo a entrada em acordos internacionais. Esse fator é de extrema importância para o estabelecimento de sua soberania, embora algumas teorias não façam uso dessa exigência.. 1.5 – REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Embora não seja reconhecido como teoria econômica, o conjunto de procedimentos adotados pela monarquia para o fortalecimento do Estado define o mercado tal como ele é entendido em sua mais simples concepção. FGVIDT Para trazer o mercado à luz da contemporaneidade, é preciso considerar a Revolução Industrial. A mudança mais profunda no conceito de mercado ocorreu com a Revolução Industrial, que se deu no século XVIII e foi marcada, fundamentalmente, pela alienação do trabalhador. O trabalhador passou a acompanhar apenas uma etapa do ciclo produtivo. Por alienar o fruto de seu trabalho mecanizado ao capitalista, o trabalhador passou a ser reconhecido como mercadoria, ficando sujeito ao mercado de trabalho. O mercado de trabalho ganhou, dessa forma, a denotação do homem, das noções de tempo e espaço, e das relações sociais. O trabalhador perdeu a noção do processo produtivo. 1.6 – ESTADO Quando a prática de acumulação de capital passou a ter como foco a indústria ao invés do comércio, como consequência da Revolução Industrial, a produção se ampliou em uma escala surpreendente. Para atender a esse volume de produção, foi preciso criar demandas, foi necessário formar uma sociedade de consumidores. 1.6.1 - MERCADO Quando a acumulação de capital passou a ter como foco a indústria, o mercado passou a ser entendido como tudo o que pode ser convertido em lucro ou consumo. 1.7 – DEMOCRACIA Democracia é um sistema de governo definido e legitimado por meio de eleições. Democracia é o sistema de liberdade e preservação da propriedade privada – ainda que por meio do controle da informação e da manutenção das esferas públicas de poder. O Estado perde força diante da dimensão alçada pelas corporações privadas e pelo capital obtido ao longo do desenvolvimento desse sistema. Democracia é um sistema de governo voltado para a maioria. FGVIDT 1.8 – ESTADO DEMOCRÁTICO Entre as características de um Estado democrático, podemos encontrar uma Constituição que limita a autoridade do governo e protege os direitos civis; o voto universal – concedendo a todos os cidadãos o direito de votar,independentemente de raça, gênero ou propriedade; a liberdade de expressão – inclusive de discursar em assembleia ou promover protesto; a liberdade de imprensa e o acesso a fontes alternativas de informação; a liberdade de associação; a igualdade perante a lei e o direito a recursos jurídicos dentro do sistema legistativo vigente; o direito à propriedade privada e à privacidade; cidadãos educados, em boas condições físicas e mentais, exercendo sua cidadania; um Poder Executivo; um sistema de controle e equilíbrio fiscal entre esferas do governo. 1.9 – ELEIÇÕES O conceito de democracia é polêmico. As características de um Estado democrático são subjetivas. No caso das eleições: Nos países em que o voto é facultativo, a participação dos cidadãos não é coletiva, e sim voluntária. Nos países onde o voto é obrigatório, a participação dos cidadãos não é um direito, e sim um dever. Em resumo, democracia é a regra dos interesses da maioria. 1.10 – DECISÕES POLÍTICAS As questões políticas e sociais geram uma multiplicidade de manifestações divergentes. 1.11 – PLURARISMO O ideal de poder voltado para o indivíduo capaz de intervir nas decisões políticas – por meio de representantes eleitos para atender ao interesse de parte da população – possui caráter universalista. No pluralismo, assentam-se inúmeras instituições e grupos de aspirações diversas. Contudo, o caráter universalista depende do pluralismo. FGVIDT O histórico da formação da democracia nos moldes que conhecemos é passível de críticas – caso do contexto histórico americano, conhecido, notoriamente, como a maior democracia do mundo. 1.12 – MODELO NORTE-AMERICANO Ao se livrarem do domínio inglês, os fundadores do governo federal dos Estados Unidos da América tinham como desafio criar um Estado com capacidade de se autogovernar sob o lema da liberdade. O modelo permitiua criação de inúmeras correntes sociais livres, até pairar, novamente, o temor de uma possível intervenção da Coroa britânica. Após um século e meio de colonização, as classes sociais se organizaram e se tornaram proprietárias – característica-chave da formação de uma ideologia conservadora. No entanto, essa ameaça resulta do próprio modelo democrático. Por hostilidade ao poder central, surgiram focos de novos governos defensores da classe emergente. Para conter a formação de um quadro quase anárquico, a Constituição de 1787 foi criada em íntima associação com os interesses da aristocracia americana da época. 1.13 – ENGRENAGEM-MÃE A sustentação da economia dá-se por meio da proteção do Estado, regido por um sistema que reduz seu papel diante das transações econômicas – a democracia. O mercado é a engrenagem-mãe desse sistema. O mercado controla os meios de comunicação, a ponto de formar as sociedades de consumo. As pessoas influenciadas pela mídia – controlada por empresários – estão sujeitas à necessidade de consumir que é forjada pelas empresas de publicidade. Foi dessa forma que nasceu o modelo de democracia de nosso tempo que dá à propriedade privada e ao capital acumulado o caráter imaculado. FGVIDT Unidade 02 – CIÊNCIAS ECONÔMICAS A Economia se baseia na interação entre agentes economicos e da maneira pela qual estes agentes visam atender suas necessidades com os recursos disponíveis. Esta unidade introduz algumas dessas relações básicas para a existência da Economia. 2.1 – QUESTÕES DE ORDEM ECONÔMICA Desde as mais rotineiras até as mais complexas, as questões de ordem econômica se apresentam em todos os momentos de nossas vidas... » Por que as expansões da moeda e do crédito podem gerar inflação? » Por que uma desvalorização cambial pode conduzir a uma melhoria na balança comercial? » Por que os preços dos produtos agrícolas aumentam quando há uma quebra de safra? » Até que ponto elevadas taxas de juros reduzem o consumo e estimulam a poupança?. 2.2 – DEFINIÇÕES Antes de nos aprofundarmos na natureza da investigação da ciência econômica, vamos a algumas definições... Teoria: Conjunto de ideias sobre a realidade, sempre analisadas de forma interdependente. Definições: Significado dos termos – ideias – da teoria. FGVIDT Argumento: Refere-se às condições nas quais a teoria se sustenta. Hipótese: Conjectura acerca da realidade que se admite de modo provisório e que deverá ser testada. Modelo: Representação simplificada dos principais componentes de uma teoria. Método indutivo: Parte de fatos específicos para chegar a conclusões gerais. Método dedutivo: Parte das conclusões gerais para explicar fatos particulares.. 2.3 – INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA A investigação científica consiste em verificar a validade das hipóteses formuladas. A validade das hipóteses é verificada a partir das evidências empíricas. Se a evidência empírica for muito pequena ou nula, não é possível validar a hipótese. Portanto, a hipótese deverá ser reformulada. 