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Introdução à Fitoterapia
Apresentação da Fitoterapia como componente das práticas integrativas e complementares e da
estratégia terapêutica de interesse farmacêutico.
Profª. Carmelinda Monteiro Costa Afonso
1. Itens iniciais
Propósito
O conhecimento sobre Fitoterapia para o profissional farmacêutico é de suma importância, uma vez que ela
está presente em diversas unidades da atenção básica e da rede privada de Saúde, além do fato de alguns
fitoterápicos serem de venda livre e precisarem de orientação farmacêutica.
Objetivos
Identificar a Fitoterapia como prática terapêutica.
Definir o processo de pesquisa com plantas medicinais e a obtenção de drogas vegetais.
Reconhecer a relevância das políticas públicas no fortalecimento da Fitoterapia como prática.
Introdução
Neste conteúdo, você terá uma visão geral sobre a Farmacognosia Aplicada e a Fitoterapia que abordará
desde a história do uso de plantas medicinais pelas diferentes sociedades humanas até as comunidades
tradicionais que ainda hoje guardam a cultura do uso de espécies vegetais de ocorrência espontânea em seus
territórios como parte dos bens e valores ancestrais. 
A Fitoterapia compõe o grupo das práticas integrativas e complementares (PIC) que é disponibilizado nas
unidades básicas de saúde (UBS) nas quais o profissional farmacêutico atua ativamente na dispensação
orientada de medicamentos fitoterápicos com base nos princípios do uso racional de medicamentos (URM)
para melhor garantir a segurança sanitária à população usuária. 
Orientação sobre unidade de medida
Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia
e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25
km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de
separação dos números e das unidades.
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1. Prática terapêutica
Conceito, histórico e importância da Fitoterapia
Considerações iniciais
O uso de plantas com atividade farmacológica nas
sociedades organizadas é de longa data. Desde que
abandonamos a organização em grupos do tipo caçadores e
coletores nômades, e passamos a nos fixar nos territórios a
partir da domesticação do solo por meio do cultivo de várias
espécies vegetais destinadas ao uso alimentar, foi possível
observar as relações com o ambiente, sobretudo a relação
entre os reinos animal e vegetal, e dessa forma identificar o
uso de determinadas plantas por animais adoecidos. 
A observação atenta da flora presente em cada território
facilitou seu uso pelos pequenos grupos sociais como
insumo na produção rudimentar de diversos produtos, na
confecção de tecidos e artefatos, no uso medicinal, na
extração de pigmentos, como acessório mágico-religioso, ou no uso recreativo. O fato é que a relação entre
humanos e o reino vegetal remonta há tempos imemoriais.
Assim, é muito importante conhecer não só como a história da Fitoterapia começou, mas também sua
evolução conceitual. Cabe ressaltar o destaque e a importância no desenvolvimento de novos fármacos e no
fortalecimento da prática farmacêutica. 
Um breve histórico
A presença do Homo sapiens sobre a Terra não
possui data precisa, mas oscila entre 350 mil
anos a.C. (antes de Cristo) e 100 mil anos a.C.
Durante esse período, desenvolvemos inúmeras
habilidades que nos destacaram dos demais
mamíferos, e duas delas têm destaque neste
conteúdo. Confira mais alguns detalhes a
seguir: 
A manutenção do fogo aceso permitiu a elaboração de técnicas capazes de garantir o cozimento dos
alimentos, facilitando o processo digestório e a assimilação de nutrientes, além de possibilitar o aquecimento
das habitações no inverno. Da mesma forma, a inserção das espécies vegetais como estratégia curativa foi
resultado do conhecimento empírico acumulado e oportunizou o alento a alguns males causados pelo
adoecimento, mas não raro desencadeava desfechos indesejados, como agravação dos casos ou até mesmo
a morte em decorrência da toxicidade ou de doses elevadas no uso. Cabe ressaltar que parte dessa rotina era
antecedida por rituais mágico-religiosos que, igualmente, utilizavam plantas como recurso metafísico de
recuperação da saúde e do equilíbrio.
Técnicas 
A primeira foi o desenvolvimento de
técnicas capazes de guardar ou manter o
fogo aceso.
Recurso terapêutico 
A segunda foi a utilização das plantas
encontradas no ambiente como
recurso terapêutico no tratamento de
diferentes afecções.
Todo conhecimento era transmitido oralmente e, com o surgimento rudimentar da escrita, foi possível o
registro da informação e o aprimoramento do uso. Assim, os documentos recuperados por arqueólogos após
séculos nos trouxeram um breve panorama do que ocorrera no passado. 
Se tomarmos o abacate (Persea americana Mill.) como
exemplo, encontraremos relatos de seu uso terapêutico na
América Central datados entre 8000 a.C. e 7000 a.C. Essa
espécie carregava um misto de significados nutricional,
simbólico, religioso e mitológico importante para as
populações espalhadas naquela região, como os povos de
etnia Maia. 
Comentário
Nos diferentes continentes encontramos registros guardados desde 3000 a.C., por exemplo, na Índia
relacionam o uso da flora local à dietética e à higiene pessoal. As plantas compunham parte dos textos
sagrados védicos indianos, e essa tradição originou a medicina indiana baseada no uso de plantas
medicinais conhecida como Ayurveda (ayur = vida e veda = conhecimento). 
Na China, o imperador Amarelo, um amante das plantas e
de seu uso terapêutico, catalogou mais de 360 espécies
vegetais, e entre muitas tivemos a Thea sinensis L. e a 
Ephedra sinica Stapf, além da descrição de técnicas
terapêuticas utilizadas na prevenção e no tratamento das
diferentes modalidades de adoecimento. 
Entretanto, cabe ressaltar que, assim como a medicina
indiana, a medicina chinesa relacionou o uso de plantas
medicinais a uma proposta terapêutica que considerava o
humano como parte integrante da natureza, e não uma
parte deslocada no todo (visão holística).
Assim, as duas propostas terapêuticas ainda mantêm atualmente o mesmo olhar sobre o processo de saúde-
adoecimento e podem ser colocadas no grupo das terapias que integram o conjunto de Racionalidades
Médicas definidas por Madel Luz (2012) como aquelas que atendem ao paradigma transcultural bioenergético
ou vitalista que insere o indivíduo como parte de um contexto socio-histórico específico em ressonância com
o meio ambiente.
Apresentaremos as principais épocas históricas e achados em relação ao uso de plantas medicinais, bem
como as espécies e/ou uso:
Mesopotâmia - 2600 a.C.
Óleo de Cedro (Cedrus sp.)
Alcaçuz (Glycyrrhizaglabra L.)
Papoula (Papaversomniferum L.)
Egito (Papiro de Ebers) - 2000 a.C.
Genciana (Genciana lutea L.)
Sene (Cassia angustifolia Vahl.)
Losna (Artemisia absinthium L.) 
Esse papiro continha cerca de 800 fórmulas mágicas, extratos de
plantas, uso medicinal de chumbo e cobre e venenos de diferentes
espécies de animais. Além disso, prescrevia o uso terapêutico de óleos
vegetais (alho, girassol, açafrão) e o uso de mel ou de cera de abelhas
como veículo ou ligamento para os óleos usados, visando à melhoria da
absorção da formulação. 
Grécia com Hipócrates - 460–377 a.C.
Reuniu diversos escritos com indicação de tratamento à base de plantas
medicinais, além do reforço dietético e de atividades ao ar livre.
Grécia com Dioscórides - 40–90 d.C. (era Cristã)
Catalogou e ilustrou cerca de 600 diferentes plantas usadas para fins
medicinais e descreveu seu emprego terapêutico em uma coletânea que
batizou de Materia medica.
Grécia com Galeno - 129–216 d.C.
Desenvolveu misturas complexas, as chamadas “cura-tudo”, que ficaram
conhecidas como “misturas galênicas”.
Suíça com Paracelso - 1493–1541
Lançou as bases da Medicina Natural e afirmou que “A Medicina se
fundamenta na natureza, a Natureza é a Medicina, e somente naquela
devem os homens buscá-la. A Natureza é o mestre do médico, já que
ela
é mais antiga do que ele e existe dentro e fora do homem”. Declarou
ainda que a dose certa define se uma substância química é um
medicamento ou um veneno. 
Além disso, desenvolveu a teoria da assinatura dos corpos, que
relacionava a ação de uma determinada planta medicinal a seu aspecto
morfológico, como a Pulmonaria officinallis L., que se assemelha
morfologicamente ao pulmão humano e é indicada para afecções
pulmonares. 
