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Evolução dos modelos atômicos Nesse capítulo, iremos explorar o fascinante universo dos átomos e das moléculas. Se você observar o universo à sua volta, poderá constatar que ele é constituído de diferentes substâncias (poeira cósmica, partículas sólidas, massas gasosas ....) e com o intuito de explicar essas observações filósofos gregos, a exemplo de Demócrito ( 460-370 a.c), pensavam que o mundo material deveria ser constituído de partículas indivisíveis pequenas que eram chamadas de átomo que em grego significava “indivisível”. Contudo, essa visão da matéria perdeu sua força científica quando Platão e Aristóteles formularam a hipótese de que não poderia haver partículas indivisíveis. Contudo, uma noção mais consistente sobre os átomos só surgiu no século XVII, quando estudos sobre o comportamento dos gases estavam em foco. 1.1 Teoria Atômica da matéria : Como podemos perceber o movimento do vento contra nós? Na busca de uma resposta a esta pergunta, os cientistas começaram a pensar que, se o ar é composto de algo invisível e em constante movimento, então deve haver partículas indivisíveis muito pequenas dispersas no ar. No início do século XIX (1803 – 1807), o físico inglês John Dalton postulou, após numerosas e meticulosas observações experimentais, que estas partículas indivisíveis apresentavam as seguintes características principais: (i) O átomo NÃO pode ser dividido em partes menores do que ele; (ii) O interior dos átomos encontra-se COMPLETAMENTE CHEIO; (iii) Os átomos são extremamente pequenos e possuem forma esférica; (iv) Todos os átomos de um mesmo elemento químico apresentam exatamente a mesma massa. Este modelo atômico foi aceito pelos cientistas durante aproximadamente 90 anos (1803-1897) e pode ser sumarizado da seguinte forma: os átomos são os componentes básicos da matéria e são as menores partes de um elemento ainda com identidade preservada. Esses postulados levaram as diversas considerações na época, tais como: 1. Toda matéria é formada por átomos; 2. Em uma reação química, os átomos são indivisíveis, isto é, não podem ser divididos em duas ou mais partes, e não podem ser criados nem destruídos; 3. Os átomos de um mesmo elemento são idênticos, ao passo que os átomos de elementos diferentes apresentam diferenças em forma, tamanho, massa, etc... 4. Os átomos de um elemento não podem ser transformados em átomos de outros elementos; 5. Uma reação química é a união ou separação que se combinam obedecendo a uma relação de números inteiros e pequenos : Para Dalton, portanto, a matéria é constituída de átomos indivisíveis, reais e isolados – a matéria tem caráter corpuscular. Podemos verificar que, de acordo com o postulado de Dalton, um elemento é composto de apenas uma espécie de átomo, enquanto que um composto contém átomos de dois ou mais elementos. : Apesar de essa teoria ter sido um grande avanço para a Química do século XIX, ela continha alguns princípios errôneos, dentre os quais aqueles relacionados a substâncias simples e compostas, a exemplo das situações descritas abaixo: - os gases oxigênio, hidrogênio e cloro, por exemplo, seriam formados por apenas um único átomo em vez de dois; - a fórmula da água deveria ser HO. Os avanços na elucidação da estrutura atômica só foram alcançados através dos experimentos de físicos que buscavam entender a relação entre matéria e eletricidade. A partir de 1897, os cientistas começaram a desenvolver métodos para uma investigação mais detalhada da natureza da matéria e do átomo e novas descobertas levaram à conclusão de que o átomo não era indivisível tal como propunha Dalton, mas, ao contrário, seria constituído de outras partes ainda menores. 1.2 Desenvolvimento da estrutura atômica De acordo com os conhecimentos adquiridos da Física, já sabemos que tanto o ar como outros gases, quando sob certas condições, permitem a passagem da corrente elétrica. Mediante a execução destes experimentos com gases que o cientista Stoney descobriu o elétron em 1874. Esses desenvolvimentos se seguiram e, em 1875, o físico William Crookes idealizou um tubo com dois eletrodos contidos em um ambiente de vácuo bastante acentuado (pressão interna próxima a 0,0001 atm). Aplicando uma diferença de potencial entre os eletrodos, surgia uma fluorescência amarelo-esverdeada no lado oposto ao cátodo (eletrodo negativo), que se aquecia. Ao se introduzir um objeto no tubo, aparecia uma sombra nítida e, após a aplicação de um campo elétrico, a fluorescência desviava-se como uma carga negativa. O posicionamento de uma ventoinha no tubo ocasionava o giro desta, indicando que os raios (posteriormente denominados de catódicos) tinham massa. Na sequência de eventos com os gases, o físico norte-americano Robert Millikan concluiu que os elétrons estão presentes em todos os átomos. J.J Thonsom, em 1897, usou as mesmas ampolas de Willian Crookes, excetuando-se o fato de que um amperímetro foi adicionado ao sistema para medir a tensão de corrente. Esta inovação permitiu a obtenção de dados quantitativos. Thonsom imaginou corretamente que a presença de quantidades apreciáveis de ar ou de outro gás cessaria a passagem de elétrons no espaço entre o cátodo e o ânodo. Ainda, a retirada do ar do interior do tubo permitiu a passagem de corrente elétrica entre os eletrodos. Thonsom explicou que a passagem de corrente elétrica entre os eletrodos, mesmo na ausência de matéria, indica que tal corrente forma uma espécie de ponte entre cátodo e ânodo. Essa ponte foi descrita por Thonsom como sendo um feixe de raios que, por partirem do cátodo, foram chamados de raios catódicos. Sim, mais uma pergunta fica no ar. Essa ponte (raios catódicos) seria constituída de matéria ou não para poder conduzir a corrente elétrica????? Veja a figura abaixo e observe: Thonsom para responder a essa pergunta seguiu os experimentos de Willian Crookes introduzindo uma ventoinha ao seu sistema. Ele também constatou que os raios catódicos ao baterem na ventoinha faziam-na girar. Se isso ocorreu, é porque os raios são constituídos de partículas dotadas de massa, pois, caso contrario, a pequena ventoinha não se movimentaria. Portanto, os raios catódicos são constituídos por matéria. Figura extraída de: Hartwuing, D. R. Química Geral e inorgânica v.1, São Paulo, 1999. Outro questionamento pode ser retirado desse experimento. Essas partículas que constituem os raios catódicos possuem carga elétrica? Thonsom submeteu o feixe de raios catódicos a um campo elétrico e magnético e instalou dentro do tubo dois outros eletrodos paralelos ao feixe de raios (veja a terceira ilustração da figura acima). Assim, Thonsom pode perceber que as partículas dos raios catódicos foram atraídas pelos eletrodos carregadas de eletricidade e tomaram a direção do eletrodo positivo. Desse experimento, Thonsom chegou às seguintes conclusões: 1. De acordo com os resultados, as partículas possuem carga NEGATIVA. Ele se baseou nas descobertas do inventor e estadista norte-americano Benjamin Franklin (1706-1790), o qual definiu como positivo (+) e negativo (-) cargas de naturezas opostas capazes de sofrer neutralização mútua; 2. Como foi observado que nenhuma dispersão ocorria entre as partículas, então ficava evidenciado que todas as partículas possuíam exatamente a mesma carga e mesma massa, pois, se assim não fosse, o desvio não seria uniforme. O físico-americano Robert Andrews Millikan (1868-1953) determinou a carga de um elétron, o que permitiu a outros cientistas calcular a sua massa. O valor atualmente aceito para a massa do elétron é 9,109382 x 10-28 g, e a carga do elétron é de –1,602176 x 10-19 C (Coloumb).Quando nos referirmos às propriedades das partículas fundamentais, sempre expressamos a carga em relação à carga do elétron, à qual é dado o valor (1-). Experiências adicionais mostraram que os raios catódicos possuíam as mesmas propriedades que as partículas emitidas por elementos radioativos. Isso forneceu uma evidência adicional de que o elétron é uma partícula fundamental da matéria. J.J. Thonsom através do estudo dos raios catódicos defendeu a idéia de que o elétron é um constituinte da matéria e com esses estudos recebeu o Prêmio Nobel de Física, em1906. Os estudos avançaram com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre o átomo e a primeira evidência experimental da existência de uma partícula fundamental positiva veio do estudo dos raios canais que foram observados em tubo de raios catódicos especial, com um cátodo perfurado, conforme demonstrado na figura abaixo. Figura extraída de: Hartwuing, D. R., Química Geral e inorgânica v.1, São Paulo, 1999. Pelo experimento ilustrado na figura anterior, foi observado que elétrons de alta velocidade colidem com moléculas do gás de preenchimento da ampola e promovem a ejeção de outros elétrons (constituintes dos átomos presentes nas moléculas). Como resultado destas colisões, observa-se o surgimento de partículas com sentido de movimentação contrário aos raios catódicos, ou seja, dirigem-se ao pólo negativo (cátodo) com a