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IF-Sul - INSTITUTO FEDERAL de EDUCAÇÃO, CIÊNCIA e TECNOLOGIA SUL-RIO-GRANDENSE CURSO TÉCNICO em EDIFICAÇÕES DISCIPLINA: Técnicas Construtivas III Prof. Arq. Fabrício Gallo Corrêa Lareiras e Churrasqueiras. Existem três formas de deslocar o calor de um lugar para outro, ou de uma fonte de calor para um determinado ambiente: por radiação, por condução ou por convecção. Por Radiação: é o tipo de deslocamento que ocorre com o calor do sol ou de uma fogueira – o calor aquece as superfícies na qual atinge diretamente; Por Condução: é a transferência indireta de uma fonte de calor para o ambiente. Pode-se dizer que é a transferência “por toque”. Como exemplo temos o calor que é transmitido de uma fonte para uma pa- rede, e desta para o ambiente; Por Convecção: consiste na transferência de calor de um lugar para outro através da movi- mentação de um fluído, como a água ou o ar. Como exemplo temos o ar que sobe através da chaminé depois de aquecido pelo fogo, e desta maneira pode aquecer outro ambiente. Visualização de uma Lareira Partes Componentes de uma Lareira Depósito de Cinzas: é o compartimento que se localiza abaixo do piso da lareira; destina-se a recolher a cinza proveniente do material combustível e serve também para a entrada de oxigênio, o que con- tribui para ativar a combustão da lenha dentro da lareira. A cinza passa pelo esvaziador e cai dentro da gaveta, que serve como registro para se regular a entrada de ar quando se inicia o fogo; Câmara de Combustão (ou caixa de fogo): é a seção em que se acende o fogo a fim de produ- zir calor; esta seção vai do piso (ou base) da lareira até culminar na garganta, onde se encontra o registro. De- ve ser revestida com tijolos refratários; Câmara de Fumaça (ou câmara de fumo): é o espaço entre a caixa de fogo e a chaminé, mais dilatado que esta para encerrar a fumaça que atravessou a garganta e ainda não tomou rumo definitivo no in- terior do conduto; dentro da câmara de fumaça encontra-se a estante de fumaça, que se destina a proporcio- nar o retorno da corrente descendente de ar que entra na chaminé; Chaminé: é a parte delgada da lareira ou churrasqueira destinada a conduzir a fumaça até que esta seja lançada na atmosfera. A altura da chaminé varia de acordo com a altura da cumeeira do telhado, de- vendo ficar de 0,5 a 1,0 m acima do nível da cumeeira mais alta da cobertura da edificação. Normalmente as chaminés são executadas em alvenaria ou com tubos metálicos (galvanizados ou inoxidáveis). A saída da fu- maça deve medir, no mínimo, o dobro da área do conduto. O chapéu é sempre maior que o perímetro externo da chaminé para, desta maneira, derramar as águas das chuvas fora das paredes de elevação das mesmas. Obs.: a maioria das lareiras é constituída somente das últimas três partes, omitindo-se o depósito de cinzas. Detalhes Técnicos Indispensáveis na Execução de Lareiras Quando a lareira é construída com a parede do fundo fora da edificação, deve-se prever a exe- cução de um alicerce suplementar para receber o peso dessa parede que não se apoia no alicerce do resto da construção. A base ou piso da lareira, bem como suas laterais e fundo, devem ser revestidos com tijolos re- fratários e rejuntados com argamassa refratário e pouco cimento, sendo que a argamassa que vai sob os tijo- los pode ser de cimento e areia. A parede do fundo é levantada a prumo até 1/3 da altura da boca da lareira e os outros 2/3 com inclinação nunca inferior a 60°. O traspasse da parede do fundo com o dente deve medir de 10 a 15 cm. A garganta deve abranger toda a largura da boca da lareira. A estante de fumaça é indispensável para assegurar o bom funcionamento da lareira, fazendo retroceder a corrente de ar descendente que entra pela chaminé. O conduto da fumaça deve ser liso e tão re- to quanto possível. Dimensionamento de Lareiras (medidas em cm) A d ef in iç ão in ic ia l s e d á p el a d et e rm in aç ão d e “L ”, em f u n çã o d o v o lu m e d e ar d o a m b ie n te Dimensões das Lareiras Dim. Alvenaria Secção Chaminé La rg u ra d a B o ca A lt u ra d a B o ca P ro fu n d id ad e La rg u ra d o Fu n d o Fu n d o V er ti ca l G ar ga n ta La rg u ra A lt u ra d a C o if a R e ta n gu la r C ir cu la r L H P F h G K C A x B Ø 60 45 35 40 30 12 90 C al cu la d a em p ro je to , r e s- p ei ta n d o a in cl in aç ão m ín . 