Farmacopeias Brasileiras (FB) e Mementos Terapêuticos -1929
(1ª edição FB) – 2019 (6ª edição volume II - FB)
Desde a primeira edição da Farmacopeia Brasileira, foram descritas 183
espécies botânicas que, a cada edição, tiveram atualizações pertinentes
quanto a nomenclatura botânica, identificação macroscópica e
microscópica, ensaios cromatográficos e outros ensaios físico-químicos,
que incluem o doseamento de princípios ativos de cada droga. 
Na sexta edição, foi elaborado um volume específico com a coletânea de
monografia de 84 drogas vegetais, preparações vegetais líquidas, sendo
22 tinturas, 19 extratos fluidos, 25 óleos, gorduras e ceras. 
Alemanha – Século XX
Criou uma comissão para avaliar a segurança e a eficácia de produtos
oriundos de origem vegetal com a publicação de mais de 400
monografias, nas quais encontrávamos a identificação da droga vegetal,
a pureza, possível adulteração, ação terapêutica, contraindicação,
reações adversas, posologia e formas farmacêuticas. 
Conceito e importância da Fitoterapia
Com o intuito de compreendermos a extensão e as dimensões da Fitoterapia, é necessário apresentar seus
principais conceitos. Para tanto, utilizamos aqueles propostos pelas políticas públicas, pela Anvisa e pela
Organização Mundial da Saúde (OMS).
A OMS reconheceu o uso de medicamentos fitoterápicos em 1978 com a finalidade curativa ou paliativa e
como componente da estratégia terapêutica baseada única e exclusivamente no emprego de espécies
vegetais com ação terapêutica. A agência reforçou seu uso como parte do aproveitamento da flora nativa local
e, no caso brasileiro, das espécies identificadas nos cinco Biomas, e ainda lançou mão das informações
acumuladas ao longo dos anos decorrentes de estudos científicos.
A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares no SUS apresentam a seguinte conceituação de Fitoterapia:
terapêutica caracterizada pela utilização de plantas medicinais em suas diferentes preparações
farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal.
(BRASIL, 2006c, p. 46)
A Fitoterapia é uma prática integrativa e
complementar disponibilizada ao usuário no
Sistema Único de Saúde (SUS) como parte da
estratégia de garantias de direitos. É um
modelo de atenção humanizada centrada na
integralidade dos sujeitos e no protocolo clínico
“desmedicalizante”, ou seja, baseado no uso
racional de medicamentos (URM) que promove
o confronto teórico da polifarmácia (vários
medicamentos usados concomitantemente)
com medicamentos ajustados à condição
clínica, em doses adequadas e por tempo
limitado e definido pelo prescritor.
Assim, a Fitoterapia promove o estudo da flora
nacional com potencial de uso terapêutico em busca de novas espécies e consolidação das conhecidas, atua
como parte do sistema médico complexo que estimula os mecanismos naturais de prevenção de agravos e
recuperação da saúde a partir do uso de fitoterápicos eficazes e seguros, e ainda promove o desenvolvimento
e o aperfeiçoamento de formas farmacêuticas mais precisas e eficazes, como os extratos secos
padronizados, por exemplo.
Correlação entre Farmacognosia e Fitoterapia
A Sociedade Brasileira de Farmacognosia
(SBF), em seu portal na internet, define a
farmacognosia como “a aplicação simultânea
de várias disciplinas científicas com o objetivo
de conhecer fármacos naturais sob todos os
aspectos” ou como “ciência multidisciplinar que
contempla o estudo das propriedades físicas,
químicas, bioquímicas e biológicas dos
fármacos ou dos fármacos potenciais de origem
natural, assim como a busca de novos fármacos
a partir de fontes naturais” (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE FARMACOGNOSIA, s. d., n. p.).
Em outras palavras, a Farmacognosia
desenvolve estudos imprescindíveis no avanço
da Fitoterapia, já que o conhecimento da matéria-prima vegetal de importância terapêutica é o cerne dos
estudos dessa disciplina. Se a Fitoterapia é a estratégia terapêutica, o fitoterápico é o medicamento composto
exclusivamente por matéria-prima de origem vegetal e deve passar por rígido controle de qualidade antes do
início de sua produção, mas é preciso garantir o atendimento aos parâmetros farmacopeicos propostos para
cada droga, que estão disponibilizados em monografias de cada espécie vegetal.
Se tomamos como exemplo o abacateiro, a Farmacopeia Brasileira 6a edição volume II (BRASIL, 2019)
estruturou essa monografia em diversas etapas iniciadas com:
A descrição da droga
Folhas secas de Persea americana Mill. (syn. Persea gratissima Gaertn. f.) que contêm, no mínimo,
0,4% de flavonoides totais expressos em apigenina (C15H10O5, massa molar: 270,24g/mol) e 0,14% de
óleo volátil. 
Ensaios de controle de qualidade botânico
Com as identificações macroscópica, microscópica e por cromatografia em camada delgada. 
Testes
Matéria estranha (no máximo 0,2%), perda por dessecação (no máximo 12%), cinzas totais (no
máximo 0,5%), contagem do número total de microrganismos mesófilos e patogênicos (ver teste),
teste de metais pesados e resíduo de agrotóxicos. 
Doseamento
De óleos voláteis e flavonoides totais. 
Condições de embalagem e armazenamento
Hermeticamente fechado e protegido da luz e do calor. 
Assim, a Farmacognosia é uma disciplina que agrega conhecimento multidisciplinar e transita desde a
identificação e a descrição da droga vegetal à identificação físico-química de seus princípios ativos de
interesse com ação farmacológica.
Espécies vegetais na Farmacopeia Brasileira
Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre como buscar informações sobre espécies vegetais na
Farmacopeia Brasileira e em outros documentos oficiais.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Definições em Fitoterapia
A prática farmacêutica, seja na produção de fitoterápicos ou em sua dispensação orientada, está
fundamentada em informações precisas e procedimentos operacionais que garantem a qualidade do
medicamento em todo seu ciclo de vida, que é finalizado com o uso adequado pelo usuário. Nesse sentido,
vamos conhecer, a seguir, algumas definições presentes nos diferentes documentos oficiais, como a Política
Nacional de Medicamentos.
Chá medicinal
Uma das diversas formas de utilização da droga vegetal rasurada in natura para uso medicinal. Pode
ser preparado por meio de infusão, decocção ou maceração em água pelo usuário. A apresentação do
chá medicinal pode ser a granel, sachê com dose individual ou doses múltiplas.
Droga vegetal
É a espécie vegetal inteira ou uma parte dela que concentra maior quantidade de metabólitos
secundários com reconhecida ação farmacológica de interesse. A droga vegetal pode ser fresca ou
seca, de acordo com a indicação da monografia farmacopeica, mas somente devem ser utilizadas
aquelas produzidas em solo livre de adubos químicos e cultivo isento de agrotóxico, que após a
colheita deve passar por processo de secagem adequado (a temperatura não deve exceder a 40
graus Celsius) e ser limpa.
Derivado vegetal
Produto da extração da planta medicinal in natura ou da droga vegetal, que contenha metabólito ou
metabólitos secundários responsáveis pela ação terapêutica. Pode ocorrer na forma de extrato, óleo
fixo e volátil, cera, exsudato e outros.
Etnobotânica
O estudo da relação existente entre algumas espécies vegetais e grupos sociais específicos, que
observam e sistematizam o uso/emprego dessas espécies na alimentação, nos processos de cura,
nos rituais mágicos, na elaboração de artefatos, na obtenção de pigmentos, ou seja, a forma integral
como se dá essa
interação.
Etnofarmacologia
Consiste na busca por informações sistematizadas capazes de gerar conhecimento a partir da
investigação interdisciplinar dos agentes biologicamente ativos e tradicionalmente utilizados por
grupos sociais em um determinado território. Muito utilizada como estratégia na investigação de
espécies vegetais com potencialidade de uso na proposição de novos medicamentos fitoterápicos.
Extrato
Preparação de consistência líquida, semissólida ou sólida. É obtido por meio de diferentes métodos
de extração a partir de droga vegetal, que deve passar por tratamento prévio, como eliminação de
sujidade, moagem ou desengorduramento, por exemplo. 
Os extratos podem ser classificados como: 
1) Extrato padronizado: Extrato ajustado a um conteúdo definido de um ou mais princípios ativos
responsáveis pela atividade terapêutica.
2) Extrato mole: Preparação de consistência semissólida obtida por evaporação parcial da fase
