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Capítulo 3 – Governança Corporativa Contextualização Possui aspectos de poder e de política, deve se preocupar com os processos e dos elementos administrativos da gestão. Discussão o papel e a importância do Conselho de Administração, os deveres e responsabilidade do conselho com um papel importante de proteger os interesses dos acionistas. O Conselho de Administração: Elemento crucial da estrutura de Governança Corporativa e sua eficiência e desempenho determinam o sucesso do monitoramento e o funcionamento da empresa. São estruturados oito temas que promovem princípios centrais, tais como: Gerenciamento e supervisão; Tamanho e composição; Ética e responsabilidade; Integridade das informações corporativas; Divulgação de relatórios; Direitos dos acionistas; Gerenciamento de risco; Formas de remuneração; Mudanças no ambiente organizacional brasileiro tratam da nossa cultura diversificada, da realidade socioeconômica, da tradição histórica dos processos políticos e jurídicos. A Origem dos Modelos de Governança Corporativa As economias de mercado mais avançadas conseguiram resolver bem o problema da Governança Corporativa. Isso possibilitou o fluxo de capital para as empresas e o retorno real dos lucros aos acionistas. Modelo de Governança Corporativa anglo-saxão: Capítulo 3 Governança Corporativa 1 Baseia-se em regras que devem ser codificadas; Possui a tendência de ser hierárquico, imposto de cima; Pressuposto de sua alta eficácia, mas faltam soluções alternativas; Questões de governança, nos aspectos de política e de poder, são inseparáveis e estão entrelaçadas; Os abusos revelados por este sistema de governança expuseram a falta de separação entre política e governança corporativa. Por isso, surgiu a sugestão de que deve haver uma distinção clara entre as duas áreas. Política: Envolve os processos pelos quais um grupo, mesmo com opiniões diferentes, chega a uma decisão coletiva que se torna obrigatória (uma política comum). Governança: Preocupa-se com os processos e elementos administrativos da gestão. O modelo anglo-saxão é primariamente hierárquico, mas outras formas (como mercado, rede e consensual) também são usadas. Contudo, o que realmente define esse sistema de governança não é a sua forma, mas sim: A forte dependência de regras; A separação entre a propriedade e a gestão; O Código de Governança Corporativa baseou-se nos Relatórios anteriores da Cadbury e Greenbury e foi posteriormente revisado em 2006. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa O Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa detalha o papel e a importância do Conselho de Administração. Ele analisa, especificamente, os deveres e responsabilidades do conselho em relação aos seus processos e modelos de controle. É essencial que as funções do Conselho de Administração estejam alinhadas aos desafios atuais do mercado, focando em: Maior transparência e responsabilidade social; Observação dos processos de globalização e internacionalização dos mercados de capitais; Capítulo 3 Governança Corporativa 2 Acompanhamento das iniciativas de Governança Corporativa; Condições de uma concorrência severa, bem como a gestão de riscos, o conselho e seus membros experientes, responsáveis e honestos, desempenham um papel crucial no restabelecimento da confiança nos mercados de capitais, assegurando uma boa governança e a eficiência corporativa. É fundamental definir o papel e as atribuições do Conselho de Administração na Governança Corporativa, considerando o contexto nacional. O objetivo não é apenas listar as responsabilidades do conselho, mas também fazê-lo de forma alinhada aos desafios atuais, muitos deles causados por escândalos corporativos globais. O Conselho de Administração está dentro do sistema de Governança Corporativa, destacando seu papel crucial para proteger os interesses do acionistas. As responsabilidades do conselho, as principais tarefas que devem ser cumpridas e os desafios que devem ser abordados no trabalho do conselho. O Conselho de Administração é crucial para a Governança Corporativa, e sua eficiência determina o sucesso do monitoramento e do desempenho da empresa: Os conselhos atuam como a ligação entre: As pessoas que fornecem capital (os acionistas); As pessoas que usam esse capital para criar valor (os gestores). Em essência, o Conselho conecta diferentes tipos de acionistas (concentrados ou dispersos, como indivíduos, fundos, bancos, etc.) aos executivos que administram a empresa. De acordo com Smith 1776, os investidores (donos do capital) raramente se aprofundam nos detalhes do negócio da empresa. Por sua vez, os gestores administram o dinheiro de terceiros, e não o