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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Faculdade de Engenharia Materiais Cerâmicos Professor Roberto Moreira Schroeder Porto Alegre, março de 2016 2 Sumário Introdução aos Materiais Cerâmicos ............................................................ 10 Mercado mundial de cerâmicas avançadas .................................................. 10 Principais propriedades dos materiais cerâmicos e suas influências no processamento: Comparação com os metais ............................................... 10 Processo de fabricação usual dos cerâmicos ............................................... 11 Definição de Materiais cerâmicos ................................................................. 11 Comparação entre cerâmica tradicional e cerâmica avançada ..................... 13 Comparação entre cerâmica tradicional e avançada .................................... 14 Empresa nacional de cerâmicas avançadas: Barueri SP .............................. 14 Produtos oferecidos pela empresa CERTEC ................................................ 15 Principais aplicações ..................................................................................... 15 Noções de preços dos materiais cerâmicos avançados: Fonte GOODFELLOW ............................................................................................ 16 Noções de preços dos materiais cerâmicos .................................................. 20 Definição e propriedades básicas ................................................................. 28 Aplicações dos materiais cerâmicos ............................................................ 29 Classificação dos materiais cerâmicos ......................................................... 29 Usinagem – compósitos ................................................................................ 29 Usinagem – cerâmicos .................................................................................. 30 Importância dos materiais cerâmicos no processo de usinagem .................. 30 Abrasivos ...................................................................................................... 31 Variações da Alumina empregada para abrasivos e outras aplicações ........ 31 Componentes mecânicos - Rolamentos ....................................................... 31 Componentes mecânicos – discos de freio ................................................... 32 Motores, turbinas e compressores ................................................................ 34 Utilização potencial de cerâmicos em motores de combustão interna .......... 35 Motores, turbinas e turbo compressores ....................................................... 36 Blindagens e coletes a prova de bala ........................................................... 37 Sensor de oxigênio – ZrO2 + CaO................................................................. 37 Facas cerâmicas -ZrO2 + CaO ...................................................................... 38 Filtro cerâmico para fundição de aço e ferro fundido - ZrO2.......................... 38 Ônibus espacial............................................................................................. 39 Cerâmicos Usadas em aplicações Biomédicas............................................ 40 Materiais cerâmicos biocompatíveis – Implantes .......................................... 40 3 Catalisadores ................................................................................................ 41 Fibras refratárias cerâmicas .......................................................................... 42 Outras aplicações ......................................................................................... 44 Ligações Químicas em Materiais Cerâmicos ............................................... 45 Arranjos Atômicos ......................................................................................... 45 Ligação iônica ............................................................................................... 46 NaCl ........................................................................................................... 46 Ligação Covalente ........................................................................................ 48 Representação esquemática da ligação covalente em uma molécula de metano ....................................................................................................... 48 Cl – Cl ........................................................................................................ 48 Ligação Metálica ........................................................................................... 49 União de dois átomos de sódio por meio da ligação metálica ................... 49 Ilustração esquemática da ligação metálica .............................................. 49 Propriedades associadas as ligações metálicas ........................................ 51 Representação esquemática de uma molécula polar ................................ 51 Ilustração esquemática da ligação de van der waals ................................. 52 Influência das ligações de Van der Waals, nas propriedades dos materiais . 53 Influência da energia da ligação em algumas propriedades dos materiais .. 53 Percentual de caráter iônico e covalente em um cerâmico ........................... 53 Método gráfico para determinar o % de caráter iônico .............................. 54 Exemplos de caráter iônico e covalente .................................................... 54 Ligações iônicas versus covalentes .............................................................. 56 Sistemas cristalinos cerâmicos .................................................................... 57 Em que se baseia ......................................................................................... 57 INTERSTÌCIOS EM CÉLULAS CÚBICAS .................................................... 58 Efeito da carga dos íons ............................................................................... 60 Fatores que interferem no sistema cristalino dos sólidos iônicos.................. 60 Para o sistema cúbico ................................................................................... 60 Estruturas cristalinas ..................................................................................... 61 Binárias: Tipo AX A- cátion X- ânion .......................................................... 61 Binárias: Tipo A2X A- cátion X- ânion ........................................................ 63 Binárias: Tipo A2X3 A- cátion X- ânion ....................................................... 63 Ternárias: Tipo AmBn Xp, A- cátion B- cátion X- ânion (perovskita) ............ 64 4 Exemplo:Estruturas Cristalinas .................................................................. 64 Exemplo:Fator de Empacotamento atômico .............................................. 65 Cerâmicas a base de Silicato ........................................................................ 66 Unidade básica dos silicatos ......................................................................... 66 Ligações entre os tetraedros formando estruturas ........................................ 67 No caso dos oxigênios se ligarem a outros silícios a estrutura pode crescer de forma análoga a polimerização ............................................................. 68 Estrutura em camada da argila caulin ou caulinita .................................... 68 Estrutura em camada nos silicatos ............................................................... 69Aspecto da mica: Silicato com estrutura em camadas............................... 70 Estruturas tridimensionais de silicato (sílica- SiO2) ....................................... 71 Noções sobre vidros ..................................................................................... 72 Efeito da temperatura sobre os vidros ....................................................... 72 VIDROS (CERÂMICOS AMORFOS) Tipos de vidros ................................ 74 PROCESSAMENTO DE VIDROS ............................................................. 75 Processo para fabricação de chapa de vidro ............................................. 76 Têmpera nos vidros ................................................................................... 