Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

MICROBIOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Olá! 
 
Os meios de cultura podem ser usados para manter ou armazenar 
culturas bacterianas, além de identificar ou diferenciar espécies ou grupos 
bacterianos para fins de estudo, diagnóstico ou até para testes de 
sensibilidade. No entanto, precisamos escolher o meio de cultura adequado 
para possibilitar o crescimento ordenado e, posteriormente, interpretar os 
resultados do cultivo conforme os aspectos que a cepa apresentar. 
Nesta aula, iremos abordar sobre os principais meios de cultura usados 
em laboratório e suas utilidades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
AULA 5 – MEIOS DE 
CULTURA 
 
 
5 MEIOS DE CULTURA 
Para crescer e reproduzir, as bactérias precisam de fontes de nutrientes, como 
nitrogênio, carbono, fósforo e enxofre. Nos laboratórios, temos a possibilidade de 
observar esse crescimento in vitro no interior de tubos ou placas contendo um meio 
de cultura, que precisam ter os nutrientes necessários. 
No entanto, os nutrientes necessários podem alterar conforme a espécie 
cultivada, portanto, não existe um meio que se adeque a todas as bactérias. Com isso, 
foram criados diversos meios de cultura, cada um com nutrientes específicos para 
permitir o crescimento de vários microrganismos ou de espécies e grupos microbianos 
específicos. 
Madigan et al. (2016) ressaltam que os meios de cultura não servem somente 
para isolar colônias bacterianas, eles também possibilitam que identifiquemos as 
bactérias, tanto as que pertencem a um grupo específico quanto as que pertencem a 
uma determinada espécie. 
É fundamental termos a capacidade de identificar os diversos meios de cultura, 
bem como a utilidade de cada um, para podermos escolher o que será mais útil 
dependendo da intenção do estudo ou das características da bactéria. Podemos 
separa os meios de cultura em duas grandes categorias, sendo elas os meios 
complexos e os meios definidos. 
 
➢ Meios definidos: Também conhecidos como meios sintéticos, são meios que 
sabemos a composição, tanto quantitativa quanto qualitativamente, já que são 
desenvolvidos com quantidades precisas de compostos inorgânicos e 
orgânicos. São muito usados no cultivo de bactérias autotróficas e em trabalhos 
experimentais. 
➢ Meios complexos: Ao contrário do anterior, não sabemos exatamente sua 
composição, no entanto, temos conhecimento que possuem diversas fontes de 
nutrientes, como extratos de carne, de leveduras, de soja, de carnes ou de 
plantas, podem também conter proteína de leite e produtos microbianos. São 
os mais usados em procedimentos laboratoriais de rotina. 
 
Além dessas categorias, Tortora, Funke e Case (2017) agrupam os meios de 
 
 
cultura nas seguintes categorias: 
 
➢ Meios de conservação e transporte: Não possuem nutrientes, apenas um 
agente redutor. São meios usados para previnir oxidação e desidratação 
enzimática, tornar o ambiente viável e garantir a sobrevivência das culturas. 
Dentre os principais, podemos citar o meio de salina tamponada, de Cary Blair, 
ágar nutriente e o meio Stuart. 
➢ Meios de teste de sensibilidade aos antibióticos: Como o próprio nome já 
diz, são usados nos antibiogramas para definir qual antibiótico a bactéria é 
sensível. Os principais exemplos são o ágar Muller Hinton, o HTM 
(haemophilus test medium, usado somente para detectar a sensibilidade do 
Haemophilus influenzae), ágar Muller Hinton Sangue. 
➢ Meios seletivos: Muito usados para impedir o crescimento de alguns 
microrganismos seletivamente, enquanto estimulam o crescimento da espécie 
desejada. Alguns exemplos são o ágar SS (Salmonella Shigella) e o ágar 
Thayer-Martin. 
➢ Meios diferenciais: Consistem em meios capazes de diferir as bactérias 
conforme as características da colônia desejada, muitas vezes mudando a 
coloração da cepa. Os mais conhecidos são o ágar sangue e o ágar-BEM. 
➢ Meios enriquecidos: Costumam ser empregados para cultivar 
microrganismos fastidiosos, isto é, nutricionalmente exigentes, que tem a 
possibilidade de ter o crescimento impedido caso outras bactérias estejam no 
mesmo ambiente em maior número. Também podem ser considerados 
seletivos por favorecerem o crescimento das bactérias fastidiosas sobre as 
demais. Alguns exemplos são o caldo Selenito, o ágar Chocolate e o caldo 
tetrationato. 
5.1 Meios de cultura mais conhecidos 
5.1.1 Ágar Sangue 
 
