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Apostila Telecurso Geografia Brasil

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21
A U L A
21
A U L A
Quantos Brasis
existem?
Esta aula inicia nosso estudo sobre o Brasil,
como um país de industrializaçªo recentepaís de industrializaçªo recentepaís de industrializaçªo recentepaís de industrializaçªo recentepaís de industrializaçªo recente no conjunto regional da AmØrica
Latina. Vamos aprender que nosso país apresenta feiçıes mœltiplas e contradi-feiçıes mœltiplas e contradi-feiçıes mœltiplas e contradi-feiçıes mœltiplas e contradi-feiçıes mœltiplas e contradi-
tóriastóriastóriastóriastórias. De um lado, revela aspectos dinâmicosaspectos dinâmicosaspectos dinâmicosaspectos dinâmicosaspectos dinâmicos que o destacam na economia
mundial; de outro, caracteriza-se pelas profundas desigualdades sociaisdesigualdades sociaisdesigualdades sociaisdesigualdades sociaisdesigualdades sociais que o
colocam entre os países de maior concentraçªo de renda no planeta.
Hoje, qual o papel do Brasil no cenÆrio internacional? Como conciliar o
dinamismo de sua economia com as grandes desigualdades internas na distri-
buiçªo social e territorial da renda?
O cientista francŒs Jacques Lambert escreveu um famoso livro, intitulado
Os dois Brasis, em que mostra o contraste entre o arcaico e o moderno em nosso
país. Hoje, na verdade, sabe-se que sªo muitos os Brasis que pertencem a uma
economia emergente no contexto latino-americano, com a pobreza de mais da
metade de sua populaçªo agravada pelos efeitos da profunda crise econômica
dos anos 80. O ritmo das transformaçıes em que vivemos, num país de
dimensıes continentais, gera tempos e espaços muito diferenciados, dificul-
tando o conhecimento preciso sobre a realidade brasileira e sobre a posiçªo
do Brasil no mundo atual.
O Brasil Ø pouco conhecido, mesmo por aqueles que nele vivem e traba-
lham. A rapidez das transformaçıes que se processaram nos œltimos quarenta
anos dificulta a compreensªo de suas reais dimensıes. Ele nªo Ø um gigante
adormecido, como pregam alguns, nem tampouco apenas mais um dos mem-
bros do chamado Terceiro MundoTerceiro MundoTerceiro MundoTerceiro MundoTerceiro Mundo, como acreditam outros. É um exemplo de
uma potŒncia emergente de âmbito regional, marcada por muitos aspectos
contraditórios.
O Brasil Ø um país de mœltiplos tempos e mœltiplos espaçosO Brasil Ø um país de mœltiplos tempos e mœltiplos espaçosO Brasil Ø um país de mœltiplos tempos e mœltiplos espaçosO Brasil Ø um país de mœltiplos tempos e mœltiplos espaçosO Brasil Ø um país de mœltiplos tempos e mœltiplos espaços. A veloci-
dade de incorporaçªo de inovaçıes tecnológicas Ø extremamente rÆpida, em
parcelas localizadas de seu território, ao mesmo tempo em que se vive em
condiçıes primitivas, com ritmos determinados pela natureza, em imensas
extensıes. Grandes redes nacionais de televisªo estabelecem diariamente a
ponte entre passado e futuro, entre garimpeiros isolados na selva em busca do
Eldorado e gerentes de grandes corporaçıes multinacionais instalados na
Avenida Paulista, a “Wall Street” brasileira, na cidade de Sªo Paulo.
Wall Street:
rua da cidade
de Nova York,
Estados Unidos,
considerada
importante
centro mundial
de negócios.
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P/ as outras apostilas de Geografia, Acesse: http://fuvestibular.com.br/telecurso-2000/apostilas/ensino-medio/geografia/
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A U L A
O Brasil, como parcela da economia mundial, constitui um dos segmentos
mais dinâmicos, do ponto de vista dos indicadores econômicos. Suas taxas
históricas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) sªo comparÆveis às de
economias avançadas desde o final do sØculo passado. A partir de 1940,
o crescimento do PIB manteve-se em uma mØdia de 7% ao ano, chegando a 11%
entre 1967 e 1973, os anos do chamado “milagre econômico”, quando o restante
do mundo dava sinais evidentes de arrefecimento no seu ritmo de crescimento.
Por outro lado, o Brasil Ø um rico país de pobres. A brutal discriminaçªo
social na apropriaçªo dos benefícios do dinamismo econômico Ø um traço
dominante na sociedade brasileira, mesmo quando comparada com os outros
países da AmØrica Latina. É uma das poucas economias no mundo cuja parcela
dos 10% mais ricos controla mais de 50% da renda nacional e qualquer indicador
de bem-estar social demonstra tal situaçªo.
CRESCIMENTOCRESCIMENTOCRESCIMENTOCRESCIMENTOCRESCIMENTO MÉDIOMÉDIOMÉDIOMÉDIOMÉDIO DODODODODO PIBPIBPIBPIBPIB AAAAA PRE˙OSPRE˙OSPRE˙OSPRE˙OSPRE˙OS CONSTANTESCONSTANTESCONSTANTESCONSTANTESCONSTANTES
PaísesPaísesPaísesPaísesPaíses
Estados Unidos
Alemanha
Japªo
MØxico
Brasil
1870/19131870/19131870/19131870/19131870/1913
4,2
2,8
2,5
2,0
2,3
1913/501913/501913/501913/501913/50
2,8
1,3
2,2
2,7
4,9
1950/731950/731950/731950/731950/73
3,7
5,9
9,4
6,6
7,5
1973/831973/831973/831973/831973/83
1,9
1,6
3,7
4,6
4,5
Fonte: Adaptado de Maddison, 1982, 1985.
Contraste entre habitações sobre palafitas, na Amazônia, e os arranha-céus da Avenida Paulista, em São Paulo.
BRASILBRASILBRASILBRASILBRASIL- - - - - SITUA˙ˆOSITUA˙ˆOSITUA˙ˆOSITUA˙ˆOSITUA˙ˆO ÉTNICAÉTNICAÉTNICAÉTNICAÉTNICA - 1990 - 1990 - 1990 - 1990 - 1990
Grupos ØtnicosGrupos ØtnicosGrupos ØtnicosGrupos ØtnicosGrupos Øtnicos
Brancos
Mulatos
Negros
AsiÆticos e
sem declaraçªo
Analfabetismo (%)Analfabetismo (%)Analfabetismo (%)Analfabetismo (%)Analfabetismo (%)
12,3
29,0
29,5
07,4
Populaçªo (%)Populaçªo (%)Populaçªo (%)Populaçªo (%)Populaçªo (%)
56,6
37,2
05,6
00,6
Renda mØdiaRenda mØdiaRenda mØdiaRenda mØdiaRenda mØdia
(US$/mŒs)(US$/mŒs)(US$/mŒs)(US$/mŒs)(US$/mŒs)
214,00
100,00
087,00
377,00
Fonte: IBGE, PNAD, 1990.
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A U L A A discriminaçªo percorre de cima a baixo a estrutura social brasileira.
O sexismo, isto Ø, a discriminaçªo por sexo, expressa-se no fato de que 67,1%
das mulheres com mais de 10 anos de idade nªo tŒm qualquer rendimento,
enquanto esse nœmero atinge 24,7% dos homens. Negros e pardos, que em 1987
representavam 45% da populaçªo brasileira, sªo social e economicamente
discriminados quanto às oportunidades de mobilidade social, constituindo
o grosso do contingente de mªo-de-obra com menor qualificaçªo profissional,
em oposiçªo ao que ocorre com os imigrantes asiÆticos e descendentes, princi-
palmente os japoneses. A discriminaçªo Øtnica tambØm estÆ presente no que
diz respeito aos 200 mil indígenas que sobreviveram aos massacres do coloni-
zador - seus direitos sªo restritos e sua capacidade de auto-determinaçªo Ø
submetida à tutela burocrÆtica do Estado.
A recente industrializaçªo levou o Brasil a se destacar na AmØrica Latina.
O país suplantou largamente a Argentina e foi acompanhado com menor
intensidade pelo MØxico.
A associaçªo com o capital internacional foi um traço comum ao desenvol-
vimento da regiªo; mas, no Brasil, o Estado teve papel decisivo na aceleraçªo do
ritmo de crescimento, avançando à frente do setor privado e mantendo elevadas
taxas de investimento. Em contrapartida, o Brasil Ø tambØm um dos maiores
devedores, em termos absolutos, do sistema financeiro mundial.
O modelo de industrializaçªo latino-americano, baseado na substituiçªo de
importaçıes, procurou administrar o mercado interno como principal atrativo
para as grandes corporaçıes multinacionais, sem se preocupar com os objetivos
bÆsicos de justiça social. O Brasil atingiu etapas mais avançadas nesse processo,
chegando a consolidar um parque industrial diversificado - em grande parte
devido ao potencial de sua economia - cuja capacidade de atraçªo de capitais
foi viabilizada e ampliada pela atuaçªo do Estado. Isso, no entanto, nªo reduziu
as condiçıes de misØria de amplos contigentes da populaçªo que permaneceram
à margem do desenvolvimento.
Nesta aula vocΠaprendeu que:
l o Brasil,ao mesmo tempo em que apresenta um grande dinamismo econô-dinamismo econô-dinamismo econô-dinamismo econô-dinamismo econô-
micomicomicomicomico no cenÆrio econômico mundial, caracteriza-se pelas grandes desigual-grandes desigual-grandes desigual-grandes desigual-grandes desigual-
dadesdadesdadesdadesdades internas na distribuiçªo social e territorial da renda;
l a rapidezrapidezrapidezrapidezrapidez das mudanças ocorridas em algumas Æreas contrasta com
a manutençªomanutençªomanutençªomanutençªomanutençªo de ritmos comandados pela natureza, em outras regiıes;
l sua economia Ø, hoje, a mais importante da AmØrica Latina e o país tem umaumaumaumauma
indœstria diversificada, indœstria diversificada, indœstria diversificada, indœstria diversificada, indœstria diversificada, graças à forte atuaçªo do Estado, Estado, Estado, Estado, Estado, que criou condi-
çıes para os investimentos produtivos;
l os grandes contrastes sociais e territoriaiscontrastes sociais e territoriaiscontrastes sociais e territoriaiscontrastes sociais e territoriaiscontrastes sociais e territoriais expressam as contradiçıes docontradiçıes docontradiçıes docontradiçıes docontradiçıes do
processo de desenvolvimentoprocesso de desenvolvimentoprocesso de desenvolvimentoprocesso de desenvolvimentoprocesso de desenvolvimento brasileiro.
