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LUCIENE PAVANELLO GONÇALVES CONDICIONAMENTO DE AR E SUA EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhembi Morumbi no âmbito do Curso de Engenharia Civil com ênfase Ambiental. SÃO PAULO 2005 LUCIENE PAVANELLO GONÇALVES CONDICIONAMENTO DE AR E SUA EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhembi Morumbi no âmbito do Curso de Engenharia Civil com ênfase Ambiental. Orientador: Prof. Dr. José Rodolfo Scarati Martins SÃO PAULO 2005 iii RESUMO O conceito da máquina base do ar condicionado pouco evoluiu desde a invenção, compreendendo compressor, condensador e evaporador. Com a crescente preocupação com o meio ambiente, faz-se necessário o desenvolvimento de técnicas menos agressivas e mais econômicas, para que haja otimização tanto de recursos naturais como financeiros. Visando deslumbrar as evoluções tecnológicas do sistema de condicionamento de ar, desde seus conceitos fundamentais (mecanismo de transferência de calor, convecção, evaporação e radiação) até sua eficiência energética e sistêmica, juntamente com seu progresso técnico. A constatação através de comparação de dois sistemas de condicionamento de ar, entre o sistema convencional e o sistema Forro (Teto) Radiante, mostrou que mesmo adotando soluções alternativas, a minimização dos impactos e redução de recursos naturais e financeiros foram obtidos com êxito. Palavras Chave: Ar Condicionado; Evolução Tecnológica iv ABSTRACT The concept of the conditional air machine was a little evolved since the invention, including compressing, condensing and evaporator. With an increasing concern about the environment, the development of less aggressive and more economic techniques becomes necessary, so that it has to optimise natural resources and financial. Aiming to regard the technological evolutions of conditioning air system, since it's basic concepts (mechanism of heat transference, convection, evaporation and radiation) until it's energy and efficiency, combined with its technical progress. The evidence through comparison of two conditioning air systems, the conventional system and the Lining (Ceiling) Radiating system, showed that even adopting alternative solutions, the decrease in impacts and reduction of natural and financial resources had been successfully achieved. Key Worlds: technological evolutions; conditioning air systems v LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 5.1: Transmissão por condução – Bryant (2001). ..........................................29 Figura 5.2: Transmissão por convecção – Bryant (2001). .........................................30 Figura 5.3: Transmissão por radiação – Bryant (2001). ............................................30 Figura 5.4: Ciclo de refrigeração por compressão de vapor – Bryant (2001). ...........31 Figura 5.5: Princípio geral (sistema de refrigeração por absorção) – Bryant (2001). 34 Figura 5.6: Comparação entre os ciclos – Bryant (2001). .........................................34 Figura 5.7: Processo de Compressão X Expansão de Gás – Alberico (2003). .........38 Figura 5.8: Diagrama de aparelho de janela – Bryant (2001)....................................39 Figura 5.9: Diagrama esquemático de um split – Bryant (2001)................................40 Figura 5.10: Sistema de Expansão Direta - tipo Self Contained – Alberico (2003). ..42 Figura 5.11: Central de Água Gelada – Alberico (2003)............................................43 Figura 5.12: Termoacumulação – Alberico (2003). ...................................................45 Figura 5.13: Fluxograma de Água Gelada – Bryant (2001). ......................................48 Figura 5.14: Compressor Alternativo – Bryant (2001). ..............................................52 Figura 5.15: Compressor parafuso – Bryant (2001). .................................................52 Figura 5.16: Compressor de palheta de duas palhetas – Bryant (2001). ..................53 Figura 5.17: Compressor scroll – Bryant (2001)........................................................53 Figura 5.18: Resfriador de líquido com compressor centrífugo – Bryant (2001). ......54 Figura 5.19: Esquema de condensadores – Bryant (2001). ......................................55 Figura 5.20: Tipos de evaporadores – Bryant (2001). ...............................................55 Figura 5.21: Dispositivos de expansão – Bryant (2001). ...........................................56 Figura 5.22: Consumo final de energia elétrica por setor – Bryant (2001). ...............64 Figura 5.23: Taxas de consumo elétrico no ano de 1988 – Bryant (2001). ..............65 Figura 5.24: Taxas de consumo elétrico (expansão direta) – Bryant (2001). ............66 Figura 5.25: Desempenho de diversos compressores – Bryant (2001).....................67 Figura 5.26: Operação de um Tanque de Termoacumulação – Bryant (2001). ........69 Figura 6.1: Consumo de energia para diferentes sistema de ar - Alberico (2005). ...82 Figura 6.2: Componentes do sistema - Alberico (2005). ..........................................83 Figura 6.3: Instalação do Sistema Forro (Teto) Radiante - Alberico (2005). .............84 Figura 6.4: Estratégias de controle - Alberico (2005). ...............................................85 vi Figura 6.5: Sistemas de controle - Alberico (2005). ..................................................86 Figura 6.6: Central Produtora de Frio - Alberico (2005). ...........................................88 Figura 6.7: Representação das salas - Alberico (2005). ...........................................88 Figura 6.8: Comparativo dos sistemas - Alberico (2005)...........................................89 Figura 6.9: Reaproveitamento da água de desumidificação - Alberico (2005). .........92 Figura 6.10: Elevação do pé direito - Alberico (2005). ..............................................93 Figura 6.11: Áreas destinadas à Casa de Máquinas - Alberico (2005). ....................94 Figura 6.12: Instalação dos fancoil´s sobre forro rebaixado - Alberico (2005). .........95 vii LISTA DE TABELAS Tabela 1.1: Distribuição das variáveis referentes ao desconforto ambiental.............15 Tabela 1.2: Cronologia da Idade Moderna. ...............................................................17 Tabela 1.3: Cronologia da refrigeração mecanizada.................................................18 Tabela 1.4: Cronologia do início do ar condicionado.................................................18 Tabela 1.5: Desenvolvimento dos Equipamentos de Refrigeração. ..........................19 Tabela 5.1: Possibilidades de aplicação dos diversos compressores. ......................45 Tabela 5.2: Determinação do protocolo de Montreal.................................................50 Tabela 5.3: Comparativo de aplicação dos diversos compressores..........................54 Tabela 5.4: Possibilidades de aplicação dos diversos compressores. ......................56 Tabela 5.5: Condições internas de conforto para residências e escritórios. .............58 Tabela 5.6: Sintomas de ocupantes de “Edifícios Doentes”. .....................................73 Tabela 5.7: Problemas correlacionados a Síndrome dos Edifícios Doentes. ............76 Tabela 6.1: Benefícios Anuais...................................................................................96 Tabela 6.2: Benefícios Imediatos..............................................................................97 viii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas CFC Clorofluorcarbonetos HCFC Hidroclorofluorcarbono HFC Hidro-flúor-carbono KW / TR Relação do consumo de energia com a produção de frio. Btu/hora Potência é medida pela unidade inglesa British Thermal Unit . ix SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................13 1.1 Conforto Térmico .......................................................................................................14 1.2 História e Objetivo da Indústria de Refrigeração ...................................................15 1.3 Cronologia – Início da Termodinâmica....................................................................16 1.3.1 Antigüidade ..........................................................................................................17 1.3.2 Idade Moderna......................................................................................................17 1.3.3 Início da refrigeração mecanizada........................................................................17 1.3.4 Início do ar condicionado .....................................................................................18 1.3.5 Desenvolvimentos dos Equipamentos ..................................................................19 1.3.6 Histórico dos Refrigerantes ..................................................................................19 1.4 O condicionamento de Ar ..........................................................................................21 2 OBJETIVOS.......................................................................................................23 