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DIREITO EMPRESARIAL II Titulos de Créditos

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DIREITO EMPRESARIAL II – TÍTULOS DE CRÉDITO
O que é CRÉDITO? 
Crédito = TEMPO + CONFIANÇA (obrigação)
Na antiguidade, o crédito tinha como elementos o tempo¹ e a confiança². O tempo, em razão da concessão de prazo ao devedor para satisfazer a obrigação, a confiança, que era justamente a razão do crédito, pois só se concedia crédito a quem se confiava. 
PAPEL – CÁRTULA³ (materialização do crédito)
TÍTULOS DE CRÉDITO - art. 887, CC. 
Definição: documento necessário para o exercício do credor; literal e autônomo nele contido regulado por lei.
- surgiu na idade média;
- primeiro título = letra de câmbio
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AOS TÍTULOS DE CRÉDITO
CARTULARIDADE : significa que o crédito que estar representado por um documento. Pelo princípio da cartularidade, em que o crédito deve estar materializado em um documento (título), para a transferência do crédito é necessário a transferência do título. Não há que se falar em exigibilidade do crédito sem apresentação do documento. 
LITERALIDADE : pelo princípio da literalidade, só terá validade para o direito cambiário aquilo que está literalmente escrito no título de crédito. 
AUTONOMIA: Se desdobra em outros sub princípios:
3.1 ABSTRAÇÃO : quando o título circula, e se encontra em mãos de alguém que não participou da relação causal base que lhe deu origem, ele se desvincula por completo do negócio que ensejou sua criação. 
3.2 INOPONIBILIDADE DAS EXCEÇÕES PESSOAIS: o devedor não poderá opor exceções pessoais a terceiros de boa-fé quando do devedor principal tiver que pagar um título de crédito, não poderá alegar a um terceiro de boa-fé, qualquer vício no negócio que lhe deu origem. 
3.3 INDEPENDENTE: o defeito em um dos negócios não contamina os outros negócios. 
CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
QUANTO AO MODELO (PAPEL/FORMATO)
- pode ser livre: a formatação não está definida em lei, pode ser confeccionado da mesma maneira que melhor atenda aos interesses das partes. Ex.: letra de câmbio e nota promissória. 
- pode ser vinculado: a formatação está definida em lei, não pode ser alterado sob pena de invalidade. Ex.: cheque. 
QUANTO A EMISSÃO
- causais; impróprios ou imperfeitos: somente podem ser emitidos pela ocorrência de determinada causa. Ex.: duplicata.
- abstratos ou não causais: a lei não exige causa específica para a emissão do título de crédito. Ex.: cédula de crédito rural.
QUANTO AS HIPÓTESES DE CIRCULAÇÃO
- ao portador: é aquele em que não está identificado o beneficiário; mera tradição.
- nominal: quando consta a identificação do beneficiário = por endosso.
 Pode ser:
- à ordem: circula por meio de endosso, sendo que o endossante responde pela existência e validade do título e pela sua solvência (pagamento).
- não à ordem: circula por meio de endosso, todavia o endosso tem o efeito de uma cessão civil de crédito (ceder a sua posição credora – não respondendo pelo pagamento). 
- nominativo: o nome do beneficiário consta no livro de responsabilidade do emitente do título. 
QUANTO A ESTRUTURA
- ORDEM DE PAGAMENTO: quando o emitente do título não é quem, num primeiro momento, é obrigado ao seu pagamento. Nesse caso o saque cambial dá nascimento a três situações jurídicas diferentes:
1. Quem efetua o saque: SACADOR
2. Destinatário da ordem: SACADO
3. Beneficiário da ordem (recebe o pagamento): TOMADOR OU BENEFICIÁRIO
Exemplos: cheque, duplicata e letra de câmbio.
Cheque: SACADOR: correntista
 SACADO: banco
 TOMADOR: emitente, sacador ou outra pessoa.
Duplicata: SACADOR: comerciante que vende mercadoria / credor
 SACADO: compra a mercadoria (assinou)
 TOMADOR: quem emitiu (credor).
Letra de câmbio: SACADOR: qualquer pessoa
 SACADO: qualquer pessoa
 TOMADOR: qualquer pessoa.
- PROMESSA DE PAGAMENTO: quando o emitente do título se obriga a pagar, gerando duas situações jurídicas:
1. A de quem promete pagar
2. A do beneficiário da promessa
Ex.: nota promissória, nota de crédito, cédula de crédito.