76 NOÇÕES DE CERÂMICAS TRADICIONAIS ................................................ 77 Aspecto micrográfico de uma porcelana .................................................... 78 Processamento da cerâmica tradicional .................................................... 78 Preparação da barbotina pesagem dos pós e mistura com água .............. 79 Moldes de gesso ........................................................................................ 80 Processo de secagem da argila antes da queima (sinterização) ............... 80 Relação entre temperatura de queima e a resistência da cerâmica tradicional .................................................................................................. 81 Processamento da cerâmica tradicional a base de argila ......................... 81 Equipamentos empregados para extrusão de cerâmicos argilosos ......... 81 Vitrificação: vidrados ..................................................................................... 82 Diagramas de equilíbrio entre cerâmicas ..................................................... 83 Introdução ..................................................................................................... 83 Diagrama de equilíbrio .................................................................................. 83 Isomorfo Cr2O3 + Al2O3 ............................................................................... 83 MgO + Al2O3 ............................................................................................... 85 ZrO2 + CaO ................................................................................................ 85 SIO2 e Al2O3 ............................................................................................... 87 5 Noções de refratários ..................................................................................... 88 Tipos de refratários ....................................................................................... 88 Argila refratária .......................................................................................... 88 Base de sílica (refratários ácidos) .............................................................. 89 Básicos ...................................................................................................... 90 Refratários especiais ..................................................................................... 90 Características dos refratários ................................................................... 90 Propriedades Físicas ..................................................................................... 92 Densidade ..................................................................................................... 92 Tipos de densidade ....................................................................................... 92 Cálculo da densidade cristalográfica do cloreto de sódio .......................... 93 Uso da norma ASTM C373 em geral empregada para obter informações de cerâmicas tradicionais principalmente tijolos ....................................... 95 Exemplos de cálculo de densidade e de % de porosidade ........................ 95 Exemplos de cálculo de densidade e de % de porosidade ........................ 96 Avaliação da porosidade usando porosímetros de mercúrio ........................ 96 Propriedades Térmicas dos Materiais Cerâmicos ....................................... 97 1- Ponto de fusão: proporcional à força das ligações químicas .............. 97 2-Capacidade Calorífica (c) ou capacidade Térmica .................................... 98 3- Condutividade Térmica ............................................................................. 99 Fatores que afetam a condutividade térmica dos cerâmicos: .................. 100 Influência da formação de solução sólida na condutividade. ................... 102 Influência da presença de impurezas na condutividade térmica .............. 103 Influência da presença de mais de uma fase na condutividade térmica .. 103 4- Expansão térmica ................................................................................... 104 Comportamento mecânico dos materiais cerâmicos................................ 106 Os materiais cerâmicos cristalinos não apresentam deformação plástica em baixas temperaturas .................................................................................... 106 Na forma de fibras onde a possibilidade de defeitos é reduzida pois se tem apenas uma dimensão os valores se aproximam da resistência teórica .... 107 Fatores que modificam o Módulo de Elasticidade ....................................... 109 Influência da porosidade sobre o módulo de elasticidade do óxido de alumínio a temperatura ambiente................................................................ 111 Cerâmicos apresentam maior resistência a compressão (tendem a fechar os defeitos) que a tração (tendem a abrir os defeitos) ..................................... 111 6 Comparação entre a resistência a tração e a compressão da alumina ....... 112 Coeficiente de POISSON ............................................................................ 112 Influência dos defeitos ................................................................................ 113 Valores de KIC para alguns materiais metálicos cerâmicos e poliméricos ... 114 Resistência de um cerâmico ....................................................................... 114 Aumento da tensão externa por defeitos internos ....................................... 114 Segundo Evans e Tappin ............................................................................ 115 Problema ilustrativo ..................................................................................... 116 Avaliação das propriedades mecânicas dos materiais cerâmicos .............. 118 Normas ASTM relacionadas às medidas de dureza em materiais cerâmicos .................................................................................................................... 120 Indentação de microdureza Knoop bem sucedida em nitreto de silício ...... 121 Indentação de microdureza Vickers apresentando microtrincas em nitreto de silício ........................................................................................................... 121 Relação entre dureza e resistência à compressão ..................................... 122 Ensaios de flexão ........................................................................................ 123 Comparação entre os resultados dos testes de flexão e dos testes de tração .................................................................................................................... 123 Influência da porosidade sobre a resistência a flexão de um material cerâmico (Al2O3).......................................................................................... 124 Resistência mecânica de alguns cerâmicos ...............................................126 Efeito do tamanho do corpo de prova ......................................................... 126 Trabalho estatístico sobre os resultados encontrados nos ensaios mecânicos dos materiais cerâmicos ............................................................................. 127 Técnicas avançadas para aumentar a tenacidade dos cerâmicos .............. 128 Formas de atuação ..................................................................................... 129 Efeito da presença da zircônia no fator de intensidade de tensões crítico Kic .................................................................................................................... 130 Cerâmica reforçada com whiskers .............................................................. 131 FLUÊNCIA EM CERÂMICOS ........................................................................ 135 DEFINIÇÃO................................................................................................. 135 Redução na tensão máxima admissível em projetos pelo efeito da fluência. ................................................................................................................. 136 Ensaio de fluência ....................................................................................... 137 Curva típica .............................................................................................. 