líquida. Apresenta no mínimo 70% (p/p) de resíduo seco e pode conter conservantes para evitar o
crescimento de microrganismos.
3) Extrato nativo (genuíno): Preparado sem adição de excipientes (extrato simples ou bruto). 
4) Extrato seco: Obtido a partir da evaporação completa da fase líquida por liofilização, que é uma
técnica que utiliza baixa temperatura e alta pressão. Possui uma perda por dessecação não superior a
5% (p/p).
Fitoterápico
É o produto tecnicamente elaborado a partir de espécie botânica identificada/certificada que, com a
técnica adequada, resulta em forma farmacêutica cuja formulação possui finalidade profilática,
curativa ou paliativa. Uma formulação fitoterápica não inclui princípios ativos isolados (como cafeína,
por exemplo), mesmo que o restante dos componentes seja de origem vegetal. Um fitoterápico inclui
o medicamento fitoterápico e o produto tradicional fitoterápico, podendo ser simples (uma espécie
botânica) ou composto (mais de uma espécie botânica).
Fitofármaco
É o princípio ativo isolado de uma espécie botânica caracterizado farmacologicamente, ou seja, com
claro entendimento de sua ação, por exemplo, a cafeína.
Matéria-prima vegetal
Compreende a planta medicinal ou a droga vegetal fresca ou seca e o derivado vegetal.
Planta medicinal
Espécie vegetal cultivada ou de ocorrência em seu hábitat natural (silvestre), que pode ser utilizada
para fins terapêuticos.
Planta medicinal fresca (in natura)
A planta medicinal usada logo após a colheita/coleta sem passar por qualquer processo de secagem,
e que pode ser oriunda de hortos medicinais, fornecida pela parceria entre a Secretaria Municipal de
Saúde ou outras organizações com instituições de ensino superior e/ou centros de pesquisa e de
extensão rural ligados à cadeia produtiva de plantas medicinais. Todos os insumos vegetais da cadeia
produtiva devem ser oriundos do cultivo agroecológico ou orgânico com a identificação botânica das
plantas medicinais.
Produto fitoterápico
É todo medicamento tecnicamente obtido e elaborado, empregando-se exclusivamente matérias-
primas ativas vegetais, com finalidade profilática, curativa ou diagnóstica, com benefício para o
usuário. É o produto final acabado, embalado e rotulado. Não podem estar incluídas substâncias
ativas de outras origens, não sendo considerado produto fitoterápico quaisquer substâncias ativas
isoladas, ainda que de origem vegetal, ou mesmo em misturas.
Tintura
É a preparação alcoólica ou hidroalcoólica resultante da extração de drogas vegetais ou da diluição
dos respectivos extratos. É classificada em simples e composta, conforme preparada com uma ou
mais matérias-primas. A menos que indicado de maneira diferente na monografia individual, 10mL de
tintura simples correspondem a 1g de droga seca.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Um breve histórico
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O conceito e a importância da Fitoterapia
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Definições em Fitoterapia
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Sobre a Fitoterapia, podemos afirmar que
Atrata-se de uma prática terapêutica recente que se iniciou a partir da Revolução Industrial e possibilitou a
industrialização do AAS (ácido acetilsalicílico) em 1899 pelo químico Bayer.
B
utiliza plantas medicinais e medicamentos industrializados cujas formulações possuem, além dos extratos
preparados exclusivamente por matéria-prima vegetal, alguns princípios ativos, como a cafeína, que são
igualmente originários de espécies vegetais.
C pode ser utilizada sem preocupação com efeitos adversos severos, pois “se não fizer bem, mal não
fará”.
D
o uso de plantas medicinais data de períodos anteriores a 7000 a.C., e os diferentes povos utilizavam-nas
tanto para debelar processos de adoecimento como para processos de cura do espírito, que expressam
seu uso mágico ou metafisico.
E não temos normas técnicas que normatizem a fabricação, a prescrição e o uso dos fitoterápicos.
A alternativa D está correta.
O uso de plantas medicinais data de 8000 a.C. pelos Maias na América Central, e ainda temos o registro de
seu uso em diferentes momentos da nossa evolução civilizatória.
Questão 2
A importância dos estudos etnobotânico e etnofarmacológico no desenvolvimento de medicamentos
fitoterápicos é justificada por qual destas afirmativas?
A São estudos de Botânica e Farmacologia com espécies vegetais desconhecidas que possuem ou não
atividade farmacológica.
B
São estudos da utilização das plantas com utilidade terapêutica por grupos tradicionais específicos que
nos indicam espécies vegetais com potencial para o desenvolvimento de novos medicamentos
fitoterápicos.
C São estudos relacionados ao período pós-registro em que a identificação da espécie vegetal é
confirmada, assim como sua atividade farmacológica.
D Trata-se da descrição da droga no texto farmacopeico, tanto na perspectiva botânica quanto na
farmacológica.
E Esses estudos não são importantes no desenvolvimento de novos medicamentos fitoterápicos.
A alternativa B está correta.
Os estudos etnobotânicos e etnofarmacológicos são importantes em grande parte do desenvolvimento de
novos medicamentos fitoterápicos, pois utilizam a experiência ancestral das comunidades tradicionais no
que se refere à utilização de espécies vegetais como alimento e à produção de artefatos e ritos religiosos,
além dos processos de tratamento e alívio de doenças.
2. Pesquisa em Fitoterapia
Etnobotânica e Etnofarmacologia no desenvolvimento de
fitoterápicos
Dois grandes ramos da Etnobiologia se destacam na pesquisa de drogas vegetais e fármacos derivados delas:
a Etnobotânica e a Etnofarmacologia. Embora já tenhamos definido esses dois termos no módulo anterior,
vamos retomá-los agora para compreendermos melhor sua importância na pesquisa e no desenvolvimento de
novos fitoterápicos e novos fármacos. 
Assim, uma pesquisa inicial segue etapas que envolverão profissionais de diversas áreas, como biólogos,
farmacêuticos, químicos, antropólogos, entre outros, que serão imprescindíveis na coleta e na análise de
dados realizada em campo. Veja mais a seguir:
Identificação botânica
Esse tipo de estudo se inicia pela identificação botânica da espécie ou de espécies de interesse, o
que incluirá o depósito do material-testemunha em herbário, a partir do envio desse material
identificado que ficará arquivado em exsicata.
Material-testemunha
Material utilizado para documentar a ocorrência de uma espécie em uma determinada localidade ou
para documentar a identidade de uma planta — utilizada em um experimento ou da qual se extraiu
DNA — ou de um composto químico em particular, do qual se fez contagem cromossômica.
Exsicata
Planta coletada na natureza que passa por processos que vão desde a secagem e a identificação
científica até o armazenamento do material no acervo. O material preparado recebe uma etiqueta que
contém informações sobre dados observados no momento da coleta, procedência do material, nome
popular e científico da espécie, família botânica a qual pertence, e por fim um número de registro que
indicará que a amostra se tornou patrimônio da instituição à qual o herbário é vinculado.
Pesquisa bibliográfica
Os dados etnofarmacológicos são, então, coletados e analisados e em seguida é realizada a pesquisa
bibliográfica em bancos de dados de fitoquímica e botânica das espécies como no Chemical
abstracts, Index, Medicus, Biological abstracts, entre outras.
Etnobotânica 
Busca nos grupos sociais tradicionais
(população ribeirinha, quilombolas, indígenas
e outros) estudar a importância e o emprego
de espécies vegetais específicas e sua rotina
de vida.
Etnofarmacologia 
Aprofunda o uso das espécies
botânicas, mas na perspectiva das
práticas terapêuticas de cada um
desses grupos sociais.
Análise química
A análise química preliminar é feita para a detecção das classes de substâncias presente na planta e
para a identificação da parte da planta (droga vegetal) na qual essas substâncias se encontram em
maior concentração.
Os dados coletados com a população sobre o uso da planta (parte utilizada, se uso externo ou interno ou se
decocção) nos dá pistas para a elaboração/proposição das marchas fitoquímicas na obtenção dos extratos
inicias. Parte das análises químicas para verificação da viabilidade da droga cumpre um circuito de
investigação que possibilita a elucidação das estruturas dos princípios ativos principais, as quais orientarão a
