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Sociologia - Unidade 4

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SOCIOLOGIA E 
ANTROPOLOGIA
Unidade 4
Teorias Sociológicas 
Clássicas e 
Contemporâneas
CEO 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
DIRETORA EDITORIAL 
ALESSANDRA FERREIRA
GERENTE EDITORIAL 
LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS
PROJETO GRÁFICO 
TIAGO DA ROCHA
AUTORIA 
SILVIA CRISTINA DA SILVA
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Silvia Cristina da Silva
Olá. Sou CEO na empresa Modular Criativo - produtora 
de conteúdos didáticos; Graduada em Ciências Jurídicas e Sociais 
pelo Centro Universitário de Ensino Octávio Bastos, UNIFEOB; 
Mestre Interdisciplinar em Educação, Ambiente e Sociedade das 
Faculdades Associadas de Ensino - UNIFAE, atuando na linha de 
pesquisa em Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas. 
Participação discente em Seminários e Palestras no Mestrado 
Acadêmico em Análise do Discurso na Universidade Federal de 
Buenos Aires; Especialista em Docência no Ensino Superior e 
em Direito e Educação (FCE). Atua como Consultora Jurídica e 
Fiscal e Investigadora de Antecedentes para o exterior (México 
e Argentina), Docente, Tutora e Conteudista para cursos de 
graduação e pós-graduação, Elaboradora de Questões para 
Concursos Públicos, Redatora, Tradutora e Intérprete da Língua 
Espanhola e Portuguesa, Degravadora e Transcritora de áudios e 
textos. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar 
seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em 
poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte 
comigo!
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Georg Simmel e Max Weber e a subjetividade sociológica . 10
Georg Simmel: A subjetividade na sociologia ............................................... 10
Max Weber: ação social e interpretação dos fenômenos sociais ............. 16
Comparação das abordagens de Simmel e Weber ..................................... 19
Princípios teóricos do estrutural-funcionalismo ............... 28
Robert Merton e o funcionalismo estrutural ................................................28
Talcott Parsons e a teoria da ação social ......................................................33
Comparação e contraste entre Merton e Parsons: implicações para o 
funcionalismo estrutural ..................................................................................38
Interacionismo simbólico ...................................................... 45
Fundamentos e Perspectivas do Interacionismo Simbólico ............. 45
Obras e contribuições de Norbert Elias, Pierre Bourdieu e Michel Foucault 
na Sociologia .......................................................................................................50
Escola de Frankfurt, Jürgen Habermas e Anthony Giddens 58
Teoria Crítica da Escola de Frankfurt .............................................................58
Sociologia de Jürgen Habermas ......................................................................64
Sociologia de Anthony Giddens ......................................................................69
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Seja bem-vindo à unidade 4 de Sociologia e Antropologia! 
Nesta unidade, exploraremos as teorias sociológicas clássicas e 
contemporâneas, mergulhando nas revoluções sociológicas que 
ocorreram nos séculos XVIII e XIX; discutindo o conhecimento 
científico sociológico; analisando as contribuições de Auguste 
Comte e Émile Durkheim; e examinando os pressupostos teóricos 
e metodologias da sociologia.
A sociologia e a antropologia são disciplinas fundamentais 
para a compreensão do mundo social em que vivemos. Por meio 
da análise crítica, investigamos as estruturas, os processos e as 
dinâmicas sociais que moldam nossas vidas e influenciam nossas 
interações diárias. Ao estudar a sociedade e a cultura, ganhamos 
insights valiosos sobre como as pessoas se relacionam, como as 
instituições funcionam e como as mudanças sociais ocorrem.
No primeiro capítulo, exploraremos as revoluções 
sociológicas nos séculos XVIII e XIX. Veremos como as 
transformações sociais, políticas e econômicas dessa época 
deram origem ao pensamento sociológico moderno. Estudaremos 
as contribuições de pensadores como Karl Marx, Max Weber 
e Émile Durkheim, cujas ideias revolucionaram a forma como 
entendemos a sociedade.
No segundo capítulo, mergulharemos no conhecimento 
científico sociológico. Investigaremos os métodos e as técnicas 
utilizados pelos sociólogos para coletar, analisar e interpretar 
dados sociais. Discutiremos a importância da objetividade, 
da validade e da confiabilidade na pesquisa sociológica, bem 
como as diferentes abordagens metodológicas adotadas pelos 
estudiosos.
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No terceiro capítulo, destacaremos as contribuições de 
Auguste Comte e Émile Durkheim. Comte é considerado o pai da 
sociologia e desenvolveu o conceito de positivismo, enfatizando a 
importância do método científico na análise social. Durkheim, por 
sua vez, concentrou-se nas estruturas sociais e na solidariedade 
social, examinando os vínculos que mantêm a sociedade unida.
Por fim, no quarto capítulo, exploraremos os pressupostos 
teóricos e as metodologias da sociologia. Investigaremos 
as principais teorias sociológicas contemporâneas, como 
o funcionalismo, o interacionismo simbólico, o conflito e o 
construtivismo social. Analisaremos, também, as diferentes 
abordagens metodológicas adotadas pelos sociólogos, desde a 
pesquisa qualitativa até a pesquisa quantitativa.
Você será desafiado a refletir sobre os fenômenos sociais 
e a aplicar os conceitos e as teorias discutidos na compreensão 
do mundo ao seu redor. Estamos confiantes de que, ao fim desta 
jornada, você terá adquirido uma compreensão aprofundada das 
teorias sociológicas clássicas e contemporâneas, capacitando-se 
a analisar, criticamente, os fenômenos sociais e a contribuir para 
uma sociedade mais justa e igualitária.
Então, preparado para embarcar nessa fascinante 
jornada de conhecimento sociológico e antropológico? Vamos 
começar com as revoluções sociológicas nos séculos XVIII e XIX. 
Boa leitura e aproveite o aprendizado!
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SOlá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos.
1. Identificar e discernir as contribuições teóricas de Simmel 
e Weber para a compreensão da subjetividade, da ação 
social e da interpretação dos fenômenos sociais. 
2. Compreender os princípios teóricos do estrutural-
funcionalismo, destacando as contribuições de Robert 
Merton e Talcott Parsons.
3. Avaliar as perspectivas do interacionismo simbólico e das 
obras de Norbert Elias, Pierre Bourdieu e Michel Foucault 
na análise de fenômenos sociais concretos.
4. Discernir a teoria crítica da escola de Frankfurt, a dociologia 
de Jürgen Habermas e a dociologia de Anthony Giddens, 
reconhecendo suas contribuições para a compreensão 
dos fenômenos sociais, culturais e políticos.
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Georg Simmel e Max Weber e 
a subjetividade sociológica
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz 
de entender como as contribuições teóricas 
de Simmel e Weber são fundamentais para a 
compreensão da subjetividade, da ação social 
e da interpretação dos fenômenos sociais. Essa 
compreensão será de extrema importância 
para o exercício de sua profissão nos campos da 
sociologia e da antropologia. 
Georg Simmel: A subjetividade na 
sociologia
Georg Simmel, renomado sociólogo alemão, 
desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da 
sociologia, especialmente no que diz respeito à compreensão 
da subjetividade dentro dessa disciplina. Suas contribuições 
teóricas e conceituais lançaram luz sobresocial e a produção 
do conhecimento têm levantado questões importantes sobre as 
formas de dominação e resistência na sociedade contemporânea.
Em suma, a análise dos fenômenos sociais concretos por 
meio do interacionismo simbólico e das obras de Elias, Bourdieu 
e Foucault proporciona uma compreensão mais profunda e 
abrangente da realidade social. O interacionismo simbólico nos 
permite entender como as interações sociais e a construção de 
significados influenciam os fenômenos sociais. Já as obras de 
Elias, Bourdieu e Foucault enriquecem essa análise ao explorar 
as transformações sociais ao longo do tempo, as relações de 
poder e as práticas culturais.
IMPORTANTE
A abordagem do interacionismo simbólico 
destaca a importância da interação social na 
construção da realidade e na formação dos 
fenômenos sociais. Por sua vez, as obras de Elias, 
Bourdieu e Foucault nos fornecem conceitos e 
teorias que permitem compreender as dinâmicas 
sociais, as estruturas de poder e as normas e 
práticas culturais presentes nos fenômenos 
sociais concretos.
Ao combinar o interacionismo simbólico com as 
contribuições desses renomados autores, somos capazes de 
realizar análises mais contextualizadas e críticas dos fenômenos 
sociais. Essa abordagem nos permite compreender como as 
interações simbólicas, as estruturas sociais e as relações de 
poder se entrelaçam para moldar a realidade social.
Dessa forma, o interacionismo simbólico se apresenta 
como uma perspectiva teórica essencial para a análise dos 
fenômenos sociais concretos, enriquecida pelas obras de Elias, 
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Bourdieu e Foucault, que fornecem um olhar aprofundado sobre 
as transformações sociais, as desigualdades e as formas de 
resistência presentes na sociedade.
Em suma, a análise dos fenômenos sociais concretos por 
meio do interacionismo simbólico e das obras de Elias, Bourdieu 
e Foucault nos permite uma compreensão mais ampla, crítica e 
contextualizada da complexidade da realidade social.
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? 
Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para 
termos certeza de que você realmente entendeu 
o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir 
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que 
a análise de fenômenos sociais concretos requer 
a utilização de diferentes perspectivas teóricas e 
conceituais para compreender a complexidade 
da realidade social. Nesse sentido, exploramos 
as contribuições do interacionismo simbólico, 
que enfatiza a importância da interação social 
e da construção de significados na análise dos 
fenômenos sociais. Além disso, estudamos 
as obras de Norbert Elias, Pierre Bourdieu e 
Michel Foucault, três renomados sociólogos que 
trouxeram importantes insights para a análise 
dos fenômenos sociais concretos. 
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A partir das obras de Elias, compreendemos como 
as transformações de normas e comportamentos 
sociais ao longo do tempo influenciam a vida 
em sociedade. As contribuições de Bourdieu 
nos permitiram explorar as práticas culturais 
e a reprodução da desigualdade social, 
considerando conceitos como habitus, campo e 
capital cultural. Por fim, as obras de Foucault nos 
levaram a refletir sobre as relações de poder, os 
sistemas de controle e as formas de resistência 
presentes nas instituições sociais. Por meio dessa 
análise, compreendemos que a combinação do 
interacionismo simbólico com as contribuições 
de Elias, Bourdieu e Foucault nos proporciona 
uma compreensão mais aprofundada e crítica dos 
fenômenos sociais concretos. Essas perspectivas 
teóricas e conceituais nos permitem considerar 
as interações sociais, as estruturas de poder e 
as práticas culturais na análise dos fenômenos 
sociais, revelando complexidades e desafios. 
Portanto, ao fim deste capítulo, esperamos 
que você tenha adquirido um entendimento 
sólido da importância da análise de fenômenos 
sociais concretos e de como as perspectivas do 
interacionismo simbólico, aliadas às obras de 
Elias, Bourdieu e Foucault, podem enriquecer 
essa análise. Essas ferramentas teóricas e 
conceituais ampliam nossa compreensão da 
sociedade e nos possibilitam uma análise mais 
aprofundada e contextualizada dos fenômenos 
sociais. Estamos certos de que você está pronto 
para aplicar esses conhecimentos em sua 
prática profissional e acadêmica, contribuindo 
para uma compreensão mais completa e crítica 
dos fenômenos sociais concretos. Continue 
explorando essas perspectivas e expandindo 
seu conhecimento nas áreas de sociologia e 
antropologia.
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Escola de Frankfurt, Jürgen 
Habermas e Anthony Giddens
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz 
de discernir a teoria crítica da escola de 
Frankfurt, a sociologia de Jürgen Habermas e a 
sociologia de Anthony Giddens, reconhecendo 
suas contribuições para a compreensão dos 
fenômenos sociais, culturais e políticos. Isso será 
fundamental para o exercício de sua profissão 
como sociólogo(a) ou antropólogo(a), permitindo 
uma análise mais crítica e aprofundada da 
sociedade contemporânea. 
Teoria Crítica da Escola de 
Frankfurt
A teoria crítica da escola de Frankfurt é um movimento 
intelectual que emergiu no início do século XX, na cidade de 
Frankfurt, na Alemanha. Representando uma abordagem crítica 
e interdisciplinar, os teóricos da escola de Frankfurt buscavam 
compreender e analisar, criticamente, a sociedade capitalista 
e suas contradições. Seu objetivo era ir além de uma análise 
meramente descritiva e propor transformações sociais que 
levassem à emancipação humana.
Um dos aspectos fundamentais da teoria crítica é sua 
base marxista. Os teóricos frankfurtianos, como Max Horkheimer, 
Theodor Adorno, Herbert Marcuse, entre outros, apropriaram-
se dos conceitos e da crítica ao capitalismo elaborados por Karl 
Marx. No entanto, diferentemente do marxismo tradicional, 
desenvolveram uma abordagem mais abrangente, combinando 
ideias do marxismo com outras correntes filosóficas, como a 
fenomenologia, a psicanálise e a teoria crítica da cultura.
