Buscar

Lixão em favela do Rio vira área de preservação ambiental

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Lixão em favela do Rio vira área de preservação ambiental
FABIO BRISOLLA
DO RIO
01/12/2013  01h50
Compartilhar1,4 mil
Mais opções
PUBLICIDADE
Uma área verde planejada para substituir um lixão tem tudo para ser o próximo "point" do Vidigal, a famosa favela da zona sul carioca com vista para o mar.
Batizado de Parque Ecológico Sitiê, o lugar antes associado ao cheiro ruim foi reinventado por três moradores da comunidade. Sem apoio do poder público, eles criaram um modelo de recuperação ambiental na favela situada entre os bairros do Leblon e de São Conrado.
Desde que foi ocupado por policiais, no fim de 2011, o Vidigal virou endereço de cariocas "do asfalto" e turistas interessados em fazer negócios imobiliários, aproveitar baladas em lajes ou simplesmente conhecer a cidade.
No topo da comunidade, o Sitiê surgiu com a proposta de ser um novo ponto de encontro entre a população local e os visitantes.
Parque Ecológio do Sitiê
1 de 10
  
Daniel Marenco/Folhapress
AnteriorPróxima
AnteriorPróxima
Mauro Quintanilha, 53, Paulo César de Almeida, 52, e Thiago de Sousa, 32, são os responsáveis pela recuperação do espaço público que, desde a década de 1980, concentrava tudo que era descartado na região --de móveis quebrados a entulho.
Assim que decidiu limpar a área com as próprias mãos, em 2005, o trio virou motivo de piada. Mas onde antes havia o lixão, hoje existe um espaço com horta e árvores frutíferas. Tudo na cultura orgânica, sem uso de agrotóxicos.
LEGO DE PNEU
O Sitiê é um terreno íngreme, com cerca de 40 mil metros quadrados --o equivalente a cinco gramados do Maracanã. Apesar de pertencer à prefeitura, acabou virando um parque público sob gestão da população local.
As pilha de pneus retirados no processo deu origem a escadas montadas como peças de Lego. Mas o preto das peças foi substituído por cores.
"A gente tirava um pouco de lixo em um dia e os moradores jogavam mais ainda no dia seguinte", relembra Almeida, ao mencionar a dificuldade enfrentada no início.
Para quebrar o hábito de lançar lixo no terreno, eles começaram a plantar em cada metro que se abria e passaram a distribuir a produção da horta para os moradores.
"Isso mexeu com eles. Passaram a ver que era errado jogar lixo ali", diz Almeida, que dá expediente como gari comunitário pelas ruas do Vidigal. "Quando conheci o Mauro, não dava nem para chegar na casa dele."
Mauro mora ao lado do parque. Foi ele quem pensou no nome "Sitiê", uma combinação de sítio com tiê, passarinho vermelho visto com frequência pela região.
Percussionista, ele divide seu tempo entre a música e o trabalho de recuperação. "Foram décadas de poluição. Em oito anos, já tiramos mais de 16 toneladas de lixo", diz.
"É um trabalho que não acaba. Todo dia a gente ainda tira lixo", acrescenta Sousa, atual gerente do parque.
Na parte baixa do Sitiê, próxima à avenida Niemeyer, a concentração de lixo ainda é grande.
DESIGN DE PONTA
Conectada por morros à favela da Rocinha, o Vidigal sempre foi considerado local estratégico na venda de drogas da cidade. Assim como em outras favelas cariocas, a instalação da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), se não acabou com o tráfico, ao menos inibiu o trânsito de homens armados pelas ruas.
"O Sitiê é um exemplo para a cidade inteira", diz o paraibano Pedro Henrique de Cristo, 30, arquiteto formado em Harvard que alugou uma casa no Vidigal e, recentemente, se juntou ao trio.
Em breve, o local deve ganhar oficina de reciclagem, sala de alfabetização, biblioteca e escola de gastronomia.
