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CARTOGRAFIA
Mait Bertollo 
Instrumentos, geografia 
e geodésia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever a evolução dos instrumentos de medição ao longo da 
história e sua importância para a cartografia.
  Explicar o método de sensoriamento remoto.
  Desenvolver conceitos de geoprocessamento e geodésia.
Introdução
Neste capítulo, você estudará as técnicas desenvolvidas para conhecer o 
planeta, localizar e representar graficamente o espaço. Esses instrumen-
tos sofisticaram-se com o passar dos períodos históricos, e alguns são 
utilizados até hoje. Também serão abordados o sensoriamento remoto e 
suas principais ferramentas, além da função do geoprocessamento e do 
ramo da geodésia para entender as dinâmicas espaciais físicas e sociais.
Evolução dos instrumentos de medição
Para estudar os instrumentos de medição, é importante entender que a carto-
grafi a é uma linguagem essencial para o estudo da geografi a, que possibilita 
a leitura de mapas para interpretar os fenômenos que ocorrem no espaço 
geográfi co. A cartografi a encarrega-se da representação gráfi ca do espaço por 
meio de mapas, globos e plantas, por exemplo. Esses instrumentos possibilitam 
reconhecer, identifi car e diferenciar a localização dos lugares. Isso também 
permite estudar as dinâmicas políticas, econômicas, sociais e ambientais. 
Dessa maneira, conhecemos a ocorrência de fenômenos naturais e sociais, 
além de inúmeras informações para o entendimento do espaço em que vivemos 
e também para a nossa própria orientação. 
As técnicas para produzir mapas mudam conforme o período histórico, e as 
sociedades continuam utilizando vários instrumentos para atender a diferentes 
interesses políticos, econômicos e sociais. Ao retomar alguns pontos da história 
humana, quando as sociedades deixaram de ser nômades e se fixaram em deter-
minado lugar, tornando-se sociedades chamadas de sedentárias, a demanda por 
orientação no espaço em que habitavam gerou o desenvolvimento dos sistemas 
de localização e orientação sobre o espaço geográfico (ALMEIDA, 2011). 
Cabe ressaltar alguns termos importantes para a cartografia utilizados 
como instrumentos de medição: a localização por meio de coordenadas, que 
são empregadas para determinar a posição exata de um ponto, um objeto ou 
uma pessoa sobre a superfície terrestre, indicando precisamente onde estão; 
o posicionamento, que pode ser entendido como um ponto, um objeto ou uma 
pessoa em relação a outras coisas; e a orientação, que indica o caminho ou 
curso a seguir, a partir do lugar em que se encontra, utilizando o sistema de 
coordenadas geográficas. As coordenadas geográficas são linhas imaginárias, 
uma convenção aceita internacionalmente, que cortam o planeta Terra: pelas 
latitudes, no sentido horizontal, que delineiam a Terra, também conhecidas 
como paralelas; e pelas longitudes, que são as coordenadas geográficas que 
cortam o planeta no sentido vertical, conhecidas como meridianos. As coor-
denadas servem para a localização de qualquer ponto ou objeto na superfície 
terrestre (PASSINI, 2012).
Com o desenvolvimento das sociedades humanas em todos os períodos 
históricos e a partir da busca por conhecimentos sobre o planeta, houve uma 
exigência de referenciais mais precisos para melhor localização e conhecimento 
do espaço. Isso gerou a concepção da rosa dos ventos, um instrumento simples 
e fácil da manusear, que permite visualizar a posição dos pontos cardeais e 
das direções intermediárias, chamadas de pontos colaterais e subcolaterais. 
Integrada à bússola, a rosa dos ventos é um importante instrumento para a 
orientação. 
Outros elementos conhecidos e utilizados na cartografia são as indi-
cações norte, para cima, e sul, para baixo, convenções que permanecem 
no senso comum. Antes do domínio da Europa sobre as colônias, já ha-
via uma sofisticada elaboração de mapas, e os árabes demonstravam, 
em suas cartografias, o sul na parte superior e o norte na parte inferior. 
