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DINHEIRO E ESPIRITUALIDADE

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DINHEIRO E ESPIRITUALIDADE 
Por: Claudemir de Oliveira
INDICE 
1º- UMA VISÃO PESSOAL
2º- UMA VISÃO DO DINHEIRO NA BÍBLIA
3º- A AMBIÇÃO E O PLANO DE DEUS
4º- A MÍDIA E O CONSUMISMO NA HISTÓRIA 
5º FELICIDADE
6º CONSCIÊNCIA FINANCEIRA OU AVAREZA ?
7º EDUCAÇÃO FINANCEIRA
8º ADMINISTRAR O SALÁRIO
9º PLANEJAMENTO
10º (FRP) UMA NECESSIDADE BÁSICA
11º SER POBRE É UMA OPÇÃO?
12º A POBREZA E O CONTROLE FINANCEIRO
13º PRUDÊNCIA É AMOR
14º FRP x CONSUMISMO 
DINHEIRO E ESPIRITUALIDADE
INTRODUÇÃO
Por tudo que tenho visto no meu dia a dia, tanto na minha vida, como na vida das pessoas que me cercam, ou seja, a sociedade em geral; os conflitos que existem nesta sociedade, a insegurança, o alto desnível social, a corrupção e crimes diversos. Por tudo isso, a participação comunitária levou-me a uma meditação mais profunda, sobre um assunto que é muito incomodo, inclusive nos meios religiosos.
Este assunto é dinheiro e a espiritualidade.
Usando a experiência pessoal no controle financeiro, tentarei mostrar como a prática deste controle pode mudar a situação financeira de uma pessoa.
Sem ter uma formação universitária de economia, usarei somente o conhecimento pessoal adquirido em uma vida que, primeiro foi de total descontrole financeiro e depois de um despertar para a realidade do uso do dinheiro.
Quando se fala em dinheiro, tem se a intenção de despertar e avaliar, a responsabilidade financeira do indivíduo.
O que é responsabilidade financeira?
¨É a forma como indivíduo usa a quantia monetária, que esta sob o seu poder, para gerar vida e felicidade, para ele, para os seus, para a sociedade e para o mundo.¨
Porém, mesmo sendo de suma importância para a sociedade, este assunto controle financeiro, tem sido muito desprezado pelos órgãos educadores. Ao ponto de ficar difícil ao indivíduo comum, até mesmo pensar sobre isto. E também a mídia que teria a função de informar, parece não ter o menor interesse no assunto.
Na lógica, em uma sociedade onde falta a prática da responsabilidade financeira, rege o inverso que é a irresponsabilidade financeira, e os frutos desta situação, todos podem ver nas páginas dos jornais.
As macroeconomias, as contabilidades financeiras, os percentuais das bolsas de valores, a taxa de selic, etc. Todas estas complexidades de números geram no cidadão comum dúvidas e temores, quando o assunto é dinheiro.
A intenção deste trabalho é despertar neste cidadão, o interesse em meditar sobre as interferências do dinheiro, na sua vida e na sociedade. E ser humildemente um instrumento do bem, na luta contra a desigualdade social.
A frase dita por Jesus de Nazaré:¨.Dai a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus.¨ É muito usada em discursos religiosos, quando o assunto é dinheiro.
Mas, será que se tem uma compreensão real, do significado desta catequese? 
Espero que no final desta leitura, o leitor tenha sua própria compreensão.
CAPÍTULO 1
UMA VISÃO PESSOAL
Como disse antes o que me levou a escrever sobre este assunto, foi uma visão pessoal, formada através de anos vendo as pessoas serem levadas a não ter consciência financeira.
Por exemplo, um dia falando sobre economia com alguém, fui criticado por um colega, este disse que eu estava perdendo tempo, pois ninguém é bobo, todos já sabem como lidar com o dinheiro, o difícil é ter dinheiro.
Isso me fez refletir ainda mais, será que é isto mesmo? Será que estou ¨jogando pérolas aos porcos¨, ninguém é inocente? Só se fingem de sofredores para conseguirem piedade, são malandros e usam as dificuldades para se darem bem? Cheguei à conclusão que não, eu não estava errado, o meu colega estava.
As pessoas sofrem por causa do dinheiro, porque não foram educadas a controlar o dinheiro; mesmo os que parecem espertalhões são inocentes, não sabem o mal que fazem para si mesmo e para a sociedade. Fora aqueles que optaram em serem ladrões e assassinos, a maioria das pessoas são inocentes e precisam ser educadas no campo financeiro.
Falo isso porque tive a chance de ser educado financeiramente, porém só comecei a ter controle sobre meus gastos com 30 anos de idade; até então levei uma vida totalmente desregrada, cheguei nesta idade sem ter adquirido bem algum, só dívidas, com histórias de descontroles que precisariam de outro livro para narrar.
Com 31 anos, e o casamento marcado comecei a por em prática o conhecimento financeiro que já tinha, mas não usava, pois havia trabalhado por 15 anos, acreditem, em agência bancária, e alguma coisa tinha que aprender, isto é, a mais simples contabilidade.
Agora junto com minha esposa, começamos a por em prática aquela velha frase ¨não se deve gastar mais do que se ganha¨. Parece simples esta idéia, mas como é difícil colocar em prática isto no começo. Na filosofia tudo é lindo, mas no dia a dia é complicado. Começamos a controlar até o pãozinho da padaria, com um caderno fizemos um livro caixa, ou se preferir um balancete, tudo que era gasto e as previsões de gastos eram ali anotados.
Com o valor do meu salário em mãos, fazíamos uma previsão de gastos no mês e víamos quanto iria sobrar.
Nos primeiros meses com um controle rígido, vimos que o dinheiro dava para passar o mês e ainda sobrava um pouco. Foi então que decidimos tentar fazer um fundo de reserva prudente com a sobra.
Naquela época tomamos uma decisão drástica, nos aventuramos a tentar passar o mês com a metade do pagamento, a outra parte iria para o fundo de reserva, para realizar nossos sonhos, tipo casa, carro, etc. Para conseguir isto começamos a cortar gastos, no começo ao extremo.
Ressalto aqui a importância da compreensão, apoio e participação da minha esposa, sem a qual não seria possível nada disto. Diz um ditado popular ¨ que quando o marido coloca com a pá e a mulher tira com a colher o marido não vence. ¨ Quando casados a aceitação dos dois da idéia de economia tem de ser completa, não pode ter dúvidas, se um cônjuge não concordar, esse já é um projeto falido. É melhor trabalhar então, primeiro no campo da educação financeira com o diálogo, para depois se aventurar a colocar em prática a economia do lar. Aventuro-me a dizer que, se o casal não tiver uma parceria verdadeira neste campo da vida, dificilmente este casamento terá um futuro. Quando um casal fala coisas do tipo meu dinheiro, seu dinheiro, minha conta, sua conta, é uma separação muito forte. Casal onde um não sabe quanto o outro ganha não pode existir, isto é falta de respeito, e a idéia de separação de corpos está sendo implantada a passos largos. Por isso a importância do entendimento do casal, pois se assim não for será impossível ter um controle financeiro.
Mas continuando, cortar gastos significa abrir mão de certas regalias momentâneas, planejando o futuro, e acreditando que existe um futuro, pois ele vem independente de nossa vontade. Muitos dizem: Pra quê me preocupar com o futuro, e se eu morrer antes? Eu sempre respondo, e se você não morrer como vai viver?
Respondo uma pergunta com outra pergunta por que, cortar gastos para muitos é a coisa mais difícil de fazer. As pessoas são condicionadas por uma sociedade consumista a pensarem que, porque trabalham e são honestas têm direitos a ter tudo que a sociedade oferece. Pensam assim ¨afinal eu mereço¨. E com esse pensamento não conseguem abrir mão de algo supérfluo, com medo de estarem sendo injustas consigo mesmo. Esse entendimento de ter direito é muito amplo, quem conseguir ser honesto verá que para ter direito antes tem os deveres, e aí a coisa pega, pois requerer direitos sem planejamento e conhecimento é irresponsabilidade. Vamos a um exemplo muito comum na nossa cultura. 
Em um churrasco de final de semana em família, os cunhados estão combinando de passarem o próximo final de semana na praia. Você é especialmente convidado, você sabe que sua situação econômica atual não esta boa, está com orçamento totalmente comprometido. E agora o que fazer? É honesto, e fala para os familiaresque você não pode ir, devido a sua situação financeira, mesmo sabendo que isso traria certa vergonha e constrangimento para você e sua esposa, pois vocês falsamente criaram um Status e tem de mante-lo? Ou mete a cara e vai, pois é mais fácil fazer um empréstimo sem ninguém saber, do que encarar a realidade, pois afinal de contas você trabalha e tem direito a um final de semana na praia com a família? Normalmente a segunda opção é a escolhida. E vai se afundando mais, a situação que já era ruim, quando voltar da praia estará pior. Por isso a pergunta, será que se tem realmente direito?
Cortar gastos requer consciência, não é cortar o necessário, é cortar o supérfluo. Um ditado diz: ¨Economia na mesa, gasto na farmácia.¨ Ou seja, não pode privar-se de coisas essenciais como uma boa alimentação, isto é prioridade, mas ir à praia dá para passar sem no momento. Com planejamento todos têm direitos realmente, mas falarei disto mais a frente.
Eu disse cortar gastos no começo ao extremo, que era justamente para adquirir a consciência e o costume de fazer economia, e também poder falar com certeza do que é possível ser feito. Existem uns exemplos de economia que são radicais, mas funcionam como educadores. Vou citar alguns, por exemplo: o sabonete, sabonete você tira o papel coloca no banheiro e ele logo gasta, pois fica molhado, cai no chão etc. Na economia quando você abre o sabonete corta-o no meio e usa uma parte de cada vez, com isso ele dura quase o dobro, isto também com a esponja de aço, com a bucha da pia; detergentes já fazem muita espuma são fortes, pegue um frasco vazio divida o liquido ao meio e complete com água, terá dois frascos cheios; carnes de segunda são menos caro e têm sabor até melhor, café compre o mais barato com selo da ABIC, se o selo é bom para um é bom para todos, todo mercado de hortifruti tem uma feirinha da economia visite-a, etc. A lista é infinita, pesquise, use a criatividade, converse com outros sobre isto e ficará impressionado com a criatividade do povo.