PIBPIBPIBPIBPIB EMEMEMEMEM BILHÕESBILHÕESBILHÕESBILHÕESBILHÕES DEDEDEDEDE DÓLARESDÓLARESDÓLARESDÓLARESDÓLARES
PaísesPaísesPaísesPaísesPaíses
Argentina
MØxico
Brasil
19701970197019701970
088,2
092,1
106,4
Fonte: Comissªo Econômica para a AmØrica Latina e Caribe / ONU.
19801980198019801980
115,0
173,9
243,5
19851985198519851985
104,5
193,6
259,3
19941994199419941994
142,7
230,1
311,8
19901990199019901990
105,9
207,4
284,4
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A U L AExercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1
Explique a contradiçªo bÆsica presente na realidade social e econômica
brasileira nos dias atuais.
Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2
O período de 1969-1973 caracterizou-se pelo crescimento acelerado da
economia brasileira, ou seja, as taxas de crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB) alcançaram cifras superiores a 10% ao ano. Esse processo foi
gerado por medidas político-econômicas implantadas pelos governos mili-
tares pós-64. Nesse período ocorreu o que se denominou:
a)a)a)a)a) “milagre brasileiro”.
b)b)b)b)b) “crescer 50 anos em 5”.
c)c)c)c)c) “Brasil ano 2000”.
d)d)d)d)d) “Plano de Metas”.
e)e)e)e)e) “Diretas-jÆ”.
Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3
Com base no quadro a seguir conclui-se que:
a)a)a)a)a) a distribuiçªo da renda no Brasil, nos œltimos anos, tem sido feita de forma
mais justa, o que, de certo modo, comprova o crescimento econômico do país
e sua caracterizaçªo como naçªo em desenvolvimento.
b)b)b)b)b) apesar do processo de crescimento da economia nacional, observa-se que hÆ
uma progressiva concentraçªo da renda, principalmente entre os 10% mais
ricos.
c)c)c)c)c) os 50% mais pobres da populaçªo economicamente ativa do Brasil, nos
œltimos anos, vŒm melhorando sua participaçªo nos rendimentos, a exem-
plo do que vem ocorrendo com os 10% mais ricos.
d)d)d)d)d) a concentraçªo da renda nªo pode ser justificada por esse quadro, uma vez
que o mesmo se resume à populaçªo economicamente ativa, que nªo chega
a ser significativa no conjunto da populaçªo brasileira.
Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4
Quais das características enumeradas abaixo aplicam-se à atividade
industrial do Brasil na dØcada de 1970?
I. Hegemonia do capital privado nacional.
II. Crescente participaçªo do Estado na economia industrial.
III. Inauguraçªo do processo de substituicªo de importaçıes de manufaturados.
IV. Acentuada internacionalizaçªo da economia.
a)a)a)a)a) I e II
b)b)b)b)b) I e III
c)c)c)c)c) I e IV
d)d)d)d)d) II e III
e)e)e)e)e) II e IV
DISTRIBUI˙ˆODISTRIBUI˙ˆODISTRIBUI˙ˆODISTRIBUI˙ˆODISTRIBUI˙ˆO DADADADADA RENDARENDARENDARENDARENDA NONONONONO BRASILBRASILBRASILBRASILBRASIL ( ( ( ( (ENTREENTREENTREENTREENTRE AAAAA POPULA˙ˆOPOPULA˙ˆOPOPULA˙ˆOPOPULA˙ˆOPOPULA˙ˆO ECONOMICAMENTEECONOMICAMENTEECONOMICAMENTEECONOMICAMENTEECONOMICAMENTE ATIVAATIVAATIVAATIVAATIVA)))))
PARTICIPA˙ˆOPARTICIPA˙ˆOPARTICIPA˙ˆOPARTICIPA˙ˆOPARTICIPA˙ˆO NOSNOSNOSNOSNOS RENDIMENTOSRENDIMENTOSRENDIMENTOSRENDIMENTOSRENDIMENTOS (%) (%) (%) (%) (%)
PopulaçªoPopulaçªoPopulaçªoPopulaçªoPopulaçªo
Os 50% mais pobres
Os 40% intermediÆrios
Os 10% mais ricos
19701970197019701970
14,9
38,4
46,7
19801980198019801980
12,6
36,5
50,9
19601960196019601960
17,4
43,0
39,6
Fonte: IBGE
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A U L A
NNNNNesta aula, vamos verificar como a forma-forma-forma-forma-forma-
çªo territorialçªo territorialçªo territorialçªo territorialçªo territorial do Brasil foi profundamente marcada pelo processo de coloniza-processo de coloniza-processo de coloniza-processo de coloniza-processo de coloniza-
çªoçªoçªoçªoçªo e como as fronteiras nacionais resultaram da luta pelo poder entre as
potŒncias coloniais. Veremos tambØm como o escravismoescravismoescravismoescravismoescravismo e a orientaçªo de sua
economia para a exportaçªo de produtos tropicaisexportaçªo de produtos tropicaisexportaçªo de produtos tropicaisexportaçªo de produtos tropicaisexportaçªo de produtos tropicais deixou marcas igualmente
profundas na organizaçªo social e econômica brasileira.
Quais as resultantes do processo de colonizaçªo sobre a formaçªo social e
territorial do Brasil? Como superar o legado colonial do uso indiscriminado
e predatório das fontes originais de toda a riqueza - a terra e o trabalho?
Para que o Brasil rompa com seu passado colonial e escravista Ø necessÆrio
que conheçamos nossas raízes históricas e culturais e avaliemos quais seus
efeitos nos dias atuais. É preciso tomar consciŒncia de que somente uma
sociedade mais justa terÆ maiores preocupaçıes com a qualidade ambiental
e com a preservaçªo de nosso patrimônio natural.
A AmØrica Latina Ø a mais antiga periferiaperiferiaperiferiaperiferiaperiferia da economia mundial. Foi
orientada, desde o início da colonizaçªo, para a produçªo de mercadorias de alto
valor para a Europa. Partilhada entre Portugal e Espanha, teve sua formaçªo
econômica marcada pelo mercantilismomercantilismomercantilismomercantilismomercantilismo - um sistema econômico voltado para
a acumulaçªo de riquezas pelo comØrcio -, e sua sociedade foi moldada a partir
da cultura ibØrica.
A partir do sØculo XIX, seu desenvolvimento esteve intimamente asso-
ciado à dinâmica dos centros de acumulaçªocentros de acumulaçªocentros de acumulaçªocentros de acumulaçªocentros de acumulaçªo da economia mundial - primei-
ro a Grª-Bretanha e depois os Estados Unidos. Participou da divisªo interna-
cional do trabalho como economia exportadora de matØrias-primas e consu-
midora de produtos manufaturados.
A ocupaçªo e o povoamento do território que constituiria o Brasil nªo
passam de episódios do amplo processo de expansªo marítimaexpansªo marítimaexpansªo marítimaexpansªo marítimaexpansªo marítima resultante do
desenvolvimento das empresas comerciais europØias.
Cultura ibØrica
e natureza tropical
22
A U L A
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22
A U L A
Monocultura:
plantação de um
único produto
agrícola.
O mapa mostra a divisão das capitanias hereditárias,
limitadas a oeste pelo meridiano criado no Tratado de Tordesilhas.
ComodecorrŒncia da busca de novas rotas para o Oriente pelos países
ibØricos (a Espanha pelo Ocidente e Portugal contornando a ` frica), o território
que constitui hoje o Brasil precedeu a criaçªo da própria Colônia. O TratadoTratadoTratadoTratadoTratado
de Tordesilhasde Tordesilhasde Tordesilhasde Tordesilhasde Tordesilhas, firmado entre os dois países em 1494, dividia, entre as coroas
de Portugal e Espanha, todo o mundo a ser descoberto e estabelecia que todas
as terras a leste do meridiano de 50 graus oeste pertenceriam a Portugal.
Desse modo, definia-se, a priori, a Colônia por um território correspon-
dente a apenas 40% de sua Ærea atual e, ainda assim, imenso. A defesa do
território e sua expansªo nªo decorreram de conquista militar. Foi um processo
de posse lento e complexo, em que pesou a estratØgia portuguesa, favorecida
pela luta pelo poder e o controle das rotas comerciais entre holandeses,
franceses e ingleses, e pela uniªo de Portugal com a Espanha entre 1580 e 1640.
A colonizaçªocolonizaçªocolonizaçªocolonizaçªocolonizaçªo do Brasil foi um desafio para os monarcas portugueses
devido à pressªo da Holanda, Grª-Bretanha e França sobre o território, o que
ocorreu logo depois da perda, para os holandeses, da maioria dos postos
comerciais que Portugal tinha na `sia e na `frica.
Ao contrÆrio do que acontecia nos territórios espanhóis, a populaçªo
nativa era relativamente escassa e os portugueses nªo podiam, portanto, se
basear no trabalho nativo. Foi preciso, entªo, organizar a produçªo de cana-de-
açœcar no sistema de plantationssistema de plantationssistema de plantationssistema de plantationssistema de plantations, isto, Ø grandes propriedades monocultoras
voltadas para o abastecimento dos mercados europeus, que se tornaram a base
da economia e da defesa coloniais.
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22
A U L A Esse empreendimento deveu-se a dois fatores: a experiŒncia de Portugal
nas ilhas de Sªo TomØ e Madeira, que estimulou uma indœstria de equipamen-
tos para engenhos açucareiros, e a organizaçªo comercial dos flamengos, que
controlavam um mercado expressivo na Europa Continental, e financiaram
diretamente as plantaçıes e engenhos no território da Colônia portuguesa.
Assim, o Brasil colonial foi organizado como uma empresa comercial
resultante da aliança entre a burguesia mercantilburguesia mercantilburguesia mercantilburguesia mercantilburguesia mercantil (inclusive holandesa) e a
nobreza. No início da colonizaçªo, a legislaçªo relativa à propriedade da terra
estava baseada na política rural de Portugal.
A terra era vista como parte do patrimônio pessoal do rei, como domínio
da Coroa, e sua aquisiçªo decorria de uma doaçªo pessoal, segundo os mØritos
dos pretendentes e os serviços por eles prestados à Coroa, em um sistema
conhecido como patrimonialismopatrimonialismopatrimonialismopatrimonialismopatrimonialismo.
Dentro da ótica mercantil, procuravam-se informaçıes sobre as riquezas
disponíveis na costa brasileira, em particular a existŒncia de produtos exóticos,
de alto valor unitÆrio nos mercados europeus, e sobre metais e pedras precio-
sas. Subordinado a esse interesse principal, buscavam-se o descobrimento de
passagens para a ` sia e a localizaçªo de pontos na costa que servissem de apoio
aos navios que faziam o percurso para a ˝ndia.
