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Teoria Constitucional do Processo Professor: Ulisses Maciel Peixoto Mendonça Currículo: • Advogado e Professor • Mestre em Direito Político e Econômico pelo Mackenzie • Pós-Graduado em Direito Constitucional pela PUC/SP • Pós-Graduado em Direito Administrativo pela Escola Superior de Gestão e Contas Públicas do Tribunal de Contas do Município de São Paulo –TCMSP • Pós-Graduado em Direito Eleitoral e Processual Eleitoral pela Escola Judiciaria Eleitoral Paulista – EJEP Intervenção de Terceiros Ampliando a Relação Processual Introdução à Intervenção de Terceiros O que é um Terceiro no Processo? "Estranho à relação processual inicialmente estabelecida entre autor e réu" Pessoa que não figura como parte original (autor ou réu) na demanda. Diferencia-se do litisconsórcio, onde os litisconsortes são partes originárias. Natureza Jurídica da Intervenção: "Incidente processual, pois o 3º realiza atos dentro de um processo já em andamento, sem ser necessária a instauração de nova relação processual." Não se trata de um novo processo, mas de um evento que ocorre dentro de um processo já existente. Base Legal: Artigos 119 a 138 do Código de Processo Civil (CPC). Assistência (Arts. 119 a 124 CPC) Conceito (Art. 119, caput): "O assistente atua em nome próprio em defesa de interesse alheio, para auxiliar uma das partes do processo principal.“ Ocorre quando um terceiro, titular de interesse jurídico, intervém no processo para auxiliar uma das partes a vencer a demanda. Requisitos para se configurar a Assistência: Existência de relação jurídica entre uma das partes do processo e o terceiro. Possibilidade de a sentença influir nessa relação jurídica do terceiro. Exemplo: "Ex.: uma ação de despejo movida contra o locatário, com sublocatário, em razão de a sentença poder influir na sublocação, o sublocatário pode ingressar como assistente do réu." Tipos de Assistência Assistência Simples (Arts. 121 a 123 CPC): O assistente não é titular do direito material discutido na lide. Possui interesse em que uma das partes vença a demanda, porque o resultado do processo pode afetar sua própria relação jurídica. "O assistente mantém relação jurídica direta com o adversário do ASSISTIDO" O assistente atua como um "auxiliar" da parte assistida, aceitando o processo no estado em que se encontra. Assistência Litisconsorcial (Art. 124 CPC): "É uma intervenção espontânea do assistente para defender sua posição jurídica." O assistente poderia ter sido litisconsorte originário da parte assistida, pois possui o mesmo direito ou obrigação que a parte principal. A sentença o afeta diretamente, tal como afetaria a parte principal. Observação Importante: "OBS: levando-se em conta o momento da intervenção, é assistente, e não litisconsorte (seria o litisconsorte ulterior); só é chamado de terceiro interveniente por posicionamento do CPC." Exemplo: Condômino que entra no processo para ajudar outro na defesa da coisa comum. Denunciação da Lide (Arts. 125 a 129 CPC) Finalidade Principal: "A finalidade é a economia processual. É uma propositura de ação de regresso antecipada. Pode ser feita pelo autor ou pelo réu." Busca garantir, no mesmo processo, o direito de regresso de quem for demandado contra aquele que, por lei ou contrato, tem a obrigação de indenizá-lo. Admissibilidade (Art. 125 CPC): Inciso I: Garantir o direito à evicção. "Evicção é a perda total ou parcial de uma coisa em virtude de sentença que atribui a terceiro esse direito material." Inciso II: Garantia ao direito de regresso. "só deverá ser deferida quando o litisdenunciado estiver obrigado por lei ou pelo contrato a indenizar em ação regressiva.“ Vedação Importante: "Vedada a denunciação da lide 'per saltum': art 125, §2º do CPC." Não se pode "saltar" um elo da cadeia de responsabilidade para denunciar alguém mais distante. Denunciação da Lide – Particularidades Obrigatoriedade: "Art. 125, §1º: a denunciação não é obrigatória" Apesar de ser um direito, não é compulsória, e a não-denunciação não impede o ajuizamento de ação de regresso autônoma posteriormente. Procedimento: Regulamentado pelos artigos 126 a 128 do CPC. É realizada na petição inicial (pelo autor) ou na contestação (pelo réu). Restrições: É instituto típico do processo de conhecimento; não cabe no processo de execução. Não