137 Medida da velocidade de fluência em estada estacionário ...................... 138 7 Efeito da tensão e da temperatura no comportamento à fluência ............ 139 Gráfico log. tensão x log. tempo até a ruptura ......................................... 139 Exemplo da importância da fluência em cerâmicos ................................. 140 Outros efeitos da alta temperatura .......................................................... 142 Efeitos químicos ...................................................................................... 143 Comportamento elétrico dos materiais cerâmicos – Condutividade iônica ....................................................................................................................... 144 Objetivos ..................................................................................................... 144 Comportamento Elétrico das Cerâmicas ..................................................... 144 Condutividade Elétrica (s ) .......................................................................... 144 Condutores Elétricos ................................................................................... 144 Condutividade Eletrônica ............................................................................ 145 Exemplos: ................................................................................................ 150 Aplicação dos semicondutores cerâmicos em lâmpadas de LED – Light Emitting Diode ......................................................................................... 151 As várias estruturas em forma de bandas possíveis em sólidos ............. 153 Condutividade Iônica ................................................................................... 153 Aplicações das Cerâmicas ionicamente condutoras ................................... 155 Bombas extratoras de oxigênio ............................................................... 156 Purificação de Efluentes Gasosos ........................................................... 156 Células de Combustível de Óxidos sólidos .............................................. 156 Materiais Cerâmicos super-condutores ..................................................... 158 O que é a super-condutividade ................................................................... 158 Efeito Meissner ........................................................................................... 160 Processamento dos materiais cerâmicos .................................................. 162 Aspersão Térmica - Recobrimentos com materiais cerâmicos ................... 162 Aspersão Térmica pelo método HVOF .................................................... 163 Ferro fundido nodular recoberto com zircônia – ZrO2 .............................. 164 Principais etapas ......................................................................................... 164 Matéria prima básica: Pós cerâmicos ...................................................... 165 Fatores de influência ................................................................................... 165 Influência do tamanho das partículas na porosidade final ....................... 166 Influência da porosidade a verde na porosidade final e no tamanho de grão do material cerâmico................................................................................ 166 Classificação dos pós .............................................................................. 167 8 Classificadores por ar: classifica parículas entre 40 e 400 mesh. ............... 169 Redutores dos tamanhos de partícula ........................................................ 169 Aditivos: Produtos adicionados aos pós cerâmicos .................................... 170 Principais: ................................................................................................ 170 Outros aditivos: ........................................................................................ 170 Aglomerados esféricos de pós, contendo um nível uniforme de aditivos. 171 Exemplos de ligantes ............................................................................... 172 Alguns plastificantes e lubrificantes usuais .............................................. 173 Exemplos de aditivos ............................................................................... 174 Conformação: Processos de compactação na forma desejada .................. 175 Prensagem uniaxial a frio automatizada ou seriada ................................ 176 Prensagem isostática a frio pode ser em meio seco ou meio líquido ...... 178 Prensagem a quente (Hot Pressing) ........................................................ 180 Prensagem Isostática a quente (Hot Isostátic Pressing).......................... 181 Colagem (casting) ....................................................................................... 183 Preparação da barbotina pesagem dos pós e mistura com água ............ 184 Moldes de gesso ......................................................................................... 184 Após a colagem – secagem antes da queima ......................................... 185 Colagem em fita (tape casting) ................................................................... 185 Moldagem – extrusão : para cerâmica tradicional de seção constante ....... 186 Extrusora de rosca a esquerda e formas típicas de produtos fabricados por extrusão a direita ..................................................................................... 187 Moldagem – por injeção (Injection molding) ................................................ 187 Sinterização – Densificação ........................................................................ 188 Estágios da sinterização: ......................................................................... 189 Efeito na peça da ausência da etapa de calcinação prévia a sinterização ................................................................................................................. 191 Redução de volume em um rotor de turbina feito de SiC compactado por injeção, após a sinterização ..................................................................... 191 Fotografia do MEV (microscópio eletrônico de varredura) ....................... 192 Sinterização em fase líquida ....................................................................192 Efeito da fase vítria no processo de sinterização ..................................... 193 Imperfeições nas estruturas cerâmicas ..................................................... 194 Introdução ................................................................................................... 194 1) Imperfeições Cristalinas Pontuais em METAIS. ................................ 194 9 2) Imperfeições Cristalinas Pontuais em CERÂMICOS. ........................ 197 Defeito de Schottky .................................................................................. 198 Soluções sólidas em compostos cerâmicos ................................................ 199 Eletroneutralidade .................................................................................... 199 EXEMPLO DE GERAÇÃO DE DEFEITOS DE PONTO EM MISTURAS CERÂMICAS ............................................................................................... 200 3) Imperfeições Cristalinas em Linha - Discordâncias em cerâmicos .... 201 Defeitos de superfície e de volume .......................................................... 202 10 Introdução aos Materiais Cerâmicos Mercado mundial de cerâmicas avançadas Principais propriedades dos materiais cerâmicos e suas influências no processamento: Comparação com os metais Principais propriedades: Elevada dureza: Elevados pontos de fusão e amolecimento Alta resistência à fluência. Alta fragilidade: Não sofrem deformação plástica Metais são normalmente fundidos: alto ponto de fusão dos cerâmicos impede esse processo de fabricação. Metais são soldados, pela mesma razão acima os cerâmicos não são. Metais são conformados: Alta fragilidade e ausência de deformação plástica impossibilita esse processo de fabricação Metais são habitualmente usinados. Alta dureza dos cerâmicos permite apenas pequenos ajustes de dimensões com ferramentas de diamante 11 Processo de fabricação usual dos cerâmicos Definição de Materiais cerâmicos São materiais formados pela ligação entre átomos de metais e semi- metais, metais e ametais, e semi-metais e ametais, unidos através de ligações iônicas e/ou covalentes. 