Pode ser radical no começo, com o tempo pode-se ir aliviando algumas coisas, outras permanecem como um hábito, mas o importante é a educação financeira que fica. 
A nossa idéia no começo dessa aventura econômica, era economizar o máximo em pequenas coisas para ter maior consciência em transações maiores. 
E também por ter trabalhado em banco aprendi que, o melhor negócio que se faz com um banco (Instituição Financeira) é ficar o mais longe possível dele, nada de cheques ou cheque especial, nada de cartões de crédito, e nem pensar em empréstimos. Cheques especiais eram para clientes especiais, e não era meu caso, eu sou apenas um assalariado, cartões de crédito nunca são de graça, eles geram dívidas, e empréstimo aí já é o fim, acabou a economia.
Desde o começo do casamento decidimos que não iríamos fazer dívidas, só se fosse um caso além de nossa vontade, como por exemplos um problema de saúde. Ou comprávamos a vista ou não comprávamos, isto qualquer coisa.
Parece radical, mas no começo tinha de ser assim, pois não fazia sentido economizar tanto em outras coisas e dar dinheiro para o banco. Continuamos a ter uma vida social normal, festas, churrascos, viagens, passeios, alguns pequenos descontroles pessoais com presentes, porém tudo planejado e dentro do orçamento.
Com o passar do tempo começamos a perceber que já não era tão difícil fazer o controle, pois fomos nos adaptando a este estilo de economia; e logo não necessitávamos ser tão rígidos, e é impressionante como o dinheiro bem administrado cresce. O sonho da casa logo foi realizado, do carro, do fundo de reserva também. A chegada do filho não alterou a rotina de economia, até melhorou, vimos que não era só guardar dinheiro, aprendemos na prática a educação financeira e seus frutos.
Com a participação em grupos de auto-ajuda, e na igreja, surgiu a idéia de deixar registrada a minha experiência pessoal no campo financeiro. 
CAPÍTULO 2
UMA VISÃO DO DINHEIRO NA BÍBLIA
O ser humano é constituído de matéria e espírito. Os instintos fazem o caráter do homem no campo espiritual, e o dinheiro alimenta o campo material. Dotado de inteligência é levado pela própria curiosidade a questionar os ¨porquês¨ da vida. Com perguntas como de onde vim, o que faço aqui, para onde vou? Muitos são levados á religião.
E a religião tem a função de orientar o indivíduo no campo espiritual. E é inegável que a religião exerce muita influência na consciência social.
Deixando de lado os diversos movimentos religiosos do mundo, vamos nos pautar pelo cristianismo. A grande maioria dos homens de nossa cultura tem suas vidas orientadas por esse nome.
Os relatos Bíblicos dizem que Cristo quando esteve no mundo, foi questionado, falou e perguntou sobre o dinheiro. 
É interessante pensar o porquê disto, porque o assunto de posse é tão falado e questionado desde os primórdios da religião e dos povos. Situações de rico e pobre, senhor e escravo, poderosos e humildes, estão presentes em toda a Bíblia.
E não há passagem Bíblica indicando que o homem é ruim só porque tem posse ou dinheiro, e que é bom só porque não tem posse ou dinheiro.
Fica claro lendo as escrituras, que a quantidade de bens, ou dinheiro que um homem possui, não fazem o caráter espiritual deste homem.
Os profetas na sua maioria pobres de bens terrestres eram ricos em virtudes e felicidades.
E os patriarcas e reis, ricos e muitos amigos de Deus. Salomão o mais rico de todos teve a benção de Deus. Jesus foi amigo de ricos, Mateus, Zaqueu, José de Arimatéia. Os patriarcas do povo de Deus, Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, Jó... Todos tiveram muitas posses.
Zaqueu que era rico, quando se encontrou com Jesus não ficou pobre, apenas tomou consciência da necessidade de partilhar, e isto foi suficiente para Jesus dizer que entrou a salvação naquela casa. ( Lc 19,9 ). 
No entendimento de muitos doutores da Lei, na época de Jesus, o pobre era pobre porque vivia no pecado, e por isso estava afastado das bênçãos de Deus. E muitos entendiam bênçãos como bens materiais. 
Viam a pobreza como uma desgraça de ação Divina. Como disseram ao jovem cego que fora curado por Jesus, e com alegria falava sobre o messias. Os doutores repreendiam-no assim: ¨você que nasceu todo no pecado está querendo nos ensinar.¨( João 9,1-34)
E nessa linha de raciocínio, também viam a riqueza como uma benção Divina, e só o fato de homem ser rico já era prova que era amigo de Deus e abençoado, chegando a acreditar que estes iriam para o céu, e o pobre para o inferno.
Jesus, o messias, o Cristo de Deus, a palavra de Deus, na sua boa notícia, no seu evangelho, mudou este raciocínio.
Todos os ensinamentos de Jesus exaltam o homem, como indivíduo de ações de comunhão para o bem dos irmãos; quando o homem pratica uma ação que beneficia o irmão este agrada a Deus, e isto gera paz e felicidade. 
O acúmulo de riquezas só é condenado quando não é acompanhado de uma consciência comunitária e não gera vida para outros, ou seja, avareza.
O bom samaritano, da parábola, é uma pessoa de posse, tem para sua época certo poder aquisitivo, porém é citado pela sua atitude de bondade para com um estranho, socorre o necessitado sem julgamento e sem esperar retribuição, somente por piedade. ( Lc 10,25-37 ). 
A tradição diz que Judas Escariótes era o tesoureiro do grupo de Jesus, porém mostra os evangelhos, que ele tinha dificuldade de entender o significado de sua função, e dos bens arrecadados, chegando ao ponto de corrigir o mestre quanto ao desperdício e a necessidade de ajudar os pobres, talvez o maior exemplo de hipocrisia e falsa caridade. ( João 12,1-8 ).
Algumas pessoas em um gesto de desespero, ou consciência pesada pelo mal uso do dinheiro, dizem que não querem nem saber de dinheiro, têm até pânico de dinheiro, falam que dinheiro é coisa do diabo que só gera discórdias e guerras na humanidade. Eu aceito o controle do dinheiro como Bíblico, por isso não vejo nada de errado em guardar dinheiro e usá-lo com sabedoria e honestidade, abomino sim o desperdício.O desapego total de bens materiais, a repulsa em querer participar do mundo de consumo e a aversão ao dinheiro, são boas opções filosóficas, porém se não forem acompanhadas de opções e ações reais e inteligentes, será mera hipocrisia.
Um Monge religioso de uma ordem da igreja, que optou conscientemente em viver uma vida de renuncias, oração e louvor a Deus, tem o direito de jejuar e abrir mão de bens terrestres, e trabalhar em prol dos irmãos, isto é uma ação real. Mas aquele que usando de sua liberdade optou por constituir família e viver em sociedade, não trará felicidade para ele e sua família, se abrir mão da aquisição dos bens necessários para sua sobrevivência.
É esta a questão principal da conversa de Jesus com o jovem rico. Onde está o coração do homem? Qual a opção do homem? Jesus fala que é impossível o homem escolher um caminho e seguir outro, e chegar ao Reino de Deus, ou seja, ser feliz. ( Lc 18,18 ).
Jesus incomoda porque sempre chama o homem a ter responsabilidade, se rico responsabilidade de rico, se pobre responsabilidade de pobre, se pai responsabilidade de pai, se filho responsabilidade de filho.
O ladrão não teme a Deus, ele não tem consciência da ação de Deus, ele tira o dinheiro dos outros achando que é um direito dele, por motivos que sua mente doentia lhe oferece. Mas o cidadão de bem não pode pensar igual a ele, sabe que o direito a propriedade é sagrado, não roubar é um mandamento de Deus.
Faço esta comparação para deixar claro que economizar é diferente de roubar, o cidadão de bem não deve ter medo de poupar achando que está roubando alguém. Na igreja costuma-se dizer que ninguém pode dar o que não tem, estão falando do amor, mas também serve para o dinheiro. Para fazer caridade é preciso ter condições de doar, e para ter condições de doar é preciso planejar a vida financeira, senão será mais um precisando de ajuda. 
Jesus conta a parábola dos talentos, nela ele explica que o homem tem a obrigação de gerar frutos. Deus criou o homem completo, deu-lhe condições de evoluir e nessa evolução ajudar uns aos outros. Por isso não tem como o homem fugir das suas responsabilidades com desculpas tipo: ¨ Dinheiro não é coisa de Deus, por isso eu vou gastar todo o meu e ficar livre dele, então irei pro céu.¨ No final da parábola Jesus explica que por não confiar em Deus, e na sua própria capacidade, o homem que fugiu das suas responsabilidades perderá tudo.( Lc 19,11-27 ).
¨É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus.¨ 
( Lc 18,25 ). Esta frase dita por Jesus é muito conhecida, e também muito usada em discurso religioso quando a intenção e preservar os fiéis da avareza. A ambição é o perigo. Este rico da passagem Bíblica simboliza aquela pessoa que perdeu toda a caridade e consciência comunitária. É alguém que coloca o dinheiro acima de tudo, tem um apego tão grande com o dinheiro, que pensa poder comprar tudo com ele inclusive à felicidade. É o ambicioso que coloca toda a sua fé no dinheiro, e não consegue imaginar uma vida sem muito dinheiro, e por isso o medo de perdê-lo. Não consegue entender o mandamento de adorar a Deus sobre todas as coisas, é idólatra, pois para ele o dinheiro é o deus. Alguém que se identifique com esta pessoa deve então se preocupar com este alerta. Mas se é somente uma pessoa que planeja sua vida financeira com responsabilidade, não precisa temer essa sentença.
Estas passagens Bíblicas que foram aqui usadas têm como finalidade mostrar que a idéia central deste trabalho é a economia. E que Deus não condena quem é econômico, muito pelo contrário a economia feita com consciência e responsabilidade social é abençoada por Deus.
