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Parte 2 Espac¸os vetoriais reais Introduziremos o conceito de espac¸o vetorial real, com eˆnfase em espa- c¸os vetoriais finitamente gerados, e estudaremos as suas propriedades. Apre- sentaremos os conceitos de subespac¸os vetoriais, subespac¸os finitamente ge- rados, intersec¸a˜o de subespac¸os, combinac¸a˜o linear, espac¸os vetoriais reais finitamente gerados, conjuntos linearmente independentes ou linearmente de- pendentes, base e dimensa˜o de espac¸os vetoriais reais finitamente gerados, coordenadas numa base e soma e soma direta de subespac¸os vetoriais reais. Estudaremos transformac¸o˜es lineares entre espac¸os vetoriais reais de dimensa˜o finita, nu´cleo e imagem de transformac¸o˜es lineares, teorema do nu´cleo e da imagem, representac¸a˜o matricial de transformac¸o˜es lineares entre espac¸os vetoriais reais de dimensa˜o finita e suas propriedades; funcionais lineares e suas propriedades. Finalizaremos com a a´lgebra das transformac¸o˜es lineares em espac¸os ve- toriais reais de dimensa˜o finita, apresentando as operac¸o˜es de adic¸a˜o, multi- plicac¸a˜o por escalar e composic¸a˜o de transformac¸o˜es lineares; transformac¸o˜es lineares invert´ıveis, isomorfismo e automorfismo de espac¸os vetoriais. Instituto de Matema´tica 37 UFF M.L.T.Villela UFF 38 Espac¸os vetoriais e subespac¸os PARTE 2 - SEC¸A˜O 1 Espac¸os vetoriais e subespac¸os Terminologia: Espac¸os vetoriais reais sa˜o tambe´m chamados de R-espac¸os vetoriais ou espac¸os vetoriais sobre R. Aqui diremos simplesmente espac¸os vetoriais. Definic¸a˜o 1 (Espac¸o vetorial real) Um espac¸o vetorial real e´ um conjunto na˜o vazio V munido com operac¸o˜es de adic¸a˜o e multiplicac¸a˜o por escalar + : V × V −→ V (v,w) 7−→ v+w e · : R× V −→ V(a, v) 7−→ a · v, tendo as seguintes propriedades, para quaisquer a, b ∈ R e u, v,w ∈ V: A1 (Associativa): u+ (v+w) = (u+ v) = w; A2 (Comutativa): u + v = v+ u; A3 (Existeˆncia de elemento neutro aditivo): Existe θ ∈ V, tal que v+ θ = v, para todo v ∈ V; A4 (Existeˆncia de sime´trico): Para cada v ∈ V, existe u ∈ V, tal que u+ v = θ; Me1: 1 · v = v; Me2 (Associativa): a · (b · v) = (a · b) · v; AMe1 (Distributiva): a · (u+ v) = a · u+ a · v; AMe2 (Distributiva): (a+ b) · v = a · v+ b · v. Os elementos de V sa˜o chamados de vetores. Exemplo 1 V = R e´ um espac¸o vetorial real com as operac¸o˜es usuais de adic¸a˜o e multi- plicac¸a˜o de nu´meros reais. Exemplo 2 C = {a + bi ; a, b ∈ R} com as operac¸o˜es usuais de adic¸a˜o de nu´meros complexos e a multiplicac¸a˜o de um nu´mero real por um nu´mero complexo, a saber, (a+ bi) + (c+ di) = (a+ c) + (b+ d)i e a · (c+ di) = (a · c) + (a · d)i, onde a, b, c, d ∈ R, e´ um espac¸o vetorial real. Exemplo 3 V = Mm×n(R), com as operac¸o˜es usuais de adic¸a˜o de matrizes e multi- plicac¸a˜o de um nu´mero real por uma matriz, e´ um espac¸o vetorial real. De fato, ja´ mostramos a validade de A1, A2, A3, Me1, Me2, AMe1 e AMe2. So´ falta verificar A4. Seja A = (aij) ∈ Mm×n(R). Definindo B = (bij) por bij = −aij, para i = 1, . . . ,m e j = 1, . . . , n, temos que (A+ B)ij = aij + bij = aij + (−aij) = 0, Instituto de Matema´tica 39 UFF A´lgebra Linear I Espac¸os vetoriais e subespac¸os para i = 1, . . . ,m e j = 1, . . . , n. Logo, A+ B = 0m×n. Verifique as oito propriedades das operac¸o˜es. Exemplo 4 R2 = {(x, y) ; x, y ∈ R} com as operac¸o˜es: (x, y) + (x′, y′) = (x + x′, y+ y′) e a · (x, y) = (a · x, a · y), onde x, y, x′, y′ ∈ R, e´ um espac¸o vetorial real. Exemplo 5 R3 = {(x, y, z) ; x, y, z ∈ R}, com as operac¸o˜es: (x, y, z) + (x′, y′, z′) = (x + x′, y+ y′, z+ z′) e a · (x, y, z) = (a · x, a · y, a · z), onde x, y, z, x′, y′, z′ ∈ R, e´ um espac¸o vetorial real. Verifique as oito propriedades das operac¸o˜es. Exemplo 6 Inspirados nos Exemplos 1, 4 e 5, para cada natural n ≥ 1, vamos mostrar que Rn = {(x1, . . . , xn) ; x1, . . . , xn ∈ R}, munido com as operac¸o˜es: A adic¸a˜o e´ feita coordenada a coordenada e a multiplicac¸a˜o por escalar e´ feita em cada coordenada. (x1, . . . , xn) + (y1, . . . , yn) = (x1 + y1, . . . , xn + yn) e a · (x1, . . . , xn) = (a · x1, . . . , a · xn), para quaisquer x1, . . . , xn, y1, . . . , yn, a ∈ R, e´ um espac¸o vetorial. De fato, sejam u = (x1, . . . , xn), v = (y1, . . . , yn) e w = (z1, . . . , zn) e a, b ∈ R, enta˜o: A1 (Associativa):Em (1) usamos a definic¸a˜o da adic¸a˜o de v+w; em (2), a definic¸a˜o da adic¸a˜o de u e v+w; em (3), em cada coordenada, a associatividade da adic¸a˜o em R; em (4) e (5), a definic¸a˜o da adic¸a˜o no Rn . u+ (v+w) (1) = u+ (y1 + z1, . . . , yn + zn) (2) = ( x1 + (y1 + z1), . . . , xn + (yn + zn) ) (3) = ( (x1 + y1) + z1, . . . , (xn + yn) + zn ) (4) = (x1 + y1, . . . , xn + yn) + (z1, . . . , zn) (5) = (u+ v) +w A2 (Comutativa): Em (1) e (3) usamos a definic¸a˜o da adic¸a˜o no Rn e em (2), em cada coordenada, a comutatividade da adic¸a˜o em R. u+ v (1) = (x1 + y1, . . . , xn + yn) (2) = (y1 + x1, . . . , yn + xn) (3) = v+w A3 (Existeˆncia de elemento neutro aditivo): A n-upla o = (0, . . . , 0) e´ o elemento neutro, pois para todo u = (x1, . . . , xn) temos que 0 e´ elemento neutro da adic¸a˜o em R. u+ o = (x1 + 0, . . . , xn + 0) = (x1, . . . , xn) = u. M.L.T.Villela UFF 40 Espac¸os vetoriais e subespac¸os PARTE 2 - SEC¸A˜O 1 A4 (Existeˆncia de sime´trico): O sime´trico de u = (x1, . . . , xn) e´ o elemento v = (−x1, . . . ,−xn), pois O sime´trico de x∈ R e´ −x, pois x+(−x) = 0. u+ v = (x1 + (−x1), . . . , xn + (−xn)) = (0, . . . , 0) = o. Me2 (Associativa): Em (1) usamos a definic¸a˜o de b · v; em (2), a definic¸a˜o da multiplicac¸a˜o pelo escalar a; em (3), em cada coordenada, a associatividade da multiplicac¸a˜o em R ; em (4), a definic¸a˜o da multiplicac¸a˜o pelo escalar a · b; em (5), a definic¸a˜o de v. a · (b · v) (1) = a · (b · y1, . . . , b · yn) (2) = ( a · (b · y1), . . . , a · (b · yn) ) (3) = ( (a · b) · y1, . . . , (a · b) · yn ) (4) = (a · b) · (y1, . . . , yn) (5) = (a · b) · v AMe1 (Distributiva): Em (1) usamos a definic¸a˜o de adic¸a˜o no Rn ; em (2), a definic¸a˜o de multiplicac¸a˜o por escalar no Rn ; em (3), em cada coordenada a distributividade em R; em (4), a definic¸a˜o de adic¸a˜o no Rn ; em (5), novamente, a definic¸a˜o de multiplicac¸a˜o por escalar no Rn . a · (u+ v) (1) = a · (x1 + y1, . . . , xn+ yn) (2) = ( a · (x1 + y1), . . . , a · (xn + yn) ) (3) = (a · x1 + a · y1, . . . , a · xn + a · yn) (4) = (a · x1, . . . , a · xn) + (a · y1, . . . , a · yn) (5) = a · u+ a · v Deixamos como Exerc´ıcio mostrar: Me1: 1 · v = v e AMe2 (Distributiva): (a+ b) · v = a · v+ b · v. Antes de darmos outros Exemplos de espac¸os vetoriais reais vamos mos- trar mais algumas propriedades importantes. Proposic¸a˜o 1 (Propriedades adicionais) Seja V um espac¸o vetorial real. Valem as seguintes propriedades: (a) o elemento neutro e´ u´nico. (b) o sime´trico e´ u´nico. Demonstrac¸a˜o: (a) Sejam θ e θ′ em V elementos neutros da adic¸a˜o. Enta˜o, Em (1) usamos que θ′ e´ elemento neutro e em (2), que θ e´ elemento neutro.