Desde cedo, as facilidades naturais de comunicaçªo privilegiaram o litoral
oriental, como objeto de exploraçªo econômica. Esse fato foi acentuado pela
presença, nessa porçªo da costa brasileira, de uma imensa massa de floresta œmida,
a Mata AtlânticaMata AtlânticaMata AtlânticaMata AtlânticaMata Atlântica, formada pela precipitaçªo resultante da umidade trazida pelos
ventos alíseos. A floresta era o hÆbitat natural de diversas tribos indígenas do
grupo Tupi-Guarani, que haviam ultrapassado a fase cultural da caça e coleta e se
situavam no início da revoluçªo agrícola, tendo dominado para o cultivo diversas
plantas da floresta tropical - como a mandioca, o milho e o tabaco, entre outras -
que eram cultivadas em pequenas roças abertas no meio da floresta.
A floresta e o trabalho das comunidades indígenas foram objeto da primei-
ra atividade econômica da Colônia: a extraçªo de madeiras corantes, em
especial o pau-brasilpau-brasilpau-brasilpau-brasilpau-brasil. Retirado da floresta pelos índios e armazenado em
feitoriasfeitoriasfeitoriasfeitoriasfeitorias - pontos defendidos por fortificaçıes, no litoral -, o “pau-brasil”
inaugurou o instituto do estancoestancoestancoestancoestanco, ou seja, o monopólio da Coroa portuguesa
sobre o comØrcio com a Colônia. Mas toda essa proteçªo nªo impediu as visitas
constantes de corsÆrios franceses e ingleses.
As primeiras tentativas de implantaçªo da economia açucareira no Brasil
procuraram utilizar a base material desenvolvida com a extraçªo de madeiras
corantes. Em primeiro lugar, a floresta tropical, cujo desmate fornecia madeira para
construçıes e lenha para os engenhos. Em segundo, as vÆrzeas œmidas litorâneas,
que alØm de propiciarem solos de renovada fertilidade, com as cheias periódicas,
garantiam o escoamento fluvial da produçªo açucareira. Por fim, a tentativa,
frustrada rapidamente, de utilizar as comunidades indígenas como fonte de traba-
lho compulsório para o cultivo das terras e a manutençªo das plantaçıes.
As plantations litorâneas foram as cØlulas fundamentais da estrutura econô-
mica e social da Colônia. Delas partiu a expansªo gradativa das fazendas de gadofazendas de gadofazendas de gadofazendas de gadofazendas de gado
pelo sertªo, para abastecer de couro e animais de trabalho as zonas canavieiras.
No litoral norte, o rio Amazonas foi estratØgico por sua extensªo e ampla
navegabilidade: atØ 2.000 km no interior, em meio à floresta equatorial. Durante
a uniªo das Coroas de Portugal e Espanha (1580-1640), holandeses, franceses e
ingleses trataram de ocupar militarmente essa Ærea. Para defender a Bacia
Amazônica, as formas iniciais de ocupaçªo, adotadas por Portugal, foram
pequenos fortes, sendo o primeiro deles na foz do Amazonas, em BelØm (1616).
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A U L AA ocupaçªo da terra como base do direito
sobre sua posse, isto Ø, o direito “de facto”, foi
a prÆtica estratØgica de apropriaçªo do terri-
tório para alØm dos limites jurídicos do Trata-
do de Tordesilhas, o que foi posteriormente
reconhecido como um princípio legal.
O maior impulso para a expansªo
territorial decorreu sobretudo da descoberta
do ouro (1690) no planalto do Brasil Central.
O ouro tornou-se a base econômica da Colô-
nia atØ o final do sØculo XVIII, à medida que a
economia açucareira decaía, face à concorrŒn-
cia do açœcar produzido nas Antilhas.
A descoberta do ouro provocou um afluxo
de imigrantes da Metrópole, grande mobili-
dade interna e uma corrida gigantesca em
alguns decŒnios, que cobriu uma Ærea imensa
no centro e oeste do atual território brasileiro
(Minas Gerais, GoiÆs e Mato Grosso). Cami-
nhos de gado e tropas de mulas estabelece-
ram-se para abastecer os primeiros centros
mineradores, constituindo-se nos primeiros
eixos da integraçªo interna da Colônia.
Em conseqüŒncia da mineraçªo, deslocou-se o eixo econômico para o centro-
sul e com ele transferiu-se a capital da Bahia para o Rio de Janeiro (1763).
Entretanto, o ciclo do ouro e diamantes, embora intenso, foi breve. Esgotou-se
nos œltimos 25 anos do sØculo XVIII, inclusive pela pressªo dos impostos
cobrados pela Coroa. Essa pressªo resultou no primeiro, mas fracassado,
movimento pela independŒncia: a InconfidŒncia de Minas Gerais, em 1792.
A principal característica da sociedade colonial era a escravidªo de índios
e, principalmente,de negros. Essa foi uma escravidªo original, que reviveu
uma forma de trabalho historicamente extinta, e proporcionou um recurso
para a exploraçªo comercial da Colônia. Embora nªo se tenham dados comple-
tos e seguros, em 1798 o nœmero de escravos correspondia à metade da
populaçªo da Colônia.
A escravidªo afetou o conceito de trabalho, que se tornou uma atividade
humilhante e deixou um pequeno nœmero de ocupaçıes para os homens livres
que nªo eram proprietÆrios de terra.
Distinguiam-se assim, dois setores na sociedade colonial, segundo a utiliza-
çªo de trabalho escravo ou livre. Um setor era estruturado pela escravidªo e o clª
patriarcal coeso, formado pelo conjunto de indivíduos que participavam da
grande propriedade rural, cujos donos constituíam a classe privilegiada, aristo-
crÆtica. O outro setor era integrado por comerciantes, os œnicos que faziam frente
aos proprietÆrios de terra como financiadores da grande lavoura.
A propriedade monoprodutora escravista de grande escala foi a cØlula de
toda a estrutura colonial, determinando o conjunto das relaçıes sociais e a
exploraçªo extensiva e especuladora dos recursos naturais.
Reproduzindo-se no tempo e no espaço, a grande propriedade teve seus
traços mais acentuados na plantation açucareira, mas esses traços estavam
presentes tambØm na fazenda de gado, na mineraçªo e mesmo no setor
extrativo do Vale Amazônico, embora este œltimo nªo tivesse por base a
propriedade da terra.
Atividades econômicas do período colonial.
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22
A U L A Foi a manutençªo do princípio monÆrquico, no processo de independŒncia,
que determinou a preservaçªo da unidade política do território. O princípio
monÆrquico centralista foi a soluçªo que os grandes proprietÆrios e traficantes de
escravos encontraram para defender seus privilØgios e manter seu poder local:
no plano externo, garantir o trÆfico de escravos contra a pressªo inglesa; no plano
interno, assegurar o comØrcio de escravos entre as províncias e o monopólio
da propriedade da terra.
Essa relaçªo entre centralismo do Estado e interesses escravistas revela
o carÆter do bloco do poder. Ele era composto por todas as classes de pro-
prietÆrios, mas sob a hegemonia política de um sub-bloco, formado pela elite
escravista de plantadores de cafØ, grupos de proprietÆrios urbanos e comerci-
antes. Estes œltimos agiam como vanguarda e conquistavam postos-chave
no aparelho de Estado.
Tal situaçªo revela, tambØm, o início de interesses regionaisinteresses regionaisinteresses regionaisinteresses regionaisinteresses regionais diferencia-
dos, que vªo estar presentes em boa parte da história brasileira, inclusive nos
dias atuais.
Nesta aula, vocΠaprendeu que:
l o Brasil foi marcado, social e territorialmente, pelo processo de colonizaçªoprocesso de colonizaçªoprocesso de colonizaçªoprocesso de colonizaçªoprocesso de colonizaçªo
ibØricoibØricoibØricoibØricoibØrico, e atØ hoje perduram os desafios para construir uma sociedade mais
justa, capaz de respeitar seu imenso patrimônio naturalpatrimônio naturalpatrimônio naturalpatrimônio naturalpatrimônio natural;
l seus contornos territoriaiscontornos territoriaiscontornos territoriaiscontornos territoriaiscontornos territoriais foram traçados, no período colonial, segundo as
estratØgias formuladas pela Coroa portuguesa, no confronto com as demais
potŒncias do mercantilismomercantilismomercantilismomercantilismomercantilismo;
l a ocupaçªo e o povoamento, ao longo do período colonial, se fazem segundo
a lógica da empresa mercantilempresa mercantilempresa mercantilempresa mercantilempresa mercantil, primÆrio-exportadora, baseada no trabalhotrabalhotrabalhotrabalhotrabalho
escravoescravoescravoescravoescravo;
l a estrutura socialestrutura socialestrutura socialestrutura socialestrutura social da Colônia foi preservada após a independŒncia, que
manteve, por intermØdio da monarquia, um Estado unificado territo-
rialmente, fundado no trabalho escravo;
l a grande propriedade ruralgrande propriedade ruralgrande propriedade ruralgrande propriedade ruralgrande propriedade rural manteve-se durante a industrializaçªo e consti-
tuiu-se em um fator de concentraçªo de riqueza, renda e poderconcentraçªo de riqueza, renda e poderconcentraçªo de riqueza, renda e poderconcentraçªo de riqueza, renda e poderconcentraçªo de riqueza, renda e poder que perdura
atØ os dias atuais.
Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1
Enuncie qual a principal forma de inserçªo da economia da AmØrica Latina
e do Brasil na economia mundial. Explique por que formaram a mais antiga
periferia da economia europØia.
Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2
Qual o sistema agrícola em que podemos classificar a monocultura de
produtos tropicais para a exportaçªo que se tornou a base da estrutura
econômica e social colonial:
a)a)a)a)a) agricultura intensiva de jardinagem;
b)b)b)b)b) agricultura de produtos temperados;
c)c)c)c)c) sistema de plantation;
d)d)d)d)d) sitema de rotaçªo de culturas.
Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3
Quais os efeitos da concentraçªo da propriedade da terra, desde o período
colonial, sobre a distribuiçªo de renda no Brasil?
