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Como Avaliar a Sua Fé J.C. Ryle Editora Fiel FÉ GENUÍNA Traduzido do original em inglês: Walking With God Copyright © Editora Fiel Traduzido por Ulisses Fogetti Segunda edição em português — 2001 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução deste livro, no todo ou em parte, sem a permissão escrita dos Editores. EDITORA FIEL da Missão Evangélica Literária Caixa Postal 81 12201-970 - São José dos Campos, SP índice Sobre o Autor............................................................... 4 Prefácio........................................................................ 5 1 Auto-Análise................................................................ 7 2 Esforço....................................................................... 15 3 Autenticidade..............................................................23 4 Oração.........................................................................29 5 Leitura da Bíblia ........................................................41 6 Amor...........................................................................53 7 Zelo.............................................................................59 8 Felicidade................................................................... 65 9 Formalismo ................................................................71 10 O Mundo ....................................................................77 11 Riqueza e Pobreza..................................................... 85 12 O Melhor Amigo........................................................ 93 13 Doença........................................................................ 99 14 A Família de Deus.................................................... 109 15 Herdeiros de Deus.................................................... 115 16 A Grande Reunião.................................................... 125 17 A Grande Separação................................................. 129 18 Eternidade.................................................................137 Apêndice - O Dia do Senhor............................................ 145 Sobre o Autor John Charles Ryle (1816-1900) era filho de um banqueiro rico; estudou no Eton e no Christ Church College, em Oxford. Era um bom atleta; remava e jogava “cricket” pela Universidade de Oxford. Formou-se com qualificação honrosa, mas recusou a bolsa de estudos que lhe foi oferecida pela faculdade. Ao invés disto, iniciou uma carreira em Direito, pretendendo entrar na “Casa dos Comuns” (House of Commons). Entretanto, passou pela experiência da conversão evangélica em 1838, enquanto ouvia, na igreja, a leitura do segundo capítulo de Efésios. Em 1841, ingressou no ministério da Igreja Anglicana. Após servir em quatro igrejas, em Hampshire e Suffolk, foi designado, em 1880, o primeiro bispo da nova diocese de Liverpool. Durante todo o seu ministério, lutou com intrepidez pelas grandes verdades da Palavra de Deus. Sua produção literária foi imensa e seus tratados alcançaram uma circulação de mais de vinte milhões. Entre seus livros encontram-se “O Verdadeiro Cristão” (The True Christiari), “O Cenáculo” (The UpperRoom), “Velhos Caminhos” (Old Paths), “Santidade... Sem a Qual Ninguém Verá o Senhor” (Holiness), “Religião Prática” (Practi- cal Religiori) e “Meditações Expositivas” (Expository Thoughts) em cada um dos quatro evangelhos. C. H. Spurgeon considerou-o “o melhor homem na Igreja Anglicana”; e, em um sermão feito em sua memória, pregado no domingo seguinte ao funeral de Ryle, seu amigo Richard Hobson disse: “Estou seguro em afirmar que, no século dezenove, talvez poucos homens fizeram tanto por Deus, pela verdade e pela justiça, entre o povo de língua inglesa e no mundo, quanto o nosso recém-falecido bispo”. Nota “Fé Genuína” é uma simplificação e resumo da obra “Religião Prática” (PracticalReligiori), edição de 1959, publicada por James Clarke and Co. Ltd., Cambridge. Aquela edição omitiu dois capítulos do original, e o presente resumo omitiu mais um capítulo, “A Ceia do Senhor”. O Apêndice, “O Dia do Senhor”, foi simplificado e resumido de outro livro de Ryle, “Nós Desfeitos” (Knots Untied), onde aparece sob o título “O Dia de Descanso” (The Sabbath). Prefácio O primeiro livro de J. C. Ryle que li foi “Santidade... Sem a Qual Ninguém Verá o Senhor”1 (Holiness), o qual exerceu um efeito profundo e benéfico sobre mim. O segundo foi “Religião Prática” (PracticalReligion). Não estou certo sobre como este livro chegou às minhas mãos; porém, sei que o ganhei de presente enquanto ainda era um jovem ministro. Imediatamente descobri o seu valor; então, fiz o meu índice pessoal do seu conteúdo, recorrendo a ele várias vezes no decorrer dos anos. Poucos escritores do século dezenove mantêm o frescor e a relevância de J. C. Ryle. “Religião Prática” (Practical Religiori) faz juz ao seu título. Cada capítulo é de fácil leitura e bem estruturado, atingindo o “cerne” dos assuntos em discussão. As obras de Ryle devem ser lidas por vários motivos. Primeiro, ele é sempre bíblico, não simplesmente por citar as Escrituras, mas por ter assimilado tão bem seus ensinamentos, que tudo o que diz flui das Escrituras. Segundo, Ryle relaciona tudo com a obra salvadora de nosso Senhor Jesus Cristo, jamais permitindo ao leitor esquecer-se de que a gratidão e a mudança na maneira de vida são a resposta adequada à graça. Terceiro, ele é eminentemente prático. Enuncia princípios e demonstra a aplicação destes na vida diária. Quarto, trata de assuntos frequentemente negligenciados, mas de relevância para o cristão; por exemplo: a auto-análise e a atitude do cristão para com o mundo. Estou satisfeito pelo fato do capítulo “O Dia do Senhor” ter sido acrescentado, uma vez que é um modelo de simplicidade, uma 6 FÉ GENUÍNA afirmação clara de princípios bíblicos e suas aplicações, de maneira eminentemente sensata e prática. Este resumo, “Fé Genuína” (Walking With God), não perde coisa alguma do espírito pastoral e urgentemente prático que caracteriza Ryle. Tanto cristãos quanto aqueles que ainda procuram a verdade a respeito de Deus e de seu Filho Jesus Cristo encontrarão instrução, desafio e encorajamento. Derek Prime Edimburgo 1 Editora Fiel, São José dos Campos, Ia' edição em 1987. 1 Auto-Análise Voltemos agora para visitar os irmãos por todas as cidades nas quais anunciamos a palavra do Senhor, para ver como passam. ^tos 15 35 Depois de terem realizado juntos a primeira viagem missionária, 0 apóstolo Paulo sugeriu a Barnabé que visitassem novamente as igrejas fundadas por eles, para verificar como as pessoas estavam passando. Paulo estava ansioso por saber se aqueles novos irmãos estavam crescendo na vida cristã. Então, disse: “Voltemos, agora, para visitar os irmãos... para ver como passam”. Existe algo que podemos aprender disto: precisamos examinar a nós mesmos para ver como estamos nos saindo em nosso relacionamento com Deus. Vivemos em uma época de grandes privilégios espirituais. O evangelho tem sido pregado por quase todo 0 mundo. A Bíblia encontra-se disponível em mais idiomas do que antes. Em muitas partes do mundo, a igreja cresceu rapidamente. Porém, devemos perguntar a nós mesmos: “Será que, de alguma forma, estamos melhores por causa disto?” Vivemos em uma época de grande perigo espiritual. Em nenhum outro tempo, tantas pessoas, em todo 0 mundo, professaram FÉ GENUÍNA ser cristãs. Mas são todas convertidas? Muitas gostam de participar de grandes reuniões, onde coisas entusiásticas acontecem. Mas a busca por estas coisas é diferente de crescer na vida cristã; é muito importante que, algumas vezes, paremos para indagar a nós mesmos onde realmente estamos em nossa vida espiritual. Deixe-me sugerir dez questões que o ajudarão a descobrir a verdade a respeito de sua condição espiritual. Faço-as apenas para o seu bem. Se a princípio algumas delas parecerem um tanto severas, lembre-se: a pessoa que lhe diz asseu ministério e seus milagres. Contam-nos a respeito de sua vida e seus ensinamentos, sua morte e ressurreição, seu poder, amor, bondade e paciência. Falam-nos destas coisas de forma tão simples, que ninguém pode alegar não entendê-las. A Bíblia também nos fala sobre a vida de pessoas boas. Muitos eram pessoas como nós, com todos os nossos problemas. A Bíblia não tenta esconder os erros e fraquezas destas pessoas e nos lembra que o Salvador delas também está pronto para ser o nosso Salvador. A Bíblia contém muitos alertas importantes baseados nas vidas de homens maus, para nos recordar que o Deus que puniu os pecados desses homens também nos punirá, se nos apegarmos aos nossos pecados. A Bíblia contém muitas promessas preciosas para encorajar aqueles que amam a Deus. Ela também nos dá profundo discernimento com relação ao caráter do homem. Onde mais poderíamos aprender sobre todas essas coisas? Quão importante é que leiamos a Bíblia! 4. A Bíblia produz mais efeitos maravilhosos do que qualquer outro livro Além da Bíblia, nenhum outro livro produziu um efeito tão 44 FÉ GENUÍNA maravilhoso sobre os homens. A Bíblia é o livro cujos ensinamentos transtornaram o mundo nos dias dos apóstolos (At 17.6), os quais foram um grupo de homens enviados para desafiar a superstição, a falsa religião e a imoralidade do mundo. Eles não tinham armas para forçar as pessoas a aceitar a mensagem, nem riquezas para suborná-las a fim de que cressem. Mas estavam armados com este livro e, em poucas gerações, mudaram completamente a condição da sociedade. Nos dias da Reforma, este livro transformou a Europa. Seiscentos anos atrás, uma grande treva cobria a igreja cristã. Uma grande mudança ocorrera no cristianismo, de modo que este encontrava-se irreconhecível. Então, homens começaram a traduzir a Bíblia nos idiomas dos povos, e a igreja foi novamente transformada. Coisas similares aconteceram em outras épocas. Quão grande foi a perversidade que existiu em Israel nos dias dos seus reis! Mas isto não é surpreendente, visto que a lei do Senhor havia sido perdida, posta de lado num canto do templo, até ser encontrada nos dias de Josias (2 Rs 22.8). A Bíblia trouxe grandes bênçãos às nações em que sua mensagem foi amplamente recebida. Ela conduziu os povos a boas leis, a altos padrões de moralidade, à grande bênção do dia de descanso, à fundação de instituições de solidariedade para com os doentes, pobres, idosos e órfãos. Raramente coisas assim foram encontradas em países que nunca tiveram a Bíblia. 5. A Bíblia faz mais pelos seus leitores do que qualquer outro livro Nenhum livro pode fazer tanto, em favor daqueles que o lêem de forma adequada, como a Bíblia o faz. Ela trata de assuntos muito mais importantes do que como ter sucesso na vida presente; trata de assuntos relacionados à vida eterna. A Bíblia pode torná-lo “sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus”; pode dar-lhe a conhecer o caminho para o céu. É capaz de ensinar todas as coisas que você precisa saber e crer e tudo o que precisa fazer para ser salvo. Ela pode fazer-lhe ver a você mesmo — um pecador. A Bíblia pode lhe mostrar Deus, em toda a sua santidade e o Senhor Jesus Cristo, o único que é apto a reconciliá-lo com Deus. O Espírito Santo utiliza a Bíblia para converter pecadores. Ele traz a verdade à consciência destes e, através da verdade, realiza Leitura da Bíblia 45 um milagre moral em suas vidas. Dia após dia, em todo o mundo, todos os tipos de pessoas estão experimentando o milagre do novo nascimento, realizado pela ação do Espírito Santo, através da Bíblia. A Bíblia é o principal instrumento para amadurecer o cristão após sua conversão. O Espírito Santo faz uso de sua própria Palavra, quando lida particularmente ou pregada em público, tendo em vista purificar e santificar os cristãos, a fim de instruí-los na justiça e equipá-los para toda boa obra (ver SI 119.9, Jo 17.17 e 2 Tm 3.16,17). A Bíblia pode fazer-lhe saber como viver sua vida, dia após dia, de uma maneira que agrada a Deus; pode ensinar-lhe a suportar sofrimento e perseguição e a pensar, sem temor, na morte e no julgamento por vir. Ela pode acordá-lo quando você encontrar- se espiritualmente sonolento. A Bíblia é capaz de confortá-lo, quando você estiver triste, e trazê-lo de volta ao caminho quando você estiver se desviando. Ela pode dar-lhe forças quando você estiver fraco; pode livrá-lo do mal, mesmo quando você estiver acompanhado de outros, e pode falar com você quando estiver só. A Bíblia é apta para fazer todas essas coisas até mesmo pelo cristão mais insignificante. Se o Espírito Santo está vivendo em seu coração e a Bíblia estiver às suas mãos, você possui tudo o que é absolutamente necessário para sua vida cristã. Ainda que você fosse colocado na prisão e separado completamente dos outros cristãos, teria em seu poder o guia infalível de Deus para sua vida. Algumas pessoas reclamam que a Bíblia contém muitas coisas difíceis de entender. Isto é perfeitamente verdadeiro, mas não é motivo para que você pare de ler a Bíblia. A falha está em nosso próprio entendimento, e não nas Escrituras; e, se apenas continuarmos a lê-las, iremos compreendê-las melhor. Com certeza, não devemos nos deixar deter pelas coisas difíceis, pois existem também muitas coisas que são perfeitamente claras e fáceis. As grandes verdades que devemos entender, a fim de sermos salvos, são claras para todos os que desejam conhecê-las. Seria extremamente tolo ignorar aquilo que podemos entender por causa das partes que são difíceis. Outras pessoas reclamam afirmando que nem todas as pessoas que lêem a Bíblia conseguem os benefícios a respeito dos quais eu tenho falado. A resposta é simples: aqueles que não se beneficiam da leitura da Bíblia não a estão lendo da maneira correta. A Bíblia deve ser lida com humildade e em oração; doutra forma, não podemos esperar que ela nos faça algum bem. Qualquer pessoa que lê a Bíblia com um espírito perseverante e semelhante ao de 46 FÉ GENUÍNA uma criança jamais errará o caminho para o céu. A Palavra de Deus é plenamente verdadeira ao dizer que, se fizeres “atento à sabedoria o teu ouvido e... inclinares o teu coração ao entendimento e, se clamares por inteligência e por entendimento alçares a voz, se buscares a sabedoria como a prata e como a tesouros escondidos a procurares, então entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus” (Pv 2.2-5). 6. A Bíblia é o padrão da doutrina e do dever cristão A Bíblia é o único padrão pelo qual todas as questões sobre doutrina e dever cristão podem ser decididas. Deus sabe que seus filhos necessitam de um infalível padrão do que é verdadeiro e do que é correto, e, por sua graça, Ele nos deu exatamente isto na Bíblia. Devemos ser extremamente gratos por isto, visto que existe muita confusão no mundo tanto a respeito da doutrina quanto da prática cristã. Existe grande confusão no que se refere à doutrina cristã. Diferentes igrejas apresentam diferentes respostas até mesmo àquelas questões mais importantes sobre a fé cristã. Católicos romanos e protestantes, evangélicos e liberais, mórmons e testemunhas de jeová, todos alegam ter a verdade, porém aquilo que um ensina é totalmente divergente do que o outro diz. Como é que alguém pode encontrar a verdade quando as coisas são tão confusas? Só há uma resposta. Na Bíblia, o próprio Deus nos deu um padrão infalível da verdade. Devemos adotá-la como nosso padrão. Não devemos acreditar em qualquer coisa que não esteja de acordo com a Bíblia. Não importa quem diz que alguma coisa é verdade. Não importa qual seja a sua posição na igreja. O que esta pessoa afirma deve ser confrontado pela Bíblia. Um homem pode ser um ministro cristão, mas ainda assim o que ele diz deve ser provado com as Escrituras. Se ele for um verdadeiro ministro, mostrar-se-á muito feliz por você fazer isto. De fato, ele o encorajará a ler a Bíblia e verificar por si mesmo se aquiloque ele ensina é a verdade. Apenas um falso ministro lhe pedirá que acredite na própria autoridade dele ou na autoridade de sua igreja. O objetivo de todo verdadeiro ministro é sempre ajudar-lhe a ver, por si mesmo, a verdade na Palavra de Deus. Existe também muita confusão sobre zprática cristã. Todo cristão que realmente deseja fazer o que agrada a Deus precisará Leitura da Bíblia 47 tomar decisões sobre todos os tipos de questões práticas. Ele será confrontado com questões relacionadas ao seu trabalho diário. Provavelmente existirão algumas coisas que quase todas as pessoas fazem, mas que não parecerão corretas para ele. E, fora do seu trabalho, surgirão questões sobre como utilizar seu tempo. Muitas pessoas se envolvem em certas formas de entretenimento que suscitam dúvidas quanto a serem formas sábias e corretas. E aparecerão questões relacionadas à sua vida em família. Que padrões de comportamento devem ser aplicados aqui? Alguma coisa pode ser considerada correta tão-somente por ser praticada por pessoas que se professam cristãs? Novamente, só pode haver uma resposta para todas essas questões. A Bíblia deve ser o nosso padrão. Sempre que formos confrontados com alguma questão sobre prática cristã, devemos aplicar os ensinamentos da Bíblia. Algumas vezes, a Bíblia falará com objetividade a respeito do assunto, e devemos guiar-nos por seu ensino direto. Freqüentemente a Bíblia não abordará o assunto de maneira direta; então devemos procurar princípios gerais para nos guiarmos. Não importa o que outras pessoas pensam. O comportamento delas não é um padrão para nós. A Bíblia é o nosso padrão, e é pela orientação apresentada na Bíblia que devemos viver. 7. Os verdadeiros servos de Deus sempre amaram a Bíblia e viveram fundamentados em seus ensinos A Bíblia é o livro que todos os verdadeiros servos de Deus sempre amaram e sobre o qual basearam suas vidas. Toda criatura que vive necessita de alimento. Quando um pecador se torna uma nova criatura em Cristo Jesus, ele necessita de alimento espiritual. Este alimento é a Palavra de Deus. Assim como uma criança recém- nascida deseja o leite de sua mãe, toda pessoa verdadeiramente convertida ama a Palavra de Deus. Portanto, se alguém menospreza a leitura da Bíblia ou faz pouco das pregações da Palavra de Deus, considero como praticamente certo que esta pessoa ainda não nasceu de novo. Os crentes do Antigo Testamento amavam a Palavra de Deus; considere Jó 23.12 e Salmo 119.97. Os apóstolos amavam a Palavra de Deus, pois eles e seus companheiros eram homens “poderosos nas Escrituras”. O próprio Senhor Jesus amou a Palavra. 48 FÉ GENUÍNA Ele a leu em público, continuamente se referia a ela e usou-a como sua arma contra o diabo. Com frequência, Jesus declarou que a Escritura precisava ser cumprida. Uma das últimas coisas que Ele fez na terra foi abrir o entendimento dos discípulos “para compreenderem as Escrituras” (Lc 24.45). Através da história cristã, o povo de Deus tem amado a sua Palavra. Todos aqueles que Deus utilizou na obra do seu reino têm amado sua Palavra. Onde quer que o evangelho tenha ido, pessoas instruídas ou incultas têm, indiscriminadamente, aprendido a amar a Palavra de Deus. Isto é algo que elas possuem em comum, embora discordem quanto a questões sobre a organização da igreja ou outros assuntos deste tipo. Quando todo o povo de Deus estiver finalmente reunido no céu, descobrirão que todos passaram pelas mesmas experiências. Todos terão nascido do Espírito de Deus e sido perdoados através do sangue de Cristo; terão amado a Palavra de Deus e feito dela o seu alimento e deleite durante sua peregrinação na terra. Deixe-me perguntar-lhe novamente: o que você está fazendo com a Palavra de Deus? 8. Somente a Bíblia pode confortar alguém que está morrendo A Bíblia é o único livro que pode confortar um homem quando ele se encontra às portas da morte. A morte é um evento solene que ocorre a todos nós. Ela marca o final de qualquer oportunidade para arrependimento e é a porta para o céu ou para o inferno. Até mesmo para o cristão, a morte é algo muito sério. Na morte, o cristão é salvo, pois pertence a Cristo; mas, apesar disso, a morte é algo sério. Manifestamos uma rejeição natural para com a morte. Separar-nos de quem amamos para viver em outro mundo não é fácil. Faz sentido, então, que todos pensem calmamente sobre como enfrentarão a morte quando esta chegar. Permita-me dizer algo a respeito disto. As melhores coisas deste mundo não podem confortar um homem que está morrendo. O dinheiro pode comprar-lhe o melhor atendimento médico, mas não pode comprar-lhe a paz de coração e de consciência. Parentes e amigos também não podem confortá-lo. Eles poderão fazer o melhor que puderem quanto às suas necessidades, mas eles não podem amenizar seus temores íntimos e aliviar sua consciência atribulada. Livros e jornais não podem Leitura da Bíblia 49 confortá-lo. Não importa o quanto ele tenha desfrutado de tais livros e jornais durante sua vida, por ocasião da morte estes não lhe servirão. Mas existe um livro que é fonte de conforto; este livro é a Bíblia. Capítulos, versículos, verdades da Bíblia são as únicas fontes de conforto para um homem que está às portas da morte. É claro que eu não posso afirmar que a Bíblia fará algum bem a este homem, se ele nunca antes a tiver valorizado. Já vi muitos leitos de morte e posso asseverar isto. Não estou dizendo que alguém que tenha negligenciado a Bíblia durante toda a sua vida não possa conseguir dela algum conforto na hora de sua morte. Mas afirmo que alguém à beira da morte não encontrará conforto verdadeiro em qualquer outro lugar. Digo que esta verdade se aplica a todas as pessoas sem exceção, tanto aos reis quanto aos pobres; aplica-se aos mais cultos e aos analfabetos. E lhe declaro com franqueza que, embora pessoas aparentem viver de modo confortável sem a Bíblia, nenhuma delas morrerá confortavelmente sem a Bíblia. Já vi muitas pessoas morrerem, algumas com e outras sem conforto na hora da morte. Mas há uma coisa que eu nunca vi: alguém desfrutar de uma paz real, sólida e racional, em seu leito de morte, que não a tenha conseguido da Bíblia. É sobre este Livro que eu estou escrevendo a você, e pergunto-lhe pela última vez: O que você está fazendo com a Bíblia? Conclusão Desejo concluir falando claramente às consciências dos diferentes tipos de pessoas que podem estar lendo estas minhas palavras. 1. Talvez você leia muitos livros, mas nunca leu a Bíblia. Se esta é a sua condição, não posso falar-lhe qualquer palavra de conforto, pois você está correndo o perigo de perder sua alma. Sua negligência para com a Bíblia é uma prova evidente de que você não ama a Deus. Uma pessoa com um corpo sadio tem um apetite saudável; uma pessoa com uma alma sadia manifesta apetite pela Palavra de Deus. Mas é óbvio que você está sofrendo uma terrível doença espiritual. Você não vai se arrepender? Sei que não posso atingir seu coração, de modo a fazê-lo perceber e sentir estas coisas, mas protesto contra a sua negligência com relação à Bíblia e apelo à sua consciência que considere o meu 50 FÉ GENUÍNA alerta. Não deixe que seja tarde demais para arrepender-se! Não adie a leitura da Bíblia para a hora em que você estiver morrendo e, então, vier a pensar que ela nada significa para você quando você mais precisa dela! Não fique dizendo: “As pessoas vivem perfeitamente bem sem a leitura da Bíblia”. Você acabará descobrindo, a seu próprio custo, que tais pessoas estão agindo muito mal e acabarão no inferno. Cuidado para que um dia você não venha a dizer: “Se ao menos eu tivesse dado à Bíblia tanta atenção quanto dei a outros livros, revistas e jornais, não estaria sem esperança nas minhas últimas horas de vida”. Estou lhe dando um aviso claro. Que Deus tenha misericórdia de sua alma. 2. Talvez você esteja desejando iniciar a leitura da Bíblia mas necessita de conselho a respeito.Deixe-me ajudá-lo. Comece a ler a Bíblia hoje. Boas intenções não bastam. Você realmente precisa começar a lê-la. Faça-o com um profundo desejo de entendê-la. Ler sem compreender não vai ajudá-lo. Leia a Bíblia com humildade e fé semelhante à de uma criança. Você deve submeter-se a ela; não tente julgá-la. Leia-a com a intenção de obedecê-la, aplicando a si mesmo o que você lê. A Bíblia deve afetar o seu comportamento. Leia a Bíblia todos os dias. Você gosta de se alimentar todos os dias; a Bíblia é o alimento de sua alma. Leia a Bíblia toda, de forma sistemática. Você não tem o direito de ler apenas as passagens que mais gosta. Interprete a Bíblia de forma simples e objetiva. A interpretação correta é, normalmente, a mais simples e óbvia. Leia a Bíblia com sua mente voltada para Cristo. E, ao ler o Antigo Testamento, tente compreender como ele aponta em direção a Cristo. Acredito firmemente que se você agir segundo estes princípios, Deus não lhe permitirá compreender mal o caminho para o céu. 3. Talvez você seja alguém que ama e acredita na Bíblia, mas não a lê muito. É provável que obterá pouco conforto das Escrituras nas horas de necessidade e jamais se tornará uma pessoa firmemente alicerçada na verdade. Além disso, você provavelmente cometerá grandes erros em sua vida — no seu casamento, na sua vida em família, no seu relacionamento com outras pessoas. E talvez seja enganado, pelo menos por algum tempo, por falsos mestres. Não basta que você leia a Bíblia apenas um pouco — precisa lê-la bastante, deixando que a Palavra de Cristo habite ricamente em você (Cl 3.16). 4. Talvez você seja uma pessoa que lê muito a Bíblia, mas Leitura da Bíblia 51 está tentado a desistir por achar que isto não está lhe fazendo bem algum. Permita dizer-lhe que esta tentação vem do maligno. A Bíblia pode estar lhe ajudando mais do que você pensa; pode estar produzindo um efeito imperceptível sobre o seu caráter, livrando-o de erros e pecados nos quais, de outro modo, você cairia. Se parar de ler a Bíblia, você acabará descobrindo isto às suas próprias custas! 5. Talvez você realmente ame a Bíblia, viva por ela e a leia bastante. Se for assim, então decida lê-la mais e mais, a cada ano de sua vida, a fim de gravá-la em sua memória e seu coração. Quando se encontrar às portas da morte, pode ser que você estará incapacitado de ler, e será precioso, então, tê-la guardada em seu coração (SI 119.11). Resolva, também, ser ainda mais atento com relação a seu hábito de ler a Bíblia, a cada ano de sua vida, e honrar mais a Bíblia na sua vida em família. Decida meditar mais na Bíblia e conversar mais a respeito dela com outros crentes. Finalmente, tome a resolução de viver mais e mais fundamentado na Bíblia. Deixe-a avaliar tudo que você faz e, com a ajuda de Deus, esteja determinado a ser governado por ela. 6 Amor Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor. 1 Coríntios 13.13 O amor é a mais sublime graça cristã. Todos professam admirá-lo. Muitos admitem que nada sabem sobre a doutrina cristã, mas professam entender e possuir o amor cristão. Porém, têm idéias falsas sobre o amor, e estas precisam ser corrigidas. De fato, muitos o entendem de forma completamente errada. Quero falar claramente sobre isto, pois a verdade é que nada no mundo é tão escasso quanto o amor cristão. 1. A importância do amor Desejo que você perceba, primeiramente, que importante lugar a Bíblia confere ao amor. Leia você mesmo as seguintes passagens da Escritura: 1 Coríntios 13.1-3, Colossenses 3.14, 1 Timóteo 1.5, 1 Pedro 4.8, João 13.34-35, Mateus 25.41-46, Romanos 13.8, Efésios 5.2 e 1 João 4.7-8. Estas passagens não necessitam qualquer comentário de minha parte. Mostram quão 54 FÉ GENUÍNA imensamente importante é o amor cristão na perspectiva de Deus. 2. O que é o amor Permita-me mostrar-lhe, em segundo lugar, o que realmente é e o que não é o amor ao qual a Bíblia se refere. Inicio com o que ele não é. O amor não é apenas ajudar os pobres. Paulo diz claramente que alguém pode distribuir todos os seus bens entre os pobres (1 Co 13.3) e não ter amor. O cuidado para com os pobres é um dever cristão inegável, mas pode ser que o façamos e ainda estejamos completamente destituídos de amor cristão. O amor não significa que nunca podemos condenar o comportamento de alguém. As palavras “não julgueis” não indicam que você jamais possa desaprovar as coisas erradas. O amor bíblico não denota que devemos ignorar o pecado ou falar bem da imoralidade. O amor bíblico não preceitua que nunca devemos discordar das opiniões de alguém quanto à religião. O amor bíblico não diz que todo o mundo está indo para o céu e ninguém para o inferno ou que todos estão certos e ninguém está errado. O verdadeiro amor afirma: “Não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1 Jo 4.1). Vamos agora considerar o que é o amor. Primeiro, é amor a Deus. Qualquer pessoa que tem este amor deseja amar a Deus com todo o seu coração, toda a sua alma, toda a sua mente e toda a sua força. Em segundo lugar, é amor para com as pessoas. Quem possui este amor desejará amar a seu próximo como a si mesmo. O amor bíblico será demonstrado nas atitudes de um cristão, tornando- o disposto a fazer o bem a todos, sem esperar por qualquer recompensa. Será demonstrado na disposição de suportar o mal. Fará com que o cristão seja paciente quando provocado, pronto a perdoar, manso e humilde. Freqüentemente negará a si mesmo em favor da paz e estará mais interessado em promovê-la do que em assegurar seus próprios direitos. O amor bíblico será demonstrado pelo comportamento do cristão. Será gentil, altruísta, bem- humorado, demonstrará consideração para com os outros, se mostrará generoso e cortês, preocupado com o conforto dos outros, Amor 55 atencioso para com os sentimentos dos outros e mais desejoso a dar do que receber. O verdadeiro amor nunca sente inveja ou se regozija nos problemas dos outros. O modelo perfeito deste tipo de amor encontra-se na vida do Senhor Jesus Cristo. Ele foi odiado, perseguido e criticado, mas suportou tudo com paciência. Jesus sempre se mostrou amável e paciente para com todos. Contudo, Ele expunha a maldade e repreendia aqueles que pecavam. Denunciava a falsa doutrina e as práticas hipócritas. Falava abertamente tanto do inferno quanto do céu. Jesus demonstrou que o perfeito amor não aprova a vida e as opiniões de todas as pessoas e que é possível condenarmos o mal e continuarmos plenos de amor. Isto, então, é o verdadeiro amor cristão. Mas, quão pouco existe deste amor na terra, até mesmo entre os cristãos! Como o mundo seria feliz se existisse mais do verdadeiro amor bíblico! 3. De onde vem o amor Permita mostrar-lhe, em terceiro lugar, de onde procede o amor bíblico. Certamente, não é natural ao homem. Somos naturalmente egoístas, invejosos, cruéis e de temperamento ruim. Nós o percebemos até mesmo nas crianças, visto que por natureza o coração humano nada sabe a respeito do verdadeiro amor. O verdadeiro amor será encontrado apenas em um coração que tenha sido mudado e renovado pelo Espírito Santo. Mas, quando nos tornamos “co-participantes da natureza divina” (2 Pe 1.4), pela união com Cristo, uma das primeiras características desta natureza é o amor cristão. Tal coração será convencido da pecaminosidade de seu egoísmo e sua falta de amor e lutará contra estas coisas. Também sentirá uma dívida de gratidão para com o Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, e desejará ser como Ele em amor. O amor de Cristo derramado em nossos corações pelo Espírito Santo é a fonte mais certa de amor cristão. Rogo-lhe que preste especial atenção ao que estou dizendo aqui. Você não pode ter o fruto do cristianismo sem que antes tenha as raízes. Não pode ter o amor cristão sem a conversão, o arrependimento,a fé e a união com Cristo. O verdadeiro amor vem do alto; é fruto do Espírito. Se você deseja ter amor cristão, deve consegui-lo de Cristo. 56 FÉ GENUÍNA 4. O amor é a maior de todas as graças Permita mostrar-lhe, por último, por que o apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 13.13, chama o amor de a maior de todas as graças. Em outros lugares do Novo Testamento, Paulo freqüentemente revela como a fé é importante, pois é através dela que chegamos a Cristo e somos salvos. Pela fé, somos justificados e temos paz com Deus. Mas aqui Paulo diz que o amor é ainda maior do que a fé! Não devemos pensar, em momento algum, que o amor é capaz de expiar os nossos pecados ou nos dar paz com Deus. Somente Cristo pode fazê-lo, e é unicamente por fé que somos unidos a Ele. Paulo também não tenciona dizer que o amor pode existir sem fé, uma vez que, na verdade, um não pode existir sem o outro. Mas existem três razões por que o amor é maior do que a fé e a esperança. Primeira, o próprio Deus é repleto de amor. Ele não necessita de fé ou de esperança, pois “Deus é amor”. Portanto, o amor em um cristão resulta em que este passa a amar como Deus ama. Segunda, o amor é a graça mais útil com relação às outras pessoas. Fé e esperança servem de grande benefício pessoal ao cristão, mas é o amor que o torna útil às outras pessoas. Terceira, o amor dura para sempre; nunca perecerá. No céu, todos serão cheios de amor. A fé dará lugar à visão, e a esperança dará lugar à experiência completa. Mas o amor existirá para sempre. Conclusão Permita-me concluir com uma pergunta e uma exortação. 