Consiste em um meio sólido e, portanto, deve ser empregado em placas. É 
constituído, em grande parte, por sangue desfibrinado de coelho e carneiro misturado 
com peptonas. Por ser rico em nutrientes, possibilita o crescimento da maioria dos 
 
 
microrganismos, no entanto, não favorece o crescimento de determinadas bactérias 
fastidiosas, como Coxiella burnetti e Mycoplasma pneumoniae, por ambos os motivos 
citados, não pode ser considerado um meio enriquecido ou seletivo. 
Como vimos anteriormente, o ágar sangue é um meio diferencial, uma vez que 
é usado na análise diferencial de produção da hemólise das bactérias Staphylococcus 
ssp. e Streptococcus ssp., bem como no reconhecimento presuntivo de Haemophilus 
ssp. (BRASIL, 2004). 
Segundo Trabulsi e Alterthum (2008), podemos usar a prova do satelismo para 
identificar o Haemophilus. Para isso, precisamos preparar o cultivo de uma suspensão 
de bactéria com a provável presença dessa bactéria em ágar sangue e inocular o 
Staphylococcus aureus (que libera o fator V) em forma de estria. Como o Haemophilus 
precisa do fator V para se desenvolver, observaremos um crescimento em forma de 
satélite em volta da estria de Staphylococcus aureus. 
Vale ressaltar que determinadas espécies do gênero Staphylococcus e 
Streptococcus podem quebrar as hemácias, podendo promover alfa hemólise ou beta 
hemólise. A alfa hemólise proporciona uma quebra parcial, formando colorações 
verdes em volta da colônia, essa quebra pode ser feita por Streptococcus pneumoniae 
e Streptococcus viridans. Por sua vez, a beta hemólise faz uma quebra total, gerando 
halos luminosos e transparentes ao redor da colônia, algumas bactérias capazes de 
promover essa hemólise são os Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes. 
 
5.1.2 Ágar MacConkey 
 
Também é um meio sólido que deve ser usado em placas. É formado por sais 
biliares, cristal violeta e peptonas. Como mencionado anteriormente, é um meio 
seletivo, uma vez que permite somente o crescimento de bactérias gram negativas 
devido à sensibilidade das bactérias gram positivas aos sais biliares. Esse meio 
também pode ser considerado diferencial, pois gram negativos fermentadores de 
lactose geram colônias rosas (Escherichia coli), enquanto as não fermentadoras 
geram colônias beges ou incolores (Pseudomonas aeruginosa). 
O principal uso do ágar MacConkey é para identificação e isolamento de 
enterobactérias, além de ser útil na contagem de coliformes fecais em amostras como 
água, fezes e alimentos. 
 
 
 
5.1.3 Ágar-chocolate 
 
Se trata de um meio sólido formado por sangue de cavalo, coelho ou carneiro 
aquecido com o intuito de lisar as hemácias, essa lise libera a hemoglobina que, 
posteriormente, é convertida em hemina, o que proporciona a coloração marrom 
característica desse meio de cultura. 
É considerado um meio enriquecido devido à presença da hematina e da 
hemina, substâncias fundamentais para o cultivo de microrganismos fastidiosos, como 
Neisseria meningitidis, Neisseria gonorrhoeae, Maraxella ssp. e Haemophilus ssp. 
 
5.1.4 Ágar Thayer-Martin chocolate 
 
Um meio derivado do ágar chocolate, sendo constituído pelos mesmos 
componentes com o acréscimo de um antibiótico, como nistatina, colistina, 
vancomicina e trimetropina, capazes de favorecer o desenvolvimento das bactérias 
citadas acima e impedir o crescimento das demais, o tornando um meio enriquecido 
e seletivo. 
 