2.4 – COMPORTAMENTO HUMANO No campo da economia, a partir de hipóteses, a investigação científica testa a estabilidade do comportamento humano. 2.5 – PREVISÕES Predizer – em particular – o comportamento de um indivíduo não é tarefa fácil. Contudo, as evidências empíricas nos permitem inferir tendências de comportamento de um grupo. FGVIDT O comportamento humano apresenta algum grau de estabilidade pela simples determinação da maior probabilidade associada à tendência das ações da maioria das pessoas do grupo estudado. Por exemplo, se a renda da população brasileira aumentar, seu consumo também aumentará. Todavia, pode ser que o consumo de um indivíduo não se altere ou, até mesmo, diminua. 2.6 – TEORIA ECONÔMICA Validadas pelas evidências, as leis que regem o comportamento humano passam a fazer parte do conjunto de ideias que integram a teoria econômica. A teoria deve ser utilizada para testar as hipóteses sobre como uma realidade econômica se comporta. Podemos então deduzir as implicações e os resultados dessas hipóteses, confrontando-os com a evidência empírica. A partir desse confronto, podemos constatar se a teoria é capaz – ou não – de explicar os fenômenos econômicos. 2.7 – ARGUMENTOS Os argumentos que compõem a teoria econômica são classificados como positivos ou normativos. 2.7.1 - ARGUMENTOS POSITIVOS E NORMATIVOS Os argumentos positivos descrevem como o mundo é. Sua validade depende do exame das evidências. Por exemplo, o salário mínimo causa desemprego. Por outro lado, os argumentos normativos sugerem como a economia deveria funcionar, ou seja, envolvem juízo de valor. Um argumento normativo não é julgado apenas pela utilização de dados. FGVIDT Ainda são incorporadas a ele visões do analista sobre ética, religião e filosofia política. Por exemplo, uma sugestão uma elevação do salário mínimo ao governo. 2.8 – OBJETO DE ESTUDO A Economia é o estudo de como as pessoas ganham a vida, adquirem alimentos, compram suas casas próprias, suas roupas, ou seja, bens necessários ou de luxo. A Economia analisa, sobretudo, os problemas enfrentados pelas pessoas e as maneiras pelas quais esses problemas podem ser contornados. A partir dessa definição, a Economia procura responder a uma série de perguntas específicas. 2.8.1 – LEI DA ESCASSEZ A ciência econômica procura resolver uma restrição quase física – a lei da escassez. Produzir o máximo de bens e serviços a partir da quantidade limitada de recursos disponíveis para cada sociedade. Se a lei da escassez não existisse. Se uma quantidade infinita de cada bem pudesse ser produzida. Se os desejos pudessem ser saciados; quantidades excessivas de cada bem poderiam ser produzidas; recursos poderiam ser utilizados, irracionalmente, para a produção de bens. A escassez acaba evitando desperdícios! 2.9 – NECESSIDADES HUMANAS Atualmente, todos desejam e julgam necessitar de carros, celulares, aparelhos de MP3, laptops... As necessidades humanas não se resumem à esfera da sobrevivência. As necessidades humanas se renovam a cada dia e exigem um suprimento contínuo de bens para atendê-las. FGVIDT A saturação das necessidades – e, sobretudo, dos desejos humanos –, mesmo nas economias mais ricas e desenvolvidas, dificilmente será alcançada. Logo, a escassez persistirá. 2.9.2 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA SOCIAL Levando em consideração que a escassez é o objeto da ciência econômica, Paul Samuelson definiu Economia da seguinte forma: “Economia é uma ciência social que estuda a administração dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos”. FGVIDT Unidade 03 – DEMANDA E OFERTA Nesta unidade começaremos os estudos sobre as relações microeconomicas, ou seja, a forma pela qual os agentes economicos individuais (pessoas e firmas) interagem no mercado por meio da oferta e demanda de bens e serviços. 3.1 – ESCOLHAS RACIONAIS A escassez dos recursos implica que consumidores e firmas têm de fazer escolhas. A análise econômica é, na maior parte das vezes, feita sob a hipótese de escolhas racionais – os indivíduos avaliam os custos e benefícios de cada oportunidade. Indivíduos diferentes têm objetivos e desejos diferentes! Essa hipótese é baseada na expectativa de que consumidores e firmas se comportem de maneira condizente com seus gostos e objetivos. No caso do consumidor, a hipótese de racionalidade é traduzida pelo fato de os indivíduos realizarem suas escolhas com base em seus próprios interesses. No caso das firmas, a hipótese de racionalidade é utilizada para sinalizar que as firmas tomam decisões com o intuito de maximizar seus lucros. 3.2 – DEMANDA As diferenças de preçosentre os produtos e as flutuações no preço de um mesmo produto suscitam questões interessantes. Os economistas utilizam o conceito de demanda para descrever a quantidade de um bem ou serviço que uma família ou firma deseja adquirir a um determinado preço. Os economistas não estão apenas interessados nos desejos dos indivíduos. Além de estarem interessados nos desejos dos indivíduos, os economistas também estão interessados nas escolhas que os indivíduos terão de fazer em função de suas restrições orçamentárias e do nível de preços. FGVIDT 3.2.1 - DEMANDA INDIVIDUAL Imagine o que acontece quando mudamos o preço das maçãs. Ao preço de R$ 10,00, um indivíduo nunca compraria uma maçã. Ao preço de R$ 5,00, em um momento de muita fome, chegaria a considerar a compra de uma maçã. Ao preço de R$ 2,00, o indivíduo poderia comprar mais de uma maçã e, se o preço declinasse para R$ 0,50, seria possível comprar várias maçãs. É fácil perceber que, à medida que o preço das maçãs diminui, a demanda de um indivíduo por esse bem aumenta. 3.2.2 - INCLINAÇÃO NEGATIVA A curva de demanda por um bem revela a quantidade demandada de um determinado bem a cada preço. Como vimos, à medida que o preço de um bem aumenta, a demanda por esse bem diminui. Esse fato é captado pela inclinação negativa da curva de demanda. No entanto, os bens inferiores são uma exceção. Os bens inferiores são os bens para os quais a demanda diminui sempre que a renda aumenta. Por exemplo, a margarina tem sua demanda substituída por manteiga sempre que a renda do consumidor aumenta. 3.2.3 - CURVA DE DEMANDA Se uma economia for composta por apenas duas pessoas, Milton e Lucas, para calcular a demanda dessa economia por maçãs, devemos – em primeiro lugar – questionar quantas maçãs cada uma dessas pessoas quer comprar e a qual preço. Em seguida, devemos somar as quantidades demandadas por cada indivíduo, a cada preço. Imaginemos que ao preço de R$ 2,00, Lucas deseje comprar 2 maçãs e Milton, 3. FGVIDT Nesse caso, ao preço de R$ 2,00, a demanda da economia como um todo seria de 5 maçãs. 3.2.4 - CÁLCULO DA DEMANDA Adicionando-se a demanda de cada indivíduo por um determinado bem a cada preço, construímos a curva de demanda do mercado para um determinado bem. De maneira análoga à demanda individual, a demanda do mercado por um determinado bem diminui à medida que seu preço aumenta. À proporção que o preço de um bem aumenta, cada um dos consumidores reduz seu consumo pessoal. Portanto, a curva de demanda do mercado também é negativamente inclinada. 