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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA CAMPUS SÃO VICENTE DO SUL/RS DISCIPLINA: AGROCLIMATOLOGIA Aula 6: Temperatura do solo Prof. Ivan Carlos Maldaner OBJETIVOS • Discutir o aquecimento e variação diária de temperatura do solo; • Noções sobre propriedades térmicas do solo; • Importância agroclimática e modificação da temperatura do solo. 2 Definição • Temperatura é uma medida do grau de agitação das moléculas 3 Na superfície há um balanço de radiação – entre as entradas e saídas do sistema – resultando um saldo de radiação na superfície terrestre. Esse saldo de radiação será destinado, basicamente, a três processos físicos, dentre os quais dois estão associados à temperatura: fluxo convectivo de calor sensível (temperatura do ar) e o fluxo por condução de calor no solo (temperatura do solo). Temperatura do ar e do solo Superfície úmida - dia Superfície úmida - noite Superfície seca - dia Rn Rn Rn Aquecimento do ar Aquecimento do solo Resfriamento do ar Resfriamento do solo Elevado aquecimento do ar em ambiente seco 4 Solo – Suporte mecânico, fonte de nutrientes e água – Maior reservatório de calor – Dreno de calor → Dia – Fonte de Calor → Noite – Armazena calor no verão – Libera (↓) calor no inverno Importância agroclimática – Germinação de sementes – Crescimento e desenvolvimento dos vegetais – Absorção de nutrientes – Decomposição da matéria orgânica – Metabolismo microbiológico – Formação dos solos – Árvores: • Temperatura do ar letal = -25ºC • Temperatura do solo letal = -13 a -16ºC Introdução Temp. Min. (ºC) Temp. Ótima (ºC) Temp. Máx. (ºC) Aspargo 0 23,8 35,0 Feijão 15,5 29,4 29,4 Beterraba 4,4 29,4 35,0 Couve-flor 4,4 26,6 37,7 Pepino 15,5 35,0 40,6 Alface 1,6 23,9 29,4 Cebola 1,6 23,9 35,0 Ervilha 4,4 23,9 29,4 Rabanete 4,4 29,4 35,0 Tomate 10,0 29,4 35,0 Melancia 15,5 35,0 40,6 Rosenberg et al. (1983) Condições de temperatura do solo para germinação de algumas espécies vegetais. Efeito de temperatura do solo sobre a fotossíntese líquida e transpiração de uma cultura de milho (Anderson & Macnaughton, 1973). • Aquecimento do solo • Diferença de temperatura entre a camada superficial e as camadas mais profundas de solo • Equilíbrio → Condução térmica Aquecimento do solo Repartição do balanço de radiação (Q*) da superfície do solo Balanço Positivo Balanço Negativo Condução térmica • É processo de transferência de calor (energia térmica) no qual a energia é transferida de molécula para molécula, sem que haja o deslocamento das mesmas de sua posição original. • Corpos mais densos apresentam maior capacidade de conduzir calor Constituintes do solo • M.O. seca → não conduz calor • M.O. úmida → conduz bem o calor Espaço poroso Água 20-30% Ar 20-30% Mineral 45% Orgânico 5% Aquecimento do solo • Condutividade Térmica – Porosidade do solo Metais Minerais Água Solo seco Ar Corpos que conduzem calor em escala descendente Propriedades térmicas do solo • Condutividade térmica (K) – Capacidade que o solo apresenta em transmitir energia térmica. 