5.1.5 Ágar SS 
 
Consiste em um meio sólido formado por nutrientescomo verde brilhante, sais 
biliares, tiossulfato de sódio, citrato de sódio e citrato férrico. Devido à presença de 
sais biliares, pode ser considerado um meio seletivo, já que inibe o desenvolvimento 
de bactérias gram positivas e, semelhante ao ágar MacConkey, também é diferencial 
por identificar fermentadoras de lactose (colônias rosas) e não fermentadoras 
(colônias incolores). 
É empregado, principalmente, para isolar bactérias do gênero Shigella (gera 
colônias incolores) e Salmonella (gera colônias com centro negro) usando amostras 
de urina, alimentos e fezes. 
 
5.1.6 Ágar Löwestein-Jensen 
 
Se trata de um meio sólido, formado por fécula de batata, ovos de galinha, 
asparagina, verde malaquita, sais de magnésio e fosfato. Pode ser considerado um 
 
 
meio seletivo por favorecer o crescimento de micobactérias, como Mycobacterium 
leprae e Mycobacterium tuberculosis e, por esse motivo, é muito usado no diagnóstico 
de hanseníase e, principalmente, tuberculose. 
5.2 Métodos de identificação bacteriana 
Alguns dos meios citados anteriormente permitem a identificação de 
determinadas espécies, no entanto, também podemos identificar com o auxílio de 
testes bioquímicos, que podem ser automatizados ou manuais. A seguir, iremos 
discorrer brevemente sobre alguns dos métodos manuais mais usados segundo 
Trabulsi e Alterthum (2008), no entanto, todos os métodos automatizados seguem o 
mesmo princípio. 
 
5.2.1 Prova da catalase 
 
É comumente empregada para diferenciar estafilococos e estreptococos. A 
enzima catalase, presente nos estafilococos, é capaz de transformar a água-
oxigenada (H₂O₂) em água (H₂O). Para esse teste, precisamos fazer um esfregaço 
com a colônia bacteriana suspeita em uma lâmina microscópica e depositar água-
oxigenada, em caso de catalase positiva (estafilococos), teremos a liberação de 
oxigênio, que pode ser evidenciada pela formação de bolhas, caso nada aconteça, 
teremos catalase negativa (estreptococos). 
 
5.2.2 Prova de coagulase 
 
Costuma ser usada para identificar Staphylococcus aureus, uma vez que 
possui a enzima coagulase na parede celular. A prova pode ser realizada das 
seguintes maneiras: 
 
➢ Em lâmina: Colocamos a colônia suspeita emulsionada em solução salina e, 
em seguida, depositamos uma gota de plasma e esperamos 10 segundos para 
completar a reação. 
➢ Em tubo de ensaio: Deve-se incubar a colônia em questão por uma noite 
dentro de um tubo de ensaio com plasma sanguíneo e BHI (brain heart infusion 
 
 
broth, ou “caldo de infusão cérebro coração”). Depois disso, precisamos 
incubar o tubo por 4 horas, em uma temperatura de 35 ºC. 
 
A coagulase é capaz de converter o fibrogênio do plasma em fibrina, resultando 
em um plasma coagulado, portanto, o resultado será positivo caso tenha coagulação 
na amostra. 
 
5.2.3 Teste da novobiocina 
 
Costuma ser empregado para identificar a bactéria Staphylococcus 
saprophyticus, podendo ser usado caso o teste da coagulase dê negativo. A espécie 
em questão tem resistência ao antibiótico novobiocina, já os demais estafilococos 
coagulase negativa são sensíveis. 
Para fazer esse teste, precisaremos de uma placa de Petri em ágar Mueller 
Hinton com a colônia para, posteriormente, incluir um disco de novobiocina e observar 
a formação do halo. Caso seja negativo, teremos a formação de um halo grande e, 
caso seja positivo, teremos um halo muito pequeno. 
 