cabe nas relações de consumo (princípio da facilitação da defesa do consumidor). Chamamento ao Processo (Arts. 130 a 132 do CPC) Conceito e Finalidade: "objetiva a inclusão do devedor principal ou dos coobrigados pela dívida para integrarem o polo passivo da relação jurídica já existente." É uma forma de o réu trazer ao processo outros devedores que, junto com ele, respondem pela mesma dívida, para que a sentença já regule a situação de todos. Quem pode requerer? "OBS: SÓ PODE SER FEITA PELO RÉU; HÁ RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE O POLO ADVERSÁRIO (AUTOR) E O CHAMADO" Exclusivamente pelo réu. Hipóteses de Admissibilidade (Art. 130 CPC): I - do afiançado: Na ação em que o fiador for réu. II - dos demais fiadores: Na ação proposta contra um ou alguns deles. III - dos demais devedores solidários: Quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. Chamamento ao Processo - Procedimento e Efeitos Procedimento (Art. 131 CPC): O chamamento deve ser requerido pelo réu na contestação. A citação dos chamados deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias (ou 2 meses se residirem em outra comarca, seção, subseção ou lugar incerto), sob pena de ficar sem efeito o chamamento. Efeitos (Art. 132 CPC): "A sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar." Permite ao réu, que eventualmente pagar a dívida sozinho, já ter um título executivo judicial contra os demais devedores ou o devedor principal, sem a necessidade de uma nova ação. Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica (Arts. 133 a 137 CPC) Conceito: "instituto através do qual se pretende tornar ineficazes os atos realizados pela sociedade, quando praticados em descumprimento à função social da empresa." É um mecanismo para atingir o patrimônio pessoal dos sócios em casos de abuso da personalidade jurídica (fraude, desvio de finalidade, confusão patrimonial). Requisitos: Teoria Maior (Art. 50 CC): Insuficiência patrimonial + desvio de finalidade OU confusão patrimonial (por meio de fraude ou abuso de direito). Teoria Menor (Art. 28, §5º CDC): A personalidade jurídica deve representar obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos causados (mais branda, aplicada principalmente em relações de consumo). Características: Desnecessidade de ação autônoma: É mero incidente processual (Art. 133 CPC). Legitimidade para pedir: A parte interessada ou o Ministério Público (quando couber intervir no processo). Desconsideração Inversa: Atinge os bens da própria sociedade por obrigações contraídas pelo sócio (Art. 134, §2º CPC). Cabimento: Art. 134 do CPC. É cabível também nos Juizados Especiais Cíveis (JEC), pelo Art. 1.062 do CPC. Amicus Curiae (Amigo da Corte - Art. 138 CPC) Conceito: "O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada..." É um terceiro que intervém no processo para oferecer informações técnicas, pareceres ou subsídios para auxiliar o juízo na formação de sua convicção, em razão da complexidade ou relevância da matéria. Características: Decisão irrecorrível: A decisão que admite ou não o amicus curiae não pode ser objeto de recurso. Não altera competência: A intervençãonão modifica a competência do juízo. Limitação recursal (§1º): Não autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3º. Definição de poderes (§2º): O juiz ou relator define os poderes do amicus curiae. Recurso em IRDR (§3º): O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR). Conclusão As diversas modalidades de intervenção de terceiros são ferramentas essenciais para a complexidade do processo civil moderno. Permitem que a relação processual se adapte à realidade dos fatos e às conexões jurídicas, garantindo a economia processual, a efetividade e a segurança jurídica. A correta aplicação desses institutos evita a pulverização de demandas e a prolação de decisões contraditórias, contribuindo para uma justiça mais eficiente e justa. OBRIGADO! Ulisses Maciel Peixoto Mendonça Advogado – OAB/SP 312.089 (11) 96299-0366 (whatsapp) www.macielmendonca.com ulisses.mendonca@fmu.br Instagram: @ulisses.maciel.mendonca http://www.macielmendonca.com/ mailto:ulisses.mendonca@fmu.br https://www.instagram.com/ulisses.maciel.mendonca Slide 1: Teoria Constitucional do Processo Professor: Ulisses Maciel Peixoto Mendonça Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13