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Como Avaliar a Sua Fé

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Emerson Silva

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Como Avaliar a Sua Fé 
J.C. Ryle
Editora Fiel
FÉ GENUÍNA
Traduzido do original em inglês: 
Walking With God
Copyright © Editora Fiel
Traduzido por Ulisses Fogetti
Segunda edição em português — 2001
Todos os direitos reservados. É proibida a 
reprodução deste livro, no todo ou em parte, 
sem a permissão escrita dos Editores.
EDITORA FIEL da
Missão Evangélica Literária 
Caixa Postal 81
12201-970 - São José dos Campos, SP
índice
Sobre o Autor............................................................... 4
Prefácio........................................................................ 5
1 Auto-Análise................................................................ 7
2 Esforço....................................................................... 15
3 Autenticidade..............................................................23
4 Oração.........................................................................29
5 Leitura da Bíblia ........................................................41
6 Amor...........................................................................53
7 Zelo.............................................................................59
8 Felicidade................................................................... 65
9 Formalismo ................................................................71
10 O Mundo ....................................................................77
11 Riqueza e Pobreza..................................................... 85
12 O Melhor Amigo........................................................ 93
13 Doença........................................................................ 99
14 A Família de Deus.................................................... 109
15 Herdeiros de Deus.................................................... 115
16 A Grande Reunião.................................................... 125
17 A Grande Separação................................................. 129
18 Eternidade.................................................................137
Apêndice - O Dia do Senhor............................................ 145
Sobre o Autor
John Charles Ryle (1816-1900) era filho de um banqueiro 
rico; estudou no Eton e no Christ Church College, em Oxford. 
Era um bom atleta; remava e jogava “cricket” pela Universidade 
de Oxford. Formou-se com qualificação honrosa, mas recusou a 
bolsa de estudos que lhe foi oferecida pela faculdade. Ao invés 
disto, iniciou uma carreira em Direito, pretendendo entrar na “Casa 
dos Comuns” (House of Commons). Entretanto, passou pela 
experiência da conversão evangélica em 1838, enquanto ouvia, na 
igreja, a leitura do segundo capítulo de Efésios. Em 1841, ingressou 
no ministério da Igreja Anglicana.
Após servir em quatro igrejas, em Hampshire e Suffolk, 
foi designado, em 1880, o primeiro bispo da nova diocese de 
Liverpool. Durante todo o seu ministério, lutou com intrepidez 
pelas grandes verdades da Palavra de Deus. Sua produção literária 
foi imensa e seus tratados alcançaram uma circulação de mais de 
vinte milhões. Entre seus livros encontram-se “O Verdadeiro 
Cristão” (The True Christiari), “O Cenáculo” (The UpperRoom), 
“Velhos Caminhos” (Old Paths), “Santidade... Sem a Qual 
Ninguém Verá o Senhor” (Holiness), “Religião Prática” (Practi- 
cal Religiori) e “Meditações Expositivas” (Expository Thoughts) 
em cada um dos quatro evangelhos. C. H. Spurgeon considerou-o 
“o melhor homem na Igreja Anglicana”; e, em um sermão feito 
em sua memória, pregado no domingo seguinte ao funeral de Ryle, 
seu amigo Richard Hobson disse: “Estou seguro em afirmar que, 
no século dezenove, talvez poucos homens fizeram tanto por Deus, 
pela verdade e pela justiça, entre o povo de língua inglesa e no 
mundo, quanto o nosso recém-falecido bispo”.
Nota
“Fé Genuína” é uma simplificação e resumo da obra 
“Religião Prática” (PracticalReligiori), edição de 1959, publicada 
por James Clarke and Co. Ltd., Cambridge. Aquela edição omitiu 
dois capítulos do original, e o presente resumo omitiu mais um 
capítulo, “A Ceia do Senhor”. O Apêndice, “O Dia do Senhor”, 
foi simplificado e resumido de outro livro de Ryle, “Nós Desfeitos” 
(Knots Untied), onde aparece sob o título “O Dia de Descanso” 
(The Sabbath).
Prefácio
O primeiro livro de J. C. Ryle que li foi “Santidade... Sem 
a Qual Ninguém Verá o Senhor”1 (Holiness), o qual exerceu um 
efeito profundo e benéfico sobre mim. O segundo foi “Religião 
Prática” (PracticalReligion). Não estou certo sobre como este livro 
chegou às minhas mãos; porém, sei que o ganhei de presente 
enquanto ainda era um jovem ministro. Imediatamente descobri o 
seu valor; então, fiz o meu índice pessoal do seu conteúdo, recorrendo 
a ele várias vezes no decorrer dos anos.
Poucos escritores do século dezenove mantêm o frescor e a 
relevância de J. C. Ryle. “Religião Prática” (Practical Religiori) 
faz juz ao seu título. Cada capítulo é de fácil leitura e bem estruturado, 
atingindo o “cerne” dos assuntos em discussão.
As obras de Ryle devem ser lidas por vários motivos. 
Primeiro, ele é sempre bíblico, não simplesmente por citar as 
Escrituras, mas por ter assimilado tão bem seus ensinamentos, que 
tudo o que diz flui das Escrituras. Segundo, Ryle relaciona tudo 
com a obra salvadora de nosso Senhor Jesus Cristo, jamais permitindo 
ao leitor esquecer-se de que a gratidão e a mudança na maneira de 
vida são a resposta adequada à graça. Terceiro, ele é eminentemente 
prático. Enuncia princípios e demonstra a aplicação destes na vida 
diária. Quarto, trata de assuntos frequentemente negligenciados, 
mas de relevância para o cristão; por exemplo: a auto-análise e a 
atitude do cristão para com o mundo.
Estou satisfeito pelo fato do capítulo “O Dia do Senhor” ter 
sido acrescentado, uma vez que é um modelo de simplicidade, uma 
6 FÉ GENUÍNA
afirmação clara de princípios bíblicos e suas aplicações, de maneira 
eminentemente sensata e prática.
Este resumo, “Fé Genuína” (Walking With God), não perde 
coisa alguma do espírito pastoral e urgentemente prático que 
caracteriza Ryle. Tanto cristãos quanto aqueles que ainda procuram 
a verdade a respeito de Deus e de seu Filho Jesus Cristo encontrarão 
instrução, desafio e encorajamento.
Derek Prime
Edimburgo
1 Editora Fiel, São José dos Campos, Ia' edição em 1987.
1
Auto-Análise
Voltemos agora para visitar os irmãos por todas as 
cidades nas quais anunciamos a palavra do Senhor, 
para ver como passam. ^tos 15 35
Depois de terem realizado juntos a primeira viagem 
missionária, 0 apóstolo Paulo sugeriu a Barnabé que visitassem 
novamente as igrejas fundadas por eles, para verificar como as 
pessoas estavam passando. Paulo estava ansioso por saber se aqueles 
novos irmãos estavam crescendo na vida cristã. Então, disse: 
“Voltemos, agora, para visitar os irmãos... para ver como passam”. 
Existe algo que podemos aprender disto: precisamos examinar a 
nós mesmos para ver como estamos nos saindo em nosso 
relacionamento com Deus.
Vivemos em uma época de grandes privilégios espirituais. 
O evangelho tem sido pregado por quase todo 0 mundo. A Bíblia 
encontra-se disponível em mais idiomas do que antes. Em muitas 
partes do mundo, a igreja cresceu rapidamente. Porém, devemos 
perguntar a nós mesmos: “Será que, de alguma forma, estamos 
melhores por causa disto?”
Vivemos em uma época de grande perigo espiritual. Em 
nenhum outro tempo, tantas pessoas, em todo 0 mundo, professaram 
FÉ GENUÍNA
ser cristãs. Mas são todas convertidas? Muitas gostam de participar 
de grandes reuniões, onde coisas entusiásticas acontecem. Mas a 
busca por estas coisas é diferente de crescer na vida cristã; é muito 
importante que, algumas vezes, paremos para indagar a nós mesmos 
onde realmente estamos em nossa vida espiritual.
Deixe-me sugerir dez questões que o ajudarão a descobrir 
a verdade a respeito de sua condição espiritual. Faço-as apenas 
para o seu bem. Se a princípio algumas delas parecerem um tanto 
severas, lembre-se: a pessoa que lhe diz asseu ministério e seus milagres. 
Contam-nos a respeito de sua vida e seus ensinamentos, sua morte 
e ressurreição, seu poder, amor, bondade e paciência. Falam-nos 
destas coisas de forma tão simples, que ninguém pode alegar não 
entendê-las.
A Bíblia também nos fala sobre a vida de pessoas boas. 
Muitos eram pessoas como nós, com todos os nossos problemas. A 
Bíblia não tenta esconder os erros e fraquezas destas pessoas e nos 
lembra que o Salvador delas também está pronto para ser o nosso 
Salvador. A Bíblia contém muitos alertas importantes baseados nas 
vidas de homens maus, para nos recordar que o Deus que puniu os 
pecados desses homens também nos punirá, se nos apegarmos aos 
nossos pecados. A Bíblia contém muitas promessas preciosas para 
encorajar aqueles que amam a Deus. Ela também nos dá profundo 
discernimento com relação ao caráter do homem.
Onde mais poderíamos aprender sobre todas essas coisas? 
Quão importante é que leiamos a Bíblia!
4. A Bíblia produz mais efeitos maravilhosos do que qualquer 
outro livro
Além da Bíblia, nenhum outro livro produziu um efeito tão 
44 FÉ GENUÍNA
maravilhoso sobre os homens. A Bíblia é o livro cujos ensinamentos 
transtornaram o mundo nos dias dos apóstolos (At 17.6), os quais 
foram um grupo de homens enviados para desafiar a superstição, a 
falsa religião e a imoralidade do mundo. Eles não tinham armas 
para forçar as pessoas a aceitar a mensagem, nem riquezas para 
suborná-las a fim de que cressem. Mas estavam armados com este 
livro e, em poucas gerações, mudaram completamente a condição 
da sociedade.
Nos dias da Reforma, este livro transformou a Europa. 
Seiscentos anos atrás, uma grande treva cobria a igreja cristã. Uma 
grande mudança ocorrera no cristianismo, de modo que este 
encontrava-se irreconhecível. Então, homens começaram a traduzir 
a Bíblia nos idiomas dos povos, e a igreja foi novamente 
transformada. Coisas similares aconteceram em outras épocas. Quão 
grande foi a perversidade que existiu em Israel nos dias dos seus 
reis! Mas isto não é surpreendente, visto que a lei do Senhor havia 
sido perdida, posta de lado num canto do templo, até ser encontrada 
nos dias de Josias (2 Rs 22.8).
A Bíblia trouxe grandes bênçãos às nações em que sua 
mensagem foi amplamente recebida. Ela conduziu os povos a boas 
leis, a altos padrões de moralidade, à grande bênção do dia de 
descanso, à fundação de instituições de solidariedade para com os 
doentes, pobres, idosos e órfãos. Raramente coisas assim foram 
encontradas em países que nunca tiveram a Bíblia.
5. A Bíblia faz mais pelos seus leitores do que qualquer outro 
livro
Nenhum livro pode fazer tanto, em favor daqueles que o 
lêem de forma adequada, como a Bíblia o faz. Ela trata de assuntos 
muito mais importantes do que como ter sucesso na vida presente; 
trata de assuntos relacionados à vida eterna. A Bíblia pode torná-lo 
“sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus”; pode dar-lhe a 
conhecer o caminho para o céu. É capaz de ensinar todas as coisas 
que você precisa saber e crer e tudo o que precisa fazer para ser 
salvo. Ela pode fazer-lhe ver a você mesmo — um pecador. A 
Bíblia pode lhe mostrar Deus, em toda a sua santidade e o Senhor 
Jesus Cristo, o único que é apto a reconciliá-lo com Deus.
O Espírito Santo utiliza a Bíblia para converter pecadores. 
Ele traz a verdade à consciência destes e, através da verdade, realiza 
Leitura da Bíblia 45
um milagre moral em suas vidas. Dia após dia, em todo o mundo, 
todos os tipos de pessoas estão experimentando o milagre do novo 
nascimento, realizado pela ação do Espírito Santo, através da Bíblia.
A Bíblia é o principal instrumento para amadurecer o cristão 
após sua conversão. O Espírito Santo faz uso de sua própria Palavra, 
quando lida particularmente ou pregada em público, tendo em vista 
purificar e santificar os cristãos, a fim de instruí-los na justiça e 
equipá-los para toda boa obra (ver SI 119.9, Jo 17.17 e 2 Tm 
3.16,17). A Bíblia pode fazer-lhe saber como viver sua vida, dia 
após dia, de uma maneira que agrada a Deus; pode ensinar-lhe a 
suportar sofrimento e perseguição e a pensar, sem temor, na morte 
e no julgamento por vir. Ela pode acordá-lo quando você encontrar- 
se espiritualmente sonolento. A Bíblia é capaz de confortá-lo, quando 
você estiver triste, e trazê-lo de volta ao caminho quando você 
estiver se desviando. Ela pode dar-lhe forças quando você estiver 
fraco; pode livrá-lo do mal, mesmo quando você estiver 
acompanhado de outros, e pode falar com você quando estiver só. 
A Bíblia é apta para fazer todas essas coisas até mesmo pelo cristão 
mais insignificante. Se o Espírito Santo está vivendo em seu coração 
e a Bíblia estiver às suas mãos, você possui tudo o que é 
absolutamente necessário para sua vida cristã. Ainda que você fosse 
colocado na prisão e separado completamente dos outros cristãos, 
teria em seu poder o guia infalível de Deus para sua vida.
Algumas pessoas reclamam que a Bíblia contém muitas 
coisas difíceis de entender. Isto é perfeitamente verdadeiro, mas 
não é motivo para que você pare de ler a Bíblia. A falha está em 
nosso próprio entendimento, e não nas Escrituras; e, se apenas 
continuarmos a lê-las, iremos compreendê-las melhor. Com certeza, 
não devemos nos deixar deter pelas coisas difíceis, pois existem 
também muitas coisas que são perfeitamente claras e fáceis. As 
grandes verdades que devemos entender, a fim de sermos salvos, 
são claras para todos os que desejam conhecê-las. Seria 
extremamente tolo ignorar aquilo que podemos entender por causa 
das partes que são difíceis.
Outras pessoas reclamam afirmando que nem todas as 
pessoas que lêem a Bíblia conseguem os benefícios a respeito dos 
quais eu tenho falado. A resposta é simples: aqueles que não se 
beneficiam da leitura da Bíblia não a estão lendo da maneira correta. 
A Bíblia deve ser lida com humildade e em oração; doutra forma, 
não podemos esperar que ela nos faça algum bem. Qualquer pessoa 
que lê a Bíblia com um espírito perseverante e semelhante ao de 
46 FÉ GENUÍNA
uma criança jamais errará o caminho para o céu. A Palavra de 
Deus é plenamente verdadeira ao dizer que, se fizeres “atento à 
sabedoria o teu ouvido e... inclinares o teu coração ao entendimento 
e, se clamares por inteligência e por entendimento alçares a voz, se 
buscares a sabedoria como a prata e como a tesouros escondidos a 
procurares, então entenderás o temor do Senhor e acharás o 
conhecimento de Deus” (Pv 2.2-5).
6. A Bíblia é o padrão da doutrina e do dever cristão
A Bíblia é o único padrão pelo qual todas as questões sobre 
doutrina e dever cristão podem ser decididas. Deus sabe que seus 
filhos necessitam de um infalível padrão do que é verdadeiro e do 
que é correto, e, por sua graça, Ele nos deu exatamente isto na 
Bíblia. Devemos ser extremamente gratos por isto, visto que existe 
muita confusão no mundo tanto a respeito da doutrina quanto da 
prática cristã.
Existe grande confusão no que se refere à doutrina cristã. 
Diferentes igrejas apresentam diferentes respostas até mesmo àquelas 
questões mais importantes sobre a fé cristã. Católicos romanos e 
protestantes, evangélicos e liberais, mórmons e testemunhas de 
jeová, todos alegam ter a verdade, porém aquilo que um ensina é 
totalmente divergente do que o outro diz. Como é que alguém pode 
encontrar a verdade quando as coisas são tão confusas? Só há uma 
resposta. Na Bíblia, o próprio Deus nos deu um padrão infalível da 
verdade. Devemos adotá-la como nosso padrão. Não devemos 
acreditar em qualquer coisa que não esteja de acordo com a Bíblia. 
Não importa quem diz que alguma coisa é verdade. Não importa 
qual seja a sua posição na igreja. O que esta pessoa afirma deve ser 
confrontado pela Bíblia. Um homem pode ser um ministro cristão, 
mas ainda assim o que ele diz deve ser provado com as Escrituras. 
Se ele for um verdadeiro ministro, mostrar-se-á muito feliz por 
você fazer isto. De fato, ele o encorajará a ler a Bíblia e verificar 
por si mesmo se aquiloque ele ensina é a verdade. Apenas um 
falso ministro lhe pedirá que acredite na própria autoridade dele ou 
na autoridade de sua igreja. O objetivo de todo verdadeiro ministro 
é sempre ajudar-lhe a ver, por si mesmo, a verdade na Palavra de 
Deus.
Existe também muita confusão sobre zprática cristã. Todo 
cristão que realmente deseja fazer o que agrada a Deus precisará 
Leitura da Bíblia 47
tomar decisões sobre todos os tipos de questões práticas. Ele será 
confrontado com questões relacionadas ao seu trabalho diário. 
Provavelmente existirão algumas coisas que quase todas as pessoas 
fazem, mas que não parecerão corretas para ele. E, fora do seu 
trabalho, surgirão questões sobre como utilizar seu tempo. Muitas 
pessoas se envolvem em certas formas de entretenimento que 
suscitam dúvidas quanto a serem formas sábias e corretas. E 
aparecerão questões relacionadas à sua vida em família. Que padrões 
de comportamento devem ser aplicados aqui? Alguma coisa pode 
ser considerada correta tão-somente por ser praticada por pessoas 
que se professam cristãs?
Novamente, só pode haver uma resposta para todas essas 
questões. A Bíblia deve ser o nosso padrão. Sempre que formos 
confrontados com alguma questão sobre prática cristã, devemos 
aplicar os ensinamentos da Bíblia. Algumas vezes, a Bíblia falará 
com objetividade a respeito do assunto, e devemos guiar-nos por 
seu ensino direto. Freqüentemente a Bíblia não abordará o assunto 
de maneira direta; então devemos procurar princípios gerais para 
nos guiarmos. Não importa o que outras pessoas pensam. O 
comportamento delas não é um padrão para nós. A Bíblia é o nosso 
padrão, e é pela orientação apresentada na Bíblia que devemos 
viver.
7. Os verdadeiros servos de Deus sempre amaram a Bíblia e 
viveram fundamentados em seus ensinos
A Bíblia é o livro que todos os verdadeiros servos de Deus 
sempre amaram e sobre o qual basearam suas vidas. Toda criatura 
que vive necessita de alimento. Quando um pecador se torna uma 
nova criatura em Cristo Jesus, ele necessita de alimento espiritual. 
Este alimento é a Palavra de Deus. Assim como uma criança recém- 
nascida deseja o leite de sua mãe, toda pessoa verdadeiramente 
convertida ama a Palavra de Deus. Portanto, se alguém menospreza 
a leitura da Bíblia ou faz pouco das pregações da Palavra de Deus, 
considero como praticamente certo que esta pessoa ainda não nasceu 
de novo.
Os crentes do Antigo Testamento amavam a Palavra de 
Deus; considere Jó 23.12 e Salmo 119.97. Os apóstolos amavam a 
Palavra de Deus, pois eles e seus companheiros eram homens 
“poderosos nas Escrituras”. O próprio Senhor Jesus amou a Palavra.
48 FÉ GENUÍNA
Ele a leu em público, continuamente se referia a ela e usou-a como 
sua arma contra o diabo. Com frequência, Jesus declarou que a 
Escritura precisava ser cumprida. Uma das últimas coisas que Ele 
fez na terra foi abrir o entendimento dos discípulos “para 
compreenderem as Escrituras” (Lc 24.45).
Através da história cristã, o povo de Deus tem amado a sua 
Palavra. Todos aqueles que Deus utilizou na obra do seu reino têm 
amado sua Palavra. Onde quer que o evangelho tenha ido, pessoas 
instruídas ou incultas têm, indiscriminadamente, aprendido a amar 
a Palavra de Deus. Isto é algo que elas possuem em comum, embora 
discordem quanto a questões sobre a organização da igreja ou outros 
assuntos deste tipo. Quando todo o povo de Deus estiver finalmente 
reunido no céu, descobrirão que todos passaram pelas mesmas 
experiências. Todos terão nascido do Espírito de Deus e sido 
perdoados através do sangue de Cristo; terão amado a Palavra de 
Deus e feito dela o seu alimento e deleite durante sua peregrinação 
na terra.
Deixe-me perguntar-lhe novamente: o que você está fazendo 
com a Palavra de Deus?
8. Somente a Bíblia pode confortar alguém que está morrendo
A Bíblia é o único livro que pode confortar um homem 
quando ele se encontra às portas da morte. A morte é um evento 
solene que ocorre a todos nós. Ela marca o final de qualquer 
oportunidade para arrependimento e é a porta para o céu ou para o 
inferno. Até mesmo para o cristão, a morte é algo muito sério. Na 
morte, o cristão é salvo, pois pertence a Cristo; mas, apesar disso, 
a morte é algo sério. Manifestamos uma rejeição natural para com 
a morte. Separar-nos de quem amamos para viver em outro mundo 
não é fácil. Faz sentido, então, que todos pensem calmamente sobre 
como enfrentarão a morte quando esta chegar. Permita-me dizer 
algo a respeito disto.
As melhores coisas deste mundo não podem confortar um 
homem que está morrendo. O dinheiro pode comprar-lhe o melhor 
atendimento médico, mas não pode comprar-lhe a paz de coração e 
de consciência. Parentes e amigos também não podem confortá-lo. 
Eles poderão fazer o melhor que puderem quanto às suas 
necessidades, mas eles não podem amenizar seus temores íntimos e 
aliviar sua consciência atribulada. Livros e jornais não podem 
Leitura da Bíblia 49
confortá-lo. Não importa o quanto ele tenha desfrutado de tais livros 
e jornais durante sua vida, por ocasião da morte estes não lhe 
servirão. Mas existe um livro que é fonte de conforto; este livro é 
a Bíblia. Capítulos, versículos, verdades da Bíblia são as únicas 
fontes de conforto para um homem que está às portas da morte. É 
claro que eu não posso afirmar que a Bíblia fará algum bem a este 
homem, se ele nunca antes a tiver valorizado. Já vi muitos leitos de 
morte e posso asseverar isto. Não estou dizendo que alguém que 
tenha negligenciado a Bíblia durante toda a sua vida não possa 
conseguir dela algum conforto na hora de sua morte. Mas afirmo 
que alguém à beira da morte não encontrará conforto verdadeiro 
em qualquer outro lugar.
Digo que esta verdade se aplica a todas as pessoas sem 
exceção, tanto aos reis quanto aos pobres; aplica-se aos mais cultos 
e aos analfabetos. E lhe declaro com franqueza que, embora pessoas 
aparentem viver de modo confortável sem a Bíblia, nenhuma delas 
morrerá confortavelmente sem a Bíblia. Já vi muitas pessoas 
morrerem, algumas com e outras sem conforto na hora da morte. 
Mas há uma coisa que eu nunca vi: alguém desfrutar de uma paz 
real, sólida e racional, em seu leito de morte, que não a tenha 
conseguido da Bíblia. É sobre este Livro que eu estou escrevendo a 
você, e pergunto-lhe pela última vez: O que você está fazendo com 
a Bíblia?
Conclusão
Desejo concluir falando claramente às consciências dos 
diferentes tipos de pessoas que podem estar lendo estas minhas 
palavras.
1. Talvez você leia muitos livros, mas nunca leu a Bíblia. 
Se esta é a sua condição, não posso falar-lhe qualquer palavra de 
conforto, pois você está correndo o perigo de perder sua alma. Sua 
negligência para com a Bíblia é uma prova evidente de que você 
não ama a Deus. Uma pessoa com um corpo sadio tem um apetite 
saudável; uma pessoa com uma alma sadia manifesta apetite pela 
Palavra de Deus. Mas é óbvio que você está sofrendo uma terrível 
doença espiritual. Você não vai se arrepender?
Sei que não posso atingir seu coração, de modo a fazê-lo 
perceber e sentir estas coisas, mas protesto contra a sua negligência 
com relação à Bíblia e apelo à sua consciência que considere o meu 
50 FÉ GENUÍNA
alerta. Não deixe que seja tarde demais para arrepender-se! Não 
adie a leitura da Bíblia para a hora em que você estiver morrendo 
e, então, vier a pensar que ela nada significa para você quando 
você mais precisa dela! Não fique dizendo: “As pessoas vivem 
perfeitamente bem sem a leitura da Bíblia”. Você acabará 
descobrindo, a seu próprio custo, que tais pessoas estão agindo 
muito mal e acabarão no inferno. Cuidado para que um dia você 
não venha a dizer: “Se ao menos eu tivesse dado à Bíblia tanta 
atenção quanto dei a outros livros, revistas e jornais, não estaria 
sem esperança nas minhas últimas horas de vida”. Estou lhe dando 
um aviso claro. Que Deus tenha misericórdia de sua alma.
2. Talvez você esteja desejando iniciar a leitura da Bíblia 
mas necessita de conselho a respeito.Deixe-me ajudá-lo.
Comece a ler a Bíblia hoje. Boas intenções não bastam. 
Você realmente precisa começar a lê-la. Faça-o com um profundo 
desejo de entendê-la. Ler sem compreender não vai ajudá-lo. Leia 
a Bíblia com humildade e fé semelhante à de uma criança. Você 
deve submeter-se a ela; não tente julgá-la. Leia-a com a intenção 
de obedecê-la, aplicando a si mesmo o que você lê. A Bíblia deve 
afetar o seu comportamento. Leia a Bíblia todos os dias. Você 
gosta de se alimentar todos os dias; a Bíblia é o alimento de sua 
alma. Leia a Bíblia toda, de forma sistemática. Você não tem o 
direito de ler apenas as passagens que mais gosta. Interprete a Bíblia 
de forma simples e objetiva. A interpretação correta é, normalmente, 
a mais simples e óbvia. Leia a Bíblia com sua mente voltada para 
Cristo. E, ao ler o Antigo Testamento, tente compreender como 
ele aponta em direção a Cristo.
Acredito firmemente que se você agir segundo estes 
princípios, Deus não lhe permitirá compreender mal o caminho 
para o céu.
3. Talvez você seja alguém que ama e acredita na Bíblia, 
mas não a lê muito. É provável que obterá pouco conforto das 
Escrituras nas horas de necessidade e jamais se tornará uma pessoa 
firmemente alicerçada na verdade. Além disso, você provavelmente 
cometerá grandes erros em sua vida — no seu casamento, na sua 
vida em família, no seu relacionamento com outras pessoas. E talvez 
seja enganado, pelo menos por algum tempo, por falsos mestres. 
Não basta que você leia a Bíblia apenas um pouco — precisa lê-la 
bastante, deixando que a Palavra de Cristo habite ricamente em 
você (Cl 3.16).
4. Talvez você seja uma pessoa que lê muito a Bíblia, mas 
Leitura da Bíblia 51
está tentado a desistir por achar que isto não está lhe fazendo bem 
algum. Permita dizer-lhe que esta tentação vem do maligno. A 
Bíblia pode estar lhe ajudando mais do que você pensa; pode estar 
produzindo um efeito imperceptível sobre o seu caráter, livrando-o 
de erros e pecados nos quais, de outro modo, você cairia. Se parar 
de ler a Bíblia, você acabará descobrindo isto às suas próprias custas!
5. Talvez você realmente ame a Bíblia, viva por ela e a 
leia bastante. Se for assim, então decida lê-la mais e mais, a cada 
ano de sua vida, a fim de gravá-la em sua memória e seu coração. 
Quando se encontrar às portas da morte, pode ser que você estará 
incapacitado de ler, e será precioso, então, tê-la guardada em seu 
coração (SI 119.11). Resolva, também, ser ainda mais atento com 
relação a seu hábito de ler a Bíblia, a cada ano de sua vida, e 
honrar mais a Bíblia na sua vida em família. Decida meditar mais 
na Bíblia e conversar mais a respeito dela com outros crentes. 
Finalmente, tome a resolução de viver mais e mais fundamentado 
na Bíblia. Deixe-a avaliar tudo que você faz e, com a ajuda de 
Deus, esteja determinado a ser governado por ela.
6
Amor
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, 
estes três; porém o maior destes é o amor.
1 Coríntios 13.13
O amor é a mais sublime graça cristã. Todos professam 
admirá-lo. Muitos admitem que nada sabem sobre a doutrina cristã, 
mas professam entender e possuir o amor cristão. Porém, têm idéias 
falsas sobre o amor, e estas precisam ser corrigidas. De fato, muitos 
o entendem de forma completamente errada. Quero falar claramente 
sobre isto, pois a verdade é que nada no mundo é tão escasso quanto 
o amor cristão.
1. A importância do amor
Desejo que você perceba, primeiramente, que importante 
lugar a Bíblia confere ao amor. Leia você mesmo as seguintes 
passagens da Escritura: 1 Coríntios 13.1-3, Colossenses 3.14, 1 
Timóteo 1.5, 1 Pedro 4.8, João 13.34-35, Mateus 25.41-46, 
Romanos 13.8, Efésios 5.2 e 1 João 4.7-8. Estas passagens não 
necessitam qualquer comentário de minha parte. Mostram quão 
54 FÉ GENUÍNA
imensamente importante é o amor cristão na perspectiva de 
Deus.
2. O que é o amor
Permita-me mostrar-lhe, em segundo lugar, o que realmente 
é e o que não é o amor ao qual a Bíblia se refere. Inicio com o que 
ele não é.
O amor não é apenas ajudar os pobres. Paulo diz claramente 
que alguém pode distribuir todos os seus bens entre os pobres (1 
Co 13.3) e não ter amor. O cuidado para com os pobres é um dever 
cristão inegável, mas pode ser que o façamos e ainda estejamos 
completamente destituídos de amor cristão.
O amor não significa que nunca podemos condenar o 
comportamento de alguém. As palavras “não julgueis” não indicam 
que você jamais possa desaprovar as coisas erradas. O amor bíblico 
não denota que devemos ignorar o pecado ou falar bem da 
imoralidade.
O amor bíblico não preceitua que nunca devemos discordar 
das opiniões de alguém quanto à religião. O amor bíblico não diz 
que todo o mundo está indo para o céu e ninguém para o inferno ou 
que todos estão certos e ninguém está errado. O verdadeiro amor 
afirma: “Não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os 
espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm 
saído pelo mundo fora” (1 Jo 4.1).
Vamos agora considerar o que é o amor. Primeiro, é amor 
a Deus. Qualquer pessoa que tem este amor deseja amar a Deus 
com todo o seu coração, toda a sua alma, toda a sua mente e toda a 
sua força. Em segundo lugar, é amor para com as pessoas. Quem 
possui este amor desejará amar a seu próximo como a si mesmo. O 
amor bíblico será demonstrado nas atitudes de um cristão, tornando- 
o disposto a fazer o bem a todos, sem esperar por qualquer 
recompensa. Será demonstrado na disposição de suportar o mal. 
Fará com que o cristão seja paciente quando provocado, pronto a 
perdoar, manso e humilde. Freqüentemente negará a si mesmo em 
favor da paz e estará mais interessado em promovê-la do que em 
assegurar seus próprios direitos. O amor bíblico será demonstrado 
pelo comportamento do cristão. Será gentil, altruísta, bem- 
humorado, demonstrará consideração para com os outros, se 
mostrará generoso e cortês, preocupado com o conforto dos outros, 
Amor 55
atencioso para com os sentimentos dos outros e mais desejoso a dar 
do que receber. O verdadeiro amor nunca sente inveja ou se regozija 
nos problemas dos outros.
O modelo perfeito deste tipo de amor encontra-se na vida 
do Senhor Jesus Cristo. Ele foi odiado, perseguido e criticado, mas 
suportou tudo com paciência. Jesus sempre se mostrou amável e 
paciente para com todos. Contudo, Ele expunha a maldade e 
repreendia aqueles que pecavam. Denunciava a falsa doutrina e as 
práticas hipócritas. Falava abertamente tanto do inferno quanto do 
céu. Jesus demonstrou que o perfeito amor não aprova a vida e as 
opiniões de todas as pessoas e que é possível condenarmos o mal e 
continuarmos plenos de amor.
Isto, então, é o verdadeiro amor cristão. Mas, quão pouco 
existe deste amor na terra, até mesmo entre os cristãos! Como o 
mundo seria feliz se existisse mais do verdadeiro amor bíblico!
3. De onde vem o amor
Permita mostrar-lhe, em terceiro lugar, de onde procede o 
amor bíblico. Certamente, não é natural ao homem. Somos 
naturalmente egoístas, invejosos, cruéis e de temperamento ruim. 
Nós o percebemos até mesmo nas crianças, visto que por natureza 
o coração humano nada sabe a respeito do verdadeiro amor. O 
verdadeiro amor será encontrado apenas em um coração que tenha 
sido mudado e renovado pelo Espírito Santo. Mas, quando nos 
tornamos “co-participantes da natureza divina” (2 Pe 1.4), pela 
união com Cristo, uma das primeiras características desta natureza 
é o amor cristão.
Tal coração será convencido da pecaminosidade de seu 
egoísmo e sua falta de amor e lutará contra estas coisas. Também 
sentirá uma dívida de gratidão para com o Senhor Jesus Cristo, que 
morreu por nós, e desejará ser como Ele em amor. O amor de 
Cristo derramado em nossos corações pelo Espírito Santo é a fonte 
mais certa de amor cristão.
Rogo-lhe que preste especial atenção ao que estou dizendo 
aqui. Você não pode ter o fruto do cristianismo sem que antes 
tenha as raízes. Não pode ter o amor cristão sem a conversão, o 
arrependimento,a fé e a união com Cristo. O verdadeiro amor vem 
do alto; é fruto do Espírito. Se você deseja ter amor cristão, deve 
consegui-lo de Cristo.
56 FÉ GENUÍNA
4. O amor é a maior de todas as graças
Permita mostrar-lhe, por último, por que o apóstolo Paulo, 
em 1 Coríntios 13.13, chama o amor de a maior de todas as graças. 
Em outros lugares do Novo Testamento, Paulo freqüentemente 
revela como a fé é importante, pois é através dela que chegamos a 
Cristo e somos salvos. Pela fé, somos justificados e temos paz com 
Deus. Mas aqui Paulo diz que o amor é ainda maior do que a fé!
Não devemos pensar, em momento algum, que o amor é 
capaz de expiar os nossos pecados ou nos dar paz com Deus. Somente 
Cristo pode fazê-lo, e é unicamente por fé que somos unidos a Ele. 
Paulo também não tenciona dizer que o amor pode existir sem fé, 
uma vez que, na verdade, um não pode existir sem o outro. Mas 
existem três razões por que o amor é maior do que a fé e a esperança.
Primeira, o próprio Deus é repleto de amor. Ele não 
necessita de fé ou de esperança, pois “Deus é amor”. Portanto, o 
amor em um cristão resulta em que este passa a amar como Deus 
ama. Segunda, o amor é a graça mais útil com relação às outras 
pessoas. Fé e esperança servem de grande benefício pessoal ao 
cristão, mas é o amor que o torna útil às outras pessoas. Terceira, 
o amor dura para sempre; nunca perecerá. No céu, todos serão 
cheios de amor. A fé dará lugar à visão, e a esperança dará lugar à 
experiência completa. Mas o amor existirá para sempre.
Conclusão
Permita-me concluir com uma pergunta e uma exortação.
1. A pergunta é simples, mas de grande importância. Você 
tem amor? Sem ele, você é nada e está desprovido do sinal que o 
identifica como discípulo de Jesus. Não se contente em possuir um 
conhecimento intelectual da verdade. Não se contente em pensar 
que você tem fé. A verdadeira fé é sempre acompanhada de amor. 