12 13 Comparação entre cerâmica tradicional e cerâmica avançada 14 Comparação entre cerâmica tradicional e avançada Empresa nacional de cerâmicas avançadas: Barueri SP 15 Produtos oferecidos pela empresa CERTEC Principais aplicações 16 Noções de preços dos materiais cerâmicos avançados: Fonte GOODFELLOW 17 18 19 20 Noções de preços dos materiais cerâmicos 21 22 23 24 25 26 27 28 Definição e propriedades básicas • São materiais compostos de átomos de metais e semi- metais de metais e ametais e de semi-metais e ametais unidos através de ligações iônicas e/ou covalentes • Alto ponto de fusão – alta resistência ao calor. • Alta resistência ao desgaste – grande dureza. • Isolante ou semicondutor elétrico . • Baixa tenacidade. • Alta resistência à deformação plástica – fratura frágil. • Alta estabilidade química – resistência à corrosão 29 Aplicações dos materiais cerâmicos Classificação dos materiais cerâmicos Usinagem – compósitos • Metal duro: (WC, TiC TaC + Co) • Cermets: (TiC, MoC + Ni) 30 Usinagem – cerâmicos • CBN – Nitreto cúbico de boro • Al2O3 + TiC • Si3N4 - Nitreto de silíci Importância dos materiais cerâmicos no processo de usinagem 31 Abrasivos Variações da Alumina empregada para abrasivos e outras aplicações • Al2O3 – Branca > 99% de pureza • Al2O3 – Marrom ~ 3% de TiO2 • Al2O3 – Rosa < de 0.5% de Cr2O3 • Al2O3 + ZrO2 (maior tenacidade) • + 25% de ZrO2 • + 40% de ZrO2 • + 30% de ZrO2 + 5% de TiO2 Componentes mecânicos - Rolamentos • Si3N4 - Nitreto de silício) 32 Componentes mecânicos – discos de freio • Sialon (nitreto de silício + óxido de alumínio + nitreto de alumínio) 33 34 • Sialon (nitreto de silício + óxido de alumínio + nitreto de alumínio) Motores, turbinas e compressores • Si3N4 - Nitreto de silício) • ZrO2 + CaO (P.S.Z. Partially Stabilized Zirconia) • SiC- carbeto de silício • Al2O3 + ZrO2 ( T.T.A. Transformation Toughened Alumina) • L.A.S. Silicato de Alumínio e Lítio (baixa expansão térmica) 35 Utilização potencial de cerâmicos em motores de combustão interna 36 Motores, turbinas e turbo compressores • Rotor de turbina de NITRETO DE SILÍCIO (Si3N4) 37 Blindagens e coletes a prova de bala Sensor de oxigênio – ZrO2 + CaO 38 Facas cerâmicas -ZrO2 + CaO Filtro cerâmico para fundição de aço e ferro fundido - ZrO2 39 Ônibus espacial • Muito alta temperatura: compósito reforçado de carbono com carbono. • Alta temperatura: C + SiC (+O2 do ar forma SiO2). • Menor temperatura: Sílica porosa (recoberta com SiO2 93% + B2O3 – óxido de Boro 5% + Silicato de Boro 2%) 40 Cerâmicos Usadas em aplicações Biomédicas • Cerâmica Formula caracteristica • Alumina Al2O3 Bioinerte • Zirconia ZrO2 Bioinerte • Hidroxiapatita Ca10(PO4)6(OH)2 Bioativa Materiais cerâmicos biocompatíveis – Implantes • Hidroxiapatita [ Ca10(PO4)6 (OH)2] • Por exemplo, uma das cerâmicas mais promissoras começa com uma mistura pulverulenta de compostos de cálcio e fosfato. (CaO eP205). Schowengerdt e Moore aquecem a mistura a 2600 ºC. CaO e P2O5 reagem para produzir fosfato de cálcio (II) Ca3(PO4)2, uma substância bastante similar (em termos químicos) a um osso real. A reacção também produz calor e produtos secundários gasosos que naturalmente formam poros • O osso natural cresce nos poros de um implante protótipo de cerâmica 41 Catalisadores • Cordierita – [2MgO-2Al2O3-5SiO2] 42 Fibras refratárias cerâmicas 43 44 Outras aplicações • Bicos para jateamento de areia • Ferro fundido: Resiste de 6 a 10 horas de utilização • WC (carbeto de tungstênio) : Resiste entre 250 a 400 horas de utilização. • B4C (carbeto de boro): Resiste até 1000 horas de utilização. • Bicos para corte por água a alta pressão, em geral contendo pós abrasivos. • Safira (alumina ) • Bicos para jateamento de areia de alumina (abaixo) 45 Ligações Químicas em Materiais Cerâmicos Arranjos Atômicos • As ligações químicas tem forte influência sobre diversas propriedades dos materiais • Os elétrons de valência (do último nível) são os que participam das ligações químicas. • Os átomos buscam a configuração mais estável dos gases nobres (com 2 ou 8 eletrons) • Dependendo da energia envolvida na ligação elas podem ser divididas em • Fortes • Fracas • Ligações fortes: Iônicas Covalente Metálicas • Ligações fracas: Van der waals • Materiais cerâmicos: ligações iônicas e/ou covalentes • Representação esquemática dos estados de energia preenchidos para um átomo de sódio 46 Ligação iônica NaCl • Representação esquemática da ligação iônica para o NaCl 47 • Resulta da atração mútua entre íons positivos e negativos 48 Ligação Covalente Representação esquemática da ligação covalente em uma molécula de metano • Os átomos atingem a configuração estável compartilhando elétrons com um átomo adjacente Cl – Cl 49 • A ligação covalente é direcional, ou seja mantém um ângulo entre as ligações: Nos materiais cerâmicos covalentes há uma tendência a reduzir a expansão térmica e a densidade em relação a materiais iônicos com massa atômica semelhante Ligação Metálica União de dois átomos de sódio por meio da ligação metálica Ilustração esquemática da ligação metálica 50 • Estrutura formada por íons positivos e elétrons livres de valência que formam uma “nuvem eletrônica” que circula livremente entre os íons positivos 51 Propriedades associadas as ligações metálicas • Alta condutividade elétrica e térmica: Cerâmicos são isolantes pois não possuem elétrons livres na ligação química • Permitem grande deformação plástica pois as ligações são móveis ou seja não são rígidas como as iônicas e as covalentes. Os materiais cerâmicos são frágeis pois as ligações são rígidas • Possuem o brilho metálico, como os elétrons são muito móveis trocam de nível energético com facilidade emitindo fótons • São sempre opacos: pela mesma razão acima mas nesse caso absorvendo a luz incidente. Já os cerâmicos podem ser transparentes. Representação esquemática de uma molécula polar • Dipolos elétricos ocorrem quando os centros das cargas positivas não coincidem com o centro das cargas negativas em uma molécula. As diferenças nas propriedades entre a grafita e o diamante estão relacionadas a esse tipo de ligação. 52 Ilustração esquemática da ligação de van der waals • São ligações secundárias fracas que estão relacionadas a atração de dipolos elétricos • ligação de Van der Waals para o ácido fluorídrico 53 Influência das ligações de Van der Waals, nas propriedades dos materiais • Estrutura do diamante: Apenas ligações covalentes • Estrutura planar da grafita: ligações covalentes dentro dos planos ligação covalente, entre os planos ligação fraca Influência da energia da ligação em algumas propriedades dos materiais • Quanto maior a energia envolvida na ligação química há uma tendência de: • Maior ser o ponto de fusão do composto • Maior a resistência mecânica • Maior a dureza • Maior o módulo de elasticidade • Maior a estabilidade química • Menor a dilatação térmica Percentual de caráter iônico e covalente em um cerâmico • As ligações nos materiais cerâmicos podem apresentar maior ou menor caráter iônico ou covalente, dependendo do grau de direcionalidade das 54 ligações.Quanto maior for a separação tanto vertical como horizontal na tabela periódica maior a diferença na eletronegatividade e mais iônica será a ligação O acúmulo de elétrons entre os centros dos átomos diminui o caráter iônico, influenciando nas propriedades desses materiais • % de caráter iônico = {1-exp[-(0,25)(XA-XB)2]} .100 • Onde XA e XB são as eletronegatividades dos elementos A e B onde A é o elemento mais eletronegativo • O percentual de caráter covalente será 1 - % de caráter iônico • Existe um método gráfico que pode ser empregado Método gráfico para determinar o % de caráter iônico Exemplos de caráter iônico e covalente • Qual o grau de caráter iônico do MgO SiO2 e SiC ? • Eletronegatividades: Mg=1,2 O=3,5 Si=1,8 C=2,5 • % de caráter iônico = {1-exp[-(0,25)(XA-XB)2]} .100 • Onde XA e XB são as eletronegatividades dos elementos A e B onde A é o elemento mais eletronegativo. 