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LITERATURA ESTRANGEIRA EM LÍNGUA PORTUGUESA Primórdios da Literatura Portuguesa Inicialmente incorporou formas, temas e características de outros países: galega, francesa. Necessidade de ter um herói nacional e falar sobre fatos históricos, como características próprias: navegadores em busca de outros territórios. A medida que a sociedade e leitores mudam, a escrita também muda. O texto literário é um reflexo de sua época. No século XIX líamos somente literatura escrita em Portugal, de língua portuguesa ou traduzido. Por um período literatura brasileira e portuguesa eram a mesma coisa. A língua portuguesa é a última língua neolatina formada a partir do latim vulgar. O cristianismo foi um fator de congregação na Península Ibérica se dividindo em Condado de Galiza, Reino de Leão e das Astúrias, Condado de Castela, Reino de Navarra , Reino de Aragão e Condado de Barcelos. Português arcaico ( misturado com galaico) entre XIII até o fim de XIV, primeira metade do século XV à primeira metade do século XVI foi português arcaico médio, moderno na segunda metade do século XVI e o contemporâneo no século XVIII até dias atuais. Harold Bloom diz que Camões é um poeta maior, ou seja, o que influencia outros e é uma autoridade. Século XVI: farsas de Gil Vicente, com variedade coloquial e popular da época. Século XVII: Sermões do Pe Antônio Vieira Século XVIII: renovação cultural e de instrução pública com as reformas pombalinas da Universidade em 1772, Du Bocage, Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa. Século XIX: fase moderna com novas poéticas e renovações estéticas, sem mudanças na parte gramatical . A LÍRICA TROVADORESCA Poesia trovadoresca provençal, início das cantigas, sul da França no século XII. Eram acompanhadas por música e, ás vezes, dança. Idade Média no contexto de cavaleiros, Tristão e Isolda. Na Europa, a Antiguidade se situa entre o desenvolvimento da escrita (fim da pré-história ) e a Idade Média. Poesia trovadoresca é a fonte do lirismo europeu: a mulher adquire importância na sociedade, surge a corte, a graça feminina estava presente e era apreciada. A vassalagem amorosa não correspondia à realidade social, havia uma mulher na poesia e uma mulher na vida real. No Sul da França a mulher estimula o culto na poesia dos trovadores e no Norte desempenha um papel acessório. Na lírica a mulher era doce e pura e os cavalheiros lhes prestavam homenagem. Características deste período: poesia occitânica. Os trovadores criaram o primeiro grande tema de inspiração lírica: o amor e daí surge o formalismo sentimental dessa poesia: submissão à dama, vassalagem humilde e paciente,honrar e servir com fidelidade, senhal ( ocultar o nome da mulher amada por meio de um pseudônimo ou imagem poética), mesura, prudência, cuidado em não prejudicar a reputação feminina, a mulher excede o grau de formosura, por ela o trovador despreza todos os títulos, riquezas e posses. LÍRICA TROVADORESCA GALEGO-PORTUGUESA Há dois gêneros: o lírico ( cantigas de amigo e de amor) e o satírico ( cantigas de escárnio e maldizer). · Cantiga de Amor: surgiu nas cortes medievais sob influência das antigas provençais. O tema é o amor por uma mulher inalcançável, amor idealizado, onde o trovador só quer servi-la, irrealizado, espiritualizado ( coita de amor: devido ao sofrimento pelo amor não correspondido o poeta queixa da indiferença feminina e, sentindo-se desprezado a única possibilidade é morrer para escapar da paixão que o atormenta). Voz masculina. O ambiente é a corte. · Cantiga de amigo: sujeito poético é uma mulher. O trovador é um homem que canta o mundo por um viés feminino, o cantar pelo