2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................23 2.2 Objetivo Específico.....................................................................................................23 3 METODOLOGIA DO TRABALHO.....................................................................24 4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................25 5 CONDICIONAMENTO DO AR...........................................................................26 5.1 Conceitos Básicos........................................................................................................26 5.1.1 Calor .....................................................................................................................26 5.1.2 Conservação de Energia .......................................................................................27 5.1.3 Estados da Matéria ...............................................................................................27 5.1.4 Temperatura..........................................................................................................28 5.1.5 Direção e Regime de Transmissão de Calor.........................................................28 x 5.2 Métodos de Transmissão de Calor ............................................................................29 5.2.1 Condução..............................................................................................................29 5.2.2 Convecção ............................................................................................................29 5.2.3 Radiação ...............................................................................................................30 5.3 Sistemas de Refrigeração: Compressão de Vapor x Absorção...............................31 5.3.1 Sistema de Compressão de Vapor ........................................................................31 5.3.2 Sistema de Absorção ............................................................................................33 5.4 Unidades Condicionadoras de Ar .............................................................................35 5.5 Tipos de Condicionadores de Ar ...............................................................................37 5.5.1 Expansão Direta....................................................................................................37 5.5.2 Individual..............................................................................................................38 5.5.3 Split.......................................................................................................................39 5.5.4 As vantagens da utilização de Splits em ambientes pequenos..............................40 5.5.5 Package ................................................................................................................41 5.5.6 Expansão Indireta - (Água Gelada) ......................................................................43 5.5.7 Termoacumulação ................................................................................................44 5.5.8 Sistemas de Grande Porte .....................................................................................46 5.6 Calor sensível e calor latente ....................................................................................48 5.7 Fluido refrigerante .....................................................................................................49 5.8 Componentes do Sistema de refrigeração por Compressão à vapor .....................50 5.9 Carga Térmica ............................................................................................................57 5.10 Ganhos de calor através do “Envelope”...............................................................58 5.10.1 Ganhos por insolação nos vidros ..........................................................................58 5.10.2 Ganhos por transmissão em paredes externas e tetos ...........................................59 5.10.3 Ganhos diversos por transmissão de calor............................................................60 5.10.4 Fator de diversificação..........................................................................................61 5.11 Eficiência Energética..............................................................................................62 5.11.1 A energia no país ..................................................................................................62 xi 5.11.2 Impactos da Energia sobre o meio ambiente ........................................................62 5.11.3 Eficiência Energética e Progresso Técnico ..........................................................63 5.11.4 Principais Consumidores de energia.....................................................................63 5.11.5 O consumo de energia nos sistemas de ar condicionado......................................65 5.11.6 O Consumo de Energia nos Sistemas de Expansão Direta...................................66 5.11.7 O Consumo de energia nos Sistemas de Expansão Indireta.................................66 5.12 Alternativas para a Racionalização do Consumo de Energia ............................67 5.12.1 Termoacumulação de Água Gelada......................................................................68 5.12.2 Central de Água Gelada com Unidades de Absorção...........................................70 5.13 Qualidade do Ar Interior.......................................................................................71 6 ESTUDO DE CASO...........................................................................................77 6.1 Descrição da obra referente ao Estudo de Caso ......................................................77 6.2 Sistemade Forro (Teto) Radiante.............................................................................80 6.2.1 Diferentes aspectos do Forro (Teto) Radiante......................................................81 6.2.2 Sistema de Controle..............................................................................................84 6.3 Descrição dos conceitos utilizados e pontos relevantes entre os sistemas..............86 6.3.1 Sistema Convencional ..........................................................................................86 6.3.2 Sistema de Forro (teto) Radiante ..........................................................................87 6.4 Comparativo sistêmico...............................................................................................88 6.4.1 Reflexos Práticos ..................................................................................................89 6.5 Outras soluções por Radiação ...................................................................................90 6.5.1 Air Chilled Ceiling ...............................................................................................90 6.5.2 Vigas Radiantes ....................................................................................................91 6.6 Vantagens do Sistema Teto (Forro) Radiante na obra estudada ...........................91 6.6.1 Aproveitamento da água de desumidificação dos Fancoils. ................................91 6.6.2 Elevação do Pé Direito do Edifício. .....................................................................92 6.6.3 Redução na Altura Total do Edifício....................................................................93 6.6.4 Consumo de energia do sistema. ..........................................................................94 xii 6.6.5 Área disponibilizada em área útil. ........................................................................94 6.6.6 Redução do número de detectores de fumaça no Edifício....................................95 6.6.7 Apresentação dos benefícios em Reais.................................................................96 7 CONCLUSÕES..................................................................................................98 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................100 13 1 INTRODUÇÃO Atualmente, especialmente nas grandes cidades, não é possível imaginar as atividades do dia-a-dia sem ar condicionado. Em escritórios, janelas abertas deixarão entrar a poluição ambientais, e a poluição sonora, entre outras, elas por si só são criadoras de qualidade do ar inadequado. Quando se pensa em condicionar um ambiente, geralmente leva-se em consideração uma melhoria ou controle de um processo industrial ou a manutenção do conforto humano. Em um sistema industrial, as condições a serem mantidas são estabelecidas pela natureza do processo, do material ou dos equipamentos a se condicionar. Em um sistema para conforto, entretanto, as condições são determinadas pelos requisitos do corpo humano. Para realizar estas funções básicas o sistema de condicionamento de ar deve ter condições de controlar, no local condicionado, as propriedades e parâmetros relacionados ao ar, tais como temperatura, umidade, nível de ruído e qualidade do ar interior. Em função da variedade de parâmetros ambientais que devem ser satisfeitos, necessita-se de equipamentos condicionadores de diversos tipos e capacidades. Se uma potência imprópria for utilizada as condições ambientais podem não ser satisfeitas, durante algumas horas do dia. Além disso, caso seja escolhido um tipo errado de equipamento corre-se o risco de nunca se conseguir os valores de projeto. O fator economia também deve ser considerado, pois a seleção de um tipo errado e/ou potência imprópria do equipamento causará um consumo de energia e/ou água excessivo além de avaliar incorretamente o custo de aquisição. O bom dimensionamento é primordial para a redução do consumo de energia / água, para cálculo da carga térmica, para a especificação correta dos equipamentos, para cálculo correto da rede de distribuição de ar aumentando a eficiência do sistema. 