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1 CIÊNCIA DOS MATERIAIS Prof. Hairton hairtonsousa@hotmail.com FALHA INTRODUÇÃO A falha de materiais de engenharia é quase sempre um evento indesejável por várias razões; estas incluem vidas humanas que são postas em risco, perdas econômicas, etc... As causas usuais de falhas são seleção e processamento impróprios de materiais e inadequado projeto do componente ou seu mau uso. É responsabilidade do engenheiro antecipar-se e planejar-se para possível falha e, na eventualidade da ocorrência da falha, acessar sua causa e a seguir tomar medidas preven- tivas apropriadas contra incidentes futuros. FALHA FUNDAMENTOS DA FRATURA Fratura simples é a separação de um corpo em 2 ou mais peças em resposta a uma tensão imposta que é estática (isto é, constante ou variando lentamente com o tempo) e em temperaturas que são baixas relativamente à temperatura de fusão do material. Para materiais de engenharia, 2 modos de fratura são possíveis: dúcteis e frágeis. A classificação baseia-se na capacidade de um material experimentar deformação plástica. FALHA FUNDAMENTOS DA FRATURA Materiais dúcteis tipicamente exibem substancial deformação plástica com alta absorção de energia antes da fratura. Por outro lado, existe normalmente pouca ou nenhuma deformação com baixa absorção de energia acompanhando uma fratura frágil. Qualquer processo de fratura envolve 2 etapas - formação da trinca e sua propagação - em resposta a uma tensão imposta. O modo de fratura depende grandemente do mecanismo de propagação. FALHA FUNDAMENTOS DA FRATURA Fratura dúctil é altamente dependente do mecanismo de propagação de trinca. É caracterizada por uma extensa deformação plástica na vizinhança de uma trinca que avança. O processo ocorre de uma maneira relativamente lenta à medida em que o comprimento da trinca é estendido. Diz-se que uma tal trinca é estável. Isto é, ela resiste a uma adicional extensão a menos que exista um aumento na tensão aplicada. FALHA FUNDAMENTOS DA FRATURA Na fratura frágil, trincas podem se espalhar de maneira extremamente rápida, com muito pouca deformação plástica acompanhante. Pode-se dizer que tais trincas são instáveis e propagação da trinca, uma vez iniciada, continuará espontaneamente sem um aumento na magnitude da tensão aplicada. FALHA FUNDAMENTOS DA FRATURA (a) Uma fratura altamente dúctil na qual a amostra tem seu pescoço final reduzido a um ponto. (b) Fratura moderadamente dúctil após a formação de algum pescoço. (c) Fratura frágil sem nenhuma deformação plástica. FALHA FRATURA DUCTIL A configuração mostrada na Figura (a) é encontrada em materiais extremamente macios, tais como ouro puro e chumbo puro à temperatura ambiente e em outros metais, polímeros e vidros inorgânicos em temperaturas elevadas. FALHA FRATURA DUCTIL O pescoço destes materiais altamente dúcteis diminui continuamente até chegar a um único ponto, mostrando virtualmente 100% de redução de área. FALHA FRATURA DUCTIL O tipo mais comum de perfil de fratura de tração para metais dúcteis é aquele representado na Figura (b), cuja fratura é precedida por somente uma moderada quantidade de empescoçamento. FALHA FRATURA DUCTIL • Estágios na fratura em taça-e-cone: (a) Empescoçamento inicial. (b) Formação de pequena cavidade (micro vazios). (c) Coalescência (união) de cavidades para formar uma trinca. (d) Propagação de trinca. (e) Fratura cisalhante final num ângulo de 45° em relação à direção da tensão. FALHA FRATURA DUCTIL (a) Fratura em taça-e-cone em alumínio. (b) Fratura frágil em aço doce. PROPRIEDADES MECÂNICAS MATERIAIS CERÂMICOS PROPRIEDADES MECÂNICAS FRATURA FRÁGIL DAS CERÂMICAS As propriedades mecânicas das cerâmicas são, em muitos aspectos, inferiores às dos metais. Principal desvantagem: Disposição à fratura catastrófica de uma maneira frágil, com pouca absorção de energia. À temperatura ambiente, tanto as cerâmicas cristalinas como as não-cristalinas quase sempre fraturam antes que qualquer deformação plástica possa ocorrer em resposta à aplicação de uma carga de tração. PROPRIEDADES MECÂNICAS FRATURA FRÁGIL DAS CERÂMICAS • Comportamento típico tensão- deformação até a fratura para o óxido de alumínio (cristalino) e