Examine sua vida diária, suas atitudes para com os outros e sua 
maneira de falar. Você trata os outros de modo sempre amável, até 
mesmo quando provocado? Suplico-lhe que não descanse até 
conhecer o amor verdadeiro em seu coração. Peça ao Senhor Jesus 
que o ensine a amar, que coloque o Espírito Santo em você e mude 
sua natureza. Feliz é o homem ou a mulher que “anda em amor”.
Amor 57
2. Minha exortação é dirigida àquele que realmente conhece 
o verdadeiro amor em seu coração. Primeiro, pratique o amor. O 
amor cresce quando é exercitado. Deixe-o controlar toda sua vida, 
não apenas as grandes coisas, mas as pequenas também. Segundo, 
ensine o amor aos outros. Ensine a importância da bondade, da 
prestabilidade e do ser atencioso para com os outros. Ensine-lhes 
que o amor deve estar acima de tudo (Cl 3.14).
7
Zelo
É bom ser sempre zeloso pelo bem. Gálatas 4.18
A Bíblia requer que os cristãos sejam pessoas zelosas. 
Cristo deu a Si mesmo por nós, a fim de que sejamos zelosos de 
boas obras (Tt 2.14). Ele disse à igreja de Laodicéia: “Sê, pois, 
zeloso e arrepende-te” (Ap 3.19). Neste capítulo, pretendo 
mostrar-lhe a importância do zelo cristão e encorajá-lo a ser um 
cristão zeloso.
1. O que é o zelo cristão
O zelo cristão é um ardente desejo de agradar a Deus, fazer 
a sua vontade e contribuir para o avanço de sua glória no mundo. 
Ninguém manifesta este desejo naturalmente, mas o Espírito de 
Deus o coloca no coração de todo crente por ocasião de sua 
conversão. Em alguns crentes, tal desejo é muito mais forte do que 
em outros. Quando este c realmente forte, um homem fará qualquer 
sacrifício, enfrentará qualquer problema, negará a si mesmo qualquer 
coisa, utilizará todas as suas energias e até dará sua própria vida, 
se, fazendo isto, puder agradar a Deus e honrar a Cristo,
60 FÉ GENUÍNA
Um cristão zeloso vive para alcançar somente um objetivo. 
Toda sua vida é dedicada a um só propósito — agradar a Deus. 
Não lhe importam as conseqüências pessoais ou o que os homens 
venham a pensar. Apesar das circunstâncias, seu zelo estará sempre 
evidente. Se não pode ser externamente ativo no servir a Cristo, 
ele se dedicará à oração. Se não é capaz de, por si mesmo, fazer 
um trabalho, o cristão zeloso não dará descanso ao Senhor, até que 
este levante outra pessoa para realizar aquele trabalho.
Todos sabemos o tipo de atitude mental que produz grandes 
homens no mundo. Eles colocam tudo de lado, exceto aquilo que 
estão lutando para conseguir e concentram sua atenção neste 
objetivo. É isto que acontece no domínio da ciência e também com 
homens que fazem grandes fortunas. E, quando este mesmo tipo de 
atitude mental é consagrada a Cristo, manifesta-se o que chamamos 
de zelo cristão.
Zelo foi uma característica de todos os apóstolos. Considere 
o apóstolo Paulo. Ao falar pela última vez aos presbíteros da igreja 
de Éfeso, ele disse: “Em nada considero a vida preciosa para mim 
mesmo” (At 20.24). Paulo escreveu aos filipenses: “Uma cousa eu 
faço... prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de 
Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13,14). Desde o dia de sua conversão, 
ele abandonou todos os seus projetos terrenos, deixou tudo por 
amor a Cristo e saiu pelo mundo pregando o Cristo a quem ele 
outrora havia desprezado. Por amor a Cristo, o apóstolo sofreu 
miséria, perseguição, opressão, foi preso e, eventualmente, morreu. 
Isto foi verdadeiro zelo cristão.
Zelo foi uma característica dos primeiros cristãos. Muitos 
perderam tudo no mundo por amor a Cristo. A sua fé trouxe-lhes 
rejeição e perseguição, e seus sofrimentos foram uma prova de que 
eram sinceros.
Zelo tem sido uma característica dos homens de Deus 
através da história. Martinho Lutero e os reformadores foram 
zelosos. Estavam prontos a renunciar suas vidas por amor a Cristo. 
Missionários, tais como William Carey e Henry Martyn, foram 
zelosos. Martyn foi um homem brilhante, com uma impressionante 
perspectiva de sucesso na profissão que havia escolhido, mas, ao 
invés de seguir sua profissão, decidiu pregar a Cristo em terras 
pagãs.
Zelo foi uma característica do próprio Senhor Jesus Cristo. 
Se começássemos a dar exemplos de seu zelo, nunca acabaríamos! 
Ele foi plenamente zeloso.
Zelo 61
À luz destes fatos, nunca devemos menosprezar o zelo 
cristão!
2. Características do verdadeiro zelo cristão
É importante entendermos que tipo de zelo devemos ter. 
Muitas pessoas pensam que, se alguém é sincero, seu zelo deve 
estar correto. Mas isto não é verdade, como veremos.
O verdadeiro zelo deve manifestar-se de acordo com o 
entendimento, isto é, orientado pela Palavra de Deus. Os judeus 
que perseguiram a igreja primitiva possuíam grande zelo, mas não 
“com entendimento” (Rm 10.2). Pedro mostrou zelo ao cortar a 
orelha de Malco, porém seu zelo não foi sábio. Os seguidores de 
falsas religiões são freqüentemente muito zelosos, mas não de acordo 
com a verdade.
O verdadeiro zelo deve originar-se de motivos verdadeiros. 
O zelo dos fariseus se originava de um espírito de partidarismo. O 
zelo de alguns homens procede de seu egoísmo — eles buscam algo 
por causa da recompensa que podem ganhar. O zelo de outros 
homens resulta do amor que têm pelo louvor a sua pessoa. Mas 
Deus sonda os nossos corações, e o verdadeiro zelo deve proceder 
do amor a Deus e do desejo por sua glória.
O verdadeiro zelo se envolverá em coisas que interessam 
ao próprio Deus. Deveríamos mostrar-nos zelosos em ser santos 
(Fp 3.13,14), zelosos para com a salvação dos perdidos (1 Co 9.22), 
zelosos na oposição a tudo o que Deus odeia e em sustentar as 
doutrinas do evangelho (G1 2.11).
O verdadeiro zelo estará permeado de amor. Não será 
implacável, tampouco ríspido. Odiará o pecado; contudo, amará o 
pecador. Odiará a maldade, mas estará pronto a fazer o bem a 
homens maus. Jesus denunciou os falsos mestres; entretanto, chorou 
sobre Jerusalém. Paulo repreendeu vigorosamente os erros dos 
gálatas, mas se preocupou com eles, como se fossem pequenas 
crianças (G1 4.19).
O verdadeiro zelo estará vinculado a uma profunda 
humildade. Quando Moisésdesceu do monte, não sabia que sua 
face brilhava. Da mesma forma, o homem verdadeiramente zeloso 
provavelmente mais lamentará de suas falhas do que se vangloriará 
de seu zelo!
Rogo-lhe que pense sobre estas características do verdadeiro 
62 FÉ GENUÍNA
zelo cristão. Lembre-se que um homem pode ser sinceramente 
zeloso, mas completamente errado. Certifique-se de que o seu zelo 
está em conformidade com a Palavra de Deus!
3. Por que é bom ter zelo cristão?
O verdadeiro zelo é bom, pois beneficia o cristão, a igreja 
e a sociedade em geral.
O zelo beneficia o cristão pessoalmente. Da mesma forma 
que o exercício físico é bom para a saúde de nosso corpo, o zelo é 
proveitoso à nossa saúde espiritual. Os zelosos por Cristo talvez 
conhecerão mais do que os outros a alegria, a paz, o conforto e a 
felicidade interior. Aqueles que mais batalham pela glória de Deus 
provavelmente serão mais honrados por Deus.
O zelo beneficia a igreja como um todo. É impossível 
substimar a dívida que a igreja tem para com homens zelosos. 
Homens com poucos dons, mas com muito zelo, têm freqüentemente 
feito mais pela igreja do que homens mais dotados, porém menos 
zelosos. Até mesmo uma só pessoa verdadeiramente zelosa em uma 
igreja pode realizar muito, pois o zelo é contagiante. Um homem 
zeloso de verdade pode despertar e estimular outros, fazendo muito 
benefício à igreja.
O zelo beneficia a sociedade. Evangelismo e boas obras 
são inspirados por ele. Sem homens com zelo cristão, o mundo 
pereceria. Mas homens zelosos estão prontos a sair pelo mundo 
pregando o evangelho e fazendo o bem onde quer que possam.
Se você é um cristão, tenha cuidado para que o seu zelo 
não se apague. Tente despertá-lo em seu coração e esteja atento a 
promovê-lo nos outros. Pessoas zelosas algumas vezes cometem 
erros; contudo, ser uma pessoa sem zelo é algo muito pior.
Conclusão
Deixe-me agora tentar aplicar este assunto a cada 
consciência.
1. Tenho uma advertência para aquele que não faz uma 
firme profissão de fé cristã. Você nada sabe sobre o verdadeiro 
zelo cristão. Talvez você seja zeloso nos seus negócios, na política 
ou nas suas preocupações diárias, mas não têm zelo para com Deus, 
Zelo 63
para com as coisas espirituais e eternas. Suplico-lhe: acorde! Você 
é tolo por ser zeloso nas coisas deste mundo e por negligenciar 
aquilo que é eterno.
2. Tenho algo a dizer àquele que professa a Cristo, mas 
não demonstra qualquer zelo cristão. Você precisa saber que há 
algo seriamente errado com você. Peço-lhe, em nome do Senhor, 
que se arrependa. Pense nas almas preciosas que estão morrendo, 
enquanto você dorme. Pense na brevidade do tempo. O que você 
deve fazer precisa ser feito agora, ou jamais o será. Considere o 
diabo e seu zelo em realizar o mal. Medite em seu Salvador e em 
todo o seu zelo por você. Lembre-se de quando Ele esteve no 
Getsêmani e no Calvário. O que você está fazendo por Ele? Oh! 
Acorde! Seja zeloso e arrependa-se!
3. Tenho um encorajamento para aquele que é cristão zeloso. 
Tenho apenas um pedido — persevere! Não abandone o primeiro 
amor. Não se torne frio. Lembre-se que “a noite vem, quando 
ninguém pode trabalhar” (Jo 9.4). Não tema a reprovação dos 
homens. Deixe que eles o chamem do que quiserem. A sua 
preocupação não é com o que os homens pensam de você, mas com 
o que Deus pensará de você no Dia do Julgamento!
8
Felicidade
Bem-aventurado é o povo cujo Deus é o Senhor!
Salmo 144.15
Felicidade é uma característica daqueles que vivem um 
correto relacionamento com Deus. Outros não experimentam a 
felicidade duradoura e verdadeira. Quero considerar este tema sob 
três aspectos.
1. Coisas essenciais à felicidade
Todos desejam ser felizes. Isto é natural. Mas quão poucos 
entendem em que consiste a felicidade! Pretendo mostrar-lhe algumas 
coisas essenciais à plena felicidade.
Verdadeira felicidade não significa estar completamente 
livre de sofrimento e desconforto. Neste mundo corrompido e 
pecador, este tipo de felicidade não existe em lugar algum. A 
felicidade verdadeira também não consiste de sorrisos e gargalhadas. 
Muitas pessoas riem bem alto e são aparentemente felizes quando 
estão em companhia de outras, mas são interiormente miseráveis e 
têm medo de ficarem a sós. Não seja enganado pelo vazio da 
jovialidade do mundo!
66 FÉ GENUÍNA
Para que alguém seja verdadeiramente feliz, suas 
necessidades mais profundas têm de ser satisfeitas. O bebê mostra- 
se feliz quando está vestido, alimentado e deitado nos braços de sua 
mãe, visto que todas as suas necessidades foram atendidas. O mesmo 
é verdade a respeito de todos nós — para que sejamos 
verdadeiramente felizes nossas necessidades mais profundas 
precisam ser satisfeitas.
Quais são nossas necessidades mais profundas? Não são 
apenas as do corpo! O homem possui mente e consciência e, em 
seu íntimo, sabe que esta vida não é tudo: existe uma vida além- 
túmulo. Não são apenas as necessidades físicas do homem que 
precisam ser satisfeitas, mas também as necessidades de sua alma e 
de sua consciência.
Se almejamos ser verdadeiramente felizes, nossa felicidade 
não pode depender de qualquer coisa neste mundo. Tudo na terra é 
incerto e instável. Tudo que o dinheiro pode comprar é temporário. 
Todos os nossos relacionamentos serão terminados pela morte. 
Felicidade duradoura não pode depender de tais coisas.
Para que sejamos verdadeiramente felizes precisamos ser 
capazes de ver tudo à nossa volta sem nos sentirmos desconfortáveis. 
Devemos ser capazes de olhar para o passado e não termos 
sentimentos de culpa. Devemos poder olhar para o futuro e não 
manifestar ansiedades. Se você não pode rever o passado ou 
contemplar o futuro sem desconforto, você não pode ser feliz. Suas 
atuais circunstâncias podem ser boas, mas não são suficientes para 
torná-lo verdadeiramente feliz.
2. Erros comuns a respeito da felicidade
Muitas pessoas procuram felicidade em lugares com­
pletamente errados. Quero alertá-lo francamente contra alguns erros 
comuns sobre a maneira de ser feliz.
Realizações e sucesso não trazem felicidade. Homens bem- 
sucedidos não são necessariamente felizes. O próprio sucesso deles 
com frequência lhes traz problemas. Riquezas não trazem felicidade. 
Riqueza pode comprar tudo, exceto a paz interior. Aprendizado e 
conhecimento, por si mesmos, não trazem felicidade. Assim como 
nossas mentes, nossos corações e consciências também necessitam 
de alimento. O conhecimento secular não oferece felicidade a um 
homem quando ele pensa na morte. Uma vida fácil não traz 
Felicidade 67
felicidade. Um homem trabalhador pode ser freqüentemente tentado 
a desejar não ter de ir ao trabalho, para que pudesse gastar seus 
dias do jeito que quisesse. Porém, Deus criou o homem para 
trabalhar, e isto é essencial à nossa felicidade. Prazer não traz 
felicidade. Muitos gastam seu tempo em busca de prazer, tal como 
uma criança se divertindo com um brinquedo. Mas até mesmo uma 
criança não fica brincando o dia todo. Homens e mulheres têm 
coisas mais nobres em que se envolver, ao invés de ocuparem-se na 
busca infindável por prazer.
Quero dizer-lhe com franqueza: se você pensa que alguma 
dessas coisas o levará à felicidade, está completamente errado. Toda 
a experiência humana é contrária a isto. O rei Salomão tinha poder, 
sabedoria e riqueza muito maiores do que qualquer outro homem 
de sua época. Sabemos, por sua própria confissão, que ele verificou 
não encontrar felicidade nessas coisas. Eis a sua conclusão, escrita 
sob a inspiração do Espírito Santo: “Tudo era vaidade e correr 
atrás do vento” (Ec 1.14). No decorrer da história, podemos 
encontrar outros incontáveis testemunhos de homens e mulheres 
que procuraram por felicidade em lugares errados. Estes alcançaram 
seus objetivos na vida, mas não encontraram paz nem felicidade.
Você é um jovem? Suplico-lhe que não desperdice sua vida 
procurando felicidade onde ela não pode ser encontrada. Você é 
pobre? Às vezes pensa que, se ao menos fosse rico, seria feliz?Resista essa tentação. Existe tanta miséria entre os ricos quanto 
entre os pobres. Rogo a vocês todos: lembrem-se como são comuns 
esses erros sobre o caminho para a felicidade e aprendam a buscá- 
la onde ela pode ser encontrada!
3. O caminho para ser feliz
Finalmente, permita-me mostrar-lhe como ser ver­
dadeiramente feliz. Existe um caminho que leva à verdadeira 
felicidade todos que o seguem. Não é incerto nem duvidoso. A 
verdadeira felicidade está disponível a todos. Mas existe apenas 
um caminho, e todos os que desejam ser felizes devem seguir por 
este mesmo caminho.
Tornar-se um cristão verdadeiro, fervoroso e com 
sinceridade de coração e a única maneira de ser feliz. O verdadeiro 
cristão é o único homem realmente feliz. Por verdadeiro cristão, 
não estou falando de todo aquele que professa ser cristão. Eu me 
68 FÉ GENUÍNA
refiro à pessoa que, pelo Espírito Santo, foi ensinada a reconhecer 
os seus pecados; que já depositou toda sua esperança e confiança 
no Senhor Jesus Cristo. Refiro-me àquele que nasceu de novo e 
que manifesta uma vida caracterizada por espiritualidade e santidade.
Ao afirmar que tal pessoa é verdadeiramente feliz, não estou 
dizendo que ela não tem dificuldades ou qualquer tipo de problemas 
e nunca derrama lágrimas. Porém, no fundo de seu coração, ela 
tem uma paz sólida e uma alegria verdadeira. Isto é felicidade. Não 
digo que todos os cristãos são igualmente felizes. Mas, comparados 
com os homens do mundo, todos são felizes.
O verdadeiro cristão tem uma consciência que está em paz. 
Sabe que Cristo perdoou os seus pecados. Somente ele pode meditar 
com tranqüilidade a respeito de sua alma, pois sabe que ela está 
segura em Cristo. O verdadeiro cristão tem fontes de felicidade 
que não dependem deste mundo. Não importa o quanto suas 
circunstâncias terrenas possam mudar, seu Amigo no céu continua 
o mesmo. O verdadeiro cristão está cumprindo o propósito para o 
qual Deus o criou. O homem não-convertido não está cumprindo 
este propósito e, portanto, não pode ser feliz.
Sem Cristo, ninguém será verdadeiramente feliz neste 
mundo, ainda que desfrute das melhores circunstâncias da vida. 
Com Cristo, um homem pode ser feliz, apesar de sua pobreza, 
apesar de estar doente e apesar dos distúrbios políticos e sociais. 
Sua felicidade não depende de suas circunstâncias atuais. Ele sabe 
que tudo irá bem aos justos (Is 3.10).
Respostas às objeções
Enquanto você leu, Satanás esteve enchendo sua mente com 
objeções a estas afirmações? Se esteve, não tenho medo de refutá- 
las com franqueza.
Talvez você conheça muitas pessoas religiosas que não são 
felizes. Você tem certeza de que tais pessoas são verdadeiros crentes 
em Cristo? Muitos têm apenas uma forma aparente de cristianismo; 
portanto, não espere que tais pessoas tenham paz e alegria interior.
Talvez você conheça algumas pessoas verdadeiramente 
espirituais, mas que não parecem felizes. Reclamam muito de seus 
próprios corações. Parecem repletas de dúvidas, ansiedades e medos. 
Eu sinto muito por que realmente existem cristãos assim, vivendo 
muito aquém de seus privilégios e aparentemente não ex- 
Felicidade 69
perimentando alegria e paz. Porém, em alguma ocasião você já 
lhes perguntou se desistiriam de sua fé e voltariam ao mundo? Já 
lhes perguntou: “Vocês não acham que seriam mais felizes se 
parassem de seguir o Senhor Jesus?” Se fizesse tais perguntas, até 
mesmo os menores e mais fracos cristãos lhe dariam uma só resposta: 
“Nossa fé pode ser fraca e nossa alegria em Cristo, quase que 
inexistente; mas jamais desistiríamos daquilo que temos!” A raiz 
da felicidade se encontra ali, afinal de contas, embora não sejam 
vistas as folhas nem as flores.
Mas talvez você argumente não pensar que a maioria dos 
cristãos é feliz, pois estes parecem tão sóbrios e sérios. Você já se 
perguntou por que eles se mostram sérios? Espera que estejam em 
sua companhia sem manifestarem um sentimento de tristeza, ao 
verem que você está indo para o inferno? Um erudito filósofo, em 
certa ocasião, perguntou a um ministro cristão por que as pessoas 
religiosas sempre pareciam tão tristes. O ministro respondeu: “Olhar 
para o senhor, Sr. Hume, deixa qualquer cristão triste”. Somente 
quando você mesmo, leitor, for um homem convertido, será capaz 
de avaliar corretamente a seriedade dos cristãos. Quando você os 
encontra em um ajuntamento onde todos amam a Cristo e têm um 
só sentimento, minha experiência diz que você não achará pessoas 
tão verdadeiramente felizes quanto os verdadeiros cristãos.
Portanto, repito a minha afirmação de que não existe 
felicidade no mundo comparável à de um verdadeiro cristão.
Conclusão
Concluindo, desejo apelar à consciência de todos os meus 
leitores.
1. Deixe-me fazer uma pergunta: você é feliz? Se está 
vivendo para este mundo, você sabe, em seu coração, que não é 
verdadeiramente feliz. Quero avisá-lo em amor: Você nunca será 
feliz enquanto estiver dando as costas a Deus e a Cristo.
2. Permita-me dar-lhe um alerta: é algo tolo viver de 
maneira que não pode tomá-lo feliz. Você está gastando “dinheiro 
naquilo que não é pão” e seu “suor naquilo que não satisfaz” (Is 
55.2). O caminho para a salvação e para a felicidade é o mesmo! 
Recuse-o e você nunca será feliz.
3. Rogo-lhe que busque felicidade no único lugar em que 
poderá encontrá-la. Ela é encontrada somente em Cristo. Apenas
70 FÉ GENUÍNA
Ele pode lhe outorgar felicidade. Venha a Ele, confessando seu 
pecado e sua infelicidade. Venha, suplicando-lhe misericórdia, 
perdão e nova vida. Não demore por motivo algum! Venha a Ele 
agora!
4. Quero oferecer alguns conselhos aos verdadeiros cristãos 
a respeito de como ser ainda mais feliz.
Primeiro, trabalhe para crescer na graça, ano após ano. 
Cuidado para não ficar parado, vivendo experiências passadas. Faça 
esforços para seguir adiante. Leia a Bíblia com mais empenho, ore 
com mais fervor, odeie o pecado cada vez mais, negue mais a si 
mesmo, mantenha sua consciência limpa de pequenos pecados, evite 
entristecer o Espírito. Os homens mais santos são sempre os mais 
felizes.
Segundo, trabalhe para ser mais grato, ano após ano. 
Aprenda a dar mais louvores a Deus por sua bondade.
Terceiro, seja mais diligente em fazer o bem, ano após 
ano. Deus é bom, e faz o bem (SI 119.68). Empenhe-se por imitar 
a Deus, realizando o bem. Existe alguma coisa que você pode 
empreender para Deus; procure descobri-la e faça-a para Ele. 
Lembre-se: o cristão hesitante e descomprometido jamais desfrutará 
de paz perfeita. O cristão mais comprometido será sempre o homem 
mais feliz.
9 
Formalismo
Tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, 
o poder. 2 Timóteo 3.5
Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, 
nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém, 
judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, 
a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, 
e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus. 
Romanos 2.28,29
Estes versículos nos ensinam pelo menos três verdades 
importantes: primeira, o cristianismo exterior não é o verdadeiro 
cristianismo; segunda, o cristianismo verdadeiro deve existir no 
coração; terceira, o verdadeiro cristianismo nunca deve esperar ser 
popular.
1. O cristianismo exterior não é o verdadeiro cristianismo
A primeira coisa que aprendemos é que o cristianismo 
exterior não é o verdadeiro cristianismo e um cristão nominal não 
é um verdadeiro cristão. Por cristão nominal, refiro-me a alguém 
72 FÉ GENUÍNA
que apenas se declara cristão, mas que, na realidade, não o é; alguém 
que é cristão somente em suas práticas religiosas exteriores, mas 
não em seu coração.
Existem muitas pessoas para quem o cristianismo consiste 
em nada além do que ir à igreja. Fazem isso com regularidade, 
mas não estão familiarizados com as Escrituras e não sentem prazer 
algum na leitura delas. Suas vidas não manifestam separação do 
mundo. Não estão particularmente interessados em doutrina cristã, 
mostrando não se preocuparem com o tipode ensino que recebem. 
Pessoas assim são apenas “cristãos nominais”.
Existem outros para quem o cristianismo consiste apenas 
em palavras. Sabem a teoria do evangelho e mantém com firmeza a 
sã doutrina. Contudo, nada sabem a respeito da santidade prática. 
Não são confiáveis, amorosos, humildes, honestos, bondosos, 
mansos e altruístas. Têm nome de cristãos, mas são apenas “cristãos 
aparentes”.
A Escritura fala muito claramente sobre este cristianismo 
aparente. Ouça as palavras de Paulo: “Não é judeu quem o é 
apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na 
carne”. Estas são palavras fortes! Um homem poderia ser 
descendente de Abraão, circuncidado, observador de todas as 
celebrações, uma pessoa que, com regularidade, adorava no templo 
e, apesar de tudo isso, não ser um verdadeiro judeu aos olhos de 
Deus! Da mesma forma, alguém pode ser um cristão professo, 
batizado, frequentador da igreja, e, aos olhos de Deus, não ser de 
forma alguma um cristão!
Leia Isaías 1.10-15. Nesta passagem, Deus proclama que 
os sacrifícios oferecidos pelo povo eram inúteis e que Ele odiava as 
celebrações deles. Todavia, esses sacrifícios e celebrações haviam 
sido estabelecidos por Ele mesmo. Deus está afirmando que suas 
próprias ordenanças de louvor são inúteis quando não observadas 
de coração. De fato, são piores do que inúteis; ofendem-No, e Ele 
as odeia.
Escute agora o próprio Senhor Jesus Cristo. Ele declarou 
aos judeus de seus dias: “Este povo honra-me com os lábios, mas o 
seu coração está longe de mim. E em vão me adoram” (Mt 15.8,9). 
Ele reiteradamente denunciou a religião aparente dos escribas e 
fariseus, alertando seus discípulos contra ela. Jesus sempre tinha 
uma palavra de bondade a transmitir aos piores pecadores e mantinha 
uma porta aberta para estes. Mas, com linguagem severa, Ele 
denunciava aqueles que tinham uma religião de aparência externa.
Formalismo 73
Poderíamos facilmente indicar outras passagens onde a 
Bíblia fala sobre isto. A Bíblia nos ensina, com muita clareza, que 
devemos não apenas evitar o pecado, mas também o perigo de 
possuirmos nada além de um cristianismo aparente.
Esse tipo de cristianismo é muito comum. Invade todas as 
igrejas cristãs, sendo também muito perigoso. O cristianismo de 
atitudes aparentes, não provenientes do coração, tem um efeito 
endurecedor no coração e na consciência da pessoa. É também 
algo muito tolo. Quão tolo é supor que uma forma aparente de 
cristianismo trará conforto na hora da doença ou quando a morte se 
aproximar! Uma fotografia de um fogo não pode aquecer alguém, 
visto que não é o fogo de verdade. Da mesma forma, o cristianismo 
aparente não pode trazer paz à alma. Deus vê através das aparências, 
embora nossos amigos, irmãos, membros da nossa igreja e pastores 
sejam enganados por elas. Deus conhece os segredos de nossos 
corações. Ele há de “julgar os segredos dos homens” no último 
dia.
2. O cristianismo verdadeiro deve existir no coração
O coração é o teste real tanto do caráter de um homem 
quanto de sua religião. É dentro do coração que o verdadeiro 
cristianismo deve existir. As pessoas olham para as coisas que 
um homem diz e faz, mas um homem pode dizê-las e fazê-las por 
motivos errados. Por isso, Deus examina o coração. É ali que 
deve começar o cristianismo verdadeiro e redentor. Deus afirma: 
“Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo” 
(Ez 36.26). Fé salvadora é assunto do coração — “Porque com o 
coração se crê” (Rm 10.10). Santidade procede de um coração 
renovado. Os verdadeiros cristãos fazem, de coração, a vontade 
de Deus.
Talvez algum leitor imagine que uma religião exteriormente 
correta seja suficiente. Se você pensa assim, está completamente 
errado. O apóstolo Paulo diz: “Pois nem a circuncisão é coisa 
alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura” (G1 6.15). 
Com isto, ele não estava apenas ensinando que a circuncisão não 
era mais necessária sob a Nova Aliança. Estava afirmando que o 
verdadeiro cristianismo não é algo externo, e, sim, interno à pessoa. 
Ele não consiste em qualquer tipo de cerimônias externas, e, sim, 
na graça de Deus operando em nossos corações.
74 FÉ GENUÍNA
Quando os nossos corações estão errados, aos olhos de Deus 
tudo está errado. Práticas externas são inúteis se os nossos corações 
estão errados. Na época da Antiga Aliança, a Arca era a coisa mais 
sagrada no tabernáculo. Porém, quando os israelitas confiaram nela 
e não em Deus, foram vencidos pelos seus inimigos. Estavam crendo 
em um objeto, ao invés de crerem em Deus. Os seus corações 
estavam errados. Nossa adoração pode parecer correta em sua 
aparência, mas será rejeitada por Deus se nossos corações estiverem 
errados.
Quando os nossos corações estão corretos, Deus será 
tolerante a muito do que é imperfeito em nós. Josafá e Asa foram 
reis de Judá que estiveram longe de serem perfeitos. Foram homens 
fracos em muitos aspectos, mas, apesar de todas as suas falhas, 
seus corações estavam corretos. A páscoa celebrada por Ezequias 
teve muitas irregularidades. Mas lemos que Ezequias orou, dizendo: 
“O Senhor, que é bom, perdoe a todo aquele que dispôs o coração 
para buscar o Senhor Deus” (2 Cr 30.18-19). Deus respondeu esta 
oração. Ele está muito mais preocupado com o estado dos nossos 
corações do que com observâncias externas.
Deixe-me exortá-lo: decida ser um cristão de coração. Você 
não deve negligenciar os aspectos externos da adoração, mas 
assegure-se de que, acima de tudo, está atento ao estado de seu 
coração.
3. O verdadeiro cristianismo nunca é popular
Desejo que você seja um verdadeiro cristão, mas também 
que se conscientize de que um cristianismo desta qualidade jamais 
será popular. Nunca o foi, nem o será, enquanto a natureza humana 
se mostrar da maneira que a Bíblia a descreve. A maioria dos homens 
se satisfará com uma religião de exterioridades. Esta satisfaz a 
consciência que nunca percebeu sua necessidade por Cristo. Agrada 
a nossa justiça própria. Contenta a nossa preguiça natural, pois o 
cristianismo de coração não é fácil, enquanto que o cristianismo 
aparente não nos causa grandes problemas.
A história da religião comprova o que estou dizendo. Na 
história de Israel, desde o início de Êxodo até o final de Atos dos 
Apóstolos, você encontrará a mesma coisa. Os profetas do Antigo 
Testamento constantemente censuravam o povo por praticar uma 
religião de aparências, sem ter seus corações envolvidos nela. O
Formalismo 75
Senhor Jesus denunciou os fariseus e os escribas pelo mesmo tipo 
de coisa. Depois dos dias dos apóstolos, quão rapidamente o 
cristianismo autêntico, de coração, deu lugar a algo apenas 
exterior. Esta sempre tem sido a forma popular de cristianismo, 
enquanto o verdadeiro, aquele que envolve todo o coração, tem 
sido raro.
O cristianismo de coração é muito modesto para ser popular. 
Não dá ao homem a oportunidade de orgulhar-se, proclamando 
que este homem está morto em seus pecados e precisa nascer do 
Espírito. Declara ao homem que ele é culpado, merecedor do inferno 
e tem de correr para Cristo, se quiser ser salvo. Mas o orgulho 
humano se rebela contra estas verdades.
O cristianismo de coração é também muito santo para ser 
popular. Exige que o homem mude suas atitudes. Requer que este 
abandone o mundo e seus pecados e tenha sua mente voltada às 
coisas espirituais, amando a Palavra de Deus e a oração. Como 
algo assim poderia, em qualquer época, ser popular? Não o foi no 
passado, não o é agora.
Entretanto, qual a importância da popularidade do 
verdadeiro cristianismo diante dos homens? Não compareceremos 
diante deles na hora do julgamento, e, sim, diante de Deus. E a 
glória do cristianismo autêntico é esta: tem “a aprovação de Deus”. 
Deus se agrada com o que Ele vê de cristianismo autêntico nesta 
vida presente. Onde quer que veja o arrependimento, a fé, a 
santidade e o amor para com Ele presentes no coração, Deus 
ficará bastante satisfeito. Isto não vale muito mais do que os elogios 
dos homens?No Dia do Julgamento, diante de todo o mundo, Deus 
proclamará sua aprovação do “cristianismo de coração”. Reunirá 
seus santos de todas as partes do mundo em uma gloriosa companhia. 
Ele os colocará à direita do glorioso trono de Cristo. Então, todos 
aqueles que, com sinceridade de coração, tiverem amado e servido 
a Cristo hão de ouvi-Lo dizer: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai 
na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do 
mundo” (Mt 25.34). Aqueles que somente aparentam ser cristãos o 
contemplarão com inveja, mas estas palavras jamais lhes serão 
dirigidas. Naquele grandioso dia, veremos e entenderemos 
completamente o verdadeiro valor do cristianismo autêntico, vivido 
com sinceridade de coração. Nesta vida, é provável que você enfrente 
oposição e seja escarnecido, desprezado e perseguido. “Através de 
muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (At 14.22).
76 FÉ GENUÍNA
Mas, apesar do que você perca neste mundo, a aprovação de Deus, 
naquele dia, compensará tudo.
Conclusão
Permita-me encerrar com três palavras claras de aplicação.
1. O seu cristianismo é uma questão de observar coisas 
exteriores ao invés de coisas do coração? Se for assim, devo, com 
muito amor, alertá-lo a respeito do fato que você se encontra no 
maior risco possível. Você não tem coisa alguma para confortá-lo 
em um dia de provação, nada para lhe dar esperança, quando estiver 
à morte, tampouco para salvá-lo no último dia. Que Deus aplique 
este alerta à sua alma!
2. Se o seu coração o condena, só existe um caminho para 
seguir. Você precisa ir a Cristo sem demora e contar-lhe a sua 
condição. Confesse a inutilidade de sua forma externa de cristianismo 
e peça-Lhe um novo coração. Ele é poderoso para salvar. Nenhum 
caso é demasiadamente difícil para Ele. “Pedi, e dar-se-vos-á; 
buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Lc 11.9).
3. Se o seu cristianismo é algo que realmente procede do 
seu coração e você tem uma confiança bem fundamentada em Deus, 
leve a sério as responsabilidades de sua posição. Diariamente, dê 
graças e louve a Deus, que lhe deu um novo coração. Mas vigie e 
fique alerta, para que você não caia em mero formalismo. Cuide de 
suas leituras bíblicas, suas orações, sua vida diária e sua conduta. 
Ninguém é tão espiritual que não esteja sujeito a uma triste queda. 
Portanto, vigie e esteja alerta, enquanto você anseia pela vinda do 
Senhor. Ele logo estará aqui. O tempo de tentação em breve terá 
chegado ao fim. Naquele dia, ninguém pensará que deu demais do 
seu coração a Cristo.
10
O Mundo
Retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor.
2 Coríntios 6.17
Separar-se do mundo é um dever muito importante. Todo 
aquele que professa ser cristão deveria considerar este assunto com 
muita seriedade, pois a separação do mundo sempre tem sido uma 
das evidências da obra da graça de Deus no coração. Aqueles que 
são realmente nascidos do Espírito de Deus têm sempre se mantido 
separados do mundo, enquanto os cristãos nominais sempre se 
recusam a retirar-se e separar-se. Este assunto é especialmente 
importante em nossos dias, visto que muitos estão tentando fazer 
do cristianismo algo fácil, evitando a necessidade de auto-negação. 
Muitos acreditam que podem se comportar como quiserem e, ainda 
assim, serem bons cristãos. Quero alertá-lo com franqueza contra 
esta maneira de pensar.