14 1.1 Conforto Térmico O homem é um motor térmico, seu calor provém da queima dos alimentos nas células, entretanto, para manutenção do equilíbrio homeotérmico ele tem que jogar fora continuamente o calor, que é chamado de metabolismo, afirma Alberico (2003). Além do calor libera-se também umidade através da sudorese e da respiração. O conforto térmico é quando o organismo não sente dificuldade para eliminar o calor nestas condições o indivíduo não “sente” o meio e suas variáveis. As condições climáticas geralmente não interferem na temperatura limite interna do corpo humano que permanece constante, pois o homem é um ser homeotérmico e sua temperatura interna varia de 33º a 41º C. As alterações só irão ocorrer quando a temperatura do ambiente ultrapassa limites nos quais o organismo não consegue mais equilibrar a temperatura, quer seja baixa ou a alta temperatura. Quanto maior a atividade física, maior será o calor gerado por metabolismo. Por esse motivo, deve-se ter a preocupação de saber a função da arquitetura do ambiente a fim de prever o nível de atividade que será realizada em seu interior, para proporcionar a sensação de conforto às pessoas. Desta maneira pode-se verificar que a observação do conforto térmico dos ocupantes é de fundamental importância no projeto, e de forma a proporcionar aumento de produtividade das pessoas que ocupam o ambiente. Devido às diferenças de cada indivíduo, tais como a característica metabólica, a área superficial do corpo, quantidade de tecido adiposos (gordura), volume sangüíneo, além de outros tipos de variáveis tais como: vestimenta, tipo de atividade do indivíduo e outras, torna-se possível satisfazer toda a população de um local, em relação as condições térmicas ideais. Trabalhos apresentados por vários pesquisadores, relatam quantitativamente apresentados na Tabela 1.1. 15 Tabela 1.1: Distribuição das variáveis referentes ao desconforto ambiental. Variável Nível de observação Temperatura 15,8 % Nível de iluminação 11,0% Tabaco 9,80 % Ruído 8,70% Perturbações de ruído 8,50% Refração de luz 7,90% Odores 7,50% Umidade 7,10% Poeira 6,70% Sombra 5,10% Fonte: Alberico, 2003. Parece não haver nenhuma regra rígida que nos indique quais as melhores condições atmosféricas para o conforto de toda as pessoas, segundo Alberico (2003). O cliente que entra numa loja com ar condicionado vindo do calor forte da rua tem um bem-vindo sentido de alívio. O empregado ativo que tenha estado na loja durante várias horas poderá estar um pouco quente demais para sentir um conforto perfeito. As pessoas que dançam na pista de um restaurante sentem um certo calor enquanto os clientes sentados nas mesas estão confortáveis ou até com um pouco de frio. O conforto de um indivíduo é afetado por muitas variáveis. Saúde, idade, atividade, roupas, sexo, alimentação e aclimatação influem na determinação das “melhores condições de conforto” para uma pessoa especifica. O melhor que se pode fazer é selecionar essas condições sob as quais a maioria dos ocupantes de uma sala se sintam confortáveis. 1.2 História e Objetivo da Indústria de Refrigeração A primeira patente de uma máquina de refrigeração mecânica, segundo Alberico 16 (2003), foi inglesa e data de 1834. Seu princípio é semelhante ao dos sistemasde refrigeração mecânica atuais, e no seu texto de apresentação lê-se: “ um fluido volátil é usado para o propósito de produzir resfriamento ou congelamento de fluidos e ao mesmo tempo, condensar constantemente o fluido volátil repetindo a operação continuamente, sem perdas”. Na segunda metade do século XIX, os equipamentos de refrigeração mecânica utilizados eram volumosos, dispendiosos e não muito eficientes. Estes equipamentos eram também de natureza tal que requeriam a assistência permanente de um mecânico ou um engenheiro de operação. Isso limitava o uso da refrigeração a poucas aplicações de maior porte, tais como fábricas de gelo, indústrias de empacotamento de carne, grandes depósitos de armazenamento, etc. A partir de 1900, com a eletricidade chegando as residências e o desenvolvimento do motor elétrico, a refrigeração foi se tornando cada vez mais popular em todo o mundo e, no decorrer de apenas algumas décadas, tornou-se a indústria gigantesca e de rápida expansão que é atualmente. Este progresso explosivo esteve associado a outro fator: o desenvolvimento de processos seriados de fabricação industrial, que tornou possível produzir a custos competitivos, equipamentos cada vez mais eficientes. O aparecimento do motor elétrico e, posteriormente (na década de 30), o desenvolvimento de refrigerantes “seguros”, tornaram possível diminuir o tamanho das unidades de refrigeração, além de eliminar o risco de toxidade e/ ou explosão dos antigos refrigerantes. Estes fatores conduziram a larga expansão do uso de sistemas de refrigeração, atualmente tão usadas em aplicações tais como refrigeradores e congeladores domésticos, pequenos aparelhos de ar condicionado, instalações comerciais e industriais. 1.3 Cronologia – Início da Termodinâmica Alberico (2003), estudou a cronologia da termodinâmica desde a antigüidade, e 17 demonstrou a sua evolução, conforme segue. 1.3.1 Antigüidade Fogo – utilizado como proteção , iluminação e preparação dos alimentos. Romanos – utilizado na ventilação e aquecimento por painéis aquecidos. 1.3.2 Idade Moderna A Tabela 1.2 demonstra a evolução da cronologia ao longo da idade moderna. Tabela 1.2: Cronologia da Idade Moderna. Ano Acontecimento 1659 Robert Boyle – Lei dos gases perfeitos Século XV Leonardo da Vinci - inventou o ventilador Século XVIII As soluções aquosas já eram conhecidas 1748 William Cullen e Joseph Black descobriram o calor latente 1770 James Watt – Primeiro sistema de aquecimento a vapor 1775 William Cullen – Fabricou gelo de forma artificial por vácuo 1785 Benjamim Franklin – norma de construção, instalação e operação de locais para queima de combustível sólido 1800 Johns Dalton – A pressão total é o resultado da soma das pressões parciais Fonte: Alberico, 2003. 1.3.3 Início da refrigeração mecanizada A Tabela 1.3 demonstra o início da refrigeração mecanizada. 18 Tabela 1.3: Cronologia da refrigeração mecanizada. Ano Acontecimento 1851 John Gorrie – máquina de refrigeração para a produção de gelo a partir de um ciclo aberto de ar 1851 Ferdinand Carré – primeira unidade de absorção com amônia para a fabricação de gelo 1853 Alexandre Twinning - produziu 800 kg de gelo por dia em uma bomba de duplo efeito com Éter Sulfúrico como refrigerante 1872 David Boyle – desenvolveu uma máquina por ciclo de compressão e amônia como refrigerante 1880 A refrigeração era usada na conservação de alimentos e controlar a fermentação da cerveja e do vinho 1880 O resfriamento do ar era feito por cestas cheias de gelo Fonte: Alberico, 2003. 1.3.4 Início do ar condicionado A Tabela 1.4 demonstra o início do ar condicionado. Tabela 1.4: Cronologia do início do ar condicionado. Ano Acontecimento 1902 Willis Carrier – Desenvolveu as fórmulas para a seleção e aplicação de ventiladores usados em caldeiras 1902 Willis Carrier – O primeiro projeto de aquecimento, refrigeração, desumidificação e umidificação de uma gráfica. 1904 Willis Carrier – A construção de lavadores de ar para a partir do controle ponto de orvalho refrigerar e umidificar. 1911 Willis Carrier – apresentava: temperatura de bulbo seco, ponto de orvalho, e temperatura de bulbo úmido, calor latente e sensível. Fonte: Alberico, 2003. 19 1.3.5 Desenvolvimentos dos Equipamentos A Tabela 1.5 demonstra o desenvolvimento dos equipamentos de refrigeração. Tabela 1.5: Desenvolvimento dos Equipamentos de Refrigeração. Ano Acontecimento 1920 General Eletric – O primeiro refrigerador doméstico fabricado com sucesso. Usava como refrigerante o dióxido de enxofre. 1922 Willis Carrier – desenvolve o refrigerador de água com compressor centrífugo 1926 Sistema de aquecimento por circulação natural da água 1927 Sistema de aquecimento por circulação forçada da água 1929 A Frigidaire desenvolveu o primeiro equipamento de ar condicionado compacto 1930 Thomas Midgley – desenvolvimento das unidades de absorção com brometo de lítio 1931 Servel – Desenvolvimento das unidades de absorção com brometo de lítio 1931 Willis Carrier – Desenvolveu o sistema de ar condicionado para vagões ferroviários por ejetor de vapor 1935 Walter Jones – Introduziu os tubos aletados em trocadores casco e tubos Fonte: Alberico, 2003. 