escolha da técnica apropriada (farmacotécnica) no preparo do fitoterápico. Tais análises ainda definem os
ensaios para a realização do controle de qualidade.
Marchas fitoquímicas
Procedimento qualitativo que indica a presença ou não de classes de compostos por formação de
precipitados, mudança de cor ou fluorescência. 
Comentário
O estudo farmacológico preliminar dos extratos brutos é realizado a partir de modelos experimentais
propostos que são originados das pistas fornecidas pelos grupos sociais estudados. Em seguida, a
operacionalização de estudos farmacológicos e toxicológicos mais abrangentes é realizada como parte
da fase pré-clínica da P&;D (Pesquisa &; Desenvolvimento). 
O método etnofarmacológico, entretanto, estabelece algumas limitações, por exemplo:
Erro de memória na coleta dos dados com os usuários, sobretudo a respeito dos detalhes no
tratamento (prévio e do preparo para o uso) da droga e da associação a componentes mágicos ou
religiosos característico de cada grupo social.
As barreiras decorrentes da legislação específica (Lei nº 13.123/2015) que são relacionadas ao acesso
ao conhecimento tradicional associado ao uso da biodiversidade.
(Lei nº 13.123/2015)
A Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o
acesso ao conhecimento tradicional associado, bem como sobre a repartição de benefícios para
conservação e uso sustentável da biodiversidade.
Desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos e
validação científica
• 
• 
O desenvolvimento de fitoterápico exige diferentes estudos
de viabilidade que agregam variadas áreas de
conhecimento, que demonstrarão as etapas constitutivas
da produção e da garantia de manutenção do fitoterápico
no mercado.
O desafio é transformar a planta medicinal inteira ou parte
dela em um medicamento finalizado e uma forma
farmacêutica definida, estável e com garantia de segurança
sanitária quanto a toxicidade, possíveis interações
medicamentosas, contraindicações e reações adversas.
Atenção
Outro ponto importante quanto à produção de fitoterápico é garantir que a matéria-prima utilizada
contenha quantidade suficiente de princípio(s) ativos(s) para a ação farmacológica esperada. 
Nesse sentido, algumas etapas de estudo serão necessárias para a execução do processo de
desenvolvimento do medicamento fitoterápico. A seguir, apresentamo-las divididas em seis dimensões.
Dimensão botânica
Esta é a primeira etapa, pois é a que define a espécie botânica de interesse no desenvolvimento do
fitoterápico. Assim, o estudo botânico deve permitir a identificação da espécie vegetal a partir de análises
anatômica e morfológica e de caracterização macroscópica e microscópica (para o caso do recebimento de
matéria-prima vegetal fracionada). O estudo botânico ainda especifica as principais espécies concorrentes
adulterantes. 
Se tomarmos como exemplo o Hypericum perforatum L. da
família Hypericaceae, teremos a seguinte descrição: é uma
planta herbácea perene, com ocorrência natural na Europa,
na Ásia, no norte da África e nos Estados Unidos da
América. O material utilizado nas preparações fitoterápicas
é a parte aérea (droga) da planta.
É uma planta de médio porte, que pode chegar a medir
entre 50cm a 1m de altura, com flores abundantes de
coloração amarelo-alaranjada brilhante, com pétalas
oblongas a elípticas, assimétricas e com pontuação negra.
Dimensão agronômica
Esta dimensão abrange estudos relacionados ao aproveitamento racional do solo a partir de técnicas de
manejo e uso de adubo orgânico, para cultivo em quantidade da matéria-prima vegetal capaz de atender ao
circuito produtivo, mas mantendo a qualidade com a garantia da obtenção da biomassa e de drogas com teor
de princípios ativos ideal. 
Comentário
Isso é possível a partir de estudos edafo-climáticos (relação entre solo e clima) favoráveis, por
micropropagação (por meio de sementes germinadas), pelas inter-relações ecológicas (entre espécies
afins, que não compitam pelo uso do solo por aquisição de suas necessidades nutricionais), pelas
técnicas adequadas no combate de pragas sem a utilização de agrotóxicos e pela preservação do meio
ambiente e da espécie botânica de interesse da biodiversidade local. 
Na Agroecologia, encontramos parte das
estratégias de manejo na organização de
ecossistemas produtivos a partir de recursos
naturais no cultivo de plantas nativas, com o
suporte dos saberes do conhecimento
tradicional. Esses estudos seguem uma
sequência de etapas que envolve a escolha de
sementes saudáveis, o cultivo, a colheita e o
beneficiamento (triagem, secagem e
beneficiamento). 
Saiba mais
Agroecologia é uma estratégia de cultivo sustentável a partir de modelo agrícola capaz de garantir a
preservação do meio ambiente em oposição ao modelo agrícola convencional que estabelece
estratégias que lançam mão do uso abusivo dos recursos naturais e de agroquímicos (agrotóxicos). A
agroecologia utiliza diversas tecnologias adequadas à preservação dos agroecossistemas em longo
prazo. 
Outros aspectos devem ser considerados, por exemplo, os processos de limpeza e de secagem adequados
quanto a não introdução de resíduos contaminantes na droga vegetal, como desengordurantes; ou ainda a
utilização de altas temperaturas como estratégia de secagem que poderão levar à perda de princípios ativos
de interesse.
Dimensão fitoquímica
Nesta dimensão, estão incluídos os estudos relacionados à elucidação da fórmula estrutural dos princípios
ativos e à identificação química dos metabólitos secundários de interesse (por exemplo, pela identificação
inicial dos grupamentos funcionais de potencial ação farmacológica). 
Atenção
Outra etapa dentro dessa dimensão consiste em identificar os marcadores químicos que serão
importantes em alguns momentos: na realização do controle de qualidade da droga, nos processos de
planejamento e monitoramento das ações de transformação tecnológica e nos estudos de estabilidade
dos produtos intermediário e final. 
Outros pontos de relevância são a identificação de metabólitos secundários de interesse e o conhecimento de
sua estrutura química, pois a partir daí será possível verificar se são degradáveis pela luz (fotólise), pelo calor
(termolábil) e por determinados solventes, bem como avaliar se suportam os processos de transformação até
a obtenção do produto final (fitoterápico na forma farmacêutica sólida — comprimido; semissólida — creme;
ou líquida — xarope, por exemplo). 
Na imagem
a seguir, veja o exemplo de Mikania spp., que são ricas em polifenóis e taninos.
Dimensão da investigação de atividade biológica
Esta etapa investiga as atividades biológica, farmacológica e toxicológica a partir dos princípios ativos
isolados, dos extratos com diferentes polaridades.
O Guia para a condução de estudos não clínicos de Toxicologia e Segurança Farmacológica, que foi publicado
em 2013 pela Anvisa, baseia-se em estudos de toxicidade de dose única (aguda), toxicidade de doses
repetidas, toxicidade reprodutiva, genotoxidade, tolerância local e carcinogenicidade, e estudos de segurança
farmacológica e toxicocinética (administração, distribuição, metabolismo e excreção — ADME). 
Atenção
A proposta dessa sequência de testes evita ou minimiza a possibilidade de utilização desnecessária de
cobaias. Compõe a fase pré-clínica da sequência de estudos, ensaios e testes necessários para o
desenvolvimento do medicamento fitoterápico. 
Desenvolvimento da formulação
A definição de medicamento encontrada na Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973, ainda se mantém como
“um produto farmacêutico tecnicamente obtido com propriedade curativa, profilática, paliativa ou para fins de
diagnóstico”. É a esse produto que se refere essa etapa de desenvolvimento da formulação, que conjuga a
definição da forma farmacêutica mais adequada ao uso (por exemplo: pomada, para uso externo; xarope, para
uso interno pediátrico) e garante a estabilidade da formulação por tempo determinado e em condições
específicas que definirão o prazo de validade do produto.
Outras considerações deverão ser contempladas no desenvolvimento da formulação, que concorrerá na
proposição de uma forma farmacêutica capaz de garantir: 
A eficácia e a segurança do medicamento, isto é, que ele terá a ação farmacológica esperada na
concentração formulada e garantirá a não intoxicação do usuário quando for utilizado (dose segura).
• 
 
