Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA 1 SGAS, Qd. 616, Conjunto D, lote 115, L2 Sul - Bairro Asa Sul | (61) 3445-5900 CEP 70.200-760 | Brasília/DF - https://portal.cfm.org.br PROCESSO-CONSULTA PAe nº 000011.10/2024-CFM – PARECER CFM nº 3/2025 ASSUNTO: As informações obrigatórias em relatórios médicos ou laudos a respeito de crianças com deficiência. RELATOR: Cons. Bruno Leandro de Souza EMENTA: Dispõe sobre as informações obrigatórias em relatórios médicos ou laudos a respeito de crianças com deficiência, especialmente no contexto escolar. DA CONSULTA: Após realizar pesquisas em diversas fontes, incluindo os sistemas federais e regionais, não encontramos informações específicas que abordem adequadamente as nossas dúvidas. Portanto, gostaríamos de esclarecer alguns pontos essenciais para garantir a veracidade e atendimento aos requisitos necessários desses relatórios. Quais são os elementos obrigatórios que devem constar em um relatório médico ou laudo a respeito de crianças especiais, especialmente no contexto escolar, a fim de garantir sua validade e adequação? É necessário que esses relatórios sejam elaborados exclusivamente por médicos periciais, ou profissionais como médicos assistentes e neuropediatras também estão habilitados para realizá-los? Para embasar nossas questões, solicitamos gentilmente acesso às Resoluções pertinentes que abordam esses temas e possam nos auxiliar na obtenção de respostas precisas e fundamentadas. DO PARECER: Trata-se de consulta que indaga sobre os elementos que devem obrigatoriamente constar em relatórios ou laudos médicos a respeito de crianças com deficiência, notadamente em contexto escolar, e se tais documentos podem ser emitidos por médicos assistentes e especialistas (por exemplo, neuropediatras), ou se ficam restritos exclusivamente a médicos peritos. Analisando o teor da consulta, observa-se a necessidade de garantir que os documentos emitidos tenham a clareza e a completude legal necessárias para respaldar adaptações escolares, benefícios sociais e terapias específicas. Além disso, foi questionada a legitimidade CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA 2 SGAS, Qd. 616, Conjunto D, lote 115, L2 Sul - Bairro Asa Sul | (61) 3445-5900 CEP 70.200-760 | Brasília/DF - https://portal.cfm.org.br dos diferentes profissionais médicos para a elaboração de relatórios e laudos com essa finalidade. A presente matéria encontra fundamento principal nas disposições previstas na Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) nº 2.381/2024, que normatiza a emissão de documentos médicos e dá outras providências, definindo os requisitos mínimos para assegurar validade e adequação dos relatórios e laudos médicos. Tais exigências visam dar ao documento médico o devido valor legal e ético, em consonância com o Código de Ética Médica e as normas complementares emanadas pelo CFM. No que tange à legitimidade para a confecção dos documentos, consoante a legislação profissional, o médico legalmente habilitado pode exercer a medicina em sua plenitude, inclusive a emissão de relatórios e laudos diversos, não havendo obrigatoriedade de que apenas médicos peritos elaborem tais documentos. Assim, médicos assistentes ou especialistas (como neuropediatras) podem, perfeitamente, emitir relatórios e laudos, desde que se trate de documento clínico destinado a oferecer subsídios para a escola, beneficiários ou familiares, e que não vise, exclusivamente, a concessão de benefícios que requeiram estritamente perícia oficial. Por outro lado, cumpre salientar a ressalva de que, para fins de procedimentos que demandem exame pericial oficial, é imprescindível a figura do médico perito. Nesse ponto, há o entendimento consolidado de que a avaliação do status funcional e a definição da existência de invalidez ou deficiência formalmente reconhecida para fins previdenciários ou judiciais são de competência exclusiva do perito nomeado, conforme a Resolução CFM nº 2.153/2016 e demais normas correlatas. DAS PERGUNTAS/RESPOSTAS 1 – Quais são os elementos obrigatórios que devem constar em um relatório médico ou laudo de crianças especiais, especialmente no contexto escolar, a fim de garantir sua validade e adequação? Os relatórios médicos ou laudos de crianças