1.3.6 Histórico dos Refrigerantes Os refrigerantes são substituídos ao longo do tempo em função de estabilidade, compatibilidade com outros materiais, relação KW / TR e toxidade. As definições das unidades de medidas a seguir pode ser encontradas em diversas publicações, uma destas (Arcoweb, 2005) define que “KW / TR é a relação consumo 20 de energia e produção de frio. Btu / h significa unidade térmica britânica por hora. É a unidade mais utilizada no Brasil para se definir a capacidade térmica de um equipamento. 12.000 BTU/h = 1 TR. Watt (W) é potência desenvolvida quando se realiza contínua e uniformemente um trabalho igual a 1 joule em cada segundo. O quilograma força metro por segundo (kgf m/s) não é muito usado, mas define o cavalo vapor (cv), ou seja, 1 cv = 75 kgf m/s. Assim 1 cv = 735,55 W. O cavalo vapor é usado para indicar potência de motores mas deveria ser evitado. Melhor usar watt e seus múltiplos. O inglês horse power (HP) eqüivale a 745,7 W. Outro desvio ocorre na especificação de potência térmica para equipamentos de refrigeração e carga térmica. São comuns o Btu por hora (Btu/h = 0,293 W) e a tonelada de refrigeração (TR = 12000 Btu/h). Esta última eqüivale à potência térmica necessária para fundir uma tonelada de gelo em 24 horas (mas atenção: a tonelada se refere à tonelada curta de lá, equivalente a 2000 libras).” Século XIX até 1930 – Uso de refrigerantes inorgânicos: - R - 717 – amônia – NH3 em uso até hoje em dia - R –764 – dióxido de enxofre – SO2 - R – 30 – cloreto de metila De 1930 a 1991 – uso dos refrigerantes halogenados CFC e HCFC: - R – 11 – CFC – Triclorofluormetano – CCl3F - R – 12 – CFC - Diclorodifluormetano – CCl2F2 - R – 22 – HCFC – Monoclorodifluormetano – CHClF2 - R – 115 – CFC – Monocloropentafluoretano – CClF2CF3 - R – 502 – mistura azeotrópica – 48,8% R-22 + 51,2% R-115 De 1996 em diante – transição dos HCFC e uso dos HFC: - HCFC – Hidro-cloro-fluor-carbono - R – 22 – Monoclorodifluormetano – CHClF2 – uso até 2030 - R – 123 – Diclorotrifluoretano – CHCl2CF3 – uso até 2040 - HFC – Hidro-fluor-carbono - R – 32 – Difluormetano – CH2F2 - R – 125 – Pentaflouretano – CHF2CF3 - R – 134a – Tetrafluoretano – CH2FCF321 - R – 407c – mistura de 23% R-32 + 25% R-125 + 53% R-134 a - Inorgânicos - R – 117 – Amônia – NH3 - R – 600 a – Isobutano – Dimetilpropano – CH(CH3) 3 De 1930 a 1980 – controles eletromecânicos e pneumáticos: - É necessário acompanhamento humano - É necessário ajustes freqüentes - É difícil identificar as panes, quando, onde e como ocorreu - A partir de 1980: - controles eletrônicos e micro-processados - Auto-gerênciamento evitando a parada da unidade - Registro das panes com detalhes com detalhes - Monitoração remota 1.4 O condicionamento de Ar Como o nome sugere, o condicionamento de ar diz respeito ao tratamento do ar ambiental, controlando não só sua temperatura, mas também sua umidade, pureza e movimentação, relata Bryant (2001). As aplicações de condicionamento de ar são basicamente de dois tipos: industrial e de conforto humano, de acordo com seu principal objetivo. As instalações típicas de condicionamento de ar de conforto encontram-se em residências, escolas, escritórios, igrejas, hotéis, supermercados, edifícios, ônibus, etc. Nestes casos, em geral, dispensa-se o controle rígido da umidade relativa do ar, que tornaria o sistema mais caro e de custo operacional mais elevado, sem, entretanto comprometer o conforto, visto que o ser humano é relativamente tolerante as variações de umidade relativa, afirma Bryant (2001). É importante ressaltar que, embora, a umidade não seja especificamente controlada, o sistema de 22 condicionamento de ar é projetado visando manter uma faixa de operação que é a de maior aceitação da maioria dos usuários (ao redor de 50% de umidade relativa). 23 2 OBJETIVOS A seguir são descritos os principais objetivos a que este trabalho se propõem. 2.1 Objetivo Geral Este trabalho tem por objetivo geral relatar o funcionamento básico do sistema de condicionamento de ar, como ele surgiu e o porque da dependência do mesmo nos dias atuais. Enfocando no texto, os impactos ambientais causados pelo sistema. 2.2 Objetivo Específico Este trabalho tem por objetivo específico analisar a necessidade da utilização do condicionamento do ar em diversas áreas, mostrar alguns impactos causados pelos sistemas de condicionamento e como reduzi-los de maneira a ajudar o meio ambiente. Detalhando e comparando dois sistemas diferentes de condicionamento de ar. Apresentando uma proposta com uma evolução tecnológica, no qual se consegue mostrar uma economia monetária, soluções técnicas viáveis e um conceito menos impactante no meio ambiente, em relação ao sistema convencional. 24 3 METODOLOGIA DO TRABALHO O presente trabalho tem por finalidade a exploração de conceitos teóricos relacionados com a termodinâmica no sistema de condicionamento do ar, desde seu surgimento até nos dias atuais. Fez-se a coleta criteriosa das bibliografias que deram base ao estudo, aplicando rigorosamente seus conceitos, normas e procedimentos que regem a Associação Brasileira de Norma Técnica – ABNT. Após esta etapa, deu-se o início ao desenvolvimento do trabalho. 25 4 JUSTIFICATIVA Cada vez mais, a preocupação com o meio ambiente, faz-se presente nas nossas vidas e deveria ser uma constante nas soluções técnicas para a concepção dos projetos de engenharia. Quando se fala em meio ambiente, existem vários enfoques para medir a agressividade gerada perante à ele. Uma forma pouco discutida são os insumos empregados na fase de construção, mas sobretudo, aqueles consumidos durante à fase de utilização dos empreendimentos. Desta forma, para os prédios comerciais, objeto desse estudo, o sistema de condicionamento de ar é o principal consumidor individual, em edifícios de grande porte, de energia elétrica, correspondendo sozinho à algo em torno de 40% do consumo mensal de energia elétrica, bem como é também o maior consumidor de água, utilizada essa, nas torres de evaporação/resfriamento. Entretanto, as alternativas analisadas em um sistema de condicionamento de ar, possibilita que o edifício utilize de forma mais eficiente os recursos naturais, e consequentemente gere uma otimização no sistema, que levará a um projeto mais eficaz, buscando ser mais econômico e ecologicamente correto. 26 5 CONDICIONAMENTO DO AR A premissa do condicionamento do ar é considerar que só condicionam espaços fechados, segundo Alberico (2003), e é o controle simultâneo da Pureza, Umidade, Temperatura e Movimentação do Ar. Como fazer o controle da: - Pureza: Recirculando o ar contido no ambiente por Sistemas de Filtragem - Movimentação do Ar: Selecionando corretamente os equipamentos, dutos e dispositivos por onde circula o ar em função de limites de velocidade evitando ruído, sensação de arraste e sensação de ar parado. - Temperatura e Umidade: Estas variáveis se manifestam na forma de calor. - Temperatura: Calor Sensível – sol, lâmpadas, computadores, pessoas (parcial). - Umidade: Calor Latente – evaporação das pessoas, banho “maria”, café quente. 5.1 Conceitos Básicos Entende-se pelo condicionamento do ar transmissão de calor (de fora para dentro ou de dentro para fora dos ambientes fechados), afirma Alberico (2003). 5.1.1 Calor Segundo Alberico (2003), calor é uma forma de energia. Isto se mostra evidente pelo fato de que o calor pode ser convertido em qualquer outra das formas de energia e que outras formas de energia podem ser convertidas em calor. Termodinamicamente, o calor é definido como energia em trânsito de um corpo para outro como resultado de uma diferença de temperatura entre dois corpos. Toda outra transmissão de energia ocorre como trabalho. 27 5.1.2 Conservação de Energia Sempre que um objetivo forneça ou perca calor, outro objeto receberá o calor perdido. Não existe o fenômeno do calor deixar e desaparecer de um objetivo material, afirma Alberico (2003) em seu texto. Quando uma barra de ferro quente resfria ao ar, o ar à sua volta torna-se mais quente. Quando ar é resfriado por água fria circulando em um tubo, o calor perdido pelo ar reaparece na água de resfriamento com um aumento correspondente na temperatura da água. Desta forma, percebe-se que o calor não pode ser criado nem destruído. O calor nunca de perde. Sem exceção, o calor apenas pode se transferir de um objetivo para outro. Quando o ar é resfriado, uma certa quantidade de calor é transferida do ar para qualquer outra substancia a uma temperatura inferior. 