1. O inundo é uma fonte de grande perigo para a alma
Ao utilizar a expressão “o mundo”, não estou falando do 
mundo físico, no qual vivemos. Nada do que Deus criou no universo
78 FÉ GENUÍNA
é, em si mesmo, prejudicial à alma de um homem. Toda a criação 
é algo “muito bom” (Gn 1.31). A idéia de que qualquer coisa física 
é, em si mesma, pecaminosa é um erro tolo. Com o termo “o 
mundo”, refiro-me àquelas pessoas cujos pensamentos estão voltados 
apenas (ou principalmente) às coisas deste mundo e negligenciam o 
mundo por vir — àquelas que pensam mais sobre o corpo do que 
sobre o espírito, mais sobre agradar os homens do que agradar a 
Deus. Por “o mundo”, estou me referindo a estas pessoas, bem 
como ao seu modo de vida, suas opiniões, seus gostos, suas ambições 
e seus pontos de vista. Este é o mundo que é perigoso para a alma, 
do qual devemos retirar-nos e separar-nos.
O que a Palavra de Deus afirma sobre este assunto? O 
apóstolo Paulo afirma: “Não vos conformeis com este século” (Rm 
12.2-ver também 1 Co 2.12, G11.4, Ef 2.2 e 2 Tm 4.10). Tiago 
diz: “Não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de 
Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se 
inimigo de Deus” (Tg 4.4 — ver também Tg 1.27). O apóstolo 
João exorta: “Não ameis o mundo nem as cousas que há no mundo. 
Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele” (1 Jo 2.15 
— ver também 1 Jo 2.16-17, 3.1, 4.5, 5.4 e 5.19). E o próprio 
Senhor Jesus, falando sobre seus discípulos, declarou: “Eles não 
são do mundo, como também eu não sou” (Jo 17.16 — ver também 
Mt 13.22, Jo 8.23, 14.17, 15.18,19 e 16.33).
Estas passagens bíblicas falam por si mesmas. Nenhuma 
pessoa racional pode negar que estes textos ensinam que “o mundo” 
é inimigo de Cristo e que a amizade com o mundo e a amizade com 
Cristo são completamente opostas uma à outra.
Além disso, a experiência cristã confirma esta verdade. A 
maior causa de dano à causa de Cristo é o amor ao mundo. Milhares 
que pensam ser cristãos naufragam aqui. Não escolhem 
deliberadamente o mal, nem rejeitam qualquer doutrina bíblica. 
Eles amam o mundo e sentem que devem conviver amigavelmente 
com ele. É o seu amor para com o mundo que os leva ao amplo 
caminho da destruição.
2. Idéias erradas a respeito de separar-se do inundo
Deixe-me, agora, mostrar-lhe o que não é separar-se do 
mundo. É importante ser claro sobre isto, pois algumas vezes os 
cristãos podem causar grandes prejuízos por agirem baseados em 
O Mundo 79
uma falsa compreensão do que significa separar-se do mundo.
Ao proclamar “retirai-vos e separai-vos”, Deus não está 
afirmando que os cristãos devem abandonar seus trabalhos no 
mundo. O soldado Cornélio, o doutor Lucas e Zenas, o intérprete 
da lei, são exemplos de homens em trabalhos seculares. Na verdade, 
estar em ociosidade é pecado, e isto frequentemente nos conduz à 
tentação. Portanto, é correto que tenhamos um trabalho lícito. Não 
devemos abandonar nossa ocupação (a menos que seja pecaminosa) 
por medo de que ela venha a nos causar mal. Esta é uma conduta 
covarde e preguiçosa. O que devemos fazer é levar nosso 
cristianismo conosco aos locais em que trabalhamos neste mundo.
Isto também não significa que os cristãos nada teriam para 
fazer em meio às pessoas não-convertidas. Nosso Senhor e seus 
discípulos foram a um banquete de casamento. Eles tiveram uma 
refeição na casa de um fariseu. Em 1 Coríntios 10.27, o apóstolo 
Paulo nos ensina como devemos agir se um incrédulo nos convida 
a um banquete; o apóstolo não instrui a não irmos. Desta forma, 
não devemos nos privar de oportunidades para fazermos o bem. Se 
Cristo estiver conosco onde quer que formos, poderemos ser o 
meio de salvar outros sem prejudicarmos a nós mesmos.
Separar-se do mundo «do significa que os cristãos não devem 
se interessar por qualquer coisa que não seja religião. Alguns podem 
imaginar que é muito espiritual negligenciar a ciência, a arte, a 
literatura, a política, desprezar a leitura de livros ou jornais que 
abordam assuntos seculares e não saber coisa alguma sobre o governo 
de seu país. Eu creio que isto é uma negligência egoísta e preguiçosa 
em relação ao nosso dever. Paulo deu importância ao bom governo 
(1 Tm 2.2); citou escritores pagãos em seus sermões e conhecia as 
leis e costumes do mundo, como podemos perceber de suas 
ilustrações. Os cristãos que se orgulham na ignorância levam a 
religião ao desdém.
Separar-se do mundo não significa que os cristãos devem 
ser excêntricos em sua maneira de vestir, em seus costumes ou na 
sua maneira de falar. Nunca deveríamos atrair atenção desta forma. 
Não há razão para supormos quenosso Senhor e seus discípulos se 
vestiam e se comportavam de modo diferente das outras pessoas de 
sua época. O Senhor condenou os fariseus por alargarem os seus 
filactérios e alongarem as suas franjas a fim de serem “vistos dos 
homens” (Mt 23.5).
Separar-se do mundo não significa que os cristãos devem 
retirar-se da sociedade e viver na solidão. Nosso Senhor foi bastante 
FÉ GENUÍNA
claro ao orar: “Não peço que os tires do mundo, e, sim, que os 
guardes do mal” (Jo 17.15). Não é por refugiar-nos em um cantinho 
que manteremos o diabo afastado de nossos corações. Cristianismo 
verdadeiro e separação do mundo são melhores demonstrados 
quando resolutamente permanecemos em nossa posição e mostramos 
o poder da graça em triunfar sobre o mal, e não quando abandonamos 
o lugar em que Deus nos colocou.
Também não significa que os cristãos devem se retirar de 
toda igreja imperfeita. Em todas as cartas de Paulo, vemos que as 
falhas e corrupções das igrejas foram reprovadas por ele; contudo, 
Paulo jamais disse que os cristãos daquelas igrejas deviam abandoná- 
las porque eram imperfeitas.
Rogo-lhe que pense cuidadosamente em cada um desses 
seis fatos. Tenho visto muitas pessoas cometerem erros em relação 
a cada um deles, e muita miséria e infelicidade já foram causadas 
por esses erros. Desejo que você fique alerta contra eles. Evite agir 
precipitadamente de maneira que o leve a se arrepender depois. 
Permita que lhe ofereça (especialmente se você é recém-convertido) 
dois conselhos:
Primeiro, lembre-se que o caminho mais curto nem sempre 
é o caminho do dever. Você pode achar que é correto discutir com 
todos os seus parentes não-convertidos, cortar o relacionamento 
com todos os seus amigos, afastar-se por completo da sociedade, 
abandonar todo ato normal de cortesia e devotar-se inteiramente ao 
trabalho de Cristo. Isto pode satisfazer sua consciência e livrá-lo 
de problemas. Mas, com freqüência, este tipo de comportamento é 
egoísta, preguiçoso e só agrada a você mesmo. O verdadeiro modo 
de carregarmos nossa cruz é, freqüentemente, negar a nós mesmos 
e adotar atitudes diferentes.
Segundo, se você quiser manter-se separado do mundo, 
tenha cuidado em não adotar um modo de comportamento 
impertinente, melancólico e desagradável. Jamais esqueça que existe 
algo chamado “seja ganho, sem palavra alguma” (1 Pe 3.1). Esforce- 
se para demonstrar às demais pessoas que os seus princípios (não 
importa o que elas pensem a respeito deles) fazem de você uma 
pessoa cordial, agradável, bem-humorado, altruísta, atencioso para 
com os outros e pronto a se interessar por tudo o que é inocente e 
bom. Não deixe que haja separação desnecessária. Em muitas coisas, 
precisamos ser separados. Mas tenha cuidado para que haja o tipo 
de separação correta. Se o mundo se ofender por causa da separação 
que a Bíblia requer, nada poderemos fazer, mas estejamos certos 
0 Mundo 81
de não ofender o mundo através de uma separação tola e não-bíblica.
3. O que realmente significa separar-se do mundo
Permita-me, agora, mostrar o que a verdadeira separação 
do mundo realmente significa. Tentarei apresentar alguns princípios 
e você pode aplicá-los à sua situação específica.
1. Você deve recusar, com determinação, ser guiado pelos 
padrões do mundo em relação ao que é certo e errado. Não faça as 
coisas somente porque “todo o mundo as faz”. O seu padrão deve 
ser a Palavra de Deus, e nada mais.
2. Você deve ser muito cuidadoso com relação a como 
você gasta o seu tempo de lazer. Isto é muito importante, pois 
freqüentemente nosso tempo de lazer é uma ocasião para sermos 
tentados. Seja cuidadoso em relação a como passa suas noites e 
certifique-se de que sempre separa tempo para meditar, ler a Bíblia 
e orar.
3. Você deve, com firmeza, resolver não se deixar consumir 
ou ser absorvido pelos negócios deste mundo. Sendo cristão, você 
deve se esforçar para exercer suas atividades profissionais da melhor 
forma possível. Mas não deve permitir que elas se coloquem entre 
você e Cristo. Se os seus negócios começarem a ocupar mais e 
mais dos seus domingos e a tomar o tempo dedicado à sua leitura 
bíblica e a oração, então seus negócios estão assumindo o controle 
de sua vida. Assim como Daniel, você deve estar preparado a separar 
tempo para a comunhão com Deus, apesar do que isso lhe possa 
custar (Dn 6.10).
4. Você deve abster-se de todo tipo de divertimento que 
esteja inseparavelmente relacionado ao pecado. Este é um assunto 
difícil, mas é algo que precisamos considerar. O fato é que alguns 
divertimentos podem parecer inocentes quando considerados em si 
mesmos. Mas devemos também considerar se, na prática, tais 
divertimentos estão inseparavelmente acompanhados por pecado. 
Se este for o caso, devemos nos abster deles.
5. Você deve ser moderado em fazer uso de recreações 
lícitas e inocentes. Todos necessitamos de recreação, para nossos 
corpos e nossas mentes. Todavia, até mesmo as recreações boas e 
corretas tornam-se erradas quando consomem muito de nosso tempo 
e de nossa atenção. Podemos fazer uso delas, a fim de fortalecermos 
a mente e o corpo, de modo a servirmos melhor a Cristo. Mas se 
82 FÉ GENUÍNA
começarem a interferir em nosso servir a Cristo, então devemos 
exercer controle sobre elas.
6. Você deve ser cuidadoso em relação às suas amizades e 
relacionamentos com pessoas do mundo. Não estou dizendo que 
você não deve ter qualquer relacionamento com pessoas não- 
convertidas. Na vida diária, devemos ter negócios a tratar com 
essas pessoas, sempre mostrando-lhes extrema cortesia, bondade e 
amor. Mas uma amizade íntima é um assunto bem diferente. Se 
você escolhe como amigos íntimos pessoas que não se importam 
com a salvação, com Cristo e com a Bíblia, não vejo como você 
espera progredir em sua vida cristã. O cristão firme logo perceberá 
que os seus gostos não são semelhantes aos de tais pessoas e terá, 
então, de escolher. É particularmente importante compreender isto 
na hora de escolher marido ou esposa. Um cristão firme 
provavelmente não escolherá um parceiro (ou uma parceira) não- 
crente, pois tal escolha causará imenso dano à sua vida espiritual e 
à sua felicidade. Se você ainda não é casado, tome a decisão de 
nem sequer pensar em casar-se com alguém que não seja um cristão 
convicto.
Peço-lhe que medite seriamente nestes seis princípios. Mas, 
o que fazer quando você não tiver certeza de como aplicá-los a uma 
situação em particular? Primeiro, você deve orar por sabedoria. 
Suplique a Deus que lhe dê um discernimento correto da situação. 
Então, lembre-se que os olhos de Deus estão constantemente sobre 
você. Isto o ajudará a fazer a escolha certa. Pergunte a si mesmo 
em que tipo de comportamento você gostaria de ser encontrado 
quando Cristo voltar. Também é correto considerar a maneira como 
outros cristãos se comportaram em circunstâncias similares. Se não 
podemos enxergar claramente nosso próprio caminho, não é errado 
seguirmos bons exemplos.
4. O segredo da vitória sobre o mundo
Permita que eu lhe mostre o segredo da vitória sobre o 
mundo.
O primeiro segredo é um coração reto. Os desejos e 
inclinações de um homem serão espirituais somente quando o seu 
coração tiver sido renovado pelo Espírito Santo e Cristo ali estiver 
habitando. Se você deseja manter-se separado do mundo, certifique- 
se de que possui um novo coração!
0 Mundo 83
0 segundo segredo é uma fé prática e intensa nas coisas 
que não se vêem. A Escritura afirma: “Esta é a vitória que vence o 
mundo: a nossa fé” (1 Jo 5.4). Quanto mais nos dermos conta da 
realidade das coisas espirituais — Deus, Cristo, céu, inferno, 
julgamento, eternidade — mais seremos capazes de deixar as coisas 
do mundo.
O terceiro segredo é o hábito de confessar a Cristo 
ousadamente sempre que for apropriado. Não podemos nos 
envergonhar de Cristo. Com calma e educação, devemos levar as 
pessoas a perceberem que agimos baseados em princípios cristãos 
e não pretendemos nos desviar deles. No começo, isto será doloroso,mas tornará a vida muito mais fácil. Quando as pessoas entendem 
claramente que servimos a Cristo, esperam que vivamos de modo 
diferente; e isto fará com que seja mais fácil vivermos assim.
Conclusão
Pretendo terminar com algumas palavras de aplicação 
prática.
1. Você está vencendo o mundo ou está sendo vencido por 
ele? Você se mostra separado do mundo ou não? A pergunta é 
importante, pois o mundo está desvanecendo e aqueles que se 
agarram ao mundo perecerão com ele. Rogo-lhe que desperte e 
fuja da ira por vir.
2. Se você quer separar-se do mundo, mas não sabe onde 
começar, então, agora mesmo, reconhecendo-se um pecador, busque 
o Senhor Jesus Cristo e coloque toda a situação nas mãos dEle. 
Cristo “se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos 
desarraigar deste mundo perverso” (G1 1.4). Ele “pode salvar 
totalmente os que por ele se chegam a Deus” (Hb 7.25). Pode 
parecer difícil o retirar-se e manter-se separado do mundo, mas 
você verá que, com Jesus, nada é impossível. Você será capaz de 
vencer o mundo!
3. Se você já separou-se do mundo, conforte-se e persevere. 
Você está no caminho certo. Continue nele. Não se envergonhe de 
ficar sozinho. Lembre-se que os cristãos mais decididos 
eventualmente serão os mais felizes. Nunca se envergonhe de retirar- 
se e manter-se separado do mundo.
11
Riqueza e Pobreza
Havia certo homem rico que se vestia ãe púrpura e 
de linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava 
esplendidamente. Havia também certo mendigo, 
chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à 
porta daquele; e desejava alimentar-se das migalhas 
que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham 
lamber-lhe as úlceras. Aconteceu morrer o mendigo 
e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; 
morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, 
estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao 
longe a Abraão e Lázaro no seu seio.
Lucas 16.19-23
A maioria dos leitores da Bíblia está familiarizada com a 
parábola do homem rico e Lázaro. É inesquecível. A cena é 
apresentada de forma tão vívida, que podemos quase imaginar que 
estávamos presentes e contemplamos tudo. Mas, admirar essa 
história é uma coisa, e aprender suas lições espirituais é outra. 
Milhares de pessoas conhecem cada palavra desta parábola, embora 
nunca pensem em como ela se aplica às suas vidas. Peço-lhe que 
atente às verdades tão importantes ensinadas nesta história.
86 FÉ GENUÍNA
Considerarei apenas a parte citada. Que o Espírito Santo grave 
estas verdades em nossas almas!
1. Deus distribui condições muito diferentes a homens 
diferentes
Que grande contraste existe entre os dois homens desta 
parábola! O Senhor Jesus fala de um homem rico e um mendigo. 
Um deles possui muito dos bens deste mundo; o outro nada tem. 
Ambos são filhos de Adão, pertencem à família humana; ambos 
vivem na mesma terra, sob o mesmo governo. Contudo, quão 
diferentes são as suas condições!
Devemos cuidar em não extrair da parábola lições que ela 
jamais teve a intenção de ensinar. Não é sempre que os ricos são 
homens maus e que vão para o inferno. Também não é sempre que 
os pobres são homens bons e vão para o céu. Não há pecado em ser 
rico ou ser pobre. O Senhor Jesus não elogiou nem condenou a 
condição social de qualquer um destes homens. Simplesmente 
descreveu as coisas como normalmente são neste mundo e como 
devemos esperar que sejam.
É muito comum pessoas ensinarem que todos os homens 
deveriam ser iguais, mas, enquanto o mundo estiver na presente 
situação, isto jamais acontecerá. Enquanto alguns forem sábios e 
outros insensatos; alguns fortes, e outros, fracos; alguns saudáveis, 
e outros, doentes; alguns trabalhadores, e outros, preguiçosos; 
juntamente com muitos outros fatores, sempre existirão alguns que 
serão ricos e outros que serão pobres. Até que o pecado seja banido 
do mundo e os homens tenham corações novos e santos, jamais 
haverá felicidade ou igualdade universal. Nenhum governo, 
educação ou política pode fazer com que isto aconteça.
Isto não significa que não devemos tentar ajudar os pobres 
ou mudar estas condições. Entretanto, devemos entender que, até a 
vinda do Senhor Jesus, sempre existirão ricos e pobres no mundo.
2. A posição social de um homem não é prova de sua condição 
espiritual
Muitos considerariam ideal a posição do homem rico. Ele 
aparentou ter usufruído tudo que seu coração pôde desejar. Mas a
Riqueza e Pobreza 87
verdade é que este homem rico era desesperadamente pobre. Quando 
as coisas boas desta vida lhe foram tiradas, ele nada tinha para 
levar consigo à eternidade. Possuía riquezas na terra, mas nenhum 
tesouro no céu. Ele tinha roupas finas, mas nenhuma vestimenta de 
justiça. Tinha amigos na terra, mas nenhum Amigo e Advogado à 
mão direita de Deus. Nunca provara o Pão da vida e, ao deixar a 
sua casa esplêndida, não possuía um lar no céu. Sua “riqueza” não 
era verdadeira riqueza, pois estava sem Cristo, sem fé, sem perdão 
e sem santidade. Quando morreu, foi para o inferno. Na verdade, 
este rico era desesperadamente pobre.
Por outro lado, Lázaro não tinha, literalmente, nada neste 
mundo. É difícil imaginar um caso de maior pobreza e miséria. 
Porém, no sentido mais elevado, Lázaro era rico. Era um filho de 
Deus, com uma herança no céu. Suas riquezas eram duradouras e 
verdadeiras. Possuía a melhor de todas as vestimentas — a justiça 
de Cristo e tinha o melhor dos amigos — o próprio Deus. Lázaro se 
alimentava do Pão da vida. Estas riquezas lhe pertenciam para 
sempre — tanto em sua vida como em sua morte. Lázaro não era 
pobre, mas verdadeiramente rico.
Você percebe, então, que devemos avaliar os homens de 
acordo com os padrões de Deus e não com os padrões deste mundo. 
Um mendigo convertido é mais honrado aos olhos de Deus do que 
um presidente ou um primeiro-ministro não-convertidos. Um homem 
pode'ser grande e admirável por algum tempo, mas, depois, 
experimentar trevas e miséria para sempre. Outro pode ser 
desprezado neste mundo, mas, depois, viver a eternidade na glória 
com Cristo. Riquezas e grandeza diante do mundo não são, de 
forma alguma, provas do favor de Deus. Frequentemente, são uma 
armadilha, um obstáculo para a alma de um homem, levando-o a 
amar o mundo e a esquecer-se de Deus. Pobreza e aflições não são 
provas da ira de Deus. Frequentemente são bênçãos disfarçadas, 
enviadas em amor e sabedoria, a fim de apartar um homem do 
mundo e ensiná-lo a colocar seu coração nas coisas do alto. São 
enviadas para revelar ao pecador o seu próprio coração e fazer com 
que o povo de Deus frutifique em boas obras.
Um dos maiores segredos de felicidade nesta vida é ter um 
espírito satisfeito. Procure compreender, a cada dia, que esta vida 
não é o lugar da recompensa. Quando vier o Dia do Julgamento, 
tudo será corrigido. Somente então ficará evidente que grande 
diferença existe entre aqueles que servem e aqueles que não servem 
a Deus.
FÉ GENUÍNA
3. Os ricos e os pobres vão igualmente para o túmulo
Apesar de terem sido tão diferentes em suas vidas, tanto 
Lázaro como o homem rico chegaram ao mesmo fim. Ambos 
morreram. Este é o destino de todos os homens, e também será o 
seu, a menos que o Senhor Jesus retorne antes em glória. A morte 
é o grande inimigo que ninguém pode vencer. Ela não poupa pessoa 
alguma; e não esperará até que você esteja pronto. A morte virá na 
hora estabelecida por Deus.
Todos os homens conhecem estes fatos, porém a maioria 
não os percebe como realidade. Se os percebessem, fariam algo a 
respeito. Oh! Quão tolo é colocarmos nossos corações neste mundo 
agonizante, com seus confortos passageiros, e perdermos a vida 
eterna!
4. A alma de um crente é preciosa aos olhos de Deus
Quão preciosa é a alma de um crente aos olhos de Deus! O 
homem rico morreu e foi sepultado. Provavelmente, ele teve um 
esplêndido funeral, mas a próxima coisa que lemos a seu respeito é 
que se encontrava em tormento. Lázaro, com certeza, não teve um 
esplêndido funeral, mas foi carregado por anjos a um lugar de 
descanso,maiores verdades é, de 
fato, seu melhor amigo.
1. Você costuma pensar, de verdade, a respeito de sua 
condição espiritual?
Infelizmente, existem muitos que não pensam sobre a 
salvação. Nunca param a fim de meditar com seriedade sobre a morte 
e o juízo, sobre a eternidade, o céu e o inferno. Estão muito 
preocupados com os negócios, o prazer, as suas famílias, a política 
ou o dinheiro. Vivem como se jamais fossem morrer e apresentar-se 
diante do julgamento de Deus. Na realidade, tais pessoas estão 
rebaixando-se ao nível dos animais, pois nunca consideram os assuntos 
mais importantes da vida. Você pensa sobre estas coisas?
2. Você costuma fazer alguma coisa a respeito de sua salvação?
Existem muitos que, algumas vezes, pensam a respeito do 
cristianismo, mas não vão além disso. Talvez ponderem um pouco 
este assunto quando estão com problemas, ou quando alguém morre, 
ou, talvez, ao encontrarem um cristão verdadeiro, ou ao lerem um 
livro cristão. Contudo, param aí. Não se afastam da servidão ao 
pecado e ao mundo pecaminoso; não tomam a sua cruz e seguem a 
Cristo. Lembre-se: não basta apenas pensar em Deus e na salvação. 
Você deve fazer algo a respeito disto ou não poderá ser salvo.
3. Você está tentando satisfazer sua consciência com uma 
religião de “aparências”?
Muitos cometem este erro. O cristianismo deles consiste 
Auto-análise
inteiramente em atividades externas. Comparecem a todas as 
reuniões de adoração. Nunca faltam à ceia do Senhor. São capazes 
até de concordar firmemente com os ensinamentos de suas igrejas e 
argumentar contra os que destes discordam. Apesar de tudo isto, 
não existe devoção a Cristo em seus corações. Sua religião não os 
satisfaz, pois nada sabem a respeito do regozijo e da paz interior. 
Talvez intimamente, em seus corações, saibam que algo está errado, 
mas não sabem o quê. Então, rogo-lhe que examine a si mesmo. Se 
você se importa com a sua salvação, não fique contente com meras 
aparências. Você precisa muito mais do que isto para ser salvo.
4. Seus pecados foram perdoados?
Em seu coração, você sabe que é um pecador e que não 
tem alcançado os padrões de Deus em pensamento, em palavra e 
em ação. Portanto, está certo de que se, no último dia, os seus 
pecados não tiverem sido perdoados, você será condenado para 
sempre. Mas, a glória da fé cristã consiste no fato que ela providencia 
o perdão que você necessita — perdão completo, gratuito e eterno. 
Perdão esse comprado para nós pelo Senhor Jesus Cristo, através 
da sua vinda ao mundo, para ser nosso Salvador; e de sua vida, 
morte e ressurreição, como nosso substituto. Mas, apesar deste 
perdão ser totalmente gratuito, não o recebemos automaticamente. 
Você não o recebe apenas por freqüentar ou mesmo por se tornar 
membro de uma igreja cristã. É algo que cada pessoa deve apropriar- 
se por si mesma, através do exercício da fé pessoal. Se, pela fé, 
você não receber para si o perdão, então talvez Cristo não tenha 
morrido por você. Fé que leva à salvação é simplesmente uma 
confiança humilde e sincera no Senhor Jesus. Todos que, de maneira 
pessoal, confiam em Jesus são imediatamente aceitos e perdoados; 
porém, sem esta confiança não há perdão algum.
Desta forma, você percebe que não é suficiente apenas 
conhecer os fatos a respeito do Senhor Jesus Cristo. Você sabe que 
Ele é o Salvador dos homens, mas Ele é o seu Salvador? Você está 
convicto de que os seus pecados estão perdoados?
5. Você já experimentou a realidade da conversão a Deus?
“Se não vos converterdes e não vos tomardes como crianças, 
10 FÉ GENUÍNA
de modo algum entrareis no reino dos céus” (Mt 18.3). “Se alguém 
está em Cristo, é nova criatura” (2 Co 5.17). Por natureza, somos 
tão fracos, pecadores e com nossa atenção voltada às coisas do 
mundo, que sem uma mudança completa não podemos servir a 
Deus nesta vida, nem desfrutar de sua companhia no céu. Da mesma 
forma que os patos, ao nascerem, se dirigem naturalmente para a 
água, assim também, ao nascermos, tomamos naturalmente a direção 
do pecado. Se temos de deixar o pecado e aprender a amar a Deus, 
uma grande mudança deve ocorrer em nossas vidas. E, se esta 
mudança já aconteceu, será notada por seus frutos. Você é consciente 
de seu pecado e manifesta um sentimento de aversão a ele? Você 
tem fé em Cristo e amor por Ele? Você ama a santidade e deseja 
muito se tornar mais santo? Você se encontra em crescente amor 
pelo povo de Deus e em desagrado para com os costumes do mundo? 
São estes os sinais que sempre acompanham a conversão a Deus. 
Onde você se encontra?
6. Você sabe alguma coisa a respeito da santidade cristã 
prática?
A Bíblia deixa claro que sem santidade “ninguém verá o 
Senhor” (Hb 12.14). Santidade é o resultado invariável de uma 
conversão verdadeira. Contudo, santidade não é perfeição absoluta 
— liberdade absoluta do pecado. Esta existe apenas no céu. Também, 
santidade não é algo que obtemos sem luta e empenho constantes. 
Mas, embora nesta vida a santidade seja imperfeita, ela é real. 
Santidade verdadeira fará com que um homem cumpra com 
fidelidade suas atividades no próprio lar ou no seu trabalho e afetará 
a maneira como vive sua vida cotidiana e como encara seus 
problemas. A santidade o tornará humilde, gentil, altruísta, 
atencioso, amoroso e pronto para perdoar. Ela não o afastará das 
atividades normais do dia-a-dia, mas lhe dará capacidade para viver 
como cristão, onde quer que Deus o coloque.
7. Você sabe alguma coisa sobre o desfrutar os meios da graça?
Por “meios da graça” me refiro a cinco coisas principais: 
leitura da Bíblia, oração particular, reunir-se com outros cristãos 
para adoração, participar da ceia do Senhor e guardar o dia do
Auto-análise 11
Senhor como um dia santificado. Em sua graça, Deus estabeleceu 
estas coisas tanto para nos trazer à fé em Cristo quanto para nos 
fazer progredir como cristãos. Nossa condição espiritual dependerá 
amplamente do modo como as utilizamos. Note que eu disse “do 
modo como as utilizamos”, pois não há qualquer benefício 
automático em fazer estas coisas. É de grande importância como as 
fazemos. Portanto, devo perguntar: “Você sente prazer em ler a 
Palavra de Deus? Você abre o seu coração para Deus em oração? 
O dia do Senhor é um deleite na medida em que você o gasta em 
louvor, oração e comunhão cristã?” Ainda que não houvesse 
qualquer outro propósito, “os meios da graça” seriam úteis como 
indicadores de nossa verdadeira condição espiritual. Diga-me o 
que um homem faz em relação a estas coisas, e eu lhe direi se ele 
está no caminho para o céu ou para o inferno.
8. Você procura fazer o bem no mundo?
Em sua vida terrena, o Senhor Jesus “andou por toda parte, 
fazendo o bem” (At 10.38). Desde então, os verdadeiros cristãos 
têm procurado seguir seu exemplo. Ao contar a parábola do bom 
samaritano (Lc 10.25-37), o Senhor Jesus concluiu, dizendo: “Vai 
e procede tu de igual modo”. Sempre existem oportunidades para 
fazermos o bem. A única questão é se realmente queremos fazê- 
lo. Até mesmo aqueles que não têm dinheiro para dar podem 
fazer o bem aos doentes e àqueles que passam por problemas, se 
desejarem gastar algum tempo na companhia deles, demostrando- 
lhes simpatia e carinho. Leia a parábola do bom samaritano. Você 
sabe alguma coisa a respeito deste tipo de amor para com os 
outros? Você tenta fazer algum bem a pessoas que não estejam 
entre os seus amigos, membros de sua família ou de sua igreja? 
Você está vivendo como um discípulo dAquele que “andou por 
toda parte, fazendo o bem”, e ordenou que seguíssemos o seu 
exemplo? (Jo 13.15).
9. Você sabe algo a respeito de viver uma vida de habitual 
comunhão com Cristo?
Por “comunhão” refiro-me ao hábito de “permanecer em 
Cristo”, o que nosso Senhor afirmou ser necessário, se desejamos 
12 FÉ GENUÍNA
produzir frutos como cristãos (Jo 15.4-8). Devemos entender 
claramente que ter comunhão com Cristo é muito mais do que 
simplesmente ser um cristão. Todos os que se arrependeram e 
vieram a Cristo são cristãosno seio de Abraão. Esta parte da parábola nos ajuda a 
entender a relação entre os crentes e seu Pai, Deus. Ela nos mostra 
um pouco do cuidado que o Rei dos reis tem para com o menor e o 
menos importante de seus discípulos.
Ninguém tem amigos e assistentes semelhantes aos do 
crente. Anjos se regozijam quando ele nasce de novo, protegem-no 
neste mundo, encarregam-se de sua alma na morte e o levam em 
segurança ao lar. Embora veja a si mesmo como desprezível e 
insignificante, o menor e mais pobre dos crentes recebe o cuidado 
do Pai, que está no céu, cuidado este que é grande demais para 
entendermos. O Senhor se tornou o Pastor deste crente, portanto, 
nada lhe faltará (SI 23.1).
Sempre que um homem vem sinceramente a Cristo, encontra 
nEle todos os benefícios de uma aliança segura e certa. Todos os 
seus pecados são perdoados e seu coração é renovado. Cristo será 
paciente com ele na sua ignorância e lhe ensinará a verdade. Cristo 
Riqueza e Pobreza 89
estará com ele em todas as ocasiões. Sem a permissão de Deus, 
nada lhe poderá causar dano. Quem quer que o persiga, persegue o 
próprio Cristo (At 26.15). Todas as suas provações são sabiamente 
controladas; todas as coisas cooperam juntas para o seu bem. E, 
quando o seu trabalho estiver terminado, os anjos de Deus virão e 
o levarão em segurança ao lar da glória.
Leitor cristão, você não sabe a extensão total de seus 
privilégios e possessões. Aprenda a viver mais pela fé. Procure 
conhecer, agora mesmo, o grande tesouro à sua espera em Cristo.
5. O egoísmo é um pecado perigoso e arruina a alma
Por último, desejo que você perceba quão arruinador e 
perigoso é o pecado do egoísmo. Obviamente, não havia qualquer 
coisa pecaminosa com relação à vida exterior deste homem rico. 
Ele não era um assassino, um ladrão, um adúltero ou um mentiroso; 
contudo, foi para um lugar de tormento. Com certeza, há lições 
que precisamos aprender a partir disto.
1. Devemos ter cuidado com o viver apenas para nós 
mesmos. Não basta podermos dizer: “Eu vivo corretamente; cumpro 
os meus deveres em todas as áreas da vida”. A pergunta é: você 
está vivendo para si mesmo ou para Cristo? Qual a motivação e o 
propósito de sua vida? Você vive não mais para si mesmo, e, sim, 
para Aquele que morreu por você? (2 Co 5.15). Se você for como 
o homem rico, vivendo para si mesmo, estará perdido.
2. Devemos aprender o perigo de não fazer aquilo que 
deveríamos. O homem rico não estava em tormento por causa do 
que havia feito, mas por causa do que não fizera. Ele simplesmente 
deixou Lázaro ali, à sua porta. No julgamento, Cristo dirá a muitos: 
“Tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes 
de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes” (Mt 25.42,43).
3. Devemos aprender que as riquezas trazem consigo perigos 
específicos. Muitos gastam suas vidas à procura de riquezas, mas 
estas trazem grande perigo espiritual. Tendem a endurecer o coração 
e fechar os olhos às coisas da fé, ajudam-nos a esquecer de Deus. 
Jesus declarou: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os 
que têm riquezas!” (Mc 10.23).
Precisamos aprender a ser especialmente cuidadosos com 
relação ao egoísmo, neste últimos dias. “Nos últimos dias, 
sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, 
90 FÉ GENUÍNA
avarentos” (2Tm3.1,2). Muitas pessoas ricas doam nada ou muito 
pouco em proporção ao total do que possuem. Entretanto, a Bíblia 
tem muito a dizer contra o egoísmo e o amor ao dinheiro. Leia a 
parábola que Jesus contou sobre o tolo homem rico, que tinha muitos 
bens mas não era “rico para com Deus” (Lc 12.16-21).
Você possui riqueza? Então, tenha cuidado e guarde-se de 
“toda e qualquer avareza” (Lc 12.15). Certamente, é possível a 
você ser salvo, pois Abraão, Jó e Davi foram homens ricos e, 
também, salvos. Pense a respeito de seu perigo. Lembre que o 
dinheiro é um bom servo, mas um péssimo senhor.
Você tem pouca ou nenhuma riqueza? Não inveje as pessoas 
que são mais ricas do que você. Manifeste compaixão para com 
elas, ore em favor delas e não se precipite em julgá-las. Talvez 
você não faria melhor. Recorde que o amor ao dinheiro é raiz de 
todo o tipo de mal, e você pode amar o dinheiro até mesmo não o 
possuindo. Cuide em não pensar que o ser pobre vai salvá-lo. Lázaro 
não foi para o céu por ser pobre, mas por ter Cristo.
Você deseja saber qual a cura para o egoísmo? Nada além 
de um verdadeiro conhecimento do amor de Cristo poderá curá-lo. 
Você deve reconhecer a sua própria condição de pecador, 
experimentar o poder do sangue de Cristo para curá-lo, provar a 
paz com Deus através de Cristo e sentir o amor de Deus em seu 
coração. Então, sabendo o quanto deve a Cristo, você sentirá'que 
nada é grande demais para darmos a Ele. O egoísmo pode ser 
mascarado por uma docilidade no tratar com pessoas, por gostar de 
receber elogios ou por idéias erradas a respeito do que significa 
negar-se a si mesmo. Mas somente o amor de Cristo pode 
transformar e levar uma pessoa a viver e trabalhar para Cristo.
Conclusão
Deixe-me concluir com três palavras práticas.
1. Insisto que você examine a si mesmo. O que você está 
fazendo? Para onde está indo? Qual será sua condição após a morte? 