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A escola de Frankfurt criticava a racionalidade instrumental 
predominante na sociedade capitalista, que reduzia a vida 
humana a meios e fins calculáveis, explorando os trabalhadores 
e alienando os indivíduos. Também enfatizavam a influência da 
indústria cultural, que manipulava e padronizava a produção 
cultural, afetando a liberdade e a capacidade de pensamento 
crítico dos indivíduos.
Nas palavras de Adorno e Horkheimer (1985), a teoria 
crítica é uma teoria dos processos sociais. Sua meta é esclarecer 
como as coisas são e como podem ser mudadas. Por meio dessa 
perspectiva crítica, os teóricos da escola de Frankfurt buscavam 
questionar as estruturas de poder e dominação presentes na 
sociedade, além de propor alternativas que levassem a uma 
sociedade mais justa, igualitária e emancipada.
Fundamentos da Teoria Crítica
A teoria crítica da escola de Frankfurt baseia-se em 
fundamentos sólidos que moldam sua abordagem crítica 
e interdisciplinar. Esses fundamentos são essenciais para 
compreendermos a complexidade e a abrangência dessa 
perspectiva teórica.
Um dos principais fundamentos da teoria crítica é a 
crítica à sociedade capitalista e a suas estruturas de poder. Os 
teóricos frankfurtianos reconhecem que a sociedade capitalista 
é marcada por exploração e alienação dos indivíduos, além de 
gerar desigualdades e injustiças sociais. Adorno (2003, p. 38) 
afirma que “a sociedade existente é uma sociedade injusta, pois 
é baseada em relações de dominação e exploração”.
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Outro fundamento é a importância da reflexão crítica e 
da análise dos processos sociais. A teoria crítica busca ir além da 
mera descrição dos fenômenos sociais, buscando compreendê-
los em profundidade e identificar as contradições presentes 
na sociedade. Horkheimer (1989, p. 15) destaca a necessidadede “pensar criticamente a realidade, desvendar as ilusões e 
opressões, bem como buscar alternativas de transformação 
social”.
A abordagem interdisciplinar também é um fundamento 
chave da teoria crítica. Os teóricos da escola de Frankfurt 
dialogaram com diferentes áreas do conhecimento, como a 
filosofia, a sociologia, a psicologia e a teoria crítica da cultura, 
enriquecendo sua análise crítica da sociedade. Marcuse (1964, 
p. 23) argumenta que “a Teoria Crítica não pode ser confinada 
a um único campo disciplinar, mas deve abranger múltiplas 
perspectivas e conhecimentos para compreender a totalidade da 
sociedade capitalista”.
Por fim, a Teoria Crítica valoriza a busca pela emancipação 
humana e a transformação social. Os teóricos frankfurtianos 
defendem a importância de superar as estruturas de dominação 
e explorar novas formas de organização social mais justas e 
igualitárias. Adorno (1970, p. 56) destaca que “a Teoria Crítica 
visa a emancipação do indivíduo e da sociedade, a superação das 
formas de opressão e a construção de uma sociedade mais livre 
e autônoma”.
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Crítica a Sociedade Capitalista
A teoria crítica da escola de Frankfurt oferece uma 
análise crítica profunda da sociedade capitalista, destacando as 
contradições e injustiças inerentes a esse sistema econômico. 
Os teóricos frankfurtianos exploram as diferentes dimensões 
da sociedade capitalista e questionam as estruturas de poder e 
exploração presentes nesse contexto.
Um dos aspectos centrais da crítica à sociedade capitalista 
é a problematização da relação entre produção e consumo. 
Os frankfurtianos entendem que, no capitalismo, a produção 
é organizada de forma a maximizar o lucro, muitas vezes em 
detrimento das necessidades humanas e da preservação do 
meio ambiente. Adorno (2003, p. 62) argumenta que “o sistema 
capitalista transforma tudo em mercadoria, subordinando 
a produção à lógica do valor de troca, em vez de atender às 
necessidades humanas”. Essa lógica destrutiva contribui para a 
exploração dos trabalhadores e para a alienação do indivíduo em 
relação ao seu próprio trabalho.
Além disso, a crítica à sociedade capitalista na teoria crítica 
também aborda a desigualdade social e a concentração de poder 
nas mãos de uma minoria privilegiada. Os teóricos frankfurtianos 
analisam como o sistema capitalista perpetua e amplia as 
disparidades socioeconômicas, criando uma estrutura social em 
que alguns poucos detêm grande parte das riquezas e recursos, 
enquanto a maioria vive em condições de precariedade. Marcuse 
(1968, p. 45) afirma que “o capitalismo gera uma sociedade de 
classes, onde a dominação econômica se traduz em dominação 
política e cultural”. Essa dinâmica de desigualdade alimenta a 
exploração e a exclusão social.
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Outro ponto de crítica é direcionado à cultura de massa 
e à indústria cultural, que são consideradas instrumentos de 
dominação e controle. Os frankfurtianos analisam como a cultura 
de massa, por meio de produtos padronizados e alienantes, 
influencia e molda os gostos, os desejos e o pensamento dos 
indivíduos, promovendo a conformidade e a manipulação. 
Horkheimer e Adorno (1985, p. 97) observam que “a indústria 
cultural produz uma cultura estandardizada, voltada para o 
consumo passivo e acrítico, contribuindo para a manutenção das 
estruturas de poder”.
A crítica à sociedade capitalista na teoria crítica da escola 
de Frankfurt é uma ferramenta poderosa para compreender 
as contradições e as injustiças desse sistema econômico. Ao 
destacar a exploração, a desigualdade e a alienação presentes na 
sociedade capitalista, essa abordagem teórica busca promover 
uma reflexão crítica e a transformação social.
Contribuições da Teoria Crítica
A teoria crítica da escola de Frankfurt oferece diversas 
contribuições significativas para a compreensão dos fenômenos 
sociais, culturais e políticos na sociedade contemporânea. Essas 
contribuições têm impacto tanto no campo acadêmico quanto na 
busca por transformações sociais e políticas.
Uma das principais contribuições da teoria crítica é a sua 
análise crítica e abrangente da sociedade capitalista. Os teóricos 
frankfurtianos, ao explorar as contradições e as injustiças 
presentes nesse sistema econômico, fornecem um olhar 
profundo sobre as estruturas de poder e dominação. Adorno e 
Horkheimer (1985, p. 34) argumentam que a Teoria Crítica busca 
“desvendar as ilusões e opressões, bem como buscar alternativas 
de transformação social”. Essa abordagem crítica estimula a 
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reflexão sobre a sociedade e provoca questionamentos sobre as 
bases do sistema capitalista.
Outra contribuição importante é a análise da cultura 
de massa e da indústria cultural. Os frankfurtianos examinam 
como a cultura de massa, por meio de produtos padronizados e 
alienantes, influencia a subjetividade dos indivíduos e reforça as 
estruturas de poder. Horkheimer e Adorno (1985, p. 97) afirmam 
que a indústria cultural produz uma “cultura estandardizada, 
voltada para o consumo passivo e acrítico”. Essa análise crítica 
da cultura de massa nos faz questionar as influências e os efeitos 
dessa produção cultural em nossas vidas.
Além disso, a teoria crítica também traz contribuições 
importantes para a compreensão das relações de poder e 
dominação na sociedade. Os teóricos frankfurtianos exploram 
a interseção entre as estruturas sociais, políticas e culturais, 
buscando entender como a dominação se manifesta em 
diferentes aspectos da vida social. Essa análise das relações de 
poder estimula a reflexão sobre a possibilidade de transformação 
social e a busca por uma sociedade mais justa e igualitária.
Por fim, uma das contribuições mais significativas da 
teoria crítica é a ênfase na emancipação humana. Os teóricos 
frankfurtianos acreditam na importância de superar as estruturas 
de dominação e criar condições para a liberdade e a autonomia 
dos indivíduos. Adorno (1970, p. 76) destaca que a Teoria Crítica 
visa à “emancipação do indivíduo e da sociedade, a superação das 
formas de opressão”. Essa visão orienta a busca por alternativas 
e transformações sociais que promovam a realização plena do 
potencial humano.
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Sociologia de Jürgen Habermas
A sociologia de Jürgen Habermas é uma abordagem teórica 
e crítica que se destaca no campo da sociologia contemporânea. 
Habermas, filósofo e sociólogo alemão, desenvolveu uma 
perspectiva única que combina elementos da teoria crítica 
da escola de Frankfurt com uma abordagem comunicativa e 
discursiva da sociedade. Sua sociologia busca compreender e 
analisar os fenômenos sociais à luz da interação comunicativa 
entre os atores sociais.
Figura 4.5 - Jürgen Habermas
Fonte: Wikimedia Commons.
No centro da sociologia de Habermas, está a teoria da 
ação comunicativa, que enfatiza a importância da linguagem e 
do diálogo na construção do mundo social. Segundo Habermas 
(1987), a ação comunicativa é aquela em que os indivíduos 
se engajam em uma troca discursiva racional, buscando o 
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entendimento mútuo e a coordenação das ações. Essa perspectiva 
coloca a comunicação como um elemento fundamental para a 
formação da sociedade e para a construção de relações sociais 
justas e igualitárias.
Habermas também desenvolveu o conceito de esfera 
pública, que se refere aos espaços de discussão e deliberação 
pública nos quais os cidadãos podem se engajar em debates 
políticos e tomar decisões coletivas. Para Habermas (1997), a 
esfera pública desempenha um papel crucial na democracia, pois 
permite a participação dos cidadãos e a formação de opiniões 
públicas informadas.
Além disso, a sociologia de Habermas aborda temas como 
a ética do discurso, que trata de normas e condições necessárias 
para um diálogo racional e inclusivo, e a teoria da ação social, que 
investiga os fundamentose as estruturas das interações sociais.
As obras de Habermas, como A teoria da ação comunicativa 
(1987) e Direito e democracia (1997), são referências importantes 
para compreender sua sociologia e suas contribuições para a 
compreensão dos fenômenos sociais, culturais e políticos. Seu 
trabalho influenciou diversos campos do conhecimento, como a 
sociologia, a filosofia e a teoria política.
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Fundamentos Teóricos da Sociologia 
de Jürgen Habermas
A sociologia de Jürgen Habermas fundamenta-se em uma 
série de conceitos teóricos essenciais para a compreensão de 
sua abordagem. Esses fundamentos teóricos fornecem as bases 
para a análise crítica e discursiva dos fenômenos sociais. Vamos 
explorar alguns desses fundamentos a seguir.
Em primeiro lugar, um dos conceitos-chave na sociologia 
de Habermas é a teoria da ação comunicativa. Essa teoria 
argumenta que a interação social é baseada na comunicação 
e que a linguagem desempenha um papel fundamental na 
construção da realidade social. Habermas (1987) afirma que a 
ação comunicativa ocorre quando os indivíduos se envolvem em 
um processo de entendimento mútuo e em uma coordenação de 
ações por meio do uso da linguagem. Esse processo é orientado 
pela busca de consenso e pela construção de normas racionais 
e justas.
Outro conceito-chave é o da esfera pública, que representa 
os espaços sociais em que ocorrem os debates públicos e a 
formação de opiniões. Habermas (1997) define a esfera pública 
como um domínio autônomo da sociedade civil no qual os 
cidadãos podem discutir questões políticas e exercer influência 
sobre as decisões coletivas. A esfera pública é considerada um 
elemento central para a democracia, permitindo a participação 
ativa dos cidadãos na esfera política.
Além disso, Habermas desenvolveu a noção de ética do 
discurso, que se refere às normas e às condições necessárias 
para um diálogo racional e inclusivo. A ética do discurso 
estabelece princípios de argumentação válida, como a igualdade 
de oportunidades para expressar opiniões, a ausência de coerção 
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e a busca pela coerência lógica. Essa abordagem ética enfatiza a 
importância da razão e da argumentação na busca de consenso 
e na tomada de decisões coletivas.
Temas e Campos de Pesquisa na 
Sociologia de Jürgen Habermas
A sociologia de Jürgen Habermas abrange uma ampla 
gama de temas e campos de pesquisa essenciais para a 
compreensão da sociedade contemporânea. Esses temas e 
campos de pesquisa refletem a abordagem crítica e discursiva de 
Habermas e fornecem insights valiosos sobre diversos aspectos 
da vida social. Vamos explorar alguns desses temas e campos a 
seguir.
Um dos temas centrais na sociologia de Habermas é a 
esfera pública. Habermas (1997) argumenta que a esfera pública 
desempenha um papel crucial na democracia, permitindo a 
participação dos cidadãos e a formação de opiniões públicas 
informadas. Ele examina como a esfera pública se desenvolve, 
como influencia a tomada de decisões políticas e como as 
instituições democráticas podem fortalecer ou enfraquecer sua 
vitalidade.
Outro tema importante abordado por Habermas é a 
democracia deliberativa. Propõe um modelo de democracia 
em que os cidadãos se envolvem em processos de deliberação 
racional e inclusiva para tomar decisões políticas. Habermas 
(1996) argumenta que a democracia deliberativa é uma 
alternativa mais participativa e justa à democracia representativa 
tradicional, permitindo que os cidadãos influenciem, diretamente, 
as decisões políticas por meio do diálogo e da argumentação.