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NNNNNesta aula, veremos como o Brasil se des-
taca pelas dimensıes continentaisdimensıes continentaisdimensıes continentaisdimensıes continentaisdimensıes continentais de seu território, cuja ocupaçªo se deu por
meio da constante incorporaçªo de novas terrasnovas terrasnovas terrasnovas terrasnovas terras, ao mesmo tempo em que
preservava relaçıes de trabalhorelaçıes de trabalhorelaçıes de trabalhorelaçıes de trabalhorelaçıes de trabalho arcaicas. Veremos como o deslocamento da
frente pioneirafrente pioneirafrente pioneirafrente pioneirafrente pioneira foi uma das expressıes da grande mobilidade do trabalhomobilidade do trabalhomobilidade do trabalhomobilidade do trabalhomobilidade do trabalho
no Brasil - um processo contraditório, pois de um lado contribuiu para reduzir
os níveis de salÆrio e de garantias trabalhistas, e de outro criou uma alternativa
para a sobrevivŒncia do trabalhador e de sua família.
Quais os efeitos da grande disponibilidade de terras sobre o processo
de industrializaçªo e urbanizaçªo no Brasil? Qual o significado da fronteira para
o desenvolvimento brasileiro?
Os papØis da fronteira agrícola e do acesso à terra sªo fundamentais para
diferenciar o Brasil de seus parceiros latino-americanos. Isso tambØm deu uma
forma peculiar à questªo agrÆria, em que a grande propriedade foi sempre
dominante.
No Brasil, a oferta de produtos agrícolas foi garantida pela incorporaçªo de
novas terras, sem tocar na estrutura fundiÆria prØ-estabelecida, que constitui
a base do poder dos grupos dominantes atØ os dias atuais.
Entretanto, essa disponibilidade de terras favoreceu a mobilidade no traba-
lho, que costuma ocorrer tanto nos deslocamentos entre um lugar e outro, como
na mudança de um tipo de emprego para outro.
O Brasil tem dimensıes continentais, e essa Ø uma diferença fundamental em
relaçªo aos seus vizinhos latino-americanos. Sua extensªo territorial coloca-o na
quinta posiçªo entre os maiores países do globo, com uma Ærea de 8,5 milhıes de
km2 e uma populaçªo estimada em 162 milhıes de habitantes, em 1995.
A potencialidade de recursos amplia-se pela disponibilidade de espaço
œtil decorrente de sua posiçªo geogrÆfica. O Brasil corresponde a dois terços da
AmØrica Latina, e Ø seguramente o maior país situado na faixa intertropical.
A grande reserva de terras do Brasil Ø a maior floresta pluvial do planeta - a
Amazônia - com uma imensavariedade de espØcies. Apesar disso, seu delica-
do equilíbrio ecológico constitui ainda um desafio à sociedade brasileira e à
ciŒncia mundial, na busca de formas apropriadas de ocupaçªo.
23
A U L A
Uma fronteira
em movimento
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As condiçıes naturais sªo importantes, mas nªo determinantes. Antes,
nosso país era um grande fornecedor de cafØ, mas hoje passou a segundo maior
exportador de soja e derivados, com a vantagem de colocar sua produçªo no
mercado durante o período da entressafra norte-americana. A soja, pouco
conhecida no Brasil hÆ quinze anos, venceu a barreira ecológica dos cerradoscerradoscerradoscerradoscerrados e
espalhou-se no Planalto Brasileiro, graças aos investimentos em melhorias
genØticas e no desenvolvimento de tratos em sua cultura. Em 1975, os cerrados
eram responsÆveis pela produçªo de cerca de 6% da soja brasileira; em 1982, esse
nœmero atingia 22% e, com a grande safra de 1987/88, responderam por 8
milhıes de toneladas de soja, isto Ø, 44,5% do total nacional.
A economia brasileira cresceu, e continua crescendo, pela impressionante
capacidade de incorporar rapidamente novas terras. A Ærea total dos estabeleci-
mentos agrícolas era de 198 milhıes de hectares em 1940; saltou para 365 milhıes
em 1980, e atingiu 375 milhıes de hectares em 1985, jÆ sob os efeitos da crise
econômica do início da dØcada de 1980. E isso representa apenas cerca da metade
da Ærea disponível para a agropecuÆria.
A grande propriedade rural brasileira, herdada do latifœndio escravista, foi
um instrumento bÆsico para conservar os trabalhadores e suas famílias em
condiçıes próximas à subsistŒncia, rebaixando o nível geral de salÆrios da
economia. O consumo de calorias por habitante no Brasil Ø de 2.657 por dia,
inferior aos valores encontrados no Iraque (2.891), no Irª (3.115) ou na Turquia
(3.218). O custo por hora da mªo-de-obra no Brasil Ø um dos mais baixos
do mundo - cerca de US$ 1.00 -, enquanto em países como a Grª-Bretanha
ou a França, a hora de um trabalhador mØdio estÆ em torno de US$ 17.00.
A concentraçªo do capital e o crescimento econômico nªo repousaram
apenas nos baixos salÆrios, mas tambØm na extraordinÆria intensificaçªo da
mobilidade dos trabalhadores no decorrer da História. O processo migratório
interno foi responsÆvel pelo povoamento do território nacional, que se inten-
sificou com o processo de industrializaçªo, avançando progressivamente para
o oeste e o norte.
O deslocamento da populaçªo para essas Æreas novas, com a conquista
de terras de floresta para a agricultura, Ø chamado de frente pioneira,frente pioneira,frente pioneira,frente pioneira,frente pioneira, porque
se faz de modo mais ou menos contínuo, como uma frente, e ocupa terras novas
- por isso seu carÆter pioneiro.
EXPANSˆOEXPANSˆOEXPANSˆOEXPANSˆOEXPANSˆO DADADADADA ` REA`REA`REA`REA`REA DOSDOSDOSDOSDOS ESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOS AGROPECU`RIOSAGROPECU`RIOSAGROPECU`RIOSAGROPECU`RIOSAGROPECU`RIOS – 1970/85 – 1970/85 – 1970/85 – 1970/85 – 1970/85
(((((EMEMEMEMEM MILHÕESMILHÕESMILHÕESMILHÕESMILHÕES DEDEDEDEDE HECTARESHECTARESHECTARESHECTARESHECTARES)))))
REGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕES
Brasil
Norte (2)
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste (3)
`REA`REA`REA`REA`REA DOSDOSDOSDOSDOS
ESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOS
19701970197019701970
294, l5
23, l8
74, 30
69, 50
45, 46
81, 71
`REA`REA`REA`REA`REA DOSDOSDOSDOSDOS
ESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOS
19801980198019801980
364, 85
41, 56
88, 44
73, 50
47, 91
113, 44
`REA`REA`REA`REA`REA DOSDOSDOSDOSDOS
ESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOS
19851985198519851985
374, 92
45, 21
92, 05
73, 24
47, 94
116, 48
INCREMENTOINCREMENTOINCREMENTOINCREMENTOINCREMENTO
ANUALANUALANUALANUALANUAL (1) (1) (1) (1) (1)
1970/801970/801970/801970/801970/80
2,18
6,01
1,76
0,56
0,53
3,34
INCREMENTOINCREMENTOINCREMENTOINCREMENTOINCREMENTO
ANUALANUALANUALANUALANUAL (1) (1) (1) (1) (1)
1980/851980/851980/851980/851980/85
 0,27
 0,85
 0,40
 - 0,04
 0,01
 0,26
(1) Taxa de incremento geomØtrico anual.
(2) Dados excluem o Estado de Tocantins.
(3) Dados incluem o Estado de Tocantins.
Fontes: IBGE, Censos AgropecuÆrios de 1970, 1980 e 1985.
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As frentes pioneiras iniciaram-se com a expansªo do cafØ no Estado de Sªo
Paulo e avançaram em direçªo ao sul e ao oeste do Brasil, povoando o interior dos
Estados do ParanÆ, GoiÆs, e Mato Grosso do Sul, dentre outros.
A mobilidade da populaçªomobilidade da populaçªomobilidade da populaçªomobilidade da populaçªomobilidade da populaçªo ampliou a margem de pobreza em todo o
território nacional e fez emergir novos grupos sociais, que compıem o universo
da sociedade brasileira. Intensificaram-se a rotatividade do emprego, que Ø uma
das maiores do mundo, e a polivalŒnciapolivalŒnciapolivalŒnciapolivalŒnciapolivalŒncia do trabalhador, isto Ø, o exercício de
mœltiplas tarefas ou mœltiplos empregos por um mesmo indivíduo.
Essa mobilidade deve-se, de um lado, à atraçªo exercida pelas Æreas dinâmi-
cas, com novas oportunidades de emprego e/ou de acesso à terra, sobretudo
no Sudeste, nas metrópoles e, com menos intensidade, no Centro-Oeste e Norte;
de outro lado, a modernizaçªo da agricultura, que liberou a mªo-de-obra rural
em todo o país, retirou do Nordeste seu papel de fornecedor, quase exclusivo,
de migrantes.
A mecanizaçªo subsidiada subsidiada subsidiada subsidiada subsidiada pelo governo, cujo melhor exemplo Ø o cultivo
da soja, transformou o Estado do ParanÆ de uma frente pioneira do cafØ,
que atraía a populaçªo de outros estados, no maior exportador de mªo-de-obra
do Brasil, em apenas duas dØcadas - de 1970 a 1991.
A concentraçªo da propriedade da terra, decorrente de sua valorizaçªo
e do acesso diferenciado ao crØdito, resultou na expropriaçªo violenta de pequenos
produtores (posseiros, parceiros, pequenos proprietÆrios etc.). Em conseqüŒncia,
a mobilidade passou a se dar em escala nacional e estÆ associada à formaçªo de um
novo mercado de trabalho com características próprias.
Nas Æreas em que o mercado de trabalho Ø melhor organizado, como em
Sªo Paulo, assalariados rurais permanentes foram transformados em traba-
lhadores temporÆrios, que vivem nas cidades e vªo trabalhar diariamente no
campo, os bóias-friasbóias-friasbóias-friasbóias-friasbóias-frias. Em Æreas menos desenvolvidas, os pequenos produ-
tores rurais passaram a vender seu trabalho, tanto para o mercado urbano
como para o rural (dependendo da estaçªo), e a morar em Æreas urbanas. Esse
processo significa maior instabilidade no emprego e maior exploraçªo do
trabalho, pois permite manter os salÆrios baixos, induz à ampliaçªo da
jornada de trabalho e “libera” os patrıes das obrigaçıes trabalhistas.
Ao fornecer
subsídio, o governo
pode pagar parte
do bem, ou cobrar
impostos mais
baixos, ou até
deixar de cobrá-los.
até 2 hab./km2
de 2 a 20 hab./km2
de 20 a 50 hab./km2
mais de 50 hab./km2
 1940 1950 1960
 1970 1980 1991
BRASIL - DENSIDADES DEMOGRÁFICAS POR ESTADOS - 1940/ 1991
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A U L A
20
Na Ærea urbana os trabalhadores podem estar empregados no setor formalsetor formalsetor formalsetor formalsetor formal
da economia, isto Ø, o que apresenta uma relaçªo estÆvel de trabalho e estÆ
regulamentado pelas normas do Estado, ou no setor informalsetor informalsetor informalsetor informalsetor informal, que Ø formado
pelos trabalhadores por conta própria e pelos que nªo possuem relaçıes de
trabalho formais, isto Ø, nªo tŒm seus direitos trabalhistas garantidos.