Com a visão eurocêntrica de mundo, isso foi invertido. Pode-se, portanto, 
representar os continentes de diversas formas, como mostra a Figura 1, 
com a América do Sul invertida na posição do mapa, que a situa ao Norte 
(MARTINELLI, 2011). 
Instrumentos, geografia e geodésia2
Figura 1. Joaquim Torres Garcí a, artista uruguaio, inverteu a posição do mapa do continente, 
situando a América do Sul no Norte. Esse mapa ilustra um artigo de Torres Garcí a de 1935, 
no qual ele defende a criação de uma Escola do Sul, sobre a necessidade latino-americana 
de buscar caminhos próprios. 
Fonte: Sánchez (2019, documento on-line).
Para compreender como essas técnicas se aprimoraram, podemos remeter 
aos antigos babilônicos, povo que habitava a região mesopotâmica (atual terri-
tório do Iraque) desde o século XVIII a.C. Há indícios de que essa sociedade 
utilizava os astros no céu para sua orientação e direção na superfície terrestre. 
Os astros também ajudavam os navegadores como, por exemplo, no século 
XVI, a orientarem-se em alto-mar. Entretanto, era necessária uma instrução 
mais precisa para saber qual direção seguir, onde estavam, de onde tinham 
partido e onde se localizavam os destinos. 
Nesse contexto, Portugal é um país com localização privilegiada, com um 
litoral extenso e com rotas comerciais que foram importantes no século XV, 
intensificadas pela navegação. Em 1433, foi fundada uma escola, pelo navegador 
Dom Henrique, em Sagres, para desenvolver conhecimentos em construção 
naval, cartografia, astronomia e matemática, o que possibilitou a criação de 
importantes instrumentos náuticos (PONTUSCHKA; OLIVEIRA, 2002). 
Assim, os primeiros instrumentos de localização tinham a capacidade de 
medir o ângulo das estrelas em relação à linha do horizonte. Isso permitia 
3Instrumentos, geografia e geodésia
indicar a rota aos navegadores. O astrolábio era um deles, muito utilizado pela 
navegação no século XV. Ele calculava a altura do Sol ou de uma estrela. O 
quadrante era outro instrumento de navegação que determinava a localização 
de uma embarcação a partir dos astros. Seu nome é quadrante porque é um 
quarto de um círculo, variando de 0 a 90°. No século XVIII, depois de muitos 
ajustes do quadrante, um oficial da marinha da Inglaterra criou o sextante, 
formado por uma base metálica e um espelho pequeno. Ele também tem 
uma luneta, que coincide com a linha do horizonte, o astro é visualizado e a 
localização é determinada, utilizado até hoje (ALMEIDA, 2011). 
Outros instrumentos conhecidos e muito utilizados ainda hoje são a rosa dos 
ventos e a bússola. Para chegar a determinado lugar, podemos utilizar pontos de 
referência. Os astros nos auxiliam nessa orientação, mas os pontos cardeais, que 
indicam as quatro direções principais, Norte, Sul, Leste e Oeste, possibilitam mais 
exatidão. Para que a localização seja mais precisa e segura, foram desenvolvidos os 
pontos colaterais: Nordeste (entre o Norte e o Leste), Sudeste (entre o Sul e o Leste), 
Sudoeste (entre o Sul e o Oeste) e, por fim, o Noroeste (entre o Norte e o Oeste) 
(MARTINELLI, 2011). A Figura 2 apresenta alguns instrumentos de localização.
Figura 2. Instrumentos de localização: (a) astrolábio; (b) quadrante; (c) sextante; (d) bússola.
Fonte: (a) Rakuten Global Market (2019, documento on-line); (b) Wikipedia (2019, documento on-line).
Instrumentos, geografia e geodésia4
A bússola foi inventada na China, no século IV a.C., e foi levada à Europa 
pelos árabes alguns séculos depois. Esse instrumento foi decisivo para as grandes 
navegações, por determinar a direção a ser seguida pelas embarcações. Ela é 
parecida com um relógio e tem uma agulha imantada que gira sobre um eixo; 
em seu mostrador, está desenhada a rosa dos ventos. A agulha da bússola está 
sempre apontando para o Norte, independentemente da posição em que está. 