O projeto é comandado pelo arquiteto, que pretende investir no design dos equipamentos a serem construídos no parque. Ele diz que muitos falam em sustentabilidade, mas poucos agem. "Sem entender direito o que é meio ambiente, esses caras promoveram a maior inovação de espaço público que eu já vi." 
Conexão Vidigal-Harvard-asfalto transforma lixão em parque educativo
Por Raphael Gomide iG Rio de Janeiro | 28/03/2013 09:00
COMPARTILHE
Tamanho do texto
Moradores de favela levaram 8 anos para limpar terreno. Com ex-alunos de uma das maiores universidades do mundo, vão fazer complexo ecológico para comunidade conviver e aprender
Raphael Gomide
Projeto Sitiê reúne Mauro, nascido no Vidigal, o paraibano Pedro Henrique e a norte-americana Caroline Shannon, ambos de Harvard, na escada de pneus
Nascido literalmente no Vidigal – com parteira –, Mauro costumava brincar no “sítio”, no alto do morro, na zona sul do Rio, quando era menino. Ali pegava e comia do pé abundantes mangas, goiabas, jacas, em meio à mata. O tempo passou, e o lugar idílico foi invadido, primeiro por casas, depois pelo lixo. A prefeitura indenizou os moradores, mas deixou o entulho das demolições para trás. Aos poucos, vendo o acúmulo, a população passou a abandonar ali também todo tipo de descarte, como entulho, geladeiras velhas, fogões, cadáveres de bichos mortos. Virou um lixão.
Raphael Gomide
Mauro no mirante do Sitiê, que já foi um lixão. Ao fundo, o mar e as praias do Leblon e de Ipanema
“Dava vontade de chorar. Parecia impossível limpar. Falamos com a Comlurb, mas ninguém vinha. Eu me sentia doente de viver em um lugar assim. Mas tinha aquele pensamento: professor não pega em lixo... Um dia, em 2005, falei com Paulinho (líder dos garis comunitários do Vidigal) e, com facão, passamos a entrar no mato e recolher o lixo. Mobilizamos depois os garis comunitários, em vários mutirões”, conta o professor de música Mauro Quintanilha.
“Vi ninhadas de mais de cem ratos”, contou Mauro. Ele, Paulo Almeida, Manoel Silvestre, Tiago Bezerra e Vitor Alves levaram quase oito anos para limpar o terreno no alto da comunidade - hoje pacificada, com UPP - e transformá-lo em um grande jardim de 85 mil metros quadrados, com vista espetacular para o mar do Rio e as praias de Leblon e Ipanema. Reciclaram material, o Jardim Botânico do Rio doou mudas, guardaram pneus de carros e bicicletas que os donos de uma borracharia no alto da mata rolavam morro abaixo. Foi Mauro quem teve a ideia de usar os pneus como escadas no terreno de declive e acidentado. Parte do entulho retirado preenche os pneus, que deixaram as descidas e subidas do Sitiê mais transitáveis.
Oásis verde no Vidigal
Raphael Gomide
Jardins tomaram o lugar do lixão, que levou oito anos para ser limpo
Hoje, a enorme área de 8,5 mil metros quadrados deu lugar a um oásis verde, com jardins, horta, escadas de pneu e bancos de pet, o Sitiê. O nome é uma fusão de “sítio”, modo como os moradores chamavam o lugar no passado, com o pássaro rubro-negro visitante frequente do local, o tiê-sangue.
O espaço ganhou um upgrade no último fim de semana, com uma improvável conexão Vidigal-Harvard-asfalto do Rio. Pedro Henrique de Cristo, 30 anos, é um paraibano formado em Políticas Públicas na prestigiosa Universidade Harvard, nos EUA, e mora há um ano do Vidigal, por opção.
Fundador da entidade Cidade Unida – que recebeu prêmio do ONU-Habitat por programas de políticas públicas em favelas do Rio –, ele idealizou o projeto para tornar o Sitiê um parque ecológico e de educação, com arquitetura de alto nível, voltada para o aprendizado e sustentabilidade. Convocou amigos arquitetos de Harvard e viraram três noites na elaboração dos projetos em computador.
Mutirão reúne moradores do morro, escoteiros e visitantes do 'asfalto'
Raphael Gomide