1. A pergunta é simples, mas de grande importância. Você tem amor? Sem ele, você é nada e está desprovido do sinal que o identifica como discípulo de Jesus. Não se contente em possuir um conhecimento intelectual da verdade. Não se contente em pensar que você tem fé. A verdadeira fé é sempre acompanhada de amor. Examine sua vida diária, suas atitudes para com os outros e sua maneira de falar. Você trata os outros de modo sempre amável, até mesmo quando provocado? Suplico-lhe que não descanse até conhecer o amor verdadeiro em seu coração. Peça ao Senhor Jesus que o ensine a amar, que coloque o Espírito Santo em você e mude sua natureza. Feliz é o homem ou a mulher que “anda em amor”. Amor 57 2. Minha exortação é dirigida àquele que realmente conhece o verdadeiro amor em seu coração. Primeiro, pratique o amor. O amor cresce quando é exercitado. Deixe-o controlar toda sua vida, não apenas as grandes coisas, mas as pequenas também. Segundo, ensine o amor aos outros. Ensine a importância da bondade, da prestabilidade e do ser atencioso para com os outros. Ensine-lhes que o amor deve estar acima de tudo (Cl 3.14). 7 Zelo É bom ser sempre zeloso pelo bem. Gálatas 4.18 A Bíblia requer que os cristãos sejam pessoas zelosas. Cristo deu a Si mesmo por nós, a fim de que sejamos zelosos de boas obras (Tt 2.14). Ele disse à igreja de Laodicéia: “Sê, pois, zeloso e arrepende-te” (Ap 3.19). Neste capítulo, pretendo mostrar-lhe a importância do zelo cristão e encorajá-lo a ser um cristão zeloso. 1. O que é o zelo cristão O zelo cristão é um ardente desejo de agradar a Deus, fazer a sua vontade e contribuir para o avanço de sua glória no mundo. Ninguém manifesta este desejo naturalmente, mas o Espírito de Deus o coloca no coração de todo crente por ocasião de sua conversão. Em alguns crentes, tal desejo é muito mais forte do que em outros. Quando este c realmente forte, um homem fará qualquer sacrifício, enfrentará qualquer problema, negará a si mesmo qualquer coisa, utilizará todas as suas energias e até dará sua própria vida, se, fazendo isto, puder agradar a Deus e honrar a Cristo, 60 FÉ GENUÍNA Um cristão zeloso vive para alcançar somente um objetivo. Toda sua vida é dedicada a um só propósito — agradar a Deus. Não lhe importam as conseqüências pessoais ou o que os homens venham a pensar. Apesar das circunstâncias, seu zelo estará sempre evidente. Se não pode ser externamente ativo no servir a Cristo, ele se dedicará à oração. Se não é capaz de, por si mesmo, fazer um trabalho, o cristão zeloso não dará descanso ao Senhor, até que este levante outra pessoa para realizar aquele trabalho. Todos sabemos o tipo de atitude mental que produz grandes homens no mundo. Eles colocam tudo de lado, exceto aquilo que estão lutando para conseguir e concentram sua atenção neste objetivo. É isto que acontece no domínio da ciência e também com homens que fazem grandes fortunas. E, quando este mesmo tipo de atitude mental é consagrada a Cristo, manifesta-se o que chamamos de zelo cristão. Zelo foi uma característica de todos os apóstolos. Considere o apóstolo Paulo. Ao falar pela última vez aos presbíteros da igreja de Éfeso, ele disse: “Em nada considero a vida preciosa para mim mesmo” (At 20.24). Paulo escreveu aos filipenses: “Uma cousa eu faço... prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13,14). Desde o dia de sua conversão, ele abandonou todos os seus projetos terrenos, deixou tudo por amor a Cristo e saiu pelo mundo pregando o Cristo a quem ele outrora havia desprezado. Por amor a Cristo, o apóstolo sofreu miséria, perseguição, opressão, foi preso e, eventualmente, morreu. Isto foi verdadeiro zelo cristão. Zelo foi uma característica dos primeiros cristãos. Muitos perderam tudo no mundo por amor a Cristo. A sua fé trouxe-lhes rejeição e perseguição, e seus sofrimentos foram uma prova de que eram sinceros. Zelo tem sido uma característica dos homens de Deus através da história. Martinho Lutero e os reformadores foram zelosos. Estavam prontos a renunciar suas vidas por amor a Cristo. Missionários, tais como William Carey e Henry Martyn, foram zelosos. Martyn foi um homem brilhante, com uma impressionante perspectiva de sucesso na profissão que havia escolhido, mas, ao invés de seguir sua profissão, decidiu pregar a Cristo em terras pagãs. Zelo foi uma característica do próprio Senhor Jesus Cristo. Se começássemos a dar exemplos de seu zelo, nunca acabaríamos! Ele foi plenamente zeloso. Zelo 61 À luz destes fatos, nunca devemos menosprezar o zelo cristão! 2. Características do verdadeiro zelo cristão É importante entendermos que tipo de zelo devemos ter. Muitas pessoas pensam que, se alguém é sincero, seu zelo deve estar correto. Mas isto não é verdade, como veremos. O verdadeiro zelo deve manifestar-se de acordo com o entendimento, isto é, orientado pela Palavra de Deus. Os judeus que perseguiram a igreja primitiva possuíam grande zelo, mas não “com entendimento” (Rm 10.2). Pedro mostrou zelo ao cortar a orelha de Malco, porém seu zelo não foi sábio. Os seguidores de falsas religiões são freqüentemente muito zelosos, mas não de acordo com a verdade. O verdadeiro zelo deve originar-se de motivos verdadeiros. O zelo dos fariseus se originava de um espírito de partidarismo. O zelo de alguns homens procede de seu egoísmo — eles buscam algo por causa da recompensa que podem ganhar. O zelo de outros homens resulta do amor que têm pelo louvor a sua pessoa. Mas Deus sonda os nossos corações, e o verdadeiro zelo deve proceder do amor a Deus e do desejo por sua glória. O verdadeiro zelo se envolverá em coisas que interessam ao próprio Deus. Deveríamos mostrar-nos zelosos em ser santos (Fp 3.13,14), zelosos para com a salvação dos perdidos (1 Co 9.22), zelosos na oposição a tudo o que Deus odeia e em sustentar as doutrinas do evangelho (G1 2.11). O verdadeiro zelo estará permeado de amor. Não será implacável, tampouco ríspido. Odiará o pecado; contudo, amará o pecador. Odiará a maldade, mas estará pronto a fazer o bem a homens maus. Jesus denunciou os falsos mestres; entretanto, chorou sobre Jerusalém. Paulo repreendeu vigorosamente os erros dos gálatas, mas se preocupou com eles, como se fossem pequenas crianças (G1 4.19). O verdadeiro zelo estará vinculado a uma profunda humildade. Quando Moisésdesceu do monte, não sabia que sua face brilhava. Da mesma forma, o homem verdadeiramente zeloso provavelmente mais lamentará de suas falhas do que se vangloriará de seu zelo! Rogo-lhe que pense sobre estas características do verdadeiro 62 FÉ GENUÍNA zelo cristão. Lembre-se que um homem pode ser sinceramente zeloso, mas completamente errado. Certifique-se de que o seu zelo está em conformidade com a Palavra de Deus! 3. Por que é bom ter zelo cristão? O verdadeiro zelo é bom, pois beneficia o cristão, a igreja e a sociedade em geral. O zelo beneficia o cristão pessoalmente. Da mesma forma que o exercício físico é bom para a saúde de nosso corpo, o zelo é proveitoso à nossa saúde espiritual. Os zelosos por Cristo talvez conhecerão mais do que os outros a alegria, a paz, o conforto e a felicidade interior. Aqueles que mais batalham pela glória de Deus provavelmente serão mais honrados por Deus. O zelo beneficia a igreja como um todo. É impossível substimar a dívida que a igreja tem para com homens zelosos. Homens com poucos dons, mas com muito zelo, têm freqüentemente feito mais pela igreja do que homens mais dotados, porém menos zelosos. Até mesmo uma só pessoa verdadeiramente zelosa em uma igreja pode realizar muito, pois o zelo é contagiante. Um homem zeloso de verdade pode despertar e estimular outros, fazendo muito benefício à igreja. O zelo beneficia a sociedade. Evangelismo e boas obras são inspirados por ele. Sem homens com zelo cristão, o mundo pereceria. Mas homens zelosos estão prontos a sair pelo mundo pregando o evangelho e fazendo o bem onde quer que possam. Se você é um cristão, tenha cuidado para que o seu zelo não se apague. Tente despertá-lo em seu coração e esteja atento a promovê-lo nos outros. Pessoas zelosas algumas vezes cometem erros; contudo, ser uma pessoa sem zelo é algo muito pior. Conclusão Deixe-me agora tentar aplicar este assunto a cada consciência. 1. Tenho uma advertência para aquele que não faz uma firme profissão de fé cristã. Você nada sabe sobre o verdadeiro zelo cristão. Talvez você seja zeloso nos seus negócios, na política ou nas suas preocupações diárias, mas não têm zelo para com Deus, Zelo 63 para com as coisas espirituais e eternas. Suplico-lhe: acorde! Você é tolo por ser zeloso nas coisas deste mundo e por negligenciar aquilo que é eterno. 2. Tenho algo a dizer àquele que professa a Cristo, mas não demonstra qualquer zelo cristão. Você precisa saber que há algo seriamente errado com você. Peço-lhe, em nome do Senhor, que se arrependa. Pense nas almas preciosas que estão morrendo, enquanto você dorme. Pense na brevidade do tempo. O que você deve fazer precisa ser feito agora, ou jamais o será. Considere o diabo e seu zelo em realizar o mal. Medite em seu Salvador e em todo o seu zelo por você. Lembre-se de quando Ele esteve no Getsêmani e no Calvário. O que você está fazendo por Ele? Oh! Acorde! Seja zeloso e arrependa-se! 3. Tenho um encorajamento para aquele que é cristão zeloso. Tenho apenas um pedido — persevere! Não abandone o primeiro amor. Não se torne frio. Lembre-se que “a noite vem, quando ninguém pode trabalhar” (Jo 9.4). Não tema a reprovação dos homens. Deixe que eles o chamem do que quiserem. A sua preocupação não é com o que os homens pensam de você, mas com o que Deus pensará de você no Dia do Julgamento! 8 Felicidade Bem-aventurado é o povo cujo Deus é o Senhor! Salmo 144.15 Felicidade é uma característica daqueles que vivem um correto relacionamento com Deus. Outros não experimentam a felicidade duradoura e verdadeira. Quero considerar este tema sob três aspectos. 1. Coisas essenciais à felicidade Todos desejam ser felizes. Isto é natural. Mas quão poucos entendem em que consiste a felicidade! Pretendo mostrar-lhe algumas coisas essenciais à plena felicidade. Verdadeira felicidade não significa estar completamente livre de sofrimento e desconforto. Neste mundo corrompido e pecador, este tipo de felicidade não existe em lugar algum. A felicidade verdadeira também não consiste de sorrisos e gargalhadas. Muitas pessoas riem bem alto e são aparentemente felizes quando estão em companhia de outras, mas são interiormente miseráveis e têm medo de ficarem a sós. Não seja enganado pelo vazio da jovialidade do mundo! 66 FÉ GENUÍNA Para que alguém seja verdadeiramente feliz, suas necessidades mais profundas têm de ser satisfeitas. O bebê mostra- se feliz quando está vestido, alimentado e deitado nos braços de sua mãe, visto que todas as suas necessidades foram atendidas. O mesmo é verdade a respeito de todos nós — para que sejamos verdadeiramente felizes nossas necessidades mais profundas precisam ser satisfeitas. Quais são nossas necessidades mais profundas? Não são apenas as do corpo! O homem possui mente e consciência e, em seu íntimo, sabe que esta vida não é tudo: existe uma vida além- túmulo. Não são apenas as necessidades físicas do homem que precisam ser satisfeitas, mas também as necessidades de sua alma e de sua consciência. Se almejamos ser verdadeiramente felizes, nossa felicidade não pode depender de qualquer coisa neste mundo. Tudo na terra é incerto e instável. Tudo que o dinheiro pode comprar é temporário. Todos os nossos relacionamentos serão terminados pela morte. Felicidade duradoura não pode depender de tais coisas. Para que sejamos verdadeiramente felizes precisamos ser capazes de ver tudo à nossa volta sem nos sentirmos desconfortáveis. Devemos ser capazes de olhar para o passado e não termos sentimentos de culpa. Devemos poder olhar para o futuro e não manifestar ansiedades. Se você não pode rever o passado ou contemplar o futuro sem desconforto, você não pode ser feliz. Suas atuais circunstâncias podem ser boas, mas não são suficientes para torná-lo verdadeiramente feliz. 2. Erros comuns a respeito da felicidade Muitas pessoas procuram felicidade em lugares com pletamente errados. Quero alertá-lo francamente contra alguns erros comuns sobre a maneira de ser feliz. Realizações e sucesso não trazem felicidade. Homens bem- sucedidos não são necessariamente felizes. O próprio sucesso deles com frequência lhes traz problemas. Riquezas não trazem felicidade. Riqueza pode comprar tudo, exceto a paz interior. Aprendizado e conhecimento, por si mesmos, não trazem felicidade. Assim como nossas mentes, nossos corações e consciências também necessitam de alimento. O conhecimento secular não oferece felicidade a um homem quando ele pensa na morte. Uma vida fácil não traz Felicidade 67 felicidade. Um homem trabalhador pode ser freqüentemente tentado a desejar não ter de ir ao trabalho, para que pudesse gastar seus dias do jeito que quisesse. Porém, Deus criou o homem para trabalhar, e isto é essencial à nossa felicidade. Prazer não traz felicidade. Muitos gastam seu tempo em busca de prazer, tal como uma criança se divertindo com um brinquedo. Mas até mesmo uma criança não fica brincando o dia todo. Homens e mulheres têm coisas mais nobres em que se envolver, ao invés de ocuparem-se na busca infindável por prazer. Quero dizer-lhe com franqueza: se você pensa que alguma dessas coisas o levará à felicidade, está completamente errado. Toda a experiência humana é contrária a isto. O rei Salomão tinha poder, sabedoria e riqueza muito maiores do que qualquer outro homem de sua época. Sabemos, por sua própria confissão, que ele verificou não encontrar felicidade nessas coisas. Eis a sua conclusão, escrita sob a inspiração do Espírito Santo: “Tudo era vaidade e correr atrás do vento” (Ec 1.14). No decorrer da história, podemos encontrar outros incontáveis testemunhos de homens e mulheres que procuraram por felicidade em lugares errados. Estes alcançaram seus objetivos na vida, mas não encontraram paz nem felicidade. Você é um jovem? Suplico-lhe que não desperdice sua vida procurando felicidade onde ela não pode ser encontrada. Você é pobre? Às vezes pensa que, se ao menos fosse rico, seria feliz?Resista essa tentação. Existe tanta miséria entre os ricos quanto entre os pobres. Rogo a vocês todos: lembrem-se como são comuns esses erros sobre o caminho para a felicidade e aprendam a buscá- la onde ela pode ser encontrada! 3. O caminho para ser feliz Finalmente, permita-me mostrar-lhe como ser ver dadeiramente feliz. Existe um caminho que leva à verdadeira felicidade todos que o seguem. Não é incerto nem duvidoso. A verdadeira felicidade está disponível a todos. Mas existe apenas um caminho, e todos os que desejam ser felizes devem seguir por este mesmo caminho. Tornar-se um cristão verdadeiro, fervoroso e com sinceridade de coração e a única maneira de ser feliz. O verdadeiro cristão é o único homem realmente feliz. Por verdadeiro cristão, não estou falando de todo aquele que professa ser cristão. Eu me 68 FÉ GENUÍNA refiro à pessoa que, pelo Espírito Santo, foi ensinada a reconhecer os seus pecados; que já depositou toda sua esperança e confiança no Senhor Jesus Cristo. Refiro-me àquele que nasceu de novo e que manifesta uma vida caracterizada por espiritualidade e santidade. Ao afirmar que tal pessoa é verdadeiramente feliz, não estou dizendo que ela não tem dificuldades ou qualquer tipo de problemas e nunca derrama lágrimas. Porém, no fundo de seu coração, ela tem uma paz sólida e uma alegria verdadeira. Isto é felicidade. Não digo que todos os cristãos são igualmente felizes. Mas, comparados com os homens do mundo, todos são felizes. O verdadeiro cristão tem uma consciência que está em paz. Sabe que Cristo perdoou os seus pecados. Somente ele pode meditar com tranqüilidade a respeito de sua alma, pois sabe que ela está segura em Cristo. O verdadeiro cristão tem fontes de felicidade que não dependem deste mundo. Não importa o quanto suas circunstâncias terrenas possam mudar, seu Amigo no céu continua o mesmo. O verdadeiro cristão está cumprindo o propósito para o qual Deus o criou. O homem não-convertido não está cumprindo este propósito e, portanto, não pode ser feliz. Sem Cristo, ninguém será verdadeiramente feliz neste mundo, ainda que desfrute das melhores circunstâncias da vida. Com Cristo, um homem pode ser feliz, apesar de sua pobreza, apesar de estar doente e apesar dos distúrbios políticos e sociais. Sua felicidade não depende de suas circunstâncias atuais. Ele sabe que tudo irá bem aos justos (Is 3.10). Respostas às objeções Enquanto você leu, Satanás esteve enchendo sua mente com objeções a estas afirmações? Se esteve, não tenho medo de refutá- las com franqueza. Talvez você conheça muitas pessoas religiosas que não são felizes. Você tem certeza de que tais pessoas são verdadeiros crentes em Cristo? Muitos têm apenas uma forma aparente de cristianismo; portanto, não espere que tais pessoas tenham paz e alegria interior. Talvez você conheça algumas pessoas verdadeiramente espirituais, mas que não parecem felizes. Reclamam muito de seus próprios corações. Parecem repletas de dúvidas, ansiedades e medos. Eu sinto muito por que realmente existem cristãos assim, vivendo muito aquém de seus privilégios e aparentemente não ex- Felicidade 69 perimentando alegria e paz. Porém, em alguma ocasião você já lhes perguntou se desistiriam de sua fé e voltariam ao mundo? Já lhes perguntou: “Vocês não acham que seriam mais felizes se parassem de seguir o Senhor Jesus?” Se fizesse tais perguntas, até mesmo os menores e mais fracos cristãos lhe dariam uma só resposta: “Nossa fé pode ser fraca e nossa alegria em Cristo, quase que inexistente; mas jamais desistiríamos daquilo que temos!” A raiz da felicidade se encontra ali, afinal de contas, embora não sejam vistas as folhas nem as flores. Mas talvez você argumente não pensar que a maioria dos cristãos é feliz, pois estes parecem tão sóbrios e sérios. Você já se perguntou por que eles se mostram sérios? Espera que estejam em sua companhia sem manifestarem um sentimento de tristeza, ao verem que você está indo para o inferno? Um erudito filósofo, em certa ocasião, perguntou a um ministro cristão por que as pessoas religiosas sempre pareciam tão tristes. O ministro respondeu: “Olhar para o senhor, Sr. Hume, deixa qualquer cristão triste”. Somente quando você mesmo, leitor, for um homem convertido, será capaz de avaliar corretamente a seriedade dos cristãos. Quando você os encontra em um ajuntamento onde todos amam a Cristo e têm um só sentimento, minha experiência diz que você não achará pessoas tão verdadeiramente felizes quanto os verdadeiros cristãos. Portanto, repito a minha afirmação de que não existe felicidade no mundo comparável à de um verdadeiro cristão. Conclusão Concluindo, desejo apelar à consciência de todos os meus leitores. 1. Deixe-me fazer uma pergunta: você é feliz? Se está vivendo para este mundo, você sabe, em seu coração, que não é verdadeiramente feliz. Quero avisá-lo em amor: Você nunca será feliz enquanto estiver dando as costas a Deus e a Cristo. 2. Permita-me dar-lhe um alerta: é algo tolo viver de maneira que não pode tomá-lo feliz. Você está gastando “dinheiro naquilo que não é pão” e seu “suor naquilo que não satisfaz” (Is 55.2). O caminho para a salvação e para a felicidade é o mesmo! Recuse-o e você nunca será feliz. 3. Rogo-lhe que busque felicidade no único lugar em que poderá encontrá-la. Ela é encontrada somente em Cristo. Apenas 70 FÉ GENUÍNA Ele pode lhe outorgar felicidade. Venha a Ele, confessando seu pecado e sua infelicidade. Venha, suplicando-lhe misericórdia, perdão e nova vida. Não demore por motivo algum! Venha a Ele agora! 4. Quero oferecer alguns conselhos aos verdadeiros cristãos a respeito de como ser ainda mais feliz. Primeiro, trabalhe para crescer na graça, ano após ano. Cuidado para não ficar parado, vivendo experiências passadas. Faça esforços para seguir adiante. Leia a Bíblia com mais empenho, ore com mais fervor, odeie o pecado cada vez mais, negue mais a si mesmo, mantenha sua consciência limpa de pequenos pecados, evite entristecer o Espírito. Os homens mais santos são sempre os mais felizes. Segundo, trabalhe para ser mais grato, ano após ano. Aprenda a dar mais louvores a Deus por sua bondade. Terceiro, seja mais diligente em fazer o bem, ano após ano. Deus é bom, e faz o bem (SI 119.68). Empenhe-se por imitar a Deus, realizando o bem. Existe alguma coisa que você pode empreender para Deus; procure descobri-la e faça-a para Ele. Lembre-se: o cristão hesitante e descomprometido jamais desfrutará de paz perfeita. O cristão mais comprometido será sempre o homem mais feliz. 9 Formalismo Tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. 2 Timóteo 3.5 Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém, judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus. Romanos 2.28,29 Estes versículos nos ensinam pelo menos três verdades importantes: primeira, o cristianismo exterior não é o verdadeiro cristianismo; segunda, o cristianismo verdadeiro deve existir no coração; terceira, o verdadeiro cristianismo nunca deve esperar ser popular. 1. O cristianismo exterior não é o verdadeiro cristianismo A primeira coisa que aprendemos é que o cristianismo exterior não é o verdadeiro cristianismo e um cristão nominal não é um verdadeiro cristão. Por cristão nominal, refiro-me a alguém 72 FÉ GENUÍNA que apenas se declara cristão, mas que, na realidade, não o é; alguém que é cristão somente em suas práticas religiosas exteriores, mas não em seu coração. Existem muitas pessoas para quem o cristianismo consiste em nada além do que ir à igreja. Fazem isso com regularidade, mas não estão familiarizados com as Escrituras e não sentem prazer algum na leitura delas. Suas vidas não manifestam separação do mundo. Não estão particularmente interessados em doutrina cristã, mostrando não se preocuparem com o tipode ensino que recebem. Pessoas assim são apenas “cristãos nominais”. Existem outros para quem o cristianismo consiste apenas em palavras. Sabem a teoria do evangelho e mantém com firmeza a sã doutrina. Contudo, nada sabem a respeito da santidade prática. Não são confiáveis, amorosos, humildes, honestos, bondosos, mansos e altruístas. Têm nome de cristãos, mas são apenas “cristãos aparentes”. A Escritura fala muito claramente sobre este cristianismo aparente. Ouça as palavras de Paulo: “Não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne”. Estas são palavras fortes! Um homem poderia ser descendente de Abraão, circuncidado, observador de todas as celebrações, uma pessoa que, com regularidade, adorava no templo e, apesar de tudo isso, não ser um verdadeiro judeu aos olhos de Deus! Da mesma forma, alguém pode ser um cristão professo, batizado, frequentador da igreja, e, aos olhos de Deus, não ser de forma alguma um cristão! Leia Isaías 1.10-15. Nesta passagem, Deus proclama que os sacrifícios oferecidos pelo povo eram inúteis e que Ele odiava as celebrações deles. Todavia, esses sacrifícios e celebrações haviam sido estabelecidos por Ele mesmo. Deus está afirmando que suas próprias ordenanças de louvor são inúteis quando não observadas de coração. De fato, são piores do que inúteis; ofendem-No, e Ele as odeia. Escute agora o próprio Senhor Jesus Cristo. Ele declarou aos judeus de seus dias: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram” (Mt 15.8,9). Ele reiteradamente denunciou a religião aparente dos escribas e fariseus, alertando seus discípulos contra ela. Jesus sempre tinha uma palavra de bondade a transmitir aos piores pecadores e mantinha uma porta aberta para estes. Mas, com linguagem severa, Ele denunciava aqueles que tinham uma religião de aparência externa. Formalismo 73 Poderíamos facilmente indicar outras passagens onde a Bíblia fala sobre isto. A Bíblia nos ensina, com muita clareza, que devemos não apenas evitar o pecado, mas também o perigo de possuirmos nada além de um cristianismo aparente. Esse tipo de cristianismo é muito comum. Invade todas as igrejas cristãs, sendo também muito perigoso. O cristianismo de atitudes aparentes, não provenientes do coração, tem um efeito endurecedor no coração e na consciência da pessoa. É também algo muito tolo. Quão tolo é supor que uma forma aparente de cristianismo trará conforto na hora da doença ou quando a morte se aproximar! Uma fotografia de um fogo não pode aquecer alguém, visto que não é o fogo de verdade. Da mesma forma, o cristianismo aparente não pode trazer paz à alma. Deus vê através das aparências, embora nossos amigos, irmãos, membros da nossa igreja e pastores sejam enganados por elas. Deus conhece os segredos de nossos corações. Ele há de “julgar os segredos dos homens” no último dia. 2. O cristianismo verdadeiro deve existir no coração O coração é o teste real tanto do caráter de um homem quanto de sua religião. É dentro do coração que o verdadeiro cristianismo deve existir. As pessoas olham para as coisas que um homem diz e faz, mas um homem pode dizê-las e fazê-las por motivos errados. Por isso, Deus examina o coração. É ali que deve começar o cristianismo verdadeiro e redentor. Deus afirma: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo” (Ez 36.26). Fé salvadora é assunto do coração — “Porque com o coração se crê” (Rm 10.10). Santidade procede de um coração renovado. Os verdadeiros cristãos fazem, de coração, a vontade de Deus. Talvez algum leitor imagine que uma religião exteriormente correta seja suficiente. Se você pensa assim, está completamente errado. O apóstolo Paulo diz: “Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura” (G1 6.15). Com isto, ele não estava apenas ensinando que a circuncisão não era mais necessária sob a Nova Aliança. Estava afirmando que o verdadeiro cristianismo não é algo externo, e, sim, interno à pessoa. Ele não consiste em qualquer tipo de cerimônias externas, e, sim, na graça de Deus operando em nossos corações. 74 FÉ GENUÍNA Quando os nossos corações estão errados, aos olhos de Deus tudo está errado. Práticas externas são inúteis se os nossos corações estão errados. Na época da Antiga Aliança, a Arca era a coisa mais sagrada no tabernáculo. Porém, quando os israelitas confiaram nela e não em Deus, foram vencidos pelos seus inimigos. Estavam crendo em um objeto, ao invés de crerem em Deus. Os seus corações estavam errados. Nossa adoração pode parecer correta em sua aparência, mas será rejeitada por Deus se nossos corações estiverem errados. Quando os nossos corações estão corretos, Deus será tolerante a muito do que é imperfeito em nós. Josafá e Asa foram reis de Judá que estiveram longe de serem perfeitos. Foram homens fracos em muitos aspectos, mas, apesar de todas as suas falhas, seus corações estavam corretos. A páscoa celebrada por Ezequias teve muitas irregularidades. Mas lemos que Ezequias orou, dizendo: “O Senhor, que é bom, perdoe a todo aquele que dispôs o coração para buscar o Senhor Deus” (2 Cr 30.18-19). Deus respondeu esta oração. Ele está muito mais preocupado com o estado dos nossos corações do que com observâncias externas. Deixe-me exortá-lo: decida ser um cristão de coração. Você não deve negligenciar os aspectos externos da adoração, mas assegure-se de que, acima de tudo, está atento ao estado de seu coração. 3. O verdadeiro cristianismo nunca é popular Desejo que você seja um verdadeiro cristão, mas também que se conscientize de que um cristianismo desta qualidade jamais será popular. Nunca o foi, nem o será, enquanto a natureza humana se mostrar da maneira que a Bíblia a descreve. A maioria dos homens se satisfará com uma religião de exterioridades. Esta satisfaz a consciência que nunca percebeu sua necessidade por Cristo. Agrada a nossa justiça própria. Contenta a nossa preguiça natural, pois o cristianismo de coração não é fácil, enquanto que o cristianismo aparente não nos causa grandes problemas. A história da religião comprova o que estou dizendo. Na história de Israel, desde o início de Êxodo até o final de Atos dos Apóstolos, você encontrará a mesma coisa. Os profetas do Antigo Testamento constantemente censuravam o povo por praticar uma religião de aparências, sem ter seus corações envolvidos nela. O Formalismo 75 Senhor Jesus denunciou os fariseus e os escribas pelo mesmo tipo de coisa. Depois dos dias dos apóstolos, quão rapidamente o cristianismo autêntico, de coração, deu lugar a algo apenas exterior. Esta sempre tem sido a forma popular de cristianismo, enquanto o verdadeiro, aquele que envolve todo o coração, tem sido raro. O cristianismo de coração é muito modesto para ser popular. Não dá ao homem a oportunidade de orgulhar-se, proclamando que este homem está morto em seus pecados e precisa nascer do Espírito. Declara ao homem que ele é culpado, merecedor do inferno e tem de correr para Cristo, se quiser ser salvo. Mas o orgulho humano se rebela contra estas verdades. O cristianismo de coração é também muito santo para ser popular. Exige que o homem mude suas atitudes. Requer que este abandone o mundo e seus pecados e tenha sua mente voltada às coisas espirituais, amando a Palavra de Deus e a oração. Como algo assim poderia, em qualquer época, ser popular? Não o foi no passado, não o é agora. Entretanto, qual a importância da popularidade do verdadeiro cristianismo diante dos homens? Não compareceremos diante deles na hora do julgamento, e, sim, diante de Deus. E a glória do cristianismo autêntico é esta: tem “a aprovação de Deus”. Deus se agrada com o que Ele vê de cristianismo autêntico nesta vida presente. Onde quer que veja o arrependimento, a fé, a santidade e o amor para com Ele presentes no coração, Deus ficará bastante satisfeito. Isto não vale muito mais do que os elogios dos homens?No Dia do Julgamento, diante de todo o mundo, Deus proclamará sua aprovação do “cristianismo de coração”. Reunirá seus santos de todas as partes do mundo em uma gloriosa companhia. Ele os colocará à direita do glorioso trono de Cristo. Então, todos aqueles que, com sinceridade de coração, tiverem amado e servido a Cristo hão de ouvi-Lo dizer: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34). Aqueles que somente aparentam ser cristãos o contemplarão com inveja, mas estas palavras jamais lhes serão dirigidas. Naquele grandioso dia, veremos e entenderemos completamente o verdadeiro valor do cristianismo autêntico, vivido com sinceridade de coração. Nesta vida, é provável que você enfrente oposição e seja escarnecido, desprezado e perseguido. “Através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (At 14.22). 76 FÉ GENUÍNA Mas, apesar do que você perca neste mundo, a aprovação de Deus, naquele dia, compensará tudo. Conclusão Permita-me encerrar com três palavras claras de aplicação. 1. O seu cristianismo é uma questão de observar coisas exteriores ao invés de coisas do coração? Se for assim, devo, com muito amor, alertá-lo a respeito do fato que você se encontra no maior risco possível. Você não tem coisa alguma para confortá-lo em um dia de provação, nada para lhe dar esperança, quando estiver à morte, tampouco para salvá-lo no último dia. Que Deus aplique este alerta à sua alma! 2. Se o seu coração o condena, só existe um caminho para seguir. Você precisa ir a Cristo sem demora e contar-lhe a sua condição. Confesse a inutilidade de sua forma externa de cristianismo e peça-Lhe um novo coração. Ele é poderoso para salvar. Nenhum caso é demasiadamente difícil para Ele. “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Lc 11.9). 3. Se o seu cristianismo é algo que realmente procede do seu coração e você tem uma confiança bem fundamentada em Deus, leve a sério as responsabilidades de sua posição. Diariamente, dê graças e louve a Deus, que lhe deu um novo coração. Mas vigie e fique alerta, para que você não caia em mero formalismo. Cuide de suas leituras bíblicas, suas orações, sua vida diária e sua conduta. Ninguém é tão espiritual que não esteja sujeito a uma triste queda. Portanto, vigie e esteja alerta, enquanto você anseia pela vinda do Senhor. Ele logo estará aqui. O tempo de tentação em breve terá chegado ao fim. Naquele dia, ninguém pensará que deu demais do seu coração a Cristo. 10 O Mundo Retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor. 2 Coríntios 6.17 Separar-se do mundo é um dever muito importante. Todo aquele que professa ser cristão deveria considerar este assunto com muita seriedade, pois a separação do mundo sempre tem sido uma das evidências da obra da graça de Deus no coração. Aqueles que são realmente nascidos do Espírito de Deus têm sempre se mantido separados do mundo, enquanto os cristãos nominais sempre se recusam a retirar-se e separar-se. Este assunto é especialmente importante em nossos dias, visto que muitos estão tentando fazer do cristianismo algo fácil, evitando a necessidade de auto-negação. Muitos acreditam que podem se comportar como quiserem e, ainda assim, serem bons cristãos. Quero alertá-lo com franqueza contra esta maneira de pensar. 