O controle de certa quantia de dinheiro, não é criticado por Deus, mas a forma como ele é usado, sempre terá uma conseqüência que será avaliada por Deus.
CAPÍTULO 3
A AMBIÇÃO E O PLANO DE DEUS. 
¨ Diga-me aonde você gasta seu dinheiro e seu tempo livre, e direi seu caráter.¨
Para uma pessoa que tem o mínimo interesse em ser boa, ou ter uma consciência boa; o dinheiro sempre trará responsabilidades, ela sempre será responsável pelos frutos que o dinheiro gera, ou a falta dele não gerara, para si mesmo, para a sua família e para a sociedade onde ele vive.
Em um debate rico de idéias sobre responsabilidades, quanto a posses do homem, é possível imaginar que para uma pessoa que entendeu esta idéia, não há vantagens em ganhar uma grande quantia de dinheiro em jogos de azar tipo loterias, etc. Pois isto só vai aumentar suas responsabilidades e talvez diminuir sua felicidade. Mas se quer sacrificar-se em prol de outros, e este sacrifício lhe traz felicidade, então é autêntico o desejo de ter muito dinheiro.
Começo este capítulo falando de responsabilidades porque, é a consciência de suas responsabilidades que formam o caráter do homem, e a formação de um bom caráter é o objetivo principal deste capítulo.
Sei que para muitos é difícil concordar com essa idéia de não ter ambição com loterias e jogos de azar. Mas peço que tenham paciência e meditem com amor nesta proposta.
Alguém poderá dizer, não quero ter muito dinheiro, mas somente o necessário para ter o mínimo para viver bem, ou seja, um bom carro, uma boa casa e condições sociais estáveis para minha família. E para isso preciso ganhar um dinheiro que não tenho agora. Daí o grande número de apostadores nas loterias do País.
Mas será que isso não é uma grande ilusão coletiva, pois o dinheiro das loterias é fruto de vários apostadores, que jogam com a mesma finalidade que é ganhar. Aquele apostador que ganha recebe o grande prêmio, e isto é motivo de frustração de diversas pessoas; será que isso poderá gerar bem estar social, ou seja, felicidade? Bem só se o ganhador devolvesse todo o dinheiro para todos os apostadores, que de certa forma estão tristes com o desfecho do jogo. Mas aí ele ficaria sem o prêmio, sem contar que teria de desembolsar algum valor, pois o governo fica com parte da arrecadação.
Parece absurda esta idéia, mas ela é colocada só para efeito de meditação de como a felicidade pessoal e social deveriam estar ligada.
Analisemos agora aquele que ganhou milhões, o que pode fazer? Comprar bens duráveis, propriedades, imóveis, aplicações, bens supérfluos e úteis, viagens, jóias, melhorar as condições de vida da família, ou seja, criar um patrimônio.
Passado os tempos de euforias é hora de administrar os bens, primeiro para não acabar e depois durar para futuras gerações, pois isto é sua responsabilidade.
Como possuidor de bens e posses, ele também é responsável pela ação social do lugar onde vive, terá de gerar empregos e manter esses empregos, terá sob sua responsabilidade muitas vidas, famílias inteiras sentirão os reflexos de suas atitudes, e por isso ele é responsável.
Já que ele foi contemplado com a sorte, seus filhos e netos também merecem usufruir de todos estes bens, e para isso ele tem a responsabilidade de manter e aumentar seus ganhos, pois a falência, ou término dos bens só na sua vida; teria uma grande cobrança da família e reclamações que ele não suportaria. E cobrança da própria consciência ¨tive tanto agora não tenho nada¨.
Quando disse que para uma pessoa consciente não haveria vantagens em ganhar na loteria, melhor dizer que não há vantagem em jogar na loteria.
Bem, a verdade é que muitos jogam e as responsabilidades ficam sempre em segundo plano.
Neste momento um crítico poderia dizer: ¨deixe de ser medroso e assuma o risco de ser feliz.¨
Medo e prudência são duas atitudes com extremas diferenças, porém podem ser confundidas quando não são bem entendidas. 
Medo no sentido de covardia é não fazer o que se tem de fazer para gerar vida, prudência é fazer o que se tem que fazer para gerar vida.
Essa diferença é muito importante de ser entendida, pois altera a vida da pessoa para sempre, veja um exemplo. Seguindo pela rua surge a oportunidade de cortar caminho por um beco escuro. E agora, se arisca ou anda um pouco mais para chegar seguro ao seu destino? Parecem simples as opções,porém a escolha reflete muito como está à vida da pessoa neste momento. Se cortar caminho for de alguma forma gerar vida, esta é uma opção de coragem; agora se for só para chegar mais rápido isto é imprudência. 
Esta mesma decisão também é enfrentada no campo financeiro, medo, coragem, prudência ou imprudência; são opções que dependem muito de como está à vida espiritual do indivíduo, e seu entendimento disto.
Se um indivíduo recebe na vida a incumbência de administrar uma soma volumosa de dinheiro, seja por herança ou outras formas de repasse; ele é responsável por isso quer queira ou não, já não tem o direito de abrir mão desse dever sem isso acarretar sérias consequências para o seu futuro e da sociedade, ele estará preso por essa responsabilidade á vida toda. Agora alguém invejá-lo por isso e querer a todo custo ter as mesmas responsabilidades dele na sua vida, através de jogos, loterias e sonhos, não é muito prudente.
E então como fica o sujeito com certa ambição, ele não poderá querer melhorar suas condições de vida, só por medo das responsabilidades.
É lógico que sim, poderá, todos devem progredir na vida isso gera felicidade, mas a forma como isso acontece tem de ser muito bem avaliada.
É preciso entender ( e talvez esta seja a verdade mais difícil da sociedade aceitar ) que só se consegue felicidade plena com honestidade, e sem honestidade é impossível conseguir uma felicidade real.
Infelizmente muitos dirão: ¨Isso é filosofia barata, uma idéia de trouxas, veja quantos na sociedade deram grandes golpes e hoje são ricos e felizes e não estão nem aí para os pobres honestos.¨
O ditado popular diz que as aparências enganam. Quantos que aparentam ricos e felizes são realmente felizes? Um homem pode enganar a muitos por muito tempo, pode se auto enganar por muito tempo, mas não pode enganar a todos e a si mesmo para sempre.
Mas ainda permanece a pergunta, e esses da sociedade que já estão velhos e têm um quadro de corrupção e roubos na vida, e hoje são ricos e fizeram suas famílias ricas; porque seriam infelizes, já que ao morrerem deixarão seus nomes para ruas, praças, e uma posteridade rica e feliz?
Seria muita inocência não aceitar que muitos na sociedade vêem neste quadro um modelo de felicidade.
Porém fica difícil vislumbrar um futuro melhor para uma sociedade, com essa visão de felicidade.
Se fosse possível interrogar uma pessoa que foi vítima deste rico, (que é tido como feliz) qual seria a visão dele de felicidade? Poderia esta vítima achar que o homem, que foi a causa da sua ruína, ser merecedor desta suposta felicidade? A resposta é complicada, porque é individual, cada um terá de responder para si mesmo, se quer esse tipo de felicidade.
É difícil falar nesta questão sem entrar no campo espiritual ou se preferir religioso.
Por exemplo, todo ser humano tem instintos que lhe são natos. Dados por Deus para sua sobrevivência.
Mas o homem tem o poder de extrapolar esses instintos, é nessa hora que eles passam a ser conhecidos como defeitos de caráter, ou pecados capitais. Quando esses instintos deturpados dominam o homem, causam grandes conflitos para ele e para os outros; perdem sua função que é proteger o homem e começam a matá-lo.
Vejamos alguns exemplos. 
O instinto do apetite lembra e incentiva o organismo a procurar alimentos, para a sobrevivência do homem e isso é bom, mas quando o homem começa a comer sem ter fome, só por prazer; ele começa a ingerir mais energia do que necessita isto não é bom, pois acarreta acúmulo de gordura, e todo o mal que isso implica. É a gula.
Então uma coisa boa passou a fazer mal, e é assim com todos os instintos.
Coragem para ficar em pé, andar e se relacionar é um instinto bom, querer ser melhor que os outros é orgulho.
Descansar é bom, o corpo cansa, preguiça é ruim.
Sexo com harmonia é bom, luxuria é ruim.
Responsabilidade financeira é bom, avareza é ruim.
Querer ser como os melhores da sociedade é bom, inveja é ruim.
Todos esses exemplos servem para refletir, de como é complexo avaliar o que parece ser bom para sociedade. Pois todos têm instintos, e muitas vezes deturpados em vários níveis, mas a consequência do mal é certa, pode-se até dizer aqui do efeito ação e reação. Essa combinação de palavras, ¨ação e reação¨, tem sido usada por diversos segmentos religiosos para explicar a vida.
A ação implica sempre na liberdade humana de fazer as coisas acontecerem, e a reação é uma resposta que está ligada diretamente com os mandamentos de Deus.
O homem de fé acredita sempre que as suas atitudes estão ligadas á vontade de Deus. E a vontade de Deus é que o homem tenha e gere vida, segundo as escrituras sagradas.
Então se a ação do homem, do indivíduo, estiver de alguma forma gerando vida, ele estará fazendo a vontade de Deus. E a reação a esta atitude é a vontade de Deus, que é gerar vida.
Parece complicada e repetitiva esta fórmula, mas também é difícil ás pessoas praticarem isto no seu dia a dia, e esta dificuldade gera todos os tipos de problemas que há no mundo. 
Quando o indivíduo usando sua liberdade prática coisas que são diretamente contrárias aos mandamentos de Deus, ele não estará gerando vida e sim morte, e tudo o que isso implica. Mesmo que este indivíduo não conheça a vontade de Deus, a reação dos seus atos terá consquências sociais segundo a vontade de Deus, independente do julgamento humano. A nossa própria vida comprova isto, em todos os níveis sociais e em todos os tempos. 
A complexa história do povo de Deus mostra como o ser humano tem dificuldades em entender a ação Divina, quantos sofrimentos relatados pelo fato de desobedecer ao Pai. Na primeira dificuldade já iam fazer um bezerro de ouro para adorar.