θ (1) = θ + θ′ (2) = θ′. (b) Sejam u, u′ ∈ V sime´tricos de v ∈ V. Enta˜o, u+ v = 0, u′ + v = 0 e u = 0+ u = (u′ + v) + u = u′ + (v+ u) = u′ + 0 = u′. Daqui por diante, denotamos o elemento neutro aditivo de um espac¸o vetorial V por 0V e o sime´trico de v por −v. Exemplo 7 Seja n ∈ N fixado e t uma indeterminada. Definimos Instituto de Matema´tica 41 UFF A´lgebra Linear I Espac¸os vetoriais e subespac¸os Pn(R) = {f(t) = a0 + a1t+ · · ·+ ant n ; aj ∈ R, para cada j = 0, . . . , n}. Para f(t)= a0 + a1t+ · · ·+ ant n e g(t) = b0 + b1t+ · · ·+ bnt n em Pn(R) e k ∈ R definimos f(t) + g(t) = (a0 + b0) + (a1 + b1)t+ · · ·+ (an + bn)t n e k · f(t) = (k · a0) + (k · a1)t+ · · ·+ (k · an)t n. Com essas operac¸o˜es, Pn(R) e´ um espac¸o vetorial. Exemplo 8 Seja t uma indeterminada. Definimos o conjunto dos polinoˆmios com coefi- cientes reais como P(R) = {a0 + a1t+ · · ·+ ant n ; n ∈ N e aj ∈ R, para cada j = 0, . . . , n}. P(R) e´ um espac¸o vetorial com as operac¸o˜es usuais de adic¸a˜o de polinoˆmios e multiplicac¸a˜o de um nu´mero real por um polinoˆmio. Observamos que P(R) = ⋃ n≥0 Pn(R), ale´m disso, P0(R) = R e P0(R) ⊂ P1(R) ⊂ · · · ⊂ Pn(R) ⊂ Pn+1(R) ⊂ · · · . Exemplo 9 Seja I ⊂ R um intervalo. Definimos F(I) = {f : I −→ R ; f e´ func¸a˜o }. F(I) e´ um espac¸o vetorial, com as operac¸o˜es usuais de adic¸a˜o e multiplicac¸a˜o por um nu´mero real, a saber, para f, g ∈ F(I) e k ∈ R, (f+ g)(x) = f(x) + g(x), para todo x ∈ I e (k · f)(x) = k · f(x), para todo x ∈ I. De fato, para quaisquer f, g, h ∈ F(I) e k, ℓ ∈ R, temos: A1 (Associativa): Para todo x ∈ I, Em (1), (2), (4) e (5) usamos a definic¸a˜o de adic¸a˜o de func¸o˜es e em (3), a associatividade da adic¸a˜o em R. (f+ (g+ h))(x) (1) = f(x) + (g+ h)(x) (2) = f(x) + (g(x) + h(x)) (3) = (f(x) + g(x)) + h(x) (4) = (f+ g)(x) + h(x) (5) = ((f+ g) + h)(x), logo f+ (g+ h) = (f+ g) + h. A2 (Comutativa): Para todo x ∈ R, temos (f+ g)(x) = f(x) + g(x) = g(x) + f(x) = (g+ f)(x). Logo, f+ g = g+ f. A3 (Existeˆncia de elemento neutro aditivo): A func¸a˜o o : I −→ R definida M.L.T.Villela UFF 42 Espac¸os vetoriais e subespac¸os PARTE 2 - SEC¸A˜O 1 por o(x) = 0, para todo x ∈ R, e´ o elemento neutro, pois o + f = f, para todo f ∈ F(I). A4 (Existeˆncia de sime´trico): Dada f ∈ F(I) tomamos g : I −→ R definida por g(x) = −f(x), para cada x ∈ I. Enta˜o, f+ g = o. Me2 (Associativa): Para todo x ∈ I, temos Em (1), (2) e (4) usamos a definic¸a˜o da multiplicac¸a˜o de uma func¸a˜o por um nu´mero real e em (3), a associatividade da multiplicac¸a˜o de nu´meros reais. (k · (ℓ · f))(x) (1) = k · (ℓ · f)(x) (2) = k · (ℓ · f(x)) (3) = (k · ℓ) · f(x) (4) = ((k · ℓ) · f)(x), logo, k · (ℓ · f) = (k · ℓ) · f. Deixamos as propriedades Me1, AMe1 e AMe2 como exerc´ıcio. Os subconjuntos de um espac¸o vetorial que interessam sa˜o os subespa- c¸os vetoriais. Definic¸a˜o 2 (Subespac¸o vetorial) Seja V um espac¸o vetorial real. Um subconjunto na˜o vazioW de V e´ chamado um subespac¸o vetorial de V se, e somente se, W e´ um espac¸o vetorial com as operac¸o˜es de V. Exemplo 10 {0V} e V sa˜o subespac¸os de V, chamados de subespac¸os triviais. Quais condic¸o˜es W ⊂ V deve satisfazer para ser um subespac¸o? A resposta esta´ a seguir. Proposic¸a˜o 2 Seja V um espac¸o vetorial. Um subconjunto na˜o vazio W de V e´ um su- bespac¸o de V se, e somente se, (a) 0V ∈W; (b) se u,w ∈W, enta˜o u+w ∈W; (c) se w ∈W e k ∈ R, enta˜o k ·w ∈W. Demonstrac¸a˜o: Fez o Exerc´ıcio 1b? (=⇒:) Suponhamos que W 6= ∅ seja um subespac¸o de V. Enta˜o, pela de- finic¸a˜o de subespac¸o, W esta´ munido com as operac¸o˜es de V e valem (b) e (c). Como existe w ∈W e −w = (−1) ·w ∈W, logo 0v = w+ (−w) ∈W. (:⇐=) Suponhamos que W ⊂ V tenha as propriedades (a), (b) e (c). De (a) segue que W 6= ∅. De (b) e (c) segue que as operac¸o˜es de V esta˜o fechadas em W. As propriedades A1, A2, Me1, AMe1, AMe2 valem em W pois valem Instituto de Matema´tica 43 UFF A´lgebra Linear I Espac¸os vetoriais e subespac¸os em qualquer subconjunto de V. Vale A3, pois 0V ∈ W e´ o elemento neutro da adic¸a˜o. Para cada w ∈ W, −w = (−1) ·w ∈ W, valendo A4. Portanto, W e´ um espac¸o vetorial. � Geometricamente, planos que passam pela origem sa˜o subespac¸os vetoriais do R3. Exemplo 11 W = {(x, y, z) ∈ R3 ; x − 2y+ 3z = 0} e´ um subespac¸o do R3. De fato: (a) 0− 2 · 0+ 3 · 0 = 0, logo, (0, 0, 0) ∈W. (b) Sejam u = (x, y, z), w = (x′, y′, z′) em W. Enta˜o, x − 2y + 3z = 0, x′ − 2y′ + 3z′ = 0. Como u+w = (x + x′, y+ y′, z+ z′), temos Em (1) usamos a distributividade em R; em (2), a comutatividade e associatividade da adic¸a˜o em R e em (3), que u,w∈W. (x+ x′) − 2(y+ y′) + 3(z+ z′) (1) = x + x′ − 2y − 2y′ + 3z+ 3z′ (2) = (x− 2y+ 3z) + (x′ − 2y′ + 3z′) (3) = 0+ 0 = 0, logo u+w ∈W. (c) Sejam u = (x, y, z) ∈W e a ∈ R.Em (4) usamos a comutatividade da multiplicac¸a˜o e a distributividade em R e em (5), que u∈W. Enta˜o, x − 2y+ 3z = 0, a · u = (a · x, a · y, a · z) e (a · x) − 2(a · y) + 3(a · z) (4) = a · (x− 2y+ 3z) (5) = a · 0 = 0. Logo, a · u ∈W. Geometricamente, retas no plano que na˜o passam pela origem na˜o sa˜o subespac¸os do R2 , enquanto retas no plano passando pela origem sa˜o subespac¸os do R2. Exemplo 12 U = {(x, y) ∈ R2 ; 2x− y = 3} na˜o e´ subespac¸o do R2, pois (0, 0) 6∈ U. W = {(x, y) ∈ R2 ; 2x− y = 0} e´ subespac¸o do R2. Exemplo 13 Vamos mostrar que W e´ um subespac¸o de M2×2(R), onde W = {( a b c d ) ∈M2×2(R) ; a+ b+ c = 0 e 2a− b+ d = 0 } . Primeiramente, escrevemos A ∈W como A = ( a b −a− b −2a+ b ) , onde a, b ∈ R. (a) E´ claro que tomando a = b = 0, temos ( 0 0 0 0 ) ∈W. (b) Sejam A = ( a b −a− b −2a+ b ) e A′ = ( a′ b′ −a′ − b′ −2a′ + b′ ) em W. Enta˜o, M.L.T.Villela UFF 44 Espac¸os vetoriais e subespac¸os PARTE 2 - SEC¸A˜O 1 A+A′ = ( a+ a′ b+ b′ (−a− b) + (−a′ − b′) −2a+ b+ (−2a′ + b′) ) = ( a+ a′ b+ b′ −(a+ a′) − (b+ b′) −2(a+ a′) + (b+ b′) ) = ( a′′ b′′ −a′′ − b′′ −2a′′ + b′′ ) ∈W, onde tomamos a′′ = a+ a′ e b′′ = b+ b′. (c) Seja k ∈ R e A como em (b). Enta˜o, Usamos a distributividade e a comutatividade da multiplicac¸a˜o em R. k ·A = ( k · a k · b k · (−a− b) k · (−2a+ b) ) = ( k · a k · b −(k · a) − (k · b) −2(k · a) + (k · b) ) = ( a′ b′ −a′ − b′ −2a′ + b′ ) esta´ em W, onde tomamos a′ = k · a e b′ = k · b. Exerc´ıcios 1. Seja V um espac¸o vetorial real. Mostre que: (a) Para todo v ∈ V, temos 0 · v = 0V. (b) Para cada v ∈ V, o sime´trico de v e´ (−1) · v. 2. Mostre que os seguintes conjuntos sa˜o espac¸os vetoriais reais, com as operac¸o˜es usuais de adic¸a˜o e multiplicac¸a˜o por um nu´mero real: (a) R2 = {(x, y) ; x, y ∈ R}. (b) R3 = {(x, y, z) ; x, y, z ∈ R}. (c) M2×2(R). (d) Pn(R), onde n ∈ N. (e) P(R). 