Prévia do material em texto
ATOS DO JUIZ
Ao longo de todo o procedimento o juiz também pratica e participa de diversos atos
processuais. Por exemplo, o juiz exerce a presidência e o poder de polícia na audiência.
Trata-se de um ato material praticado pelo magistrado no processo.
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias
e despachos.
Nos parágrafos temos o conceito de cada uma dessas espécies de pronunciamentos
judiciais.
A sentença é o pronunciamento judicial que dá fim à atividade jurisdicional da fase de
conhecimento ou extingue a ação de execução. A sentença poderá se dar com ou sem
resolução de mérito, conforme dispõem, respectivamente, os arts. 487 e 485, ambos do
NCPC. Veja:
§ 1o RESSALVADAS as disposições expressas dos procedimentos especiais,
SENTENÇA é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e
487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.
Da sentença, cabe apelação.
A decisão interlocutória envolve pronunciamentos judiciais dados no curso do processo,
que resolvem questões incidentes. Em termos práticos, toda e qualquer decisão proferida
pelo magistrado, que não coloque fim à fase de conhecimento, será denominada de
interlocutória.
Da decisão interlocutória, cabe agravo de instrumento.
E se por fim à fase de conhecimento? Se a decisão por fim à fase de conhecimento
será chamada de sentença, conforme analisado acima!
2º DECISÃO INTERLOCUTÓRIA é todo pronunciamento judicial de natureza decisória
que não se enquadre no § 1º.
O despacho, por sua vez, é ato praticado pelo juiz sem cunho decisório. São atos que
tem por finalidade tão somente impulsionar o processo, denominados atos de mero
expediente. Por não conter conteúdo decisório, os despachos são irrecorríveis.
§ 3º São DESPACHOS todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no
processo, de ofício ou a requerimento da parte.
Pergunta-se:
A Constituição não prevê no inc. XIV do art. 93 que os servidores receberão delegação
para a prática de atos de administração e atos de mero expediente. Portanto, o juiz poderá
delegar ao servidor a prática de despachos?
Não! Na realidade, tudo o que disser respeito a atos do juiz sem caráter decisório será
denominado de despacho. Alguns desses atos, entretanto, envolvem situações
expressamente previstas na legislação ou, até mesmo, em provimentos de corregedorias ou
portarias judiciais. Quando isso ocorrer, ao invés do magistrado praticar esse ato, como
forma de otimizar e racionalizar a prestação da atividade jurisdicional, ele será efetuado
pelo servidor, por previsão legal ou por delegação do magistrado. Nesse caso, eles serão
denominados de atos ordinários. Veja:
§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória,
INDEPENDEM DE DESPACHO, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos
pelo juiz quando necessário.
O art. 204, do NCPC, esclarece a questão dos pronunciamentos pelo Tribunal. Quando
estudamos os pronunciamentos sempre nos referimos ao juiz, como magistrado atuando
sozinho em primeira instância.
No tribunal, as decisões são colegiadas e não é correto, tecnicamente, falar em
sentença dada pelo tribunal. Desse modo, esclarece o art. 204, do NCPC, que sempre que
o órgão colegiado do Tribunal proferir uma decisão será denominado de acórdão. Confira:
Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais.
Cumpre esclarecer que nos tribunais temos a figura do relator. O relator é quem conduz
o processo até o julgamento pelo órgão colegiado. O relator é responsável por analisar o
caso com a elaboração do relatório e do voto, por dar andamento ao processo e por redigir,
em regra, o acórdão após o julgamento. Nesse curso – desde a chegada do processo no
tribunal até o final do trâmite – serão necessários alguns despachos e decisões, que serão
denominadas de decisões monocráticas. São chamadas de monocráticas porque, embora
em trâmite em órgão colegiado, essa decisão é proferida por apenas um juiz, o relator do
processo.
O art. 205, por sua vez, estabelece que esses pronunciamentos judicias – tanto do juiz
de primeiro grau como do tribunal – devem ser:
● redigidos, vale dizer, não podem ser praticados exclusivamente na forma oral;
● datados;
● assinados pelos juízes que o praticaram; e
● publicados no Diário de Justiça Eletrônico.
Art. 205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos serão redigidos,
datados e assinados pelos juízes.
§ 1o Quando os pronunciamentos previstos no caput forem proferidos oralmente, o
servidor os documentará, submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura.
§ 2o A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode ser feita
eletronicamente, na forma da lei.
§ 3o Os despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo das sentenças e a ementa
dos acórdãos serão publicados no Diário de Justiça Eletrônico.
PRAZOS
“Prazos são lapsos temporais que existem entre dois termos (termo inicial, dies a quo, e
termo final, dies ad quem) dentro dos quais se prevê a oportunidade para uma ação ou
omissão.”
Assim, temos uma data inicial e uma data final delimitadas para a prática de
determinado ato processual. Com isso temos a delimitação objetiva do tempo para a prática
de atos processuais no curso do processo. Essa delimitação atingir às partes, o juiz e,
inclusive, os auxiliares de justiça.
Portanto, a fim de que o procedimento seja sucessivo e caminhe com vistas à decisão
de mérito e à efetiva prestação da tutela jurisdicional, temos a fixação de diversos prazos
processuais. De acordo com a doutrina, esses prazos podem ser agrupados em
classificações.
Classificação
Os prazos podem ser classificados:
a) pela sua origem:
Os prazos legais são aqueles que estão previstos na legislação, tal como vem
explicitado no caput do art. 218, do NCPC. Em REGRA, os prazos estão previstos na
legislação.
Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei.
Os prazos judiciais, de acordo com o art. 218, §1º, do NCPC, são aqueles que, devido à
omissão da lei, são fixados pelo juiz, de acordo com a complexidade do ato.
§ 1o Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à
complexidade do ato.
Os prazos convencionais são aqueles fixados pelas partes, seja em razão de um
negócio jurídico processual, seja em face da calendarização do processo, entre outras
possibilidades previstas na legislação processual.
b) quanto às consequências de seu descumprimento:
Assim, leva-se em consideração a ocorrência ou não de preclusão temporal.
Se ocorrer a preclusão, o prazo será denominado de prazo próprio.
Se não implicar a preclusão, o prazo é impróprio.
Os prazos impróprios podem ser ordinários, embora não gerem a preclusão, podem
implicar em sanção disciplinar. É caso de o servidor não praticar o prazo conforme previsto
em lei. Não podemos afirmar que se o servidor não fez a remessa a quem determinado no
despacho do prazo definido, restará preclusa a possibilidade de fazer a remessa dos autos.
Pelo contrário, o servidor tem a obrigação de fazer o quanto antes e, por ultrapassar oatos processuais por
meio eletrônico, o que implica significativa agilização do fluxo
processual.
■ arbitral, para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento, na
área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária
formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória.
Art. 260. São requisitos das cartas de ordem, precatória e rogatória:
I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato;
II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao
advogado;
III - a menção do ato processual que lhe constitui o objeto;
IV - o encerramento com a assinatura do juiz.
§ 1º O juiz mandará trasladar para a carta quaisquer outras peças, bem como instruí-la com
mapa, desenho ou gráfico, sempre que esses documentos devam ser examinados, na diligência,
pelas partes, pelos peritos ou pelas testemunhas.
§ 2º Quando o objeto da carta for exame pericial sobre documento, este será remetido em
original, ficando nos autos reprodução fotográfica.
§ 3º A carta arbitral atenderá, no que couber, aos requisitos a que se refere o caput e será
instruída com a convenção de arbitragem e com as provas da nomeação do árbitro e de sua
aceitação da função.
- O não preenchimento de qualquer dos requisitos pode acarretar a devolução da carta
ao juízo deprecante, sem o cumprimento esperado.
- Nada obsta, ainda, que outros documentos sejam anexados posteriormente, por
iniciativa das partes ou do juiz incumbido de dar cumprimento ao ato que constitua objeto da
carta.
Art. 261. Em todas as cartas o juiz fixará o prazo para cumprimento, atendendo à facilidade das
comunicações e à natureza da diligência.
§ 1º As partes deverão ser intimadas pelo juiz do ato de expedição da carta.
§ 2º Expedida a carta, as partes acompanharão o cumprimento da diligência perante o juízo
destinatário, ao qual compete a prática dos atos de comunicação.
§ 3º A parte a quem interessar o cumprimento da diligência cooperará para que o prazo a que se
refere o caput seja cumprido.
- Consequências da não observância do prazo fixado: A jurisprudência entende que
da fluência do prazo sem o cumprimento e a devolução da carta não resulta consequência
processual relevante, devendo o juízo deprecado, ao devolver a carta, expor ao deprecante
as razões que acarretaram o excesso de prazo, em decorrência do acúmulo de serviços
forenses, das dificuldades para localizar o destinatário, do adiamento de audiências
designadas etc. O prazo é impróprio, mas a sua indicação é necessária, embora a ausência
seja passível de sanação.
Art. 262. A carta tem caráter itinerante, podendo, antes ou depois de lhe ser ordenado o
cumprimento, ser encaminhada a juízo diverso do que dela consta, a fim de se praticar o ato.
Parágrafo único. O encaminhamento da carta a outro juízo será imediatamente comunicado ao
órgão expedidor, que intimará as partes.
Art. 263. As cartas deverão, preferencialmente, ser expedidas por meio eletrônico, caso em que
a assinatura do juiz deverá ser eletrônica, na forma da lei.
- O art. 7º da Lei 11419/2006, que trata da comunicação eletrônica de atos processuais,
determina que as cartas precatórias, rogatórias, de ordem e, de modo geral, todas as
comunicações oficiais que transitem entre órgão do Poder Judiciário, bem como entre os
deste e os dos demais Poderes, serão feitas preferencialmente por meio eletrônico. Não
sendo possível a sua utilização, as cartas serão emitidas pelos meios convencionais.
Representa forma de concretização do princípio de razoável duração do processo.
Art. 264. A carta de ordem e a carta precatória por meio eletrônico, por telefone ou por
telegrama conterão, em resumo substancial, os requisitos mencionados no art. 250, especialmente
no que se refere à aferição da autenticidade.
- Observe-se que o legislador, ao que tudo indica, foi descuidado ao fazer referência ao
art. 250 do CPC/2015, que disciplina os requisitos da citação, quando a referência correta
seria ao art. 260 do CPC/2015, o qual estabelece os requisitos formais das cartas de ordem,
precatória e rogatória. Traço induvidoso do erro é o fato de que o art. 206 do CPC/73
(correspondente ao art. 263 do CPC/2015) continha correta remissão ao art. 202 do
CPC/1973 (correspondente ao art. 260, do CPC/2015).
- A simples leitura da norma nos permite concluir que o cumprimento de cartas por meio
eletrônico, telefone ou telegrama é limitado às cartas de ordem e às cartas precatória, não
se estendendo para alcançar as rogatórias, que são mais burocráticas, e pelo respeito às
normas internas dos países destinatários, sob pena de a comunicação não ser processada.
O dispositivo que analisamos lista requisitos formais das cartas, cujo não preenchimento
pode acarretar a sua devolução, sem cumprimento.
Art. 265. O secretário do tribunal, o escrivão ou o chefe de secretaria do juízo deprecante
transmitirá, por telefone, a carta de ordem ou a carta precatória ao juízo em que houver de se cumprir
o ato, por intermédio do escrivão do primeiro ofício da primeira vara, se houver na comarca mais de
um ofício ou de uma vara, observando-se, quanto aos requisitos, o disposto no art. 264 .
§ 1º O escrivão ou o chefe de secretaria, no mesmo dia ou no dia útil imediato, telefonará ou
enviará mensagem eletrônica ao secretário do tribunal, ao escrivão ou ao chefe de secretaria do juízo
deprecante, lendo-lhe os termos da carta e solicitando-lhe que os confirme.
§ 2º Sendo confirmada, o escrivão ou o chefe de secretaria submeterá a carta a despacho.
Art. 266. Serão praticados de ofício os atos requisitados por meio eletrônico e de telegrama,
devendo a parte depositar, contudo, na secretaria do tribunal ou no cartório do juízo deprecante, a
importância correspondente às despesas que serão feitas no juízo em que houver de praticar-se o
ato.
- Embora a ausência de referência expressa à solicitação telefônica (existente no
correspondente art. 208 do CPC/1973), ou outro meio hábil à transmissão, não há razão
para que não seja, na hipótese, aplicada a mesma regra, considerando que as despesas a
que se faz referência no dispositivo são as de cumprimento do ato.
Art. 267. O juiz recusará cumprimento a carta precatória ou arbitral, devolvendo-a com decisão
motivada quando:
I - a carta não estiver revestida dos requisitos legais;
II - faltar ao juiz competência em razão da matéria ou da hierarquia;
III - o juiz tiver dúvida acerca de sua autenticidade.
Parágrafo único. No caso de incompetência em razão da matéria ou da hierarquia, o juiz
deprecado, conforme o ato a ser praticado, poderá remeter a carta ao juiz ou ao tribunal competente.
- Em consonância com o princípio da motivação.