olhar feminino. O ambiente é a vida rural, marinha, ar livre ou o campo. Fala sobre confidências com as amigas, conflito familiar, abandono do namorado. Utiliza elementos presentes no cotidiano popular . Algumas são classificadas como paralelísticas ( apresentam estrutura rítmica própria) : refrão em cada estrofe. · Cantiga de escárnio: vertente realista da temática amorosa e social do trovadorismo, sem eufemismos. Gira em torno de nobres decadentes, avarentos, padres suspeitos, prostitutas renomadas, escândalos políticos e religiosos, como musicais humorados precursores do stand-up. Influenciaram Gregório de Matos. PROSA MEDIEVAL Cavaleiro da Távola Redonda / Amadis de Gaula. Inicialmente era um material pagão que foi readaptado para valores cristãos. Devoção aos cavaleiros, religiosa a um senhor, castidade, . HUMANISMO Começa em 1418 quando Fernão Lopes é nomeado guarda-mor até 1527 quando Sá de Miranda, retornando Itália, incita a cultura clássica. Entre a Idade Média e o Renascimento. Século XV, com a ascensão de ideais burgueses e o dinheiro passa a ser mais valorizado que o título de nobreza. Antropocentrismo substitui o teocentrismo, mas em nenhum momento rompeu-se com o catolicismo. Iniciou na Itália com Petrarca (1304-1374). Consolidação da língua e literatura portuguesa. Obra de Fernão Lopes é a primeira grande obra de prosa da literatura portuguesa. No gênero dramático teve as primeiras manifestações com Gil Vicente Fala sobre prosa , historiografia, prosa doutrinária ( fidalgo e aristocracia) e novela de cavalaria de Amadis de Gaula, que é citada no livro Dom Quixote. POESIA humanística com Gil Vicente, sem acompanhamento musical, apenas recitado. Gil Vicente: Auto da Barca do inferno : Auto da alma: A farsa de Inês Pereira: Poema Barcas Novas de Fiama Hasse Pais Brandão: Tese A fala perfeita de Fiama Hasse Pais de Brandão: um diálogo íntimo om a realidade. RENASCIMENTO Século XV houve mudanças aspectos políticos, econômicos e artísticos. Igreja não detinha mais o domínio completo, estruturação da cidade e comerciantes. Desenvolvimento da ciência. Grandes navegações e livro Os Lusíadas. Continuação do que foi antecipado no Humanismo. Igreja ameaçada por Lutero, 1517, Com a Reforma Protestante que culminou no concílio de Trento e Inquisição ( Contrarreforma). Batalha de Alcácer Quibir ou Batalha dos três reis e Portugal foi derrotado e Dom Sebastião desapareceu ( sebastianismo). Período maneirista foi um aprofundamento do Renascimento, período da crise da renascença. O período maneirista, ao contrário do Humanismo e Renascimento, não via condições de conciliação entre o legado da Idade Média e antiguidade com o tempo atual, buscando um equilíbrio clássico. O homem não encontra esse equilíbrio e está em crise, uma corrente anticlássica e crise espiritual. Francisco de Sá Miranda traz a medida nova da Itália, iniciando o Classicismo em 1527. Introduziu a medida nova, ou seja, versos decassílabos com acentuação na 6º e 10º ou 4º, 8º e 10º sílaba e introdutor do soneto, sem abandonar as medidas velhas. Grande influência italiana. Medida velha tem 7 sílabas poéticas. Tédio decadentista caracterizou a passagem do século XIX para XX na poética. Poemas decassílabos podem ser sáficos (acento na 4º,8º e 10º sílaba ) ou heroico (acento na 6º e 10º). Forma e conteúdo são inseparáveis. Poetas maneiristas e do Renascimento, o mundo natural é a base da criação artística. Conceito de mimese segundo Aristóteles: A) como representação artística, como se fosse uma fotografia e o artista a representasse. B) o artista é um criador, olha a natureza e cria à semelhança dela. C) o mundo natural existe e cada artista tem um modo diferente