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Novas perspectivas RE.experiência juizados federais e repercussão sist.judicial comum.FINAL.17fev

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Novas perspectivas do Recurso Extraordinário: a experiência dos juizados especiais federais e sua repercussão sobre o sistema judicial comum
Gilmar Mendes(
	
1. Considerações Preliminares
A Constituição de 1988 conferiu especial ênfase à proteção judicial efetiva, emprestando significado ímpar às ações judiciais individuais e coletivas. De resto, o espírito emanado desse texto certamente contribuiu, especialmente após anos de letargia e repressão, para que as pessoas reivindicassem com maior ênfase os seus direitos na Justiça. Como muitos desses pleitos eram pretensões homogêneas – casos de massa, como v.g., os casos ligados a planos econômicos, questões previdenciárias, FGTS, etc. – ninguém há de se surpreender com o fato de os feitos processuais se terem multiplicado.
Apenas para que se possa avaliar a questão a partir da perspectiva do Supremo Tribunal Federal, veja-se o seguinte quadro da evolução dos processos recebidos, considerando os últimos cinqüenta anos:
Supremo Tribunal Federal
Movimento Processual nos anos de 1950 a 2004
	Ano
	No. de processos recebidos
	Ano
	No. de processos recebidos
	1950
	3.091
	1977
	7.072
	1951
	3.305
	1978
	8.146
	1952
	3.956
	1979
	8.277
	1953
	4.903
	1980
	9.555
	1954
	4.710
	1981
	12.494
	1955
	5.015
	1982
	13.648
	1956
	6.556
	1983
	14.668
	1957
	6.597
	1984
	16.386
	1958
	7.114
	1985
	18.206
	1959
	6.470
	1986
	22.514
	1960
	6.504
	1987
	20.430
	1961
	6.751
	1988
	21.328
	1962
	7.705
	1989
	14.721
	1963
	8.126
	1990
	18.564
	1964
	8.960
	1991
	18.438
	1965
	8.456
	1992
	27.447
	1966
	7.378
	1993
	24.377
	1967
	7.614
	1994
	24.295
	1968
	8.612
	1995
	27.743
	1969
	8.023
	1996
	28.134
	1970
	6.367
	1997
	36.490
	1971
	5.921
	1998
	52.636
	1972
	6.253
	1999
	68.369
	1973
	7.093
	2000
	105.307
	1974
	7.352
	2001
	110.771
	1975
	8.775
	2002
	160.453
	1976
	6.877
	2003
	87.186
	
	
	2004
	 83.667*
Fonte: Relatórios Anuais e Secretaria de Informática do Supremo Tribunal Federal 
* O decréscimo verificado em 2004 decorre, certamente, das medidas tomadas no âmbito da Administração Pública Federal relacionadas com a desistência de demandas, edição de súmulas e outras medidas adotadas pela AGU e acordos judiciais, além do encerramento das questões ligadas ao ciclo inflacionário.
A simples comparação entre os números obtidos em 1988 (21.328 processos) e 2000 (105.307 processos) mostra, de forma eloqüente, a distorção experimentada. Recorde-se que o número de processos julgados ou recebidos pela Corte Constitucional alemã entre 1951 e 2002, de 141.712 processos, é equivalente ao número de pleitos que o STF recebe em um ano. Assinale-se que, em períodos de maior crise, a Corte Constitucional alemã jamais recebeu um número superior a 5.911 processos em um mesmo ano.
A falta de instrumentos para a solução de conflitos com efeitos gerais acabou por propiciar essa inevitável multiplicação de processos. Embora a ADIN e a ADC se revelem instrumentos adequados para a solução de inúmeras controvérsias, é certo que muitas dessas questões constitucionais acabam sendo discutidas no âmbito do sistema difuso de controle de constitucionalidade, conferindo a essas controvérsias um tratamento singular ou individual. Daí ter sido proposta a introdução do incidente de inconstitucionalidade e, agora, da ADPF (Lei nº. 9.882/99), com o objetivo de alcançar as causas que, de alguma forma, não são discutidas em sede de controle abstrato de normas. É verdade, porém, que a utilização da ADPF no âmbito do Supremo Tribunal ainda não se consolidou.