Estas são perguntas solenes. Rogo que o Espírito Santo leve muitos 
a questionarem-se!
2. Convido a todos os que necessitam ser salvos a buscarem 
imediatamente a Cristo. Busque o Senhor enquanto Ele pode ser 
encontrado (Is 55.6). Ele recebe pecadores (Lc 15.2). Mas um dia 
será tarde demais, assim como o homem rico veio a descobrir.
Riqueza e Pobreza 91
3. Apelo aos cristãos que contribuam generosamente para 
todas as causas de caridade e misericórdia. Você não pode conservar 
o seu dinheiro para sempre e, no futuro, deverá prestar contas da 
maneira como o utilizou. Não pretendo dizer que devemos dar 
tudo, tampouco devemos negligenciar nosso trabalho ou nossa 
família. Devemos trabalhar com diligência e prover sustento para 
nossos dependentes. Devemos estar sempre pensando em como 
podemos fazer melhor com nosso dinheiro em nossas curtas vidas. 
Não poderíamos gastar menos com nós mesmos e mais com os 
outros? Lembre-se de que, espiritualmente, éramos como Lázaro. 
Estávamos doentes, desamparados e famintos à porta do céu, até 
que Jesus veio aliviar-nos. Ele viveu fazendo o bem e morreu na 
cruz para nos salvar. Sejamos como Ele no fazer o bem aos outros!
12
O Melhor Amigo
Tal é o meu amigo. Cantares de Salomão 5.16 (vb) 
Vós sois meus amigos. João 15.14
Um amigo é uma das maiores bênçãos na terra, ainda que 
verdadeiros amigos sejam raros. Muitos se tornarão seus amigos 
em tempos de prosperidade, mas um amigo que ficará ao seu lado, 
quando você estiver doente, desamparado e pobre, é muito raro. 
Acima de tudo, existem poucos amigos que se importarão com sua 
alma. Mas quero lhe recomendar um amigo verdadeiro; é o “amigo 
mais chegado do que um irmão” (Pv 18.24). Ele está disposto a ser 
seu amigo no tempo e na eternidade. Desejo que você O conheça. 
Este amigo é Jesus Cristo. Se Ele for o seu amigo mais importante, 
você será uma pessoa verdadeiramente feliz!
1. O Senhor Jesus é amigo dos que estão em necessidade
Visto que somos pecadores, estamos na maior necessidade 
possível. Por natureza, somos todos portadores de uma doença 
mortal. Estamos todos morrendo por causa do pecado. Mas Cristo 
94 FÉ GENUÍNA
veio para nos livrar desta morte. Por natureza, somos todos grandes 
devedores. Temos uma dívida para com Deus e nunca poderemos 
pagá-la. Mas Cristo veio a fim de pagar a nossa dívida. Por natureza, 
todos estamos arruinados e perdidos. Nunca poderíamos alcançar o 
porto seguro da vida eterna. Mas o Senhor Jesus veio para salvar o 
que estava perdido e nos levar com segurança ao céu.
Você compreende? Não havia qualquer meio possível de 
sermos salvos, se não pela vinda de Cristo ao mundo para salvar os 
pecadores (1 Tm 1.15). Ele não tinha qualquer obrigação de fazer 
isto, mas o seu próprio amor, sua misericórdia e sua compaixão, 
gratuitos,trouxeram-No ao mundo para nos livrar. Isto é amizade 
verdadeira! Nunca existiu um amigo como Jesus Cristo!
2. O Senhor Jesus é um amigo ativo
Um verdadeiro amigo é conhecido por suas ações e não 
por suas palavras. Jamais as ações de alguém foram tão eficientes 
em demonstrar uma amizade verdadeira quanto as ações de Jesus. 
Embora, por natureza, Ele seja Deus, pelo nosso bem Ele assumiu 
nossa natureza, tornando-se homem. Por nós, durante trinta e três 
anos, Ele viveu neste mundo perverso, tendo sido desprezado e 
rejeitado pelos homens; foi um homem de dores, familiarizado com 
o sofrimento. Por nós, Jesus submeteu-se à terrível morte na cruz. 
Ele morreu por nós.
Jesus não precisava fazer qualquer destas coisas. Entretanto, 
Ele sabia que nada mais poderia nos salvar, e seu amor era tão 
grande, que se dispôs a vir e morrer por nós. Isto é amizade além 
de nossa capacidade de compreender. Quem pode encontrar alguém 
desejoso de morrer por aqueles que o odeiam? Mas foi exatamente 
isto o que Jesus fez. Nunca existiu um amigo semelhante a Ele!
3. O Senhor Jesus é um amigo poderoso
Frequentemente, se pudessem, nossos amigos gostariam 
de ajudar-nos. Manifestam simpatia para conosco quando estamos 
com problemas; porém, não podem nos livrar deles. Mas Cristo é 
Todo-Poderoso. Ele nunca está na condição de querer nos ajudar e 
não ter o poder para fazê-lo.
Ele é capaz de perdoar até mesmo os maiores pecadores.
O Melhor Amigo 95
Não importa o que tenhamos sido ou feito, o seu sangue pode nos 
lavar de todo o pecado. Jesus pode converter o mais duro dos 
corações e criar um novo espírito em uma pessoa. Pode preservar 
até o final todos os que crêem nEle e lhes dar graça para vencerem 
o mundo, a carne, o diabo e perseverarem até o fim. Ele é capaz de 
outorgar o melhor dos dons àqueles que O amam. Nesta vida, Cristo 
pode conceder paz, alegria, esperança e conforto interiores que 
nenhum dinheiro pode comprar e, após a morte, uma incorruptível 
coroa de glória. Isto é verdadeiro poder! Ninguém jamais teve um 
amigo tão poderoso quanto Jesus Cristo!
4. O Senhor Jesus é um amigo amoroso
Seu amor “excede todo o entendimento” (Ef 3.19). Ele o 
demonstra através do seu desejo de receber pecadores, não 
rejeitando pessoa alguma, não importa quão grande sejam seus 
pecados. Está sempre pronto a conceder perdão e purificar todos 
os que vêm a Ele. Jesus revela o seu amor pela forma que lida 
com os pecadores, depois que estes crêem nEle e se tornam seus 
amigos, manifestando paciência para com eles, estando sempre 
pronto a ouvir seus lamentos e disposto a simpatizar com todas as 
suas angústias. Nunca permite que sejam tentados além do que 
são capazes de suportar e aceita-lhes o serviço, por mais simples 
que seja. O próprio Senhor Jesus fez que se escrevesse na Bíblia 
que Ele se agrada de seu povo (SI 147.11).
O amor do Senhor Jesus não é uma resposta a qualquer 
coisa amável em nós, mas flui de sua compaixão pura e altruísta. 
Não existe amor na terra que se compare ao de Jesus!
5. O Senhor Jesus é um amigo sábio
Nem todos os nossos amigos são sábios. Podem dar 
conselhos maus e prejudiciais, até mesmo quando suas intenções 
são boas. Alguns amigos nos impedem de seguirmos o caminho de 
Cristo e acabam nos envolvendo no vazio do mundo. Mas a amizade 
do Senhor Jesus sempre nos faz bem e jamais nos prejudica.
O Senhor Jesus em tempo algum mima os seus amigos, 
dando-lhes o que desejam, ao invés do que é bom para eles. Ele 
lhes dá tudo o que realmente é bom, mas também requer que 
96 FÉ GENUÍNA
suportem privações e carreguem a sua cruz. Ainda que não gostem 
disto no momento, Jesus sabe que é para o bem deles e que o 
compreenderão quando forem levados ao céu. O Senhor Jesus nunca 
comete erros no lidar com seus amigos.
Quando olhamos ao nosso redor, percebemos quanto dano 
as pessoas constantemente recebem de seus amigos. Estes, com 
freqüência, encorajam uns aos outros em coisas mundanas e tolas, 
ao invés de encorajarem-se ao amor e às boas obras. Comumente, 
o estarem juntos lhes causa mais dano do que benefício. Mas, quão 
diferente é a amizade do Senhor Jesus, o Amigo dos pecadores! 
Pense como Ele lidava com seus discípulos, confortando-os, 
repreendendo-os e exortando-os com perfeita sabedoria. Medite 
em como Ele soube a hora certa para visitar Maria e Marta, em 
Betânia (Jo 11). Considere a maneira sábia e amiga de Jesus tratar 
de seus assuntos com Pedro às margens do lago da Galiléia (Jo 21). 
Sua companhia tornou seus amigos mais santos. Seus dons sempre 
têm em vista o nosso bem-estar espiritual. Sua bondade é sempre 
exercida com sabedoria. Jamais existiu um amigo tão sábio quanto 
o Senhor Jesus!
6. O Senhor Jesus é um amigo provado
Ele demonstrou amizade para com todos os tipos de pessoas, 
em todos os tipos de condições, no decorrer da história. Alguns de 
seus amigos foram reis e homens ricos, como Davi e Salomão; 
outros foram pobres, como os pastores em Belém. Alguns foram 
senhores, como Abraão; outros foram escravos, como os cristãos 
da casa de Nero. Alguns tornaram-se amigos de Jesus ainda na 
infância, como Samuel e Timóteo; outros vieram a conhecê-Lo 
somente depois de já estarem velhos, como Manassés. Alguns eram 
pessoas expansivas, como Pedro, ou cheias de atividade, como 
Marta; outras eram quietas, como Maria. Os amigos do Senhor 
Jesus vieram de todas as nações do mundo; e todos eles descobriram 
que a amizade dEle é boa. Nenhum outro amigo jamais foi tão 
completamente testado e provado quanto o Senhor Jesus Cristo!
7. O Senhor Jesus é um amigo infalível
Enquanto todas as coisas na terra mudam, a amizade do
0 Melhor Amigo 97
Senhor Jesus jamais manifesta mudanças. Até mesmo alguns maridos 
abandonam suas esposas; também alguns pais abandonam suas 
crianças. Mas Cristo jamais abandonou sequer um de seus amigos 
ou alterou seus sentimentos para com eles. Ele é “o mesmo ontem, 
hoje e para sempre”. Nunca existe qualquer separação entre Ele e 
seu povo. Uma vez que tenha feito seu lar no coração de qualquer 
pecador, Ele jamais o deixa. O Senhor Jesus afirma: “De maneira 
alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hb 13.5).
Conclusão
Permita-me finalizar com algumas palavras de aplicação. 
Não conheço o estado de sua alma, mas sei que tenho algo a dizer- 
lhe que merece a sua atenção. Imploro que, agora mesmo, você dê 
atenção ao Senhor Jesus Cristo e à sua própria condição espiritual.
1. Primeiro, peço qoepondere com muita seriedade se Cristo 
é seu amigo e se você é amigo dEle. Sinto profunda tristeza ao 
dizer que milhares e milhares dos que se declaram cristãos não são, 
de forma alguma, amigos de Cristo. São cristãos externamente, 
mas não amigos do Senhor Jesus. Não odeiam os pecados por causa 
dos quais Jesus morreu, a fim de livrar deles o pecador. Não amam 
o Salvador que veio ao mundo para redimir os pecadores; tampouco 
se regozijam no evangelho da reconciliação. Não falam com o Amigo 
dos pecadores, em oração, ou buscam maior comunhão com Ele. 
Pessoas assim não são amigas de Cristo. Rogo-lhe que examine a si 
mesmo. Você é ou não um dos amigos de Cristo?
2. Segundo, desejo tornar-lhe ciente de que, se não é um 
dos amigos de Cristo, você é uma pessoa pobre e miserável. Você 
se encontra em um mundo que está perecendo e caracterizado por 
sofrimento; contudo, você não tem qualquer fonte verdadeira de 
conforto e refúgio em tempos de necessidade. Algum dia você terá 
de morrer, mas não está pronto para isto. Seus pecados ainda não 
estão perdoados. Você será julgado, mas não está preparado para 
encontrar-se com Deus. Poderia estar, mas rejeita o único Mediador 
e Advogado que pode salvá-lo. Você ama o mundo mais do que a 
Cristo e rejeita o Amigo dos pecadores. Digo-o novamente: você é 
uma pessoa pobre e miserável.
3. Terceiro, desejo informar-lhe que, se você realmente 
quer um amigo, Cristo anela ser este Amigo. Ele o está chamando 
agora através destas palavras. Não importando quão indigno você 
FÉ GENUÍNA
sesinta, Ele está disposto a recebê-lo e alistá-lo entre os seus amigos. 
Cristo está pronto para perdoar todo o seu passado, vesti-lo com a 
sua justiça, dar-lhe o seu Espírito e torná-lo filho de Deus. Cristo 
pede que você O busque. Ele o chama para vir com todos os seus 
pecados, reconhecendo sua vileza e confessando sua vergonha. 
Venha como você está, sem esperar coisa alguma. Você é indigno 
de qualquer coisa, mas Cristo o convida a vir e tornar-se amigo 
dEle. Você não virá?
4. Por último, saiba que, se Cristo é seu Amigo, você possui 
grandes privilégios e deve viver de modo digno deles. Todos os 
dias, procure ter uma comunhão mais íntima com Cristo e conhecer 
mais sua graça e poder. O cristianismo verdadeiro não é 
simplesmente acreditar numa série de verdades abstratas. Envolve 
viver em uma comunhão individual e diária com uma Pessoa. O 
apóstolo Paulo declarou: “Para mim, o viver é Cristo” (Fp 1.21). 
Procure glorificá-Lo diariamente, em tudo. Evite tudo o que possa 
entristecê-Lo. Lute arduamente contra os pecados persistentes, 
contra a indolência, contra a lentidão em confessar Cristo diante 
dos homens. Quando você for tentado, pergunte à sua própria alma: 
esta é a sua lealdade para com o seu Amigo?
Acima de tudo, pense na misericórdia por Ele demonstrada 
a você e aprenda a se alegrar todos os dias no seu Amigo! Talvez 
você esteja doente, seus problemas sejam muito grandes, os seus 
amigos o desprezem e você fique sozinho no mundo. Mas, se está 
em Cristo, você tem um Amigo — um Amigo que é poderoso, 
amorável, sábio, infalível. Medite muito a respeito de seu Amigo.
Em breve, seu Amigo virá e o levará para o lar onde, para 
sempre, você viverá, com Ele. Naquela ocasião, todo o mundo 
reconhecerá que verdadeiramente rico e feliz é o homem que tem o 
Senhor Jesus Cristo como seu Amigo.
13
Doença
Está enfermo aquele a quem amas. João 11.3
Esta breve mensagem, “Está enfermo aquele a quem amas”, 
foi enviada ao Senhor Jesus por Marta e Maria. O irmão delas, 
Lázaro, estava doente. Lázaro era um cristão muito amado pelo 
Senhor Jesus, mas estava doente. Portanto, não devemos pensar 
que doença é um sinal da ira de Deus. Pelo contrário, é intencionada 
para o nosso próprio bem — “Todas as coisas cooperam para o 
bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo 
o seu propósito” (Rm 8.28).
É importante considerar sobre este assunto da doença. 
Provavelmente, a qualquer hora você ficará doente; e pensar com 
antecedência e seriedade a respeito deste assunto poderá fazer-lhe 
muito bem. Abordaremos o assunto sob três tópicos.
1. Doença existe em todos os lugares
Doença existe em todas as partes do mundo, em meio a 
todas as classes sociais. Nem as riquezas deste mundo nem a fé em 
Cristo nos isentam de ficarmos doentes. Doença é frequentemente 
100 FÉ GENUÍNA
uma experiência bastante humilhante. Ela pode fazer que um homem 
forte se torne como uma pequena criança e que um homem corajoso 
trema diante da menor de todas as coisas. Pode afetar nossa mente 
e nossa maneira de pensar; e o homem não é capaz de fazer coisa 
alguma a fim de prevenir-se contra ela. A medicina pode aumentar 
a média da expectativa de vida. Novas curas são encontradas para 
várias doenças. Mas, ainda, “os dias de nossa vida sobem a setenta 
anos, ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso, o melhor deles é 
canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos” 
(SI 90.10). Isto era verdade quando Moisés o escreveu, e continua 
sendo verdade até hoje.
Qual a explicação para a universalidade da doença? Por 
que as pessoas ficam doentes e morrem? Não podemos supor, sequer 
por um momento, que Deus criou enfermidade e doença no princípio. 
Tudo o que Ele criou era “muito bom”, e obviamente isto exclui a 
doença. Entretanto, a Bíblia nos conta que, subsequentemente, algo 
veio ao mundo que não estava lá no princípio. Este algo é o pecado, 
a causa de toda a doença, dor e sofrimento no mundo. Se o pecado 
não existisse, não haveria doença.
Você percebe? Somente a Bíblia nos dá uma explicação 
satisfatória para os fatos como eles são. Ela explica como viemos a 
possuir corpos tão maravilhosamente formados. Deus os criou! E a 
Bíblia explica como, apesar de termos sido criados por um Deus 
infinitamente sábio e bom, estamos agora suscetíveis à doenças e 
sofrimentos. As grandes doutrinas bíblicas da Criação e da Queda 
são as únicas explicações.
2. Doença pode fazer bem ao homem
Talvez você ache surpreendente aprender que a doença pode 
nos fazer bem. Muitas pessoas nunca consideram este fato. Pensam 
apenas no sofrimento e na dor, não vendo bem algum nisto. Agora, 
eu admito que, se não houvesse pecado no mundo, seria impossível 
que a doença trouxesse qualquer bem aos homens. Não havia doença 
no mundo que Deus criou. Mas Deus sabiamente a permitiu, desde 
a queda do homem no pecado. Eu a vejo como uma bênção assim 
como uma maldição. Deus é capaz de usar nossa dor e sofrimento 
temporários para o benefício de nosso coração, nossa mente, 
consciência e alma, para toda a eternidade.
Doença ajuda os homens a lembrarem-se da morte. Muitos 
Doença 101
homens vivem como se nunca fossem morrer e não se preparam 
para a morte. A doença os faz lembrar aquilo que prefeririam 
esquecer.
Doença ajuda-nos a pensar seriamente em Deus. Muitas 
pessoas, enquanto estão saudáveis, preferem esquecer-se de Deus e 
de seu relacionamento com Ele. A doença os faz lembrar que um 
dia terão de se encontrar com Deus.
Doença ajuda a mudar a nossa maneira de encarar a vida. 
Muitas pessoas nunca pensam em qualquer outra coisa, a não ser 
em sua felicidade neste mundo. Um longo período de doença pode 
mudar a forma com que tais pessoas avaliam coisas que antes 
julgavam tão importantes. Por exemplo, o homem que ama o 
dinheiro pode aprender que seu dinheiro não é capaz de confortá-lo 
em sua enfermidade.
Doença ajuda a nos tornarmos humildes. Todos somos 
orgulhosos por natureza. Sempre encontramos alguém que 
consideramos inferior a nós. Mas a doença nos mostra nossa 
fragilidade; ela vem tanto aos ricos quanto aos pobres, aos famosos 
e aos desconhecidos. Ela coloca a todos no mesmo nível.
Doença ajuda a testar o nosso cristianismo. Ajuda-nos a 
verificar se nosso cristianismo é genuíno, se está construído sobre 
uma base sólida. Muitas pessoas não estão construindo sobre uma 
base sólida, e um período de doença pode lhes revelar que seu 
cristianismo não traz qualquer conforto nas horas de provação.
Não pretendo que você pense que a doença sempre beneficia 
destas maneiras as pessoas. De forma nenhuma! Muitos passam 
pela experiência da doença e não aprendem absolutamente nada 
com ela, tal como mostra o seu comportamento subseqüente. Os 
seus corações mantêm-se endurecidos, e a doença não lhes faz bem 
algum.
Mas existem muitas pessoas para quem Deus tornou a 
doença uma bênção. Deus a usou para falar com elas e levá-las a 
buscar a Cristo. Portanto, nunca deveríamos reclamar por causa da 
doença. Se respondermos adequadamente à doença, ela poderá nos 
trazer grande benefício.
3. Doença nos convoca a alguns deveres especiais
Quero ser prático e específico quanto aos deveres especiais 
aos quais a doença nos chama. Desejo que você seja bastante 
102 FÉ GENUÍNA
esclarecido quanto ao que deve fazer neste mundo de doença e 
morte.
O primeiro dever que a doença nos recorda é o de vivermos 
de tal forma que sempre estejamos prontos a encontrar com Deus. 
A doença nos relembra a morte, a porta através da qual devemos 
passar ao julgamento, no qual veremos Deus face a face. Portanto, 
a primeira lição que a doença deve nos ensinar é a de nos 
prepararmos para encontrar com Deus.
Quando você estará pronto a encontrar-se com Deus? 
Somente quando seus pecados forem perdoados, seu coração for 
renovado e sua vontade for ensinada a se alegrar na vontade de 
Deus. Você tem muitos pecados, e somente o sangue de Jesus pode 
apagar e perdoar estes pecados. Somente a justiça de Cristo pode 
tomá-loaceito na presença de Deus. Estes benefícios são recebidos 
exclusivamente por meio da fé. Por conseguinte, se deseja saber se 
está pronto para encontrar-se com Deus, você deve perguntar a si 
mesmo: “Eu tenho fé?” Por natureza, o seu coração encontra-se 
incapacitado à comunhão com Deus. Somente o Espírito Santo pode 
transformá-lo, tornar todas as coisas novas e dar-lhe alegria em 
fazer a vontade de Deus. Assim, se você deseja saber se está 
preparado para encontrar-se com Deus, faça a si mesmo outra 
pergunta: “Meu coração e minha vida já foram transformados pelo 
Espírito Santo?”
Nada menos do que isso nos preparará para o encontro 
com Deus. É necessário que sejamos justificados e santificados. O 
sangue de Cristo precisa ser aspergido sobre nós, e o Espírito de 
Cristo viver em nós. Estes são os fatos essenciais da fé cristã; e, 
neste mundo de doença e morte, seu primeiro dever é ter certeza de 
que possui estas coisas.
O segundo dever que a doença nos recorda é o de vivermos 
sempre de maneira que possamos suportá-la com paciência. Estar 
doente não é algo fácil. Provavelmente seremos privados de nossas 
atividades costumeiras; nossos planos podem ser desfeitos e, talvez, 
tenhamos de suportar longas horas de cansaço e dor. Tudo isto 
pode causar-nos uma grande tensão e provar muito nossa paciência. 
Portanto, precisamos aprender a ser pacientes enquanto estamos 
com saúde, antes de nos acontecer qualquer destas coisas. Devemos 
orar para que o Espírito Santo santifique nosso temperamento e 
nossa atitude perante a vida. Devemos fazer um verdadeiro trabalho 
de oração, pedindo regularmente força para experimentar, bem como 
para fazer a vontade de Deus. Lembre-se de que a força que 
Doença 103
necessitamos está disponível em Deus. “Se me pedirdes alguma 
coisa em meu nome, eu o farei” (Jo 14.14).
Quero enfatizar este ponto. Acredito que as graças pacíficas 
do cristianismo não recebem a devida atenção. Mansidão, 
benignidade, longanimidade, fé e paciência são todas frutos do 
Espírito. Glorificam a Deus. Freqüentemente, os homens que 
desprezam o lado ativo da vida de um cristão são compelidos a 
pensar com seriedade quando vêem estas graças pacíficas na vida 
do cristão. E é durante um período de doença que tais graças são 
vistas mais claramente. Muitos cristãos tiveram uma influência 
duradoura sobre outras pessoas, não por suas palavras, mas pela 
maneira como se comportaram durante a doença.
Você almeja tornar seu cristianismo atrativo e bonito a outras 
pessoas? Adquira a graça da paciência agora, antes que passe por 
uma enfermidade. Então, quando você ficar doente, sua doença 
será para a glória de Deus.
O terceiro dever que a doença nos recorda é o de estarmos 
sempre prontos a simpatizar com nossos semelhantes e ajudá-los. 
Há sempre alguém doente ao seu lado, talvez na sua família, ou na 
sua igreja, ou na sua vizinhança. Você deveria considerar isto uma 
oportunidade para fazer o bem. Talvez uma pergunta amiga seja o 
suficiente, ou uma expressão de preocupação, ou uma simpática 
visita. Atos tão simples de bondade têm uma tendência de remover 
barreiras e criar boas impressões. Podem servir como meio de levar 
pessoas a Cristo. Constituem o tipo de boas obras às quais todos os 
cristãos devem estar prontos. Neste mundo de moléstias e doenças, 
devemos levar “as cargas uns dos outros” (G1 6.2) e ser benignos 
uns para com os outros (Ef 4.32). Uma atenção consciente para 
com tais atos de bondade é uma das mais claras evidências de que 
temos “a mente de Cristo”. O próprio Senhor Jesus “andou por 
toda parte, fazendo o bem” àqueles que estavam doentes e sofrendo 
(At 10.38). A importância que Ele atribui a tais atos é mostrada em 
sua descrição do seu próprio povo no julgamento final: “Estava... 
enfermo e me visitastes” (Mt 25.36).
Você quer demonstrar a genuinidade do seu amor cristão? 
Então cuide em não ser egoísta, negligenciando seus irmãos e irmãs 
que estão doentes. Fique atento a eles. Dê-lhes a ajuda que 
necessitam. Simpatize com o sofrimento deles e tente aliviá-lo. 
Acima de tudo, esforce-se por fazer-lhes o bem na área espiritual. 
Isto será benéfico a você mesmo, ainda que não o seja a eles. Acredito 
firmemente que Deus está nos testando e provando em todo caso de 
104 FÉ GENUÍNA
doença que esteja ao nosso alcance. Quando permite o sofrimento, 
Deus prova se os cristãos têm algum sentimento de compaixão. 
Tenha cuidado para que você não seja testado e encontrado com 
falta de sentimentos como estes! Se você pode viver em um mundo 
que está doente e moribundo, sem importar-se com os outros, ainda 
tem muito o que aprender.
Conclusão
Deixe-me concluir com quatro palavras de aplicação.
1. Primeiro, pergunto-lhe. “O que você fará quando estiver 
doente?” A hora da doença e da morte vem para todos igualmente. 
Esta hora deve encontrá-lo mais cedo ou mais tarde. O que você 
fará? Onde buscará conforto? Em que você pretende construir sua 
esperança? Rogo-lhe que não despreze estas indagações. Permita- 
as trabalharem em sua consciência e não lhe darem descanso até 
que você possa respondê-las de forma satisfatória. O seu destino 
eterno é muitíssimo importante, por isso não adie estas questões. 
Os assuntos mais importantes da vida não devem ser deixados para 
a última hora. Você não pode presumir que será capaz de se 
arrepender em seu leito de morte. Dois criminosos foram 
crucificados com Jesus. Um deles se arrependeu no fim de sua 
vida; o outro, não. Você não tem qualquer motivo para supor que 
poderá se arrepender em seu leito de morte, se não é capaz de fazê- 
lo agora.
Se você fosse viver para sempre neste mundo, não lhe 
dirigiria estas palavras. Mas você não viverá aqui para sempre; 
terá de morrer, e desejo que você esteja preparado para aquele dia. 
Pense que coisa horrível será se você tiver feito provisões para 
tudo, exceto para a única coisa que é realmente necessária.
2. Segundo, ofereço um conselho a todos os que necessitam 
dele e estão dispostos a recebê-lo. Ofereço-o a todos os que não 
estão prontos para o encontro com Deus. Procurem, sem demora, 
conhecer o Senhor Jesus Cristo. Arrependam-se, convertam-se, 
corram para Cristo e sejam salvos. Nenhum apostador na terra é 
tão estúpido quanto aquele que arrisca a sua própria alma; assim é 
o homem que não está preparado para se encontrar com Deus e, 
apesar disso, adia o seu arrependimento. Você sabe que seus pecados 
necessitam de perdão; sabe que precisa de um Salvador. Então 
dirija-se a Ele hoje mesmo, rogue-Lhe que salve sua alma. Busque-0 
Doença 105
pela fé imediatamente. Entregue-Lhe sua alma. Peça-Lhe perdão e 
paz com Deus. Suplique-Lhe que derrame o Espírito Santo sobre 
você, tomando-o um verdadeiro cristão. Ele o atenderá. Não importa 
o que você tenha sido, o Senhor Jesus não recusará sua oração. Ele 
disse: “O que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo 
6.37).
Aconselho-o a ficar alerta contra um cristianismo vago e 
indefinido. Não pense que tudo acabará bem apenas porque você é 
membro de uma igreja. Nada bastará senão uma relação pessoal 
com o próprio Cristo. Não descanse até que possua o testemunho 
do próprio Espírito Santo em seu coração, assegurando-o de ter 
sido lavado, santificado, justificado e feito um com Cristo. Uma 
religião vaga, indefinida, talvez pareça adequada quando você está 
com saúde, mas nunca quando está doente. Tal religião fracassará 
completamente quando o fim estiver à vista. Somente Cristo pode 
tirar da morte o ardor de sua ferroada e capacitar-nos a encarar 
sem medo a nossa doença final. É necessário que estejamos unidos 
a Ele, saibamos e creiamos que Ele é o nosso Pastor e intercede por 
nós à direita de Deus. Somente Ele pode livrar aqueles que, por 
medo da morte, estão em escravidão. Se você deseja ter esperança 
e conforto em sua doença, procure conhecer a Cristo. Busque-0 
agora.
3. Terceiro, exorto todos os verdadeiros cristãos a 
recordarem quanto podem glorificar a Deus e permanecerem 
tranqüilos nas mãosde Deus, nas horas de doença. Este assunto é 
muito importante. Sei o quanto o coração de um crente está propenso 
a desfalecer; sei o quanto Satanás se ocupa, sugerindo dúvidas e 
questionamentos, quando o corpo de um crente está enfermo. Já 
presenciei um pouco da depressão que pode vir sobre os filhos de 
Deus, quando estes são inesperadamente subjugados por uma doença 
e compelidos a repousar.
Rogo, seriamente, a todos os cristãos que estão doentes a 
recordarem que podem honrar a Deus tanto através da paciência, 
durante o sofrimento, quanto através do seu trabalho normal. Com 
freqüência, demonstramos maior graça ao descansarmos 
pacientemente do que ao trabalharmos com dedicação. Solicito a 
estes cristãos: lembrem que Cristo se importa com vocês, estando 
doentes ou em boa saúde. A disciplina que vocês estão 
experimentando é enviada em amor e não em ira. Recordem, acima 
de tudo, a simpatia que Jesus manifesta para com seus fracos 
membros. Todos são tratados com muito carinho, especialmente 
106 FÉ GENUÍNA
nos tempos de necessidade. Cristo tem muita experiência com a 
doença. Ele conhece o coração de um homem doente. Muito 
frequentemente a doença e o sofrimento tornam os crentes mais 
parecidos com o Senhor. “Ele mesmo tomou as nossas enfermidades 
e carregou com as nossas doenças” (Mt 8.17). O Senhor Jesus era 
um homem de dores e que sabia o que é padecer (Is 53.3). Os 
discípulos que sofrem têm a oportunidade de conhecer a mente do 
Salvador que já sofreu.
4. Finalmente, exorto todos os crentes a manterem o hábito 
da comunhão íntima com Cristo e nunca temerem “ir longe demais” 
em seu cristianismo. Lembrem-se disto, se quiserem ter paz 
verdadeira em tempos de enfermidade. Acredito que uma das razões 
de muitos desfrutarem tão pouco conforto, tanto na saúde como na 
doença, é a falta de uma fé que envolva todo o coração. Penso que 
um cristianismo fraco, do tipo “se-dar-bem-com-todo-mundo”, é 
ofensivo a Deus e destrói um verdadeiro conforto na hora da morte. 
A fraqueza e a debilidade de um cristianismo desse tipo são mais 
claramente percebidas durante um período de doença.
Se queremos ter uma “grande consolação” em nossas horas 
de necessidade, não devemos estar satisfeitos apenas com sermos 
cristãos. Temos de cultivar uma relação verdadeira, séria e sincera 
com Cristo. Quando a medicina nada mais puder fazer e nada mais 
nos restar, além de morrer, o que nos susterá então? O que nos 
capacitará a sentir que não tememos mal nenhum? (SI 23.4). A não 
ser uma comunhão íntima com Cristo, nada nos capacitará. Cristo 
vivendo pela fé em nossos corações, colocando seu braço direito 
sobre nossos ombros e estando ao nosso lado — somente Ele pode 
nos dar vitória completa em nossa luta final.
Acheguemo-nos mais a Cristo, amemo-Lo com mais 
intensidade e vivamos mais completamente para Ele. Procuremos 
confessá-Lo com mais ousadia, sigamo-Lo mais plenamente. Este 
tipo de cristianismo trará sua própria recompensa. As pessoas do 
mundo o menosprezarão. Os cristãos “nominais” o considerarão 
extremismo. Não se preocupe! Na doença, trará paz e, no mundo 
que há de vir, uma coroa de glória que não desvanece.
O tempo é curto. O mundo está passando. Umas poucas 
doenças mais, e tudo acabará. Mais alguns funerais, e será o nosso 
funeral. Somente mais algumas tempestades, e estaremos seguros 
no porto. Na presença de Cristo, nosso gozo será completo. Deus 
enxugará todas as lágrimas dos olhos de seu povo.
Enquanto isso, tenhamos uma vida de fé no Filho de Deus.
Doença 107
Ele vive, embora possamos morrer, Vive Aquele que aboliu a morte 
e trouxe à luz a vida e a imortalidade, por meio do evangelho. Um 
dia, Ele transformará nosso corpo de humilhação e o tornará 
semelhante ao seu corpo glorioso. Na doença e na saúde, na vida e 
na morte, descansamos confiantemente no Senhor Jesus Cristo.
14
A Família de Deus
Toda família, tanto no céu como sobre a terra.
Efésios 3.15
Reuniões de família são boas. Nada une tanto as pessoas 
como o pertencer à mesma família; e possui grande valor qualquer 
coisa que preserva este sentimento familiar. Organizar reuniões de 
família, sempre que possível, certamente é algo natural e correto. 
Mas uma reunião de família pode ser um momento triste. Conforme 
os anos passam, freqüentemente “toda a família” não está em 
condições de se reunir. Pode acontecer que os membros jovens 
estejam bem longe de casa e os mais velhos tenham falecido. Existem 
lacunas no círculo familiar.
Existe uma família à qual desejo que todos os leitores deste 
livro pertençam. É muito mais importante do que qualquer família 
da terra. É a família de Deus. Permita-me falar sobre ela.
1. O que é esta família
O que é esta família? Ela é composta por todos os 
verdadeiros cristãos espalhados pelo mundo. Pertencer a esta 
110 FÉ GENUÍNA
família não depende de nossos pais terrenos; você pode fazer parte 
desta família somente se nascer de novo, do Espírito Santo.
Por que este grupo de cristãos de todo mundo é chamado 
de família? Primeiro, porque todos têm um mesmo Pai-, são todos 
filhos de Deus. Todos possuem o espírito de adoção (Rm 8.15). 
Eles realmente falam a verdade quando oram: “Pai nosso que estás 
no céu”. Segundo, são chamados de família porque todos se 
regozijam em um mesmo nome — o de seu Irmão mais velho, o 
Senhor Jesus Cristo. Terceiro, são chamados de família porque há 
uma forte semelhança familiar entre eles. Na qualidade de filhos e 
filhas do Senhor Todo-Poderoso, eles se parecem uns com os outros 
espiritualmente. Todos são guiados pelo mesmo Espírito, odeiam o 
pecado e amam a Deus. Todos crêem em Cristo e não confiam em 
si mesmos, amam a mesma Bíblia e o mesmo trono da graça. Todos 
eles se separam do mundo e têm a mesma experiência interior de 
arrependimento, fé, esperança e humildade. Experimentam os 
mesmos tipos de conflitos interiores.
Quero enfatizar a importância desta semelhança familiar. 
É muito marcante. As pessoas desta família vêm de nacionalidades, 
costumes e culturas amplamente diferentes. Mas podem “sentir- 
se em casa”, uns com os outros, no intervalo de apenas alguns 
minutos. Com frequência, tais pessoas se sentem mais à vontade 
com um cristão que procede de uma cultura completamente 
diferente, alguém que eles acabaram de conhecer, do que com 
alguém que já conhecem há anos mas que não é um cristão! O 
povo de Deus é verdadeiramente uma família! É a respeito desta 
família que estamos falando agora; desejo que você pertença a 
ela, porque fora dela não há salvação.