3.3 - DESLOCAMENTOS NA CURVA Quando o preço de um bem aumenta, a quantidade demandada desse bem diminui. Outros fatores, além de seu preço afetam a demanda da economia por um bem. FGVIDT Não somos capazes de manter todos os outros fatores constantes. 3.3.1 - DESLOCADORES DA DEMANDA Um deslocamento na curva de demanda – ou seja, uma mudança na demanda – pode ser ocasionado por uma mudança de um conjunto de fatores. Dentre eles, os mais importantes são: Renda: Quando a renda aumenta, as pessoas são capazes de consumir mais. Para um bem típico ou normal, a demanda aumenta em resposta a um aumento na renda do consumidor. Preços de bens relacionados: Um aumento no preço de um bem pode causar um deslocamento da demanda por um outro bem. Gostos: Os gostos mudam à medida que o tempo passa. 3.3.2 – EXEMPLO O deslocamento de demanda pode ser representado por D0 D1 que mostra o deslocamento para a direita da curva de demanda devido a uma elevação da renda, por exemplo. 3.3.3 - DESLOCAMENTO DA E AO LONGO DA CURVA A distinção entre deslocamentos da curva de demanda e deslocamentos ao longo da curva de demanda é crucial. FGVIDT Um deslocamento ao longo da curva de demanda corresponde a uma redução na quantidade demandada em função de um aumento de preço do bem, por exemplo. Um deslocamento da curva de demanda indica que, a cada preço, mais bens são consumidos. 3.4 – OFERTA DE UM BEM Assim como para a demanda por um determinado bem, a primeira pergunta a ser feita é: Como a quantidade ofertada de um bem se altera em resposta a uma mudança de preços, mantendo tudo mais constante? 3.5 - CURVA DE OFERTA À medida que o preço da maçã aumenta, a quantidade ofertada de maçã também aumenta. Se o preço da maçã for R$ 0,50, não será lucrativo produzir maçãs. Se o preço da maçã for R$ 2,00, uma mesma fazenda poderá ofertar 100.000 maçãs. Se o preço da maçã for R$ 5,00, uma mesma fazenda poderá ofertar 200.000 maçãs Ao contrário da curva de demanda por um bem, a curva de oferta de um bem é positivamente inclinada. Portanto, o aumento no preço do bem provoca o aumento da oferta desse bem. Tal situação ocorre porque preços mais altos correspondem a lucros maiores, incentivando as firmas a produzirem mais. FGVIDT 3.6 - OFERTA DO MERCADO A oferta do mercado de um bem é a quantidade total do bem que todas as firmas desejam ofertar a cada preço. A oferta de trabalho do mercado, por exemplo, é a quantidade total de horas de trabalho que as famílias desejam ofertar a cada preço. A curva de oferta do mercado indica a quantidade total de um bem que as firmas estão dispostas a produzir a cada preço. A curva de oferta do mercado é obtida por meio da adição da quantidade ofertada por cada firma, a cada preço. À medida que o preço do bem aumenta, a quantidade ofertada pelo mercado também aumenta. Esse fato pode ser observado na inclinação positiva da curva de oferta – como na curva de oferta do mercado de maçãs por semana. 3.7 - DESLOCADORES DA CURVA DE OFERTA Como no caso da demanda, a oferta pode ser afetada por outros fatores que mudam com o tempo, produzindo deslocamentos na curva de oferta. FGVIDT Dentre os fatores que provocam deslocamentos da oferta, podemos destacar... Custo dos insumos: Se o preço dos agrotóxicos subir, os agricultores estarão menos dispostos a produzir tomates ao mesmo preço. Nesse caso, a oferta vai-se reduzir e o preço do tomate subirá. Tecnologia: Com o advento de uma nova tecnologia, o custo de produção diminuirá. Com custo menor de produção por unidade, os produtores estarão dispostos a produzir mais do que antes, a qualquer preço. A oferta aumentará. Condições climáticas: Este fator é especialmente importante para a produção agrícola. Uma seca provoca, por exemplo, uma queda na produção de tomates a cada preço. Preços de bens relacionados: Da mesma maneira que os bens podem ser substitutos ou complementares no consumo, podem ser substitutos ou complementares na produção. 3.7.1 - SUBSTITUTOS OU COMPLEMENTARES O feijão e a lentilha, por exemplo, são substitutos na produção. Com um aumento no custo da produção de feijão, os agricultores serão incentivados a reduzir o plantio de feijão e aumentar o de lentilha. A quantidade de feijão que os produtores estão dispostos a oferecer por um determinado preço diminuirá. A carne e o couro são complementares ou produtos conjuntos. Quando o abate do gado aumenta em resposta a uma demanda maior por carne, a produção de couro cresce, simultaneamente. Um aumento na produção de carne acarretará um acréscimo na produção de couro cru. Um deslocamento, para a direita e para baixo, da curva de oferta – O0 O1 – pode ser representado da seguinte forma: FGVIDT 3.7.2 - DESLOCAMENTOS DA E AO LONGO DA CURVA DE OFERTA É necessário compreendermos a diferença entre deslocamento da curva de oferta e deslocamentos ao longo da curva de oferta. O deslocamento ao longo da curva de oferta corresponde, por exemplo, a uma redução na quantidade ofertada em razão de uma queda do preço de um bem. O deslocamento da curva de oferta indica que, a cada preço, mais bens são produzidos.3.8 – PREÇO COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO Em uma economia, os preços funcionam como meios de comunicação entre os agentes. Se uma grande seca atingir o país, a oferta de tomate será drasticamente reduzida. As famílias terão de reduzir o consumo de tomates... O aumento do preço do tomate será responsável por informar às famílias sobre a redução da oferta de tomates. O aumento do preço do tomate também incentivará as famílias a consumirem menos tomates. 3.9 PREÇO DE EQUILÍBRIO Em mercados competitivos, a demanda e a oferta por um bem determinam, juntas, seu preço. FGVIDT O preço pago por um bem será determinado pela interseção entre as curvas de oferta e de demanda por esse bem. Esse preço será chamado de preço de equilíbrio. 3.10 - LEI DA OFERTA E DA DEMANDA Em equilíbrio, os consumidores consomem, exatamente, a quantidade demandada ao preço de equilíbrio. Os produtores, por sua vez, vendem, precisamente, a quantidade ofertada ao preço de equilíbrio. Esta é a chamada lei da oferta e da demanda. O termo equilíbrio é utilizado para descrever a situação na qual não há forças – razões – para que o status quo mude. A lei da oferta e da demanda não implica que, a todo o momento, o preço de um bem seja exatamente igual a seu preço de equilíbrio. A lei da oferta e da demanda determina que, em economias de mercado competitivas, os preços tendem a convergir para os preços de equilíbrio, em que demanda e oferta se igualam. FGVIDT Unidade 04 – PROBLEMAS ECONÔMICOS BÁSICOS Nesta unidade estudaremos alguns problemas microeconomicos básicos que fazem com que os agentes economicos quebrem a cabeça para tomarem suas suas decisões. 4.1 – PROBLEMAS ECONÔMICOS Qualquer comunidade se depara com quatro problemas econômicos básicos o que produzir?; Quanto produzir?; Como produzir?; Para quem produzir? Tais questões não seriam problemas se os recursos à disposição das comunidades fossem ilimitados. Infelizmente, na realidade, a sociedade se depara com ilimitadas necessidades, limitados recursos disponíveis e limitadas técnicas de fabricação. 