A via de administração mais adequada para o usuário, ou seja, a que facilitará seu uso e não criará
aversão (por exemplo: transdérmico (indolor) versus injetável (invasivo)), levando em consideração que,
em caso de reações adversas indesejáveis ou intoleráveis, poderemos interromper seu uso/
administração rapidamente. Essas qualidades facilitarão a adesão ao tratamento pelo tempo
determinado pelo prescritor.
 
A dose efetiva, que deve ser precisa (uma cápsula/comprimido, e não meio comprimido).
 
A resolução de problemas relacionados à estabilidade da formulação com excipientes adequados,
como antioxidantes, tamponantes e outros permitidos na legislação sanitária.
 
A viabilidade técnica da forma farmacêutica.
As formulações podem ser destinadas ao uso interno ou externo e podem ser líquidas (emulsão,
xarope, soluções), sólidas (cápsulas, comprimidos) e semissólidas (creme, pomadas). 
Dimensão clínica (ensaios clínicos)
Os ensaios clínicos compõem a etapa final no desenvolvimento de um medicamento fitoterápico. Serão
aqueles que avaliarão a ação farmacológica, assim como identificarão as possíveis reações adversas, que são
reações esperadas, mas indesejadas, causadas por um medicamento. Por exemplo, a Glycyrrhiza glabra L.
(alcaçuz) é utilizada para distúrbios gastrointestinais, mas pode causar hipocalemia, retenção urinária e
aumento de pressão sanguínea se utilizada por longos períodos. 
Os ensaios clínicos são realizados por etapas sucessivas e
utilizam voluntários em experimentos monitorados por
equipe multiprofissional para avaliar a eficácia do
medicamento, a segurança e a comparação clínica com
protocolos e tratamentos de referência, a dose, a forma de
administração, o efeito esperado e os parâmetros
relevantes (alteração de provas bioquímicas, por exemplo). 
A RDC 9/2015 regulamenta a realização dos ensaios clínicos
no Brasil e é dividida em quatro estágios ou fases. Confira
mais detalhes a seguir:
• 
• 
• 
• 
Fase I
São selecionados de 10 a 30 voluntários sadios para estudos de avaliação da segurança do
fitoterápico e para o desenho dos perfis farmacocinético e farmacodinâmico.
Fase II
São selecionados de 70 a 100 pacientes para avaliar a eficácia em determinada enfermidade e para
acumular informações detalhadas sobre a segurança (confirmação das doses no limite de toxicidade
e uso). Nessa fase, a relação dose-resposta também é estudada a fim de otimizar a administração do
fitoterápico.
Fase III
São selecionados de 100 a 1.000 pacientes em um estudo randomizado que pretende comparar o
novo tratamento com o protocolo já existente, com o objetivo de confirmar a eficácia e a segurança
atribuídas nas etapas anteriores, assim como as reações adversas.
Fase IV
É realizada a comercialização do produto, que será monitorado (farmacovigilância) na possível
ocorrência de reações adversas raras ou desconhecidas. Permitirá o monitoramento dos riscos e dos
benefícios do medicamento a longo prazo, bem como a comparação do novo fitoterápico com outros
existentes no mercado, além de identificar novas indicações para o medicamento.
Relembrando
Cabe lembrar que estudos envolvendo cobaias (animais) e voluntários (humanos) devem atender aos
aspectos éticos determinados pelos conselhos responsáveis, a saber, o Conselho Nacional de Controle
de Experimentação Animal (Concea) e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). 
Pesquisa com plantas medicinais e obtenção de drogas vegetais
No vídeo a seguir, você conhecerá um pouco mais sobre a pesquisa com plantas medicinais e a obtenção de
drogas vegetais.
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
A Etnobotânica e Etnofarmacologia no desenvolvimento de
fitoterápicos
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Desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos e validação
científica
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Sobre os estudos de viabilidade, podemos afirmar que
Asão aqueles que agregam diferentes áreas de conhecimento que vão demonstrar as etapas constitutivas
da produção e garantir a manutenção do fitoterápico no mercado.
B são aqueles realizados para detectar a concentração de fitocomplexo na droga.
C são aqueles utilizados na fase 4 do ensaio clínico.
D são aqueles que utilizam gráficos estatísticos.
E são aqueles realizados para identificar se os fitoterápicos têm eficácia comprovada.
A alternativa A está correta.
Os estudos de viabilidade são compostos por diversas etapas e são imprescindíveis para garantir que o
fitoterápico seja suficientemente eficaz e seguro para ser empregado para fins terapêuticos. Sendo assim,
investimentos em novos medicamentos sugerem que estudos de viabilidade sejam realizados antes da
etapa de ensaios clínicos.
Questão 2
Durante o desenvolvimento de novos medicamentos fitoterápicos, são realizadas diferentes etapas de
estudos, que compreendem dimensões e abordagens muito particulares, dentre elas a dimensão botânica.
Sobre essa dimensão, é correto afirmar que
A é a etapa na qual a espécie botânica de interesse é definida e se realiza a identificação da espécie
vegetal.
B é a etapa na qual são determinadas as principais classes de substâncias presentes na espécie e a parte
da planta em que são encontradas em maior quantidade.
C a dimensão botânica compreende estudos relacionados ao aproveitamento racional e sustentável do
solo.
D é a etapa na qual são investigadas as atividades biológica, farmacológica e toxicológica dos princípios
ativos isolados.
E é a etapa posterior aos estudos pré-clínicos.
A alternativa A está correta.
A dimensão botânica é a primeira etapa no desenvolvimento do fitoterápico. É nela que acontece a
identificação da espécie por meio de análises anatômicas e morfológicas da planta, além da sua
caracterização macro e microscópica.
3. Políticas públicas
Uso tradicional e uso racional de plantas medicinais e
medicamentos fitoterápicos
A indicação de ervas, chás e xaropes a base de plantas para a manutenção e recuperação da saúde é bem
comum, principalmente entre as pessoas mais idosas. Você também já deve ter ouvido alguém dizer que as
plantas são provenientes da natureza e por isso não fazem mal. Situações como essas estão diretamente
relacionadas com o que abordaremos neste tópico: o uso tradicional e o uso racional de plantas e
fitoterápicos. 
Vamos entender como esses termos se relacionam?
O uso tradicional se refere à prática terapêutica dos grupos/
povos tradicionais e complementa o conjunto de bens
imateriais e valores, uma vez que é parte das características
específicas, como a autoidentificação com um grupo
tradicional que possui atividades econômicas específicas
relacionadas e vinculadas ao território e à herança histórica,
que reforçam esse conjunto de práticas como parte da
reprodução cultural. Alguns desses valores estão
relacionados à conservação do meio ambiente, pois grande
parte das atividades econômicas dependem do equilíbrio
ambiental e da conservação da biodiversidade.
O uso tradicional utiliza plantas medicinais nas diferentes
formas, como xaropes caseiros, pós, garrafadas e
cataplasmas, e ainda como uma expressão das práticas culturais chamadas de benzeduras. Segundo estudos
etnobotânicos, os benzedeiros eram considerados interlocutores entre o mundo concreto e o espiritual. Eles
eram também grandes conhecedores das práticas de cura e mantinham o cultivo das espécies utilizadas nas