5.1.3 Estados da Matéria A matéria pode existir em três diferentes fases ou estados de agregação: sólido, liquido ou gasoso (vapor). Por exemplo, a água é um líquido, porém esta substância pode existir como gelo, que é um sólido, ou como vapor, que é um estado gasoso. Muitos materiais sob condições de pressão e temperatura apropriadas podem existir em qualquer e todas as formas físicas da matéria, segundo Alberico (2003). Demonstrar-se-à que a quantidade de energia apresentada pelas moléculas de material, determina não somente a temperatura do material, determina não somente a temperatura do material como também qual dos três estados físicos apresentará em um momento particular. Em outras palavras, a dição ou remoção de calor pode produzir uma mudançano estado físico do material, como também uma mudança de sua temperatura. É evidente que o calor pode produzir uma mudança no estado físico de um material, devido ao fato de que muitos matérias como os metais, fundem quando submetidos 28 a forte aquecimento. Ainda segundo Alberico (2003), os fenômenos da fusão do gelo e da água fervente, são conhecidos por todos nós. Cada uma dessas mudanças de estado físico produz-se pela adição de calor. 5.1.4 Temperatura A temperatura é uma propriedade da matéria, continua Alberico (2003) e é uma medida do nível da intensidade calorífica de pressão térmica de um corpo. Uma elevada temperatura indica um alto nível de pressão térmica, e diz-se que o corpo está quente. Da mesma forma, uma baixa temperatura indica um baixo nível de pressão térmica e diz-se que o corpo está frio. Foi já determinado que a temperatura é uma função da energia cinética interna e, como tal, é um índice da velocidade média molecular. 5.1.5 Direção e Regime de Transmissão de Calor O calor passará de um corpo para outro quando e somente quando exista uma diferença de temperatura entre ambos os corpos, relata Bryant (2001). Quando um corpo está em equilíbrio térmico (i.e., à mesma temperatura) com o ambiente circulante, não haverá transferência de energia calorífica entre o corpo e o ambiente circudante. A transmissão de calor realiza-se sempre da região de maior temperatura para a região de menor temperatura (do corpo mais quente para o corpo mais frio) e nunca na direção oposta. Posto que o calor é energia e, consequentemente, não é destruído ou consumido em qualquer processo, a energia em forma de calor que deixa um corpo deverá passar e ser absorvida por outro corpo cuja temperatura seja menor que a do corpo que está cedendo a energia. A taxa ou regime de transmissão de calor é sempre proporcional à diferença de temperatura que causa a transmissão. 29 5.2 Métodos de Transmissão de Calor Segundo Bryant (2001), a transmissão do calor ocorre de três formas: por condução, por convecção e por radiação. 5.2.1 Condução A transmissão de calor por condução ocorre quando a energia se transmite por contato direto entre as moléculas de um corpo ou mais, em perfeito contato térmico. Em qualquer caso, as moléculas aquecidas comunicam sua energia às outras que se encontram imediatamente adjacentes, conforme Figura 5.1. A transmissão de energia por condução, é similar as bolas de mesa de bilhar, onde toda ou parte da energia de movimento de uma bola, é transmitida no momento do impacto às outras bolas. Contato entre Corpo Quente e Corpo Frio Figura 5.1: Transmissão por condução – Bryant (2001). 5.2.2 Convecção A transmissão por convecção ocorre quando há fluxo de calor de um lugar para outro devido a correntes que se estabelecem no interior de um fluido, conforme 30 Figura 5.2. Estas correntes são conhecidas como corrente de convecção resultantes da modificação da densidade produzida pela expansão da porção aquecida do fluido. Movimentação de Gases a diferentes temperaturas. No caso o Fluido é Ar. Figura 5.2: Transmissão por convecção – Bryant (2001). 5.2.3 Radiação A transmissão de calor por radiação apresenta-se na forma de um movimento de onda similar às ondas de luz, onde a energia é transmitida de um corpo para outro sem necessidade de intervenção da matéria, conforme Figura 5.3. A energia calorífica transmitida por movimento ondulatório denomina-se de energia radiante. Propagação de Ondas eletromagnéticas em Linha Reta (do corpo quente para o corpo frio) Figura 5.3: Transmissão por radiação – Bryant (2001). 31 5.3 Sistemas de Refrigeração: Compressão de Vapor x Absorção Para entender apropriadamente o ciclo de refrigeração, é necessária a compreensão de cada processo no ciclo, segundo Bryant (2001), e sua influência no mesmo. Qualquer mudança em qualquer um dos processos do ciclo, provocará mudanças em todos os demais processos. Apresentam-se a seguir as etapas dos ciclos de refrigeração. 5.3.1 Sistema de Compressão de Vapor O sistema de refrigeração por compressão de vapor é o mais utilizado dos sistemas de refrigeração, afirma Bryant (2001). É constituido basicamente por um compressor, um condensador, um dispositivo de expansão e um evaporador, todos interligados, através dos quais circula um fluido de trabalho, conforme demosntrado na Figura 5.4. Figura 5.4: Ciclo de refrigeração por compressão de vapor – Bryant (2001). CONDENSADOR EVAPORADOR COMPRESSORVÁLVULA DE EXPANSÃO Processo 1-2Processo 4-1Processo 3-4 Processo 2-3 32 O fluido de trabalho é um material que se transforma facilmente de gás para líquido e vice-versa, sob um grande intervalo de pressão e temperatura. A definição de fluido de trabalho pode ser encontrada em diversas publicações, uma delas (Arcoweb, 2005) define que “o fluido de trabalho se move através do ar condicionado em três componentes principais, o compressor, o condensador, e o evaporador em um ciclo contínuo. Por serem dotados de propriedades termodinâmicas que os tornam adequados à uti- lização em sistemas de refrigeração, tais fluidos são frequentemente denominados de fluidos refrigerantes. O processo 1-2 corresponde à compressão do fluido de trabalho. Em um processo ideal de compressão, não existe troca de calor com o meio (compressão adiabática), nem irreversibilidades (atrito viscoso, atrito entre as partes sólidas móveis, etc.), e o fluido descreve um processo que segue uma linha de entropia específica constante. No compressor, o refrigerante sofre um aumento de temperatura e pressão através da linha de descarga, sendo lançado no condensador. No condensador, processo 2-3, o fluido refrigerante entra superaquecido e sai no estado de líquido saturado ou subresfriado. O calor latente de condensação do refrigerante é transferido através das paredes do condensador para um meio externo, podendo o fluido que recebe o calor rejeitado ser ar (sistemas de refrigeração com condensação a ar) ou água (sistemas de refrigeração com condensação a água). Em certos casos, o refrigerante líquido é armazenado no fundo do condensador, o qual passa a funcionar também como receptor, enquanto que em outros casos existe um tanque em separado para armazenar o refrigerante. No processo 3-4 é feita a expansão do fluido (processo de diminuição de pressão). O refrigerante escoa através da linha de líquido, atravessa um filtro e passa pelo dispositivo de expansão. Estando o refrigerante líquido à montante do dispositivo (usualmente uma válvula) geralmente na condição de saturação (ou ligeiramente subresfriado), a perda de pressão causa a evaporação de parte da massa líquida, de modo a ajustar seu volume específico às novas condições de pressão e 33 temperatura. A evaporação de parte da massa líquida tem como única fonte de energia para a mudança de fase o calor proveniente do próprio fluxo, havendo então uma transferência adiabática (e isentálpica) na mistura bifásica (líquido e vapor). Ao entrar no evaporador (processo 4-1), o fluido refrigerante retira calor do meio refrigerado e se evapora, podendo estar levemente superaquecido à saída doequipamento (como segurança, para evitar a entrada de líquido no compressor). O meio resfriado pode ser ar (caso, por exemplo, de câmaras de refrigeração, condicionadores de ar domésticos, etc.) ou líquido (no caso de chillers, realiza-se o resfriamento intermediário do líquido, o qual será utilizado como meio de resfriamento final). A sucção do compressor extrai o vapor proveniente do evaporador através da linha de sucção (geralmente isolada termicamente), completando o ciclo. 5.3.2 Sistema de Absorção Nos sistemas de refrigeração por absorção, ocorre a transferência de calor da região de baixa temperatura para a região de alta temperatura através de processos de absorção e dessorção do fluido refrigerante na fase vapor e de uma solução líquida (que é normalmente uma mistura binária composta pelo refrigerante, água ou amônia, e uma outra substância, por exemplo, um sal como o brometo de lítio). Durante o processo de absorção há transferência de calor para o meio ambiente e durante o processo de dessorção há fornecimento de calor para o ciclo (no gerador) a partir de uma fonte de calor a alta temperatura, segundo Bryant (2001). Os processos que compõem um ciclo de absorção estão indicados na Figura 5.5. 