O chamado setor informal abrange uma fantÆstica massa de empregadores
e empregados, constituindo uma economia paralelaeconomia paralelaeconomia paralelaeconomia paralelaeconomia paralela que foge da regulaçªo
oficial. Ainda pouco conhecida, essa imensa massa de trabalhadores sem
carteira assinada exerce as mais diversas atividades. A economia paralela
inclui desde o pequeno vendedor ambulante atØ as pequenas indœstrias que
proliferam nas grandes cidades brasileiras.
Nesta aula vocΠaprendeu que:
l o Brasil tem a maior extensªo territorialextensªo territorialextensªo territorialextensªo territorialextensªo territorial entre os países da AmØrica Latina
e uma das maiores entre os países do mundo;
l essas dimensıes territoriaisdimensıes territoriaisdimensıes territoriaisdimensıes territoriaisdimensıes territoriais possibilitaram ao Brasil, historicamente, inte-
grar-se ao comØrcio mundial, pela ocupaçªo de grandes extensıes degrandes extensıes degrandes extensıes degrandes extensıes degrandes extensıes de
terrasterrasterrasterrasterras com cultivos como o açœcar, o cafØ e atualmente a soja, destinados,
de preferŒncia, à exportaçªo;
l mas essa possibilidade de incorporar novas Æreas produtivas - as chamadas
fronteiras agrícolas fronteiras agrícolas fronteiras agrícolas fronteiras agrícolas fronteiras agrícolas - permitiu, tambØm, a preservaçªo de uma estruturaestruturaestruturaestruturaestrutura
fundiÆria altamente concentradafundiÆria altamente concentradafundiÆria altamente concentradafundiÆria altamente concentradafundiÆria altamente concentrada, pois os “sem-terra” deslocam-se para
as Æreas de fronteira;
l no Brasil, a mobilidade do trabalhomobilidade do trabalhomobilidade do trabalhomobilidade do trabalhomobilidade do trabalho, quer nas fronteiras agrícolas, quer nas
Æreas urbanas, Ø um dos fatores para explicar as baixas remuneraçıesbaixas remuneraçıesbaixas remuneraçıesbaixas remuneraçıesbaixas remuneraçıes que
conservam os trabalhadores apenas em níveis próximos da pobreza.
Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1
A intensificaçªo do processo de ocupaçªo da regiªo Centro-Oeste Ø recente.
Destaca-se como fator dessa ocupaçªo:
a)a)a)a)a) a pecuÆria, iniciada nas œltimas dØcadas, especialmente em trechos do
Planalto Central e no Pantanal Matogrossense;
b)b)b)b)b) a industrializaçªo, estimulada pelo governo, que se tornou a atividade
econômica mais expresiva de Estados como GoiÆs e Mato Grosso do Sul;
c)c)c)c)c) a construçªo de Brasilia em uma das Æreas mais valorizadas da regiªo,
que possibilitou dinamismo econômico, tornou complexa a estrutura
do espaço regional e viabilizou a estratØgia de “integraçªo regional”;
d)d)d)d)d) a constuçªo de ferrovias, que se constituem atualmente no mais expres-
sivo fluxo de circulaçªo regional.
Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2
A populaçªo rural da regiªo Sul do Brasil foi a que conheceu o maior
decrØscimo percentual entre 1970 e 1980 (-2,47% ao ano). Para que outras
regiıes essa populaçªo tem se dirigido?
Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3
Considerando o aspecto da dinâmica populacional, descreva:
a)a)a)a)a) um fator de atraçªo;
b)b)b)b)b) um fator de repulsªo da populaçªo.
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Condomínios e favelas:
a urbanizaçªo desigual
NNNNNesta aula, vamos estudar a urbanizaçªourbanizaçªourbanizaçªourbanizaçªourbanizaçªo
brasileira, que se caracteriza pela rapidez e intensidade de seu ritmo. Vamos
comprender como o crescimento das cidades esteve ligado à atividade industri-
al, gerando aglomeraçıes urbanasaglomeraçıes urbanasaglomeraçıes urbanasaglomeraçıes urbanasaglomeraçıes urbanas com diferentes níveis na hierarquia regional.
Veremos tambØm que a pobreza urbanapobreza urbanapobreza urbanapobreza urbanapobreza urbana reflete as desigualdades sociais presen-
tes na economia brasileira.
Qual o papel das grandes cidades no processo de desenvolvimento brasi-
leiro? Como as metrópoles podem ser, ao mesmo tempo, centros de inovaçıes
e aglomerados de pobreza?
No Brasil, o mercado unificou a economia urbana em escala nacional.
Quanto maior a cidade, maior a possibilidade de multiplicaçªo das atividades
informais e das alternativas de sobrevivŒncia para os pobres. Favelas se
multiplicam, enquanto as pessoas mais abastadas procuram construir condo-
mínios que lhes ofereçam mais segurança. Explica-se, assim, a expansªo do
emprego - ainda que rotativo e mal remunerado - na indœstria metropolitana,
ao contrÆrio do que ocorre nas economias centrais. No caso brasileiro, a
periferia cresce com a indœstria e com a migraçªo da populaçªo de baixa renda.
O lugar da riqueza torna-se literalmente o lugar da pobreza.
O Brasil transfor-
mou-se em um paíspaíspaíspaíspaís
urbanourbanourbanourbanourbano em poucas dØ-
cadas, comprimindo
no tempo um proces-
so que, em outros paí-
ses, se fez muito mais
lentamente. As Æreas
urbanas passaram a
concentrar, em 1995,
mais de 120 milhıes
de indivíduos, num
total de aproximada-
mente l60 milhıes.
24
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Ao contrÆrio dos países latino-americanos, como os do Cone Sul, que tŒm
urbanizaçªo mais estabilizada, o Brasil manifesta um processo extremamen-
te dinâmico, devido, em grande parte, ao próprio crescimento urbano - que
nªo se reduz à mera “inchaçªo” das cidades - mas tambØm à mobilidade de
sua populaçªo e a uma fronteira móvel.
A partir de 1930, começou a se acelerar o crescimento industrial do eixo entre
Rio de Janeiro e Sªo Paulo. Essa Ærea passou a ter um desenvolvimento maior do
que as demais, tornando-se o centrocentrocentrocentrocentro econômicoeconômicoeconômicoeconômicoeconômico do Brasil e produzindo bens
industrializados de todos os tipos. Os demais Estados tornaram-se mercados
consumidores desses bens, fornecendo matØrias-primas e alimentos a preços
baixos e, principalmente, mªo-de-obra barata em grande quantidade. Estabele-
ceu-se, assim, a relaçªo centro-periferiacentro-periferiacentro-periferiacentro-periferiacentro-periferia, isto Ø, Æreas que tiveram crescimento
econômico diferente mantŒm uma relaçªo de dependŒncia entre si.
A indœstria foi a grande responsÆvel pela aceleraçªo do processo de urbani-
zaçªo. Como mostra o grÆfico, hoje o Brasil Ø um país predominantemente
urbano, com cerca de 75% de sua populaçªo vivendo e trabalhando em cidades,
em especial nas metrópolesmetrópolesmetrópolesmetrópolesmetrópoles.
As metrópoles sªo cidades que exercem um grande poder de atraçªo sobre
as Æreas vizinhas. Esse Ø o caso de BelØm, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, Sªo Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Brasília.
Entre 1950-1990, o crescimento mais significativo ocorreu nas cidades mØ-
dias e grandes. O total de cidades com mais de 100 mil habitantes passou de 11
para 95, representando 48,7% da populaçªo urbana do país.
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Dois movimentos complementares caracterizam a urbanizaçªo: a acentua-
çªo da concentraçªo populacional e a tendŒncia à dispersªo espacial.
Em termos de concentraçªo, nos anos 70 as regiıes metropolitanas aumen-
taram sua participaçªo relativa (isto Ø, em relaçªo ao total da populaçªo das
Æreas urbanas) de 25,5% para 29,0%. A indœstria teve papel central no cresci-
mento das metrópoles e das aglomeraçıes urbanas imediatamente abaixo
desse nível.
Somente as regiıes metropolitanas de Sªo Paulo e do Rio de Janeiro - com
12 milhıes e 9 milhıes de habitantes, respectivamente - juntas respondiam,
em 1980, por 75,4% do pessoal ocupado e por aproximadamente 65% do valor
da produçªo industrial em todo o país.
Essas metrópoles recebem apoio de dois tipos de cidade, tanto em relaçªo
ao crescimento demogrÆfico quanto à situaçªo de renda:
1.1.1.1.1. as cidades que correspondem à desconcentraçªo industrial de Sªo Paulo ou
à implantaçªo da fronteira científico-tecnológica, isto Ø, cidades onde se
instalam importantes centros de pesquisa e se desenvolvem atividades que
utilizam tecnologia de ponta, como Ø o caso de Campinas e Sªo JosØ dos
Campos;
2.2.2.2.2. regiıes metropolitanas com indœstrias ou pólos industriais avançados,
como Belo Horizonte (metalurgia e material de transporte), Salvador
(petroquímica), Curitiba e Porto Alegre (indœstrias diversas).
A tendŒncia à dispersªo urbana, tanto em termos populacionais como de
renda, se faz por trŒs modalidades, movidas por fatores que nªo se ligam
diretamente à indœstria, e em geral correspondem a posiçıes de contato entre
Æreas de economias diversas.
A primeira modalidade Ø a extensªo contínua de centros urbanos a partir da
cidade mundial, isto Ø, uma cidade rica que fornece as tendŒncias de atuaçªo para
regiıes de agricultura diversificada e regiıes basicamente pecuaristas, por onde
avança a agricultura moderna da soja e da cana-de-açœcar.
A segunda Ø a formaçªo de uma ampla frente urbana de interiorizaçªo,
correspondente às grandes capitais dos Estados do Centro-Norte, que fornecem
as tendŒncias de atuaçªo para a urbanizaçªo no interior, e funcionam como
pontos de contato e intermediaçªo entre as bordas da cidade mundial e as Æreas
de avanço da fronteira. Papel central na presença de grandes populaçıes e de
rendas relativamente elevadas deve-se ao Estado. O maior exemplo dessa
situaçªo Ø Brasília, a capital da geopolítica, que registrou a maior proporçªo no
país da populaçªo economicamente ativa urbana nas mais altas classes de renda.