4.2 – POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO O problema da escassez de recursos e a necessidade de se fazerem escolhas podem ser traduzidos na curva de possibilidades de produção. Embora os recursos à disposição e a capacidade de produção sejam limitados a sociedade tem opções em relação aos tipos de bens e serviços a serem produzidos. A curva – ou fronteira – de possibilidade de produção é o conjunto das combinações de produto que uma economia pode produzir desde que essas combinações sejam encontradas na fronteira ou dentro dela. Pontos além da curva não possuem viabilidade de acordo com a dotação inicial de recursos da economia. 4.2.1 – TIPOS DE DECISÃO FGVIDT Uma sociedade é composta por um determinado número de indivíduos que dominam certa técnica de produção; dispõem de certo número de fábricas; dispõem de instrumentos de produção e de recursos naturais. Ao decidir o que será produzido e como será produzido, a economia terá decidido como alocar os recursos disponíveis entre os diversos fins alternativos. 4.3 – EXEMPLO Em uma economia que produz apenas dois bens – maçãs e computadores –, a curva de possibilidades de produção representa as infinitas possibilidades de combinações entre maçãs e computadores. Essas possibilidades de combinações podem ser produzidas em função dos recursos e do nível tecnológico disponíveis. 4.4 - CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO No gráfico abaixo, unindo cada um dos pontos, obtemos a curva de possibilidades de produção. FGVIDT Ao longo da curva de possibilidades de produção, os recursos utilizados na produção de um bem são transferidos para a produção de outro bem. 4.5 – COMPOSIÇÕES Se empregássemos todos os recursos disponíveis na produção de computadores, provavelmente, morreríamos de fome. FGVIDT A curva de possibilidades de produção é traçada levando-se em consideração as composições factíveis. Nem todos os pontos da curva são necessariamente desejáveis. 4.6 - CUSTO DE OPORTUNIDADE O formato da curva de possibilidades de produção ilustra um outro conceito largamente utilizado pelos economistas – custo de oportunidade. O custo de oportunidade de um produto é a alternativa que tem de ser sacrificada, a fim de se obter tal produto. A curva de possibilidades de produção revela o que uma economia é capaz de produzir. O custo de oportunidade de uma unidade adicional de computador é a quantidade de maçãs que deixou de ser produzida. A curva de possibilidades de produção reflete a produção máxima possível de dois bens. Os pontos sobre a curva são obtidos por meio da plena utilização dos recursos disponíveis; Os pontos sob a curva representam combinações de produção que não exigem pleno emprego dos recursos disponíveis. 4.7 - DIFÍCIL SUBSTITUIÇÃO O formato decrescente da curva de possibilidades de produção sinaliza que os recursos disponíveis são limitados, indicando que a substituição entre quantidades de dois bens se torna cada vez mais difícil. À medida que estamos produzindo pouco um bem, o sacrifício necessário para produzir ainda menos é muito grande. Por exemplo, passando do ponto C para B, ganhamos 20 milhões de maçãs, entretanto, sacrificamos 10 mil computadores. 4.8 - RECURSOS LIMITADOS Embora alguns países possuam mais recursos a sua disposição do que outros, esses FGVIDT recursos serão sempre limitados. Cada país é capaz de produzir – com os recursos que possui – apenas uma parte dos bens de que necessita. Cada economia possui algum grau de especialização. Cada sociedade procura organizar sua economia, a fim de solucionar os problemas fundamentais criados pela especialização e pela necessidade de fazer escolhas. Dessa forma, convém reformularmos a definição de Economia... Economia é o estudo da organização social pela qual os homens satisfazem suas necessidades de bens e serviços escassos. FGVIDT Unidade 05 – VIDA ECONÔMICA Nesta unidade estudaremos como os diferentes mercados podem se estruturar e se alterar de maneiras distintas, impactando as decisões individuais de formas diferentes. 5.1 - MERCADOS COMPETITIVOS Os economistas formulam hipóteses sobre a estrutura em que os indivíduos e as firmas interagem, isto é, o mercado. O ponto de partida para essas hipóteses é um cenário no qual existem muitos vendedores e compradores, todos negociando o mesmo bem. Os produtores querem sempre aumentar seus preços. Se, apesar do aumento de preços, eles conseguirem vender seus produtos, eles terão lucros maiores. Entretanto, se muitos produtores fabricarem o mesmo bem, cada um deles terá de cobrar o mesmo preço praticado pelos outros caso contrário, perderão seus clientes. 5.1.1 - COMPETIÇÃO PERFEITA Em uma competição perfeita, cada firma é tomadora de preços, isto é, cada firma em particular não é capaz de afetar o preço de seu bem. 5.2 - MODELO COMPETITIVO BÁSICO O consumidor busca pagar preços menores pelos bens que adquire. O consumidor toma o preço do mercado como dado e sua decisão sobre a aquisição do bem não é capaz de afetar o preço corrente. Essa estrutura é conhecida como modelo competitivo básico. FGVIDT Se a economia funcionar de acordo com esse modelo, será considerada eficiente. O termo eficiente é utilizado para indicar que... » não há desperdício de recursos; » não é possível produzir mais de um bem sem reduzir a produção de outro; » não há como melhorar a situação de um indivíduo sem piorar a de outro. Potencialmente, todos os economistas reconhecem que o modelo competitivo básico não se ajusta perfeitamente ao funcionamento real da economia. Logo, a função desse modeloé atuar como paradigma para futuras comparações. 5.3 - RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA As famílias – a cada mês – recebem uma renda proveniente de salários ou do pagamento de lucros. As famílias – a cada mês – precisam decidir como vão gastar a renda disponível, respeitando suas restrições orçamentárias. A restrição orçamentária – ou o volume de recursos que o agente econômico pode gastar – imposta às famílias implica que o consumo de uma quantidade maior de um bem será realizado às custas de redução equivalente do consumo de outro bem. Esse trade-off – uma situação de escolha conflitante – é determinado pelos preços relativos, ou seja, abre-se mão de alguma coisa. Se o preço das maçãs for o dobro do preço das laranjas, para consumir uma maçã a mais, o indivíduo deve consumir duas laranjas a menos. 5.4 - EFEITO SUBSTITUIÇÃO A curva de demanda de um indivíduo costuma ser negativamente inclinada – à medida que o preço de um determinado produto sobe, ele realiza seu consumo em quantidades menores. À proporção que o preço das maçãs sobe, elas se tornam menos atraentes em relação FGVIDT a laranjas e a outros bens. Para consumir uma unidade a mais de maçã, o consumidor terá de reduzir, cada vez mais, seu consumo de laranjas. O consumidor acabará por substituir laranjas por maçãs. Mudanças no padrão de consumo de um indivíduo – resultantes de alterações nos preços relativos – são chamadas de efeito substituição. 