55 • Respostas: MgO ~ 75% ; SiO2 ~ 50% ; SiC ~10% • Qual o grau de caráter covalente do diamante , Si3N4 e SiO2 ? • Eletronegatividades: Si=1,8 N=3,0 O=3,5 • Respostas: • Fração covalente= (1- fração iônica) x 100 • Diamante = 1 – 0 = 100% covalente • Nitreto de silício= 1 – 0,3 = 70% covalente • Sílica= 1-0,5= 50% covalente 56 Ligações iônicas versus covalentes • Os materiais cerâmicos formados a partir de elementos dos grupos monovalentes IA (Li, Na,K, etc...) e o VII A (F, Cl, Br, etc...) são de caráter muito iônico mas com baixa força entre as ligações químicas, caracterizando compostos de baixo ponto de fusão(para o grupo dos cerâmicos), baixa dureza, resistência e módulo de elasticidade e grande expansão térmica. • Já os materiais cerâmicos iônicos formados a partir de elementos de grupos de maior valência como Mg+2 Al+3 Zr+4 possuem ligações de caráter menos iônico mas com alta força nas ligações gerando compostos de alto ponto de fusão, resistência mecânica dureza etc... • As cerâmicas ligadas predominantemente por ligações covalentes são tipicamente duras e de alta resistência apresentando altos pontos de fusão. Como essas ligações são direcionais, apresentam em geralmenores densidades (para pesos moleculares equivalentes aos dos compostos iônicos) e menores expansões térmicas que os compostos iônicos, para energias entre as ligações semelhantes. 57 Sistemas cristalinos cerâmicos Em que se baseia • A estrutura cristalina de um material cerâmico ligado ionicamente é determinado pelo número de átomos de cada elemento requerido para a eletroneutralidade distribuído em um empacotamento ótimo baseado nos tamanhos relativos dos raios. • Já os ligados de maneira preferencialmente covalente, o empacotamento não é máximo devido ao ângulo que está associado a esse tipo de ligação por ela ser direcional. • A maioria das estruturas cerâmicas, consiste em um empilhamento de ânions (maiores) nas posições normais das estruturas conhecidas (CS. CCC. CFC, HC ) com os cátions menores ocupando posições intersticiais • As posições dos cátions depende do modo do empilhamento: • Número de coordenação = 8 : Os cátions se posicionam no interstício central do cubo que é maior • Número de coordenação = 6 : Os cátions se posicionam nos interstícios octaédricos • Número de coordenação = 4 : Os cátions se posicionam no interstício tetraédrico. 58 INTERSTÌCIOS EM CÉLULAS CÚBICAS Interstícios octaédricos (a) e insterstícios tetraédricos (b) em uma estrutura cúbica de corpo centrado Interstícios octaédricos (a) e insterstícios tetraédricos (b) em uma estrutura de faces centradas • Somente íons na faixa de tamanho apropriado são estáveis em cada posição intersticial • Desta forma a relação entre o tamanho do cátion pelo do ânion tem influência na definição da estrutura cristalina 59 • NC = 4 : ânions no vértice de um tetraedro e cátions nos interstícios tetraédricos Os átomos dessa estrutura possuem em geral alto grau de covalência nas ligações entre eles. Razão mínima entre os raios de 0,225 • NC = 6 ânions no vértice de um octaedro e cátions nos interstícios octaédricos. Razão mínima entre os raios de 0,414. • NC = 8: ânions no vértice de um cubo e cátions no interstício octaédrico central do cubo. Razão mínima entre os raios de 0,732. 60 Efeito da carga dos íons • Essas considerações que permitem estimar as possíveis estruturas são aproximadas já que os átomos não são esferas, como estão sendo considerados aqui, as ligações tem um percentual de covalência, que causa certa direcionalidade estrutural, afetando o número de coordenação.. • Outro fator importante é a carga de cada íon: O número de ãnions e de cátions dentro de cada célula unitária deve ser proporcional ao indicado na fórmula química do composto, para manter a eletroneutralidade. • Essa exigência coloca uma limitação no posicionamento dos íons na estrutura. Fatores que interferem no sistema cristalino dos sólidos iônicos Para o sistema cúbico • Átomos nos vértices 1/8 de seu volume na célula unitária em questão. • No meio da aresta 1/4 de seu volume na célula unitária em questão. • No centro da face 1/2 de seu volume na célula unitária em questão. • No interior da célula unitária, todo seu volume estará na célula unitária em questão 61 Estruturas cristalinas Binárias: Tipo AX A- cátion X- ânion Tipo Sal de rocha: NaCl: • RNa / RCl =1,02/1,81 = 0,5635 NC=6 • Desta forma ânions acupam posições equivalentes à uma rede CFC e os cátions os interstícios octaédricos • Outros cerâmicos desse grupo: KCl, LiF, KBR, MgO, CaO, SrO, BaO, CdO, VO, MnO, FeO, NiO,MnS, e muitos outros Tipo cloreto de césio: • CsCl: RCs/RCl = 1,70/1,81= 0,939 NC=8 • Assim, ânions estão nos vértices do cubo e cátions no interstício octaédrico central 62 • Outros cerâmicos: CsBr CsI Tipo Blenda de Zinco: • ZnS RZn/RS= 0,75/1,84= 0,407 NC=4 • Desta forma ânions formam uma estrutura CFC e os cátions ocupam 4 interstícios tetraédricos. • Outros cerâmicos desse grupo BeO, SiC, ZnTe Estruturas com forte caráter covalente. Binárias: Tipo A X2 A- cátion X- ânion Tipo Fluorita (CaF2): • RCa/RF = 1,00/1,33 =0,75 NC=8 • Logo ânions nos vértices do cubo e cátios no interstício central. • Como os cátions tem o dobro da carga dos ânions (valência 2 contra 1) somente metade dos interstícios centrais estão ocupados, para manter a eletroneutralidade. 63 • Outros cerâmicos desse grupo: ThO2, UO2, CeO2 ZrO2 (em altas temperaturas) HfO2 PuO2 Binárias: Tipo A2X A- cátion X- ânion Tipo anti-fluorita: • A ligação entre Li+, Na+, K+, combinado com O-2 e S-2 formam compostos A2X . • Mesma estrutura do grupo da fluorita mas com as posições entre o cátion e os ânions invertidas Binárias: Tipo A2X3 A- cátion X- ânion Estrutura tipo óxido de alumínio: • RAl/RO = NC=6 • Os ânions estão arranjados segundo uma estrutura HC e os cátions ocupam 4 interstícios octaédricos da estrutura hexagonal de forma a se ter em cada célula unitária 6 ânions e 4 cátions respeitando a fórmula química e o balanço de cargas 64 Ternárias: Tipo AmBn Xp, A- cátion B- cátion X- ânion (perovskita) • Estruturas cerâmicas podem ter mais de um tipo de cátion, como o titanato de Bário (TiBaO3) Exemplo:Estruturas Cristalinas • Com base nos raios iônicos, mas considerando também a eletroneutralidade do composto e a direcionalidade das ligações químicas, que estruturas cristalinas esperarias para o FeO, CsBr e SiC ? • Resposta: Todos os três compostos são do tipo AX, ou seja, um cátion para um ânion logo o número de coordenação para as duas espécies químicas são iguais. • Para o FeO: Relação entre os raios RFe2+ /RO2- = 0,77 A/1,40 A =0,55 . Da tabela do slide 5 vê-se que o número de coordenação é de 6 (NC=6). Logo a estrutura será tipo Sal de Rocha (semelhante ao NaCl) • Para o CsBr: RCs+/RBr- = 1,70 A / 1,96 A = 0,867. Da mesma tabela (slide 5) – NC=8. Logo a estrutura será tipo cloreto de césio (CsCl) • Para o SiC: RC4-/RSi4+ = 0,16 A / 0,40 A = 0,4. Da mesma tabela – (slide5) - NC=4, sendo o grau de covalência igual a 90%. Logo a estrutura será tipo blenda de zinco (ZnS) que contempla também o ângulo necessário à ligação covalente. 65 Exemplo:Fator de Empacotamento atômico • Calcule o fator de empacotamento atômico para o NaCl RNa= 0,98 A RCl= 1,81 A • A célula unitária possui 4 átomos de sódio e 4 átomos de cloro. • FEA= Vol. Dos átomos/Vol. Da cél unit. • 4(4/3π RNa3) + 4(4/3π RCl3) / • (2RNa + 2RCl)3 • FEA = 0,67, ou 67% da célula unitária está preenchida. • Em geral o FEA nos compostos é pior que nos metais onde todos os átomos são iguais 66 Cerâmicas a base de Silicato Composição (% em peso) SiO2 Al2O3 K2O MgO CaO Outros Sílica refractária 96 4 Tijolo refractário 50-70 45-25 5 Mulite refractária 28 72 ---- Porcelana eléctrica 61 32 6 1 Porcelana steatite 64 5 30 1 Cimento Portland 25 9 64 2 Unidade básica dos silicatos• Muitos materiais cerâmicos, principalmente do grupo dos tradicionais contém silicato, pois são abundantes e baratos • A unidade básica dos silicatos é o tetraedro SiO4-4 no qual um átomo de silício é cercado por quatro oxigênios cada um com um elétron disponível para realizar ligações químicas • Existem duas formas dessas ligações acontecerem: • Com outros átomos metálicos Os cerâmicos cristalinos à base de Silicatos não são usados como materiais estruturais (não são considerados cerâmicos avançados) 67 • Cada oxigênio pode compartilhar um par de elétrons com um segundo átomo de silício. Ligações entre os tetraedros formando estruturas 68 No caso dos oxigênios se ligarem a outros silícios a estrutura pode