- Enunciado nº 26 do III FPPC-Rio: Os requisitos legais mencionados no inciso I do art.
267 são os previstos no art. 260.
Enunciado nº 27 do III FPPC-Rio: Não compete ao juízo estatal revisar o mérito da
medida ou decisão arbitral cuja efetivação se requer por meio da carta arbitral.
Art. 268. Cumprida a carta, será devolvida ao juízo de origem no prazo de 10 (dez) dias,
independentemente de traslado,pagas as custas pela parte.
- Impõe-se, ainda, a nosso sentir, sejam as partes intimadas de retorno da carta, o que
corresponde, ademais, à disposição geral contida no art. 269 do CPC/2015.
O prazo fixado pela norma é impróprio, de modo que a sua fluência sem a prática do
ato esperado não impede que a carta seja devolvida posteriormente.
- O enunciado 44 do Fórum Permanente esclarece: “No âmbito dos Juizados Especiais,
não são devidas despesas para efeito do cumprimento de diligências, inclusive quando da
expedição de cartas precatórias”. Vide: art. 54 da Lei n. 9.099/95: “O acesso ao Juizado
Especial independerá, em primeiro grau de jurisdição, do pagamento de custas, taxas ou
despesas”.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art264
+ Sendo necessária a prática de atos processuais em lugar diverso da sede do juízo,
poderá o órgão jurisdicional solicitar cooperação judiciária, mediante expedição de carta
precatória ou carta rogatória (art. 236, CPC/2015).
+ O CPC trata, em capítulo próprio, da cooperação entre os órgãos do Poder Judiciário,
estadual ou federal, especializado ou comum, em todas as instâncias e graus de jurisdição,
incluindo os tribunais superiores. O art. 36 impõe um dever de cooperação recíproca entre
eles, por meio de magistrados e servidores.
O pedido de cooperação independe de forma específica e deverá ser prontamente
atendido. Pode ter por objeto: auxílio direto, reunião e apensamento de processos,
prestação de informações, atos concertados entre juízes cooperantes, atos esses que
poderão consistir, entre outros, na prática de citação, intimação ou notificação de ato,
obtenção e apresentação de provas e coleta de depoimentos, efetivação de tutela
provisória; efetivação de medidas e providências para recuperação e preservação de
empresas; facilitação de habilitação de créditos na falência e na recuperação judicial;
centralização de processos repetitivos e execução de decisão jurisdicional. Para tanto, os
órgãos judiciais poderão se valer das cartas de ordem, precatória e arbitral, reguladas no
próprio CPC.
DAS INTIMAÇÕES
Distingue-se da citação, em vários aspectos. Esta é sempre dirigida ao réu, executado
ou ao interessado, ao passo que a intimação pode ser dirigida a qualquer das partes, seus
advogados, auxiliares da justiça (peritos, depositários, testemunhas) ou a terceiros, a quem
cumpre realizar determinado ato no processo.
E, enquanto a citação serve para dar ciência da existência do processo ao citando,
chamado especificamente para integrar a relação processual, a intimação serve para dar
ciência, a alguém, de qualquer ato ou termo no curso do processo, para que faça ou deixe
de fazer alguma coisa.
Há ainda outra diferença: a citação é feita pessoalmente ao citando (ou ao seu
representante, em caso de incapacidade, ou ao seu procurador). Já a intimação é, em
regra, dirigida ao advogado das partes, preferencialmente por via eletrônica, ou mediante
publicação no órgão oficial de imprensa, salvo quando a lei exigir que seja pessoal, como
ocorre, por exemplo, com a dirigida ao autor para dar andamento ao feito em cinco dias, sob
pena de extinção sem resolução de mérito, ou com a dirigida às partes para prestar
depoimento pessoal, sob pena de confissão. As intimações, em suma, são dirigidas ao
advogado para a prática de atos que exijam capacidade postulatória; e são dirigidas às
partes, quando há determinação judicial para que elas, pessoalmente, façam ou deixem de
fazer algo.
A intimação pode ser feita:
■ por meio eletrônico;
■ pela publicação no Diário Oficial;
■ pelo correio;
■ por mandado, inclusive com hora certa em caso de ocultação;
■ por edital;
Art. 269. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo.
§ 1º É facultado aos advogados promover a intimação do advogado da outra parte por meio do
correio, juntando aos autos, a seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso de recebimento.
§ 2º O ofício de intimação deverá ser instruído com cópia do despacho, da decisão ou da
sentença.
§ 3º A intimação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas
respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia
Pública responsável por sua representação judicial.
- Se a parte não praticar determinado ato depois de intimada, depara com a preclusão
como consequência, entendida como a perda da faculdade de praticar o ato em face do
decurso do prazo (art. 223).
- A lei processual permite que as intimações sejam aperfeiçoadas pelos advogados,
exclusivamente em relação ao advogado da parte contrária, não à parte contrária.
Entendemos que a norma deve ter a sua interpretação ampliada, para que as intimações
por iniciativa do advogado sejam aperfeiçoadas não apenas pelos correios, como também
pelos cartórios de títulos e documentos, por ser técnica mais segura, conferindo a certeza
de que o advogado da parte contrária recebeu o documento judicial.
- Mesmo o CPC indicando as exigências formais para a comprovação da realização da
intimação, em que se visa a segurança dos atos praticados no processo, a jurisprudência já
admite a intimação, nos casos em que não ocorra irregularmente, como válida, se a parte a
que se destinava teve ciência inequívoca do ato praticado no processo, reconhecendo
intimada a patê que tomou conhecimento do ato judicial por outra forma que não a prevista.
Art. 270. As intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma da lei.
Parágrafo único. Aplica-se ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Advocacia Pública o
disposto no § 1º do art. 246 .
Art. 271. O juiz determinará de ofício as intimações em processos pendentes, salvo disposição
em contrário.
- Considerando que o processo tem início por provocação da parte, mas se desenvolve
por impulso oficial (art. 2º), as intimações são realizadas independentemente de
requerimento das partes ou da determinação do magistrado, aperfeiçoando-se
automaticamente, através da publicação dos pronunciamentos na imprensa oficial, do
cumprimento dos mandados de intimação, a cargo do oficial de justiça, após expedição
realizada pelo escrivão, ou por meio eletrônico.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art246%C2%A71
Art. 272. Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela
publicação dos atos no órgão oficial.
§ 1º Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles dirigida, figure apenas o nome da
sociedade a que pertençam, desde que devidamente registrada na Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 2º Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação constem os nomes das partes e
de seus advogados, com o respectivo número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, ou,
se assim requerido, da sociedade de advogados.
§ 3º A grafia dos nomes das partes não deve conter abreviaturas.
§ 4º A grafia dos nomes dos advogados deve corresponder ao nome completo e ser a mesma
que constar da procuração ou que estiver registrada na Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 5º Constando dos autos pedido expressopara que as comunicações dos atos processuais
sejam feitas em nome dos advogados indicados, o seu desatendimento implicará nulidade.
§ 6º A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga pelo advogado, por pessoa
credenciada a pedido do advogado ou da sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela
Defensoria Pública ou pelo Ministério Público implicará intimação de qualquer decisão contida no
processo retirado, ainda que pendente de publicação.
§ 7º O advogado e a sociedade de advogados deverão requerer o respectivo credenciamento
para a retirada de autos por preposto.
§ 8º A parte arguirá a nulidade da intimação em capítulo preliminar do próprio ato que lhe caiba
praticar, o qual será tido por tempestivo se o vício for reconhecido.
§ 9º Não sendo possível a prática imediata do ato diante da necessidade de acesso prévio aos
autos, a parte limitar-se-á a arguir a nulidade da intimação, caso em que o prazo será contado da
intimação da decisão que a reconheça.
Art. 273. Se inviável a intimação por meio eletrônico e não houver na localidade publicação em
órgão oficial, incumbirá ao escrivão ou chefe de secretaria intimar de todos os atos do processo os
advogados das partes:
I - pessoalmente, se tiverem domicílio na sede do juízo;
II - por carta registrada, com aviso de recebimento, quando forem domiciliados fora do juízo.
- Embora a lei sugira que as partes são intimadas através dos seus advogados, em
determinadas situações, a intimação deve ser pessoal, aperfeiçoada na própria parte, como
a intimação que antecede o depoimento pessoal; a intimação para que a parte tome ciência
da possibilidade de o processo ser extinto sem a resolução do mérito, por abandono
processual, sendo convocada para dar-lhe andamento (incisos II e III e § 1º do art. 485); a
intimação para que a parte constitua novo mandatário, em decorrência do falecimento do
seu procurador, sob pena de extinção do processo sem a resolução do mérito ou da
decretação da revelia do réu (§ 3º do art. 313) etc.
- art. 25 da LEF dispõe: “Na execução fiscal, qualquer intimação ao representante
judicial da Fazenda Pública será feita pessoalmente.” Interpretando o dispositivo, a
jurisprudência entende que a intimação do representante da Fazenda Pública pode ser
aperfeiçoada por carta, quando estiver em localidade distinta da qual a execução tem curso.
Art. 274. Não dispondo a lei de outro modo, as intimações serão feitas às partes, aos seus
representantes legais, aos advogados e aos demais sujeitos do processo pelo correio ou, se
presentes em cartório, diretamente pelo escrivão ou chefe de secretaria.
Parágrafo único. Presumem-se válidas as intimações dirigidas ao endereço constante dos autos,
ainda que não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação temporária ou definitiva
não tiver sido devidamente comunicada ao juízo, fluindo os prazos a partir da juntada aos autos do
comprovante de entrega da correspondência no primitivo endereço.
- O dispositivo em comentário prevê a possibilidade de a intimação ser realizada
através da expedição de cartas, não apenas destinadas às partes, aos seus representantes
legais e aos seus advogados, segundo entendemos, mas a todos os participantes do
processo, como o perito, os assistentes técnicos, o avaliador etc. A intimação por carta (ao
contrário da realizada por mandado, através do oficial de justiça) agiliza o processo,
permitindo a aplicação concreta do princípio da razoável duração do processo. Além disso,
a intimação pode ser aperfeiçoada diretamente por qualquer auxiliar do juízo investido de fé
de ofício, com destaque para o escrivão e o chefe de secretaria, aproveitando-se do
comparecimento da parte, do seu advogado ou do seu representante legal na sede do juízo,
para examinar os autos do processo ou para praticar algum ato, como observamos com o
comparecimento da parte à audiência de instrução e julgamento, quando pode ser intimada
dos termos da tutela provisória concedida pelo magistrado, por exemplo.
Art. 275. A intimação será feita por oficial de justiça quando frustrada a realização por meio
eletrônico ou pelo correio.
§ 1º A certidão de intimação deve conter:
I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada, mencionando, quando possível, o
número de seu documento de identidade e o órgão que o expediu;
II - a declaração de entrega da contrafé;
III - a nota de ciente ou a certidão de que o interessado não a apôs no mandado.
§ 2º Caso necessário, a intimação poderá ser efetuada com hora certa ou por edital.
- Para garantir o esperado dinamismo processual, a lei prevê que as intimações devem
ser realizadas por meio eletrônico, pelos correios ou pela imprensa oficial. Apenas quando a
diligência não puder ser cumprida pelas formas preferenciais é que se justifica a intimação
procedida pelo oficial de justiça, através do cumprimento de mandados. Essa modalidade
de intimação burocratizada é aperfeiçoada quando a correspondência postada retornar com
a informação de que o destinatário não mais reside no endereço; de que o número não foi
localizado pelo carteiro, bem assim quando a convocação se dá com o propósito de que a
parte pratique atos necessários ao andamento do processo, sob pena de extinção (inciso III
do art. 485); para que preste depoimento pessoal (§ 1º do art. 385) etc.
- Os incisos que integram a norma em comentário listam os requisitos essenciais da
certidão de intimação. Embora essenciais, entendemos que a ausência de qualquer dos
requisitos não vicia a intimação, sendo considerada válida, caso qualquer das partes não
comprove a ocorrência de prejuízo, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos
autos, em respeito ao princípio da instrumentalidade das formas.
DAS NULIDADES
- Ocorre quando o ato é praticado sem a observância de um requisito de validade.
Distingue-se da irregularidade, porque esta não provoca nenhuma consequência; e da
ineficácia porque, a partir de determinado momento, será também sanada. No curso do
processo, se o juiz detectar alguma nulidade, determinará a correção, ordenando, se
necessário, que o ato processual contaminado e os a ele interligados sejam refeitos.
Encerrado o processo, haverá ainda a possibilidade de, por meio de ação rescisória,
reclamar de algumas nulidades. Mas, findo o prazo da rescisória, a nulidade será sanada. A
ineficácia, por sua vez, não se sana nunca pelo simples transcurso do tempo, podendo ser
arguida a qualquer tempo.
O ato nulo produzirá efeitos e consequências processuais até que o juiz reconheça o
vício e declare a nulidade: enquanto isso, continuará eficaz. Só podem ser qualificados de
nulos os atos do juiz e dos seus auxiliares. Os das partes não o são propriamente: apenas,
se não preencherem os requisitos legais, não produzirão os efeitos que visavam alcançar.