1. O inundo é uma fonte de grande perigo para a alma Ao utilizar a expressão “o mundo”, não estou falando do mundo físico, no qual vivemos. Nada do que Deus criou no universo 78 FÉ GENUÍNA é, em si mesmo, prejudicial à alma de um homem. Toda a criação é algo “muito bom” (Gn 1.31). A idéia de que qualquer coisa física é, em si mesma, pecaminosa é um erro tolo. Com o termo “o mundo”, refiro-me àquelas pessoas cujos pensamentos estão voltados apenas (ou principalmente) às coisas deste mundo e negligenciam o mundo por vir — àquelas que pensam mais sobre o corpo do que sobre o espírito, mais sobre agradar os homens do que agradar a Deus. Por “o mundo”, estou me referindo a estas pessoas, bem como ao seu modo de vida, suas opiniões, seus gostos, suas ambições e seus pontos de vista. Este é o mundo que é perigoso para a alma, do qual devemos retirar-nos e separar-nos. O que a Palavra de Deus afirma sobre este assunto? O apóstolo Paulo afirma: “Não vos conformeis com este século” (Rm 12.2-ver também 1 Co 2.12, G11.4, Ef 2.2 e 2 Tm 4.10). Tiago diz: “Não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4.4 — ver também Tg 1.27). O apóstolo João exorta: “Não ameis o mundo nem as cousas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele” (1 Jo 2.15 — ver também 1 Jo 2.16-17, 3.1, 4.5, 5.4 e 5.19). E o próprio Senhor Jesus, falando sobre seus discípulos, declarou: “Eles não são do mundo, como também eu não sou” (Jo 17.16 — ver também Mt 13.22, Jo 8.23, 14.17, 15.18,19 e 16.33). Estas passagens bíblicas falam por si mesmas. Nenhuma pessoa racional pode negar que estes textos ensinam que “o mundo” é inimigo de Cristo e que a amizade com o mundo e a amizade com Cristo são completamente opostas uma à outra. Além disso, a experiência cristã confirma esta verdade. A maior causa de dano à causa de Cristo é o amor ao mundo. Milhares que pensam ser cristãos naufragam aqui. Não escolhem deliberadamente o mal, nem rejeitam qualquer doutrina bíblica. Eles amam o mundo e sentem que devem conviver amigavelmente com ele. É o seu amor para com o mundo que os leva ao amplo caminho da destruição. 2. Idéias erradas a respeito de separar-se do inundo Deixe-me, agora, mostrar-lhe o que não é separar-se do mundo. É importante ser claro sobre isto, pois algumas vezes os cristãos podem causar grandes prejuízos por agirem baseados em O Mundo 79 uma falsa compreensão do que significa separar-se do mundo. Ao proclamar “retirai-vos e separai-vos”, Deus não está afirmando que os cristãos devem abandonar seus trabalhos no mundo. O soldado Cornélio, o doutor Lucas e Zenas, o intérprete da lei, são exemplos de homens em trabalhos seculares. Na verdade, estar em ociosidade é pecado, e isto frequentemente nos conduz à tentação. Portanto, é correto que tenhamos um trabalho lícito. Não devemos abandonar nossa ocupação (a menos que seja pecaminosa) por medo de que ela venha a nos causar mal. Esta é uma conduta covarde e preguiçosa. O que devemos fazer é levar nosso cristianismo conosco aos locais em que trabalhamos neste mundo. Isto também não significa que os cristãos nada teriam para fazer em meio às pessoas não-convertidas. Nosso Senhor e seus discípulos foram a um banquete de casamento. Eles tiveram uma refeição na casa de um fariseu. Em 1 Coríntios 10.27, o apóstolo Paulo nos ensina como devemos agir se um incrédulo nos convida a um banquete; o apóstolo não instrui a não irmos. Desta forma, não devemos nos privar de oportunidades para fazermos o bem. Se Cristo estiver conosco onde quer que formos, poderemos ser o meio de salvar outros sem prejudicarmos a nós mesmos. Separar-se do mundo «do significa que os cristãos não devem se interessar por qualquer coisa que não seja religião. Alguns podem imaginar que é muito espiritual negligenciar a ciência, a arte, a literatura, a política, desprezar a leitura de livros ou jornais que abordam assuntos seculares e não saber coisa alguma sobre o governo de seu país. Eu creio que isto é uma negligência egoísta e preguiçosa em relação ao nosso dever. Paulo deu importância ao bom governo (1 Tm 2.2); citou escritores pagãos em seus sermões e conhecia as leis e costumes do mundo, como podemos perceber de suas ilustrações. Os cristãos que se orgulham na ignorância levam a religião ao desdém. Separar-se do mundo não significa que os cristãos devem ser excêntricos em sua maneira de vestir, em seus costumes ou na sua maneira de falar. Nunca deveríamos atrair atenção desta forma. Não há razão para supormos quenosso Senhor e seus discípulos se vestiam e se comportavam de modo diferente das outras pessoas de sua época. O Senhor condenou os fariseus por alargarem os seus filactérios e alongarem as suas franjas a fim de serem “vistos dos homens” (Mt 23.5). Separar-se do mundo não significa que os cristãos devem retirar-se da sociedade e viver na solidão. Nosso Senhor foi bastante FÉ GENUÍNA claro ao orar: “Não peço que os tires do mundo, e, sim, que os guardes do mal” (Jo 17.15). Não é por refugiar-nos em um cantinho que manteremos o diabo afastado de nossos corações. Cristianismo verdadeiro e separação do mundo são melhores demonstrados quando resolutamente permanecemos em nossa posição e mostramos o poder da graça em triunfar sobre o mal, e não quando abandonamos o lugar em que Deus nos colocou. Também não significa que os cristãos devem se retirar de toda igreja imperfeita. Em todas as cartas de Paulo, vemos que as falhas e corrupções das igrejas foram reprovadas por ele; contudo, Paulo jamais disse que os cristãos daquelas igrejas deviam abandoná- las porque eram imperfeitas. Rogo-lhe que pense cuidadosamente em cada um desses seis fatos. Tenho visto muitas pessoas cometerem erros em relação a cada um deles, e muita miséria e infelicidade já foram causadas por esses erros. Desejo que você fique alerta contra eles. Evite agir precipitadamente de maneira que o leve a se arrepender depois. Permita que lhe ofereça (especialmente se você é recém-convertido) dois conselhos: Primeiro, lembre-se que o caminho mais curto nem sempre é o caminho do dever. Você pode achar que é correto discutir com todos os seus parentes não-convertidos, cortar o relacionamento com todos os seus amigos, afastar-se por completo da sociedade, abandonar todo ato normal de cortesia e devotar-se inteiramente ao trabalho de Cristo. Isto pode satisfazer sua consciência e livrá-lo de problemas. Mas, com freqüência, este tipo de comportamento é egoísta, preguiçoso e só agrada a você mesmo. O verdadeiro modo de carregarmos nossa cruz é, freqüentemente, negar a nós mesmos e adotar atitudes diferentes. Segundo, se você quiser manter-se separado do mundo, tenha cuidado em não adotar um modo de comportamento impertinente, melancólico e desagradável. Jamais esqueça que existe algo chamado “seja ganho, sem palavra alguma” (1 Pe 3.1). Esforce- se para demonstrar às demais pessoas que os seus princípios (não importa o que elas pensem a respeito deles) fazem de você uma pessoa cordial, agradável, bem-humorado, altruísta, atencioso para com os outros e pronto a se interessar por tudo o que é inocente e bom. Não deixe que haja separação desnecessária. Em muitas coisas, precisamos ser separados. Mas tenha cuidado para que haja o tipo de separação correta. Se o mundo se ofender por causa da separação que a Bíblia requer, nada poderemos fazer, mas estejamos certos 0 Mundo 81 de não ofender o mundo através de uma separação tola e não-bíblica. 3. O que realmente significa separar-se do mundo Permita-me, agora, mostrar o que a verdadeira separação do mundo realmente significa. Tentarei apresentar alguns princípios e você pode aplicá-los à sua situação específica. 1. Você deve recusar, com determinação, ser guiado pelos padrões do mundo em relação ao que é certo e errado. Não faça as coisas somente porque “todo o mundo as faz”. O seu padrão deve ser a Palavra de Deus, e nada mais. 2. Você deve ser muito cuidadoso com relação a como você gasta o seu tempo de lazer. Isto é muito importante, pois freqüentemente nosso tempo de lazer é uma ocasião para sermos tentados. Seja cuidadoso em relação a como passa suas noites e certifique-se de que sempre separa tempo para meditar, ler a Bíblia e orar. 3. Você deve, com firmeza, resolver não se deixar consumir ou ser absorvido pelos negócios deste mundo. Sendo cristão, você deve se esforçar para exercer suas atividades profissionais da melhor forma possível. Mas não deve permitir que elas se coloquem entre você e Cristo. Se os seus negócios começarem a ocupar mais e mais dos seus domingos e a tomar o tempo dedicado à sua leitura bíblica e a oração, então seus negócios estão assumindo o controle de sua vida. Assim como Daniel, você deve estar preparado a separar tempo para a comunhão com Deus, apesar do que isso lhe possa custar (Dn 6.10). 4. Você deve abster-se de todo tipo de divertimento que esteja inseparavelmente relacionado ao pecado. Este é um assunto difícil, mas é algo que precisamos considerar. O fato é que alguns divertimentos podem parecer inocentes quando considerados em si mesmos. Mas devemos também considerar se, na prática, tais divertimentos estão inseparavelmente acompanhados por pecado. Se este for o caso, devemos nos abster deles. 5. Você deve ser moderado em fazer uso de recreações lícitas e inocentes. Todos necessitamos de recreação, para nossos corpos e nossas mentes. Todavia, até mesmo as recreações boas e corretas tornam-se erradas quando consomem muito de nosso tempo e de nossa atenção. Podemos fazer uso delas, a fim de fortalecermos a mente e o corpo, de modo a servirmos melhor a Cristo. Mas se 82 FÉ GENUÍNA começarem a interferir em nosso servir a Cristo, então devemos exercer controle sobre elas. 6. Você deve ser cuidadoso em relação às suas amizades e relacionamentos com pessoas do mundo. Não estou dizendo que você não deve ter qualquer relacionamento com pessoas não- convertidas. Na vida diária, devemos ter negócios a tratar com essas pessoas, sempre mostrando-lhes extrema cortesia, bondade e amor. Mas uma amizade íntima é um assunto bem diferente. Se você escolhe como amigos íntimos pessoas que não se importam com a salvação, com Cristo e com a Bíblia, não vejo como você espera progredir em sua vida cristã. O cristão firme logo perceberá que os seus gostos não são semelhantes aos de tais pessoas e terá, então, de escolher. É particularmente importante compreender isto na hora de escolher marido ou esposa. Um cristão firme provavelmente não escolherá um parceiro (ou uma parceira) não- crente, pois tal escolha causará imenso dano à sua vida espiritual e à sua felicidade. Se você ainda não é casado, tome a decisão de nem sequer pensar em casar-se com alguém que não seja um cristão convicto. Peço-lhe que medite seriamente nestes seis princípios. Mas, o que fazer quando você não tiver certeza de como aplicá-los a uma situação em particular? Primeiro, você deve orar por sabedoria. Suplique a Deus que lhe dê um discernimento correto da situação. Então, lembre-se que os olhos de Deus estão constantemente sobre você. Isto o ajudará a fazer a escolha certa. Pergunte a si mesmo em que tipo de comportamento você gostaria de ser encontrado quando Cristo voltar. Também é correto considerar a maneira como outros cristãos se comportaram em circunstâncias similares. Se não podemos enxergar claramente nosso próprio caminho, não é errado seguirmos bons exemplos. 4. O segredo da vitória sobre o mundo Permita que eu lhe mostre o segredo da vitória sobre o mundo. O primeiro segredo é um coração reto. Os desejos e inclinações de um homem serão espirituais somente quando o seu coração tiver sido renovado pelo Espírito Santo e Cristo ali estiver habitando. Se você deseja manter-se separado do mundo, certifique- se de que possui um novo coração! 0 Mundo 83 0 segundo segredo é uma fé prática e intensa nas coisas que não se vêem. A Escritura afirma: “Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 Jo 5.4). Quanto mais nos dermos conta da realidade das coisas espirituais — Deus, Cristo, céu, inferno, julgamento, eternidade — mais seremos capazes de deixar as coisas do mundo. O terceiro segredo é o hábito de confessar a Cristo ousadamente sempre que for apropriado. Não podemos nos envergonhar de Cristo. Com calma e educação, devemos levar as pessoas a perceberem que agimos baseados em princípios cristãos e não pretendemos nos desviar deles. No começo, isto será doloroso,mas tornará a vida muito mais fácil. Quando as pessoas entendem claramente que servimos a Cristo, esperam que vivamos de modo diferente; e isto fará com que seja mais fácil vivermos assim. Conclusão Pretendo terminar com algumas palavras de aplicação prática. 1. Você está vencendo o mundo ou está sendo vencido por ele? Você se mostra separado do mundo ou não? A pergunta é importante, pois o mundo está desvanecendo e aqueles que se agarram ao mundo perecerão com ele. Rogo-lhe que desperte e fuja da ira por vir. 2. Se você quer separar-se do mundo, mas não sabe onde começar, então, agora mesmo, reconhecendo-se um pecador, busque o Senhor Jesus Cristo e coloque toda a situação nas mãos dEle. Cristo “se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso” (G1 1.4). Ele “pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus” (Hb 7.25). Pode parecer difícil o retirar-se e manter-se separado do mundo, mas você verá que, com Jesus, nada é impossível. Você será capaz de vencer o mundo! 3. Se você já separou-se do mundo, conforte-se e persevere. Você está no caminho certo. Continue nele. Não se envergonhe de ficar sozinho. Lembre-se que os cristãos mais decididos eventualmente serão os mais felizes. Nunca se envergonhe de retirar- se e manter-se separado do mundo. 11 Riqueza e Pobreza Havia certo homem rico que se vestia ãe púrpura e de linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava esplendidamente. Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras. Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio. Lucas 16.19-23 A maioria dos leitores da Bíblia está familiarizada com a parábola do homem rico e Lázaro. É inesquecível. A cena é apresentada de forma tão vívida, que podemos quase imaginar que estávamos presentes e contemplamos tudo. Mas, admirar essa história é uma coisa, e aprender suas lições espirituais é outra. Milhares de pessoas conhecem cada palavra desta parábola, embora nunca pensem em como ela se aplica às suas vidas. Peço-lhe que atente às verdades tão importantes ensinadas nesta história. 86 FÉ GENUÍNA Considerarei apenas a parte citada. Que o Espírito Santo grave estas verdades em nossas almas! 1. Deus distribui condições muito diferentes a homens diferentes Que grande contraste existe entre os dois homens desta parábola! O Senhor Jesus fala de um homem rico e um mendigo. Um deles possui muito dos bens deste mundo; o outro nada tem. Ambos são filhos de Adão, pertencem à família humana; ambos vivem na mesma terra, sob o mesmo governo. Contudo, quão diferentes são as suas condições! Devemos cuidar em não extrair da parábola lições que ela jamais teve a intenção de ensinar. Não é sempre que os ricos são homens maus e que vão para o inferno. Também não é sempre que os pobres são homens bons e vão para o céu. Não há pecado em ser rico ou ser pobre. O Senhor Jesus não elogiou nem condenou a condição social de qualquer um destes homens. Simplesmente descreveu as coisas como normalmente são neste mundo e como devemos esperar que sejam. É muito comum pessoas ensinarem que todos os homens deveriam ser iguais, mas, enquanto o mundo estiver na presente situação, isto jamais acontecerá. Enquanto alguns forem sábios e outros insensatos; alguns fortes, e outros, fracos; alguns saudáveis, e outros, doentes; alguns trabalhadores, e outros, preguiçosos; juntamente com muitos outros fatores, sempre existirão alguns que serão ricos e outros que serão pobres. Até que o pecado seja banido do mundo e os homens tenham corações novos e santos, jamais haverá felicidade ou igualdade universal. Nenhum governo, educação ou política pode fazer com que isto aconteça. Isto não significa que não devemos tentar ajudar os pobres ou mudar estas condições. Entretanto, devemos entender que, até a vinda do Senhor Jesus, sempre existirão ricos e pobres no mundo. 2. A posição social de um homem não é prova de sua condição espiritual Muitos considerariam ideal a posição do homem rico. Ele aparentou ter usufruído tudo que seu coração pôde desejar. Mas a Riqueza e Pobreza 87 verdade é que este homem rico era desesperadamente pobre. Quando as coisas boas desta vida lhe foram tiradas, ele nada tinha para levar consigo à eternidade. Possuía riquezas na terra, mas nenhum tesouro no céu. Ele tinha roupas finas, mas nenhuma vestimenta de justiça. Tinha amigos na terra, mas nenhum Amigo e Advogado à mão direita de Deus. Nunca provara o Pão da vida e, ao deixar a sua casa esplêndida, não possuía um lar no céu. Sua “riqueza” não era verdadeira riqueza, pois estava sem Cristo, sem fé, sem perdão e sem santidade. Quando morreu, foi para o inferno. Na verdade, este rico era desesperadamente pobre. Por outro lado, Lázaro não tinha, literalmente, nada neste mundo. É difícil imaginar um caso de maior pobreza e miséria. Porém, no sentido mais elevado, Lázaro era rico. Era um filho de Deus, com uma herança no céu. Suas riquezas eram duradouras e verdadeiras. Possuía a melhor de todas as vestimentas — a justiça de Cristo e tinha o melhor dos amigos — o próprio Deus. Lázaro se alimentava do Pão da vida. Estas riquezas lhe pertenciam para sempre — tanto em sua vida como em sua morte. Lázaro não era pobre, mas verdadeiramente rico. Você percebe, então, que devemos avaliar os homens de acordo com os padrões de Deus e não com os padrões deste mundo. Um mendigo convertido é mais honrado aos olhos de Deus do que um presidente ou um primeiro-ministro não-convertidos. Um homem pode'ser grande e admirável por algum tempo, mas, depois, experimentar trevas e miséria para sempre. Outro pode ser desprezado neste mundo, mas, depois, viver a eternidade na glória com Cristo. Riquezas e grandeza diante do mundo não são, de forma alguma, provas do favor de Deus. Frequentemente, são uma armadilha, um obstáculo para a alma de um homem, levando-o a amar o mundo e a esquecer-se de Deus. Pobreza e aflições não são provas da ira de Deus. Frequentemente são bênçãos disfarçadas, enviadas em amor e sabedoria, a fim de apartar um homem do mundo e ensiná-lo a colocar seu coração nas coisas do alto. São enviadas para revelar ao pecador o seu próprio coração e fazer com que o povo de Deus frutifique em boas obras. Um dos maiores segredos de felicidade nesta vida é ter um espírito satisfeito. Procure compreender, a cada dia, que esta vida não é o lugar da recompensa. Quando vier o Dia do Julgamento, tudo será corrigido. Somente então ficará evidente que grande diferença existe entre aqueles que servem e aqueles que não servem a Deus. FÉ GENUÍNA 3. Os ricos e os pobres vão igualmente para o túmulo Apesar de terem sido tão diferentes em suas vidas, tanto Lázaro como o homem rico chegaram ao mesmo fim. Ambos morreram. Este é o destino de todos os homens, e também será o seu, a menos que o Senhor Jesus retorne antes em glória. A morte é o grande inimigo que ninguém pode vencer. Ela não poupa pessoa alguma; e não esperará até que você esteja pronto. A morte virá na hora estabelecida por Deus. Todos os homens conhecem estes fatos, porém a maioria não os percebe como realidade. Se os percebessem, fariam algo a respeito. Oh! Quão tolo é colocarmos nossos corações neste mundo agonizante, com seus confortos passageiros, e perdermos a vida eterna! 4. A alma de um crente é preciosa aos olhos de Deus Quão preciosa é a alma de um crente aos olhos de Deus! O homem rico morreu e foi sepultado. Provavelmente, ele teve um esplêndido funeral, mas a próxima coisa que lemos a seu respeito é que se encontrava em tormento. Lázaro, com certeza, não teve um esplêndido funeral, mas foi carregado por anjos a um lugar de descanso,maiores verdades é, de fato, seu melhor amigo. 1. Você costuma pensar, de verdade, a respeito de sua condição espiritual? Infelizmente, existem muitos que não pensam sobre a salvação. Nunca param a fim de meditar com seriedade sobre a morte e o juízo, sobre a eternidade, o céu e o inferno. Estão muito preocupados com os negócios, o prazer, as suas famílias, a política ou o dinheiro. Vivem como se jamais fossem morrer e apresentar-se diante do julgamento de Deus. Na realidade, tais pessoas estão rebaixando-se ao nível dos animais, pois nunca consideram os assuntos mais importantes da vida. Você pensa sobre estas coisas? 2. Você costuma fazer alguma coisa a respeito de sua salvação? Existem muitos que, algumas vezes, pensam a respeito do cristianismo, mas não vão além disso. Talvez ponderem um pouco este assunto quando estão com problemas, ou quando alguém morre, ou, talvez, ao encontrarem um cristão verdadeiro, ou ao lerem um livro cristão. Contudo, param aí. Não se afastam da servidão ao pecado e ao mundo pecaminoso; não tomam a sua cruz e seguem a Cristo. Lembre-se: não basta apenas pensar em Deus e na salvação. Você deve fazer algo a respeito disto ou não poderá ser salvo. 3. Você está tentando satisfazer sua consciência com uma religião de “aparências”? Muitos cometem este erro. O cristianismo deles consiste Auto-análise inteiramente em atividades externas. Comparecem a todas as reuniões de adoração. Nunca faltam à ceia do Senhor. São capazes até de concordar firmemente com os ensinamentos de suas igrejas e argumentar contra os que destes discordam. Apesar de tudo isto, não existe devoção a Cristo em seus corações. Sua religião não os satisfaz, pois nada sabem a respeito do regozijo e da paz interior. Talvez intimamente, em seus corações, saibam que algo está errado, mas não sabem o quê. Então, rogo-lhe que examine a si mesmo. Se você se importa com a sua salvação, não fique contente com meras aparências. Você precisa muito mais do que isto para ser salvo. 4. Seus pecados foram perdoados? Em seu coração, você sabe que é um pecador e que não tem alcançado os padrões de Deus em pensamento, em palavra e em ação. Portanto, está certo de que se, no último dia, os seus pecados não tiverem sido perdoados, você será condenado para sempre. Mas, a glória da fé cristã consiste no fato que ela providencia o perdão que você necessita — perdão completo, gratuito e eterno. Perdão esse comprado para nós pelo Senhor Jesus Cristo, através da sua vinda ao mundo, para ser nosso Salvador; e de sua vida, morte e ressurreição, como nosso substituto. Mas, apesar deste perdão ser totalmente gratuito, não o recebemos automaticamente. Você não o recebe apenas por freqüentar ou mesmo por se tornar membro de uma igreja cristã. É algo que cada pessoa deve apropriar- se por si mesma, através do exercício da fé pessoal. Se, pela fé, você não receber para si o perdão, então talvez Cristo não tenha morrido por você. Fé que leva à salvação é simplesmente uma confiança humilde e sincera no Senhor Jesus. Todos que, de maneira pessoal, confiam em Jesus são imediatamente aceitos e perdoados; porém, sem esta confiança não há perdão algum. Desta forma, você percebe que não é suficiente apenas conhecer os fatos a respeito do Senhor Jesus Cristo. Você sabe que Ele é o Salvador dos homens, mas Ele é o seu Salvador? Você está convicto de que os seus pecados estão perdoados? 5. Você já experimentou a realidade da conversão a Deus? “Se não vos converterdes e não vos tomardes como crianças, 10 FÉ GENUÍNA de modo algum entrareis no reino dos céus” (Mt 18.3). “Se alguém está em Cristo, é nova criatura” (2 Co 5.17). Por natureza, somos tão fracos, pecadores e com nossa atenção voltada às coisas do mundo, que sem uma mudança completa não podemos servir a Deus nesta vida, nem desfrutar de sua companhia no céu. Da mesma forma que os patos, ao nascerem, se dirigem naturalmente para a água, assim também, ao nascermos, tomamos naturalmente a direção do pecado. Se temos de deixar o pecado e aprender a amar a Deus, uma grande mudança deve ocorrer em nossas vidas. E, se esta mudança já aconteceu, será notada por seus frutos. Você é consciente de seu pecado e manifesta um sentimento de aversão a ele? Você tem fé em Cristo e amor por Ele? Você ama a santidade e deseja muito se tornar mais santo? Você se encontra em crescente amor pelo povo de Deus e em desagrado para com os costumes do mundo? São estes os sinais que sempre acompanham a conversão a Deus. Onde você se encontra? 6. Você sabe alguma coisa a respeito da santidade cristã prática? A Bíblia deixa claro que sem santidade “ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Santidade é o resultado invariável de uma conversão verdadeira. Contudo, santidade não é perfeição absoluta — liberdade absoluta do pecado. Esta existe apenas no céu. Também, santidade não é algo que obtemos sem luta e empenho constantes. Mas, embora nesta vida a santidade seja imperfeita, ela é real. Santidade verdadeira fará com que um homem cumpra com fidelidade suas atividades no próprio lar ou no seu trabalho e afetará a maneira como vive sua vida cotidiana e como encara seus problemas. A santidade o tornará humilde, gentil, altruísta, atencioso, amoroso e pronto para perdoar. Ela não o afastará das atividades normais do dia-a-dia, mas lhe dará capacidade para viver como cristão, onde quer que Deus o coloque. 7. Você sabe alguma coisa sobre o desfrutar os meios da graça? Por “meios da graça” me refiro a cinco coisas principais: leitura da Bíblia, oração particular, reunir-se com outros cristãos para adoração, participar da ceia do Senhor e guardar o dia do Auto-análise 11 Senhor como um dia santificado. Em sua graça, Deus estabeleceu estas coisas tanto para nos trazer à fé em Cristo quanto para nos fazer progredir como cristãos. Nossa condição espiritual dependerá amplamente do modo como as utilizamos. Note que eu disse “do modo como as utilizamos”, pois não há qualquer benefício automático em fazer estas coisas. É de grande importância como as fazemos. Portanto, devo perguntar: “Você sente prazer em ler a Palavra de Deus? Você abre o seu coração para Deus em oração? O dia do Senhor é um deleite na medida em que você o gasta em louvor, oração e comunhão cristã?” Ainda que não houvesse qualquer outro propósito, “os meios da graça” seriam úteis como indicadores de nossa verdadeira condição espiritual. Diga-me o que um homem faz em relação a estas coisas, e eu lhe direi se ele está no caminho para o céu ou para o inferno. 8. Você procura fazer o bem no mundo? Em sua vida terrena, o Senhor Jesus “andou por toda parte, fazendo o bem” (At 10.38). Desde então, os verdadeiros cristãos têm procurado seguir seu exemplo. Ao contar a parábola do bom samaritano (Lc 10.25-37), o Senhor Jesus concluiu, dizendo: “Vai e procede tu de igual modo”. Sempre existem oportunidades para fazermos o bem. A única questão é se realmente queremos fazê- lo. Até mesmo aqueles que não têm dinheiro para dar podem fazer o bem aos doentes e àqueles que passam por problemas, se desejarem gastar algum tempo na companhia deles, demostrando- lhes simpatia e carinho. Leia a parábola do bom samaritano. Você sabe alguma coisa a respeito deste tipo de amor para com os outros? Você tenta fazer algum bem a pessoas que não estejam entre os seus amigos, membros de sua família ou de sua igreja? Você está vivendo como um discípulo dAquele que “andou por toda parte, fazendo o bem”, e ordenou que seguíssemos o seu exemplo? (Jo 13.15). 9. Você sabe algo a respeito de viver uma vida de habitual comunhão com Cristo? Por “comunhão” refiro-me ao hábito de “permanecer em Cristo”, o que nosso Senhor afirmou ser necessário, se desejamos 12 FÉ GENUÍNA produzir frutos como cristãos (Jo 15.4-8). Devemos entender claramente que ter comunhão com Cristo é muito mais do que simplesmente ser um cristão. Todos os que se arrependeram e vieram a Cristo são cristãosno seio de Abraão. Esta parte da parábola nos ajuda a entender a relação entre os crentes e seu Pai, Deus. Ela nos mostra um pouco do cuidado que o Rei dos reis tem para com o menor e o menos importante de seus discípulos. Ninguém tem amigos e assistentes semelhantes aos do crente. Anjos se regozijam quando ele nasce de novo, protegem-no neste mundo, encarregam-se de sua alma na morte e o levam em segurança ao lar. Embora veja a si mesmo como desprezível e insignificante, o menor e mais pobre dos crentes recebe o cuidado do Pai, que está no céu, cuidado este que é grande demais para entendermos. O Senhor se tornou o Pastor deste crente, portanto, nada lhe faltará (SI 23.1). Sempre que um homem vem sinceramente a Cristo, encontra nEle todos os benefícios de uma aliança segura e certa. Todos os seus pecados são perdoados e seu coração é renovado. Cristo será paciente com ele na sua ignorância e lhe ensinará a verdade. Cristo Riqueza e Pobreza 89 estará com ele em todas as ocasiões. Sem a permissão de Deus, nada lhe poderá causar dano. Quem quer que o persiga, persegue o próprio Cristo (At 26.15). Todas as suas provações são sabiamente controladas; todas as coisas cooperam juntas para o seu bem. E, quando o seu trabalho estiver terminado, os anjos de Deus virão e o levarão em segurança ao lar da glória. Leitor cristão, você não sabe a extensão total de seus privilégios e possessões. Aprenda a viver mais pela fé. Procure conhecer, agora mesmo, o grande tesouro à sua espera em Cristo. 5. O egoísmo é um pecado perigoso e arruina a alma Por último, desejo que você perceba quão arruinador e perigoso é o pecado do egoísmo. Obviamente, não havia qualquer coisa pecaminosa com relação à vida exterior deste homem rico. Ele não era um assassino, um ladrão, um adúltero ou um mentiroso; contudo, foi para um lugar de tormento. Com certeza, há lições que precisamos aprender a partir disto. 1. Devemos ter cuidado com o viver apenas para nós mesmos. Não basta podermos dizer: “Eu vivo corretamente; cumpro os meus deveres em todas as áreas da vida”. A pergunta é: você está vivendo para si mesmo ou para Cristo? Qual a motivação e o propósito de sua vida? Você vive não mais para si mesmo, e, sim, para Aquele que morreu por você? (2 Co 5.15). Se você for como o homem rico, vivendo para si mesmo, estará perdido. 2. Devemos aprender o perigo de não fazer aquilo que deveríamos. O homem rico não estava em tormento por causa do que havia feito, mas por causa do que não fizera. Ele simplesmente deixou Lázaro ali, à sua porta. No julgamento, Cristo dirá a muitos: “Tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes” (Mt 25.42,43). 3. Devemos aprender que as riquezas trazem consigo perigos específicos. Muitos gastam suas vidas à procura de riquezas, mas estas trazem grande perigo espiritual. Tendem a endurecer o coração e fechar os olhos às coisas da fé, ajudam-nos a esquecer de Deus. Jesus declarou: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!” (Mc 10.23). Precisamos aprender a ser especialmente cuidadosos com relação ao egoísmo, neste últimos dias. “Nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, 90 FÉ GENUÍNA avarentos” (2Tm3.1,2). Muitas pessoas ricas doam nada ou muito pouco em proporção ao total do que possuem. Entretanto, a Bíblia tem muito a dizer contra o egoísmo e o amor ao dinheiro. Leia a parábola que Jesus contou sobre o tolo homem rico, que tinha muitos bens mas não era “rico para com Deus” (Lc 12.16-21). Você possui riqueza? Então, tenha cuidado e guarde-se de “toda e qualquer avareza” (Lc 12.15). Certamente, é possível a você ser salvo, pois Abraão, Jó e Davi foram homens ricos e, também, salvos. Pense a respeito de seu perigo. Lembre que o dinheiro é um bom servo, mas um péssimo senhor. Você tem pouca ou nenhuma riqueza? Não inveje as pessoas que são mais ricas do que você. Manifeste compaixão para com elas, ore em favor delas e não se precipite em julgá-las. Talvez você não faria melhor. Recorde que o amor ao dinheiro é raiz de todo o tipo de mal, e você pode amar o dinheiro até mesmo não o possuindo. Cuide em não pensar que o ser pobre vai salvá-lo. Lázaro não foi para o céu por ser pobre, mas por ter Cristo. Você deseja saber qual a cura para o egoísmo? Nada além de um verdadeiro conhecimento do amor de Cristo poderá curá-lo. Você deve reconhecer a sua própria condição de pecador, experimentar o poder do sangue de Cristo para curá-lo, provar a paz com Deus através de Cristo e sentir o amor de Deus em seu coração. Então, sabendo o quanto deve a Cristo, você sentirá'que nada é grande demais para darmos a Ele. O egoísmo pode ser mascarado por uma docilidade no tratar com pessoas, por gostar de receber elogios ou por idéias erradas a respeito do que significa negar-se a si mesmo. Mas somente o amor de Cristo pode transformar e levar uma pessoa a viver e trabalhar para Cristo. Conclusão Deixe-me concluir com três palavras práticas. 