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Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 1 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Assuntos tratados: 1º Horário. Crime Militar / Classificação Doutrinária / Classificação Moderna / Critérios Legais para Definição do Crime Militar / Crime Militar em Tempo de Paz / Crimes Propriamente Militares / Crime Militar Próprio e Coautoria com Civil / Crimes Impropriamente Militares Praticados por Militares 2º Horário. Crimes Impropriamente Militares Praticados por Civis 1º Horário 1. Crime Militar 1.1. Classificação Doutrinária 1.1.1. Classificação Moderna1 Com base na classificação tradicional, a doutrina moderna classifica os crimes militares em próprios e impróprios. a) Crimes Militares Próprios: tratam-se dos crimes essencialmente militares da classificação tradicional, tendo bem jurídico protegido exclusivamente na esfera militar, o sujeito ativo é o militar da ativa e só encontram previsão no CPM. b) Crimes Militares Impróprios: são os crimes que têm como bens jurídicos valores comuns à vida militar e à vida civil, estando previstos tanto no CPM, quanto em outros diplomas legais repressivos, com idêntica ou semelhante definição. Ademais, podem ser praticados por militares da ativa e por não militares. Exemplo: estupro. Concurso – STM – Analista – Execução de Mandados – 2001 Os crimes militares próprios correspondem aos crimes praticados por militares e previstos no Código Penal Militar. R: Errado, pois o crime militar impróprio também pode ser praticado por militar e estar previsto no CPM. 1 Praticamente todas as provas de concurso cobram este tema. Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 2 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Concurso – MP/ES – 2010 Os crimes contra a administração militar são crimes militares próprios, ou seja, não são perpetrados por civis. R: Errado, pois os crimes contra a administração militar são impróprios. DPU – 2001 Considera-se crime propriamente militar o furto praticado no interior de um quartel por uma praça em situação de atividade. R: Errado, pois furto tem previsão tanto no CPM, quanto fora, sendo crime militar impróprio. Observação: Crime de Insubmissão O crime de insubmissão está previsto no art. 183, CPM. Insubmissão Art. 183. Deixar de apresentar-se o convocado à incorporação, dentro do prazo que lhe foi marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial de incorporação: Pena - impedimento, de três meses a um ano. O insubmisso é aquele que se apresenta para o serviço militar obrigatório e é selecionado para servir, mas não comparece no dia da incorporação ou ausenta-se do período de preparação para o ato oficial de ser incorporado. Não deve, pois, ser confundido com o refratário, que é aquele que não se apresenta para a seleção do serviço militar obrigatório, não cometendo crime. O insubmisso ainda não é militar, mas comete crime militar nas situações descritas pelo tipo penal. Cumpre frisar que se houve defeito de incorporação por erro da Administração Militar, o sujeito não pratica o crime de insubmissão, sendo sua conduta atípica. O crime de insubmissão possui algumas correntes acerca da sua classificação: 1ª corrente: o crime é militar próprio para a doutrina majoritária (Jorge Alberto Romeiro, Alexandre Saraiva e STM). Em que pese não ser praticado por militar, o bem jurídico tutelado é exclusivo da esfera militar, só tendo previsão no CPM. 2ª corrente: o crime é militar impróprio, pois praticado por civil, condição esta essencial ao crime (Ricardo Giuliani e Célio Lobão). Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 3 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 3ª corrente: trata-se de crime tipicamente militar, visto que é previsto no CPM. Esta categoria foi criada por parte minoritária da doutrina para resolver o problema do crime de insubmissão, sendo gênero que possui as espécies próprio e impróprio (Cláudio Amin). 4ª corrente: é crime acidentalmente militar, com base na classificação tradicional de Beviláqua, por ser praticado por civil, só ter previsão no CPM e o bem jurídico protegido ser exclusivo das Instituições Militares (Jorge Cesar de Assis). 1.2. Critérios Legais para Definição do Crime Militar O CPM adota uma pluralidade de critérios para definir o crime militar, prevalecendo o critério ratione legis (em razão da lei), entendendo-se como crime militar o que a lei dispõe ser. Os critérios combinados ao ratione legis são os seguintes: a) ratione personae: o fato de o sujeito ativo/passivo ser militar caracteriza o crime como militar. b) ratione loci: é crime militar o praticado em local sujeito à Administração Militar. c) ratione materiae: configura-se o crime militar em razão da matéria envolvida no fato, como quando, por exemplo, os bens jurídicos tutelados são a hierarquia e a disciplina. d) ratione temporis: o crime é militar se ocorrer dentro de determinadas circunstâncias temporais, ainda que fora de local sujeito à Administração Militar. Exemplo: crime praticado durante o período de vigilância. DPU – 2007 Entre os critérios utilizados para classificar o crime militar, o critério processualista se impôs, com preferência pelo critério ratione materiae, sendo crime militar aquele definido no CPM. R: Errado, pois o critério prevalecente é o ratione legis. 