BRASILBRASILBRASILBRASILBRASIL: : : : : ˝ NDICE˝NDICE˝NDICE˝NDICE˝NDICE DEDEDEDEDE URBANIZA˙ˆOURBANIZA˙ˆOURBANIZA˙ˆOURBANIZA˙ˆOURBANIZA˙ˆO – 1950/91 – 1950/91 – 1950/91 – 1950/91 – 1950/91
PopulaçªoPopulaçªoPopulaçªoPopulaçªoPopulaçªo
AnoAnoAnoAnoAno
1950
1960
1970
1980
1991
PopulaçªoPopulaçªoPopulaçªoPopulaçªoPopulaçªo
TotalTotalTotalTotalTotal
51 .944.397
70.197.370
93.139.037
119.002.706
146.825.475
PopulaçªoPopulaçªoPopulaçªoPopulaçªoPopulaçªo
UrbanaUrbanaUrbanaUrbanaUrbana
18.782.891
31.533.681
52.084.984
80.436.409
110.990.990
˝ndice de urbanizaçªo˝ndice de urbanizaçªo˝ndice de urbanizaçªo˝ndice de urbanizaçªo˝ndice de urbanizaçªo
%%%%%
36,2
44,9
55,9
67,6
75,6
FONTE: IBGE, Censos DemogrÆficos: 1905, 1960, 1970, 1980 e 1991.
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A terceira modalidade da dispersªo Ø característica da fronteira. Inclui
centros regionais e locais que servem de suporte para as frentes de expansªo
agropecuÆrias e minerais, e inclui tambØm o crescimento explosivo de pequenos
nœcleos dispersos, vinculados à abertura da floresta ou aos garimpos, que se
constituem em locais de reproduçªo da força de trabalho móvel, razªo pela qual
muitos desses sªo tambØm efŒmeros, mudando de localizaçªo com o desloca-
mento das frentes.
A urbanizaçªo foi sustentada em grande parte por uma maioria de mªo-de-
obra barata e pobre. E, ainda assim, o trabalho urbano significa ascensªo, pois a
proporçªo de trabalhadores na faixa inferior a um salÆrio mínimo foi de cerca de
25%, no Brasil urbano, bem menor do que a percentagem de 38% do país como
um todo. Na Regiªo Metropolitana de Sªo Paulo, a proporçªo de trabalhadores
ganhando atØ um salÆrio mínimo Ø de 9,2%, na do Rio de Janeiro Ø superior a
14,0% e na de Belo Horizonte alcança quase 21%.
Crescimento econômico com pobreza crescente, movimentos espontâneos
na economia informal e estruturas econômicas formais se complementam para
sustentar o crescimento metropolitano. A pobreza, por um lado, constitui um
entrave à maior expansªo das grandes empresas, pois restringe o crescimento de
um mercado interno, consumidor; mas, por outro, permite a proliferaçªo de
pequenas fÆbricas menos capitalizadas e criadoras de emprego.
O mercado unifica a economia urbana e, quanto maior a cidade, maior a
possibilidade de multiplicaçªo de atividades informais. Explica-se, assim, a
expansªo do emprego - ainda que rotativo e mal remunerado - na indœstria
metropolitana, ao contrÆrio do que ocorre nas economias centrais. No caso
brasileiro, a periferia cresce com a indœstria e a migraçªo da populaçªo de baixa
renda. O lugar da riqueza torna-se literalmente o lugar da pobreza.O lugar da riqueza torna-se literalmente o lugar da pobreza.O lugar da riqueza torna-se literalmente o lugar da pobreza.O lugar da riqueza torna-se literalmente o lugar da pobreza.O lugar da riqueza torna-se literalmente o lugar da pobreza.
Os dados relativos ao sistema urbano das regiıes brasileiras revelam alguns
aspectos importantes:
O Sudeste, que Ø o nœcleo original da industrializaçªo, revela a formidÆvel
concentraçªo da indœstria (52,4%), do comØrcio (58,9%) e dos serviços (75,4%)
nas regiıes metropolitanas de Sªo Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
É particularmente acentuado o fato de que trŒs quartos das receitas de serviços
estªo centralizados nas metrópoles, o que Ø um indicador indireto da elevada
concentraçªo urbana da regiªo.
O Sul, dadas as características históricas e geogrÆficas de seu desenvolvi-
mento, apresenta uma estrutura mais dispersa, com maior concentraçªo metro-
politana na oferta de serviços.
PARTICIPA˙ˆOPARTICIPA˙ˆOPARTICIPA˙ˆOPARTICIPA˙ˆOPARTICIPA˙ˆO DASDASDASDASDAS REGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕES METROPOLITANASMETROPOLITANASMETROPOLITANASMETROPOLITANASMETROPOLITANAS EEEEE DODODODODO DISTRITODISTRITODISTRITODISTRITODISTRITO FEDERALFEDERALFEDERALFEDERALFEDERAL
NONONONONO VALORVALORVALORVALORVALOR BRUTOBRUTOBRUTOBRUTOBRUTO DADADADADA PRODU˙ˆOPRODU˙ˆOPRODU˙ˆOPRODU˙ˆOPRODU˙ˆO INDUSTRIALINDUSTRIALINDUSTRIALINDUSTRIALINDUSTRIAL ( ( ( ( (VBPIVBPIVBPIVBPIVBPI),),),),),
NANANANANA RECEITARECEITARECEITARECEITARECEITA DADADADADA VENDAVENDAVENDAVENDAVENDA DEDEDEDEDE MERCADORIASMERCADORIASMERCADORIASMERCADORIASMERCADORIAS ( ( ( ( (RVMRVMRVMRVMRVM) ) ) ) ) EEEEE NANANANANA RECEITARECEITARECEITARECEITARECEITA TOTALTOTALTOTALTOTALTOTAL DOSDOSDOSDOSDOS SERVI˙OSSERVI˙OSSERVI˙OSSERVI˙OSSERVI˙OS ( ( ( ( (RTSRTSRTSRTSRTS)))))
BrasilBrasilBrasilBrasilBrasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste (1)
VBPIVBPIVBPIVBPIVBPI
47,0
11,0
58,9
52,4
34,1
10,8
RVMRVMRVMRVMRVM
46,5
25,6
40,4
58,9
27,7
21,5
RTSRTSRTSRTSRTS
65,4
22,3
50,1
75,4
43,3
55,4
(1) Dados relativos ao Distrito Federal
Fonte: IBGE, Censo Econômico de 1985 e Municípios: Indœstria, ComØrcio e Serviços.
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No Nordeste sªo nítidos os efeitos territoriais da nova indœstria nordestina,
cuja produçªo estÆ fortemente centralizadanas Æreas metropolitanas de Salva-
dor, Recife e Fortaleza (58,9%), com uma concentraçªo superior à receita dos
serviços (50,1%). Isso constitui um efeito peculiar das políticas regionais centradas
na indœstria como motor dinâmico do desenvolvimento, cujo melhor exemplo
estÆ na regiªo metropolitana de Salvador, que detØm cerca de 80% do total do
valor da produçªo industrial do Estado da Bahia e aproximadamente 35% do
valor total da Regiªo Nordeste.
O Norte e o Centro-Oeste revelam estruturas semelhantes, no que diz
respeito ao peso metropolitano da indœstria e do comØrcio, em grande parte por
causa do papel de cidades mØdias, como Ø o caso de Goiânia e Manaus, que
dividem as funçıes urbanas com os aglomerados metropolitanos de Brasília
e BelØm, respectivamente.
Dois aspectos devem ser ressaltados: a considerÆvel presença de BelØm no
comØrcio regional, atividade tradicional nessa cidade da foz do Amazonas, e o
papel de destaque de Brasília, na receita dos serviços da regiªo Centro-Oeste,
reforçando sua centralidade na rede urbana regional, em grande parte devido
à funçªo de capital federal.
Uma das questıes centrais, nesse contexto, Ø o abastecimento dessas aglo-
meraçıes metropolitanas, que exige redes de circulaçªo eficientes para manter
a oferta de bens agrícolas a esse grande contingente populacional, garantindo,
pelo aumento da oferta de alimentos, ganhos relativos nos salÆrios reais.
Esse Ø um dos problemas centrais de uma política territorial de distribuiçªo
de renda, com profundas implicaçıes sociais, conforme se observou nos anos 80:
a convivŒncia de grandes safras com elevaçıes constantes nos preços da cesta
bÆsica, nos mercados metropolitanos.
As metrópoles tornaram-se tambØm o lugar da pobreza urbanapobreza urbanapobreza urbanapobreza urbanapobreza urbana, das carŒn-
cias sociais de vÆrios tipos, que se manifestam em movimentos demovimentos demovimentos demovimentos demovimentos de posseirosposseirosposseirosposseirosposseiros
(sem-terra), em invasıes dos sem-tetoinvasıes dos sem-tetoinvasıes dos sem-tetoinvasıes dos sem-tetoinvasıes dos sem-teto e em loteamentos clandestinosloteamentos clandestinosloteamentos clandestinosloteamentos clandestinosloteamentos clandestinos. Elas tŒm
os complexos problemas de gestªo, comuns às grandes aglomeraçıes urbanas,
bem como os problemas específicos das cidades de economias perifØricas, o que
resulta em elevado potencial de conflitos reivindicatórios de direito à cidadania.
Nesta aula vocΠaprendeu que:
l o Brasil se transformou em um país urbanopaís urbanopaís urbanopaís urbanopaís urbano, em poucas dØcadas, comprimin-
do no tempo um processo que em outros países se fez muito mais lentamente;
l a partir de 1930, começou a se acelerar o crescimento industrial do eixo entre
Rio de Janeiro e Sªo Paulo. Essa Ærea passou a ter um desenvolvimento maior
do que as demais, tornando-se o centrocentrocentrocentrocentro econômicoeconômicoeconômicoeconômicoeconômico do Brasil;
l a industrializaçªoindustrializaçªoindustrializaçªoindustrializaçªoindustrializaçªo foi a grande responsÆvel pela aceleraçªo do processo
de urbanizaçªourbanizaçªourbanizaçªourbanizaçªourbanizaçªo;
l cerca de 75% de sua populaçªo vive e trabalha em cidades, principalmente
nas metrópolesmetrópolesmetrópolesmetrópolesmetrópoles, que tŒm um grande poder de atraçªo sobre as Æreas
vizinhas, como Ø o caso de BelØm, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizon-
te, Rio de Janeiro, Sªo Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Brasília;
l as metrópoles tornaram-se tambØm o lugar da pobreza urbanapobreza urbanapobreza urbanapobreza urbanapobreza urbana, das carŒn-
cias sociais de vÆrios tipos que se manifestam em movimentos demovimentos demovimentos demovimentos demovimentos de possei-possei-possei-possei-possei-
rosrosrosrosros, em invasıes dos sem-tetoem invasıes dos sem-tetoem invasıes dos sem-tetoem invasıes dos sem-tetoem invasıes dos sem-teto e em loteamentos clandestinosloteamentos clandestinosloteamentos clandestinosloteamentos clandestinosloteamentos clandestinos.