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Além disso, Habermas também se interessa pela ética 
do discurso e pela teoria da ação social. A ética do discurso 
trata das normas e condições necessárias para um diálogo 
racional e inclusivo, enquanto a teoria da ação social investiga os 
fundamentos e as estruturas das interações sociais. Esses temas 
estão interligados em sua sociologia, fornecendo uma base 
conceitual sólida para analisar as relações sociais, as práticas 
comunicativas e a formação da identidade individual e coletiva.
Contribuições e Relevância da 
Sociologia de Jürgen Habermas
A sociologia de Jürgen Habermas tem feito importantes 
contribuições para o campo das ciências sociais, proporcionando 
uma abordagem crítica e discursiva que ajuda a compreender os 
fenômenos sociais, culturais e políticos. Suas contribuições têm 
sido reconhecidas amplamente e têm influenciado tanto a teoria 
social quanto a prática política. Vamos explorar algumas dessas 
contribuições e sua relevância a seguir.
Uma das principais contribuições de Habermas é sua 
teoria da ação comunicativa. Essa teoria enfatiza a importância 
da linguagem e da comunicação na construção da realidade 
social. Habermas (1987) argumenta que a ação comunicativa é 
fundamental para a coordenação das atividades sociais e para a 
formação de consensos racionais e justos. Sua teoria fornece um 
quadro conceitual para entender como os indivíduos se envolvem 
em processos de interação e como constroem significados 
compartilhados.
Além disso, a sociologia de Habermas tem contribuído 
para o estudo da esfera pública e da democracia deliberativa. 
Habermas (1997) argumenta que a esfera pública é crucial para 
a vitalidade democrática, permitindo que os cidadãos discutam 
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questões públicas, formem opiniões informadas e influenciem 
a tomada de decisões políticas. Sua abordagem enfatiza a 
importância do diálogo racional e da participação ativa dos 
cidadãos na esfera pública para fortalecer a democracia.
Outra contribuição significativa de Habermas é sua crítica 
à sociedade capitalista e sua análise dos desafios enfrentados 
pela modernidade. Argumenta que a razão instrumental e a 
lógica do capitalismo tendem a colonizar as esferas da vida social, 
dificultando a emancipação individual e a construção de uma 
sociedade mais justa. Sua análise crítica ajuda a compreender as 
contradições e os problemas inerentes ao sistema capitalista e 
oferece bases para a reflexão sobre alternativas socioeconômicas.
A relevância da sociologia de Habermas está na sua 
capacidade de fornecer uma perspectiva crítica e reflexiva sobre 
a sociedade contemporânea. Suas contribuições teóricas e 
conceituais permitem analisar as dinâmicas sociais, identificar 
desigualdades e injustiças e refletir sobre possíveis caminhos 
para uma sociedade mais democrática e emancipada.
Sociologia de Anthony Giddens
A sociologia de Anthony Giddens é reconhecida, 
amplamente, como uma das abordagens mais influentes e 
inovadoras no campo das ciências sociais contemporâneas. 
Giddens, renomado sociólogo britânico, ofereceu contribuições 
teóricas e conceituais significativas que têm impulsionado o 
entendimento dos fenômenos sociais, políticos e culturais 
da sociedade moderna. Seu trabalho tem se destacado pela 
busca de uma abordagem integrada que combina estrutura e 
agência, além de sua análise profunda da modernidade e das 
transformações sociais.
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Figura 4.6 - Anthony Giddens
Fonte: Wikimedia Commons.
Giddens tem uma visão dinâmica da sociedade, 
enfatizando a importância da interação entre a estrutura social 
e a agência humana. Na obra As consequências da modernidade, 
ele argumenta que a modernidade está ligada, intrinsecamente, 
a uma transformação social radical, resultando em uma 
“desestruturação” das instituições tradicionais e na emergência 
de novas formas de organização social (GIDDENS, 1991). Propõe o 
conceito de “estruturação” para descrever a interação constante 
entre a estrutura social e as ações individuais, enfatizando que 
a estrutura social é, simultaneamente, um produto e um recurso 
para a ação humana.
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Além disso, Giddens contribuiu para o campo da sociologia 
com sua teoria da modernidade reflexiva.Ele argumenta que 
a modernidade é caracterizada pela reflexividade, ou seja, 
pela capacidade de os indivíduos refletirem e reavaliarem, 
constantemente, suas ações e relações sociais (GIDDENS, 1990). 
Essa reflexividade tem implicações profundas para a política, a 
cultura e a identidade, uma vez que os indivíduos são desafiados, 
constantemente, a tomar decisões e a moldar suas vidas em um 
mundo complexo e em constante mudança.
A sociologia de Anthony Giddens se destaca pela 
sua capacidade de combinar a teoria social clássica com a 
análise dos problemas sociais contemporâneos. Sua obra tem 
influenciado não apenas a academia, mas também os debates e 
as políticas públicas em diversas áreas, como política, economia, 
sexualidade, globalização e meio ambiente. Com sua abordagem 
inovadora, Giddens oferece ferramentas teóricas e conceituais 
que permitem uma compreensão mais profunda dos desafios 
enfrentados pela sociedade moderna.
Fundamentos Teóricos 
A sociologia de Anthony Giddens é fundamentada em 
uma série de conceitos e abordagens teóricas que fornecem a 
base para sua análise da sociedade moderna. Giddens propõe 
uma abordagem integrada que combina estrutura e agência, 
refletindo sua perspectiva dinâmica da sociedade. Entre os 
fundamentos teóricos centrais de sua obra, destacam-se a teoria 
da estruturação, a reflexividade e a modernidade.
A teoria da estruturação é uma contribuição central 
de Giddens para a sociologia. Ele argumenta que a estrutura 
social e a ação individual são interdependentes e se influenciam 
mutuamente. Segundo Giddens, “a estrutura não é um objeto 
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tangível, mas uma propriedade das práticas sociais repetidas” 
(GIDDENS, 1984, p. 25). 
Nessa perspectiva, a estrutura é entendida como um 
conjunto de regras, normas e recursos que moldam as ações 
dos indivíduos, enquanto a agência se refere à capacidade 
dos indivíduos de agir e influenciar a estrutura. A teoria da 
estruturação busca superar a dicotomia entre determinismo 
estrutural e livre arbítrio, destacando a interação constante entre 
a estrutura social e a ação humana.
Outro conceito fundamental na sociologia de Giddens é a 
reflexividade. Ele argumenta que a modernidade é caracterizada 
pela reflexividade, ou seja, pela capacidade dos indivíduos de 
refletir e reavaliar, constantemente, suas ações e relações sociais 
(GIDDENS, 1990). A reflexividade implica que os indivíduos estão 
envolvidos, continuamente, em processos de autoconhecimento 
e autotransformação, à medida que refletem sobre as 
consequências de suas ações e buscam ajustar suas práticas 
sociais de acordo com as mudanças nas estruturas sociais.
Por fim, a análise da modernidade é um elemento 
central na sociologia de Giddens. Ele investiga as características 
e transformações da sociedade moderna, destacando a 
globalização, a individualização, a gestão do risco e a redistribuição 
do poder. Giddens argumenta que a modernidade é marcada 
pela desintegração das tradições e a emergência de instituições 
desenraizadas, o que exige uma reflexividade constante por 
parte dos indivíduos para navegar nas complexidades da vida 
social.
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Teoria da Estruturação
A teoria da estruturação é um conceito fundamental na 
sociologia de Anthony Giddens. Segundo Giddens, a teoria da 
estruturação busca superar a dicotomia tradicional entre ação 
individual e estrutura social, argumentando que ambas são 
interdependentes e se influenciam mutuamente (GIDDENS, 
1984).
De acordo com Giddens, a estrutura social não deve ser 
entendida como algo externo aos atores sociais, mas como uma 
propriedade das práticas sociais repetidas ao longo do tempo. 
Ele afirma que “a estrutura não é uma coisa tangível, mas uma 
propriedade das práticas sociais repetidas” (GIDDENS, 1984, p. 
25). Nessa perspectiva, a estrutura é compreendida como um 
conjunto de regras, normas e recursos que orientam e moldam as 
ações dos indivíduos.
Ao mesmo tempo, a teoria da estruturação reconhece a 
agência dos indivíduos, ou seja, sua capacidade de agir e influenciar 
a estrutura social. Giddens destaca que a estrutura social não é 
um determinante absoluto do comportamento humano, mas é 
reproduzida e transformada, constantemente, pelas ações dos 
indivíduos. Ele argumenta que “a reprodução da estrutura social 
é sempre um processo de reprodução simultânea da conduta” 
(GIDDENS, 1984, p. 27). Dessa forma, a agência individual 
desempenha um papel central na reprodução e na transformação 
da estrutura social.
A teoria da estruturação de Giddens também enfatiza 
a importância do tempo e do espaço na análise sociológica. Ele 
argumenta que as ações dos indivíduos são situadas em um 
contexto temporal e espacial específico e que a estrutura social 
é influenciada pela distribuição temporal e espacial das práticas 
sociais.
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Transformações Sociais e Políticas
Na sociologia de Anthony Giddens, as transformações 
sociais e políticas são temas centrais de análise. Giddens 
argumenta que a sociedade moderna passa por profundas 
mudanças estruturais que afetam tanto as relações sociais 
quanto a esfera política.
Uma das principais transformações sociais destacadas por 
Giddens é a globalização. Ele enfatiza as crescentes interconexão e 
interdependência entre os diferentes países e regiões do mundo, 
resultando em uma maior integração econômica, cultural e 
política (GIDDENS, 1990). Essa transformação tem consequências 
significativas para a organização social e as relações de poder, 
afetando a vida cotidiana das pessoas em diferentes partes do 
globo.
Outra transformação importante é a chamada 
modernização reflexiva. Giddens argumenta que a sociedade 
moderna passa por um processo contínuo de reflexividade no 
qual as pessoas estão cada vez mais conscientes e engajadas 
na moldagem das condições sociais e políticas em que vivem 
(GIDDENS, 1991). Essa reflexividade implica uma maior 
responsabilidade individual e coletiva na tomada de decisões e 
na construção de instituições democráticas.
No contexto político, Giddens destaca a emergência da 
política de identidade e a crescente importância dos movimentos 
sociais na luta por direitos e reconhecimento (GIDDENS, 1994). 
Essas transformações políticas refletem a busca por maiores 
inclusão e diversidade na esfera pública, desafiando as estruturas 
tradicionais de poder e hierarquia.
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Contribuições e Relevâncias 
As contribuições da sociologia de Anthony Giddens 
são reconhecidas amplamente no campo das ciências sociais. 
Suas teorias e seus conceitos têm sido fundamentais para a 
compreensão dos fenômenos sociais, culturais e políticos da 
sociedade contemporânea. Giddens oferece uma abordagem 
teórica inovadora que combina elementos da teoria social 
clássica com análises críticas das transformações da sociedade 
moderna.
Uma das principais contribuições de Giddens é a teoria da 
estruturação. Ele propõe que a sociedade é moldada tanto por 
estruturas sociais quanto por ações individuais, enfatizando a 
importância da interação entre as estruturas sociais e as práticas 
cotidianas das pessoas (GIDDENS, 1984). Essa abordagem 
permite uma compreensão mais dinâmica e relacional dos 
fenômenos sociais, destacando a agência humana na construção 
e na reprodução das estruturas sociais.
Além disso, Giddens também contribuiu para a 
compreensão da modernidade e suas consequências. Argumenta 
que a modernidade é marcada por um aumento na reflexividade: 
as pessoas são chamadas a refletir e a tomar decisões sobre suas 
ações e identidades em um contexto de mudança constante 
(GIDDENS, 1990). Essa reflexividade afeta a vida cotidiana, as 
relações sociais, a política e outros aspectos da sociedade, 
gerando novos desafios e possibilidades.
A relevância da sociologia de Giddens se dá pela 
sua capacidade de abordar questões centrais da sociedadecontemporânea. Suas análises de globalização, identidade, 
desigualdade e poder têm sido debatidas e aplicadas em 
diferentes campos das ciências sociais. Seu trabalho é relevante, 
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particularmente, para compreender as dinâmicas sociais e 
políticas em um mundo cada vez mais interconectado e em 
constante transformação.
No decorrer deste capítulo, exploramos as principais 
contribuições e perspectivas teóricas da escola de Frankfurt, 
Jürgen Habermas e Anthony Giddens. Esses importantes 
sociólogos e teóricos sociais forneceram insights fundamentais 
para a compreensão dos fenômenos sociais, culturais e políticos 
contemporâneos.
A escola de Frankfurt, com sua teoria crítica, propôs uma 
abordagem crítica e interdisciplinar que questionava a sociedade 
capitalista e explorava as contradições e alienações presentes. 
Suas análises aprofundadas da cultura, da ideologia e da própria 
sociedade capitalista abriram caminho para uma compreensão 
mais crítica do mundo moderno.
Jürgen Habermas, por sua vez, trouxe contribuições 
valiosas para a teoria sociológica com seu conceito de ação 
comunicativa e sua ênfase na importância da esfera pública e 
do discurso racional para a democracia e a legitimação social. 
Sua teoria da ação comunicativa proporcionou uma base sólida 
para a compreensão da interação social e política em sociedades 
complexas.
Por fim, Anthony Giddens ofereceu uma abordagem 
teórica inovadora, combinando elementos da teoria social 
clássica com análises críticas das transformações da sociedade 
moderna. Sua teoria da estruturação e sua discussão sobre a 
reflexividade na modernidade destacaram a importância das 
interações entre estruturas sociais e a agência individual na 
construção da sociedade.