2. A posição atual desta família
Qual é a posição atual desta família? Está dividida em 
duas partes: alguns estão no céu, e alguns estão na terra. Embora 
uma pertença à outra, no momento presente estão completamente 
separadas. Os do céu encontram-se em descanso. Terminaram 
sua carreira; combateram seu combate; fizeram sua obra. Não 
são mais atormentados pelo pecado e pela tentação, estando em 
perfeita felicidade na presença de Cristo. Os da terra ainda estão 
correndo sua carreira, combatendo seu combate, fazendo sua 
obra. Ainda têm de lutar contra o pecado, resistir o diabo e 
A Família de Deus 111
mortificar os seus desejos pecaminosos. Contudo, estas duas 
partes pertencem uma à outra, e entre elas existe apenas certo 
grau de diferença.
Ambas as partes da família amam o mesmo Salvador e se 
alegram na perfeita vontade de Deus, ainda que a parte da terra não 
faça estas coisas perfeitamente. Ambas as partes são santas, ainda 
que em grau diferentes. Ambas as partes são igualmente filhos de 
Deus, embora uma delas ainda esteja aprendendo e, algumas vezes, 
necessite ser ensinada com vara e disciplina. Ambas as partes da 
família são igualmente soldados de Deus. Os da terra ainda estão 
na batalha e necessitam de toda a armadura de Deus, enquanto os 
do céu encontram-se em triunfo, fora do alcance do inimigo. 
Finalmente, ambas as partes desta família estão perfeitamente salvas 
e seguras. O Senhor Jesus cuida tanto dos que estão na terra quantodos que estão no céu e afirmou com clareza a respeito deles, as 
suas ovelhas: “Jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha 
mão” (Jo 10.28).
Você percebe, então, que seria um grande erro julgar a 
família de Deus somente através do que pode ser visto no momento 
presente. Você contempla apenas uma pequena parte dela e não 
pode ver a quantidade enorme daqueles que já estão no céu. Quando 
toda a família for reunida no último dia, formará uma multidão que 
ninguém poderá enumerar (Ap 7.9). A família de Deus é muito 
mais rica e gloriosa do que você imagina. Desejo que você faça 
parte dela.
3. O que o futuro reserva para esta família
Ninguém jamais pode prever o futuro de nossas famílias 
terrenas. Não sabemos o que o dia de amanhã trará à luz (Pv 27.1). 
Mas a família de Deus é diferente, pois seu futuro é certo, e não 
apenas certo, mas bom e feliz.
Um dia, todos os membros da família de Deus serão levados 
em segurança ao lar. Na terra, eles estão espalhados, são provados 
e testados com aflições. Mas nenhum deles perecerá (Jo 10.28). 
Cada um deles chegará em segurança ao lar.
Um dia, todos os membros da família de Deus terão corpos 
gloriosos. Quando Cristo vier ao mundo novamente, os mortos 
ressuscitarão e os vivos serão transformados. Cada membro terá 
um corpo glorioso semelhante ao do Senhor.
112 FÉ GENUÍNA
Um dia, todos os membros da família de Deus estarão juntos, 
formando uma só companhia. Não fará diferença alguma o local 
que eles viveram e morreram na terra. Todos se encontrarão, para 
nunca mais se separarem.
Um dia, todos os membros da família de Deus estarão unidos 
em sua maneira de pensar e em sua capacidade de julgar. No 
presente, eles não estão de acordo em tudo. Todos concordam sobre 
os grandes assuntos centrais da salvação, mas em muitos outros 
assuntos lamentavelmente discordam. Mas, naquele dia, todas as 
discordâncias serão absorvidas em perfeita harmonia.
Um dia, todos os membros da família de Deus serão 
perfeitos em santidade. Agora, todos falham em diversas coisas. 
Naquele dia, então, todos serão “sem mácula, nem ruga, nem coisa 
semelhante” (Ef 5.27).
Um dia, todos os membros da família de Deus estarão 
eternamente satisfeitos. Todos entrarão à herança que lhes está 
reservada. Ninguém será negligenciado ou esquecido.
Estas perspectivas para a família de Deus são grandes 
realidades. Pense bem sobre elas. Não há qualquer família terrena 
com um futuro semelhante a este!
Conclusão
Permita-me concluir com algumas palavras práticas. Que 
Deus as utilize para o bem de sua alma!
1. Pergunto-lhe: você pertence à família de Deus? Não estou 
perguntando se você é um batista, um anglicano ou se pertence a 
alguma outra igreja. Estou perguntando se você pertence à família 
de Deus. Se não, convido-o hoje a se unir a ela imediatamente. 
Arrependa-se hoje. Busque a Cristo agora mesmo. Venha e creia 
nEle; entregue-Lhe hoje a sua alma.
2. Se você já pertence à família de Deus, quero encorajá- 
lo a pensar sobre os seus grandes privilégios e aprender a 
demonstrar mais gratidão. Quão grande é o privilégio de possuir 
algo que o mundo não lhe pode dar nem tirar. Em breve, nossas 
reuniões de família humanas serão coisa do passado. Mas a reunião 
da família de Deus será para sempre. Deveríamos pensar muito 
sobre isto e manifestar gratidão. A alegria desta reunião compensará 
tudo o que tenhamos sofrido como cristãos, na terra.
Enquanto isso, esforcemo-nos por viver de modo digno da 
A Família de Deus 113
família à qual pertencemos. Não façamos coisa alguma que traga 
desonra ao nome de nossa família. Pelo contrário, vamos recomendá- 
lo através de nossas vidas; talvez Deus use nosso testemunho para 
fazer com que outros digam: “Nós iremos com vocês”.
15
Herdeiros de Deus
Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus 
são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito 
de escravidão, para viverdes outra vez atemorizados, 
mas recebestes o Espírito de adoção, baseados no 
qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica 
com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, 
se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros 
de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com Ele 
sofremos, também com ele seremos glorificados.
Romanos 8.14-17
As pessoas a respeito das quais Paulo está escrevendo nestes 
versos são as mais ricas da terra. Possuem a única herança que 
realmente vale a pena — uma herança com a qual ninguém jamais 
ficará insatisfeito ou desapontado. Ao contrário das heranças deste 
mundo, que devem ser deixadas para trás após a morte, esta herança 
pode ser preservada para sempre. E está ao alcance de todos! Está 
disponível a todo aquele que estiver preparado para recebê-la sob 
as condições de Deus.
Você quer compartilhar desta herança? Pertencer à família 
dos verdadeiros cristãos é o caminho para possuí-la, porque a 
116 FÉ GENUÍNA
herança pertence a esta família. Se você ainda não pertence a esta 
família, quero persuadi-lo a se tornar hoje um filho de Deus. Se, 
no momento presente, você tem apenas uma vaga esperança de ser 
um cristão, quero persuadi-lo a estar absolutamente certo de seu 
relacionamento com Deus. Lembre-se que apenas os verdadeiros 
filhos de Deus terão parte na herança!
1. O relacionamento que todos os verdadeiros cristãos têm 
com Deus
Os verdadeiros cristãos são “filhos de Deus”. Ser chamado 
servo ou amigo de Deus é um grande privilégio, mas não há algo 
mais sublime do que ser chamado filho de Deus. Comumente 
pensamos que é um grande privilégio ser filho de alguém importante, 
porém ser filho do Rei dos reis e Senhor dos senhores é muito 
melhor!
Como podem homens pecadores como nós tornarem-se 
filhos de Deus? Certamente, não somos filhos de Deus por natureza. 
Os homens se tornam filhos de Deus somente quando o Espírito 
Santo os leva a crer em Jesus Cristo para a salvação. A Bíblia diz: 
“Todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (G1 
3.26). É somente a fé que nos une a Cristo e nos outorga o direito 
de sermos chamados “filhos de Deus”.
Pretendo enfatizar este assunto. Ainda que os filhos de Deus 
foram escolhidos desde a eternidade e predestinados para serem 
adotados como filhos, é somente quando chega um determinado 
dia, no qual são chamados por Deus e passam a exercitar fé em 
Cristo, que eles se tomam, de fato, filhos de Deus. Os anjos de 
Deus se regozijam quando um pecador se arrepende e crê. Mas 
eles não se regozijam até que o pecador se arrependa e creia, pois 
somente então este se torna parte da família de Deus.
Não podemos ser enganados a respeito disto. Sei que há 
um sentido de acordo com o qual Deus é Pai de toda a humanidade. 
Ele criou a todos nós; neste sentido, Ele é o Pai de todos os homens, 
quer sejam cristãos, quer pagãos. “Pois nele vivemos, e nos 
movemos, e existimos” e “dele também somos geração” (At 17.28). 
Também sei que Deus ama toda a humanidade com um amor piedoso 
e compassivo. “Suas ternas misericórdias permeiam todas as suas 
obras” (SI 145.9). Mas nego completamente o ensino de que Deus 
seja um Pai perdoador e reconciliador de qualquer pessoa, senão 
Herdeiros de Deus 117
daquelas que creem no Senhor Jesus Cristo. A santidade e a justiça 
de Deus são contrárias a tal idéia, pois estas fazem com que seja 
impossível a um pecador aproximar-se de Deus, a menos que isto 
seja feito através do Mediador. Ninguém deveria consolar a si mesmo 
pensando que Deus é seu Pai, a não ser que tal pessoa tenha fé no 
Senhor Jesus Cristo.
Ninguém deve pensar que este ensino é intolerante ou rude. 
O evangelho coloca uma porta aberta diante de todos. Suas exigências 
são claras e simples. O evangelho proclama a todos-. “Creia no 
Senhor Jesus Cristo e será salvo”. Ninguém é excluído. Mas, o 
que dizermos a respeito de pessoas orgulhosas que não se submeterão 
a Cristo e de pessoas do mundo que estão determinadas a seguir 
seus próprios caminhos e continuar em seus pecados? Certamente 
não são filhos de Deus. Deus está disposto a ser o Paidestas pessoas 
— mas de acordo com certos termos distintos. Elas devem vir a 
Ele, através de Cristo. Devem sujeitar suas almas a Ele e dar-Lhe 
os seus corações, Se os homens não cumprem estes termos, como 
podem afirmar que Deus é seu Pai? Estão exigindo que Deus lhes 
seja Pai de acordo com os termos que eles mesmos estabelecem! 
Querem Cristo como seu Salvador mediante suas próprias condições! 
O que poderia haver de mais presunçoso e inaceitável? Temos de 
rejeitar tais idéias e nos apegarmos aos ensinamentos da Bíblia. 
Ninguém se torna filho de Deus a não ser através de Cristo. E 
ninguém tem parte em Cristo exceto através da fé.
Desejaria ardentemente não ter de enfatizar tanto este 
assunto. Mas preciso fazê-lo, por causa do falso ensino que é muito 
popular. Este falso ensino fala somente sobre a misericórdia e o 
amor de Deus, ignorando a sua santidade e sua justiça. Nunca 
menciona o inferno; afirma que todos já estão salvos. Fala sobre a 
fé, mas extrai desta palavra todo o seu significado bíblico. Neste 
falso ensino, todos os que crêem em alguma coisa são considerados 
como possuidores de fé. Este falso ensino fala do Espírito Santo, 
mas considera que todas as pessoas O possuem. Afirma que todos 
estão certos e ninguém está errado! Diz-nos que a Bíblia é um livro 
antiquado e bastante imperfeito; podemos acreditar nela somente 
na proporção que quisermos, e nada mais!
Eu lhe advirto, de forma séria e solene, a ter cuidado com 
este tipo de ensino. Os fatos opõem-se a ele. Sodoma e Gomorra 
jazem sob as águas do mar Morto, por causa do julgamento de 
Deus. O lugar onde ficava Babilônia é hoje completa desolação, 
por causa do julgamento de Deus. A consciência do homem se opõe 
118 FÉ GENUÍNA
a tal ensino, pois não traz paz à consciência culpada. A doutrina 
bíblica sobre o céu é contrária a tal ensino. Imagine um céu onde 
os salvos e os ímpios, os purificados e os impuros, os bons e os 
maus estivessem todos reunidos em um só lugar. Imagine um céu 
onde Abraão e os sodomitas, Pedro e Judas Iscariotes vivessem 
juntos para sempre! Este tipo de céu não seria melhor do que o 
inferno! A preocupação com a santidade e a moralidade testifica 
contra tal ensino. Se todos forem filhos de Deus, não se levando 
em conta a maneira como vivem, e todos estiverem no caminho 
para o céu, então qual a vantagem em se lutar por santidade? A 
Bíblia é contra tal ensino do começo até o fim. Mas este falso 
ensino rejeita completamente a autoridade da Bíblia, apesar de nada 
ter para oferecer em seu lugar. Caro leitor, peço que você esteja 
alerta contra este falso ensino. Apegue-se à verdade claramente 
ensinada na Palavra de Deus. Não há herança gloriosa para quem 
não é filho de Deus. E ninguém é filho de Deus sem uma fé pessoal 
no Senhor Jesus Cristo.
Você quer saber se é um filho de Deusl Então pergunte a 
si mesmo se você já se arrependeu de seus pecados e creu em 
Jesus. Você está verdadeiramente unido a Cristo? Se não, você 
não é um filho de Deus. Você ainda não nasceu de novo e 
permanece em seus pecados. Deus é, sem dúvida, seu Criador e, 
neste sentido, seu Pai, mas não é o seu Pai reconciliador e 
perdoador, que está no céu.
Você deseja se tornar um filho de Deus? Se você reconhecer 
e sentir os seus pecados e buscar a Cristo para salvação, hoje será 
colocado entre os filhos de Deus. Segure a mão que Cristo lhe 
estende e você se tornará um filho com todos os privilégios que isto 
envolve. Ao iniciar a leitura deste livro, você era um filho da ira. 
Mas hoje mesmo poderá ir dormir sendo um filho de Deus. As 
coisas velhas passarão, e todas as coisas se tornarão novas. Você 
realmente deseja ser um filho de Deus? Você está verdadeiramente 
cansado de seus pecados? Você tem algo mais, além de um frágil 
desejo de ser livre de seus pecados? Então, existe um verdadeiro 
conforto para você. Creia no Senhor Jesus Cristo; você será salvo 
e se tornará um filho de Deus.
Você já é um verdadeiro filho de Deusl Então se regozije e 
esteja alegre por seus privilégios. Você possui todos os motivos 
para ser grato. “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, 
ao ponto de sermos chamados filhos de Deus” (1 Jo 3.1). E se o 
mundo não o entender e rir de você? Deixe que o façam. Deus é 
Herdeiros de Deus 119
seu Pai; você não tem qualquer motivo para se envergonhar. Não 
existe maior dignidade do que ser um filho de Deus.
2. As evidências deste relacionamento com Deus
Como pode alguém ter certeza de que é um filho de Deus? 
O texto bíblico de Romanos 8.14-17 (peço-lhe que o considere) nos 
responde esta pergunta.
Os filhos de Deus são todos guiados pelo seu Espírito — 
“Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de 
Deus” (v. 14). O Espírito Santo está guiando e ensinando a todos 
eles. O Espírito os guia para longe do pecado, da justiça própria e 
do mundo. Ele os conduz a Cristo, à Bíblia, à oração e à santidade. 
Do começo ao fim, o Espírito Santo os guia. Ele os guia ao Sinai e 
os convence de terem quebrado a lei de Deus. O mesmo Espírito, 
então, os guia ao Calvário e lhes mostra Cristo morrendo em favor 
dos pecados deles. O Espírito Santo lhes revela o vazio de seus 
corações e, também, lhes mostra algo da glória que está por vir.
Os filhos de Deus, todos, têm o sentimento de filhos adotivos 
para com seu Pai que está no céu — “Porque não recebestes o 
espírito de escravidão, para viverdes outra vez atemorizados, mas 
recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, 
Pai” (v. 15). Por natureza todos são culpados e condenados e 
possuem um opressivo medo de Deus. Mas, quando se tornam filhos 
de Deus, isto muda. Ao invés de medo, eles têm paz com Deus e 
confiança nEle como seu Pai celestial. Sabem que o Senhor Jesus 
Cristo é o seu pacificador com Deus. Estão convictos de poderem 
se aproximar de Deus com ousadia e falar com Ele como seu Pai. 
O espírito de escravidão e medo é substituído pelo espírito de 
liberdade e amor. Ainda continuam cientes de que são pecadores, 
mas sabem que não precisam temer, porque estão vestidos com a 
justiça do Senhor Jesus Cristo.
Admito que estes sentimentos são desfrutados mais por 
alguns cristãos do que por outros. Alguns cristãos experimentam o 
retorno de velhos temores a perturbá-los. Porém, a maioria dos 
filhos de Deus confessaria que, ao conhecer a Cristo, mudaram 
bastante os seus sentimentos para com Deus.
Os filhos de Deus possuem o testemunho do Espírito em 
suas consciências — “O próprio Espírito testifica com o nosso 
espírito que somos filhos de Deus” (v. 16). Os filhos de Deus têm 
120 FÉ GENUÍNA
algo em seus corações que lhes afirma existir um relacionamento 
entre eles e Deus. A proporção desse testemunho varia grandemente 
entre eles. Para alguns, o testemunho de pertencerem a Cristo, e 
Cristo a eles, é alto e claro. Para outros, ê um fraco e hesitante 
sussurro, que o diabo e a carne freqüentemente os impedem de 
ouvir. Alguns dos filhos de Deus gozam de grande certeza, enquanto 
outros acham difícil acreditar que têm a fé verdadeira. Mas, em 
cada verdadeiro cristão, existe algo que ele jamais concordaria em 
abandonar. Até mesmo aqueles que são lançados de um lado para 
outro, com suas dúvidas e medos, jamais concordariam em 
abandonar aquela porção de esperança que possuem, em troca da 
vida fácil de um homem imprudente e mundano.
Os filhos de Deus, todos, compartilham do sofrer com 
Cristo — “Se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros 
de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos...” (v. 
17). Todos os filhos de Deus passam por dificuldades e provações, 
por amor a Cristo. Experimentam provações provenientes do 
mundo, da carne e do diabo. Freqüentemente, são mal interpretados 
e maltratados por amigos e parentes. Podem ter de suportar calúnia 
ou zombaria e sofrerem por colocarem a Cristo antes de seus 
interesses e deveres terrenos. Também conhecem as provações 
que brotam de seus próprios corações pecaminosos. Existem vários 
graus de sofrimento. Algunssofrem mais, outros, menos. Alguns 
sofrem de uma forma e outros, de outra. Mas não acredito que 
qualquer filho de Deus tenha chegado ao céu sem experimentar 
algum tipo de sofrimento.
O sofrimento faz parte da experiência de toda a família de 
Deus. “O Senhor corrige a quem ama” (Hb 12.6). “Mas, se estais 
sem correção,... sois bastardos e não filhos” (v. 8). Osofrimentoé 
um dos elementos do processo usado por Deus para nos tornar 
santos. Os filhos de Deus são corrigidos para que sejam separados 
do mundo e se tornem participantes da santidade de Deus. O 
sofrimento é uma das insígnias do discipulado cristão. O próprio 
Cristo foi crucificado, e os seus discípulos também devem tomar, 
cada um, a sua cruz.
Desejo alertá-lo contra qualquer noção de que você é um 
filho de Deus, a menos que possua as marcas bíblicas desta filiação. 
Não é suficiente ter sido batizado e ser membro de uma igreja 
cristã. As marcas da filiação são apresentadas no oitavo capítulo de 
Romanos; e você não tem razão para supor que é um filho de Deus, 
se não possui estas marcas.
Herdeiros de Deus 121
3. Os privilégios deste relacionamento
Os cristãos verdadeiros são “herdeiros de Deus e co- 
herdeiros com Cristo”. Estas palavras falam de uma perspectiva 
gloriosa para todos os filhos de Deus. Se julgamos ter muita 
importância o ser um herdeiro de uma pessoa rica na terra, quanto 
mais importância tem o ser um filho e herdeiro do Rei dos reis! E 
os cristãos são “co-herdeiros com Cristo”; compartilharão da 
majestade e glória de Cristo, quando estiverem glorificados 
juntamente com Ele. Isto não será apenas para alguns cristãos, mas 
para todos os filhos de Deus!
Conhecemos apenas um pouco a respeito da herança que 
espera o povo de Deus. A Bíblia não nos informa muito sobre este 
assunto, pois nossas mentes não poderiam compreendê-lo. Mas 
revela o suficiente para nos trazer grande conforto; e fazemos bem 
em pensar sobre estas coisas.
Achamos que o conhecimento é desejável? O pouco que 
sabemos sobre Deus e Cristo é precioso para nós? Almejamos saber 
mais? Na glória, teremos este conhecimento. “Então conhecerei 
como também sou conhecido” (1 Co 13.12).
Achamos que a santidade é desejável? Ansiamos por 
completa conformidade com a imagem de Deus? Na glória, nós a 
teremos. Cristo deu a Si mesmo pela igreja, não apenas para 
santificá-la na terra, mas também “para a apresentar a si mesmo 
igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem cousa semelhante” 
(Ef 5.27).
Achamos que o repouso é desejável? Anelamos por um 
mundo em que não precisaremos estar sempre batalhando e 
vigilantes? Na glória, nós o teremos. “Resta um repouso para o 
povo de Deus” (Hb 4.9). O nosso conflito de todos os dias e de 
todas as horas, com o mundo, a carne e o diabo, findará para sempre.
Achamos que o serviço é desejável? Temos prazer em 
trabalhar para Cristo, ainda que estamos limitados por um corpo 
frágil? Freqüentemente achamos que nosso espírito é forte, mas 
que a nossa carne é fraca? Na glória, seremos capazes de servir 
perfeitamente, sem qualquer cansaço. Eles “o servem de dia e de 
noite no seu santuário” (Ap 7.15).
Achamos que a satisfação é desejável? Achamos que o 
mundo é fútil? Ansiamos pelo preenchimento de cada vazio em 
122 FÉ GENUÍNA
nossos corações? Na glória, teremos perfeita satisfação. “Quando 
acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança” (SI 17.15).
Achamos que a comunhão com o povo de Deus é desejável? 
Sentimos que nunca estamos tão felizes quanto naquelas ocasiões 
em que nos reunimos com o povo de Deus? Na glória, estaremos 
para sempre com eles. “Mandará o Filho do homem os seus anjos, 
que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a 
iniqüidade” (Mt 13.41). “Ele enviará os seus anjos, com grande 
clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro 
ventos” (Mt 24.31). Glória a Deus! Estaremos com os santos de 
Deus, a respeito dos quais lemos na Bíblia e cujos exemplos 
procuramos seguir. Estaremos com os homens e mulheres dos quais 
o mundo não era digno. Estaremos com aqueles que, em Cristo, 
conhecemos e amamos na terra. Estaremos com eles para sempre e 
nunca mais nos separaremos.
Achamos que a comunhão com Cristo é desejável? O seu 
nome é precioso para nós? Nossos corações se aquecem, no nosso 
íntimo, quando pensamos no seu amor sacrificial por nós? Na glória, 
teremos perfeita comunhão com Cristo. “Estaremos para sempre 
com o Senhor” (1 Ts 4.17). Nós O veremos em seu reino. Onde 
Ele estiver, lá também estarão os filhos de Deus. Quando Cristo se 
assentar na sua glória, eles se assentarão ao seu lado. Que perspectiva 
abençoada! Eu sou um homem mortal que vive em um mundo que 
está perecendo. O mundo por vir é grandemente desconhecido. 
Mas Cristo estará lá! Isto é o suficiente. Se, na terra, existe descanso 
e paz em seguir a Cristo pela fé, quanto mais existirão quando O 
contemplarmos face a face.
Você ainda não está entre os filhos e herdeiros de Deus? 
Então, tenho compaixão de você, com todo o meu coração! Você 
está perdendo tanto, e sua vida não tem, em última análise, sentido 
algum. Você não quer ouvir a voz de Jesus e aprender dEle agora?
Se você está entre os filhos e herdeiros de Deus, veja que 
motivos tem para se regozijar e ser feliz! Não se preocupe demais 
com as suas circunstâncias nesta vida. O seu tesouro está no céu. 
Regozije-se em sua herança! Glorie-se no Senhor!
Conclusão
1. Concluindo, desejo perguntar a cada leitor: você é filho 
de queiríl Você é um filho da natureza ou um filho da graça? E um 
Herdeiros de Deus 123
filho do diabo ou um filho de Deus? Rogo-lhe que, sem demora, 
acabe com esta dúvida. Que tolice é permanecer incerto sobre um 
assunto de tamanha importância! O tempo é curto. Você está 
avançando rapidamente em direção à morte e ao julgamento. Não 
descanse até que possa dizer com segurança: “Eu sei que sou filho 
de Deus!”
2. Se você é um filho de Deus, rogo-lhe que viva de modo 
digno da família de seu Pai. Honre-0 com sua vida, obedecendo 
os seus mandamentos e amando todos os seus filhos. Viva neste 
mundo como alguém que não faz parte dele, mas que está viajando 
para o lar na glória. Deixe que outros vejam quão bom e feliz é ser 
um filho de Deus. Mantenha seus olhos fixos no Senhor Jesus, 
lembrando que sem Ele você nada pode fazer, mas com Ele pode 
fazer todas as coisas (cf. Jo 15.5 e Fp 4.13). Vigie e ore. Muito em 
breve chegará a hora quando você ouvirá as palavras: “Vinde, 
benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado 
desde a fundação do mundo” (Mt 25.34).
16
A Grande Reunião
No que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus 
Cristo e à nossa reunião com ele.
2 Tessalonicenses 2.1
Em todo o mundo as pessoas gostam de se reunir. São 
poucas as que gostam de ficar sozinhas, e muitos de nós apreciamos 
aquelas horas em que podemos estar reunidos com nossos familiares. 
Mas, com freqüência, existe algo triste em relação às reuniões 
terrenas: elas terminam muito rapidamente. É comum existirem 
lembranças de pessoas que morreram e não podem mais se reunir 
conosco. Neste mundo, não há reunião que nos traga felicidade 
genuína e perfeita. Mas, graças a Deus, existe uma reunião melhor 
ainda por vir — uma reunião onde haverá alegria sem qualquer 
tristeza, felicidade sem qualquer lágrima. Permita-me contar-lhe o 
que pretendo dizer com isso.
1. Um dia haverá uma reunião de verdadeiros cristãos
Haverá uma reunião de verdadeiros cristãos no dia em que 
o Senhor Jesus Cristo voltar a este mundo. “Ele enviará os seus 
126 FÉ GENUÍNA
anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus 
escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos 
céus” (Mt 24.31). Os cristãos que já morreram ressuscitarão, e os 
que ainda estiverem vivos serão transformados (ver Ap 20.13; 1 Ts 
4.16,17; 1 Co 15.51,52). Então, todos os cristãos que já viveram 
neste mundo serão reunidos à companhia do Senhor Jesus.
O propósito desta reunião é, em parte, a recompensafinal 
do povo de Cristo. A sua completa justificação de toda a culpa será 
declarada ao mundo todo; eles receberão a “imarcessível coroa da 
glória” e serão admitidos publicamente ao gozo de seu Senhor. O 
propósito desta reunião é, também, a segurança deles, ou seja, que 
eles estejam abrigados com segurança no dia da justa ira de Deus.
Esta será uma grande reunião. Todos os crentes, de todas 
as idades e de todos os países, estarão lá. O mais frágil estará lá; 
nenhum crente faltará. Juntos eles constituirão uma multidão que 
ninguém será capaz de enumerar.
Esta será uma reunião maravilhosa. Pessoas que jamais se 
encontraram neste mundo, que falavam línguas diferentes e que 
vieram de culturas completamente diferentes, estarão juntas em 
perfeita unidade. No céu, veremos algumas pessoas que jamais 
esperaríamos serem salvas. E todos estarão louvando as maravilhas 
da graça de Deus.
Esta será uma reunião que produzirá humildade; acabará 
todo fanatismo e toda intolerância para sempre. Toda falsidade, 
falta de amor fraternal, ciúme e orgulho serão eliminados para 
sempre. Lá, enfim, estaremos cingidos de humildade (1 Pe 5.5).
Esta reunião deve estar constantemente em nossos 
pensamentos. Quando nos esquecermos de qualquer outra reunião, 
somente uma questão será realmente importante: “Eu estarei reunido 
com o povo de Cristo ou serei deixado para trás, em eterno 
sofrimento?” VAMOS CUIDAR PARA NÃO SERMOS DEIXADOS 
PARA TRÁS.
2. Devemos esperar com grande prazer esta reunião
Por que esta reunião é tão desejável? Paulo obviamente a 
considerou como algo que devemos esperar com prazer. Permita 
que eu lhe mostre por quê.
Esta reunião se realizará em uma condição bem diferente 
da que vivemos hoje. Neste mundo, os filhos de Deus estão 
A Grande Reunião ni
espalhados por toda parte. Com frequência, encontram-se isolados 
e solitários, manifestando ardente desejo por uma maior comunhão 
com aqueles que amam o Senhor. Lá, os filhos de Deus estarão 
todos juntos, para sempre!
Esta reunião será uma assembléia de pessoas que possuirão 
a mesma maneira de pensar. Não existirão hipócritas, tais como os 
que prejudicam as reuniões de crentes na terra. Não haverá 
controvérsias entre os crentes. Os dons dos crentes estarão totalmente 
desenvolvidos, e seus pecados renitentes serão deixados para trás. 
Não admiremos que Paulo nos tenha instruído a esperarmos ansiosos 
por esta reunião!
Esta reunião será um encontro do qual nenhum crente estará 
ausente. O mais frágil cordeiro não será deixado para trás, no campo. 
Os mais jovens não serão esquecidos. Nós nos encontraremos com 
os crentes do Antigo Testamento, os quais creram em Cristo antes 
que Ele viesse, e com aqueles que conheceram a Cristo durante a 
sua vida terrena, e com todos os que têm crido nEle desde então; 
ouviremos deles tudo o que o Senhor fez para cada um deles. Isto 
será algo realmente agradável!
Esta será uma reunião sem despedidas. Aqui, não existem 
encontros assim. Sempre chega a hora de dizermos “adeus”. Mas 
lá não haverá mais envelhecimento, morte ou mudanças. Não é de 
admirar que Paulo nos tenha instruído a ansiarmos por esta reunião!
Conclusão
Peço-lhe agora prestar bastante atenção a este importante 
assunto. Se nada lhe é desejável na reunião que tenho descrito, 
certamente você deve perguntar a si mesmo se é um cristão 
verdadeiro.
1. Dirijo-lhe uma pergunta franca: você participará desta 
reunião ou será deixado para trás? Naquele dia, a humanidade será 
dividida em duas partes: os que, como trigo, serão recolhidos ao 
celeiro de Cristo e os que, como ervas daninhas, serão deixados 
para serem queimados. Em qual parte você estará? Não basta dizer 
que você não sabe ao certo, mas que espera o melhor. A Bíblia 
revela, de forma suficientemente clara, quem será e quem não será 
recolhido. Não descanse até que você tenha certeza!
2. Mostro-lhe uma forma clara de responder a questão. 
Pergunte a si mesmo: que tipo de reuniões você mais gosta na 
128 FÉ GENUÍNA
terra? Você sente prazer em se reunir com o povo de Deus? Se não 
manifesta alegria alguma em conhecer verdadeiros cristãos na terra, 
como você poderia se alegrar na companhia deles no céu? Os nossos 
gostos na terra são uma evidência segura da condição de nossos 
corações. O homem que espera se reunir com os santos de Deus, 
no céu, quando ama somente reuniões de pecadores na terra, está 
enganando completamente a si mesmo. Se viver e morrer nesta 
situação, tal homem descobrirá que seria melhor jamais ter nascido.
3. Se você é um cristão verdadeiro, exorto-lhe a estar sempre 
esperando por esta reunião. Em uma batalha, o dia após a uma 
grande vitória é, com freqüência, um período de lamentações, visto 
que a perda daqueles que morreram diminui a alegria da vitória. 
Mas, naquele grande dia, os soldados do exército de Cristo estarão 
todos presentes para responder ao último toque de chamada. O 
número de soldados será o mesmo de antes da batalha. Nenhum 
crente estará faltando nesta grande reunião. No mundo atual, pode 
ser que freqüentemente você esteja triste e solitário, encontrando 
poucos com quem orar, para quem abrir seu coração e com quem 
trocar experiências. Lembre-se: em breve isso terá acabado; espere 
fervorosamente pela “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” e “nossa 
reunião com ele”.
17
A Grande Separação
A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente 
a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas 
queimará a palha em fogo inextinguível.
Mateus 3.12
Estas palavras foram proferidas por João Batista a respeito 
do Senhor Jesus Cristo. Ainda não se cumpriram, mas um dia se 
cumprirão. Consideraremos seu significado sob quatro tópicos.
1. A humanidade está dividida em duas grandes classes
Estas palavras nos fazem lembrar que, embora os homens 
dividam a sociedade em muitas classes, Deus a divide em apenas 
duas, aqui chamadas de “trigo” e “palha”. Deus, que vê os corações 
de todas as pessoas, agrupa cada pessoa em uma destas duas 
categorias.
Quem são o trigo? O trigo são os cristãos, aqueles que 
crêem no Senhor Jesus Cristo, amam-No e vivem para Ele. Embora 
sejam pecadores e indignos aos seus próprios olhos, são preciosos 
aos olhos de Deus.
130 FÉ GENUÍNA
Quem são a palha? A palha são todos os que não possuem 
a fé salvadora em Cristo e não são santificados pelo Espírito Santo. 
Não importa se eles são incrédulos declarados ou se professam ser 
cristãos; se não têm uma fé viva e não manifestam santidade, então 
são palha. Pode ser que possuam grandes dons naturais e grande 
influência no mundo. Mas, por negligenciarem a salvação de Deus, 
Este não se agrada deles.
É importante perceber que não existe uma terceira classe 
de homens. Nos dias do dilúvio, existiam somente duas classes de 
homens — os que estavam dentro da arca e os que ficaram do lado 
de fora. O Senhor Jesus falou de dois caminhos — o amplo que 
conduz à destruição e o estreito que conduz à vida. Não existe 
outro caminho. Assim, tenho de perguntar-lhe com franqueza: você 
é trigo ou palha? É uma nova criatura? Já se arrependeu? Está 
crendo em Cristo? Ama a Bíblia e luta em oração? E um cristão no 
seu trabalho, na sua casa, nos dias da semana bem como aos 
domingos? Não importa quão desagradável isto pareça, peço-lhe 
que encare estas questões agora. Se você for palha, será melhor 
descobrir isto agora, enquanto ainda tem tempo para se arrepender.
2. As duas grandes classes da humanidade serão separadas
Nosso texto também nos mostra que chegará a ocasião em 
que as duas grandes classes da humanidade serão separadas. Um 
dia, Cristo fará o que o lavrador faz à sua plantação: separará o 
trigo e a palha. Isto não aconteceu ainda. No presente, o trigo e a 
palha estão misturados, mesmo entre aqueles que se declaram 
cristãos. Os homens nem sempre podem distinguir entre si mesmos, 
pois somos incapazes de ver os corações de outras pessoas. Até que 
Cristo volte, as igrejas sempre terão palha em meio ao trigo. E, até 
que Cristo volte, certamente existirátanto palha como trigo no 
mundo. Mas, quando Cristo vier, que grande separação acontecerá! 
O trigo formará um grupo — todos eles santos. A palha formará 
outro — todos eles ímpios. Entre os dois haverá um grande abismo 
que ninguém poderá ultrapassar. Um grupo será completamente 
abençoado; o outro, completamente infeliz.
Se você é um verdadeiro cristão, ama a companhia dos 
santos de Deus e o estar junto a pessoas ímpias é uma grande 
provação para você, isto deve fazê-lo ansioso pelo momento em 
que Cristo voltará. Naquele dia, então, todo o povo de Deus será
A Grande Separação 131
reunido para sempre, a fim de nunca mais estar separado.
