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Tribunal Superior Eleitoral

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Tribunal Superior Eleitoral (TSE): Composição, Competências, Limitações e desdobramentos das instâncias
1. Introdução:
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é o centro da Justiça Eleitoral brasileira, incumbido de assegurar a legalidade e a legitimidade dos atos de eleição na nação. Criado no intuito de propiciar o fortalecimento da democracia, o TSE exerce funções jurisdicionais, normativas e administrativas e se vincula diretamente ao controle de toda e qualquer problemática que diga respeito às eleições. O Ministério Público Eleitoral (MP Eleitoral) atua em articulação conjunta com o TSE, para o exercício do controle do processo eleitoral, em seu papel auxiliar na edição das normas constitucionais e infraconstitucionais pertinentes 
O presente trabalho possui o objetivo de dissertar, profundamente, a respeito da Conformação, competências e limitações do TSE, como também dos efeitos de suas decisões, no que diz respeito às instâncias inferiores e na atuação do MP Eleitoral.
Este trabalho tem como meta dissertar, abordando em profundidade, sobre a composição, competências e limitações do TSE, além de os efeitos de suas decisões, no âmbito das instâncias subordinadas e da atuação do MP Eleitoral.
2. Composição do Tribunal Superior Eleitoral
A composição do TSE é adotada no art. 119 da CF/88 e é configurada por sete ministros efetivos:
· Três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF);
· Dois ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ);
· Dois juristas nomeados pelo Presidente da República, a partir de advogados de notável conhecimento jurídico e idoneidade moral.
 
Os ministros efetivos têm mandato de dois anos, permitida a recondução por um único período consecutivo A estrutura plural foi orientada com intuito de promover um equilíbrio entre o saber técnico-jurídico dos tribunais superiores e a inclusão de juristas detentores de experiência prática nos cargos. De acordo com Alexandre de Moraes (2023), essa composição objetiva garantir a imparcialidade, a tecnicidade e a representatividade nas decisões do TSE. 
Frequentemente, são corriqueiras as críticas em torno da indicação dos juristas pelo Presidente da República, em razão da possibilidade desse poder representar uma forma de interferência do Poder Executivo sobre a Justiça Eleitoral, vindo a afetar, ao menos na ideia, a autonomia do tribunal.
3. Competências do TSE
As competências atribuídas ao TSE encontram-se claramente previstas no art. 121 da CF/88 e na Lei de 1965 (Código Eleitoral - Lei nº. 4.737) e se classificam em jurisdicionais, normativas e administrativas, com isso se reafirma a função primordial do órgão na dimensão eleitoral.
3.1. Competências Jurisdicionais
O TSE atua, no plano de primeira e segunda instâncias, em alguns casos de grande importância no âmbito eleitoral, sendo suas competências jurisdicionais: 
· O julgamento das ações de impugnação de mandato eletivo (art. 14, § 10, CF/88); 
· Recursos ordinários, contra as decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs); 
· A cassação do registro ou do diploma dos candidatos à Presidência da República e à Vice-Presidência da República;
Por outro lado, o Tribunal é também competente originariamente para o julgamento de crimes eleitorais cometidos por autoridades com direito à prerrogativa do foro, como é o caso, de exemplo, de, entre outros, os mandatos de governadores e senadores.
 
3.2. Competências Normativas
Por sua vez, o TSE edita resoluções que regulam o processo eleitoral, consoante ao que dispõe o art. 23 do Código Eleitoral. Essas resoluções, que costumam ser editadas nos períodos pré-eleitorais, dizem respeito a normas que regulamentam aspectos técnicos da legislação, como as normas de propaganda eleitoral, o financiamento das campanhas, além da aplicação das sanções.
Entretanto, na perspectiva de Moraes (2023), existe polêmica acerca dos limites dessa competência. É certo que ela é necessária para se ter um sistema eleitoral eficiente, mas o poder normativo não pode ir além dos limites estabelecidos pela legislação infraconstitucional e pela Constituição.
 