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Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1
Por que podemos afirmar que hoje o Brasil Ø um país urbano?
Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2
Por que as metrópoles brasileiras podem ser consideradas lugares da rique-
za e da pobreza?
Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3
Assinale a alternativa errada sobre a urbanizaçªo brasileira:
a)a)a)a)a) A aceleraçªo do processo de urbanizaçªo ocorreu principalmente após a
Segunda Guerra Mundial, quando tambØm se intensificou a industriali-
zaçªo.
b)b)b)b)b) Uma das tendŒncias da urbanizaçªo na dØcada de 1970 diz respeito ao
aparecimento, no interior, de centros de contato e de intermediaçªo entre
as regiıes de desenvolvimento urbano-industrial e as Æreas de avanço da
frente pioneira.
c)c)c)c)c) A tendŒncia mais marcante da configuraçªo espacial da urbanizaçªo,
no período de 1970 a 1980, refere-se ao aumento da concentraçªo urbana
nos espaços metropolitanos.
d)d)d)d)d) O processo de urbanizaçªo no período de 1980 a 1990 estabiliza-se,
evidenciando um padrªo definido na distribuiçªo espacial da populaçªo
no território nacional.
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NNNNNesta aula, vamos verificar que a industri-industri-industri-industri-industri-
alizaçªo recente alizaçªo recente alizaçªo recente alizaçªo recente alizaçªo recente foi consolidada por uma forte participaçªo do Estado em um
processo que ficou conhecido como modernizaçªo conservadoramodernizaçªo conservadoramodernizaçªo conservadoramodernizaçªo conservadoramodernizaçªo conservadora. Veremos
como esse processo marcou profundamente a organizaçªo espacial do território
nacional, hierarquizando-o a partir de uma cidade mundialcidade mundialcidade mundialcidade mundialcidade mundial, em domíniosdomíniosdomíniosdomíniosdomínios e
fronteirasfronteirasfronteirasfronteirasfronteiras. Tal processo contribui pouco para reduzir as disparidades de renda
entre as regiıes brasileiras, resultantes do ritmo de desenvolvimento desigualdesenvolvimento desigualdesenvolvimento desigualdesenvolvimento desigualdesenvolvimento desigual
na acumulaçªo de riqueza e na geraçªo de renda na economia nacional.
Qual o papel do Estado na industrializaçªo recente no Brasil? O que significa
a modernizaçªo conservadora e quais seus reflexos na organizaçªo espacial da
economia brasileira?
Durante o período autoritÆrio - de l964 a l985, quando o Brasil esteve sob
regime militar - as implicaçıes políticas da estrutura espacial foram levadas ao
extremo, num momento em que o espaço tornou-se instrumento e condiçªo da
modernizaçªo conservadora.
A gestªo estatal do território foi principalmente estratØgica, envolvendo
nªo apenas sua administraçªo em termos econômicos, mas tambØm as rela-
çıes de poder. Entre 1955 e 1970, a política regional procurou identificar-se
com a construçªo da naçªo. A macro-regiªo foi a escala considerada ótima,
tanto para promover a unificaçªo do mercado nacional como para a centra-
lizaçªo do poder governamental. Na dØcada de 1970, os grandes projetos
administrados pelas empresas estatais substituíram a política regional por
novos ajustes com os grupos que detinham o poder nas regiıes.
No Brasil, o status de país de industrializaçªo recente - conhecido tambØm
pela sigla em inglŒs NIC (New Industrialized Country) - foi alcançado a partir
de 1970 pela modernizaçªo conservadoramodernizaçªo conservadoramodernizaçªo conservadoramodernizaçªo conservadoramodernizaçªo conservadora conduzida pelo Estado, que
produziu transformaçıes significativasna economia sem romper com a ordem
social hierarquicamente organizada.
Cidade mundial,
domínios e fronteiras
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A U L A A gestªo autoritÆria do território foi um instrumento essencial para criar
fronteirasfronteirasfronteirasfronteirasfronteiras, isto Ø, Æreas onde se conquistavam novas terras e se produziam
mudanças aceleradas; garantir os domíniosdomíniosdomíniosdomíniosdomínios, ou seja, territórios controlados por
oligarquias solidamente estabelecidas, e consolidar uma cidade mundial cidade mundial cidade mundial cidade mundial cidade mundial -
Sªo Paulo - como lugar que estabelece ligaçıes com a economia mundial.
A fronteirafronteirafronteirafronteirafronteira nªo se resume a uma vasta extensªo de terras sem dono a ser
explorada por homens tambØm - pretensamente - livres, tampouco represen-
ta um determinado tipo de periferia dependente de um centro. Ela Ø um espaço
econômico, social e político que nªo estÆ plenamente organizado e tem a
capacidade de gerar novas realidades.
Os domíniosdomíniosdomíniosdomíniosdomínios sªo Æreas consolidadas, com estruturas políticas relativamente
estÆveis, mantidas por alianças com interesses locais e regionais que participam
diretamente do nœcleo de poder político, e que deram sustentaçªo ao projeto
de modernizaçªo conservadora.
Assim, perpetuaram-se formas tradicionais de propriedade da terra e de
controle do comØrcio, graças a toda sorte de instrumentos políticos que garantem
privilØgios adquiridos e criam barreiras à entrada de novos concorrentes.
Fronteiras e domínios sªo articulados, ou seja, criados e postos em prÆtica
pela cidade mundial, que, em países de industrializaçªo recente, Ø, ao mesmo
tempo e no mesmo lugar, centro de gestªo, de acumulaçªo de capital em escala
mundial e nœcleo de comando de uma vasta rede urbana que conecta a
multiplicidade de lugares existente no Brasil.
Oligarquia:
governo de poucas
pessoas que
pertencem ao
mesmo partido,
classe ou família, e
que compartilham
os mesmos
interesses.
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A U L AA política territorial do Estado manteve domínios, expandiu fronteiras
e fortaleceu a cidade mundial. Como exemplo de manutençªo de domíniomanutençªo de domíniomanutençªo de domíniomanutençªo de domíniomanutençªo de domínio,
a persistŒncia da questªo regional no Nordeste; da expansªo de fronteiraexpansªo de fronteiraexpansªo de fronteiraexpansªo de fronteiraexpansªo de fronteira,
a configuraçªo de uma imensa fronteira de recursos no Norte e Centro-Oeste
e de fortalecimento da cidade mundialfortalecimento da cidade mundialfortalecimento da cidade mundialfortalecimento da cidade mundialfortalecimento da cidade mundial, a conformaçªo de um vasto complexo
urbano-industrial comandado por Sªo Paulo.
Um balanço desse período recente
mostra que, apesar da intervençªo direta
do Estado, persistem na economia nacio-
nal os mecanismos geogrÆficos que leva-
ram ao desenvolvimento desigualdesenvolvimento desigualdesenvolvimento desigualdesenvolvimento desigualdesenvolvimento desigual das re-
giıes brasileiras. E as desigualdades re-
sultam do ritmo diferenciado de acumula-
çªo da riqueza e de geraçªo da renda, nas
diferentes parcelas do território nacional.
A anÆlise das grandes regiıes brasilei-
ras, que utiliza a classificaçªo definida
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) em NorteNorteNorteNorteNorte, Nordeste Nordeste Nordeste Nordeste Nordeste,
SudesteSudesteSudesteSudesteSudeste, Sul Sul Sul Sul Sul e Centro-Oeste Centro-Oeste Centro-Oeste Centro-Oeste Centro-Oeste, Ø œtil para
um primeiro contato com as mudanças
recentes ocorridas no Brasil, que revelam a
situaçªo atual na distribuiçªo territorial
da riqueza e as desigualdades regionais na
divisªo social da renda.
A industrializaçªo foi responsÆvel pela maior concentraçªo de populaçªo e
de renda no Sudeste. Sua integraçªo com o Sul jÆ era importante desde o início
do desenvolvimento industrial, por causa do fornecimento, pelo Sul, de alimen-
tos e matØrias-primas agrícolas.
O Nordeste, a segunda regiªo mais populosa, ainda Ø a Ærea mais pobre do
país, com uma participaçªo na renda nacional inferior à metade de seu peso
demogrÆfico, isto Ø, de sua grandeza populacional. A integraçªo do Nordeste ao
Sudeste Ø um processo que se completa na dØcada de 1970 pela intervençªo
planejada do Estado.
DADOSDADOSDADOSDADOSDADOS B`SICOSB`SICOSB`SICOSB`SICOSB`SICOS SOBRESOBRESOBRESOBRESOBRE ASASASASAS MACROMACROMACROMACROMACRO-----REGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕES BRASILEIRASBRASILEIRASBRASILEIRASBRASILEIRASBRASILEIRAS
RegiªoRegiªoRegiªoRegiªoRegiªo
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
Brasil
`rea`rea`rea`rea`rea
(1.000 km(1.000 km(1.000 km(1.000 km(1.000 km22222)))))
3.864
1.546
1.925
1.578
1.593
8.506
`rea`rea`rea`rea`rea
(%)(%)(%)(%)(%)
45,4
18,2
l0 ,9
6,8
18,7
100,0
PopulaçªoPopulaçªoPopulaçªoPopulaçªoPopulaçªo
-1991 (1)-1991 (1)-1991 (1)-1991 (1)-1991 (1)
Milhıes de hab.Milhıes de hab.Milhıes de hab.Milhıes de hab.Milhıes de hab.
110.146
142.387
162.121
122.080
149.420
146.154
PopulaçªoPopulaçªoPopulaçªoPopulaçªoPopulaçªo
- l991 (1)- l991 (1)- l991 (1)- l991 (1)- l991 (1)
(%)(%)(%)(%)(%)
6 ,9
29 ,0
42 ,6
15 ,1
6 ,4
100,0
Renda Renda Renda Renda Renda -----
1985 (2)1985 (2)1985 (2)1985 (2)1985 (2)
(milhıes de US$)(milhıes de US$)(milhıes de US$)(milhıes de US$)(milhıes de US$)
8 .828
27 .511
118 .139
35 .914
l2 .667
203 .059
Renda Renda Renda Renda Renda -----
l985 (2)l985 (2)l985 (2)l985 (2)l985 (2)
(%)(%)(%)(%)(%)
4 ,3
l3 ,5
58 ,3
17 ,7
6 ,2
100,0
(1) Dados preliminares do Censo DemogrÆfico de 1991 (FIBGE, 1992).