Assim, se o réu apresentar contestação que não obedeça às exigências legais, o juiz
não a considerará nula, mas não apresentada, deixando de produzir os efeitos almejados. O
ato será ineficaz. A lei não enumera quais são as nulidades. Mas, de forma genérica,aduz
que serão nulos os atos que não respeitam determinado requisito legal. São exemplos:
■ as decisões prolatadas por juízes impedidos ou por juízos absolutamente
incompetentes;
■ a falta de intervenção do Ministério Público, quando obrigatória;
■ a citação realizada sem obediência às formalidades legais;
■ a sentença que não observe a forma prescrita em lei.
Na nulidade absoluta, a forma terá sido imposta em observância ao interesse público, e
na relativa, aos das próprias partes. A distinção não decorre de texto de lei, mas de criação
doutrinária e jurisprudencial. Quando a nulidade é cominada por lei, quase sempre é
absoluta. São exemplos: os atos praticados por juízo absolutamente incompetente ou juiz
impedido; a falta de intervenção do Ministério Público ou do curador especial, quando
necessária. Há ainda nulidades absolutas que não decorrem de cominação legal, mas do
sistema. Será nula a sentença proferida sem que o juiz tenha ouvido a parte sobre um
documento juntado aos autos pelo adversário, fundamental para a decisão, porque isso fere
o princípio constitucional do contraditório.
São exemplos de nulidade relativa os atos praticados por juiz suspeito, ou em que haja
incompetência relativa do juízo.
Em suma: será preciso verificar se a forma prevista em lei e não respeitada decorria de
norma cogente, estatuída em prol do interesse público, ou de norma não cogente,
estabelecida em vista do interesse das partes. Disso resultam diferentes consequências:
■ só a nulidade absoluta pode ser decretada, de ofício, pelo juiz; a relativa tem que ser
alegada pela parte a quem interessa;
■ a relativa preclui, se não alegada na primeira oportunidade; a absoluta não, podendo
ser conhecida a qualquer tempo no curso do processo (salvo recurso especial ou
extraordinário, que exigem prequestionamento) e, eventualmente, até mesmo depois do seu
encerramento, por meio de ação rescisória. Até as nulidades absolutas precluirão em
determinado momento, o do encerramento do processo (ou da possibilidade de interpor os
recursos ordinários) ou, quando muito, o da ação rescisória; mas a relativa precluirá se não
alegada na primeira oportunidade;
■ a nulidade relativa só pode ser arguida por quem tenha interesse, por ter sofrido
algum prejuízo em decorrência do ato; a absoluta pode ser arguida por qualquer dos
participantes do processo, ainda que não sofra prejuízo, já que pode ser conhecida até
mesmo de ofício. Mas também essa regra tem exceções. Há casos de nulidades absolutas
que só poderão ser invocadas por aqueles que tiveram prejuízo. É o caso das decorrentes
da falta de intervenção do Ministério Público, quando atua como auxiliar da parte, ou do
curador especial, quando atua em favor de um dos litigantes. Entende-se que só poderá ser
alegada se a parte em favor de quem intervém o Ministério Público ou o curador especial
tiver sucumbido. Se não tiver sofrido prejuízo, inexistirá a nulidade.
Art. 276. Quando a lei prescrever determinada forma sob pena de nulidade, a decretação desta
não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.
- Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza: A nulidade pode ser de forma (quando
o ato não reveste a roupagem predefinida em lei) e/ou de conteúdo (quando o ato não
incluiu condição substancial prevista na norma, como a expedição de mandado de citação,
sem observar os requisitos listados no art. 250). Partindo da premissa de que a parte deve
se comportar com lealdade e boa-fé, aquele que deu causa à nulidade não pode se
aproveitar do seu reconhecimento.
Diferentemente do que observamos em relação aos negócios jurídicos, a nulidade do
ato processual pode ser sanada e relevada, quando a finalidade for alcançada, sem que as
partes tenham sofrido prejuízo, ou seja, sem que o princípio do contraditório e da ampla
defesa tenha sido infringido.
Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se,
realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.
- Adoção do princípio da instrumentalidade das formas: Conforme destacamos
anteriormente, o regime de nulidades do CPC se diferencia do da lei material, pela
possibilidade de aproveitamento do ato, mesmo quando não revestir a forma prevista em lei,
o que valoriza o entendimento de que processo é meio, não fim, devendo ser útil ao direito
material. Além de alcançar a finalidade, é fundamental que o aproveitamento do ato não
infrinja os princípios do contraditório e da ampla defesa e da isonomia, sob pena de o
prejudicado se creditar no direito de atacar o pronunciamento que considera o ato válido
como preliminar da apelação ou nas contrarrazões desse mesmo recurso (§ 1º do art.
1.009). A prescrição legal, nestes casos, deve servir como um norte, no entanto, não é
mandatória a observância da forma legal caso encontre-se outro meio igualmente idôneo
para realização do mesmo ato. Caminhar em sentido contrário é se apegar a formalismos
que não possuem mais espaço no processo moderno.
Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte
falar nos autos, sob pena de preclusão.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades que o juiz deva decretar de
ofício, nem prevalece a preclusão provando a parte legítimo impedimento.
- Embora a norma preveja que a nulidade dos atos deve ser suscitada na primeira
oportunidade de que as partes dispõem para se manifestar nos autos, se a nulidade decorre
da prolação de decisão interlocutória que não possa ser atacada pelo recurso de agravo de
instrumento, nas situações previstas no art. 1.015, a parte que se sente prejudicada deve
suscitar a questão como preliminar da apelação ou nas contrarrazões desse mesmo recurso
(§ 1º do art. 1.009), não após a prática do ato, na primeira oportunidade de que dispõe para
falar nos autos. O caput está assim se referindo as chamadas nulidades relativas.
Evidencia-se tal opção uma vez que impõe à parte o ônus de alegar a nulidade para que
seja reconhecida, consagrando uma vez mais a ideia referida. Diferente é o que diz o
parágrafo único do artigo em comento. Trata o parágrafo das chamadas nulidades
absolutas, as quais devem ser reconhecidas de ofício pelo magistrado. Uma vez não
reconhecida pelo próprio magistrado, pode a parte a qualquer tempo trazer à tona a
existência da nulidade e buscar a sua decretação, pois se trata, efetivamente, de defeito
incorrigível (vício insanável). Tal vício, por ser considerado de natureza mais grave (está
mais intimamente ligada ao interesse público), não está, por conseguinte, sujeita aos efeitos
da preclusão. Ainda que não esteja explicitado no texto legal, como deve ser reconhecida
de ofício pelo magistrado, não há como imaginar que possa sofrer os efeitos da preclusão,
pois que existiria um verdadeiro problema de lógica sistemática se diferente fosse.
Art. 279. É nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for intimado a
acompanhar o feito em que deva intervir.
§ 1º Se o processo tiver tramitado sem conhecimento domembro do Ministério Público, o juiz
invalidará os atos praticados a partir do momento em que ele deveria ter sido intimado.
§ 2º A nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se
manifestará sobre a existência ou a inexistência de prejuízo.
- Entendemos que a nulidade não deve ser decretada sempre que o MP afirma a
existência do prejuízo, cabendo ao magistrado reconhecê-lo, através de decisão
fundamentada, que pode ser atacada como preliminar da apelação ou nas contrarrazões
desse mesmo recurso (§ 1º do art. 1.009).
- A nulidade decorrente do não aperfeiçoamento da intimação do MP atinge o ato do
qual a instituição não teve ciência e os subsequentes, que daquele dependam. Em outras
palavras, o reconhecimento da nulidade produz efeitos ex tunc (desde o início).
Art. 280. As citações e as intimações serão nulas quando feitas sem observância das
prescrições legais.
- Embora a norma sugira a nulidade absoluta das citações e das intimações, quando
não aperfeiçoadas de acordo com as prescrições legais, a nulidade pode ser sanada se a
parte comparecer aos autos após a citação ou a intimação, praticando o ato esperado. A
norma textualiza a regra geral, que pode ser excepcionada, por exemplo, em face do
comparecimento do réu, depois de citado, apresentado defesa, embora o mandado de
citação não tenha preenchido qualquer dos requisitos listados no art. 250.
- Prevalece a regra de que apenas será decretada a nulidade do ato irregular se este
trouxe algum prejuízo à parte. Em não havendo prejuízo, o processo segue seu curso
natural.
- Considerando que a citação válida é pressuposto de desenvolvimento válido e regular
do processo (embora parte da doutrina considere a citação como condição de eficácia do
processo em relação ao réu), a lei permite que a sua nulidade seja arguida a qualquer
tempo e grau de jurisdição, enquanto não esgotada a instância ordinária (1º e 2º graus de
jurisdição), não se admitindo (segundo pensamos) que seja suscitada pela primeira vez no
recurso especial ou no recurso extraordinário, em respeito ao requisito específico do
prequestionamento, próprio desses recursos (Súmula 282 do STF). Além disso, o réu pode
suscitar a nulidade da citação na impugnação (inciso I do § 1º do art. 525), desde que a
fase de conhecimento tenha corrido à revelia, e como fundamento da ação rescisória (inciso
V do art. 966).
- Opinião doutrinária: Partindo da premissa de que, sem a citação, não há que se falar
em processo em relação ao réu, entendemos que a nulidade da citação, seguida da
prolação de sentença que transita em julgado, produzindo coisa julgada material, pode ser
atacada após o prazo decadencial da ação rescisória, através do ajuizamento da ação de
querela nullitatis insanabilis, considerando que, com a nulidade da citação, todos os demais
atos devem ser considerados inexistentes (não simplesmente nulos), inclusive a sentença.
Art. 281. Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os subsequentes que dele
dependam, todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras que dela sejam
independentes.
Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as
providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados.
§ 1º O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar a parte.
§ 2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da nulidade,
o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.
Art. 283. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que não
possam ser aproveitados, devendo ser praticados os que forem necessários a fim de se observarem
as prescrições legais.
Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados desde que não resulte prejuízo
à defesa de qualquer parte.
- preocupação com o respeito ao princípio da instrumentalidade das formas e do
aproveitamento dos atos processuais para buscar a verdadeira realização de um processo
mais célere e efetivo.
FORMAÇÃO, SUSPENSÃO e EXTINÇÃO
DO PROCESSO
O processo nasce, se desenvolve e se exaure, normalmente, quando atinge a sua
meta, que é a composição do litígio, encontrada na sentença de mérito (nas ações de
cognição) ou na satisfação do credor (na execução forçada).
Formação do Processo
1. O que é processo
Processo: relação jurídica de direito público entre três pessoas: juiz, autor e réu. é
autônoma, não se confundindo com a relação material controvertida. Teoria angular: os
direitos e deveres das partes se exercem, portanto, perante o juiz e não propriamente
perante a outra parte (Humberto Theodoro).
Processo: é a soma de atos que objetivam determinado fim: solucionar litígios
(processo de conhecimento), efetivar direito já reconhecido (execução). A função do juiz é
substitutiva (substitui a vontade das partes para composição do litígio), e ele age somente
quando provocado. No entanto, uma vez iniciado, o processo é movido por impulso oficial,
já que existe um interesse público (Ernane Fidélis).
Na instalação da relação processual prevalece o princípio dispositivo. A parte tem o
alvitre de postular ou não a tutela jurisdicional, isto é, a propositura da demanda é ato
privativo da parte. Mas, vencida esta fase inaugural, o processo passa a se desenvolver por
impulso oficial do juiz (princípio inquisitivo).
2. Formação gradual da relação processual
Ao receber a petição do autor o Estado vincula-se em relação apenas linear, por força
do direito de ação. Forma-se um dos lados da relação processual, o lado ativo: a ligação
autor-juiz e juiz-autor. Numa segunda fase, com a citação do réu, a relação processual se
completa com o seu lado passivo, com a vinculação réu-juiz e juiz-réu. Aí, sim, o processo
estará perfeito em sua forma angular.
Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a
propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for
validamente citado.
A formação do processo consuma-se com a citação válida do réu.
● Despachada, porém, a petição inicial, não se pode dizer que ainda não existe
processo, pois, embora a complementação se dê com a citação do réu, entre autor e
juiz já se estabelece relação processual angular, perfeitamente hábil a gerar efeitos,
passíveis até de serem acobertados pela coisa julgada.
● Se o réu não foi citado, mas proferiu-se sentença de mérito, o autor a ela fica sujeito,
como também à definitividade de seus efeitos. É o que ocorre em todas as hipóteses
de improcedência liminar do pedido (art. 312)
Formação da relação processual é diferente de propositura da ação. Esta se dá pelo
simples fato de ser protocolada a petição inicial (art. 312). A prevenção do juízo, a
litispendência, a litigiosidade da coisa, a constituição em mora do devedor e a interrupção
da prescrição, com relação ao réu, só ocorrerão, todavia, depois da citação válida (art. 312
c/c. art. 240).