Quando Moisés trouxe ao povo as taboas da Lei, os 10 mandamentos, ele trouxe um presente de um pai amoroso, que só quer a felicidade do filho, porém as doutrinas religiosas, desde sempre, movidas pelo medo e maldade do homem; entenderam como ordens a serem rigorosamente obedecidas, ordens de um Déspota poderoso, severo, que castigaria quem não obedecesse.
Por interesses diversos complicaram o simples, e de certa forma criaram uma ideologia que escraviza o homem até hoje.
Mas graças ao próprio Deus, houve uma intervenção na história e uma luz foi dada ao homem. A luz do cristianismo, uma nova forma de interpretar as escrituras ficou acessível a todos.
Os mandamentos é um presente para gerar vida e liberdade ao homem. O primeiro, Amar a Deus sobre todas as coisas, é bom para o homem, liberta-o da idolatria. 
O segundo honrar pai e mãe é bom dá segurança e felicidade ao homem.
Trabalhar e descansar é bom, na simplicidade, o dia de sábado é para descansar.
E todos os outros, não matar, não mentir, não invejar, não roubar, não cobiçar...Tudo isso é bom e como consequência gera felicidade no homem.
Deus não é um opressor que quer que sua vontade seja cumprida a todo custo. Ele é um pai amoroso, quer que seus filhos sejam felizes, os mandamentos são um pedido, um clamor, um grito de um pai que não quer que seus filhos pratiquem ações que vão gerar nas suas vidas, e nos seus meios, a infelicidade, ou seja, Deus é amor.
Estes pontos aqui abordados são conflitantes e por isso geram polêmicas, mas não revolta, pois o entendimento é filosófico, e tem com objetivo ajudar na prática de uma consciência financeira.
A consciência financeira e a Divina, não são opostas, não são rivais, muito pelo contrário, ambas geram a felicidade e isto é o que importa. Disse Jesus: Eu vim para que tenham vida e vida em abundância. 
CAPÍTULO 4
A MÍDIA E O CONSUMISMO NA HISTÓRIA.
Revendo a história, não no sentido retórico, mas a luz da nossa realidade chegamos aos fatos históricos, que contribuíram muito para a formação da ideologia que hoje predomina na nossa sociedade. 
Estes fatos históricos aconteceram longe daqui, lá no velho mundo. Primeiro na França com a revolução do povo contra os poderosos, com a queda da Bastilha, o povo passava supostamente a tomar o poder da realeza e de uma nação. No século 19(XlX), maisou menos 1870, na Europa as situações e hierarquias sociais estavam se modificando, na Inglaterra começava a Revolução Industrial, é esta revolução que nos interessa e atinge.
Abro aqui uns parênteses para registrar uma crítica, que a mente doutrinada pelo modelo atual de consumo grita. ¨O que um sujeito que está endividado agora, precisa de dinheiro agora, tem há ver com fatos que aconteceram tão longe, e há tanto tempo?¨
Vejamos a história e como ela nos atinge.
Com novos tipos de governos, neste século surgem ás fábricas, e a industrialização de produtos, e com a fabricação de produtos em escala, aumenta rápido as quantidades de bens de consumo.
Primeiro na Inglaterra, e depois outros países Europeus, os artesãos vão ficando escassos, agora são as fábricas que usam toda a mão de obra do povo.
Com o crescimento da indústria, os estoques das fábricas ficam cheios, pois só os cidadãos europeus não eram suficientes para consumir todos os produtos fabricados. Então os governantes tinham que aumentar o mercado de consumo. Pois as fábricas estavam a todo vapor, e tinham que vender seus produtos para terem lucro, crescerem e manterem os empregos dos seus cidadãos.
Uma forma da Europa, já de certa forma capitalista, aumentar o seu mercado de consumo, era exportar estes produtos para os países novos no mundo, frutos das colonizações.
Porém havia um problema, estes novos países tinham uma população muito pobre, e alguns até escravos.
Na América do Sul, aqui no Brasil, os consumidores dos produtos industrializados pela Europa eram restritos. Apenas a Realeza, alguns nobres e poucos do povo, tinham as condições financeiras para adquirir estes produtos.
No Brasil a mão de obra principal era escrava, e esta não tinha renda para consumir produtos importados.
Por isso começa a interferência européia na nossa história, como a libertação dos escravos, numa estória que nos foi passada como romântica. Com isso abriram-se novos mercados de trabalho, e também aumentou o número de futuros consumidores.
Mas não bastava simplesmente aumentar os possíveis consumidores, era preciso incentivar o consumo.
Para aumentar o consumo dos seus produtos fabricados, os já existentes capitalistas, criaram a mais poderosa arma que a humanidade conheceria. A MÍDIA, em suas diversas formas.
A Mídia usada pela indústria iria dizer ao indivíduo social, o que ele deveria usar, comer, vestir, ter, ou seja, comprar. Nascia o termo consumidor e a idéia de consumismo.
Agora não era mais o homem branco que escravizava o negro, numa forma sutil e terrível ambos eram escravos da mídia. Agora o indivíduo era orientado pela mídia, a ter os bens de consumo fabricados em alta escala.
Como o mercado era lucrativo, começou a concorrência pelo mundo todo.
Nessa ¨briga,guerra¨, pelo consumidor, no vale tudo, a mídia é usada pelos poderosos do mercado para conquistar o consumidor, e convencê-lo que só será feliz se tiver seu produto.
Para conseguir isto, a mídia, através das máquinas da propaganda, passa por cima de tudo. A prioridade é vender e ter lucro, e com esse conceito ou ideal, ignoram todos os preceitos sociais.
Implantaram a idéia na sociedade, de que tudo que é importado é melhor.
Se a cultura de um povo atrapalhava a expansão de um produto, essa cultura sofreria tantas interferências, sutis ou não, que poderia até acabar.
No Brasil, com sua cultura enfraquecida por uma ideologia dominadora, o ataque da mídia foi arrasador, a religiosidade, a tradição, a família, são ignoradas. A ética social é totalmente transformada, tudo pelo lucro.
Parece vago falar assim, mas os exemplos são difíceis de serem entendidos, pois, com as mudanças de costumes a tanto tempo implantadas, a atual sociedade incorporou de tal forma estas mudanças que fica difícil até pensar em viver sem elas. Vejam o caso das calças jeans, criadas no exterior, foram implantadas no nosso cotidiano. Como isso aconteceu? Como um tecido pesado e quente como o brim virou vestuário em nosso país, que tem um clima tropical? Como foram superadas as alergias e assaduras que este tecido causa com o calor? O mercado americano usando as produções hollywoodianas espalhou pelo mundo o hábito de usar essa peça de roupa. A mídia usando os astros do cinema mostrava como a praticidade desta roupa era útil para se usar em qualquer momento, com o passar dos anos esse hábito foi introduzido na nossa sociedade, pois todos queriam ser como os ídolos de Hollywood, e para isso todas as dificuldades foram superadas. E qualquer um que fosse contrário a essa tendência, estaria fora de moda. Hoje este costume já faz parte da nossa cultura.
O trabalhador era o alvo, este recebia seu pagamento, e o mercado precisava deste dinheiro para continuar girando.
Neste sistema de compras e vendas, vai se criando novos ricos e novos governos. A sociedade dos homens fica tão envolvida nesta disputa, que o termo mais comum para traduzir tamanha obsessão é ¨guerra¨.
Como era o dinheiro que movia este mercado, foi criado um lugar para guardar e administrar este dinheiro. O BANCO.
Esta instituição financeira teria o dever de controlar todo o dinheiro usado no mercado, e os governos teriam certo controle sobre os bancos para manterem a economia estável.
Surge também à figura de um novo senhor, o dono do banco, ou o banqueiro, sujeito que estará doravante envolvido em todos os acontecimentos histórico, interferindo direta ou indiretamente.
Em alguns governos os banqueiros são controlados pelo Poder governamental, em outros o governo é controlado pelos banqueiros, (uma definição bem simplória de primeiro e terceiro mundo). Só para esclarecer no primeiro mundo o governo controla o banco.
Chegamos aos dias atuais e a história simplesmente se repete, a indústria produz muito e tem de vender para gerar lucro, e com o lucro produzir mais para ter mais capital, e produzir mais para ter mais lucro... 
O cidadão comum no Brasil sofre os efeitos diretos desta história, ele é altamente sugestionado, induzido, pressionado a gastar todo o seu pagamento, e algo mais, nos produtos de consumo, que são vendidos através de propagandas ilusórias, geradas pela mídia.
Passado o tempo da escravidão real, de homens presos por correntes, para servir outros homens. Vive-se hoje um novo tipo de escravidão, que é pela ideologia. A ideologia é uma forma de domínio, sempre criada por poderosos para dominar os fracos.
No Brasil o cidadão nasce livre, e no decurso da vida têm a liberdade de escolher seus caminhos.
Porém desde o nascimento a pessoa é introduzida em uma sociedade, que esta infelizmente escravizada por ideologias e conceitos econômicos, que não aceitam qualquer tipo de rebeldia, contra esses conceitos.
Mesmo as grandes revoluções políticas e culturais das últimas décadas ou séculos, nem sequer arranharam a ideologia.
Exemplo claro disso é nosso País, onde vivem milhões de pessoas, que lutam por um pequeno pedaço de terra, e outros poucos são donos de praticamente um estado inteiro.
A dimensão geográfica do Brasil, seria mais que suficiente para abrigar, confortavelmente, toda a população do País, isto não fosse á maldita herança, que recebemos dos nossos colonizadores, a péssima divisão de terras, as ideologias dominantes e a irresponsabilidade financeira.
Basta olhar para quantas gerações passaram desde a proclamação da República, e como aumentaram os pobres.
Esta visão histórica não tem como finalidade criar revolta, é um ponto de vista para o indivíduo, decidir se quer fazer parte da massa consumista, ou usar seus recursos com responsabilidade financeira.
Esta é a maior revolução que se pode fazer, sem usar armas, sem passeatas, sem barulho. No silêncio, o CONTROLE FINANCEIRO pode mudar uma pessoa, uma família, um bairro, uma cidade, um País e o mundo.