1.2.1. Crime Militar em Tempo de Paz O art. 9º, CPM traz os critérios para que se identifique um crime como militar em tempos de paz. Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-13274 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial; II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados: a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996) d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar; f) revogada. (Vide Lei nº 9.299, de 8.8.1996) III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar; b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior. Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil serão da competência da justiça comum, salvo quando praticados no contexto de ação militar O inciso I aponta o critério ratione legis, ou seja, é crime militar em tempos de paz o que o CPM assim definir. Indica ainda o reconhecimento dos crimes impropriamente militares (“quando definidos de modo diverso na lei penal comum”; “qualquer que seja o agente”) e propriamente militares (“ou nela não previstos”; “salvo disposição especial”), respaldando a classificação moderna. Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 5 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Respaldado neste inciso, o professor Cláudio Amin reconhece o crime tipicamente militar, como sendo gênero, cujas espécies são os crimes militares próprios e impróprios. 1.2.1.1. Crimes Propriamente Militares Os crimes militares próprios têm respaldo no inciso I, sendo que os incisos II e III, todos do art. 9º, CPM tratam de crimes militares impróprios. Exemplos de crimes militares próprios2: motim e revolta (arts. 149 a 153, CPM), violência contra superior (arts. 157 e 159, CPM), recusa de obediência (art. 163, CPM), reunião ilícita (art. 165), publicação de crítica indevida (art. 166, CPM), deserção (arts. 187 a 192, CPM), omissão de oficial (art. 194, CPM), abandono de posto (art. 195, CPM) e demais crimes de serviço (arts. 195 a 203, CPM). Motim Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados: I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la; II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência; III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior; IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar: Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um terço para os cabeças. Revolta Parágrafo único. Se os agentes estavam armados: Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os cabeças. Organização de grupo para a prática de violência Art. 150. Reunirem-se dois ou mais militares ou assemelhados, com armamento ou material bélico, de propriedade militar, praticando violência à pessoa ou à coisa pública ou particular em lugar sujeito ou não à administração militar: Pena - reclusão, de quatro a oito anos. Omissão de lealdade militar 2 Devem ser lidos, por se tratarem dos crimes mais cobrados em provas de concurso. Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 6 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 151. Deixar o militar ou assemelhado de levar ao conhecimento do superior o motim ou revolta de cuja preparação teve notícia, ou, estando presente ao ato criminoso, não usar de todos os meios ao seu alcance para impedi-lo: Pena - reclusão, de três a cinco anos. Conspiração Art. 152. Concertarem-se militares ou assemelhados para a prática do crime previsto no artigo 149: Pena - reclusão, de três a cinco anos. Isenção de pena Parágrafo único. É isento de pena aquele que, antes da execução do crime e quando era ainda possível evitar-lhe as consequências, denuncia o ajuste de que participou. Cumulação de penas Art. 153. As penas dos arts. 149 e 150 são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. Violência contra superior Art. 157. Praticar violência contra superior: Pena - detenção, de três meses a dois anos. Ausência de dolo no resultado Art. 159. Quando da violência resulta morte ou lesão corporal e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena do crime contra a pessoa é diminuída de metade. Recusa de obediência Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou relativamentea dever imposto em lei, regulamento ou instrução: Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave. Reunião ilícita Art. 165. Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão de ato de superior ou assunto atinente à disciplina militar: Pena - detenção, de seis meses a um ano a quem promove a reunião; de dois a seis meses a quem dela participa, se o fato não constitui crime mais grave. Publicação ou crítica indevida Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a qualquer resolução do Governo: Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 7 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Pena - detenção, de dois meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Deserção Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias: Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada. Casos assimilados Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que: I - não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de trânsito ou férias; II - deixa de se apresentar a autoridade competente, dentro do prazo de oito dias, contados daquele em que termina ou é cassada a licença ou agregação ou em que é declarado o estado de sítio ou de guerra; III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do prazo de oito dias; IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inatividade, criando ou simulando incapacidade. Art. 189. Nos crimes dos arts. 187 e 188, ns. I, II e III: Atenuante especial I - se o agente se apresenta voluntàriamente dentro em oito dias após a consumação do crime, a pena é diminuída de metade; e de um têrço, se de mais de oito dias e até sessenta; Agravante especial II - se a deserção ocorre em unidade estacionada em fronteira ou país estrangeiro, a pena é agravada de um têrço. Deserção especial Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se no momento da partida do navio ou aeronave, de que é tripulante, ou do deslocamento da unidade ou força em que serve: (Redação dada pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998) Pena - detenção, até três meses, se após a partida ou deslocamento se apresentar, dentro de vinte e quatro horas, à autoridade militar do lugar, ou, na falta desta, à autoridade policial, para ser comunicada a apresentação ao comando militar competente.(Redação dada pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998) § 1º Se a apresentação se der dentro de prazo superior a vinte e quatro horas e não excedente a cinco dias: Pena - detenção, de dois a oito meses. § 2º Se superior a cinco dias e não excedente a oito dias: (Redação dada pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998) Pena - detenção, de três meses a um ano. Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 8 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br § 2º-A. Se superior a oito dias: (Incluído pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998) Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Aumento de pena § 3º A pena é aumentada de um terço, se se tratar de sargento, subtenente ou suboficial, e de metade, se oficial. (Redação dada pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998) Concerto para deserção Art. 191. Concertarem-se militares para a prática da deserção: I - se a deserção não chega a consumar-se: Pena - detenção, de três meses a um ano. Modalidade complexa II - se consumada a deserção: Pena - reclusão, de dois a quatro anos. Deserção por evasão ou fuga Art. 192. Evadir-se o militar do poder da escolta, ou de recinto de detenção ou de prisão, ou fugir em seguida à prática de crime para evitar prisão, permanecendo ausente por mais de oito dias: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Omissão de oficial Art. 194. Deixar o oficial de proceder contra desertor, sabendo, ou devendo saber encontrar-se entre os seus comandados: Pena - detenção, de seis meses a um ano. Abandono de posto Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo: Pena - detenção, de três meses a um ano. Descumprimento de missão Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a missão que lhe foi confiada: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave. § 1º Se é oficial o agente, a pena é aumentada de um terço. § 2º Se o agente exercia função de comando, a pena é aumentada de metade. Modalidade culposa § 3º Se a abstenção é culposa: Pena - detenção, de três meses a um ano. Retenção indevida Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 9 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 197. Deixar o oficial de restituir, por ocasião da passagem de função, ou quando lhe é exigido, objeto, plano, carta, cifra, código ou documento que lhe haja sido confiado: Pena - suspensão do exercício do posto, de três a seis meses, se o fato não constitui crime mais grave. Parágrafo único. Se o objeto, plano, carta, cifra, código, ou documento envolve ou constitui segredo relativo à segurança nacional: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Omissão de eficiência da força Art. 198. Deixar o comandante de manter a força sob seu comando em estado de eficiência: Pena - suspensão do exercício do posto, de três meses a um ano. Omissão