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A relevância desses teóricos reside em sua capacidade de 
fornecer uma análise crítica e abrangente dos fenômenos sociais, 
culturais e políticos contemporâneos. Suas obras continuam a 
influenciar e a inspirar pesquisadores e estudiosos, oferecendo 
uma base sólida para a compreensão das dinâmicas complexas e 
das transformações em curso na sociedade moderna.
Ao desenvolver nossa compreensão dessas teorias 
e perspectivas sociológicas, somos capacitados a analisar e 
interpretar os fenômenos sociais com maior profundidade 
e crítica. A escola de Frankfurt, Jürgen Habermas e Anthony 
Giddens nos convidam a olhar além das aparências e a questionar 
as estruturas e práticas sociais existentes, contribuindo para a 
busca de uma sociedade mais justa, inclusiva e democrática.
Portanto, a compreensão e a incorporação dessas 
contribuições são fundamentais para a formação de uma 
perspectiva sociológica abrangente e atualizada, capacitando-
nos a analisar e compreender os desafios e as possibilidades do 
mundo contemporâneo.
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RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? 
Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para 
termos certeza de que você realmente entendeu 
o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir 
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a 
teoria crítica da escola de Frankfurt, a sociologia 
de Jürgen Habermas e a sociologia de Anthony 
Giddens são correntes teóricas essenciais 
para a compreensão dos fenômenos sociais, 
culturais e políticos. Ao explorar a teoria crítica 
da escola de Frankfurt, você pôde compreender 
sua abordagem crítica e interdisciplinar, 
questionando a sociedade capitalista e analisando 
as contradições e alienações presentes. Suas 
contribuições para a análise da cultura, ideologia 
e sociedade capitalista oferecem uma visão 
crítica e profunda do mundo contemporâneo. Ao 
discutir a sociologia de Jürgen Habermas, você 
descobriu a importância da ação comunicativa, 
da esfera pública e do discurso racional na 
democracia e na legitimação social. Sua teoria 
da ação comunicativa proporciona uma base 
sólida para a compreensão da interação social 
e política em sociedades complexas. Por fim, 
ao explorar a Sociologia de Anthony Giddens, 
você entendeu a relevância de sua teoria da 
estruturação e da reflexividade na modernidade. 
A interação entre estruturas sociais e agência 
individual desempenha um papel fundamental 
na construção da sociedade, e sua análise das 
transformações sociais e políticas nos permite 
compreender as dinâmicas da sociedade 
contemporânea. Essas correntes teóricas 
oferecem perspectivas críticas e abrangentes 
que nos ajudam a interpretar e analisar os 
fenômenos sociais, culturais e políticos de nosso 
tempo. 
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Ao desenvolvermos uma compreensão dessas 
teorias e suas contribuições, somos capacitados 
a examinar o mundo com maior profundidade, 
questionando as estruturas e práticas sociais 
existentes e buscando uma sociedade mais 
justa e igualitária. Portanto, ao fim deste 
capítulo, esperamos que você tenha adquirido 
um conhecimento sólido sobre a teoria crítica 
da escola de Frankfurt, a sociologia de Jürgen 
Habermas e a sociologia de Anthony Giddens, 
reconhecendo sua importância e relevância para 
a compreensão dos fenômenos sociais, culturais 
e políticos. Avance nessa jornada de aprendizado 
e aplique essas perspectivas teóricas para uma 
análise mais crítica e informada do mundo ao 
seu redor.
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	Georg Simmel e Max Weber e a subjetividade sociológica
	Georg Simmel: A subjetividade na sociologia
	Max Weber: ação social e interpretação dos fenômenos sociais
	Comparação das abordagens de Simmel e Weber
	Princípios teóricos do estrutural-funcionalismo 
	Robert Merton e o funcionalismo estrutural
	Talcott Parsons e a teoria da ação social
	Comparação e contraste entre Merton e Parsons: implicações para o funcionalismo estrutural
	Interacionismo simbólico 
	Fundamentos e Perspectivas do Interacionismo Simbólico 
	Obras e contribuições de Norbert Elias, Pierre Bourdieu e Michel Foucault na Sociologia
	Escola de Frankfurt, Jürgen Habermas e Anthony Giddens
	Teoria Crítica da Escola de Frankfurt
	Sociologia de Jürgen Habermas
	Sociologia de Anthony Giddensa interação humana, 
a formação de identidades e a influência da subjetividade nas 
relações sociais. Nesta seção, exploraremos o trabalho de Simmel 
em relação à subjetividade na sociologia, destacando suas ideias 
centrais e a relevância contínua de suas teorias.
11SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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Figura 4.1 - Georg Simmel
Fonte: Wikimedia Commons.
Simmel propôs uma abordagem inovadora, conhecida 
como “sociologia da forma”, que enfatiza a importância das 
formas sociais e das interações individuais na construção da 
subjetividade. Segundo Simmel, as formas sociais moldam 
as experiências humanas e influenciam a maneira como os 
indivíduos interpretam e compreendem o mundo social ao seu 
redor.
De acordo com Löwy (2004), Simmel argumentava que 
a subjetividade é construída nas interações sociais, pois, nesse 
espaço relacional, os indivíduos se encontram e constroem suas 
identidades. Ele via a sociedade como um mosaico complexo 
de interações sociais em que cada pessoa é afetada e moldada 
pelas relações que estabelece com as outras. Para Simmel, a 
subjetividade não é algo dado ou pré-determinado, mas, sim, 
uma construção contínua que resulta das interações sociais.
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Uma das principais contribuições de Simmel para a 
compreensão da subjetividade é sua análise da vida urbana. 
Segundo Martins (2010), investigou a experiência dos indivíduos 
na cidade, destacando o efeito do anonimato e da distância 
social nas relações interpessoais. Simmel argumentou que a vida 
urbana intensifica a liberdade individual, mas também pode levar 
a uma sensação de isolamento e alienação. Essa abordagem 
revelou a complexidade da subjetividade na sociedade moderna 
e influenciou, posteriormente, a teoria sociológica urbana.
Outro conceito importante introduzido por Simmel é o 
do “estrangeiro sociológico”, como discutido por Costa (2013). O 
estrangeiro sociológico é aquele que se encontra à margem da 
sociedade, seja devido a características individuais, como etnia 
ou classe social, seja por estar imerso em uma cultura diferente. 
Simmel argumenta que essa posição de estranhamento permite 
uma perspectiva privilegiada para compreender a dinâmica 
social, já que o estrangeiro observa as interações sociais com um 
olhar crítico e desapegado. O estrangeiro sociológico traz consigo 
uma subjetividade particular, moldada pela experiência de estar 
à margem da sociedade, o que influencia sua interpretação dos 
fenômenos sociais.
Ao explorar as contribuições de Simmel para a 
compreensão da subjetividade na sociologia, é possível perceber a 
relevância contínua de suas teorias e seus conceitos. Seu enfoque 
em formas sociais, interações individuais e experiências urbanas 
oferece uma abordagem única para analisar a construção da 
subjetividade na sociedade. Essa compreensão da subjetividade 
é fundamental para os profissionais das áreas de sociologia e 
antropologia, pois permite uma análise mais aprofundada das 
dinâmicas sociais, das relações humanas e dos processos de 
identidade.
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Sociologia da forma: explorando as 
relações sociais e individuais 
De acordo com Martins (2010), Simmel introduziu o 
conceito de “sociologia da forma”, uma abordagem que destaca 
a importância das formas sociais na vida social e na construção 
da subjetividade. Para Simmel, as formas sociais não são 
apenas estruturas vazias, mas têm influência significativa nas 
experiências e nas interações dos indivíduos. Essas formas 
podem ser entendidas como padrões recorrentes de relações, 
padrões culturais e, até mesmo, instituições.
Simmel acreditava que as formas sociais moldam as 
interações individuais e estabelecem limites para a ação humana. 
Segundo Löwy (2004), essas formas podem variar desde relações 
sociais mais próximas e íntimas até formas mais distantes e 
impessoais. Por exemplo, a relação entre amigos íntimos terá 
uma forma social diferente da relação entre estranhos em um 
transporte público. Cada forma social cria um contexto específico 
que influencia a maneira como os indivíduos se comportam e 
interpretam as interações.
Um dos conceitos-chave na sociologia da forma é o de 
“sociabilidade”, discutido por Simmel. Para Simmel, a sociabilidade 
é uma forma de interação social situada entre a intimidade e a 
estranheza. Costa (2013) destaca que a sociabilidade envolve 
interações informais, encontros sociais casuais e trocas 
superficiais. Nesse espaço intermediário, os indivíduos podem 
experimentar a construção da subjetividade e a negociação das 
relações sociais.
Simmel também argumentava que as formas sociais 
influenciam a liberdade individual e a autonomia. De acordo 
com Löwy (2004), as formas mais impessoais, como a vida nas 
14 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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grandes cidades, oferecem maior liberdade para os indivíduos, 
mas também podem levar a um sentimento de isolamento e 
alienação. Por outro lado, as formas mais íntimas podem fornecer 
uma sensação de pertencimento, mas também podem restringir 
a liberdade individual.
Ao explorar a sociologia da forma de Simmel, 
compreendemos que as relações sociais não são apenas 
encontros aleatórios, mas são moldadas por padrões e formas 
específicas que afetam a subjetividade e a maneira como os 
indivíduos se relacionam com os outros. Essa perspectiva 
nos permite analisar a complexidade das interações sociais e 
entender como as formas sociais influenciam nossa experiência 
no mundo social.
Estudo da vida urbana e das 
interações sociais
Georg Simmel se dedicou ao estudo da vida urbana e sua 
influência na sociedade. Percebeu que as cidades são espaços 
de intensa interação social e diversidade cultural, o que afeta, 
diretamente, a subjetividade dos indivíduos e a forma como se 
relacionam com os outros.
Segundo Martins (2010), Simmel via a cidade como um 
ambiente propício para a construção de uma subjetividade 
específica, marcada pela liberdade individual e pela variedade de 
estímulos sociais. No entanto, Simmel também ressaltava que a 
vida urbana poderia levar à fragmentação social e ao anonimato.
Uma das contribuições mais importantes de Simmel foi 
o estudo das interações sociais na cidade. Analisou as dinâmicas 
das relações entre os indivíduos, como as trocas monetárias, 
os encontros casuais nas ruas, as interações nos cafés e os 
15SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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eventos sociais. De acordo com Costa (2013), Simmel destacou a 
importância dessas interações para a formação da subjetividade 
e para a construção de uma identidade social.
Para Simmel, as interações sociais na cidade eram 
caracterizadas por certos distanciamento e superficialidade, 
uma vez que a cidade abrigava muitos estranhos. Segundo Löwy 
(2004), a proximidade física entre as pessoas não garantia uma 
conexão emocional mais profunda, o que levava a uma forma 
particular de interação social. Essa perspectiva influenciou, 
posteriormente, a teoria sociológica urbana, como a abordagem 
das relações sociais “friamente afetivas” proposta por Park e a 
teoria das trocas simbólicas de Blumer.
A partir dos estudos de Simmel, podemos compreender 
que as interações sociais na vida urbana são complexas e 
variadas. Influenciam a maneira como percebemos a nós mesmos 
e aos outros, moldando nossa subjetividade e nossa identidade 
social. A cidade oferece uma multiplicidade de experiências e 
de oportunidades de interação, mas também traz desafios em 
termos de conexões mais profundas e duradouras.
Ao explorar o estudo da vida urbana e das interações 
sociais de Simmel, podemos compreender melhor a dinâmica 
social nas cidades e a maneira como afeta a subjetividade e as 
relações humanas. As ideias de Simmel continuam relevantes até 
os dias de hoje, oferecendo insights valiosos para a compreensão 
dos fenômenos sociais nas sociedades urbanas contemporâneas.
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Max Weber: ação social e 
interpretação dosfenômenos 
sociais
Max Weber, renomado sociólogo alemão, desempenhou 
um papel fundamental no desenvolvimento da sociologia 
ao abordar temas como a ação social e a interpretação dos 
fenômenos sociais. Suas contribuições teóricas e conceituais 
lançaram luz sobre a compreensão da subjetividade humana, a 
motivação por trás das ações individuais e a influência da religião 
e da ética nas estruturas sociais. Nesta seção, exploraremos o 
trabalho de Weber em relação à ação social e à interpretação dos 
fenômenos sociais, destacando suas ideias centrais e a relevância 
contínua de suas teorias.
Figura 4.2 – Max Weber
Fonte: Wikimedia Commons.
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Weber propôs uma abordagem abrangente para a 
compreensão da ação social, que se tornou um conceito central 
em sua teoria sociológica. Para ele, a ação social é uma das 
principais unidades de análise da sociologia, pois são as ações 
dos indivíduos que moldam e influenciam a vida social. Segundo 
Martins (2010), Weber definiu a ação social como “qualquer 
conduta humana à qual o indivíduo atribui um significado 
subjetivo”. Portanto, a ação social é motivada por crenças, 
intenções e significados que os indivíduos lhe atribuem.