Em resumo:
(a) a propositura da ação vincula autor e juiz à relaçãoprocessual por meio do exercício
do direito de ação;
(b) a citação amplia a relação e nela integra o réu, para assegurar-lhe o exercício do
direito de defesa; e
(c) completa a relação, assegurado ao Estado estará o exercício pleno do poder
jurisdicional, diante do caso concreto.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art240
3. Estabilização do processo
A formação completa da relação processual conduz ao que se chama de estabilização
da instância. Fixados no pedido e na causa de pedir ficam os limites do julgamento que
regulará a relação de direito entre as partes.
O autor pode, “até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir,
independentemente do consentimento do réu” (art. 329, I), justamente porque, até então, a
relação processual só existe entre autor e juiz.
Formada a relação processual, autor e réu passam a ter direito à sentença, mas tudo
de conformidade com o que no processo se deduziu. Não é lícito, portanto, ao autor, após a
citação, alterar a causa de pedir ou o pedido, sem o expresso consentimento do réu (art.
329).
Estabilizado o processo, não se pode mais:
a) a modificação do pedido ou da causa de pedir, salvo acordo com o réu;
b) nem a alteração das partes litigantes, salvo as substituições permitidas por lei;
c) o juízo, também, não será alterado, pois se vincula pelo registro ou distribuição da
petição inicial (art. 43); mas essa vinculação é do órgão (juízo) e não da pessoa física do
juiz.
4. Alterações no processo
Alterações no pedido/causa de pedir:
(a) antes da citação, a inovação pode dar-se por ato unilateral e livre do autor;
(b) depois da citação e antes do saneamento do processo, as partes são livres para
fazê-lo, mediante consenso, independentemente de aprovação judicial;
(c) depois da fase de saneamento, as partes ainda poderão fazê-lo mediante negócio
jurídico processual, cujo efeito, todavia, dependerá de controle e aprovação do juiz.
Alterações subjetivas:
As partes, também, se estabilizam após a citação, e não se substituem, a não ser nos
casos expressamente previstos em lei. O falecimento é uma causa obrigatória de
substituição da parte por seu espólio ou seus sucessores.
Entretanto, no caso de sucessão entre vivos, a substituição da parte por seu sucessor
só se dará, no processo, mediante assentimento do outro litigante.
“O processo nasce, se desenvolve e se exaure, mas podem ocorrer obstáculos no
caminho: são determinados acontecimentos que causam a suspensão temporária do
processo ou sua extinção prematura, antes que se lograsse a composição do litígio”.
Suspensão do Processo
1. Conceito
Ocorre a suspensão do processo quando um acontecimento voluntário, ou não,
provoca, temporariamente, a paralisação da marcha dos atos processuais.
Ao contrário dos fatos extintivos, no caso de simples suspensão, tão logo cesse o efeito
do evento extraordinário que a causou, a movimentação do processo se restabelece
normalmente.
A suspensão inibe o andamento do feito, mas não elimina o vínculo jurídico
emanado da relação processual, que, mesmo inerte, continua a subsistir com toda sua
eficácia.
Os atos processuais anteriormente praticados não são prejudicados: permanecem
íntegros e válidos à espera da superação da crise. Até mesmo os prazos iniciados antes
da suspensão não ficam prejudicados na parte já transcorrida. Sua fluência
restabelece-se, após cessada a paralisação do feito, apenas pelo restante necessário a
completar o lapso legal (art. 221).
Todavia, durante a suspensão, nenhum ato processual é permitido (art. 314). Os que
por acaso forem praticados são considerados anuláveis (pode afastar a nulidade se não
gerou prejuízo a ninguém).
● Permite o Código, no entanto, que o juiz da causa excepcionalmente possa, ainda
no prazo da suspensão, determinar a realização de atos urgentes, a fim de evitar
dano irreparável (art. 314, segunda parte), a exemplo da necessidade de citação
diante da iminência de prescrição ou decadência, bem como de antecipação de
prova em risco de se perdê-la. Essa permissão, todavia, não se aplica quando a
suspensão decorre de arguição de impedimento e suspeição do juiz (art. 314,
segunda parte). Nesse caso, a tutela de urgência será requerida ao substituto legal
do juiz da causa (art. 146, § 3).
A suspensão sempre depende de uma decisão judicial que a ordene, pois o
comando do processo é do juiz. Essa decisão, todavia, é meramente declarativa, de sorte
que, para todos os efeitos, considera-se suspenso o processo desde o momento em
que ocorreu o fato que a motivou e não apenas a partir de seu reconhecimento nos
autos.
O término da suspensão é automático naqueles casos em que haja um momento
preciso, fixado na 524. própria lei (ex: arguição de suspeição - art. 146, § 2º, II), ou no ato
judicial que a decretou (como no caso em que se defere a paralisação do feito por prazo
determinado).
Sendo, porém, impreciso o termo da suspensão (tal como se passa em situação de
motivo de força maior), a retomada da marcha e dos prazos processuais dependerá de
uma nova deliberação judicial e da consequente intimação das partes.
2. Causas de suspensão do processo
Art 313/CPC - causas de ordem física, lógica e jurídica:
I - morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, do seu
representante legal ou de seu procurador;
Morte: o processo fica suspenso até a substituição (habilitação) pelo espólio ou
sucessores. Se o direito for intransmissível, a morte da parte causa extinção do processo.
Se não houver habilitação: se o morto for o réu, o autor é intimado a promover a citação do
espólio/sucessores em prazo judicial (2 a 6 meses), e se descumprir a diligência o processo
será extinto por abandono; se o morto foi o autor o juiz mandará intimar o
espólio/sucessores pelos meios que achar adequados para que se habilitem no prazo, sob
pena de extinção sem resolução do mérito, por falta de pressuposto (art. 485, IV).
Se ocorreu a perda da capacidade processual de uma parte, o juiz suspende o
processo até que o curador se habilite.Se ele não se habilitar, o juiz nomeia curador
especial para o processo. O mesmo com a morte do representante legal.
Morte de advogado: juiz intima a parte pessoalmente para constituir outro adv no prazo
de 15 dias. Se o autor não o fez: processo extinto sem julgamento do mérito (contumácia).
Se o réu não o fez: revelia.
II - pela convenção das partes;
Não é automático, tem que ser decretado pelo juiz (mas é vinculado, não discricionário -
ele é obrigado a suspender). A suspensão não pode superar 6 meses. Findo o prazo, o juiz
determina de ofício o prosseguimento do feito.
III - pela arguição de impedimento ou de suspeição;
Após alegado o impedimento/suspeição, o juiz não pode praticar nenhum ato, mesmo
que urgente. Se a suspeição/impedimento for de algum auxiliar ou MP, ela vai correr em
autos apartados, mas o processo principal não é suspenso.
IV- pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas;
Quando os tribunais superiores instauram um incidente de resolução de demandas
repetitivas,os processos que tramitam no mesmo estado/região relativos à mesma questão
de direito são suspensos até que o tribunal julgue a tese em comum, com eficácia para
todas as demandas iguais. Pode praticar atos urgentes. Após o julgamento do incidente, os
processos retornam ao seu curso e serão julgado pela aplicação da tese assentada.
V - quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de
inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo
pendente;
b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a
produção de certa prova, requisitada a outro juízo;
É sempre que a sentença de mérito estiver na dependência de solução de uma questão
prejudicial que é objeto de outro processo, ou de ato processual a ser praticado fora dos
autos, como as diligências deprecadas a juízes de outras comarcas ou seções judiciárias.
Prejudiciais: antecedem à resolução do conflito e nela influenciam. Prejudiciais
externas: quando são objeto de outro processo pendente. Prejudiciais internas: são as
submetidas à apreciação do mesmo juiz que vai julgar a causa principal (é nos mesmos
autos). Se for interna, não há suspensão do processo, só suspende quando for externa.
A suspensão perdura até que a questão prejudicial ou preliminar seja solucionada. Mas
esse prazo não pode ultrapassar 1 ano, hipótese em que o processo retomará seu curso
normal e será julgado independentemente da diligência que provocou sua paralisação.
VI - por motivo de força maior;
É quando tem uma razão física que impossibilite o funcionamento do órgão
jurisdicional. Ex: o fórum pegou fogo/desmoronou/juiz morreu.
VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da
navegação de competência do Tribunal Marítimo;
Tribunal marítimo é o órgão administrativo que cuida de certos problemas ocorridos
durante a navegação. O processo judicial pode referir-se a pretensões apoiadas em fatos
que se encontrem sob a averiguação e regulação de órgão dessa natureza
VIII - nos demais casos que este Código regula.
Ex.: incapacidade processual/irregularidade de representação da parte; embargos à
execução; execução frustrada por falta de bens penhoráveis; execução fiscal; ADC.
IX - pelo parto ou pela concessão de adoção, quando a advogada responsável
pelo processo constituir a única patrona da causa;
É quando a advogada responsável pelo processo for a única patrona da causa, e
adotar/tiver filho. Suspende pelo período de 30 dias, contado a partir da data do parto ou da
concessão da adoção. A interessada deverá apresentar certidão de nascimento do filho
recém-nascido ou documento similar que comprove o parto. Tratando-se de adoção, o
documento necessário será o termo judicial. A advogada deve notificar a suspensão do
processo ao cliente, por escrito.
X - quando o advogado responsável pelo processo constituir o único patrono da
causa e tornar-se pai (Igual à anterior, porém somente por 8 dias).
3. Férias e suspensão do processo
Durante as férias forenses e nos feriados, não se praticam atos processuais, salvo as
exceções legais (arts. 214, I e II).
Se algum ato processual for praticado durante as férias, “nulo ele não será só por isso,
visto que terá eficácia a partir do momento em que as férias ou o feriado se encerrarem”.
Férias é diferente de feriado. O feriado não gera suspensão, só prorroga os prazos que
encerrarem durante o feriado para o próximo dia útil seguinte.
4. Suspensão por necessidade de verificação de fato delituoso
na justiça criminal
O Código prevê, a suspensão do processo quando o conhecimento do mérito depender
da verificação da existência de fato delituoso, até que a justiça criminal se pronuncie (art.
315).
Entretanto, para que o processo não fique paralisado eternamente, estabelece a lei que
se a ação penal não for proposta no prazo de 3 meses, contado da intimação do ato de
suspensão, o processo prosseguirá, incumbindo ao juiz cível examinar incidentalmente a
questão prévia (art. 315, § 1º).
Por fim, se a ação penal for proposta no prazo de três meses, o processo cível poderá
ficar suspenso por, no máximo, um ano, ao final do qual o juiz deverá dar prosseguimento
ao feito e examinar incidentalmente a questão prévia (art. 315, § 2º)
Extinção do Processo
1. Encerramento da relação processual
O sujeito da lide (parte) tem o direito subjetivo à prestação jurisdicional (ação), por meio
da sentença. Nem sempre, porém, a parte satisfaz os requisitos legais para obter do Estado
a solução de mérito, de modo que, muitas vezes, o juiz tem de encerrar o processo sem
penetrar no âmago da controvérsia que causou o ajuizamento da ação.
Extinção com resolução do mérito (art. 487): é quando é atingida a composição da
lide, é o exaurimento natural do processo.
● A sentença é definitiva (que decide o mérito da causa, no todo ou em parte).
Extinção sem resolução do mérito (art. 485): é quando fatos extraordinários
impedem o prosseguimento do processo e causam sua interrupção definitiva, extinguindo o
processo sem que a lide tenha sido solucionada (ex.: autor abandona o processo, existe
litispendência ou coisa julgada, etc). Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o
órgão jurisdicional deverá conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício.
● A sentença é terminativa.
Sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e
487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução, ou
seja, é tanto o ato que extingue o processo sem resolução de mérito como o que o faz
resolvendo o mérito da causa.
Em ambos os casos, porém, o ato do juiz necessário para pôr fim à relação
processual é a sentença, contra a qual o recurso cabível é sempre a apelação.
Só as sentenças definitivas se revestem da autoridade da coisa julgada material,
tornando impossível a rediscussão judicial sobre a mesma causa. As sentenças
terminativas só produzem efeitos dentro do processo, de modo que não vedam às partes
voltar a discutir o litígio em outro processo (coisa julgada formal).
Sentença terminativa (art 485):
I - indeferimento da inicial;
II - paralisação do processo durante mais
de um ano por negligência das partes;
III - abandono da causa, pelo autor, que
deixa o processo paralisado por mais de trinta
dias, sem promover os atos e diligências que
lhe competir;
IV - ausência de pressupostos de
constituição e de desenvolvimento válido e
regular do processo;
V - acolhimento da alegação de
perempção, litispendência ou de coisa
julgada;
VI - inocorrência de legitimidade das
partes ou de interesse processual (condições
da ação);
VII - acolhimento da alegação de
convenção de arbitragem ou quando o juízo
arbitral reconhecer sua competência;
VIII - desistência da ação;
IX - intransmissibilidade da ação, em
caso de morte da parte;
X - demais casos prescritos no Código.