1. Insisto que você examine a si mesmo. O que você está fazendo? Para onde está indo? Qual será sua condição após a morte? Estas são perguntas solenes. Rogo que o Espírito Santo leve muitos a questionarem-se! 2. Convido a todos os que necessitam ser salvos a buscarem imediatamente a Cristo. Busque o Senhor enquanto Ele pode ser encontrado (Is 55.6). Ele recebe pecadores (Lc 15.2). Mas um dia será tarde demais, assim como o homem rico veio a descobrir. Riqueza e Pobreza 91 3. Apelo aos cristãos que contribuam generosamente para todas as causas de caridade e misericórdia. Você não pode conservar o seu dinheiro para sempre e, no futuro, deverá prestar contas da maneira como o utilizou. Não pretendo dizer que devemos dar tudo, tampouco devemos negligenciar nosso trabalho ou nossa família. Devemos trabalhar com diligência e prover sustento para nossos dependentes. Devemos estar sempre pensando em como podemos fazer melhor com nosso dinheiro em nossas curtas vidas. Não poderíamos gastar menos com nós mesmos e mais com os outros? Lembre-se de que, espiritualmente, éramos como Lázaro. Estávamos doentes, desamparados e famintos à porta do céu, até que Jesus veio aliviar-nos. Ele viveu fazendo o bem e morreu na cruz para nos salvar. Sejamos como Ele no fazer o bem aos outros! 12 O Melhor Amigo Tal é o meu amigo. Cantares de Salomão 5.16 (vb) Vós sois meus amigos. João 15.14 Um amigo é uma das maiores bênçãos na terra, ainda que verdadeiros amigos sejam raros. Muitos se tornarão seus amigos em tempos de prosperidade, mas um amigo que ficará ao seu lado, quando você estiver doente, desamparado e pobre, é muito raro. Acima de tudo, existem poucos amigos que se importarão com sua alma. Mas quero lhe recomendar um amigo verdadeiro; é o “amigo mais chegado do que um irmão” (Pv 18.24). Ele está disposto a ser seu amigo no tempo e na eternidade. Desejo que você O conheça. Este amigo é Jesus Cristo. Se Ele for o seu amigo mais importante, você será uma pessoa verdadeiramente feliz! 1. O Senhor Jesus é amigo dos que estão em necessidade Visto que somos pecadores, estamos na maior necessidade possível. Por natureza, somos todos portadores de uma doença mortal. Estamos todos morrendo por causa do pecado. Mas Cristo 94 FÉ GENUÍNA veio para nos livrar desta morte. Por natureza, somos todos grandes devedores. Temos uma dívida para com Deus e nunca poderemos pagá-la. Mas Cristo veio a fim de pagar a nossa dívida. Por natureza, todos estamos arruinados e perdidos. Nunca poderíamos alcançar o porto seguro da vida eterna. Mas o Senhor Jesus veio para salvar o que estava perdido e nos levar com segurança ao céu. Você compreende? Não havia qualquer meio possível de sermos salvos, se não pela vinda de Cristo ao mundo para salvar os pecadores (1 Tm 1.15). Ele não tinha qualquer obrigação de fazer isto, mas o seu próprio amor, sua misericórdia e sua compaixão, gratuitos,trouxeram-No ao mundo para nos livrar. Isto é amizade verdadeira! Nunca existiu um amigo como Jesus Cristo! 2. O Senhor Jesus é um amigo ativo Um verdadeiro amigo é conhecido por suas ações e não por suas palavras. Jamais as ações de alguém foram tão eficientes em demonstrar uma amizade verdadeira quanto as ações de Jesus. Embora, por natureza, Ele seja Deus, pelo nosso bem Ele assumiu nossa natureza, tornando-se homem. Por nós, durante trinta e três anos, Ele viveu neste mundo perverso, tendo sido desprezado e rejeitado pelos homens; foi um homem de dores, familiarizado com o sofrimento. Por nós, Jesus submeteu-se à terrível morte na cruz. Ele morreu por nós. Jesus não precisava fazer qualquer destas coisas. Entretanto, Ele sabia que nada mais poderia nos salvar, e seu amor era tão grande, que se dispôs a vir e morrer por nós. Isto é amizade além de nossa capacidade de compreender. Quem pode encontrar alguém desejoso de morrer por aqueles que o odeiam? Mas foi exatamente isto o que Jesus fez. Nunca existiu um amigo semelhante a Ele! 3. O Senhor Jesus é um amigo poderoso Frequentemente, se pudessem, nossos amigos gostariam de ajudar-nos. Manifestam simpatia para conosco quando estamos com problemas; porém, não podem nos livrar deles. Mas Cristo é Todo-Poderoso. Ele nunca está na condição de querer nos ajudar e não ter o poder para fazê-lo. Ele é capaz de perdoar até mesmo os maiores pecadores. O Melhor Amigo 95 Não importa o que tenhamos sido ou feito, o seu sangue pode nos lavar de todo o pecado. Jesus pode converter o mais duro dos corações e criar um novo espírito em uma pessoa. Pode preservar até o final todos os que crêem nEle e lhes dar graça para vencerem o mundo, a carne, o diabo e perseverarem até o fim. Ele é capaz de outorgar o melhor dos dons àqueles que O amam. Nesta vida, Cristo pode conceder paz, alegria, esperança e conforto interiores que nenhum dinheiro pode comprar e, após a morte, uma incorruptível coroa de glória. Isto é verdadeiro poder! Ninguém jamais teve um amigo tão poderoso quanto Jesus Cristo! 4. O Senhor Jesus é um amigo amoroso Seu amor “excede todo o entendimento” (Ef 3.19). Ele o demonstra através do seu desejo de receber pecadores, não rejeitando pessoa alguma, não importa quão grande sejam seus pecados. Está sempre pronto a conceder perdão e purificar todos os que vêm a Ele. Jesus revela o seu amor pela forma que lida com os pecadores, depois que estes crêem nEle e se tornam seus amigos, manifestando paciência para com eles, estando sempre pronto a ouvir seus lamentos e disposto a simpatizar com todas as suas angústias. Nunca permite que sejam tentados além do que são capazes de suportar e aceita-lhes o serviço, por mais simples que seja. O próprio Senhor Jesus fez que se escrevesse na Bíblia que Ele se agrada de seu povo (SI 147.11). O amor do Senhor Jesus não é uma resposta a qualquer coisa amável em nós, mas flui de sua compaixão pura e altruísta. Não existe amor na terra que se compare ao de Jesus! 5. O Senhor Jesus é um amigo sábio Nem todos os nossos amigos são sábios. Podem dar conselhos maus e prejudiciais, até mesmo quando suas intenções são boas. Alguns amigos nos impedem de seguirmos o caminho de Cristo e acabam nos envolvendo no vazio do mundo. Mas a amizade do Senhor Jesus sempre nos faz bem e jamais nos prejudica. O Senhor Jesus em tempo algum mima os seus amigos, dando-lhes o que desejam, ao invés do que é bom para eles. Ele lhes dá tudo o que realmente é bom, mas também requer que 96 FÉ GENUÍNA suportem privações e carreguem a sua cruz. Ainda que não gostem disto no momento, Jesus sabe que é para o bem deles e que o compreenderão quando forem levados ao céu. O Senhor Jesus nunca comete erros no lidar com seus amigos. Quando olhamos ao nosso redor, percebemos quanto dano as pessoas constantemente recebem de seus amigos. Estes, com freqüência, encorajam uns aos outros em coisas mundanas e tolas, ao invés de encorajarem-se ao amor e às boas obras. Comumente, o estarem juntos lhes causa mais dano do que benefício. Mas, quão diferente é a amizade do Senhor Jesus, o Amigo dos pecadores! Pense como Ele lidava com seus discípulos, confortando-os, repreendendo-os e exortando-os com perfeita sabedoria. Medite em como Ele soube a hora certa para visitar Maria e Marta, em Betânia (Jo 11). Considere a maneira sábia e amiga de Jesus tratar de seus assuntos com Pedro às margens do lago da Galiléia (Jo 21). Sua companhia tornou seus amigos mais santos. Seus dons sempre têm em vista o nosso bem-estar espiritual. Sua bondade é sempre exercida com sabedoria. Jamais existiu um amigo tão sábio quanto o Senhor Jesus! 6. O Senhor Jesus é um amigo provado Ele demonstrou amizade para com todos os tipos de pessoas, em todos os tipos de condições, no decorrer da história. Alguns de seus amigos foram reis e homens ricos, como Davi e Salomão; outros foram pobres, como os pastores em Belém. Alguns foram senhores, como Abraão; outros foram escravos, como os cristãos da casa de Nero. Alguns tornaram-se amigos de Jesus ainda na infância, como Samuel e Timóteo; outros vieram a conhecê-Lo somente depois de já estarem velhos, como Manassés. Alguns eram pessoas expansivas, como Pedro, ou cheias de atividade, como Marta; outras eram quietas, como Maria. Os amigos do Senhor Jesus vieram de todas as nações do mundo; e todos eles descobriram que a amizade dEle é boa. Nenhum outro amigo jamais foi tão completamente testado e provado quanto o Senhor Jesus Cristo! 7. O Senhor Jesus é um amigo infalível Enquanto todas as coisas na terra mudam, a amizade do 0 Melhor Amigo 97 Senhor Jesus jamais manifesta mudanças. Até mesmo alguns maridos abandonam suas esposas; também alguns pais abandonam suas crianças. Mas Cristo jamais abandonou sequer um de seus amigos ou alterou seus sentimentos para com eles. Ele é “o mesmo ontem, hoje e para sempre”. Nunca existe qualquer separação entre Ele e seu povo. Uma vez que tenha feito seu lar no coração de qualquer pecador, Ele jamais o deixa. O Senhor Jesus afirma: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hb 13.5). Conclusão Permita-me finalizar com algumas palavras de aplicação. Não conheço o estado de sua alma, mas sei que tenho algo a dizer- lhe que merece a sua atenção. Imploro que, agora mesmo, você dê atenção ao Senhor Jesus Cristo e à sua própria condição espiritual. 1. Primeiro, peço qoepondere com muita seriedade se Cristo é seu amigo e se você é amigo dEle. Sinto profunda tristeza ao dizer que milhares e milhares dos que se declaram cristãos não são, de forma alguma, amigos de Cristo. São cristãos externamente, mas não amigos do Senhor Jesus. Não odeiam os pecados por causa dos quais Jesus morreu, a fim de livrar deles o pecador. Não amam o Salvador que veio ao mundo para redimir os pecadores; tampouco se regozijam no evangelho da reconciliação. Não falam com o Amigo dos pecadores, em oração, ou buscam maior comunhão com Ele. Pessoas assim não são amigas de Cristo. Rogo-lhe que examine a si mesmo. Você é ou não um dos amigos de Cristo? 2. Segundo, desejo tornar-lhe ciente de que, se não é um dos amigos de Cristo, você é uma pessoa pobre e miserável. Você se encontra em um mundo que está perecendo e caracterizado por sofrimento; contudo, você não tem qualquer fonte verdadeira de conforto e refúgio em tempos de necessidade. Algum dia você terá de morrer, mas não está pronto para isto. Seus pecados ainda não estão perdoados. Você será julgado, mas não está preparado para encontrar-se com Deus. Poderia estar, mas rejeita o único Mediador e Advogado que pode salvá-lo. Você ama o mundo mais do que a Cristo e rejeita o Amigo dos pecadores. Digo-o novamente: você é uma pessoa pobre e miserável. 3. Terceiro, desejo informar-lhe que, se você realmente quer um amigo, Cristo anela ser este Amigo. Ele o está chamando agora através destas palavras. Não importando quão indigno você FÉ GENUÍNA sesinta, Ele está disposto a recebê-lo e alistá-lo entre os seus amigos. Cristo está pronto para perdoar todo o seu passado, vesti-lo com a sua justiça, dar-lhe o seu Espírito e torná-lo filho de Deus. Cristo pede que você O busque. Ele o chama para vir com todos os seus pecados, reconhecendo sua vileza e confessando sua vergonha. Venha como você está, sem esperar coisa alguma. Você é indigno de qualquer coisa, mas Cristo o convida a vir e tornar-se amigo dEle. Você não virá? 4. Por último, saiba que, se Cristo é seu Amigo, você possui grandes privilégios e deve viver de modo digno deles. Todos os dias, procure ter uma comunhão mais íntima com Cristo e conhecer mais sua graça e poder. O cristianismo verdadeiro não é simplesmente acreditar numa série de verdades abstratas. Envolve viver em uma comunhão individual e diária com uma Pessoa. O apóstolo Paulo declarou: “Para mim, o viver é Cristo” (Fp 1.21). Procure glorificá-Lo diariamente, em tudo. Evite tudo o que possa entristecê-Lo. Lute arduamente contra os pecados persistentes, contra a indolência, contra a lentidão em confessar Cristo diante dos homens. Quando você for tentado, pergunte à sua própria alma: esta é a sua lealdade para com o seu Amigo? Acima de tudo, pense na misericórdia por Ele demonstrada a você e aprenda a se alegrar todos os dias no seu Amigo! Talvez você esteja doente, seus problemas sejam muito grandes, os seus amigos o desprezem e você fique sozinho no mundo. Mas, se está em Cristo, você tem um Amigo — um Amigo que é poderoso, amorável, sábio, infalível. Medite muito a respeito de seu Amigo. Em breve, seu Amigo virá e o levará para o lar onde, para sempre, você viverá, com Ele. Naquela ocasião, todo o mundo reconhecerá que verdadeiramente rico e feliz é o homem que tem o Senhor Jesus Cristo como seu Amigo. 13 Doença Está enfermo aquele a quem amas. João 11.3 Esta breve mensagem, “Está enfermo aquele a quem amas”, foi enviada ao Senhor Jesus por Marta e Maria. O irmão delas, Lázaro, estava doente. Lázaro era um cristão muito amado pelo Senhor Jesus, mas estava doente. Portanto, não devemos pensar que doença é um sinal da ira de Deus. Pelo contrário, é intencionada para o nosso próprio bem — “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). É importante considerar sobre este assunto da doença. Provavelmente, a qualquer hora você ficará doente; e pensar com antecedência e seriedade a respeito deste assunto poderá fazer-lhe muito bem. Abordaremos o assunto sob três tópicos. 1. Doença existe em todos os lugares Doença existe em todas as partes do mundo, em meio a todas as classes sociais. Nem as riquezas deste mundo nem a fé em Cristo nos isentam de ficarmos doentes. Doença é frequentemente 100 FÉ GENUÍNA uma experiência bastante humilhante. Ela pode fazer que um homem forte se torne como uma pequena criança e que um homem corajoso trema diante da menor de todas as coisas. Pode afetar nossa mente e nossa maneira de pensar; e o homem não é capaz de fazer coisa alguma a fim de prevenir-se contra ela. A medicina pode aumentar a média da expectativa de vida. Novas curas são encontradas para várias doenças. Mas, ainda, “os dias de nossa vida sobem a setenta anos, ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso, o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos” (SI 90.10). Isto era verdade quando Moisés o escreveu, e continua sendo verdade até hoje. Qual a explicação para a universalidade da doença? Por que as pessoas ficam doentes e morrem? Não podemos supor, sequer por um momento, que Deus criou enfermidade e doença no princípio. Tudo o que Ele criou era “muito bom”, e obviamente isto exclui a doença. Entretanto, a Bíblia nos conta que, subsequentemente, algo veio ao mundo que não estava lá no princípio. Este algo é o pecado, a causa de toda a doença, dor e sofrimento no mundo. Se o pecado não existisse, não haveria doença. Você percebe? Somente a Bíblia nos dá uma explicação satisfatória para os fatos como eles são. Ela explica como viemos a possuir corpos tão maravilhosamente formados. Deus os criou! E a Bíblia explica como, apesar de termos sido criados por um Deus infinitamente sábio e bom, estamos agora suscetíveis à doenças e sofrimentos. As grandes doutrinas bíblicas da Criação e da Queda são as únicas explicações. 2. Doença pode fazer bem ao homem Talvez você ache surpreendente aprender que a doença pode nos fazer bem. Muitas pessoas nunca consideram este fato. Pensam apenas no sofrimento e na dor, não vendo bem algum nisto. Agora, eu admito que, se não houvesse pecado no mundo, seria impossível que a doença trouxesse qualquer bem aos homens. Não havia doença no mundo que Deus criou. Mas Deus sabiamente a permitiu, desde a queda do homem no pecado. Eu a vejo como uma bênção assim como uma maldição. Deus é capaz de usar nossa dor e sofrimento temporários para o benefício de nosso coração, nossa mente, consciência e alma, para toda a eternidade. Doença ajuda os homens a lembrarem-se da morte. Muitos Doença 101 homens vivem como se nunca fossem morrer e não se preparam para a morte. A doença os faz lembrar aquilo que prefeririam esquecer. Doença ajuda-nos a pensar seriamente em Deus. Muitas pessoas, enquanto estão saudáveis, preferem esquecer-se de Deus e de seu relacionamento com Ele. A doença os faz lembrar que um dia terão de se encontrar com Deus. Doença ajuda a mudar a nossa maneira de encarar a vida. Muitas pessoas nunca pensam em qualquer outra coisa, a não ser em sua felicidade neste mundo. Um longo período de doença pode mudar a forma com que tais pessoas avaliam coisas que antes julgavam tão importantes. Por exemplo, o homem que ama o dinheiro pode aprender que seu dinheiro não é capaz de confortá-lo em sua enfermidade. Doença ajuda a nos tornarmos humildes. Todos somos orgulhosos por natureza. Sempre encontramos alguém que consideramos inferior a nós. Mas a doença nos mostra nossa fragilidade; ela vem tanto aos ricos quanto aos pobres, aos famosos e aos desconhecidos. Ela coloca a todos no mesmo nível. Doença ajuda a testar o nosso cristianismo. Ajuda-nos a verificar se nosso cristianismo é genuíno, se está construído sobre uma base sólida. Muitas pessoas não estão construindo sobre uma base sólida, e um período de doença pode lhes revelar que seu cristianismo não traz qualquer conforto nas horas de provação. Não pretendo que você pense que a doença sempre beneficia destas maneiras as pessoas. De forma nenhuma! Muitos passam pela experiência da doença e não aprendem absolutamente nada com ela, tal como mostra o seu comportamento subseqüente. Os seus corações mantêm-se endurecidos, e a doença não lhes faz bem algum. Mas existem muitas pessoas para quem Deus tornou a doença uma bênção. Deus a usou para falar com elas e levá-las a buscar a Cristo. Portanto, nunca deveríamos reclamar por causa da doença. Se respondermos adequadamente à doença, ela poderá nos trazer grande benefício. 3. Doença nos convoca a alguns deveres especiais Quero ser prático e específico quanto aos deveres especiais aos quais a doença nos chama. Desejo que você seja bastante 102 FÉ GENUÍNA esclarecido quanto ao que deve fazer neste mundo de doença e morte. O primeiro dever que a doença nos recorda é o de vivermos de tal forma que sempre estejamos prontos a encontrar com Deus. A doença nos relembra a morte, a porta através da qual devemos passar ao julgamento, no qual veremos Deus face a face. Portanto, a primeira lição que a doença deve nos ensinar é a de nos prepararmos para encontrar com Deus. Quando você estará pronto a encontrar-se com Deus? Somente quando seus pecados forem perdoados, seu coração for renovado e sua vontade for ensinada a se alegrar na vontade de Deus. Você tem muitos pecados, e somente o sangue de Jesus pode apagar e perdoar estes pecados. Somente a justiça de Cristo pode tomá-loaceito na presença de Deus. Estes benefícios são recebidos exclusivamente por meio da fé. Por conseguinte, se deseja saber se está pronto para encontrar-se com Deus, você deve perguntar a si mesmo: “Eu tenho fé?” Por natureza, o seu coração encontra-se incapacitado à comunhão com Deus. Somente o Espírito Santo pode transformá-lo, tornar todas as coisas novas e dar-lhe alegria em fazer a vontade de Deus. Assim, se você deseja saber se está preparado para encontrar-se com Deus, faça a si mesmo outra pergunta: “Meu coração e minha vida já foram transformados pelo Espírito Santo?” Nada menos do que isso nos preparará para o encontro com Deus. É necessário que sejamos justificados e santificados. O sangue de Cristo precisa ser aspergido sobre nós, e o Espírito de Cristo viver em nós. Estes são os fatos essenciais da fé cristã; e, neste mundo de doença e morte, seu primeiro dever é ter certeza de que possui estas coisas. O segundo dever que a doença nos recorda é o de vivermos sempre de maneira que possamos suportá-la com paciência. Estar doente não é algo fácil. Provavelmente seremos privados de nossas atividades costumeiras; nossos planos podem ser desfeitos e, talvez, tenhamos de suportar longas horas de cansaço e dor. Tudo isto pode causar-nos uma grande tensão e provar muito nossa paciência. Portanto, precisamos aprender a ser pacientes enquanto estamos com saúde, antes de nos acontecer qualquer destas coisas. Devemos orar para que o Espírito Santo santifique nosso temperamento e nossa atitude perante a vida. Devemos fazer um verdadeiro trabalho de oração, pedindo regularmente força para experimentar, bem como para fazer a vontade de Deus. Lembre-se de que a força que Doença 103 necessitamos está disponível em Deus. “Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei” (Jo 14.14). Quero enfatizar este ponto. Acredito que as graças pacíficas do cristianismo não recebem a devida atenção. Mansidão, benignidade, longanimidade, fé e paciência são todas frutos do Espírito. Glorificam a Deus. Freqüentemente, os homens que desprezam o lado ativo da vida de um cristão são compelidos a pensar com seriedade quando vêem estas graças pacíficas na vida do cristão. E é durante um período de doença que tais graças são vistas mais claramente. Muitos cristãos tiveram uma influência duradoura sobre outras pessoas, não por suas palavras, mas pela maneira como se comportaram durante a doença. Você almeja tornar seu cristianismo atrativo e bonito a outras pessoas? Adquira a graça da paciência agora, antes que passe por uma enfermidade. Então, quando você ficar doente, sua doença será para a glória de Deus. O terceiro dever que a doença nos recorda é o de estarmos sempre prontos a simpatizar com nossos semelhantes e ajudá-los. Há sempre alguém doente ao seu lado, talvez na sua família, ou na sua igreja, ou na sua vizinhança. Você deveria considerar isto uma oportunidade para fazer o bem. Talvez uma pergunta amiga seja o suficiente, ou uma expressão de preocupação, ou uma simpática visita. Atos tão simples de bondade têm uma tendência de remover barreiras e criar boas impressões. Podem servir como meio de levar pessoas a Cristo. Constituem o tipo de boas obras às quais todos os cristãos devem estar prontos. Neste mundo de moléstias e doenças, devemos levar “as cargas uns dos outros” (G1 6.2) e ser benignos uns para com os outros (Ef 4.32). Uma atenção consciente para com tais atos de bondade é uma das mais claras evidências de que temos “a mente de Cristo”. O próprio Senhor Jesus “andou por toda parte, fazendo o bem” àqueles que estavam doentes e sofrendo (At 10.38). A importância que Ele atribui a tais atos é mostrada em sua descrição do seu próprio povo no julgamento final: “Estava... enfermo e me visitastes” (Mt 25.36). Você quer demonstrar a genuinidade do seu amor cristão? Então cuide em não ser egoísta, negligenciando seus irmãos e irmãs que estão doentes. Fique atento a eles. Dê-lhes a ajuda que necessitam. Simpatize com o sofrimento deles e tente aliviá-lo. Acima de tudo, esforce-se por fazer-lhes o bem na área espiritual. Isto será benéfico a você mesmo, ainda que não o seja a eles. Acredito firmemente que Deus está nos testando e provando em todo caso de 104 FÉ GENUÍNA doença que esteja ao nosso alcance. Quando permite o sofrimento, Deus prova se os cristãos têm algum sentimento de compaixão. Tenha cuidado para que você não seja testado e encontrado com falta de sentimentos como estes! Se você pode viver em um mundo que está doente e moribundo, sem importar-se com os outros, ainda tem muito o que aprender. Conclusão Deixe-me concluir com quatro palavras de aplicação. 1. Primeiro, pergunto-lhe. “O que você fará quando estiver doente?” A hora da doença e da morte vem para todos igualmente. Esta hora deve encontrá-lo mais cedo ou mais tarde. O que você fará? Onde buscará conforto? Em que você pretende construir sua esperança? Rogo-lhe que não despreze estas indagações. Permita- as trabalharem em sua consciência e não lhe darem descanso até que você possa respondê-las de forma satisfatória. O seu destino eterno é muitíssimo importante, por isso não adie estas questões. Os assuntos mais importantes da vida não devem ser deixados para a última hora. Você não pode presumir que será capaz de se arrepender em seu leito de morte. Dois criminosos foram crucificados com Jesus. Um deles se arrependeu no fim de sua vida; o outro, não. Você não tem qualquer motivo para supor que poderá se arrepender em seu leito de morte, se não é capaz de fazê- lo agora. Se você fosse viver para sempre neste mundo, não lhe dirigiria estas palavras. Mas você não viverá aqui para sempre; terá de morrer, e desejo que você esteja preparado para aquele dia. Pense que coisa horrível será se você tiver feito provisões para tudo, exceto para a única coisa que é realmente necessária. 2. Segundo, ofereço um conselho a todos os que necessitam dele e estão dispostos a recebê-lo. Ofereço-o a todos os que não estão prontos para o encontro com Deus. Procurem, sem demora, conhecer o Senhor Jesus Cristo. Arrependam-se, convertam-se, corram para Cristo e sejam salvos. Nenhum apostador na terra é tão estúpido quanto aquele que arrisca a sua própria alma; assim é o homem que não está preparado para se encontrar com Deus e, apesar disso, adia o seu arrependimento. Você sabe que seus pecados necessitam de perdão; sabe que precisa de um Salvador. Então dirija-se a Ele hoje mesmo, rogue-Lhe que salve sua alma. Busque-0 Doença 105 pela fé imediatamente. Entregue-Lhe sua alma. Peça-Lhe perdão e paz com Deus. Suplique-Lhe que derrame o Espírito Santo sobre você, tomando-o um verdadeiro cristão. Ele o atenderá. Não importa o que você tenha sido, o Senhor Jesus não recusará sua oração. Ele disse: “O que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo 6.37). Aconselho-o a ficar alerta contra um cristianismo vago e indefinido. Não pense que tudo acabará bem apenas porque você é membro de uma igreja. Nada bastará senão uma relação pessoal com o próprio Cristo. Não descanse até que possua o testemunho do próprio Espírito Santo em seu coração, assegurando-o de ter sido lavado, santificado, justificado e feito um com Cristo. Uma religião vaga, indefinida, talvez pareça adequada quando você está com saúde, mas nunca quando está doente. Tal religião fracassará completamente quando o fim estiver à vista. Somente Cristo pode tirar da morte o ardor de sua ferroada e capacitar-nos a encarar sem medo a nossa doença final. É necessário que estejamos unidos a Ele, saibamos e creiamos que Ele é o nosso Pastor e intercede por nós à direita de Deus. Somente Ele pode livrar aqueles que, por medo da morte, estão em escravidão. Se você deseja ter esperança e conforto em sua doença, procure conhecer a Cristo. Busque-0 agora. 3. Terceiro, exorto todos os verdadeiros cristãos a recordarem quanto podem glorificar a Deus e permanecerem tranqüilos nas mãosde Deus, nas horas de doença. Este assunto é muito importante. Sei o quanto o coração de um crente está propenso a desfalecer; sei o quanto Satanás se ocupa, sugerindo dúvidas e questionamentos, quando o corpo de um crente está enfermo. Já presenciei um pouco da depressão que pode vir sobre os filhos de Deus, quando estes são inesperadamente subjugados por uma doença e compelidos a repousar. Rogo, seriamente, a todos os cristãos que estão doentes a recordarem que podem honrar a Deus tanto através da paciência, durante o sofrimento, quanto através do seu trabalho normal. Com freqüência, demonstramos maior graça ao descansarmos pacientemente do que ao trabalharmos com dedicação. Solicito a estes cristãos: lembrem que Cristo se importa com vocês, estando doentes ou em boa saúde. A disciplina que vocês estão experimentando é enviada em amor e não em ira. Recordem, acima de tudo, a simpatia que Jesus manifesta para com seus fracos membros. Todos são tratados com muito carinho, especialmente 106 FÉ GENUÍNA nos tempos de necessidade. Cristo tem muita experiência com a doença. Ele conhece o coração de um homem doente. Muito frequentemente a doença e o sofrimento tornam os crentes mais parecidos com o Senhor. “Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças” (Mt 8.17). O Senhor Jesus era um homem de dores e que sabia o que é padecer (Is 53.3). Os discípulos que sofrem têm a oportunidade de conhecer a mente do Salvador que já sofreu. 4. Finalmente, exorto todos os crentes a manterem o hábito da comunhão íntima com Cristo e nunca temerem “ir longe demais” em seu cristianismo. Lembrem-se disto, se quiserem ter paz verdadeira em tempos de enfermidade. Acredito que uma das razões de muitos desfrutarem tão pouco conforto, tanto na saúde como na doença, é a falta de uma fé que envolva todo o coração. Penso que um cristianismo fraco, do tipo “se-dar-bem-com-todo-mundo”, é ofensivo a Deus e destrói um verdadeiro conforto na hora da morte. A fraqueza e a debilidade de um cristianismo desse tipo são mais claramente percebidas durante um período de doença. Se queremos ter uma “grande consolação” em nossas horas de necessidade, não devemos estar satisfeitos apenas com sermos cristãos. Temos de cultivar uma relação verdadeira, séria e sincera com Cristo. Quando a medicina nada mais puder fazer e nada mais nos restar, além de morrer, o que nos susterá então? O que nos capacitará a sentir que não tememos mal nenhum? (SI 23.4). A não ser uma comunhão íntima com Cristo, nada nos capacitará. Cristo vivendo pela fé em nossos corações, colocando seu braço direito sobre nossos ombros e estando ao nosso lado — somente Ele pode nos dar vitória completa em nossa luta final. Acheguemo-nos mais a Cristo, amemo-Lo com mais intensidade e vivamos mais completamente para Ele. Procuremos confessá-Lo com mais ousadia, sigamo-Lo mais plenamente. Este tipo de cristianismo trará sua própria recompensa. As pessoas do mundo o menosprezarão. Os cristãos “nominais” o considerarão extremismo. Não se preocupe! Na doença, trará paz e, no mundo que há de vir, uma coroa de glória que não desvanece. O tempo é curto. O mundo está passando. Umas poucas doenças mais, e tudo acabará. Mais alguns funerais, e será o nosso funeral. Somente mais algumas tempestades, e estaremos seguros no porto. Na presença de Cristo, nosso gozo será completo. Deus enxugará todas as lágrimas dos olhos de seu povo. Enquanto isso, tenhamos uma vida de fé no Filho de Deus. Doença 107 Ele vive, embora possamos morrer, Vive Aquele que aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a imortalidade, por meio do evangelho. Um dia, Ele transformará nosso corpo de humilhação e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso. Na doença e na saúde, na vida e na morte, descansamos confiantemente no Senhor Jesus Cristo. 14 A Família de Deus Toda família, tanto no céu como sobre a terra. Efésios 3.15 Reuniões de família são boas. Nada une tanto as pessoas como o pertencer à mesma família; e possui grande valor qualquer coisa que preserva este sentimento familiar. Organizar reuniões de família, sempre que possível, certamente é algo natural e correto. Mas uma reunião de família pode ser um momento triste. Conforme os anos passam, freqüentemente “toda a família” não está em condições de se reunir. Pode acontecer que os membros jovens estejam bem longe de casa e os mais velhos tenham falecido. Existem lacunas no círculo familiar. Existe uma família à qual desejo que todos os leitores deste livro pertençam. É muito mais importante do que qualquer família da terra. É a família de Deus. Permita-me falar sobre ela. 1. O que é esta família O que é esta família? Ela é composta por todos os verdadeiros cristãos espalhados pelo mundo. Pertencer a esta 110 FÉ GENUÍNA família não depende de nossos pais terrenos; você pode fazer parte desta família somente se nascer de novo, do Espírito Santo. Por que este grupo de cristãos de todo mundo é chamado de família? Primeiro, porque todos têm um mesmo Pai-, são todos filhos de Deus. Todos possuem o espírito de adoção (Rm 8.15). Eles realmente falam a verdade quando oram: “Pai nosso que estás no céu”. Segundo, são chamados de família porque todos se regozijam em um mesmo nome — o de seu Irmão mais velho, o Senhor Jesus Cristo. Terceiro, são chamados de família porque há uma forte semelhança familiar entre eles. Na qualidade de filhos e filhas do Senhor Todo-Poderoso, eles se parecem uns com os outros espiritualmente. Todos são guiados pelo mesmo Espírito, odeiam o pecado e amam a Deus. Todos crêem em Cristo e não confiam em si mesmos, amam a mesma Bíblia e o mesmo trono da graça. Todos eles se separam do mundo e têm a mesma experiência interior de arrependimento, fé, esperança e humildade. Experimentam os mesmos tipos de conflitos interiores. Quero enfatizar a importância desta semelhança familiar. É muito marcante. As pessoas desta família vêm de nacionalidades, costumes e culturas amplamente diferentes. Mas podem “sentir- se em casa”, uns com os outros, no intervalo de apenas alguns minutos. Com frequência, tais pessoas se sentem mais à vontade com um cristão que procede de uma cultura completamente diferente, alguém que eles acabaram de conhecer, do que com alguém que já conhecem há anos mas que não é um cristão! O povo de Deus é verdadeiramente uma família! É a respeito desta família que estamos falando agora; desejo que você pertença a ela, porque fora dela não há salvação. 