CAPITULO 5
FELICIDADE
A maior dificuldade que se encontra para adquirir um controle financeiro, é o medo de perder a falsa felicidade que o consumismo promete, através da mídia. Surge a pergunta: é possível ser realmente feliz na sociedade, semparticipar dos bens de consumo e de tudo que a sempre nova tecnologia oferece? Acredito que sim, mas é preciso avaliar o grau de entendimento da pessoa do que é felicidade.
Felicidade é uma situação que na humanidade, pode ser definida em milhares de respostas. Para cada pessoa há uma resposta, por mais que os pensadores, sábios, poetas tentem definir, não adianta, cada um terá sua resposta, isto é humano.
Então a felicidade é uma condição que o indivíduo se encontra feliz, por sua própria definição de felicidade.
Na atual filosofia de vida da sociedade, felicidade e dinheiro, são duas coisas inseparáveis. Observe um dito popular: ¨Dinheiro não traz felicidade, manda buscar.¨ Frases como esta, são maléficas para a sociedade.
Quando por exemplo um pobre (no sentido de pouco recurso financeiro), diz para outro pobre: ¨A vida é assim mesmo, pobre que não faz dívidas não tem nada.¨ Ele já esta contribuindo para a desigualdade social. E com certeza para a infelicidade do outro.
Quando uma pessoa incorpora uma filosofia tão negativa como esta, e tentar passar isto para outra pessoa, ela está inconscientemente, sendo usada por uma ideologia escravagista, há muito tempo implantada na sociedade.
E pior, este pobre ignorante, faz gratuitamente um trabalho para a ideologia dominante. Quando antes os poderosos do mercado teriam que gastar milhões com a mídia, para escravizar o pobre. Agora um pobre escraviza o outro, por força de uma inconsciência adquirida através dos anos.
Dizem também que felicidade não é só ter dinheiro, é poder comprar e desfrutar os bens que se queira com o dinheiro. 
Antes de pensar em quantia de dinheiro, é preciso pensar em bens que necessito, para atingir um estágio de felicidade.
Todo cidadão pode meditar, pensar, sobre sua atual situação financeira. Com certa sobriedade intelectual o indivíduo precisa ser honesto, para avaliar sua situação socioeconômica.
Ser honesto de ideal é saber realmente quais suas possibilidades, ou seja, o que é possível agora e o que é impossível neste momento. Este é o caminho para uma felicidade real no campo financeiro. 
CAPITULO 6º
CONSCIÊNCIA FINANCEIRA OU AVAREZA?
Parto agora para exemplos radicais que tem como finalidade um despertar para uma consciência financeira.
O dinheiro é um objeto inanimado, que é usado por pessoas, conforme a consciência de cada um, isto é real.
No Brasil o nome da moeda corrente é Real, muito feliz esta denominação, pois sugere algo real, realidade, realismo e poder real.
Tudo que pode falar ou pensar sobre consciência financeira, tem de ser pautado por realidade, e a realidade é como dizem ¨nua e crua¨ e o dinheiro também o é.
Em um exemplo extremo, posso pegar uma nota de 10 reais, e comprar no valor de hoje 30 pães e matar a fome de várias pessoas. Mas posso também, usando a mesma nota, comprar 5 projéteis calibre 38 e matar até 5 pessoas.
Por isso, ressalto a importância de uma boa consciência financeira, só ela poderá gerar vida e uma felicidade real.
Todo ser humano pode sonhar com condições melhores para sua vida, nas proporções que ele quiser. Essa é a sua liberdade, isso ninguém pode tirar dele.
Mas para ter um objetivo que trará felicidade real, ele deve ser realista quanto a sua situação. Um pensamento antigo e sábio diz que: ¨ não devemos colocar nossos sonhos tão alto, que não podemos alcançá-los, nem tão baixo que pisem em cima deles.¨ 
O sonho é sempre uma esperança, por isso ele deve ser condicionado a gerar alegrias, é o intelecto do indivíduo que vai avaliar o tamanho do sonho, para que ele possa ser possível e gerar felicidade.
Por exemplo, uma família que mora precariamente, ou paga aluguel, tem o direito de sonhar com uma moradia própria, ou melhor.
Feita uma avaliação real de suas condições financeiras, esta família pode planejar a sua mudança para uma casa melhor.
A prática da consciência financeira não combina com o comodismo, por isso se a pessoa paga aluguel vai querer sair desta situação, se mora em condições precárias vai querer mudar.
Porém, se esta mesma família, não optar pela consciência financeira e viver no mundo do consumismo, com as ilusões que a mídia oferece através das propagandas de televisão, a ilusão das loterias, mudanças de governos etc. Isto levará esta família a sonhar em morar em grandes casas nos ricos condomínios fechados, e chegar até a tristeza de invejar os ricos.
Esta situação não é real, e está fadada a gerar revolta e tristeza, e perdurar por mais uma geração de pobreza, e inconsciência da possibilidade de mudança.
A responsabilidade começa desde a escolha de um objetivo de vida, com esperança de progresso, porém com o conhecimento da capacidade sócio-econômico do indivíduo.
A necessidade de um bom entendimento do que seja responsabilidade financeira, é muito importante, pois a má compreensão desta virtude, poderá levar o indivíduo a acreditar que esta sendo vítima de uma grande pecado capital, que é a avareza.
A avareza é um estado lastimável, que nenhum ser humano deveria suportar. Ao contrario da responsabilidade financeira, a avareza gera somente tristeza para a pessoa, para a sociedade e para o mundo.
Essa dúvida, incerteza momentânea, de estar fazendo o correto é coerente, pois como foi dito, vivemos em uma sociedade que foi construída pela ideologia dominante; e essa ideologia predomina até hoje, e os poderosos que a usam, não estão dispostos de forma alguma a abrir mão dela. Para isso foram colocados na sociedade alguns como que dogmas e conceitos, que são praticamente inabaláveis. Fazem o cidadão comum acreditar que, se ele usar o seu dinheiro com sabedoria e responsabilidade, é porque ele está ficando ¨ pão duro ¨ ou avarento. Jogam um do povo contra o outro. 
Porque, esses senhores sabem, que se a população começar a tomar consciência financeira, seus impérios e poderes, serão abalados. E isso não é admissível, pois a ideologia garante que quem pode pensar e tomar atitudes é a elite dominante, o povo, o pobre é somente massa de manobra.
Um ditado diz: ¨O dinheiro é um ótimo empregado, e um péssimo patrão.¨ Ou seja, o dinheiro enquanto bem administrado facilita a vida do usuário, e quando mal administrado causa sérios problemas ao usuário. Para fazer esta escolha com sabedoria é preciso ter conhecimento, e isto se adquiri com estudo. Um jargão da Igreja diz que ¨ não se ama o que não se conhece.¨ É através dos estudos que se tem uma educação, que fará a pessoa ter prazer de administrar o dinheiro.
CAPITULO 7º
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Em uma grande nação como o Brasil, a educação tem sido assunto sempre em pauta nos congressos políticos. Muitas críticas são feitas ao sistema de ensino, e durante décadas poucas coisas foram feitas no sentido de gerar uma educação igualitária. Assim poucos que tem maior poder aquisitivo, tem melhores ensinos, e ao contrário muitos pobres não tem uma educação equivalente 
Isto reflete também na educação financeira do indivíduo, e aí está um grande desequilíbrio social, visto a olho nu.
Muitos pobres ganham pouco e não sabem administrar esse pouco, e outros ricos ganham muito e sabem administrar, e assim ficam mais longe as distâncias sociais. É difícil administrar o pouco, parece até impossível sobreviver, agora imaginem o pouco mal administrado, será possível viver?
A educação financeira dos povos, aparece bem clara em nosso País. É fácil verificar como os imigrantes estrangeiros se sobressaem em nosso mercado, principalmente os que vieram de culturas antigas, com um vasto conhecimento do valor da responsabilidade financeira. Muitos chegaram ao nosso País quase como indigentes, e hoje são patrões de muitos brasileiros.
Para alguém que não quer assumir a responsabilidade financeira, é aconchegante se esconder atrás da idéia de que todos os fatores contribuem contra ele. Descansa no sentido de manter uma vida de lamentações e rancores, para ele tudo parece impossível, e esta idéia do impossível lhe agrada, pois entende que não pode fazer nada, e nem precisa fazer nada paramudar. A vida não está boa, mas não é culpa dele, puxa o cordão dos: vamos culpar o governo, os bancos, os ricos, os pobres, os outros, Deus, etc...
Cabe sempre ao indivíduo escolher o seu caminho. O caminho da responsabilidade financeira, parece ser o mais difícil, porém com a pratica fica fácil, e a recompensa é a paz e a felicidade.
Para maior entendimento do que é o controle financeiro, vamos radicalizar uma situação.
Quando se gasta 1(um) real em um refrigerante, deve-se ter a consciência de que nunca mais teremos este 1(um) real.
A palavra ¨gastar¨ significa: deteriorar, consumir, destruir.
Assim sendo o dinheiro gasto, não volta mais para quem o gastou. 
Porém uma mente doutrinada pela ideologia dominante, e pela força da mídia, um consumista, protestaria dizendo: ¨ Isso é bobagem, um real eu ganho outro, para que me preocupar com um valor tão irrisório. ¨
Como é interessante esta situação, uma coisa tão simples, porém, organizações poderosas ricas governam o mundo com a implantação desta idéia nas sociedades.
Pela força da ideologia o cidadão, é sutilmente enganado, fecham-lhe a mente, e ele não consegue ter uma consciência financeira para entender ao menos filosoficamente que, com esse 1 real que ele julga ganhar tão facilmente, e com 1 real do refrigerante, agora ele teria 2 reais.
Para efeito de consciência financeira, todo dinheiro tem importância, quando o governo brasileiro anuncia o valor do PIB (produto interno bruto) sai nos jornais um numero, por exemplo: 2.998.947.012.111,80, é um valor muito alto quase 3 trilhões de reais, porém aquele 1 real do refrigerante esta ali, faz parte de um todo.
Esta é a demonstração de uma situação drástica, para despertar na pessoa o interesse em meditar sobre como se gasta o dinheiro, e o valor do dinheiro na sociedade.