crescer de forma análoga a polimerização Estrutura em cadeia: • Os tetraedros são arranjados em cadeias simples ou duplas. Exemplos: • Pirofilita: Al2Si4O10(OH)2 principal componente da pedra sabão • Asbesto (amianto): Mg3Si2O5(OH)4 Conhecido material resistente ao calor, mas cancerígeno e por isso proibido em muitos países. • Ligações secundárias mantém essas cadeias unidas Estrutura em camada da argila caulin ou caulinita • Estrutura em camada: • Os arranjos das unidades tetraédricas é segundo um plano. • Ligações mais fracas que as existentes no tetraedro mantém as camadas unidas. • Desta forma surgem propriedades distintas dos cerâmicos nos materiais com essa estrutura. • Exemplos: • Mica: KAl3Si3O10(OH)2 clivagem • Argila Al2(Si2O5)(OH)4 caulin plasticidade • Talco: Mg3Si4O10(OH)2 lubrificante 69 Estrutura em camada nos silicatos 70 Aspecto da mica: Silicato com estrutura em camadas • Com a adição de água as ligações fracas entre as camadas são rompidas, causando o escorregamento entre elas, é a deformação observada na argila 71 Estruturas tridimensionais de silicato (sílica- SiO2) • Quando os tetraedros se unem de forma a todos os oxigênios estarem ligados à átomos de silício formam-se estruturas cristalinas tridimensionais. • Há três formas cristalinas da sílica: • Quartzo α,até 570ºC (ao lado) • Quatzo β, até 870ºC(ao lado) • Tridimita de 870ºC até 1470ºC • Cristobalita de 1470ºC até 1713ºC (estrutura ao lado) 72 Noções sobre vidros • O vidro é um silicato amorfo (não cristalino) Tem comportamento de um líquido mas possui ligações 50% covalentes e 50% iônicas, ao contrario da maioria dos líquidos, que se unem por ligações fracas. • Na estrutura amorfa do vidro, podem-se ajustar facilmente outros átomos, como CaO Na2O. Esses átomos fazem ligações preferencialmente do tipo iônicas que são menos rígidas que as 50% covalentes, permitindo que sejam moldados à temperaturas mais baixas Efeito da temperatura sobre os vidros • 1-Ponto de fusão viscosidade 10 Pa-s (pascal segundo) vidro é fluído como líquido • 2-Ponto de trabalho 103 Pa-s O vidro é facilmente deformável nessa temperatura • 3-Ponto de amolecimento 4 x 106 Pa-s Mínima temperatura de manuseio do vidro • 4-Ponto de recozimento 1012 Pa-s T na qual a difusão atômica é suficiente para remover as tensões residuais • 5-Ponto de deformação 3 x 1013 Pa-s T menores causarão fraturas, transição para o estado vítrio • 1Pa.s = 10 Poise (1Pa.s=1Kg/m.s e 1P=1g/cm.s) 73 74 VIDROS (CERÂMICOS AMORFOS) Tipos de vidros 75 PROCESSAMENTO DE VIDROS 76 Processo para fabricação de chapa de vidro Têmpera nos vidros • Faz-se um resfriamento rápido no vidro, normalmente com ar forçado, gerando tensões compressivas na parte externa e trativas na parte interna, deixando a peça de vidro mais resistente ao choque. 77 NOÇÕES DE CERÂMICAS TRADICIONAIS • A COMPOSIÇÃO GERAL DAS CERÂMICAS TRADICIONAIS: • Argila: Caulim ou caulinita Al2(Si2O5)(OH)4 • Sílica (quartzo SiO2): Material de enchimento de alto ponto de fusão e não reativo • Feldspato: Fluxo, forma um ligante vítrio de baixo ponto de fusão com a argila: • 3Tipos: potássico: KAlSi3O8 • sódico: NaAlSi3O8 • cálcico: CaAl2Si2O8 78 Aspecto micrográfico de uma porcelana Processamento da cerâmica tradicional • Faz-se uma suspensão coloidal dos 3 silicatos em água que se chama barbotina • Essa suspensão é derramada em moldes de gesso que são permeáveis deixando uma camada de produtos junto ao molde, que é pré-aquecida por volta de 120ºC para remoção da água • Essa casca é retirada do molde (Resistência a verde) e aquecida entre 1200 e 1400 ºC (porcelanas) para adquirir resistência mecânica 79 Preparação da barbotina pesagem dos pós e mistura com água 80 Moldes de gesso • Peças de cerâmica tradicional após a colagem Processo de secagem da argila antes da queima (sinterização) 81 Relação entre temperatura de queima e a resistência da cerâmica tradicional • Quanto maior a temperatura de queima entre 900ºC e 1400ºC maior a resistência durabilidade e a densidade (menor a porosidade) • T maiores que 1400ºC o corpo pode ficar muito mole e a peça entrar em colapso Processamento da cerâmica tradicional a base de argila • São produtos da cerâmica tradicional onde a argila predomina. • São fabricados em geral por extrusão adquirindo resistência a verde • São secados em T de 110ºC e depois queimados a 900ºC. Equipamentos empregados para extrusão de cerâmicos argilosos 82 Vitrificação: vidrados • É uma camada contínua de vidro aderente sobre a superfície de um corpo cerâmico. • O vidrado pode ser queimado simultaneamente com o corpo cerâmico (monoqueima) ou em uma segunda queima, depois de aplicado ao biscoito • O objetivo do vidrado é fornecer uma superfície dura não absorvente e de fácil limpeza. 83 Diagramas de equilíbrio entre cerâmicas Introdução Como os materiais cerâmicos não são fabricados por fusão, nem sofrem deformação a altas temperaturas a importância dos diagramas é limitada quando comparada aos metais, no entanto para os cerâmicos refratários e em alguns casos específicos como em misturas de materiais cerâmicos podem ser importantes Assim como os metais a maioria dos materiais cerâmicos não são puros contém impurezas ou adições que resultam em soluções sólidas fases não cristalinas ou fases multi-cristalinas. Pode-se determinar: T fusão de cada composto puro. Influência na T fusão quando dois compostos são misturados A presença ou não e o grau de soluções sólidas Interações de dois compostos formando outros compostos (SiO2 + Al2O3 formando a mulita 3 Al2O3.2 SiO2 ) Tonde ocorre troca de estrutura cristalina – polimorfismo A quantidade e a composição das fases para determinada temperatura e composição Determinar parâmetros e variáveis para a sinterização. Diagrama de equilíbrio Isomorfo Cr2O3 + Al2O3 • Forma uma solução sólida completa pois: • Os 2 íons são semelhantes no tamanho (0,53 Å Al+3 e 0,62 Å o Cr+3) • Possuem mesma valência (não causa desbalanço da eletroneutralidade do composto) 84 • Possuem mesma estrutura atômica Oxigênio Hexagonal compacto com cátions ocupando 2/3 dos vazios octaédricos • MgO e NiO tem o mesmo tipo de diagrama pelas mesmas razões apresentadas no slide anterior 85 MgO + Al2O3 • Solubilidade parcial no estado sólido • Possui um composto intermediário(fase) chamado espinel MgAl2O4 que apesar de ser um composto não é representado por uma reta pois ele é estável sem ser estequiométrico por uma faixa de composições (estequiometria 73% em peso de Al2O3 , 27% de MgO 50% em mol de cada um) • Espinel é utilizado como refratário funde a 2100ºC. • Apresenta dois pontos eutéticos ZrO2 + CaO • Diagrama vai até 31% em peso de CaO (50% mol) que corresponde a composição do ZrCaO3. • O ZrO2 apresenta 3 estruturas cristalinas Tetragonal Monoclínica e cúbica 86 • A transformação de tetragonal para monoclínica, que ocorre a 1150ºC vem acompanhada de uma variação volumétrica de 5% (expansão) que causa fissuras no processamento • Esse problema é superado pela adição de 3 a 7% de CaO, pois nas velocidades normais de resfriamento a sol. Sólida monoclínica e o composto CaZr4O9 preditos pelo diagrama não se formam, sendo as fases cúbicas e tetragonal do ZrO2 retidas (P.S.Z. partially stabilized Zirconia) A zirconia P.S.Z. se transforma para monoclínica na presença de tensões. • Maiores teores de CaO (7% a 12%) somente a fase cúbica da Zirconia é retida e ela é chamada de zirconia completamente estabilizada (T.S.Z. – zircônia totalmente estabilizada). A zirconia T.S.Z. não se transforma para monoclínica na presença de tensõesA ítria (Y2O3) e a magnésia (MgO) também são usadas como estabilizantes da ZrO2. 87 SIO2 e Al2O3 • Grande importância comercial pois são os principais constituintes de muitos refratários • Forma estável da sílica nessas temperaturas é a cristobalita • Formação de um composto intermediário chamado mulita 3Al2O3 2SiO2 72% em peso de Al2O3 e funde a 1890ºC • Tem um eutético a 1587ºC e 7,7% em peso de Al2O3. 