Weber identificou quatro tipos ideais de ação social: 
ação racional com relação a fins, ação racional com relação a 
valores, ação afetiva e ação tradicional. Cada um desses tipos 
tem características e motivações subjacentes próprias. Segundo 
Giddens (2005), Weber argumentava que a ação social é orientada 
por uma variedade de fatores, incluindo cálculos racionais, 
emoções, tradições e valores culturais.
Um dos principais conceitos desenvolvidos por Weber foi 
o de “ação social com relação a valores”. Ele explorou como os 
valores e as crenças culturais influenciam as ações individuais 
e moldam as estruturas sociais. De acordo com Giddens (2005), 
Weber enfatizava a importância das ideias religiosas e éticas na 
formação da sociedade e na orientação das ações individuais. 
Argumentava que essas ideias tinham um impacto significativo 
nas estruturas sociais e na organização da vida em comunidade.
Além disso, Weber analisou a relação entre a religião e 
o desenvolvimento do capitalismo moderno. Argumentava que 
certas ideias religiosas, como o protestantismo ascético, tiveram 
um papel crucial na criação de uma ética do trabalho que 
favorecia o acúmulo de capital e o desenvolvimento econômico. 
Segundo Martins (2010), Weber explorou como as crenças 
religiosas podem influenciar as motivações individuais e, por 
consequência, os fenômenos sociais.
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Ao explorar as contribuições de Weber para a compreen-
são da ação social e a interpretação dos fenômenos sociais, po-
demos perceber a relevância contínua de suas teorias e de seus 
conceitos. 
Interpretação dos fenômenos sociais: 
valores, crenças e estruturas sociais
Max Weber reconheceu que a compreensão dos 
fenômenos sociais não pode ser reduzida a fatores materiais 
ou econômicos. Argumentava que os aspectos culturais, como 
os valores, as crenças e as estruturas sociais, desempenham um 
papel fundamental na interpretação dos fenômenos sociais.
Segundo Costa (2013), Weber via a sociedade como um 
sistema complexo de significados no qual as ações individuais 
são influenciadas por valores e crenças compartilhados pelos 
membros de uma determinada cultura. Argumentava que esses 
valores e crenças fornecem um quadro de referência para a 
interpretação e a ação social.
Weber destacou a importância das ideias religiosas na 
interpretação dos fenômenos sociais. Explorou como as crenças 
religiosas moldam a cultura, as normas sociais e as estruturas 
sociais. Segundo Martins (2010), Weber argumentava que a 
religião desempenha um papel significativo na orientação da ação 
social, influenciando as motivações, as práticas e as interações 
sociais.
Um exemplo marcante das ideias de Weber é a relação 
entre a ética protestante do trabalho e o desenvolvimento do 
capitalismo. Weber argumentava que certas crenças religiosas, 
como o protestantismo ascético, promoviam uma ética do 
trabalho que valorizava a disciplina, a poupança e o acúmulo de 
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capital. Essa ética do trabalho teve um impacto significativo no 
desenvolvimento do capitalismo moderno.
Weber também enfatizava a importância das estruturas 
sociais na interpretação dos fenômenos sociais. Segundo 
Giddens (2005), as estruturas sociais, como as instituições e as 
relações de poder, moldam as possibilidades e os limites da ação 
individual. Influenciam a maneira como os indivíduos interpretam 
e respondem aos fenômenos sociais, bem como a forma como a 
sociedade como um todo se organiza.
Ao explorar a interpretação dos fenômenos sociais por 
meio de valores, crenças e estruturas sociais, compreendemos 
que a sociedade é um sistema complexo em que as ideias 
culturais e as estruturas sociais desempenham um papel central. 
Essa perspectiva nos permite analisar os fenômenos sociais de 
forma mais abrangente, considerando não apenas os aspectos 
materiais, mas também as dimensões simbólicas e culturais.
Comparação das abordagens de 
Simmel e Weber
A comparação das abordagens de Georg Simmel e 
Max Weber é de extrema importância para uma compreensão 
mais abrangente dos fenômenos sociais. Ambos os sociólogos 
tiveram contribuições significativas para o campo da sociologia, 
abordando temas como subjetividade, ação social e interpretação 
dos fenômenos sociais. Nesta seção, exploraremos a comparação 
entre as abordagens de Simmel e Weber, identificando 
semelhanças, diferenças e a relevância contínua de seus 
trabalhos na sociologia contemporânea.
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IMPORTANTE
Tanto Simmel quanto Weber se dedicou a 
compreender as dinâmicas sociais e as interações 
humanas, mas suas perspectivas teóricas diferem 
em alguns aspectos. Enquanto Simmel adotou 
uma abordagem mais voltada para a análise 
da vida urbana e das formas sociais, Weber 
concentrou-se na ação social, na interpretação 
dos fenômenos sociais e nas estruturas sociais 
mais amplas.
Simmel abordou a subjetividade e as formas sociais, 
destacando a importância das interações individuais e da vida 
urbana. Segundo Löwy (2004), Simmel enfatizava que as formas 
sociais moldam as experiências humanas e influenciam a maneira 
como os indivíduos interpretam e compreendem o mundo social 
ao seu redor. Por outro lado, Weber concentrou-se na ação 
social e na interpretação dos fenômenos sociais, explorando as 
motivações subjacentes às ações individuais e as influências das 
crenças religiosas e dos valores culturais nas estruturas sociais.
Ambos os sociólogos também se diferenciam em termos 
de enfoque metodológico. Simmel era conhecido por sua análise 
microsociológica e estudos de casos detalhados, enquanto 
Weber adotava uma abordagem mais ampla, incorporando 
análise histórica e uma compreensão dos contextos sociais mais 
amplos.
Apesar das diferenças, as abordagens de Simmel e 
Weber continuam relevantes na sociologia contemporânea. Suas 
teorias e seus conceitos fornecem uma base sólida para a análise 
dos fenômenos sociais, contribuindo para o desenvolvimento 
teórico da disciplina. As ideias de Simmel sobre formas sociais 
e interações individuais, assim como as perspectivas de Weber 
sobre ação social e interpretação dos fenômenos sociais, 
oferecem insights valiosos para compreender as complexidades 
das relações sociais e a influência da subjetividade na sociedade.
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Análise das perspectivas teóricas
As perspectivas teóricas de Georg Simmel e Max Weber 
apresentam diferenças marcantes, mas também compartilham 
semelhanças importantes. Ambos os sociólogos enfatizam 
a compreensão da ação social e da subjetividade, embora o 
enfoque e as ênfases teóricas possam variar.
Simmel, em sua abordagem, destaca a importância das 
formas sociaise das interações individuais na construção da 
subjetividade e da vida urbana. Ele acreditava que as formas 
sociais moldam a experiência humana e influenciam a maneira 
como os indivíduos se relacionam com os outros. Segundo Martins 
(2010), Simmel considerava as formas sociais como padrões 
recorrentes de relações que proporcionam uma estrutura para 
a interação humana.
Por outro lado, Weber concentrou-se na ação social e na 
interpretação dos fenômenos sociais, enfatizando a importância 
de valores, crenças e estruturas sociais na orientação das ações 
individuais e na organização da sociedade. Segundo Costa (2013), 
Weber argumentava que a ação social é orientada por fatores 
como cálculos racionais, emoções, tradições e valores culturais.
NOTA
Apesar das diferenças em suas perspectivas 
teóricas, Simmel e Weber compartilham a 
preocupação de compreender a complexidade da 
vida social e as motivações subjacentes às ações 
humanas. Ambos reconhecem a importância da 
subjetividade na análise sociológica e exploram 
como os indivíduos interpretam e atribuem 
significado às interações sociais.
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Segundo Löwy (2004), tanto Simmel quanto Weber 
reconhece que as interações sociais são fundamentais para 
a compreensão da sociedade. Reconhecem que a vida social é 
constituída por uma multiplicidade de interações, que variam 
desde as mais próximas e íntimas até as mais distantes e 
impessoais. Ambos os sociólogos se preocupam com analisar 
as dinâmicas sociais e as relações humanas, buscando entender 
como essas interações moldam a vida social e a subjetividade 
dos indivíduos.
Em suma, embora apresentem abordagens teóricas 
distintas, Simmel e Weber contribuíram para a compreensão da 
ação social e da subjetividade na sociologia. Suas perspectivas 
teóricas oferecem insights valiosos sobre as interações sociais, 
a construção da identidade e a influência dos valores e das 
estruturas sociais nos fenômenos sociais.
Compreensão das interações sociais 
Georg Simmel e Max Weber dedicaram-se ao estudo das 
interações sociais e à compreensão das dinâmicas que ocorrem 
nas relações humanas. Suas abordagens oferecem insights 
valiosos para entendermos como as interações sociais moldam a 
vida social e a subjetividade dos indivíduos.
Simmel enfatizou a importância das formas sociais e das 
interações individuais na construção da vida social. Segundo 
Löwy (2004), Simmel via a cidade como um espaço privilegiado 
para a análise das interações sociais, pois, no contexto urbano, 
ocorrem encontros casuais, trocas monetárias, conversas em 
cafés e eventos sociais. Ele argumentava que essas interações 
são fundamentais para a construção da subjetividade e da 
identidade social dos indivíduos.
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Por sua vez, Weber explorou a complexidade das 
interações sociais e a influência dos valores e das estruturas 
sociais nas relações humanas. Segundo Giddens (2005), Weber 
reconhecia que as interações sociais são fundamentais para a 
compreensão da sociedade e que são orientadas por diversos 
fatores, como cálculos racionais, emoções, tradições e valores 
culturais.
NOTA
Ambos os sociólogos reconhecem que as 
interações sociais variam em natureza, 
intensidade e significado. Simmel destacou a 
interação entre estranhos na cidade, que, muitas 
vezes, é caracterizada por uma proximidade 
física sem uma conexão emocional profunda. 
Essa forma de interação pode levar ao anonimato 
e à fragmentação social.
Weber, por sua vez, analisou as interações sociais dentro 
do contexto das estruturas sociais mais amplas. Explorou 
como as relações de poder, as instituições e as normas sociais 
influenciam as interações e moldam a vida social. Giddens (2005) 
afirma que Weber estava interessado em compreender como as 
estruturas sociais limitam e possibilitam as interações entre os 
indivíduos.
Ao analisar as contribuições de Simmel e Weber para 
a compreensão das interações sociais, podemos perceber que 
nos fornecem diferentes perspectivas sobre a vida social e a 
subjetividade. Suas abordagens nos convidam a refletir sobre 
como as interações sociais influenciam nossas experiências, 
percepções e identidades dentro do contexto social.
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Influência e relevância contínua
As contribuições de Georg Simmel e Max Weber para a 
sociologia têm uma influência duradoura e continuam relevantes 
para o estudo dos fenômenos sociais. Suas teorias e seus 
conceitos fornecem uma base sólida para a compreensão da vida 
social, das interações humanas e das estruturas sociais.
Simmel trouxe uma perspectiva única para o estudo 
da vida urbana e das interações sociais. Seu foco nas formas 
sociais e nas interações individuais oferece uma compreensão 
valiosa da dinâmica social em contextos urbanos. Segundo Löwy 
(2004), Simmel foi pioneiro na análise das relações sociais e 
das trocas culturais que ocorrem na cidade, e suas ideias ainda 
são relevantes para a compreensão das complexidades da vida 
urbana na atualidade.
Weber, por sua vez, trouxe contribuições significativas 
para a compreensão da ação social e da interpretação dos 
fenômenos sociais. Sua análise da influência de valores, crenças 
religiosas e estruturas sociais nas ações individuais oferece uma 
perspectiva abrangente da vida social. Segundo Costa (2013), 
Weber destacou a importância das ideias religiosas na formação 
das estruturas sociais e na orientação da ação social, e suas 
ideias continuam relevantes para a compreensão das relações 
entre religião, ética e sociedade.
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As contribuições de Simmel e Weber também influenciaram 
o desenvolvimento de outras abordagens sociológicas. Seus 
conceitos e suas perspectivas foram incorporados e desenvolvidos 
por outros sociólogos, enriquecendo o campo da sociologia. 
Segundo Martins (2010), a sociologia contemporânea continua a 
se beneficiar das ideias de Simmel e Weber, que proporcionam 
uma base conceitual sólida para a análise dos fenômenos sociais 
e o desenvolvimento teórico da disciplina.
Além disso, a influência de Simmel e Weber se estende além 
da sociologia. Suas contribuições têm sido aplicadas em diversas 
áreas do conhecimento, como estudos culturais, psicologia social 
e antropologia. Seus conceitos e suas perspectivas ajudam a 
compreender a complexidade das relações sociais e a influência 
da subjetividade humana nas interações e nas estruturas sociais.
Em suma, as contribuições de Simmel e Weber continuam 
a ser influentes e relevantes na sociologia contemporânea e em 
outros campos do conhecimento. Suas teorias e seus conceitos 
fornecem uma base sólida para a análise dos fenômenos sociais, 
contribuindo para uma compreensão mais profunda da vida 
social, das interações humanas e das estruturas sociais.