Assinale-se que, nos tempos atuais, esses pleitos são, na maioria dos casos, repetições, matérias homogêneas ligadas a planos econômicos, em geral associadas a toda essa nossa tradição de combate à inflação, como os chamados planos Bresser, Verão, Collor (v.g. as questões associadas a reajuste de funcionários, revisão de benefícios da Previdência, FGTS e Sistema Financeiro de Habitação). 
No quadro do atual sistema processual, o Supremo Tribunal Federal e as demais instâncias judiciais decidem essas questões de forma singularizada ou individualizada, o que explica a explosão no número de processos. A rigor, temos praticado o controle incidental perante o STF, especialmente o recurso extraordinário, tal como ele foi concebido no início da nossa experiência republicana; não o adaptamos para uma sociedade de massas. Por outro lado, o controle abstrato revela-se altamente desafiador do ponto de vista teórico e constitui um instrumento bastante moderno, já largamente adotado pelas cortes européias. De fato, a conjugação desses dois processos básicos - o chamado controle incidental e o controle abstrato - leva-nos a uma situação que se pode designar como a “contemporaneidade dos não coetâneos”.
Tem-se, pois, uma grande irracionalidade metodológica e um excessivo conservadorismo processual na prática brasileira do sistema difuso, que, ressalte-se, não tem paradigma no mundo�.
2. A criação dos juizados especiais federais e a ruptura com o paradigma individualista do recurso extraordinário no sistema recursal brasileiro
É verdade que a criação dos Juizados Federais propicia uma perspectiva de mudança, ao permitir que causas de pequeno valor que afetam camadas significativas da população, como as previdenciárias e as administrativas, sejam decididas e executadas dentro de um prazo socialmente adequado. Ademais, a lei está a permitir maior celeridade na tramitação das causas previdenciárias que, no modelo anterior, em decorrência da morosidade do sistema, eram não raro transformadas em questões sucessórias, uma vez que os postulantes muitas vezes faleciam antes de verem seus pleitos atendidos. A expectativa é a de que, com a simplificação e modernização processuais, as causas possam ser decididas em um prazo não superior a seis meses, contemplada aqui inclusive a execução do julgado com o pagamento, se for o caso.
No plano do controle incidental, é possível que a Lei n. 10.259/2001 constitua a primeira tentativa clara de ruptura com o paradigma individualista e irracional que caracterizava o recurso extraordinário de feição tradicional. 
A referida lei estabeleceu regras que, embora referentes ao incidente de uniformização a ser desenvolvido perante o STJ, aplicam-se também ao recurso extraordinário interposto contra decisão das turmas recursais dos juizados especiais (art. 14, §§ 4º a 9º), por força do art. 15 da aludida Lei�. 
A Emenda Regimental nº 12 do Supremo Tribunal Federal, de 12 de dezembro de 2003 �, regulamentou a matéria no âmbito do Tribunal, fixando os novos parâmetros para o recurso extraordinário contra as decisões dos juizados especiais. 
Depreende-se desse arcabouço normativo que o recurso extraordinário contra decisões dos juizados especiais federais mereceu um tratamento diferenciado por parte do legislador. A norma regulamentadora admite, expressamente, o encaminhamento de alguns recursos ao Supremo Tribunal e a retenção dos recursos idênticos nas turmas recursais (art. 14, § 6º). Tendo em vista a possibilidade de reprodução de demandas idênticas, autoriza-se o relator a conceder liminar para suspender, de ofício ou a requerimento do interessado, a tramitação dos processos que versem sobre idêntica controvérsia constitucional. (art. 14, § 5º). Trata-se de disposição que se assemelha ao estabelecido no art. 21 da Lei n. 9.868/ 99, que prevê a cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, e no art. 5º, da Lei n. 9.882/99, que autoriza a cautelar em sede de argüição de descumprimento de preceito fundamental. 
Ademais, afastando-se de uma perspectiva estritamente subjetiva do recurso extraordinário, a Lei n. 10.259/2001, no art. 14, § 7º, autorizou o relator, se assim entender necessário, a pedir informações adicionais ao Presidente da Turma Recursal ouao Coordenador da Turma de Uniformização, podendo também ouvir o Ministério Público no prazo de 5 dias. Na mesma linha, a aludida disposição permitiu que eventuais interessados, ainda que não sejam partes no processo, se manifestem no processo submetido ao STF no prazo de 30 dias (art. 14 § 7º, 2a. parte) . Trata-se de um amplo reconhecimento da figura do amicus curiae, que, como se sabe, foi prevista na Lei n. 9.868/ 99 (arts. 7º e 18, referentes à ADIn e à ADC; art. 482, do CPC, relativo ao incidente de inconstitucionalidade) e na Lei n. 9.882/99 (art. 6º, § 1º, a propósito da ADPF). 