88 Noções de refratários • Propriedades dos refratários: • Resistir a altas temperaturas sem fundir ou decompor • Permanecer não reativo e inerte em presença de meios e temperaturas severas • Promover isolamento térmico • Aplicações: • Revestimento de fornos • Revestimento de cadinhos • Revestimento de panelas para refino de metais • Fabricação de vidros • Tratamentos térmicos Tipos de refratários Argila refratária • sílico-aluminosos: de 25 a 40% de Al2O3. + SiO2 • T máx. 1587ºC sem líquido em equilíbrio, mas admite-se pequena quantidade de líquido presente durante seu uso sem comprometer a integridade mecânica. • Logo a Tmáx dependerá do % de Al2O3 presente, pois quanto mais Al2O3 presente menor a quantidade de líquido pra mesma T. 89 Base de sílica (refratários ácidos) • Tmáx de uso, 1650ºC sendo que pequeno percentual do tijolo estará na forma líquida. • Nesses refratários o teos de Al2O3. é considerado uma impureza pois aumenta o percentual de líquido presente reduzindo a temperatura máx de emprego. Faz a mistura cerâmica se aproximar do ponto eutético. 90 Básicos • São ricos em MgO (magnésia ou periclásio) • A presença de sílica é prejudicial em altas temperaturas.por razões semelhantes à presença de alumina nos a base de sílica. • Substitui o refratário ácido (a base de sílica) quando a escória do aço é básica. Refratários especiais • Maior temperatura de utilização,mais resistentes à ataque químico, mas mais caros • Alumina: Al2O3 • Berília: BeO • Zircônia: ZrO2 • Carbeto de silício: SiC • Grafite Características dos refratários • T máx em serviço é inferior à temperatura de sinterização • São empregadas partículas maiores e menores na mistura sendo que as menores funcionam como um ligante das maiores durante a sinterização sendo portanto responsáveis pela resistência mecânica do refratário. • Porosidade deve ser controlada: Grande porosidade maior isolamento térmico e maior resistência ao choque térmico mas menor resistência mecânica e menor resistência ao ataque químico. A porosidade ótima dependerá das condições do serviço. • É comum se utilizar o mesmo refratário mas com teores de porosidade diferentes no mesmo equipamento. 91 92 Propriedades Físicas Densidade • Em muitas aplicações estruturais a baixa densidade dos componentes é de fundamental importância. • Para os materiais cerâmicos a densidade tem uma função adicional que é a de ser uma das formas de se determinar a porosidade. • A densidade de um material cerâmico depende: • -Tamanho e peso atômico dos elementos constituintes. • -Percentual de porosidade da microestrutura. • -Seu maior ou menor empacotamento atômico,(ligações covalentes) influência da alotropia ou polimorfismo ( em geral essa variável oferece pequena influência no valor da densidade) Quartzo 2,65 g/cm3 Cristobalita 2,33 g/cm3 Tridimita 2,19 g/cm3 Tipos de densidade • Densidade cristalográfica: É a obtida a partir da fórmula química e do sistema cristalino. É calculada dividindo a massa da célula unitária pelo volume da célula unitária. Considera o material e o sistema cristalino perfeitos (sem defeitos) • Densidade teórica: Densidade do material que contenha porosidade zero, mas leva em conta defeitos estruturais do sistema cristalino, misturas, múltiplas fases e soluções sólidas. • Densidade de massa: É a densidade medida de um material cerâmico incluindo: porosidade, defeitos, vazios, contaminantes, misturas etc... • Densidade específica: É a densidade de massa de um material em relação a densidade da água a 4º C (g/cm3 / g/cm3 - adimensional) 93 Cálculo da densidade cristalográfica do cloreto de sódio • Na célula unitária tem 4 sódios e 4 cloros 94 • Usam-se corpos de prova com peso mínimo de 50g com tamanho aproximado de 3” X 3” e previamente secados em fornos. • 1- Medida do peso seco [D] • 2- Ferver a peça em água por 5 h e deixar esfriar em água por 24 h. • 3- Pesar o material. como retirado da água, ao ar [W] e dentro da água [S] . • Calcula-se: • Volume externo: V= W-S • Densidade de massa: B= D/V • Porosidade aparente: P= W-D / V • Volume do material impermeável = D-S • Densidade aparente(considera apenas a porosidade fechada) T=D / D-S Absorção de água: A= W-D / D 95 Uso da norma ASTMC373 em geral empregada para obter informações de cerâmicas tradicionais principalmente tijolos Exemplos de cálculo de densidade e de % de porosidade • Um inserto para usinagem cerâmico consiste de 30% em vol. de SiC (whiskers - agulhas) em uma matriz de Al2O3 (alumina). Estimar a densidade teórica dessa mistura se o SiC tem uma densidade cristalográfica de 3,22 g/cm3 e a Al2O3 tem uma densidade cristalográfica de 3,95 g/cm3 . • dt= (0,3).(3,22 g/cm3) + (0,7).(3,95 g/cm3) • dt = 3,731 g/cm3 96 Exemplos de cálculo de densidade e de % de porosidade • A mesma mistura do problema anterior teve sua densidade de massa medida e seu valor é de 3,65 g/cm3 . Qual o percentual de porosidade está presente nesse cerâmico? • % dt = dmassa/ dteórica • % dt = 3,65 g/cm3 / 3,731 g/cm3 X 100 • % dt = 97,8 % logo % de porosidade = 100 – 97,8 • % de porosidade = 2,2% Avaliação da porosidade usando porosímetros de mercúrio • A amostra é colocada em um container • O container é evacuado e preenchido com mercúrio em quantidade conhecida e exata. • A pressão sobre o mercúrio é aumentada lentamente fazendo ele penetrar em poros cada vez menores fazendo seu volume decrescer continuamente. • PD=-4γcosΘ onde P é a pressão aplicada D é o diâmetro dos poros γ é a tensão superficial do mercúrio e Θ é o ângulo de contato entre o mercúrio e a parede do poro ( em geral 140 graus) 97 Propriedades Térmicas dos Materiais Cerâmicos 1- Ponto de fusão: proporcional à força das ligações químicas 98 2-Capacidade Calorífica (c) ou capacidade Térmica • É a quantidade de calor requerida para variar a temperatura de uma substância em 1º C. [cal/g ºC] (O calor específico é adimensional, pois é dividido pela cap. Térmica da água a 15ºC) • A capacidade térmica depende de variáveis internas aos materiais como energia rotacional e vibracional dos átomos do material, mudanças de níveis energéticos dos elétrons. • No entanto, observa-se pela figura ao lado que a capacidade térmica vai do valor zero à -273 ºC a 6 cal/g ºC próximo dos 1000ºC para uma grande variedade de materiais cerâmicos. • No entanto a porosidade influencia muito o valor de “c” • Em considerações práticas o fator que mais influencia é a porosidade, já que muitos cerâmicos maciços tem comportamento semelhante em relação à capacidade térmica. • Como uma peça cerâmica com porosidade tem menor massa por volume que uma sem porosidade, a primeira necessita menor quantidade de calor para atingir uma temperatura específica • Como resultado um forno revestido com material mais poroso (um refratário por exemplo) pode ser aquecido e resfriado muito mais rapidamente e eficientemente 99 3- Condutividade Térmica • É a taxa de fluxo calórico que atravessa o material. unidade: cal/s/cm2/ºC/cm ou W/mK. • Nos metais os transportadores de energia são os elétrons livres que estão presentes em grande quantidade e são muito móveis, logo os metais são ótimos condutores de calor • Nos cerâmicos a transmissão de energia térmica é realizada por “fonons” • Os fonons são a quantificação da energia térmica transmitida pela vibração térmica da estrutura interna, ou designa um quantum de vibração em um retículo cristalino rígido. • Cubo de sílica para isolamento térmico. O interior do cubo está a 1250ºC e pode ser manuseado sem proteção. • Usada no isolamento térmico do Space Shuttle (ônibus espacial) 100 Fatores que afetam a condutividade térmica dos cerâmicos: Pesos atômicos • Cerâmicos, como elementos puros, tem melhor condutividade que compostos (melhor empacotamento, mais fácil a transmissão por fonons) (diamante e grafita) • Materiais cerâmicos com menor pesos atômicos e compostos de átomos com pesos atômicos próximos apresentam melhor condutividade (melhor empacotamento, mais fácil a transmissão por fonons) • Exemplos: Diamante e grafita 900 W/mK (Cobre 400 W/mK) • BeO SiC e B4C possuem pesos atômicos similares e condutividades altas (altas para cerâmicos, se aproximam da do aço) • UO2 e ThO2 apresentam grande diferença entre os pesos de seus átomos e portanto baixa condutividade 101 Efeito da temperatura • Temperatura: em cerâmicos maciços (poucos porosos) a condutividade diminui com o aumento de temperatura (menor caminho livre médio) • Em cerâmicos muito porosos aumenta com a temperatura (aumenta a parcela de transmissão por radiação através dos poros 102 Efeito da porosidade • Como a condutividade nos poros acorre apenas por radiação, quanto maior a porosidade menor a condutividade térmica • Com o aumento da temperatura aumenta a radiação através dos poros aumentando a condutividade • Em tijolos refratários que em geral apresentam alta porosidade, possuem baixa condutividade térmica, constituindo-se em excelentes isolantes térmicos Influência da formação de solução sólida na condutividade. • Quanto maior o percentual solubilizado menor a condutividade térmica 103 Influência da presença de impurezas na condutividade térmica • quanto maior o percentual de impurezas pior a condutividade Influência da presença de mais de uma fase na condutividade térmica • Fases paralelas: Km=V1K1+V2K2 • A condutividade se aproxima do melhor condutor entre as fases (cerâmicos com camada superficial) • Fases perpendiculares: Km=K1K2/V1K1+V2K2 • A condutividade se aproxima da condutividade da fase menos condutora (cerâmicos com camada superficial) • Fase dispersa: (muito comum em cerâmicos) • Km=Kc{1+2Vd(1-Kc/Kd)/(2Kc/Kd+1) / 1-Vd(1-Kc/Kd)/(Kc/Kd+1)} • A condutividade se aproxima da cond. da fase contínua 104 • Legenda: K1 cond. Fase 1 ; K2 cond. Fase 2 ; V1 e V2 Fração de vol. das fases ; Kc cond.da fase contínua ; Kd cond. da fase dispersa ; Vd vol. da fase dispersa 4- Expansão térmica • Depende da força (energia) das ligações químicas, sendo inversamente proporcional. 