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RESUMINDO
Em síntese, ao compararmos as abordagens de 
Georg Simmel e Max Weber, podemos perceber 
a relevância de suas contribuições para a 
compreensão da subjetividade sociológica e 
dos fenômenos sociais. Simmel trouxe um olhar 
atento para as formas sociais e as interações 
individuais, destacando a importância das 
relações sociais na construção da subjetividade e 
da vida urbana. Por sua vez, Weber concentrou-
se na análise da ação social e da interpretação 
dos fenômenos sociais, enfatizando a influência 
dos valores, das crenças e das estruturas 
sociais na vida social. Ambos os sociólogos 
reconheceram a importância da subjetividade 
humana nas interações sociais, contribuindo 
para uma compreensão mais profunda da 
diversidade cultural, das relações de poder e das 
complexidades da vida social. Suas perspectivas 
teóricas e seus conceitos continuam influentes 
e relevantes na sociologia contemporânea, 
proporcionando uma base sólida para a análise 
dos fenômenos sociais e para o desenvolvimento 
teórico da disciplina. A subjetividade sociológica, 
abordada porSimmel e Weber, convida-nos a 
refletir sobre como os indivíduos interpretam e 
atribuem significado às interações sociais, bem 
como como as estruturas sociais e as crenças 
culturais moldam as ações e as relações humanas. 
Por meio dessa compreensão, podemos obter 
insights valiosos sobre a complexidade da vida 
social, as dinâmicas das relações humanas e a 
influência da subjetividade na sociedade.
27SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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Em suma, Georg Simmel e Max Weber foram 
sociólogos fundamentais que contribuíram para 
a compreensão da subjetividade sociológica e 
da análise dos fenômenos sociais. Suas ideias e 
abordagens continuam relevantes e influentes 
até os dias atuais, fornecendo uma base sólida 
para o estudo da vida social, das interações 
humanas e das estruturas sociais. Por meio de 
suas contribuições, somos desafiados a enxergar 
a complexidade da vida social e a importância da 
subjetividade nas relações sociais.
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Princípios teóricos do 
estrutural-funcionalismo 
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz 
de entender como funciona o estrutural-
funcionalismo, destacando as contribuições 
inestimáveis de Robert Merton e Talcott Parsons. 
Esse conhecimento será fundamental para 
o exercício de sua profissão, permitindo-lhe 
adquirir uma visão profunda e nuançada da 
organização social e do papel das estruturas 
sociais. As pessoas que tentaram analisar 
sociedades e fenômenos sociais sem a devida 
compreensão das teorias do estrutural-
funcionalismo, muitas vezes, enfrentaram 
dificuldades para interpretar, corretamente, a 
interdependência das partes que compõem um 
todo social e a forma como as funções sociais 
se manifestam e influenciam as estruturas 
sociais. E então? Motivado para desenvolver essa 
competência? Vamos lá. Avante! 
Robert Merton e o funcionalismo 
estrutural
Robert K. Merton (1910-2003) é um dos sociólogos 
mais influentes do século XX, conhecido por suas contribuições 
significativas para a teoria do funcionalismo estrutural. Nascido 
nos Estados Unidos, passou a maior parte de sua carreira 
acadêmica na Universidade de Columbia, em que suas ideias 
floresceram em um momento em que a sociologia experimentava 
crescimento e mudança (COSER, 1977).
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Figura 4.3 - Robert K. Merton
Fonte: Wikimedia Commons.
O funcionalismo estrutural, uma teoria sociológica 
que Merton ajudou a desenvolver e a aprimorar, centra-se na 
necessidade de manter a estabilidade social e na maneira como 
as estruturas sociais atendem às funções necessárias para a 
sobrevivência da sociedade (GIDDENS, 2005). A teoria enfatiza 
a interconectividade e a interdependência das partes em uma 
sociedade, argumentando que cada parte - seja uma instituição, 
uma norma ou um ritual - desempenha uma função específica na 
manutenção da estabilidade social (TURNER, 1991).
Para Merton, o funcionalismo estrutural não é apenas 
uma teoria que descreve como as coisas são, mas também 
fornece uma ferramenta analítica para examinar as estruturas 
sociais e entender como e por que podem mudar. Ao contrário de 
seus predecessores, Merton argumentava que o funcionalismo 
estrutural precisava se concentrar não apenas nas funções que 
as estruturas sociais desempenham, mas também nos efeitos 
que podem ter na sociedade (COSER, 1977).
30 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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Merton, assim, ampliou e refinou o campo do funciona-
lismo estrutural, fornecendo uma perspectiva mais dinâmica e 
complexa das estruturas sociais e suas funções. Seu trabalho 
continuará a ser uma pedra angular da sociologia e do entendi-
mento sociológico das estruturas sociais e suas funções.
Merton e o Funcionalismo Estrutural
Robert Merton é, sem dúvida, um dos sociólogos mais 
importantes no desenvolvimento e na expansão do funcionalismo 
estrutural. Em contraste com a abordagem do funcionalismo 
estrutural clássico, que via a sociedade como um sistema 
harmonioso e coeso, Merton introduziu uma perspectiva mais 
dinâmica e flexível (COSER, 1977). Argumentava que, enquanto 
as partes da sociedade funcionam juntas para a estabilidade 
social, essas partes não são, necessariamente, livres de tensão 
e conflito.
Ao discutir o funcionalismo estrutural, Merton (1968) 
ressaltou a importância de analisar tanto as funções manifestas, 
que são os efeitos pretendidos e reconhecidos de uma ação social, 
quanto as funções latentes, que são os efeitos não intencionados 
e não reconhecidos. Isso fornece uma compreensão mais 
profunda da complexidade e do dinamismo das sociedades.
Além disso, Merton propôs o conceito de disfunções, 
que são efeitos que perturbam a estabilidade de um sistema 
social (MERTON, 1968). Esse conceito permitiu uma análise mais 
profunda de como os elementos sociais podem contribuir para a 
mudança social.
Merton, portanto, expandiu o funcionalismo estrutural 
para além de uma teoria da ordem e da estabilidade social, a fim 
de incluir a análise da mudança social. Seu trabalho permanece 
uma referência importante no campo da sociologia, ajudando a 
31SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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moldar nosso entendimento das complexidades das estruturas 
sociais e de seu papel na sociedade.
As principais ideias de Merton
As teorias de Merton trouxeram novos conceitos e ideias 
revolucionárias para o campo da sociologia. Uma de suas mais 
influentes contribuições foi a distinção entre funções manifestas 
e latentes (MERTON, 1968). As funções manifestas são os efeitos e 
propósitos conscientes e planejados das ações sociais, enquanto 
as funções latentes são os efeitos secundários e não intencionais. 
Por exemplo, uma escola tem a função manifesta de educar os 
alunos, mas uma função latente poderia ser a socialização dos 
indivíduos na cultura e nas normas da sociedade (MERTON, 
1968).
Outra contribuição importante de Merton foi a ideia 
de anomia, que define como um estado de normas sociais 
enfraquecidas ou conflitantes. Segundo Merton (1968), em 
sociedades anômicas, as expectativas culturais de sucesso 
podem, desproporcionalmente, superar as oportunidades 
estruturais disponíveis para alcançar esse sucesso, criando 
tensões e desajustes na sociedade.
Ademais, Merton (1968) desenvolveu a teoria da estrutura 
social e da tensão, argumentando que o desajuste entre as metas 
culturais e as oportunidades institucionais cria pressões que 
levam a comportamentos desviantes. Ele propõe cinco modos 
de adaptação a essa tensão: conformidade, inovação, ritualismo, 
retirada e rebelião.
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As ideias de Merton expandiram nosso entendimento das 
dinâmicas sociais, destacando a importância de considerar tanto 
as funções manifestas como as latentes em qualquer análise 
social, além de lançar luz sobre a relação entre estrutura social 
e desvio.
Aplicações das ideias de Merton
As ideias de Merton têm uma ampla gama de aplicações 
no campo da sociologia e além. Suas teorias sobre funções 
manifestas e latentes, por exemplo, têm sido fundamentais para 
a análise sociológica de instituições e práticas sociais (TURNER, 
1991). Ao considerar tanto as funções manifestas quanto as 
latentes, os sociólogos podem obter uma compreensão mais 
completa e equilibrada de como as instituições e as práticas 
sociais operam e como contribuem para a estabilidade ou 
mudança social (GIDDENS, 2005).
A teoria da anomia de Merton, juntamente com sua 
teoria da estrutura social e da tensão, tem sido uma ferramenta 
importante para estudar a desigualdade social e a deviance. 
Essas teorias têm sido aplicadas para entender fenômenos tão 
diversos como a criminalidade, o suicídio e a mobilidade social 
(COSER, 1977).
Além disso, as teorias de Merton têm sido influentes na 
sociologia da ciência. Seu conceito de “normas científicas”, que 
resumiu no acrônimo “CUDOS” (Comunismo, Universalismo, 
Desinteresse e Ceticismo Organizado), tem sido usado para 
analisar a estruturasocial da ciência e a prática científica 
(MERTON, 1968).
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Em resumo, as ideias de Merton continuam a informar 
e a influenciar uma ampla gama de pesquisa sociológica. Sua 
abordagem equilibrada e sua ênfase nas funções manifestas e 
latentes, bem como a estrutura social e a tensão, forneceram 
uma base sólida para a compreensão da complexidade das 
sociedades.
Talcott Parsons e a teoria da ação 
social
Talcott Parsons (1902-1979) é um dos principais teóricos 
da tradição sociológica conhecida como funcionalismo estrutural 
(COSER, 1977). Americano de origem, Parsons dedicou grande 
parte de sua carreira acadêmica à elaboração de uma abordagem 
teórica abrangente para o estudo da sociedade, culminando em 
sua influente teoria da ação social.
Figura 4.4 - Talcott Parsons
Fonte: Wikimedia Commons.
34 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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A teoria da ação social de Parsons busca explicar como 
as ações individuais e coletivas contribuem para a manutenção 
e a mudança das sociedades (PARSONS, 1977). Ele argumenta 
que toda ação social é orientada por normas e valores sociais, 
e, por sua vez, essas ações ajudam a sustentar e a transformar 
as normas e os valores. Em outras palavras, para Parsons, 
a sociedade e o indivíduo estão em constante interação e 
influenciam um ao outro.
Parsons vê a sociedade como um sistema complexo 
composto por partes inter-relacionadas que funcionam juntas 
para manter a ordem social (PARSONS, 1977). Ele usa a expressão 
“sistema de ação” para descrever a interdependência entre ações 
individuais e coletivas e a maneira como contribuem para a 
manutenção e a mudança do sistema social.
A contribuição de Parsons para a sociologia, portanto, 
é vasta e duradoura. Sua teoria da ação social oferece um 
quadro teórico para entender a relação entre o indivíduo e a 
sociedade e continua uma influência importante na sociologia 
contemporânea.
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Principais ideias de Parsons sobre a 
Teoria Social
A teoria da ação social de Parsons é centrada na ideia 
de que a ação humana é orientada por normas e valores sociais 
(PARSONS, 1977). Em outras palavras, as pessoas não agem 
isoladamente, mas, sim, em resposta aos padrões culturais e 
sociais existentes. Parsons descreve a ação como um processo 
no qual o indivíduo se orienta em relação a uma situação e 
faz uma escolha baseada em sua compreensão dessa situação 
(PARSONS, 1977).
A teoria da ação social proposta por Parsons também é 
conhecida por seu foco nos sistemas sociais. Parsons argumentava 
que a sociedade pode ser vista como um sistema, um conjunto 
complexo de partes inter-relacionadas que trabalham juntas para 
manter a estabilidade social (PARSONS, 1977). Ele propôs quatro 
funções que todo sistema social deve cumprir para manter sua 
ordem e sua estabilidade: adaptação, realização de objetivos, 
integração e manutenção de padrões (AGIL) (PARSONS, 1977).
Além disso, Parsons introduziu o conceito de “voluntarismo 
analítico”. Esse conceito sugere que, embora a ação humana 
seja moldada pelas estruturas sociais, os indivíduos não são, 
simplesmente, conduzidos por essas estruturas. Em vez disso, 
têm a capacidade de agir de forma voluntária e intencional 
(PARSONS, 1977).
As ideias de Parsons sobre a teoria da ação social têm 
tido uma influência significativa na sociologia, fornecendo um 
quadro para entender a complexa interação entre o indivíduo e 
a sociedade.
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Aplicações da Teoria da Ação Social 
de Parsons 
Desde que foi apresentada, a teoria da ação social 
de Parsons tem sido aplicada em uma variedade de campos 
dentro da sociologia. Por exemplo, tem sido usada para analisar 
a estrutura e a dinâmica das organizações, a evolução das 
instituições sociais e a mudança social (PARSONS, 1977).
No campo da sociologia da família, a teoria da ação 
social foi usada para entender como as famílias funcionam 
como sistemas sociais. Parsons argumentava que a família 
desempenha um papel importante na socialização dos indivíduos 
e na manutenção da estabilidade social (PARSONS, 1955).
Na sociologia das organizações, a abordagem de Parsons 
tem sido usada para analisar como as organizações respondem e 
se adaptam às mudanças no ambiente externo (PARSONS, 1960). 
As organizações são vistas como sistemas de ação que precisam 
equilibrar as demandas externas com as necessidades internas.
Além disso, a teoria da ação social tem sido aplicada na 
sociologia da saúde para analisar a relação entre o sistema de 
saúde e a sociedade. Por exemplo, Parsons (1951) descreveu o 
papel do médico na sociedade moderna e destacou a importância 
da relação médico-paciente.