de enxergá-lo. Luís de Camões: fez poemas de acordo com a medida velha, redondilhas, elegias, canções e sonetos. O homem é o centro do mundo e não consegue mudar isso. Desconcerto é o mal estar dos maneiristas. A ideia de amor é uma releitura que Camões fez de Platão. Mito da caverna em A república: O amor em O banquete de Platão: A epopeia- Os Lusíadas Camões dialoga com Petrarca e outras epopeias: Ilíada, Odisseia e Eneida. Epopeia retrata um momento de conflito, luta contra obstáculos, empecilhos difíceis de superar. É um poema heroico narrativo extenso, baseado em fatos históricos de um ou mais indivíduos, reais, lendários ou mitológicos. A essência é a demonstração deforça e coragem: são valores bélicos. Versos são musicais com ideia de deslocamento. Tudo se passa em um dia. A voz poética camoniana abrange Vasco da Gama, o velho do Restelo, Inês de Castro e vozes periféricas. São musicadas, feitas para serem cantadas. Há dois tipos de heróis: o corajoso e o paciente. CLASSICISMO Se é de Mirando traz as ideias da estética clássica europeia em 1527 e termina com a morte de Camões em 1580, quando Portugal denominada pela Espanha. Rompe com as inovações do Humanismo, resgatando os ideais antigos, medievais. Camões é o mais conhecido. BARROCO Inicia em 1580 com a morte de Camões e termina em 1756 com a fundação da Arcádia Lusitana. É uma fusão entre cultura medieval e clássica. Seiscentismo Padre Antônio Vieira Miguel de Cervantes- Dom Quixote Rococó: transição entre Barroco e Arcadismo, atenuando os aspectos pesados e maciços de Seiscentos. ARCADISMO: Estilo bucólico, natural e adoção de esquemas rítmicos mais graciosos. Bocage, Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa. ROMANTISMO Era do Modernismo. De 1780 até 1848, com divergências nacionais e ideológicas. A França buscava a liberdade e a Alemanha ainda era agrária. O termo Romantismo surgiu na Inglaterra e foi um divisor de águas na história ocidental. Almeida Garret: 1799-1854. Invasão de Portugal pelas tropas napoleônicas. Participou de Revoluções liberais. Com herança poética inglesa, ele resgatou tradições populares e crença de que a literatura culta não pode perder contato com a poesia popular e formas populares de expressão. Inovou a língua literária portuguesa ao escrever para novos interlocutores (fora da igreja), simplificou a construção da frase e alargou os recursos lexicais usando registros populares e familiares. A linguagem sai do pedestal de musa universal e chega ao nível da rua, mais afetiva, democrática e burguesa, uso do tu. Tríplice amor, guerra e fé . CAMILO CASTELO BRANCO 1825-1890 2º geração do Romantismo, ultrarromantismo. Amor de perdição: REALISMO Inicia com a questão Coimbrã em 1865: de um lado defensores do status quo e do outro grupos de jovens estudantes escritores de Coimbra, influenciados pela literatura francesa, eram contra escritores conservadores. Eles estavam interessados nas correntes filosóficas, científicas e artísticas da Europa e seguiam Comte, Proudhon e Darwin. Reivindicavam a literatura militante dirigida aos homens que trabalham e produzem. As principais teorias que foram base para o fundamento ideológico à literatura realista-naturalista. · Filosofia positivista de Auguste Comte 1798-1857, que defendia e reforma social por meio do conhecimento empírico, baseado na observação, experimentação e comparação. · Socialismo utópico de Proudhon 1809-1865, contra a luta política e defendia associações de auxílio mútuo formada por pequenos produtores. · Evolucionismo de Darwin 1809-1882 · Estudos fisiológicos de Claude Bernard 1813-1878, descobriu que as doenças eram decorrentes de anomalias e disfunções de órgãos e não