105 • Logo as cerâmicas predominantemente covalentes são as que apresentam menor expansão térmica sofrendo menos problemas com choques térmicos • α = ΔL/Lo/ΔT onde α é o coeficiente de expansão térmica, Lo é o comprimento, ΔL é a variação de comprimento, e ΔT é a faixa de temperatura relacionada. • Unidade 1/ºC ou ºC-1 106 Comportamento mecânico dos materiais cerâmicos Os materiais cerâmicos cristalinos não apresentam deformação plástica em baixas temperaturas • Desta forma, em baixas temperaturas, o único tipo de deformação é elástica. • Assim essa deformação assume uma importância maior já que é a única que ocorre, e permite cálculos simples • E= σ/ε, como as ligações são fortes os módulos de elasticidade são altos. • Resistência teórica= a 1/10 a 1/5 do valor de E. • Desta forma o Al2O3 onde E=380.000 MPa teria resist. teórica de 39.000 a 76.000 MPa 107 Na forma de fibras onde a possibilidade de defeitos é reduzida pois se tem apenas uma dimensão os valores se aproximam da resistência teórica 108 109 Fatores que modificam o Módulo de Elasticidade • No entanto valor encontrado é muito inferior ao valor teórico. • Motivo: Falhas e defeitos internos como poros, vazios, microtrincas que atuam como concentradores de tensão, reduzindo a resistência teórica. • A porosidade altera o valor de E, E= Eo(1-1.9P+0,9P2) • Quando se tratar de misturas cerâmicas ou de compósitos (metal duro pex.) E=E1V1+E2V2 • Onde E1,2 Modulo dos componentes e V1,2 fração volumétrica dos componentes 110 111 Influência da porosidade sobre o módulo de elasticidade do óxido de alumínio a temperatura ambiente Cerâmicos apresentam maior resistência a compressão (tendem a fechar os defeitos) que a tração (tendem a abrir os defeitos) 112 Comparação entre a resistência a tração e a compressão da alumina Coeficiente de POISSON • Indica a variação das dimensões nas direções perpendiculares à deformação imposta pela tensão externa aplicada 113 Influência dos defeitos • Tenacidade a fratura: A concentração de tensões na ponta da fissura pode ser indicado em termos do Fator de Intensidade de tensões KI • Para uma peça de tamanho infinito KI= σ√πc onde σ é a tensão externa e c é o tamanho da falha (div. Por 2 se interna) • Para uma peça finita: KI= σY√ πc onde Y é o fator de forma • KIC= Fator de intensidade de tensões crítico. Fator que faz determinada falha propagar de forma instável conduzindo à fratura. 114 Valores de KIC para alguns materiais metálicos cerâmicos e poliméricos Resistência de um cerâmico • A resistência real de um cerâmico é bem inferior a resistência teórica, que é a necessária para romper a ligação química entre dois átomos • Resistência teórica: • σt= (Eγ/ao)1/2 onde E- • Módulo de Elasticidade, ao - espaço interatômico, γ - energia superficial (energia necessária para gerar as superfícies da fissura ou fratura) Aumento da tensão externa por defeitos internos • Fator concentrador de tensões: • Kt =σm/ σo = 2(c/ρ)1/2 onde σm – é a tensão máxima na falha, σo – é a tensão externa aplicada, c- comprimento da maior dimensão da falha, ρ – raio de curvatura da ponta do defeito 115 • Desta forma se ρ=2Å (para materiais frágeis - espaçamento interatômico) • E para um defeito de tamanho de 170 μm ... • Kt será de 1840 vezes. • Ou seja a tensão externa será multiplicada por 1840 vezes na ponta desse defeito Segundo Evans e Tappin • σf=z/y(2Eγ/c)1/2 • Onde: c-comprimento da maior dimensão da falha. σf – tensão de fratura • y- termo adimensional que depende da geometria do corpo de prova (em geral entre 1,77-falha interna e 2,0-falha superficial) • Z – Depende da configuração da falha (valor entre 1,0 e 2,0 – GRÁFICO) • γ-energia gasta para criar as faces da fratura(energia de superfície) • E módulo de elasticidade 116 Problema ilustrativo • Foi detectado pelo MEV. (Microscópio Eletrônico de Varredura) o defeito causador (provavelmente o maior defeito, ver slide posterior) da ruptura de um componente de nitreto de silício Si3N4. Calcule a tensão de fratura aproximada, usando a fórmula de Evans e Tappin , sabendo que: • E= 219 000 MPa ou 219x109 N/m2 • y= 2 e γ = 11,9 J/m2 • Do gráfico do slide anterior z= 1,68 (dimensões do poro l=150 μm e c=100 μm) • σf=z/y(2Eγ/c)1/2 • σf=1,68/2(2x219x109N/m2 x 11.9J/m2/ 100x10-6 m) • σf= 191774042 Pa(N/m2) σf= 191,77 MPa 117 118 Avaliação das propriedades mecânicas dos materiais cerâmicos • Dureza: • A única escala que alcança os valores de dureza dos materiais cerâmicos é a vickers. • No entanto se a marca é muito grande pode gerar fissuras a partir dela. • Logo em geral se usa os processos de microdureza Vickers ou Knoop (cargas de 10 gf a 1 Kgf) 119 • Para cerâmicos de menor dureza pode-se empregar também o método de dureza Rockwell superficial (cargas de15, 30 ou 45 Kgf ) 120 Normas ASTM relacionadas às medidas de dureza em materiais cerâmicos 121 Indentação de microdureza Knoop bem sucedida em nitreto de silício Indentação de microdureza Vickers apresentando microtrincas em nitreto de silício 122 Relação entre dureza e resistência à compressão • Resistência a compressão: • Como já comentado os materiais cerâmicos tem melhor resistência a compressão que a tração. • Existe uma relação semelhante a que existe para os metais entre a dureza Brinell e a resistência a tração. • No caso dos cerâmicos essa relação é entre a dureza Vickers e a resistência a compressão • σmax à compressão = 1/3 da dureza Hv (Kgf/mm2) TABELA ABAIXO 123 Ensaios de flexão Usado para caracterizar o comportamento mecânico de cerâmicos. Tipos de ensaios: Comparação entre os resultados dos testes de flexão e dos testes de tração • Nos testes de flexão atuam simultaneamente esforços de tração e de compressão (os mat. Cer. São mais resistentes à compressão) • A distribuição dos esforços ao longo dos corpos de prova é diferente em cada ensaio. Logo se o maior defeito do C.P. não estiver alinhado com a maior carga incidente o valor encontrado será maior do que o cerâmico pode efetivamente resistir 124 Influência da porosidade sobre a resistência a flexão de um material cerâmico (Al2O3) 125 Micrografias de MEV das superfícies das amostras sinterizadas a 1350 °C (a), e1500 °C (b), 1600 °C (c) e 1700 °C (d). Observa-se aumento do tamanho de grão e redução da porosidade a medida que a temperatura de sinterização aumenta (caso d densidade teórica de 99,2) 126 Resistência mecânica de alguns cerâmicos Efeito do tamanho do corpo de prova • Quanto maior o corpo de prova utilizado nos testes menor tende a ser os valores de resistência encontrado seja no ensaio de flexão seja nos de tração. • Isso se deve ao fato de em corpos de prova maiores a probabilidade de se encontrar maiores defeitos aumenta reduzindo os valores encontrados • Deve-se sempre que possível realizar ensaios com Corpos de Prova de tamanho semelhante à aplicação prática. 127 Trabalho estatístico sobre os resultados encontrados nos ensaios mecânicos dos materiais cerâmicos • Os materiais cerâmicos apresentam uma reprodutibilidade muito menor que os materiais metálicos. • Desta forma é feito um tratamento estatístico nos resultados,
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