As aplicações da teoria da ação social de Parsons são, 
portanto, variadas e amplas. Sua abordagem sistemática e 
holística da sociedade oferece uma estrutura valiosa para a 
análise de uma variedade de fenômenos sociais.
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Críticas e Legado de Parsons
A teoria da ação social de Parsons tem sido alvo de diversas 
críticas desde que foi proposta. Alguns críticos argumentam que 
a abordagem de Parsons é excessivamente abstrata e complexa, 
tornando-se difícil de aplicar em pesquisas empíricas (COSER, 
1977). Outros afirmam que a teoria subestima o papel do conflito 
e da mudança na sociedade, focando demais a estabilidade e a 
ordem (COLLINS, 1994).
NOTA
Apesar dessas críticas, o legado de Parsons na 
sociologia é indiscutível. É considerado um dos 
mais importantes teóricos sociais do século XX, e 
sua teoria da ação social continua uma influência 
significativa na sociologia contemporânea. 
Parsons foi fundamental para estabelecer a 
sociologia como uma disciplina acadêmica nos 
Estados Unidos, e suas ideias ajudaram a moldar 
o campo da teoria sociológica (COSER, 1977).
Muitos dos conceitos e ideias de Parsons, como o sistema 
AGIL e a ideia de que a sociedade é um sistema complexo de 
partes inter-relacionadas, são, agora, parte do vocabulário 
sociológico. Embora a teoria da ação social de Parsons tenha 
limitações, forneceu uma estrutura valiosa para o estudo da 
sociedade e da ação humana.
38 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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Comparação e contraste entre 
Merton e Parsons: implicações 
para o funcionalismo estrutural
Merton e Parsons são dois pilares fundamentais na teoria 
do funcionalismo estrutural, uma escola de pensamento que vê 
a sociedade como um sistema complexo cujas partes trabalham 
juntas para promover a solidariedade e a estabilidade. Ambos 
contribuíram, enormemente, para a sociologia, propondo teorias 
e conceitos que continuam a moldar a forma como entendemos 
a sociedade (GIDDENS, 2005).
Contudo, apesar de suas semelhanças ao adotar a 
perspectiva funcionalista, Merton e Parsons têm abordagens 
distintas e complementares. Merton, por exemplo, é conhecido 
por seu foco na análise das funções sociais, tanto manifestas 
quanto latentes, permitindo-nos entender como determinadas 
instituições ou comportamentos podem ter consequências não 
intencionais e não reconhecidas que contribuem para a estrutura 
e o funcionamento da sociedade (MERTON, 1968).
Por outro lado, Parsons adota uma abordagem mais 
abrangente e sistêmica, concentrando-se em como os diferentes 
subsistemas de uma sociedade trabalham juntos para manter a 
ordem social. Sua teoria da ação social e o conceito do sistema 
AGIL são exemplos de seu esforço para explicar a sociedade 
como um todo interconectado (PARSONS, 1977).
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Similaridades entre Merton e Parsons
Merton e Parsons, embora tenham abordagens distintas, 
compartilham várias semelhanças em seu trabalho. Para começar, 
ambos são renomados sociólogos do funcionalismo estrutural, 
uma teoria que concebe a sociedade como um sistema complexo 
de partes interconectadas que trabalham juntas para manter a 
estabilidade e a ordem (GIDDENS, 2005).
Ambos compartilham umapreocupação com a ordem 
social e com os mecanismos que mantêm a sociedade unida. Por 
exemplo, Merton enfatiza o papel das funções sociais, enquanto 
Parsons se concentra na interação entre diferentes partes da 
sociedade para manter a ordem (MERTON, 1968; PARSONS, 
1977).
Além disso, Merton e Parsons abordam a questão da 
mudança social em suas teorias, mas sempre com a perspectiva 
de que a mudança é um processo que ocorre dentro dos limites 
da estrutura social existente. Ambos veem a mudança social como 
resultado do desempenho de diferentes partes da sociedade, em 
vez de ser o resultado de conflitos ou lutas de classes (GIDDENS, 
2005).
Por fim, tanto Merton quanto Parsons dedicam-se a 
fornecer um quadro teórico para a sociologia que possa ser usado 
para explicar uma ampla variedade de fenômenos sociais. Suas 
teorias são abrangentes e visam a fornecer uma compreensão 
holística da sociedade (GIDDENS, 2005).
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Diferenças entre Merton e Parsons
Para começar, Merton e Parsons diferem na forma como 
concebem a estrutura social. Enquanto Parsons vê a sociedade 
como um sistema integrado de partes inter-relacionadas que 
funcionam juntas para manter a estabilidade (PARSONS, 1977), 
Merton se preocupa mais com a maneira como as instituições 
individuais e os atores sociais contribuem para a estrutura social 
como um todo (MERTON, 1968).
Merton introduz o conceito de funções manifestas e 
latentes, as quais se referem às consequências intencionais e 
não intencionais do comportamento social, respectivamente. 
Essa abordagem permite um olhar mais detalhado sobre como 
as instituições e as práticas individuais podem contribuir para a 
estabilidade social (MERTON, 1968). Por outro lado, Parsons foca 
mais os valores e as normas que unem a sociedade, promovendo 
uma visão mais coesa da estrutura social (PARSONS, 1977).
Outra diferença significativa entre Merton e Parsons 
reside na forma como entendem o conflito social. Merton 
reconhece que o conflito é uma parte inerente da sociedade e 
acredita que pode haver disfunções, ou seja, partes do sistema 
social que criam instabilidade (MERTON, 1968). Já Parsons, 
embora não negue a existência do conflito, tende a dar menos 
ênfase a isso em sua teoria, focando mais como a sociedade 
mantém a estabilidade e a ordem (PARSONS, 1977).
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Implicações sobre o Funcionalismo 
Estrutural 
A abordagem de Merton, com seu foco em funções 
sociais manifestas e latentes, oferece uma maneira valiosa de 
entender como diferentes partes da sociedade contribuem para 
sua estabilidade e sua ordem, mesmo que essas contribuições 
não sejam intencionalmente planejadas ou reconhecidas. Esse 
conceito tem implicações significativas para o funcionalismo 
estrutural, pois nos permite ver a sociedade como um sistema 
complexo de partes interconectadas que, mesmo que não 
tenham a intenção de trabalhar juntas, acabam por contribuir 
para a manutenção da ordem social (MERTON, 1968).
Por outro lado, Parsons, com sua ênfase em sistemas 
sociais abrangentes, oferece uma visão holística de como a 
sociedade funciona. Ao focar a interação entre diferentes partes 
da sociedade, Parsons nos ajuda a entender como a ordem social 
é mantida e como a mudança social pode ocorrer dentro do 
sistema existente (PARSONS, 1977). Essa visão de uma sociedade 
como um todo interconectado tem profundas implicações para o 
funcionalismo estrutural, pois nos permite ver a sociedade como 
um todo, em vez de um conjunto de partes isoladas.
Ambos os teóricos contribuíram, enormemente, para o 
desenvolvimento e a evolução do funcionalismo estrutural como 
teoria sociológica. Ao comparar e contrastar as abordagens de 
Merton e Parsons, podemos obter uma compreensão mais rica 
e completa do funcionalismo estrutural como uma ferramenta 
para entender a sociedade (GIDDENS, 2005).
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Merton e Parsons desempenham papéis fundamentais 
na formulação e no desenvolvimento da teoria estrutural-
funcionalista. Cada um, à sua maneira, contribuiu para 
uma compreensão mais profunda dos complexos inter-
relacionamentos que mantêm a sociedade coesa e ordenada. 
A atenção de Merton para as funções manifestas e latentes das 
instituições sociais proporciona uma ferramenta útil para explorar 
as consequências tanto intencionais quanto não intencionais da 
ação social. Ao mesmo tempo, a abordagem de Parsons sobre 
a ação social dá uma visão ampla e integrada do sistema social, 
focando a importância de valores e normas compartilhados.
Porém, suas teorias não estão isentas de críticas. A 
perspectiva de Parsons foi criticada por sua visão de sociedade 
altamente integrada e coesa, enquanto a abordagem de 
Merton foi questionada por sua ênfase na estabilidade social, 
negligenciando possíveis fatores de mudança e conflito.
Não obstante, esses dois teóricos deixaram um legado 
duradouro e influente. Seus trabalhos proporcionam uma visão 
valiosa sobre a estrutura e a função da sociedade, e suas teorias 
continuam a informar e a influenciar a pesquisa sociológica 
contemporânea.
As ideias do estrutural-funcionalismo e os trabalhos 
de Merton e Parsons destacam a importância de examinar 
as estruturas sociais e suas funções para compreender, 
plenamente, a sociedade. A compreensão desses princípios 
teóricos é fundamental para qualquer estudante ou profissional 
da sociologia, pois fornece as ferramentas para analisar e 
interpretar a complexa rede de relações sociais que compõem 
nosso mundo.
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RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? 
Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos 
certeza de que você realmente entendeu o tema 
de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o 
que vimos. Você deve ter aprendido que Robert 
Merton e Talcott Parsons são figuras de destaque 
na teoria do estrutural-funcionalismo, cada um 
contribuindo, de maneira única e valiosa, para 
a sua formulação e o seu desenvolvimento. 
Robert Merton apresentou o conceito de funções 
manifestas e latentes, ressaltando que as ações 
sociais têm tanto consequências intencionais 
quanto não intencionais. Também reconheceu 
que, apesar da tendência geral da sociedade para 
a estabilidade, existem elementos de conflito e 
desordem, contribuindo para uma compreensão 
mais equilibrada da estrutura social. Talcott 
Parsons, por outro lado, ofereceu uma visão mais 
integrada da sociedade, focando a importância de 
valores e normas compartilhados na manutenção 
da ordem social. Ele considera a sociedade 
um sistema de partes inter-relacionadas que 
trabalham juntas para promover a estabilidade. 
Ao comparar e contrastar as contribuições de 
Merton e Parsons, você percebeu que, embora 
compartilhem muitas semelhanças, suas 
abordagens também apresentam diferenças 
importantes. Ambos veem a sociedade como 
um sistema integrado, mas diferem em sua 
ênfase nas funções das instituições e no papel do 
conflito na sociedade. 
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Finalmente, apesar de suas diferenças, Merton 
e Parsons deixaram um legado duradouro e 
influente. Seus trabalhos continuam a informar 
a pesquisa sociológica e oferecem ferramentas 
valiosas para a análise da estrutura e da função 
social. Esperamos que, com este capítulo, você 
tenha compreendido os princípios teóricos do 
estrutural-funcionalismo e as contribuições de 
Robert Merton e Talcott Parsons. Essa é uma base 
sólida para aprofundar, ainda mais, o estudo da 
sociologia e para analisar as complexidades do 
mundo social à sua volta. Lembre-se que a jornada 
de aprendizado nunca acaba. Continue curioso 
e sempre em busca de novos conhecimentos. 
Avante!
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Interacionismo simbólico 
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
entender como funcionam o interacionismo 
simbólico e a contribuição de grandes pensadores, 
como Norbert Elias,Pierre Bourdieu e Michel 
Foucault, para a análise de fenômenos sociais 
concretos. Esse conhecimento será fundamental 
para o exercício de sua profissão, especialmente 
se você estiver envolvido em trabalhos que 
requerem uma compreensão profunda da 
dinâmica social. As pessoas que tentaram 
analisar tais fenômenos sem a devida instrução 
em teorias sociológicas avançadas, muitas vezes, 
tiveram problemas para desenvolver uma análise 
aprofundada e baseada em evidências. Mas não 
se preocupe! Com este capítulo, você estará bem-
preparado para lidar com tais desafios. E então? 
Motivado para desenvolver essa competência? 
Vamos lá. Avante! 
Fundamentos e Perspectivas do 
Interacionismo Simbólico 
O interacionismo simbólico é uma perspectiva teórica 
que busca compreender a sociedade e a realidade social a partir 
das interações simbólicas entre os indivíduos. É uma abordagem 
que se concentra no significado que as pessoas atribuem aos 
símbolos e na forma como esses significados influenciam suas 
ações e interações sociais.
De acordo com Blumer (1969), um dos principais 
teóricos do interacionismo simbólico, a base da perspectiva é 
a premissa de que as pessoas agem em relação às coisas com 
base nos significados que atribuem a essas coisas. Os indivíduos 
atribuem significados aos símbolos e usam esses significados 
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para interpretar e dar sentido às situações sociais em que estão 
inseridos.
Essa abordagem enfatiza a importância do processo de 
interação e da construção social da realidade. Para Mead (1934), 
outro importante teórico do interacionismo simbólico, a interação 
social é um processo fundamental para o desenvolvimento do 
self, ou seja, da identidade individual. Ele argumenta que as 
pessoas se veem a partir da perspectiva dos outros e internalizam 
os significados que lhe são atribuídos por esses outros.
Dessa forma, o interacionismo simbólico nos convida a 
examinar como as pessoas constroem significados, atribuem 
sentidos e negociam suas interações sociais com base nesses 
significados. Mead destaca a importância da linguagem, dos 
gestos, dos rituais e de outros elementos simbólicos na criação e 
na manutenção da realidade social.