de providências para evitar danos Art. 199. Deixar o comandante de empregar todos os meios ao seu alcance para evitar perda, destruição ou inutilização de instalações militares, navio, aeronave ou engenho de guerra motomecanizado em perigo: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Modalidade culposa Parágrafo único. Se a abstenção é culposa: Pena - detenção, de três meses a um ano. Omissão deprovidências para salvar comandados Art. 200. Deixar o comandante, em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe, colisão, ou outro perigo semelhante, de tomar todas as providências adequadas para salvar os seus comandados e minorar as conseqüências do sinistro, não sendo o último a sair de bordo ou a deixar a aeronave ou o quartel ou sede militar sob seu comando: Pena - reclusão, de dois a seis anos. Modalidade culposa Parágrafo único. Se a abstenção é culposa: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Omissão de socorro Art. 201. Deixar o comandante de socorrer, sem justa causa, navio de guerra ou mercante, nacional ou estrangeiro, ou aeronave, em perigo, ou náufragos que hajam pedido socorro: Pena - suspensão do exercício do posto, de um a três anos ou reforma. Embriaguez em serviço Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 10 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado para prestá-lo: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Dormir em serviço Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante: Pena - detenção, de três meses a um ano. 1.2.1.1.1. Crime Militar Próprio e Coautoria com Civil A Teoria Monista é adotada pelo CPM, porém, a orientação mais aceita na doutrina (Célio Lobão) é pela impossibilidade de co-autoria de militar com civil em crime propriamente militar, por a condição ser incomunicável. Exemplo: crime de pederastia – militar surpreendido tendo relações com a faxineira do quartel, que é terceirizada. O ato libidinoso praticado pelo militar é crime militar próprio, motivo pelo qual apenas este responde pelo crime, pois o bem jurídico tutelado é o pundonor militar. Para uma segunda orientação (Jorge César de Assis), comunica-se a condição pessoal de militar ao civil, sendo cabível a co-autoria entre militares e civis em crimes militares. Exemplo: art. 53, parágrafo 1º, CPM, que traz a Teoria Monista Moderada. Art. 53, § 1º A punibilidade de qualquer dos concorrentes é independente da dos outros, determinando-se segundo a sua própria culpabilidade. Não se comunicam, outrossim, as condições ou circunstâncias de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Não obstante as divergências, a jurisprudência do STM faz algumas ponderações, em linha seguida pelo STF. No crime de mão própria, a princípio, não há comunicação da condição pessoal do militar ao civil, tendo em vista que estes crimes só podem ser materialmente realizados pela pessoa indicada no tipo. Exemplo: deserção e abandono de posto. No entanto, sendo o crime propriamente militar, mas não de mão própria, haverá a comunicação da condição pessoal. Exemplo: art. 176, CPM – ofensa aviltante a inferior hierárquico. Ofensa aviltante a inferior Art. 176. Ofender inferior, mediante ato de violência que, por natureza ou pelo meio empregado, se considere aviltante: Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 11 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no parágrafo único do artigo anterior. Uma segunda ponderação feita pelo STM é a de que se o legislador previu uma outra figura típica para adequar-se ao comportamento do civil, há uma quebra da Teoria Monista, não respondendo o civil pelo crime militar do qual foi coautor. Exemplo: um sargento e um civil se recusam a obedecer uma ordem de um superior, respondendo aquele por recusa de obediência (art. 163, CPM) e o civil por desobediência (art. 301, CPM). Recusa de obediência Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução: Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave. Desobediência Art. 301. Desobedecer a ordem legal de autoridade militar: Pena - detenção, até seis meses. DPU – 2010 Considere que em conluio um servidor civil lotado nas forças armadas e um militar em serviço tenham se recusado a obedecer a ordem de um superior sobre assunto ou matéria em serviço. Nessa situação, somente o militar é sujeito ativo do delito de insubordinação, que é considerado crime propriamente militar, o que exclui o civil, mesmo na qualidade de coautor. R: Certa, pois a banca adotou a posição de Cesar Lobão, havendo uma previsão para o comportamento do civil. STM – Analista Judiciário – 2011 Um agrupamento de militares armados, em concurso com civis, ocupou um estabelecimento militar em desobediência à ordem superior. Nesse caso, configura crime de revolta, sendo que os civis não ingressam na relação jurídico- penal castrense, nem mesmo como coautores. R: Os crimes de revolta e motim