Observe-se que esse modelo já está sendo implementado no âmbito do Supremo Tribunal Federal. 
No RE nº 376.852-SC �, de minha relatoria, o STF, por maioria, deferiu medida liminar para emprestar efeito suspensivo ao recurso extraordinário interposto pelo INSS contra acórdão da Turma Recursal da Seção Judiciária de Santa Catarina que, por violação ao § 4º do art. 201 da CF - cláusula de preservação do valor real dos benefícios previdenciários -, declarara a inconstitucionalidade de diversos dispositivos legais pertinentes à fixação de valores que reajustaram os benefícios (arts. 12 e 13 da Lei 9.711/98; art. 4º, §§ 2º e 3º da Lei 9.971/2000; art. 17 da MP 2.187-13/2001, art. 1º do Decreto 3.826/2001). 
Considerou-se, na espécie, caracterizada a plausibilidade jurídica dos argumentos em favor da legitimidade das normas em questão, tendo em conta, ainda, o número expressivo de casos existentes e um possível efeito multiplicador da referida decisão.
Em decisão mais recente, de 06 de outubro de 2004, o Tribunal referendou, por maioria�, decisão concessiva de liminar em ação cautelar, da relatoria da Ministra Ellen Gracie, para, desta vez, determinar a suspensão de todos os processos em tramitação perante os Juizados Especiais e Turmas Recursais da Seção Judiciária Federal do Estado do Rio de Janeiro, nos quais se discutisse a desconsideração, como ato jurídico perfeito, de acordos comprovadamente firmados, decorrentes do termo de adesão previsto na LC 110/2001, que trata de correção monetária dos saldos em conta do FGTS. Foi o primeiro caso em que se aplicou a regra do § 5º do art. 14 da Lei nº 10.259/2001.
Na espécie, entendeu-se que estavam presentes os requisitos viabilizadores da concessão da liminar, pois, enquanto o periculum in mora decorreria do efeito multiplicador de demandas similares com considerável sobrecarga da máquina judiciária, tendo em conta o fato de que cerca de 32 milhões de correntistas do FGTS tinham aderido ao acordo nos termos da LC 110/200, o fumus boni iuris, por sua vez, restaria configurado com a conjugação dos pressupostos de existência de juízo positivo de admissibilidade do recurso extraordinário, de viabilidade deste e da plausibilidade jurídica do pedido. 
 
3. A repercussão da experiência dos juizados especiais federais no sistema judicial comum 
O novo modelo previsto na Lei nº 10.259/2001 traduz, sem dúvida, um avanço na concepção vetusta que tem caracterizado o recurso extraordinário entre nós. Esse instrumento deixa de ter caráter marcadamente subjetivo ou de defesa de interesse das partes, para assumir, de forma decisiva, a função de defesa da ordem constitucional objetiva. Trata-se de orientação que os modernos sistemas de Corte Constitucional vêm conferindo ao recurso de amparo e ao recurso constitucional (Verfassungsbeschwerde). Nesse sentido, destaca-se a observação de Häberle segundo a qual “a função da Constituição na proteção dos direitos individuais (subjectivos) é apenas uma faceta do recurso de amparo”, dotado de uma “dupla função”, subjetiva e objetiva, “consistindo esta última em assegurar o Direito Constitucional objetivo” �. 
		
Orientação idêntica há muito mostra-se dominante também no direito americano.
Já no primeiro quartel do século passado, afirmava Triepel que os processos de controle de normas deveriam ser concebidos como processos objetivos. Assim, sustentava ele, no conhecido Referat sobre "a natureza e desenvolvimento da jurisdição constitucional", que, quanto mais políticas fossem as questões submetidas à jurisdição constitucional, tanto mais adequada pareceria a adoção de um processo judicial totalmente diferenciado dos processos ordinários. "Quanto menos se cogitar, nesse processo, de ação (...), de condenação, de cassação de atos estatais -- dizia Triepel -- mais facilmente poderão ser resolvidas, sob a forma judicial, as questões políticas, que são, igualmente, questões jurídicas" �. Triepel acrescentava, então, que “os americanos haviam desenvolvido o mais objetivo dos processos que se poderia imaginar (Die Amerikaner haben für Verfassungsstreitigkeiten das objektivste Verfahren eingeführt, das sich denken lässt) �. 