2. A posição atual desta família Qual é a posição atual desta família? Está dividida em duas partes: alguns estão no céu, e alguns estão na terra. Embora uma pertença à outra, no momento presente estão completamente separadas. Os do céu encontram-se em descanso. Terminaram sua carreira; combateram seu combate; fizeram sua obra. Não são mais atormentados pelo pecado e pela tentação, estando em perfeita felicidade na presença de Cristo. Os da terra ainda estão correndo sua carreira, combatendo seu combate, fazendo sua obra. Ainda têm de lutar contra o pecado, resistir o diabo e A Família de Deus 111 mortificar os seus desejos pecaminosos. Contudo, estas duas partes pertencem uma à outra, e entre elas existe apenas certo grau de diferença. Ambas as partes da família amam o mesmo Salvador e se alegram na perfeita vontade de Deus, ainda que a parte da terra não faça estas coisas perfeitamente. Ambas as partes são santas, ainda que em grau diferentes. Ambas as partes são igualmente filhos de Deus, embora uma delas ainda esteja aprendendo e, algumas vezes, necessite ser ensinada com vara e disciplina. Ambas as partes da família são igualmente soldados de Deus. Os da terra ainda estão na batalha e necessitam de toda a armadura de Deus, enquanto os do céu encontram-se em triunfo, fora do alcance do inimigo. Finalmente, ambas as partes desta família estão perfeitamente salvas e seguras. O Senhor Jesus cuida tanto dos que estão na terra quantodos que estão no céu e afirmou com clareza a respeito deles, as suas ovelhas: “Jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo 10.28). Você percebe, então, que seria um grande erro julgar a família de Deus somente através do que pode ser visto no momento presente. Você contempla apenas uma pequena parte dela e não pode ver a quantidade enorme daqueles que já estão no céu. Quando toda a família for reunida no último dia, formará uma multidão que ninguém poderá enumerar (Ap 7.9). A família de Deus é muito mais rica e gloriosa do que você imagina. Desejo que você faça parte dela. 3. O que o futuro reserva para esta família Ninguém jamais pode prever o futuro de nossas famílias terrenas. Não sabemos o que o dia de amanhã trará à luz (Pv 27.1). Mas a família de Deus é diferente, pois seu futuro é certo, e não apenas certo, mas bom e feliz. Um dia, todos os membros da família de Deus serão levados em segurança ao lar. Na terra, eles estão espalhados, são provados e testados com aflições. Mas nenhum deles perecerá (Jo 10.28). Cada um deles chegará em segurança ao lar. Um dia, todos os membros da família de Deus terão corpos gloriosos. Quando Cristo vier ao mundo novamente, os mortos ressuscitarão e os vivos serão transformados. Cada membro terá um corpo glorioso semelhante ao do Senhor. 112 FÉ GENUÍNA Um dia, todos os membros da família de Deus estarão juntos, formando uma só companhia. Não fará diferença alguma o local que eles viveram e morreram na terra. Todos se encontrarão, para nunca mais se separarem. Um dia, todos os membros da família de Deus estarão unidos em sua maneira de pensar e em sua capacidade de julgar. No presente, eles não estão de acordo em tudo. Todos concordam sobre os grandes assuntos centrais da salvação, mas em muitos outros assuntos lamentavelmente discordam. Mas, naquele dia, todas as discordâncias serão absorvidas em perfeita harmonia. Um dia, todos os membros da família de Deus serão perfeitos em santidade. Agora, todos falham em diversas coisas. Naquele dia, então, todos serão “sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante” (Ef 5.27). Um dia, todos os membros da família de Deus estarão eternamente satisfeitos. Todos entrarão à herança que lhes está reservada. Ninguém será negligenciado ou esquecido. Estas perspectivas para a família de Deus são grandes realidades. Pense bem sobre elas. Não há qualquer família terrena com um futuro semelhante a este! Conclusão Permita-me concluir com algumas palavras práticas. Que Deus as utilize para o bem de sua alma! 1. Pergunto-lhe: você pertence à família de Deus? Não estou perguntando se você é um batista, um anglicano ou se pertence a alguma outra igreja. Estou perguntando se você pertence à família de Deus. Se não, convido-o hoje a se unir a ela imediatamente. Arrependa-se hoje. Busque a Cristo agora mesmo. Venha e creia nEle; entregue-Lhe hoje a sua alma. 2. Se você já pertence à família de Deus, quero encorajá- lo a pensar sobre os seus grandes privilégios e aprender a demonstrar mais gratidão. Quão grande é o privilégio de possuir algo que o mundo não lhe pode dar nem tirar. Em breve, nossas reuniões de família humanas serão coisa do passado. Mas a reunião da família de Deus será para sempre. Deveríamos pensar muito sobre isto e manifestar gratidão. A alegria desta reunião compensará tudo o que tenhamos sofrido como cristãos, na terra. Enquanto isso, esforcemo-nos por viver de modo digno da A Família de Deus 113 família à qual pertencemos. Não façamos coisa alguma que traga desonra ao nome de nossa família. Pelo contrário, vamos recomendá- lo através de nossas vidas; talvez Deus use nosso testemunho para fazer com que outros digam: “Nós iremos com vocês”. 15 Herdeiros de Deus Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes outra vez atemorizados, mas recebestes o Espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com Ele sofremos, também com ele seremos glorificados. Romanos 8.14-17 As pessoas a respeito das quais Paulo está escrevendo nestes versos são as mais ricas da terra. Possuem a única herança que realmente vale a pena — uma herança com a qual ninguém jamais ficará insatisfeito ou desapontado. Ao contrário das heranças deste mundo, que devem ser deixadas para trás após a morte, esta herança pode ser preservada para sempre. E está ao alcance de todos! Está disponível a todo aquele que estiver preparado para recebê-la sob as condições de Deus. Você quer compartilhar desta herança? Pertencer à família dos verdadeiros cristãos é o caminho para possuí-la, porque a 116 FÉ GENUÍNA herança pertence a esta família. Se você ainda não pertence a esta família, quero persuadi-lo a se tornar hoje um filho de Deus. Se, no momento presente, você tem apenas uma vaga esperança de ser um cristão, quero persuadi-lo a estar absolutamente certo de seu relacionamento com Deus. Lembre-se que apenas os verdadeiros filhos de Deus terão parte na herança! 1. O relacionamento que todos os verdadeiros cristãos têm com Deus Os verdadeiros cristãos são “filhos de Deus”. Ser chamado servo ou amigo de Deus é um grande privilégio, mas não há algo mais sublime do que ser chamado filho de Deus. Comumente pensamos que é um grande privilégio ser filho de alguém importante, porém ser filho do Rei dos reis e Senhor dos senhores é muito melhor! Como podem homens pecadores como nós tornarem-se filhos de Deus? Certamente, não somos filhos de Deus por natureza. Os homens se tornam filhos de Deus somente quando o Espírito Santo os leva a crer em Jesus Cristo para a salvação. A Bíblia diz: “Todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (G1 3.26). É somente a fé que nos une a Cristo e nos outorga o direito de sermos chamados “filhos de Deus”. Pretendo enfatizar este assunto. Ainda que os filhos de Deus foram escolhidos desde a eternidade e predestinados para serem adotados como filhos, é somente quando chega um determinado dia, no qual são chamados por Deus e passam a exercitar fé em Cristo, que eles se tomam, de fato, filhos de Deus. Os anjos de Deus se regozijam quando um pecador se arrepende e crê. Mas eles não se regozijam até que o pecador se arrependa e creia, pois somente então este se torna parte da família de Deus. Não podemos ser enganados a respeito disto. Sei que há um sentido de acordo com o qual Deus é Pai de toda a humanidade. Ele criou a todos nós; neste sentido, Ele é o Pai de todos os homens, quer sejam cristãos, quer pagãos. “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos” e “dele também somos geração” (At 17.28). Também sei que Deus ama toda a humanidade com um amor piedoso e compassivo. “Suas ternas misericórdias permeiam todas as suas obras” (SI 145.9). Mas nego completamente o ensino de que Deus seja um Pai perdoador e reconciliador de qualquer pessoa, senão Herdeiros de Deus 117 daquelas que creem no Senhor Jesus Cristo. A santidade e a justiça de Deus são contrárias a tal idéia, pois estas fazem com que seja impossível a um pecador aproximar-se de Deus, a menos que isto seja feito através do Mediador. Ninguém deveria consolar a si mesmo pensando que Deus é seu Pai, a não ser que tal pessoa tenha fé no Senhor Jesus Cristo. Ninguém deve pensar que este ensino é intolerante ou rude. O evangelho coloca uma porta aberta diante de todos. Suas exigências são claras e simples. O evangelho proclama a todos-. “Creia no Senhor Jesus Cristo e será salvo”. Ninguém é excluído. Mas, o que dizermos a respeito de pessoas orgulhosas que não se submeterão a Cristo e de pessoas do mundo que estão determinadas a seguir seus próprios caminhos e continuar em seus pecados? Certamente não são filhos de Deus. Deus está disposto a ser o Paidestas pessoas — mas de acordo com certos termos distintos. Elas devem vir a Ele, através de Cristo. Devem sujeitar suas almas a Ele e dar-Lhe os seus corações, Se os homens não cumprem estes termos, como podem afirmar que Deus é seu Pai? Estão exigindo que Deus lhes seja Pai de acordo com os termos que eles mesmos estabelecem! Querem Cristo como seu Salvador mediante suas próprias condições! O que poderia haver de mais presunçoso e inaceitável? Temos de rejeitar tais idéias e nos apegarmos aos ensinamentos da Bíblia. Ninguém se torna filho de Deus a não ser através de Cristo. E ninguém tem parte em Cristo exceto através da fé. Desejaria ardentemente não ter de enfatizar tanto este assunto. Mas preciso fazê-lo, por causa do falso ensino que é muito popular. Este falso ensino fala somente sobre a misericórdia e o amor de Deus, ignorando a sua santidade e sua justiça. Nunca menciona o inferno; afirma que todos já estão salvos. Fala sobre a fé, mas extrai desta palavra todo o seu significado bíblico. Neste falso ensino, todos os que crêem em alguma coisa são considerados como possuidores de fé. Este falso ensino fala do Espírito Santo, mas considera que todas as pessoas O possuem. Afirma que todos estão certos e ninguém está errado! Diz-nos que a Bíblia é um livro antiquado e bastante imperfeito; podemos acreditar nela somente na proporção que quisermos, e nada mais! Eu lhe advirto, de forma séria e solene, a ter cuidado com este tipo de ensino. Os fatos opõem-se a ele. Sodoma e Gomorra jazem sob as águas do mar Morto, por causa do julgamento de Deus. O lugar onde ficava Babilônia é hoje completa desolação, por causa do julgamento de Deus. A consciência do homem se opõe 118 FÉ GENUÍNA a tal ensino, pois não traz paz à consciência culpada. A doutrina bíblica sobre o céu é contrária a tal ensino. Imagine um céu onde os salvos e os ímpios, os purificados e os impuros, os bons e os maus estivessem todos reunidos em um só lugar. Imagine um céu onde Abraão e os sodomitas, Pedro e Judas Iscariotes vivessem juntos para sempre! Este tipo de céu não seria melhor do que o inferno! A preocupação com a santidade e a moralidade testifica contra tal ensino. Se todos forem filhos de Deus, não se levando em conta a maneira como vivem, e todos estiverem no caminho para o céu, então qual a vantagem em se lutar por santidade? A Bíblia é contra tal ensino do começo até o fim. Mas este falso ensino rejeita completamente a autoridade da Bíblia, apesar de nada ter para oferecer em seu lugar. Caro leitor, peço que você esteja alerta contra este falso ensino. Apegue-se à verdade claramente ensinada na Palavra de Deus. Não há herança gloriosa para quem não é filho de Deus. E ninguém é filho de Deus sem uma fé pessoal no Senhor Jesus Cristo. Você quer saber se é um filho de Deusl Então pergunte a si mesmo se você já se arrependeu de seus pecados e creu em Jesus. Você está verdadeiramente unido a Cristo? Se não, você não é um filho de Deus. Você ainda não nasceu de novo e permanece em seus pecados. Deus é, sem dúvida, seu Criador e, neste sentido, seu Pai, mas não é o seu Pai reconciliador e perdoador, que está no céu. Você deseja se tornar um filho de Deus? Se você reconhecer e sentir os seus pecados e buscar a Cristo para salvação, hoje será colocado entre os filhos de Deus. Segure a mão que Cristo lhe estende e você se tornará um filho com todos os privilégios que isto envolve. Ao iniciar a leitura deste livro, você era um filho da ira. Mas hoje mesmo poderá ir dormir sendo um filho de Deus. As coisas velhas passarão, e todas as coisas se tornarão novas. Você realmente deseja ser um filho de Deus? Você está verdadeiramente cansado de seus pecados? Você tem algo mais, além de um frágil desejo de ser livre de seus pecados? Então, existe um verdadeiro conforto para você. Creia no Senhor Jesus Cristo; você será salvo e se tornará um filho de Deus. Você já é um verdadeiro filho de Deusl Então se regozije e esteja alegre por seus privilégios. Você possui todos os motivos para ser grato. “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus” (1 Jo 3.1). E se o mundo não o entender e rir de você? Deixe que o façam. Deus é Herdeiros de Deus 119 seu Pai; você não tem qualquer motivo para se envergonhar. Não existe maior dignidade do que ser um filho de Deus. 2. As evidências deste relacionamento com Deus Como pode alguém ter certeza de que é um filho de Deus? O texto bíblico de Romanos 8.14-17 (peço-lhe que o considere) nos responde esta pergunta. Os filhos de Deus são todos guiados pelo seu Espírito — “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (v. 14). O Espírito Santo está guiando e ensinando a todos eles. O Espírito os guia para longe do pecado, da justiça própria e do mundo. Ele os conduz a Cristo, à Bíblia, à oração e à santidade. Do começo ao fim, o Espírito Santo os guia. Ele os guia ao Sinai e os convence de terem quebrado a lei de Deus. O mesmo Espírito, então, os guia ao Calvário e lhes mostra Cristo morrendo em favor dos pecados deles. O Espírito Santo lhes revela o vazio de seus corações e, também, lhes mostra algo da glória que está por vir. Os filhos de Deus, todos, têm o sentimento de filhos adotivos para com seu Pai que está no céu — “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes outra vez atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai” (v. 15). Por natureza todos são culpados e condenados e possuem um opressivo medo de Deus. Mas, quando se tornam filhos de Deus, isto muda. Ao invés de medo, eles têm paz com Deus e confiança nEle como seu Pai celestial. Sabem que o Senhor Jesus Cristo é o seu pacificador com Deus. Estão convictos de poderem se aproximar de Deus com ousadia e falar com Ele como seu Pai. O espírito de escravidão e medo é substituído pelo espírito de liberdade e amor. Ainda continuam cientes de que são pecadores, mas sabem que não precisam temer, porque estão vestidos com a justiça do Senhor Jesus Cristo. Admito que estes sentimentos são desfrutados mais por alguns cristãos do que por outros. Alguns cristãos experimentam o retorno de velhos temores a perturbá-los. Porém, a maioria dos filhos de Deus confessaria que, ao conhecer a Cristo, mudaram bastante os seus sentimentos para com Deus. Os filhos de Deus possuem o testemunho do Espírito em suas consciências — “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (v. 16). Os filhos de Deus têm 120 FÉ GENUÍNA algo em seus corações que lhes afirma existir um relacionamento entre eles e Deus. A proporção desse testemunho varia grandemente entre eles. Para alguns, o testemunho de pertencerem a Cristo, e Cristo a eles, é alto e claro. Para outros, ê um fraco e hesitante sussurro, que o diabo e a carne freqüentemente os impedem de ouvir. Alguns dos filhos de Deus gozam de grande certeza, enquanto outros acham difícil acreditar que têm a fé verdadeira. Mas, em cada verdadeiro cristão, existe algo que ele jamais concordaria em abandonar. Até mesmo aqueles que são lançados de um lado para outro, com suas dúvidas e medos, jamais concordariam em abandonar aquela porção de esperança que possuem, em troca da vida fácil de um homem imprudente e mundano. Os filhos de Deus, todos, compartilham do sofrer com Cristo — “Se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos...” (v. 17). Todos os filhos de Deus passam por dificuldades e provações, por amor a Cristo. Experimentam provações provenientes do mundo, da carne e do diabo. Freqüentemente, são mal interpretados e maltratados por amigos e parentes. Podem ter de suportar calúnia ou zombaria e sofrerem por colocarem a Cristo antes de seus interesses e deveres terrenos. Também conhecem as provações que brotam de seus próprios corações pecaminosos. Existem vários graus de sofrimento. Algunssofrem mais, outros, menos. Alguns sofrem de uma forma e outros, de outra. Mas não acredito que qualquer filho de Deus tenha chegado ao céu sem experimentar algum tipo de sofrimento. O sofrimento faz parte da experiência de toda a família de Deus. “O Senhor corrige a quem ama” (Hb 12.6). “Mas, se estais sem correção,... sois bastardos e não filhos” (v. 8). Osofrimentoé um dos elementos do processo usado por Deus para nos tornar santos. Os filhos de Deus são corrigidos para que sejam separados do mundo e se tornem participantes da santidade de Deus. O sofrimento é uma das insígnias do discipulado cristão. O próprio Cristo foi crucificado, e os seus discípulos também devem tomar, cada um, a sua cruz. Desejo alertá-lo contra qualquer noção de que você é um filho de Deus, a menos que possua as marcas bíblicas desta filiação. Não é suficiente ter sido batizado e ser membro de uma igreja cristã. As marcas da filiação são apresentadas no oitavo capítulo de Romanos; e você não tem razão para supor que é um filho de Deus, se não possui estas marcas. Herdeiros de Deus 121 3. Os privilégios deste relacionamento Os cristãos verdadeiros são “herdeiros de Deus e co- herdeiros com Cristo”. Estas palavras falam de uma perspectiva gloriosa para todos os filhos de Deus. Se julgamos ter muita importância o ser um herdeiro de uma pessoa rica na terra, quanto mais importância tem o ser um filho e herdeiro do Rei dos reis! E os cristãos são “co-herdeiros com Cristo”; compartilharão da majestade e glória de Cristo, quando estiverem glorificados juntamente com Ele. Isto não será apenas para alguns cristãos, mas para todos os filhos de Deus! Conhecemos apenas um pouco a respeito da herança que espera o povo de Deus. A Bíblia não nos informa muito sobre este assunto, pois nossas mentes não poderiam compreendê-lo. Mas revela o suficiente para nos trazer grande conforto; e fazemos bem em pensar sobre estas coisas. Achamos que o conhecimento é desejável? O pouco que sabemos sobre Deus e Cristo é precioso para nós? Almejamos saber mais? Na glória, teremos este conhecimento. “Então conhecerei como também sou conhecido” (1 Co 13.12). Achamos que a santidade é desejável? Ansiamos por completa conformidade com a imagem de Deus? Na glória, nós a teremos. Cristo deu a Si mesmo pela igreja, não apenas para santificá-la na terra, mas também “para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem cousa semelhante” (Ef 5.27). Achamos que o repouso é desejável? Anelamos por um mundo em que não precisaremos estar sempre batalhando e vigilantes? Na glória, nós o teremos. “Resta um repouso para o povo de Deus” (Hb 4.9). O nosso conflito de todos os dias e de todas as horas, com o mundo, a carne e o diabo, findará para sempre. Achamos que o serviço é desejável? Temos prazer em trabalhar para Cristo, ainda que estamos limitados por um corpo frágil? Freqüentemente achamos que nosso espírito é forte, mas que a nossa carne é fraca? Na glória, seremos capazes de servir perfeitamente, sem qualquer cansaço. Eles “o servem de dia e de noite no seu santuário” (Ap 7.15). Achamos que a satisfação é desejável? Achamos que o mundo é fútil? Ansiamos pelo preenchimento de cada vazio em 122 FÉ GENUÍNA nossos corações? Na glória, teremos perfeita satisfação. “Quando acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança” (SI 17.15). Achamos que a comunhão com o povo de Deus é desejável? Sentimos que nunca estamos tão felizes quanto naquelas ocasiões em que nos reunimos com o povo de Deus? Na glória, estaremos para sempre com eles. “Mandará o Filho do homem os seus anjos, que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade” (Mt 13.41). “Ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos” (Mt 24.31). Glória a Deus! Estaremos com os santos de Deus, a respeito dos quais lemos na Bíblia e cujos exemplos procuramos seguir. Estaremos com os homens e mulheres dos quais o mundo não era digno. Estaremos com aqueles que, em Cristo, conhecemos e amamos na terra. Estaremos com eles para sempre e nunca mais nos separaremos. Achamos que a comunhão com Cristo é desejável? O seu nome é precioso para nós? Nossos corações se aquecem, no nosso íntimo, quando pensamos no seu amor sacrificial por nós? Na glória, teremos perfeita comunhão com Cristo. “Estaremos para sempre com o Senhor” (1 Ts 4.17). Nós O veremos em seu reino. Onde Ele estiver, lá também estarão os filhos de Deus. Quando Cristo se assentar na sua glória, eles se assentarão ao seu lado. Que perspectiva abençoada! Eu sou um homem mortal que vive em um mundo que está perecendo. O mundo por vir é grandemente desconhecido. Mas Cristo estará lá! Isto é o suficiente. Se, na terra, existe descanso e paz em seguir a Cristo pela fé, quanto mais existirão quando O contemplarmos face a face. Você ainda não está entre os filhos e herdeiros de Deus? Então, tenho compaixão de você, com todo o meu coração! Você está perdendo tanto, e sua vida não tem, em última análise, sentido algum. Você não quer ouvir a voz de Jesus e aprender dEle agora? Se você está entre os filhos e herdeiros de Deus, veja que motivos tem para se regozijar e ser feliz! Não se preocupe demais com as suas circunstâncias nesta vida. O seu tesouro está no céu. Regozije-se em sua herança! Glorie-se no Senhor! Conclusão 1. Concluindo, desejo perguntar a cada leitor: você é filho de queiríl Você é um filho da natureza ou um filho da graça? E um Herdeiros de Deus 123 filho do diabo ou um filho de Deus? Rogo-lhe que, sem demora, acabe com esta dúvida. Que tolice é permanecer incerto sobre um assunto de tamanha importância! O tempo é curto. Você está avançando rapidamente em direção à morte e ao julgamento. Não descanse até que possa dizer com segurança: “Eu sei que sou filho de Deus!” 2. Se você é um filho de Deus, rogo-lhe que viva de modo digno da família de seu Pai. Honre-0 com sua vida, obedecendo os seus mandamentos e amando todos os seus filhos. Viva neste mundo como alguém que não faz parte dele, mas que está viajando para o lar na glória. Deixe que outros vejam quão bom e feliz é ser um filho de Deus. Mantenha seus olhos fixos no Senhor Jesus, lembrando que sem Ele você nada pode fazer, mas com Ele pode fazer todas as coisas (cf. Jo 15.5 e Fp 4.13). Vigie e ore. Muito em breve chegará a hora quando você ouvirá as palavras: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34). 16 A Grande Reunião No que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele. 2 Tessalonicenses 2.1 Em todo o mundo as pessoas gostam de se reunir. São poucas as que gostam de ficar sozinhas, e muitos de nós apreciamos aquelas horas em que podemos estar reunidos com nossos familiares. Mas, com freqüência, existe algo triste em relação às reuniões terrenas: elas terminam muito rapidamente. É comum existirem lembranças de pessoas que morreram e não podem mais se reunir conosco. Neste mundo, não há reunião que nos traga felicidade genuína e perfeita. Mas, graças a Deus, existe uma reunião melhor ainda por vir — uma reunião onde haverá alegria sem qualquer tristeza, felicidade sem qualquer lágrima. Permita-me contar-lhe o que pretendo dizer com isso. 1. Um dia haverá uma reunião de verdadeiros cristãos Haverá uma reunião de verdadeiros cristãos no dia em que o Senhor Jesus Cristo voltar a este mundo. “Ele enviará os seus 126 FÉ GENUÍNA anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus” (Mt 24.31). Os cristãos que já morreram ressuscitarão, e os que ainda estiverem vivos serão transformados (ver Ap 20.13; 1 Ts 4.16,17; 1 Co 15.51,52). Então, todos os cristãos que já viveram neste mundo serão reunidos à companhia do Senhor Jesus. O propósito desta reunião é, em parte, a recompensafinal do povo de Cristo. A sua completa justificação de toda a culpa será declarada ao mundo todo; eles receberão a “imarcessível coroa da glória” e serão admitidos publicamente ao gozo de seu Senhor. O propósito desta reunião é, também, a segurança deles, ou seja, que eles estejam abrigados com segurança no dia da justa ira de Deus. Esta será uma grande reunião. Todos os crentes, de todas as idades e de todos os países, estarão lá. O mais frágil estará lá; nenhum crente faltará. Juntos eles constituirão uma multidão que ninguém será capaz de enumerar. Esta será uma reunião maravilhosa. Pessoas que jamais se encontraram neste mundo, que falavam línguas diferentes e que vieram de culturas completamente diferentes, estarão juntas em perfeita unidade. No céu, veremos algumas pessoas que jamais esperaríamos serem salvas. E todos estarão louvando as maravilhas da graça de Deus. Esta será uma reunião que produzirá humildade; acabará todo fanatismo e toda intolerância para sempre. Toda falsidade, falta de amor fraternal, ciúme e orgulho serão eliminados para sempre. Lá, enfim, estaremos cingidos de humildade (1 Pe 5.5). Esta reunião deve estar constantemente em nossos pensamentos. Quando nos esquecermos de qualquer outra reunião, somente uma questão será realmente importante: “Eu estarei reunido com o povo de Cristo ou serei deixado para trás, em eterno sofrimento?” VAMOS CUIDAR PARA NÃO SERMOS DEIXADOS PARA TRÁS. 2. Devemos esperar com grande prazer esta reunião Por que esta reunião é tão desejável? Paulo obviamente a considerou como algo que devemos esperar com prazer. Permita que eu lhe mostre por quê. Esta reunião se realizará em uma condição bem diferente da que vivemos hoje. Neste mundo, os filhos de Deus estão A Grande Reunião ni espalhados por toda parte. Com frequência, encontram-se isolados e solitários, manifestando ardente desejo por uma maior comunhão com aqueles que amam o Senhor. Lá, os filhos de Deus estarão todos juntos, para sempre! Esta reunião será uma assembléia de pessoas que possuirão a mesma maneira de pensar. Não existirão hipócritas, tais como os que prejudicam as reuniões de crentes na terra. Não haverá controvérsias entre os crentes. Os dons dos crentes estarão totalmente desenvolvidos, e seus pecados renitentes serão deixados para trás. Não admiremos que Paulo nos tenha instruído a esperarmos ansiosos por esta reunião! Esta reunião será um encontro do qual nenhum crente estará ausente. O mais frágil cordeiro não será deixado para trás, no campo. Os mais jovens não serão esquecidos. Nós nos encontraremos com os crentes do Antigo Testamento, os quais creram em Cristo antes que Ele viesse, e com aqueles que conheceram a Cristo durante a sua vida terrena, e com todos os que têm crido nEle desde então; ouviremos deles tudo o que o Senhor fez para cada um deles. Isto será algo realmente agradável! Esta será uma reunião sem despedidas. Aqui, não existem encontros assim. Sempre chega a hora de dizermos “adeus”. Mas lá não haverá mais envelhecimento, morte ou mudanças. Não é de admirar que Paulo nos tenha instruído a ansiarmos por esta reunião! Conclusão Peço-lhe agora prestar bastante atenção a este importante assunto. Se nada lhe é desejável na reunião que tenho descrito, certamente você deve perguntar a si mesmo se é um cristão verdadeiro. 1. Dirijo-lhe uma pergunta franca: você participará desta reunião ou será deixado para trás? Naquele dia, a humanidade será dividida em duas partes: os que, como trigo, serão recolhidos ao celeiro de Cristo e os que, como ervas daninhas, serão deixados para serem queimados. Em qual parte você estará? Não basta dizer que você não sabe ao certo, mas que espera o melhor. A Bíblia revela, de forma suficientemente clara, quem será e quem não será recolhido. Não descanse até que você tenha certeza! 2. Mostro-lhe uma forma clara de responder a questão. Pergunte a si mesmo: que tipo de reuniões você mais gosta na 128 FÉ GENUÍNA terra? Você sente prazer em se reunir com o povo de Deus? Se não manifesta alegria alguma em conhecer verdadeiros cristãos na terra, como você poderia se alegrar na companhia deles no céu? Os nossos gostos na terra são uma evidência segura da condição de nossos corações. O homem que espera se reunir com os santos de Deus, no céu, quando ama somente reuniões de pecadores na terra, está enganando completamente a si mesmo. Se viver e morrer nesta situação, tal homem descobrirá que seria melhor jamais ter nascido. 3. Se você é um cristão verdadeiro, exorto-lhe a estar sempre esperando por esta reunião. Em uma batalha, o dia após a uma grande vitória é, com freqüência, um período de lamentações, visto que a perda daqueles que morreram diminui a alegria da vitória. Mas, naquele grande dia, os soldados do exército de Cristo estarão todos presentes para responder ao último toque de chamada. O número de soldados será o mesmo de antes da batalha. Nenhum crente estará faltando nesta grande reunião. No mundo atual, pode ser que freqüentemente você esteja triste e solitário, encontrando poucos com quem orar, para quem abrir seu coração e com quem trocar experiências. Lembre-se: em breve isso terá acabado; espere fervorosamente pela “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” e “nossa reunião com ele”. 17 A Grande Separação A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível. Mateus 3.12 Estas palavras foram proferidas por João Batista a respeito do Senhor Jesus Cristo. Ainda não se cumpriram, mas um dia se cumprirão. Consideraremos seu significado sob quatro tópicos. 1. A humanidade está dividida em duas grandes classes Estas palavras nos fazem lembrar que, embora os homens dividam a sociedade em muitas classes, Deus a divide em apenas duas, aqui chamadas de “trigo” e “palha”. Deus, que vê os corações de todas as pessoas, agrupa cada pessoa em uma destas duas categorias. Quem são o trigo? O trigo são os cristãos, aqueles que crêem no Senhor Jesus Cristo, amam-No e vivem para Ele. Embora sejam pecadores e indignos aos seus próprios olhos, são preciosos aos olhos de Deus. 130 FÉ GENUÍNA Quem são a palha? A palha são todos os que não possuem a fé salvadora em Cristo e não são santificados pelo Espírito Santo. Não importa se eles são incrédulos declarados ou se professam ser cristãos; se não têm uma fé viva e não manifestam santidade, então são palha. Pode ser que possuam grandes dons naturais e grande influência no mundo. Mas, por negligenciarem a salvação de Deus, Este não se agrada deles. É importante perceber que não existe uma terceira classe de homens. Nos dias do dilúvio, existiam somente duas classes de homens — os que estavam dentro da arca e os que ficaram do lado de fora. O Senhor Jesus falou de dois caminhos — o amplo que conduz à destruição e o estreito que conduz à vida. Não existe outro caminho. Assim, tenho de perguntar-lhe com franqueza: você é trigo ou palha? É uma nova criatura? Já se arrependeu? Está crendo em Cristo? Ama a Bíblia e luta em oração? E um cristão no seu trabalho, na sua casa, nos dias da semana bem como aos domingos? Não importa quão desagradável isto pareça, peço-lhe que encare estas questões agora. Se você for palha, será melhor descobrir isto agora, enquanto ainda tem tempo para se arrepender. 