34 Figura 5.5: Princípio geral (sistema de refrigeração por absorção) – Bryant (2001). Estes processos são caracterizados por trocas de calor (vaporização e condensação) e por trocas simultâneas de calor e massa (dessorção e absorção). São eles: vaporização do refrigerante no evaporador; absorção do refrigerante pela solução no absorvedor; separação (dessorção) do refrigerante no gerador; condensação do refrigerante no condensador; redução de pressão entre as pressões do condensador e evaporador; bombeamento da solução entre o absorvedor e gerador. Na Figura 5.6, o lado direito representa o ciclo de compressão e o lado esquerdo o ciclo de absorção, sendo que o evaporador e o condensador são comuns para os dois ciclos. Figura 5.6: Comparação entre os ciclos – Bryant (2001). CONDENSADOR EVAPORADOR GERADOR ABSORVEDOR ÁGUA GELADA ÁGUA DE CONDENSAÇÃO CALOR BOMBA DE SOLUÇÃO Wb W Compressor Bomba de so lução Gerador Absorvedor Válvula de Expansão Evaporador Condensador Válvula de Expansão Qge Qab Qev Qcd Ciclo de Absorção Ciclo de Compressão 35 Entretanto, a função executada pelo compressor no ciclo de compressão, isto é, o aumento dos níveis de pressão e temperatura do estado de saída do evaporador até o estado de entrada no condensador, é realizada no ciclo de absorção pelo conjunto absorvedor-gerador, que são os equipamentos onde ocorrem os processos de separação e mistura dos componentes da mistura binária empregada no sistema. Estes processos são desencadeados pelas transferências de calor existentes no gerador e absorvedor. Durante o processo de absorção há transferência de calor para o meio ambiente e durante o processo de dessorção há fornecimento de calor para o ciclo (no gerador) a partir de uma fonte de calor a alta temperatura. O ciclo de absorção é composto pelos processos descritos a seguir, sendo dois deles caracterizados por trocas de calor (vaporização e condensação) e dois outros caracterizados por trocas simultâneas de calor e massa (dessorção e absorção). São eles: vaporização do refrigerante no evaporador; absorção do refrigerante pela solução no absorvedor; separação (dessorção) do refrigerante no gerador; condensação do refrigerante no condensador; redução de pressão entre as pressões do condensador e evaporador; bombeamento da solução entre o absorvedor e gerador. 5.4 Unidades Condicionadoras de Ar O condicionador de ar é um aparelho que tem como objetivo tratar do ar de um ambiente, proporcionando condições de temperatura e umidade ideais para o ser humano, segundo Alberico (2003). Projetado para proporcionar conforto térmico a um ambiente fechado e para ser instalado em janelas, paredes, casas de máquinas, etc., compõe-se de um sistema de refrigeração e desumidificação com circulação e filtragem do ar, podendo, ainda, Incluir renovação do ar e aquecimento. 36 Todo ambiente que tem seu ar controlado, com temperaturas de acordo com as temperaturas de conforto térmico percebidas pelo corpo humano, proporcionando conforto ao usuário, gerando maior produtividade, saúde e principalmente bem-estar. As unidades condicionadoras de ar podem ser de expansão direta ou expansão indireta. Expansão direta é um sistema onde o fluido refrigerante troca calor diretamente com o ar insuflado no ambiente. Expansão indireta é um sistema onde um fluido intermediário realiza a troca térmica entre o fluido refrigerante e o ar tratado. Como exemplo de condicionadores de ar de expansão direta, pode-se citar os aparelhos de janela, os splits1, as unidades tipo package e os rooftops. No caso de expansão indireta, utilizam-se unidades resfriadoras de líquidos e condicionadores de ar tipo fancoil. O ar introduzido num espaço condicionado deverá ser distribuído de tal modo que, dentro da zona ocupada (nível de 1,80 metros acima do assoalho), não haja bruscas variações de temperatura e que a quantidade de ar seja fornecida às diferentes seções do ambiente, sem correntezas de ar. Uma correnteza de ar pode-se definir, como uma corrente de ar sensível, afirma Alberico (2003). As correntezas de ar são reprováveis, segundo Alberico (2003). Deverá, contudo, existir uma movimentação de ar pois se não houver, os ocupantes sentir-se-ão desconfortáveis. O calor e a umidade devem ser retirados do corpo à medida que são liberados ou então cada ocupante será envolvido por uma camada parada de ar quente e úmido. O tipo de ocupação, a disposição física da sala, o nível aceitável de ruído e o grau de atividade dos ocupantes influencia a velocidade permissível do ar num espaço condicionado. Geralmente uma velocidade de 0,08 a 0,13 m/s a 0,33 m/s constitui uma correnteza de ar para a maioria das pessoas. Para resfriar um espaço com ar condicionado, o ar insuflado é normalmente introduzido na sala entre 6 e 17 graus abaixo da temperatura do ar requerida para a 1 Condicionador de Ar, descrito no item 5.5.3. 37 sala e uma velocidade consideravelmente superior a 0,08 m/s. Suponhamos que a sala é para ser mantida a 26º C e o insuflamento de ar condicionado se processa a 15ºC e 2,5 m/s. Um bom sistema de distribuição de ar para esta deverá fazer o seguinte: - Misturar ar da sala com ar frio insuflado de modo a que ao atingir a zona ocupada, a corrente de ar esteja suficientemente quente para não incomodar. - Reduzir a velocidade do ar antes de atingir a zona ocupada para evitar correntezas desagradáveis. - Produzir uma movimentação de ar uniforme na totalidade da zona ocupada. - Manter o ruído do ar nas bocas de insuflamento e nas grelhas de retorno abaixo do nível incômodo. 5.5 Tipos de Condicionadores de Ar Os tipos de condicionadores de ar podem ser de Expansão Direta ou Indireta, todos apresentam um sistema de Transmissão de calor em comum, como se verá adiante, afirma Alberico (2003). 5.5.1 Expansão Direta Estes apresentam o sistema comum a todos e o processo de Compressão x Expansão de Gás associados ao fenômeno exotérmico e endotérmico. A Figura5.7 apresenta o processo de Compressão xExpansão de Gás. 38 Figura 5.7: Processo de Compressão X Expansão de Gás – Alberico (2003). A transmissão de calor deve-se ao calor do ambiente que foi removido através do fluido, que ao mudar de estado, expulsa o calor para o exterior. 5.5.2 Individual O condicionador de ar individual incorpora a unidade evaporadora e a unidade condensadora em único gabinete. A unidade evaporadora é aquela em há a sucção do ar quente do ambiente e a devolução do ar refrigerado no caso do modo de resfriamento. A unidade condensadora, onde se localiza o compressor, é responsável pela eliminação do ar quente para fora da residência (para o meio externo), conforme Figura 5.8. (endotérmico) e se Reservatório Compressor 39 Figura 5.8: Diagrama de aparelho de janela – Bryant (2001). A versão a frio, é adequada àqueles que vivem em cidades com altas temperaturas mas com um inverno ameno. Ela permite ventilar ou refrigerar o ambiente. A versão quente/frio é ideal para pessoas que além de desejar um bom ar refrigerado também necessitam de aquecimento nos períodos de frio. Esta versão possibilita ventilar, refrigerar e também aquecer o ambiente, segundo Bryant (2001). 5.5.3 Split O split é um conceito em equipamento de condicionamento de ar, extremamente versátil, projetado para condicionar pequenos, médios e grandes ambientes com grande eficiência e baixo consumo de energia. A principal característica desse sistema é a instalação das partes ruidosas do equipamento em áreas externas, deixando apenas a unidade evaporadora no interior dos ambientes, instalada no forro ou em paredes. Segundo Bryant (2001), outras vantagens estão na possibilidade de controle individual e nos compressores de alta eficiência. O condicionador de ar split interliga a unidade evaporadora e a unidade condensadora através da linha frigorígena (utilização de tubos de cobre). A unidade evaporadora realiza a sucção do ar quente do ambiente e a devolução do ar refrigerado – no caso do modo de resfriamento, é a unidade interna, aquela que fica no interior da sala. 40 A unidade condensadora, aquela instalada fora do seu ambiente interno, succiona o ar externo e devolve mais quente. A unidade condensadora, por possuir o compressor em seu interior, ao ser instalado fora, levará o ruído para longe. Assim, o split é ideal para aqueles que desejam um condicionador de ar silencioso. A Figura 5.9, mostra o diagrama esquemático de um split. Figura 5.9: Diagrama esquemático de um split – Bryant (2001). 