Portanto, é possível encontrar a direção da trajetória, ainda que em alto-mar, sem 
qualquer referência visual. Esse fenômenoocorre porque a Terra tem um campo 
magnético que age como um grande ímã, cujo núcleo é composto de ferro e 
níquel. Do centro do planeta, emanam campos de força em direção aos extremos 
Norte e Sul do planeta, compondo os polos magnéticos (MARTINELLI, 2011). 
Durante o período das grandes navegações, que eram viagens marítimas rea-
lizadas pelas potências europeias, do século XV ao século XVII, com o objetivo 
de descobrir novas terras e explorar suas riquezas, a cartografia tornou-se mais 
precisa, pois os navegadores usavam os mapas para se orientar. Os cartógrafos 
tinham um papel importante: mapear as terras conquistadas. Atualmente, o 
uso da cartografia é frequente no cotidiano. Ao viajar, por exemplo, podemos 
consultar os mapas turísticos para saber como chegar e qual será a distância a ser 
percorrida, além do GPS, outro instrumento muito utilizado (PASSINI, 2012).
GPS é a sigla em inglês para Global Positioning System (Sistema de posicionamento global). 
Trata-se de um sistema de navegação com base em emissões de radiofrequência enviadas por 
satélites artificiais em órbita ao redor do planeta. Esse sistema determina sua localização sobre 
a superfície terrestre. Atualmente, os smartphones podem ser receptores de sinais de satélite. 
Com as várias tecnologias disponíveis, os mapas podem ser acessados de 
forma facilitada: pela internet, pelo computador ou por smartphones. Assim, 
é possível acessar mapas e imagens de satélites de quase todo o mundo. O 
mapeamento realizado tanto há vários séculos atrás como atualmente tem 
como objetivos o conhecimento e o desenvolvimento de estratégias para o 
uso do espaço pela sociedade. Nos dias de hoje, com a exatidão e a sincronia 
do conhecimento do planeta, podem ser realizadas a vigilância e a proteção 
de territórios para, por exemplo, políticas de preservação ambiental. 
5Instrumentos, geografia e geodésia
A orientação pelo sol
Cotidianamente, ao solicitarmos ou darmos orientações sobre como chegar a um 
lugar, são usados elementos da paisagem como pontos de referência. Em locais onde 
não existem pontos de referência, as sociedades ancestrais tinham conhecimentos e 
técnicas para se orientar pela observação dos astros, como o Sol, a Lua e as estrelas. Ao 
observar o amanhecer e o anoitecer, percebe-se que o Sol surge no horizonte de um 
lado e desaparece do lado oposto. Com base nessa observação, foi determinado um 
conjunto de direções para orientação, as direções cardeais: norte (N), sul (S), leste (L) e 
oeste (O). Assim, ao apontar o braço direito para a direção em que o Sol desponta, pela 
manhã, lá estará o Leste. O Oeste estará à esquerda. A partir daí, podemos determinar 
as demais direções.
O que é sensoriamento remoto?
A partir do século XX, houve um desenvolvimento rápido e profundo na 
maneira pela qual a humanidade conhecia e dominava o planeta Terra. Isso 
está ligado, por exemplo, à invenção do avião no fi m do século XIX e à sua 
popularização no século XX, o que possibilitou o reconhecimento da super-
fície terrestre a partir de grandes altitudes. Essa técnica intensifi cou-se com 
o surgimento de fotos aéreas e imagens de satélites, amplas e detalhadas, a 
partir da segunda metade do século XX, com o desenvolvimento da tecnologia 
espacial (MARTINELLI, 2011). 
O sensoriamento remoto faz parte desse desenvolvimento tecnológico, já 
que é um conjunto de técnicas para registros a distância. Para que seja possível 
capturar as imagens, é utilizada a luz refletida ou emitida por objetos ou, 
ainda, qualquer elemento da superfície terrestre, por meio de equipamentos 
fotográficos, radares, satélites, drones, entre outros. 