formação de outro feixe de raios. Através das características observadas nesse outro feixe de raios, constatou- se que: - Esse feixe de raios, ao contrário dos raios catódicos, sofre um desvio em direção ao pólo negativo. Como cargas de sinais contrários se atraem, concluímos que as moléculas do gás que perderam elétrons possuem carga POSITIVA. - Para cada gás utilizado no tubo, o desvio dos raios positivos não é uniforme. Isso ocorre porque as partículas resultantes da colisão de diferentes gases possuem diferentes massas e podem, também, apresentar cargas de diferentes valores. : Uma vez que as moléculas do gás perdem elétrons (cargas negativas), elas passam a ter carga positiva. Portanto, podemos dizer que a carga positiva faz parte da própria molécula, isto é, não foi adquirida. Ainda, como as moléculas são formadas por átomos, a carga positiva é parte dos próprios átomos que as constituem. Às partículas positivamente carregadas, foi atribuído o nome de prótons (do Grego, “aquele que é primeiro”) o qual constitui os átomos em conjunto com os elétrons. O cientista responsável pela atribuição do termo próton foi Ernest Rutherford. Continuando na linha do tempo, em 1886, o físico alemão Eugen Goldstein demonstrou que a perfuração do cátodo de uma ampola de descarga de gás proporcionava uma luminescência na parte posterior do cátodo. Mais tarde, o físico Wilhelm Wien observou que esses raios eram positivos e que sua massa e sua carga dependiam da natureza do gás que ocupava o interior do tubo. A menor massa, obtida com o gás hidrogênio, coincidia com a massa do próton, sendo a carga também igual à desta partícula atômica. Figura capturada no portal www.google.com.br No intuito de estabelecer qual a relação carga-massa para os prótons, os experimentos foram realizados usando gás hidrogênio e os resultados indicaram que o hidrogênio fornece partículas positivas com a menor massa. Desta maneira, a massa do próton foi determinada experimentalmente em 1,672622 x 10-24 g ,enquanto que a carga relativa do próton, igual em tamanho, mas com sinal oposto à do elétron, é de (+1). : Sabemos até agora que o átomo é constituído por elétrons com carga elétrica negativa e prótons com carga elétrica positiva. Então você poderia agora perguntar: O número de elétrons em um átomo seria igual ou diferente do número de prótons? Qual é o mais pesado: um elétron ou um próton? Como os elétrons e os prótons estariam distribuídos no átomo? Em relação à primeira pergunta, a resposta dada na época foi que qualquer átomo que perde um número n de elétrons adquire n cargas positivas cujo valor é n vezes o da carga de um elétron. Isso nos leva à seguinte conclusão: no interior de um átomo, existe, para cada elétron, uma carga positiva de igual valor. Desta forma, dizemos que o átomo é eletricamente neutro, pois o número de cargas elétricas negativas (elétrons) é neutralizado completamente pelo número de cargas positivas (prótons). A segunda pergunta é respondida da seguinte forma: quando qualquer átomo perde um ou mais elétrons, a massa total do átomo permanece praticamente a mesma. Isso evidencia que a maior parte da massa total do átomo se deve muito mais às cargas positivas (prótons) do que às negativas (elétrons). Tentando responder a terceira pergunta é que surgiram os modelos atômicos e o de Thonsom forneceu à comunidade científica um modelo atômico semelhante a um “pudim coberto com passas”, conforme descrito abaixo: Figura extraída de: Hartwuing, D. R., Química Geral e inorgânica, v.1. São Paulo, 1999. O modelo descrito acima foi aceito até 1911, quando Rutherford propôs um modelo mais aprimorado. Em 1896, o físico francês Henri Becquerel (1852-1908) descobriu que um minério de urânio emitia raios capazes de escurecer uma placa fotográfica, mesmo que esta estivesse coberta por papel preto para evitar sua exposição à luz. Em 1898, Marie Curie e seus colaboradores isolaram o polônio e o rádio, os quais também emitiam o mesmo tipo de raios e, em 1899, madame Curie sugeriu que os átomos de determinadas substâncias emitiam esses raios incomuns que se desintegram. Este fenômeno foi denominado de radioatividade e as substâncias que apresentam essa propriedade são ditas radioativas. A massa total do átomo seria devida quase que totalmente apenas „as cargas positivas. Estas estariam espalhadas, uniformemente, por toda uma esfera, formando uma massa compacta e uniforme. Na superfície dessa massa estariam aderidos os elétrons, espaçados de modo uniforme. Modelo pudim coberto com passas Pudim – massa de Cargas positivas Passas – seriam os elétrons Baseado nessas informações, Rutherford sugeriu que os átomos poderiam conter partículas relativamente pesadas sem nenhuma carga elétrica e, em 1932, o físico britânico James Chadwick (1891-1974), aluno de Rutherford, obteve evidências para fundamentar esta suposição. Ele descobriu que uma radiação muito penetrante era liberada quando partículas provenientes de polônio radioativo atingiam um alvo de berílio; essa radiação foi direcionada para um alvo de parafina, e então ele observou que prótons emanavam desse alvo. Seu raciocínio foi de que somente uma partícula pesada e sem carga que emanava de berílio poderia ter causado esse efeito. Essa partícula conhecida como nêutron não apresenta carga elétrica e tem massa de 1,674927 x 10–24 g, ligeiramente maior do que a massa de um próton. Assim, por volta de 1910, Ernest Rutherford e seus colaboradores, Hans Geiger (1882-1945) e Ernst Marsden (1889 -1970) resolveram testar o modelo de Thonsom e observaram o que ocorreu quando as partículas atravessaram a folha de ouro. Figura extraída de: Hartwuing, D. R., Química Geral e inorgânica, v.1. São Paulo, 1999. Rutherford e colaboradores puderam observar neste experimento com partículas alfa (íons de He2+) e outras partículas energéticas emitidas por elementos radioativos, que: 1. A maioria das partículas alfa atravessava a fina folha de ouro sem sofrer nenhum desvio. Esse fato indica que estas partículas não encontram nenhum obstáculo pela frente e seguem seu percurso em linha reta (resultado que confirmariaos experimentos de Thonsom). Daí se concluiu que existem enormes espaços vazios dentro do átomo, pois somente assim a maior parte das partículas α conseguiria atravessar a lâmina sem se desviar; 2. Algumas partículas α não conseguem atravessar a lâmina, sofrendo um desvio muito forte em seu caminho. Esse fato mostra que essas partículas encontravam algum obstáculo, porém não muito grande, quando atravessavam os átomos da lâmina; 3. Pouquíssimas partículas α não conseguem atravessar a lâmina e voltam para o mesmo lado de onde foram emitidas. Este fato evidencia que tais partículas encontram um obstáculo irremovível ao colidirem em algum ponto dos átomos da lâmina; 4. Ocasionalmente estas partículas densas, com velocidade elevada, eram desviadas e, algumas vezes, refletidas para trás, quase que em linha reta; No intuito de justificar suas observações, Rutherford propôs um novo modelo para o átomo. Nele, a carga positiva e a maior parte da massa atômica se concentrariam em um volume muito pequeno - minúsculo caroço - que chamou de núcleo, enquanto que os elétrons ocupariam a eletrosfera portadora de um grande volume espacial quando comparada ao núcleo (modelo B). Ao observamos a Figura abaixo, verificamos que o avanço do modelo de Rutherford (modelo B) em relação ao de Thomson (modelo A) foi significativa, uma vez que as partículas fundamentais do átomo passam a ocupar lugares distintos com a existência do núcleo e eletrosfera. Figura extraída de: Hartwuing, D. R., Química Geral e inorgânica, v.1. São Paulo, 1999. Rutherford concluiu ainda que os elétrons estavam tão afastados quanto possível do núcleo, ou seja, a pelo menos 10.000 unidade de distância. Ele chamou de número atômico (Z) o número de prótons que compõe um núcleo. Ao número total de partículas nucleares (prótons + nêutrons) atribuiu-se a denominação de número de massa (A). Mas, surge um questionamento que se repete também nesse modelo. Os elétrons estariam parados ou em movimento? Rutherford postulou que se os elétrons estivessem parados, seriam atraídos pela carga positiva do núcleo até caírem sobre ele e isto significaria a instabilidade do átomo e de toda a matéria. Como esta destruição nunca foi observada, Rutherford concluiu que os elétrons estariam em continuo movimento girando ao redor do núcleo, à semelhança dos planetas que orbitam ao redor do sol, sendo esta ideia a responsável pela denominação de modelo planetário. Figura criada pelo autor Este modelo, porém, entrava em contradição com a Física Clássica que afirma: “toda partícula portadora de carga elétrica e em movimento perde energia”. No caso dos elétrons, que são partículas elétricas e estão em movimento, esta perda de energia resultaria na diminuição de velocidade até a completa perda de movimento. Novamente, esta expectativa teórica não foi confirmada. As descobertas do próton, elétron e nêutron alertaram os cientistas no sentido de procurar relações entre a estrutura