5.5.4 As vantagens da utilização de Splits em ambientes pequenos Com capacidades variando entre 9.000 Btu/h a 60.000 Btu/h, os aparelhos split possuem controle remoto total de funcionamento e temperatura. A instalação é simples, desde que observadas as exigências técnicas do equipamento, afirma Bryant (2001). Além disso, permite muitas opções na escolha de seu posicionamento, uma vez que suas unidades são independentes. A evaporadora é instalada no próprio ambiente e a condensadora (unidade mais ruidosa) na parte externa, possibilitando um funcionamento silencioso dentro do ambiente que está sendo climatizado. A unidade externa (condensadora) se interliga à unidade interna (evaporadora), continua Bryant (2001), através de tubulações de cobre, onde circula um tipo de gás, 41 conhecido como gás refrigerante, o qual promove o ciclo de refrigeração ou aquecimento. Na função de refrigeração, a evaporadora produz água, sendo necessária a colocação de ponto de drenagem. Na função de aquecimento, a água é produzida pela condensadora. A linha split traz muitas vantagens para os projetos, flexibilizando a escolha da localização da unidade evaporadora, permitindo um aproveitamento melhor dos espaços. O ideal é que a opção por utilizar split seja considerada na fase de projeto, pois pode-se prever soluções mais eficientes para a saída de dreno e tubulação de gás. Como exemplo das novas soluções possíveis com o split, podemos citar os projetos de edifícios residenciais, que, atualmente, têm cômodos com dimensões reduzidas e com previsão de colocação de aparelhos condicionadores de ar embaixo da esquadria, o que limita muito a organização do espaço interno. Com a previsão para split, é possível uma alternativa versátil para a instalação da unidade interna em outra posição, permanecendo a condensadora no local destinado ao aparelho de parede, permitindo assim maior liberdade para a decoração e otimização do espaço. Muitas vezes, a escolha do aparelho terá como um dos fatores determinantes o local possível para sua instalação. Portanto, uma criteriosa análise inicial do projeto será fundamental para a correta determinação do local destinado à instalação do condicionador de ar. 5.5.5 Package Os condicionadores de ar tipo Package têm como característica básica a operação de todos os componentes do ciclo de refrigeração dentro de um único gabinete, segundo Bryant (2001). Como exemplos, tem-se as unidades condicionadoras de ar tipo Self Contained (ar ou água) e unidades tipo Rooftop. Self Contained são aqueles condicionadores de ar compactos ou divididos que encerram em seus gabinetes todos os componentes necessários para efetuar o tratamento do ar, tais 42 como: filtragem, refrigeração, umidificação, aquecimento, desumidificação, movimentação do ar. Possuem ainda sistemas de comando, controles e segurança. Praticamente são condicionadores que para operar necessitam somente esperas de força (energia elétrica) e de drenagem. Suas potências normalmente situam-se na faixa de 3TR a 30TR, podendo tanto ser instalados com insuflamento com ‘Plenum’ ou como condicionadores Centrais, geralmente distribuindo o ar tratado através de redes de dutos. Os Rooftops são também enquadrados nesta categoria, continua Bryant (2001), a grande maioria das unidades Self Contained são construídos com sistemas de refrigeração por compressão e expansão de fluido refrigerante, conforme figura 5.10, e consomem grandes quantidades de energia elétrica. Existem, porém, unidades de médio e grande porte cujo método de captação de calor é a absorção , com brometo de lítio , que consomem gás natural, e a parcela de energia elétrica é ínfima. Figura 5.10: Sistema de Expansão Direta - tipo Self Contained – Alberico (2003). 43 As unidades tipo Package são de expansão direta e são usualmente encontradas em instalações de médio porte. O ponto em comum com os sistemas de expansão direta que é a central de produção de frio. Estas unidades tem larga aplicação onde o horário de ponta é definido com longa duração durante o dia (na Califórnia , onde há aplicação de Rooftops em Shopping Centers, são 8 horas por dia. Aqui no Brasil são de 3 horas). 5.5.6 Expansão Indireta - (Água Gelada) Nos sistemas de expansão indireta faz-se necessária a instalação de uma Central de água Gelada, afirma Alberico (2003), conforme mostra a Figura 5.11, com resfriadores de líquidos que são responsáveis pelo fornecimento de água gelada para as unidade condicionadoras de ar tipo fancoil presentes em cada ambiente a ser condicionado. Cada ambiente condicionado possuirá, de acordo com sua área, um ou mais sensores de temperatura que transmitem um sinal elétrico para o atuador da válvula instalada na tubulação de retorno da unidade condicionadora de ar. Figura 5.11:Central de Água Gelada – Alberico (2003). 44 Os sistemas de expansão indireta são geralmente encontrados em instalações de grande porte, tais como shoppings, prédios comerciais e residenciais. Este sistema geralmente é o mais energicamente eficiente. Sua produção de frio é separada da distribuição de frio, interligada por linha de Água Gelada. São caracterizados pelo uso de FANCOILS (pequeno porte, no Brasil diz-se Fancoletes) ou AIR HANDLING UNITS (grande porte). O Fancoil, é o componente do sistema provido de serpentina e ventilador, continua Alberico (2003), o ventilador força o ar a passar através da serpentina, momento em que acontece o processo de refrigeração do ar. Da serpentina, o ar é encaminhado aos ambientes através das redes de dutos, sendo difundido através de difusores e grelhas. 5.5.7 Termoacumulação É um sub-sistemas que pode ser agregado à Central de Produção de Frio objetivando benefícios nos gastos operacionais. Pode ser a “Água” ou a “Gelo” constituídos por grandes tanques de armazenamento de gelo ou água que funcionam como garrafa térmica. No Brasil temos a seguinte política tarifária, para consumidores “não-residenciais”, relata Alberico (2003): - Energia Elétrica: Horário de Ponta – 17:30 as 20:30 tarifas de demanda e consumo mais caras. - Água: Tarifa de valor constante ao longo do dia é cobrado valor de “água” e de “esgoto”. - Funcionamento da Termoacumulação: A Figura 5.12, demonstra como a termoacumulação funciona. 45 Figura 5.12: Termoacumulação – Alberico (2003). A finalidade do sistema de acúmulo de frio é permitir o desligamento do maior número de consumidores elétricos no horário mais caro, sem que o benefício seja interrompido. Segundo Alberico (2003), isto é possível e esta demonstrado na Tabela 5.1 tomando como exemplo um shopping cujo funcionamento vai das 10:00 as 24:00 horas. Tabela 5.1: Possibilidades de aplicação dos diversos compressores. 24:00 – 10:00 h 10:00 – 17:30 h 17:30 – 20:30 h 20:30 – 24:00 h Torre Operando Operando Parada Operando Bomba de condensação Operando Operando Parada Operando Resfriador Operando produzindo gelo Operando Sol. Normal (B) Parado (D) Operando Sol. Normal (B) Bomba primária Operando Operando Operando Operando Válvula X Port. 1 fechado 2 e 3 abertos Modulando (C) Port. 1 fechado 2 e 3 abertos Modulando (C) Válvula Y Port. 3 fechado 1 e 2 abertos 1 e 3 abertos 2 fechada 2 fechada 1 e 3 aberta 1 e 3 abertas e 2 fechadas Tanque de gelo Carregando Descarregando Descarregando Descarregando Trocador de calor Sem carga Com carga Com carga Com carga Bomba secundária Parada Operando Operando Operando Fan Coil Parada Operando Operando Operando (A) Tem um duplo Set Point e quando produz gelo descarrega solução de etileno glicol a 5ºC (B) Set Point para +5ºC (C) Acionada por sensor de Temp. na linha de água gelada (D) Permite fluxo de solução Fonte: Alberico, 2003. 46 5.5.8 Sistemas de Grande Porte Os resfriadores de líquido são habitualmente utilizados em instalações de grande capacidade, segundo Bryant (2001), onde diversas vantagens podem ser obtidas, tais como a redução de custos e facilidade de operação, o custo operacional KW / TR (KW / TR é a relação consumo de energia e produção de frio) mais baixo, baixo espectro e emissão sonora, controle eletrônico, compressores múltiplos (boa eficiência energética em carga parcial). Uma central de água gelada com resfriadores de líquidos é responsável pelo fornecimento de água gelada para as unidades condicionadoras de ar tipo fancoil presentes em cada ambiente a ser condicionado. Cada ambiente condicionado possuirá, de acordo com sua área, um ou mais sensores de temperatura que transmitem um sinal elétrico para o atuador da válvula de duas vias (anel hidráulico primário e secundário) ou válvulas de três vias (anel hidráulico primário), que é instalada na tubulação de retorno da unidade condicionadora de ar. De acordo com a carga térmica requerida em um determinado horário, a unidade condicionadora de ar precisará de quantidade variável de água gelada para “combater” a carga térmica, continua Bryant (2001), necessitando assim da válvula para controlar o fluxo de água gelada que circula pela serpentina e conseqüente modulação da carga térmica. Com todos os “fancoils” operando desta forma, concluí-se que a vazão de água gelada será proporcional a intensidade de carga térmica. Contudo, sabe-se também que os resfriadores de líquidos necessitam de vazão constante no evaporador, para que tenham um funcionamento perfeito. Sendo assim, os sistemas podem operar com um (circuito primário) ou dois circuitos hidráulicos (circuito primário e secundário) no sistema de água gelada, o circuito primário de água gelada geralmente encontra-se nos limites de central de água gelada, tendo como característica uma vazão constante de para cada unidade 47 resfriadora de líquido e a presença de uma bomba de água gelada denominada primária, intertravada eletricamente com cada unidade, assegurando assim não somente a vazão constante requerida, mas também a operacionalidade do sistema, uma vez que a quantidade de unidades em funcionamento varia de acordo com a carga térmica existente no horário em estudo. Este sistema é em geral utilizado em instalações de pequeno porte. Para cálculo da vazão máxima do circuito secundário é considerada a carga térmica máxima. O circuito possuirá uma bomba de água gelada denominada secundária, capaz de atender a essas condições, operando com um variador de freqüência, responsável pelo controle de vazão da mesma. Na medida em que a carga térmica requerida pelo ambiente varia, ocorre, por parte da válvula de duas vias, a regulagem da vazão de água gelada na unidade condicionadora de ar (o atuador envia sinal para que a válvula que abre ou feche), fazendo com que a pressão na tubulação do sistema aumente ou diminua. Um sensor de pressão localizado na descarga da bomba de água gelada secundária verifica a pressão no sistema, fazendo com que o variador de freqüência altere a rotação da bomba, regulando a vazão no circuito secundário de água gelada. Para questões de segurança e manutenção, relata Bryant (2001), cada circuito (primário e secundário) usualmente terá uma bomba reserva com as mesmas características das demais. Um fato a ser ressaltado é o funcionamento em conjunto desses dois circuitos, que possuirá uma tubulação de “by-pass” interligando a sucção das bombas primárias à sucção das bombas secundárias. Como o circuito de água gelada primário exige vazão constante e o circuito secundário varia sua vazão, esta tubulação de “by-pass” funcionará como meio de equilíbrio no sistema. A Figura 5.13 ilustra o processo. 