vidro (amorfo). (Discordâncias) (Escoamento viscoso) PROPRIEDADES MECÂNICAS FRATURA FRÁGIL DAS CERÂMICAS O processo de fratura frágil consiste na formação e na propagação de trincas através da seção reta do material em uma direção perpendicular à carga aplicada. O crescimento da trinca em cerâmicas cristalinas se dá geralmente através dos grãos (transgranular) e ao longo de planos cristalográficos específicos, planos de elevada densidade atômica. PROPRIEDADES MECÂNICAS FRATURA FRÁGIL DAS CERÂMICAS Ferro fundido nodular PROPRIEDADES MECÂNICAS FRATURA FRÁGIL DAS CERÂMICAS As resistências à fratura medidas para os materiais cerâmicos são inferiores àquelas estimadas pela teoria a partir das forças de ligação interatômicas. Isso pode ser explicado pela existência de defeitos muito pequenos e onipresentes no material, os quais servem como fatores de concentração de tensões (pequenas trincas de superfície ou internas, poros internos e arestas de grãos). Estes são pontos onde a magnitude de uma tensão de tração que é aplicada é amplificada. PROPRIEDADES MECÂNICAS FRATURA FRÁGIL DAS CERÂMICAS O grau de amplificação da ten- são depende do comprimento da trinca e do raio de curvatura da extremidade da trinca, sendo maior no caso de defeitos longos e pontiagudos. PROPRIEDADES MECÂNICAS FRATURA FRÁGIL DAS CERÂMICAS A medida da habilidade de um material cerâmico em resistir à fratura quando uma trinca está presente é especificada em termos da tenacidade à fratura. Y= Parâmetro (adimensional) que depende da amostra e da geometria da trinca. IcK Y a PROPRIEDADES MECÂNICAS FRATURA FRÁGIL DAS CERÂMICAS A medida da habilidade de um material cerâmico em resistir à fratura quando uma trinca está presente é especificada em termos da tenacidade à fratura. σ= Tensão aplicada; a= Comprimento de uma trinca de superfície, ou ½ do de uma trinca interna. IcK Y a PROPRIEDADES MECÂNICAS FRATURA FRÁGIL DAS CERÂMICAS A propagação de uma trinca não irá ocorrer enquanto o lado direito da equação for inferior à tenacidade à fratura em defor- mação plana do material. σ= Tensão aplicada; a= Comprimento de uma trinca de superfície, ou ½ do de uma trinca interna. IcK Y a PROPRIEDADES MECÂNICAS FRATURA FRÁGIL DAS CERÂMICAS Os valores de tenacidade à fra- tura em deformação plana para os materiais cerâmicos são menores do que aqueles apresentados pe- los metais. σ= Tensão aplicada; a= Comprimento de uma trinca de superfície, ou ½ do de uma trinca interna. IcK Y a PROPRIEDADES MECÂNICAS Comportamento Tensão-Deformação RESISTÊNCIA À FLEXÃO O comportamento tensão-deformação de cerâmicas frágeis NÃO é em geral avaliado através de um ensaio de tração portrês razões: 1. É difícil preparar e testar amostras que possuem a geometria exigida; 2. É difícil prender materiais frágeis sem fraturá-los; 3. As cerâmicas falham após uma deformação de 0,1%, que exige que os corpos de prova de tração estejam perfeitamente alinhados, com o objetivo de evitar a presença de tensões de dobramento e flexão, as quais não são facilmente calculadas. PROPRIEDADES MECÂNICAS Comportamento Tensão-Deformação RESISTÊNCIA À FLEXÃO => é empregado um ensaio de flexão transversal. Nesse ensaio um corpo de prova na forma de uma barra, com seção reta circular ou retangular, é flexionado até a sua fratura, utilizando uma técnica de carregamento em 3 ou em 4 pontos. A tensão no momento da fratura quando se emprega esse ensaio de flexão é conhecido por resistência à flexão, módulo de ruptura ou resistência à fratura e consiste em um importante parâmetro mecânico para os materiais cerâmicos frágeis. PROPRIEDADES MECÂNICAS Comportamento Tensão-Deformação RESISTÊNCIA À FLEXÃO PROPRIEDADES MECÂNICAS Comportamento Tensão-Deformação RESISTÊNCIA À FLEXÃO O ensaio de flexão é um substituto para o ensaio de tração: 1. os limites de resistência à tração dos materiais cerâmicos equivalem a aproximadamente 1/10 das suas resistências à compressão; 2. a fratura ocorre na face do corpo de prova que está submetida a tração. PROPRIEDADES MECÂNICAS Comportamento Tensão-Deformação RESISTÊNCIA À FLEXÃO Comparação entre a resistência à tração e à compressão da alumina. PROPRIEDADES MECÂNICAS Comportamento Tensão-Deformação