Portanto, há muito resta evidente que a Corte Suprema americana não se ocupa da correção de eventuais erros das Cortes ordinárias. Em verdade, com o Judiciary Act de 1925 a Corte passou a exercer um pleno domínio sobre as matérias que deve ou não apreciar �. Ou, nas palavras do Chief Justice Vinson, “para permanecer efetiva, a Suprema Corte deve continuar a decidir apenas os casos que contenham questões cuja resolução haverá de ter importância imediata para além das situações particulares e das partes envolvidas” (“To remain effective, the Supreme Court must continue to decide only those cases which present questions whose resolutions will have immediate importance far beyond the particular facts and parties involved”) �. 
		
De certa forma, é essa visão que, com algum atraso e relativa timidez - ressalte-se, - a Lei nº 10.259, de 2001, busca imprimir aos recursos extraordinários, ainda que, inicialmente, apenas para aqueles interpostos contra as decisões dos juizados especiais federais. 
Agora, projeto elaborado no âmbito da Comissão que trata da reforma do Judiciário, apresentado como substitutivo ao Projeto de Lei nº 1.343/03, do deputado federal Aloysio Nunes Ferreira, procura estender tratamento semelhante aos recursos extraordinários, relacionados a controvérsias idênticas, interpostos contra decisão da justiça comum�. Com certeza abre-se a possibilidade de racionalização do chamado apelo extremo, que permitirá uma análise mais acurada das questões eventualmente suscitadas com a participação qualificada dos diversos e legítimos interessados (cf. proposta de alteração ao art. 543 da. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, contida no referido Projeto de Lei). 
4. Conclusão
Esboça-se, assim, uma perspectiva de mudança no controle incidental de normas e no sistema de controle judicial amplo da constitucionalidade das decisões a partir da bem sucedida experiência colhida no âmbito dos juizados especiais federais. 
Começa-se a emprestar um perfil objetivo ao recurso extraordinário, especialmente àquele incidente sobre questões de massa, que tornará dispensável a ocupação do Tribunal com dezenas de milhares de recursos idênticos, dando ensejo a que tais matérias sejam decididas, em um leading case, com a participação dos demais interessados. É possível que a nova fórmula possa contribuir, decisivamente, para superar as crises numérica e temporal que acometem o processo decisório em matéria constitucional.
MGM/VP/18fev2005
( Ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil; Professor de Direito Constitucional nos cursos de graduação e pós-graduação da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília-UnB; Mestre em Direito pela Universidade de Brasília - UnB (1988), com a dissertação Controle de Constitucionalidade: Aspectos Políticos e Jurídicos; Mestre em Direito pela Universidade de Münster, República Federal da Alemanha - RFA (1989), com a dissertação Die Zulässigkeitsvoraussetzungen der abstrakten Normenkontrolle vor dem Bundesverfassungsgericht (Pressupostos de admissibilidade do Controle Abstrato de Normas perante a Corte Constitucional Alemã); Doutor em Direito pela Universidade de Münster,República Federal da Alemanha - RFA (1990), com a tese Die abstrakte Normenkontrolle vor dem Bundesverfassungsgericht und vor dem brasilianischen Supremo Tribunal Federal, publicada na série Schriften zum Öffentlichen Recht, da Editora Duncker & Humblot, Berlim, 1991 (a tradução para o português foi publicada sob o título Jurisdição Constitucional: o controle abstrato de normas no Brasil e na Alemanha. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2004, 395 p.) 
� O modelo americano há muito se desvencilhou da concepção de que seria possível, no âmbito da Suprema Corte, fazer justiça individual às partes (Cf., infra, item nº 3).
� “Art. 14. Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei federal quando houver divergência entre decisões sobre questões de direito material proferidas por Turmas Recursais na interpretação da lei.
§ 1º O pedido fundado em divergência entre Turmas da mesma Região será julgado em reunião conjunta das Turmas em conflito, sob a presidência do Juiz Coordenador.