48 Fancoil Gelada Secundária Bombas de Água Circuito Primário de Água Gelada de Água Gelada Circuito Secundário By-pass Bombas de Água Gelada Primária Unidade Resfriadora de Líquido de Líquido Unidade Resfriadora de Água Gelada Circuito Secundário de Água Gelada Circuito Primário Figura 5.13: Fluxograma de Água Gelada – Bryant (2001). A implantação do bombeamento em anéis primário e secundário pode beneficiar-se da redução de vazão de água no anel secundário (que varia de acordo com a carga térmica), reduzindo, deste modo, o consumo de energia elétrica. 5.6 Calor sensível e calor latente O calor transferido para ou desde uma substância pode produziruma mudança na fase de substância ou uma mudança na temperatura da mesma. O calor absorvido ou cedido por um material causa ou acompanha uma mudança na temperatura deste, o calor transmitido é denominado de calor sensível, enquanto que a energia que causa ou acompanha uma mudança de fase é conhecida como calor latente. Ao avançarem na escala de temperaturas, muitos materiais sofrerão duas mudanças no seu estado de agregação. Primeiramente eles passam do estado sólido para o 49 estado líquido, e depois, ao aumentar ainda mais a temperatura do líquido acima de um ponto a partir do qual não pode existir nesta condição, mudará este para o estado de vapor. Quando a mudança ocorre entre as fases de sólida e líquido em qualquer direção, o calor latente que intervém é denominado de calor de fusão. Quando a mudança ocorre entre as fases de líquido e vapor, qualquer que seja a direção da mudança, o calor latente envolvido nesta é denominado de calor latente de vaporização. Suponhamos que se pretende aquecer água em uma chaleira aberta colocada sobre uma chama de gás. À medida que se aplica o calor, a temperatura da água sobe. Um termômetro na água indicará uma elevação regular da temperatura até a água começar a ferver. Neste ponto a temperatura parará de subir e permanecerá estacionária enquanto a água estiver fervendo. Levantando a chama não se alterará a leitura da temperatura; continuará estacionária. A água ferverá mais depressa, mas não ficará mais quente. 5.7 Fluido refrigerante Quando o refrigerante circula através do sistema, atua como agente transportador de energia térmica para um corpo ou substância passando um certo número de transformações de estado e/ou condição, sendo cada uma delas chamada de processo. O refrigerante começa em algum estado ou condição inicial, passa por uma série de processos numa dada seqüência, e volta à condição inicial. Esta série de processos é chamada de ciclo, relata Bryant (2001). Existe uma grande diversidade de fluidos de trabalho (refrigerantes) utilizados nos sistemas frigoríficos baseados na compressão de vapor. A amônia e o dióxido de enxofre foram importantes no início da implantação das máquinas frigoríficas, mas essas duas substâncias são tóxicas e, portanto, perigosas. Atualmente, os refrigerantes mais utilizados são genericamente conhecidos como clorofluorcabonos ou CFC´s, sendo quimicamente estáveis a temperatura ambiente. Esta estabilidade 50 é necessária para que a substância seja um fluido de trabalho adequado, mas pode provocar efeitos devastadores no meio ambiente se o gás escapar para a atmosfera. Ainda segundo Bryant (2001), devido a estabilidade, o gás gasta muitos anos difundindo-se na atmosfera até atingir o ponto onde a molécula é dissociada, liberando o cloro, que por sua vez destrói a camada de ozônio presente na estratosfera. Por esse motivo é de importância fundamental que ocorra todo um processo de transformação na indústria de refrigeração, de modo a eliminar completamente a utilização dos refrigerantes nocivos ao meio ambiente e implantar um substituto adequado, conforme estabelecido no Protocolo de Montreal (ver Tabela 5.2). Tabela 5.2: Determinação do protocolo de Montreal. Datas estipuladas para eliminação (plase-out) dos CFC´s e HCFC´s Países Desenvolvidos Países Subdesenvolvidos CHC´s 01/01/1996 01/01/2006 HCFC´s 01/01/2020 01/01/2040 Fonte: Bryant, 2001. O ciclo típico de absorção utiliza a água como refrigerante e brometo de lítio (LiBr) como absorvente. O uso de água com ponto de fusão de 0ºC, como refrigerante, limita a temperatura que pode ser transmitida pelo absorvedor em uma temperatura maior que 0ºC. Quando temperaturas inferiores são requeridas, o mesmo ciclo de absorção pode ser usado, mas com amônia como refrigerante e água como absorvente. 5.8 Componentes do Sistema de refrigeração por Compressão à vapor A seguir, serão apresentados alguns dos principais componentes encontrados em um sistema de refrigeração à vapor: - Compressores - Evaporadores 51 - Condensadores - Dispositivos de expansão Estes são os componentes básicos de um ciclo de refrigeração por compressão à vapor, o mais utilizado hoje em dia, afirma Bryant (2001). Para cada um deles, serão apresentados os tipos construtivos mais comuns e suas aplicações, bem como comparações entre estes tipos serão realizadas enfocando aspectos técnicos e operacionais. O compressor é o componente mecanicamente mais complexo de um sistema de refrigeração por compressão a vapor. Ele tem a função de fornecer um diferencial de pressão, de forma que o fluido refrigerante possa evaporar a uma temperatura inferior a temperatura de condensação, e assim conseguir o objetivo do ciclo de refrigeração, que é retirar calor de uma fonte fria e rejeitar este calor para uma fonte quente. Assim, para se obter este diferencial de pressão é necessário fornecer trabalho ao compressor, na forma de trabalho de eixo (em compressores abertos) ou energia elétrica (em compressores herméticos e semi-herméticos). Os compressores podem ser divididos em quatro categorias principais: alternativo, parafuso, de palheta e centrifugo. Cada um deles tem características únicas e, portanto, usos específicos. A seguir, serão apresentadas algumas dessas características: - Compressores alternativos: Este tipo de compressor é o mais comumente utilizado, segundo Bryant (2001), e esta demonstrado na Figura 5.14. Basicamente, consiste de um pistão que se desloca em movimento alternativo no inferior de um cilindro, e neste movimento comprime o fluido refrigerante. Este tipo pode ser dividido em três categorias: aberto, semi-hermético e hermético. Para o compressor aberto, temos o eixo de acionamento externo ao compressor. Já no semi-hermético, a carcaça aloja tanto o compressor como o motor elétrico. Nesta configuração, é possível realizar o resfriamento do enrolamento do motor e ainda remover o cabeçote para se ter acesso às válvulas e pistões. Os compressores herméticos são parecidos com os semi-herméticos porém não permitem o acesso às válvulas e pistões. 52 Figura 5.14: Compressor Alternativo – Bryant (2001). - Compressores parafusos: O refrigerante entra pela parte superior de uma extremidade do compressor e sai pela parte inferior da outra extremidade, explica Bryant (2001). A Figura 5.15 mostra um esquema de compressor do tipo “compressores parafusos”. Na região de aspiração do compressor produz-se vácuo que induz a entrada do vapor refrigerante, preenchendo toda a cavidade. À medida que o rotor gira, o vapor circula pela carcaça encontrando-se com o rotor fêmea que promove a diminuição da cavidade e comprime o vapor. Quando atinge-se o ponto da válvula de descarga, o vapor é expelido e o ciclo recomeça. Figura 5.15: Compressor parafuso – Bryant (2001). - Compressor de palhetas: O compressor de palhetas pode ser subdividido em duas categorias: palhetas simples e de palhetas múltiplas. A Figura 5.16, demonstra um compressor palheta de duas palhetas. No compressor de palheta simples a linha de centro do eixo do acionamento coincide com o do cilindro e também a compressão do vapor refrigerante. 53 À medida que o eixo gira, o volume ocupado pelo refrigerante vai sendo reduzido, comprimindo assim o fluido. Figura 5.16: Compressor de palheta de duas palhetas – Bryant (2001).
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