AULA 02 - NASCITURO

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Direito Civil I – Parte Geral
Professora Ms. Ana Flávia Loyola
Aula 02
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Quando se inicia a personalidade jurídica?
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Como se dá a aquisição da personalidade jurídica?
Sabemos que a pessoa natural, para o direito, é o ser humano, enquanto sujeito, enquanto destinatário de direitos e obrigações.
O surgimento ocorre a partir do nascimento com vida.
Respeitável parcela da doutrina defende que o Direito Civil adotou a teoria natalista: Vicente Ráo, Silvio Rodrigues, Eduardo Espínola, Sílvio Venosa.
CC Francês: a personalidade começa com a concepção.
A situação jurídica do nascituro é um dos temas mais apaixonantes e complexos do Direito Civil.
Conceito: o que está por nascer, mas já concebido no ventre materno; o ente concebido, embora não nascido.
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TEORIA NATALISTA: a personalidade do ser humano se inicia do nascimento com vida, não se exigindo mais nenhuma característica como a forma humana, viabilidade de vida ou tempo de nascido.
Mas quando se daria o nascimento? E a vida?
O nascimento ocorreria com a separação do ventre da mãe.
A vida se daria com a primeira troca-oxicarbônica, com a primeira respiração do bebê que acabou de nascer. – Docimasia Hidrostática de Galeno.
Porque é importante saber se o ser humano que nasceu chegou a respirar?
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Porque se houve respiração, esse ser humano:
Adquiriu personalidade;
Tornou-se sujeito de direitos;
Adquiriu direitos sucessórios;
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ESTUDO DE CASO
A - Um homem falece deixando sua namorada grávida. Se o filho nascer morto, quem recebe a herança do de cujus?
B - Um homem falece deixando sua namorada grávida. Se o filho nascer vivo, vindo a falecer logo em seguida, quem recebe a herança do de cujus?
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ANÁLISE E DISCUSSÃO
A - Se o filho nascer morto, a herança do de cujus será transmitida a seus pais, se ainda forem vivos.
B - Se o filho nascer vivo, vindo a falecer logo em seguida, significou que o filho chegou a herdar o patrimônio de seu pai, vindo a transferi-lo para sua mãe com a sua morte.
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NATIMORTO: é aquele que nasceu morto, não adquirindo, portanto, personalidade. 
O registro do natimorto é feito no Cartório de Registro Civil das pessoas naturais em livro próprio denominado livro “C Auxiliar” (art. 53, Lei 6015/73).
NEOMORTO: é aquele que nasceu com vida, ou seja, nasceu, respirou, porém logo em seguida veio a falecer.
Procede-se primeiro a um registro de nascimento e, posteriormente, a um registro de óbito, uma vez que chegou a ser, ainda que por breve instante, titular de personalidade, herdando e transmitindo os seus direitos sucessórios.
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CÓDIGO CIVIL DE 2002: adota a Teoria Natalista, na primeira metade do artigo 2º. do CC: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. (grifo nosso). 
E o nascituro, como fica? Por que o proteger? Ele é sujeito de direitos, apesar de não ter nascido?
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NASCITURO: é o ser concebido, mas que ainda não nasceu. 
“A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.
A doutrina começou a indagar sobre o porquê da proteção deferida ao nascituro, já que não era necessário o nascimento com vida para se configurar como sujeito de direitos?
Assim a lei civil trata do nascituro quando, posto não o considere pessoa, coloca a salvo os seus direitos desde a concepção. Assim teria o nascituro mera expectativa de direito. Mas esta questão não é pacífica na doutrina.
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TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL: entende que a personalidade tem início a partir da concepção, porém, condiciona-se o nascimento com vida. Antes de nascer o que existe é uma personalidade jurídica formal a justificar o resguardo dos direitos da personalidade do nascituro, e depois do nascimento, é que surge a personalidade jurídica material, que alcançará os direitos patrimoniais.
O nascituro possui direitos sob condição suspensiva.
A proteção do nascituro explica-se, pois há nele uma personalidade condicional que surge, na sua plenitude, com o nascimento com vida e se extingue no caso de não chegar a viver. Arnoldo Wald.
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TEORIA CONCEPCIONISTA: a personalidade se adquire desde a concepção e o nascituro já possui personalidade jurídica. Os concepcionistas sugerem uma releitura do art. 2º. do CC, entendendo que, na realidade, o que se adquire com o nascimento com vida é a capacidade e não a personalidade, de modo que os direitos da personalidade já estariam salvaguardados desde a concepção.