com necessidades especiais, especialmente no contexto escolar, são fundamentais para garantir direitos como adaptações escolares, CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA 3 SGAS, Qd. 616, Conjunto D, lote 115, L2 Sul - Bairro Asa Sul | (61) 3445-5900 CEP 70.200-760 | Brasília/DF - https://portal.cfm.org.br benefícios sociais e terapias específicas. Para que tenham validade e adequação, devem conter os seguintes elementos1: I – identificação do médico: nome e CRM/UF; II – Registro de Qualificação de Especialista (RQE), quando houver; III – identificação do(a) paciente: nome e número do CPF, quando houver; IV – data de emissão; V – assinatura qualificada do médico, quando documento eletrônico; ou assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina, quando manuscrito; VI – dados de contato profissional (telefone e/ou e-mail); e VII – endereço profissional ou residencial do médico. É obrigatória a identificação dos interessados na obtenção de documento médico, tanto do examinado como de seu representante legal, que deve ser realizada a partir da conferência do documento de identidade oficial com foto e indicação do respectivo CPF, salvo nos casos de interessados/beneficiários menores de 16 anos que sejam requerentes de benefício previdenciário assistencial, em que a identificação poderá ocorrer apenas com a apresentação da certidão de nascimento1. Por fim, é importante esclarecer, sempre que necessário e acompanhado de fundamentação técnica para cada recomendação, as seguintes necessidades específicas: acompanhamento especializado (terapias como fonoaudiologia, psicologia, fisioterapia etc.), apoio individualizado (acompanhante especializado) e encaminhamento ao profissional da pedagogia, quando forem necessárias adaptações escolares (curriculares ou pedagógicas). Nesses casos, o documento médico deve informar com clareza, na descrição, se o objetivo é para uso específico no contexto escolar ou para obtenção de benefícios sociais, além de indicar o prazo ou a periodicidade para revisão do caso, quando aplicável. 2 – É necessário que esses relatórios sejam elaborados exclusivamente por médicos periciais, ou profissionais como médicos assistentes e neuropediatras também estão habilitados para realizá-los? CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA 4 SGAS, Qd. 616, Conjunto D, lote 115, L2 Sul - Bairro Asa Sul | (61) 3445-5900 CEP 70.200-760 | Brasília/DF - https://portal.cfm.org.br Ressalto, em princípio, em observância irrestrita às normas vigentes e ao nosso rigor técnico, a definição de relatório e laudo médico, bem como a competência de cada um, para que, no remoto caso de ainda haver qualquer incerteza, ela seja definitivamente dissipada. Relatório médico circunstanciado: documento exarado por médico que presta ou prestou atendimento ao(à) paciente, com data do início do acompanhamento; resumo do quadro evolutivo, remissão e/ou recidiva; terapêutica empregada e/ou indicada; diagnóstico (CID), quando expressamente autorizado pelo(a) paciente, e prognóstico, não importando em majoração de honorários quando o(a) paciente estiver em acompanhamento regular pelo médico por intervalo máximo de 6 (seis) meses, a partir do que poderá ser cobrado. Relatório médico especializado: solicitado por um(a) requerente que pode ser paciente assistido(a) ou não do médico, ou seu(sua) representante legal, para fins de perícia. O relatório médico especializado discorre sobre a enfermidade do(a) requerente, descreve o diagnóstico, a terapêutica, a evolução clínica, o prognóstico, resultados de exames complementares, com acréscimos da discussão técnica da literatura científica e legislação, quando aplicável, o que impõe estudo e pesquisa, e a conclusão sobre o fato que se quer comprovar; neste caso, serão cobrados honorários pelo médico, quando em serviço privado. Laudo médico-pericial: documento técnico expedido por perito oficial e anexado ao processo para o qual foi designado, cujo roteiro se encontra na Resolução CFM nº 2.153/20163. Laudo médico: descrição e conclusão do médico sobre exame complementar realizado em um(a) paciente, devendo constar todas as informações respondidas na primeira pergunta, bem como a data da realização do exame e da emissão do laudo. Objetivamente, não