3. Seja V = {x ∈ R ; x > 0}. Para x, y ∈ V e k ∈ R, definimos: x⊕ y = x · y, onde · e´ a multiplicac¸a˜o de nu´meros reais, e k⊙ x = xk, a k-e´sima poteˆncia de x. Mostre que V e´ um espac¸o vetorial real com as operac¸o˜es ⊕ e ⊙. Instituto de Matema´tica 45 UFF A´lgebra Linear I Espac¸os vetoriais e subespac¸os 4. Determine, em cada item, se o subconjunto W de V e´ um subespac¸o vetorial de V: (a) V = R2 e W = { (x, y) ∈ R2 ; x − 3y = 1 }. (b) V = R2 e W = { (x, y) ∈ R2 ; x − 3y = 0 }. (c) V = R3 e W = { (x, 2x,−3x) ; x ∈ R }. (d) V = R3 e W = { (x, y, z) ∈ R3 ; 2x+ y− z = 2 }. (e) V = R3 e W = { (x, y, z) ∈ R3 ; 2x+ y− z = 0 }. (f) V = P2(R) e W = {a+ bt+ ct 2 ∈ P2(R) ; 2a+ b− c = 0 }. (g) V = F(R) = {f : R −→ R ; f e´ func¸a˜o } e W = {f ∈ V ; f e´ func¸a˜o ı´mpar }. (h) V = F(R) e W = {f ∈ V ; f e´ func¸a˜o par }. (i) V = F(R) e W = C(R) = {f ∈ V ; f e´ cont´ınua }. (j) V = F(R) e W = D(R) = {f ∈ V ; f e´ deriva´vel }. (k) V = R4 e W = { (x, y, z,w) ∈ R4 ; 2x− y+ 3z−w = 0 }. (l) V = Mn×1(R) e W = {X ∈ V ; AX = 0 }, onde A ∈ Mm×n(R) e´ uma matriz dada. (m) V = M2×2(R) e W = { ( a b c d ) ∈ V ; a + d = 0, b− 2d = 0 } . W e´ chamado um hiperplano do Rn . (n) V = Rn e W = { (x1, . . . , xn) ∈ R n ; a1x1+ · · ·+anxn = 0 },onde a1, . . . , an sa˜o nu´meros reais fixados nem todos nulos, isto e´, tais que (a1, . . . , an) 6= (0, . . . , 0). (o) V = Mn×n(R) e W = {A ∈ V ; A t = −A}. (p) V = Mn×n(R) e W = {A ∈ V ; A t = A}. 5. Sejam V um espac¸o vetorial e U e W subespac¸os de V. Mostre que: (a) U ∩W e´ um subespac¸o de V; (b) U∪W e´ um subespac¸o de V se, e somente se, U ⊂W ou W ⊂ U; (c) U+W = {u+w ; u ∈ U,w ∈W} e´ um subespac¸o de V. 6. Determine U ∩W e interprete geometricamente U, W e U ∩W, onde U = { (x, y, z) ∈ R3 ; 2x+ y− z = 0 } e W = { (x, y, z) ∈ R3 ; x+ y+ 2z = 0 }. 7. Determine U ∩W, onde U = { (x, y, z,w) ∈ R4 ; x −w = 0 } e W = { (x, y, z,w) ∈ R4 ; x + y+ z = 0, y−w = 0 }. M.L.T.Villela UFF 46 Combinac¸a˜o linear, dependeˆncia e independeˆncia linear PARTE 2 - SEC¸A˜O 2 Combinac¸a˜o linear, dependeˆncia e independeˆncia linear Vamos aprender a construir subespac¸os de um espac¸o vetorial real. Para isto introduzimos o seguinte conceito. Definic¸a˜o 3 (Combinac¸a˜o linear) Seja V um espac¸o vetorial. Sejam v1, . . . , vm em V e a1, . . . , am em R. Dizemos que v = a1v1+ · · ·+amvm e´ uma combinac¸a˜o linear de v1, . . . , vm. Exemplo 14 Se V = R e v1 = 1, enta˜o para todo v = a ∈ R temos v = a · 1 = av1 e´ combinac¸a˜o linear de v1. Exemplo 15 V = R2, v1 = (1, 1) e v = (3, 3) = 3v1 e´ uma combinac¸a˜o linear de v1. Exemplo 16 Sejam v1 = (1, 1) e v2 = (1,−1) em R 2. Observamos que dado (x, y) ∈ R2 existem a, b ∈ R tais que (x, y) = av1+bv2 = a(1, 1)+b(1,−1) = (a+b, a−b), pois { a+ b = x a− b = y e´ um sistema poss´ıvel e determinado, cujas soluc¸o˜es sa˜o a = x+y 2 e b = x−y 2 . Portanto, qualquer vetor do R2 e´ combinac¸a˜o linear de v1 e v2, a saber, (x, y) = x+y 2 (1, 1) + x−y 2 (1,−1). Exemplo 17 Sejam e1 = (1, 0, 0), e2 = (0, 1, 0) e e3 = (0, 0, 1). Para todo (x, y, z) ∈ R 3, temos (x, y, z) = (x, 0, 0) + (0, y, 0) + (0, 0, z) = x(1, 0, 0) + y(0, 1, 0) + z(0, 0, 1) = xe1 + ye2 + ze3. Exemplo 18 Sejam e1 = (1, 0, . . . , 0), e2 = (0, 1, 0 . . . , 0), . . . , en = (0, 0, . . . , 1) em R n Para todo (x1, x2, . . . , xn) ∈ R n, temos (x1, x2, . . . , xn) = (x1, 0 . . . , 0) + (0, x2, . . . , 0) + · · ·+ (0, . . . , 0, xn) = x1(1, 0, . . . , 0) + x2(0, 1, 0 . . . , 0) + · · ·+ xn(0, 0, . . . , 1) = x1e1 + x2e2 + · · ·+ xnen. Instituto de Matema´tica 47 UFF A´lgebra Linear I Combinac¸a˜o linear, dependeˆncia e independeˆncia linear Definic¸a˜o 4 (Subespac¸o gerado) Seja V um espac¸o vetorial real e sejam v1, . . . , vm em V. O conjunto W de todas as combinac¸o˜es lineares de v1, . . . , vm e´ um subespac¸o de V chamado de subespac¸o gerado por v1, . . . , vm e e´ denotado por W = [ v1, . . . , vm ]. Assim, W = [ v1, . . . , vm ] = {a1v1 + · · ·+ amvm ; a1, . . . , am ∈ R}, e dizemos que v1, . . . , vm sa˜o geradores ou geram W. Precisamos mostrar que, efetivamente, W = [ v1, . . . , vm ] e´ um su- bespac¸o de V. De fato, (a) Tomando a1 = · · · = am = 0 ∈ R, temos 0V = 0v1+ · · ·+0vm ∈W. (b) Sejam u = a1v1 + · · · + amvm e w = b1v1 + · · · + bmvm em W. Enta˜o, Em (1) usamos a comutatividade e associatividade da adic¸a˜o em V e em (2), a distributividade da multiplicac¸a˜o por escalar em V. u+w = (a1v1 + · · ·+ amvm) + (b1v1 + · · ·+ bmvm) (1) = (a1v1 + b1v1) + · · ·+ (amvm+ bmvm) (2) = (a1 + b1) · v1 + · · ·+ (am+ bm) · vm ∈W, pois aj + bj ∈ R, para todo j = 1, . . . , n. (c) Sejam u = a1v1+ · · ·+ amvm em W e k ∈ R. Enta˜o, da distributi- vidade e da associatividade da multiplicac¸a˜o por escalar, temos k · u = k · (a1v1 + · · ·+ amvm) = (k · a1)v1 + · · ·+ (k · am)vm ∈W, pois k · aj ∈ R, para todo j = 1, . . . , n. Exemplo 19 Seja v1 = (1, 1) ∈ R 2. Enta˜o, [ v1 ] = {a(1, 1) ; a ∈ R} = {(a, a) ; a ∈ R} = {(x, y) ∈ R2 ; x = y}. Exemplo 20 Vamos determinar o subespac¸o W do R3 gerado pelos vetores v1 = (1,−1, 0), v2 = (1, 0,−1) e v3 = (−1, 2,−1). v ∈W = [ v1, v2, v3 ] se, e somente se, existem a1, a2, a3 ∈ R tais que v = a1v1 + a2v2 + a3v3. Assim, v = (x, y, z) = a1(1,−1, 0) + a2(1, 0,−1) + a3(−1, 2,−1) = (a1+ a2 − a3,−a1+ 2a3,−a2− a3) Determinar o subespac¸o W e´ equivalente a determinar quais as condic¸o˜es sobre x, y, z para que o sistema M.L.T.Villela UFF 48 Combinac¸a˜o linear, dependeˆncia e independeˆncia linear PARTE 2 - SEC¸A˜O 2 a1 + a2 − a3 = x −a1 + 2a3 = y −a2 − a3 = z tenha soluc¸a˜o. Reduzindo por linhas a matriz ampliada associada ao sistema, obtemos: 1 1 −1 x −1 0 2 y 0 −1 −1 z ∼1 1 1 −1 x 0 1 1 x+ y 0 −1 −1 z ∼2 1 1 −1 x 0 1 1 x+ y 0 0 0 x+ y+ z Fizemos a seguinte sequeˆncia de operac¸o˜es elementares: em ∼1: L2→ L2 + L1; em ∼2: L3→ L3 + L2. O sistema tem soluc¸a˜o se, e somente se, x + y + z = 0. Logo, W = [ v1, v2, v3 ] = {(x, y, z) ∈ R 3 ; x + y + z = 0}. Exemplo 21 Vamos determinar equac¸o˜es para o subespac¸o W de M2×2(R) gerado por v1 = ( 1 1 1 1 ) , v2 = ( 1 1 0 1 ) e v3 = ( 1 1 0 0 ) . Temos que v = ( x y z w ) ∈ W se, e somente se, existem a, b, c ∈ R tais que v = av1 + bv2 + cv3. Assim,( x y z w ) = a ( 1 1 1 1 ) + b ( 1 1 1 0 ) + c ( 1 1 0 0 ) = ( a+ b+ c a+ b+ c a+ b a ) . Logo, v = ( x y z w ) ∈W se, e somente se, o sistema a+ b+ c = x a+ b+ c = y a+ b = z a = w tem soluc¸a˜o. Reduzindo por linhas a matriz ampliada associada ao sistema, obtemos 1 1 1 x 1 1 1 y 1 1 0 z 1 0 0 w ∼1 1 1 1 x 0 0 0 y− x 1 1 0 z 1 0 0 w ∼2 0 0 1 x − z 0 0 0 y− x 0 1 0 z−w 1 0 0 w . Fizemos a seguinte sequeˆncia de operac¸o˜es elementares: em ∼1: L2→ L2 − L1; e em ∼2: L1→ L1− L3; L3→ L3 − L4. Instituto de Matema´tica 49 UFF A´lgebra Linear I Combinac¸a˜o linear, dependeˆncia e independeˆncia linear Portanto, W = {( x y z w ) ∈M2×2(R) ; y − x = 0 } = {( x x z w ) ; x, z,w ∈ R } = { x ( 1 1 0 0 ) + z ( 0 0 