Sentença definitiva (art. 487):
I - a que acolhe ou rejeita o pedido
formulado na ação ou na reconvenção;
II - a que decide sobre a ocorrência de
decadência ou prescrição;
III - a que homologa:a) o reconhecimento da
procedência do pedido
formulado na ação ou na
reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão
formulada na ação ou na
reconvenção.
aa
DAS NULIDADESprazo
prescrito, poderá sofrer sanções de natureza disciplinar.
Já nos prazos impróprios, anômalos, há tão somente repercussão de natureza
processual. A intimação do Ministério Público para a prática de atos processuais quando for
fiscal da ordem jurídica gera prazo para que o órgão ministerial se manifeste. Ultrapassado
esse prazo, não ocorre propriamente a preclusão, o juiz requisitará os autos e dará
seguimento ao processo. Outro exemplo é a remessa dos autos ao amicus curie, figura
interveniente no processo, segundo prevê o NCPC. Se o amicus curie não se manifestar no
prazo não haverá preclusão, nem mesmo aplicação de penalidade.
c) quanto à exclusividade do destinatário:
Os prazos comuns são aqueles destinados a ambas as partes (autor e réu); os prazos
particulares são aqueles destinados apenas ao autor ou apenas ao réu.
Pergunta-se:
E a classificação entre prazos dilatórios e peremptórios? Tal classificação não faz mais
sentido no NCPC.
No CPC/73 essa distinção estabelecia, em síntese, a possibilidade de o magistrado
flexibilizar alguns prazos legais. No NCPC os prazos observam a regra da alterabilidade, de
modo que todos os prazos podem ser alterados.
O art. 139, VI, do NCPC, estabelece que o magistrado, na condução do processo,
poderá “dilatar os prazos processuais”. Além disso, conforme estudado no art. 190, as
partes podem fixar negócio jurídico processual adaptando os prazos às especificidades do
caso segundo a conveniência das partes.
Para arrematar, veja o que conclui a doutrina:
Atendidos os seus pressupostos, todos os prazos legais são suscetíveis de alteração
no novo Código (arts. 139, VI, 189, 190 e 222, §1º, CPC). Daí que a velha dicotomia prazos
peremptórios e prazos dilatórios perdeu grande parte de sua importância.
Prazo subsidiário e prazo para comparecimento
Em regra, as intimações destinadas às partes contêm prazos explicitamente fixados,
seja pela lei, pelo magistrado e, inclusive, pelas partes. Há situações excepcionais, contudo,
com intimações para a prática de determinados atos sem a explicitação de prazo. Nesse
caso, a parte poderá praticá-lo quando quiser? Evidentemente que não, isso seria
prejudicial ao bom andamento da causa. Em face disso, temos duas regras relevantes no
art. 218, §§ 2º e 3º.
A primeira delas trata do prazo para comparecimento:
§ 2o Quando a lei ou o juiz NÃO determinar prazo, as intimações somente obrigarão a
comparecimento após decorridas 48 (QUARENTA E OITO) HORAS.
A segunda disciplina o prazo subsidiário:
§ 3o Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, SERÁ DE 5 (CINCO)
DIAS o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.
Portanto, se o juiz intimar determinada parte para que ela compareça em Juízo, sem
explicitar um prazo específico, a parte deverá fazê-lo no prazo de 48 horas.
Agora, se o juiz intimar a parte para se manifestar sobre a juntada de algum documento
e não houver na legislação o prazo, ou o juiz não fixar prazo determinado, o ato deverá ser
praticado no prazo de 5 dias.
Ato processual prematuro
Vimos, no início do capítulo, que todo prazo comporta um termo inicial (dies a quo) e
um termo final (dies ad quem). Assim, o juiz fixa no despacho a intimação da parte para que
ela cumpra o prazo em 5 dias e determina que o cartório faça a intimação.
Entre a fixação judicial e a efetiva intimação podem se passar dias, às vezes semanas.
É possível que o advogado da parte, por exemplo, decida consultar os autos e se depare
com a determinação judicial, da qual ainda não foi intimado.
Caso o advogado decida praticar o ato antes da intimação, ele será válido? É
justamente disso que tratamos aqui!
Sempre houve muita discussão na doutrina, e também na jurisprudência, acerca da
possibilidade da prática do ato processual prematuro ou extemporâneo. No caso do
exemplo acima a parte nem mesmo fora intimada, logo, não há termo inicial (dies a quo),
nesse caso, o prazo de 5 dias nem sequer começou a correr. Em face disso, a
jurisprudência tinha manifestações no sentido de que a prática extemporânea do ato era
inválida porque o prazo não existia.
Esse era o entendimento do STJ (que constava da Súmula STJ 418) e do TST.
Com o NCPC tivemos uma modificação importante no tratamento desse tema. A partir
do NCPC o ato processual prematuro é tempestivo. Se o advogado pretender “adiantar” o
seu trabalho e, desde logo praticar o ato processual para o qual ainda não foi intimado, ele
poderá fazê-lo. É o que nos diz o art. 218, §4º, do NCPC. Leia com atenção:
4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.
Contagem dos prazos
Uma das grandes alterações processuais que tivemos envolve a contagem dos prazos
processuais.
O termo inicial (dies a quo) do prazo é o momento que marca a existência do prazo.
Isso não significa que no momento em que há ocorrência do termo, o prazo começa a
contar. O termo inicial marca tão somente a existência (a fluência do prazo).
O termo final (dies ad quem) marca o fim da existência do prazo. Aqui, ao contrário do
termo inicial, o momento final da contagem coincide com o termo final. Enfim, como se dá a
contagem do prazo?
A primeira informação, seguindo a ordem de dispositivos do NCPC, é a que consta no
art. 219, o qual estabelece que os prazos são contados apenas de segunda a sexta-feira.
Confira:
Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz,
computar-se-ão SOMENTE OS DIAS ÚTEIS.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.
Assim, não são levados em consideração, para fins de contagem do prazo processuais,
os sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente forense, tal como os
feriados.
Por exemplo, se estivermos contando um prazo de 10 dias que começa a correr na
segunda, vamos contar até sexta os cinco primeiros dias (se não houver feriados),
suspendemos a contagem no sábado e domingo, e retomamos na segunda-feira. Assim, o
prazo de 10 dias terminará efetivamente na sexta-feira seguinte.
É importante compreender que essa regra se aplica aos prazos processuais, tal como
intimação para contestar, recurso, manifestação quando há documentos etc. Enfim, toda a
gama de prazos que estudamos no processo civil. Essa modalidade de contagem não se
aplica a prazos materiais.
Por exemplo, você estuda em direito civil os prazos prescricionais e decadenciais.
Esses prazos são materiais e não processuais, de modo que a eles a contagem em dias
úteis não se aplica.
Além da suspensão em sábados, domingos e em dias que não há expediente forense,
o NCPC estabelece que no período de 20 de dezembro da 20 de janeiro haverá suspensão
do curso dos prazos processuais.
Pergunta-se: não seria de 20 de dezembro a 6 de janeiro? Cuidado para não confundir
com o recesso judiciário.
Confira o dispositivo do NCPC:
Art. 220. SUSPENDE-SE o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20
de dezembro e 20 de janeiro, inclusive.
§ 1o RESSALVADAS as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os
membros do Ministério Público,da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os
auxiliares da Justiça exercerão suas atribuições durante o período previsto no caput.
§ 2o Durante a suspensão do prazo, NÃO se realizarão audiências nem sessões de
julgamento.
Os §§ acima citados ajudam a compreender a diferença entre suspensão dos prazos e
o recesso. Entre os dias 7 de janeiro e 20 de dezembro os Juízes, os membros do MP, os
defensores e os advogados podem continuar a praticar atos processuais e podem exercer
suas funções. Contudo, durante esse período não teremos o curso de prazos processuais.
Além disso, como estabelece o §2º, não teremos audiência ou sessões de julgamento.
De acordo com a doutrina, a suspensão dos prazos entre 20 de dezembro e 20 de
janeiro constitui conquista dos advogados, para que possam gozar de período de descanso.
Desse modo, exceto se deliberadamente quiserem laborar durante esse período, os prazos
que tenham iniciado antes do dia 20 de dezembro e que ainda não tenham sido concluídos,
tem a contagem paralisada, voltando a correr apenas após o dia 20 de janeiro.
Temos, ainda, mais duas regras de suspensão de prazos processuais estabelecidas no
art. 221, do NCPC. Leia com atenção:
Art. 221. SUSPENDE-SE o curso do prazo por obstáculo criado em detrimento da parte
ou ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 313, devendo o prazo ser restituído por tempo
igual ao que faltava para sua complementação.
Parágrafo único. SUSPENDEM-SE os prazos durante a execução de programa
instituído pelo Poder Judiciário para promover a autocomposição, incumbindo aos tribunais
especificar, com antecedência, a duração dos trabalhos.
Na hipótese do caput, se a parte criar alguma obstrução à prática do ato processual, o
juiz fixará o período da obstrução e esse lapso será considerado como suspensão. Também
ocorrerá suspensão do prazo quando as partes decidirem pela suspensão do processo, que
é disciplina no art. 313, do NCPC. Novamente teremos o congelamento do prazo, que
continuará a correr pelo que resta.
Por exemplo, se a parte devia devolver os autos físicos em cartório em determinado dia
para que a outra parte, sucessivamente, se manifestasse sobre determinado documento
juntado, mas efetua a entrega apenas cinco dias depois, o prazo sucessivo de manifestação
irá começar somente após a obstrução.
Na hipótese do parágrafo único temos há possibilidade de suspensão dos prazos
quando o Poder Judiciário formaliza programas para autocomposição. São as conhecidas
“Semanas de Conciliação”. Nesses períodos haverá a suspensão dos prazos para que
todos os sujeitos envolvidos no processo – notadamente magistrados, servidores, membros
do Ministério Público – possam voltar-se para o programa.
No art. 222, do NCPC, há mais uma hipótese de suspensão do prazo processual, dessa
vez pela prorrogação. Prevê o Código que, em unidades judiciais em que for difícil o
transporte, o magistrado poderá prorrogar os prazos pelo período de até dois meses.
Também poderá fazê-lo em caso de calamidade pública.
É importante deixar claro que na hipótese de calamidade pública – tal como uma
enchente – a prorrogação do prazo poderá ocorrer mesmo em cidades de fácil locomoção.
Nesse caso, o evento força maior justifica a prorrogação do prazo que poderá, inclusive, ser
superior a dois meses.
Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz
poderá prorrogar os prazos por ATÉ 2 (DOIS) MESES.
§ 1o Ao juiz é VEDADO reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes.
§ 2o Havendo calamidade pública, o limite previsto no caput para prorrogação de
prazos poderá ser excedido.
O art. 223, do NCPC, trata do efeito decorrente do término do prazo. Assim, terminado
o prazo extingue-se o direito da parte de praticar o ato de emendá-lo, a não ser que a parte
consiga provar que não praticou o ato por justa causa.
A justa causa aqui é compreendida tecnicamente como um conceito jurídico
indeterminado, que engloba eventos alheios à vontade da parte que a impediram de praticar
o ato processual. Por exemplo, deflagração de movimento grevista dos servidores que
impeça a entrega de determinado documento físico em cartório.
Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato
processual, independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte
provar que não o realizou por justa causa.
§ 1o Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da parte e que a impediu de
praticar o ato por si ou por mandatário.
§ 2o Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe
assinar.
Na sequência do estudo para a contagem dos prazos processuais é relevante
compreender a regra do art. 224, do NCPC, que estabelece que na contagem do prazo
devemos excluir o dia do começo e incluir o dia do vencimento.
Por exemplo, em um prazo de 3 dias, se a parte for considerada intimada no dia
24/10/2016 (segunda-feira), o primeiro dia do prazo será o dia 25/10/2016 (terça-feira), pois
será excluído o dia do início. O último dia para praticar o ato processual, no exemplo, será o
dia 27/10/2016 (quinta-feira), que marca o terceiro e último dia do prazo que está incluído
na contagem.
Art. 224. SALVO disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do
começo e incluindo o dia do vencimento.
Nos §§ do art. 224 temos algumas regras específicas importantes. Se o dia de começo
do prazo recair em dia em que o expediente seja encerrado antes, ou tenha se iniciado
após, ou até mesmo quando ocorrer indisponibilidade no sistema eletrônico de
comunicação processual, considera-se que o prazo começou no primeiro dia útil seguinte.
Veja:
§ 1o Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia
útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes ou
iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica.
No caso específico do processo eletrônico, considera-se o início do prazo, ou seja, a
sua fluência, no dia útil seguinte ao da disponibilização.
§ 2o Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da
disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico.
Por fim, como observado no exemplo acima, fluência (ou existência do prazo) não se
confunde com a data em que o prazo começa a correr, isso porque devemos excluir o dia
do começo. Assim, a contagem do prazo tem início no primeiro dia útil que se seguir àquele
que em for publicado.
§ 3o A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da publicação.
No exemplo acima, o dia 24 é o considerado como o dia da publicação. Portanto, esse
dia deve ser desconsiderado e os três dias do prazo são contados apenas nos dias 25 a 27.
Portanto, uma coisa é a intimação, que revela o momento em que o prazo passa a
existir. Outra coisa é o momento em que o prazo irá correr.
