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Instituição: Colégio e Curso Progressão. Não Olhe Para Cima: Um Reflexo da Sociedade Contemporânea. Professora: Carmem Bastos. Disciplina: Redação. Integrantes: Ana Clara Vidipó, Evelyn dos Santos, Thiago Cabral, Beatriz e Hyasmim Montenegro. Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2025. Introdução: O presente trabalho busca analisar aspectos da sociedade contemporânea por meio do filme de ficção científica “Não Olhe Para Cima” (Don’t Look Up, 2021), dirigido por Adam McKay. A produção cinematográfica, ao retratar a iminente colisão de um cometa com a Terra e a reação da população e dos governantes diante da ameaça, serve como lente para investigar fenômenos sociais relevantes, como desinformação, alienação coletiva, superficialidade nas redes sociais e negacionismo científico. A análise proposta busca compreender de que maneira a sociedade contemporânea processa informações, prioriza interesses econômicos e políticos em detrimento da verdade e evidencia padrões de comportamento que limitam a reflexão crítica e a ação coletiva. Por meio do estudo do filme, pretende-se identificar as analogias existentes entre a ficção e os acontecimentos da realidade, explorando como narrativas midiáticas, discursos políticos e mecanismos sociais contribuem para a construção de uma percepção distorcida da realidade. Objetivo: Este trabalho tem como finalidade analisar os principais temas apresentados no filme “Não Olhe Para Cima”, relacionando-os com os contextos históricos, literários e sociais do mundo, com foco principal no Brasil. Com isso, busca-se compreender de que maneira o enredo cinematográfico reflete dilemas contemporâneos e evidencia a influência das mídias, das políticas públicas e da sociedade sobre a percepção crítica e a tomada de decisões dos indivíduos. Método: Essa análise foi organizada em cinco eixos temáticos: “A desinformação e a alienação coletiva”, “A crise ambiental e a mudança climática”, “A superficialidade nas redes sociais”, a “Polarização política” e “O negacionismo científico e a manipulação midiática”. Cada parte busca comparar o conteúdo do filme com obras literárias (1984, Admirável Mundo Novo, Ensaio sobre a Cegueira) e acontecimentos históricos (Era Vargas, Guerra Fria, propaganda nazista, ditadura militar e manipulação midiática contemporânea). Desenvolvimento: Resumo da obra cinematográfica: O filme “Não Olhe Para Cima” (Don’t Look Up, 2021), dirigido por Adam McKay, apresenta uma crítica à sociedade contemporânea. Nesse sentido, a narrativa, protagonizada por dois cientistas que descobrem a aproximação de um cometa em rota de colisão com a Terra, evidencia a incapacidade da humanidade em lidar com fatos científicos que ameaçam o planeta, abordando questões como desinformação, alienação coletiva, superficialidade das redes sociais, negacionismo científico e manipulação midiática. Diante disso, a narrativa revela como os interesses políticos, econômicos e midiáticos interferem na percepção da realidade e na tomada de decisões da população. A desinformação e a alienação coletiva: No filme “Não Olhe Para Cima”, a sociedade ignora os avisos da cientista sobre o iminente fim do mundo devido à vinda de um cometa, preferindo acreditar que eram “teorias da conspiração”. No entanto, essas pessoas não procuram analisar os dados e nem considerar a possibilidade de que a notícia era verídica. Com isso, é possível observar que o excesso de informações disponíveis nas mídias contribui para a desinformação generalizada. Assim como ocorre no filme, é pertinente construir uma analogia com a realidade, visto que, na sociedade contemporânea, as mídias de informação são mecanismos utilizados para espalhar fake news e conteúdos superficiais, que contribuem para a alienação dos indivíduos. Frente a esse contexto, cabe destacar que as fake news são popularizadas devido à manipulação algorítmica. O documentário “O Dilema das Redes Sociais” revela como as plataformas digitais, por meio de algoritmos especializados, são utilizados como ferramentas de manipulação social e política. Essas redes são programadas para priorizar o que “prende a atenção”, reafirmando as opiniões das pessoas, o que cria “bolhas de informação” e, consequentemente, favorece a disseminação de fake news. Tanto na realidade quanto na obra cinematográfica “Não Olhe Para Cima”, as consequências desses algoritmos são evidentes, as pessoas preferem acreditar em influenciadores e políticos que negam problemas reais. Além disso, as notícias falsas são fundamentais para a perpetuação