Prévia do material em texto
1) Prioridade da função e investigação técnica Levi projetava a partir das exigências do programa: o espaço tinha que funcionar e funcionar bem antes de qualquer expressão formal. Isso aparece com clareza em espaços como teatros e cinemas que ele projetou, onde a planta, as circulações, as rampas e o posicionamento do palco ou tela são pensados para otimizar a experiência do público e o desempenho técnico (acústica, visibilidade, evacuação). O Teatro Cultura Artística é um exemplo emblemático dessa preocupação técnica o projeto privilegia a acústica, as salas superpostas e a circulação específica para grandes plateias. 2) Uso racional da estrutura e do concreto (modernidade técnica) Levi incorporou cedo recursos estruturais e materiais modernos (concreto armado, soluções estruturais que permitem vãos maiores), buscando economia de meios e clareza construtiva. Em edifícios residenciais e em obras mistas (hotel + cinema), essa lógica estrutural aparece tanto na expressão exterior volumes simples, planos e recortes quanto na solução dos interiores. O Edifício Columbus (um marco nas primeiras verticalizações de São Paulo) e o conjunto do Cine Ipiranga / Hotel Excelsior ilustram essa atenção à solução estrutural e à modernização do tecido urbano. 3) Integração entre arquitetura, engenharia e conforto técnico Levi trabalhava com engenheiros e especialistas (acústica, instalações) e projetava pensando em conforto (ventilação, ar-condicionado quando cabível, circulação eficiente). Nos grandes cinemas e teatros que concebeu, por exemplo, é evidente o cuidado com parâmetros de uso (capacidade, visão, acústica, serviços aos artistas), o que o tornou referência para projetos de salas de espetáculo em São Paulo. O Cine Ipiranga e o Teatro Cultura Artística são casos onde esse casamento entre arquitetura e engenharia é patente. 4) Modernismo sem ruptura dogmática com a tradição Levi assimilou a modernidade europeia (formação na Itália) mas aplicou-a de forma adaptada ao contexto paulistano: modernização, verticalização e renovação urbana sem desprezar certas referências clássicas de composição quando úteis. Isso gerou edifícios modernos, mas com preocupação urbana e de escala, não meramente “experimentos formais”. Projetos residenciais e de uso misto de sua autoria mostram essa modulação entre novidade técnica e inserção urbana. 5) Clareza volumétrica e controle do detalhe Apesar de evitar ornamentos inúteis, Levi não era minimalista frio: suas fachadas e interiores demonstram cuidado com materiais, proporções e acabamentos um refinamento técnico e de detalhe que realça a construção sem recorrer a adereços. Elementos como esquadrias metálicas, revestimentos nobres em lobbies e dispositivos de iluminação aparecem com medida e propósito (veja o tratamento do saguão e das circulações do Cine Ipiranga). 6) Compromisso com a cidade e com o ensino Além da produção edificada, Levi atuou no debate urbano e na formação de arquitetos, ajudando a consolidar a prática moderna em São Paulo sua obra é parte da transformação urbana que introduziu prédios residenciais de padrão e grandes equipamentos culturais na malha da cidade. Exposições e estudos sobre seu legado reforçam esse papel de difusor da modernidade.