A existência é delimitada pela citação, pela intimação ou pela notificação, conforme
estabelecem os arts. 230 e 231, ambos do NCPC:
Art. 230. O prazo para a parte, o procurador, a Advocacia Pública, aDefensoria Pública
e o Ministério Público será contado da citação, da intimação ou da notificação.
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a
intimação for pelo correio;
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação
for por oficial de justiça;
III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do
escrivão ou do chefe de secretaria;
IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a
intimação for por edital;
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do
prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica;
VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a
data de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a
intimação se realizar em cumprimento de carta;
VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso
ou eletrônico;
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em
carga, do cartório ou da secretaria.
A citação, a notificação ou a intimação podem ocorre de diversas formas no processo,
em razão disso, temos momentos distintos para que o prazo se inicie. Esses momentos
foram lidos nos incs. do art. 231.
FORMA → COMEÇO DO PRAZO
Pelos Correios → Juntada aos Autos do Aviso de Recebimento.
Por oficial de Justiça → Juntada aos Autos do Mandato Cumprido
Por ato do escrivão ou do chefe de secretaria → Na data atestada.
Por edital → Dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo Juiz.
Via eletrônica → Dia útil seguinte à consulta ou ao término do prazo para consultar (10
dias).
Por Diário de Justiça → Data da publicação.
Por retirada dos autos de cartório. → Dia da carga.
Na hipótese de existir mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar leva
em consideração o último a ser citado quando o prazo for diferente, tal como prevê o §1º.
De todo modo, fora a regra excepcional acima, os prazos serão contados
individualmente, tal como se extrai da leitura do §2º. Confira:
§ 1o Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar
corresponderá à última das datas a que se referem os incisos I a VI do caput.
§ 2o Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado individualmente.
Por fim, confira os §§ 3º e 4º, do art. 231:
§ 3o Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, de
qualquer forma, participe do processo, sem a intermediação de representante judicial, o dia
do começo do prazo para cumprimento da determinação judicial corresponderá à data em
que se der a comunicação.
§ 4o Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com hora certa.
Renúncia do prazo
O art. 225, do NCPC, trata da possibilidade da parte renunciar o prazo. A renúncia
ocorre quando a parte não deseja praticar o ato que lhe é permitido e deseja que o
processo tenha seu curso.
Por exemplo, o magistrado intima a parte para se manifestar quanto a determinado
documento juntado nos autos no prazo de 10 dias. A parte, contudo, entende não pretende
se manifestar quanto àqueles documentos juntados e, para evitar que o processo fique
parado por 10 dias, renuncia ao prazo para que o juiz dê seguimento ao trâmite.
Isso somente será possível se observadas duas regras:
1ª regra: somente é possível a renúncia quando se tratar de prazo estabelecido
exclusivamente a seu favor.
2ª regra: deve renunciar de modo expresso, com petição nos autos.
Confira:
Art. 225. A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor,
desde que o faça de maneira expressa.
Prazos do Juiz
O NCPC, tal como o CPC73, estabelece prazos para que o juiz faça seus
pronunciamentos. A diferença em relação ao código anterior é que no novo temos prazo
mais elastecidos.
De todo modo, tais prazos são considerados impróprios, pois não geram a preclusão
pelo não cumprimento no prazo estipulado. Veja:
Art. 226. O juiz proferirá:
I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias;
II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias;
III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.
Logo:
Despachos: 5 dias
Decisões interlocutórias: 10 dias
Sentença: 30 dias
O art. 227, do NCPC, confirmando a classificação dos prazos do juiz como impróprios,
estabelece é possível prorrogar prazos do juiz por motivo justificado. Isso é importante, pois,
caso a parte se sinta lesada pela demora do magistrado, poderá reclamar perante as
corregedorias e perante o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Art. 227. Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o juiz
exceder, por igual tempo, os prazos a que está submetido.
Prazos dos servidores
Em relação aos servidores do Poder Judiciário, aplicam-se os prazos previstos no art.
228, do NCPC:
Art. 228. Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclusos no PRAZO DE 1 (UM)
DIA e executar os atos processuais no PRAZO DE 5 (CINCO) DIAS, contado da data em
que:
I - houver concluído o ato processual anterior, se lhe foi imposto pela lei;
II - tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz.
§ 1o Ao receber os autos, o serventuário certificará o dia e a hora em que teve ciência
da ordem referida no inciso II.
§ 2o Nos processos em autos eletrônicos, a juntada de petições ou de manifestações
em geral ocorrerá de forma automática, independentemente de ato de serventuário da
justiça.
Logo:
REMETER OS AUTOS CONCLUSOS - 1 dia
EXECUTAR - 5 dias
Prazos em caso de litisconsórcio
O litisconsórcio ocorre toda vez que tivermos duas ou mais partes no mesmo polo da
ação. Caso isso ocorra, é possível que seja aplicada a regra do art. 229, do NCPC, a qual
prevê que os prazos serão praticados em dobro. Assim, se o prazo para contestar é de
15 dias, caso existam dois ou mais réus, o prazo será de 30 dias.
Isso, contudo, não se aplica a todos os casos de litisconsórcio, mas apenas àqueles
em que houver procuradores diferentes e escritório distintos. Atenção: se forem
procuradores diferentes, mas do mesmo escritório, o prazo não será em dobro.
É importante registrar que configurada a situação de litisconsórcio por procuradores
diferentes, de escritórios distintos, o prazo em dobro será:
● para todas as manifestações;
● para qualquer juízo ou tribunal; e
● independe de requerimento da parte.
Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de
advocacia distintos, terão PRAZOS CONTADOS EM DOBRO para todas as suas
manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.
§ 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é
oferecida defesa por apenas um deles.
§ 2o Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos.
Art. 232. Nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória ou de ordem, a
realização da citação ou da intimação será imediatamente informada, por meio eletrônico,
pelo juiz deprecado ao juiz deprecante
Verificação dos Prazos e das Penalidades
O excessode prazo poderá implicar diversas consequências a todos os sujeitos do
processo. Tanto as partes, como os servidores, e também o magistrado, podem ser
responsabilizados em face do excesso de prazo.
● Em relação aos servidores públicos:
No NCPC a questão referente ao cumprimento dos prazos pelo Poder Judiciário ficou
bastante séria. Além de prever prazos para os servidores praticarem os atos processuais
que lhes são de responsabilidade, há expressamente regras que tratam da
responsabilização administrativa em caso de excesso de prazo.
O art. 233, do NCPC, prevê que o juiz será responsável por instaurar o processo
administrativo, de ofício ou por representação das partes interessadas, quando os
servidores excederem na prática do ato processual. Veja:
Art. 233. Incumbe ao juiz verificar se o serventuário excedeu, sem motivo legítimo, os
prazos estabelecidos em lei.
§ 1o Constatada a falta, o juiz ordenará a instauração de processo administrativo, na
forma da lei.
§ 2o Qualquer das partes, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá
representar ao juiz contra o serventuário que injustificadamente exceder os prazos previstos
em lei.
Assim, se não cumpridos os prazos de remessa à conclusão (1 dias) ou de execução
de atos determinados (5 dias), é possível que haja instauração de procedimento
administrativo.
● Em relação às partes no processo:
Para as partes a principal consequência por não praticar os atos processuais no prazo
é a perda da prerrogativa processual de fazê-lo, em razão da preclusão, que será estudada
adiante.
De toda forma, há ainda uma possibilidade específica que se refere à carga dos autos
físicos, ou seja, quando o advogado da parte comparece em cartório para retirada dos autos
a fim de praticar determinado ato processual.
Essa responsabilidade, quanto à questão da carga dos autos, estende-se aos
advogados, aos defensores e aos membros do Ministério Público.
Art. 234. Os advogados públicos ou privados, o defensor público e o membro do
Ministério Público devem restituir os autos no prazo do ato a ser praticado.
§ 1o É lícito a qualquer interessado exigir os autos do advogado que exceder prazo
legal.
Caso haja excesso de prazo em razão de carga dos autos (retirada dos autos físicos)
por parte dos advogados, dos defensores e dos membros do Ministério Público, o juiz
determinará a intimação para que os autos sejam devolvidos no prazo de 3 dias, o juiz
imporá três consequências:
1ª consequência: perda do direito de vista fora do cartório. Dito de outro modo, a parte
não poderá retirar os autos físicos em carga.
2ª consequência: multa no valor de ½ salário mínimo.
3ª consequência: comunicação ao órgão de classe para apuração disciplinar (por
exemplo, OAB, Conselho Superior do Ministério Público, entre outros).
Veja:
§ 2o Se, intimado, o advogado NÃO devolver os autos no PRAZO DE 3 (TRÊS) DIAS,
perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá em multa correspondente à metade do
salário-mínimo.
§ 3o Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local da Ordem dos Advogados
do Brasil para procedimento disciplinar e imposição de multa.
§ 4o Se a situação envolver membro do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da
Advocacia Pública, a multa, se for o caso, será aplicada ao agente público responsável pelo
ato.
§ 5o Verificada a falta, o juiz comunicará o fato ao órgão competente responsável pela
instauração de procedimento disciplinar contra o membro que atuou no feito.
● Em relação aos magistrados:
Para encerrar o tópico faltou tratar da responsabilidade do juiz. O art. 235, do NCPC,
prevê duas atitudes que podem ser tomadas contra o juiz em razão do excesso de prazo:
- representação à corregedoria do tribunal respectivo; e
- representação ao CNJ.
Art. 235. Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá
representar ao corregedor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou
relator que injustificadamente exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou regimento
interno.
Nos §§ do art. 235, do NCPC, temos a disciplina do procedimento dessa representação.
Confira como se dá o procedimento da representação:
1º – ajuizamento da representação (corregedoria ou CNJ);
2º - oitiva prévia do Juiz;
3º - verificação se é caso de arquivamento limitar;
4º - instauração do procedimento;
5º - intimação do representado (no caso, o juiz supostamente incorreu em excesso de
prazo) para se manifestar no prazo de 15 dias;
6º - adoção das medidas administrativas cabíveis no prazo de 48 horas;
7º - determinação para que o juiz pratique o ato processual que gerou a representação
no prazo de 10 dias;
8º - não praticado o ato no prazo de 10 dias, será determinado que o substituto o faça
em 10 dias.
Confira:
§ 1o Distribuída a representação ao órgão competente e ouvido previamente o juiz, não
sendo caso de arquivamento liminar, será instaurado procedimento para apuração da
responsabilidade, com intimação do representado por meio eletrônico para, querendo,
apresentar justificativa no prazo de 15 (QUINZE) DIAS.
§ 2o Sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis, em ATÉ 48 (QUARENTA E
OITO) horas após a apresentação ou não da justificativa de que trata o § 1o, se for o caso,
o corregedor do tribunal ou o relator no Conselho Nacional de Justiça determinará a
intimação do representado por meio eletrônico para que, em 10 (dez) dias, pratique o ato.
§ 3o Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao substituto legal do juiz ou do relator
contra o qual se representou para decisão em 10 (DEZ) DIAS.
CITAÇÃO
Citação é o ato processual de comunicação pelo qual se convoca o réu (inclusive o
executado) e interessado a integrar o processo (art. 238, CPC). A citação tem dois efeitos:
a) convocar o sujeito a juízo - in jus vocatio; b) cientificar-lhe do teor da demanda - edictio
actionis;
Pressuposto processual?
A citação não é pressuposto de existência do processo. Ela é uma condição de eficácia
do processo em relação ao réu (art. 312 CPC) e também requisito de validade dos atos
processuais que lhe seguirem (art. 239 CPC). Como exemplo, a sentença proferida em
processo em que não houve citação é ato defeituoso, cuja nulidade pode ser decretada a
qualquer tempo, mesmo após o prazo da ação rescisória.
A citação não é pressuposto processual, porque o momento em que deve ser realizada
é posterior à formação do próprio processo.
Ademais, sentença proferida sem a citação do réu, mas a favor dele, não é inválida
nem ineficaz, pois há ausência absoluta de prejuízo. É o que ocorre nos casos de
indeferimento da petição inicial e de improcedência liminar do pedido.
Comparecimento espontâneo
O citando pode comparecer espontaneamente ao processo e alegar somente a
inexistência ou a nulidade da citação. A partir da data do comparecimento espontâneo, flui o
prazo para apresentação da contestação ou dos embargos à execução (art. 239, §1º, CPC).
Rejeitada a alegação de nulidade, o réu será considerado revel, caso se trate de processo
de conhecimento; se se tratar de execução, o processo terá seguimento (art. 239, § 2º,CPC). Obs: esse dispositivo aplica-se ao caso em que o réu apenas alega a inexistência ou
nulidade da citação..
Pode o réu, ainda, comparecer ao processo alegando a invalidade ou inexistência de
citação e, ao mesmo tempo, oferecer a defesa:
a) com pedido de novo prazo, tendo em vista a decretação da nulidade da citação e a
necessidade de dispor de um prazo útil para produzir a defesa: nesse caso, reconhecida a
inexistência ou nulidade de citação, aplica-se o § 1º do art 239 do CPC; b) sem pedido de
novo prazo de defesa: o juiz, mesmo reconhecendo o defeito da citação, considera suprida
a falha pelo comparecimento do réu e a apresentação da defesa.