17 Propriedades térmicas do solo • Condutividade térmica (K) – É determinada principalmente pela sua porosidade, umidade e conteúdo de M.O. – Para um determinado conteúdo de água, a condutividade decresce dos solos pesados para os mais leves, conforme a porosidade aumenta. – Em campos naturais, os solos tem um conteúdo de água maior, o que aumenta a condutividade térmica do solo. – A M.O. não transfere tanto calor como um solo mineral – Quanto maior a K menor a amplitude térmica do solo (reservatório de calor) – Unidade: cal cm-1 ºC-1 s-1 Condutividade térmica do solo Propriedades térmicas do solo – Teor de umidade • Condutividade térmica da água maior do que a do ar • Solos secos maior espaço aéreo • Distribuição ≠ do tamanho de poros – Arenosos: macroporos – Argilosos: micropopros Variação diária da temperatura de dois tipos de solo, com e sem irrigação numa cultura de cebola, em condições de campo (Klar, 1974). 0 5 10 15 20 25 30 35 20 25 30 35 40 45 P r o f u n d id a d e ( c m ) Temperatura (°C) Solo Desnudo 24/01/2011 Solo seco 15 h 21 h 9 h 0 5 10 15 20 25 30 35 20 25 30 35 40 45 P r o f u n d id a d e ( c m ) Temperatura (°C) Solo Desnudo 04/01/2011 Solo úmido 15 h 21 h 9 h Tautócronas em Santa Maria 0 5 10 15 20 25 30 35 20 25 30 35 40 45 P r o f u n d id a d e ( c m ) Temperatura (°C) Cobertura morta 24/01/2011 Solo seco 15 h 21 h 9 h 0 5 10 15 20 25 30 35 20 25 30 35 40 45 P r o f u n d id a d e ( c m ) Temperatura (°C) Cobertura morta 04/01/2011 Solo úmido 15 h 21 h 9 h 22 0 5 10 15 20 25 30 35 20 25 30 35 40 45 P r o f u n d id a d e ( c m ) Temperatura (°C) Cobertura morta 24/01/2011 Solo seco 15 h 21 h 9 h 0 5 10 15 20 25 30 35 20 25 30 35 40 45 P r o f u n d id a d e ( c m ) Temperatura (°C) Cobertura morta 04/01/2011 Solo úmido 15 h 21 h 9 h 0 5 10 15 20 25 30 35 20 25 30 35 40 45 P r o f u n d id a d e ( c m ) Temperatura (°C) Gramado 24/01/2011 Solo seco 15 h 21 h 9 h 0 5 10 15 20 25 30 35 20 25 30 35 40 45 P r o f u n d id a d e ( c m ) Temperatura (°C) Gramado 04/01/2011 Solo úmido 15 h 21 h 9 h 23 Propriedades térmicas do solo – Conteúdo de matéria orgânica (M.O.) • A condutividade térmica da M.O. é menor do que a dos minerais constituintes do solo • Solos com alta quantidade de M.O. possuem alta capacidade de retenção de água, o que aumenta a sua condutividade quando úmido Propriedades térmicas do solo • Calor específico (c) – É a quantidade de calor necessária para aumentar a temperatura de uma grama de substância em 1ºC (Ex.: Água 1 cal g-1 ºC-1 = 14,5 → 15,5ºC) – O calor específico de todos os solos minerais varia pouco, sendo em média de 0,18 a 0,20 cal g-1 ºC-1 – Unidade: cal g-1 ºC-1; J kg-1 kg-1 27 Propriedades térmicas do solo – Capacidade calorífica ou calor específico volumétrico (cv): • É a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de 1cm3 de solo em 1ºC. • Varia de acordo com o conteúdo de água do solo – Quanto maior a quantidade de água, maior o calor específico volumétrico, devido a água ser um uma substância termorreguladora • Quando seco, devido a sua baixa densidade, os solos orgânicos tem uma capacidade calorífica mais baixa que os solos minerais. • Unidade: cal cm-3 ºC-1 𝑐𝑣 = ρ. (𝑐) Classe Textura Umidade c cv Argila (%) Silte (%) Areia (%) (%) Cal g-1 ºC-1 Cal cm-3 ºC-1 Argiloso - - - 0 0,19 - Arenoso - - - 0 0,17 - Franco 25 47 28 0 - 0,23 Franco 25 47 28 21,6 - 0,48 Calor específico (c) e calor específico volumétrico (cv) de alguns solos em função do teor da umidade. Schneider (1979) Propriedades