 O nascituro adquiriria personalidade jurídica desde a concepção, sendo assim considerado pessoa. Teixeira de Freitas, Beviláqua, Limongi França e Francisco Amaral dos Santos.
Essa personalidade confere direitos apenas para a titularidade de direitos da personalidade a exemplo do direito à vida ou a uma gestação saudável, uma vez que os direitos patrimoniais estariam sujeitos ao nascimento com vida.
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Diferença entre a TEORIA CONCEPCIONISTA e TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL:
A Teoria da Personalidade Condicional, embora reconheça direitos ao nascituro, aponta que a personalidade jurídica estaria sujeita a uma condição, qual seja, o nascimento com vida. Já a Teoria Concepcionista, além de reconhecer o direito do nascituro, admite a personalidade jurídica desde a concepção, sem submetê-la a qualquer condição.
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ATIVIDADE REFLEXIVA
Em qual ou quais teorias o artigo 2º. do Código Civil Brasileiro se baseia? Você concorda com o posicionamento adotado pelo Código ao incorporar tais teorias? O que você entende ser mais justo em relação a garantia dos direitos da personalidade do nascituro? 
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“A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura”. (Enunciado n. 1).
I Jornada de Direito Civil, promovida pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho de Justiça Federal:
Isso significa que não há dúvida quanto à garantia dos direitos da personalidade ao nascituro, estendendo-os, inclusive, ao natimorto. Além do que, o enunciado corrobora, não obstante a redação do art. 2º. Do CC, a aguda tendência da doutrina à Teoria Concepcionista
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EMBRIÃO
Existem duas espécies de embrião:
EMBRIÃO PRÉ-IMPLANTATÓRIO: é aquele ser que foi concebido in vitro, porém ainda não foi implantado no útero da mulher.
EMBRIÃO EXCEDENTÁRIO: aquele ser que remanesceu de uma fertilização de proveta.
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Ainda não há regulamentação legal sobre os embriões e muito se tem discutido sobre a possibilidade de descarte deles. Apenas a Lei de Biossegurança (Lei 11.105/05), ao tratar de uma “miscelânea de temas”, atenta de maneira tosca para o problema.
Há quem entenda que o embrião deve ser equiparado ao nascituro e, inclusive, há projeto de lei nesse sentido.
Esta questão transita muito mais pelo âmbito do Biodireito do que propriamente pelo Direito Civil. Tanto é assim que:
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“Sem prejuízo dos direitos da personalidade nele assegurados, o artigo 2º. do Código Civil não é sede adequada para questões emergentes da reprogenética humana, que deve ser objeto de estudo próprio”. (Enunciado n. 2).
I Jornada de Direito Civil, promovida pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho de Justiça Federal:
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INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. ALIMENTOS PROVISÓRIOS EM FAVOR DO NASCITURO. POSSIBILIDADE. ADEQUAÇÃO DO QUANTUM. 1. Não pairando dúvida acerca do envolvimento sexual entretido pela gestante com o investigado, nem sobre exclusividade desse relacionamento, e havendo necessidade da gestante, justifica-se a concessão de alimentos em favor do nascituro. 2. Sendo o investigado casado e estando também sua esposa grávida, a pensão alimentícia deve ser fixada tendo em vista as necessidadesdo alimentando, mas dentro da capacidade econômica do alimentante, isto é, focalizando tanto os seus ganhos como também os encargos que possui. Recurso provido em parte" (TJRS. AI nº 70006429096, Rel. Des. Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, j. 13/08/2003). 
 AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS PROVISÓRIOS. DESPESAS COM NASCITURO. As despesas pré-natais com o nascituro podem sustentar a fixação de alimentos provisórios. PROVA DOS AUTOS. A prova dos autos, em seu conjunto, afirmam a certeza do despacho judicial, não só quanto a condenação como ao valor fixado. Agravo improvido" (TJRS. AI nº 596067629, Rel. Des. Tupinambá Miguel Castro do Nascimento, j. 17/07/1996).
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 FAMÍLIA. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE E ALIMENTOS. NATUREZA PERSONALÍSSIMA DA AÇÃO. LEGITIMIDADE ATIVA. DIREITO DO NASCITURO. São legitimados ativamente para a ação de investigação de paternidade e alimentos o investigante, o Ministério Público, e também o nascituro, representado pela mãe gestante. (TJMG. APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0024.04.377309-2/001, Rel. Des. DUARTE DE PAULA, j. 10/03/2005).