do espírito. · Estudos anticlericais sobre a veracidade dos fatos religiosos de Joseph Ernest Renan. Antero Quintal, Eça de Queirós e Oliveira Martins e solidarizaram com as questões sociais e os menos desfavorecidos, transformando as questões políticas, culturais e estéticas. Socialismo de Proudhon e não de Marx. EÇA DE QUEIRÓS O crime do padre Amaro/ O primo Basílio/ Os maias. Escrevia, junto com Ramalho Ortigão, uma publicação mensal “ As farpas”, com comentários críticos e satíricos da sociedade portuguesa. Conto : Singularidades de uma rapariga loura Na sua segunda fase realista há mais maturidade e ele é mais compreensível com a sociedade. Escreveu A ilustre casa de Ramires. Obra: As cidades e as serras ( antagonismo, contrapõe a cidade e o campo. A cidade é vista como nociva, artificial e o campo é onde pode e encontrar e reestabelecer-se. Época da Belle Époque (fim de XIX e início XX- 1914), que preza o desperdício, supérfluo, luxo e as modernidades. Paris é o foco e Baudelaire a descrevia como show. Ele é crítico dessa cidade supercivilizada, o tédio e o niilismo que Jacinto experimenta. CESÁRIO VERDE Poemas impressionistas sobre a realidade, o eu poético é através dele, o leitor. A cidade é uma personagem onde as sensações são despertadas por um frequente espetáculo de dor humana, protagonizado por oprimidos e marginalizados. O espaço rural não é idealizado. No poema “ O sentimento de um ocidental”, é a voz do decadentismo, da decadência de valores. Não há lugar para o professor de latim e nem para o poeta. SIMBOLISMO Antidoto ao Naturalismo do século XIX, assim como Romantismo foi antídoto do Neoclassicismo. Ele se desliga da sociedade, cultiva sua sensibilidade pessoal . MODERNISMO Para Roland Barthes o modernismo é a pluralização das visões de mundo situado na metade do século XIX. É uma ruptura com a tradição. É uma continuação do Simbolismo. Belle Époque a cidade é a personagem principal. Progresso devido avanços tecnológico. Paris e Viena são as cidades símbolos. Em Portugal O marco é a revista Orpheu. Fernando Pessoa foi o primeiro modernista. Época de ebulição na Europa, Guerra Mundial, Cubismo, Futurismo, Surrealismo, Revolução Russa, psicanálise de Freud. O Modernismo toma o Simbolismo como modelo. O simbolismo e o decadentismo foram uma reação ao racionalismo e positivismo , desprezando a razão, contrária ao mistério e ao mundo onírico. REVISTA ORPHEU Primeira saiu em 1915 em Portugal, dirigida por Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro. Marco do Modernismo em Portugal. Manifesto Futurista. A terceira não foi lançada por falta de verba e suicídio de Sá Carneiro. Mário de Sá Carneiro Preocupa-se com o mistério do ser, com a realidade inexplicável. Há pontos em comum da sua obra com o simbolismo e decadentismo. Fernando Pessoa Obras ortônimas e heterônimas. Sujeito poético fragmentado. Criou o paulismo, interscionismo e o sensacionismo. Paulismo · Transmite ideias vagas através de metáforas e paisagens nebulosas · Fernando Pessoa considerava o Paulismo um grande progresso em relação ao Simbolismo e ao neo-Simbolismo Interseccionismo · Expressa a complexidade das sensações através da interseção entre passado e presente · Fernando Pessoa iniciou o Interseccionismo em 1914, mas desistiu dele em 1915 · O Interseccionismo foi uma corrente literária de vanguarda que caracterizou boa parte da obra de Pessoa Sensacionismo · A premissa central é que a única realidade é a sensação · Fernando Pessoa considerava o Sensacionismo um grande progresso em relação ao que se fazia na mesma orientação lá fora · O Sensacionismo foi uma continuidade do projeto interartes de Pessoa, iniciado com o Interseccionismo