próprio. Por isso, não se pode esperar que eles tenham a mesma dedicação e vigilância atenta que um proprietário teria com seu próprio negócio. Capítulo 3 Governança Corporativa 3 A prática empresarial, marcada por inúmeros escândalos e fraudes corporativas, comprova o risco real de perdas para os acionistas. Por isso, eles precisam criar um órgão de controle e monitoramento dentro da empresa. Princípios Básicos de Governança O Conselho de Administração tem o dever de garantir que o mercado receba informações adequadas sobre a Governança Corporativa da empresa. Isso é fundamental para que: Os acionistas e demais partes interessadas possam ter um diálogo relevante com o Conselho e com os executivos sobre a governança; Os acionistas usem essas informações para influenciar suas decisões de voto em resoluções específicas; Os investidores utilizem esses dados para decidir se devem ou não investir nos títulos da organização; Os princípios básicos de governança estão organizados em torno de oito temas e buscam promover objetivos centrais: Define bases de gerenciamento e supervisão: A organização deve estabelecer e divulgar claramente os papéis e responsabilidades do Conselho e dos executivos, e como seu desempenho é avaliado. Estrutura o conselho para gerar valor: O conselho deve ter tamanho, composição, competências e compromisso adequados para cumprir suas funções com eficácia. Age de forma ética e responsável: A organização deve conduzir suas operações com ética e responsabilidade. Protege a integridade das informações: A organização deve ter processos formais e rigorosos para verificar e proteger a integridade de seus relatórios corporativos. Divulgações frequentes e equilibradas: A organização deve divulgar de forma oportuna e equilibrada todos os assuntos relevantes para seus acionistas e que possam afetar o valor das ações. Respeita os direitos dos acionistas: A organização deve respeitar os direitos dos acionistas, fornecendo as informações e facilidades necessárias para que eles possam exercê-los efetivamente. Capítulo 3 Governança Corporativa 4 Reconhece e gerencia riscos: A organização deve estabelecer um sistema de gerenciamento de riscos e revisá-lo periodicamente para garantir sua eficácia. Remuneração justa e responsável: A organização deve remunerar seus diretores de forma suficiente para atrair e reter talentos de alta qualidade e alinhar os interesses dos executivos seniores com a criação de valor para os acionistas. Responsabilidades do Conselho de Administração Uma organização deve estabelecer e divulgar as funções e responsabilidades do seu Conselho de Administração, além de como seu desempenho será monitorado e avaliado. Para isso, a empresa precisa detalhar: Os papéis e responsabilidades do Conselho e da administração executiva; Os assuntos reservados expressamente ao Conselho e aqueles delegados aos executivos; A divisão clara de responsabilidades entre o Conselho e a administração é fundamental para alinhar expectativas e evitar mal-entendidos sobre seus respectivos papéis. A administração tem duas responsabilidades principais: Execução Operacional: Implementar os objetivos estratégicos e cuidar do funcionamento diário da empresa, sempre operando dentrodo grau de risco definido pelo Conselho. Prestação de Contas: Fornecer ao Conselho de Administração informações precisas, claras e no prazo certo, essenciais para que o Conselho possa monitorar e avaliar a gestão. É essencial que as responsabilidades do Conselho de Administração sejam detalhadas em uma Carta de Atribuições ou documento similar, publicado para consulta (no site ou relatório anual). Este documento deve incluir, especificamente: As atribuições do Presidente e do Vice-Presidente (se houver). A política da organização sobre o uso de consultores profissionais independentes pelos conselheiros, especificando as condições e o Capítulo 3 Governança Corporativa 5 custeio pela empresa. Uma organização deve seguir dois passos essenciais: Realizar verificações adequadas (due diligence) de qualquer pessoa antes de nomeá-la ou apresentá-la aos acionistas como candidata a diretor. Fornecer aos acionistas todas as informações relevantes em sua posse para que eles possam tomar uma decisão informada sobre a eleição desse diretor. Fundamental que cada membro do Conselho se comunique diretamente com o Diretor de Relações com Investidores DRI, e vice-versa. A nomeação ou destituição do DRI deve ser decidida ou aprovada pelo Conselho de Administração. Uma organização deve promover a diversidade, especificamente: Definir uma Política de Diversidade: Esta política deve incluir a criação de metas mensuráveis de diversidade de gênero para o Conselho (ou um Comitê) e a