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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS IRACILMA DA SILVA SAMPAIO A FILOSOFIA E O FILOSOFAR SÍNTESE Prof. Dr. Evandro Luis Ghedin / Profª Drª Patrícia Macedo de Castro BOA VISTA – RR 2016 1. O Conhecimento e os Filósofos Originários Em relação ao conhecimento e os primeiros filósofos, Heráclito afirma que a realidade é a harmonia dos contrários, que não cessam de se transformar uns nos outros. Se assim for, como explicar que nossa percepção nos ofereça as coisas como se fossem estáveis, duradouras e permanentes? Com essa pergunta, o filósofo indicava a diferença entre o conhecimento que nossos sentidos nos oferecem e o conhecimento que nosso pensamento alcança: o primeiro nos oferece a permanência ilusória, enquanto o segundo conhece a mudança como verdadeira realidade. Conhecer é alcançar o idêntico, o imutável. Nossos sentidos nos oferecem a imagem de um mundo em incessante mudança, no qual tudo se torna o contrário de si mesmo: o dia vira a noite, o inverno vira primavera, o doce se torna amargo, o líquido se transforma em vapor ou em sólido. Desde o início, os filósofos se deram conta de que nosso pensamento parece seguir certas leis para conhecer as coisas e que há diferença entre perceber e pensar. Conhecer é começar a examinar as contradições das aparências e das opiniões para poder abandoná-las e passar da aparência à essência, da opinião ao conceito. Platão distingue quatro formas ou graus de conhecimento, que vão do grau inferior ao superior: crença, opinião, raciocínio e intuição intelectual: os dois primeiros formam o que ele chama conhecimento sensível; os dois últimos o conhecimento intelegível. Aristóteles distingue sete formas ou graus de conhecimento: sensação, percepção, imaginação, memória, linguagem, raciocínio e intuição. Enquanto Platão concebia o conhecimento como abandono de um grau inferior por um superior, Aristóteles o considerava continuamente formado e enriquecido por acúmulo das informações trazidas por todos os graus. Desse modo, em um lugar de uma ruptura entre o conhecimento sensível e o intelectual, há uma continuidade entre eles. HERÁCLITO: O Fogo e Devir (c. 533 – 475 a. C.) Observava que a realidade é dinâmica e que a vida está em constante transformação. Mas, diferentemente dos milésimos – que buscavam na mudança aquilo que permanece -, decidiu concentrar sua reflexão sobre o que muda. Assim, o filósofo dirá que tudo flui nada persiste, nem permanece o mesmo. O ser não é mais que o vir a ser. “ Tu não podes descer duas vezes no mesmo rio, porque novas águas correm sobre ti”. Heráclito também observou, como seus predecessores, a atuação dos opostos na natureza (frio calor, seco e úmido), mas radicalizou essa observação, conferindo papel essencial a esse conflito em sua cosmologia. Ele é considerado um dos mais destacados filósofos pré-socrático e o primeiro grande representante do pensamento dialético. PARMÊNIDES: O Ser (c. 510 – 470 a. C.) Entendia que o equívoco das pessoas e dos demais pensadores era conceder demasiada importância aos dados fornecidos pelos sentidos. Embora também percebesse pela via sensorial mudança e o movimento no mundo, achava contraditório buscar a essência naquilo que não é essencial, buscar a permanência naquilo que não permanece (a mudança, o movimento), ou supor que aquilo que é permanente pudesse converter-se em algo impermanente. EMPÉDOCLES: Quatro elementos (c. 490 – 430 a. C.) Esforçou-se por conciliar as concepções de Parmênides e Heráclito. Aceitava de Parmênides a racionalidade que afirma a existência e permanência do ser (“o ser é”), mas procurava encontrar uma maneira de tornar racional os dados captados por nossos sentidos. Defendeu, assim, a existência de quatro elementos primordiais, que constituem as raízes de todas as coisas percebidas: o fogo, a terra, a água e o ar. Esses elementos seriam movidos e misturados de diferentes maneiras em função de dois princípios universais e opostos: Amor – responsável pela força de atração e união e pelo movimento de crescente harmonização das coisas; Ódio – responsável pela força de repulsão e desagregação e pelo movimento de decadência, dissolução e separação das coisas. Para Empédocles, todas as coisas existentes na realidade estão submetidas às forças cíclicas desses dois princípios. DEMÓCRITO: O átomo (c.460 – 370 a.C.) Concordava com a necessidade de plenitude e unidade do ser ( como havia afirmado Parmênides), mas não aceitava que o não ser ( o movimento, a multiplicidade) fosse uma ilusão. Para ele, a experiência do movimento era justamente a prova da existência de um não ser, que em sua concepção era o vazio. Sem espaço vazio, nenhuma coisa poderia se mover. DEMÓCRITO Concebeu a noção de que toda realidade é composta também do vazio, que representava a ausência de ser (o não ser). Devido ao vazio, torna-se possível o movimento do ser – que é o movimento do átomo, segundo a teoria atomística. Os pensamentos e a alma eram explicados de maneira semelhante, pela aglomeração de átomos mais leves e sutis. E o nascimento e a morte não existiriam, no sentido de uma geração ou corrupção da matéria. Daí a afirmação de Demócrito de que “nada nasce do nada, nada retorna ao nada”. Tudo tem uma causa. E os átomos seriam a causa ultima do mundo. Comente a frase de Demócrito: “Pequenos favores prestados no momento oportuno são os maiores para quem os recebe”. Quando alguém vai receber uma visita em sua casa e coloca a sua melhor toalha de mesa, em vez de fazer o melhor para os de casa. São as gentilezas; alguns deveriam entender bem essa frase, principalmente os egocêntricos que não gostam de serem perturbados, mas gostam de serem atendidos em suas necessidades. 