Porventura estou falando a alguém que está ciente de não 
possuir um coração correto aos olhos de Deus? Você deveria temer 
e tremer ao pensar na vinda de Cristo, pois esta lhe mostrará como 
você realmente é. Deus jamais será enganado. Rogo-lhe que trema 
e se arrependa!
3. O que o povo de Cristo receberá
Nosso texto afirma que Cristo “recolherá o seu trigo no 
celeiro”. Permita mostrar-lhe o que o povo de Cristo receberá 
quando Ele vier para limpar a sua eira. Ele ajuntará todos os seus 
crentes em um lugar seguro. Nenhum pecador que colocou sua fé 
em Cristo para salvação estará faltando. Cada grão de trigo será 
recolhido. Não apreciamos, como deveríamos, o quanto o Senhor 
se preocupa com o seu povo. Tentarei mostrar-lhe.
O Senhor se agrada do seu povo crente. As falhas e 
fraquezas deles não quebram a sua união com o Senhor. Ele sabia 
de todas as fraquezas deles quando os escolheu. Ele jamais quebrará 
sua aliança e os abandonará. Quando eles caírem, o Senhor os 
levantará novamente. Quando se desviarem, Ele os trará de volta. 
As suas orações Lhe são agradáveis, assim como os balbuciantes 
esforços de uma criança são agradáveis ao seu pai, e Ele se satisfaz 
com os esforços deles para servi-Lo.
O Senhor se importa com os seus crentes em suas vidas. 
Ele tem sob controle todas as circunstâncias da vida de seus crentes. 
Anjos lhes ministram; O Pai, o Filho e o Espírito Santo estão 
presentes com eles; ninguém os toca sem a permissão do Senhor; e 
todas as coisas cooperam para o bem deles. O Senhor os aflige e 
poda somente para o bem deles, a fim de torná-los mais frutíferos.
O Senhor se importa com seus crentes quando estes morrem. 
O tempo de suas vidas está nas mãos do Senhor. Eles são preservados 
até que estejam maduros para a glória, e não mais. Nenhuma doença 
pode levá-los embora, até que o Senhor dê sua ordem; e, quando 
esta ordem é proferida, nenhum médico pode mantê-los vivos. 
Quando eles estão morrendo, os braços eternos estão ao seu redor; 
e, quando partem, é para estarem com Cristo. Que contraste com o 
descrente! Para este, a morte priva-o de qualquer outra oportunidade 
e o deixa sem esperança para sempre. Mas, para o crente, a morte 
abre a porta do céu a fim de que ele entre.
132 FÉ GENUÍNA
O Senhor se importará com seus crentes no terrível dia de 
sua manifestação. A voz do arcanjo e a trombeta de Deus não os 
aterrorizarão. O fogo não os atingirá. Eles serão “arrebatados... 
para o encontro do Senhor nos ares” (1Ts4.17).É algo abençoado 
ser trigo de Deus!
Quando penso no cuidado de Cristo em favor de seu povo, 
fico admirado de que alguém possa negar que Cristo guarda seguro 
até o fim cada um dentre o seu povo. Como Ele poderia amá-los ao 
ponto de morrer por eles e, em seguida, abandoná-los? Imagine 
que você esteve presente a um naufrágio e viu uma criança indefesa 
quase se afogando; arriscou sua própria vida ao mergulhar e trazê- 
la à praia. Você simplesmente a colocaria na areia, deixando-a com 
frio e inconsciente e nada mais faria por ela? Não! Você a levaria 
em seus braços até a casa mais próxima. Faria tudo o que pudesse 
a fim de restaurar-lhe a saúde. Você não pensaria em deixá-la até 
estar certo de que ficara recuperada. Por acaso, você pensa que o 
Senhor Jesus Cristo é menos compassivo? De modo algum! Os 
seus amados, Ele os ama até ao fim. Nunca os deixa ou os abandona. 
Ele conclui a obra que começou.
Um homem que tenha, de fato, provado a graça de Deus 
nunca pode cair dela. Se cometer algum pecado, ele será trazido ao 
arrependimento, assim como Pedro o foi. Se vier a desviar-se do 
caminho da justiça, será trazido de volta, como Davi. Não é a sua 
própria força que o preserva. Ele foi escolhido por Deus Pai. Cristo 
intercede por ele. O amor do Espírito Santo o segura. As três pessoas 
da santa Trindade estão comprometidas na sua salvação.
Se você não é um discípulo de Cristo, considere que 
privilégios está perdendo — paz com Deus agora e glória no futuro! 
Você se mostrará sábio, se buscá-Lo agora mesmo?
Se você sente que é um discípulo fraco, não suponha que 
sua fraqueza o destituirá de qualquer destes privilégios. O importante 
é que sua fé seja verdadeira, ainda que seja fraca. Não tema. Não 
fique desencorajado. Os bebês em uma família são tão amados quanto 
os seus irmãos e irmãs mais velhos. O mesmo acontece na família 
de Cristo. Todos são amados e cuidados. No final, todos serão 
recolhidos com segurança ao lar.
4. O que sucederá aos que não fazem parte do povo de Cristo
Nosso texto nos diz que Cristo “queimará a palha em fogo
A Grande Separação 133
inextinguível”. Desejo mostrar-lhe o que acontecerá àqueles que 
não fazem parte do povo de Cristo. Ele punirá de modo aterrorizante 
todos os que não são seus discípulos, todos os que forem encontrados 
impenitentes e descrentes; todos os que se apegaram ao pecado e 
ao mundo e colocaram suas afeições em coisas deste mundo. A 
punição destes será severa (Jesus fala em queimar). A punição será 
eterna (Jesus diz que o fogo é inextinguível). Estas não são coisas 
a respeito das quais eu gosto de falar. Mas a Palavra de Deus as 
revela, e nós precisamos refletir sobre elas.
Há pessoas que acreditam não existir um lugar chamado 
inferno. Tais pessoas estão dizendo aos homens exatamente o que 
outrora o diabo falou a Adão e Eva: “É certo que não morrereis!” 
(Gn 3.4). Outras pessoas não acreditam que o inferno é eterno. 
Estas também fazem o trabalho do diabo, pois, na verdade, estão 
dizendo aos homens: “Não se preocupem muito com isto. Não 
dura para sempre!” Existem outras que acreditam na existência do 
inferno, mas parecem imaginar que ninguém está indo para lá. 
Outras acreditam que o inferno existe, mas não gostam que se fale 
a respeito dele. Estas também fazem o trabalho do diabo, pois este 
se alegra muito quando os cristãos silenciam a respeito do inferno.
Mas não estamos preocupados com aquilo que os homens 
pensam. Estamos preocupados com o que Deus nos revela em sua 
Palavra. Se você crê na Bíblia, esteja certo dos seguintes fatos:
Primeiro, o inferno é real. A Bíblia ensina isto tão 
claramente quanto ensina que Cristo morreu na cruz pelos pecadores. 
Se você rejeita o ensino bíblico a respeito do inferno, não existe 
qualquer de seus ensinos que você possa crer com segurança. Você 
pode até jogar sua Bíblia fora.
Segundo, o inferno não estará vazio. Um dia, o Salvador 
que agora está assentado no trono da graça se assentará no trono do 
julgamento. O Senhor que agora afirma: “Vinde a mim” (Mt 11.28) 
um dia Ele mesmo dirá: “Apartai-vos de mim” e “irão estes para o 
castigo eterno” (Mt 25.46).
Terceiro, o inferno será um lugar de lamentação e 
sofrimento intensos. Alguns dizem que os termos utilizados por 
Jesus, para se expressar, são figuras de linguagem — o verme, o 
fogo, as trevas, o ranger de dentes. Talvez sejam. Mas significam 
algo; falam de misérias, da mente e da consciência, muito piores 
do que as do corpo.
Quarto, o inferno é eterno. Se não o fosse, não teriam 
significado algum as palavras da Bíblia, pois esta utiliza expressões 
134 FÉ GENUÍNA
como “para todo o sempre”, “eterno”, “inextinguível” e “nunca 
morre”. Se o inferno não fosse de infinita duração, todo o evangelho 
estaria arruinado. Se alguém que não possui a fé em Cristo e a 
santificação do Espírito pode ser livre do inferno,e pertencem a Ele. Porém, muitos 
não vão além deste estágio. Por causa de ignorância, preguiça, 
temor dos homens, amor pelo mundo ou algum pecado persistente 
ainda não “confessado e abandonado”, essas pessoas têm apenas 
uma pequena fé, uma pequena esperança, uma pequena paz e uma 
pequena santidade. Vivem dando frutos apenas “a trinta por um” 
(Mt 13.8).
Comunhão com Cristo é diferente. É algo experimentado 
por aqueles que se esforçam constantemente para crescer na graça, 
fé, conhecimento e conformidade à vontade de Cristo em tudo. É 
algo experimentado por aqueles que prosseguem para o alvo (Fp 
3.14). O grande segredo da comunhão é estar sempre vivendo pela 
fé em Cristo e extraindo dEle todos os recursos que necessitamos. 
O apóstolo Paulo disse; “Para mim, o viver é Cristo” (Fp 1.21); e: 
“Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (G1 2.20). 
Este tipo de comunhão é perfeitamente consistente com uma 
profunda convicção quanto aos nossos próprios pecados e corrupção. 
Esta comunhão não nos livra da experiência descrita em Romanos 
7, mas nos capacita a olharmos para longe de nós mesmos, em 
direção ao Senhor Jesus, e nos regozijarmos nEle.
10. Você sabe algo a respeito de estar pronto para a segunda 
vinda de Cristo?
Uma das grandes certezas da Bíblia é que Cristo virá a este 
mundo novamente. Ele virá para punir os pecadores e tornar perfeita 
a salvação de seu povo, em seu eterno reino de justiça. Você está 
pronto para a vinda de Cristo? Estar pronto envolve nada mais do 
que ser um cristão verdadeiro e firme. Estar pronto não envolve 
abandonar o seu trabalho diário, e, sim, realizá-lo como um cristão, 
com o seu coração sempre pronto a deixar tudo, quando Ele 
aparecer. Novamente eu pergunto: você está pronto?
Conclusão
Permita-me terminar com algumas palavras práticas.
Auto-análise 13
1. Você está inerte e descuidado no que se refere às 
realidades espirituais! Desperte! Você é como alguém dormindo 
em um barco que segue em direção às rochas que o destruirão. 
Acorde e clame a Deus!
2. Você está sentindo-se como alguém com receio de que 
não haja esperança! Jogue fora seus temores e ouça a Cristo. Ele 
diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, 
e eu vos aliviarei” (Mt 11.28); “E o que vem a mim, de modo 
nenhum o lançarei fora” (Jo 6.37). Estas palavras são tanto para os 
outros quanto para você. Traga todo o seu pecado e culpa, sua 
incredulidade e dúvida, sua incapacidade e fraquezas, traga tudo 
isto a Cristo. “Este recebe pecadores” (Lc 15.2). Ele o receberá. 
Recorra a Ele agora mesmo.
3. Você professa ser um crente em Cristo, todavia não 
tem muita alegria, paz e conforto! Examine agora mesmo o seu 
próprio coração; verifique se o erro não é inteiramente seu. 
Provavelmente você está fazendo pouco ou nenhum esforço, 
mostrando-se satisfeito com uma fé, um arrependimento e uma 
santificação pequenos e relutando em ser realmente zeloso na vida 
cristã. Se for assim, você nunca será um cristão feliz, a menos 
que mude suas atitudes. Mude hoje! Comece a ser sério e dedicado 
em seu cristianismo. Esforce-se em aproximar-se mais de Cristo, 
a fim de permanecer nEle, manter-se firme nEle, sentar-se a seus 
pés, como Maria, e beber livremente da fonte da vida. Então, sua 
alegria será completa.
4. Você é um crente, mas perturbado com dúvidas e 
temores, por sua debilidade, fraqueza e senso do pecado! Lembre- 
se do que a Bíblia ensina a respeito de Jesus: “Não esmagará a 
cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega” (Mt 12.20). 
Este texto é para você. Mesmo uma fé fraca é melhor do que a 
ausência de fé. Uma pequena semente de vida é melhor do que a 
ausência de vida. Talvez você esteja esperando demais neste 
mundo, esquecendo-se de que ainda não está no céu. Você deve 
esperar pouco de si mesmo e muito de Cristo. Olhe mais para 
Jesus e menos para si mesmo.
5. Finalmente, algumas vezes, você se sente desanimado 
por causa dos sofrimentos que passa nesta vida! Olhe para Cristo! 
Ele simpatiza plenamente com você, pois Ele mesmo sofreu. Cristo 
está assentado à destra de Deus. Abra-Lhe o seu coração. Ele pode 
fazer mais do que sentir simpatia por você; Ele pode ajudá-lo. 
Você deve aprender a se aproximar dEle. E lembre-se: o tempo é 
14 FÉ GENUÍNA
curto. Em breve tudo acabará e nós estaremos com o Senhor. “Com 
efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito 
a vontade de Deus, alcanceis a promessa. Porque, ainda dentro de 
pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará” (Hb 10.36,37).
2
Esforço
Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu 
vos digo que muitos procurarão entrar e não 
poderão. Lucas 13.24
Em certa ocasião, um homem perguntou ao Senhor Jesus 
Cristo: “Senhor, são poucos os que são salvos?” A resposta do 
Senhor Jesus é muito importante. Ele respondeu: “Esforçai-vos 
por entrar pela porta estreita”. Se poucos ou muitos são salvos, isto 
em nada afeta a sua responsabilidade. Agora é o tempo de ser 
salvo. Você deve se esforçar por entrar pela porta Agora, pois virá 
o dia em que muitos procurarão entrar e não poderão.
O que o Senhor Jesus disse é muito sério. Suas palavras 
nos lembram a nossa responsabilidade pessoal de sermos salvos e 
do imenso perigo em adiarmos este fato. Que o Espírito Santo fale 
aos corações de todos que lêem estas palavras, de modo que entrem 
e sejam salvos! Consideraremos este assunto sob três tópicos.
1. Uma descrição do modo de salvação
O Senhor Jesus descreve o modo de salvação. Ele o chama 
16 FÉ GENUÍNA
de “porta estreita”, conforme constatamos em alguns textos bíblicos.
Existe uma porta que leva ao perdão, à paz com Deus e à 
vida no céu. Todos os que entram por esta porta serão salvos. E 
quanto necessitamos desta porta! O pecado é uma grande barreira 
entre os homens e Deus. O homem é um grande pecador; Deus é 
perfeito em santidade. Como é possível, então, os dois se 
aproximarem? Louvado seja Deus, existe uma maneira: uma estrada, 
uma porta, um caminho. Esta é a porta a respeito da qual Jesus 
fala.
Foi o Senhor Jesus Cristo quem fez esta porta para os 
pecadores. Ele a planejou na eternidade e, no devido tempo, veio 
ao mundo consumar esta porta, através de sua morte, na cruz, em 
favor dos pecadores. Ele pagou a dívida do pecado do homem e 
suportou a nossa punição. Esta porta custou-Lhe o próprio corpo e 
sangue. Através de sua morte, Ele fez uma porta pela qual os 
pecadores podem entrar na presença de Deus, sem temor. Jesus fez 
um caminho pelo qual os maiores pecadores podem se aproximar 
de Deus, desde que creiam nEle.
Esta porta é chamada estreita por uma boa razão. É estreita 
demais para aqueles que amam o pecado e não querem afastar-se 
dele. É estreita demais para aqueles que amam os prazeres 
pecaminosos do mundo ou que não desejam incomodar-se com a 
salvação de suas almas. É estreita demais para aqueles que possuem 
justiça própria e pensam que merecem ser salvos por causa de sua 
própria bondade. A porta é estreita demais para que estes passem.
Mas é a única porta através da qual você pode chegar ao 
céu. Não existe meio de contorná-la, nem há outra porta além desta. 
Todo aquele que é verdadeiramente salvo é salvo tão-somente por 
Cristo e, apenas, pela fé nEle. Você não pode merecer a salvação 
através do arrependimento ou de boas obras. Deve ser salvo 
unicamente por Cristo!
Entretanto, apesar de ser estreita, esta porta está sempre 
pronta para abrir. Nenhum pecador é proibido de adentrá-la; todo 
aquele que desejar pode entrar e ser salvo. A única condição é que 
reconheça seus pecados e deseje ser salvo por Cristo, na forma 
determinada por Ele. Você já está consciente de sua culpa e 
impureza? Então, pode entrar por esta porta. Não importa se você 
é um grande pecador, ou se é eleito, ou não. A única questão é 
esta: Você está consciente de seus pecados? Está desejando se colocar 
nas mãos de Cristo? Se a resposta é “sim”, a porta se abrirá a você 
imediatamente. Entre por ela hoje!
Esforço 17
Embora sejaentão o pecado 
não é um mal infinito e não havia necessidade de Cristo expiá-lo. O 
inferno tem de possuir infinita duração; doutra forma, deixaria de 
ser inferno, pois ser absolutamente destituído de esperança é uma 
de suas características.
Quinto, o inferno é um assunto a respeito do qual precisamos 
falar. A Bíblia fala sobre ele, e o Senhor Jesus Cristo foi quem 
mais ensinou a respeito do inferno. Portanto, não podemos ficar 
calados em relação a este assnto. É nosso dever alertar os homens 
sobre o perigo que eles correm. Se a casa de um homem estivesse 
em chamas, seria nosso dever gritar: “Fogo!” Da mesma maneira, 
precisamos alertar as pessoas sobre a realidade do inferno.
Rogo a cada leitor: tenha cuidado com pontos de vista falsos 
sobre este assunto. Esteja atento para não inventar seu próprio deus 
— um deus que é todo amor e destituído de santidade, um deus que 
na eternidade não fará separação entre os bons e os maus. Um deus 
assim é uma invenção humana. Não existe; não é o Deus da Bíblia.
Guarde-se de selecionar ou escolher em quais partes da 
Bíblia você acreditará. Você tem de aceitá-la como ela é. Deve lê- 
la completamente e crer nela toda. Você precisa achegar-se à Bíblia 
como uma pequena criança, dizendo: “Fala, Senhor, pois teu servo 
ouve”.
Conclusão
Concluindo, desejo recomendar-lhe fervorosamente quatro 
atitudes.
1. Reconheça que estes fatos são verdadeiros e reais. Procure 
compreender a seriedade deles e viva como alguém que acredita 
serem verdadeiros estes fatos.
2. Reconheça que deve importar-se com estes assuntos. Não 
são apenas para as outras pessoas. Você faz parte ou do trigo ou da 
palha. Algum dia você estará ou no céu ou no inferno.
3. Reconheça — caso você pretenda ser encontrado entre o 
trigo — que o Senhor Jesus Cristo está disposto a recebê-lo. Ele 
quer que seu celeiro esteja cheio de trigo! O Senhor Jesus está 
conduzindo muitos filhos à glória! Ele chorou sobre a Jerusalém 
A Grande Separação 135
incrédula. Ele o convida, agora mesmo, através das minhas palavras. 
Jesus diz claramente: “Não tenho prazer na morte do perverso, 
mas em que o perverso se converta de seu caminho e viva. Convertei- 
vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis 
de morrer...?” (Ez 33.11). Por que você não vem a Ele agora — 
agora mesmo? Se você está determinado a manter-se apegado aos 
seus pecados e ao mundo, eu já o alertei bastante. Só existe um 
destino para você — o fogo inextinguível. Mas, se você almeja ser 
salvo, o Senhor Jesus está pronto a salvá-lo. Ele diz: “Venha a 
mim, alma cansada; Eu lhe darei descanso. Venha a mim, alma 
culpada e pecadora; Eu lhe darei perdão gratuito. Venha, alma 
perdida e arruinada; Eu lhe darei vida eterna” (ver Mt 11.28).
4. Reconheça que, se você entregou sua alma a Cristo, Ele 
nunca lhe permitirá perecer. Os braços eternos estão ao seu redor. 
A mão que foi pregada na cruz está segurando-o agora. A sabedoria 
que criou o mundo está comprometida em sua segurança. Talvez a 
sua fé seja pequena, mas o importante é que seja real. Confie todos 
os seus cuidados a Jesus. Ele tem prazer em que confiemos nEle. 
Se no presente você faz parte do trigo de Cristo, certamente será 
recolhido para dentro do celeiro quando Ele vier novamente.
18
Eternidade
Não atentando nós nas cousas que se vêem, mas 
nas que se não vêem, porque as que se vêem são 
temporais, e as que se não vêem são eternas.
2 Coríntios 4.18
A eternidade é um dos assuntos mais solenes da Palavra 
de Deus. Nossas mentes mortais jamais conseguem entendê-la 
completamente, mas Deus falou a respeito dela em sua Palavra; 
portanto, devemos prestar muita atenção ao que Ele disse. Estou 
profundamente ciente de minha própria insuficiência em tratar 
deste assunto; contudo, oro para que Deus mesmo abençoe o que 
eu escrevo e plante as sementes da vida eterna nos corações de 
muitos leitores. Permita apresentar-lhe este assunto sob quatro 
tópicos.
1. Tudo neste mundo é temporário
Primeiro, quero considerar o fato de que vivemos em um 
mundo onde tudo é temporário. Tudo ao nosso redor está se 
degradando, morrendo, chegando ao fim. Qualquer que seja nossa 
138 FÉ GENUÍNA
atual condição de vida, também partiremos em breve. Beleza é 
apenas temporária. Sara foi uma mulher muito bonita, mas chegou 
o dia em que Abraão, seu marido, disse: “Dai-me a posse de 
sepultura convosco, para que eu sepulte a minha morta” (Gn 23.4). 
A resistência do corpo é apenas temporária. Davi foi um notável 
guerreiro, mas chegou o dia em que ele mesmo, em sua velhice, 
necessitou de atenção e cuidados tais como os que dispensamos a 
uma criança.
Esta é uma verdade dolorosa e humilhante, porém devemos 
prestar-lhe atenção. É uma verdade que o desafia, se você está 
vivendo somente para este mundo. Acordará você para o fato de 
que as coisas para as quais está vivendo são temporárias? Suas 
diversões e prazeres, seus negócios e lucros em breve acabarão, 
juntamente com todas as demais coisas em que você tem posto 
seu coração e sua mente. Você não é capaz de manter consigo 
estas coisas. Não poderá levá-las à eternidade. O mundo está 
perecendo. Dará você ouvidos ao que Deus afirmou em sua 
Palavra? “Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da 
terra” (Cl 3.2). “O mundo passa, bem como a sua concupiscência; 
aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente” 
(1 Jo2.17).
Entretanto, se você é um verdadeiro cristão, esta mesma 
verdade deve animá-lo e confortá-lo. Todas as suas provações e 
conflitos são temporários. Brevemente chegarão ao fim. Suporte- 
os com paciência e olhe para além deles. Sua cruz logo será trocada 
por uma coroa, e você se assentará com Abraão, Isaque e Jacó no 
reino de Deus.
2. Tudo no inundo por vir é eterno
Em segundo lugar, desejo que você perceba que estamos 
todos indo para um mundo onde tudo é eterno. Neste aspecto, o 
mundo invisível que está além do túmulo difere completamente 
deste em que vivemos. Se a condição ali é de felicidade ou miséria, 
de alegria ou sofrimento, ela o será para sempre — “as que se não 
vêem são eternas”. É quase impossível às nossas mentes assimilarem 
tudo o que isto envolve. Mas a Bíblia revela estes fatos. Portanto, 
precisamos ouvi-la.
Deixemos bem claro, em nossas mentes, que a felicidade 
futura dos salvos é eterna. A herança do povo de Deus é “in- 
Eternidade 139
corruptível, sem mácula, imarcescível” (1 Pe 1.4). Eles receberão 
a “imarcescível coroa da glória” (1 Pe 5.4). À destra de Deus “há 
delícias perpetuamente” (SI 16.11). A batalha deles findará, a sua 
luta terminará, e sua obra estará consumada. Nunca mais terão 
fome ou sede. O povo de Deus está viajando para um lar que 
jamais será desfeito, para uma inseparável reunião de família, 
para um dia sem noite. Eles estarão “para sempre com o Senhor” 
(1 Ts4.17).
Igualmente, deixemos bem claro que a futura miséria dos 
perdidos também será eterna. Esta é uma verdade horrível, na qual 
naturalmente evitamos pensar. Mas está revelada com clareza nas 
Escrituras, e não ouso me calar a respeito dela. A felicidade eterna 
e a miséria eterna estão lado a lado. A duração de uma é a mesma 
da outra. O céu é eterno, e o inferno também. A alegria do crente 
é eterna, e a miséria do perdido também.
Aqueles que pensam não ser eterno o futuro castigo gostam 
de falar sobre o amor de Deus e dizer que o castigo eterno contradiria 
a misericórdia e a compaixão de Deus. Mas ninguém jamais 
demonstrou tanto amor, misericórdia e compaixão como o Senhor 
Jesus Cristo. Porém, foi Ele quem falou sobre o lugar “onde não 
lhes morre o verme, nem o fogo se apaga” (Mc 9.48). Também foi 
Ele quem declarou que os ímpios irão para o “castigo eterno” e os 
justos, para a “vida eterna” (Mt 25.46)1. Todos conhecem a 
magnífica passagem de 1 Coríntios 13, na qual o apóstolo Paulo 
escreveu sobre o amor. Porém, este mesmo apóstolo disse que os 
malditos “sofrerão penalidade de eterna destruição” (2 Ts 1.9). O 
apóstolo João fala muito sobreo amor de Cristo em seu evangelho 
e em suas cartas. Porém, este mesmo apóstolo escreveu o livro do 
Apocalipse, que enfatiza tão fortemente a realidade e a eternidade 
do futuro castigo.
Não ousemos pensar que sabemos melhor do que a Bíblia 
sobre este assunto. A humanidade caiu em pecado, quando 
acreditaram na mentira de Satanás: “É certo que não morrereis” 
(Gn 3.4). Em nossos dias, Satanás ainda engana os homens com a 
mesma mentira. Ele persuade os homens dizendo-lhes que podem 
viver e morrer em pecado e que, assim mesmo, serão salvos em 
algum tempo no futuro. Não sejamos ignorantes quanto às suas 
artimanhas. Apeguemo-nos com firmeza à verdade da Palavra de 
Deus. Ele revelou que a felicidade dos salvos é eterna e que a 
miséria dos perdidos também é eterna.
Se não sustentamos e afirmamos esta terrível verdade, 
140 FÉ GENUÍNA
estamos atacando o âmago do cristianismo bíblico. Qual foi o 
objetivo, então, do Filho de Deus em se tornar homem, agonizar 
no Getsêmani e morrer na cruz pelos nossos pecados, se, no final, 
os homens poderão ser salvos mesmo deixando de crer nEle? 
Entretanto, a Bíblia não faz qualquer sugestão de que a fé salvadora 
em Cristo pode começar após a morte. E que necessidade haveria 
da obra do Espírito Santo, se os pecadores poderão, no final, 
entrar no céu mesmo deixando de se converterem e sem possuírem 
um novo coração? Mas não há a menor evidência bíblica de que 
alguém poderá nascer de novo e receber um novo coração após 
ter morrido sem Cristo. Se fosse possível um homem que não 
possui a fé em Cristo e a santificação do Espírito Santo escapar 
do castigo eterno, então o pecado não seria um mal infinito e 
tampouco haveria necessidade de Cristo ter feito expiação por 
ele.
Se não sustentamos e afirmamos esta verdade, encorajamos 
as pessoas a continuarem no pecado. Por que os homens deveriam 
se arrepender e tomar cada um a sua cruz, se podem viver e morrer 
em pecado e, assim mesmo, entrar no céu?
Se não cremos na eternidade do castigo, não podemos 
coerentemente crema eternidade do céu. Estas doutrinas mantém- 
se de pé ou caem juntas. Na Bíblia, a mesma linguagem é utilizada 
a respeito de ambas.
Concluo esta parte de meu estudo com um profundo 
sentimento de quão doloroso é este assunto. É difícil abordá-lo de 
maneira amável, mas, se cremos na Bíblia, nunca precisamos deixar 
de lado qualquer de seus ensinamentos. Os homens podem falar 
sobre a misericórdia de Deus, seu amor, sua compaixão e ignorar 
sua santidade, sua pureza, sua justiça, sua imutabilidade e sua 
aversão ao pecado. Nós, porém, temos de cuidar para não cair 
neste erro. Devemos crer em Deus como Ele é. Precisamos crer 
naquilo que Ele revelou sobre Si mesmo.
No Salmo 145, encontramos uma bela descrição da 
misericórdia de Deus. “Benigno e misericordioso é o Senhor, 
tardio em irar-se e de grande clemência. O Senhor é bom para 
todos, e as suas ternas misericórdias permeiam todas as suas obras” 
(vv. 8-9). “O Senhor sustém os que vacilam e apruma todos os 
prostrados” (v. 14). “Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, 
benigno em todas as suas obras. Perto está o Senhor de todos os 
que o invocam, de todos os que o invocam em verdade” (vv. 17- 
18). “O Senhor guarda a todos os que o amam” (v. 20). Quão 
Eternidade 141
marcante, então, é ler o que vem a seguir: “Porém os ímpios 
serão exterminados”.
3. O nosso destino eterno dependerá do que somos hoje
Em terceiro lugar, desejo que você considere o fato de que 
o nosso destino eterno depende inteiramente daquilo que somos 
hoje. Nossas vidas neste mundo são muito curtas. “Que é a vossa 
vida? Sois apenas como neblina que aparece por instante e logo se 
dissipa” (Tg 4.14). Embora nossa vida na terra seja tão curta, a 
nossa condição na eternidade por vir depende dela. A Bíblia declara 
que Deus “retribuirá a cada um segundo o seu procedimento: a 
vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, 
honra e incorruptibilidade; mas ira e indignação aos facciosos, que 
desobedecem à verdade e obedecem à injustiça” (Rm 2.6-8).
Jamais devemos esquecer que esta vida é um estado de 
provação para todos nós. A cada dia estamos plantando sementes 
que crescerão e darão frutos. Existem conseqüências eternas 
resultando de nossos pensamentos, palavras e ações. “De toda 
palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia 
do juízo” (Mt 12.36). Paulo diz: “O que semeia para a sua própria 
carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito 
do Espírito colherá vida eterna” (G1 6.8). O que semeamos nesta 
vida colheremos após a morte; e isto, para toda a eternidade.
A Bíblia ensina claramente que a condição na qual morremos 
é a condição na qual ressuscitaremos, quando soar a última trombeta. 
Não há arrependimento no túmulo. Não há conversão após a morte. 
Agora é a hora de crermos em Cristo e de nos apossarmos da vida 
eterna. Agora é a hora de nos voltarmos das trevas para a luz e 
tornarmos seguras a nossa chamada e a nossa eleição. Se deixarmos 
este mundo sem nos havermos arrependido e crido em Cristo, 
descobriremos que teria sido melhor nunca havermos nascido.
À luz de tudo isto, observe como devemos utilizar 
cuidadosamente o nosso tempo! Lembre-se de que suas horas e 
dias, semanas e anos, todos estão acumulando-se para uma condição 
eterna após o túmulo. Não se esqueça deste fato especialmente quanto 
ao uso dos meios da graça. Jamais seja descuidado em relação às 
suas orações diárias e à sua leitura bíblica, A maneira como você 
passa o dia do Senhor e à sua atitude nos momentos de adoração na 
igreja. Lembre-se disto, também, quando você for tentado a fazer 
142 FÉ GENUÍNA
o mal. Satanás sussurrará: “Este é apenas um pecado insignificante. 
Não haverá problema algum. Todo mundo o faz”. Mas você deve 
olhar para além do tempo, para o mundo invisível da eternidade, e 
encarar a tentação à luz das suas conseqüências eternas.
4. Precisamos olhar somente para Cristo, tanto no tempo 
presente quanto na eternidade
Em quarto lugar, desejo que você considere a verdade de 
que o Senhor Jesus Cristo é o grande Amigo a quem todos devemos 
recorrer em busca de ajuda, tanto para esta vida quanto para a 
eternidade. Jamais seremos capazes de proclamar, de forma completa 
ou com voz demasiadamente alta, o propósito pelo qual Cristo veio 
ao mundo. Ele veio para nos dar esperança e paz, enquanto vivemos 
em meio às coisas que “são temporais”; e glória e santidade quando 
formos viver em meio às coisas que “são eternas”. Por meio de 
Cristo, um homem mortal é capaz de passar, com tranquilidade, 
pelas coisas que “são temporais” e esperar as coisas que “são 
eternas”.
Estes privilégios foram comprados ao custo do próprio 
sangue de Cristo. Ele se tornou nosso substituto, levou nossos 
pecados em seu próprio corpo, na cruz, e ressuscitou para nossa 
justificação. Cristo “morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo 
pelos injustos, para conduzir-nos a Deus” (1 Pe 3.18). Aquele que 
não cometeu qualquer pecado foi punido pelos nossos pecados, a 
fim de que nós, miseráveis criaturas pecadoras, pudéssemos ter 
perdão e justificação, enquanto vivemos; e glória e santidade, quando 
morrermos.
Todas estas coisas que Cristo comprou estão disponíveis 
gratuitamente para todo aquele que se arrepender de seus pecados, 
vier a Cristo e crer nEle. “Se alguém tem sede, venha a mim e 
beba” (Jo 7.37). “O que vem a mim, de modo nenhum o lançarei 
fora” (Jo 6.37). “Crê no Senhor Jesus e serás salvo” (At 16.31). 
“Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida 
eterna” (Jo 3.16).
A pessoa que tem Cristo pode olhar à sua volta, para as 
coisas que “são temporais” sem ficar desanimada. Ela possui um 
tesouro no céu, onde a traça ou a ferrugem não podem destruir e 
onde ladrões não entram, nem roubam (Mt 6.20). Ela pode esperar, 
sem medo e inquietação, as coisas que “são eternas”. O seu Salvador 
Eternidade 143
ressuscitou e foi preparar-lhe um lugar. Ao partir deste mundo, 
estapessoa terá uma coroa de glória e estará para sempre com o 
Senhor. Mas tenhamos perfeitamente claro em nossas mentes que 
só existe uma maneira de desfrutar estas coisas. Precisamos ter 
Cristo como nosso Salvador e Amigo. Temos de, pela fé, apropriar- 
nos de Cristo e, enquanto estivermos neste corpo, viver uma vida 
de fé no Filho de Deus (G1 2.20). Quão feliz é o homem ou a 
mulher que verdadeiramente crê em Cristo! Quando John Knox, o 
reformador escocês, estava morrendo e não podia mais falar, um 
empregado pediu-lhe que levantasse a mão como um sinal de que o 
evangelho por ele pregado durante sua vida estava agora lhe trazendo 
conforto na morte. Knox, às portas da morte, ouviu-o e levantou a 
mão três vezes. Então, ele partiu. Digo-o novamente: feliz é o 
homem ou a mulher que crê no Senhor Jesus! Se você e eu estamos 
sem conforto agora e sem esperança para o futuro, a culpa é 
inteiramente nossa. É porque não queremos achegar-nos a Cristo 
para termos vida (Jo 5.40).
Conclusão
Termino este capítulo fazendo quatro perguntas, a fim de 
ajudar-lhe a examinar a si mesmo.
1. Como você está usando o seu tempo? A vida é muito 
curta e incerta. Ela acabará logo. O que você está fazendo a respeito 
de sua alma imortal? Você está perdendo seu tempo ou usando-o 
sabiamente? Você está se preparando para encontrar-se com Deus?
2. Onde você estará na eternidade? A eternidade em breve 
— muito breve — chegará até você. Onde você estará, então? Você 
estará entre os perdidos ou entre os salvos? Oh! Não descanse até 
que sua alma esteja salva! Morrer despreparado e cair nas mãos do 
Deus vivo é algo terrível.
3. Você deseja estar salvo tanto no tempo presente quanto 
na eternidade? Então busque a Cristo, creia nEle. Venha a Cristo 
do jeito que você está. Busque-0 enquanto Ele pode ser encontrado. 
Invoque-0 enquanto Ele está perto. Não é tarde demais. Cristo 
aguarda para ter misericórdia de você. Antes que a porta seja fechada 
e o julgamento comece, arrependa-se, creia nEle e seja salvo.