1 0 ) +w ( 0 0 0 1 ) ; x, z,w ∈ R } . Exemplo 22 Vamos determinar equac¸o˜es para W = [ (1, 1, 1, 1), (2, 1, 0, 0), (3, 2, 1, 1) ], subespac¸o do R4. Temos que (x, y, z,w) = a(1, 1, 1, 1) + b(2, 1, 0, 0) + c(3, 2, 1, 1), x y z w = a 1 1 1 1 + b 2 1 0 0 + c 3 2 1 1 = 1 2 3 1 1 2 1 0 1 1 0 1 a b c . Reduzindo por linhas a matriz ampliada associada ao sistema, obtemos: 1 2 3 x 1 1 2 y 1 0 1 z 1 0 1 w ∼ 1 2 3 x 0 −1 −1 y− x 0 −2 −2 z− x 0 −2 −2 w− x ∼ 1 2 3 x 0 −1 −1 y− x 0 0 0 z− 2y + x 0 0 0 w − 2y + x Logo, W = {(x, y, z,w) ∈ R4 ; x− 2y+ z = 0 e x − 2y+w = 0}. Definic¸a˜o 5 (Vetores linearmente independentes ou dependentes) Seja V um espac¸o vetorial real. Dizemos que os vetores v1, . . . , vn em V sa˜o linearmente independentes se, e somente se, se a1v1 + · · ·+ anvn = 0V, enta˜o a1 = · · · = an = 0. Caso contra´rio, existem a1, . . . , an em R, nem todos nulos, tais que a1v1+ · · ·+anvn = 0V e dizemos que v1, . . . , vn sa˜o linearmente dependentes. Exemplo 23 0V e´ linearmente dependente em qualquer espac¸o vetorial V, pois 1 ·0V = 0V. Exemplo 24 0V, v1, . . . , vn sa˜o linearmente dependentes em qualquer espac¸o vetorial V, pois 1 · 0V + 0 · v1 + · · ·+ 0 · vn = 0V. Exemplo 25 Se v 6= 0V, enta˜o v e´ linearmente independente. M.L.T.Villela UFF 50 Combinac¸a˜o linear,dependeˆncia e independeˆncia linear PARTE 2 - SEC¸A˜O 2 De fato, suponhamos por absurdo que exista a ∈ R, a 6= 0 tal que a ·v = 0V. Enta˜o, 0V = a −1 · 0V = a −1(a · v) = (a−1 · a) · v = 1 · v = v, contradizendo o fato de v 6= 0V. Exemplo 26 Os vetores v1 = (1, 2) e v2 = (2, 4) em R 2 sa˜o linearmente dependentes, pois como v2 = 2v1, temos 2 · v1 − 1 · v2 = (0, 0). Proposic¸a˜o 3 Seja V um espac¸o vetorial real. Os vetores v1, . . . , vn em V, com n > 1, sa˜o linearmente dependentes se, e somente se, um deles e´ combinac¸a˜o linear dos outros. Equivalentemente, os vetores v1, . . . , vn em V, com n > 1, sa˜o line- armente independentes se, e somente se, nenhum deles e´ combinac¸a˜o linear dos outros. Demonstrac¸a˜o: Faremos a demonstrac¸a˜o da primeira afirmac¸a˜o. (=⇒:) Suponhamos que v1, . . . , vn sa˜o linearmente dependentes. Enta˜o, exis- tem a1, . . . , an em R nem todos nulos, tais que a1v1+a2v2+ · · ·+anvn = 0V. Sem perda de generalidade, podemos supor que a1 6= 0. Logo, Caso necessa´rio, reenumeramos os vetores. a1v1 = −a2v2 − · · ·− anvn, v1 = −(a1 −1 · a2)v2 − · · · − (a1 −1 · an)vn e v1 e´ combinac¸a˜o linear de v2, . . . , vn. (⇐=:) Suponhamos, sem perda de generalidade, que v1 seja combinac¸a˜o linear de v2, . . . , vn. Enta˜o, existem a2, . . . , an ∈ R, tais que v1 = a2v2 + · · · + anvn. Logo, 1 · v1 − a2v2 − · · · − anvn = 0V e´ uma combinc¸a˜o linear nula com nem todos os coeficientes nulos. Portanto, os vetores v1, . . . , vn sa˜o linearmente dependentes. � Exemplo 27 Dados dois vetores em qualquer espac¸o vetorial, para determinar se sa˜o li- nearmente independentes ou dependentes na˜o e´ preciso fazer ca´lculos, basta olhar para os vetores. v1 = (1, 2, 3) e v2 = (1, 1,−1) sa˜o linearmente independentes no R 3. f1(t) = 1 e f2(t) = 1+ t sa˜o linearmente independentes em P1(R). A1 = ( 1 0 2 1 ) e A2 = ( 3 0 6 3 ) sa˜o linearmente dependentes emM2×2(R). Exemplo 28 Vamos verificar se v1 = (1, 1, 1, 1), v2 = (1, 1, 2, 1), v3 = (3, 3, 4, 3), v4 = Instituto de Matema´tica 51 UFF A´lgebra Linear I Combinac¸a˜o linear, dependeˆncia e independeˆncia linear (−1, 1,−1, 1) e v5 = (−1, 3, 0, 3) sa˜o linearmente dependentes ou indepen- dentes. Sejam a1, a2, a3, a4, a5 ∈ R tais que a1v1+a2v2+a3v3+a4v4+a5v5 = (0, 0, 0, 0). Enta˜o, 0 0 0 0 = a1 1 1 1 1 + a2 1 1 2 1 + a3 3 3 4 3 + a4 −1 1 −1 1 + a5 −1 3 0 3 = 1 1 3 −1 −1 1 1 3 1 3 1 2 4 −1 0 1 1 3 1 3 a1 a2 a3 a4 a5 Vemos que obtemos um sistema linear homogeˆneo de m = 4 equac¸o˜es com n = 5 inco´gnitas. Logo, o nu´mero r de linhas na˜o nulas da reduzida por linhas da matriz associada ao sistema tem a propriedade Veja no Exerc´ıcio 8 uma generalizac¸a˜o desse resultado. r ≤ m = 4 < 5 = n. Portanto, esse sistema tem soluc¸a˜o na˜o nula. Assim, os vetores sa˜o linear- mente dependentes. Exemplo 29 Os polinoˆmios f1(t) = 1 + t, f2(t) = t e f3(t) = 1 + t + t 2 sa˜o linearmente dependentes ou independentes em P2(R)? Fazemos a combinac¸a˜o linear nula a1f1(t) + a2f2(t) + a3f3(t) = 0. Assim, 0 = a1(1 + t) + a2t + a3(1 + t + t 2) = (a1 + a3) + (a1 + a2 + a3)t + a3t 2. Logo, a1 + a3 = 0 a1 + a2+ a3 = 0 a3 = 0 Resolvendo o sistema, obtemos a3 = 0, a1 = −a3 = 0 e a2 = −a1 − a3 = 0. Portanto, os polinoˆmios sa˜o linearmente independentes. Proposic¸a˜o 4 (Propriedade da independeˆncia linear) Sejam V um espac¸o vetorial e v1, . . . , vm vetores em V linearmente indepen- dentes. Enta˜o, cada v ∈ [ v1, . . . , vm ] se escreve de uma u´nica maneira como combinac¸a˜o linear de v1, . . . , vm. Demonstrac¸a˜o: Sejam a1, . . . , am e b1, . . . , bm em R, tais que a1v1 + · · ·+ amvm = b1v1 + · · ·+ bmvm. Enta˜o, (a1− b1)v1+ · · ·+ (am− bm)vm = 0V. Como esses vetores sa˜o linearmente independentes, temos que aj − bj = 0, para todo j = 1, . . . ,m. Portanto, aj = bj, para todo j = 1, . . . ,m. � M.L.T.Villela UFF 52 Combinac¸a˜o linear, dependeˆncia e independeˆncia linear PARTE 2 - SEC¸A˜O 2 Mais uma propriedade interessante. Proposic¸a˜o 5 Seja V um espac¸o vetorial real e sejam v1, . . . , vm vetores em V tais que vm = a1v1 + · · ·+ am−1vm−1. Enta˜o, [v1, . . . , vm−1 ] = [v1, . . . , vm]. Demonstrac¸a˜o: Essa inclusa˜o independe do vetor vm . (⊂:) Como b1v1 + · · · + bm−1vm−1 = b1v1 + · · · + bm−1vm−1 + 0vm, para quaisquer b1, . . . , bm ∈ R, segue que [v1, . . . , vm−1 ] ⊂ [v1, . . . , vm]. (⊃:) Seja v ∈ [v1, . . . , vm]. Enta˜o, existem nu´meros reais b1, . . . , bm, tais que v = b1v1+· · ·+bm−1vm−1+bmvm. Substituindo vm = a1v1+· · ·+am−1vm−1, obtemos: v = b1v1 + · · ·+ bm−1vm−1 + bm(a1v1 + · · ·+ am−1vm−1) = (b1+ bma1)v1 + · · ·+ (bm−1 + bmam−1)vm−1. Logo, v ∈ [v1, . . . , vm]. Portanto, [v1, . . . , vm] ⊂ [v1, . . . , vm−1 ]. � Usando os nossos conhecimentos de vetores no plano e no espac¸o, vamos determinar os subespac¸os do R2 e do R3. Exemplo 30 Vamos mostrar que os subespac¸os do R2 sa˜o {(0, 0)}, retas que passam pela origem ou R2. De fato, e´ claro que {(0, 0)} e´ um subespac¸o do R2. Seja W 6= {(0, 0)} um subespac¸o do R2. Enta˜o, existe v1 6= (0, 0), tal que v1 ∈ W. Assim, [v1] = {kv1 ; k ∈ R} ⊂ W. Se W = [v1], enta˜o W e´ a reta que passa pela origem O na direc¸a˜o de v1. q O � � �� v1 [v1] =W � � � � � � � � � � �� Caso contra´rio, [v1] (W e existe v2 ∈ W tal que v2 6∈ [v1]. Nesse caso, v1 e v2 sa˜o linearmente independentes e [v1, v2] ⊂W. Cada v ∈ R2 pode ser escrito como combinac¸a˜o linear de v1 e v2. Por queˆ? Instituto de Matema´tica 53 UFF A´lgebra Linear I Combinac¸a˜o linear, dependeˆncia e independeˆncia linear q O � � �� v1 [v1] � � � � � � � � � � �� -� � � � � � � a2v2 