O drone, que é um objeto voador não tripulado, manuseado e monitorado a 
distância por computador ou meio eletrônico, coleta dados e mapeia trechos do 
Instrumentos, geografia e geodésia6
espaço por imagens digitais aéreas, o que favorece o reconhecimento cada vez 
mais exato da superfície terrestre para a elaboração de mapas e para a produção 
de vários estudos pela cartografia. Outra ferramenta utilizada pela cartografia 
são as imagens de satélites artificiais, captadas por esses equipamentos que 
são lançados na órbita da Terra e que giram ao redor do planeta. A reflexão 
dos raios solares captados pelos sensores acoplados aos satélites se converte 
em dados numéricos, que são enviados a uma estação que está na superfície 
terrestre. Ali, eles são processados por computadores (ALMEIDA, 2011). 
Por meio das informações captadas por esses equipamentos, são produzidas 
várias imagens da superfície do planeta que podem ser utilizadas para diversos 
fins, como a captação do movimento das massas de ar e o monitoramento da 
ocupação do solo por imagens.
A técnica da aerofotogrametria consiste em adaptar uma câmera fotográfica 
ao assoalho de um avião, o que permite o registro de imagens da superfície 
terrestre durante o voo. Essa técnica realiza o registro de fotos aéreas de 
pequenas a médias porções do espaço, com melhor visualização dos objetos, 
ou seja, em maior escala. A aerofotogrametria é utilizada para produzir car-
tas topográficas ou trabalhos que exigem mais detalhamento dos elementos 
representados. 
Uma técnica importante ao tratar do sensoriamento remoto é o GPS. Ele 
envolve 30 satélites, 24 em operação e 6 em reserva, que podem localizar 
com precisão qualquer pessoa, ponto ou objeto sobre a superfície da Terra 
(ALMEIDA, 2011). O operador do GPS é localizado por meio das coordenadas 
geográficas (latitude e longitude) e encontrado por ondas de rádio emitidas. 
Esse sistema foi criado nos Estados Unidos, no fim da Segunda Guerra Mundial 
(1939–1945), e foi aprimorado durante a Guerra Fria (1947–1991). Inicialmente, 
essa tecnologia foi desenvolvida para fins militares e, hoje, está disponível para 
uso da sociedade civil. Trata-se de uma importante ferramenta para determinar 
distâncias, direções e coordenadas, além de produzir informações para utilizar 
ou elaborar elementos cartográficos para inúmeras necessidades e aplicações 
(PONTUSCHKA; OLIVEIRA, 2002). A Figura 3 apresenta instrumentos 
utilizados no sensoriamento remoto.
7Instrumentos, geografia e geodésia
Figura 3. Instrumentos utilizados no sensoriamento remoto. (a) Drones, que sobrevoam 
os lugares e fotografam a superfície para elaborar mapas precisos. (b) Satélite capturando 
imagens. (c) Imagem de uma cidade capturada por um satélite que está na órbita 
terrestre. (d) Aerofotogrametria, em que máquinas fotográficas especiais são instaladas 
em aviões que, ao sobrevoar os lugares, obtêm imagens para elaborar mapas precisos.
Fonte: (a) Powie/Pixabay.com, (b) PIRO4D/Pixabay.com; (c) Free-Photos/Pixabay.com; (d) Paraná 
(2019, documento on-line).
O GPS, que é utilizado, por exemplo, em smartphones quando fazemos uma 
viagem, obedece a uma malha de coordenadas geográficas que está sob um 
mapa com as atualizações de estradas, construções, ruas e demais elementos. 
Ele pode ser utilizado para rotas aéreas, rotas marítimas, deslocamentos pela 
cidade e rastreamento de cargas. Assim, a cartografia está a cada dia mais 
presente, desenvolvida e precisa com a incorporação de novas tecnologias que 
facilitam a sua utilização e a criação de representações cartográficas com o 
uso de programas de computador. 