4. Você deseja ser feliz? Então, entregue-se a Cristo e viva 
pela fé nEle. Siga-O com todo o seu coração, alma, mente e força. 
Procure conhecê-Lo melhor a cada dia. Se você fizer isto, terá 
144 FÉ GENUÍNA
grande paz enquanto passa pelo mundo presente e estará apto a 
esperar, com uma confiança infalível, o mundo invisível por vir. 
Você poderá reconhecer e experimentar que “se a nossa casa 
terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus 
um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2 Co 5.1).
1 A mesma palavra grega é usada para descrever tanto a duração do 
castigo quanto a da vida.
Apêndice 
O Dia do Senhor
Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. 
Êxodo 20.8 
Achei-me em espírito, no dia do Senhor.
Apocalipse 1.10
O assunto sobre o dia do Senhor gera muita confusão entre 
os cristãos. Muitos não têm certeza se Deus estabeleceu ou não um 
dia especial de descanso e adoração para os cristãos. Eles não têm 
certeza se é certo ou errado trabalhar ou praticar esportes aos 
domingos. Porém, este assunto é de imensa importância; o bem- 
estar da igreja está intimamente ligado ao dia do Senhor. Pretendo 
examinar três fatos relacionados a este assunto.
1. A autoridade do dia do Senhor
Primeiramente consideremos a questão: qual é a nossa 
autoridade para observar o dia do Senhor? Muitos cristãos pensam 
que o dia do Senhor é simplesmente um dia que a igreja, por si 
mesma, escolheu para a adoração e que não encontra autoridade na 
Palavra de Deus. Eles o vêem como se não tivesse qualquer conexão 
146 FÉ GENUÍNA
com o sábado do Antigo Testamento. Pensam que o princípio de 
que um dia em cada sete devia ser completamente separado para 
Deus era uma ordenança para os judeus e não tem lugar na vida 
cristã.
Acredito que tais cristãos estão errados. Creio firmemente 
que o separar um dia em cada sete faz parte da eterna lei de Deus. 
E uma das leis permanentes que Deus revelou com o propósito de 
guiar toda a humanidade. É verdade que, desde a ressurreição de 
Cristo, os cristãos têm observado o primeiro dia da semana e não o 
sétimo, mas isto não muda nem um pouco o grande princípio de 
que um dia em sete pertence a Deus. A partir da Palavra de Deus, 
desejo mostrar-lhe a importância deste princípio.
a) Vejamos inicialmente a história da criação. Esta nos 
relata: “Abençoou Deus o dia sétimo e o santificou” (Gn 2.3). 
Logo no início da história temos o princípio de que um dia em cada 
sete é separado para Deus. Isto foi antes do homem cair em pecado 
e antes de existir a nação judaica. Certamente isto revela que é a 
vontade de Deus que este princípio seja para toda a humanidade em 
todas as gerações.
b) Vejamos agora a entrega da lei no monte Sinai. É 
extremamente importante percebermos que existe uma clara distinção 
entre os Dez Mandamentos e o resto da lei de Moisés. Somente os 
Dez Mandamentos foram proclamados aos ouvidos de todo o povo 
de Israel. Então, depois que Deus falou com eles, a Bíblia afirma 
expressamente: “E nada acrescentou” (Dt 5.22). É certo que muitos 
outros mandamentos foram dados por Deus ao povo de Israel, mas 
Ele não acrescentou nem ao menos um outro do mesmo tipo dos 
Dez Mandamentos. A entrega dos Dez Mandamentos foi acom­
panhada por trovões, relâmpagos e terremoto, a fim de enfatizar a 
sua importância e singularidade. Somente os Dez Mandamentos 
foram escritos por Deus mesmo em tábuas de pedra. Somente os 
Dez Mandamentos foram colocados dentro da Arca da Aliança. 
Através destes fatos, Deus evidenciou que os Dez Mandamentos 
eram diferentes de todas as outras leis dadas por intermédio de 
Moisés.
Entretanto, não se pode negar que nove destes Mandamentos 
tratam de assuntos morais-, manifestam princípios que são válidos 
para toda a humanidade em todas as gerações. E, entre estes 
mandamentos, encontramos a lei sobre o sábado. Ao colocar a sua 
lei sabática em meio a estes mandamentos, certamente Deus estava 
declarando que tal lei possui o mesmo caráter dos outros 
0 Dia do Senhor 147
mandamentos. Além disso, percebemos que, de todos os Dez 
Mandamentos, a lei sobre o sábado é a mais longa, a mais completa 
e a mais detalhada. À luz destes fatos, não posso acreditar que era 
a intenção de Deus que o princípio sobre o sábado fosse apenas 
temporário.
c) Vejamos agora os escritos dos Profetas do Antigo 
Testamento. Encontramos os profetas falando reiteradamente a 
respeito da quebra do sábado, bem como a respeito de terríveis 
transgressões da lei moral (ver, por exemplo, Ez 20.13,16,24 e 
22.8,26). Nós os encontramos falando sobre isto como um dos 
grandes pecados que trouxe julgamento sobre Israel e levou os judeus 
ao cativeiro (ver Ne 13.18 e Jr 17.19-27). Parece claro, portanto, 
que eles colocavam a observância do sábado em uma categoria bem 
diferente da observância da lei cerimonial. Isto sugere, com bastante 
ênfase, que o princípio concernente ao sábado não tinha o propósito 
de ser abolido juntamente com a lei cerimonial.
d) Vejamos agora os ensinos de nosso Senhor Jesus Cristo 
quando esteve na terra. O Senhor Jesus nunca proferiu uma só 
palavra sugerindo que qualquer dos Dez Mandamentos seria 
cancelado. Pelo contrário, Ele declarou: “Não vim para revogar, 
vim para cumprir” (Mt 5.17). Sinto-me satisfeito por Ele ter dito 
estas palavras com referência à lei moral dos Dez Mandamentos. O 
Senhor Jesus falou dos Dez Mandamentos como um reconhecido 
padrão daquilo que é moralmente certo e errado (Mc 10.19). Quando 
se referiu ao sábado, Ele o fez sempre para corrigir as adições 
supersticiosas dos fariseus à lei de Moisés. Jesus não disse cousa 
alguma sugerindo que o grande princípio seria modificado.
e) Vejamos agora os escritos dos apóstolos. Os apóstolos 
escreveram muito sobre a natureza temporária da lei cerimonial. 
Mas nunca sugeriram que qualquer dos Dez Mandamentos havia 
sido cancelado. Ao contrário, recorreram ao decálogo como um 
padrão aceitável de conduta cristã. Por exemplo, quando Paulo 
desejouensinar o dever das crianças para com seus pais, 
simplesmente citou o quinto mandamento: “Honra a teu pai e a tua 
mãe (que é o primeiro mandamento com promessa)” (Ef 6.2).
f) Vejamos agora a prática dos apóstolos. Há grande ênfase 
no Novo Testamento sobre o “primeiro dia da semana” (Mt 28.1; 
Mc 16.2,9; Lc 24.1; Jo 20.1,19; At 20.7; 1 Co 16.2). Está claro 
que os apóstolos guardavam este dia — o dia da ressurreição do 
Senhor — como um dia santo. Em Atos 20.7, vemos que este foi o 
dia em que os discípulos se reuniram “com o fim de partir o pão”.
148 FÉ GENUÍNA
Em 1 Coríntios 16.2, verificamos que este foi o dia em que eles 
tiveram de fazer a “coleta para os santos”. Apocalipse 1.10 refere- 
se a este dia como “o dia do Senhor”.
Obviamente, este “dia do Senhor” não era o mesmo dia da 
semana do sábado judeu. Sob a inspiração de Deus, os apóstolos 
trocaram o sétimo dia pelo primeiro dia da semana, por ter sido 
este o dia em que o Senhor Jesus ressuscitou dentre os mortos. Mas 
o princípio permanece o mesmo: um dia, em cada sete, separado 
para Deus. O espírito do quarto mandamento não sofreu qualquer 
alteração. Assim como o descanso sabático no sétimo dia, o dia do 
Senhor, o primeiro da semana, é um dia de descanso após seis dias 
de trabalho.
Peço-lhe, então, que preste muita atenção a estes argumentos 
tirados da Escritura. Parece claro, para mim, que o povo de Deus, 
em todas as gerações, tem guardado um dia em cada sete como um 
dia de Deus; e nós devemos fazer o mesmo.
2. O propósito do dia do Senhor
Por que Deus estabeleceu que um dia em cada sete devia 
ser reservado para Ele mesmo? Devemos explicar isto com clareza, 
embora não seja difícil entendê-lo. Ele nos deu este dia para o 
nosso bem. Este dia nunca foi separado com o propósito de ser um 
fardo, e, sim, uma bênção. Devido à sua misericórdia, Deus nos 
concedeu este dia. É para o bem de toda a humanidade.
Em primeiro lugar, faz bem ao corpo do homem. Todos 
necessitamos de um dia de descanso. Nossos corpos não podem 
funcionar adequadamente sem períodos regulares de descanso; e 
Deus providenciou isto para nós.
Em segundo, faz bem à mente do homem. Assim como 
nosso corpo, nossa mente precisa de descansos regulares.
Em terceiro, faz bem à sociedade. A sociedade que 
reconhece o dia de Deus será beneficiada em duas formas. Isto é 
benéfico ao caráter de seu povo e tende a produzir prosperidade. 
Ao longo de um ano, o povo que regularmente descansa um dia em 
cada sete trabalhará mais e melhor do que o povo que não obedece 
este padrão de trabalho e descanso. Seus corpos serão mais fortes e 
suas mentes mais saudáveis. Este povo terá maior capacidade de se 
aplicar ao trabalho e de perseverar nele.
Em quarto, faz um bem genuíno à alma do homem. A alma 
O Dia do Senhor 149
tem necessidades tanto quanto a mente e o corpo. Neste mundo, 
somos tentados a nos deixar prender às nossas preocupações 
terrestres e a esquecer nosso bem-estar espiritual. Separar um dia 
em cada sete para Deus é uma provisão das mais sábias e 
misericordiosas para evitar que isto aconteça. O dia do Senhor 
torna-se um tipo de antegozo do céu, recordando-nos que um dia 
todos os crentes serão tirados deste mundo. Mas, quando alguém 
negligencia este dia, geralmente acontece que sua fé cristã deteriora- 
se em extremo.
Devemos compreender, então, que ter um dia separado para 
Deus é um grande privilégio. Contribui para o nosso bem e, ao 
mesmo tempo, é um privilégio que deveríamos honrar muito.
3. Como o dia do Senhor deve ser guardado
Ao procurarmos saber como devemos guardar o dia do 
Senhor, não devemos nos preocupar com as diferentes opiniões 
dos homens, mas com a vontade de Deus revelada em sua Palavra. 
Nela encontramos duas regras gerais estabelecidas para nossa 
orientação. Todas as questões específicas devem ser decididas de 
acordo com estas duas regras gerais.
A primeira regra básica é que o dia do Senhor deve ser 
guardado como um dia de descanso. É certo que trabalhos de 
necessidade e de misericórdia podem ser feitos, como o próprio 
Senhor Jesus ensina claramente. É lícito fazer qualquer coisa 
necessária para preservar e manter a vida — seja a vida humana ou 
a de nossos animais — e fazer o bem às almas dos homens. Mas, 
tanto quanto possível, devemos cessar todo o trabalho — o trabalho 
mental e o trabalho físico. O quarto mandamento esclarece isto: 
“Não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua 
filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o 
forasteiro das tuas portas para dentro” (Êx 20.10).
A segunda grande regra é que o dia do Senhor deve ser 
mantido santo. O “descanso” do dia do Senhor tem de ser um 
descanso santo, um descanso no qual atendemos às necessidades de 
nossas almas, cuidamos de assuntos eternos e da nossa comunhão 
com Deus e Cristo. É o dia do Senhor.
Um grande número de pessoas não tentam de forma alguma 
manter este dia santo. Muitos passam o dia ou em atividades sociais, 
ou tratando de negócios, ou viajando, ou lendo jornais e romances, 
150 FÉ GENUÍNA
ou conversando sobre política, ou em um bate-papo ocioso. Para 
eles, é um dia para qualquer atividade, menos para ocuparem-se 
com as coisas de Deus. Este tipo de atitude está completamente 
errado. Sei que muitos agem em ignorância, fazendo simplesmente 
o que seus pais costumavam fazer, mas isto não muda o fato de que 
tal comportamento está completamente errado. É impossível afirmar 
que, agindo desta maneira, tais pessoas estão mantendo “santo” o 
dia do Senhor. Não importa quão triviais estes assuntos pareçam, 
são exemplos de coisas que impedem os homens de buscarem a 
Deus no seu dia e de se beneficiarem com isto.
Aqueles que criam trabalhos para outros realizarem no dia 
do Senhor estão igualmente errados. Todos necessitam do dia de 
descanso e adoração que Deus estabeleceu. Este dia não é apenas 
para você, mas também para “teu filho,... tua filha,... teu servo,... 
tua serva,... teu boi,... teu jumento,... animal algum teu,... o 
estrangeiro das tuas portas para dentro, para que o teu servo e a 
tua serva descansem como tu” (Dt 5.14).
Não sou um fariseu. Nem por um momento desejo que um 
homem que tenha trabalhado arduamente por seis dias pense que 
me oponho à sua atitude de adotar uma forma lícita de relaxar seu 
corpo no dia do Senhor. Não vejo mal algum em uma caminhada 
tranquila no domingo, desde que esta não tome o tempo reservado 
para a adoração pública e que seja genuinamente tranquila, como 
aquela de Isaque em Gênesis 24.63. Nosso Senhor e seus discípulos 
caminharam por campos de cereais em um sábado. Mas eu lhe 
digo: cuidado para não transformar esta liberdade em libertinagem. 
Cuidado para não prejudicar o bem-estar espiritual de outros, 
enquanto busca descanso para si mesmo. Lembre-se: você tem uma 
alma, bem como um corpo, para cuidar.
Não estou defendendo o fanatismo. Não digo a pessoa 
alguma que ela tem de orar, ler a Bíblia, ir à igreja ou meditar o dia 
todo, aos domingos. Estou pedindo somente que o domingo seja 
guardado como um descanso santo. Deus deve ser mantido em 
vista. A sua Palavra deve ser estudada. Devemos nos encontrar 
com o seu povo para adoração. Devemos tratar dos assuntos 
relevantes para o nosso bem-estar espiritual. Afirmo que, tanto 
quanto possível, deve ser evitada qualquer coisa que nos impeça de 
manter santo o dia do Senhor.
Não admiro qualquer tipo de religião melancólica. Por 
favor, não pense que pretendo que o dia do Senhor seja um dia de 
tristeza e infelicidade. Desejo que todo o cristão seja uma pessoa 
0 Dia do Senhor 151
feliz; que tenha “alegria e paz em crer” e que “se regozije na 
esperança da glória de Deus”. Almejo que todos considerem o dia 
do Senhor como o mais esperançoso, o mais alegre dia da semana. 
Se você pensa que o tipo de domingo que estou advogando seja 
tedioso, monótono, então devo dizer-lhe que há algo errado com o 
estado de seu coração. Se você não é capaz de se alegrar em um 
domingo santo, a falta não estáno dia, mas em seu próprio coração.
Muitos pensarão que estou estabelecendo um padrão elevado 
demais com relação ao guardar o dia do Senhor. Aqueles que não 
gostam de pensar sobre as coisas espirituais, aqueles que são do 
mundo, que amam o dinheiro e os prazeres dirão que estou pedindo 
algo impossível. Mas a única questão com a qual me preocupo é 
esta: o que a Bíblia ensina? Não devemos rebaixar os padrões de 
Deus ao nível dos padrões do homem; pelo contrário, temos de 
extrair da Palavra de Deus os nossos padrões.
O que estou ensinando sobre o guardar o dia do Senhor é 
apenas o que os melhores e mais santos cristãos de todas as igrejas 
e nações têm ensinado e praticado. Raramente têm havido exceções. 
É impressionante observar como eles concordam neste ponto. 
Aqueles que têm discordado em muitos pontos — mesmo quanto 
aos fundamentos a respeito do dia a ser guardado — têm mostrado 
uma concordância a respeito de como este dia deve ser guardado.
Acredito que qualquer pessoa que pensa, com calma e 
racionalidade, sobre as coisas por vir perceberá que o padrão para 
se guardar o dia do Senhor, padrão este que defendo aqui, não é 
elevado demais. E verdade que todos nós teremos de morrer e 
comparecer diante de Deus? Se assim é, certamente não é demais 
dedicarmos um dia em cada sete para Deus. Não é demais testarmos 
a condição em que nos encontramos para comparecer à presença de 
Deus passando o seu dia em especial preparo para isto. Acredito 
que o bom senso, a razão e a consciência se combinam para nos 
dizer que, se não podemos reservar um dia da semana para Deus 
nesta vida, não estamos vivendo como quem espera passar a 
eternidade com Ele.
Um apelo final
1. Apelo a todo aquele que não guarda o dia do Senhor 
como um dia santo. Quero lembrar-lhe: você deverá prestar contas 
a Deus no grande Dia do Julgamento. Mas quão desqualificado
152 FÉ GENUÍNA
você está para comparecer diante dEle! Você não está preparado 
para apresentar-se a Deus. Na terra, você não pode dedicar a Deus 
um dia em cada sete. É fatigante para você empregar apenas um 
sétimo do seu tempo em procurar conhecê-Lo melhor. Como, então, 
é possível que você esteja preparado para passar a eternidade com 
Ele?
Apelo a você: pare e pense! Arrependa-se e mude as suas 
atitudes! Confesse os seus pecados diante do trono da graça e 
suplique perdão através daquele sangue que o “purifica de todo 
pecado”. Comece imediatamente a frequentar uma igreja onde você 
ouvirá a pregação do evangelho. Organize seu tempo aos domingos, 
de modo que seja capaz de, com quietude e seriedade, meditar nas 
coisas eternas. Evite qualquer pessoa que o levará a conversar 
somente sobre as coisas deste mundo. Pegue sua Bíblia e comece a 
lê-la seriamente. Aconselho-o a fazer estas coisas e a fazê-las sem 
demora. Pode ser difícil no começo, mas vale a pena. Faça-as, 
pelo bem-estar eterno de sua alma!
2. Por último, apelo a todo aquele que com sinceridade 
ama o Senhor Jesus Cristo e deseja servi-Lo. Primeiramente, peço- 
lhe que examine a sua própria prática no que se refere a guardar o 
dia do Senhor como um dia santo. Você está usando-o tão 
cuidadosamente quanto deveria? Em segundo lugar, peço-lhe que 
faça tudo o que puder a fim de promover o guardar o dia do Senhor 
por outras pessoas. Mas lembre-se: não basta ser negativo e protestar 
contra o modo como as pessoas tratam o dia de Deus. Temos de 
evangelizar. Temos de pregar as boas-novas de Cristo. Precisamos 
mostrar um melhor caminho às pessoas. Somente então veremos 
sociedades transformadas, homens e mulheres verdadeiramente 
buscando e honrando a Deus no dia do Senhor.
No inundo de hoje, aquilo que "funciona" tem se 
tornado o fator mais determinante para valorizar a fé 
ou a religião de alguém. Neste livro, J. C. Ryle define 
claramente, em uma maneira fácil de ler, a verdadeira 
fé bíblica, oferecendo aplicações práticas e realistas a 
respeito da fé. Não é permitido ao leitor esquecer as 
bases escriturísticas que fundamentam a fé genuína, 
visto que Ryle, profundo conhecedor da Palavra de 
Deus, vale-se de referências bíblicas específicas e 
direciona toda a sua explanação à obra salvífica de 
nosso Senhor Jesus Cristo. Também não é permitido ao 
leitor esquecer que a resposta adequada à salvação é 
uma atitude de constante gratidão e uma evidente 
mudança no estilo de vida. Em sua abordagem da 
aplicação da fé genuína, o autor se utiliza de assuntos 
que, embora frequentemente negligenciados ou 
evitados, são muito relevantes, como por exemplo: a 
auto-análise, a atitude do crente em relação ao mundo, 
bem como a grande separação entre os que possuem a 
fé genuína e os que não a possuem, o que acontecerá 
no fim dos tempos. Portanto, em dias em que a 
verdadeira fé bíblica é constantemente descartada, 
menosprezada ou modificada a fim de acomodar-se ao 
conceito mundano de "funciona ou não funciona", J. 
C. Ryle, em seu livro "Fé Genuína", provê aplicações 
práticas e viáveis à imutável, verdadeira e genuína fé 
bíblica.estreita, milhares já entraram por esta porta e 
foram salvos. Nenhum pecador jamais foi recusado, ou lhe foi dito 
ser ele demasiadamente ímpio. Até mesmo àqueles que foram maus 
em excesso não foi recusada a entrada. Tão logo bateram, Aquele 
que construiu a porta ordenou que os deixassem entrar.
Manasses, aquele perverso rei de Judá, veio a esta porta. 
Ele era culpado de idolatria e assassinato, inclusive de seus próprios 
filhos. Mas, quando seus olhos foram abertos e ele percebeu os 
seus pecados, correu a esta porta, e lhe foi permitido entrar.
Saulo, o fariseu, veio a esta porta. Ele blasfemava do Senhor 
Jesus Cristo e perseguia o seu povo. Tentara silenciar o evangelho. 
Mas, ao descobrir a sua culpa e correr até à porta, que abriu-se 
para ele, foi salvo.
Muitos dos judeus que crucificaram o Senhor Jesus vieram 
a esta porta. Haviam traído e crucificado o Filho de Deus. Mas, em 
resposta à pregação de Pedro, seus corações foram tocados, a porta 
se abriu e eles foram salvos. Desde que a Bíblia foi escrita, milhares 
e milhares de pessoas, de todos os países e níveis sociais, já vieram 
a esta porta e foram salvos. O meu profundo desejo é que você 
também entre por esta porta e seja salvo.
Pense quão grande é o privilégio de ter uma porta como 
esta. Muitos viveram e morreram sem a conhecerem; mas você a 
tem claramente colocada diante de si, ou seja, tem Cristo sendo 
proclamado a você. A salvação lhe tem sido apresentada como uma 
dádiva. Cuidado, não negligencie esta porta e pereça por causa de 
sua incredulidade.
Quão grato você deveria estar, se já entrou por esta porta! 
Está perdoado! Está pronto para a morte e para o juízo, bem como 
para qualquer coisa que lhe possa acontecer na vida terrena. Que 
grandiosa razão você tem para viver uma vida de alegria e louvor 
por causa da misericórdia de Deus!
2. Uma ordem clara
Jesus nos ordena: “Esforçai-vos por entrar”. Com 
frequência, podemos aprender muito de uma simples palavra da 
Bíblia, e, com certeza, é possível receber muita instrução a partir 
de “esforçai-vos”.
“ESFORÇAI-VOS” nos ensina que devemos, diligen­
temente, utilizar os meios estabelecidos por Deus a fim de que O 
18 FÉ GENUÍNA
busquemos. Devemos empenhar-nos na leitura da Bíblia e em ouvir 
a pregação do evangelho.
“ESFORÇAI-VOS” nos ensina que Deus lidará conosco 
como seres responsáveis. Não devemos ficar parados, sem fazer 
nada, pois Cristo nos exorta: “Venham, arrependam-se, creiam, 
trabalhem, peçam, busquem e batam”. Nossa salvação é 
completamente de Deus; a nossa ruína, se estamos perdidos, é 
inteiramente nossa.
“ESFORÇAI-VOS” nos ensina que podemos esperar 
oposição e lutas árduas, se nossas almas têm de ser salvas. O diabo 
nunca nos deixará escapar sem uma batalha. Nossos próprios 
corações, que têm amado as coisas pecaminosas, nunca se 
converterão às coisas espirituais sem dificuldade. O mundo e suas 
tentações nunca serão vencidos sem conflito. E nada disto deve nos 
surpreender, pois, tanto na área natural quanto na espiritual, nada 
de bom é feito sem grande esforço.
“ESFORÇAI-VOS” nos ensina que vale a pena lutar pela 
salvação. As pessoas lutam por todos os tipos de coisas menos 
importantes do que sua salvação. Riquezas, poder, educação, 
promoção são todas corruptíveis. As coisas incorruptíveis estão do 
lado de dentro da porta estreita: a paz de Deus, a consciência de ter 
o Espírito Santo habitando em nós, o conhecimento do fato que 
nossos pecados estão perdoados. Estas são coisas realmente dignas 
de que lutemos por elas!
“ESFORÇAI-VOS” nos ensina que ser preguiçoso em 
assuntos espirituais é pecado. Deus ordenou que você se esforce, e 
não há desculpa para que se negue a proceder assim.
“ESFORÇAI-VOS” nos ensina a respeito do grande perigo 
de estar do lado de fora da porta estreita. Morrer do lado de fora 
desta porta significa estar perdido, sem esperança, para sempre. O 
Senhor Jesus percebeu isto claramente. Ele sabia da brevidade e da 
incerteza do tempo; recomenda-nos fortemente que não nos 
demoremos. Insiste que devemos agir rápido, antes que seja tarde 
demais.
“ESFORÇAI-VOS” condena muitos que se dizem cristãos. 
Eles foram batizados e são membros de uma igreja. Não matam, 
não roubam nem cometem adultério, mas, certamente, não estão se 
“esforçando” para serem salvos. Podem ser bastante ativos nas 
coisas desta vida, mas, no que se refere aos assuntos espirituais, 
não fazem qualquer esforço.
Muitos são irregulares em assistir os cultos aos domingos.
Esforço 19
Isto não é “esforçar-se”. Muitos comparecem regularmente, mas 
assim o fazem ou por causa do hábito, ou por que se espera isto 
deles. Tal atitude não é “esforçar-se”. Muitos quase nunca lêem 
a Bíblia. Lêem jornais, revistas e romances, mas negligenciam 
a Palavra de Deus. Isto não é “esforçar-se”. Muitos nunca oram. 
Levantam-se pela manhã e vão dormir à noite sem orar. Não 
pedem coisa alguma a Deus e também não Lhe confessam coisa 
alguma. Não Lhe dão graças, nem O buscam de forma alguma. 
Sabem que terão de morrer, porém não se importam em 
relacionar-se com o seu Criador e Juiz. É isto “esforçar-se” por 
entrar pela porta estreita? Que cada homem de bom senso julgue 
por si mesmo.
Falo baseado em minha experiência como ministro do 
evangelho: é doloroso ver como poucos se “esforçam” por entrar 
pela porta estreita. Muitos ouvem a pregação da Palavra de Deus. 
Não argumentam contra ela, mas também não se “esforçam” para 
entrar pela porta estreita e serem salvos. São diligentes em relação 
aos assuntos desta vida. Esforçam-se por enriquecer e ter sucesso 
na vida. Isto não é incomum. Mas vejo pouquíssimos “esforçando- 
se” para serem salvos.
Contudo, não me surpreendo com tudo isso. A parábola da 
grande ceia (Lc 14.16-24) é um retrato exato do que tenho visto 
desde que me tornei ministro do evangelho — “os homens inventam 
desculpas”. Um possui seu campo que precisa ir ver, outro tem 
seus bois para experimentar, e outro está impedido por motivos 
familiares. Porém, me entristece profundamente o fato de que os 
homens tenham a vida eterna tão próxima de si e, ainda assim, 
estarem perdidos por não se “esforçarem” para entrar nela.
Eu não conheço o estado do seu coração, mas quero alertá- 
lo, a fim de que você não venha a perecer por não se “esforçar”. 
Não suponha que é necessário cometer grandes crimes para que 
você pereça etemamente. O caminho da preguiça espiritual — não 
fazer coisa alguma — também nos leva ao inferno.
Se você já aprendeu que é necessário “esforçar-se” para o 
bem de sua alma, rogo-lhe que nunca pense estar fazendo esforço 
em demasia e que você não precisa mostrar-se tão interessado, tão 
envolvido. Esteja alerta para que não venha a reduzir suas orações, 
sua leitura da Bíblia e seus momentos a sós com Deus. O que quer 
que você realize, faça-o com todo o seu coração, sua mente e sua 
força. Nunca se preocupe com o que outras pessoas pensam de 
você; o seu Mestre diz: “ESFORÇAI-VOS”.
20 FÉ GENUÍNA
3. Uma horrível profecia
Jesus diz: “Muitos procurarão entrar e não poderão”.
Aqui, o Senhor Jesus se referiu à sua segunda vinda, para 
julgar o mundo. Ele está falando da hora em que a longanimidade 
de Deus chegará ao fim, quando o trono da graça será substituído 
pelo trono do julgamento, quando a porta estreita será obstruída e 
trancada e o dia da graça terá passado, para sempre. O grande Dia 
do Julgamento virá; então, estas palavras solenes se cumprirão: 
“Muitos procurarão entrar e não poderão”.
Está chegando o tempo em que buscar a Deus será inútil. 
Oh! Que os homens não se esqueçam disto e O busquem agora! O 
Senhor Jesus diz que muitos serão impedidos de entrar no céu, 
para sempre. Ele não está falando de poucos, mas de “muitos”. 
Muitos compreenderão a verdade depois do tempo oportuno — a 
verdade de sua própria pecaminosidade e da santidade de Deus, a 
verdade sobre a necessidade do evangelho. Muitos se arrependerão, 
se lamentarão e cairão em prantos diante da lembrança de seus 
pecados, mas em umaocasião inoportuna demais. O peso da culpa 
lhes será intolerável, porém será muito tarde. Muitos crerão; não 
poderão mais negar a realidade de Deus ou a verdade de sua Palavra, 
mas será tarde demais. Assim como o diabo, eventualmente eles 
crerão e tremerão. Muitos desejarão o perdão pela primeira vez, 
mas será tarde demais.
Está chegando a hora em que todos os valores do mundo 
serão revertidos. Riqueza, fama, luxúria e todas as outras coisas 
para as quais as pessoas vivem se tornarão completamente sem 
valor. Então, a salvação apresentada no evangelho, que as pessoas 
desprezam hoje, lhes será a coisa mais desejada. Todavia, será 
tarde demais: “Muitos procurarão entrar e não poderão”. Leia você 
mesmo a horrível descrição disto em Provérbios 1.24-31.
Conclusão
Procurei mostrar-lhe o que o Senhor Jesus quis dizer através 
destas suas palavras. Deixe-me, agora, tentar aplicar a verdade à 
sua consciência.
Esforço 21
1. Permita-me fazer-lhe uma pergunta simples e direta: você 
já entrou pela porta estreita ou não? Não estou perguntando se 
você acredita na existência de tal porta e se espera, um dia, adentrá- 
la. Eu pergunto: você já entrou, de fato, por esta porta? Você está 
do lado de dentro agora? Se não, seus pecados não estão perdoados; 
você não nasceu de novo e não está pronto para o céu; e, ao morrer, 
será eternamente miserável. Imploro-lhe agora: pense em como o 
tempo é curto. Em breve você terá partido deste mundo. Em breve 
será tarde demais. O mundo continuará, mas seu corpo estará na 
sepultura e sua alma no inferno. Mas hoje — hoje — aquela porta 
está diante de você, pronta a se abrir para você. Deus te chama. 
Jesus Cristo está pronto para salvá-lo. Só está faltando uma coisa... 
que você entre.
2. Deixe-me apresentar alguns conselhos simples para aquele 
que não está do lado de dentro da porta. Entre por ela agora, sem 
demora. Ninguém jamais chegou ao céu a não ser por esta porta. 
Ninguém jamais entrou por esta porta sem lutar. Mas, por outro 
lado, jamais deixou de adentrá-la qualquer pessoa que tenha se 
esforçado para fazê-lo. E nenhum dos que já entraram veio a se 
lamentar por isso.
Visto que estas coisas são verdadeiras, você deve buscar a 
Cristo imediatamente e entrar pela porta enquanto ela ainda está 
aberta. Comece hoje. Dirija-se ao Senhor Jesus em oração. Confesse- 
Lhe a sua pecaminosidade. Não retenha coisa alguma. Lance a si 
mesmo e todas as suas preocupações espirituais sobre Ele, suplique- 
Lhe que o salve e que o encha com seu Espírito Santo, de acordo 
com sua promessa. Por que você não deveria fazer isto? Milhares 
de pessoas tão más quanto você buscaram a Cristo desta forma, e 
nenhuma foi recusada. E por que você não deveria fazer isso agora 
mesmo? Outras pessoas experimentaram arrependimento e conversão 
imediatos. A mulher de Samaria chegou ao poço de Jacó como uma 
pecadora e foi embora como uma nova criatura em Cristo. O 
carcereiro de Filipos se tornou um discípulo do Senhor Jesus em 
apenas uma noite. Por que, então, você não abandona seus pecados 
e se agarra a Cristo hoje mesmo?
3. Finalmente, desejo fazer uma pergunta a todos os que já 
entraram pela porta estreita. Você falará a outros a respeito da 
bênção que encontrou? Ao se converter, André contou 
imediatamente a seu irmão sobre Cristo. Filipe fez o mesmo a 
Natanael. Quando Saulo, o fariseu, se converteu, “logo 
pregava, nas sinagogas, a Jesus, afirmando que este é o Filho 
22 FÉ GENUÍNA
de Deus” (At 9.20). Desejo muito ver este tipo de espírito entre 
os cristãos de hoje. Trabalhemos enquanto é dia, pois “a noite 
vem, quando ninguém pode trabalhar” (Jo 9.4). O homem que 
procura mostrar a seu próximo a porta estreita está fazendo um 
trabalho que Deus aprova. A Escritura diz: “Aquele que converte 
o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele” 
(Tg 5.20). Vamos todos acordar para um profundo senso de 
responsabilidade em relação a este assunto. Dentre aqueles com 
quem conversamos, não são muitos os que estão do lado de fora da 
porta estreita? Quem pode dizer o que uma palavra pode realizar, 
se falada com fé e oração? Pode ser o momento decisivo na vida de 
alguém. Oh! Que haja mais amor e intrepidez entre os crentes! 
“Muitos procurarão entrar e não poderão.” Quem é capaz de pensar 
nestas palavras e não se preocupar com os outros?
3 
Autenticidade
Prata de refugo. Jeremias 6.30
Nada, senão folhas. Marcos 11.13
Não amemos de palavra, nem de língua, 
mas de fato e de verdade. 1 João 3.18
Que tens nome de que vives e estás morto. Apocalipse 3.1
Se declaramos ser cristãos, procuremos ter certeza de que 
nosso cristianismo é verdadeiro. O cristianismo verdadeiro não é 
algo externo a nós mesmos ou temporário; é interno, firme, vivo e 
duradouro. Sabemos a diferença entre o ouro puro e o barato 
ouropel, entre algo que é genuíno e sua imitação. Pensemos nisto 
enquanto meditamos sobre nosso cristianismo. Você tenciona que 
seu cristianismo lhe dê conforto nesta vida e esperança na hora da 
morte e deseja suportar o teste do julgamento de Deus? Então, 
peço-lhe que pare e considere se o seu cristianismo é semelhante ao 
ouro maciço ou se é apenas uma imitação.
1. Nosso cristianismo deve ser verdadeiro
Quero começar mostrando-lhe como é importante que seu 
24 FÉ GENUÍNA
cristianismo seja verdadeiro. Talvez você imagine que há pouco 
perigo em não ser ele genuíno. Se pensa assim, você está errado, 
pois a Bíblia freqüentemente nos recorda que isto é muito perigoso.
Olhe para as parábolas contadas por nosso Senhor Jesus 
Cristo. Observe quantas delas referem-se ao contraste entre o 
verdadeiro cristão e o cristão aparente — por exemplo, as parábolas 
do semeador, do joio, das bodas e das dez virgens, entre outras 
(ver Mt 13.1-43; 22.1-14 e Mt 25.1-13). Estas mostram o perigo 
de um cristianismo superficial e não-genuíno.
Note a linguagem que nosso Senhor Jesus Cristo usou a 
respeito dos escribas e fariseus. Oito vezes, em um só capítulo, 
utilizando uma linguagem assustadora, Ele os denunciou como 
hipócritas (ver Mt 23). Falando de forma tão severa, o Senhor 
Jesus nos ensinou quão abominável é, aos olhos de Deus, a falsidade.