são militares, não cabendo coautoria com civis. Motim é sem armas e revolta é com armas. Com relação ao crime de revolta (art. 149, CPM), em sentido contrário, há uma orientação minoritária que entende que, quando o referido delito é comissivo, os civis Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 12 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br podem ser coautores com os militares. No entanto, sendo a conduta omissiva, em hipótese alguma se admite coautoria. Motim Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados: I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la; II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência; III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior; IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-sede qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar: Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um terço para os cabeças. Revolta Parágrafo único. Se os agentes estavam armados: Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os cabeças. No entanto, se a conduta do civil foi de aliciar os militares para a prática de motim ou revolta, ele responderá pelos arts. 154 ou 155, CPM, apesar de não responder por aqueles delitos militares. Aliciação para motim ou revolta Art. 154. Aliciar militar ou assemelhado para a prática de qualquer dos crimes previstos no capítulo anterior: Pena - reclusão, de dois a quatro anos. Incitamento Art. 155. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar: Pena - reclusão, de dois a quatro anos. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à administração militar, impressos, manuscritos ou material mimeografado, fotocopiado ou gravado, em que se contenha incitamento à prática dos atos previstos no artigo. 1.2.1.2. Crimes Impropriamente Militares Praticados por Militares Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados: Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 13 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996) d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar; f) revogada. (Vide Lei nº 9.299, de 8.8.1996) • alínea “a”: O inciso II, “a”, do art. 9º, CPM dispõe acerca dos critérios ratione legis e ratione personae, pois são aqueles praticados por militar da ativa (sujeito ativo) e contra militar da ativa (sujeito passivo), em qualquer tempo e em qualquer lugar, tendo em vista que a doutrina majoritária entende que a condição de militar é existente independentemente de militar estar exercendo a função, estar de folga, de férias etc. Art. 9º, II, a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; Exemplo: militar da ativa mata outro no horário de almoço, o crime será militar. O STF e o STM entendem que um crime praticado por um militar contra outro na mesma situação é sempre delito militar. O informativo nº 626, STF veiculou um caso julgado pela 1ª Turma declarando a incompetência da Justiça Militar (HC 99.541/RJ) para apreciar prática de crime de lesão corporal grave (art. 209, parágrafo 1º, CPM) cometido por um militar contra outro sem que a situação funcional fosse conhecida e por não estarem uniformizados. Desta forma, não basta que estejam conjugados os critérios ratione legis e ratione personae, pois a lesão ao bem jurídico deve igualmente ser considerada, considerando-se o critério ratione materiae, no caso do julgado. Lesão grave Art. 209, § 1° Se se produz, dolosamente, perigo de vida, debilidade permanente de membro, sentido ou função, ou incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias: Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 14 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Pena - reclusão, até cinco anos. HC 99541 / RJ - RIO DE JANEIRO HABEAS CORPUS Relator(a): Min. LUIZ FUX Julgamento: 10/05/2011 Órgão Julgador: Primeira Turma Publicação DJe-098 DIVULG 24-05-2011 PUBLIC 25-05-2011 EMENT VOL-02529-01 PP-00250 RT v. 100, n. 910, 2011, p. 394-401 EMENTA: PENAL MILITAR. HABEAS CORPUS. CRIME IMPRÓPRIO: LESÃO CORPORAL GRAVE (CPM, ART. 209, § 1º). CRIME PRATICADO POR MILITAR CONTRA MILITAR EM CONTEXTO EM QUE OS ENVOLVIDOS NÃO CONHECIAM A SITUAÇÃO FUNCIONAL DE CADA QUAL, NÃO ESTAVAM UNIFORMIZADOS E DIRIGIAM CARROS DESCARACTERIZADOS. HIPÓTESE QUE NÃO SE ENQUADRA NA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR DEFINIDA NO ARTIGO 9º, INCISO II, ALÍNEA 'A' DO CÓDIGO PENAL MILITAR. 1. A competência da Justiça Militar, posto excepcional, não pode ser fixada apenas com à luz do critério subjetivo, fazendo- se mister a reunião de outros elementos que justifiquem a submissão do caso concreto à jurisdição castrense, principalmente a análise envolvendo a lesão, ou não, do bem ou serviço militar juridicamente tutelado. 