5.5 - REDUÇÃO NO CONSUMO O bem-estar de um consumidor que costuma gastar parte de sua renda com maçãs decrescerá caso haja um aumento nos preços. A redução no consumo de um bem em função do aumento de seu preço é conhecida como efeito renda. O aumento do preço das maçãs reduzirá seu consumo devido a sua renda. Vários fatores podem afetar a curva de demanda por um bem – gostos, moda, questões demográficas Contudo, o mais importante é que a demanda por um bem é afetada pelos outros bens da economia ou seja, a demanda por laranjas é afetada pelo preço das maçãs. 5.6 – POUPANÇA Se o indivíduo consumir apenas parte de sua renda no período corrente, a parcela restante terá sido poupada. FGVIDT O indivíduo poderá investir a quantia restante e receber, por isso, uma taxa de juros r. Se r for igual a 10%, cada R$ 1,00 poupado renderá R$ 0,10 no futuro. Logo, principal mais juros é igual a R$ 1,10 – é o preço relativo do consumo presente em relação ao consumo futuro. Se um consumidor gasta toda a sua renda no mesmo período em que a recebe – nada poupa –, o aumento de r não surtirá efeito sobre ele. Se um consumidor poupa parte de sua renda, um aumento de r implicará maior consumo futuro. Esse é o efeito renda relativo a um aumento da taxa de juros. Um aumento de r cria, dessa forma, um incentivo para que o indivíduo reduza seu consumo corrente e poupe mais, criando uma oportunidade de maior consumo futuro. Esse é o efeito substituição associado a um aumento em r. A decisão de poupar é uma decisão entre consumir hoje ou consumir no futuro. 5.7 - EXPECTATIVAS DO CONSUMIDOR A decisão entre consumo presente e futuro pode ser vista sob o prisma de uma decisão de consumo entre dois bens quaisquer – laranjas e maçãs, por exemplo. O consumidor avalia suas preferências, seu conjunto de oportunidades e o trade-off imposto pelo sistema de preços. No caso, o preço do consumo futuro é a taxa de juros r. Ao contrário da decisão de consumo entre dois bens, o consumidor passa a considerar suas expectativas em relação ao futuro. A parcela que o indivíduo decide poupar depende de suas expectativas para o futuro em relação a seu salário, a preços e, até mesmo, em relação a seus gostos. 5.8 - AVALIAÇÃO DO ATIVO Uma vez tomada a decisão de poupar, o consumidor tem de decidir o que fazer com sua poupança. A parcela que o indíviduo decide poupar, isto é, o que ele deixa de consumir no presente, depende de suas expectativas. FGVIDT 5.9 – EXEMPLO Um mecânico recebeu duas ofertas de trabalho... Na oficina A, sua carga horária diária de trabalho seria de 8 horas. Na oficina B, sua carga horária diária de trabalho seria de 6 horas. Cabe, então, ao mecânico escolher sua carga horária diária de trabalho. Que fatores podem determinar essa escolha? 5.10 – SALÁRIO O mecânico deve considerar que, caso opte por trabalhar menos horas, ganhará menos por isso. Consequentemente, seu consumo também será menor. O mecânico encontra-se, então, em face de um trade-off entre o benefício de horas extras de lazer e o custo associado à diminuição de seu consumo. Este trade-off é imposto pelo salário recebido, ou seja, o salário é o preço do trabalho. O salário real corresponde ao salário nominal dividido pelo nível de preços da economia. O salário real nos indica o consumo extra que o trabalhador poderá extrair de uma hora a mais de trabalho. As mesmas considerações feitas em relação ao aumento do preço da maçã e à elevação da taxa de juros r podem ser aplicadas aos efeitos do aumento do salário real sobre a decisão entre trabalho e lazer. FGVIDT Unidade 06 – FIRMAS Firmas são organizações que produzem e vendem bens e serviços, que contratam e utilizam fatores de produção. Nesta unidade estudaremos como essas relações se comportam no nível microeconomico. 6.1 - PAPEL DAS FIRMAS Firmas competitivas fazem suas escolhas com o intuito de maximizar seus lucros. 6.2 - PRODUÇÃO DA FIRMA Quando o preço excede o custo de produção, a firma está lucrando com a produção de mais esta unidade do produto. Ao contrário, quando o custo de produção de uma unidade extra é maior do que seu preço, a firma está perdendo dinheiro. Podemos concluir que a firma produzirá, exatamente, no ponto em que o preço é igual ao custo de produção de uma unidade extra. 6.3 - CURVA DE OFERTA O grupo de firmas que produz o mesmo produto é chamado de indústria. A curva de oferta da indústria é produto da soma vertical das curvas de oferta de cada firma no mercado. Graficamente, a curva é positivamente inclinada, indicando que maiores preços induzirão as firmas a produzirem mais. A quantidade de produtos que uma indústria deseja ofertar depende não só do preço de seu produto como também de seus custos com o trabalho e outros insumos. Um aumento no preço dos insumos impactará, negativamente, na quantidade de produtos ofertada pela indústria. FGVIDT Um aumento nos salário dos trabalhadores implicará um aumento dos custos incorridos pela firma. Se a firma não puder elevar os preços dos produtos ofertados, uma elevação em seus custos implicará redução de receita e, consequentemente, redução de oferta. O formato da curva de oferta, portanto, assume que a firma recebe do mercado preços mais elevados e, por isso, eleva a quantidade ofertada de bens para aumentar sua receita. 6.4 - DEMANDA POR CAPITAL A decisão da quantidade de produtos a ser produzida por uma firma está relacionada a sua demanda por trabalho ou por mão de obra. A cada nível de salários e preços, somos capazes de calcular o quanto as firmas estão dispostas a ofertar e qual será sua demanda por trabalho. À medida que o salário aumenta a um dado nível de preços, a demanda da firma por trabalho diminui. 6.5 - DEMANDA POR TRABALHO FGVIDT O aumento nos custos marginais, em função do aumento nos salários, fará com que as firmas ofertem menos. Ofertando menos, as firmas necessitam de menos trabalho. Essa lógica pode ser estendida tanto para a indústria quanto para a economia como um todo. À medida que os salários aumentam a um determinado nível de preços, a demanda por trabalho na economia diminui. Logo, a curva de demanda por trabalho é negativamente inclinada. Se os salários aumentarem, o trabalho se tornará mais caro em relação aopreço de outros insumos. Portanto as firmas tentarão substituir o trabalho por outros insumos. 6.6 - EQUILÍBRIO DE MERCADO Depois de analisarmos o comportamento das firmas e das famílias é necessário unirmos os resultados encontrados e analisarmos o equilíbrio em cada um dos três maiores mercados da economia – os mercados de bens, de trabalho e de serviços. 6.6.1 - MERCADO DE TRABALHO Em um mercado competitivo, não há desemprego involuntário – não existe capacidade ociosa do fator mão de obra – e o salário é estabelecido no nível em que a demanda por trabalho se iguala à oferta de trabalho. O equilíbrio no mercado de trabalho é alcançado pela interseção entre a curva de demanda por trabalho das firmas e a curva de oferta de trabalho das famílias. A curva de demanda é derivada das decisões de consumo por parte das famílias. A curva de oferta é derivada das decisões de produção da firmas. Essa visão agregada do mercado de bens abrange as curvas de oferta e de demanda de cada um dos produtos na economia. A interseção entre as curvas de oferta e de demanda de cada produto nos fornece seus preços relativos. FGVIDT 6.6.2 - NÍVEL DOS PREÇOS DE EQUILÍBRIO No mercado de bens como um todo, a interseção entre as curvas de oferta e demanda nos fornece o nível de preços e a quantidade tansacionada de equilíbrio. A interseção entre as curvas de oferta e demanda pode ser representada da seguinte forma... FGVIDT Unidade 07 – MEDIDAS DE ATIVIDADE ECONÔMICA Nesta unidade estudaremos os fluxos economicos para compreender como as relações entre os agentes economicos pode ser analisada de maneira agregada para compreendermos a totalidade dos mercados existentes na Economia.. 