QUANTO A NATUREZA DO CRÉDITO
PRÓPRIOS: são títulos que corporificam uma verdadeira operação de crédito, entendida por tal aquela em que uma pessoa empresta a outra uma determinada quantia para pagamento futuro. 
IMPRÓPRIOS: são os títulos que não representam uma operação de crédito, ou seja, o seu pagamento não difere no tempo. Ex.: cheque (por lei é ordem de pagamento à vista)
LETRA DE CÂMBIO
- Surgiu na Idade Média;
- Decreto 2044 /1908;
- Banqueiros na IM (cada cidade tinha sua moeda)
Brasil – Decreto 57.663/66 (com reserva)
É uma ordem de pagamento a prazo (regra) ou à vista (exceção). Sendo ordem de pagamento que alguém dirige a outrem para pagar a um terceiro, comporta uma regulação entre pessoas que ocupam três posições no título. A letra de câmbio é uma ordem de pagamento emitida por uma pessoa, determinando que certa quantia seja paga para uma outra pessoa. É o sacador quem dá ordem ao sacado para realizar o pagamento. Há, ainda, o beneficiário da ordem, que é o credor, conhecido como tomador. Quem cria a letra de câmbio é o sacador. O saque é o ato de criação, de emissão do título.
SAQUE – SACADOR
QUEM RECEBE A ORDEM – SACADO (ACEITANTE)
BENEFICIÁRIO DA ORDEM - TOMADOR (SOMENTE AO 1º CREDOR)
REQUISITOS DA LETRA DE CÂMBIO
O formalismo é de essência da letra de câmbio, devendo, portanto, conter determinados requisitos essenciais estabelecidos por lei. Faltando um dos requisitos essenciais, a letra de câmbio deixa de ser uma letra de câmbio, assim, ela deve trazer:
Denominação “letra de câmbio” no seu contexto;
A quantia que deve ser paga, por extenso;
O nome da pessoa que deve pagá-lo (sacado);
O nome da pessoa que deve ser paga (tomador);
Assinatura do emitente ou mandatário especial (sacador).
REQUISITOS NÃO ESSENCIAIS DA LETRA DE CÂMBIO
O lugar do pagamento;
A importância declarada por cifra;
A data do vencimento do título;
A data do vencimento.
- Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio do emitente (parágrafo 2º art. 889,CC).
- A falta da época do vencimento não afeta a validade do documento. É a vista do título de crédito que não contém indicação do vencimento.
VENCIMENTO
A vista;
Em dia certo;
A certo termo da vista (aceite) – é um período de tempo que começa a ser contado da vista. O vencimento é determinado pela data do aceite.
ACEITE
É o ato praticado pelo sacado que se compromete a pagar a letra de câmbio no vencimento, assinado no anverso do título. Basta a sua assinatura ou a de seu mandatário especial, acompanhado da expressão: “aceite ou pagarei.” É o ato cambial pelo qual o sacado concorda em acolher a ordem incorporada pela letra. É a efetiva vinculação do sacado na letra de câmbio.
Existem casos em que o envio da letra para o aceite é obrigatório, é o caso da letra de vencimento a certo termo da vista.
É possível o aceite parcial. O sacado torna-se o devedor principal com o efeito do aceite. O beneficiário tomador da letra tem a faculdade de escolher levar ou não a letra para aceite quando o vencimento desta for a prazo. Outrossim, o sacador, visando impedir o envio da letra para aceite e com isso evitar seu vencimento antecipado pode inserir a cláusula “não aceitável”. 
EFEITO DA RECUSA DO ACEITE
Tornar o sacador o devedor principal do título;
Vencimento antecipado do título de crédito.
ENDOSSO DA LETRA DE CÂMBIO
Ato cambial que transmite o título de crédito. É o meio pelo qual se processa a transferência de um título de um credor para outro.
ENDOSSO EM PRETO – quando o endossante indica o endossatário. O título continua nominal. 
ENDOSSO EM BRANCO – quando o endossante não identifica o endossatário. Permaneceao portador. 
Pode ser:
- PRÓPRIO: aquele que transfere o titular do crédito os direitos próprios.
- IMPRÓPRIO: aquele que não transfere o direito (endosso caução).
EFEITOS DO ENDOSSO
Transferir os direitos do crédito ao endossatário.
Endossante assume a responsabilidade solidária pelo pagamento do título. 