2. A Questão do Conhecimento em Sócrates, Platão e Aristóteles. Embora tenha sido em sua época, confundido com os sofistas, Sócrates travou uma polêmica profunda com esses filósofos. Procurava um fundamento último para as interrogações humanas (o que é o bem? O que é a virtude? O que é a justiça?) ao passo que os sofistas – conforme a visão de seus críticos – situavam suas reflexões a partir dos dados empíricos, o sensório imediato, sem se preocupar com a investigação de uma essência da virtude, da justiça, do bem etc. a partir da qual a própria realidade empírica pudesse ser avaliada. O autoconhecimento era um dos pontos básicos da filosofia socrática “conhece-te a ti mesmo”. A reflexão e o trabalho do pensamento são tomados como uma purificação intelectual que permite ao espírito humano conhecer a verdade invisível, imutável, universal e necessária. O conhecimento, porém, para ser autêntico, deve ultrapassar a esfera das impressões sensoriais, o plano da opinião, e penetrar na esfera racional da sabedoria, o mundo das ideias. Para atingir esse mundo, o ser humano não pode ter apenas “amor às opiniões” (filodoxia); precisa possuir um amor ao saber (filosofia). OPINIÃO E VERDADE A opinião é uma busca da verdade, pois não estamos confiantes e seguros e somos tomados pela insegurança. O desejo da verdade aparece muito cedo nos seres humanos e se manifesta como desejo de confiar nas coisas e nas pessoas. Ao mesmo tempo, nossa vida cotidiana é feita de pequenas e grandes decepções. A verdade é sempre universal e necessária, enquanto as opiniões variam de lugar para lugar, de época para época, de sociedadepara sociedade, de pessoa para pessoa. A verdade é um acontecimento interno ao nosso intelecto ou à nossa consciência e, portanto, a correspondência entre ideias e coisas depende inteiramente das próprias ideias, uma vez que são elas as responsáveis pelo objeto do conhecimento. A VERDADE – NO CONHECIMENTO DE ARISTÓTELES A verdade estaria ligada ao ato de dizer. Assim, não existiria verdade sem enunciado, mas este não basta em si mesmo como verdade. A visão Aristotélica pressupõe a existência de uma materialidade exterior ao enunciado, verdadeiro ou não. Foi Aristóteles quem enunciou dois teoremas fundamentais desta compreensão de verdade. O primeiro deles é de que a verdade estaria no pensamento ou na linguagem, e não no ser ou na coisa. A segunda premissa é de que a medida da verdade, ou sua verificação, é exterior a ela; estaria presente no ser, na ação, e não no pensamento ou no discurso produzido sobre eles. VERDADE E SABEDORIA Para Sócrates, a sabedoria consistia em vencer a si mesmo e a ignorância em ser vencido por si mesmo. A sabedoria consiste saber o que fazer com qualquer conhecimento, como utilizá-lo de forma prudente, moderada e profícua e útil. Somos o resultado das nossas escolhas, e elas estão baseadas no nível do conhecimento a respeito de determinado assunto. Passamos a adquirir sabedoria quando experienciamos o erro e o acerto do que escolhemos. A verdade é o que é (verdade do ser), ou aquilo que corresponde exatamente ao que é (verdade do conhecimento). Por isso, nenhum conhecimento é a verdade; jamais conhecemos absolutamente o que existe, nem tudo o que existe. A ideia de que tudo é incerto não é razão para deixarmos de buscar a verdade. A verdade não pertence a ninguém; por isso, pertence por direitos a todos. A verdade não obedece; por isso é livre e libertadora. PROCESSO DE CONHECIMENTO EM EPICURO. RELACIONE: A FILOSOFIA E O SEU OBJETIVO, CANÓNICA E ÉTICA. Epicuro desenvolve uma teoria do conhecimento que prisma como princípio do conhecimento a sensação. É por intermédio das sensações que validamos o que conhecemos. Epicuro admite que é por meio das sensações que elegemos ou rejeitamos as coisas. Para ele, as sensações tem um papel singular no processo cognitivo. Outro ponto contundente no pensamento de Epicuro é a ética. O sentido de viver feliz é o ponto central da ética no contexto helenístico. Epicuro apresenta um modo de viver que possibilita ao indivíduo realizar seu télos: a felicidade. Para que esta seja alcançada, ele apresenta uma ética baseada numa physiologia, isto é, viver de acordo com a natureza (phýsis); podendo o homem aprender a viver no equilíbrio, e ter o domínio sobre si mesmo. A conónica é o conjunto de normas ou regras que dão segurança no conhecimento. Epicuro sustentou que a origem do conhecimento era a sensação causada pela ação de objetos externos corpóreos que nos produzem uma impressão sensorial. Sua teoria dizia que um conjunto de átomos penetra em nossos órgãos sem os modificar e que são emitidos pelas superfícies das coisas, estes “eflúvios” criam uma imagem exata dos corpos. Em resumo, a única fonte de conhecimento humano é a experiência sensível e a evidência sensível é o critério para valer.
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