Parecem brincadeira estas idéias, mas mostra claramente um princípio matemático simples, que é usado por muitas culturas quando o assunto é dinheiro.
Veja esta tabela como exemplo:
2-2=0 : ganhou 2, gastou 2.=sem evolução,só sobrevive
2-3=-1: ganhou 2,gastou 3.=loucura,falência certa(desigualdade)
2-1= 1: ganhou 2,gastou 1.= consciência financeira.
3-1= 2: ganhou 2 + 1 que sobrou, gastou 1= consciência financeira
4-1= 3: ganhou 2 + 2 que sobrou, gastou 1= prosperidade.
Esta tabela deveria ser explicada desde os primeiros anos de estudo das pessoas.
Pela nossa cultura de irresponsabilidade financeira, este modelo parece ser uma fórmula de avareza, não, isto é à base de uma doutrina de responsabilidade financeira sadia e benéfica. 
Uma pessoa nervosa com sua atual condição financeira poderia blasfemar: ¨ Isso é óbvio, é lógico que ter dinheiro para ser guardado é bom, qualquer idiota sabe disto.¨ 
Irritar-se perante o óbvio, é uma reação natural, significa que a pessoa está assumindo a culpa, pela irresponsabilidade de uma vida mal planejada financeiramente.
Guardar dinheiro por guardar, poupar só para ter uma caderneta de poupança, estes atos se não forem acompanhados de um despertar da consciência financeira, não alterara nada a vida da pessoa, eles devem estar obrigatoriamente ligados a uma educação financeira.
Partindo para o campo espiritual podemos usar como exemplo o dízimo, que é uma contribuição em dinheiro. A igreja oferece a catequese do dízimo, uma experiência pessoal com a bondade de Deus, uma forma de despertar a consciência de partilha. Porém, quantos fiéis se preocupam em ter maior conhecimento desta prática, e colherem os frutos reais desta doutrina? 
É difícil falar de coisas profundas e eternas, quando os ouvintes não estão interessados ou são rebeldes a mudanças.
Jesus, certa vez pregando sobre a vida eterna, pelos seus ensinamentos, e se aprofundando mais ao ponto de materializar a verdade em carne, viu com tristeza como os homens fogem das responsabilidades. E em uma atitude de amor e firmeza, perguntou aos discípulos: ¨ Quereis vós também retirar-vos? ¨ (João 6,67). Deus não pode tirar a liberdade do homem, mas chora quando o homem escolhe o caminho errado.
Parece muita pretensão usar uma passagem bíblica para mostrar a necessidade de economizar, e fazer o cidadão comum entender as dificuldades de aceitar esta idéia, mas acredito que os frutos desta prática geram na sociedade tantas alegrias que tem o aval de Deus. Por isso a insistência que cada um procure a educação financeira para uma sociedade melhor.
CAPITULO 8º
ADMINISTRAR O SALÁRIO
Uma tendência quando se fala em administrar dinheiro, logo se pense em grandes valores. O certo é que o valor não é importante, pois estamos falando de responsabilidade e felicidade, e isto é um entendimento pessoal, se aplica a qualquer valor, e os efeitos benéficos desta prática são sempre iguais.
Quem é responsável no pouco, também será no muito, quem é irresponsável no muito, sofrera mais quando tiver pouco.
Uma das boas práticas para melhorar a consciência, é entender a origem e os porquês das palavras que usamos no dia a dia no campo financeiro. Ao refletir o uso da palavra ¨salário¨ vemos como a sabedoria popular, tenta salvar as pessoas das garras da mídia, porém com pouco êxito.
Salário: origem latina, salarium, retribuição de serviço, paga com sal.
As palavras antigas no nosso vocabulário que designavam a paga por hora, dia ou mês de trabalho, eram soldo ou pagamento.
Após a primeira grande guerra mundial, houve uma grande falta de alimentos no mundo, principalmente em alguns países como o Brasil, e coube aos governos controlarem a cota de ração, que seria distribuída para cada família. E uma das coisas mais reguladas era o sal. A família recebia uma cota de sal, com a qual teria de passar o mês todo, teria de usar com sabedoria e bem dosado. Se usassem muito no começo do mês, além de estragar o paladar dos alimentos, faria muita falta no restante do mês.
Passado esta época difícil, ficou a experiência do controle de algo que seria recebido uma vez por mês, e deveria durar o mês inteiro. Então usando uma tradição antiga sobre os soldados romanos que também recebiam o pagamento com sal, sabiamente incorporou-se o sal a salário, ou paga pelo mês de trabalho, que também deveria ser usado com a mesma sabedoria, que se usava o sal.
Outras palavras como emprego, férias, 13º salário, horas extras, etc. Também são úteis de serem refletidas, todas devem ser bem entendidas por alguém que queira o controle sobre suas finanças.
É importante entender que ações pessoais de controle financeiro, refletem como esta o nível de consciência da sociedade. E isto não só no Brasil, mas no mundo inteiro
Um trabalhador em qualquer lugar do mundo, sempre será responsável pelo seu soldo. Um operário japonês que recebe 1.000,00 ienes deverá planejar sua vida para passar o mês com esse valor. Um trabalhador americano que ganha 500 dólares também tem a mesma responsabilidade.
Ao trabalhador ilusões a parte (loterias, sorteios, etc.), só lhe resta o soldo mensal, isto é, seu salário.
Cabe a ele administrar este salário com sabedoria e responsabilidade, para gerar na sua família, vida, esperança e felicidade. E isto nunca foi fácil.
Com este valor ganho com honestidade, pois se assim não for será impossível ser feliz, terá que reservar uma parte para alimentação, outra para saúde, para educação, lazer, vestuário, produtos de higiene, limpeza, manutenção do lar, poupança, transporte, gastos emergenciais, etc. Em uma visão pessimista isto parece impossível, mas não é. Tudo fica mais fácil quando se coloca em prática a administração e o planejamento.
CAPITULO 9º
PLANEJAMENTO
Com os avanços tecnológicos, e as mudanças de hábitos sociais, nossas prioridades básicas também mudaram, e para uma felicidade completa, temos o direito de desfrutar dos benefícios destes avanços, como cidadãos devemos participar de tudo que a sociedade nos oferece, no campo material e social.
Para isso acontecer, a palavra chave é PLANEJAMENTO. Esse é o ponto que exige maior consciência da responsabilidade financeira. É no planejamento que é colocada emprática, toda a experiência teórica da vida financeira da pessoa. 
Chegou à hora da atitude, a ação é a única coisa real, na vida do ser social.
Perante a situação de aquisição de um produto ou bem, o indivíduo coloca toda sua honestidade para benefício próprio.
Se quiser ter uma vida planejada, antes da aquisição do bem, faz para si mesmo, 3 perguntas básicas, que devem ser respondidas com maior honestidade possível, para a transação poder gerar felicidade.
Quero, preciso, posso?
E somente se as respostas, ás 3 perguntas, forem sim, ele poderá dizer que adquiriu um bem com consciência financeira.
1)- Eu quero realmente este produto? 
Ou estou envolvido por uma mídia, que leva ao consumismo irresponsável, e desde a revolução industrial européia, tentam me empurrar as porcarias que eles fabricam, usando para isso os meios de comunicação, para me convencer que não poderei ser feliz sem estas porcarias? Não estou sendo vítima de um modismo passageiro, que logo causará arrependimento? Se este não é o caso, e eu quero este produto, a resposta é sim.
2)- Eu preciso realmente deste produto? 
Em um mundo de diversidades de produtos de consumo, muitos fatores são relativos, como; qualidade, ano de fabricação, conservação, tipo, cor, etc. É este produto que estou precisando, ou outro de valor inferior ou superior teria mais utilidade, novamente, não estou sendo envolvido pela mídia, que tem como único objetivo me vender este produto. Já consultei diversas pessoas sobre este produto, já me aproveitei da experiência de outros consumidores, de produtos iguais a este. Se realmente eu precisar deste produto, depois de uma rigorosa e honesta pesquisa, a resposta é sim. 
3)- Eu posso comprar isto? 
Das 3 perguntas, o posso é a mais importante para uma vida planejada e feliz.
Ter responsabilidade financeira é conseguir administrar o dinheiro que se recebe, e fazer que ele de para suprir as necessidades de uma vida toda.
Por isso a importância em avaliar quais as necessidades de uma vida. Se um campo da vida for desprezado ou abandonado, isto com certeza nos trarão infelicidade, então para ser realmente responsável, é preciso lembrar tudo que gera vida e felicidade.
Antes de responder a pergunta do posso, devemos avaliar qual será a interferência desta resposta em outros setores da vida.
Quais são as responsabilidades na vida de um ser adulto? Poderia dizer que são as necessidades básicas.
Mas para uma vida integra e feliz o que não é básico? É nesse momento que a pessoa terá de usar sua inteligência, para escolher graus de prioridades na sua vida conforme seu orçamento.
Algumas necessidades básicas são, saúde, alimentação, moradia, vestuário, educação, higiene pessoal, trabalho, manutenção do lar, esporte, lazer, cultura, poupança, transporte, ações sociais etc.
Se o item a ser adquirido é para começar ou complementar, uma dessas necessidades, é preciso avaliar se a aquisição vai interferir drasticamente em outra necessidade. Por exemplo: ¨ A família paga aluguel, então resolvem comprar um carro. Moradia é uma necessidade e transporte também, e agora o que fazer? Qual é a prioridade? Eu tenho uma resposta, mas cada um deverá responder para si mesmo como exercício de responsabilidade.¨
Para quem administra pouco dinheiro, é mais difícil arcar com todas as responsabilidades, mas não é impossível. Pois a pessoa que despertou para ser um praticante da responsabilidade financeira, usará seu intelecto para definir prioridades, respeitando suas necessidades.