térmicas do solo• Difusividade térmica (D) – É o quociente entre a condutividade térmica e o calor específico volumétrico – É a mudança de temperatura (em ºC) que ocorre em 1 segundo quando o gradiente de temperatura muda 1ºC cm-3 𝐷 = 𝐾 𝑐𝑣 = 𝑐𝑎𝑙 𝑐𝑚−1º𝐶−1𝑠𝑒𝑔−1 𝑐𝑎𝑙 𝑐𝑚−3º𝐶−1 = 𝑐𝑚2 𝑠𝑒𝑔−1 Propriedades térmicas do solo – A difusividade térmica aumenta com o aumento do conteúdo de água, atingindo um máximo e decrescendo posteriormente. • Uma pequena quantidade de água no solo quebra o isolamento entre partículas provocado pelo ar • A difusividade máxima de um solo é verificada com um conteúdo de 15% para areia, 12 % para areno-argiloso e de 32% para estrume • A compactação aumenta a difusividade do solo • A M.O. diminui a difusividade do solo • A difusividade térmica do solo encontra-se entre 10-2 e 10-3 cm2 s-1 Comparação do comportamento térmico dos solos • Rocha: K = 4 x 10-3 cal cm-1 ºC-1 seg-1 • Água: c = 1 cal g-1 ºC-1 • Ar: c = 3,76 x 10-4 cal g-1 ºC-1 • “O balanço entre ar e água determina o comportamento térmico dos solos” • Argila: ↑ nº poros pequenos = ↓ condutividade térmica (K) em solo seco • Areia: poros maiores em menor nº = maior condutividade térmica (K) no estado seco Comportamento da temperatura no perfil do solo Comparação do comportamento térmico dos solos • Solo Argiloso: apresenta maior condutividade térmica devido a argila absorver mais água e armazenar mais energia em suas partículas • Solo Arenoso: a água se prende por força da gravidade, pois não há capilaridade, tornando- o seco e mau condutor. • Em solo seco, o calor específico é menor e o aquecimento do solo é maior. • Com água, o calor específico é maior para o aquecimento do solo, pois a água é termo- reguladora Comparação do comportamento térmico dos solos • Solo arenoso: aquece-se mais rapidamente e resfria-se mais rapidamente que o solo argiloso. Portanto, respondem mais rapidamente as mudanças do tempo. • Solo argiloso: atua mais eficientemente como reservatório de calor. Fluxo de calor no solo • F = fluxo de energia térmica em (cal seg-1) • K = coeficiente de condutividade térmica (cal cm-1 ºC-1 seg-1) • A = área da superfície (cm2) • ∆t = variação da temperatura (ºC) • ∆z = variação da profundidade (cm) 𝐹 = −𝐾. 𝐴. ∆𝑡 ∆𝑧 Fluxo de calor no solo • Dia Noite T E M P E R A T U R A T E M P E R A T U R A Ao longo do dia a temperatura decresce com a profundidade. Durante a noite a temperatura aumenta com a profundidade Medida da temperatura do solo • È feito por um termômetro adaptado as condições do solo. È por isso chamado de geotermômetro, pois não pode ser retirado toda hora. Termômetro de solo (geotermômetro) Variação diária e anual da temperatura do solo • O comportamento diário e anual da temperatura do solo é similar nas diversas regiões do globo – Variação na temperatura e na profundidade de extinção – ƒ(propriedade térmicas do solo e da variação da radiação solar) Modelo matemático • T(z,t) = temp. numa dada prof. e tempo • Tmed = temperatura média do solo • T0 = amplitude máxima da onda de temperatura (z=0) • D = difusividade térmica do solo • T = tempo em segundos • Z = profundidade em cm • w = velocidade angular da terra (7,25x10-5 rad seg-1) 𝑇 𝑧, 𝑡 = 𝑇𝑚𝑒𝑑 + 𝑇0𝑒 −𝑧 2𝐷 𝑤 . 