COMPORTAMENTO ELÁSTICO Semelhante aos resultados apresentados pelos ensaios de tração realizados com metais. A faixa para os módulos de elasticidade para os materiais cerâmicos encontra-se entre aproximadamente 70 e 500 GPa sendo ligeiramente maior do que para os metais. PROPRIEDADES MECÂNICAS Mecanismos da Deformação Plástica CERÂMICAS CRISTALINAS Ocorre através da movimentação das discordâncias. Uma razão para a dureza e a fragilidade desses materiais é a dificuldade de escorregamento das discordâncias. Ligação predominantemente iônica: Existem muito poucos sistemas de escorregamento em consequência da natureza eletricamente carregada dos íons. Para o escorregamento em algumas direções, os íons de mesma carga são colocados próximos uns aos outros. Devido a repulsão eletrostática essa modalidade de escorregamento é muito restrita. PROPRIEDADES MECÂNICAS Mecanismos da Deformação Plástica CERÂMICAS CRISTALINAS Ocorre através da movimentação das discordâncias. Uma razão para a dureza e a fragilidade desses materiais é a dificuldade de escorregamento das discordâncias. Ligação altamente covalente: As ligações covalentes são relativamente fortes. Existe um numero limitado de sistemas de escorregamento. As estruturas das discordâncias são complexas. PROPRIEDADES MECÂNICAS Mecanismos da Deformação Plástica CERÂMICAS CRISTALINAS • Comportamento típico tensão- deformação até a fratura para o óxido de alumínio (cristalino) e vidro (amorfo). (Discordâncias) (Escoamento viscoso) PROPRIEDADES MECÂNICAS Mecanismos da Deformação Plástica CERÂMICAS NÃO-CRISTALINAS A deformação plástica NÃO ocorre por movimentação de discordâncias pois não existe uma estrutura atômica regular. Ocorre por escoamento viscoso, maneira segundo a qual os líquidos se deformam. A taxa de deformação é proporcional à tensão aplicada. Em resposta a aplicação de uma tensão de cisalhamento, os átomos ou íons deslizam uns sobre os outros através da quebra e da reconstrução de ligações interatômicas. PROPRIEDADES MECÂNICAS Mecanismos da Deformação Plástica CERÂMICAS NÃO-CRISTALINAS Não existe uma maneira ou direção predeterminada segundo a qual esse fenômeno ocorre, como é o caso para as discordâncias. A propriedade característica para um escoamento viscoso, a VISCOSIDADE, representa uma medida da resistência à deformação de um material não cristalino. Os líquidos possuem viscosidade relativamente baixas. Os vidros possuem viscosidades extremamente elevadas à temperatura ambiente, o que é causado pelas fortes ligações interatômicas. PROPRIEDADES MECÂNICAS Considerações Mecânicas Diversas INFLUÊNCIA DA POROSIDADE Para algumas técnicas de fabricação de materiais cerâmicos o material de origem encontra-se na forma de pó. Após a compactação ou conformação dessas partículas, existirão poros ou espaços vazios entre as partículas do pó. Durante tratamento térmico posterior, a maior parte da porosidade será eliminada, mas poderá ser incompleto e alguma porosidade residual irá permanecer... PROPRIEDADES MECÂNICAS Considerações Mecânicas Diversas INFLUÊNCIA DA POROSIDADE Qualquer porosidade residual terá influência negativa tanto sobre as propriedades elásticas como sobre a resistência. A porosidade exerce um efeito negativo sobre a resistência à flexão por dois motivos: 1. Os poros reduzem a área da seção reta através da qual uma carga é aplicada. 2. Atuam como concentradores de tensões. PROPRIEDADES MECÂNICAS Considerações Mecânicas Diversas INFLUÊNCIA DA POROSIDADE • Micrografias MEV das superfícies das amostras sinterizadas a 1350°C (a), e1500°C (b). • Observa-se aumento do tamanho de grão e redução da porosidade a medida que a temperatura de sinterização aumenta. A B PROPRIEDADES MECÂNICAS Considerações Mecânicas Diversas INFLUÊNCIA DA POROSIDADE • Micrografias de MEV das superfícies das amostras sinterizadas a 1600 °C (a), e1700 °C (b). • Observa-se aumento do tamanho de grão e redução da porosidade a medida que a temperatura de sinterização aumenta. C D PROPRIEDADES MECÂNICAS INFLUÊNCIA DA POROSIDADE PROPRIEDADES MECÂNICAS INFLUÊNCIA DA POROSIDADE PROPRIEDADES MECÂNICAS AULA REFERENTE AO CAPÍTULO 8 DO LIVRO LEIA E ANOTE AS DÚVIDAS
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