Mauro, o criador da escadaria de pneus
“Aqui será tudo ‘estado-da-arte’, do bom e do melhor. Aos poucos, conseguimos parceiros. Devemos ter doação de todo o material para a obra”, diz Pedro, que estima o custo total em cerca de R$ 200 mil, nada tão vultoso. Ele, porém, não quer participação da administração pública. “Basta que não nos atrapalhem”, afirmou.
No fim de semana passado, a primeira parte foi posta em prática: 120 voluntários do morro e do asfalto – entre os quais ativistas do “Imagina na Copa” e escoteiros – fizeram uma intervenção e completaram dezenas de metros da escadaria de pneus, com “tecnologia do Vidigal”. “Conectamos o morro eo asfalto. Trabalhamos de 7h até meia-noite, na chuva. Tem de misturar a galera com a comunidade, as capacidades complementares”, vibra Pedro, que considera só ter “terminado o mestrado” após morar no morro.
Ex-alunos de Harvard desenharam projeto do futuro Sitiê
Raphael Gomide
Mauro, Pedro e Caroline planejam o Sitiê do futuro
O Sitiê já faz parte de roteiros turísticos, principalmente de estrangeiros como a iraniana que esteve lá semana passada. Mas muitos acabavam não conhecendo o espaço pela dificuldade de descer as encostas, sem uma escada.
“Outro dia caiu uma grávida descendo aqui e uma menina torceu o pé”, disse o rapaz.
Caroline Shannon, arquiteta de 26 anos de um estúdio em Boston, recebeu de Pedro uma ligação na quinta-feira para estar três dias depois no Rio, desenhar o esboço e integrar o mutirão. Uma semana depois, avisou no trabalho que ficaria no Rio, por ora.
Ela foi uma das que desenharam, junto com um colega japonês e uma brasileira, o projeto para o futuro Sitiê, que esperam implementar de fato até o fim do ano. Prevê decks de madeira, salas interativas com computadores, lugares de aprendizados para crianças, obras de arte, oficina de “cozinha viva” da chef Graça dos Prazeres, além dos jardins e mirante já existentes.
O quadro-negro
E, principalmente, quadros-negros, que consideram o centro do aprendizado e da criatividade, um grande salto tecnológico do homem, surgido na idade das cavernas. “O quadro-negro é o lugar onde qualquer um pode pintar, escrever o que quiser. Acredito que deva existir um quadro negro em todas as casas do Brasil e do mundo”, afirmou Pedro.
Raphael Gomide
Graça, com seu muro de "comida viva"
“Esperamos que se torne um estímulo para as crianças, com novas oportunidades tecnológicas e um lugar para dividir o aprendizado. Imagine o que é possível! O que significa o futuro sustentável no urbanismo? Quando se fala isso na faculdade e na teoria, ninguém imagina que um lugar como este exista. E como as pessoas transformaram este espaço, e a comunidade se apropriou dele”, disse a arquiteta americana Caroline Shannon.
É preciso pôr a mão na massa. Paulo Almeida desobstruía na terça-feira com o colega pioneiro do Sitiê Manoel, uma fonte natural de mina de uma pedra perto do Sitiê, hoje sem água – o que desativou a horta. Retiraram até o esqueleto de um gato, o que, junto com outros detritos, contaminava a água pura.
Vestindo camisa de gari comunitário e calças jeans com “Vidigal” escrito a caneta em uma das pernas, Paulo ensina: “Não funciona se não cair de corpo e alma”, disse, enquanto Manoel punha as palavras em prática, dentro de um buraco.
Raphael Gomide
Manoel e Paulo limpam mina para levar água pura, por canos, ao Sitiê
MISSÃO
Criar valor e produzir legados intergeracionais por meio da transformação de áreas degradadas em espaços públicos verdes, educação, democracia, empreendedorismo, artes, cultura, tecnologia e design em todas as escalas.
VISÃO
Que o Sitiê lidere a transformação do Vidigal na primeira favela integrada e sustentável do mundo.

Continue navegando

Outros materiais