proximidades de sua habitação. 
O uso mágico-religioso, conhecido como “doenças culturais” do tipo “mau olhado, defumador de ambiente,
afastamento de bruxas e feiticeiras”, indicam o uso de Dieffenbachia sp., Lavandula sp., Petiveria alliacea, 
Rosmarinus officinalis, Ruta graveolens, Sansevieria trifasciata, por exemplo. 
Comentário
Outro exemplo de uso tradicional foi abordado pelo estudo de Giraldi e Hanazaki (2010) que demonstrou
o uso de 114 espécies de plantas medicinais distribuídas em 48 famílias botânicas na região de Sertão
do Ribeirão, Florianópolis-SC, e relacionou famílias e espécies utilizadas nas várias afecções da
população, por exemplo, para doenças da pele e do tecido subcutâneo, como eczema e furúnculo,
utilizam Bryophylum pinnatum, Centella asiatica, Jacaranda puberula. 
O uso racional de medicamentos aplicado ao uso e à indicação das plantas medicinais e fitoterápicos segue
como resultado dos dados e do conhecimento acumulado ao longo das décadas, e da identificação de
iatrogenias (alterações causadas pela má conduta clínica e pelo uso irracional de medicamentos) em grande
parte da população mundial em um processo sistematizado. Assim, em 1985, na Conferência de Nairobi, a
OMS apresentou o conceito de uso racional de medicamentos (URM), que determina alguns parâmetros
importantes que deverão ser considerados na parte do ciclo de vida do medicamento que vai da prescrição
pelo clínico à utilização pelo usuário.
uso racional de medicamentos (URM)
É o processo que compreende a prescrição apropriada, a disponibilidade oportuna e a preços acessíveis,
a dispensação orientada do uso correto com o consumo das doses indicadas, em intervalos definidos e
pelo período indicado. Espera-se o uso da menor variedade de medicamentos e que aqueles eleitos pelo
prescritor sejam eficazes, seguros e de qualidade.
De acordo com esse princípio:
A prescrição deve ser apropriada
A prescrição deve partir de um diagnóstico preciso e a indicação de medicamentos deve ser em
menor quantidade, de modo a evitar a polifarmácia, ou seja, o uso de diversos medicamentos
concomitantemente.
A disponibilidade oportuna
Alguns fitoterápicos foram inseridos na Rename (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) e
constam da Farmacopeia Brasileira.
Preços acessíveis
Tanto as plantas medicinais in natura quanto os fitoterápicos nas diferentes apresentações estão
disponíveis nas farmácias do Sistema Único de Saúde (SUS), sejam aquelas de dispensação, as
magistrais ou ainda as Farmácias Vivas — conceito do SUS voltado para a Rede de Atenção à Saúde
(RAS), principalmente na Atenção Primária à Saúde (APS); cabe à Farmácia Viva, no contexto da
Política Nacional de Assistência Farmacêutica, realizar todas as etapas: o cultivo, a coleta, o
processamento, o armazenamento de plantas medicinais, a manipulação e a dispensação de
preparações magistrais e oficinais de plantas medicinais e fitoterápicos.
A dispensação deve ser realizada em condições adequadas
No caso da Fitoterapia, é importante fornecer a informação correta ao usuário quanto ao preparo (no
caso de plantas medicinais), ao uso, ao armazenamento e ainda à verificação de possíveis interações
medicamentosas e/ou com alimentos.
O consumo
O consumo deve seguir as doses indicadas e os intervalos definidos.
O consumo pelo período indicado pelo prescritor
O tempo de uso é importante para que uma nova avaliação clínica seja realizada e o acompanhamento
da evolução do tratamento seja avaliada. Nesse sentido, o termo “uso contínuo” foi abolido, por
colaborar para o uso não racional dos medicamentos.
Políticas públicas de plantas medicinais e de fitoterápicos
Antes de iniciarmos esse assunto, vamos entender o conceito de políticas públicas. 
As políticas públicas (PPs) configuram decisões de caráter geral sobre um determinado problema ou demanda
pública, as quais apontam os rumos e as linhas estratégicas de atuação de uma determinada gestão, que
pode ser nos âmbitos municipal, estadual ou federal. Elas devem ser apresentadas como proposta da gestão
pública, mas debatidas e aprimoradas a partir do amplo diálogo com a sociedade civil, os representantes e as
lideranças dos setores que tratarão de tal política. Assim, uma PP deve ser elaborada com os seguintes
objetivos:
Intenções
Tornar públicas e expressas as intenções do governo (gestão municipal, estadual ou federal).
Acesso
Permitir o acesso da população em geral e dos formadores de opinião, em particular, à discussão das
propostas de governo.
Planejamento
Orientar o planejamento governamental no detalhamento de programas, projetos e atividades.
Potencialização
Funcionar como orientadoras da ação do governo, reduzindo os efeitos da descontinuidade
administrativa e potencializando o uso dos recursos disponíveis para fins que colaborem com a
implementação permanente dos objetivos da PP.
Comentário
Uma política pública é, portanto, um compromisso oficial expresso em documento escrito, no qual consta
um conjunto de diretrizes, objetivos, intenções e decisões de caráter geral em relação a um determinado
tema. Funciona como um guia para direcionar o planejamento e a elaboração de estratégias, cujos
desdobramentos são planos de ação, programas e projetos para sua efetiva implementação. 
A importância de se estabelecer uma PP está em resolver com ações concretas, executar, acompanhar e
avaliar, criando espaço para debates e discussões permanentes e pertinentes à área.
No caso da Fitoterapia, algumas políticas foram formuladas e encontram-se em permanente processo de
implementação nas unidades de Saúde do SUS. A seguir faremos uma breve apresentação das três principais
PPs. 
Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC)
A PNPIC, publicada em 2006, foi fruto de incessante debate composto por diversas entidades e instituições:
associações de profissionais de Saúde, Anvisa, Fiocruz, Associação Nacional de Fitoterapia em Serviços
Públicos (Associofito), Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais (IBPM), Associação Brasileira de Fitomedicina
(Sobrafito), Rede Latino-Americana Interdisciplinar de Plantas Medicinais (Reliplan) e secretarias que
compunham o Ministério da Saúde à época. 
Comentário
Na verdade, a primeira política pública em que figurou o compromisso do gestor público na utilização das
plantas medicinais presentes na biodiversidade brasileira foi a Política Nacional de Medicamentos em
1998, que pretendia oxigenar a produção de medicamentos de qualidade e estabelecer estratégias para
a promoção
do acesso à população usuária do SUS. Em seguida, a Política Nacional de Assistência
Farmacêutica (PNAF), de 2004, reforçou a importância de ações intersetoriais para inserção do uso das
plantas medicinais e de fitoterápicos na rotina da assistência e atenção à saúde, sem ignorar a
relevância dos conhecimentos tradicionais, ressaltou o empenho na geração de emprego com a
valorização da produção nacional a partir da utilização da biodiversidade do país. 
A primeira proposição da PNPIC tinha como objetivo a incorporação e a implementação da Fitoterapia, da
Homeopatia, da Medicina Tradicional Chinesa (acupuntura), do Termalismo (Crenoterapia) e da Medicina
Antroposófica no SUS, com ênfase na atenção básica, na perspectiva do atendimento humanizado e integral à
saúde.
 