§ 2º O pedido fundado em divergência entre decisões de Turmas de diferentes Regiões ou da proferida em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante do STJ será julgado por Turma de Uniformização, integrada por Juízes de Turmas Recursais, sob a presidência do Coordenador da Justiça Federal.
§ 3º A reunião de juízes domiciliados em cidades diversas será feita pela via eletrônica.
§ 4º Quando a orientação acolhida pela Turma de Uniformização, em questões de direito material, contrariar súmula ou jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça – STJ, a parte interessada poderá provocar a manifestação deste, que dirimirá a divergência.
§ 5º No caso do § 4º, presente a plausibilidade do direito invocado e havendo fundado receio de dano de difícil reparação, poderá o relator conceder, de ofício ou a requerimento do interessado, medida liminar determinando a suspensão dos processos nos quais a controvérsia esteja estabelecida.
§ 6º Eventuais pedidos de uniformização idênticos, recebidos subseqüentemente em quaisquer Turmas Recursais, ficarão retidos nos autos, aguardando-se pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça.
§ 7º Se necessário, o relator pedirá informações ao Presidente da Turma Recursal ou Coordenador da Turma de Uniformização e ouvirá o Ministério Público, no prazo de cinco dias. Eventuais interessados, ainda que não sejam partes no processo, poderão se manifestar, no prazo de trinta dias.
§ 8º Decorridos os prazos referidos no § 7º, o relator incluirá o pedido em pauta na Seção, com preferência sobre todos os demais feitos, ressalvados os processos com réus presos, os ‘habeas corpus’ e os mandados de segurança.
§ 9º Publicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos referidos no § 6º serão apreciados pelas Turmas Recursais, que poderão exercer juízo de retratação ou declará-los prejudicados, se veicularem tese não acolhida pelo Superior Tribunal de Justiça.
§ 10 Os Tribunais Regionais, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, no âmbito de suas competências, expedirão normas regulamentando a composição dos órgãos e os procedimentos a serem adotados para o processamento e o julgamento do pedido de uniformização e do recurso extraordinário.
Art. 15. O recurso extraordinário, para os efeitos desta lei, será processado e julgado segundo o estabelecido nos §§ 4º a 9º do art. 14, além da observância das normas do Regimento.”
� [...] Art. 2º Fica acrescido ao artigo 321 do Regimento Interno o § 5º, incisos I a VIII, com o seguinte teor:
§ 5º Ao recurso extraordinário interposto no âmbito dos Juizados Especiais Federais, instituídos pela Lei nº 10.259, de 12 de julho de 2001, aplicam-se as seguintes regras:
I - verificada a plausibilidade do direito invocado e havendo fundado receio da ocorrência de dano de difícil reparação, em especial quando a decisão recorrida contrariar súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, poderá o relator conceder, de ofício ou a requerimento do interessado, ad referendum do Plenário, medida liminar para determinar o sobrestamento, na origem, dos processos nos quais a controvérsia esteja estabelecida, até o pronunciamento desta Corte sobre a matéria;
II - o relator, se entender necessário, solicitará informações ao Presidente da Turma Recursal ou ao Coordenador da Turma de Uniformização, �que serão prestadas no prazo de 05 (cinco)dias; 
III - eventuais interessados, ainda que não sejam partes no processo, poderão manifestar-se no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da publicação da decisão concessiva da medida cautelar prevista no inciso I deste § 5º;
IV - o relator abrirá vista dos autos ao Ministério Público Federal, que deverá pronunciar-se no prazo de 05 (cinco) dias;
V - recebido o parecer do Ministério Público Federal, o relator lançará relatório, colocando-o à disposição dos demais Ministros, e incluirá o  processo em pauta para julgamento, com preferência sobre todos os demais feitos, à exceção dos processos com réus presos, habeas-corpus e mandado de segurança;
VI - eventuais recursos extraordinários que versem idêntica controvérsia constitucional, recebidos subseqüentemente em quaisquer Turmas Recursais ou de Uniformização, ficarão sobrestados, aguardando-se o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal;
VII- publicado o acórdão respectivo, em lugar especificamente destacado no Diário da Justiça da União, os recursos referidos no inciso anterior serão apreciados pelas Turmas Recursais ou de Uniformização, que poderão exercer o juízo de retratação ou declará-los prejudicados, se cuidarem de tese não acolhida pelo Supremo Tribunal Federal;
VIII - o acórdão que julgar o recurso extraordinário conterá, se for o caso, súmula sobre a questão constitucional controvertida, e dele será enviada cópia ao Superior Tribunal de Justiça e aos Tribunais Regionais Federais, para comunicação a todos os Juizados Especiais Federais e às Turmas Recursais e de Uniformização.