20 x 20 25 70 55 35 50 30 12 100 20 x 20 25 80 60 40 55 35 15 110 25 x 25 25 90 70 40 60 35 15 120 25 x 25 30 100 75 45 65 40 15 130 30 x 30 30 110 85 45 75 40 15 140 35 x 35 35 120 90 50 80 40 18 150 35 x 35 35 130 100 50 85 40 18 160 40 x 40 40 180 135 60 105 40 20 210 50 x 50 55 Dimensionamento de Lareiras (aplicações da tabela anterior) Erros Fundamentais na Execução das Lareiras Desproporção do Conduto: para que a tiragem funcione bem, é preciso que se mantenha per- feito equilíbrio nas proporções entre a boca da lareira e a área interna da chaminé. Se a chaminé for muito es- trangulada, escapará fumaça para o interior do ambiente; se for muito dilatada, o calor produzido na lareira subirá em exagero, dificultando o aquecimento a que se destina. Quando a chaminé for angular (quadrada, retangular, triangular, etc.), a fumaça não atingirá os cantos e a área interna deverá ter, no mínimo, 1/10 da área da boca da lareira. Se a chaminé for circular, a fumaça encherá todo o espaço e a área poderá ter apenas 1/12 da área da boca da lareira. Em situação alguma a chaminé de formato angular poderá ter menos de 20 x 20 cm, ou 25 cm de diâ- metro em formato circular. Falta da Estante de Fumaça: em se tratando de lareiras, jamais pode faltar a estante de fuma- ça, porque sem ela a corrente de ar descendo não retornará, invadindo o interior do ambiente. A churrasquei- ra, em certos casos, pode funcionar sem a estante de fumaça desde que se aumente a área interna da chami- né. A inclinação do fundo da lareira tem duas finalidades: refletir calor em linha perpendicular para o as- soalho e abrir espaço para se executar a estante de fumaça. Garganta muito Estreita: o ponto de estrangulamento, neste caso, é na garganta, que deve abranger toda a largura da boca da lareira por 10 cm em sua própria largura. Se a altura da boca da lareira ul- trapassar um metro, é necessário que se aumente a largura da garganta para que não seja diminuída a propor- ção entre boca e conduto. Dente muito Curto: o dente em caso algum poderá ter menos de 10 cm de traspasse com a parede inclinada do fundo; se for muito curto, parte da fumaça escapará pela boca da lareira. Dente muito Largo: o dente muito largo pode dividir o ar quente, que sobe antes de atingir a garganta; assim, esse ar se dispersa para o interior do ambiente juntamente com a fumaça. A largura do dente não deve ultrapassar a 7 cm. Conduto Estrangulado: a área da chaminé em relação à boca da lareira é medida na parte mais estrangulada. Também se deve levar em consideração, além dos cantos não atingidos pela fumaça, as re- barbas de argamassa e o acúmulo de fuligem no seu interior. Obstáculos nas Proximidades: quando a chaminé está localizada perto de um edifício, a cor- rente de ar bate no obstáculo e retrocede, formando corrente descendente que dificulta a tiragem. Se a lareira for deslocada com sua respectiva chaminé para longe do obstáculo, o problema da fumaça poderá ser resolvi- domas, para isso, será necessário repensar o projeto. A elevação da chaminé até ultrapassar a altura do obs- táculo será outra solução, porém isso só será possível se a chaminé for construída ligada ao prédio. Chaminé muito Baixa: se a chaminé for mais baixa que a cumeeira do prédio, a corrente de vento, ao bater no telhado, formará barreira que bloqueará a tiragem. Este defeito será mais acentuado se a cobertura tiver bastante declive. A altura varia de acordo com a posição da chaminé e o tipo de cobertura: chaminé localizada na cu- meeira poderá ter apenas 50 cm acima da mesma; chaminé localizada fora da cumeeira deverá ter, no míni- mo, 70 cm acima da mesma; chaminé localizada em coberturas planas (lajes) deverá ter, no mínimo, 80 cm acima das mesmas. Ângulos muito Acentuados: o ângulo de inclinação do fundo da lareira, bem como os demais existentes no percurso da fumaça, não deve possuir menos de 60° com a linha do horizonte. A corrente ascen- dente não pode ser prejudicada, na sua trajetória, por obstáculos físicos. Muitos Ângulos Internos: o conduto de fumaça deve ter o mínimo de cotovelos possível. A tendência da tiragem é subir em linha reta; os cotovelos dificultam a livre corrente e também a limpeza do in- terior da chaminé. OBSERVAÇÃO: pesquisas realizadas em centenas de lareiras e churrasqueiras, concluíram que mais de 80% das chaminés existentes possuem defeitos de construção que comprometem a boa tiragem, sendo que a quase totalidade desses erros está enquadrada entre os que constam na relação acima. Há casos em que a tiragem é tão defeituosa que a invasão da fumaça torna impraticável o emprego da lareira como meio de calefação, ficando a peça com função meramente decorativa do ambiente. Churrasqueiras – visualização
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