de sistemas opressores, visto que contribuem para a construção de narrativas distorcidas. Nesse sentido, cabe ressaltar a frase emblemática do ministro da propaganda do Partido Nazista, Joseph Goebbels: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade.”Essa afirmação evidencia a influência das propagandas na sociedade, já que moldam a opinião pública e podem impedir que os seres humanos enxerguem a verdade. Uma prova disso é a persistência de movimentos nazi-fascistas na atualidade, que continuam afirmando a teoria da superioridade racial — mesmo diante de comprovações científicas de que tal ideologia é pseudocientífica. Diante desse cenário, vale ressaltar que, em diversos contextos históricos, a manipulação política por meio da propaganda foi amplamente utilizada, como durante a Era Vargas, a Guerra Fria e até mesmo na contemporaneidade. Nesse viés, na obra “1984”, de George Orwell, o “Ministério da Verdade” é um departamento de imprensa e propaganda do regime totalitário, responsável por reescrever eventos históricos e fiscalizar pensamentos, falas e ações dos cidadãos. Fora da ficção, assim como nos exemplos históricos citados, as mídias sociais funcionam como ferramentas de longo alcance para a divulgação de narrativas distorcidas da realidade, e os órgãos políticos modernos utilizam mecanismos de censura e controle de notícias capazes de influenciar pessoas no mundo inteiro. Essas estratégias, que atravessam a história, contribuem para a alienação coletiva. Paralelamente, é pertinente evidenciar as consequências psicológicas da manipulação de informações. Em “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, a alienação social não ocorre pela repressão, mas pela distração. É possível construir uma analogia entre essa distopia e a realidade contemporânea: as pessoas preferem memes, reality shows e notícias superficiais — como informações sobre influenciadores digitais — em vez de refletir sobre a realidade social. Da mesma forma, em “Ensaio sobre a Cegueira”, de José Saramago, descreve-se uma sociedade distópica em que os cidadãos perdem a visão, essa cegueira simbólica representa a alienação diante dos problemas coletivos. Essa metáfora se conecta tanto à obra de Huxley quanto à atualidade, visto que o comportamento da população — nas obras e na vida real — diante da violência, das mortes, das guerras, da fome e das catástrofes mundiais evidenciam a alienação coletiva. Um exemplo disso é a polarização política no Brasil, que impede a cobrança de políticas públicas efetivas e o combate às desigualdades sociais, já que muitos cidadãos se apegam os“políticos de estimação” e preferem criticar o partido de oposição em vez de analisar as ações do governo vigente. Diante das análises estabelecidas, cabe, portanto, concluir que as redes sociais aceleram o ritmo da vida, mas reduzem o tempo de reflexão — o que favorece a alienação. Dessa maneira, a informação é abundante, mas o conhecimento é superficial. Assim, em uma sociedade em que as informações circulam com facilidade, os indivíduos nunca estiveram tão desinformados. As redes sociais criam um “mundo paralelo”, no qual cada um molda narrativas que reforçam suas próprias opiniões e ignoram a existência da verdade. Desse modo, é possível estabelecer um paraleloentre o filme “Não Olhe Para Cima” e as obras “1984”, “Admirável Mundo Novo” e “Ensaio sobre a Cegueira”, visto que todas refletem sobre a perda da capacidade crítica na sociedade em razão do processo de desinformação e alienação coletiva. Escrito por: Ana Clara Vidipó. Crise ambiental e mudança climática: No filme “Não Olhe Para Cima”, apesar da catástrofe ambiental iminente, o governo dos Estados Unidos age de forma errônea ao "ignorar" o fato de um cometa está vindo para extinguir a vida na Terra. Assim, o enredo mostra que a população diante de questões ambientais, em principal as pessoas com poder concentrado nas mãos, ignoram a ciência e a forma em que o mundo é devastado por ações humanas. Observamos isso, por exemplo, na catástrofe da bomba atômica lançada em Hiroshima e Nagasaki pelo governo dos EUA, que devastou o território e tirou milhares de vidas. Além disso, no filme é citado esse acontecimento quando o Dr. Randall Mindy compara o cometa às “1000 bombas de Hiroshima e Nagasaki” e é “zombado” pelo presidente e seu funcionário dentro da Casa Branca, mesmo órgão que lançou a bomba, em agosto de 1945, na realidade. Fora da ficção, esse fato evidencia como o Estado “fecha os olhos” quando o assunto é crise ambiental e as mudanças climáticas e como isso afeta a vida das