v=a1v1 +a2v2 � � � � � � � � � ��3 v2 6∈ [v1] -� � � � � � �� a1v1 Dado v ∈ R2, a reta paralela a v1 passando pelo ponto v intersecta a reta passando pela origem O paralela a v2 no ponto a2v2; assim como, a reta paralela a v2 passando pelo ponto v intersecta a reta passando pela origem O paralela a v1 no ponto a1v1. Pela regra do paralelogramo, v = a1v1 + a2v2. Assim, R2 = [v1, v2] ⊂W. Logo, W = R 2. Exemplo 31 Vamos mostrar que os subespac¸os do R3 sa˜o {(0, 0, 0)}, retas que passam pela origem, panos que passam pela origem ou R3. De fato, e´ claro que {(0, 0, 0)} e´ um subespac¸o do R3. Seja W 6= {(0, 0, 0)} um subespac¸o do R3. Enta˜o, existe v1 6= (0, 0, 0), tal que v1 ∈ W. Assim, [v1] = {kv1 ; k ∈ R} ⊂ W. Se W = [v1], enta˜o W e´ a reta que passa pela origem O na direc¸a˜o de v1. q O � � �� v1 [ v1 ] =W � � � � � � � � � � �� Caso contra´rio, [v1] ( W e existe v2 ∈W tal que v2 6∈ [v1]. Nesse caso, v1 e v2 sa˜o linearmente independentes e [v1, v2] ⊂W. Se W = [v1, v2], enta˜o W e´ o plano Π que passa pela origem O paralelo a`s direc¸o˜es de v1 e v2. �� �� �� ���1 � � � � � �� v1 � � ��a1v1 � � � a1v1 +a2v2 - O v2 6∈ [v1] - a2v2 � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � Π= [v1,v2] =W M.L.T.Villela UFF 54 Combinac¸a˜o linear, dependeˆncia e independeˆncia linear PARTE 2 - SEC¸A˜O 2 Caso contra´rio, Π = [v1, v2] ( W e existe v3 ∈ W tal que v3 6∈ [v1, v2] e, nesse caso, [v1, v2, v3] ⊂W. Cada v ∈ R3 pode ser escrito como uma combinac¸a˜o linear de v1, v2, v3. Por queˆ? �� �� �� ���1 � � � � � �� v1 � � ��a1v1 � � � 6 6 v=a1v1 +a2v2+a3v3 u=a1v1 +a2v2 a3v3 - O v2 6∈ [v1] - a2v2 v3 6∈ [v1,v2] � � � � � � � � � � ��7 � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � Π= [v1,v2](W A reta paralela a v3 passando por v intersecta o plano Π = [v1, v2] no ponto u. Assim, v− u = a3v3, para algum a3 ∈ R. Como u = a1v1 + a2v2, enta˜o v = a1v1 + a2v2 + a3v3. Portanto, R3 = [v1, v2, v3] ⊂W, logo W = R 3. Exerc´ıcios 1. Escreva (1, 1, 2) como combinac¸a˜o linear de v1 = (1, 0, 1) e v2 = (0, 1, 1). 2. Escreva (1, 2, 3, 4) como combinac¸a˜o linear de v1 = (1, 1, 1, 1), v2 = (1, 1, 1, 0), v3 = (1, 1, 0, 0) e v4 = (1, 0, 0, 0). Mostre que todo v ∈ R4 se escreve de uma u´nica maneira como com- binac¸a˜o linear de v1, v2, v3, v4. 3. Mostre que { ( 1 1 1 1 ) , ( 1 −1 1 1 ) , ( 1 1 0 0 ) ( 1 0 0 0 ) } e´ line- armente dependente. 4. Mostre que {1, 1+ t, (1+ t)2} e´ linearmente independente em P2(R). 5. Mostre que {(1, 1, 1), (0, 1, 1), (0, 1,−1)} gera R3. 6. Sejam u, v,w vetores na˜o-nulos de um espac¸o vetorial real V. Instituto de Matema´tica 55 UFF A´lgebra Linear I Combinac¸a˜o linear, dependeˆncia e independeˆncia linear (a) Mostre que {u, v } e´ linearmente dependente se, e somente se, u = av, para algum a ∈ R e a 6= 0. (b) Mostre que se {u, v } e´ linearmente independente e {u, v,w } e´ linearmente dependente, enta˜o w e´ combinac¸a˜o linear de u, v. 7. Seja V um espac¸o vetorial real e v1, . . . , vm vetores de V. Mostre que: (a) Se v1, . . . , vm sa˜o linearmente independentes e v 6∈ [v1, . . . , vm], enta˜o v1, . . . , vm, v sa˜o linearmente independentes. (b) Se vm e´ uma combinac¸a˜o linear de v1, . . . , vm−1, enta˜o temos que [v1, . . . , vm−1] = [v1, . . . , vm]. 8. Mostre que qualquer subconjunto do Rm com v1, . . . , vn vetores tal que n > m e´ linearmente dependente. Generalizac¸a˜o do Exemplo 28. 9. Determine equac¸o˜es paraW = [v1, v2, v3, v4], onde v1 = (1, 1, 1, 1), v2 = (1, 1,−1, 1), v3 = (1, 1, 0, 1) e v4 = (1,−1, 2, 1). 10. Determine equac¸o˜es para W = [v1, v2, v3], onde v1 = (1, 0, 1), v2 = (0, 1, 1) e v3 = (2,−1, 1). 11. Mostre que em F(R) : (a) {sen x, cos x} e´ linearmente independente; (b) {1, sen2x, cos2x} e´ linearmente dependente; (c) {ex, e2x, e3x} e´ linearmente independente. 12. Mostre que {2, tg2x, sec2x} e´ linearmente dependente em F ( −π 2 , π 2 ) . 13. Encontre um sistema linear homogeˆneo cujo conjunto das soluc¸o˜es W seja gerado por (1,−2, 0, 3), (1,−1,−1, 4) e (1, 0,−2, 5). M.L.T.Villela UFF 56 Base e dimensa˜o PARTE 2 - SEC¸A˜O 3 Base e dimensa˜o Vamos estudar mais detalhadamente apenas os espac¸os vetoriais finita- mente gerados. Definic¸a˜o 6 (Espac¸o vetorial finitamente gerado) Dizemos que um espac¸o vetorial real V e´ finitamente gerado se, e somente se, existem v1, . . . , vm em V tais que V = [v1, . . . , vm]. Exemplo 32 Rn e´ espac¸o vetorial finitamente gerado, pois Rn = [e1, . . . , en]. Exemplo 33 Para cada n ≥ 0, Pn(R) e´ espac¸o vetorial finitamente gerado, pois f(t) ∈ Pn(R) se, e somente se, f(t) = a0 + a1t+ · · ·+ ant n, para a0, . . . , an ∈ R. Logo, f(t) e´ uma combinac¸a˜o linear de 1, t, . . . , t n e assim, Pn(R) = [1, t, . . . , t n]. Exemplo 34 O espac¸o vetorial P(R) de todos os polinoˆmios com coeficientes reais na˜o e´ finitamente gerado. Na˜o ha´ subconjunto finito de polinoˆmios com coeficientes reais que gere P(R). Um poss´ıvel conjunto de geradores e´ 1, t, . . . , tn, . . ., para todo n ≥ 0. Definic¸a˜o 7 (Base) Seja V 6= {0} um espac¸o vetorial real finitamente gerado. Um subconjunto α = {v1, . . . , vn} ⊂ V e´ chamado uma base de V se, e somente se, (i) V = [v1, . . . , vn]; (ii) {v1, . . . , vn} e´ linearmente independente. A propriedade (i) significa que α gera V, assim cada elemento v ∈ V e´ uma combinac¸a˜o linear dos vetores de α. A propriedade (ii) significa que a combinac¸a˜o linear e´ u´nica. α e´ chamada de base canoˆnica do Rn . Exemplo 35 α = {e1, . . . , en} e´ uma base do R n. Com efeito, ja´ mostramos que v = (x1, . . . , xn) = x1e1 + · · ·+ xnen, logo α gera Rn. Falta verificar que α e´ linearmente independente. De fato, (0, . . . , 0) = x1e1 + · · · + xnen = (x1, . . . , xn) se, e somente se, x1 = · · · = xn = 0. Instituto de Matema´tica 57 UFF A´lgebra Linear I Base e dimensa˜o Exemplo 36 α = {1, t, . . . , tn} e´ uma base de Pn(R). Ja´ mostramos que α gera Pn(R). Agora, α e´ chamada de base canoˆnica de Pn(R). 