2. As duas grandes classes da humanidade serão separadas Nosso texto também nos mostra que chegará a ocasião em que as duas grandes classes da humanidade serão separadas. Um dia, Cristo fará o que o lavrador faz à sua plantação: separará o trigo e a palha. Isto não aconteceu ainda. No presente, o trigo e a palha estão misturados, mesmo entre aqueles que se declaram cristãos. Os homens nem sempre podem distinguir entre si mesmos, pois somos incapazes de ver os corações de outras pessoas. Até que Cristo volte, as igrejas sempre terão palha em meio ao trigo. E, até que Cristo volte, certamente existirátanto palha como trigo no mundo. Mas, quando Cristo vier, que grande separação acontecerá! O trigo formará um grupo — todos eles santos. A palha formará outro — todos eles ímpios. Entre os dois haverá um grande abismo que ninguém poderá ultrapassar. Um grupo será completamente abençoado; o outro, completamente infeliz. Se você é um verdadeiro cristão, ama a companhia dos santos de Deus e o estar junto a pessoas ímpias é uma grande provação para você, isto deve fazê-lo ansioso pelo momento em que Cristo voltará. Naquele dia, então, todo o povo de Deus será A Grande Separação 131 reunido para sempre, a fim de nunca mais estar separado. Porventura estou falando a alguém que está ciente de não possuir um coração correto aos olhos de Deus? Você deveria temer e tremer ao pensar na vinda de Cristo, pois esta lhe mostrará como você realmente é. Deus jamais será enganado. Rogo-lhe que trema e se arrependa! 3. O que o povo de Cristo receberá Nosso texto afirma que Cristo “recolherá o seu trigo no celeiro”. Permita mostrar-lhe o que o povo de Cristo receberá quando Ele vier para limpar a sua eira. Ele ajuntará todos os seus crentes em um lugar seguro. Nenhum pecador que colocou sua fé em Cristo para salvação estará faltando. Cada grão de trigo será recolhido. Não apreciamos, como deveríamos, o quanto o Senhor se preocupa com o seu povo. Tentarei mostrar-lhe. O Senhor se agrada do seu povo crente. As falhas e fraquezas deles não quebram a sua união com o Senhor. Ele sabia de todas as fraquezas deles quando os escolheu. Ele jamais quebrará sua aliança e os abandonará. Quando eles caírem, o Senhor os levantará novamente. Quando se desviarem, Ele os trará de volta. As suas orações Lhe são agradáveis, assim como os balbuciantes esforços de uma criança são agradáveis ao seu pai, e Ele se satisfaz com os esforços deles para servi-Lo. O Senhor se importa com os seus crentes em suas vidas. Ele tem sob controle todas as circunstâncias da vida de seus crentes. Anjos lhes ministram; O Pai, o Filho e o Espírito Santo estão presentes com eles; ninguém os toca sem a permissão do Senhor; e todas as coisas cooperam para o bem deles. O Senhor os aflige e poda somente para o bem deles, a fim de torná-los mais frutíferos. O Senhor se importa com seus crentes quando estes morrem. O tempo de suas vidas está nas mãos do Senhor. Eles são preservados até que estejam maduros para a glória, e não mais. Nenhuma doença pode levá-los embora, até que o Senhor dê sua ordem; e, quando esta ordem é proferida, nenhum médico pode mantê-los vivos. Quando eles estão morrendo, os braços eternos estão ao seu redor; e, quando partem, é para estarem com Cristo. Que contraste com o descrente! Para este, a morte priva-o de qualquer outra oportunidade e o deixa sem esperança para sempre. Mas, para o crente, a morte abre a porta do céu a fim de que ele entre. 132 FÉ GENUÍNA O Senhor se importará com seus crentes no terrível dia de sua manifestação. A voz do arcanjo e a trombeta de Deus não os aterrorizarão. O fogo não os atingirá. Eles serão “arrebatados... para o encontro do Senhor nos ares” (1Ts4.17).É algo abençoado ser trigo de Deus! Quando penso no cuidado de Cristo em favor de seu povo, fico admirado de que alguém possa negar que Cristo guarda seguro até o fim cada um dentre o seu povo. Como Ele poderia amá-los ao ponto de morrer por eles e, em seguida, abandoná-los? Imagine que você esteve presente a um naufrágio e viu uma criança indefesa quase se afogando; arriscou sua própria vida ao mergulhar e trazê- la à praia. Você simplesmente a colocaria na areia, deixando-a com frio e inconsciente e nada mais faria por ela? Não! Você a levaria em seus braços até a casa mais próxima. Faria tudo o que pudesse a fim de restaurar-lhe a saúde. Você não pensaria em deixá-la até estar certo de que ficara recuperada. Por acaso, você pensa que o Senhor Jesus Cristo é menos compassivo? De modo algum! Os seus amados, Ele os ama até ao fim. Nunca os deixa ou os abandona. Ele conclui a obra que começou. Um homem que tenha, de fato, provado a graça de Deus nunca pode cair dela. Se cometer algum pecado, ele será trazido ao arrependimento, assim como Pedro o foi. Se vier a desviar-se do caminho da justiça, será trazido de volta, como Davi. Não é a sua própria força que o preserva. Ele foi escolhido por Deus Pai. Cristo intercede por ele. O amor do Espírito Santo o segura. As três pessoas da santa Trindade estão comprometidas na sua salvação. Se você não é um discípulo de Cristo, considere que privilégios está perdendo — paz com Deus agora e glória no futuro! Você se mostrará sábio, se buscá-Lo agora mesmo? Se você sente que é um discípulo fraco, não suponha que sua fraqueza o destituirá de qualquer destes privilégios. O importante é que sua fé seja verdadeira, ainda que seja fraca. Não tema. Não fique desencorajado. Os bebês em uma família são tão amados quanto os seus irmãos e irmãs mais velhos. O mesmo acontece na família de Cristo. Todos são amados e cuidados. No final, todos serão recolhidos com segurança ao lar. 4. O que sucederá aos que não fazem parte do povo de Cristo Nosso texto nos diz que Cristo “queimará a palha em fogo A Grande Separação 133 inextinguível”. Desejo mostrar-lhe o que acontecerá àqueles que não fazem parte do povo de Cristo. Ele punirá de modo aterrorizante todos os que não são seus discípulos, todos os que forem encontrados impenitentes e descrentes; todos os que se apegaram ao pecado e ao mundo e colocaram suas afeições em coisas deste mundo. A punição destes será severa (Jesus fala em queimar). A punição será eterna (Jesus diz que o fogo é inextinguível). Estas não são coisas a respeito das quais eu gosto de falar. Mas a Palavra de Deus as revela, e nós precisamos refletir sobre elas. Há pessoas que acreditam não existir um lugar chamado inferno. Tais pessoas estão dizendo aos homens exatamente o que outrora o diabo falou a Adão e Eva: “É certo que não morrereis!” (Gn 3.4). Outras pessoas não acreditam que o inferno é eterno. Estas também fazem o trabalho do diabo, pois, na verdade, estão dizendo aos homens: “Não se preocupem muito com isto. Não dura para sempre!” Existem outras que acreditam na existência do inferno, mas parecem imaginar que ninguém está indo para lá. Outras acreditam que o inferno existe, mas não gostam que se fale a respeito dele. Estas também fazem o trabalho do diabo, pois este se alegra muito quando os cristãos silenciam a respeito do inferno. Mas não estamos preocupados com aquilo que os homens pensam. Estamos preocupados com o que Deus nos revela em sua Palavra. Se você crê na Bíblia, esteja certo dos seguintes fatos: Primeiro, o inferno é real. A Bíblia ensina isto tão claramente quanto ensina que Cristo morreu na cruz pelos pecadores. Se você rejeita o ensino bíblico a respeito do inferno, não existe qualquer de seus ensinos que você possa crer com segurança. Você pode até jogar sua Bíblia fora. Segundo, o inferno não estará vazio. Um dia, o Salvador que agora está assentado no trono da graça se assentará no trono do julgamento. O Senhor que agora afirma: “Vinde a mim” (Mt 11.28) um dia Ele mesmo dirá: “Apartai-vos de mim” e “irão estes para o castigo eterno” (Mt 25.46). Terceiro, o inferno será um lugar de lamentação e sofrimento intensos. Alguns dizem que os termos utilizados por Jesus, para se expressar, são figuras de linguagem — o verme, o fogo, as trevas, o ranger de dentes. Talvez sejam. Mas significam algo; falam de misérias, da mente e da consciência, muito piores do que as do corpo. Quarto, o inferno é eterno. Se não o fosse, não teriam significado algum as palavras da Bíblia, pois esta utiliza expressões 134 FÉ GENUÍNA como “para todo o sempre”, “eterno”, “inextinguível” e “nunca morre”. Se o inferno não fosse de infinita duração, todo o evangelho estaria arruinado. Se alguém que não possui a fé em Cristo e a santificação do Espírito pode ser livre do inferno,e pertencem a Ele. Porém, muitos não vão além deste estágio. Por causa de ignorância, preguiça, temor dos homens, amor pelo mundo ou algum pecado persistente ainda não “confessado e abandonado”, essas pessoas têm apenas uma pequena fé, uma pequena esperança, uma pequena paz e uma pequena santidade. Vivem dando frutos apenas “a trinta por um” (Mt 13.8). Comunhão com Cristo é diferente. É algo experimentado por aqueles que se esforçam constantemente para crescer na graça, fé, conhecimento e conformidade à vontade de Cristo em tudo. É algo experimentado por aqueles que prosseguem para o alvo (Fp 3.14). O grande segredo da comunhão é estar sempre vivendo pela fé em Cristo e extraindo dEle todos os recursos que necessitamos. O apóstolo Paulo disse; “Para mim, o viver é Cristo” (Fp 1.21); e: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (G1 2.20). Este tipo de comunhão é perfeitamente consistente com uma profunda convicção quanto aos nossos próprios pecados e corrupção. Esta comunhão não nos livra da experiência descrita em Romanos 7, mas nos capacita a olharmos para longe de nós mesmos, em direção ao Senhor Jesus, e nos regozijarmos nEle. 10. Você sabe algo a respeito de estar pronto para a segunda vinda de Cristo? Uma das grandes certezas da Bíblia é que Cristo virá a este mundo novamente. Ele virá para punir os pecadores e tornar perfeita a salvação de seu povo, em seu eterno reino de justiça. Você está pronto para a vinda de Cristo? Estar pronto envolve nada mais do que ser um cristão verdadeiro e firme. Estar pronto não envolve abandonar o seu trabalho diário, e, sim, realizá-lo como um cristão, com o seu coração sempre pronto a deixar tudo, quando Ele aparecer. Novamente eu pergunto: você está pronto? Conclusão Permita-me terminar com algumas palavras práticas. Auto-análise 13 1. Você está inerte e descuidado no que se refere às realidades espirituais! Desperte! Você é como alguém dormindo em um barco que segue em direção às rochas que o destruirão. Acorde e clame a Deus! 2. Você está sentindo-se como alguém com receio de que não haja esperança! Jogue fora seus temores e ouça a Cristo. Ele diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28); “E o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo 6.37). Estas palavras são tanto para os outros quanto para você. Traga todo o seu pecado e culpa, sua incredulidade e dúvida, sua incapacidade e fraquezas, traga tudo isto a Cristo. “Este recebe pecadores” (Lc 15.2). Ele o receberá. Recorra a Ele agora mesmo. 3. Você professa ser um crente em Cristo, todavia não tem muita alegria, paz e conforto! Examine agora mesmo o seu próprio coração; verifique se o erro não é inteiramente seu. Provavelmente você está fazendo pouco ou nenhum esforço, mostrando-se satisfeito com uma fé, um arrependimento e uma santificação pequenos e relutando em ser realmente zeloso na vida cristã. Se for assim, você nunca será um cristão feliz, a menos que mude suas atitudes. Mude hoje! Comece a ser sério e dedicado em seu cristianismo. Esforce-se em aproximar-se mais de Cristo, a fim de permanecer nEle, manter-se firme nEle, sentar-se a seus pés, como Maria, e beber livremente da fonte da vida. Então, sua alegria será completa. 4. Você é um crente, mas perturbado com dúvidas e temores, por sua debilidade, fraqueza e senso do pecado! Lembre- se do que a Bíblia ensina a respeito de Jesus: “Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega” (Mt 12.20). Este texto é para você. Mesmo uma fé fraca é melhor do que a ausência de fé. Uma pequena semente de vida é melhor do que a ausência de vida. Talvez você esteja esperando demais neste mundo, esquecendo-se de que ainda não está no céu. Você deve esperar pouco de si mesmo e muito de Cristo. Olhe mais para Jesus e menos para si mesmo. 5. Finalmente, algumas vezes, você se sente desanimado por causa dos sofrimentos que passa nesta vida! Olhe para Cristo! Ele simpatiza plenamente com você, pois Ele mesmo sofreu. Cristo está assentado à destra de Deus. Abra-Lhe o seu coração. Ele pode fazer mais do que sentir simpatia por você; Ele pode ajudá-lo. Você deve aprender a se aproximar dEle. E lembre-se: o tempo é 14 FÉ GENUÍNA curto. Em breve tudo acabará e nós estaremos com o Senhor. “Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa. Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará” (Hb 10.36,37). 2 Esforço Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão. Lucas 13.24 Em certa ocasião, um homem perguntou ao Senhor Jesus Cristo: “Senhor, são poucos os que são salvos?” A resposta do Senhor Jesus é muito importante. Ele respondeu: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita”. Se poucos ou muitos são salvos, isto em nada afeta a sua responsabilidade. Agora é o tempo de ser salvo. Você deve se esforçar por entrar pela porta Agora, pois virá o dia em que muitos procurarão entrar e não poderão. O que o Senhor Jesus disse é muito sério. Suas palavras nos lembram a nossa responsabilidade pessoal de sermos salvos e do imenso perigo em adiarmos este fato. Que o Espírito Santo fale aos corações de todos que lêem estas palavras, de modo que entrem e sejam salvos! Consideraremos este assunto sob três tópicos. 1. Uma descrição do modo de salvação O Senhor Jesus descreve o modo de salvação. Ele o chama 16 FÉ GENUÍNA de “porta estreita”, conforme constatamos em alguns textos bíblicos. Existe uma porta que leva ao perdão, à paz com Deus e à vida no céu. Todos os que entram por esta porta serão salvos. E quanto necessitamos desta porta! O pecado é uma grande barreira entre os homens e Deus. O homem é um grande pecador; Deus é perfeito em santidade. Como é possível, então, os dois se aproximarem? Louvado seja Deus, existe uma maneira: uma estrada, uma porta, um caminho. Esta é a porta a respeito da qual Jesus fala. Foi o Senhor Jesus Cristo quem fez esta porta para os pecadores. Ele a planejou na eternidade e, no devido tempo, veio ao mundo consumar esta porta, através de sua morte, na cruz, em favor dos pecadores. Ele pagou a dívida do pecado do homem e suportou a nossa punição. Esta porta custou-Lhe o próprio corpo e sangue. Através de sua morte, Ele fez uma porta pela qual os pecadores podem entrar na presença de Deus, sem temor. Jesus fez um caminho pelo qual os maiores pecadores podem se aproximar de Deus, desde que creiam nEle. Esta porta é chamada estreita por uma boa razão. É estreita demais para aqueles que amam o pecado e não querem afastar-se dele. É estreita demais para aqueles que amam os prazeres pecaminosos do mundo ou que não desejam incomodar-se com a salvação de suas almas. É estreita demais para aqueles que possuem justiça própria e pensam que merecem ser salvos por causa de sua própria bondade. A porta é estreita demais para que estes passem. Mas é a única porta através da qual você pode chegar ao céu. Não existe meio de contorná-la, nem há outra porta além desta. Todo aquele que é verdadeiramente salvo é salvo tão-somente por Cristo e, apenas, pela fé nEle. Você não pode merecer a salvação através do arrependimento ou de boas obras. Deve ser salvo unicamente por Cristo! Entretanto, apesar de ser estreita, esta porta está sempre pronta para abrir. Nenhum pecador é proibido de adentrá-la; todo aquele que desejar pode entrar e ser salvo. A única condição é que reconheça seus pecados e deseje ser salvo por Cristo, na forma determinada por Ele. Você já está consciente de sua culpa e impureza? Então, pode entrar por esta porta. Não importa se você é um grande pecador, ou se é eleito, ou não. A única questão é esta: Você está consciente de seus pecados? Está desejando se colocar nas mãos de Cristo? Se a resposta é “sim”, a porta se abrirá a você imediatamente. Entre por ela hoje! Esforço 17 Embora sejaentão o pecado não é um mal infinito e não havia necessidade de Cristo expiá-lo. O inferno tem de possuir infinita duração; doutra forma, deixaria de ser inferno, pois ser absolutamente destituído de esperança é uma de suas características. Quinto, o inferno é um assunto a respeito do qual precisamos falar. A Bíblia fala sobre ele, e o Senhor Jesus Cristo foi quem mais ensinou a respeito do inferno. Portanto, não podemos ficar calados em relação a este assnto. É nosso dever alertar os homens sobre o perigo que eles correm. Se a casa de um homem estivesse em chamas, seria nosso dever gritar: “Fogo!” Da mesma maneira, precisamos alertar as pessoas sobre a realidade do inferno. Rogo a cada leitor: tenha cuidado com pontos de vista falsos sobre este assunto. Esteja atento para não inventar seu próprio deus — um deus que é todo amor e destituído de santidade, um deus que na eternidade não fará separação entre os bons e os maus. Um deus assim é uma invenção humana. Não existe; não é o Deus da Bíblia. Guarde-se de selecionar ou escolher em quais partes da Bíblia você acreditará. Você tem de aceitá-la como ela é. Deve lê- la completamente e crer nela toda. Você precisa achegar-se à Bíblia como uma pequena criança, dizendo: “Fala, Senhor, pois teu servo ouve”. Conclusão Concluindo, desejo recomendar-lhe fervorosamente quatro atitudes. 1. Reconheça que estes fatos são verdadeiros e reais. Procure compreender a seriedade deles e viva como alguém que acredita serem verdadeiros estes fatos. 2. Reconheça que deve importar-se com estes assuntos. Não são apenas para as outras pessoas. Você faz parte ou do trigo ou da palha. Algum dia você estará ou no céu ou no inferno. 3. Reconheça — caso você pretenda ser encontrado entre o trigo — que o Senhor Jesus Cristo está disposto a recebê-lo. Ele quer que seu celeiro esteja cheio de trigo! O Senhor Jesus está conduzindo muitos filhos à glória! Ele chorou sobre a Jerusalém A Grande Separação 135 incrédula. Ele o convida, agora mesmo, através das minhas palavras. Jesus diz claramente: “Não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta de seu caminho e viva. Convertei- vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer...?” (Ez 33.11). Por que você não vem a Ele agora — agora mesmo? Se você está determinado a manter-se apegado aos seus pecados e ao mundo, eu já o alertei bastante. Só existe um destino para você — o fogo inextinguível. Mas, se você almeja ser salvo, o Senhor Jesus está pronto a salvá-lo. Ele diz: “Venha a mim, alma cansada; Eu lhe darei descanso. Venha a mim, alma culpada e pecadora; Eu lhe darei perdão gratuito. Venha, alma perdida e arruinada; Eu lhe darei vida eterna” (ver Mt 11.28). 4. Reconheça que, se você entregou sua alma a Cristo, Ele nunca lhe permitirá perecer. Os braços eternos estão ao seu redor. A mão que foi pregada na cruz está segurando-o agora. A sabedoria que criou o mundo está comprometida em sua segurança. Talvez a sua fé seja pequena, mas o importante é que seja real. Confie todos os seus cuidados a Jesus. Ele tem prazer em que confiemos nEle. Se no presente você faz parte do trigo de Cristo, certamente será recolhido para dentro do celeiro quando Ele vier novamente. 18 Eternidade Não atentando nós nas cousas que se vêem, mas nas que se não vêem, porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas. 2 Coríntios 4.18 A eternidade é um dos assuntos mais solenes da Palavra de Deus. Nossas mentes mortais jamais conseguem entendê-la completamente, mas Deus falou a respeito dela em sua Palavra; portanto, devemos prestar muita atenção ao que Ele disse. Estou profundamente ciente de minha própria insuficiência em tratar deste assunto; contudo, oro para que Deus mesmo abençoe o que eu escrevo e plante as sementes da vida eterna nos corações de muitos leitores. Permita apresentar-lhe este assunto sob quatro tópicos. 1. Tudo neste mundo é temporário Primeiro, quero considerar o fato de que vivemos em um mundo onde tudo é temporário. Tudo ao nosso redor está se degradando, morrendo, chegando ao fim. Qualquer que seja nossa 138 FÉ GENUÍNA atual condição de vida, também partiremos em breve. Beleza é apenas temporária. Sara foi uma mulher muito bonita, mas chegou o dia em que Abraão, seu marido, disse: “Dai-me a posse de sepultura convosco, para que eu sepulte a minha morta” (Gn 23.4). A resistência do corpo é apenas temporária. Davi foi um notável guerreiro, mas chegou o dia em que ele mesmo, em sua velhice, necessitou de atenção e cuidados tais como os que dispensamos a uma criança. Esta é uma verdade dolorosa e humilhante, porém devemos prestar-lhe atenção. É uma verdade que o desafia, se você está vivendo somente para este mundo. Acordará você para o fato de que as coisas para as quais está vivendo são temporárias? Suas diversões e prazeres, seus negócios e lucros em breve acabarão, juntamente com todas as demais coisas em que você tem posto seu coração e sua mente. Você não é capaz de manter consigo estas coisas. Não poderá levá-las à eternidade. O mundo está perecendo. Dará você ouvidos ao que Deus afirmou em sua Palavra? “Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3.2). “O mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (1 Jo2.17). Entretanto, se você é um verdadeiro cristão, esta mesma verdade deve animá-lo e confortá-lo. Todas as suas provações e conflitos são temporários. Brevemente chegarão ao fim. Suporte- os com paciência e olhe para além deles. Sua cruz logo será trocada por uma coroa, e você se assentará com Abraão, Isaque e Jacó no reino de Deus. 2. Tudo no inundo por vir é eterno Em segundo lugar, desejo que você perceba que estamos todos indo para um mundo onde tudo é eterno. Neste aspecto, o mundo invisível que está além do túmulo difere completamente deste em que vivemos. Se a condição ali é de felicidade ou miséria, de alegria ou sofrimento, ela o será para sempre — “as que se não vêem são eternas”. É quase impossível às nossas mentes assimilarem tudo o que isto envolve. Mas a Bíblia revela estes fatos. Portanto, precisamos ouvi-la. Deixemos bem claro, em nossas mentes, que a felicidade futura dos salvos é eterna. A herança do povo de Deus é “in- Eternidade 139 corruptível, sem mácula, imarcescível” (1 Pe 1.4). Eles receberão a “imarcescível coroa da glória” (1 Pe 5.4). À destra de Deus “há delícias perpetuamente” (SI 16.11). A batalha deles findará, a sua luta terminará, e sua obra estará consumada. Nunca mais terão fome ou sede. O povo de Deus está viajando para um lar que jamais será desfeito, para uma inseparável reunião de família, para um dia sem noite. Eles estarão “para sempre com o Senhor” (1 Ts4.17). Igualmente, deixemos bem claro que a futura miséria dos perdidos também será eterna. Esta é uma verdade horrível, na qual naturalmente evitamos pensar. Mas está revelada com clareza nas Escrituras, e não ouso me calar a respeito dela. A felicidade eterna e a miséria eterna estão lado a lado. A duração de uma é a mesma da outra. O céu é eterno, e o inferno também. A alegria do crente é eterna, e a miséria do perdido também. Aqueles que pensam não ser eterno o futuro castigo gostam de falar sobre o amor de Deus e dizer que o castigo eterno contradiria a misericórdia e a compaixão de Deus. Mas ninguém jamais demonstrou tanto amor, misericórdia e compaixão como o Senhor Jesus Cristo. Porém, foi Ele quem falou sobre o lugar “onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga” (Mc 9.48). Também foi Ele quem declarou que os ímpios irão para o “castigo eterno” e os justos, para a “vida eterna” (Mt 25.46)1. Todos conhecem a magnífica passagem de 1 Coríntios 13, na qual o apóstolo Paulo escreveu sobre o amor. Porém, este mesmo apóstolo disse que os malditos “sofrerão penalidade de eterna destruição” (2 Ts 1.9). O apóstolo João fala muito sobreo amor de Cristo em seu evangelho e em suas cartas. Porém, este mesmo apóstolo escreveu o livro do Apocalipse, que enfatiza tão fortemente a realidade e a eternidade do futuro castigo. Não ousemos pensar que sabemos melhor do que a Bíblia sobre este assunto. A humanidade caiu em pecado, quando acreditaram na mentira de Satanás: “É certo que não morrereis” (Gn 3.4). Em nossos dias, Satanás ainda engana os homens com a mesma mentira. Ele persuade os homens dizendo-lhes que podem viver e morrer em pecado e que, assim mesmo, serão salvos em algum tempo no futuro. Não sejamos ignorantes quanto às suas artimanhas. Apeguemo-nos com firmeza à verdade da Palavra de Deus. Ele revelou que a felicidade dos salvos é eterna e que a miséria dos perdidos também é eterna. Se não sustentamos e afirmamos esta terrível verdade, 140 FÉ GENUÍNA estamos atacando o âmago do cristianismo bíblico. Qual foi o objetivo, então, do Filho de Deus em se tornar homem, agonizar no Getsêmani e morrer na cruz pelos nossos pecados, se, no final, os homens poderão ser salvos mesmo deixando de crer nEle? Entretanto, a Bíblia não faz qualquer sugestão de que a fé salvadora em Cristo pode começar após a morte. E que necessidade haveria da obra do Espírito Santo, se os pecadores poderão, no final, entrar no céu mesmo deixando de se converterem e sem possuírem um novo coração? Mas não há a menor evidência bíblica de que alguém poderá nascer de novo e receber um novo coração após ter morrido sem Cristo. Se fosse possível um homem que não possui a fé em Cristo e a santificação do Espírito Santo escapar do castigo eterno, então o pecado não seria um mal infinito e tampouco haveria necessidade de Cristo ter feito expiação por ele. Se não sustentamos e afirmamos esta verdade, encorajamos as pessoas a continuarem no pecado. Por que os homens deveriam se arrepender e tomar cada um a sua cruz, se podem viver e morrer em pecado e, assim mesmo, entrar no céu? Se não cremos na eternidade do castigo, não podemos coerentemente crema eternidade do céu. Estas doutrinas mantém- se de pé ou caem juntas. Na Bíblia, a mesma linguagem é utilizada a respeito de ambas. Concluo esta parte de meu estudo com um profundo sentimento de quão doloroso é este assunto. É difícil abordá-lo de maneira amável, mas, se cremos na Bíblia, nunca precisamos deixar de lado qualquer de seus ensinamentos. Os homens podem falar sobre a misericórdia de Deus, seu amor, sua compaixão e ignorar sua santidade, sua pureza, sua justiça, sua imutabilidade e sua aversão ao pecado. Nós, porém, temos de cuidar para não cair neste erro. Devemos crer em Deus como Ele é. Precisamos crer naquilo que Ele revelou sobre Si mesmo. No Salmo 145, encontramos uma bela descrição da misericórdia de Deus. “Benigno e misericordioso é o Senhor, tardio em irar-se e de grande clemência. O Senhor é bom para todos, e as suas ternas misericórdias permeiam todas as suas obras” (vv. 8-9). “O Senhor sustém os que vacilam e apruma todos os prostrados” (v. 14). “Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, benigno em todas as suas obras. Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade” (vv. 17- 18). “O Senhor guarda a todos os que o amam” (v. 20). Quão Eternidade 141 marcante, então, é ler o que vem a seguir: “Porém os ímpios serão exterminados”. 3. O nosso destino eterno dependerá do que somos hoje Em terceiro lugar, desejo que você considere o fato de que o nosso destino eterno depende inteiramente daquilo que somos hoje. Nossas vidas neste mundo são muito curtas. “Que é a vossa vida? Sois apenas como neblina que aparece por instante e logo se dissipa” (Tg 4.14). Embora nossa vida na terra seja tão curta, a nossa condição na eternidade por vir depende dela. A Bíblia declara que Deus “retribuirá a cada um segundo o seu procedimento: a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade; mas ira e indignação aos facciosos, que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça” (Rm 2.6-8). Jamais devemos esquecer que esta vida é um estado de provação para todos nós. A cada dia estamos plantando sementes que crescerão e darão frutos. Existem conseqüências eternas resultando de nossos pensamentos, palavras e ações. “De toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo” (Mt 12.36). Paulo diz: “O que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna” (G1 6.8). O que semeamos nesta vida colheremos após a morte; e isto, para toda a eternidade. A Bíblia ensina claramente que a condição na qual morremos é a condição na qual ressuscitaremos, quando soar a última trombeta. Não há arrependimento no túmulo. Não há conversão após a morte. Agora é a hora de crermos em Cristo e de nos apossarmos da vida eterna. Agora é a hora de nos voltarmos das trevas para a luz e tornarmos seguras a nossa chamada e a nossa eleição. Se deixarmos este mundo sem nos havermos arrependido e crido em Cristo, descobriremos que teria sido melhor nunca havermos nascido. À luz de tudo isto, observe como devemos utilizar cuidadosamente o nosso tempo! Lembre-se de que suas horas e dias, semanas e anos, todos estão acumulando-se para uma condição eterna após o túmulo. Não se esqueça deste fato especialmente quanto ao uso dos meios da graça. Jamais seja descuidado em relação às suas orações diárias e à sua leitura bíblica, A maneira como você passa o dia do Senhor e à sua atitude nos momentos de adoração na igreja. Lembre-se disto, também, quando você for tentado a fazer 142 FÉ GENUÍNA o mal. Satanás sussurrará: “Este é apenas um pecado insignificante. Não haverá problema algum. Todo mundo o faz”. Mas você deve olhar para além do tempo, para o mundo invisível da eternidade, e encarar a tentação à luz das suas conseqüências eternas. 4. Precisamos olhar somente para Cristo, tanto no tempo presente quanto na eternidade Em quarto lugar, desejo que você considere a verdade de que o Senhor Jesus Cristo é o grande Amigo a quem todos devemos recorrer em busca de ajuda, tanto para esta vida quanto para a eternidade. Jamais seremos capazes de proclamar, de forma completa ou com voz demasiadamente alta, o propósito pelo qual Cristo veio ao mundo. Ele veio para nos dar esperança e paz, enquanto vivemos em meio às coisas que “são temporais”; e glória e santidade quando formos viver em meio às coisas que “são eternas”. Por meio de Cristo, um homem mortal é capaz de passar, com tranquilidade, pelas coisas que “são temporais” e esperar as coisas que “são eternas”. Estes privilégios foram comprados ao custo do próprio sangue de Cristo. Ele se tornou nosso substituto, levou nossos pecados em seu próprio corpo, na cruz, e ressuscitou para nossa justificação. Cristo “morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus” (1 Pe 3.18). Aquele que não cometeu qualquer pecado foi punido pelos nossos pecados, a fim de que nós, miseráveis criaturas pecadoras, pudéssemos ter perdão e justificação, enquanto vivemos; e glória e santidade, quando morrermos. Todas estas coisas que Cristo comprou estão disponíveis gratuitamente para todo aquele que se arrepender de seus pecados, vier a Cristo e crer nEle. “Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (Jo 7.37). “O que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo 6.37). “Crê no Senhor Jesus e serás salvo” (At 16.31). “Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). A pessoa que tem Cristo pode olhar à sua volta, para as coisas que “são temporais” sem ficar desanimada. Ela possui um tesouro no céu, onde a traça ou a ferrugem não podem destruir e onde ladrões não entram, nem roubam (Mt 6.20). Ela pode esperar, sem medo e inquietação, as coisas que “são eternas”. O seu Salvador Eternidade 143 ressuscitou e foi preparar-lhe um lugar. Ao partir deste mundo, estapessoa terá uma coroa de glória e estará para sempre com o Senhor. Mas tenhamos perfeitamente claro em nossas mentes que só existe uma maneira de desfrutar estas coisas. Precisamos ter Cristo como nosso Salvador e Amigo. Temos de, pela fé, apropriar- nos de Cristo e, enquanto estivermos neste corpo, viver uma vida de fé no Filho de Deus (G1 2.20). Quão feliz é o homem ou a mulher que verdadeiramente crê em Cristo! Quando John Knox, o reformador escocês, estava morrendo e não podia mais falar, um empregado pediu-lhe que levantasse a mão como um sinal de que o evangelho por ele pregado durante sua vida estava agora lhe trazendo conforto na morte. Knox, às portas da morte, ouviu-o e levantou a mão três vezes. Então, ele partiu. Digo-o novamente: feliz é o homem ou a mulher que crê no Senhor Jesus! Se você e eu estamos sem conforto agora e sem esperança para o futuro, a culpa é inteiramente nossa. É porque não queremos achegar-nos a Cristo para termos vida (Jo 5.40). Conclusão Termino este capítulo fazendo quatro perguntas, a fim de ajudar-lhe a examinar a si mesmo. 1. Como você está usando o seu tempo? A vida é muito curta e incerta. Ela acabará logo. O que você está fazendo a respeito de sua alma imortal? Você está perdendo seu tempo ou usando-o sabiamente? Você está se preparando para encontrar-se com Deus? 2. Onde você estará na eternidade? A eternidade em breve — muito breve — chegará até você. Onde você estará, então? Você estará entre os perdidos ou entre os salvos? Oh! Não descanse até que sua alma esteja salva! Morrer despreparado e cair nas mãos do Deus vivo é algo terrível. 