atômica e o comportamento químico. Assim, em 1902, Gilbert N. Lewis (1875-1946) sugeriu que os elétrons nos átomos poderiam estar arranjados em camadas a partir do núcleo. Já no início do século XX, grandes nomes da Física, a exemplo de Max Planck, Albert Einstein e Erwin Schödinger, concluíram (com base em inúmeros experimentos realizados no século XIX) que a Física Clássica era inadequada para descrever o comportamento de partículas minúsculas como prótons e elétrons. Um dos experimentos mais decisivos foi o estudo do perfil de emissão de radiação eletromagnética do corpo negro, definido como um objeto capaz de absorver ou emitir radiação sem preferência por determinados comprimentos de onda ou frequências. Nas observações dos resultados obtidos com o corpo negro, concluiu-se que os comprimentos de onda de máxima emissão deslocavam-se para valores cada vez menores á medida que a temperatura de aquecimento do corpo aumentava. Pela Física Clássica, tal observação era totalmente inesperada, visto que os valores de energia podiam assumir níveis contínuos. Assim, corpos com temperaturas relativamente baixas poderiam emitir quantidades apreciáveis de radiações eletromagnéticas mais energéticas como aquelas pertencentes à região ultravioleta do espectro eletromagnético (definido adiante), além de raios-X e raios ! Obviamente esta previsão nunca se concretizou, uma vez que as vizinhanças dos objetos não são devastadas pela emissão de radiações altamente energéticas. Portanto, havia algo muito estranho com a interpretação clássica das interações entre matéria e energia. + Movimento circular uniforme Um elétron girando é mantido em órbita pela atração eletrostática do núcleo carregado positivamente. Ganhando ou perdendo energia o elétron provavelmente teria um movimento em espiral Nesta época extremamente rica para a Ciência, surge a Mecânica Quântica alicerçada no princípio da quantização de energia. À luz deste postulado, o dinarmaquês Niels Bohr propõe, em 1913, um novo modelo atômico com quantização de energia para os elétrons nos átomos. Em resumo, a proposta de Bohr para a estrutura atômica fundamenta-se em três princípios: a) Um elétron tem energia constante em uma órbita particular (estado estacionário) e, por este motivo, não colide com o núcleo; b) O elétron possui apenas certas órbitas possíveis ao redor do núcleo; c) Variações de energia (ganho ou perda) correspondem a saltos de uma órbita interna a uma mais externa ou vice-versa. Deve-se salientar que, ao retornar para o estado fundamental (ou não excitado) de energia, o elétron devolve a energia fornecida na forma de radiação eletromagnética de frequência definida. Conforme você já deve ter percebido, a compreensão dos modelos atômicos mais recentes (postulados na primeira metade do século XX) requer o entendimento da natureza das radiações eletromagnéticas e é justamente deste assunto que se trata a próxima seção. Apesar da importância imensa e inquestionável do modelo atômico de Bohr para a Física e Química, ele apresentava uma limitação séria no tocante à concepção de órbitas ou localizações exatamente conhecidas para os elétrons. Em 1927, o físico alemão Heisenberg propôs o Princípio da Incerteza que afirma ser impossível determinar com exatidão o momento linear (m x v) e a posição de partículas tão diminutas como os elétrons. Desta forma, Heisenberg demonstrou que os elétrons possuem probabilidade de estarem a determinadas distâncias do núcleo. Após uma abordagem mais aprofundada da natureza da radiação eletromagnética, retornaremos novamente ao modelo atômico proposto por Bohr. 1.3 Radiação eletromagnética Nossa compreensão da luz e das ondas decorre das experiências realizadas pelos físicos no século XIX, entre eles o escocês James Clerk Maxwell (1831- 1879). Em 1864, ele desenvolveu uma elegante teoria matemática para descrever todas as formas de radiação em termos de campos elétricos e magnéticos oscilantes, ou seja, na forma de ondas. Daí, radiações como a luz (parte visível do espectro eletromagnético), as microondas, os sinais de rádio e televisão, bem como os raios X são chamadas coletivamente de radiações eletromagnéticas (ou energia radiante), as quais são definidas como campos magnéticos e elétricos perpendiculares entre si que se propagam em todas as direções do espaço. Figura capturada no portal www.google.com.br Ao observarmos a onda acima verificamos que a distância entre cristas sucessivas (ou pontos elevados de uma onda) ou entre depressões é chamada de comprimento de onda ( letra grega lambda), que se traduz para wavelenght na língua inglesa. A unidade mais usada para esta grandeza é o nanômetro (nm). As ondassão caracterizadas também pela freqüência, simbolizada pela letra grega (ni) e que diz respeito ao número de vezes que as cristas ou depressões passam por um ponto definido no espaço. A unidade de frequência é o ciclo por segundo (s-1) ou Hertz (Hz). Por sua vez, a altura máxima de uma onda é denominada de amplitude. A velocidade (denominada de c) para qualquer movimento periódico, inclusive o de uma onda é o produto do comprimento de onda pela freqüência, sendo expressa pela fórmula: Velocidade (m s-1) = comprimento de onda (m) x freqüência (s-1) ou: c (m s-1) = (m) x (s-1) Aqui, a unidade do comprimento de onda é convertida para metros para permitir a obtenção da unidade de velocidade em m s-1. No vácuo, a velocidade da luz vale 2,99792458 x 108 m s-1, ou aproximadamente 187 mil milhas s-1. Para a teoria atômica moderna que substituiu o modelo de Bohr em 1925, o tipo de movimento de ondas apropriado é o estacionário, pois se caracteriza por dois ou mais pontos em que não há nenhum movimento, isto é, a amplitude da onda é zero. Estes pontos de amplitude nula são chamados de nós. Observando a Figura abaixo, podemos identificar os diversos comprimentos de onda e freqüência empregados para cada aparelho que usamos no nosso ambiente. Figura capturada no portal www.google.com.br Ao conjunto de comprimentos de onda e frequências demonstrado na figura acima, dá-se o nome de espectro eletromagnético. Neste espectro, podemos observar que a porção visível aos olhos humanos corresponde a uma faixa bem estreita, com cores variando do vermelho ao violeta, ou do maior para o menor comprimento de onda (alternativamente, da menor para a maior frequência). Como discutido anteriormente no texto, os físicos do início do século XX introduziram o conceito de quantização de energia, sendo este conceito principalmente trabalhado pelo alemão Max Planck (1858-1947). Este cientista A radiação ultravioleta (UV), que pode levar a queimaduras solares, tem comprimentos de onda mais curtos do que a luz visível. notável propôs em 14/12/1900, na Sociedade Alemã de Física, uma equação que viria a se chamar equação de Planck. Segundo esta equação, a energia trocada com a matéria é proporcional à freqüência de vibração dos constituintes desta matéria (átomos, íons, entre outros), os quais podem ser considerados como unidades oscilantes. Deste modo, independentemente se a matéria vai receber ou liberar radiação eletromagnética, ela sempre o fará de forma quantizada. Como exemplo de liberação de energia radiante, podemos considerar o brilho de objetos aquecidos, ao passo que o aquecimento dos alimentos nos fornos de microondas constitui um fenômeno ocasionado pela absorção de energia radiante oriunda do magnetron destes equipamentos. Quando a energia radiante é absorvida pela matéria, ela pode promover diferentes efeitos, tais como: promoção de elétrons para níveis energéticos mais elevados, vibração dos átomos presentes em determinada molécula, ou ainda a rotação de moléculas em torno de seu centro de gravidade. A ocorrência de cada um dos fenômenos supramencionados dependerá da energia contida nas radiações eletromagnéticas e magnitude desta energia é expressa pela equação de Planck, indicada abaixo com a constante de proporcionalidade h (constante de Planck) igual a 6,62606876 x 10-34 J. s. Energia (J) constante de Planck (J.s) E = h frequência (s-1) Posteriormente, Einstein estendeu os estudos sobre a equação acima e supôs que a energia das radiações eletromagnéticas era transportada em pequenos pacotes denominados de fótons ou quanta, desprovidos de massa. Pela equação de Planck, podemos relacionar energia dos fótons com a frequência e o comprimento de onda da radiação eletromagnética. Assim, quanto mais energética for determinada radiação eletromagnética, maior será sua frequência e menor seu comprimento de onda, pois = c/ , onde c é a velocidade com a qual a radiação eletromagnética se propaga. Então a equação de Planck pode também ser escrita como E = hc/ . De acordo com esta última forma de expressar a equação de Planck, fica evidente que comprimentos de onda mais curtos (ou menores) estão associados a radiações de grande energia. Por exemplo, a radiação ultravioleta (capaz de causar danos às nossas células) possui valores de pequenos, ao passo que as ondas de rádio ou televisão apresentam comprimentos de onda bastante longos. Caso