Atente ao espantoso fato de que a quase toda graça cristã 
verdadeira corresponde uma situação não-genuína, descrita na 
Palavra de Deus. Existe falso arrependimento, pois Saul, Acabe, 
Herodes e Judas Iscariotes o tiveram e nunca foram salvos. Existe 
fé não-genuína', foi este o caso de Simão, em Samaria, pois seu 
coração não era reto diante de Deus. Existe santidade não-genuína-, 
o rei Joás parecia santo e bom, mas apenas enquanto o sacerdote 
Joiada estava vivo. Existe amor não-genuíno, pois o apóstolo João 
nos alerta: “Não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e 
de verdade”. Existe oração não-genuína, pois nosso Senhor 
condenou o pecado dos fariseus, os quais, por aparência e presunção, 
faziam longas orações.
Certamente tudo isto deve nos fazer pensar. Quanto cuidado 
devemos tomar para termos certeza de que o nosso cristianismo é 
real!
2. Testes de autenticidade
Quero agora propor alguns testes através dos quais você 
pode verificar a autenticidade de seu cristianismo. Não apenas 
suponha que tudo está bem. Lembre-se de que esta é uma questão 
de vida ou morte eternas.
Comece perguntando a si mesmo que lugar o seu 
cristianismo ocupa em seu coração. Não basta apenas crer na 
verdade em sua mente ou professá-la com seus lábios; não é 
suficiente que algumas vezes ela produza fortes emoções em seu 
Autenticidade 25
íntimo, O verdadeiro cristianismo governa o coração, controla os 
seus sentimentos, orienta a vontade, direciona os gostos, escolhas 
e decisões. O seu cristianismo governa o seu coração?
Em segundo lugar, pergunte a si mesmo como o seu 
cristianismo encara o pecado. O verdadeiro cristianismo, que o 
Espírito Santo produz no coração, nos levará sempre a pontos de 
vista muito sérios a respeito da malignidade do pecado. Você não 
pensará no pecado simplesmente como algo infelizque torna os 
pecadores objetos dos quais sentimos compaixão, mas o verá como 
algo que Deus odeia e que toma o pecador culpado, perdido e 
sujeito ajusta ira e condenação da parte de Deus. Você enxergará 
o pecado como a causa de toda a infelicidade do mundo, aquilo que 
arruinou a boa criação de Deus. Acima de tudo, você o reconhecerá 
como aquilo que nos arruinará eternamente, a menos que nossa 
dívida esteja paga e estejamos livres de seus laços. E desta forma 
que você encara o pecado?
Em terceiro lugar, pergunte a si mesmo que perspectivas 
de Cristo o seu cristianismo produz. Um falso cristão pode acreditar 
que Cristo realmente existiu e fez o bem aos homens. Pode mostrar 
respeito por Cristo e comparecer ao culto cristão. Mas um cristão 
verdadeiro se gloriará em Cristo como o Redentor, o Libertador, o 
Grande Sumo Sacerdote, o Amigo, sem o qual ele jamais teria 
qualquer esperança. O verdadeiro cristão crerá em Cristo, amará a 
Cristo e sé regozijará em Cristo, encontrando conforto nEle, como 
o Mediador entre Deus e os homens e como Aquele que é alimento, 
luz, vida e paz para sua alma. É esta a sua perspectiva de Cristo?
Em quarto lugar, quefrutos o seu cristianismo está gerando 
em seu coração, em sua vida? Um cristianismo genuíno é conhecido 
por seus frutos — os frutos do arrependimento, fé, esperança, amor, 
humildade, espiritualidade, benevolência, autonegação, capacidade 
de perdoar os outros, domínio próprio, honestidade e paciência. O 
grau em que cada um destes é percebido será variável de um crente 
para o outro, mas a raiz de cada um deles está presente em cada um 
dos verdadeiros filhos de Deus. Você demonstra possuir estes frutos?
Por último, como você se sente em relação aos meios da 
graça e o que você faz a respeito deles? Por “meios da graça”, me 
refiro àquelas coisas que Deus estabeleceu como instrumentos para 
nosso crescimento espiritual. Qual o seu sentimento em relação ao 
dia do Senhor? É um prazer para você, uma agradável e pequena 
amostra do que teremos no céu? Como você se sente a respeito dos 
cultos, quando os irmãos se reúnem para orar, adorar, ouvir a
26 FÉ GENUÍNA
Palavra de Deus e participar da Ceia do Senhor? Estas coisas lhe 
são importantes ou você poderia viver sem elas? E quanto à oração 
particular e à leitura da Bíblia? São atividades necessárias à sua 
vida? Elas lhe trazem conforto ou lhe causam tédio? Você as 
negligencia? Se estes meios de crescimento espiritual não são tão 
necessários para a sua vida cristã quanto o comer e o beber são 
para o seu corpo, você pode muito bem questionar se seu cristianismo 
é verdadeiro.
Conclusão
Rogo-lhe que avalie seu cristianismo através destas cinco 
questões. Sendo legítimo o seu cristianismo, você não tem o que 
temer ao enfrentá-las honestamente. Porém, se não for legítimo, é 
melhor que você descubra isto o quanto antes. Você terá de enfrentar 
este assunto algum dia, visto que o Dia do Julgamento irá testar 
todas as coisas. Se você defrontar-se com a verdade hoje, terá tempo 
para se arrepender, mas naquele Dia será tarde demais. Decida a 
enfrentar este assunto agora!
Deixe-me concluir com uma aplicação direta da verdade a 
cada leitor.
1. Preciso dizer uma palavra de advertência àquele que, 
em seu coração, sabe que seu cristianismo não é autêntico. Lembre- 
se do perigo que você corre e de quão grande é a sua culpa diante 
de Deus. Ele é o Deus da Verdade. Odeia tudo o que não é 
verdadeiro; e o cristianismo que você vive não é verdadeiro. Além 
disso, seu falso cristianismo irá derrotá-lo no final. Não lhe dará 
conforto algum quando você mais precisar dele — em tempos de 
aflição e no seu leito de morte. Acima de tudo, ele o derrotará no 
Dia do Julgamento.
2. Devo oferecer uma palavra de conselho àquele que está 
com a consciência perturbada devido ao que acabou de ler. Pare de 
brincar com o cristianismo! Pare de tratar o cristianismo como 
uma brincadeira e torne-se uma pessoa sincera que segue ao Senhor 
Jesus Cristo com todo o seu coração. Busque-0 hoje mesmo e peça- 
Lhe que seja o seu Salvador. Não deixe que sua pecaminosidade o 
mantenha afastado dEle. Lembre-se: Jesus pode perdoar qualquer 
pecado, mas exige autenticidade. Deixe toda a presunção e venha a 
Ele com todo o seu coração e toda a sua alma.
3. É necessário que eu dirija uma palavra de encorajamento 
Autenticidade 27
a todos aqueles que já tomaram sua cruz e são sinceros seguidores 
de Cristo. Encorajo-os a prosseguir e não desanimar diante de 
provações ou dificuldades. Não se preocupem com as opiniões dos 
outros. Nunca se envergonhem de ser totalmente comprometidos 
com o Senhor Jesus. Na verdade, os homens deveriam envergonhar- 
se de viver para o pecado e os prazeres, mas ninguém deve sentir 
vergonha de viver para Cristo.
4. Finalmente, lembremo-nos todos que, no último dia, 
nada além da verdade contará. Recordemos as palavras do Senhor 
Jesus: “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! 
porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome 
não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos 
milagres? Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. 
Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (Mt 7.22,23).
4
Oração
Orar sempre e nunca esmorecer. Lucas 18.1
Quero, portanto, que os varões orem 
em todo lugar. 1 Timóteo 2.8
Oração é o assunto mais importante na vida cristã. Outras 
coisas também são muito relevantes — ler a Bíblia, guardar o dia 
do Senhor, freqüentar a igreja, ouvir os sermões e participar da 
Ceia do Senhor. Contudo, nenhum destes é tão importante quanto a 
oração particular. Quero dar-lhe sete razões que me levam a 
asseverar isto e desejo que você as considere com bastante cuidado.
1. A oração é absolutamente necessária
A oração é absolutamente necessária para nossa salvação. 
É claro que estou falando daqueles que dizem ser cristãos. Ninguém 
que se declara cristão será salvo sem oração. Com toda certeza, 
creio que a salvação é um dom gratuito de Deus. Eu poderia falar 
ao maior de todos os pecadores que já existiram, ainda que ele já 
estivesse bem velho e quase morrendo, e dizer-lhe: “Creia no Senhor 
Jesus Cristo, agora mesmo, e você será salvo”. Mas eu não consigo 
30 FÉ GENUÍNA
encontrar na Bíblia o ensino que alguém pode ser salvo sem que o 
peça. Embora ninguém seja salvo pelos próprios méritos de suas 
orações, ninguém será salvo sem oração.
Não é absolutamente necessário à salvação que as pessoas 
leiam a Bíblia. Alguém pode nunca ter aprendido a ler, ou pode ser 
cego, e assim mesmo ter Cristo. Um homem surdo, ou alguém que 
vive onde o evangelho não está sendo pregado, pode ser salvo ainda 
que não ouça o evangelho pregado publicamente. Mas ninguém 
pode ser salvo sem oração.
Existem coisas que cada um de nós deve fazer por si mesmo. 
Cada pessoa tem de satisfazer as necessidades de seu próprio corpo 
e de sua própria mente. Ninguém pode comer, beber ou dormir por 
você. E, se você deseja saber alguma coisa, ninguém pode aprendê- 
la em seu lugar. Isto também é verdadeiro em relação às suas 
necessidades espirituais. Nenhuma outra pessoa pode se arrepender 
por você. Ninguém pode vir a Cristo por você. E ninguém pode 
fazer suas orações em seu lugar. Você mesmo precisa orar.
Neste mundo, conhecemos as pessoas à medida em que 
falamos com elas. Se não conversamos com elas, não as conhecemos. 
Igualmente, não podemos conhecer a Deus se não orarmos a Ele; 
e, se não O conhecemos, certamente não seremos salvos por Ele.
No futuro, o céu estará repleto com uma “grande multidão” 
que ninguém poderá enumerar (Ap 7.9). E todas essas pessoas 
cantarão com um só coração e uma só voz. A sua experiência terá 
sido a mesma. Cada uma delas terá crido em Jesus e terá sido 
lavada no sangue do Cordeiro. Cada uma delas terá nascido de 
novo; e cada uma delas terá orado. A menos que oremos aqui na 
terra, jamais louvaremos no céu.
Em resumo, viver sem oração significa estar sem Deus, 
sem Cristo, sem esperança, sem a graça e o céu.Significa estar a 
caminho do inferno.
2. A oração é uma das características marcantes do cristão
O hábito de orar é uma das características marcantes do 
verdadeiro cristão. Todos os filhos de Deus que se encontram neste 
mundo são semelhantes em um aspecto. Todos oram. Respirar é o 
primeiro sinal de vida em um bebê recém-nascido. Da mesma forma, 
orar é o primeiro ato de um cristão recém-nascido. Orar é parte da 
natureza de um cristão, assim como chorar é parte da natureza de 
Oração 31
uma criança. O cristão reconhece a sua necessidade por graça e 
misericórdia. Ele percebe a sua insignificância e fraqueza. Portanto, 
ele sente que precisa orar.
Não consigo encontrar na Bíblia, dentre o povo de Deus, 
qualquer um que não tenha sido um homem de oração. É 
característica do povo de Deus que eles O invoquem como Pai (1 
Pe 1.17) e invoquem “o nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 
1.2), enquanto a característica dos iníquos é que eles “não invocam 
o Senhor” (SI 14.4).
Também já estudei a vida de muitos cristãos exemplares 
que viveram depois que a Bíblia foi escrita. Eles eram diferentes 
em vários aspectos, mas todos possuíam algo em comum: eram 
pessoas de oração.
Evidentemente, estou ciente do fato que os homens podem 
orar de maneira insincera. O simples fato de um homem orar nada 
demonstra sobre sua condição espiritual, visto que ele pode ser um 
hipócrita. Porém, eu posso afirmar com certeza: não orar é uma 
prova clara de que um homem ainda não é um verdadeiro cristão. 
Ele não percebe realmente os seus pecados, tampouco sente amor a 
Deus, ou reconhece sua dívida de gratidão a Cristo, ou deseja ser 
santo. Ainda que/aZe muito sobre religião, tal pessoa não pode ser 
um verdadeiro cristão, se não ora.
Permita-me também dizer que o hábito da oração particular 
e sincera, realizada com todo o coração, é uma das melhores 
evidências de que o Espírito Santo tem realmente agido na vida de 
uma pessoa. Qualquer homem é capaz de pregar, ou escrever livros, 
ou fazer outras coisas, partindo de motivos errados, mas, a menos 
que esteja sendo sincero, alguém raramente ficará a sós e abrirá 
sua alma a Deus. Deus mesmo nos ensinou que esta é a melhor 
prova de uma conversão genuína, pois, ao ordenar a Ananias que 
se encontrasse com Saulo em Damasco, a única evidência, 
mencionada por Ele, de que Saulo havia passado por uma conversão 
verdadeira foi esta: “Ele está orando!” (At 9.11).
Estou certo de que muitas pessoas chegam à fé va­
garosamente. Experimentam muitas convicções, desejos, 
sentimentos, decisões, esperanças e medos. Mas todas essas coisas 
podem resultar em nada. Uma oração realmente sincera, feita de 
todo o coração, que flui de um espírito quebrantado e arrependido, 
vale por todas essas coisas juntas. Nossa primeira atitude, ao 
possuirmos uma fé verdadeira, será falar com Deus. A oração é 
para a fé aquilo que a respiração é para a vida. Assim como não 
32 FÉ GENUÍNA
somos capazes de viver sem respirar, também não podemos crer 
em Cristo sem orar.
3. A oração é a atividade mais negligenciada pelo cristão
Nenhum dever cristão é mais negligenciado do que a oração 
particular. Eu costumava pensar que a maioria das pessoas que se 
declaram cristãs tinha a oração como parte integrante de suas vidas. 
Mas agora cheguei a uma conclusão diferente. Acredito que a grande 
maioria dos que se declaram cristãos nunca ora. Oração é um assunto 
estritamente particular entre Deus e nós, que nenhuma outra pessoa 
vê; portanto, existe uma grande tentação de não nos incomodarmos 
com isto.
Acredito que muitos nunca dizem uma só palavra de oração. 
Comem e bebem, dormem e acordam, vivem na terra, que é de 
Deus, e desfrutam as misericórdias divinas. Possuem corpos que 
morrerão e têm diante de si o Dia do Julgamento e a eternidade. 
Apesar disso, nunca falam com Deus. Vivem como se fossem 
animais, ao invés de homens que possuem almas imortais.
Acredito que, para muitos outros, a oração nada mais é do 
que uma reunião de palavras. Alguns se utilizam de modelos de 
oração prontos, sem qualquer sentimento sincero pelas coisas que 
dizem. Até mesmo quando se trata de um bom modelo (por exemplo, 
a Oração do Pai Nosso), muitos o utilizam sem pensar realmente 
em seu significado. A este tipo de uso, podemos ter certeza que 
Deus não considera uma oração, ainda que os homens assim a 
chamem. Oração implica em muito mais do que palavras faladas 
com nossos lábios. Envolve nosso coração’, do contrário não é 
oração sincera. Não há dúvida de que Saulo de Tarso havia feito 
muitas orações longas antes que o Senhor o encontrasse na estrada 
para Damasco. Mas somente depois de seu coração ter sido 
quebrantado, o Senhor disse: “Ele está orando!”
Se você acha tudo isso muito surpreendente, considere os 
seguintes fatos:
Não é natural orar. O desejo natural de nossos corações é 
afastar-se de Deus. Por natureza, não amamos a Deus, e, sim, O 
tememos. Por natureza, não temos percepção do pecado, ou 
sentimento de nossas necessidades espirituais, ou fé em coisas que 
não podemos ver. Nosso desejo natural não é sermos santos. Por 
estas razões, os homens não oram naturalmente.
Oração 33
Não é popular orar. Todos os tipos de atividades 
relacionadas ao mundo são populares entre os homens, mas orar 
não é; e muitos seriam capazes de fazer qualquer coisa menos admitir 
publicamente que têm o hábito de orar. À luz destes fatos, acredito 
que poucas pessoas oram.
Considere também a vida que muitas pessoas levam. Quando 
vemos homens mergulhando no pecado, podemos acreditar que estão 
orando constantemente contra o pecado? Ao vermos homens 
completamente ocupados com as coisas do mundo, como podemos 
pensar que estão regularmente suplicando a Deus a graça de servi- 
Lo? Como poderiam estar, se não mostram o menor interesse em 
Deus? Oração e pecado jamais habitarão juntos em um mesmo 
coração. Ou a oração sufocará o pecado, ou o pecado sufocará a 
oração. Quando eu me lembro disto e considero a vida dos homens, 
acredito que poucas pessoas oram.
Pense ainda nas mortes experimentadas por muitas pessoas. 
Muitos às portas da morte parecem ser completamente estranhos 
para Deus. Não possuem a habilidade de conversar com Deus. 
Manifestam a distinta impressão de que nunca realmente falaram 
com Deus. O que eu mesmo já vi em pessoas que estavam à morte 
me convence de que poucos oram.
4. Temos grandes encorajamentos para orar
Somos mais encorajados a orar do que a qualquer outro 
dever cristão. Deus fez todas as coisas necessárias para tornar a 
oração uma atividade fácil, se ao menos tentarmos realizá-la. Ele 
cuidou de cada dificuldade, de tal forma que não há desculpas se 
não oramos.
Existe um caminho pelo qual qualquer homem — não 
importa quão pecador e indigno ele seja — pode se aproximar de 
Deus, o Pai. Jesus abriu este caminho por meio de seu sacrifício 
em nosso favor, na cruz. A santidade e a justiça de Deus não 
precisam atemorizar os pecadores, levando-os a manterem-se 
distantes dEle. Pelo contrário, devem levá-los a clamar a Deus 
em nome de Jesus. Devem levá-los a reivindicar o fato que o 
sangue de Cristo fez expiação pelo pecado e encontrarão a Deus 
disposto e pronto a ouvi-los. O nome de Jesus infalivelmente 
assegura que Deus ouvirá nossas orações. Em nome de Jesus 
podemos nos aproximar de Deus com ousadia e orar com confiança.
34 FÉ GENUÍNA
Deus prometeu ouvir. Isto não é um grande encorajamento a 
orarmos?
Existe um Advogado e Intercessor sempre esperando para 
apresentar as orações daqueles que recorrerem a Ele. Ele as apresenta 
diante do trono de Deus. Nossas orações são frágeis em si mesmas, 
mas, quando apresentadas pelo Senhor Jesus, tornam-se eficientes. 
Seus ouvidos estão sempre abertos ao clamor de todos os que desejam 
receber misericórdia e graça. Não é isto um grande encorajamento 
para orarmos?
Existe o Espírito Santo que está sempre desejoso a ajudar- 
nos em oração, pois esta é uma de suas funções (Rm 8.26). Ele é o 
“Espírito de graça e de súplicas”(Zc 12.10). Precisamos apenas 
buscar sua ajuda.
Há grandes e preciosas promessas para aqueles que oram. 
Leia Mateus 7.7,8 e 21.22; João 14.13,14; Lucas 11.5-13 e 18.1- 
8. Medite nestas passagens, pois contêm os maiores encorajamentos 
à prática da oração.
Nas Escrituras, encontramos exemplos maravilhosos a 
respeito do poder da oração. A oração abriu o mar Vermelho; fez 
que saísse água da rocha e o sol ficasse parado. Coisas impossíveis 
a quaisquer outros meios foram realizadas por intermédio da 
oração.
Que maiores encorajamentos poderia você estar procurando 
além destes? E que insensatez seria maior do que negligenciar a 
oração diante de tanto encorajamento?
5. A Oração é o segredo da santidade
Diligência em oração é o segredo de uma santidade 
eminente. Sem dúvida, existe uma grande diferença entre as 
realizações dos verdadeiros cristãos. Quanto progresso alguns fazem 
mais do que outros! Alguns dos que são verdadeiramente convertidos 
parecem manter-se bebês espirituais durante toda a vida. Não 
parecem crescer à medida que o tempo passa. São atormentados 
pelos mesmos e insistentes pecados; ao invés do alimento sólido, 
continuam necessitando do leite da Palavra; os seus interesses 
espirituais permanecem diminutos e confinados ao seu pequeno 
círculo. Mas há outros que estão sempre crescendo, sempre 
avançando na vida cristã. Crescem na fé e nas boas obras; almejam 
e fazem grandes coisas. Quando falham, tentam novamente; ao 
Oração 35
caírem, logo se levantam. Olham para si mesmos como servos pobres 
e inúteis, ainda que sejam pessoas cujas vidas recomendam a fé 
cristã a outros.
Como podemos explicar esta diferença entre pessoas que 
fazem parte do povo de Deus? Por que alguns são mais santos do 
que outros? Acredito que em dezenove dentre vinte casos a diferença 
está em seus hábitos de oração particular. Creio que aqueles que 
ainda não atingiram um grau mais avançado de santidade oram 
pouco, enquanto que aqueles que já a alcançaram oram bastante. 
Penso que, desde o momento que uma pessoa se converte a Deus, 
o grau de santidade que ela atingirá depende principalmente de sua 
diligência em utilizar os meios estabelecidos por Ele. E o meio 
principal pelo qual os crentes têm crescido em santidade é o hábito 
da constante oração particular. Leia a respeito da vida de grandes 
servos de Deus e você verá que isto é verdade. Nenhuma pessoa se 
torna um grande cristão antes de se tornar uma pessoa de oração. 
Se você deseja crescer como cristão, precisa aprender o valor da 
oração particular.
6. Negligenciar a oração causa apostasia
Negligenciar a oração é uma grande causa de apostasia. É 
possível andarmos para trás na vida cristã, até mesmo depois de 
um bom começo. Os cristãos da Galácia progrediram na fé por um 
tempo e posteriormente se desviaram seguindo falsos mestres. Pedro 
declarava em alta voz seu amor pelo Senhor, mas na hora da 
provação O negou. Ser um desertor da fé é algo horrível, é uma 
das piores coisas que podem acontecer a um homem. Sei que a 
graça verdadeira não pode ser destruída em um homem e que a 
verdadeira união com Cristo não pode ser quebrada. Mas acredito 
que uma pessoa pode cair a ponto de perder de vista seus padrões 
cristãos e desesperar de sua própria salvação. Esta é a coisa mais 
próxima do inferno. Uma consciência ferida, uma mente cansada 
de si mesma, uma memória repleta de auto-reprovação, um coração 
atingido pelas flechas do Senhor, um espírito afligido por uma grande 
quantidade de acusação — tudo isto é uma amostra do inferno. 
Considere estas palavras solenes: “O infiel de coração dos seus 
próprios caminhos se farta” (Pv 14.14).
Mas qual é a causa da maior parte das apostasias? Acredito 
que estas geralmente são causadas por negligência à oração 
36 FÉ GENUÍNA
particular. É minha firme opinião, e a repito, que com freqüência a 
apostasia começa com a negligência à oração particular.
A falta de oração e as decisões na vida diária têm levado 
muitos cristãos a uma condição de paralisia espiritual ou ao ponto 
em que Deus permitiu que eles caíssem gravemente em pecado.
Podemos ter certeza de que os homens caem primeiro em 
sua vida particular, para depois caírem de maneira pública. Assim 
como Pedro, primeiro negligenciam o alerta do Senhor para que 
vigiem e orem; em seguida, suas forças se vão, e, ao chegar a 
tentação, eles caem em pecado. O mundo, então, observa suas quedas 
e zomba. Mas o mundo não reconhece a verdadeira causa — a falta 
de oração.
Se você, que está lendo este livro, é um cristão, espero que 
nunca se torne um apóstata. Mas, se deseja evitar que isto aconteça, 
seja cuidadoso com relação ás suas orações.
7. A oração gera felicidade e contentamento
A oração é um dos meios mais garantidos de se obter 
felicidade e contentamento. Vivemos em um mundo de sofrimento. 
Desde que o pecado entrou nele, escapar completamente de algum 
tipo de sofrimento tem sido impossível às pessoas. A melhor forma 
de se lidar com isso é entregar tudo a Deus em oração. No Antigo 
Testamento lemos: “Confia os teus cuidados ao Senhor, e ele te 
susterá” (SI 55.22). No Novo Testamento, lemos: “Não andeis 
ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas diante 
de Deus as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações 
de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, 
guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus” 
(Fp 4.6,7). Esta tem sido a prática do povo de Deus em todas as 
épocas. Quando estava com grande temor de seu irmão Esaú, Jacó 
orou (Gn 32.22-32). Ao serem lançados no cárcere em Filipos, 
Paulo e Silas oraram (At 16.23-25). A única maneira de sermos 
realmente felizes em um mundo como este é estarmos sempre 
confiando os nossos cuidados a Deus. Quando os cristãos deixam 
de fazer isto e tentam suportar suas próprias cargas, tornam-se 
infelizes.
Se apenas nos achegarmos a Ele, o Senhor Jesus estará 
sempre esperando para nos ouvir e ajudar. Jesus sabe tudo sobre as 
provações e sofrimentos deste mundo, pois Ele viveu aqui por mais 
Oração 31
de trinta anos. Ele pode nos tornar verdadeiramente felizes — não 
importa como aparentamos estar — se crermos e recorrermos a 
Ele. A oração pode tornar leve a pesada cruz. Pode trazer luz à 
nossa escuridão e conforto em meio ao maior sofrimento e solidão. 
Meu anelo é que cada leitor deste livro seja um cristão 
verdadeiramente feliz. Mas, se você quer ser feliz, não existe tarefa 
mais importante para você do que orar.
Conclusão
Gostaria de concluir com alguns conselhos às várias classes 
de leitores.
1. Àquele que não ora. Caro amigo, preciso alertá-lo do 
perigo que você corre. Se morrer na situação em que se encontra, 
você estará perdido. Não há desculpas para você, pois não pode 
dar ao menos uma razão que justifique o fato de viver sem oração. 
Não diga que não sabe como orar. Oração consiste simplesmente 
em falar com Deus. Não é necessário um treinamento específico 
para orar, apenas o desejo de fazê-lo. O menor dos bebês pode 
chorar quando está com fome. Se você tem consciência de sua 
necessidade, logo encontrará algo para falar a Deus. Não diga que 
não tem lugar onde possa orar. Qualquer pessoa encontrará um 
lugar adequado, se quiser. Não diga que não tem tempo para orar. 
Você possui tempo de sobra, desde que o utilize da maneira correta. 
Daniel tinha de cuidar dos afazeres de um grande império, ainda 
assim ele orava três vezes por dia (Dn 6.10). Não diga que não 
poderá orar até que tenha nascido de novo e possua fé. Se você 
carece destas coisas, deve orar a Deus, pedindo-as. “Buscai oSenhor 
enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Is 55.6). 
Não demore. Hoje mesmo a salvação está próxima de você. Não a 
perca por deixar de suplicá-la.
2. Àquele que deseja ser salvo mas não sabe o que fazer. 
Aconselho-o a dirigir-se agora mesmo ao Senhor Jesus Cristo, no 
lugar mais privativo que você puder encontrar, onde possa estar a 
sós com Ele, a fim de pedir-Lhe, em oração, que o salve.Conte- 
Lhe que ouviu dizer que Ele recebe pecadores e garantiu: “O que 
vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”. Diga-Lhe que você 
é um pecador perdido e que vem a Ele pelo poder do próprio convite 
feito por Ele. Declare que está totalmente nas mãos dEle e que se 
Ele não o salvar, não há qualquer esperança para você. Peça-Lhe 
38 FÉ GENUÍNA
para livrá-lo de sua culpa e do poder e das conseqüências de seus 
pecados. Implore que Ele o perdoe, dê-lhe um novo coração e 
coloque o seu Espírito Santo em você. Peça-Lhe que o capacite a 
tornar-se discípulo e servo dEle a partir deste dia e para sempre. 
Faça tudo isto hoje, se você tem qualquer preocupação com a sua 
alma. Lembre-se que Ele deseja salvá-lo, pois você é um pecador, 
e Ele veio ao mundo para salvar pecadores (Lc 5.32; 1 Tm 1.15). 
Não fique de fora por sentir-se inútil. Quanto mais doente você 
estiver, mais necessitará de um médico. Você não ficaria longe de 
um médico, se estivesse muito doente. Não se preocupe com as 
palavras que você usará. Jesus o entende. E não se desespere ao 
parecer que você não obtém uma resposta imediata. Jesus está 
ouvindo. Continue orando, e a resposta virá. Se você deseja ser 
salvo, lembre-se do que eu lhe disse e aja de conformidade com 
isso; certamente você será salvo.
3. Finalmente, àquele que ora. Não permita que nada o 
desencoraje. Pode ser que, com freqüência, você sinta grande 
desencorajamento. Seu tempo de oração pode ser tempo de conflitos. 
Mas isto é bastante comum, pois o diabo odeia vê-lo em oração. 
Portanto, você deve continuar. Deixe-me, então, dar-lhe alguns 
fraternos conselhos a respeito de suas orações.
Lembre-se de quão importante é a.reverência e z humildade 
na oração. Reflita sobre quem Deus é e quem é você.
Lembre-se de sua necessidade de ajuda do Espírito Santo 
na oração; tenha cuidado para não deixar que a sua oração se torne 
uma mera formalidade.
Lembre-se de quão importante é orar regularmente. Você 
deve considerar a oração como uma das atividades mais importantes 
de cada dia. O tempo para oração deve ser incluído em sua rotina 
diária.
Lembre-se da importância de perseverar na oração. Você 
será freqüentemente tentado a negligenciar suas orações ou a encurtá- 
las bastante. Isto sempre procede do maligno, não importando quão 
plausíveis pareçam as razões para agir desta forma.
Seja fervoroso na oração. É a oração fervorosa que muito 
pode por sua eficácia (Tg 5.16).
Lembre-se da importância de orar com fé. Devemos crer 
que, se pedirmos de conformidade com a vontade de Deus, nossas 
orações serão respondidas (Mc 11.24). Você deve esperar respostas 
às suas orações.
Considere a importância de ter ousadia em suas orações.
Oração 39
Não me refiro a um tipo de familiaridade inconveniente, mas a 
argumentar com Deus baseado na Palavra e promessa dEle.
Lembre-se da importância de pedir muito a Deus. 
Freqüentemente os crentes nada têm, porque não pedem (Tg 4.2). 
Seja específico na oração. Confesse seus pecados 
especificando-os; ore por suas fraquezas específicas e conte a Deus 
suas necessidades específicas.
Lembre-se da importância de orar por outras pessoas. 
Cuidado para que suas orações não se tornem limitadas e centradas 
em você mesmo.
Seja grato em oração. Temos muitos motivos para sermos 
agradecidos, e ouso dizer que uma oração não é verdadeira se não 
apresentar palavras de gratidão.
Finalmente, deixe-me lembrá-lo da necessidade de ser 
vigilante em suas orações. Uma experiência cristã verdadeira começa 
com oração, floresce com oração e regride através da negligência à 
oração. A oração é um tipo de pulso espiritual — por ela você pode 
saber se está espiritualmente sadio. Esteja atento com relação à sua 
vida de oração, e me surpreenderei se algo for mal-sucedido em 
seu progresso espiritual.
Leitura da Bíblia
Desde a infância sabes as sagradas letras, que 
podem tornar-te sábio para a salvação pela fé 
em Cristo Jesus. 2 Timóteo 3.15
Errais, não conhecendo as Escrituras. Mateus 22.29
Depois da oração, a leitura da Bíblia é o mais importante 
dever cristão. A Bíblia é capaz de nos tornar sábios “para a salvação 
pela fé em Cristo Jesus” (2Tm3.15). Através de sua leitura podemos 
aprender em que devemos crer, o que devemos ser e fazer. Podemos 
aprender como viver com conforto espiritual e como morrer em 
paz espiritual. Feliz é o homem que não apenas lê a Bíblia, mas 
também a obedece, tornando-a sua regra de fé e prática! Permita- 
me dar-lhe oito razões claras que justificam por que todo aquele 
que se importa com sua salvação deve valorizar a Bíblia, estudá-la 
com regularidade e familiarizar-se plenamente com o que ela diz.
1. Não existe outro livro semelhante à Bíblia
Em toda a existência humana, não há qualquer livro que 
tenha sido escrito à semelhança da Bíblia. Ela é completamente
42 FÉ GENUÍNA
diferente de qualquer outro livro — foi inspirada por Deus (2 Tm 
3.16). Deus ensinou aos escritores da Bíblia o que dizer, colocando 
pensamentos e idéias em suas mentes e guiando-os enquanto 
escreviam. Ao ler a Bíblia, você está lendo as próprias palavras de 
Deus. Do começo ao fim, a Bíblia é a Palavra de Deus, e somente 
ela é absolutamente perfeita.
Não desperdiçarei tempo tentando provar a inspiração da 
Bíblia. Por si mesma, ela é sua melhor testemunha. É o milagre 
que mais prevalece no mundo, e nada além da inspiração divina 
pode ser responsável por isso.
Sabemos que os diversos autores da Bíblia escreveram em 
estilos diferentes; Isaías escreveu de modo diferente ao de Jeremias, 
e Paulo utilizou uma maneira de escrever não semelhante à de João. 
Mas isto é apenas como um homem tocando diferentes instrumentos 
musicais; ele produzirá sons diferentes se estiver tocando uma flauta, 
ou uma gaita, ou um trompete, mas é o sopro dele que produz cada 
som. Da mesma forma, foi o próprio Deus quem inspirou cada um 
dos escritores humanos da Bíblia, de modo que cada capítulo, 
versículo e palavra das Escrituras vêm de Deus. Se as pessoas que 
estão perturbadas com questões a respeito da Bíblia ao menos a 
abrissem para lerem por si mesmas, incontáveis seriam os problemas 
e objeções que desapareceriam imediatamente! E quantas pessoas 
descobririam a Deus por si mesmas no livro de Deus! Portanto, 
quão importante é que você leia a Bíblia!
2. A Bíblia nos ensina tudo o que necessitamos saber para 
nossa salvação
Tudo o que você precisa saber para ser salvo encontra-se 
na Bíblia. Vivemos em dias em que o conhecimento humano 
aumentou imensamente. A educação está mais difundida do que em 
qualquer outra época da história. Isto é bom, mas devemos lembrar 
que embora tenhamos a melhor educação possível, não seremos 
salvos do inferno se não conhecermos as verdades reveladas na 
Bíblia. Lembre-se: um homem pode ter um conhecimento 
surpreendente a respeito de todo tipo de assunto e não ser salvo. A 
morte põe fim a todas as realizações humanas. Por outro lado, um 
homem pode ser ignorante em muitos assuntos — até mesmo 
analfabeto — e, apesar disso, ser salvo. Se ouviu as grandes verdades 
da Bíblia e, em seu coração, confiou nelas sua alma será salva.
Leitura da Bíblia 43
Conhecer as verdades bíblicas é mais importante do que qualquer 
outra esfera de conhecimento.
3. A Bíblia trata de assuntos de maior importância do que 
qualquer outro livro
Nenhum outro livro contém assuntos de tão grande 
importância quanto a Bíblia. Ela nos revela o grande plano de Deus 
para a salvação e o modo pelo qual nossos pecados podem ser 
perdoados. Sem a Bíblia, nada saberíamos a respeito da vinda do 
Senhor Jesus ao mundo para salvar os pecadores, nada sobre a sua 
morte em nosso lugar — o Justo no lugar dos injustos; nada 
conheceríamos sobre a justificação de cada pecador que crê em 
Jesus e a disposição do Pai, do Filho e do Espírito Santo de salvar 
até mesmo o pior dos homens.
É a Bíblia que nos fala da vida e do caráter do Senhor Jesus 
Cristo — o grande Mediador entre Deus e os homens. Quatro 
testemunhas diferentes registram

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