Se para adquirir este produto o indivíduo precisar fazer empréstimos, terá de avaliar ainda mais a real necessidade desta aquisição. Pois pode comparar empréstimo com morte financeira. Tomar dinheiro emprestado é regredir na evolução humana. É a confirmação de uma situação de total irresponsabilidade financeira, no curso da vida da pessoa. Este empréstimo só poderá ser feito, se este produto ou bem, for imprescindível para vida da pessoa e de sua família. Mesmo assim, para a confirmação do empréstimo, é preciso uma avaliação coletiva da necessidade deste empréstimo. O indivíduo tem o direito de compartilhar com outras pessoas de seu convívio, uma atitude tão drástica que será tomada. Bem se o empréstimo for inevitável, e o produto a ser adquirido é de suma importância, então é hora de negociar os juros e forma de pagamento. As parcelas não poderão nunca ultrapassar 1/3(um terço) do salário da pessoa. E a pessoa deverá ter consciência de que enquanto não pagar este empréstimo, ela não terá o direito de fazer outro.
Com seu orçamento na mão, sendo honesto, e o indivíduo entender que pode adquirir aquele produto, sem causar danos à outra necessidade, então à resposta é sim, eu posso comprar.
Foi dito, usar o intelecto para definir prioridades. Não é tão simples, pois para escolher prioridades é preciso conhecimento, e escolher prioridades sem conhecimento é irresponsabilidade, então o passo é ter responsabilidade de buscar conhecimento. E só assim poderá dizer que fez uma compra planejada.
Este planejamento pode ser feito por qualquer um, independente de sua situação financeira. Pois você é o administrador, você é o gerente, o diretor, o presidente, em resumo você é o chefe. É gostoso saborear na intimidade este poder, você pode administrar suas finanças seja qual for sua situação econômica, tem a mesma responsabilidade de um presidente de uma grande multinacional, pois está administrando o bem mais importante que há no mundo, que é sua vida. E todas as conseqüências desta administração estão em suas mãos.
CAPITULO 10º 
(FRP) UMA NECESSIDADE BÁSICA
Na globalização da economia, os órgãos macroeconômicos, causam apreensão nas empresas com micro economias. Mas também as macroeconomias ficam apreensivas com a globalização, a preocupação com as bolsas de valores é constante, pois as oscilações de valores e juros são sempre imprevisíveis. As grandes fortunas, com seus milionários excêntricos. As grandes indústrias nacionais ou estrangeiras, fábricas que produzem milhares de automóveis por dia, e o consumo alarmantemente grande de combustível. Estes e outros grandes empreendimentos acabam criando uma nuvem escura na visão do pobre trabalhador, ele muitas vezes se sente impotente, perante estes números tão grandes 
Mas precisa estar sempre lembrando, que ele faz parte de um todo, e tudo isso existe por causa, ou em função de pessoas como ele. Nunca subestime o poder de uma pessoa, uma pessoa pode mudar o mundo. Cabe ao indivíduo avaliar as suas condições financeiras, e na sua intimidade ver quais são as suas necessidades básicas.
Uma das necessidades básicas para a pessoa se sentir digna e viver em paz, porém pouco citada na sociedade, e de certa forma proibido nos meios de comunicação, é o FUNDO DE RESERVA PRUDENTE, conhecido popularmente como poupança.
Disse proibido porque, os meios de comunicação em massa, são financiados pelo capitalismo, e este não tem o menor interesse em informar e conscientizar o povo, neste campo financeiro.
Fundo de Reserva Prudente.(FRP).
Dificilmente se verá uma explicação mais ampla sobre F.R.P. na televisão ou rádio. É fácil entender o porquê disto, se o FRP for bem entendido pelo povo, e a população começar a praticar esta virtude, os primeiros a sofrerem prejuízos com isto, serão os patrocinadores dos programas, na maioria patrocinam programas de TV e rádio para venderem seus supérfluos, para um povo sem consciência. Os telejornais que ocupam o horário nobre na televisão, às vezes, arranham alguma coisa sobre economia, com um consultor preparado e doutrinado, que mais confundem do que explicam, isso para manterem a aparência, e dizer que estão preocupados com o povo.
Certa vez fazendo uma explanação sobre FRP, alguém disse que isto não fazia sentido, pois a maioria do povo, não ganha nem para sobreviver. Concordo que os trabalhadores na sua maioria ganham pouco dinheiro, e esse pouco é muitas vezes usado com imprudência. Realmente, as pessoas pensam assim porque, foram doutrinadas pelos poderes da mídiaa pensarem assim. Para se ter um FRP não importa o quanto à pessoa recebe no mês, o que realmente importa é a consciência da necessidade de se ter um FRP.
O trabalhador no Brasil, é governado por um sistema paternalista, ou seja, o governo é o pai, e trata o trabalhador com filho. Assim ele tira uma porcentagem do salário do filho, para dar saúde ao mesmo, e devolve em pequenas parcelas ao filho, quando este estiver velho e não pode mais trabalhar. Guarda também para o filho, uma reserva em dinheiro pelo tempo de serviço o FGTS. E também cobra impostos de todos, para usar em beneficio de todos, e cobra mais de quem pode pagar mais.(ou deveria ser assim)
Não, o cidadão consciente das suas responsabilidades, e que exerce controle sobre suas finanças, não pode ficar dependendo de um governo paternalista. Tem de arcar sim com seus compromissos sociais, como os impostos, porém, usando de sua sobriedade intelectual e sua liberdade, poderá escolher onde gastar o seu dinheiro.
A prática do Fundo de Reserva Prudente (FRP) é uma demonstração de consciência financeira, e um ato de responsabilidade pessoal e social. Porém, a idéia é sutilmente rejeitada pela ideologia social, porque ela vai de encontro a todo sistema de domínio criado pela mídia.
Muitas pessoas induzidas por uma necessidade de guardar algum dinheiro, são levadas a fazerem nos bancos, uma aplicação planejada, onde ela deposita um pequeno valor mensal pré-fixado, que só poderá ser retirado após um período estipulado. Isto aparentemente é bom, porém, não tem a capacidade de gerar no indivíduo a consciência financeira que é o importante. Pode se dizer que é melhor do que nada. Mas só o FRP feito com liberdade e responsabilidade, poderá gerar no indivíduo a consciência e prosperidade, com um controle pessoal e responsável.
Partimos agora para a relação do trabalhador com o banco.
Os Bancos (instituições financeiras) eles existem, são reconhecidos e autorizados pelo governo. Não são instituições de caridade, pagam impostos, geram empregos, trazem o progresso aos lugares onde são construídos, são usados para pagar contas, fazer poupança, aplicações, e fazem empréstimos para o infeliz e necessitado.
O que eles produzem para o País? O que o sistema bancário produz? Os bancos não produzem nada, eles só se enriquecem com o dinheiro do trabalhador. Por isso o cidadão consciente deve ver o banco como um ¨ ladrão ¨ , sem revolta , somente como uma atitude de prudência contra um inimigo. Ele quer meu dinheiro, tem suas armas, vou ficar o mais longe possível dele.
Ter um FRP muda completamente à relação com o banco, agora não vou ao banco pagar juros, vou ao banco verificar o quanto rendeu minha aplicação.
Essa atitude aparentemente simples, de trocar o pagamento de juros por recebimento de juros, tem um efeito tão benéfico na vida da pessoa, que dificilmente se conseguiria colocar no papel, mas alguns efeitos são relatáveis, como a paz, a retomada da dignidade humana, a sensação de poder e a consciência financeira.
O FRP é um tipo de poupança, a diferença é que a poupança, é um lugar onde se guarda um valor, e o retira conforme a necessidade, sem muito compromisso. Já o FRP é fruto de uma consciência financeira, e por isso é considerado como uma necessidade básica.
CAPITULO 11º
SER POBRE É UMA OPÇÃO? 
Em um País, onde existem milhares de desempregados, e trabalhadores que ganham o salário mínimo, realmente é difícil falar em economia. A realidade de milhões de brasileiros, é trabalhar para sobreviver com o mínimo do necessário.
Como dizer a este trabalhador que ele tem o direito, de ter um fundo de reserva prudente, se a vida real dele é envolvida em dificuldades e dívidas, e a ansiedade de chegar o próximo pagamento para poder passar o mês, e a incerteza se haverá outros pagamentos, pois o desemprego é uma realidade que assola o País. Assim vivendo com insegurança, com pouco dinheiro, ou nenhum dinheiro, isto quando não há dívidas, e às vezes existem dívidas que parecem impagáveis, infelizmente esta é a realidade de muitos trabalhadores no País. Este é o dia a dia de muitos, mas pode ser mudado para melhor, basta o indivíduo começar a agir com responsabilidade e sabedoria.
Um grande General um dia disse: ¨ Não temos nada a temer, senão nosso próprio medo.¨ 
Não querer lutar, fugir das responsabilidades é um direito. Porém, quem assim opta em proceder, perde todo o direito de reclamar das conseqüências. O trabalhador pode fechar a mente para a responsabilidade financeira, e continuar a seguir os mandos da mídia. É o seu direito não querer tomar nenhuma atitude para melhorar sua situação. É também seu direito ser somente mais um velho resmungão na sociedade, e esperar que a próxima geração tome uma atitude.
A época de escravidão do homem pelo homem, através de correntes, celas, armas, aparentemente acabou. Agora o cidadão é constitucionalmente ¨ LIVRE ¨. Isso significa que ele pode fazer escolhas, ou pelo menos algumas escolhas, desde que não interfira nos direitos de outros, e na lei tributária da Nação.
Como foi relatada antes, a formação da consciência social teve forte influência do poder dominante, través da ideologia, alimentada pela mídia. Agora o trabalhador assalariado é fruto e alvo deste poder dominante, ou ele acorda e toma consciência disso, ou será eternamente escravizado pela mídia.
Isso tudo para dizer que o homem pode escolher o seu caminho e seu futuro, independente da opinião dos outros.
Certa vez, no nosso País, um deputado federal e estilista, soltou esta frase: ¨ Ser pobre é uma opção. ¨ Pela nossa cultura, pode-se imaginar como ele foi criticado por isso. Esta frase fora de um contexto parece realmente preconceituosa, porém quando se trata de consciência financeira e responsabilidade financeira, esta idéia tem muito sentido. Pois para o indivíduo que adquiriu uma consciência financeira, a prosperidade é coisa certa, e prosperidade não combina com pobreza. E o mais importante isto não tem nada a ver com dinheiro, ou quantidade de dinheiro, pobreza será sempre falta de consciência e cultura, e quando o indivíduo aceita suas responsabilidades com consciência, a pobreza esta fadada a acabar. Não aceitar responsabilidades, não procurar conhecimentos, acomodar-se nas suas lamentações e supostas limitações, isto é uma opção pela pobreza.