contrário, seríamos calcinados nas incontáveis vezes que nossos corpos são atravessados diariamente pelas ondas de rádio ou TV! Albert Einstein ainda utilizou a equação de Planck para explicar convincentemente o efeito fotoelétrico, o que lhe rendeu o Prêmio Nobel em Física no ano de 1921. A proposta de Einstein sobre o efeito fotoelétrico inclui as seguintes premissas: • Elétrons são ejetados de um átomo, se este interagir com partículas energéticas (fótons); • Um elétron pode ser ejetado de um átomo somente se uma quantidade mínima de energia for fornecida; - Quanto maior for a intensidade da radiação eletromagnética, mais fótons existirão para atingir uma superfície por unidade de tempo, o que implicará na ejeção de quantidades maiores de elétrons. Embora esse modelo não fosse um sucesso completo, ele introduziu conceitos novos, surpreendentes, que conduziram finalmente ao desenvolvimento do modelo moderno da estrutura atômica. A partir deste ponto, a natureza corpuscular da radiação eletromagnética estava fundamentada, da mesma forma que sua natureza ondulatória. As experiências com células fotoelétricas mostraram que os elétrons são ejetados da superfície somente se a freqüência da luz é alta o bastante, contudo, se a luz de uma freqüência mais baixa for usada, nenhum efeito será observado, não importando a intensidade da luz (seu brilho). As experiências indicaram ainda que se a frequência for acima do mínimo, entretanto, um aumento da intensidade da luz levará a um aumento da intensidade da corrente, pois mais e mais elétrons serão ejetados. Esta observação é uma consequência imediata da quantização de energia e da aplicação de equação deduzida por Max Planck, pois cada metal apresenta graus diferenciados de associação dos elétrons com a estrutura atômica. 1.4 Considerações adicionais sobre o átomo de Bohr Agora, após nossas considerações iniciais sobre o modelo atômico de Bohr e a natureza das radiações eletromagnéticas, temos condições de entender o motivo pelo qual o aquecimento de diferentes compostos em uma chama produz colorações distintas (ver figura abaixo). Figura capturada no portal www.google.com.br Quando um elemento químico é aquecido a altas temperaturas, os elétrons de seus átomos recebem energia e são forçados a se afastarem do núcleo e, ao retornarem ao nível fundamental, devolvem a energia recebida pela emissão de fótons associados a transições específicas e quanticamente permitidas entre níveis de energia ou órbitas. Como cada elemento químico possui níveis energéticos únicos e, portanto diferenças peculiares de energia, é de se esperar que uma chama contendo átomos de cálcio exibam coloração distintas daquela apresentada por uma chama com átomos de sódio, por exemplo. Os elétrons num átomo ganham ou perdem energia somente em números inteiros de quanta. Quando um elétron ganha ou perde energia , ele deve passar de um nível de energia para outro, digamos de E1 para E2 de acordo com a equação: E2 - E1 = nhv Onde: n = número inteiro positivo denominado de número quântico h = constantede Planck v = velocidade do elétron Para Bohr, o modelo mais simples de um átomo de hidrogênio era aquele em que o elétron move-se em uma órbita circular ao redor do núcleo. Ao propor isso, entretanto, ele teve de contradizer as leis da Física Clássica (um elétron carregado que se move no campo elétrico positivo do núcleo deve perder energia). Visando resolver esta contradição, Bohr introduziu a condição de que um elétron orbitando o núcleo poderia ocupar somente determinadas orbitais ou níveis de energia nos quais ele é estável. Isto é, a energia do elétron no átomo é quantizada. Combinando esse postulado de quantização com as leis de movimento da física clássica, Bohr mostrou que a energia potencial apresentado pelo único elétron no enésimo nível de energia ou órbita do átomo de H é dada pela equação: Constante de Planck Constante de Rydberg Veloc. da luz Energia potencial do elétron no enésimo nível (En ) = - R h c n Número quântico principal que dá a energia em unidades de joules por átomo. Observa-se a relação entre a energia potencial e o valor de n. Uma consequência do modelo de Bohr é que o raio das órbitas circulares aumenta com o aumento de n. Um elétron na órbita n = 1 é o mais próximo do núcleo e tem, portanto, a energia mais baixa ou mais negativa. Dizemos que um átomo com seus elétrons nos níveis de energia mais baixos possíveis encontram-se em seu estado fundamental. Quando o elétron de um átomo de hidrogênio ocupa uma órbita com n maior que 1, o elétron está mais distante do núcleo, o valor de sua energia é menos negativo e então dizemos que ele está em um estado excitado. A cada órbita permitida foi atribuído um valor de n, um número inteiro adicional (sem unidade) que tem valores de 1, de 2, de 3 e assim por diante. Este número inteiro é hoje conhecido como número quântico principal do elétron. Um pouco mais sobre a aplicação da teoria de Bohr na interpretação dos espectros de átomos excitados Uma suposição principal da teoria de Bohr era de que um elétron em um átomo permaneceria em seu nível de energia mais baixo, a menos que fosse perturbado. A energia é absorvida ou liberada se o elétron mudar de um nível de energia para outro. Foi essa idéia que permitiu que Bohr explicasse os espectros de gases excitados. Por exemplo, para uma transição de n = 2 a n = 1. Mover um elétron de um estado com n baixo para outro com n mais elevado requer que haja absorção de energia, e o sinal do valor de é positivo. O processo oposto, um elétron caindo de um nível de n mais elevado a outro mais baixo, emite conseqüentemente energia. Estado fundamental Estado excitado Estado fundamental O sinal negativo indica que houve liberação de energia, isto é, 984 kJ devem ser emitidos por mol de átomos de H. Dependendo de quanta energia é adicionada a um conjunto de átomos de H, alguns átomos tem seus elétrons excitados de n = 1 aos estados n = 2, 3, ou mais altos. Após absorver energia, esses elétrons movem-se naturalmente de volta para níveis mais baixos (diretamente ou em uma série de etapas até n= 1) e liberam a energia que o átomo absorveu inicialmente. Ao fazer isso, eles emitem energia, e essa energia é observada como luz. = + 984 kJ = - 984 kJ Energia absorvida Energia emitida n = 2 n = 1 Figura extraída de: Hartwuing, D. R. , Química Geral e inorgânica v.1 São Paulo 1999 Bohr atribui a cada uma dessas órbitas circulares um valor n onde n é um número inteiro maior ou igual a 1, isto é n = 1,2,3,4,5, etc. O valor n = 1 indica a órbita mais próxima do núcleo, na qual o elétron possui menor energia e os n seguintes indicam a seqüência das órbitas concêntricas com diâmetro crescente e energia decrescente. Assim n = 2 representa a segunda órbita com diâmetro maior que a primeira e energia menor que ela. Outra forma equivalente de representar estas órbitas é designa-lás por letras maiúsculas de K ate Q correspondendo a n =1 ate 7. 1 2 3 4 5 6 7 K L M N O P Q 2 8 18 32 32 18 2 Tais orbitais também recebem o nome de camadas eletrônicas ou níveis de energia 1.5 Uma visão moderna da estrutura atômica Prótons e neutros são encontrados no núcleo do átomo, que como proposto por Rutherford, é extremamente pequeno. A maior parte do volume atômico é o espaço no qual o elétron é encontrado. Eles são atraídos pelos prótons no núcleo pela força que existe entre as partículas de cargas elétricas opostas. Os átomos têm massas extremamente pequenas e a massa do átomo mais pesado conhecido, por exemplo, é da ordem de 4 x 10-22 g. Uma vez que seria incomodo expressar massas tão pequenas em gramas usamos a unidade de massa atômica ou u. Seriam necessários 1.836 elétrons para igualar a massa de um próton, logo o núcleo contem a maior parte de massa de um átomo. Os átomos são extremamente pequenos. A maioria deles tem diâmetro entre 1 a 10-10m e 5 x 10-10m ou 100-500pm. Uma unidade de comprimento conveniente, embora, não reconhecida pelo SI, usada para expressar dimensões atômicas é o angströn (A0). Um angstron é igual a 10-10 m. Os átomos tem diâmetros na ordem de 1-5 A0.Os átomos de um dado elemento cujo número de nêutrons difere e, consequentemente, de massa também são chamados de isótopos. No quadro abaixo fazemos um resumo das propriedades das partículas subatômicas Massa Partículas Gramas Massa relativa Carga símbolo Símbolo Elétron 9,109382 x 10-28 0,000548799 -1 e- Próton 1,672622 x 10-24 1,007276 +1 p+ Nêutron 1,674927 x 10 –24 1,008665 0 n0 Apos a primeira guerra mundial Bohr reuniu um grupo de físicos cujo objetivo era derivar uma teoria detalhada para o comportamento dos elétrons nos átomos do ponto de vista do elétron como uma partícula. O austríaco Erwin Schrödinger (1887-1961) trabalhava independentemente com o mesmo objetivo, mas ele usou a hipótese de De Broglie de que um elétrons em um átomo poderia ser descrito por equações para o movimento das ondas. Embora Bohr como Schrödinger tivessem sido bem sucedidos em predizer alguns aspectos do comportamento do elétron, a aproximação de Schrödinger deu resultado corretos para algumas propriedades para as quais a aproximação e Bohr falhou. Por esse motivo, os teóricos de hoje usam primariamente o conceito de Schrödinger. A aproximação geral para compreender o comportamento atômico desenvolvida por Bohr e Schrödinger e seus colegas veio a ser chamada de mecânica quântica ou mecânica ondulatória. 