A esse objetivo se somaram mais três que visavam fortalecer o acesso da população às práticas integrativas e
complementares:
Termalismo (Crenoterapia)
Procedimento realizado com água termal para a prevenção e o tratamento de diversos problemas de
saúde.
Resolutividade
Contribuir com estratégias para o aumento da
resolutividade e para a ampliação do acesso a
essas práticas com garantia da qualidade,
eficácia e segurança no uso.
Racionalização
Estabelecer a racionalização das ações em
saúde a partir de estratégias inovadoras e
desenvolvimento sustentável de comunidades.
Reforço
Reforçar as ações de controle e a participação
social com o envolvimento responsável do
usuário, dos gestores e dos trabalhadores nas
diferentes instâncias de efetivação das políticas
de Saúde.
Atualmente são 29 PIC disponibilizadas no SUS, além da Fitoterapia, e os atendimentos se iniciam por meio da
atenção básica, que é a porta de entrada para o sistema público de Saúde. Segundo o site oficial do Ministério
da Saúde, contamos com mais de 9.300 estabelecimentos de Saúde ofertando parte do atendimento com
alguma das PIC distribuídas por 3.173 municípios da federação e em 100% das capitais brasileiras, sendo 78%
concentradas na atenção básica. 
Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos
O ano de 2006 foi proveitoso na proposição de estratégias que oxigenaram o processo de implementação da
Fitoterapia como opção terapêutica para a população brasileira. Assim, a Política Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos foi lançada com a missão de garantir à população o acesso tanto às plantas
medicinais quanto aos fitoterápicos de qualidade, tomando como princípio o uso racional e o
comprometimento com o uso sustentável das diversas fontes de matéria-prima disponíveis na biodiversidade
brasileira. Esperava-se o fortalecimento e o desenvolvimento da cadeia produtiva aliados ao fortalecimento da
indústria farmacêutica nacional, como proposto na Política Nacional de Medicamentos em 1998. 
Cadeia produtiva 
Etapas constitutivas e racionalmente organizadas no processo de produção pelo qual são submetidos os
diversos insumos e matérias-primas durante todo o ciclo de produção, distribuição e comercialização de
medicamentos, produtos e serviços. 
Atenção
Baseada nos princípios norteadores do SUS — universalidade, equidade e integralidade —, essa política
estabeleceu diretrizes robustas capazes de projetar etapas no processo da Fitoterapia, que parte do
desenvolvimento de um marco regulatório para a produção e a distribuição de plantas medicinais e de
fitoterápicos, a partir do acúmulo de experiências exitosas conhecidas, e do incentivo à pesquisa de
novas tecnologias e estratégias inovadoras. 
O que se pretendia era conjugar a otimização das duas pontas desse itinerário.
De um lado, a oferta de mais uma opção terapêutica aos usuários na perspectiva da integralidade das ações;
do outro, a promoção do uso sustentável da biodiversidade e a repartição dos benefícios decorrentes do
acesso à genética de plantas medicinais e ao conhecimento tradicional associado.
Esse conjunto de documentos oficiais subsidia as estratégias dos processos de fortalecimento da Fitoterapia
no país. 
Fitoterapia na atenção básica
A atenção básica, ou atenção primária, é a
porta de entrada no SUS e responde por mais
de 70% das demandas da população. Assim,
nada mais proveitoso do que disponibilizar a
Fitoterapia nas unidades básicas de saúde
(UBS), uma vez que o Brasil detém uma das
maiores biodiversidades do planeta e acumula
saberes tradicionais que nos possibilitam
aprender sobre os recursos naturais
disponibilizados em cada território. 
Mais de 3 mil municípios brasileiros
disponibilizam a opção do tratamento fitoterápico à população, além da disponibilização de fitoterápicos na
Rename e da experiência exitosa da Farmácia Viva que favorece o acesso ao medicamento fitoterápico e às
plantas medicinais, evitando a interrupção do tratamento proposto.
Se delinearmos o itinerário do uso da Fitoterapia no serviço de atenção básica, encontraremos a influência
dos movimentos populares, como resultado de inúmeras conferências de Saúde, e das recomendações da
OMS.
Os programas de Saúde executados na UBS
são imprescindíveis, pois se propõem a orientar
usuários a partir de oficinas e rodas de
conversas em que informações importantes são
repassadas. São informadas a forma correta de
armazenamento das plantas medicinais, a
toxicidade e a contraindicação de alguns
fitoterápicos e chás, assim como a
desmitificação de que “chás medicinais, se não
fizerem bem, mal não farão”. A interlocução
com a população permite a troca e o
aprofundamento de saberes populares, bem
como a aproximação com o saber científico, o
que facilita o entendimento do processo de
saúde-doença.
Atribuições do profissional farmacêutico em Fitoterapia
A profissão farmacêutica tem ampla atuação na Fitoterapia e está presente em todo o circuito do
medicamento fitoterápico, isto é, desde a coleta à prescrição. Mas é importante que o profissional pontue sua
trajetória nas normas éticas e sanitárias que estão descritas em diversas normas técnicas, portarias e
legislações específicas.
Comentário
O Conselho Federal de Farmácia publicou a Resolução 477/2008, que dispõe sobre as atribuições do
profissional farmacêutico no âmbito da Fitoterapia nas diferentes dimensões de expressão, seja na
produção das drogas vegetais e seus derivados, na manipulação magistral ou na produção industrial.
Todo esse circuito compõe parte fundamental da consolidação das políticas e orientações nacionais e
internacionais para o acesso dos usuários à terapêutica fitoterápica. 
PNAB 
A primeira versão da Política Nacional da
Atenção Básica (PNAB) complementou o ano
prodigioso de 2006, que previu maior
aproximação entre a população e o serviço
público de Saúde baseado nos princípios da
universalidade, da integralidade, da equidade
e da participação popular a partir da
Estratégia de Saúde da Família (ESF) que
aprofunda os processos de territorialização e
possibilita, por exemplo, a organização de
hortas comunitárias e a inclusão da Farmácia
Viva na UBS.
Acesso à Fitoterapia 
Dessa forma, o acesso à Fitoterapia pela
população é facilitado. A disponibilização
dessa terapêutica na UBS justifica-se por
diversos motivos que destacamos
brevemente a seguir: o resgate e o
fortalecimento dos saberes populares; a
preservação e a valorização da
biodiversidade local; o incentivo às
técnicas da Agroecologia; o
desenvolvimento social local e a
educação ambiental; a educação para
saúde e o fortalecimento da participação
social; e o fortalecimento e o
estreitamento dos laços entre a
população e a unidade de Saúde.
A resolução garante a exclusividade da direção ou da responsabilidade técnica nas empresas ou
estabelecimentos produtores e distribuidores das diferentes magnitudes e naturezas, como na indústria
farmacêutica, distribuidoras de medicamentos e insumos relacionados à Fitoterapia, farmácias magistrais
públicas ou privadas, drogarias e demais atividades relacionadas à assistência e à atenção farmacêuticas.
Cabe ainda a participação atenta nos seguintes casos:
Nos processos de implantação dos serviços de Fitoterapia.
 