2. In casu, uma discussão de trânsito evoluiu para lesão corporal, sem que os envolvidos tivessem conhecimento da situação funcional de cada qual, além de não se encontrarem uniformizados e dirigirem seus carros descaracterizados. A Justiça Castrense não é competente a priori para julgar crimes de militares, mas crimes militares . Precedentes: RHC 88122/MG, Relator o Ministro Marco Aurélio, Primeira Turma, DJe de 13/09/2007 e 83003/RS, Relator o Ministro Celso de Mello, Segunda Turma, DJ e de 25/04/2008. 3. Ordem concedida para declarar a incompetência da Justiça Militar. Observação1: se a questão da prova falar em jurisprudência recente, deve-se adotar uma posição mais restritiva com relação à competência da Justiça Militar, por ser a tendência do STF. Observação2: Há uma controvérsia com relação ao caso de militar como sujeito ativo ou passivo ser bombeiro ou policial militar do estado. 1ª corrente: para o STM, militar do estado é militar, motivo pelo qual, quando for sujeito passivo ou ativo de delito militar, a competência é da Justiça Militar da União. 2ª corrente: para o STF, militar estadual não é militar propriamente dito para efeitos de configuração da competência da Justiça Militar da União. Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor emsala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 15 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 2º Horário Houve um caso recente, veiculado no Informativo nº 632, STF (HC 105.844/RS), julgado pela 1ª Turma do STF, em que um soldado da polícia militar desacatou um oficial das Forças Armadas, sendo considerado como crime militar, mas a competência para processar e julgar foi entendida como sendo da Justiça Militar Estadual, à luz do art. 125, parágrafo 4º, CRFB. Art. 125, § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) HC 105844 / RS - RIO GRANDE DO SUL HABEAS CORPUS Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA Julgamento: 21/06/2011 Órgão Julgador: Primeira Turma Publicação PROCESSO ELETRÔNICO DJe-158 DIVULG 17-08-2011 PUBLIC 18-08- 2011 EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME DE DESACATO CONTRA MILITAR DAS FORÇAS ARMADAS. PERSECUÇÃO PENAL DE POLICIAL MILITAR ESTADUAL NA JUSTIÇA MILITAR: IMPOSSIBILIDADE: CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. ORDEM CONCEDIDA. 1. A jurisprudência deste Supremo Tribunal é firme no sentido de que a competência para processar e julgar policial militar acusado de cometer crime militar contra membro das Forças Armadas é da Justiça Militar estadual, mormente quando o Paciente, pelo que se tem na denúncia, quis manifestamente menosprezar a vítima, oficial das Forças Armadas, em razão da função por ela ocupada, humilhando-a diante de outros militares federais e estaduais. Precedentes. 2. Habeas corpus concedido. No entanto, se o mesmo caso fosse julgado pelo STM, este entenderia que a competência para processar e julgar o crime militar seria da Justiça Militar da União. Insta consignar um recente caso julgado pelo STJ sobre militar que agrediu um militar da União, dentro do quadro de infantaria, caso em que o crime foi considerado militar, o que demonstra a tendência de acompanhamento do entendimento do STM. • alínea “b”: A alínea “b”, do inciso II, do art. 9º, CPM trata dos crimes militares em que a vítima seja qualquer pessoa, quando o crime for praticado por militar, trazendo os critérios ratione legis, personae e loci. Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 16 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 9º, II, b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; A inviolabilidade do domicílio deve ser respeitada, não sendo área sujeita à Administração Militar a casa do militar. No entanto, se a violência praticada dentro do domicílio for de um militar contra outro, haverá crime militar pela alínea “a” do inciso em comento. Importante salientar que crime cometido em via pública nas adjacências do quartel não é crime militar (exemplo: crime cometido na alameda do quartel). Com relação ao crime de abuso de autoridade praticado por militar contra civil ainda que no exercício da função, não é crime militar, tendo em vista a súmula 172, STJ, por ser crime previsto na Lei 4.898/65. STJ Súmula nº 172 - 23/10/1996 - DJ 31.10.1996 Competência - Militar - Abuso de Autoridade - Processo e Julgamento Compete à Justiça Federal processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço. Todavia, se o abuso for de militar contra militar da ativa, o crime é militar por força da alínea “a”, do inciso II, art. 9º, CPM. • alínea “c”: A alínea “c”, do inciso II traz os critérios ratione legis, personae e materiae. Art. 9º, II, c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996) “Em serviço” significa militar no expediente, devendo o militar estar realizando função de natureza militar para que o crime praticado contra civil seja considerado militar. Exemplo: militar, durante o desfile do dia 7 de setembro estupra uma moça que observava o espetáculo, sendo o referido delito militar por esta o sujeito em serviço. • alínea “d”: A alínea “d”, do inciso II traz os critérios ratione legis, personae e temporis. O sujeito passivo, no caso, pode ser civil ou militar, sendo que a circunstância temporal é que deve ser levada em consideração para a configuração do delito militar. Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 17 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 9º, II, d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; Observação: no caso de militar que provoque acidente dirigindo viatura militar em serviço, o crime será militar. No entanto, se o militar estiver fora de atividade efetiva, o delito militar não será configurado na visão do STF. Exemplo: militar terminou a escolta e está retornando ao quartel, caso provoque acidente, o crime não será militar, mas mero incidente administrativo militar. Uma vez que o militar abandona o posto, não está mais em exercício, respondendo apenas pelo abandono de posto na Justiça Militar e, na Justiça Comum, pelos delitos que vier a praticar em virtude do referido ato. Exemplo: militar que abandona o posto estando em serviço e pratica roubos com a arma do quartel. Estes delitos não serão crimes militares, tendo em vista que não está em serviço, mas agindo como qualquer pessoa. O art. 15, parágrafo 7º, LC 97/99 dispõe o que se considera como atividade militar para manutenção da lei e da ordem, o que define a competência da Justiça Militar da União para processar e julgar crimes militares praticados pelos integrantes das Forças de Paz. Por conta disto, se um militar cedido para a manutenção da lei e da ordem praticar um crime contra civil, o crime será considerado militar. Art. 15. § 7º A atuação do militarnos casos previstos nos arts. 13, 14, 15, 16-A, nos incisos IV e V do art. 17, no inciso III do art. 17-A, nos incisos VI e VII do art. 18, nas atividades de defesa civil a que se refere o art. 16 desta Lei Complementar e no inciso XIV do art. 23 da Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 (Código Eleitoral), é considerada atividade militar para os fins do art. 124 da Constituição Federal. (Redação dada pela Lei Complementar nº 136, de 2010). • alínea “e”: A alínea “e”, inciso II, art. 9º, CPM dispõe acerca dos critérios ratione legis, ratione personae e materiae, no caso de crimes contra o patrimônio da Administração Militar ou contra a ordem administrativa militar. Art. 9º, II, e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar; O sujeito passivo, no caso, é a própria Administração Militar, sendo que o sujeito ativo é sempre o militar. Exemplos: desacato e peculato. O art. 343, CPM é equivalente à denunciação caluniosa, mas é cometido contra a Administração Militar, pois provoca a instauração de inquérito. Denunciação caluniosa Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 18 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 343. Dar causa à instauração de inquérito policial ou processo judicial militar contra alguém, imputando-lhe crime sujeito à jurisdição militar, de que o sabe inocente: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Observação: a alínea “f” foi revogada, motivo pelo qual o fato de usar arma, material ou equipamento militar na prática do crime não o caracteriza como militar. 1.2.1.3. Crimes Impropriamente Militares Praticados por Civis Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar; b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior. Inicialmente, importante destacar que o inciso III só se aplica à esfera federal, tendo em vista que a Justiça Militar Estadual não julga civis. Os crimes definidos no inciso III, conforme orientação do STF e do STM, só serão configurados quando a conduta do civil for dolosa, devendo o dolo vir acompanhado da intenção de impedir, frustrar ou malograr operação militar ou, ainda, causar dano deliberadamente contra Instituição Militar. Exemplo1: se civil bate em viatura militar, culposamente, ao dirigir, o crime será de trânsito, por não haver dolo do civil em causar dano. Exemplo2: no caso de haver dois civis discutindo e militares de quartel próximo se intrometem para apaziguar a situação, se um dos civis o xingar, não caracteriza desacato militar, pois a intenção dos agentes não era atingir a Instituição Militar, devendo o desacato ser julgado pela Justiça Comum. Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 19 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br • alínea “a”: A alínea “a”, do inciso III trata dos critérios ratione legis e materiae. O crime praticado contra patrimônio cuja administração incumbe às Forças Armadas é crime militar se praticado por civil, mesmo que o bem não pertença a estas. Art. 9º, III, a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar; Exemplo: roubo de armamento apreendido. Observação: Falsificação de Carteira de Arraiz Amador Trata-se de carteira de habilitação expedida pela marinha para que se possa pilotar embarcações. Se for falsificada por um civil, há duas orientações que merecem destaque. 