3.3. Competências Administrativas
No aspecto administrativo, o TSE realiza as eleições em nível nacional, determina as datas das eleições e faz gestão do cadastro eleitoral, utilizando as tecnologias, como por exemplo o voto eletrônico. Também realiza o controle sobre os partidos políticos e a contabilidade das contas eleitorais, contando com o suporte do MP Eleitoral.
Entretanto, de acordo com Moraes (2023), há polêmica acerca dos limites dessa competência. É fato que ela é imprescindível para garantir a eficiência do sistema eleitoral, mas o poder normativo não pode extrapolar os limites postos pela legislação infraconstitucional e pela Constituição.
3.3. Competências Administrativas
No que diz respeito à parte administrativa, o TSE é o responsável por promover a organização das eleições em nível nacional, definir as datas do calendário eleitoral e o responsável pelo cadastro eleitoral (com a implementação de tecnologias, como o voto eletrônico). Também cabe a ele a fiscalização dos partidos políticos e das prestações de contas eleitorais, sendo auxiliado pelo MP Eleitoral.
4. Limitações do TSE
Apesar de sua importância institucional, o TSE apresenta limitações em decorrência da estrutura constitucional brasileira e de princípios como o da separação dos poderes e da segurança jurídica. 
4.1. Controle pelo STF
Decisões do TSE podem ser revistas pelo STF em caso de matéria constitucional, segundo o art. 102, III, da CF/88. Esta revisão permite verificar a manutenção dos princípios constitucionais, no sentido de acautelar eventuais excessos do Tribunal.
4.2. As limitações encontradas no Exercício de sua Função Normativa
As resoluções editadas pelo TSE devem respeitar a legislação existente. Como adverte Moraes (2023), o TSE não pode trazer inovação ao ordenamento jurídico, sob pena de invadir as competências do Poder Legislativo. As decisões mais recentes, que ampliaram o conceito de abuso de poder econômico, tais como, por exemplo, têm gerado polêmicas sobre possíveis extrapolações de sua função normativa.
4.3. Restrições Temporais
O TSE não tem poder para alterar regras eleitorais durante o ano que antecede as eleições, art. 16, CF/88 (princípio da anualidade eleitoral, com o objetivo de reforçar a da segurança jurídica no sentido de não permitir que candidatos e eleitorores sejam passiveis de mudanças eleitorais.
5. Desdobramentos nas Instâncias Inferiores e no MP eleitoral
O TSE é responsável pela supervisão e coordenação dos TREs e juízes eleitorais, para garantir a uniformidade na aplicação das normas. Também atua em colaboração com o MP eleitoral, no exercício de fiscal da lei em todas as instâncias da Justiça Eleitoral.
5.1. Tribunais Regionais Eleitorais (TREs)
No art. 120 da CF/88, a tarefa de organizar e fiscalizar as eleições estaduais e municipais é do Tribunal Superior Eleitoral e mesmo que os TREs estejam subordinados ao TSE, eles têm autonomia para instaurar a ação dentro da sua competência originária, que é a prestação de contas dos prefeitos e dos vereadores.
Contudo, a hierarquia entre as instâncias pode ser passível de problemas, ou seja, decisões do TSE que mudem critérios anteriormente ponderados pelos TREs poderão trazer um estado de instabilidade das ações em curso.
5.2. Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais
Os Juízes eleitorais, são os responsáveis pela fiscalização do processo eleitoral do município, pela fiscalização do registro das candidaturas e pela apuração dos votos. As decisões proferidas pelos Juízes eleitorais cabem recurso para os TREs e, eventualmente, para o TSE.
5.3. O MP eleitoral
O MP eleitoral, órgão do Ministério Público da União, é elemento essencial na fiscalização do processo eleitoral, atuando em todas as instâncias da Justiça Eleitoral, promovendo ações de inelegibilidade, advertência quanto à propaganda irregular e defesa da ordem jurídica. Sendo assim imprescindível a sua colaboração com o TSE para que as normas eleitorais sejam aplicadas de modoequilibrado e eficiente.
6. Conclusão:
O Tribunal Superior Eleitoral ocupa uma posição central na defesa do regime democrático do Brasil, agindo com ampla pluralidade em sua composição, com amplas atribuições e uma capaz coordenação das instâncias subordinadas e do Ministério Público Eleitoral, para enfrentar os desafios de um sistema eleitoral complexo e em constante movimentação
Por outro lado, é imprescindível que o TSE atue dentro da estrita conformidade constitucional, em vista não apenas da segurança jurídica, mas da própria credibilidade social no processo eleitoral. O aprofundamento contínuo do diálogo e da coordenação do Tribunal com as outras instituições do sistema eleitoral será um dos alicerces do fortalecimento de nossa democracia e do estado de direito.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal. Disponível em: https://www.planalto.gov.br. Acesso em: 15 nov. 2024.
BRASIL. Código Eleitoral. Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965. Brasília, DF: Senado Federal.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 39. ed. São Paulo: Atlas, 2023.

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