pessoas, independente de quando e onde. Ademais, no Brasil, em 2019, houve a Tragédia de Brumadinho, que ceifou a vida de 272 pessoas, em função do descaso do governo, tragédia na qual a barragem da cidade se rompeu devido à falta de manutenção e atingiu uma área gigante. Portanto, o descaso estatal frente às crises ambientais e necessidades biológicas do planeta, observado em diversas crises ao redor do mundo, prejudica e torna-se um empecilho para o avanço da sociedade. Assim, a mobilização do povo é essencial para estimular a ação do Estado diante das questões ecossistêmicas que, por ventura, influenciam no sistema socioeconômico de todas as nações. Escrito por: Evelyn dos Santos. A Superficialidade nas redes sociais: Na produção cinematográfica "Não olhe para cima", foram evidenciados diversos problemas da sociedade contemporânea. Dentre eles, está a superficialidade dos usuários das redes sociais, os quais tratam esse assunto de maneira que ridicularize uma situação séria e complexa. Nessa lógica, quando o problema do cometa foi evidenciado no talk show fictício "The Daily Rip", a personagem Kate Dubiaski se irrita com os apresentadores pelo tratamento indiferente ao iminente fim da vida terrestre e, em seguida, afirma que o cometa descoberto pela mesma está em rota de colisão com a terra. Nesse sentido, a reação que a cientista astrônoma buscava causar no público era de desconforto e de busca por uma solução para o iminente problema explicitado. Contudo, a superficialidade presente na maioria dos usuários das redes sociais teve como consequência o fato de que ao invés de se preocuparem com a importante questão e tentarem evitar tal catástrofe, desenvolveram e divulgaram fotos jocosas feitas com a utilização do Photoshop, com o objetivo de apenas ridicularizar o drama vivido pela cientista. Além disso, nesse mesmo programa, o personagem interpretado por Leonardo DiCaprio teve suas falas igualmente ignoradas pelos telespectadores do Talk Show ao ficarem completamente em sua aparência. Em sequência a isso, é possível estabelecer relação paralelística do filme para com a realidade brasileira, a qual, por muitas vezes, trata assuntos importantes de maneira superficial nas redes sociais. A exemplo disso, em 6 de setembro de 2018, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro sofreu um atentado durante seu encontro com seus seguidores para promover sua campanha e, após o atentado, Jair foi hospitalizado e teve que fazer procedimentos cirúrgicos a fim de mitigar os efeitos de tal acontecimento. Diante da seriedade da situação, internautas contrários ao espectro político de Bolsonaro ridicularizaram a situação com a criação de memes feitos com a intenção de denegrir a imagem do até então ex-presidente da República. Mediante os fatos apresentados, é possível afirmar que a superficialidade presente nos usuários das redes sociais é preocupante e deve ser enfrentada com o objetivo de tratar com seriedade o que deve ser discutido. Escrito por: Thiago Cabral Negacionismo científico e manipulação midiática: O filme “Não Olhe para Cima” é uma poderosa metáfora sobre o negacionismo científico e a manipulação da mídia. Na história, dois cientistas descobrem que um cometa está prestes a destruir a Terra, mas enfrentam a indiferença e o desinteresse da sociedade, dos políticos e da imprensa. Em vez de tratar a descoberta com seriedade, os meios de comunicação transformam o tema em entretenimento, enquanto o governo e grandes empresas tentam manipular os fatos para defender seus próprios interesses. O filme mostra como, na era da informação, a mídia e as redes sociais podem ser usadas para espalhar desinformação, desacreditar a ciência e distorcer a realidade, colocando o lucro e a aparência acima da verdade. Esse cenário se conecta diretamente com o contexto brasileiro, onde o negacionismo científico e a manipulação midiática também desempenham papéis importantes. Assim como no filme, interesses econômicos e políticos frequentemente interferem na forma como as informações chegam ao público. Por exemplo, setores ligados ao agronegócio e à exploração da Amazônia negam dados científicos sobre o aquecimento global e o desmatamento, promovendo campanhas que tentam minimizar os impactos ambientais. Da mesma forma, durante a Ditadura Militar (1964–1985), o governo controlava a mídia e escondia informações sobre repressão, pobreza e danos ambientais, criando uma imagem falsa de progresso e estabilidade. Tanto no filme quanto na realidade brasileira, a negação da ciência e o controle da informação mostram como a manipulação