Na promoção do
URM na prática da Fitoterapia, no suporte pedagógico, na elaboração de material
informativo e em campanhas educativas.
 
No monitoramento, no registro e na avaliação do acompanhamento dos usuários de plantas medicinais
(farmacovigilância).
 
Na contribuição do aprimoramento profissional a partir do oferecimento de estágios aos acadêmicos
do curso superior de Farmácia.
As principais atribuições foram agrupadas em três eixos no esquema a seguir e estão relacionadas com os
campos de ação no que couber caso a caso, mas vale ressaltar que a leitura atenta da Resolução 477/2008 é
de fundamental importância. Observe os quadros a seguir.
Campos de ação 
Sistema de Saúde 
Farmácia Magistral 
Farmácia Comunitária 
Indústria Farmacêutica 
Educação e Qualificação Profissional 
Pesquisa e Desenvolvimento 
Processamento dos Insumos de Origem Vegetal 
Fornecimento, Distribuição, Importação e Exportação 
Prescrição 
Quadro. Campos de ação segundo a Resolução 477/08 do Conselho Federal de Farmácia.
As principais atribuições distribuídas em três eixos: 
Eixo pedagógico : Pesquisa e estudos etnobotanicos e etnofarmacologicos, desenvolvimento
de sistema de informação técnico, ações de capacitação, URM, estudos de
Farmacovigilância &; Farmacoepidemiologia. 
Eixo técnico-farmacêutico : Cultivo, coleta, secagem e armazenamento adequado da
matéria-prima vegetal, especificação técnica dos insumos, farmacotécnica — boas práticas
de fabricação —, estudos de estabilidade do medicamento fitoterápico, atendimento à
legislação sanitária, referência técnica pela Farmacopeia Brasileira e documentos oficiais . 
• 
• 
• 
• 
As principais atribuições distribuídas em três eixos: 
Eixo clínico : Formação da Comissão de Farmácia e Terapêutica (CTF), elaboração de
formulários terapêuticos, assistência farmacêutica, atenção farmacêutica, dispensação
orientada bases no URM. 
Quadro. Atribuições conforme a Resolução 477/08 do Conselho Federal de Farmácia.
Você pode acessar as informações completas na Resolução 477/08 (CFF).
Um capítulo à parte se abre para a prescrição farmacêutica de fitoterápicos, que deverá atender aos
princípios postulados no URM e nas condicionalidades descritas nas resoluções do Conselho Federal de
Farmácia de número, 546/2011, 585/2013 e 586/2013, que regulamentaram as atribuições clínicas do
farmacêutico e a prescrição farmacêutica. 
Atribuições do profissional farmacêutico em Fitoterapia
Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre importância do farmacêutico na implementação das
políticas públicas relacionadas à Fitoterapia e sua atuação como prescritor de medicamentos fitoterápicos.
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Uso tradicional e uso racional de plantas medicinais e
medicamentos fitoterápicos
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Políticas Públicas de Plantas Medicinais e de Fitoterápicos
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Verificando o aprendizado
Questão 1
O Conselho Federal de Farmácia definiu, por meio de resolução, as atribuições do profissional farmacêutico no
âmbito da Fitoterapia. Assinale a alternativa que contém essa resolução:
A Resolução 546/11
B Resolução 585/13
C Resolução 477/08
D Resolução 586/13
E Lei 5.991/73
A alternativa C está correta.
A Resolução 477/2008 foi publicada a fim de definir a atuação do farmacêutico no âmbito da Fitoterapia.
Essa resolução estabelece as atribuições do profissional farmacêutico no âmbito da Fitoterapia em
diferentes áreas, seja na produção das drogas vegetais e seus derivados, na manipulação magistral ou na
produção industrial.
Questão 2
A Fitoterapia é uma das práticas que foram incorporadas e implementadas ao SUS em decorrência da Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Assinale a alternativa que representa um dos
objetivos principais da PNPIC.
A Estabelecer a racionalização das ações em Saúde a partir de estratégias inovadoras e desenvolvimento
sustentável de comunidades.
B Garantir a presença do profissional farmacêutico no atendimento fitoterápico.
C Normatizar as boas práticas na fabricação de medicamentos fitoterápicos.
D Estabelecer os parâmetros mínimos dos insumos utilizados no preparo do fitoterápico.
E Propor que o serviço de fitoterápicos na UBS seja oferecido apenas nas capitais das unidades
federativas.
A alternativa A está correta.
Entre outras proposições, a PNPIC propõe objetivos que suscitam estratégias de implementação das PIC,
entre elas a Fitoterapia, a partir de estratégias e ações que atendessem à lógica da integralidade dos
sujeitos e das demandas das populações, bem como garantissem a continuidade dos serviços.
4. Conclusão
Considerações finais
Neste conteúdo, vimos que o uso de plantas medicinais permeia a história e está enraizado na cultura e na
crença da sociedade até os dias de hoje. Nesse ínterim, a Fitoterapia se consolida como a estratégia
terapêutica caracterizada pela utilização de plantas medicinais em suas diferentes preparações
farmacêuticas. 
Vimos também que o desenvolvimento de um medicamento fitoterápico é constituído por diferentes etapas
que vão desde as pesquisas etnobotânica e etnofarmacológica até ensaios pré-clínicos, a fim de garantir sua
eficácia e segurança. 
Por fim, verificamos que, graças ao empenho de diferentes entidades de profissionais de Saúde, a Fitoterapia
é integrante de importantes políticas públicas e faz parte do rol de práticas terapêuticas oferecidas à
população brasileira na atenção básica. 
Podcast
Neste podcast, você descobrirá um pouco mais sobre os principais conceitos e definições em
Fitoterapia, bem como sua evolução como prática até os dias de hoje. Além disso, verá quais são as
perspectivas futuras e os desafios do farmacêutico como profissional central desde o desenvolvimento
até a prescrição de medicamentos fitoterápicos.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para ouvir o áudio.
Explore +
Saiba mais sobre produtos tradicionais fitoterápicos passíveis de notificação de acordo com as formulações
publicadas na segunda edição do Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, disponível no site da
Anvisa.
 
Entenda mais sobre estudos não clínicos com o Guia de condução de estudos não clínicos de toxicologia e
segurança farmacológica necessários ao desenvolvimento de medicamentos, publicado pela Gerência de
Avaliação de Segurança e Eficácia — GESEF, em 2013.
 
Você deve, também, consultar a segunda edição do Formulário de Fitoterápicos, Farmacopeia Brasileira,
disponível no site da Anvisa.
Referências
ANTONIO, G. D.; TESSER, C. D.; MORETTI-PIRES, R. O. Fitoterapia na atenção primária à Saúde. Rev. Saúde
Pública, v. 48, n 3, p. 541-553, 2014.
 
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia brasileira. 6. ed. Brasília, 2019. v. 2.
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS — PNPIC-SUS. Brasília, DF: Ministério da Saúde,
2006a. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de
Assistência Farmacêutica. A Fitoterapia no SUS e o Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais da Central de
Medicamentos. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006b. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de
Assistência Farmacêutica. Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Brasília, DF: Ministério da
Saúde, 2006c. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
 
GIRALDI, M.; HANAZAK, N. Uso e conhecimento tradicional de plantas medicinais no Sertão do Ribeirão,
Florianópolis, SC, Brasil. Acta bot. bras., v. 24, n. 2, p. 395-406, 2010.
 
LUZ,
M.; BARROS, N. (Org.). Racionalidades e práticas integrativas em saúde. Rio de Janeiro: UERJ/IMS/
LAPPIS, 2012.
 
MONTEIRO, S. da C.; BRANDELLI, C. L. C. Farmacobotânica: aspectos teóricos e aplicação. Porto Alegre:
Artmed, 2017.
 
SOCIEDADE BRASILEIRA DE FARMACOGNOSIA. O que é Farmacognosia? S. d. Consultado na internet em: 22
nov. 2021.
	Introdução à Fitoterapia
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Objetivos
	Introdução
	Orientação sobre unidade de medida
	1. Prática terapêutica
	Conceito, histórico e importância da Fitoterapia
	Considerações iniciais
	Um breve histórico
	Comentário
	Mesopotâmia - 2600 a.C.
	Egito (Papiro de Ebers) - 2000 a.C.
	Grécia com Hipócrates - 460–377 a.C.
	Grécia com Dioscórides - 40–90 d.C. (era Cristã)
	Grécia com Galeno - 129–216 d.C.
	Suíça com Paracelso - 1493–1541
	Farmacopeias Brasileiras (FB) e Mementos Terapêuticos -1929 (1ª edição FB) – 2019 (6ª edição volume II - FB)
	Alemanha – Século XX
	Conceito e importância da Fitoterapia
	Correlação entre Farmacognosia e Fitoterapia
	A descrição da droga
	Ensaios de controle de qualidade botânico
	Testes
	Doseamento
	Condições de embalagem e armazenamento
	Espécies vegetais na Farmacopeia Brasileira
	Conteúdo interativo
	Definições em Fitoterapia
	Chá medicinal
	Droga vegetal
	Derivado vegetal
	Etnobotânica
	Etnofarmacologia
	Extrato
	Fitoterápico
	Fitofármaco
	Matéria-prima vegetal
	Planta medicinal
	Planta medicinal fresca (in natura)
	Produto fitoterápico
	Tintura
	Vem que eu te explico!
	Um breve histórico
	Conteúdo interativo
	O conceito e a importância da Fitoterapia
	Conteúdo interativo
	Definições em Fitoterapia
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	2. Pesquisa em Fitoterapia
	Etnobotânica e Etnofarmacologia no desenvolvimento de fitoterápicos
	Identificação botânica
	Pesquisa bibliográfica
	Análise química
	Comentário
	Desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos e validação científica
	Atenção
	Dimensão botânica
	Dimensão agronômica
	Comentário
	Saiba mais
	Dimensão fitoquímica
	Atenção
	Dimensão da investigação de atividade biológica
	Atenção
	Desenvolvimento da formulação
	Dimensão clínica (ensaios clínicos)
	Fase I
	Fase II
	Fase III
	Fase IV
	Relembrando
	Pesquisa com plantas medicinais e obtenção de drogas vegetais
	Conteúdo interativo
	Vem que eu te explico!
	A Etnobotânica e Etnofarmacologia no desenvolvimento de fitoterápicos
	Conteúdo interativo
	Desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos e validação científica
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	3. Políticas públicas
	Uso tradicional e uso racional de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos
	Comentário
	A prescrição deve ser apropriada
	A disponibilidade oportuna
	Preços acessíveis
	A dispensação deve ser realizada em condições adequadas
	O consumo
	O consumo pelo período indicado pelo prescritor
	Políticas públicas de plantas medicinais e de fitoterápicos
	Intenções
	Acesso
	Planejamento
	Potencialização
	Comentário
	Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC)
	Comentário
	Resolutividade
	Racionalização
	Reforço
	Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos
	Atenção
	Fitoterapia na atenção básica
	Atribuições do profissional farmacêutico em Fitoterapia
	Comentário
	Atribuições do profissional farmacêutico em Fitoterapia
	Conteúdo interativo
	Vem que eu te explico!
	Uso tradicional e uso racional de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos
	Conteúdo interativo
	Políticas Públicas de Plantas Medicinais e de Fitoterápicos
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	4. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
	Conteúdo interativo
	Explore +
	Referências

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