7.1 - EQUILÍBRIO GERAL O equilíbrio geral da economia é o cenário no qual todos os mercados estão em equilíbrio. A economia está em equilíbrio quando a oferta de cada bem satisfaz sua demanda; não há desemprego involuntário; e a oferta de capitais é igual à demanda por capitais. 7.1.1 - FLUXO CIRCULAR DE RENDA A relação entre os vários setores da economia corresponde ao diagrama de fluxo circular de renda. Enquanto as famílias compram bens e serviços das firmas, as famílias também ofertam trabalho e capital para as firmas. A renda recebida pelas famílias – salários pagos pelas firmas – é gasta para comprar bens e serviços ofertados pelas firmas. FGVIDT Esse diagrama representa uma simplificação da economia, na qual não há... » poupança – todos os recursos não utilizados; » capital; » governo; » presença do setor externo. As firmas contratam a força de trabalho ofertada pelas famílias e vendem os bens produzidos às famílias. A renda obtida, por meio da venda de seus produtos, é utilizada para o pagamento de salários, lucros e aluguéis. 7.1.2 - CONDIÇÃO DE EQUILÍBRIO A renda das famílias – o fluxo de renda proveniente das firmas – deve ser igual aos gastos das famílias – o fluxo de renda para as firmas. O fluxo circular de renda não é útil apenas para analisar o fluxo de renda na economia. Ele também possibilita a compreensão de uma condição de equilíbrio que deve ser satisfeita. Esse fluxo circular de renda representa uma economia bastante simplificada FGVIDT Para estendê-lo a outros setores da economia, temos de incluir a poupança das famílias e o capital. Parte da renda paga pelas firmas às famílias é proveniente dos retornos sobre o capital – juros pagos sobre empréstimos e dividendos. Parte dos lucros é retida pelas firmas para financiar seus investimentos. Parte da renda paga pelas famílias às empresas corresponde às poupanças das famílias, que serão utilizadas na compra de máquinas e equipamentos. 7.1.3 - INCLUSÃO DO SETOR PÚBLICO Para estender o fluxo circular de renda a outros setores da economia, temos de considerar a poupança das famílias e o capital. Portanto, é importante incluirmos o setor público – o governo. Algumas famílias recebem renda do governo – previdência social. Outras famílias vendem sua força de trabalho ao governo – funcionários públicos. Algumas famílias recebem pagamentos de juros de governo – detentores de títulos da dívida pública. Todas as famílias pagam parte de sua renda ao governo – impostos. De maneira análoga, as firmas vendem seus bens e serviços ao governo; recebem renda do governo na forma de subsídios; pagam impostos. Como o fluxo de renda entre famílias e firmas deve-se equilibrar, o mesmo deve acontecer entre a renda recebida pelo governo e seus gastos. Os gastos do governo incluem compras de bens e serviços ofertados pelas firmas e a contratação de trabalho ofertado pelas famílias. Além disso, o governo também gasta com o pagamento de juros aos detentores de títulos da dívida pública e realiza transferências para firmas e famílias. 7.1.4 – CRIAÇÃO DE MOEDA Quando há um deficit – ou seja, quando a renda proveniente dos impostos não é suficiente para cobrir todos os gastos –, o governo pode financiá-lo por meio do aumento dos impostos ou através de expansão monetária – criação de moeda. 7.1.5 - INCLUSÃO DO SETOR EXTERNO FGVIDT As firmas podem vender sua produção para consumidores estrangeiros – exportações – e financiar seus investimentos com fundos provenientes de famílias estrangeiras. Podemos também incluir o setor externo em nossa análise. As famílias, por sua vez, compram bens de firmas estrangeiras – importação – e investem parte de sua renda nessas firmas. Portanto, para que a condição de equilíbrio da renda seja considerada as exportações mais os investimentos estrangeiros no país devem ser iguais às importações mais os investimentos domésticos no estrangeiro. 7.2 - VALOR AGREGADO Em nosso exemplo inicial, ignoramos os impostos indiretos... Dos R$ 100,00 de valor agregado pelo produtor de farinha de trigo, R$ 80,00 correspondem à renda do trabalho e os R$ 20,00 restantes, ao lucro. Dos R$ 110,00 de valor agregado pelo fabricante de pães, R$ 70,00 são renda do trabalho e R$ 40,00, lucro. Para a economia como um todo, o valor adicionado é R$ 210,00, dos quais R$ 150,00 correspondem à renda do trabalho e R$ 60,00, ao lucro. 7.3 - FLUXO CIRCULAR Se uma economia produzir um único bem – pão –, a partir de um único fator – trabalho... As famílias vendem sua força de trabalho às empresas que fabricam o pão. As empresas empregam essa força de trabalho na produção do pão – que vendem às famílias. O trabalho flui das famílias para as empresas. O pão circula das empresas para as famílias. As famílias utilizam seus salários para adquirir o pão produzido pelas empresas. As empresas utilizam parte da renda proveniente das vendas para pagar os salários de seus trabalhadores. O restante é o lucro dos donos das empresas, os quais são também integrantes das famílias. FGVIDT A despesa com pão flui das famílias para as empresas. Já a renda, na forma de salários e lucros, circula das empresas para as famílias. 7.4 - FLUXOS REAIS A equivalência entre renda e despesa advém do fato de que todas as despesas efetuadas na compra de produtos são, necessariamente, renda do ponto de vista dos produtores desses bens. No caso dos pães, o PIB mede o fluxo de reais na economia. Esse fluxo pode ser calculado de duas maneiras. O fluxo de reais é equivalente à renda proveniente da produção de pães. Por outro lado, o PIB é equivalente ao total de gastos com as compras de pão. Esses dois fluxos são iguais. FGVIDT Unidade 08 – DESPESA E RENDA Se agregarmos todas as movimentações e transações economicas realizadas pelos agentes em um território em determinado período de tempo, teremos como aquela Economia se comportou de maneira geral. Nesta unidade, estudaremos a mensuraçãoda atividade econômica – partindo do famoso conceito central de Produto Interno Bruto (PIB). 8.1 – PRODUTO INTERNO BRUTO O Produto Interno Bruto – PIB – mede o produto agregado de uma economia em um determinado período de tempo. Há três maneiras de se conceber o PIB. Vamos a elas! 8.2 - COMPOSIÇÃO DO PIB O PIB corresponde ao valor de serviços e bens finais produzidos em uma economia em um determinado período. Note que a palavra finais é muito importante para o cálculo correto do PIB. Imaginemos que a economia fosse constituída de apenas duas empresas... A empresa 1 produz farinha de trigo, emprega trabalhadores e utiliza máquinas... A empresa 1 vende a farinha de trigo por R$ 100,00 para a empresa 2 – que produz pão. A empresa 1 paga R$ 80,00 a seus trabalhadores e fica com os R$ 20,00 restantes – a título de lucro. A empresa 2 compra farinha de trigo e a utiliza – juntamente com trabalhadores e máquinas – para produzir pães. A receita da empresa 2 com a venda dos pães é R$ 210,00. FGVIDT Desse total, a empresa 2 utiliza R$ 100,00 para pagar a farinha de trigo e R$ 70,00 para pagar o salário dos trabalhadores – o que lhe deixa R$ 40,00 de lucro. 