1.6 Mecânica quântica do átomo e os orbitais atômicos Propriedades Ondulatórias do elétron e a Lei de Broglie: Se a luz podia ser considerada como tendo propriedades de onda e de partícula, a matéria se comportaria de modo semelhante??? Em 1924, Louis Victor de Broglie (1892-1987) estendeu aos elétrons o caráter dualísticoda LUZ, como comprovado experimentalmente por Albert Einstein com o Efeito Fotoelétrico. Ele introduziu a idéia de que o elétron deveria ser considerado não apenas como uma partícula, mas também como uma vibração ou onda ao redor do núcleo do átomo. Assumindo que os elétrons podem se comportar como partículas e como ondas, tornou-se possível aplicar os conceitos da Mecânica Ondulatória, que é a parte da Física que estuda os movimentos ondulatórios. Isto permitiria uma melhor explicação dos fenômenos físicos e químicos observados. Figura extraída de: Hartwuing, D. R., Química Geral e inorgânica, v.1. São Paulo, 1999. Essa idéia era revolucionária porque ligou as propriedades de partículas do elétron (m v) a uma propriedade de onda (λ). Assim, um elétron livre de massa m movendo-se com uma velocidade v, deverá ter um comprimento de onda (λ) associado dado pela equação: λ = h . m v O Principio de Incerteza de Heisenberg: Quando fazemos uma luz incidir em partículas muito pequenas, como é o caso do elétron, não conseguimos saber sua exata localização. Por que isso ocorre?????? A razão é que a luz tem muita energia, se comparada com à do elétron por ser este tão pequeno. Essa energia, então, provoca o constante deslocamento do elétron, alterando não só sua posição como sua velocidade. Isso significa que não podemos determinar com precisão nem a velocidade nem a localização do elétron. Werner Heisenberg (1901-1976) formulou o seguinte principio: “Quanto mais certeza tivermos quanto à posição do elétron, tanto menor será a precisão com que podemos definir sua velocidade e vice-versa” (Premio Nobel de Física em 1932). “É impossível determinar, exatamente, a localização e a velocidade de um elétron em um dado instante“. Os cálculos requerem informações precisas sobre a posição e velocidade do elétron. Δx. Δv ≥ h , onde: 4π Δx = incerteza na determinação da posição Δv = incerteza na determinação da velocidade Em 1927, o austríaco Erwin Schörodinger conclui, através de cálculos matemáticos, que não mais poderíamos falar em localizar exatamente o elétron (tal como proposto pelo modelo de Bohr) mas, ao invés disso, deveríamos pensar em termos de uma região ao redor do núcleo do átomo na qual seria mais provável encontrar o elétron. A essa região é dado o nome de orbital. O Modelo de Schrödinger para o átomo de hidrogênio e as funções de onda O modelo baseava-se na premissa de que o elétron pode ser descrito como uma onda e não como uma minúscula partícula. Ao contrário do modelo de Bohr, a aproximação de Schrödinger resultou em equações matemáticas (funções de onda e simbolizadas pela letra grega ψ, psi) que são complexas e de difícil solução, exceto em casos específicos. Os seguintes pontos podem ser destacados para a compreensão das funções de onda: 1. O comportamento do elétron no átomo é mais bem descrito como uma onda estacionária. Se em uma corda vibrando, somente determinadas vibrações ou ondas estacionárias podem ser observadas; de modo análogo para o elétron somente determinadas funções de onda são permitidas; 2. O quadrado da função de onda (ψ2) está relacionado com a probabilidade de se encontrar o elétron dentro e uma determinada região do espaço. Os cientistas se referem a isso como densidade eletrônica em uma determinada região; 3. A teoria de Schrödinger define precisamente a energia do elétron. O princípio de incerteza, entretanto, diz que há uma incerteza grande na posição do elétron. Assim, podemos descrever somente a probabilidade de o elétron estar em algum ponto no espaço quando estiver em um determinado estado de energia. A região do espaço de maior probabilidade de se encontrar um elétron de determinada energia é chamada de orbital; 4. Para resolver a equação de Schrödinger para um elétron no espaço tridimensional, três números inteiros – os números quânticos n, l e ml – são parte integral da solução matemática. Os números quânticos são usados para definir os estados de energia e os orbitais disponíveis para o elétron. O Modelo atômico atual (1924-1927) Proposto por Erwin Schrödinger, de Broglie e Werner Heisenberg este modelo apóia-se nos seguintes princípios: 1.Teoria sobre a dualidade onda-partícula, de Louis De Broglie; 2. Princípio da incerteza, enunciado por Werner Heisenberg. 3. A mecânica quântica, desenvolvida por Schrödinger e Heisenberg, deu origem ao estudo das funções de onda e dos números quânticos, pois o átomo de Schrödinger é um modelo matemático. Como não se pode falar em posição do elétron no átomo, a Mecânica Quântica pode determinar a região de máxima probabilidade onde possa estar o elétron – orbital. No site www.profcupido.hpg.ig.com.br/teoria_atomica.htm você encontrara mais informações sobre o assunto Teoria Atômica e poderá solidificar mais os seus conhecimentos. APROVEITE! 1.7 Representação e formato dos orbitais atômicos A solução da equação Schrödinger para o átomo de hidrogênio produz um conjunto de funções de onda e energias correspondentes. Essas funções de onda são chamadas orbitais. Cada orbital descreve uma distribuição específica da densidade eletrônica no espaço, como determinado pela probabilidade de densidade. Cada orbital, consequentemente, tem energia e forma características. Consideremos quais observações podemos obter a partir de cada um desses orbitais e como eles estão relacionados entre si. 1. n, o número quântico Principal = 1, 2. 3,... O número quântico Principal n pode ter qualquer valor do inteiro 1 ao infinito. - O valor de n é o fator primário na determinação da energia de um elétron. À medida que n aumenta, o orbital torna-se maior, e o elétron passa mais tempo mais distante do núcleo. Um aumento em n significa também que o elétron tem energia alta e, por isso, está menos fortemente preso ao núcleo; - O valor de n é também uma medida do tamanho de um orbital: quanto maior o valor de n, maior é o orbital do elétron. Observação: Cada elétron é rotulado de acordo com o seu valor de n. Nós átomos que possuem mais de um elétron, dois ou mais elétrons podem ter o mesmo valor de n. Dizemos que esses elétrons ocupam a mesma camada eletrônica 2. l, o número quântico de momento angular = 0, 1, 2, 3,.... n –1 Figura capturada no portal www.google.com.br Os elétrons em uma determinada camada podem ser agrupados em subcamadas, cada uma das quais é caracterizada por um valor diferente do número quântico l e por um formato característico. O valor de n limita o número de subcamadas possíveis para a enésima camada porque l não pode ser maior do que n –1. Assim, para n =1, l deve ser igual a 0 e somente 0. Valor de l símbolo do da subcamada correspondente 0 s 1 p 2 d 3 f z y x z y x n = 3 n = 2 3. ml. O Número quântico Magnético = 0, 1, 2, 3, ..., l O número quântico magnético, ml, está relacionado à orientação dos orbitais em uma subcamada. Orbitais em uma determinada subcamadadiferem apenas quanto à sua orientação no espaço, não quanto à sua energia. O valor de l limita os valores inteiros atribuídos a ml, podendo variar entre + l e - l, incluindo o 0. O conjunto de orbitais com o mesmo valor de n é chamado de nível eletrônico. Assim todos os orbitais que têm n = 3 são chamados de terceiro nível. O conjunto de orbitais que tem os mesmos valores de n e l são chamados subnível. Cada subnível é designado por um número (o valor de n) e da letra (s, p, d, f correspondendo aos valores de l). Por exemplo, os orbitais que têm n = 3 e l = 2 são chamados orbitais 3d e estão no subnível 3d. A Tabela a seguir resume os possíveis valores dos números quânticos l e m para os valores de n até n = 4. n Valores possíveis de l Designação do subnível Valores possíveis de ml N 0 orbitais no subnível N 0 total de orbitais no nivel 1 0 1s 0 1 1 2 0 1 2s 2p 0 1, 0 -1 1 3 4 3 0 1 2 3s 3p 3d 0 1, 0 -1 2, 1, 0 -1 -2 1 3 5 9 4 0 1 2 3 4s 4p 4d 4f 0 1, 0 -1 2, 1, 0 -1 -2 3, 2, 1, 0 -1 -2, -3 1 3 5 7 16 Ele determina as energias possíveis para o elétron dentro de uma camada. - dentro de uma mesma camada, quanto maior o valor de l, maior a energia do elétron; - tal número identifica o subnível em que os elétrons se encontram As restrições aos possíveis valores dos números quânticos dão origem às seguintes observações mais importantes: 1. O nível com o número quântico principal n consistirá em exatamente n subníveis. Cada subnível corresponde a um valor permitido diferente de l, variando de 1 a n -1. Portanto, o primeiro nível (n = 1 consiste em apenas um subnível, 0 1s (l = 0); o segundo nível (n=2) consiste em dois subníveis, o 2s (l=0) e o 2p (l = 1); o terceiro você já pode imaginar consiste em subníveis, 3s, 3p e 3d e assim por diante; 2. Cada subnível consiste em um número específico de orbitais. Cada orbital corresponde a diferentes valores permitidos de ml. Para determinado valor de l, existem 2l +1 valores permitidos de ml, variando de – l a + l. Portanto, cada subnível s (l = 0) consiste de um orbital; cada subnível p (l= 1) consiste em três orbitais; cada subnível d (l = 2) consiste em cinco orbitais e cada subnível f (l=3) consiste em sete orbitais: s p d f 3. O número total de orbitais em um subnível é n2, onde n é o número quântico principal do nível. O número de orbitais resultantes para os subníveis (1, 4, 9, 16) está relacionado com um padrão observado na Tabela periódica que será o nosso próximo assunto a desenvolver. Vamos agora examinar as maneiras pelas quais podemos visualizar os orbitais Orbitais s – O orbital de mais baixa energia, o 1s, é esférico. Todos os orbitais s são esfericamente simétricos e quando a função de probabilidade 2 é colocada em um gráfico como função da distancia a partir do núcleo r, ela aproxima-se do zero rapidamente. Esse efeito indica que o elétron, atraído em direção ao núcleo por forças eletrostáticas, é pouco provável de ser encontrado longe do núcleo. Figura capturada no portal www.google.com.br Orbitais p – Como você pode observar na Figura abaixo, a distribuição eletrônica para um orbital 2p não está distribuída de forma esférica como em um orbital s. Dizemos que esse orbital está na forma de halteres e que possui dois lóbulos, onde a distribuição eletrônica está concentrada nesses dois lóbulos em ambos os lados do núcleo, separados por um nó no núcleo. Observe que cada nível começando com n = 2 tem três orbitais e é conveniente rotulá-los como orbitais px , py e pz. Esses índices indicam o eixo ao longo do qual está orientado. Do mesmo modo que os orbitais s, os orbitais p aumentam de tamanho quando passamos de 2p para 3p, deste para 4p e assim por diante. px py pz Figura capturada no portal www.google.com.br Orbitais d e f - Quando n é igual ou maior que 3, encontramos os orbitais d ( para o qual l = 2) e quando n é maior ou igual a 4, existem sete orbitais f equivalentes (para os quais l = 3). Existem cinco orbitais 3d, cinco orbitais 4d, etc. Os diferentes orbitais de d em determinado nível tem diferentes formatos como pode ser observado abaixo: dxy dyz dxz dx2y2 dz2 Figura capturada no portal www.google.com.br Orbitais 7f Figura capturada no portal www.google.com.br Spin eletrônico e o principio de exclusão de Pauli Em 1600, William Gilbert (1544-1603) concluiu que a Terra é um grande imã esférico que dá origem a um campo magnético que cerca o planeta. Em 1920, foi demonstrado experimentalmente que o elétron, além de se movimentar ao redor do núcleo do átomo, tem um comportamento como se tivesse uma rotação da mesma forma que a Terra (rotação em torno do seu próprio eixo). Assim a rotação do elétron passou a ser representada por um quarto número quântico magnético de spin eletrônico ms onde apenas dois valores possíveis são permitidos para ms: + ½ ou - ½ primeiramente interpretado como indicador dos dois sentidos opostos nos quais o elétron pode girar. Essa rotação, chamada de spin, faz o elétron se comportar como um imã, criando, assim, um campo magnético ao seu redor. Esse campo magnético, por sua vez, irá atrair ou repelir outro elétron que venha a se aproximar. Em 1925, o austríaco Wolfang Pauli (1900-1958) mostrou que, em um mesmo orbital, podem existir até dois elétrons. Como isso é possível, se a força de repulsão elétrica entre eles deveria expulsá-los dessa região?????????? Então, devera existir outra força de atração que seja maior que a força de repulsão elétrica????????? O fato de dois elétrons permanecerem em um mesmo orbital é conseqüência de a força de atração magnética (provocada pelos spins opostos) ser maior que a força de repulsão elétrica (provocada pelas cargas elétricas de mesmo sinal). Se os dois elétrons apresentarem o mesmo sentido de rotação, dizemos que eles possuem spins paralelos. Nesse caso é produzida uma força de repulsão magnética, impedindo que esses dois elétrons permaneçam no mesmo orbital. Desta maneira, o spin eletrônico é crucial par o entendimento das estruturas eletrônicas dos átomos. Pauli, em 1925, descobriu o princípio que governa a distribuição dos elétrons em átomos poiletrônicos. O principio de exclusão de Pauli afirma que dois elétrons em um átomo não podem ter o conjunto de quatro números quânticos n, l, ml e ms iguais. Essa restrição permite-nos relacionar os elétrons em um átomo, dando seus números quânticos e definindo a região no espaço onde cada elétron é mais provável de ser encontrado. 2.0 Classificação periódica dos elementos químicos 2.1 Número Atômico e Massa Atômica Para falar desses conceitos é realmente preciso observar a Tabela Periódica, pois ela retrata as propriedades físicas e químicas dos elementos químicos. Assim, todos os átomos de um mesmo elemento têm o mesmo número de prótons no núcleo. O número de prótons no núcleo de um elemento é seu número atômico, normalmente representando por Z. Na tabela periódica publicada pela Sociedade Brasileira de QuímicaSBQ, o número atômico é escrito na parte superior e do lado esquerdo do símbolo. Número Atômico Assim, ao observar a Tabela Periódica, você deverá verificar onde o número atômico está posicionado e ele deverá indicar a quantidade de prótons do núcleo. Já que as massas dos prótons e dos nêutrons são tão próximas de 1 uma, a massa relativa de um átomo pode ser estimada se o seu número de prótons e de nêutrons for conhecido. A soma do número de prótons e de nêutrons em um átomo é chamada de número de massa (massa atômica relativa), normalmente representada por A. Na tabela periódica publicada pela Sociedade Brasileira de Química SBQ, o número de massa é escrito na parte inferior e do lado esquerdo do símbolo do elemento. Massa atômica 14 Si silício 14 Si Silício 28,086 2.2 Elementos químicos: Simbologia Elementos são as espécies mais simples de matéria e não podem ser convertidos em substâncias mais simples por transformações químicas. Cento e três elementos químicos de ocorrência natural são conhecidos além de 19 preparados pelo homem, cada um constituído por uma espécie de átomo. Um dos postulados originais de Dalton era que os átomos de um elemento são todos semelhantes e diferentes dos átomos de outros elementos. Sabemos agora que átomos de um elemento podem diferir em massa, mas, apesar disto, o postulado de Dalton é ainda aceitável. A cada elemento é atribuído um símbolo que representa átomos dessa determinada espécie. O símbolo consiste de uma ou duas letras derivadas do nome latino ou inglês do elemento, e é, simplesmente, uma designação química abreviada para essa espécie de átomo. Assim o símbolo do cálcio é Ca, o do alumínio é Al e o do plutônio é Pu. O símbolo, para muitos elementos comuns, pode parecer um tanto obscuro, porém devemos lembrar que o ferro (Fe), ouro (Au), prata (Ag), mercúrio (Hg), estanho (Sn) e chumbo (Pb) eram conhecidos pelos romanos, e os símbolos atuais derivam dos nomes latinos destas substâncias simples. Podemos fazer uma consulta interessante sobre etimologia química recorrendo a um bom dicionário. O lantânio (La), por exemplo, é o nome de um elemento que só foi descoberto recentemente. Seu nome deriva do grego lanthanein, que quer dizer oculto. 2.3 Configurações eletrônicas dos elementos A maneira na qual os elétrons são distribuídos entre os vários orbitais de um átomo é chamado de configuração eletrônica. A mais estável configuração eletrônica, ou estado fundamental, de um átomo é aquela na qual os elétrons estão nos estados mais baixos possíveis de energia. Se não existissem restrições nos possíveis valores para os números quânticos dos elétrons, todos os elétrons se aglomerariam no orbital 1s porque é o mais baixo em energia. Entretanto, o principio de exclusão de Pauli nos diz que pode haver no máximo dois elétrons em um único orbital. Assim, os orbitais são preenchidos em ordem crescente de energia, com dois elétrons por orbital. Em geral, para elétrons no mesmo nível energético principal, a penetração aumenta na ordem s>p>d>f. Isto prevê a existência de subníveis energéticos, como os designados pelos valores do número quântico l. A ordem das energias das subcamadas determinada experimentalmente que as energias das subcamadas de átomos multieletrônicos depende de n e de l. As subcamadas com n= 3, por exemplo, possuem energias diferentes; para determinado átomo, elas estão na ordem 3s< 3p <3d. A ordem de energia das subcamadas e os arranjos reais dos elétrons nos elementos levam a duas regras gerais que ajudam prever estes arranjos: - Os elétrons são atribuídos às subcamadas em ordem crescente do valor de “n + l” - Para duas subcamadas com o mesmo valor de “n + l”, os elétrons são atribuídos primeiro