Princípios Fundamentais do 
Interacionismo Simbólico 
O interacionismo simbólico se baseia em alguns 
princípios-chave que ajudam a fundamentar essa perspectiva 
teórica e fornecem insights importantes sobre a compreensão da 
sociedade e da interação social.
1. Significado e simbolismo
Um dos princípios fundamentais do interacionismo 
simbólico é a ênfase no significado atribuído aos símbolos. 
De acordo com Blumer (1969), «o comportamento humano 
é orientado por significados». Isso significa que as pessoas 
interpretam e atribuem significado aos símbolos e usam esses 
significados para guiar suas ações e interações sociais. Os 
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símbolos podem ser palavras, gestos, objetos e qualquer outro 
elemento que represente algo para as pessoas.
2. Interpretação e negociação
Outro princípio importante é a ideia de que as pessoas 
interpretam as situações sociais e negociam o significado 
atribuído aos símbolos. Mead (1934) argumenta que a interação 
social envolve um processo contínuo de interpretação das ações 
dos outros e de ajuste das próprias ações em resposta a essas 
interpretações. As pessoas internalizam as perspectivas dos 
outros e usam esse entendimento para moldar sua própria 
conduta.
3. Construção social da realidade
O interacionismo simbólico destaca a construção social 
da realidade. Isso significa que a realidade social não é algo dado 
ou objetivo, mas é construída coletivamente pelas interações 
e negociações simbólicas entre os indivíduos. As pessoas 
compartilham significados e criam uma realidade compartilhada 
por meio da interação social. Como afirma Blumer (1969), “a 
sociedade é uma construção que emerge de uma série de 
interações simbólicas”.
Esses princípios fundamentais do interacionismo simbó-
lico nos ajudam a entender como os indivíduos constroem signi-
ficados, interpretam as interações sociais e moldam a realidade 
social. Destacam a importância da subjetividade, da linguagem e 
da interação simbólica na compreensão da sociedade.
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Expansão e variações do 
Interacionismo Simbólico
O interacionismo simbólico, como uma perspectiva 
teórica, tem sido objeto de expansão e variações ao longo 
do tempo. Diferentes teóricos e estudiosos têm contribuído 
para desenvolver e ampliar os conceitos e ideias iniciais do 
interacionismo simbólico, oferecendo novas perspectivas e 
insights.
EXPLICANDO 
MELHOR
Um exemplo de expansão do interacionismo 
simbólico é a abordagem etnometodológica 
proposta por Harold Garfinkel. A etnometodologia 
enfatiza a análise das práticas sociais cotidianas e 
como as pessoas criam e mantêm a ordem social 
por meio de interações simbólicas. Garfinkel 
argumenta que a sociedade é construída por 
meio de ações e interações dos indivíduos e que 
a compreensão dessas práticas sociais pode 
revelar normas e regras tácitas que orientam o 
comportamento humano (GARFINKEL, 1967).
Outra variação do interacionismo simbólico é o chamado 
construcionismo social. O construcionismo social destaca o 
papel da linguagem e dos discursos na construção da realidade 
social. Segundo Berger e Luckmann (1966), a realidade social é 
uma construção coletiva moldada pelas interações simbólicas 
e pelos processos de linguagem. Os indivíduos compartilham 
significados e constroem narrativas que moldam a forma como 
percebemos e interpretamos o mundo ao nosso redor.
Essas expansões e variações do interacionismo simbólico 
enriqueceram a teoria, trazendo novos insights e perspectivas 
para a compreensão da interação social e da construção da 
realidade. Isso nos lembra que a teoria sociológica sempre está 
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em evolução e que diferentes abordagens podem contribuir para 
uma compreensão mais abrangente e complexa da sociedade.
Aplicações do Interacionismo 
Simbólico
O interacionismo simbólico oferece uma abordagem rica 
e versátil que pode ser aplicada a uma variedade de fenômenos 
sociais concretos. Vamos explorar algumas áreas em que essa 
perspectiva teórica tem sido amplamente utilizada.
1. Estudos de gênero e identidade
Uma área em que o interacionismo simbólico tem sido 
aplicado amplamente é a dos estudos de gênero e identidade. 
Por meio dessa perspectiva, os pesquisadores investigam 
como as pessoas constroem e negociam suas identidades de 
gênero por meio de interações simbólicas. Por exemplo, West e 
Zimmerman (1987) exploraram como as noções de masculinidade 
e feminilidade são construídas socialmente e desempenhadas 
nas interações cotidianas.
2. Análise da vida cotidiana
Outra aplicação do interacionismo simbólico é a análise 
da vida cotidiana. Nesse contexto, os pesquisadores investigam 
como as pessoas interpretam e dão significado às suas interações 
diárias. Por exemplo, Goffman (1959) analisou como as pessoas 
desempenham papéis sociais e gerenciam suas impressões na 
interação face a face.
3. Sociologia da educação
O interacionismo simbólico também tem sido aplicado 
na sociologia da educação, especialmente na compreensão dos 
processos de aprendizagem e socialização. Os pesquisadores 
50 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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exploram como os estudantes interpretam as situações de sala 
de aula e constroem significados em torno da aprendizagem. Por 
exemplo, Fine (1988) investigou as experiências dos estudantes 
do Ensino Médio e como interpretam normas e expectativas 
escolares.
Essas são apenas algumas das muitas áreas em que o 
interacionismo simbólico tem sido aplicado. Essa abordagem 
oferece uma lente única para entender os aspectos simbólicos 
e interpretativos da interação social em diferentes contextos 
sociais.
Obras e contribuições de Norbert 
Elias, Pierre Bourdieu e MichelFoucault na Sociologia
Na sociologia, alguns pensadores se destacaram por 
obras e contribuições significativas para o campo, influenciando 
a compreensão dos fenômenos sociais de maneiras distintas. 
Entre esses sociólogos proeminentes, estão Norbert Elias, Pierre 
Bourdieu e Michel Foucault. Cada um desenvolveu teorias e 
conceitos que trouxeram uma nova perspectiva para a análise 
sociológica, abrindo caminhos para uma compreensão mais 
aprofundada da dinâmica social.
Norbert Elias, em obras como O processo civilizador e 
A sociedade de corte, trouxe uma abordagem inovadora para a 
compreensão dos processos de civilização e desenvolvimento 
social. Elias desenvolveu conceitos como “figuração” e “habitus 
emocional”, que enfatizam a importância das interações sociais 
e das emoções na construção da ordem social. Suas ideias 
têm sido discutidas e aplicadas na sociologia amplamente, 
proporcionando uma perspectiva única sobre as relações sociais 
e os padrões de comportamento.
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Pierre Bourdieu, por sua vez, contribuiu com obras 
fundamentais como A distinção e O poder simbólico. Seus conceitos 
de “campo”, “habitus” e “capital cultural” revolucionaram a 
sociologia, fornecendo ferramentas analíticas para compreender 
a desigualdade social, a reprodução cultural e a dominação 
simbólica. A análise de Bourdieu das formas de poder e das 
estruturas sociais tem sido adotada e discutida amplamente no 
campo da sociologia.
Michel Foucault, por meio de obras como Vigiar e punir 
e Microfísica do poder, trouxe uma perspectiva única para a 
compreensão do poder, do controle social e da construção do 
conhecimento. Seus conceitos de “biopoder”, “dispositivo de 
poder” e “arqueologia do saber” são debatidos e aplicados na 
análise dos sistemas de poder e na forma como o conhecimento 
é produzido e controlado.
As obras e as contribuições de Norbert Elias, Pierre 
Bourdieu e Michel Foucault têm tido um impacto significativo 
na sociologia, fornecendo bases teóricas e conceituais para a 
compreensão da sociedade e de suas dinâmicas. Seus insights 
e suas análises têm sido fundamentais para ampliar nossa 
compreensão dos fenômenos sociais e promover discussões 
críticas sobre estrutura social, poder, identidade e cultura.
Obras de Nobert Elias
Norbert Elias é um sociólogo alemão que se destacou 
por suas contribuições significativas para a sociologia. Suas 
obras têm sido estudadas e discutidas amplamente, fornecendo 
insights valiosos para a compreensão dos processos de civilização 
e desenvolvimento social.
Uma de suas obras mais influentes é O processo civilizador 
(1993), na qual Elias explora a formação dos indivíduos e da 
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sociedade ao longo do tempo. Nessa obra, argumenta que a 
civilização não é um processo linear e uniforme, mas, sim, um 
processo complexo que envolve a regulação das emoções, 
dos comportamentos e das relações sociais. Elias destaca a 
importância das interações sociais e dos controles sociais na 
construção da ordem social. Ele descreve a sociedade como uma 
rede de interdependências em que as pessoas estão influenciando 
e sendo influenciadas umas pelas outras constantemente.
Outra obra significativa de Elias é A sociedade de corte 
(1993), na qual analisa a vida nas cortes europeias dos séculos 
XVI e XVII. Nessa obra, ele destaca a importância das regras e 
das normas sociais na vida da corte, bem como a complexidade 
das interações sociais nesse contexto. Elias argumenta que 
a vida na corte era caracterizada por um conjunto de rituais e 
comportamentos que regulavam as relações sociais e mantinham 
a ordem. Ressalta a importância do autocontrole emocional e do 
refinamento social na sociedade de corte.
As obras de Norbert Elias são reconhecidas por sua 
abordagem sociológica inovadora, que enfatiza as interações 
sociais, a construção da ordem social e a regulação dos 
comportamentos. Suas análises contribuem para a compreensão 
das dinâmicas sociais e das mudanças ao longo do tempo.
Contribuições de Pierre Bourdieu
Pierre Bourdieu é um sociólogo francês reconhecido 
por suas contribuições teóricas e conceituais para a sociologia. 
Suas obras têm sido fundamentais para a compreensão da 
desigualdade social, da reprodução cultural e da dominação 
simbólica.
Uma de suas obras mais influentes é A distinção: crítica 
social do julgamento (2007), na qual Bourdieu examina como as 
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práticas culturais estão relacionadas às estruturas de poder e às 
desigualdades sociais. Nessa obra, argumenta que as preferências 
culturais não são apenas questões de gosto individual, mas estão 
enraizadas nas posições sociais e nas formas de capital que as 
pessoas possuem.
Bourdieu introduz o conceito de “habitus”, que se refere 
aos sistemas de disposições duradouras que moldam as ações 
e as percepções dos indivíduos. Também analisa as diferentes 
formas de capital, incluindo o capital econômico, o capital 
cultural e o capital simbólico, e como esses capitais influenciam 
as oportunidades e as posições sociais.
Outra contribuição importante de Bourdieu é o conceito 
de “campo”. Ele argumenta que a sociedade é composta por 
diferentes campos sociais, cada um com regras, hierarquias e 
dinâmicas próprias. Os campos podem variar desde o da arte 
e da cultura até o da política e da educação. Bourdieu enfatiza 
a importância das lutas simbólicas dentro desses campos, nas 
quais os atores competem pelo reconhecimento e pelo poder 
simbólico.
Bourdieu também aborda a questão da dominação 
simbólica, destacando como as estruturas de poder são 
internalizadas pelos indivíduos. Ele explora como as instituições 
sociais, como a escola, reproduzem as desigualdades sociais ao 
transmitir os valores e as normas da elite dominante. Bourdieu 
revela como a cultura dominante é imposta como a cultura 
legítima e como isso contribui para a reprodução das hierarquias 
sociais.
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As contribuições de Pierre Bourdieu são essenciais para 
a compreensão das relações de poder, da desigualdade social e 
da reprodução cultural. Suas análises fornecem uma visão crítica 
das estruturas sociais e das práticas cotidianas que moldam a 
vida social.
Obras de Michel Foucault
Michel Foucault foi um filósofo e teórico social francês 
conhecido por suas análises críticas de poder, controle social 
e produção do conhecimento. Suas obras têm sido estudadas 
e debatidas amplamente, fornecendo perspectivas inovadoras 
para a compreensão das relações de poder e das práticas sociais.
Uma de suas obras mais influentes é Vigiar e punir: 
nascimento da prisão (2014), na qual Foucault investiga as 
transformações das práticas punitivas ao longo da história. 
Nessa obra, descreve a mudança do castigo físico para um 
sistema disciplinar baseado na vigilância e no controle. Foucault 
argumenta que as instituições de controle, como a prisão, 
não apenas punem indivíduos, mas também exercem poder e 
controle sobre a sociedade como um todo. Introduz o conceito 
de “biopoder”, que se refere ao poder exercido sobre os corpos e 
as vidas dos indivíduos em uma sociedade disciplinar.
Outra obra significativa de Foucault é Microfísica do poder 
(2015), na qual analisa as formas sutis e dispersas de poder 
que operam nas relações sociais. Ele examina como o poder se 
manifesta em diferentes instituições e práticas, como a psiquiatria, 
a medicina e a sexualidade. Foucault argumenta que o poder 
não é algo que se possui ou se exerce de forma unilateral, mas é 
uma relação complexa e fluída. Questiona as ideias tradicionais 
de poder como algo exercido por uma autoridade centralizada, 
sugerindo que o poder está em constante jogo e negociação.
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As obras de Michel Foucault têm tido um impacto 
profundo nas ciências sociais, na filosofia e nos estudos culturais. 
Suas análises críticas do poder, o controle

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