3. Você deseja estar salvo tanto no tempo presente quanto na eternidade? Então busque a Cristo, creia nEle. Venha a Cristo do jeito que você está. Busque-0 enquanto Ele pode ser encontrado. Invoque-0 enquanto Ele está perto. Não é tarde demais. Cristo aguarda para ter misericórdia de você. Antes que a porta seja fechada e o julgamento comece, arrependa-se, creia nEle e seja salvo. 4. Você deseja ser feliz? Então, entregue-se a Cristo e viva pela fé nEle. Siga-O com todo o seu coração, alma, mente e força. Procure conhecê-Lo melhor a cada dia. Se você fizer isto, terá 144 FÉ GENUÍNA grande paz enquanto passa pelo mundo presente e estará apto a esperar, com uma confiança infalível, o mundo invisível por vir. Você poderá reconhecer e experimentar que “se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2 Co 5.1). 1 A mesma palavra grega é usada para descrever tanto a duração do castigo quanto a da vida. Apêndice O Dia do Senhor Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Êxodo 20.8 Achei-me em espírito, no dia do Senhor. Apocalipse 1.10 O assunto sobre o dia do Senhor gera muita confusão entre os cristãos. Muitos não têm certeza se Deus estabeleceu ou não um dia especial de descanso e adoração para os cristãos. Eles não têm certeza se é certo ou errado trabalhar ou praticar esportes aos domingos. Porém, este assunto é de imensa importância; o bem- estar da igreja está intimamente ligado ao dia do Senhor. Pretendo examinar três fatos relacionados a este assunto. 1. A autoridade do dia do Senhor Primeiramente consideremos a questão: qual é a nossa autoridade para observar o dia do Senhor? Muitos cristãos pensam que o dia do Senhor é simplesmente um dia que a igreja, por si mesma, escolheu para a adoração e que não encontra autoridade na Palavra de Deus. Eles o vêem como se não tivesse qualquer conexão 146 FÉ GENUÍNA com o sábado do Antigo Testamento. Pensam que o princípio de que um dia em cada sete devia ser completamente separado para Deus era uma ordenança para os judeus e não tem lugar na vida cristã. Acredito que tais cristãos estão errados. Creio firmemente que o separar um dia em cada sete faz parte da eterna lei de Deus. E uma das leis permanentes que Deus revelou com o propósito de guiar toda a humanidade. É verdade que, desde a ressurreição de Cristo, os cristãos têm observado o primeiro dia da semana e não o sétimo, mas isto não muda nem um pouco o grande princípio de que um dia em sete pertence a Deus. A partir da Palavra de Deus, desejo mostrar-lhe a importância deste princípio. a) Vejamos inicialmente a história da criação. Esta nos relata: “Abençoou Deus o dia sétimo e o santificou” (Gn 2.3). Logo no início da história temos o princípio de que um dia em cada sete é separado para Deus. Isto foi antes do homem cair em pecado e antes de existir a nação judaica. Certamente isto revela que é a vontade de Deus que este princípio seja para toda a humanidade em todas as gerações. b) Vejamos agora a entrega da lei no monte Sinai. É extremamente importante percebermos que existe uma clara distinção entre os Dez Mandamentos e o resto da lei de Moisés. Somente os Dez Mandamentos foram proclamados aos ouvidos de todo o povo de Israel. Então, depois que Deus falou com eles, a Bíblia afirma expressamente: “E nada acrescentou” (Dt 5.22). É certo que muitos outros mandamentos foram dados por Deus ao povo de Israel, mas Ele não acrescentou nem ao menos um outro do mesmo tipo dos Dez Mandamentos. A entrega dos Dez Mandamentos foi acom panhada por trovões, relâmpagos e terremoto, a fim de enfatizar a sua importância e singularidade. Somente os Dez Mandamentos foram escritos por Deus mesmo em tábuas de pedra. Somente os Dez Mandamentos foram colocados dentro da Arca da Aliança. Através destes fatos, Deus evidenciou que os Dez Mandamentos eram diferentes de todas as outras leis dadas por intermédio de Moisés. Entretanto, não se pode negar que nove destes Mandamentos tratam de assuntos morais-, manifestam princípios que são válidos para toda a humanidade em todas as gerações. E, entre estes mandamentos, encontramos a lei sobre o sábado. Ao colocar a sua lei sabática em meio a estes mandamentos, certamente Deus estava declarando que tal lei possui o mesmo caráter dos outros 0 Dia do Senhor 147 mandamentos. Além disso, percebemos que, de todos os Dez Mandamentos, a lei sobre o sábado é a mais longa, a mais completa e a mais detalhada. À luz destes fatos, não posso acreditar que era a intenção de Deus que o princípio sobre o sábado fosse apenas temporário. c) Vejamos agora os escritos dos Profetas do Antigo Testamento. Encontramos os profetas falando reiteradamente a respeito da quebra do sábado, bem como a respeito de terríveis transgressões da lei moral (ver, por exemplo, Ez 20.13,16,24 e 22.8,26). Nós os encontramos falando sobre isto como um dos grandes pecados que trouxe julgamento sobre Israel e levou os judeus ao cativeiro (ver Ne 13.18 e Jr 17.19-27). Parece claro, portanto, que eles colocavam a observância do sábado em uma categoria bem diferente da observância da lei cerimonial. Isto sugere, com bastante ênfase, que o princípio concernente ao sábado não tinha o propósito de ser abolido juntamente com a lei cerimonial. d) Vejamos agora os ensinos de nosso Senhor Jesus Cristo quando esteve na terra. O Senhor Jesus nunca proferiu uma só palavra sugerindo que qualquer dos Dez Mandamentos seria cancelado. Pelo contrário, Ele declarou: “Não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5.17). Sinto-me satisfeito por Ele ter dito estas palavras com referência à lei moral dos Dez Mandamentos. O Senhor Jesus falou dos Dez Mandamentos como um reconhecido padrão daquilo que é moralmente certo e errado (Mc 10.19). Quando se referiu ao sábado, Ele o fez sempre para corrigir as adições supersticiosas dos fariseus à lei de Moisés. Jesus não disse cousa alguma sugerindo que o grande princípio seria modificado. e) Vejamos agora os escritos dos apóstolos. Os apóstolos escreveram muito sobre a natureza temporária da lei cerimonial. Mas nunca sugeriram que qualquer dos Dez Mandamentos havia sido cancelado. Ao contrário, recorreram ao decálogo como um padrão aceitável de conduta cristã. Por exemplo, quando Paulo desejouensinar o dever das crianças para com seus pais, simplesmente citou o quinto mandamento: “Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa)” (Ef 6.2). f) Vejamos agora a prática dos apóstolos. Há grande ênfase no Novo Testamento sobre o “primeiro dia da semana” (Mt 28.1; Mc 16.2,9; Lc 24.1; Jo 20.1,19; At 20.7; 1 Co 16.2). Está claro que os apóstolos guardavam este dia — o dia da ressurreição do Senhor — como um dia santo. Em Atos 20.7, vemos que este foi o dia em que os discípulos se reuniram “com o fim de partir o pão”. 148 FÉ GENUÍNA Em 1 Coríntios 16.2, verificamos que este foi o dia em que eles tiveram de fazer a “coleta para os santos”. Apocalipse 1.10 refere- se a este dia como “o dia do Senhor”. Obviamente, este “dia do Senhor” não era o mesmo dia da semana do sábado judeu. Sob a inspiração de Deus, os apóstolos trocaram o sétimo dia pelo primeiro dia da semana, por ter sido este o dia em que o Senhor Jesus ressuscitou dentre os mortos. Mas o princípio permanece o mesmo: um dia, em cada sete, separado para Deus. O espírito do quarto mandamento não sofreu qualquer alteração. Assim como o descanso sabático no sétimo dia, o dia do Senhor, o primeiro da semana, é um dia de descanso após seis dias de trabalho. Peço-lhe, então, que preste muita atenção a estes argumentos tirados da Escritura. Parece claro, para mim, que o povo de Deus, em todas as gerações, tem guardado um dia em cada sete como um dia de Deus; e nós devemos fazer o mesmo. 2. O propósito do dia do Senhor Por que Deus estabeleceu que um dia em cada sete devia ser reservado para Ele mesmo? Devemos explicar isto com clareza, embora não seja difícil entendê-lo. Ele nos deu este dia para o nosso bem. Este dia nunca foi separado com o propósito de ser um fardo, e, sim, uma bênção. Devido à sua misericórdia, Deus nos concedeu este dia. É para o bem de toda a humanidade. Em primeiro lugar, faz bem ao corpo do homem. Todos necessitamos de um dia de descanso. Nossos corpos não podem funcionar adequadamente sem períodos regulares de descanso; e Deus providenciou isto para nós. Em segundo, faz bem à mente do homem. Assim como nosso corpo, nossa mente precisa de descansos regulares. Em terceiro, faz bem à sociedade. A sociedade que reconhece o dia de Deus será beneficiada em duas formas. Isto é benéfico ao caráter de seu povo e tende a produzir prosperidade. Ao longo de um ano, o povo que regularmente descansa um dia em cada sete trabalhará mais e melhor do que o povo que não obedece este padrão de trabalho e descanso. Seus corpos serão mais fortes e suas mentes mais saudáveis. Este povo terá maior capacidade de se aplicar ao trabalho e de perseverar nele. Em quarto, faz um bem genuíno à alma do homem. A alma O Dia do Senhor 149 tem necessidades tanto quanto a mente e o corpo. Neste mundo, somos tentados a nos deixar prender às nossas preocupações terrestres e a esquecer nosso bem-estar espiritual. Separar um dia em cada sete para Deus é uma provisão das mais sábias e misericordiosas para evitar que isto aconteça. O dia do Senhor torna-se um tipo de antegozo do céu, recordando-nos que um dia todos os crentes serão tirados deste mundo. Mas, quando alguém negligencia este dia, geralmente acontece que sua fé cristã deteriora- se em extremo. Devemos compreender, então, que ter um dia separado para Deus é um grande privilégio. Contribui para o nosso bem e, ao mesmo tempo, é um privilégio que deveríamos honrar muito. 3. Como o dia do Senhor deve ser guardado Ao procurarmos saber como devemos guardar o dia do Senhor, não devemos nos preocupar com as diferentes opiniões dos homens, mas com a vontade de Deus revelada em sua Palavra. Nela encontramos duas regras gerais estabelecidas para nossa orientação. Todas as questões específicas devem ser decididas de acordo com estas duas regras gerais. A primeira regra básica é que o dia do Senhor deve ser guardado como um dia de descanso. É certo que trabalhos de necessidade e de misericórdia podem ser feitos, como o próprio Senhor Jesus ensina claramente. É lícito fazer qualquer coisa necessária para preservar e manter a vida — seja a vida humana ou a de nossos animais — e fazer o bem às almas dos homens. Mas, tanto quanto possível, devemos cessar todo o trabalho — o trabalho mental e o trabalho físico. O quarto mandamento esclarece isto: “Não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro” (Êx 20.10). A segunda grande regra é que o dia do Senhor deve ser mantido santo. O “descanso” do dia do Senhor tem de ser um descanso santo, um descanso no qual atendemos às necessidades de nossas almas, cuidamos de assuntos eternos e da nossa comunhão com Deus e Cristo. É o dia do Senhor. Um grande número de pessoas não tentam de forma alguma manter este dia santo. Muitos passam o dia ou em atividades sociais, ou tratando de negócios, ou viajando, ou lendo jornais e romances, 150 FÉ GENUÍNA ou conversando sobre política, ou em um bate-papo ocioso. Para eles, é um dia para qualquer atividade, menos para ocuparem-se com as coisas de Deus. Este tipo de atitude está completamente errado. Sei que muitos agem em ignorância, fazendo simplesmente o que seus pais costumavam fazer, mas isto não muda o fato de que tal comportamento está completamente errado. É impossível afirmar que, agindo desta maneira, tais pessoas estão mantendo “santo” o dia do Senhor. Não importa quão triviais estes assuntos pareçam, são exemplos de coisas que impedem os homens de buscarem a Deus no seu dia e de se beneficiarem com isto. Aqueles que criam trabalhos para outros realizarem no dia do Senhor estão igualmente errados. Todos necessitam do dia de descanso e adoração que Deus estabeleceu. Este dia não é apenas para você, mas também para “teu filho,... tua filha,... teu servo,... tua serva,... teu boi,... teu jumento,... animal algum teu,... o estrangeiro das tuas portas para dentro, para que o teu servo e a tua serva descansem como tu” (Dt 5.14). Não sou um fariseu. Nem por um momento desejo que um homem que tenha trabalhado arduamente por seis dias pense que me oponho à sua atitude de adotar uma forma lícita de relaxar seu corpo no dia do Senhor. Não vejo mal algum em uma caminhada tranquila no domingo, desde que esta não tome o tempo reservado para a adoração pública e que seja genuinamente tranquila, como aquela de Isaque em Gênesis 24.63. Nosso Senhor e seus discípulos caminharam por campos de cereais em um sábado. Mas eu lhe digo: cuidado para não transformar esta liberdade em libertinagem. Cuidado para não prejudicar o bem-estar espiritual de outros, enquanto busca descanso para si mesmo. Lembre-se: você tem uma alma, bem como um corpo, para cuidar. Não estou defendendo o fanatismo. Não digo a pessoa alguma que ela tem de orar, ler a Bíblia, ir à igreja ou meditar o dia todo, aos domingos. Estou pedindo somente que o domingo seja guardado como um descanso santo. Deus deve ser mantido em vista. A sua Palavra deve ser estudada. Devemos nos encontrar com o seu povo para adoração. Devemos tratar dos assuntos relevantes para o nosso bem-estar espiritual. Afirmo que, tanto quanto possível, deve ser evitada qualquer coisa que nos impeça de manter santo o dia do Senhor. Não admiro qualquer tipo de religião melancólica. Por favor, não pense que pretendo que o dia do Senhor seja um dia de tristeza e infelicidade. Desejo que todo o cristão seja uma pessoa 0 Dia do Senhor 151 feliz; que tenha “alegria e paz em crer” e que “se regozije na esperança da glória de Deus”. Almejo que todos considerem o dia do Senhor como o mais esperançoso, o mais alegre dia da semana. Se você pensa que o tipo de domingo que estou advogando seja tedioso, monótono, então devo dizer-lhe que há algo errado com o estado de seu coração. Se você não é capaz de se alegrar em um domingo santo, a falta não estáno dia, mas em seu próprio coração. Muitos pensarão que estou estabelecendo um padrão elevado demais com relação ao guardar o dia do Senhor. Aqueles que não gostam de pensar sobre as coisas espirituais, aqueles que são do mundo, que amam o dinheiro e os prazeres dirão que estou pedindo algo impossível. Mas a única questão com a qual me preocupo é esta: o que a Bíblia ensina? Não devemos rebaixar os padrões de Deus ao nível dos padrões do homem; pelo contrário, temos de extrair da Palavra de Deus os nossos padrões. O que estou ensinando sobre o guardar o dia do Senhor é apenas o que os melhores e mais santos cristãos de todas as igrejas e nações têm ensinado e praticado. Raramente têm havido exceções. É impressionante observar como eles concordam neste ponto. Aqueles que têm discordado em muitos pontos — mesmo quanto aos fundamentos a respeito do dia a ser guardado — têm mostrado uma concordância a respeito de como este dia deve ser guardado. Acredito que qualquer pessoa que pensa, com calma e racionalidade, sobre as coisas por vir perceberá que o padrão para se guardar o dia do Senhor, padrão este que defendo aqui, não é elevado demais. E verdade que todos nós teremos de morrer e comparecer diante de Deus? Se assim é, certamente não é demais dedicarmos um dia em cada sete para Deus. Não é demais testarmos a condição em que nos encontramos para comparecer à presença de Deus passando o seu dia em especial preparo para isto. Acredito que o bom senso, a razão e a consciência se combinam para nos dizer que, se não podemos reservar um dia da semana para Deus nesta vida, não estamos vivendo como quem espera passar a eternidade com Ele. Um apelo final 1. Apelo a todo aquele que não guarda o dia do Senhor como um dia santo. Quero lembrar-lhe: você deverá prestar contas a Deus no grande Dia do Julgamento. Mas quão desqualificado 152 FÉ GENUÍNA você está para comparecer diante dEle! Você não está preparado para apresentar-se a Deus. Na terra, você não pode dedicar a Deus um dia em cada sete. É fatigante para você empregar apenas um sétimo do seu tempo em procurar conhecê-Lo melhor. Como, então, é possível que você esteja preparado para passar a eternidade com Ele? Apelo a você: pare e pense! Arrependa-se e mude as suas atitudes! Confesse os seus pecados diante do trono da graça e suplique perdão através daquele sangue que o “purifica de todo pecado”. Comece imediatamente a frequentar uma igreja onde você ouvirá a pregação do evangelho. Organize seu tempo aos domingos, de modo que seja capaz de, com quietude e seriedade, meditar nas coisas eternas. Evite qualquer pessoa que o levará a conversar somente sobre as coisas deste mundo. Pegue sua Bíblia e comece a lê-la seriamente. Aconselho-o a fazer estas coisas e a fazê-las sem demora. Pode ser difícil no começo, mas vale a pena. Faça-as, pelo bem-estar eterno de sua alma! 2. Por último, apelo a todo aquele que com sinceridade ama o Senhor Jesus Cristo e deseja servi-Lo. Primeiramente, peço- lhe que examine a sua própria prática no que se refere a guardar o dia do Senhor como um dia santo. Você está usando-o tão cuidadosamente quanto deveria? Em segundo lugar, peço-lhe que faça tudo o que puder a fim de promover o guardar o dia do Senhor por outras pessoas. Mas lembre-se: não basta ser negativo e protestar contra o modo como as pessoas tratam o dia de Deus. Temos de evangelizar. Temos de pregar as boas-novas de Cristo. Precisamos mostrar um melhor caminho às pessoas. Somente então veremos sociedades transformadas, homens e mulheres verdadeiramente buscando e honrando a Deus no dia do Senhor. No inundo de hoje, aquilo que "funciona" tem se tornado o fator mais determinante para valorizar a fé ou a religião de alguém. Neste livro, J. C. Ryle define claramente, em uma maneira fácil de ler, a verdadeira fé bíblica, oferecendo aplicações práticas e realistas a respeito da fé. Não é permitido ao leitor esquecer as bases escriturísticas que fundamentam a fé genuína, visto que Ryle, profundo conhecedor da Palavra de Deus, vale-se de referências bíblicas específicas e direciona toda a sua explanação à obra salvífica de nosso Senhor Jesus Cristo. Também não é permitido ao leitor esquecer que a resposta adequada à salvação é uma atitude de constante gratidão e uma evidente mudança no estilo de vida. Em sua abordagem da aplicação da fé genuína, o autor se utiliza de assuntos que, embora frequentemente negligenciados ou evitados, são muito relevantes, como por exemplo: a auto-análise, a atitude do crente em relação ao mundo, bem como a grande separação entre os que possuem a fé genuína e os que não a possuem, o que acontecerá no fim dos tempos. Portanto, em dias em que a verdadeira fé bíblica é constantemente descartada, menosprezada ou modificada a fim de acomodar-se ao conceito mundano de "funciona ou não funciona", J. C. Ryle, em seu livro "Fé Genuína", provê aplicações práticas e viáveis à imutável, verdadeira e genuína fé bíblica.estreita, milhares já entraram por esta porta e foram salvos. Nenhum pecador jamais foi recusado, ou lhe foi dito ser ele demasiadamente ímpio. Até mesmo àqueles que foram maus em excesso não foi recusada a entrada. Tão logo bateram, Aquele que construiu a porta ordenou que os deixassem entrar. Manasses, aquele perverso rei de Judá, veio a esta porta. Ele era culpado de idolatria e assassinato, inclusive de seus próprios filhos. Mas, quando seus olhos foram abertos e ele percebeu os seus pecados, correu a esta porta, e lhe foi permitido entrar. Saulo, o fariseu, veio a esta porta. Ele blasfemava do Senhor Jesus Cristo e perseguia o seu povo. Tentara silenciar o evangelho. Mas, ao descobrir a sua culpa e correr até à porta, que abriu-se para ele, foi salvo. Muitos dos judeus que crucificaram o Senhor Jesus vieram a esta porta. Haviam traído e crucificado o Filho de Deus. Mas, em resposta à pregação de Pedro, seus corações foram tocados, a porta se abriu e eles foram salvos. Desde que a Bíblia foi escrita, milhares e milhares de pessoas, de todos os países e níveis sociais, já vieram a esta porta e foram salvos. O meu profundo desejo é que você também entre por esta porta e seja salvo. Pense quão grande é o privilégio de ter uma porta como esta. Muitos viveram e morreram sem a conhecerem; mas você a tem claramente colocada diante de si, ou seja, tem Cristo sendo proclamado a você. A salvação lhe tem sido apresentada como uma dádiva. Cuidado, não negligencie esta porta e pereça por causa de sua incredulidade. Quão grato você deveria estar, se já entrou por esta porta! Está perdoado! Está pronto para a morte e para o juízo, bem como para qualquer coisa que lhe possa acontecer na vida terrena. Que grandiosa razão você tem para viver uma vida de alegria e louvor por causa da misericórdia de Deus! 2. Uma ordem clara Jesus nos ordena: “Esforçai-vos por entrar”. Com frequência, podemos aprender muito de uma simples palavra da Bíblia, e, com certeza, é possível receber muita instrução a partir de “esforçai-vos”. “ESFORÇAI-VOS” nos ensina que devemos, diligen temente, utilizar os meios estabelecidos por Deus a fim de que O 18 FÉ GENUÍNA busquemos. Devemos empenhar-nos na leitura da Bíblia e em ouvir a pregação do evangelho. “ESFORÇAI-VOS” nos ensina que Deus lidará conosco como seres responsáveis. Não devemos ficar parados, sem fazer nada, pois Cristo nos exorta: “Venham, arrependam-se, creiam, trabalhem, peçam, busquem e batam”. Nossa salvação é completamente de Deus; a nossa ruína, se estamos perdidos, é inteiramente nossa. “ESFORÇAI-VOS” nos ensina que podemos esperar oposição e lutas árduas, se nossas almas têm de ser salvas. O diabo nunca nos deixará escapar sem uma batalha. Nossos próprios corações, que têm amado as coisas pecaminosas, nunca se converterão às coisas espirituais sem dificuldade. O mundo e suas tentações nunca serão vencidos sem conflito. E nada disto deve nos surpreender, pois, tanto na área natural quanto na espiritual, nada de bom é feito sem grande esforço. “ESFORÇAI-VOS” nos ensina que vale a pena lutar pela salvação. As pessoas lutam por todos os tipos de coisas menos importantes do que sua salvação. Riquezas, poder, educação, promoção são todas corruptíveis. As coisas incorruptíveis estão do lado de dentro da porta estreita: a paz de Deus, a consciência de ter o Espírito Santo habitando em nós, o conhecimento do fato que nossos pecados estão perdoados. Estas são coisas realmente dignas de que lutemos por elas! “ESFORÇAI-VOS” nos ensina que ser preguiçoso em assuntos espirituais é pecado. Deus ordenou que você se esforce, e não há desculpa para que se negue a proceder assim. “ESFORÇAI-VOS” nos ensina a respeito do grande perigo de estar do lado de fora da porta estreita. Morrer do lado de fora desta porta significa estar perdido, sem esperança, para sempre. O Senhor Jesus percebeu isto claramente. Ele sabia da brevidade e da incerteza do tempo; recomenda-nos fortemente que não nos demoremos. Insiste que devemos agir rápido, antes que seja tarde demais. “ESFORÇAI-VOS” condena muitos que se dizem cristãos. Eles foram batizados e são membros de uma igreja. Não matam, não roubam nem cometem adultério, mas, certamente, não estão se “esforçando” para serem salvos. Podem ser bastante ativos nas coisas desta vida, mas, no que se refere aos assuntos espirituais, não fazem qualquer esforço. Muitos são irregulares em assistir os cultos aos domingos. Esforço 19 Isto não é “esforçar-se”. Muitos comparecem regularmente, mas assim o fazem ou por causa do hábito, ou por que se espera isto deles. Tal atitude não é “esforçar-se”. Muitos quase nunca lêem a Bíblia. Lêem jornais, revistas e romances, mas negligenciam a Palavra de Deus. Isto não é “esforçar-se”. Muitos nunca oram. Levantam-se pela manhã e vão dormir à noite sem orar. Não pedem coisa alguma a Deus e também não Lhe confessam coisa alguma. Não Lhe dão graças, nem O buscam de forma alguma. Sabem que terão de morrer, porém não se importam em relacionar-se com o seu Criador e Juiz. É isto “esforçar-se” por entrar pela porta estreita? Que cada homem de bom senso julgue por si mesmo. Falo baseado em minha experiência como ministro do evangelho: é doloroso ver como poucos se “esforçam” por entrar pela porta estreita. Muitos ouvem a pregação da Palavra de Deus. Não argumentam contra ela, mas também não se “esforçam” para entrar pela porta estreita e serem salvos. São diligentes em relação aos assuntos desta vida. Esforçam-se por enriquecer e ter sucesso na vida. Isto não é incomum. Mas vejo pouquíssimos “esforçando- se” para serem salvos. Contudo, não me surpreendo com tudo isso. A parábola da grande ceia (Lc 14.16-24) é um retrato exato do que tenho visto desde que me tornei ministro do evangelho — “os homens inventam desculpas”. Um possui seu campo que precisa ir ver, outro tem seus bois para experimentar, e outro está impedido por motivos familiares. Porém, me entristece profundamente o fato de que os homens tenham a vida eterna tão próxima de si e, ainda assim, estarem perdidos por não se “esforçarem” para entrar nela. Eu não conheço o estado do seu coração, mas quero alertá- lo, a fim de que você não venha a perecer por não se “esforçar”. Não suponha que é necessário cometer grandes crimes para que você pereça etemamente. O caminho da preguiça espiritual — não fazer coisa alguma — também nos leva ao inferno. Se você já aprendeu que é necessário “esforçar-se” para o bem de sua alma, rogo-lhe que nunca pense estar fazendo esforço em demasia e que você não precisa mostrar-se tão interessado, tão envolvido. Esteja alerta para que não venha a reduzir suas orações, sua leitura da Bíblia e seus momentos a sós com Deus. O que quer que você realize, faça-o com todo o seu coração, sua mente e sua força. Nunca se preocupe com o que outras pessoas pensam de você; o seu Mestre diz: “ESFORÇAI-VOS”. 20 FÉ GENUÍNA 3. Uma horrível profecia Jesus diz: “Muitos procurarão entrar e não poderão”. Aqui, o Senhor Jesus se referiu à sua segunda vinda, para julgar o mundo. Ele está falando da hora em que a longanimidade de Deus chegará ao fim, quando o trono da graça será substituído pelo trono do julgamento, quando a porta estreita será obstruída e trancada e o dia da graça terá passado, para sempre. O grande Dia do Julgamento virá; então, estas palavras solenes se cumprirão: “Muitos procurarão entrar e não poderão”. Está chegando o tempo em que buscar a Deus será inútil. Oh! Que os homens não se esqueçam disto e O busquem agora! O Senhor Jesus diz que muitos serão impedidos de entrar no céu, para sempre. Ele não está falando de poucos, mas de “muitos”. Muitos compreenderão a verdade depois do tempo oportuno — a verdade de sua própria pecaminosidade e da santidade de Deus, a verdade sobre a necessidade do evangelho. Muitos se arrependerão, se lamentarão e cairão em prantos diante da lembrança de seus pecados, mas em umaocasião inoportuna demais. O peso da culpa lhes será intolerável, porém será muito tarde. Muitos crerão; não poderão mais negar a realidade de Deus ou a verdade de sua Palavra, mas será tarde demais. Assim como o diabo, eventualmente eles crerão e tremerão. Muitos desejarão o perdão pela primeira vez, mas será tarde demais. Está chegando a hora em que todos os valores do mundo serão revertidos. Riqueza, fama, luxúria e todas as outras coisas para as quais as pessoas vivem se tornarão completamente sem valor. Então, a salvação apresentada no evangelho, que as pessoas desprezam hoje, lhes será a coisa mais desejada. Todavia, será tarde demais: “Muitos procurarão entrar e não poderão”. Leia você mesmo a horrível descrição disto em Provérbios 1.24-31. Conclusão Procurei mostrar-lhe o que o Senhor Jesus quis dizer através destas suas palavras. Deixe-me, agora, tentar aplicar a verdade à sua consciência. Esforço 21 1. Permita-me fazer-lhe uma pergunta simples e direta: você já entrou pela porta estreita ou não? Não estou perguntando se você acredita na existência de tal porta e se espera, um dia, adentrá- la. Eu pergunto: você já entrou, de fato, por esta porta? Você está do lado de dentro agora? Se não, seus pecados não estão perdoados; você não nasceu de novo e não está pronto para o céu; e, ao morrer, será eternamente miserável. Imploro-lhe agora: pense em como o tempo é curto. Em breve você terá partido deste mundo. Em breve será tarde demais. O mundo continuará, mas seu corpo estará na sepultura e sua alma no inferno. Mas hoje — hoje — aquela porta está diante de você, pronta a se abrir para você. Deus te chama. Jesus Cristo está pronto para salvá-lo. Só está faltando uma coisa... que você entre. 2. Deixe-me apresentar alguns conselhos simples para aquele que não está do lado de dentro da porta. Entre por ela agora, sem demora. Ninguém jamais chegou ao céu a não ser por esta porta. Ninguém jamais entrou por esta porta sem lutar. Mas, por outro lado, jamais deixou de adentrá-la qualquer pessoa que tenha se esforçado para fazê-lo. E nenhum dos que já entraram veio a se lamentar por isso. Visto que estas coisas são verdadeiras, você deve buscar a Cristo imediatamente e entrar pela porta enquanto ela ainda está aberta. Comece hoje. Dirija-se ao Senhor Jesus em oração. Confesse- Lhe a sua pecaminosidade. Não retenha coisa alguma. Lance a si mesmo e todas as suas preocupações espirituais sobre Ele, suplique- Lhe que o salve e que o encha com seu Espírito Santo, de acordo com sua promessa. Por que você não deveria fazer isto? Milhares de pessoas tão más quanto você buscaram a Cristo desta forma, e nenhuma foi recusada. E por que você não deveria fazer isso agora mesmo? Outras pessoas experimentaram arrependimento e conversão imediatos. A mulher de Samaria chegou ao poço de Jacó como uma pecadora e foi embora como uma nova criatura em Cristo. O carcereiro de Filipos se tornou um discípulo do Senhor Jesus em apenas uma noite. Por que, então, você não abandona seus pecados e se agarra a Cristo hoje mesmo? 3. Finalmente, desejo fazer uma pergunta a todos os que já entraram pela porta estreita. Você falará a outros a respeito da bênção que encontrou? Ao se converter, André contou imediatamente a seu irmão sobre Cristo. Filipe fez o mesmo a Natanael. Quando Saulo, o fariseu, se converteu, “logo pregava, nas sinagogas, a Jesus, afirmando que este é o Filho 22 FÉ GENUÍNA de Deus” (At 9.20). Desejo muito ver este tipo de espírito entre os cristãos de hoje. Trabalhemos enquanto é dia, pois “a noite vem, quando ninguém pode trabalhar” (Jo 9.4). O homem que procura mostrar a seu próximo a porta estreita está fazendo um trabalho que Deus aprova. A Escritura diz: “Aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele” (Tg 5.20). Vamos todos acordar para um profundo senso de responsabilidade em relação a este assunto. Dentre aqueles com quem conversamos, não são muitos os que estão do lado de fora da porta estreita? Quem pode dizer o que uma palavra pode realizar, se falada com fé e oração? Pode ser o momento decisivo na vida de alguém. Oh! Que haja mais amor e intrepidez entre os crentes! “Muitos procurarão entrar e não poderão.” Quem é capaz de pensar nestas palavras e não se preocupar com os outros? 3 Autenticidade Prata de refugo. Jeremias 6.30 Nada, senão folhas. Marcos 11.13 Não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade. 1 João 3.18 Que tens nome de que vives e estás morto. Apocalipse 3.1 Se declaramos ser cristãos, procuremos ter certeza de que nosso cristianismo é verdadeiro. O cristianismo verdadeiro não é algo externo a nós mesmos ou temporário; é interno, firme, vivo e duradouro. Sabemos a diferença entre o ouro puro e o barato ouropel, entre algo que é genuíno e sua imitação. Pensemos nisto enquanto meditamos sobre nosso cristianismo. Você tenciona que seu cristianismo lhe dê conforto nesta vida e esperança na hora da morte e deseja suportar o teste do julgamento de Deus? Então, peço-lhe que pare e considere se o seu cristianismo é semelhante ao ouro maciço ou se é apenas uma imitação. 