(2) Dados bÆsicos das Contas Nacionais - Renda Interna por Unidade da Federaçªo (FIBGE, 1991).
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A U L A O Centro-Oeste iniciou, de fato, seu processo de integraçªo com a fundaçªo de
Brasília, em 1960. Sua rede de infra-estrutura viÆria facilitou a expansªo da soja,
cultura agrícola que “abriu” os cerrados e integrou definitivamente o Centro-
Oeste ao mercado nacional, na dØcada de 1980.
O Norte, que abrange a grande Planície Amazônica, Ø ainda uma imensa
superfície florestada e um imenso vazio demogrÆfico. Os esforços de ocupaçªo
dessa Ærea, realizados a partir da dØcada de 1970 com a abertura de rodovias que
partiam de Brasília, permitiram o crescimento populacional em manchas na
borda sul da grande massa florestal. Entretanto, a atividade econômica ainda Ø
em grande parte dispersa ou, entªo, concentra-se ao longo de poucos eixos que
partem de cidades encravadas aqui e ali, e ao longo dos rios e rodovias.
 Os grandes projetos agropecuÆrios e mineradores instalados a partir da
dØcada de 1970 na Amazônia seguem basicamente esse padrªo, mesmo em
CarajÆs, a grande província mineral da regiªo, onde a Companhia Vale do Rio
Doce (CVRD) Ø o elemento de integraçªo do território sob seu controle com o
mercado mundial.
Dessa maneira verificamos que, apesar da forte intervençªo do Estado, o
ritmo de desenvolvimento desigual Ø o responsÆvel pelas disparidades entre
as regiıes brasileiras, o que resulta em uma grande concentraçªo de pessoas,
investimentos e informaçıes na Ærea geoeconômica comandada pela cidade
mundial, Sªo Paulo, conhecida tambØm como o Centro-SulCentro-SulCentro-SulCentro-SulCentro-Sul, que veremos na
aula a seguir.
Nesta aula vocΠaprendeuque:
l no Brasil, o status de país de industrializaçªo recente país de industrializaçªo recente país de industrializaçªo recente país de industrializaçªo recente país de industrializaçªo recente foi alcançado pela
modernizaçªo conservadoramodernizaçªo conservadoramodernizaçªo conservadoramodernizaçªo conservadoramodernizaçªo conservadora conduzida pelo Estado;
l a gestªo autoritÆria do território produziu fronteirasfronteirasfronteirasfronteirasfronteiras, garantiu domíniosdomíniosdomíniosdomíniosdomínios
e consolidou a cidade mundialcidade mundialcidade mundialcidade mundialcidade mundial, lugar que estabelece ligaçıes com a econo-
mia global;
l a industrializaçªo foi responsÆvel pelo desenvolvimento desigual da econo-
mia nacional, pois estimulou uma maior concentraçªo de populaçªo e de
renda no SudesteSudesteSudesteSudesteSudeste. A regiªo estÆ integrada com o SulSulSulSulSul, especialmente porque
este lhe fornece alimentos e matØrias-primas agrícolas;
l o NordesteNordesteNordesteNordesteNordeste ainda Ø a Ærea mais pobre, com uma participaçªo na renda
nacional inferior à metade de seu peso demogrÆfico;
l o Centro-OesteCentro-OesteCentro-OesteCentro-OesteCentro-Oeste iniciou, de fato, seu processo de integraçªo com a fundaçªo
de Brasília, em 1960;
l o NorteNorteNorteNorteNorte, que abrange a grande Planície Amazônica, Ø ainda uma imensa
superfície florestada e um imenso vazio demogrÆfico.
Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1
`REA`REA`REA`REA`REA TERRITORIALTERRITORIALTERRITORIALTERRITORIALTERRITORIAL EEEEE POPULA˙ˆOPOPULA˙ˆOPOPULA˙ˆOPOPULA˙ˆOPOPULA˙ˆO NASNASNASNASNAS REGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕES BRASILEIRASBRASILEIRASBRASILEIRASBRASILEIRASBRASILEIRAS
RegiıesRegiıesRegiıesRegiıesRegiıes
1
2
3
PorcentagemPorcentagemPorcentagemPorcentagemPorcentagem
do territóriodo territóriodo territóriodo territóriodo território
45,4
10,9
16,8
PorcentagemPorcentagemPorcentagemPorcentagemPorcentagem
da populaçªoda populaçªoda populaçªoda populaçªoda populaçªo
16,9
42,6
15,1
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A U L AConsiderando os dados apresentados, identifique qual das alternativas
abaixo contØm, corretamente indicadas, as regiıes brasileiras que substi-
tuem os nœmeros 1, 2 e 3 na ordem da tabela.
a)a)a)a)a) Centro-Oeste, Nordeste e Sul;
b)b)b)b)b) Centro-Oeste, Sudeste e Sul;
c)c)c)c)c) Norte, Nordeste e Sudeste;
d)d)d)d)d) Sudeste, Sul e Nordeste;
e)e)e)e)e) Norte, Sudeste e Sul.
Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2
Na regiªo Centro-Oeste, do ponto de vista das características geoeconômicas,
quais sªo os fatores que permitem definir essa unidade espacial? Assinale
as respostas falsas e as verdadeiras.
a)a)a)a)a) alta concentraçªo de populaçªo e de renda;
b)b)b)b)b) intensa aplicaçªo de capital na agricultura;
c)c)c)c)c) comunicaçªo precÆria por rodovias com o resto do país;
d)d)d)d)d) economia principalmente voltada para a exportaçªo.
Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3
A regiªo Sudeste Ø a mais desenvolvida do país, concentra mais da metade da
populaçªo absoluta do Brasil, mais de 60% da renda nacional e tem o maior
complexo industrial da AmØrica Latina. Assinale a alternativa incorreta:
a)a)a)a)a) Esse progresso Ø explicado pelo grande fluxo de capital acumulado
na fase Æurea da mineraçªo no interior de Minas Gerais.
b)b)b)b)b) Isso ocorre devido ao seu potencial energØtico e à disponibilidade
de mªo-de-obra vinda de outras regiıes do país.
c)c)c)c)c) Embora tenha Æreas pobres e grande nœmero de favelados nos mais
importantes centros urbanos, apresenta o menor índice de desemprego
rural e urbano do país.
d)d)d)d)d) Apresenta os mais bem-equipados portos do país, como o de Santos,
no Estado de Sªo Paulo, e o de Tubarªo, no Espírito Santo.
e)e)e)e)e) O crescimento econômico do espaço regional foi favorecido pela boa
infra-estrutura dos transportes, com destaque para as rodovias que ligam
diferentes Æreas de produçªo da regiªo.
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A U L A
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NNNNNesta aula, veremos como a cidade mundial
- Sªo Paulo - foi responsÆvel pela consolidaçªo de um cinturªo urbano-cinturªo urbano-cinturªo urbano-cinturªo urbano-cinturªo urbano-
industrialindustrialindustrialindustrialindustrial na regiªo SudesteSudesteSudesteSudesteSudeste, que incorporou a regiªo SulSulSulSulSul e se estendeu
pelo Centro-OesteCentro-OesteCentro-OesteCentro-OesteCentro-Oeste. Esse desenvolvimento se deu principalmente depois da
construçªo da nova capital federal em Brasília, inaugurada em 1960, o que
acelerou o avanço da ocupaçªo agrícola e a diversificaçªo do papel das cidades
da regiªo.
Essa Ærea forma um conjunto regional denominado Centro-SulCentro-SulCentro-SulCentro-SulCentro-Sul, que se
destaca no cenÆrio nacional pelo dinamismo de sua agroindœstria, embora ainda
apresente níveis elevados de pobreza, em especial nas grandes aglomeraçıes
metropolitanas.
Qual o papel de Sªo Paulo na estruturaçªo do espaço brasileiro? Qual
a importância da metrópole paulistana na rede mundial de cidades?
No Brasil, a metropolizaçªo expressa a rapidez com que se urbaniza o espaço
nacional. É contraditório verificar como uma economia subdesenvolvida supor-
ta esse papel que, sem dœvida, lhe Ø atribuído pela divisªo internacional do
trabalho, em termos da própria realizaçªo do capital internacional.
Apesar da importância desse papel, a metrópole Ø essencialmente o lugar da
pobreza. Essa posiçªo típica de Sªo Paulo - parecida com a da Cidade do MØxico,
quanto à evoluçªo da populaçªo urbana das grandes metrópoles mundiais - jÆ
pode ser considerada como um elemento de identidade. Sªo Paulo, metrópole
nova que vem se consolidando como tal apenas neste sØculo, apresenta um ritmo
surpreendente de urbanizaçªo, que foi se afirmando a partir dos anos 70.
O Centro-Sul Ø o cinturªo agroindustrial do país. Ele Ø formado basicamen-
te pelos Estados da Regiªo Sudeste (Sªo Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais
e Espírito Santo) e Sul (ParanÆ, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), pelos
Estados de GoiÆs e de Mato Grosso do Sul e pelo Distrito Federal, que compıem
a Regiªo Centro-Oeste, segundo a classificaçªo oficial. De um modo geral,
o Centro-Sul corresponde à parcela do território brasileiro diretamente ligada
à cidade mundial - Sªo Paulo.
Centro-Sul: o cinturªo
urbano-industrial
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A U L ANele encontramos Æreas onde houve, nas chamadas empresas rurais,
uma verdadeira industrializaçªo da agriculturaindustrializaçªo da agriculturaindustrializaçªo da agriculturaindustrializaçªo da agriculturaindustrializaçªo da agricultura, com o uso de mÆquinas,
adubos e fertilizantes e a especializaçªo da produçªo.
AlØm disso, a grande capacidade produtiva permite que o Centro-Sul
abasteça tanto o mercado nacional quanto o mercado externo. Essa Ærea
geoeconômica, caracterizada por suas atividades produtivas, ocupa o primeiro
lugar em volume e em valor de produçªo do setor agropecuÆrio.
O Centro-Sul possui a melhor infra-estrutura viÆria do país. A intensa
circulaçªo de produtos e de pessoas, feita por uma densa rede de rodovias e
ferrovias, revela a forte integraçªo e o dinamismo de sua Ærea interna, bem como
sua ligaçªo com as demais regiıes do país.
É importante destacar que essa Ø a Ærea mais bem servida pelos novos
meios de comunicaçªo desenvolvidos com a microeletrônica e a informÆtica,
por onde circulam as idØias e as informaçıes

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