A história da vida de uma pessoa, sua integridade física, seu estado psicológico, sua situação financeira e seus relacionamentos, para a maioria das pessoas estas são opções. São raros, extraordinários, os casos onde uma pessoa adulta, encontra-se em um estado social que não seja opção dela. Existem algumas situações que justificam a falta de opção do indivíduo, como, má formação do feto, doenças degenerativas, falta de mobilidade por acidente, etc. 
Estudar ou não estudar, trabalhar muito ou trabalhar pouco ou não trabalhar, ser honesto ou não ser, ter vícios ou não ter, casar ou ficar solteiro, ter filhos ou não, pedir emprestado ou investir, ser humilde ou invejoso, ouvir ou falar mal, procurar conhecimento ou só criticar, etc. Tudo isto são conseqüências de opções feitas pela própria pessoa. Mas entendo que esta verdade é muito difícil de ser digerida pela sociedade.
Um ditado diz: ¨ Errar é humano, colocar a culpa em outro, então, é mais humano ¨. Significa que o indivíduo, dificilmente irá fazer uma autoanalise para verificar onde foi que ele errou, para encontrar-se em uma situação negativa, a tendência humana é arranjar algum culpado, e viver se auto enganando e não mudando a situação.
Por isso o FRP tem o efeito psicológico saudável, de começar a abrir a mente de qualquer um que queira, independente de sua situação socioeconômico atual. 
CAPITULO 12º
A POBREZA E O CONTROLE FINANCEIRO
Certo dia um amigo me disse que era muito bonito a ideia de um fundo de reserva prudente, porém não via a possibilidade de uma pessoa que ganha o salário mínimo, ou coisa parecida, ter condições de pensar em fazer algo desse tipo, falou ainda que se a pessoa pagasse aluguele outras despesas, como faria para sobrar algum valor e depositar em um fundo de reserva?
A minha resposta na época, foi que eu via sim a possibilidade desta pessoa assalariada fazer um fundo de reserva, mesmo sabendo as dificuldades que isto traria. Falei que o importante era a consciência e não o valor, e que se sobrasse só um real já era uma mudança, etc.
Porém, todos meus argumentos não foram suficientes para convencer esse meu amigo, que encerrou a conversa dizendo que eu estava fora da realidade, e que para eu falar era fácil, pois tinha um emprego com estabilidade e não pagava aluguel.
Posso dizer que debates como estes, deram motivos para eu escrever este trabalho, porque acredito realmente que o maior motivo da desigualdade social em nosso País, é a falta de educação e principalmente educação financeira. E falando no popular, a pessoal gasta muito dinheiro à toa, e sofre muito por isso, e isto há muitas gerações em nosso País. Por exemplo: Se o seu bisavô usou mal todo o dinheiro que conseguiu, e morreu sem deixar quase nada no campo financeiro da vida. E o seu avô seguiu o mesmo exemplo, seu pai deu continuidade neste modelo de vida, você agora é herdeiro deste péssimo controle do dinheiro, e sofre as consequências disto, se não mudar vai passar essa sina para seu filho, e ele para seu neto, e assim por diante.
Agora imaginem uma sociedade com várias famílias seguindo esse mesmo modelo. É triste admitir, mas teremos uma sociedade como é a nossa atualmente, com milhões de favelados e pobres endividados.
Por isso. Vejo a necessidade de um despertar da consciência financeira da pessoa, para mudar esta rotina e criar prosperidade. Mesmo sabendo da dificuldade que é economizar algum dinheiro, sempre vou implorar para a pessoa fazer esta experiência, é no mínimo uma grande aventura.
Gastar dinheiro à toa, significa uma vida sem planejamento, mostra que a pessoa não pensa no futuro, na família ou na sociedade. Dinheiro gasto à toa é o reflexo da vida sem esperança que a pessoa escolheu levar. Então as desculpas de dificuldades, não servem para fugir da responsabilidade de ter uma vida planejada, todos os argumentos são somente desculpas por uma vida de gastos desnecessários. 
Insisto neste ponto, porque os argumentos de uma pessoa que não quer ter responsabilidades sociais, só são aceitos quando olhadas na visão de uma sociedade doutrinada pela mídia a pensar como ela. Mas quando se tem uma visão de mudança e revolta contra esse sistema opressor, não se consegue aceitar as situações de desigualdade social como normal. Falando com mais dureza, a pessoa adulta é pobre porque quer, se ela aceita isso e é feliz, tudo bem, mas se optou por não fazer um controle radical nas suas finanças, ou seja, gasta dinheiro à toa, então não tem o direito de ficar reclamando. Volto a dizer são situações extremamente raras de pessoas que nasceram na miséria, e são obrigadas a viver uma vida inteira na pobreza, sem ser opção delas. A grande maioria vive na pobreza porque optaram por seguir um caminho errado, ou de vadiagem, vícios, ou total descontrole financeiro. Os malvados impõem a pobreza, os pobres aceitam a pobreza, e outros ficam criando desculpas para consolar os irresponsáveis, que não querem mudanças, e muitas vezes usam a religião para isso. Por isso a minha dificuldade em aceitar comparações religiosas, que querem mostrar um Deus que abençoa a pobreza no sentido de falta de recursos, ou seja, miséria. Pobreza é o resultado da falta de partilha e consciência social. Deus abençoa sim, a igualdade social, que pode ser comparada com Reino de Deus.
A religião tem de ser usada sempre para despertar na pessoa, uma vontade de mudança de pensamento e atitude contra as desigualdades sociais. O filosofo francês Voltaire, uma figura célebre da humanidade, disse que: ¨ Quando homens de bem, não fazem todo o bem necessário, já fizeram um grande mal. ¨ 
Sei que esta ideia assim colocada é conflituosa, passível de discussão. O objetivo é dar uma chacoalhada, naquele que se acomodou com uma situação precária. E mostrar que esse assunto é delicado, porque conta com a hipocrisia de uma sociedade doutrinada por uma ideologia dominante.
No meu caso há anos tenho posto em prática esse ideal de um fundo de reserva prudente, e posso testemunhar os efeitos benéficos que essa experiência tem dado em minha vida. Entendo a dificuldade de se criar um fundo de reserva, porque para mim também foi difícil, conseguimos isto através de uma consciência financeira adquirida antes deste fundo.
No começo do meu casamento fiquei desempregado por um ano e meio, só minha esposa trabalhava registrada, com um salário baixo, eu fazia algum serviço esporádico (bico) e ajudava no orçamento, porém como já tínhamos uma consciência financeira, conseguíamos administrar esse pouco e ainda guardar para o futuro. Minha esposa quando solteira entregava todo o salário para seu pai administrar, e depois de casada trouxe para o casamento esse costume, e juntos administrávamos este salário. Quando consegui um emprego, e recebi o primeiro salário, este dinheiro ficou praticamente sobrando e foi todo aplicado em um fundo de reserva. Assim com a expectativa de um futuro melhor, começamos a guardar metade do meu salário neste fundo. 
Como isto foi feito na prática?
Primeiro pegamos um caderno grosso e escrevemos na capa CONTROLE FINANCEIRO FAMILIAR, este seria nosso balancete. Na primeira página, colocamos a data na primeira linha, e na seguinte colocamos o nosso saldo atual. Saldo atual significa o valor em dinheiro que sobrou para passar o mês, depois de receber o pagamento pagávamos as contas que tínhamos em mãos, sacávamos todo o dinheiro do banco para isso, depois das contas pagas lançávamos o restante no balancete como saldo naquela data. Este saldo era todo nosso dinheiro em espécie, notas e moedas, e ficavam junto ao balancete. O saldo da conta corrente no banco ficava zerado, tínhamos só o saldo da poupança, mas como víamos a poupança como fundo de reserva, nem imaginávamos mexer nele, só em caso de extrema necessidade. E no canto direito superior da folha, fazíamos um quadro onde era escrito: ¨ previsão de gastos do mês ¨ , neste quadro era anotado tudo que lembrávamos como gasto do mês, desde o pão até as contas maiores.
E víamos se o nosso dinheiro seria suficiente para passar o mês. Só para exemplo, na época nosso dinheiro em casa era 500,00 reais, e a previsão de gasto também 500,00 reais. Vimos que para ter alguma sobra teríamos que apertar o cinto. 
No balancete começamos a marcar todos os gastos dos dias e datas, e fazendo as subtrações, sem deixar de anotar nada, cada gasto era registrado no seu mínimo detalhe, para servir de orientação ou pesquisa para os meses seguintes.
Veja o modelo: Saldo em 31/0l/0l
500,00 
1,50- 5 pães 01/02/01
498,50 
6,00- absorvente intimo 02/02/01 
492,50 
22,80- conta de luz 03/02/01 
469,70 
1,50- 5 pão
468,20 
E assim por diante. Este controle radical, sempre foi para mostrar a nós mesmo, a dificuldade de se poupar algum dinheiro, e criar um hábito de economizar. No primeiro mês foi difícil fazer sobrar algum valor, mas no segundo já sabíamos realmente o nosso potencial, e onde deveria ser economizado. E seguindo aqueles modelos de economia que falei antes, fazíamos nosso dinheiro dar e sobrar, e com isso foi aumentando o nosso FRP. Também desde o começo do casamento fizemos uma proposta de não comprar nada parcelado, seria tudo à vista, e conseguimos fazer isto por anos.
Com este controle não corríamos o risco de falar aquela frase, que muitos casais falam, quando percebem que estão sem dinheiro: ¨ Onde foi parar nosso dinheiro, nem vimos onde gastamos.¨ Isto é terrível para o casal, é o sinal claro de um total descontrole das finanças do lar.
Quando falo do nosso exemplo de economia, não quero ser arrogante e dizer que todos devem fazer igual a nós. Cada caso é um caso, as situações de vida são complexas e individuais, cada um deverá agir neste campo conforme as suas condições. Uso meu

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