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FICHAMENTO DE ARTIGO CIENTÍFICO Referência do artigo: COIMBRA, Cecília Maria Bouças. Tortura Ontem e Hoje: Resgatando uma Certa História. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 6, n. 2, p. 11–19, jul./dez. 2001. Problema da pesquisa: A autora busca compreender como a prática da tortura, sistematicamente empregada durante a ditadura militar brasileira (1964–1985), permanece, de forma silenciosa e naturalizada, em contextos contemporâneos. O artigo problematiza a permanência de discursos e práticas que legitimam a violência e a violação dos direitos humanos, especialmente contra os grupos considerados “perigosos” e marginalizados. Objetivo(s): - Analisar historicamente a prática da tortura no Brasil desde o golpe militar de 1964, com destaque para o período após o AI-5 (1968). - Mostrar como o “dispositivo da periculosidade” contribuiu para a aceitação e a continuidade da tortura. - Ressaltar as ações de entidades de direitos humanos que buscam resgatar memórias históricas silenciadas e combater a impunidade. - Refletir sobre a persistência de práticas de tortura e exclusão social no início do século XXI. Metodologia: O artigo é de natureza teórico-reflexiva, com base em revisão documental e bibliográfica. A autora articula conceitos filosóficos e sociológicos (especialmente de Foucault e Benjamin) e referências históricas sobre a ditadura militar e as políticas de repressão no Brasil. Utiliza relatos, documentos oficiais (como o Projeto Brasil: Nunca Mais), convenções internacionais e relatórios de direitos humanos para sustentar suas análises. Resultados e discussão: • A tortura, presente desde o período colonial, foi institucionalizada no regime militar como política de Estado. • O AI-5 marcou o auge da repressão, legitimando o uso da violência e o treinamento de agentes estatais para práticas de tortura. • O “dispositivo da periculosidade” criou uma cultura de vigilância e controle social sobre os pobres e marginalizados. • A produção de torturadores foi sustentada por processos de dessensibilização e obediência cega à autoridade. • Profissionais de diversas áreas participaram do aparato repressivo, legitimando práticas violentas sob justificativas técnicas. • O artigo destaca as ações do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ e de outras entidades que lutam contra a impunidade e resgatam uma memória histórica alternativa. Conclusão: Apesar do fim formal da ditadura, as práticas de tortura e exclusão persistem de forma naturalizada nas instituições contemporâneas, voltadas agora aos pobres e “perigosos sociais”. Essa continuidade se deve à internalização de uma “nova Lei de Talião” e à reprodução de subjetividades que veem a violência como necessária para manter a ordem. Coimbra defende a importância de resgatar a memória histórica dos “vencidos” e lutar contra a impunidade como forma de reparação e resistência, propondo uma sociedade fundada na dignidade, nos direitos humanos e na valorização da vida.