AVAL – GARANTIA PESSOAL DADA A TÍTULO DE CRÉDITO
Pelo aval outras pessoas além do devedor ou aceitante podem assumir a responsabilidade pelo pagamento do título de crédito. É uma declaração cambial autônoma, cambial pela qual determinada pessoa, que por ser um terceiro ou consignatário (que se obriga) do título, o terceiro se obriga incondicionalmente a adimplir determinada obrigação cambial. 
AVAL PARCIAL – alguém que avalia parte do valor. Lei de letra de câmbio permite aval parcial e o avalista que paga o título pode...
AVAL SUCESSIVO – quando uma pessoa garante por aval uma operação e tal aval é garantido por outro aval.
AVAL SIMULTÂNEO – quando várias pessoas assinam como avalistas da mesma operação. 
Súmula 189 – Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos. 
AVAL EM BRANCO – quando o avalista não indica o nome da pessoa avaliada.
AVAL EM PRETO – quando indica o nome da pessoa que está sendo avalizado.
PROTESTO
É um ato formal e solene por meio do qual se comprova publicamente que um determinado título de crédito não foi aceito pelo sacado ou não foi pago pelo devedor principal.
FINALIDADE: É o meio de prova insubstituível da apresentação do título. 
FUNÇÕES DO PROTESTO:
Conservar direitos (obrigatório) – o protesto assegura ao credor o direito de exigir de todos os obrigados do título o seu valor ali estampado.
Simplesmente probatória (facultativa) – o protesto de ser tirado no lugar indicado na letra para o seu aceite ou para pagamento. 
O protesto será levado a efeito por:
- falta ou recusa do aceite;
- falta ou recusa do pagamento;
- falta da devolução do título.
CLÁUSULA PROTESTO (LEI UNIFORME)
O sacador, o endossante e o avalista podem inserir no título a cláusula “sem despesas ou sem protesto”, diante da qual o portador não necessitará protestá-lo para exercer seus direitos de ação.
AÇÃO CAMBIAL
É a ação cabível para o credor reaver o que deixou de receber pelo título de crédito devido, promovendo a execução judicial de seu crédito contra qualquer devedor cambial, devendo-se sempre observar as condições de exigibilidade do crédito. Para a letra de câmbio a Lei uniforme, art. 70 estabeleceu os seguintes prazos:
- 6 meses: a contar do pagamento ou do ajuizamento da execução cambial para o exercício do direito regresso por qualquer um dos coobrigados. 
- 1 ano: para o exercício do direito de crédito contra os coobrigados, isto é, contra sacador, endossante e respectivos avalistas. Prazo este a contar do protesto ou vencimento, no caso de cláusula sem despesa.
- 3 anos: para o exercício do direito de crédito contra o devedor principal e seu avalista, a contar do vencimento.
NOTA PROMISSÓRIA
Surgiu basicamente na mesma época da letra de câmbio.
Mesma norma da letra de câmbio. É uma promessa de pagamento. 
Não existe ACEITE na nota promissória = NÃO EXISTÊNCIA DO SACADO, excluindo a modalidade de vencimento a certo termo da vista. Mas pode ser a vista e dia certo.
Período uniforme = evolução – modelo alemão.
CONCEITO: é uma promessa de pagamento que uma pessoa faz em favor de outra, sendo que do seu saque são criadas duas situações:
- aquele que promete pagar quantia determinada (sacador, emitente ou subscritor) e aquele que é o beneficiário da promessa. A nota promissória está sujeita as mesmas normas que a letra de câmbio, salvo exceções em lei: aceite, por exemplo. O regramento da nota se dá nos artigos 75 a 78 da lei uniforme – 57663/66. 
REQUISITOS: mesmo da letra de câmbio.
CHEQUE 
É um título de crédito impróprio. Não materializa legalmente uma obrigação de pagamento futuro. 
CONCEITO: É uma ordem de pagamento sempre a vista, em que o sacado é sempre um banco ou uma instituição financeira, regulado pela Lei 7.357/85. 
REQUISITOS ESSENCIAIS: art. 1
- A palavra “cheque” inscrita no título e em idioma do restante do texto
- Ordem incondicional de pagar quantia determinada
- O nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar o cheque
- Indicação do lugar do pagamento
- A indicação da data e do lugar onde o cheque é passado
- A assinatura do emitente ou do mandatário com poderes especiais

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