à subcamada com n mais baixo. e x é o número de elétrons existente no subnível. Como já sabemos, cada átomo possui um certo número de elétrons, que é igual ao valor de seu número atômico (Z). Os elétrons se encontram distribuídos nos orbitais ao redor do núcleo dependendo do número de elétrons A Figura ao lado é um guia útil para nos auxiliar a preencher os subníveis partindo da energia mais elevada. Os números dentro dos círculos, nas setas, indicam a ordem geral de preenchimento dos subníveis. Observe o número máximo de elétrons em cada subnível, dado ao alto do diagrama. O subnível de energia mais elevada, ocupado realmente por qualquer átomo conhecido, no estado fundamental, é o 6d. Há 59 orbitais disponíveis, até esse ponto, na escala energética, o que é mais do que suficiente para acomodar os 103 elétrons de um átomo como, por exemplo, o de laurêncio. Podemos agora representar a estrutura eletrônica dos átomos, no estado fundamental, pela notação nlx, em que n é o número quântico principal, l é o número quântico azimutal (s, p, d, f) 2 6 10 14 de cada átomo. A ocupação dos orbitais não corre ao acaso, mas sim conforme a ordem crescente de energia correspondente a cada subnivel. Figura extraída de: Hartwuing, D. R., Química Geral e Inorgânica, v.1. São Paulo, 1999. Podemos observar que a ordem crescente de energia dos subníveis nem sempre acompanha a ordem crescente de energia das camadas. É o que acontece, por exemplo, com o subnível 4s. Embora pertença à camada N (n=4), esse subnível é menos energético do que o subnível 3d, que pertence à camada M (n=3) A seqüência dada pelo diagrama de Pauling é utilizada para determinar como os elétrons estão distribuídos nos diferentes átomos: K 1s2 L 2s2 2p6 M 3s2 3p6 3d10 N 4s2 4p6 4d10 4f14 O 5s2 5p6 5d10 5f14 P 6s2 6p6 6d10 Q 7s2 Entretanto, certos átomos apresentam desvios em relação à ordem de preenchimento. Estes desvios provêm do fato de que alguns subníveis, por exemplo 4s e 3d, têm energias muito próximas e a diferença entre eles varia com o número atômico. Podemos observar, por exemplo, que para números atômicos elevados, os subníveis do quarto nível energético principal, agora escondidos na nuvem total de elétrons, só diferem ligeiramente em energia. Exemplos: 11Na 1s 2 2s2 2p6 3s1 15P 1s 2 2s2 2p6 3s2 3p3 36Kr 1s 2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 Embora não mostremos no diagrama de Pauling, todos os subníveis diminuem progressivamente de energia à medida que aumenta o número atômico, uma vez que eles são cada vez mais atraídos para o núcleo, por um aumento de carga nuclear. Outro fator que afeta as estruturas eletrônicas, no estado fundamental de certos átomos, é a simetria da distribuição eletrônica. Por exemplo, podemos antecipar para o cromo, no estado fundamental, a estrutura eletrônica: 24Cr 1s 2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d4 Entretanto, a simetria de um subnível preenchido pela metade resulta numa energia mais baixa para a estrutura: 24Cr 1s 2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1 3d5 e isso é o que podemos observar na estrutura do estado fundamental. Alguns outros exemplos de desvio desta natureza são: 29Cu 1s 2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1 3d10 42Mo 1s 2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s1 4d5 2.4 Características da tabela periódica As características organizacionais principais da TabelaPeriódica são os seguintes: - os elementos são arranjados de modo que aqueles com propriedades químicas e físicas similares encontram-se nas colunas verticais chamadas grupos ou famílias. A tabela periódica é divida em três tipos diferentes de elementos, baseados em configurações eletrônicas. Os elementos nos quais o subnível mais externo é um subnível s ou p são chamados elementos representativos (ou grupo principal). Aqueles elementos nos quais um subnível d é preenchido são chamados elementos de transição (ou metais de transição). Os elementos nos quais o subnível 4f é preenchido são chamados lantanídeos. Os actinídeos são aqueles nos quais o subnível 5f é preenchido. O conjunto dos elementos lantanídeos e actinídeos é chamado de metais do bloco f. Esses elementos são mostrados como duas linhas de 14 elementos abaixo da parte principal da tabela periódica. - as fileiras horizontais da tabela periódica são chamadas de períodos e são numerados começando com 1 para o período que contem somente H e He. Por exemplo, o sódio Na está no Grupo 1A e é o primeiro elemento no terceiro período. 2.5. Desenvolvimento da tabela periódica Foi no século XVI que pesquisadores iniciaram a relacionar as propriedades de algumas substâncias e a massa atômica dos átomos que as constituem. Já em 1829, J. W. Döbereiner, químico alemão ordenou grupos de três elementos que possuíam propriedades semelhantes: Ex: (Cl, Br, I); (Ca, Sr, Ba); (S, Se, Te). Ele observou que o elemento do meio de cada tríade tinha massa atômicamuito próximo da média aritmética (valor médio) do massa atômicados outros elementos. Ficou assim reconhecido o trabalho como As Tríades de Döbereiner. Em 1862, o geólogo Alexandre Chancourtois, na busca do estabelecimento de uma ordem de arrumação dos elementos existentes, tabelou-os numa linha espiral em volta de um cilindro (O Parafuso Telúrico) lido de baixo para cima. Por sua vez, o químico inglês John Newlands, organizou os elementos em “oitavas” (pois era amante da música), seguindo o aumento do peso atômico, ou seja, as propriedades se repetiam a cada 8 elementos. Nomeou essa ordem de Lei das oitavas. O conceito da periodicidade química deve seu desenvolvimento a dois químicos, Lothar Meyer (alemão) e Dimitri Mendeleyev (russo). Ambos fizeram uma lista dos elementos em ordem crescente de peso atômico. Trabalhando independentemente eles descobriram a lei periódica e publicaram tabelas periódicas dos elementos. Em 1869, Meyer, na Alemanha, e Mendeleev, na Rússia, publicaram esquemas de classificação praticamente idênticos, sendo que os dois cientistas observaram que as similaridades das propriedades físicas e químicas repetiam-se periodicamente de acordo com a distribuição crescente dos elementos em termos de massa. Cerca de 60 elementos já eram conhecidos na época. Atualmente, a tabela periódica apresenta os elementos distribuídos seguindo as normas da IUPAC em 18 grupos e 7 períodos (sendo dois curtos e 5 longos). Figura extraida de: Kortz John C., Paul M. Treichel Jr. Quimica geral e reações quimicas. São Paulo: Pioneira Thonsom Learning, 2005. Classificação dos Grupos: Elementos Representativos: Compreendem os metais, incluindo os alcalinos e alcalinos terrosos, não metálicos, halogênios e gases nobres. Antigamente, os elementos representativos eram nominados pela letra A Grupo 1A, os metais alcalinos: Li, Na, K, Rb, Cs e Fr Todos são metais e sólidos à temperatura ambiente e com grande reatividade. Por exemplo, os elementos do grupo 1A reagem com água para produzir hidrogênio e soluções alcalinas. Em razão de sua reatividade, esses metais somente são encontrados na natureza combinados com outros elementos formando compostos (NaCl, por exemplo) e nunca como substâncias simples. Grupo 2A, os metais alcalino-terrosos: Be, Mg, Ca Sr, BA e Ra Esses elementos metálicos ocorrem naturalmente apenas em compostos a exemplo do cálcio encontrado nos depósitos de calcário (CaCO3). À exceção do berílio, esses elementos também reagem com água para produzir soluções alcalinas, e a maioria de seus óxidos (como a cal, CaO) forma soluções alcalinas. Grupo 3A: B, Al, Ga, In e Tl À exceção do boro que é um metalóide todos os demais são metais. Grupo 4A: C, Si, Ge, Sn e Pb Neste grupo há um não-metal, o carbono, dois metalóides, silício e germânio, e dois metais estanho e chumbo. Por causa da mudança de comportamento metálico para não-metálico, existe mais variação nas propriedades dos elementos desse grupo do que na maioria dos outros. Um dos aspectos mais interessantes da química dos não-metais é que um determinado elemento pode freqüentemente existir em diversas formas diferentes, chamadas de alótropos, cada um com suas propriedades. Ex: o carbono tem pelo menos três formas alotrópicas (o carbono grafite, carbono diamante e buckministerfulereno “buckybolas”). Grupo 5A: N, P, As Sb e Bi O nitrogênio, na forma N2, constitui aproximadamente três quartos da atmosfera terrestre; ele também está incorporado em substâncias biologicamente importantes, como a clorofila, as proteínas e o DNA. O fósforo, essencial à vida, é um constituinte importante dos ossos e dos dentes. O elemento brilha no escuro se estiver no ar e seu nome, derivado da língua grega, significa “portador de luz”. Grupo 6A; O, S, Se, Te e Po Assim como o grupo 5A, os elementos do segundo e do terceiro períodos têm estruturas diferentes. À semelhança do nitrogênio, o oxigênio forma também uma molécula diatômica. O oxigênio constitui aproximadamente 20% da atmosfera terrestre que se combina prontamente com a maioria dos outros elementos. O enxofre, o selênio e o telúrio são conhecidos coletivamente como