0 = a0 + a1t+ · · ·+ ant n se, e somente se, a0 = a1 = · · · = an = 0, mostrando que α e´ linearmente independente. Proposic¸a˜o 6 Todo espac¸o vetorial V 6= {0} finitamente gerado tem uma base. Demonstrac¸a˜o: Como V e´ finitamente gerado existe um conjunto finito de geradores para V. Entre todos os conjuntos finitos de geradores consideremos um que tenha o menor nu´mero de geradores, digamos α = {v1, . . . , vn} ⊂ V. Enta˜o, V = [v1, . . . , vn]. Afirmamos que α e´ linearmente independente. De fato, se n = 1, enta˜o V = [v1] 6= {0}, logo v1 6= 0 e α = {v1} e´ linearmente independente. Podemos supor que n ≥ 2. Suponhamos, por absurdo, que α seja linearmente dependente. Pela Proposic¸a˜o 3, um dos vetores de α e´ combinac¸a˜o linear dos outros. Sem perda de generali- dade, podemos supor que vn = a1v1 + · · · + an−1vn−1. Pela Proposic¸a˜o 5, [v1, . . . , vn−1] = [v1, . . . , vn] = V, contradizendo o fato de o nu´mero mı´nimo de geradores ser n. Portanto, α e´ uma base de V. � Observac¸a˜o: Outra demonstrac¸a˜o da Proposic¸a˜o acima pode ser feita. Como V 6= {0}, todo conjunto com um vetor na˜o nulo e´ linearmente independente. Escolhemos entre todos os subconjuntos finitos linearmente independentes um que tenha o maior nu´mero de elementos. Basta mostrar agora que esse conjunto, forc¸osamente, gera V. Portanto, uma base de um espac¸o vetorial na˜o nulo finitamente gerado tem o mı´nimo de geradores e o ma´ximo de vetores linearmente independentes. Teorema 1 Seja V 6= {0} um espac¸o vetorial real finitamente gerado. Enta˜o, todas as bases de V teˆm o mesmo nu´mero de elementos. Demonstrac¸a˜o: Sejam α e β bases de V com, respectivamente, m e n ele- mentos. Como α e´ base V e β gera V, enta˜o m = mı´nimo de geradores ≤ n. Como α e´ base V e β e´ linearmente independente, enta˜o m = ma´ximo de vetores li ≥ n. Portanto, m = n. � E´ claro que V = {0} e´ um espac¸o vetorial real finitamente gerado. Definic¸a˜o 8 (Dimensa˜o) Seja V 6= {0} um espac¸o vetorial real finitamente gerado. Chamamos de dimensa˜o de V ao nu´mero de elementos de uma base de V e denotamos por dimR(V). Quando V = {0} definimos dimR(V) = 0. M.L.T.Villela UFF 58 Base e dimensa˜o PARTE 2 - SEC¸A˜O 3 Exemplo 37 dimR(R n) = n, pois {e1, . . . , en} e´ uma base do R n. Exemplo 38 dimR(Pn(R)) = n + 1, pois {1, t . . . , t n} e´ uma base de Pn(R). Exemplo 39 Seja V um espac¸o vetorial real com dimR(V) = n ≥ 1. Todo subespac¸o W de V e´ finitamente gerado e dimR(W) ≤ n. Vale que: W = V ⇐⇒ dimR(W) = dimR(V) W ( V ⇐⇒ dimR(W) < dimR(V) Exemplo 40 Seja W = {(x, y, z) ∈ R3 ; x+ y− 2z = 0 e 2x− y+ 2z = 0}. W e´ um subespac¸o do R3. Vamos determinar a dimensa˜o de W. Para isto, vamos determinar uma base de W. Reduzindo por linhas a matriz associada ao sistema homogeˆneo, obtemos: Fizemos a sequeˆncia de operac¸o˜es elementares: em ∼1: L2 → L2 −2L1 ; em ∼2: L2 → −13L2 e em ∼3: L1 → L1 −L2 . ( 1 1 −2 2 −1 2 ) ∼1 ( 1 1 −2 0 −3 6 ) ∼2 ( 1 1 −2 0 1 −2 ) ∼3 ( 1 0 0 0 1 −2 ) . Temos n = 3 inco´gnitas e posto r = 2. Logo, o grau de liberdade e´ n − r = 3− 2 = 1. As inco´gnitas x e y podem ser dadas em func¸a˜oda inco´gnita z. Logo, x = 0 e y − 2z = 0. Portanto, Geometricamente, W e´ a reta de intersec¸a˜o de dois planos que passam pela origem. W = {(x, y, z) ∈ R3 ; x = 0 e y− 2z = 0} = {(0, 2z, z) ; z ∈ R} = {(0, 2, 1)z ; z ∈ R}, mostrando que W = [(0, 2, 1)] Como {(0, 2, 1)} e´ l.i., enta˜o e´ uma base de W e dimR(W) = 1. Exemplo 41 Seja f(t) = a0 + a1t+ a2t 2 + a3t 3 ∈ P3(R). Definimos o subespac¸o W por W = { f(t) ∈ P3(R) ; a0 − a1 + a2 − a3 = 0, a0+ a1 + 3a2 − 3a3 = 0, 3a0 + a1 + 7a2− 7a3 = 0 } . Vamos determinar a dimensa˜o de W. Reduzindo por linhas a matriz associada ao sistema linear homogeˆneo nas inco´gnitas a0, a1, a2, a3, temos: Fizemos a sequeˆncia de operac¸o˜es elementares: em ∼1: L2 → L2 −2L1 , L3 → L3 −3L1 ; em ∼2: L2 → 12L2 ; em ∼3: L1 → L1 +L2 , L3 → L3 −4L2 . 1 −1 1 −11 1 3 −3 3 1 7 −7 ∼1 1 −1 1 −10 2 2 −2 0 4 4 −4 ∼2 1 −1 1 −10 1 1 −1 0 4 4 −4 ∼3 1 0 2 −20 1 1 −1 0 0 0 0 . Instituto de Matema´tica 59 UFF A´lgebra Linear I Base e dimensa˜o Temos n = 4 inco´gnitas e posto r = 2. Logo, o grau de liberdade e´ n − r = 4 − 2 = 2. As inco´gnitas a0 e a1 podem ser dadas em func¸a˜o das r = 2 inco´gnitas a2 e a3. Temos que f(t) ∈W ⇐⇒ a0 + 2a2− 2a3 = 0 e a1 + a2 − a3 = 0⇐⇒ a0 = −2a2 + 2a3 e a1 = −a2 + a3. Logo, f(t) ∈W se, e somente se, f(t) = (−2a2 + 2a3) + (−a2 + a3)t+ a2t 2 + a3t 3 = (−2a2 − a2t+ a2t 2) + (2a3 + a3t+ a3t 3) = a2(−2− t+ t 2) + a3(2+ t+ t 3), Leia de tra´s para a frente as igualdades acima e fac¸a f(t) = 0. mostrando que {−2 − t + t2, 2 + t + t3} gera W. Esse conjunto e´ linear- mente independente, pois fazendo a sua combinac¸a˜o linear igual a 0, com os coeficientes a2, a3 ∈ R, obtemos 0 = a2(−2− t+ t 2) + a3(2+ t+ t 3) = (−2a2 + 2a3) + (−a2 + a3)t+ a2t 2 + a3t 3 logo, a2 = 0 e a3 = 0. Exemplo 42 Vamos determinar uma base e a dimensa˜o de W = {(x, y, z,w) ∈ R4; x− y+ z−w = 0 e − 2x+ 3y+ 4z−w = 0}. Reduzindo por linhas a matriz associada ao sistema, obtemos: Fizemos a seguinte sequeˆncia de operac¸o˜es elementares: em ∼1 : L2 → L2 +2L1 e em ∼2: L1 → L1 +L2. ( 1 −1 1 −1 −2 3 4 −1 ) ∼1 ( 1 −1 1 −1 0 1 6 −3 ) ∼2 ( 1 0 7 −4 0 1 6 −3 ) . Logo, x + 7z− 4w = 0 e y+ 6z− 3w = 0. Portanto, v = (x, y, z,w) ∈W se, e somente se, v = (−7z+ 4w,−6z+ 3w, z,w) = (−7z,−6z, z, 0) + (4w, 3w, 0,w) = z(−7,−6, 1, 0) +w(4, 3, 0, 1), mostrando que {v1 = (−7,−6, 1, 0), v2 = (4, 3, 0, 1)} gera W. Esse conjunto e´ linearmente independente, pois (0, 0, 0, 0) = zv1 +wv2 = (−7z+ 4w,−6z+ 3w, z,w) ⇐⇒ z = w = 0. Portanto, {v1, v2} e´ uma base W e a dimensa˜o de W e´ 2. Proposic¸a˜o 7 Todo subconjunto de vetores linearmente independentes de um espac¸o ve- torial real V de dimensa˜o finita n ≥ 1 pode ser completado a uma base de V. M.L.T.Villela UFF 60 Base e dimensa˜o PARTE 2 - SEC¸A˜O 3 Demonstrac¸a˜o: Sejam dimR(V) = n ≥ 1 e α = {v1, . . . , vr} ⊂ V um conjunto linearmente independente com r ≤ n. Seja W = [v1, . . . , vr]. Se W = V, enta˜o α e´ uma base de V, r = n e nada ha´ a fazer. Suponhamos que W ( V. Enta˜o, r = dimR(W) < dimR(V) = n e existe vr+1 ∈ V tal que vr+1 6∈ [v1, . . . , vr]. Portanto, {v1, . . . , vr, vr+1} e´ linearmente independente. Se V = [v1, . . . , vr+1] acabamos. Caso contra´rio, existe vr+2 ∈ V tal que vr+2 6∈ [v1, . . . , vr+1]. Continuando, esse processo tem de parar, pois na˜o podemos ter mais de n vetores linearmente independentes. � Exemplo 43 Determine uma base de W que contenha v1 = (0, 1,−1,−1), onde W = {(x, y, z,w) ∈ R4 ; x + 2y− z+ 3w = 0}. Como W e´ o espac¸o das soluc¸o˜es de um sistema linear homogeˆneo de posto r = 1 com n = 4 inco´gnitas, enta˜o o grau de liberdade e´ n − r = 4− 1 = 3. Portanto, dimR(W) = 3. Logo, uma base de W tem treˆs vetores de W linearmente independentes. Vamos escolher v2 ∈W tal que v2 6∈ [v1] = {a(0, 1,−1,−1) ; a ∈ R}. Assim, {v1, v2} e´ linearmente independente. Por exemplo, v2 = (0, 3, 0,−2). Dando valores a` primeira, segunda e terceira coordenadas, obtemos a quarta coordenada dos vetores de W.Agora, devemos selecionar v3 ∈W tal que v3 6∈ [v1, v2]. Temos que [v1, v2] = {av1 + bv2 = (0, a+ 3b,−a,−a− 2b) ; a, b ∈ R}. Tomamos x= 1, y= 1 e z= 0. Logo, w= −1. Como toda combinac¸a˜o linear de v1 e v2 tem a primeira coordenada nula, escolhemos v3 = (1, 1, 0,−1). Portanto, α = {v1, v2, v3} ⊂ W e´ linearmente independente e e´ uma base de W. Definic¸a˜o 9 (Vetor coordenada) Sejam V um espac¸o vetorial real de dimensa˜o n ≥ 1 e α = {v1, . . . , vn} uma base de V. Para cada v ∈ V, existem a1, . . . , an em R unicamente determinados tais que v = a1v1 + · · ·+ anvn. O vetor coordenada de v na base α, denotado por v]α, e´ a matriz Mn×1(R) definida por v]α = a1 ... an . Daqui por