Instrumentos, geografia e geodésia8
Geoprocessamento e geodésia
A história do desenvolvimento das técnicas de geoprocessamento começou nos 
Estados Unidos e na Inglaterra na década de 1950. A fi nalidade era conhecer 
melhor o espaço e tornar a produção e manutenção de mapas mais sofi sticada 
e exata. Os sistemas de informações geográfi cas tiveram impulso em seu 
desenvolvimento a partir do fi m década de 1970 e começo dos anos de 1980, 
quando a aplicação das tecnologias computacionais e programação de software 
serviu ao geoprocessamento em várias universidades e institutos de pesquisa 
pelo mundo, principalmente, após o estabelecimento do geoprocessamento 
como disciplina científi ca (PONTUSCHKA; OLIVEIRA,2002).
As técnicas de geoprocessamento referem-se ao tratamento de todas as infor-
mações geográficas, ou seja, de dados georreferenciados. A produção de dados 
georreferenciados ocorre quando uma imagem de satélite ou mapa, por exemplo, 
tem suas coordenadas geográficas com base em um sistema de referência de latitude 
e longitude. Esse processo dá-se por levantamentos topográficos, considerando o 
relevo do terreno, ou por GPS, com o uso de mesas digitalizadoras, que permitem 
desenhar imagens diretamente no computador. Também são utilizados software 
específicos e cálculos para tratar a informação espacial (ALMEIDA, 2011).
Com o desenvolvimento das técnicas de informática e comunicação, os dados 
e mapas foram integrados, o que permitiu estudá-los de forma conjunta. Assim, 
por meio de análises de muitas variáveis, foram concebidos bancos de dados 
georreferenciados de quase todo o planeta. Isso possibilitou um desenvolvimento 
profundo da cartografia e o uso cada vez mais exato e útil dos mapas para conhe-
cer a superfície terrestre e planejar ações sobre o espaço, como o planejamento 
urbano e a utilização de recursos naturais, por exemplo. Atualmente, com o uso 
banalizado de ferramentas como o Google Earth, qualquer pessoa pode acessar 
mapas em várias escalas de qualquer ponto, região, país ou continente do planeta, 
ainda que não tenha conhecimento sobre geoprocessamento. Essa plataforma 
oferece imagens de satélite, serviço de GPS e modelos em 3D.
A atividade de geoprocessamento é realizada por meio de coleta de dados, 
armazenamento dessas informações, tratamento e análise de todos os dados 
9Instrumentos, geografia e geodésia
obtidos e integração e cruzamento de todas as informações. Algumas ferra-
mentas utilizadas para o geoprocessamento são: o GPS, para coletar dados; 
o Oracle, que é um sistema que gerencia os bancos de dados armazenados; 
e o Spring, que é uma ferramenta que integra funções de processamento de 
imagens em conjunto com análises espaciais utilizando modelos numéricos 
do terreno pesquisado e banco de dados do espaço (ALMEIDA, 2011).
Com a necessidade de se conhecer cada vez mais o espaço como estratégia de 
planejamento, vigilância, poder e predição de fenômenos, o conjunto de disciplinas 
denominadas ciências geodésicas é uma importante ferramenta para a precisão de 
qualquer ação espacial. Assim como a cartografia, a topografia, a astronomia, o 
sensoriamento remoto e o geoprocessamento, a geodésia é um campo importante 
para complementar a chamada cognoscibilidade do planeta, ou seja, a Terra conta 
com todas as possibilidades de ser desvendada, já que o período histórico atual 
permite o que nenhum outro período ofereceu ao ser humano, que é a possibilidade 
de conhecer o planeta de forma extensiva e aprofundada (SANTOS, 2000).
A geodésia é o campo da ciência que analisa todos os elementos que de-
terminam a forma, as dimensões e o campo de gravidade da Terra, utilizando 
ferramentas como GPS, software e pesquisas específicas. Assim, obtêm-se 
informações precisas sobre as posições, as estatísticas e os movimentos do 
planeta. O órgão encarregado por atividades referentes ao estudo e à análise 
da geodésia é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi 
desenvolvido pelo IBGE o Sistema Geodésico Brasileiro (SGB), constituído por 
um conjunto de estações de pesquisa situadas em vários pontos do território na-
cional. Essas estações são referências exatas para projetos de engenharia, como 
a construção de infraestruturas como rodovias, estradas, pontes, barragens e 
edifícios. O IBGE também realiza vários tipos de mapeamentos e pesquisas 
científicas, principalmente, sobre o território brasileiro (ALMEIDA, 2011).