Pessoalidade da citação
A citação será pessoal: deve ser feita na pessoa do citando. Essa é a regra, mas
poderá ser feita na pessoa do representante legal do citando, como no caso da citação de
incapaz, ou de seu procurador, com poder especial para isso. Na ausência do citando, "a
citação será feita na pessoa de seu mandatário, administrador, preposto ou gerente, quando
a ação se originar de atos por eles praticados" (art. 242, § 1º, CPC).
Se pessoa jurídica for a citanda, "será válida a entrega do mandado a pessoa com
poderes de gerência geral ou de administração, ou, ainda, a funcionário responsável pelo
recebimento de correspondências" (art. 248, § 2º, CPC).
Há um caso de presunção legal de representação voluntária: "o locador, que se
ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou na localidade onde estiver
situado o imóvel procurador com poderes para receber citação, será citado na pessoa do
administrador do imóvel encarregado do recebimento dos aluguéis, que será considerado
habilitado para representar o locador em juízo" (art. 242, § 2º, CPC).
A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas
respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada perante o órgão de
Advocacia Pública responsável por sua representação judicial (art. 242, § 3º, CPC). O
objetivo é impedir que a citação de entes públicos seja feita na pessoa de qualquer
funcionário público: a citação será feita perante o advogado público, a quem a lei outorga
esse poder especial de receber citação.
"Nos condomínios edilícios ou loteamentos com controle de acesso, será válida a
entrega do mandado feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de
correspondência, que, entretanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito,
sob as penas da lei, que o destinatário da correspondência está ausente" (art. 248, § 4º,
CPC).
Quando o citando estiver impossibilitado de receber a citação, o juiz, após observar o
procedimento dos §§ 1º ao 3º do art. 245, nomeará curador especial, para receber a citação
e apresentar a defesa (art. 245, §§ 4º e 5º, CPC). A curatela especial é função institucional
da Defensoria Pública.
Local da citação
A citação poderá ser feita em qualquer lugar em que se encontre o citando (art. 243,
CPC). O militar, em serviço ativo, só será citado na unidade em que estiver servindo, se não
for conhecida a sua residência ou nela não for encontrado (art. 243, p. único, CPC).
Impedimento legal da citação
Salvo se, para evitar perecimento de direito, não se fará citação: a) a quem estiver
participando de ato de culto religioso; b) ao cônjuge, companheiro ou a qualquer parente do
morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia
do falecimento e nos sete dias seguintes; c) aos noivos, nos três primeiros dias seguintes
ao casamento; d) aos doentes, enquanto grave o seu estado (art. 244, CPC). Superado o
impedimento, a citação far-se-á normalmente. A restrição legal se refere apenas à pessoa
do citando, de modo que, se ele dispuser de procurador com poder especial, poderá ser
citado.
Não é impedimento à realização da citação a existência de greve no Poder judiciário, já
decidiu o STJ que, nesses casos, "compete ao advogado constituído pela parte
acompanhar o movimento grevista, cientificando-se do início da contagem dos prazos
processuais." (STJ).
Efeitos da citação
Antes de citado, o sujeito indicado como réu é tão-somente parte na demanda. Um dos
efeitos da citação é justamente o de completar a relação jurídica processual. Vale dizer: não
tem ela, a citação, o condão de proporcionar a formação do processo. O processo já existe
desde o momento em que foi ajuizada a ação.
A citação válida gera efeitos de ordem processual e material. A citação:
a) induz a litispendência;
b) a coisa ou o direito discutido passa a ser litigioso;
c) impede modificação da demanda, pelo autor, sem o consentimento do réu;
d) constitui em mora o devedor.
Um efeito processual da citação é a indução de litispendência para o réu.
Litispendência é palavra que assume dois significados: a) pendência da causa, o percorrer
criativo desta existência; b) "Pressuposto processual" negativo, que obsta a repropositura
de demanda ainda pendente de análise. O art. 240 do CPC cuida da litispendência no
primeiro sentido. Cumpre advertir que a litispendência só é induzida com a citação em
relação ao réu; para o autor, litispendência já existe a partir da propositura da demanda (art.
312 do CPC). Por isto, para o demandante e com a propositura da ação que se estabelece
a litispendência e, pois, para ele, é esse o marco inicial da litigiosidade. A litispendência não
parece ser efeito da citação válida (salvo quanto à pessoa do réu), mas da propositura da
ação", já que, desde que proposta a ação, a demanda já foi deduzida e, pois, não pode ser
reproduzida.
Ademais, citação tem por efeito tornar litigiosa a coisa ou o direito objeto da demanda.
Controverte-se, na doutrina, se a litigiosidade é efeito da citação ou da litispendência. A
litigiosidade não é efeito da citação, mas da litispendência. A citação é apenas o marco
inicial. É evidente, portanto, que a litigiosidade não decorre nem da propositura da
demanda, nem da citação, mas exatamente do fluir da demanda, da litispendência, em
suma, perdurando, em razão disso, para além daqueles marcos, que são apenas
determinantes do seu início. Dessa forma, sobrevindo a citação válida, para o réu a coisa
torna-se litigiosa, embora já o fosse para o autor desde a propositura da demanda.
Há algumas questões específicas em derredor do tema:
a) Trata-se de efeito material ou processual da citação? Para Theodoro Jr. e Nelson
Nery Jr., trata-se de efeito de ordem processual.
b) E se feita a citação por juízo incompetente? O art. 240, CPC, resolve a questão, de
modo expresso: a citação, ainda que ordenada por juizo incompetente, torna litigiosa a
coisa para o réu.
c) E se houver litisconsórcio passivo? A citação de cada um dos litisconsortes irá
determinar o marco inicial sem que, para isso, seja necessário o chamamento ao processo
de todos. O art. 231, § 1º, CPC, refere-se apenas ao prazo para a resposta.
A citação produz, também, um efeito preclusivo: impede o autor de alterar o pedido ou a
causa de pedir, ou aditar a demanda, sem o consentimento do réu (art. 329, I, CPC).A citação válida também produz efeito no âmbito do direito material.
De acordo com o art. 240 do CPC e o art. 405 do Código Civil, a citação, mesmo que
ordenada por juízo incompetente, constitui em mora o devedor, ressalvadas as hipóteses
dos arts. 397 e 398 do Código Civil. A constituição em mora, pela citação, se dá no caso de
cobrança de dívidas negociais sem termo certo para pagamento, em relação às quais o
devedor não tenha sido constituído em mora pela prática de outro ato anterior -
interpelação, p. ex.
A citação e a interrupção da prescrição pelo despacho
citatório
O pronunciamento judicial que ordena a citação, ainda que proferido por juízo
incompetente, interrompe a prescrição. Não é a citação que a interrompe, mas o ato que a
ordena. A data da interrupção, porém, será a da propositura da ação [art. 240, § 1º, CPC).
Embora a interrupção da prescrição pelo despacho citatório, a lei determina a retroação da
data em que o prazo prescricional se reputa interrompido: a data da propositura da ação
[art. 312, CPC).
É preciso advertir que não é qualquer despacho liminar que interrompe a prescrição. É
necessário que o julgador tenha feito um juízo positivo, ainda que precário, da
admissibilidade da causa [verificação da existência dos pressupostos processuais),
convocando o réu ao processo. Despacho que determina a emenda da petição inicial, por
exemplo, não interrompe a prescrição, tampouco a sentença que indeferiu a petição inicial.
Eventual extinção do processo sem resolução do mérito, após a citação, não impede que se
considere interrompida a prescrição - deverá o autor lembrar; no entanto, que a prescrição
somente se interrompe uma vez [art. 202, caput, Código Civil).
Além disso, conforme prevê o próprio texto do inciso I do art. 202 do Código Civil, a
citação deve ser feita no prazo que determinar a lei processual. O § 2º do art. 240 do CPC
determina que incumbe ao autor adotar, em dez dias, as providências necessárias para
viabilizar a citação; se não o fizer, a prescrição não se reputará interrompida na data da
propositura; somente se considerará interrompida quando a citação realizar-se. O ônus de
promover a citação consiste, basicamente, e!n: juntar cópia da petição inicial para ser
encaminhada ao réu (no caso de processo em autos de papel; art. 248, caput, do CPC),
adiantar as despesas com a citação e indicar o endereço do réu.
O § 3º do art. 240 do CPC consagra antigo entendimento jurisprudencial (enunciado n.
106 da súmula do STJ): a parte autora não será prejudicada pela demora imputável
exclusivamente ao serviço judiciário.
A propositura da demanda obsta a consumação da decadência, desde que promovida a
citação no prazo de dez dias, conforme o § 2º do art. 240 do CPC. É que, de acordo com o
§ 4' do art. 240 do CPC, aplica-se à decadência o regramento da interrupção do prazo
prescricional.
Obs: “Fala-se que a propositura da demanda obsta, e não interrompe, o prazo
decadencial. É que, em regra, prazo decadencial não se interrompe.”
Modalidades
● Citação pelo correio
É a regra geral, ressalvados os casos de citação por meio eletrônico (art. 246, §§ 1 ºe
2º, CPC); não depende de requerimento da parte. É espécie de citação real, na medida em
que depende da entrega da correspondência ao citando.
A citação postal pode realizar-se em qualquer comarca do país, independentemente de
carta precatória (art. 247, caput, CPC).
Há casos, porém, em que é inadmissível (art. 247 do CPC): a) ação de estado, como a
ação de interdição, ressalvadas as ações de família; b) quando o citando for incapaz; c)
quando o citando for pessoa jurídica de direito público; d) quando o citando residir em local
não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; e) quando o autor,
justificadamente, requerer de outra forma.
São requisitos da correspondência:
a) estar acompanhada de cópia da petição inicial (art. 248, caput, CPC);
b) estar acompanhada de cópia do despacho do juiz (art. 248, caput, CPC);
c) conter as informações discriminadas no art. 250 do CPC (art. 248, § 3º, CPC): os
nomes do autor e do citando, e seus respectivos domicílios ou residências; o fim da citação,
com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a menção do prazo
para contestar, sob pena de revelia, ou para embargar a execução; a aplicação de sanção
para o caso de descumprimento da ordem, se houver; se for o caso, a intimação do citando
para comparecer, acompanhado de advogado ou de defensor público, à audiência de
conciliação ou de mediação, com a menção do dia, da hora e do lugar do comparecimento;
a cópia da decisão que deferir tutela antecipada; a assinatura do escrivão ou do chefe de
secretaria e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz.
d) a carta há de ser registrada (art. 248, § 1º, CPC): consagrou-se antigo entendimento
jurisprudencial (enunciado n. 429 da súmula do STJ).
A entrega da correspondência deve ser feita, em regra, como se disse, diretamente ao
citando, exigindo-lhe que assine o recibo. As exceções foram examinadas em item
precedente.
"Em caso de recusa de recebimento ou de assinatura do recibo: reputa-se frustrada a
diligência, já que o carteiro não tem fé pública, restando ao autor a requerer por mandado,
cobrando ao réu as custas da diligência fracassada".
A citação postal é ato complexo. Ela se aperfeiçoa com a juntada aos autos do aviso de
recebimento, data a partir da qual começa a fluir o prazo para a resposta (art. 231, I, CPC).
● Citação por oficial de justiça
A outra modalidade de citação é a feita por oficial de justiça, também chamada de
citação por mandado. O mandado é a documentação do ato do juiz pelo escrivão ou chefe
de secretaria, que o assina.
Cabe a citação por mandado quando se proíbe [art. 24 7 do CPC) ou se frustra a
citação postal [art. 249, CPC).
O art. 24 7, III, CPC, proíbe a citação postal quando o citando for pessoa jurídica de
direito público.
São requisitos do mandado [art. 250, CPC); “1- os nomes do autor e do citando e seus
respectivos domicílios ou residências; lI- a finalidade da citação, com todas as
especificações constantes da petição inicial, bem como a menção do prazo para contestar,
sob pena de revelia, ou para embargar a execução; III- a aplicação de sanção para o caso
de descumprimento da ordem, se houver; IV- se for o caso, a intimação do citando para
comparecer, acompanhado de advogado ou de defensor público, à audiência de conciliação
ou de mediação, com a menção do dia, da hora e do lugar do comparecimento; V- a cópia
da petição inicial, do despacho ou da decisão que deferir tutela provisória; VI -a assinatura
do escrivão ou·do chefe de secretaria e a declaração de que o subscreve por ordem do
juiz.".
São formalidades que devem ser observadas na citação por oficial de justiça, sob pena
de invalidade (art. 251, CPC): a) leitura do mandado pelo oficial; b) entrega da contrafé; c)
certidão de recebimento ou recusa da contrafé; d) obtenção da nota de ciente ou certidão
de que o réu nãoa apôs no mandado.