se exige que apenas médicos peritos elaborem relatórios e laudos clínicos acerca de crianças com deficiência, pois o médico assistente (seja generalista, seja especialista na área relacionada à condição do(a) paciente) está plenamente apto a fazê-lo, desde que se restrinja aos aspectos clínicos e às finalidades assistenciais e educacionais. Insta destacar que o médico na função de médico assistente em uma instituição, mesmo que especialista na doença que leva a uma incapacidade, não pode emitir laudo médico-pericial de incapacidade ou de deficiência com finalidade de obtenção de benefícios do(a) periciado(a), CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA 5 SGAS, Qd. 616, Conjunto D, lote 115, L2 Sul - Bairro Asa Sul | (61) 3445-5900 CEP 70.200-760 | Brasília/DF - https://portal.cfm.org.br sendo esta função exclusiva do médico atuando na função de perito, conforme legislação vigente4. CONCLUSÃO: Considerando, portanto, os dispositivos legais e as Resoluções do CFM, conclui-se que são obrigatórios nos relatórios e laudos médicos os elementos de identificação do profissional e do(a) paciente, bem como a data de emissão, a descrição sucinta do quadro clínico, a necessidade de acompanhamento especializado, quando indicado, e a finalidade do documento. O médico assistente, seja generalista ou especialista na área de saúde pertinente ao(à) paciente, está plenamente habilitado a elaborar relatórios e laudos clínicos relativos a crianças com deficiência, desde que atenda aos aspectos clínicos e às finalidades assistenciais e educacionais necessários. A emissão de laudos periciais oficiais com vistas a atestar formalmente a incapacidade ou a deficiência para fins de concessão de benefícios judiciais, previdenciários ou assistenciais é atribuição exclusiva do médico atuando na função de perito, como previsto em lei. Os documentos médicos devem seguir rigorosamente as normas do CFM e a legislação vigente, assegurando a clareza e a fundamentação necessárias para sua finalidade. Esse é o parecer, S.M.J. Brasília, 14 de fevereiro de 2025; BRUNO LEANDRO DE SOUZA Conselheiro Relator CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA 6 SGAS, Qd. 616, Conjunto D, lote 115, L2 Sul - Bairro Asa Sul | (61) 3445-5900 CEP 70.200-760 | Brasília/DF - https://portal.cfm.org.br REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 2.381, de 20 de junho de 2024. Normatiza a emissão de documentos médicos e dá outras providências. Portal Médico [Internet]. 2 jul. 2024 [citado 19 nov. 2024]. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2024/2381 2. Brasil. Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957. Dispõe sobre os Conselhos de Medicina, e dá outras providências. Diário Oficial da União, 1 out. 1957. 3. Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 2.153, de 30 de setembro de 2016. Altera o anexo I da Resolução CFM nº 2.056/2013 e dispõe sobre a nova redação do manual de vistoria e fiscalização da medicina no Brasil. Altera o texto do anexo II – Da anamnese das prescrições e evoluções médicas – da Resolução CFM nº 2.057/2013, publicada no D.O.U. de 12 de nov. de 2013, Seção I, p. 165-171, e revoga o anexo II da Resolução CFM nº 2.056/2013, publicada no D.O.U de 12 de novembro de 2013, Seção I, p. 162-3, e o anexo II da Resolução CFM nº 2.073/2014, publicada no D.O.U. de 11 de abril de 2014, Seção I, p. 154. Portal Médico [Internet]. 18 set. 2017 [citado 5 dez. 2024]. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2016/2153 4. Santa Catarina. Conselho Regional de Medicina do Estado de Santa Catarina. Parecer CRM-SC nº 23, de 12 de junho de 2023. Médico na função de médico assistente em uma instituição, mesmo que especialista na doença que leva a uma incapacidade, não pode emitir laudo de incapacidade ou de deficiência com finalidade de obtenção de benefícios do periciado, sendo esta função exclusiva do médico perito. Portal Médico [Internet]. 12 jun. 2023 [citado 19 nov. 2024]. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/pareceres/SC/2023/23 https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2024/2381 https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2016/2153 https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/pareceres/SC/2023/23