5.2.4 Teste de bacitracina 
 
Um teste muito usado na identificação de estreptococos beta-hemolíticos 
pertencentes ao grupo A, como Streptococcus pyogenes, uma vez que são sensíveis 
ao antibiótico bacitracina, em contrapartida, os beta-hemolíticos do grupo B são 
resistentes. 
O teste também envolve um disco de antibiótico, no entanto, contendo 
bacitracina. Usamos em uma cultura presente na placa de Petri com ágar sangue, 
será positivo caso o halo seja pequeno e negativo caso o halo seja muito grande. 
 
5.2.5 Teste da optoquina 
 
É semelhante ao teste da bacitracina, no entanto, é empregado para identificar 
Streptococcus pneumoniae, já que ele é sensível ao antibiótico optoquina e os outros 
estreptococos alfa-hemolíticos são resistentes. Para isso, precisaremos da cultura 
suspeita em uma placa de Petri com ágar sangue, colocamos o disco antibiótico e 
 
 
observamos a formação do halo. O resultado será positivo caso o halo formado tenha 
mais de 14mm de diâmetro. 
 
5.2.6 Ágar bile-esculina e ágar citrato Simmons 
 
Ambos são meios de cultura sólidos usados para identificar determinadas 
bactérias. O ágar bile-esculina é usado na identificação de bactérias do gênero 
Enterococcus bile-esculina positivas, como Enterococcus faecalis, e de estreptococos 
pertencentes ao grupo D, como Streptococcus equinus e Streptococcus bovis. 
Tais bactérias conseguem hidrolisar a esculina quando temos sais biliares 
presentes no meio, gerando a esculetina como produto, uma substância capaz de 
reagir com íons férricos e originar um complexo preto. Com isso, podemos afirmar que 
um resultado negativo terá a cor amarelo acinzentado, que é natural do meio, 
enquanto o positivo terá a coloração preta. 
Por sua vez, o ágar citrato Simmons é usado na identificação de 
enterobactérias, uma vez que esse grupo bacteriano é capaz de usar o citrato como 
fonte de carbono na produção de energia. Caso o meio tenha espécies citrato 
negativas (Escherichia coli), o ágar permanecerá com sua coloração verde natural, 
enquanto as bactérias citrato positivas (do gênero Enterobacter e Klebsiella) alteram 
a cor do meio para azul, evidenciando um resultado positivo. 
 
5.2.7 Fermentação de carboidratos 
 
Se baseiam na habilidade de determinadas bactérias, em ambientes 
anaeróbicos, de sintetizar metabólitos ácidos usando carboidratos, como lactose, 
glicose, manitol e sacarose, tanto pela via oxidativa quanto pela fermentativa. Por 
motivos óbvios, tais metabólitos diminuem o pH do meio, o que proporciona uma 
alteração na cor quando empregamos indicadores de pH. 
 
5.2.8 Fenilalanina desaminase 
 
Geralmente é empregado para identificar bactérias do gênero Morganella, 
Proteus e Providencia, uma vez que elas possuem a enzima fenilalanina desaminase 
entre todas as enterobactérias, capaz de catalisar a conversão de fenilalanina em 
 
 
ácido fenilpirúvico. Para fazer o teste, usamos uma placa de Petri contendo ágar 
Fenilalanina e incluímos a cultura da bactéria suspeita. Caso o resultado seja positivo, 
o meio mudará da cor amarela para verde escuro, resultado da formação do ácido 
fenilpirúvico, em contrapartida, não teremos alteração de cor em resultados negativos. 
 
5.2.9 Prova da oxidase 
 
Usada para identificar a presença da enzima citocromo oxidase C. É muito 
empregado para diferenciar bactérias da família Pseudomonadaceae, como 
Pseudomonas aeruginosa (oxidase positiva) daquelas pertencentes à família 
Enterobacteriaceae, como Neisseria meningitidis (oxidase negativa). As bactérias 
oxidase positiva irão gerar uma colônia roxa, fruto da reação onde o oxigênio recebe 
o elétron final na respiração celular, enquanto bactérias oxidase negativa não alteram 
a cor do meio, que permanecerá transparente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Descrição dos meios de cultura 
empregados nos exames microbiológicos: módulo IV. Brasília, 2004. 
MADIGAN, M. T. et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. 
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2017. 
TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2008.

Mais conteúdos dessa disciplina