Citação em comarcas vizinhas ou pertencentes à mesma região metropolitana. O CPC
mitigou o princípio da territorialidade da jurisdição. Permite-se que o oficial de justiça de
uma comarca dirija-se a comarca contígua (fronteiriça), de fácil comunicação, ou da mesma
região metropolitana para realizar a citação, intimação e notificação (art. 255, CPC) - além
de atos executivos, como a penhora.
A citação por oficial de justiça é um ato complexo; aperfeiçoa-se com a juntada aos
autos do mandado, a partir de quando começa a fluir o prazo para a resposta (art. 231, 11,
CPC).
● Citação por mandado com hora certa
Há uma modalidade especial de citação por oficial de justiça. É uma espécie de citação
ficta, pois a lei, por ficção, considera que o citando foi cientificado.
Ela está regulada nos arts. 252·254 do CPC.
Para que se admita a citação com hora certa, é preciso que se preencham alguns
pressupostos: a) procura do citando, sem êxito, por duas vezes, em dias distintos (aplicação
analógica do § 1º do art. 830 do CPC), em seu domicílio ou residência; b) deve haver
suspeita de ocultação (art. 252, caput, CPC). O oficial certificará o preenchimento dos
pressupostos no mandado.
Preenchidos os pressupostos, o oficial de justiça deve observar o seguinte
procedimento:
a) intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho, que, no dia útil
imediato, voltará a fim de efetuar a citação na hora que determinar - o terceiro há de ser
pessoa capaz, de nada valendo a intimação se se tratar de criança ou interdito (art. 252,
caput, CPC);
b) nos condomínios edilícios ou loteamentos com controle de acesso, será válida a
intimação feita na pessoa do funcionário da portaria responsável pelo recebimento de
correspondência (art. 252, p. único, CPC);
c) se, durante o procedimento, a suspeita desaparecer, a citação deve ser feita
normalmente;
d) no dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo
despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência
(art. 253, caput, CPC);
e) se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das
razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em
outra comarca, seção ou subseção judiciárias (art. 253, § 1 º, CPC);
f) a citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho,
que houver sido intimado, esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o
vizinho se recusar a receber o mandado (art. 253, § 2Q, CPC);
g) da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa
da família ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome (art. 253, § 3Q, CPC);
h) o oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado
curador especial se houver revelia (art. 253, § 4º, c/c art. 72, 11, CPC).
Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu,
executado ou interessado, no prazo de dez dias, contado da data da juntada do mandado
aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência (art.
254, CPC). Muito embora obrigatória, essa comunicação não integra os atos de solenidade
da citação.
Havendo revelia, o magistrado deverá proceder à nomeação de curador especial ao réu
(art. 72, 11, CPC).
● Citação pelo escrivão ou chefe de secretaria
Se o citando comparecer em cartório, o escrivão ou chefe de secretaria pode fazer a
citação (art. 152, 11, e art. 246, Ill, CPC). Trata-se de regra que simplifica sobremaneira o
procedimento citatório.
O prazo para a resposta, neste caso, começa a fluir da data da citação (art. 231, 111,
CPC).
● Citação por edital
A citação pode ser feita por edital. Também é hipótese de citação ficta. Se houver
revelia, também há de nomear-se curador especial para promover a defesa do revel (art. 72,
lI, CPC).
A citação por edital é admissível: a) quando desconhecido ou incerto o réu; b) quando
ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar; c) nos casos expressos em lei
(art. 256, CPC).
O réu é desconhecido quando não se sabe quem deve ser citado. Um bom exemplo,
muito comum: o autor é devedor de laudêmio e de foro, mas não sabe quem é o senhorio.
Há réu, que é certo (o credor da obrigação), mas ele é desconhecido.
O réu é incerto, quando não se sabe sequer se haverá réu. São os casos, muito
comuns, da ação de usucapião de imóvel e da ação de recuperação ou substituição de
título ao portador (art. 259, l e li, CPC).
O local de citação é ignorado, quando não se tem qualquer informação sobre o local
onde se encontra o citando. O local de citação é incerto, quando, embora se saiba em que
território se possa encontrar o citando, não se tem o endereço. O local de citação é
inacessível, quando, embora conhecido, não se possa lá realizar a citação, em razão de
guerra, epidemia, calamidade pública etc.
A lei estabelece uma presunção legal absoluta de desconhecimento ou incerteza do
local da citação quando "infrutíferas as tentativas de sua localização, inclusive mediante
requisição pelo juízo de informações sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públicos
ou de concessionárias de serviços públicos" (art. 256, § 3º, CPC).
No caso de local inacessível, "a notícia de sua citação será divulgada também pelo
rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão" (art. 256, § 2°, CPC). Além do edital,
a lei exige a comunicação por emissora de radiodifusão, no caso de local inacessível;
assim, a validade da citação pressupõe essa dupla tentativa de comunicação.
A lei estabelece uma presunção legal absoluta de inacessibilidade: "considera-se
inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta
rogatória" (art. 256, § 1 º, CPC).
A lei exige citação na ação de usucapião de imóvel, nas ações de recuperação e
substituição de título ao portador e em qualquer outra ação em que seja necessária, por
determinação legal, a provocação, para participação no processo, de interessados incertos
ou desconhecidos (art. 259, CPC).
São requisitos do edital (art. 257, CPC): l - a afirmação do autor ou a certidão do oficial
informando a presença das circunstâncias autorizadoras; lI -a publicação do edital na rede
mundial de computadores, no sítio do respectivo tribunal e na plataforma de editais do
Conselho Nacional de justiça, que deve ser certificada nos autos; lII - a determinação, pelo
juiz, do prazo, que variará entre vil:. te e sessenta dias, fluindo da data da publicação única,
ou, havendo mais de uma, da primeira; IV - a advertência de que será nomeado curador
especial em caso de revelia.
O juiz poderá determinar que a publicação do edital seja feita também em jornal local
de ampla circulação ou por outros meios, considerando as peculiaridades da comarca, da
seção ou da subseção judiciárias (art. 257, par. ún., CPC).
A parte que requerer, dolosamente, a citação por edital, fazendo afirmação falsa quanto
ao preenchimento dospressupostos para a sua realização, incorrerá em multa de cinco
vezes o salário-mínimo, que reverterá em benefício do citando (art. 258, CPC).
O prazo para apresentar resposta, quando houver citação por edital, começa a fluir no
dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz (art. 231, IV, CPC).
● Citação por meio eletrônico
A Lei n. 11.419/2006 criou e regulamentou o processo em autos eletrônicos. No
processo em autos eletrônicos, o Poder Judiciário vale-se de sistemas eletrônicos de
processamento de ações judiciais por meio de autos total ou parcialmente digitais,
utilizando, preferencialmente, a rede mundial de computadores e acesso por meio de redes
internas e externas.
No processo em autos eletrônicos, todas as citações, inclusive da Fazenda Pública,
serão feitas por meio eletrônico, na forma dessa Lei (art. 9° da Lei n. 11.419/2006).
Mas somente é possível haver citação eletrônica se a íntegra dos autos estiver
disponível para o citando (art. 6º, Lei n. 11.419/2006).
Se a citação viabilizar o acesso do demandado à íntegra do "processo" ("autos
eletrônicos"), será considerada corno vista pessoal do interessado para todos os efeitos
legais (art. 9°, § 19, Lei n. 11.419/2006).
Quando, por motivo técnico, for inviável o uso do meio eletrônico para a realização da
citação, esse ato processual poderá ser praticado segundo as regras gerais para o
procedimento documentado em autos de papel, digitalizando-se o documento, que deverá
ser posteriormente destruído (art. 99 , § 29, Lei n. 11.419/2006).
Considera-se "transmissão eletrônica toda forma de comunicação a distância com a
utilização de redes de comunicação, preferencialmente a rede mundial de computadores"
(art. 1º, li, da Lei n. 11.419/2006]. A prática de atos processuais em geral por meio
eletrônico será admitida mediante uso de assinatura eletrônica, na forma do art. 1 ºdessa
Lei, sendo obrigatório o credenciamento prévio no Poder Judiciário, conforme disciplinado
pelos órgãos respectivos (art. 2º da Lei n. 11.419 /2006).
A citação por meio eletrônico é, para o CPC, o meio preferencial de citação de pessoas
jurídicas privadas- ressalvadas as microempresas e as empresas de pequeno porte (art.
246, § 1º, CPC)~ e públicas (art. 246, § 2º, CPC). Todas as empresas estatais estão
abrangidas pela regra: empresas públicas e sociedades de economia mista.
Todas essas pessoas jurídicas estão obrigadas a manter cadastro junto aos sistemas
de processo em autos eletrônicos (art. 246, § 1 º,CPC].
A citação eletrônica deve observar as exigências do art. Sº da Lei n. 11.419/2006: a) a
deve ser feita em portal próprio, acessível pelos cadastrados no sistema, dispensada a
publicação no órgão oficial (art. 5º, caput); b) considerar-se realizada no dia em que o
citando efetivara consulta eletrônica ao teor da intimação, certificando-se nos autos a sua
realização (art. 5º, § 1 º); c) na hipótese anterior, nos casos em que a consulta se dê em dia
não útil, a citação será considerada como realizada no primeiro dia útil seguinte; d) a
consulta deverá ser feita em até dez días corridos contados da data do envio ria citação,
sob pena de considerar-se a citação automaticamente realizada na data do término desse
prazo- há, aqui, uma presunção legal de citação; não é uma ficção, pois a comunicação
pode ter acontecido.
Feita a citação eletrônica, o prazo de resposta começa a fluir no dia útil seguinte à
consulta ou ao término do prazo para que a consulta se dê (art. 231, V, CPC).
Somente os cadastrados no sistema poderão ser citados eletronicamente. Por isso que
o CPC, conforme visto acima, impôs o dever de as pessoas jurídicas procederem ao
cadastro perante os tribunais, ressalvadas as microempresas e as empresas de pequeno
porte.
Em caráter informativo, poderá ser efetivada remessa de correspondência eletrônica,
comunicando o envio da citação e o início automático do prazo processual àqueles que
manifestarem interesse por esse serviço (art. 5º, § 4º, Lei n. 11.419/2006).
Nos casos urgentes em que a citação feita desta forma possa causar prejuízo a
quaisquer das partes ou nos casos em que for evidenciada qualquer tentativa de burla ao
sistema, o ato processual deverá ser realizado por outro meio que atinja a sua finalidade,
conforme determinado pelo juiz (art. 5º, § 5º, Lei n. 11.419/2006).
DAS CARTAS
O meio de comunicação entre os órgãos do Judiciário são as cartas, transmitidas pelos
meios eletrônicos (preferencialmente) ou pelos meios convencionais. Elas podem ser de
quatro espécies, conforme o órgão para o qual for dirigida a solicitação:
■ Rogatória, que é o pedido de cooperação entre órgão jurisdicional brasileiro e órgão
jurisdicional estrangeiro, seja para comunicação processual, seja para prática de atos
relacionados à instrução processual ou cumprimento de decisão interlocutória estrangeira
devidamente homologada pelo STJ. Não se presta ao cumprimento de sentença, para o que
é necessário requerer a homologação da sentença brasileira condenatória no país
estrangeiro onde estão os bens. As rogatórias vindas do exterior (passivas) devem
processar-se na forma do art. 36 do CPC e receber o exequatur do STJ, na forma do art.
961 do CPC.
● Designa-se carta rogatória passiva aquela enviada por autoridade
judiciária estrangeira para cumprimento no Brasil e carta rogatória
ativa aquela enviada por autoridade judiciária brasileira para
cumprimento em outro país.
■ de ordem, quando dirigida a um juiz subordinado ao tribunal que a emitiu. Ou seja, é
a emitida por um tribunal a órgão jurisdicional a ele vinculado, seja para colheita de provas,
seja para atos de execução, ou para a prática de qualquer outro ato que houver de se
realizar fora dos limites territoriais do local de sua sede.
■ precatória, para que o órgão jurisdicional brasileiro pratique ou determine o
cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato relativo a pedido de cooperação
judiciária formulado por órgão jurisdicional de competência territorial diversa (Ex: são
usadas para comunicação processual, como citação e intimação de pessoas que residem
noutra Comarca; para a colheita de provas, como ouvida de testemunhas que residem fora
ou perícia sobre bens e coisas situadas em outro juízo; e para a realização de atos de
apreensão judicial noutra Comarca).
● É a mais comum das formas de comunicação entre juízos que não
têm relação de subordinação entre si. Quem a expede é o juízo
deprecante; e quem a recebe, o deprecado. É utilizada entre todos os
tipos de juízos, não importando a que justiça pertençam, nem a que
unidade da Federação.
● Conquanto expedida entre juízos que não têm relação de
subordinação, o juízo deprecado é obrigado a cumprir a solicitação
contida na carta, salvo nas hipóteses do art. 267 do CPC.
● Não será necessária a expedição de carta precatória nas hipóteses
em que o ato processual possa ser praticado por videoconferência ou
outra forma de transmissão de som e imagem em tempo real (art.
236, § 3º, CPC/2015). Com efeito, o art. 188 do CPC/2015 autoriza
expressamente a prática e a comunicação dos