8.3 - MENSURAÇÃO DO PIB O valor do PIB é a soma dos valores de toda a produção da economia. No caso das duas empresas o valor do PIB será o valor da produção de bens finais ou seja, R$ 210,00. Como a farinha de trigo é um bem intermediário utilizado na produção do bem final – no caso, pães –, ela não deve ser incluída no cálculo do PIB, que é o valor do produto final. 8.4 - VALOR ADICIONADO O PIB também é definido como a soma do valor adicionado na economia em um dado período. Uma forma alternativa de computar o valor de todos os bens e serviços finais é somar o valor adicionado em cada etapa da produção. O valor adicionado de uma empresa corresponde ao valor da produção da empresa menos o valor dos bens intermediários que ela adquire de outras empresas. No caso da farinha de trigo, o valor adicionado pelo produtor é R$ 100,00 – supondo- se que o produtor não tenha comprado bens intermediários – e o valor adicionado do produtor de pães é R$ 210,00 menos R$ 100,00, isto é, R$ 110,00. O valor adicionado total da transação é de R$ 100,00 mais R$ 110,00, ou seja, R$ 210,00. Para a economia como um todo, a soma de todos os valores adicionados deve ser igual ao valor de mercado de todos os bens e serviços finais. Por essa razão, o PIB também pode ser definido como o total adicionado de todas as empresas na economia. 8.5 – RENDA FGVIDT O terceiro modo de examinar o PIB é pela ótica da renda. O PIB também pode ser definido como a soma das rendas na economia em determinado período. A diferença entre o valor da produção de uma empresa e o valor dos bens intermediários tem como destino final os trabalhadores – sob a forma de salários; as empresas – sob a forma de lucro; o governo – sob a forma de impostos indiretos cobrados sobre as receitas das vendas finais, como os impostos sobre as vendas. 8.6 - VALOR DE BENS E SERVIÇOS O PIB mede o valor em reais dos bens e serviços finais da economia em um determinado período de tempo. Em uma economia que só produz bolas e chuteiras, o PIB é a soma do valor de todas as bolas com o valor de todas as chuteiras. 8.7 – COMPOSIÇÃO DO PIB Os economistas não se interessam apenas pelo valor total da produção de bens e serviços em uma economia. Os economistas se interessam também pela alocação da produção entre usos alternativos. Os economistas costumam decompor o PIB em quatro grandes categorias... » consumo – C; FGVIDT » investimento – I; » despesas do governo – G; » exportações líquidas – NX. 8.8 – EQUAÇÃO Representando o PIB por Y, temos: Toda a renda ou despesa da economia está incluída em uma dessas categorias. 8.9 – CATEGORIAS As categorias que compõem o PIB são assim definidas... Consumo: Refere-se aos bens e serviços comprados pelos consumidores – que variam de alimentos a carros novos. O consumo representa, normalmente, a maior parcela do PIB. Investimento: Por vezes chamado de investimento fixo, o investimento consiste em bens adquiridos para uso futuro. O investimento constitui a soma de dois componentes. O primeiro deles, o investimento não residencial, refere-se à compra, por parte das empresas, de instalações ou máquinas. O segundo componente, denominado investimento residencial, compreende a compra – pelas pessoas – de casas ou apartamentos. Despesas do governo: São os bens adquiridos pelos governos federal, estadual e municipal. Esta categoria abrange equipamentos militares, construção de hospitais e serviços prestados pelos funcionários do governo. No entanto, exclui as transferências para pessoas físicas, como seguridade e bem- estar, porque esses pagamentos não se realizam em troca de bens e serviços nem os pagamentos de juros sobre a dívida. Portanto, eles não entegram o PIB. Exportações líquidas: Leva em consideração o comércio com outros países. As FGVIDT exportações líquidas equivalem ao valor dos bens e serviços exportados menos o valor de bens e serviços importados de outros países. 8.10 - PIB E PNB O Produto Interno Bruto – PIB – corresponde ao total da renda obtida dentro das fronteiras de um país, ou seja, internamente. Vejamos agora a diferença entre Produto Interno Bruto e Produto Nacional Bruto. O PIB inclui a renda ganha por estrangeiros que moram no país, mas exclui a parcela ganha por aqueles que residem fora do país. O Produto Nacional Bruto – PNB – é a renda total recebida por todos os brasileiros, tanto no Brasil como no exterior. O PNB não inclui a parcela ganha pelos estrangeiros que residem no país. 8.11 - DEPRECIAÇÃO DO CAPITAL Existem outras medidas de renda que – embora sutis – diferem um pouco da definição de PIB e PNB. A relação entre outras medidas de renda torna-se clara se começarmos pelo PIB e dele subtrairmos algumas quantias. A depreciação do capital é um dos custos associados à produção de bens e serviços. A subtração desse valor do PIB revela o resultado líquido da atividade econômica. 8.11.1 – PNL O Produto Nacional Líquido – PNL – é obtido por meio da subtração da depreciação do capital. A depreciação do capital é a soma dos estoques em instalações fabris, equipamentos e estruturas residenciais de uma economia que sofrem desgaste ao longo de um ano... FGVIDT Subtraindo do PNL os impostos indiretos pagos pelas empresas, obtemos a renda nacional. Renda nacional = PNL - impostos indiretos sobre empresas A renda nacional é, portanto, uma medida de tudo que as pessoas ganham em uma economia. 8.11.2 - RENDA PESSOAL Outros ajustes consideram a renda pessoal – quantias recebidas por famílias e empresas individuais. Os principais ajustes se referem à dedução de rendas auferidas e não distribuídas pelas empresas, seja porque são retidas, seja porque são destinadas ao pagamento de impostos ao governo. Esses ajustes são calculados da seguinte forma: rendas auferidas e não distribuídas pelas empresas = renda nacional - lucros distribuídos - IRPJ + lucors retidos - previdenciária 8.11.3 - RENDA PESSOAL DISPONÍVEL Um terceiro ajuste inclui os juros percebidos pelas famílias em vez dos juros pagos pelas empresas. O resultado obtido pela soma da renda de juros pessoais e a subtração dos juros líquidos é a renda pessoal. A diferença entre juros pessoais e juros líquidos decorre, em parte, dos juros sobre a FGVIDT dívida do governo. A renda pessoal é igual a... Ou seja, 8.12 - PIB REAL E PIB NOMINAL Pode haver um acréscimo no PIB, seja porque os preços subiram, seja porque as quantidades aumentaram. Para resolver esse problema, os economistas diferenciamo PIB nominal do PIB real. O PIB nominal é o valor de bens e serviços medidos em preços correntes. O PIB real é o valor de bens e serviços medidos em preços constantes. Para calcular o PIB real, um ano-base é escolhido e são somados os bens e os serviços, usando-se os preços desse ano-base para calcular o valor das diferentes mercadorias. Calculado dessa forma, o PIB pode não ser uma medida satisfatória da atividade econômica. 