1ª orientação: para o STM, o crime é militar por se enquadrar na alínea “a”, do inciso III, art. 9º, CPM, por afetar a Administração Militar. 2ª orientação: para o STF é crime comum de competência da Justiça Federal, por envolver interesse da União na falsificação de documento público. Este entendimento foi encaminhado como proposta de súmula vinculante. • alínea “b”: A alínea “b” trata dos crimes cometidos em local sujeito à Administração Militar cujos critérios são ratione legis, loci e personae. Art. 9º, III, b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; Exemplo: estelionato praticado por civil contra militar da ativa em local sujeito à Administração Militar, como no caso de empréstimos consignados feitos no pátio da Instituição Militar. Cumpre frisar que, no caso envolvendo bancos, se o prejuízo for suportado por este o crime é comum, mas se o militar é que for prejudicado, o crime será militar. Atente-se que um segundo caso é o de crime cometido por civil contra civil em local sujeito à Administração Militar, que também será entendido como crime militar. • alínea “c”: A alínea “c” trata dos casos em que haja crime praticado contra militares que estejam exercendo manobras em geral. Consideram-se os critérios ratione legis, personae e materiae. Art. 9º, III, c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 20 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158– Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br • alínea “d”: Já a alínea “d” dispõe acerca dos crimes praticados contra militares em atividades desta espécie em geral, desde que em atividade. Art. 9º, III, d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquêle fim, ou em obediência a determinação legal superior. • parágrafo único: O parágrafo único, art. 9º, CPM foi alterado pela Lei 12.432/11, que incluiu o crime da Lei do Abate como sendo de competência da Justiça Militar. Art. 9º, parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil serão da competência da justiça comum, salvo quando praticados no contexto de ação militar. Este dispositivo é uma regra processual inserta no CPM, gerando uma problemática por estabelecer que delitos de grupos de extermínios ou dolosos contra a vida praticados por militares contra civis devem ser julgados pela Justiça Comum. A Lei do Abate é muito criticada por trazer um caso de homicídio legalmente autorizado, sendo entendida como inconstitucional pela maioria da doutrina, por permitir a execução sumária no caso de aviões clandestinos que não cumpram com a ordem de pouso dada pelas Forças Aéreas. O parágrafo único, art. 9º, CPM dispõe que, neste caso, a competência para julgar este tipo de homicídio doloso praticado por militar contra civil dentro da Lei do Abate é da Justiça Militar se verificado abuso ou burla aos critérios da lei. O STM consolidou entendimento de que o referido dispositivo é inconstitucional para a esfera federal, não sendo a ela aplicado, pois criaria um tribunal de exceção, tendo em vista que a Justiça Militar da União seria competente para julgar crimes de militar contra militar e de civil contra militar, excetuando apenas os de militares contra civis. Desta forma, o STM entende que, com base no art. 125, parágrafo 4º, CRFB, o parágrafo único, art. 9º, CPM só é aplicado à Justiça Militar Estadual, por haver uma restrição da competência desta aos crimes praticados por militares dos estados e definidos em lei. Art. 125, § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos Direito e Processo Penal Militar Data: 10/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 21 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Já o STF, instado a se manifestar, fez uma leitura conforme a CRFB do parágrafo único, art. 9º, CPM, entendendo que sua aplicação não é cabível na esfera da Justiça Militar da União. DPU – 2007 Compete à Justiça Militar da União processar e julgar crime doloso contra a vida praticado por militar do exército brasileiro contra civil, estando aquele militar em atividade inerente às funções institucionais das Forças Armadas. R: Certa. A EC nº 45/04 parece ter resolvido a polêmica criada pelo parágrafo único, art. 9º, CPM por só ter alterado o art. 125, parágrafo 4º, CRFB, deixando de fazer qualquer ressalva no caso do art. 124, CRFB, motivo pelo qual o referido parágrafo único não se aplica ao caso. Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. STM – analista Judiciário – 2004 De acordo com a legislação penal militar, os crimes culposos contra a vida em tempo de paz, praticados por militar em serviço, são considerados como crimes militares. R: Certa. 1.3. Crime Militar em Tempo de Guerra Será abordado na próxima aula.
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