1. Nosso cristianismo deve ser verdadeiro Quero começar mostrando-lhe como é importante que seu 24 FÉ GENUÍNA cristianismo seja verdadeiro. Talvez você imagine que há pouco perigo em não ser ele genuíno. Se pensa assim, você está errado, pois a Bíblia freqüentemente nos recorda que isto é muito perigoso. Olhe para as parábolas contadas por nosso Senhor Jesus Cristo. Observe quantas delas referem-se ao contraste entre o verdadeiro cristão e o cristão aparente — por exemplo, as parábolas do semeador, do joio, das bodas e das dez virgens, entre outras (ver Mt 13.1-43; 22.1-14 e Mt 25.1-13). Estas mostram o perigo de um cristianismo superficial e não-genuíno. Note a linguagem que nosso Senhor Jesus Cristo usou a respeito dos escribas e fariseus. Oito vezes, em um só capítulo, utilizando uma linguagem assustadora, Ele os denunciou como hipócritas (ver Mt 23). Falando de forma tão severa, o Senhor Jesus nos ensinou quão abominável é, aos olhos de Deus, a falsidade. Atente ao espantoso fato de que a quase toda graça cristã verdadeira corresponde uma situação não-genuína, descrita na Palavra de Deus. Existe falso arrependimento, pois Saul, Acabe, Herodes e Judas Iscariotes o tiveram e nunca foram salvos. Existe fé não-genuína', foi este o caso de Simão, em Samaria, pois seu coração não era reto diante de Deus. Existe santidade não-genuína-, o rei Joás parecia santo e bom, mas apenas enquanto o sacerdote Joiada estava vivo. Existe amor não-genuíno, pois o apóstolo João nos alerta: “Não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade”. Existe oração não-genuína, pois nosso Senhor condenou o pecado dos fariseus, os quais, por aparência e presunção, faziam longas orações. Certamente tudo isto deve nos fazer pensar. Quanto cuidado devemos tomar para termos certeza de que o nosso cristianismo é real! 2. Testes de autenticidade Quero agora propor alguns testes através dos quais você pode verificar a autenticidade de seu cristianismo. Não apenas suponha que tudo está bem. Lembre-se de que esta é uma questão de vida ou morte eternas. Comece perguntando a si mesmo que lugar o seu cristianismo ocupa em seu coração. Não basta apenas crer na verdade em sua mente ou professá-la com seus lábios; não é suficiente que algumas vezes ela produza fortes emoções em seu Autenticidade 25 íntimo, O verdadeiro cristianismo governa o coração, controla os seus sentimentos, orienta a vontade, direciona os gostos, escolhas e decisões. O seu cristianismo governa o seu coração? Em segundo lugar, pergunte a si mesmo como o seu cristianismo encara o pecado. O verdadeiro cristianismo, que o Espírito Santo produz no coração, nos levará sempre a pontos de vista muito sérios a respeito da malignidade do pecado. Você não pensará no pecado simplesmente como algo infelizque torna os pecadores objetos dos quais sentimos compaixão, mas o verá como algo que Deus odeia e que toma o pecador culpado, perdido e sujeito ajusta ira e condenação da parte de Deus. Você enxergará o pecado como a causa de toda a infelicidade do mundo, aquilo que arruinou a boa criação de Deus. Acima de tudo, você o reconhecerá como aquilo que nos arruinará eternamente, a menos que nossa dívida esteja paga e estejamos livres de seus laços. E desta forma que você encara o pecado? Em terceiro lugar, pergunte a si mesmo que perspectivas de Cristo o seu cristianismo produz. Um falso cristão pode acreditar que Cristo realmente existiu e fez o bem aos homens. Pode mostrar respeito por Cristo e comparecer ao culto cristão. Mas um cristão verdadeiro se gloriará em Cristo como o Redentor, o Libertador, o Grande Sumo Sacerdote, o Amigo, sem o qual ele jamais teria qualquer esperança. O verdadeiro cristão crerá em Cristo, amará a Cristo e sé regozijará em Cristo, encontrando conforto nEle, como o Mediador entre Deus e os homens e como Aquele que é alimento, luz, vida e paz para sua alma. É esta a sua perspectiva de Cristo? Em quarto lugar, quefrutos o seu cristianismo está gerando em seu coração, em sua vida? Um cristianismo genuíno é conhecido por seus frutos — os frutos do arrependimento, fé, esperança, amor, humildade, espiritualidade, benevolência, autonegação, capacidade de perdoar os outros, domínio próprio, honestidade e paciência. O grau em que cada um destes é percebido será variável de um crente para o outro, mas a raiz de cada um deles está presente em cada um dos verdadeiros filhos de Deus. Você demonstra possuir estes frutos? Por último, como você se sente em relação aos meios da graça e o que você faz a respeito deles? Por “meios da graça”, me refiro àquelas coisas que Deus estabeleceu como instrumentos para nosso crescimento espiritual. Qual o seu sentimento em relação ao dia do Senhor? É um prazer para você, uma agradável e pequena amostra do que teremos no céu? Como você se sente a respeito dos cultos, quando os irmãos se reúnem para orar, adorar, ouvir a 26 FÉ GENUÍNA Palavra de Deus e participar da Ceia do Senhor? Estas coisas lhe são importantes ou você poderia viver sem elas? E quanto à oração particular e à leitura da Bíblia? São atividades necessárias à sua vida? Elas lhe trazem conforto ou lhe causam tédio? Você as negligencia? Se estes meios de crescimento espiritual não são tão necessários para a sua vida cristã quanto o comer e o beber são para o seu corpo, você pode muito bem questionar se seu cristianismo é verdadeiro. Conclusão Rogo-lhe que avalie seu cristianismo através destas cinco questões. Sendo legítimo o seu cristianismo, você não tem o que temer ao enfrentá-las honestamente. Porém, se não for legítimo, é melhor que você descubra isto o quanto antes. Você terá de enfrentar este assunto algum dia, visto que o Dia do Julgamento irá testar todas as coisas. Se você defrontar-se com a verdade hoje, terá tempo para se arrepender, mas naquele Dia será tarde demais. Decida a enfrentar este assunto agora! Deixe-me concluir com uma aplicação direta da verdade a cada leitor. 1. Preciso dizer uma palavra de advertência àquele que, em seu coração, sabe que seu cristianismo não é autêntico. Lembre- se do perigo que você corre e de quão grande é a sua culpa diante de Deus. Ele é o Deus da Verdade. Odeia tudo o que não é verdadeiro; e o cristianismo que você vive não é verdadeiro. Além disso, seu falso cristianismo irá derrotá-lo no final. Não lhe dará conforto algum quando você mais precisar dele — em tempos de aflição e no seu leito de morte. Acima de tudo, ele o derrotará no Dia do Julgamento. 2. Devo oferecer uma palavra de conselho àquele que está com a consciência perturbada devido ao que acabou de ler. Pare de brincar com o cristianismo! Pare de tratar o cristianismo como uma brincadeira e torne-se uma pessoa sincera que segue ao Senhor Jesus Cristo com todo o seu coração. Busque-0 hoje mesmo e peça- Lhe que seja o seu Salvador. Não deixe que sua pecaminosidade o mantenha afastado dEle. Lembre-se: Jesus pode perdoar qualquer pecado, mas exige autenticidade. Deixe toda a presunção e venha a Ele com todo o seu coração e toda a sua alma. 3. É necessário que eu dirija uma palavra de encorajamento Autenticidade 27 a todos aqueles que já tomaram sua cruz e são sinceros seguidores de Cristo. Encorajo-os a prosseguir e não desanimar diante de provações ou dificuldades. Não se preocupem com as opiniões dos outros. Nunca se envergonhem de ser totalmente comprometidos com o Senhor Jesus. Na verdade, os homens deveriam envergonhar- se de viver para o pecado e os prazeres, mas ninguém deve sentir vergonha de viver para Cristo. 4. Finalmente, lembremo-nos todos que, no último dia, nada além da verdade contará. Recordemos as palavras do Senhor Jesus: “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (Mt 7.22,23). 4 Oração Orar sempre e nunca esmorecer. Lucas 18.1 Quero, portanto, que os varões orem em todo lugar. 1 Timóteo 2.8 Oração é o assunto mais importante na vida cristã. Outras coisas também são muito relevantes — ler a Bíblia, guardar o dia do Senhor, freqüentar a igreja, ouvir os sermões e participar da Ceia do Senhor. Contudo, nenhum destes é tão importante quanto a oração particular. Quero dar-lhe sete razões que me levam a asseverar isto e desejo que você as considere com bastante cuidado. 1. A oração é absolutamente necessária A oração é absolutamente necessária para nossa salvação. É claro que estou falando daqueles que dizem ser cristãos. Ninguém que se declara cristão será salvo sem oração. Com toda certeza, creio que a salvação é um dom gratuito de Deus. Eu poderia falar ao maior de todos os pecadores que já existiram, ainda que ele já estivesse bem velho e quase morrendo, e dizer-lhe: “Creia no Senhor Jesus Cristo, agora mesmo, e você será salvo”. Mas eu não consigo 30 FÉ GENUÍNA encontrar na Bíblia o ensino que alguém pode ser salvo sem que o peça. Embora ninguém seja salvo pelos próprios méritos de suas orações, ninguém será salvo sem oração. Não é absolutamente necessário à salvação que as pessoas leiam a Bíblia. Alguém pode nunca ter aprendido a ler, ou pode ser cego, e assim mesmo ter Cristo. Um homem surdo, ou alguém que vive onde o evangelho não está sendo pregado, pode ser salvo ainda que não ouça o evangelho pregado publicamente. Mas ninguém pode ser salvo sem oração. Existem coisas que cada um de nós deve fazer por si mesmo. Cada pessoa tem de satisfazer as necessidades de seu próprio corpo e de sua própria mente. Ninguém pode comer, beber ou dormir por você. E, se você deseja saber alguma coisa, ninguém pode aprendê- la em seu lugar. Isto também é verdadeiro em relação às suas necessidades espirituais. Nenhuma outra pessoa pode se arrepender por você. Ninguém pode vir a Cristo por você. E ninguém pode fazer suas orações em seu lugar. Você mesmo precisa orar. Neste mundo, conhecemos as pessoas à medida em que falamos com elas. Se não conversamos com elas, não as conhecemos. Igualmente, não podemos conhecer a Deus se não orarmos a Ele; e, se não O conhecemos, certamente não seremos salvos por Ele. No futuro, o céu estará repleto com uma “grande multidão” que ninguém poderá enumerar (Ap 7.9). E todas essas pessoas cantarão com um só coração e uma só voz. A sua experiência terá sido a mesma. Cada uma delas terá crido em Jesus e terá sido lavada no sangue do Cordeiro. Cada uma delas terá nascido de novo; e cada uma delas terá orado. A menos que oremos aqui na terra, jamais louvaremos no céu. Em resumo, viver sem oração significa estar sem Deus, sem Cristo, sem esperança, sem a graça e o céu.Significa estar a caminho do inferno. 2. A oração é uma das características marcantes do cristão O hábito de orar é uma das características marcantes do verdadeiro cristão. Todos os filhos de Deus que se encontram neste mundo são semelhantes em um aspecto. Todos oram. Respirar é o primeiro sinal de vida em um bebê recém-nascido. Da mesma forma, orar é o primeiro ato de um cristão recém-nascido. Orar é parte da natureza de um cristão, assim como chorar é parte da natureza de Oração 31 uma criança. O cristão reconhece a sua necessidade por graça e misericórdia. Ele percebe a sua insignificância e fraqueza. Portanto, ele sente que precisa orar. Não consigo encontrar na Bíblia, dentre o povo de Deus, qualquer um que não tenha sido um homem de oração. É característica do povo de Deus que eles O invoquem como Pai (1 Pe 1.17) e invoquem “o nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 1.2), enquanto a característica dos iníquos é que eles “não invocam o Senhor” (SI 14.4). Também já estudei a vida de muitos cristãos exemplares que viveram depois que a Bíblia foi escrita. Eles eram diferentes em vários aspectos, mas todos possuíam algo em comum: eram pessoas de oração. Evidentemente, estou ciente do fato que os homens podem orar de maneira insincera. O simples fato de um homem orar nada demonstra sobre sua condição espiritual, visto que ele pode ser um hipócrita. Porém, eu posso afirmar com certeza: não orar é uma prova clara de que um homem ainda não é um verdadeiro cristão. Ele não percebe realmente os seus pecados, tampouco sente amor a Deus, ou reconhece sua dívida de gratidão a Cristo, ou deseja ser santo. Ainda que/aZe muito sobre religião, tal pessoa não pode ser um verdadeiro cristão, se não ora. Permita-me também dizer que o hábito da oração particular e sincera, realizada com todo o coração, é uma das melhores evidências de que o Espírito Santo tem realmente agido na vida de uma pessoa. Qualquer homem é capaz de pregar, ou escrever livros, ou fazer outras coisas, partindo de motivos errados, mas, a menos que esteja sendo sincero, alguém raramente ficará a sós e abrirá sua alma a Deus. Deus mesmo nos ensinou que esta é a melhor prova de uma conversão genuína, pois, ao ordenar a Ananias que se encontrasse com Saulo em Damasco, a única evidência, mencionada por Ele, de que Saulo havia passado por uma conversão verdadeira foi esta: “Ele está orando!” (At 9.11). Estou certo de que muitas pessoas chegam à fé va garosamente. Experimentam muitas convicções, desejos, sentimentos, decisões, esperanças e medos. Mas todas essas coisas podem resultar em nada. Uma oração realmente sincera, feita de todo o coração, que flui de um espírito quebrantado e arrependido, vale por todas essas coisas juntas. Nossa primeira atitude, ao possuirmos uma fé verdadeira, será falar com Deus. A oração é para a fé aquilo que a respiração é para a vida. Assim como não 32 FÉ GENUÍNA somos capazes de viver sem respirar, também não podemos crer em Cristo sem orar. 3. A oração é a atividade mais negligenciada pelo cristão Nenhum dever cristão é mais negligenciado do que a oração particular. Eu costumava pensar que a maioria das pessoas que se declaram cristãs tinha a oração como parte integrante de suas vidas. Mas agora cheguei a uma conclusão diferente. Acredito que a grande maioria dos que se declaram cristãos nunca ora. Oração é um assunto estritamente particular entre Deus e nós, que nenhuma outra pessoa vê; portanto, existe uma grande tentação de não nos incomodarmos com isto. Acredito que muitos nunca dizem uma só palavra de oração. Comem e bebem, dormem e acordam, vivem na terra, que é de Deus, e desfrutam as misericórdias divinas. Possuem corpos que morrerão e têm diante de si o Dia do Julgamento e a eternidade. Apesar disso, nunca falam com Deus. Vivem como se fossem animais, ao invés de homens que possuem almas imortais. Acredito que, para muitos outros, a oração nada mais é do que uma reunião de palavras. Alguns se utilizam de modelos de oração prontos, sem qualquer sentimento sincero pelas coisas que dizem. Até mesmo quando se trata de um bom modelo (por exemplo, a Oração do Pai Nosso), muitos o utilizam sem pensar realmente em seu significado. A este tipo de uso, podemos ter certeza que Deus não considera uma oração, ainda que os homens assim a chamem. Oração implica em muito mais do que palavras faladas com nossos lábios. Envolve nosso coração’, do contrário não é oração sincera. Não há dúvida de que Saulo de Tarso havia feito muitas orações longas antes que o Senhor o encontrasse na estrada para Damasco. Mas somente depois de seu coração ter sido quebrantado, o Senhor disse: “Ele está orando!” Se você acha tudo isso muito surpreendente, considere os seguintes fatos: Não é natural orar. O desejo natural de nossos corações é afastar-se de Deus. Por natureza, não amamos a Deus, e, sim, O tememos. Por natureza, não temos percepção do pecado, ou sentimento de nossas necessidades espirituais, ou fé em coisas que não podemos ver. Nosso desejo natural não é sermos santos. Por estas razões, os homens não oram naturalmente. Oração 33 Não é popular orar. Todos os tipos de atividades relacionadas ao mundo são populares entre os homens, mas orar não é; e muitos seriam capazes de fazer qualquer coisa menos admitir publicamente que têm o hábito de orar. À luz destes fatos, acredito que poucas pessoas oram. Considere também a vida que muitas pessoas levam. Quando vemos homens mergulhando no pecado, podemos acreditar que estão orando constantemente contra o pecado? Ao vermos homens completamente ocupados com as coisas do mundo, como podemos pensar que estão regularmente suplicando a Deus a graça de servi- Lo? Como poderiam estar, se não mostram o menor interesse em Deus? Oração e pecado jamais habitarão juntos em um mesmo coração. Ou a oração sufocará o pecado, ou o pecado sufocará a oração. Quando eu me lembro disto e considero a vida dos homens, acredito que poucas pessoas oram. Pense ainda nas mortes experimentadas por muitas pessoas. Muitos às portas da morte parecem ser completamente estranhos para Deus. Não possuem a habilidade de conversar com Deus. Manifestam a distinta impressão de que nunca realmente falaram com Deus. O que eu mesmo já vi em pessoas que estavam à morte me convence de que poucos oram. 4. Temos grandes encorajamentos para orar Somos mais encorajados a orar do que a qualquer outro dever cristão. Deus fez todas as coisas necessárias para tornar a oração uma atividade fácil, se ao menos tentarmos realizá-la. Ele cuidou de cada dificuldade, de tal forma que não há desculpas se não oramos. Existe um caminho pelo qual qualquer homem — não importa quão pecador e indigno ele seja — pode se aproximar de Deus, o Pai. Jesus abriu este caminho por meio de seu sacrifício em nosso favor, na cruz. A santidade e a justiça de Deus não precisam atemorizar os pecadores, levando-os a manterem-se distantes dEle. Pelo contrário, devem levá-los a clamar a Deus em nome de Jesus. Devem levá-los a reivindicar o fato que o sangue de Cristo fez expiação pelo pecado e encontrarão a Deus disposto e pronto a ouvi-los. O nome de Jesus infalivelmente assegura que Deus ouvirá nossas orações. Em nome de Jesus podemos nos aproximar de Deus com ousadia e orar com confiança. 34 FÉ GENUÍNA Deus prometeu ouvir. Isto não é um grande encorajamento a orarmos? Existe um Advogado e Intercessor sempre esperando para apresentar as orações daqueles que recorrerem a Ele. Ele as apresenta diante do trono de Deus. Nossas orações são frágeis em si mesmas, mas, quando apresentadas pelo Senhor Jesus, tornam-se eficientes. Seus ouvidos estão sempre abertos ao clamor de todos os que desejam receber misericórdia e graça. Não é isto um grande encorajamento para orarmos? Existe o Espírito Santo que está sempre desejoso a ajudar- nos em oração, pois esta é uma de suas funções (Rm 8.26). Ele é o “Espírito de graça e de súplicas”(Zc 12.10). Precisamos apenas buscar sua ajuda. Há grandes e preciosas promessas para aqueles que oram. Leia Mateus 7.7,8 e 21.22; João 14.13,14; Lucas 11.5-13 e 18.1- 8. Medite nestas passagens, pois contêm os maiores encorajamentos à prática da oração. Nas Escrituras, encontramos exemplos maravilhosos a respeito do poder da oração. A oração abriu o mar Vermelho; fez que saísse água da rocha e o sol ficasse parado. Coisas impossíveis a quaisquer outros meios foram realizadas por intermédio da oração. Que maiores encorajamentos poderia você estar procurando além destes? E que insensatez seria maior do que negligenciar a oração diante de tanto encorajamento? 5. A Oração é o segredo da santidade Diligência em oração é o segredo de uma santidade eminente. Sem dúvida, existe uma grande diferença entre as realizações dos verdadeiros cristãos. Quanto progresso alguns fazem mais do que outros! Alguns dos que são verdadeiramente convertidos parecem manter-se bebês espirituais durante toda a vida. Não parecem crescer à medida que o tempo passa. São atormentados pelos mesmos e insistentes pecados; ao invés do alimento sólido, continuam necessitando do leite da Palavra; os seus interesses espirituais permanecem diminutos e confinados ao seu pequeno círculo. Mas há outros que estão sempre crescendo, sempre avançando na vida cristã. Crescem na fé e nas boas obras; almejam e fazem grandes coisas. Quando falham, tentam novamente; ao Oração 35 caírem, logo se levantam. Olham para si mesmos como servos pobres e inúteis, ainda que sejam pessoas cujas vidas recomendam a fé cristã a outros. Como podemos explicar esta diferença entre pessoas que fazem parte do povo de Deus? Por que alguns são mais santos do que outros? Acredito que em dezenove dentre vinte casos a diferença está em seus hábitos de oração particular. Creio que aqueles que ainda não atingiram um grau mais avançado de santidade oram pouco, enquanto que aqueles que já a alcançaram oram bastante. Penso que, desde o momento que uma pessoa se converte a Deus, o grau de santidade que ela atingirá depende principalmente de sua diligência em utilizar os meios estabelecidos por Ele. E o meio principal pelo qual os crentes têm crescido em santidade é o hábito da constante oração particular. Leia a respeito da vida de grandes servos de Deus e você verá que isto é verdade. Nenhuma pessoa se torna um grande cristão antes de se tornar uma pessoa de oração. Se você deseja crescer como cristão, precisa aprender o valor da oração particular. 6. Negligenciar a oração causa apostasia Negligenciar a oração é uma grande causa de apostasia. É possível andarmos para trás na vida cristã, até mesmo depois de um bom começo. Os cristãos da Galácia progrediram na fé por um tempo e posteriormente se desviaram seguindo falsos mestres. Pedro declarava em alta voz seu amor pelo Senhor, mas na hora da provação O negou. Ser um desertor da fé é algo horrível, é uma das piores coisas que podem acontecer a um homem. Sei que a graça verdadeira não pode ser destruída em um homem e que a verdadeira união com Cristo não pode ser quebrada. Mas acredito que uma pessoa pode cair a ponto de perder de vista seus padrões cristãos e desesperar de sua própria salvação. Esta é a coisa mais próxima do inferno. Uma consciência ferida, uma mente cansada de si mesma, uma memória repleta de auto-reprovação, um coração atingido pelas flechas do Senhor, um espírito afligido por uma grande quantidade de acusação — tudo isto é uma amostra do inferno. Considere estas palavras solenes: “O infiel de coração dos seus próprios caminhos se farta” (Pv 14.14). Mas qual é a causa da maior parte das apostasias? Acredito que estas geralmente são causadas por negligência à oração 36 FÉ GENUÍNA particular. É minha firme opinião, e a repito, que com freqüência a apostasia começa com a negligência à oração particular. A falta de oração e as decisões na vida diária têm levado muitos cristãos a uma condição de paralisia espiritual ou ao ponto em que Deus permitiu que eles caíssem gravemente em pecado. Podemos ter certeza de que os homens caem primeiro em sua vida particular, para depois caírem de maneira pública. Assim como Pedro, primeiro negligenciam o alerta do Senhor para que vigiem e orem; em seguida, suas forças se vão, e, ao chegar a tentação, eles caem em pecado. O mundo, então, observa suas quedas e zomba. Mas o mundo não reconhece a verdadeira causa — a falta de oração. Se você, que está lendo este livro, é um cristão, espero que nunca se torne um apóstata. Mas, se deseja evitar que isto aconteça, seja cuidadoso com relação ás suas orações. 7. A oração gera felicidade e contentamento A oração é um dos meios mais garantidos de se obter felicidade e contentamento. Vivemos em um mundo de sofrimento. Desde que o pecado entrou nele, escapar completamente de algum tipo de sofrimento tem sido impossível às pessoas. A melhor forma de se lidar com isso é entregar tudo a Deus em oração. No Antigo Testamento lemos: “Confia os teus cuidados ao Senhor, e ele te susterá” (SI 55.22). No Novo Testamento, lemos: “Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas diante de Deus as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus” (Fp 4.6,7). Esta tem sido a prática do povo de Deus em todas as épocas. Quando estava com grande temor de seu irmão Esaú, Jacó orou (Gn 32.22-32). Ao serem lançados no cárcere em Filipos, Paulo e Silas oraram (At 16.23-25). A única maneira de sermos realmente felizes em um mundo como este é estarmos sempre confiando os nossos cuidados a Deus. Quando os cristãos deixam de fazer isto e tentam suportar suas próprias cargas, tornam-se infelizes. Se apenas nos achegarmos a Ele, o Senhor Jesus estará sempre esperando para nos ouvir e ajudar. Jesus sabe tudo sobre as provações e sofrimentos deste mundo, pois Ele viveu aqui por mais Oração 31 de trinta anos. Ele pode nos tornar verdadeiramente felizes — não importa como aparentamos estar — se crermos e recorrermos a Ele. A oração pode tornar leve a pesada cruz. Pode trazer luz à nossa escuridão e conforto em meio ao maior sofrimento e solidão. Meu anelo é que cada leitor deste livro seja um cristão verdadeiramente feliz. Mas, se você quer ser feliz, não existe tarefa mais importante para você do que orar. Conclusão Gostaria de concluir com alguns conselhos às várias classes de leitores. 1. Àquele que não ora. Caro amigo, preciso alertá-lo do perigo que você corre. Se morrer na situação em que se encontra, você estará perdido. Não há desculpas para você, pois não pode dar ao menos uma razão que justifique o fato de viver sem oração. Não diga que não sabe como orar. Oração consiste simplesmente em falar com Deus. Não é necessário um treinamento específico para orar, apenas o desejo de fazê-lo. O menor dos bebês pode chorar quando está com fome. Se você tem consciência de sua necessidade, logo encontrará algo para falar a Deus. Não diga que não tem lugar onde possa orar. Qualquer pessoa encontrará um lugar adequado, se quiser. Não diga que não tem tempo para orar. Você possui tempo de sobra, desde que o utilize da maneira correta. Daniel tinha de cuidar dos afazeres de um grande império, ainda assim ele orava três vezes por dia (Dn 6.10). Não diga que não poderá orar até que tenha nascido de novo e possua fé. Se você carece destas coisas, deve orar a Deus, pedindo-as. “Buscai oSenhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Is 55.6). Não demore. Hoje mesmo a salvação está próxima de você. Não a perca por deixar de suplicá-la. 2. Àquele que deseja ser salvo mas não sabe o que fazer. Aconselho-o a dirigir-se agora mesmo ao Senhor Jesus Cristo, no lugar mais privativo que você puder encontrar, onde possa estar a sós com Ele, a fim de pedir-Lhe, em oração, que o salve.Conte- Lhe que ouviu dizer que Ele recebe pecadores e garantiu: “O que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”. Diga-Lhe que você é um pecador perdido e que vem a Ele pelo poder do próprio convite feito por Ele. Declare que está totalmente nas mãos dEle e que se Ele não o salvar, não há qualquer esperança para você. Peça-Lhe 38 FÉ GENUÍNA para livrá-lo de sua culpa e do poder e das conseqüências de seus pecados. Implore que Ele o perdoe, dê-lhe um novo coração e coloque o seu Espírito Santo em você. Peça-Lhe que o capacite a tornar-se discípulo e servo dEle a partir deste dia e para sempre. Faça tudo isto hoje, se você tem qualquer preocupação com a sua alma. Lembre-se que Ele deseja salvá-lo, pois você é um pecador, e Ele veio ao mundo para salvar pecadores (Lc 5.32; 1 Tm 1.15). Não fique de fora por sentir-se inútil. Quanto mais doente você estiver, mais necessitará de um médico. Você não ficaria longe de um médico, se estivesse muito doente. Não se preocupe com as palavras que você usará. Jesus o entende. E não se desespere ao parecer que você não obtém uma resposta imediata. Jesus está ouvindo. Continue orando, e a resposta virá. Se você deseja ser salvo, lembre-se do que eu lhe disse e aja de conformidade com isso; certamente você será salvo. 3. Finalmente, àquele que ora. Não permita que nada o desencoraje. Pode ser que, com freqüência, você sinta grande desencorajamento. Seu tempo de oração pode ser tempo de conflitos. Mas isto é bastante comum, pois o diabo odeia vê-lo em oração. Portanto, você deve continuar. Deixe-me, então, dar-lhe alguns fraternos conselhos a respeito de suas orações. Lembre-se de quão importante é a.reverência e z humildade na oração. Reflita sobre quem Deus é e quem é você. Lembre-se de sua necessidade de ajuda do Espírito Santo na oração; tenha cuidado para não deixar que a sua oração se torne uma mera formalidade. Lembre-se de quão importante é orar regularmente. Você deve considerar a oração como uma das atividades mais importantes de cada dia. O tempo para oração deve ser incluído em sua rotina diária. Lembre-se da importância de perseverar na oração. Você será freqüentemente tentado a negligenciar suas orações ou a encurtá- las bastante. Isto sempre procede do maligno, não importando quão plausíveis pareçam as razões para agir desta forma. Seja fervoroso na oração. É a oração fervorosa que muito pode por sua eficácia (Tg 5.16). Lembre-se da importância de orar com fé. Devemos crer que, se pedirmos de conformidade com a vontade de Deus, nossas orações serão respondidas (Mc 11.24). Você deve esperar respostas às suas orações. Considere a importância de ter ousadia em suas orações. Oração 39 Não me refiro a um tipo de familiaridade inconveniente, mas a argumentar com Deus baseado na Palavra e promessa dEle. Lembre-se da importância de pedir muito a Deus. Freqüentemente os crentes nada têm, porque não pedem (Tg 4.2). Seja específico na oração. Confesse seus pecados especificando-os; ore por suas fraquezas específicas e conte a Deus suas necessidades específicas. Lembre-se da importância de orar por outras pessoas. Cuidado para que suas orações não se tornem limitadas e centradas em você mesmo. Seja grato em oração. Temos muitos motivos para sermos agradecidos, e ouso dizer que uma oração não é verdadeira se não apresentar palavras de gratidão. Finalmente, deixe-me lembrá-lo da necessidade de ser vigilante em suas orações. Uma experiência cristã verdadeira começa com oração, floresce com oração e regride através da negligência à oração. A oração é um tipo de pulso espiritual — por ela você pode saber se está espiritualmente sadio. Esteja atento com relação à sua vida de oração, e me surpreenderei se algo for mal-sucedido em seu progresso espiritual. Leitura da Bíblia Desde a infância sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. 2 Timóteo 3.15 Errais, não conhecendo as Escrituras. Mateus 22.29 Depois da oração, a leitura da Bíblia é o mais importante dever cristão. A Bíblia é capaz de nos tornar sábios “para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2Tm3.15). Através de sua leitura podemos aprender em que devemos crer, o que devemos ser e fazer. Podemos aprender como viver com conforto espiritual e como morrer em paz espiritual. Feliz é o homem que não apenas lê a Bíblia, mas também a obedece, tornando-a sua regra de fé e prática! Permita- me dar-lhe oito razões claras que justificam por que todo aquele que se importa com sua salvação deve valorizar a Bíblia, estudá-la com regularidade e familiarizar-se plenamente com o que ela diz. 1. Não existe outro livro semelhante à Bíblia Em toda a existência humana, não há qualquer livro que tenha sido escrito à semelhança da Bíblia. Ela é completamente 42 FÉ GENUÍNA diferente de qualquer outro livro — foi inspirada por Deus (2 Tm 3.16). Deus ensinou aos escritores da Bíblia o que dizer, colocando pensamentos e idéias em suas mentes e guiando-os enquanto escreviam. Ao ler a Bíblia, você está lendo as próprias palavras de Deus. Do começo ao fim, a Bíblia é a Palavra de Deus, e somente ela é absolutamente perfeita. Não desperdiçarei tempo tentando provar a inspiração da Bíblia. Por si mesma, ela é sua melhor testemunha. É o milagre que mais prevalece no mundo, e nada além da inspiração divina pode ser responsável por isso. Sabemos que os diversos autores da Bíblia escreveram em estilos diferentes; Isaías escreveu de modo diferente ao de Jeremias, e Paulo utilizou uma maneira de escrever não semelhante à de João. Mas isto é apenas como um homem tocando diferentes instrumentos musicais; ele produzirá sons diferentes se estiver tocando uma flauta, ou uma gaita, ou um trompete, mas é o sopro dele que produz cada som. Da mesma forma, foi o próprio Deus quem inspirou cada um dos escritores humanos da Bíblia, de modo que cada capítulo, versículo e palavra das Escrituras vêm de Deus. Se as pessoas que estão perturbadas com questões a respeito da Bíblia ao menos a abrissem para lerem por si mesmas, incontáveis seriam os problemas e objeções que desapareceriam imediatamente! E quantas pessoas descobririam a Deus por si mesmas no livro de Deus! Portanto, quão importante é que você leia a Bíblia! 2. A Bíblia nos ensina tudo o que necessitamos saber para nossa salvação Tudo o que você precisa saber para ser salvo encontra-se na Bíblia. Vivemos em dias em que o conhecimento humano aumentou imensamente. A educação está mais difundida do que em qualquer outra época da história. Isto é bom, mas devemos lembrar que embora tenhamos a melhor educação possível, não seremos salvos do inferno se não conhecermos as verdades reveladas na Bíblia. Lembre-se: um homem pode ter um conhecimento surpreendente a respeito de todo tipo de assunto e não ser salvo. A morte põe fim a todas as realizações humanas. Por outro lado, um homem pode ser ignorante em muitos assuntos — até mesmo analfabeto — e, apesar disso, ser salvo. Se ouviu as grandes verdades da Bíblia e, em seu coração, confiou nelas sua alma será salva. Leitura da Bíblia 43 Conhecer as verdades bíblicas é mais importante do que qualquer outra esfera de conhecimento. 3. A Bíblia trata de assuntos de maior importância do que qualquer outro livro Nenhum outro livro contém assuntos de tão grande importância quanto a Bíblia. Ela nos revela o grande plano de Deus para a salvação e o modo pelo qual nossos pecados podem ser perdoados. Sem a Bíblia, nada saberíamos a respeito da vinda do Senhor Jesus ao mundo para salvar os pecadores, nada sobre a sua morte em nosso lugar — o Justo no lugar dos injustos; nada conheceríamos sobre a justificação de cada pecador que crê em Jesus e a disposição do Pai, do Filho e do Espírito Santo de salvar até mesmo o pior dos homens. É a Bíblia que nos fala da vida e do caráter do Senhor Jesus Cristo — o grande Mediador entre Deus e os homens. Quatro testemunhas diferentes registram