A geodésia é um ramo tanto da engenharia quanto das geociências, pois 
aborda e utiliza o levantamento de dados e a representação das formas e confi-
gurações da superfície da Terra. A geodésia também está presente na matemática 
e na física para medir superfícies curvilíneas, com métodos similares aos que 
medem a superfície curva da Terra. Outro elemento utilizado em trabalhos 
georreferenciados é o chamado Sistema de Informação Geográfica (SIG). Ele 
representa os componentes usados em trabalhos georreferenciados, como os 
software e hardware para mapeamentos, além de diversos métodos de trabalho 
e de análises. O SIG é composto por todos os itens que integram os trabalhos 
relativos ao levantamento e à produção de mapas digitais (ALMEIDA, 2011). A 
Figura 4 traz uma representação do funcionamento do sensoriamento remoto.
Instrumentos, geografia e geodésia10
Figura 4. Funcionamento do sensoriamento remoto.
Fonte: Adaptada de VectorMine/Shutterstock.com. 
Sol
Prédios Avenida Vegetação
Água
Dados
Floresta
Dados
Satélite
Radiação 
solar incidente Radiação 
so
lar r
e�etid
a
Sensoriamento 
remoto passivo
Sensoriamento
remoto ativo
O mapeamento com o uso de tecnologias da cartografia, do sensoriamento remoto, 
do geoprocessamento e da geodésia permite conhecer e também agir sobre o 
espaço. Um exemplo é o controle de doenças de determinada área, que possibilita 
que governos e sociedade civil planejem ações para combatê-las, como é o caso 
da dengue (Figura 5). 
11Instrumentos, geografia e geodésia
Essas tecnologias possibilitam conhecer e utilizar o que se encontra na 
natureza e produzir com a máxima exatidão os bens. Os satélites, por exemplo, 
que fotografam o planeta em determinados intervalos, permitem uma visão 
cada vez mais completa, integrada e detalhada da Terra. Com a globalização, 
estamos mais perto do conhecimento do mundo como um todo e também das 
particularidades de cada lugar, tanto as condições físicas, naturais ou artificiais, 
como também as condições políticas, econômicas e sociais.
A cartografia, pelo seu objetivo de conhecer o planeta e representar a Terra 
em suas várias escalas, utiliza os diversos instrumentos apresentados aqui, o que 
permite entender as dinâmicas naturais e sociais do espaço e também construir 
representações com várias visões de mundo sobre como são feitos os mapas. 
Assim, a cognoscibilidade do planeta é essencial para a operação de vários 
agentes, desde empresas, governos, estados e instituições (SANTOS, 2000).
Figura 5. Mapeamento de casos da dengue em Governador Valadares (MG) em 2016. 
A dengue é uma doença infecciosa que atingiu 1.987.678 pessoas no Brasil em 2016.
Fonte: ClickGeo (2019, documento on-line).
Instrumentos, geografia e geodésia12
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PARANÁ. Secretaria da Educação. Aerofotogrametria. 2019. Disponível em: http://www.
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Disponível em: https://www.daytours4u.com/pt/travel-guide/daytours4u/o-dia-em
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WIKIPEDIA. "Quadrans Vetus." Wikipedia, The Free Encyclopedia. Wikipedia, 18 nov. 2019. 
Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Quadrans_Vetus. Acesso em: 17 dez. 2019.
Leituras recomendadas
ALMEIDA, R. D.; PASSINI, E. Y. O espaçogeográfico, ensino e representação. São Paulo: 
Contexto, 2001.
CAVALCANTI, L. Geografia, escola e construção de conhecimentos. 4. ed. São Paulo: Pa-
pirus, 2003. 
MARTINELLI, M. Curso de cartografia. São Paulo: Contexto, 1998. 
PONTUSCHKA, N. N. A formação pedagógica do professor de geografia e as práticas 
interdisciplinares. 1994. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade de São Paulo, 
São Paulo, 1994.
13Instrumentos, geografia e geodésia
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Instrumentos, geografia e geodésia14

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