avaliação anual do progresso. Divulgar a Política: Publicar a política na íntegra ou um resumo dela. Reportar o Progresso (no relatório anual): No final de cada período, a empresa deve divulgar: As metas de diversidade de gênero estabelecidas. O progresso alcançado em relação a essas metas. As proporções de homens e mulheres no Conselho, nos cargos executivos seniores e no quadro geral de funcionários. Mudanças no Ambiente Organizacional Brasileiro Transformação Digital e Tecnologia Aceleração da IA e Automação: A adoção de Inteligência Artificial IA e ferramentas de automação está reestruturando processos, exigindo novas competências e focando o capital humano em tarefas estratégicas. Fortalecimento do People Analytics: Uso de dados e análises avançadas sobre o comportamento e desempenho dos colaboradores Capítulo 3 Governança Corporativa 6 para tomar decisões mais assertivas em gestão de pessoas. Modelos de Trabalho e Flexibilidade Trabalho Híbrido e Remoto: O modelo de trabalho híbrido (parte presencial, parte remota) se consolidou como padrão, oferecendo maior flexibilidade aos colaboradores e exigindo das empresas um novo olhar sobre a gestão de equipes descentralizadas. Fim da Rigidez Hierárquica: Organizações estão adotando estruturas mais ágeis, horizontais e colaborativas, buscando maior rapidez na tomada de decisões e na inovação. Foco em Pessoas e Cultura Diversidade e Inclusão D&I A agenda de D&I ganhou força, com empresas estabelecendo metas mensuráveis para aumentar a representatividade em todos os níveis. Saúde Mental e Bem-Estar: Há uma crescente preocupação e investimento em programas de saúde mental, reconhecendo o estresse e a exaustão como fatores críticos de desempenho. Fortalecimento da Cultura: Em um ambiente de trabalho mais disperso, o investimento na cultura organizacional é vital para manter o engajamento e a identidade da equipe. Responsabilidade e Sustentabilidade ESG Ambiental, Social e Governança): O mercado e a sociedade exigem maior responsabilidade socioambiental e transparência. Fatores ESG tornaram-se cruciais para a reputação, atração de investimentos e retenção de talentos. Governança Corporativa Aprimorada: Devido a escândalos globais e a necessidade de proteção dos acionistas, há um foco contínuo na separação clara entre política e gestão, e na transparência do Conselho de Administração. Conceito de Propriedade Ao designar o Conselho de Administração, os acionistas mantêm a posse dos ativos (ações), mas transferem o controle corporativo ao Conselho. Capítulo 3 Governança Corporativa 7 Este controle é o direito de determinar a gestão dos recursos da empresa: contratar, demitir e estabelecer os salários dos executivos principais da organização. O mercado de controle corporativo funciona sob a premissa de que empresas com mau desempenho são alvos preferenciais de aquisição, o que geralmente resulta na demissão dos seus gestores e na criação de valor. Para os executivos, uma aquisição é severa: além de perderem seus cargos, é comum que recebam apenas cargos de gestão inferiores após a mudança de controle. Gerenciamento de Riscos Corporativos Gerenciamento de Riscos Corporativos GRC/ERM O GRC é um processo estratégico que busca identificar, avaliar, gerenciar e monitorar todos os riscos que podem afetar a capacidade de uma organização atingir seus objetivos. Por que é Importante? O GRC não foca apenas em evitar perdas, mas em gerenciar a incerteza para otimizar a performance. Ele ajuda a organização a: Tomar decisões melhores: Ao entender os riscos inerentes a cada estratégia. Proteger o valor: Preservando ativos, reputação e a saúde financeira. Garantir o Compliance: Assegurando o cumprimento de leis, regulamentos e normas internas. O processo de Gerenciamento de Riscos envolve as seguintes etapas principais: Identificação: Mapear e reconhecer todos os riscos potenciais (financeiros, operacionais, de mercado, tecnológicos, etc.). Avaliação: Analisar a probabilidade de o risco ocorrer e o impacto que ele pode causar na organização. Resposta: Definir estratégias para lidar com o risco: Aceitar, Reduzir (mitigar), Compartilhar (seguro/parceria) ou Evitar. Capítulo 3 Governança Corporativa 8 Monitoramento: Acompanhar os riscos continuamente e revisar a eficácia das estratégias de resposta. Riscos e Governança Definição do Apetite de Risco: O Conselho de Administração define o "apetite de risco" (o nível de risco que a empresa está disposta a aceitar em busca de valor). Função da Administração: A administração/executivos são responsáveis por implementar o sistema de GRC, garantindo que as operações diárias se mantenham dentro desse apetite de risco estabelecido. Capítulo 3 Governança Corporativa 9