diante, as bases sera˜o bases ordenadas, com a ordem em que escrevemos os vetores da base. Por exemplo, na base α = {v1, v2, . . . , vn}, v1 e´ o primeiro elemento, v2, o segundo, . . . , vn, o n-e´simo. Instituto de Matema´tica 61 UFF A´lgebra Linear I Base e dimensa˜o Exemplo 44 Sejam V = Rn e α = {e1, . . . , en} a base canoˆnica. Enta˜o, para cada vetor v = (x1, . . . , xn) temos que v]α = x1 ... xn . Exemplo 45 Sejam V = P3(R) e α = {1, t, t 2, t3} a base canoˆnica. Dados f(t) = 2+ 3t− t2 + t3 e g(t) = −1+ t2 − 2t3, temos que f(t)]α = 2 3 −1 1 e g(t)]α = −1 0 1 −2 . Exemplo 46 Vamos determinar o vetor coordenada de v = (x, y, z) ∈ R3 na seguinte base α = {v1 = (1, 0, 0), v2 = (1, 1, 0), v3 = (1, 1, 1)} do R 3. Escrevendo v como combinac¸a˜o linear de v1, v2, v3, temos: (x, y, z) = a(1, 0, 0) + b(1, 1, 0) + c(1, 1, 1) = (a+ b+ c, b+ c, c), logo a+ b+ c = x b+ c = y c = z Reduzindo por linhas a matriz ampliada associada ao sistema, obtemos: Fizemos a sequeˆncia de operac¸o˜es elementares: em ∼1: L1 → L1 −L2; em ∼2: L2 → L2 −L3. 1 1 1 x 0 1 1 y 0 0 1 z ∼1 1 0 0 x− y 0 1 1 y 0 0 1 z ∼2 1 0 0 x− y 0 1 0 y− z 0 0 1 z . Logo, a = x− y, b = y− z e c = z e (x, y, z)]α = x − yy− z z . Proposic¸a˜o 8 (Propriedades do vetor coordenada) Sejam V um espac¸o vetorial real de dimensa˜o n ≥ 1 e α = {v1, . . . , vn} uma base de V. Valem as seguintes propriedades, para quaisquer v,w ∈ V e a ∈ R: (a) (v+w)]α = v]α+w]α; (b) (a · v)]α = a · ( v]α ) . Demonstrac¸a˜o: Sejam v = a1v1+ · · ·+anvn, w = b1v1+ · · ·+bnvn e a ∈ R. Enta˜o, M.L.T.Villela UFF 62 Base e dimensa˜o PARTE 2 - SEC¸A˜O 3 v+w = (a1v1 + · · ·+ anvn) + (b1v1 + · · ·+ bnvn) = (a1 + b1)v1 + · · · (an + bn)vn e a · v = a · (a1v1+ · · ·+anvn) = (a ·a1) · v1+ · · ·+ (a ·an) · vn. Logo, Usamos as definic¸o˜es da adic¸a˜o de matrizes e da multiplicac¸a˜o de um nu´mero real por uma matriz. (v+w)]α = a1 + b1 ... an + bn = a1 ... an + b1 ... bn = v]α +w]α e (a · v)]α = a · a1 ... a · an = a · a1 ... an = a · (v]α). � Exerc´ıcios 1. Encontre uma base e a dimensa˜o do espac¸o W das matrizes sime´tricas dois por dois com coeficientes reais. 2. Encontre uma base α e deˆ a dimensa˜o do espac¸o das matrizes diagonais treˆs por treˆs com coeficientes reais. Complete α a uma base β de M3×3(R). 3. No Exerc´ıcio 4 da Sec¸a˜o 1 (exceto itens (g), (h), (i) e (j)) deˆ a dimensa˜o de V e determine uma base e a dimensa˜o de cada subespac¸o W. 4. Seja W = {(x, y, z) ∈ R3 ; 2x + y − 3z = 0}. Escolhav1 ∈ W tal que v1 6= (0, 0, 0). Determine v2 ∈ W tal que α = {v1, v2} e´ uma base de W, justificando a sua construc¸a˜o. 5. Complete {(1, 0, 1), (1, 0, 2)} a uma base α do R3, justificando a sua resposta. 6. Diga quais das afirmac¸o˜es sa˜o falsas ou verdadeiras, justificando a sua resposta: (a) W = { (x, y, z) ∈ R3 ; yz = 0 } e´ um subespac¸o do R3. (b) (1,−1, 2) pertence ao subespac¸o gerado por u = (1, 2, 3) e v = (3, 2, 1). (c) W = {(x, y, z,w) ∈ R4 ; x = y} tem dimensa˜o 2. (d) Sejam u, v,w vetores do espac¸o vetorial V. Se {u, v} e´ linearmente independente e w 6= 0, enta˜o {u, v,w} e´ linearmente independente. Instituto de Matema´tica 63 UFF A´lgebra Linear I Base e dimensa˜o (e) Sejam u, v,w vetores do espac¸o vetorial V. Se {u, v} e´ linearmente independente e w 6∈ [u, v] enta˜o {u, v,w} e´ linearmente indepen- dente. (f) Se {v1, . . . , vn} ⊂ V e´ linearmente independente e dim(V) = n, enta˜o {v1, . . . , vnw} e´ linearmente dependente, para todo w ∈ V. 7. Determine as coordenadas do vetor (4,−5, 3) ∈ R3 em relac¸a˜o a`s se- guintes bases do R3: (a) α = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)}, a base canoˆnica. (b) β = {(1, 1, 1), (1, 2, 0), (3, 1, 0)}. (c) γ = {(1, 2, 1), (0, 3, 2), (1, 1, 4)}. 8. Determine as coordenadas do polinoˆmio f(t) = 4 − 5t + 3t2 ∈ P2(R) em relac¸a˜o a`s seguintes bases de P2(R): (a) α = {1, t, t2}, a base canoˆnica de P2(R). (b) β = {1+ t+ t2, 1+ 2t, 3+ t}. (c) γ = {1+ 2t+ t2, 3t+ 2t2, 1+ t+ 4t2}. 9. Seja W = {(x, y, z,w) ∈ R4 ; 2x− y+ z+ 3w = 0}. (a) Mostre que α = {(1, 2, 0, 0), (0, 1, 1, 0), (0, 0, 3,−1)} e´ uma base de W. (b) Determine v]α, para cada v = (x, y, z,w) ∈W. 10. Seja V um R-espac¸o vetorial e α = {v1, v2, . . . , vn} uma base de V. Mostre que para todo m ≥ 1, para todo a1, . . . , am ∈ R e para todo w1, . . . , wm ∈ V: (a1w1 + · · ·+ amwm)]α = a1 · ( w1]α ) + · · ·+ am · ( wm]α ) . M.L.T.Villela UFF 64 Soma e soma direta de subespac¸os PARTE 2 - SEC¸A˜O 4 Soma e soma direta de subespac¸os A partir de subespac¸os U e W de um espac¸o vetorial real V, podemos construir subespac¸os de V. Por exemplo, ja´ vimos que U∩W e´ um subespac¸o, tal que U∩W ⊂ U e U∩W ⊂W. Observamos que U∩W e´ o maior subespac¸o de V contido em U e em W. Lembramos que a unia˜o de subespac¸os nem sempre e´ um subespac¸o. Fac¸a o Exerc´ıcio 1. Agora vamos construir o menor subespac¸o de V que conte´m U ∪W. Definic¸a˜o 10 (Soma de subespac¸os) Sejam V um espac¸o vetorial real e U e W subespac¸os de V. A soma dos subespac¸os U e W e´ definida por U+W = {v ∈ V ; v = u+w, tal que u ∈ U e w ∈W}. De fato, U+W e´ um subespac¸o de V, pois (a) 0V ∈ U e 0v ∈W e 0V = 0V + 0V. Usamos a comutatividade e associatividade da adic¸a˜o em V. (b) Se v = u+w e v′ = u′ +w′, com u, u′ ∈ U e w,w′ ∈W, enta˜o v+ v′ = (u+w) + (u′ + v′) = (u+ u′) + (w+w′) ∈ U+W, em virtude de u+ u′ ∈ U e w+w′ ∈W. (c) Se v = u+w com u ∈ U e w ∈W e a ∈ R, enta˜o a · v = a · (u+ v) = a · u+ a ·w ∈ U +W, pois a · u ∈ U e a ·w ∈W. Exemplo 47 Sejam U = [(1, 1)] eW = [(1,−1)] subespac¸os do R2. Enta˜o, U∩W = {(0, 0)} e U+W = {a(1, 1) + b(1,−1) ; a, b ∈ R} = R2. Exemplo 48 Sejam U = [(1, 1, 1)] e W = {(x, y, z) ∈ R3 ; x+y+z = 0} subespac¸os do R3. Geometricamente, U e´ a reta pela origem ortogonal ao plano W que passa pela origem e U ∩W = {(0, 0, 0)}. Sabemos que dimR(W) = 2. Tomando w1 = (1,−1, 0) e w2 = (0, 1,−1) em W temos uma base de W e u1 = (1, 1, 1) e´ uma base de U. Logo, U+W = {a(1, 1, 1) + b(1,−1, 0) + c(0, 1,−1) ; a, b, c ∈ R} = R3, Como a dimensa˜o do R3 e´ 3, qualquer conjunto com treˆs vetores linearmente independentes do R3 e´ uma base. pois α = {u1, w1, w2} e´ uma base do R 3. Exemplo 49 Sejam U = {(x, y, z) ∈ R3; x+y−z = 0} eW = {(x, y, z) ∈ R3; x+y+z = 0}. Geometricamente, U e W sa˜o planos pela origem concorrentes, pois seus ve- tores normais η1 = (1, 1,−1) e η2 = (1, 1, 1) sa˜o linearmente independentes. Instituto de Matema´tica 65 UFF A´lgebra Linear I Soma e soma direta de subespac¸os Nesse caso, U ∩W = [(1,−1, 0)] e´ a reta pela origem, intersec¸a˜o dos pla- nos. Fac¸a um desenho para visualizar que a soma de quaisquer dois planos concorrentes pela origem e´ R3. Logo, U +W = R3. Vamos mostrar que ha´ uma relac¸a˜o entre as dimenso˜es dos subespac¸os U, W, U ∩W e U +W, sempre que U e W teˆm dimenso˜es finitas. Proposic¸a˜o 9 Sejam U e W subespac¸os de dimensa˜o finita