𝑠𝑒𝑛 𝑤𝑡 − 𝑧 2𝐷 𝑤 Curso diário do balanço de radiação e da temperatura do solo Temperatura do solo em diferentes profundidades de um solo nu e com cobertura morta, no dia 27/12/79 em Santa Maria. Prof. (cm) Solo desnudo Solo com cobertura morta Tmédia Tmáxima Tmínima Tmédia Tmáxima Tmínima 2 28,7 39,6 19,4 26,1 22,7 29,6 5 28,6 37,6 20,3 25,9 23,4 28,2 10 28,1 33,1 22,9 25,6 24,0 27,0 20 27,7 30,1 25,1 25,4 24,6 26,2 30 27,3 28,4 26,2 25,3 25,0 25,6 Influência da cobertura sobre a temperatura do solo • COBERTURA VEGETAL – Funciona como uma superfície irradiamente isolada termicamente do solo. • MULCHING – Tipos de Mulching: • naturais: resíduos culturais, cobertura morta (palha); • material manufaturado: polietileno preto (opaco) ou polietileno transparente. – OBS: A cobertura morta (mulch) pode reduzir a temperatura, além de outros efeitos sobre a umidade e biologia do solo. A presença do mulch, reduzindo a perda de água, torna os primeiros centímetros de solo um ambiente mais adequado, favorecendo a proliferação de raízes nestas camadas. Mulching • Vantagens – modificação na temperatura do solo e do ar próximo ao mulching – conservação da umidade do solo – manutenção das propriedades físicas e químicas do solo – menor compactação – controle de invasoras e diminuição de doenças Cobertura do Terreno Este é um fator microclimático. Solos sem cobertura (desnudos) ficam sujeitos a grandes variações térmicas diárias nas camadas superficiais. A cobertura com vegetação ou resíduos vegetais (mulch) modifica o balanço de radiação e de energia, pois a cobertura intercepta a radiação solar, impedindo que esta atinja o solo. Esse fator é importante no sistema de plantio direto e nos pomares, onde as plantas ficam bem espaçadas. Em períodos críticos (inverno) e em locais sujeitos a geadas, a cobertura do terreno é um fator agravante das geadas, pois impede que o solo armazene calor durante o dia e liberando-o para a superfície à noite Sistema convencional solo exposto Sistema plantio-direto solo com mulch Mato na entrelinha do cafezal 55 • MULCHING PRETO: Alta absorção, porém, transmite pouco devido a existência de uma camada de ar entre o filme e o solo. • MULCHING TRANSPARENTE: transmite bastante o calor recebido ao solo, e como forma uma camada de vapor d’água condensada, junto ao filme, dificulta as perdas. • COBERTURA MORTA: Absorve similar ao solo desnudo mas transmite pouco a energia recebida. Curvas representativas da variação da temperatura do solo à diferentes profundidades (cm) e sob distintas situações de cobertura, obtidas por Vianello e Sandanielo (1984), durante 24 horas, a partir de 7h horas (tempo legal local) de 25/02/83, em Viçosa (20º45'S, 42º51'W). Solarização • Método de desinfestação do solo para o controle de fitopatógenos, plantas daninhas e pragas. • Consiste na cobertura, com um plástico transparente, do solo em pré-plantio, preferencialmente úmido, durante o período de maior radiação solar. – quanto maior a profundidade, menores temperaturas são atingidas – quatro a seis semanas no campo – tempo menor em estufas Ricci et al. (1997) Ricci et al. (1997) Ricci et al. (1997) INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA CAMPUS SÃO VICENTE DO SUL/RS DISCIPLINA: AGROCLIMATOLOGIA Obrigado pela atenção! Ivan.maldaner@iffarroupilha.edu.br
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