calcogênios (da palavra grega, khalkos, que significa cobre) porque eles ocorrem nos minérios de cobre. Grupo 7A, Halogênios; F, Cl, Br, I e At Todos estes elementos existem como moléculas diatômicas, são classificados como não-metais e, por isso, todos se combinam violentamente com os metais alcalinos para formar sais como o sal de cozinha, NaCl. Grupo 8A, Gases Nobres: He, Ne, Ar, Kr, Xe e Rn Estes gases não são abundantes em termos de distribuição na atmosfera terrestre e apresentam reatividade bastante reduzida. Até 1962, quando um composto de xenônio foi preparado pela primeira vez, acreditava-se que nenhum desses elementos se combinaria quimicamente com qualquer outro elemento, o que gerou o nome de gases nobres para esse grupo, termo cuja intenção é mostrar sua baixa reatividade em geral. Por este motivo, os gases nobres são às vezes chamados de gases inertes ou em virtude de sua pequena abundância, gases raros. Os Elementos de Transição Eles preenchem os Grupos B entre o quarto e o sétimo períodos da Tabela Periódica. Todos são metais e 13 deles estão entre os 30 elementos mais abundantes da crosta terrestre. A maioria ocorre naturalmente em combinação com outros elementos, mas alguns, tal como a prata (Ag), o ouro (Au) e a platina (Pt) são muitos menos reativos, de modo que podem ser encontrados na natureza como substâncias simples. As aplicações principais dos elementos de transição incluem as pinturas (titânio, cromo), os conversores catalíticos em sistemas de exaustão de Praticamente, todos os elementos de transição têm usos comerciais e são usados como materiais estruturais (ferro, titânio, cromo, cobre). automóveis (platina, paládio e ródio), a fabricação de moedas (cobre, níquel, zinco) e de baterias (manganês, níquel cádmio,mercúrio). Elementos Essenciais Apenas 11 entre todos os elementos conhecidos são principais, predominando em todos os sistemas biológicos e estão presentes nas mesmas quantidades relativas, aproximadamente. Nos seres humanos, esses 11 elementos constituem 99,9% do número total dos átomos presentes, enquanto apenas quatro deles (C, H, N e O) constituem 99% do total. Os demais, sódio, potássio, cálcio, magnésio, fósforo enxofre e cloro ocorrem na forma de íons perfazendo os 0,9% restantes. Outros elementos bastante abundantes são o nitrogênio (78% da atmosfera) e o hidrogênio, que ocorre como água na hidrosfera. Na Tabela abaixo, apresentamos a ordem de abundância de alguns elementos na crosta terrestre. Elemento químico % na crosta terrestre 1. Oxigênio 45,5 2. Silício 27,2 3. Alumínio 8,3% 4. Ferro 6,2% 5. Cálcio 4,7% 6. Magnésio 2,8% 7. Sódio 2,3% 8. Potássio 1,8% 9. Titânio 0,63% 10. Hidrogênio 0,15% 11. Fósforo 0,11% 12. Manganês 0,11% 2.6 A carga nuclear efetiva Para entender as propriedades dos átomos, devemos estar familiarizados não apenas com as configurações eletrônicas, mas, também, com a intensidade da força de atração entre o núcleo e os elétrons mais externos. Portanto, a força de atração entre um elétron e o núcleo depende da magnitude da carga nuclear líquida agindo no elétron e da distância média entre o núcleo e o elétron. Em um átomo polieletrônico, cada elétron é simultaneamente atraído pelo núcleo e repelido pelos outros elétrons. Em geral, existem tantas repulsões elétron-elétron que não podemos analisar exatamente a situação. Entretanto, podemos estimar a energia de cada elétron considerando como ele interage com o ambiente médio criado pelo núcleo e os outros elétrons no átomo. Essa abordagem permite-nos tratar cada elétron individualmente como se ele estivesse se movendo no campo elétrico criado pelo núcleo e pela densidade eletrônica vizinha. Esse campo elétrico é equivalente ao campo gerado por uma carga localizada no núcleo, chamada carga nuclear efetiva. A carga nucelar efetiva Zef agindo em um elétron é igual ao numero de prótons no núcleo, Z, menos o número médio de elétrons, S, que está entre o núcleo e o elétron em questão. Zef = Z - S Como S representa uma média, não é necessário que ele seja um número inteiro. A ordem em que os elétrons são atribuídos às subcamadas em um átomo e muitas propriedades atômicas podem ser relacionadas por meio do conceito de carga nuclear efetiva (Z*), que é a carga nuclear sentida por determinado elétron em um átomo multieletrônico, modificada pela presença dos outros elétrons. Ao observamos o exemplo abaixo perceberemos o efeito da ação da carga nuclear efetiva no átomo. Figura extraída de: Kortz John C., Paul M. Treichel Jr. Química geral e reações químicas. São Paulo: Pioneira Thonsom Learning, 2005. Podemos observar que os dois elétrons mais internos do lítio ocupam aproximadamente a região sombreada, mas essa região é penetrada pelo elétron 2s cuja curva aproximada de distribuição de probabilidade é mostrada na Figura acima. Quando o elétron 2s está a certa distância do núcleo, ele sente uma carga igual a +1 porque a carga +3 do núcleo de lítio é blindada pelos dois elétrons 1s. À medida que o elétron 2s penetra a região 1s, entretanto, o elétron 2s sente uma carga cada vez maior, até um máximo de +3. Desta maneira, o elétron 2s está submetido a uma carga média, chamada de carga nuclear efetiva Z* = 1,28, que é muito menor do que +3, porém, maior do que +1. 2.7 Propriedades Atômicas e Tendências Periódicas Tamanho Atômico O tamanho de um átomo é difícil de ser medido, pois os elétrons não estão localizados em uma distância definida ao redor do núcleo, mas, sim, permanecem em constante movimento. Para melhor compreender essa propriedade vamos considerar dois átomos de forma esférica e posicioná-los como se estivessem em contato. Figura criada pelo autor Na consulta a uma tabela periódica, iremos observar que se percorrermos os períodos da esquerda para a direta, encontraremos cargas nucleares (números de prótons) progressivamente maiores. Então, quanto maior a carga nucelar, maior será à força de atração que o núcleo exercerá sobre os elétrons. Essa força fará os elétrons ficarem mais próximos do núcleo diminuindo, assim, o tamanho do átomo. Agora, se percorrermos um grupo de cima para baixo, o número de camadas e a carga nuclear aumentarão. No entanto, esses dois fatores agem em sentidos opostos. Quanto maior o número de camadas, maior o tamanho do átomo, e quanto maior a carga nuclear, menor o átomo será. Para os elementos do grupo principal, os raios aumentam grupo abaixo da Tabela Periódica e diminuem ao longo do período. Essas tendências refletem dois efeitos importantes: 1. Ao percorrermos um grupo de cima para baixo, os elétrons mais externos são atribuídos aos orbitais com valores mais e mais elevados de número quântico (n); 2. Ao passarmos de um elemento ao seguinte ao longo do período um próton é adicionado a cada núcleo e um elétron à cada camada exterior. Em cada etapa, a Z* aumenta ligeiramente porque o efeito de cada próton adicional é mais importante do que o efeito de um elétron adicional. Como resultado, tem-se o efeito de blindagem que é a força de atração entre a carga do núcleo e os elétrons das camadas mais externas, sendo que esta força sofre um enfraquecimento devido à presença dos elétrons das camadas mais internas. Os elétrons que estão entre o núcleo e a camada mais externa r r Nessa situação, o raio atômico (r) será igual à metade da distância (d) entre os núcleos de dois átomos vizinhos. r = d/2 neutralizam em parte a carga positiva do núcleo e diminuem a força de atração entre o núcleo e os elétrons mais externos. Estes últimos, portanto, ficarão mais distantes do núcleo, o que resultará num maior tamanho do átomo. Figura extraída de: Hartwuing, D. R., Química Geral e Inorgânica, v.1. São Paulo, 1999. A tendência periódica nos raios atômicos em metais de transição é um tanto diferente da observada para os elementos do grupo principal. Percorrendo um dado período da esquerda para a direta, os raios diminuem inicialmente ao longo dos primeiros elementos. Figura extraída: Kortz John C., Paul M. Treichel Jr. Química geral e reações químicas. São Paulo: Pioneira Thonsom Learning, 2005. Os tamanhos dos elementos no meio de uma série de transição mudam então muito pouco, até que um pequeno aumento no tamanho ocorre no fim da série. O tamanho do átomo é determinado na maior parte pelos elétrons na camada mais externa, ou seja, pelos elétrons da enésima camada. Quando observamos o gráfico acima podemos verificar que na primeira série de transição, a camada mais externa conte os elétrons 4s, porém, mais elétrons estão sendo adicionados aos orbitais 3d ao longo da série, conduzindo à diminuição do raio à medida que nos movemos da esquerda para a direita. Este efeito, entretanto, é cancelado em grande parte pelo aumento da repulsão elétron-elétron. Ao atingirmos os elementos dos Grupos 1B e 2B no final da série, o tamanho aumenta ligeiramente porque a subcamada d está preenchida e a repulsão elétron-elétron faz com que o raio aumente. Volume Atômico Apesar do nome, o volume atômico não é o volume de um único átomo, mas o
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