8.13 - DEFLATOR DO PIB FGVIDT A partir do PIB real e do PIB nominal, podemos calcular uma terceira estatística importante, o deflator do PIB – deflator implícito de preços do PIB. Rearrumando a expressão, temos... Portanto o PIB nominal mede o valor em reais da produção da economia em um determinado período. O PIB real mede a produção avaliada a preços constantes, relativos ao ano-base. O deflator do PIB mede o preço da cesta de produtos produzida pela economia em comparação com seu preço no ano-base. 8.14 – VARIÁVEIS MACROECONÔMICAS O PIB é a principal variável macroeconômica, mas não é a única. Outras variáveis – do desemprego à inflação, dos deficits comerciais ou orçamentários – sinalizam aspectos importantes da economia. A força de trabalho é constituída pela soma do número de trabalhadores empregados e desempregados. A taxa de desemprego é, por sua vez, definida como a razão entre o número de desempregados e a força de trabalho. FGVIDT FGVIDT Unidade 09 – CRESCIMENTO ECONÔMICO O Capitalismo é um sistema economico e social baseado calcado na existência da propriedade privada de recursos economicos (principalmente, o capital) por alguns agentes e na forma pela qual esse “capital” pode se reverter em lucro para eles. A busca pelo lucro pode levar ao crescimento economico de uma nação, por exemplo, mas é suficiente para levar a seu desenvolvimento? 9.1 – CAPITALISMO Antes do surgimento do capitalismo, as sociedades eram, basicamente, agrícolas e suas produções variavam pouco ao longo dos anos. O capitalismo – por trazer contínuas mudanças tecnológicas e por buscar a acumulação de capital – alterou, significativamente, as estruturas dessas sociedades. Ao longo do século XX, por exemplo, a produção industrial mundial cresceu cerca de 40 vezes e, como a população mundial dobrou, a produção per capita cresceu cerca de 20 vezes. 9.2 - CRESCIMENTO ECONÔMICO Os estudiosos apontam três fatores como responsáveis pela promoção do crescimento econômico. Acumulação de capital: Aumento do número de máquinas e equipamentos, de investimentos em infraestrutura – como estradas e energia –, recursos humanos, entre outros. Crescimento populacional: Um aumento da população implica um aumento da força de trabalho e da demanda interna. Progresso tecnológico: É o advento de novas tecnologias – que podem ser neutras, poupadoras de capital ou poupadoras de trabalho. FGVIDT 9.3 - TEORIAS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO Desde meados do século XX, o crescimento tem sido visto como um importante objetivo da vida econômica. O estudo do crescimento econômico é, atualmente, um dos campos mais férteis da teoria econômica. Dentre as várias linhas de estudo existentes, podemos destacar... Teoria do crescimento ótimo: Campo explorado, inicialmente, por P. Ramsey e J. von Neumann. O problema central é definir os objetivos de longo prazo da economia e, a partir disso, determinar a trajetória ótima de crescimento que deverá percorrer a fim de concretizá- los. O método aplicado nessa análise é, essencialmente, matemático. Análise do resíduo: Campo iniciado pelos trabalhos de E. F. Deninson e R. H. Solow. Demonstraram que as variações observadas no capital e na oferta de mão de obra da economia americana, durante o século XX, são responsáveis por apenas uma pequena parcela do crescimento americano nesse mesmo período. A grande explicação para esse processo de crescimento seria o progresso tecnológico, isto é, o chamado fator residual. Economias subdesenvolvidas: Campo da análise que ganhou destaque perante os economistas a partir da década de 50. Nessa área, as linhas de análise concentram-se em cada país e, dentro deles, em problemas de natureza específica. Convencionalmente, o critério de desenvolvimento ou subdesenvolvimento econômico utilizado é o produto nacional per capital. Os países em desenvolvimento são, normalmente, definidos como aqueles que apresentam menor nível ou taxa de crescimento de renda per capita. Para tanto, utiliza-se, como referência, uma renda per capita fixada arbitrariamente. 9.4 - CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO Crescimento econômico: É o aumento contínuo do Produto Interno Bruto em termos globais e per capita, ao longo do tempo. Para Kuznets, a capacidade de crescimento econômico é baseada no avanço tecnológico e exige ajustes institucionais e ideológicos. FGVIDT Desenvolvimento econômico: Para Kindleberger e Herrick, é um aumento na produção acompanhado de modificações nas disposições técnicas institucionais, isto é, mudanças nas estruturas produtivas e na alocação dos insumos pelos diferentes setores da produção. Para Colman e Nixson, é um processo de aperfeiçoamento em relação a um conjunto de valores desejáveis pela sociedade. Para Seers, é a criação de condições para a realização da personalidade humana. Em outras palavras, para que haja desenvolvimento, é preciso haver crescimento. Entretanto, a avaliação do desenvolvimento deve levar em conta a pobreza, o desemprego e as desigualdades. 9.5 - DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO A definição de crescimento econômico implica melhor eficiência do sistema produtivo, pois o desenvolvimento econômico consiste nas modificações que alteram a composição do produto e na alocação dos recursos pelos diferentes setores da economia. O conceito de desenvolvimento econômico engloba as mudanças de caráter quantitativo dos níveis do produto nacional. Entendemos por crescimento econômico o aumento contínuo do produto nacional em termos globais ou per capita, ao longo do tempo. Para caracterizar um processo de desenvolvimento econômico, devemos observar, ao longo do tempo, a existência dos seguintes fatores... Crescimento do bem-estar econômico, medido por indicadores de natureza econômica – produto nacional total e o produto nacional per capita. Diminuição dos níveis de pobreza, desemprego e desigualdade. Devemos observar também a melhoria das condições de saúde, nutrição, educação, moradia e transporte. 9.6 - CRESCIMENTO VERSUS DESENVOLVIMENTO A diferença conceitual entre crescimento e desenvolvimento econômico é muito importante, uma vez que é possível um país crescer sem se desenvolver. O desenvolvimento econômico não pode ser analisado somente por meio de FGVIDT indicadores que medem o crescimento do produto ou do produto per capita. A análise do desenvolvimento deve ser complementada por índices que indiquem – ainda que de forma incompleta – a qualidade de vida dos indivíduos. Devemos ter um conjunto de medidas que reflitam alterações econômicas, sociais, políticas e institucionais, tais como... » renda per capita; » expectativa de vida; » mortalidade infantil; » fertilidade; » educação; » analfabetismo; » distribuição de renda entre diferentes classes e setores; » centralização da atividade econômica e do poder político. FGVIDT Unidade 10 – PREÇOS E INFLAÇÃO O preço é a expressão monetária que viabiliza as transações economicas na sociedade. Nesta unidade estudaremos como essa relação acontece e como ela dá origem à famigerada inflação. 10.1 – INFLAÇÃO Atualmente, R$ 1,00 não compra as mesmas coisas que comprava há 10 anos. O preço de todos os bens e serviços aumentou. Esse aumento geral do nível de preços é chamado de inflação.