de um espac¸o vetorial real V. Enta˜o, dimR(U+W) = dimR(U) + dimR(W) − dimR(U ∩W). Demonstrac¸a˜o: Suponhamos que U ∩W 6= {0V}. Seja α = {v1, . . . , vℓ} uma base de U ∩W. Enta˜o, α ⊂ U ∩W e´ um subconjunto linearmente indepen- dente de U∩W, U e W. Podemos completar α a uma base β de U e a uma base γ de W. Escolhemos {u1, . . . , ur} ⊂ U e {w1, . . . , ws} ⊂ W, tais que β = {v1, . . . , vℓ, u1, . . . , ur} e´ uma base de U e γ = {v1, . . . , vℓ, w1, . . . , ws} e´ uma base de W. Vamos mostrar que δ = {v1, . . . , vℓ, u1, . . . , ur, w1, . . . , ws} e´ uma base de U +W, obtendo a fo´rmula proposta para as dimenso˜es, dimR(U+W) = ℓ+ r+ s = (ℓ+ r) + (ℓ+ s) − ℓ = dimR(U) + dimR(W) − dimR(U ∩W). (i) δ gera U+W: Seja v = u + w, com u ∈ U e w ∈ W. Como β e´ uma base de U e γ e´ uma base de W, enta˜o, existem a1, . . . aℓ, b1, . . . , br ∈ R e c1, . . . , cℓ, d1, . . . , ds ∈ R tais que u = a1v1 + · · ·+ aℓvℓ + b1u1 + · · ·+ brur e w = c1v1 + · · ·+ cℓvℓ + d1w1 + · · ·+ dsws. Portanto, u+w = (a1+c1)v1+· · ·+(aℓ+cℓ)vℓ+b1u1+· · ·+brur+d1w1+· · ·+dsws. (ii) δ e´ linearmente independente: Sejam a1, . . . aℓ, b1, . . . , br, c1, . . . , cs ∈ R, tais que a1v1 + · · ·+ aℓvℓ + b1u1 + · · ·+ brur + c1w1 + · · ·+ csws = 0v. (⋆) Enta˜o, a1v1 + · · ·+ aℓvℓ + b1u1 + · · ·+ brur = −c1w1 − · · ·− csws ∈ U ∩W. Portanto, existem d1, . . . , dℓ ∈ R, tais que −c1w1 − · · ·− csws = d1v1 + · · ·+ dℓvl, M.L.T.Villela UFF 66 Soma e soma direta de subespac¸os PARTE 2 - SEC¸A˜O 4 logo d1v1 + · · · + dℓvl + c1w1 + · · · + csws = 0V. Como γ e´ linearmente independente, enta˜o d1 = · · · = dℓ = c1 = · · · = cs = 0. Substituindo em (⋆), obtemos a1v1+ · · ·+aℓvℓ+b1u1+ · · ·+brur = 0v. Como β e´ linearmente independente conclu´ımos que a1 = · · · = aℓ = b1 = · · · = br = 0. Logo, δ e´ linearmente independente. Quando U ∩W = {0V}, temos ℓ = dimR(U ∩W) = 0, comec¸amos com β = {u1, . . . , ur} e γ = {w1, . . . , ws} bases de U e W, respectivamente, e mostramos que δ = β ∪ γ e´ uma base de U +W. Nesse caso, dimR(U+W) = dimR(U) + dimR(W). � Definic¸a˜o 11 (Soma direta) Sejam U e W subespac¸os do espac¸o vetorial V. Dizemos que a soma U+W e´ uma soma direta se, e somente se, U ∩W = {0V}. Nesse caso, escrevemos U⊕W. Exemplo 50 Verifique que no Exemplo 47 temos U ⊕W = R2 e no Exemplo 48 temos U⊕W = R3 pois, em ambos os casos, U ∩W = 0V. Enquanto, no Exemplo 49 a soma U+W = R3 na˜o e´ uma soma direta, pois dimR(U ∩W) = 1 6= 0. Exemplo 51 Vamos determinar o subespac¸o U+W do R4, onde U = [u1 = (1, 1, 2, 1), u2 = (1, 2, 1, 0)] e W = [w1 = (1,−1, 1, 1), w2 = (1, 1, 2, 0)]. Primeiramente, observamos que v ∈ U+W ⇐⇒ v = u+w, onde u ∈ U e w ∈W,⇐⇒ v = a1u1 + a2u2 + b1w1 + b2w2, com a1, a2, b1, b2 ∈ R,⇐⇒ v ∈ [u1, u2, w1, w2]. Logo, U+W = [u1, u2, w1, w2]. Quando fazemos operac¸o˜es elementares nas linhas de um matriz A, na pra´tica fazemos combinac¸o˜es lineares com as linhas de A e o espac¸o gerado pelas linhas de A e´ o mesmo espac¸o gerado pelas linhas na˜o nulas (sa˜o linearmente independentes) da reduzida R a` forma em escada equivalente a A. Vamos reduzir por linhas a matriz cujas linhas sa˜o u1, u2, w1, w2. 1 1 2 1 1 2 1 0 1 −1 1 1 1 1 2 0 ∼1 1 1 2 1 01 −1 −1 0 −2 −1 0 0 0 0 −1 ∼2 1 0 3 2 0 1 −1 −1 0 0 −3 −2 0 0 0 −1 ∼3 Fizemos a sequeˆncia de operac¸o˜es elementares: em ∼1: L2 → L2 −L1, L3 → L3 −L1,L4 → L4 −L1 ; em ∼2: L1 → L1 −L2, L3 → L3 +2L2 ; Instituto de Matema´tica 67 UFF A´lgebra Linear I Soma e soma direta de subespac¸os 1 0 3 2 0 1 −1 −1 0 0 −3 −2 0 0 0 1 ∼4 1 0 3 0 0 1 −1 0 0 0 −3 0 0 0 0 1 ∼5 1 0 3 0 0 1 −1 0 0 0 1 0 0 0 0 1 ∼6 em ∼3 : L4 → −L4 ; em ∼4 : L1 → L1 −2L4 , L2 → L2+L4,L3 → L3+2L4; em ∼5 : L3 → −13L3 ; em ∼6 : L2 → L2 +L3 , L1 → L1 −3L3 . 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 . Portanto, U + W = [e1, e2, e3, e4] = R 4. Como dimR(U) = 2, dimR(W) = 2 e dimR(U + W) = 4, enta˜o dimR(U ∩W) = 0, logo U ∩W = {(0, 0, 0, 0)} e a soma e´ uma soma direta. Exemplo 52 Vamos determinar o subespac¸o U+W de R4, onde U = {(x, y, z,w) ; x + y− z+w = 0} e W = [(1, 1, 0, 0), (1, 0,−1, 0), (0, 1, 0, 1)]. Primeiramente, determinamos geradores para U. Temos que v = (x, y, z,w) ∈ U se, e somente se, v = (x, y, z,w) = (−y+ z−w, y, z,w) = y(−1, 1, 0, 0) + z(1, 0, 1, 0) +w(−1, 0, 0, 1). se, e somente se, v ∈ [(−1, 1, 0, 0), (1, 0, 1, 0), (−1, 0, 0, 1)]. Logo, U = [(−1, 1, 0, 0), (1, 0, 1, 0), (−1, 0, 0, 1)]. Reduzimos por linhas a matriz cujas linhas sa˜o os geradores de U e de W. Fizemos a seguinte sequeˆncia de operac¸o˜es elementares: em ∼1: L2 → L2 +L1, L3 → L3 +L1 , L4 → L4 −L1, L5 → L5 −L1; em ∼2: L4 → L4 −L2, L6 → L6 −L2; em ∼3 : L4 → L4 +2L3, L5 → L5 +2L3, L6 → L6 +L3; em ∼4: L5 → L5 −L4, L6 → L6 −L4; em ∼5 : L4 → 12L4; em ∼6: L1 → L1 +L4, L2 → L2 +L4 , L3 → L3 −L4. 1 0 1 0 −1 1 0 0 −1 0 0 1 1 1 0 0 1 0 −1 0 0 1 0 1 ∼1 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0 1 1 0 1 −1 0 0 0 −2 0 0 1 0 1 ∼2 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0 1 1 0 0 −2 0 0 0 −2 0 0 0 −1 1 ∼3 1 0 0 −1 0 1 0 −1 0 0 1 1 0 0 0 2 0 0 0 2 0 0 0 2 ∼4 1 0 0 −1 0 1 0 −1 0 0 1 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 ∼5 1 0 0 −1 0 1 0 −1 0 0 1 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 ∼6 M.L.T.Villela UFF 68 Soma e soma direta de subespac¸os PARTE 2 - SEC¸A˜O 4 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 . Logo, U + W = [e1, e2, e3, e4] = R 4. Como dimR(U) = 3 e dimR(W) = 3, enta˜o dimR(U ∩W) = 2. Nesse caso, a soma na˜o e´ soma direta. Exerc´ıcios 1. Sejam V um espac¸o vetorial real e U e W subespac¸os de V. (a) Mostre que U ∩W e´ o maior subespac¸o de V contendo U e W. (b) Mostre U+W e´ o menor subespac¸o de V contendo U ∪W. 2. Considere os seguintes subespac¸os do R3: U = {(x, y, z) ∈ R3 ; x = 0}, W = {(x, y, z) ∈ R3 ; y− 2z = 0} e V = {(x, y, z) ∈ R3 ; x = y = z}. (a) Determine uma base e a dimensa˜o de cada um dos subespac¸os U,V,W,U∩ V,U ∩W,V ∩W,U+ V,U+W,V +W. (b) Entre as somas de subespac¸os U + V,U + W,V + W quais sa˜o somas diretas? 3. Seja V um espac¸o vetorial real e U e W subespac¸os de V tais que U ∩W = {0V}. Mostre que se v = u + w = u ′ + w′, com u, u′ ∈ U e w,w′ ∈W, enta˜o u = u′ e w = w′. 4. Considere o espac¸o vetorial real V = M2×2(R) e os subespac¸os U = {( x −x y z ) ; x, y, z ∈ R } e W = {( a b −a c ) ;a, b, c ∈ R } . (a) Determine as dimenso˜es de U, W, U ∩W e U+W. (b) Mostre que U+W = V. Instituto de Matema´tica 69 UFF A´lgebra Linear I Soma e soma direta de subespac¸os 5. Consideremos os subespac¸os de Mn×n(R), U = {A ∈Mn×n(R) ; A t = A} e W = {A ∈Mn×n(R) ; A t = −A}. (a) Mostre que U ∩W = {0}. (b) Deˆ dimR(U), dimR(W) e dimR(U+W). (c) Seja A ∈Mn×n(R). i. Mostre que se A = B + C, onde B ∈ U e C ∈ W, enta˜o At = B− C. ii. Mostre que B = A+A t 2 e C = A−A t 2 . iii. Mostre que Mn×n(R) = U⊕W. M.L.T.Villela UFF 70
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