� RE nº 376.852-SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ de 24.10.2003.
� AC 272 MC/RJ, rel. Min. Ellen Gracie, DJ de 14.10.2004.
� HÄBERLE, Peter. O recurso de amparo no sistema germânico, Sub Judice 20/21, 2001, p. 33 (49). 
� TRIEPEL, Heinrich. Wesen und Entwicklung der Staatsgerichtsbarkeit, VVDStRL, Vol. 5 (1929), p. 26.
� TRIEPEL. Wesen und Entwicklung …, cit., p. 26.
� Cf., a propósito, GRIFFIN, Stephen M. The Age of Marbury, Theories of Judicial Review vs. Theories of Constitutional Interpretation, 1962-2002. Paper apresentado na reunião anual da ‘American Political Science Association’, 2002, p. 34.
� GRIFFIN, The Age of Marbury … cit., p. 34.
� A sugestão de substitutivo ao Projeto de Lei nª 1343/03 propõe as seguintes alterações a dispositivos da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, que institui o Código de Processo Civil:
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º O artigo 541 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 541
...........................................................
...........................................................
§ 2º O recurso especial por ofensa a lei federal somente será conhecido quando o julgado recorrido tiver repercussão geral, aferida pela importância social ou econômica da causa, requisito que será dispensado quando demonstrada a gravidade do dano individual.
Art. 2º Fica acrescido à Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil o seguinte artigo:
Art. 543-A Quando se verificar multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica controvérsia, o recurso extraordinário será processado com observância do disposto neste artigo.
§ 1º Caberá ao Presidente do Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos representativos da controvérsia, que serão encaminhados ao Supremo Tribunal Federal, ficando suspensos os demais processos até o pronunciamento definitivo dessa Corte.
§ 2º O relator poderá solicitar informações no prazo dedez dias, aos tribunais superiores, federais, estaduais, turma de uniformização e turmas recursais, acerca da controvérsia constitucional, no âmbito de sua jurisdição.
§ 3º O relator, considerando a relevância da matéria, poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação, por intermédio de procurador devidamente habilitado, de pessoas, órgãos ou entidades, inclusive partes que tiveram seus processos sobrestados, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.
§ 4º Após o recebimento das informações e, se houver, após as audiências aludidas no parágrafo antecedente, o relator abrirá vista ao Ministério Público Federal, que deverá se pronunciar no prazo de quinze dias.
§ 5º Vencido o prazo para o Ministério Público Federal, o relator lançará o relatório, com cópia para os demais ministros, e determinará a inclusão do processo em pauta para julgamento, devendo o feito ter preferência sobre os demais, ressalvados os processos com réus presos, os habeas corpus e os mandados de segurança.
§ 6º Publicado o acórdão respectivo, os recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais, Turma de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão exercer o juízo de retratação ou declará-los prejudicados.
§ 7º Se a instância de origem mantiver a decisão, processar-se-á o recurso extraordinário, hipótese em que o Supremo Tribunal Federal, conforme disposto em seu regimento interno, poderá determinar sumariamente a cassação das decisões contrárias à orientação firmada no acórdão.
§ 8º As Turmas Recursais, a Turma de Uniformização, os Tribunais de Justiça, os Tribunais Regionais, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, no âmbito de suas competências, expedirão normas regulamentando os atos internos a serem adotados para processamento e julgamento do recurso previsto neste artigo.
§ 9º Verificada a plausibilidade do direito invocado e havendo fundado receio da ocorrência de dano de difícil reparação, em especial quando a decisão recorrida contrariar súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, poderá o relator conceder, de oficio ou a requerimento do interessado, ad referendum do Plenário, medida liminar para determinar a suspensão, na origem, dos processos nos quais a controvérsia esteja estabelecida, até o pronunciamento dessa Corte sobre a matéria.
§ 10º Aplicam-se ao recurso especial, no que couber, as disposições contidas neste artigo.
Art. 3º Esta lei entra em vigor três meses após sua publicação.
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