midiática pode distorcer a verdade, dificultar o debate público e colocar em risco o futuro da sociedade. Escrito por: Beatriz Polarização política No filme "não olhe para cima" é demonstrado como a sociedade se divide em lados, os que querem se aproveitar das riquezas do meteoro e os que querem desviar seu curso, por conta dessa polarização, é demonstrado como as disparidades ideológicas atrapalham na resolução dessa problemática, o iminente fim do mundo, ignorando as pesquisas científicas. Diante disso, cabe traçar um paralelo entre fantasia e atualidade, já que no Brasil, uma divergência política semelhante é vivida pela população, o que acarreta problemas como a desinformação e o radicalismo. Mediante a tal, a desinformação causada pela grande disponibilidade política é um problema recorrente na história, como é observado na Alemanha e Itália dadas as atuais revoltas. Dito isso, a desinformação ocasionalmente pelo partidarismo pode ser bem observada no Brasil na pandemia, onde parte da população se recusava a se vacinar, por conta das fake news disseminadas sobre os efeitos colaterais das mesmas. O que separou a sociedade brasileira em partidos. Sob essa lógica, a polarização política também acarreta o radicalismo, pois junto a desinformação, os partidos possuem dificuldade em aceitar o outro. Vale explicar a menção de Itália e Alemanha no parágrafo acima, já que as mesmas se encontram divididas entre Extrema esquerda e Extrema direita, ocorreu fez com que esses países tivessem diversos problemas econômicos e principalmente sociais. Por conseguinte, dissertar sobre a divergência política é importante, pois como no filme "Não olhe para cima" essa questão prejudica a população, ao ocasionar a desinformação e o radicalismo. Desse modo, para evitar essa problemática, é importante que o governo invista mais em educação, e que a mídia seja parcial em relação a suas publicações Escrito por: Hyasmim Montenegro. ConclusãoDiante das análises apresentadas, é possível concluir que o filme Não Olhe Para Cima (2021) funciona como uma metáfora contundente da sociedade contemporânea, revelando como a desinformação, o negacionismo científico, a superficialidade digital, a crise ambiental e a polarização política refletem a fragilidade das relações humanas e a manipulação das massas por interesses econômicos e ideológicos. Ao longo da pesquisa, observou-se que as produções culturais — sejam elas cinematográficas, literárias ou midiáticas — são fundamentais para compreender o comportamento social diante de crises e ameaças globais. A comparação entre o filme e as obras 1984, Admirável Mundo Novo e Ensaio sobre a Cegueira evidencia a persistência de padrões distópicos na realidade atual, marcados pela alienação, pela perda da capacidade crítica e pela influência da mídia sobre a percepção coletiva. Assim, este estudo reforça a importância do pensamento crítico, da educação midiática e da valorização da ciência como pilares para uma sociedade mais consciente e capaz de enfrentar os desafios éticos, ambientais e políticos do século XXI. Referências (ABNT) ADORNO, Theodor W. Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2020. BBC News Brasil. “Fake news e polarização: como o Brasil se tornou um dos países mais divididos do mundo”. BBC Brasil, São Paulo, 18 out. 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese. Acesso em: 29 out. 2025. BEZERRA, Caio. “O papel das redes sociais na disseminação de desinformação”. Folha de S.Paulo, São Paulo, 12 mar. 2024. Disponível em: https://www.folha.uol.com.br. Acesso em: 29 out. 2025. FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 2014. HUXLEY, Aldous. Admirável mundo novo. São Paulo: Globo Livros, 2020. McKAY, Adam. Don’t Look Up [Não olhe para cima]. Estados Unidos: Netflix, 2021. Filme. ORWELL, George. 1984. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. SENRA, Ricardo. “Crise climática e negacionismo: os impactos da desinformação na ação ambiental global.” G1 – O Portal de Notícias da Globo, Rio de Janeiro, 22 jun. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 29 out. 2025. SILVA, Marina. “A tragédia de Brumadinho e os desafios da política ambiental brasileira.” El País Brasil, São Paulo, 25 jan. 2024. Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 29 out. 2025. THE SOCIAL DILEMMA. Direção: Jeff Orlowski. Estados Unidos: Netflix, 2020. Documentário. https://www.bbc.com/portuguese https://www.bbc.com/portuguese https://www.folha.uol.com.br/ https://g1.globo.com/ https://brasil.elpais.com/ Não Olhe Para Cima: Um Reflexo da Sociedade Contemporânea.